Lúcio Costa e o Modernismo
Lúcio Costa e o Modernismo
Lúcio Costa e o Modernismo
Campinas
2007
Alunas: Beatriz Martins Arruda RA: 072834; Julia Franco Llanos RA: 061842.
Ttulo: Lucio Costa e o Modernismo
Natureza: Monografia
Nome do Professor responsvel pela Disciplina: Prof. Dr. Rodrigo Faria
Local: Campinas, So Paulo
Ano: 2007
Objetivo: Analisar uma obra de Lucio Costa, compreendendo os aspectos do modernismo
brasileiro e europeu em sua obra.
Instituio: Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil,
Arquitetura e Urbanismo.
Data de aprovao:
Assinatura:
_____________________________________________
Prof. Dr. Rodrigo Faria
ndice:
1. Breve Biografia de Lucio Costa
pg. 04
pg. 06
pg. 08
pg. 11
pg. 15
6. Anlise da Obra
pg. 16
7. Referncias Bibliogrficas
pg. 18
Lcio Costa nasceu em Toulon, Frana, no ano de 1902, ao dia 27 de fevereiro, filho
do almirante Joaquim Ribeiro da Costa, a servio no exterior. Estudou em na Royal Grammar
School de Newcastle no Reino Unido, no Collge National em Montreux, Sua e pintura e
arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes, que ainda aplicava um programa neoclssico
de ensino e onde se formou em 1924, comeando a trabalhar ainda estudante. Neste mesmo
ano conhece Diamantina, Sabar, Ouro Preto e Mariana, tendo seu primeiro contato direto
com o colonial autntico.
Casa-se com Julieta Guimares seis anos depois, instalando-se depois em Correias, na
casa de veraneio dos pais da esposa, que ele projetara em 1928. Em 1930 nomeado Diretor
da Escola Nacional de Belas Artes, introduzindo mudanas com a introduo de arquitetura
moderna no sistema de ensino. Entre seus alunos estava Oscar Niemeyer. Em 1931 organiza a
38 Exposio de Belas-Artes, ou Salo Revolucionrio, com ampla participao de artistas
e arquitetos modernos como Di Cavalcanti, Portinari, Anita Malfatti, Flvio de Carvalho,
Gregori Warchavchik, ele prprio e outros, dando visibilidade e legitimidade aos modernistas
de 22.
Entre 1931 e 1933, associado a Warchavchik, constri seus primeiros edifcios de
orientao moderna e entra em contato com idias de Gropius, Mies van der Rohe e Le
Corbusier. Em 1935, forma grupo com arquitetos modernos para elaborar o projeto do
edifcio encomendado do Ministrio de Educao e Sade e no ano seguinte articula viagem
de Le Corbusier ao Brasil para avaliar este projeto. Em 1937 inicia a colaborao com
Rodrigo M.F. de Andrade no Servio do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional SPHAN,
com viagem s misses jesutas no Rio Grande do Sul. Em 1938 projeta o pavilho brasileiro
da New York Worlds Fair, junto com Oscar Niemeyer.
O edifcio do Ministrio de Educao e Sade concludo entre 1944 e 1945 e o
SPHAN se instala no 8 andar do edifcio. Na dcada de 1950, Lcio Costa e a esposa sofrem
um acidente de carro e Julieta falece. Ao final da dcada, vence o concurso nacional para a
elaborao do Plano Piloto de Braslia.
Recebe o ttulo de professor honoris causa da Universidade de Harvard nos Estados
Unidos e em 1961 apresenta a tese O Novo Humanismo Cientfico e Tecnolgico ao
Massachussets Institute of Technology - M.I.T.. chamado para chefiar a equipe que projetou
a recuperao da cidade de Florena, Itlia, atingida por uma inundao em 1964 e em 1969
elabora o Plano Diretor da Barra da Tijuca no Rio.
Aposenta-se do SPHAN em 1972. Em 76, convidado a participar dos escritrios
Nervi e Lotti de Roma, participa da concorrncia da nova capital da Nigria, no entanto a
proposta no progrediu.
Em 1987, pede, atravs da apresentao do trabalho Braslia Revisitada que se
respeitem as quatro escalas que foram utilizadas na concepo da cidade, tais como
monumental, residencial, gregria e buclica.
Em comemorao aos seus noventa anos, Oscar Niemeyer sugere, em 1992, uma
homenagem com a construo do Espao Lcio Costa na Praa dos Trs Poderes em
Braslia. Falece em 1998 no Rio de Janeiro, em sua casa no Leblon. Em 13 de maio de 2000,
criada a Casa de Lcio Costa: sociedade civil sem fins lucrativos, teve origem na inteno
de cuidar da profuso de papis que permaneceram no apartamento onde morou desde 1940
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1. Casa de Lcio Costa A Casa. In: [Online] URL: http://www.casadeluciocosta.org/index2.html.
O arquiteto comeou a trabalhar ainda estudante. Sua primeira obra data de 1921 a
1922. Este perodo da histria brasileira foi marcado pela derrocada da Repblica Velha, por
graves crises econmicas decorrentes da quebra da bolsa de Nova York em 1926, pela ecloso
de levantes militares, pela diviso poltica das oligarquias, caracterizada pela poltica cafcom-leite, na qual predominavam as oligarquias de So Paulo, representado pelo caf, e as de
Minas Gerais, representadas pelo leite, alm de movimentos sociais e culturais.
No mbito artstico, o fato mais marcante foi a Semana de 22, que ocorreu entre 13 e
17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de So Paulo. A proposta de Semana de Arte de
22 era quebrar os padres artsticos tradicionais aclamados pela burguesia da cidade e mesmo
do Brasil. Dela participaram Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Di Cavalcanti, Tarsila do
Amaral, entre outros.
Seus participantes, alm de buscarem romper com os padres tradicionais, desejavam
conferir um carter mais nacional arte produzida no Brasil, ou seja, extrair os conceitos que
acreditavam serem bons dos movimentos artsticos internacionais - especialmente europeus
e junt-los s caractersticas nacionais, valores brasileiros, e, principalmente, cultura
nacional, cultura do povo brasileiro.
Neste ponto, a obra de Lcio Costa se aproxima muito do que preconizavam os
modernistas da Semana de 22. Segundo Ablio Guerra, arquiteto e historiador cuja tese de
doutorado demonstrou esta relao, Lcio Costa constri um discurso sobre a arquitetura
moderna brasileira semelhante ao da Semana. "O discurso de Costa era mais culturalista do
que arquitetnico (...) o que ele fez, de maneira inteligente, foi dar um carter nacional
nossa arquitetura moderna, que nada mais era do que uma arquitetura internacionalizante".
uma srie de propostas urbansticas para diferentes escalas e locais, principalmente entre 1967
e 1985. O arquiteto recebe muitas homenagens e ttulos que confirmam sua importncia no
apenas no Brasil, como o Grau de Comendador pela Legio de Honra da Franca, em 1971, a
Grