UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SO FRANCISCO

COLEGIADO DE ENGENHARIA AGRCOLA E AMBIENTAL

CURSO DE GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL

Daniel Pinheiro Santos

ESTUDO DE USO E OCUPAO DO SOLO DO MUNICPIO

DE IAU NO ESTADO DA BAHIA

Juazeiro BA
2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SO FRANCISCO

COLEGIADO DE ENGENHARIA AGRCOLA E AMBIENTAL
CURSO DE GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL

Daniel Pinheiro Santos

ESTUDO DE USO E OCUPAO DO SOLO DO MUNICPIO

DE IAU NO ESTADO DA BAHIA

Trabalho apresentado Universidade

Federal do Vale do So FranciscoUNIVASF, Campus Juazeiro, como
roteiro de estudo da disciplina
Geologia Aplicada a Solos, solicitado
pela professora Carmem S. Miranda
Masutti.

Juazeiro-BA
2015

Sumrio

1 Introduo.
4
2 Informaes sobre o Municpio de Iau - BA.
5
3 Caracterizao do Municpio de Iau - BA.
6
4 Geologia
7
5 Estudo Geomorgolgico.
12
6 Pedologia

13

7 Descrio Geral das Caractersticas dos perfis de solo e anlise das potencialidades e
restries de uso na construo civil.

15

8 - Referncias Bibliogrfica.

23

1 Introduo.
Compreender o estudo dos solos e das rochas essencial para a aplicao dos
conhecimentos da engenharia civil nas mais diversas situaes. Para que esta aplicao
seja correta, torna-se necessrio ter domnio da anlise e interpretao de dados geolgicos
e pedolgicos, bem como as relaes existentes entre eles. Podendo a partir dessa prtica,
efetuar um parecer tcnico de uso e ocupao do solo adequado.
O presente trabalho buscou estudar a viabilizao, bem como a potencialidade dos
mesmos nas limitaes geogrficas do Municpio de Iau, localizado no Estado da Bahia. A
partir da anlise mineralgica, fsica e qumica dos perfis de solo e das manchas rochosas,
foi possvel listar aplicaes coerentes para a utilizao destas reas estudas, dentro da
engenharia civil.
Estar capacitado para transitar de maneira segura entre os conceitos e
caractersticas pertinentes geologia de grande importncia para a boa conduta e atuao
do engenheiro civil, visto que as rochas e solos que formam o relevo so a base para
qualquer obra de construo, sendo um parmetro decisivo no sucesso ou no fracasso de
um empreendimento.
Dessa forma foi elaborado um parecer tcnico baseado no Boletim Tcnico
denominado Levantamento Exploratrio Reconhecimento de Solos da Margem Direita do
Rio So Francisco do Estado da Bahia, em conjunto com informaes coletadas em meio
virtual, literrio e nas aulas ministradas pela disciplina de Geologia da Universidade Federal
do Vale do So Francisco UNIVASF.

2 Informaes sobre o do municpio de Iau - BA.

Municpio: Iau
Estado: BA
rea: 2.451.422 Km
Populao: 25.736 hab.
Densidade Demogrfica: 10,50 hab./km
Clima: Semi-rido
Temperatura mdia: 23,9 C
Relevo Local: Pediplano Sertanejo, Serras marginais e planaltos.
Relevo Regional: Montanhoso.
Economia: Produo de blocos de cermica e agropecuria.
Localizao: Est localizada na regio de planejamento do Paraguau do Estado da Bahia,
tendo como vizinhos ao leste os Municpios de Rafael Jambeiro, Itatim e Milagres, ao sul
com Nova Itarana e Planaltino, ao oeste com Marcionlio Souza e Boa Vista do Tupim e a
norte com Ipir e Itaberaba, sendo esta a maior cidade aos seus arredores. A sede municipal
tem altitude de 280 metros e coordenadas geogrficas 124600 de latitude sul e 401300
de longitude oeste.

Figura 1. Localizao do municpio de Iau no estado da Bahia.

3 Caracterizao do Municpio de Iau - BA

O Municpio de Iau possui geologia (Figura 2.) representada por rochas cristalinas
do complexo de Jequi, cortadas por corpos granitoides ps-tectnicos de idade
paleoproterozica, e em menor proporo pelo complexo Caraba, localizado no extremo
norte do municpio. Possui coberturas detrito-laterticas (rea com nveis de argila e
cascalho e crosta latertica) que ocorrem em pequenos segmentos isolados.
O complexo Jequi constitudo por enderbito a charnockito e hornblenda enderbito
e charnockito, e ortognaisse charnocktico a enderbtico, com enclaves de rocha metamfica
granultica gnaisse quartzo-feldsptico e restos de rochas supracrustais, e BiotitaHornblenda ortognaisse, s vezes migmatizados. J o complexo Caraba constitudo por
ortognaisses granultico retrometamorfizado hornblenda-biotita gnaisse.
Os granitoides ps-tectnicos so constitudos por granito, granodiorito, monzonito, e
cianito, calcialcalinos de alto K, metaluminosos. Destaca-se ainda a presena de corpo
estreiro e alongado de rocha mfica-ultramfica diferenciada.

4 Geologia

Figura 2. Mapa geolgico do Municpio de Iau - BA, contendo sua legenda litoestratigrfica.

4.1 Coberturas detrito-laterticas

Caracterizam-se por coberturas rochosas com presena de areias com nveis de
argila e cascalho e crostas laterticas. Na geologia, um processo muito importante o de
laterizao, onde ocorre o processo de infiltrao de gua no solo, retirando do mesmo
vrios elementos por lixiviao. Por outro lado, existem elementos que resistem a este
procedimento, tais como o Alumnio e o Ferro, este ltimo que por possuir uma maior
resistncia ao intemperismo, se mantm depositado sobre a camada superficial do solo,
formando uma espcie de camada superficial, fixando-se posteriormente ao mesmo, em
perodos mais frios e secos, como no inverno. Com a sucessiva ocorrncia desde
fenmeno, tende a se formar uma crosta, semelhante a uma capa sobre o relevo,
denominada crosta latertica.
7

Dessa forma, identificam-se dois pr-requisitos para a ocorrncia da laterizao

do solo, sendo estes, o primeiro que o solo deve ser rico em ferro, e o segundo, a
presena de um clima tropical com duas estaes bem definidas, um vero chuvoso e
um inverno seco. Como consequncia, este relevo possui geralmente uma vegetao de
pequeno porte, visto que, devido rigidez da crosta latertica, as razes possuem
dificuldade de penetrar para as regies mais profundas do solo, limitando assim a
captao de nutrientes para o desenvolvimento da mesma, em detrimento da presena
de rvores de grande porte.
As latertas so rochas sedimentares, resultado de um intenso intemperismo
qumico de rochas subareas, havendo presena de Ferro e Alumnio em maiores
quantidades, e de Silcio relativamente menores quando comparadas rocha-me
caulinizada. A presena da mesma em uma regio onde atualmente o clima mais
ameno, indica que esta regio esteve sob clima tropical ou subtropical no passado. A
laterita composta principalmente por caulinita, goethita, hematita e gibbsita. xidos
hidratados de ferro (amorfos) como limonita, podem estar tambm presentes na forma
de concrees laterticas. Vale ressaltar que a crosta latertica, tambm apresenta areia
com nveis de argila e cascalho, e por isso est sujeitas facilmente eroso e
apresentam alta porosidade e textura spera, sem gros visveis (sedimentar).

4.2 Milagres
Definem-se granitides ps-tectnicos como granitos equigranulares com
predominncia de cor rosa avermelhada (eventualmente cinza clara) de natureza subalcalina que se associam s rochas anteriormente formadas ou formam plutes
independentes, gerando nas rochas encaixantes efeitos de metamorfismo de contato. Diante
dessa caracterstica, esta formao composta por granito, granodiorito, monzonito e
sienito, calcialcalinos de alto K e metaluminosos.
O granito uma rocha gnea intrusiva de gro fino, mdio ou grosseiro, resultado da
solidificao do magma a grandes profundidades (rocha magmtica plutnica), sendo
formada essencialmente por quartzo, pelos feldspatos (ortoclase, sanidina e microclima) e
as micas (biotite e moscovite), podendo haver tambm a presena de hornblenda e zirco.
Vale ressaltar que alguns desses constituintes podem estar ausentes em determinadas
associaes mineralgicas. O granito caracteriza-se por apresentar-se quase sempre slido,
duro e resistente, sendo essas as caractersticas principais que as tornam bastante
utilizadas na construo civil.
8

O granodiorito tambm caracteriza-se por ser uma rocha gnea, possuindo na sua
mineralogia principal compostos como quartzo, plagioclsio (oligoclsio) e feldspato
potssico (microclnio ou ortoclsio), alm de hornblenda e biotita. Pode tambm possuir
uma mineralogia secundria (menos frequente) na sua composio como magnetita, titanita,
allanita, apatita, zirco e rutilo. Sua estrutura compacta, fluidal, maculada e xenoltica,
apresentando um grau de cristalinidade hortocristalina, com cristais de tamanho variando de
mdio a grosso, equigranular ou megaporfirtica. Esta rocha possui grande semelhana ao
monzogranito, contudo apresenta maior quantidade de plagioclsio em sua constituio
mineralgica, possuindo como correspondente efusivo o dacito.
O monzonito uma rocha gnea intrusiva de composio intermediria. Possui na
sua formao a presena de compostos como plagioclsio (andesina), feldspato potssico,
biotita, hornblenda e/ou augita. Possui tambm quartzo e/ou hiperstnio em menores
quantidades. Sua estrutura compacta, podendo ser maculada. O sienito uma rocha
gnea plutnica, de textura holocristalina grossa e leucocrtica (clara), composta
principalmente por feldspatos alcalinos e quantidades menores de plagioclsio, piroxnios,
anfiblios e biotita. Possui estrutura compacta e fluidal.
A sria dos magmas calcialcalinos so uma das principais sries de magmas das
rochas gneas, outro conjunto de magma o toletico. Uma srie de magma uma srie de
composies que descrevem a evoluo de um magma mfico que rico em ferro e
magnsio, produzindo basalto ou gabro, j que cristaliza de forma fracionada para
converter-se em um magma flsico, que possui baixa concentrao de magnsio e ferro,
produzindo riolita ou granito. Rochas calcialcalinas so abundantes em terras alcalinas e em
metais alcalinos, constituindo uma significativa poro da crosta dos continentes. Os vrios
tipos de rochas vulcnicas da srie calcialcalinas incluem tipos como basalto, andesita,
dacita, riolita, assim como suas equivalentes intrusivas de gro grosso.
Os metaluminosos se caracterizam por possuir um excesso de alumina menor,
porm sendo a mesma incorporada aos minerais escuros. O principal elemento a ser
afetado pela alumina-saturao o clcio (Ca), portanto a sua concentrao que por falta de
alumina no ir formar o componente plagioclsio, constitui minerais escuros sob duas
formas, primeiro os moderadamente luminosos e clcicos, na presena de hornblenda,
epidoto e melilita; e em segundo, os minerais ricos em alumina, que coexistem com minerais
escuros no luminosos em razo da presena de biotita e piroxnio ou hornblenda e olivina.
O carter metaluminoso se reflete na mineralogia, com biotita e hornblenda representando
os minerais mficos principais.

4.3 Complexo Caraba

Esta formao composta pela rocha Ortognaisse, que deriva da rocha Gnaisse.
Estas que se tratam de rochas pruliminerlicas (formada por um conjunto de minerais), sen
constitudas por quartzo, feldspatos, micas e anfiblios, onde os minerais claros se alternam
em bandas com os minerais escuros, constituindo a foliao gnissica. Possui grau
metamrfico mdio a forte e derivam de rochas gneas ou sedimentares. Neste caso, o
prefixo orto indica a origem a partir das rochas gneas, a partir do metamorfismo de uma
rocha grantica. Dessa forma apresentam gros grosseiros, foliao pouco acentuada e
estrutura variada. Dessa forma a rocha retrometamorfizada hornblenda-biotita gnaisse,
estas que representam rochas cujo metamorfismo alcanou condies da fcies granulito e
foram reequilibrados na fcies anfibolito, podendo tambm conter granada e restos de
ortopiroxnio, alm de bandas anfibolticas com poucos centmetros de espessura.

4.4 Complexo Jequi (Neoarqueano)

Esta formao abrange a biotita-hornblenda ortognaisse, caracterizadas por serem
rochas meso a hololeucocrticas, localmente exibindo estruturas porfiroclsticas. Esse
conjunto de fcies anfibolito de difcil discriminao dos ortognaisses. Sua composio
qumica predominantemente granodiortica a monzograntica, leucognaisse de composio
sienogranttica e biotita gnaisse tonaltico e monzograntico. Anlises qumicas revelam que
tais ortognaisses so subalcalinos, clcio-alcalinos e formam dois grupos marcantes: a)
gnaisses de composio intermediria com teores de K2O mais baixos, representados pela
hornblenda-biotita gnaisse e biotita gnaisse, de composies variadas e b) gnaisses de
composio cida com teores mais altos de K2O, constitudos em sua maioria de
leucognaisse grantico.
Como j foi mencionado anteriormente, esse complexo tambm possui rochas
calcialcalinas, porm de baixo K, s vezes migmatizadas. O processo de migmatizao
um cruzamento entre metamorfismo e magmatismo, possuindo normalmente propriedades
diferentes entre uma intero fluido-rock. Dessa forma a migmatizao anterior anatexia,
porm ainda contem partes onde no h outra foliao e onde ainda permanece. Para
chegar uma rocha metamrfica se tornar gnea, necessrio passar pelo processo de
migmatizao.

4.5 Complexo Jequi (Mesoarqueano/Neoarqueano)

Esta formao divide-se em duas manchas rochosas. A primeira formao rochosa
a Enderbito a charnockito e hornblenda enderbito e charnockito, e calcicalcalinos de baixo K.
Os enderbitos so rochas do grupo dos charnockitos, rica em plagioclsio, apresentando
composio de hiperstnio tonalito. Os enderbitos, charno-enderbitos e charnockitos
representam duas sries calcioalcalinas. A primera caracteriza-se por possuir baixos teores
10

de Ti, Fe, K, P, Rb, Zr, Ba, Y e ETR. A segunda mais madura quimicamente e intrusiva
(formada no interior da crosta) na primeira. A idade de cristalizao dessas rochas
plutnicas, obtidas por meio de medidas de U/Pb em zirces situa-se entre 2.700 e 2.800
Ma, sendo assim so consideradas do Arqueano. Por sua vez os charnockitos so rochas
gneas ou metamrficas de alto grau metamrfico, grantica ou granitoide que caracterizamse por apresentar hiperstnio em sua composio. Quanto a colorao, os charnockitos,
charno-enderbitos e enderbitos possuem colorao cinza-escura a cinza-esverdeada, na
sua maioria, embora possam tambm ser observadas cores rosadas, produto de uma leve
alterao de alguns afloramentos de charnockitos. Podem ocorrer estruturas macias ou
gnissicas.
A hornblenda, tambm denominadas de anfiblios, podem ser formadas em rochas
gneas e tambm encontradas em rochas metamrficas (actinolita, glaucofana, antofilita).
um mineral que se cristaliza no sistema monoclnico, sendo formado basicamente de clcio,
alumnio, sdio e ferro. Possui alto grau de dureza e brilho vtreo, possuindo colorao
variando entre o verde e castanho, podendo tambm ser incolor. Vale ressaltar novamente a
presena de rochas calcialcalinas de baixo K, j mencionadas anteriormente.
A segunda formao composta por Ortognaisse charnocktico a enderbtico,
calcialcalino normal, com enclaves de rochas metamfica granultica, gnaisse quartzofeldsptico e restos de rochas supracrustais. Neste caso temos a intruso de rochas
metamfica granultica, estas que so representadas principalmente por anfibolito, que, em
geral est muito alterado. Em afloramentos menos intemperizados, esta rocha verde a
preta, exibindo porfiroblastos de anfiblio em matriz composta por hornblenda,
oligoclsio/andestina e epidoto. Encontramos tambm resqucios de rochas supracrustais
que so rochas do embasamento metamorfisadas de protolitos sedimentares ou vulcnicos,
estas que conferem formao caractersticas de rochas a presena de sedimentos
originados da degradao de rochas vulcnicas e depositados sob a forma de camadas
sedimentares. Em geral, as rochas supracrustais encontram-se verticalizadas, e em geral
esto bastante alteradas, produzindo um solo vermelho caracterstico

4.6 Corpos Mfico-Ultramficos Indiferenciados

Este tipo de formao rochosa caracteriza-se por possuir rochas gneas (vulcnica
ou intrusiva) que sejam ricas em elementos qumicos pesados, nomeadamente de
compostos ferromagnesianos, e relativamente pobre em slica. Possuem colorao escura
devido a presena de Ferro e Magnsio na sua formao e quando a riqueza desses
compostos muito grande, tais rochas so denominadas ultramficas.
11

5 Estudo Geomorfolgico
5.1 Relevo
O relevo possui papel fundamental, agregado a outros parmetros, no processo de
intemperizao e formao dos solos, a partir das unidades litoestratigrficas pertinentes
determinada regio em estudo. Dessa forma, o Municpio de Iau est localizado numa
regio de planaltos, serras marginais e pediplano sertanejo, estas que determinaro
algumas caractersticas pedolgicas regio. A topografia regula a velocidade do
escoamento superficial das guas pluviais, controlando assim a quantidade gua que se
infiltra nos perfis. As reaes qumicas de intermperismo ocorrem mais intensamente nas
camadas onde ocorre maior infiltrao de gua, e tambm quanto maior for o tempo
suficiente para que ocorram estas reaes e a drenagem para a lixiviao dos produtos
solveis.
Na ocorrncia de relevos com altitudes considerveis, da ordem de 240m
(aproximadamente),
como acontece no municpio de Iau, e na presena de planaltos e serras, temos que nos
topos destas formaes, h boa infiltrao e boa drenagem (Figura 3.) favorecendo assim o
intemperismo qumico (Regio A), enquanto que nas regies mais baixas (Regio B),
intermedirias, a infiltrao permanece boa, porm, a m drenagem desfavorece o
intemperismo qumico. Como consequncia disso temos a presena de variadas
formaes pedolgicas, a partir de rochas superficialmente depositadas por aes do
vento e da gua (sedimentares) nas partes mais baixas e por rochas metamrficas e
gneas nas partes mais altas, devido a ao do intemperismo qumico e fsico.

Figura 3. Representao da ao do Intemperismo em planaltos.

6 Pedologia
Baseado no Projeto Cadastro de Fontes de Abastecimento por gua Subterrnea do
Estado da Bahia, o diagnstico do Municpio de Iau prev a diviso do mesmo em 4
manchas de solo distintas, que foram formadas a partir de rochas gneas, sedimentares e
metamrficas. Dentre as rochas gneas existem o granito, os magmas calcialcalinos,
ortognaisses, charnockitos, hornblendas e corpos mficos. Estas rochas possuem origem
vulcnica ou intrusiva, formadas ainda no interior da crosta terrestre. Por esse fato possuem
12

alta resistncia carga de intemperismo, e como consequncia os solos formados por

essas rochas sofreram apenas bissialitizao no chegando a um estado maior de
evoluo.
So encontradas tambm no municpio formaes rochosas provenientes de rochas
sedimentares como lateritas e rochas supracrustais. Tais formaes caracterizam-se pela
presena de materiais de grande resistncia como Ferro, Alumnio, Quartzo e Feldspato. Por
fim, encontramos a presena da hornblenda como rocha metamrfica, tambm
caracterizada pela sua dureza, uma vez que composta por materiais como Clcio,
Alumnio, Sdio e Ferro.
Para que fosse realizado o estudo de uso e ocupao dos solos de Iau, foram
escolhidos perfis pertinentes a cada mancha de solo. A partir destes perfis foram feitas
anlises da atividade de argila e grau de floculao.
A partir da anlise do mapa pedolgico podemos observar a presena das seguintes
manchas de solo: Podzlico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrfico (PE), Planossolo (PS),
Regossolo (RE) e Latossolo Vermelho Amarelo (LV). De acordo com a nova classificao de
solos determinada pela EMBRAPA, Iau possui os seguintes solos: Luvissolos, Planossolos,
Neossolos e Latossolos.
Portanto, encontram-se a seguir as informaes presentes no Levantamento
Exploratrio Reconhecimento de Solos da Margem Direita do Rio So Francisco do
Estado da Bahia para cada perfil de solo identificado acima. A partir deste boletim tcnico foi
possvel estudar as caractersticas dos perfis, permitindo a emisso de um parecer tcnico
de uso e ocupao dos solos.

Figura 6: Mapa pedolgico do Municpio de Triunfo

Figura 5: Mapa geolgico do Municpio de Triunfo - PE contendo suas unidades

litoestratigrfica.

13

Figura 4. Mapa pedolgico do Municpio de Iau - BA

14

7 Descrio geral das caractersticas dos perfis de solo e anlise das

potencialidades e restries de uso na construo civil.
71 : Luvissolo Podzlico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrfico

Figura 5. Caractersticas Morfolgicas e Descrio Geral.

Horizontes

Figura 6. Horizonte dos Perfis de Solo.

Anlise Dos Horizontes

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A partir da anlise das caractersticas acima podemos concluir que este solo foi
formado a partir de rochas plutnicas cidas e granito. Possui textura franco-argilo-arenosa
no horizonte B1t e B2t, portanto efetuando os clculos de atividade de argila obtemos os
seguintes dados:

Atividade de Argila
1. Horizonte B1t

T= (Ts x 1000)/argila x 10)=

T = (5,9 x 1000)/(24 x 10)= 24,58 27cmolc/kg Tb (Baixa Atividade de Argila)
2. Horizonte B2t
T= (Ts x 1000)/argila x 10)=
T = (7,2 x 1000)/(30 x 10)= 24 27cmolc/kg Tb (Baixa Atividade de Argila)
A partir destes resultados, observamos uma baixa atividade de argila, indicando se
tratar de um solo evoludo que sofreu monossialitizao. provvel ento que sejam
encontrados argilo-minerais do tipo 1:1 (argilas oxdicas). Conclui-se que este tipo de argila
possui boa estabilidade pois no ocorre substituio isomrfica, logo, o intemperismo
ocorreu de maneira mais intensa nessa regio do Municpio, portanto este solo possui uma
boa estabilidade de talude.
O grau de floculao, calculado a seguir:

Grau de Floculao
1. Horizonte B1t

GF= ((Argila Total - Argila Natural)/ Argila Total) x 100=

T=((24-2)/24) x 100= 92% (Alto grau de floculao)
2. Horizonte B2t
GF= ((Argila Total - Argila Natural)/ Argila Total) x 100=
T=((30-6)/30) x 100= 80% (Alto grau de floculao)
Portanto conclumos que devido ao alto grau de floculao, temos nesse solo a argila
se comportando como areia, que nesse caso colapsivo, uma vez que as partculas estaro
fortemente unidas devido o raio hidratado ser pequeno, por outro lado, no deixam de
possuir uma boa estabilidade de talude. Vale ressaltar a presena de mosqueados,
indicando que o lenol fretico encontra-se prximo superfcie. Neste caso formando um
possvel ambiente de xido-reduo, apesar da profundidade do perfil (20-120 cm).

Anlises Fsicas e Qumicas

16

Figura 7. Anlise Fsicas e Qumicas do Solo.

Anlise da Potencialidade e Restrio para a Construo Civil.

Esta mancha de solo a de maior expressividade do Municpio de Iau. Analisando,

portanto, a viabilidade em obras de construo civil, temos que devido a presena de um

lenol fretico elevado, este perfil torna-se imprprio para a instalao de aterros sanitrios
e cemitrios, ainda que haja uma drenagem imperfeita, os contaminantes liberados por esse
tipo de instalao, podem chegar rapidamente ao lenol fretico, contaminando-o. Desta
17

forma, torna-se necessria a impermeabilizao prvia do solo, para que haja preservao
do lenol fretico.
Quanto construo de estradas e ferrovias, este solo possui caractersticas ideias,
pois estvel, uma vez que possui baixa atividade de argila, possuindo boa drenagem e
profundo. Vale lembrar que devido o alto grau de floculao, faz-se necessria uma
compactao prvia do solo a fim de diminuir os poros, evitando o colapso do mesmo.

72 : Latossolo Vermelho Amarelo (LV)

Figura 8. Descrio Geral e Caractersticas Morfolgicas do Solo.

Horizontes

18

Figura 9. Horizontes dos Perfis do Solo.

Anlise dos Horizontes

A anlise mineralgica deste perfil indica que o Latossolo originado a partir de material
areno-argiloso sobre o embasamento cristalino. Portanto diante da sobreposio dos
mapas, plausvel justificar este perfil de solo, sendo gerado pelas coberturas detritolaterticas. Este fato se d devido ao processo de laterizao do solo, conferindo ao solo um
excesso alumino-ferroso que forma a crosta latertica. Portanto as lateritas, so rochas
sedimentares formadas por caulinita, goethita, hematita e gibbsita, onde a hematita e a
goethita iro conferir ao solo formado as tonalidades de vermelho e amarelo, coerentes ao
latossolo formado nesta regio. Encontrando portando os atributos pertinentes a este solo
para uma anlise posterior obtemos:

Atividade de Argila
1. Horizonte B1

T= (Ts x 1000)/argila x 10)=

T = (1,7 x 1000)/(25 x 10)= 6,8 27cmolc/kg Tb (Baixa Atividade de Argila)

Grau de Floculao
1 Horizonte B1

GF= ((Argila Total - Argila Natural)/ Argila Total) x 100=

T=((25-0)/25) x 100= 100% (Alto grau de floculao)
Portanto, obtemos um solo com baixa atividade de argila, onde encontramos argilas
do tipo 1:1, argilas oxdicas, se comportando como areia, uma vez que os minerais que a
compem forma microestruturas denominadas de microagregados, determinando o
comportamento colapsivo (alto grau de floculao), e por outro lado possuindo boa
estabilidade de talude. Efetuanto a averiguao quanto aos parmetros Ki e Kr, notamos
que uma vez maiores que 0,75, este Latossolo se enquadra no perfil caulintico, de grande
19

potencialidade na construo civil. Porm, devido sobreposio dos xidos, o

comportamento colapsivo preponderante neste perfil. Vale ressaltar que este tipo de solo
possui grande aerao, devido a sua formao rica em xidos.

Anlises Fsicas e Qumicas

Figura 10. Anlises Fsicas e Qumicas do Solo.

Anlise da Potencialidade e Restrio na Construo Civil

O Latossolo caracteriza-se por possuir a maior potencialidade na construo civil, e

quando caulintico possui grande estabilidade e no est suscetvel a recalque. Porm neste
caso possumos um Latossolo rico em xidos, o que caracteriza um Latossolo Caulintico20

Oxdico, com boa estabilidade, porm colapsivo. Analisando, portanto, a viabilidade da

construo de cemitrio e aterro sanitrio, so solos ideiais, uma vez que possuem grande
aerao, facilitando a troca gasosa liberada no processo de decomposio de matria
orgnica. Por outro lado, devido a presena de argila oxdica, no aconselhvel sua
utilizao para a construo de obras com grande carga concentrada, como edifcios e
grandes construes, uma vez que estes solos no possuem resistncia carga.

73 : Regossolo (RE)

Caractersticas Gerais

Tambm denominados de Neossolos, os Regossolos possuem origem em presenas

rochosas de gnaisse e granito, rochas com alta concentrao de quartizito. No Municpio de
Iau, esta caracterstica se faz presente quando comparados os mapas pedolgicos e
geolgicos, uma vez que as formaes rochosas de Milagres e o Complexo Jequi,
apresentam justamente a predominncia de rochas formadas por granito, ortognaisse e
quartzo. Os Regossolos so solos minerais pouco desenvolvidos, sendo
predominantemente arenosos, aprensentando alta erodibilidade, especialmente em relevos
delivosos. Em decorrncia da sua composio granulomtrica, a permeabilidade muito
rpida e baixa capacidade de renteno de umidade, condies essas que se acentuam nos
solos de textura cascalhenta.

Potencialidades e Restries na Construo Civil

Este tipo de solo no se mostra ideal para a construo de aterros sanitrios, uma vez
que por possurem alta drenagem, uma vez que possuem apenas horizontes em areia,
altamente porosos, o que possibilitaria a contaminao do lenol fretico. Da mesma forma,
por possuir alta drenagem, no indicado para a construo de barragens, pois possui
dificuldade de armazenar gua sob a superfcie. Por outro lado, as estradas so indicadas
para este tipo de solo, por ter uma boa estabilidade de talude, em virtude da predominncia
da frao areia no perfil deste solo, que neste caso, no confere ao mesmo caractersticas
de contrao e expanso.

21

74 : Planossolo (PL)

Caractersticas Gerais

Os Planossolos compreendem os solos minerais hidromrficos ou no, de mudana

textural abrupta. Geralmente apresentam alta densidade aparente, com profundidade
varivel, desde rasos a medianamente profundos. Neste solo, o horizonte A de textura
arenosa ou mdia est sobre um horizonte B de textura argilosa, apresentando cores de
reduo e/ou mosqueados resultantes de drenagem imperfeita ou m. Possui estruturas em
blocos subangulares e ou angulares, podendo ser ainda prismticas. A mudana textural
abrupta de tal forma marcante que se forma, no solo seco, uma superfcie dita de
faturamento entre os horizontes.
Caracterizam-se por possuir deficincia de drenagem em funo da baixa
permeabilidade do horizonte subsuperficial. Verifica-se na composio granulomtrica
destes solos a existncia de fraes maiores que 2mm de dimetro, constitudas de
cascalhos e calhaus, das quais apenas a primeira frao encontra-se em quantidade
significativa na massa do solo. Entre as areias, predomina-se a frao areia grossa sobre a
areia fina.
Estes solos possuem sria limitaes fsicas, como por exemplo a baixa condutividade
hidrulica do horizonte plnico, que determina a formao de um lenol fretico suspenso
temporrio nos perodos chuvosos e o estabelecimento de ambiente redutor em seu topo e
na base um horizonte suprajacente.

Contextualizao no Municpio de Iau BA

No municpio de Iau esses solos foram encontrados principalmente em reas de relevo

planos e suave-ondulado, onde em pocas de chuva forma-se riachos e lagoas, e tambm
h passagem de rios.
O material de origem deste solo so as formaes rochosas do Complexo Jequi,
formadas por gnaisses e granitos, essencialmente. Vale ressaltar a influncia da cobertura
pouco espessa de material argiloarenoso no desenvolvimento do horizonte A, devido s
guas de drenagem que transportam este material.

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Potencialidade e Restrio na Construo Civil

No mbito da construo civil, se caracterizam por ser solos inadequados

para qualquer tipo de interveno, devido a sua profundidade rasa, por estar em
rea de relevo mais baixo onde o lenol fretico se encontra mais prximo
superfcie, devido sua deficincia de drenagem decorrente da baixa
permeabilidade que causa acmulo de gua e inchamento do nvel superior do perfil
nas pocas de chuva, devido a expanso da argila no horizonte B, formando fendas
no perodo seco e devido aos altos teores de sais apresentados nesse tipo de solo.

8 - Referncias Bibliogrficas

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Naturais Projeto Cadastro

de Fontes de Abastecimento por gua Subterrnea Diagnstico do

Municpio de Iau;
Decifrando a Terra Wilson Teixeira, Thomas Rich Fairchild, M. Cristina
Motta de Toledo, Fbio Taili;
Geologia da Folha Ipia
Disponvel em: http://www.cprm.gov.br/publique/media/rel_ipiau.pdf
Solos gerados a partir do intemperismo de crostas laterticas slicoferruginosas
Disponvel em: https://inpa.gov.br/fasciculos/27-4/PDF/v27n4a02.pdf
Geologia aplicada Engenharia
Disponvel em:
http://www.ufjf.br/nugeo/files/2009/11/togot_Unid01GeologiaAplicada-20062.pdf

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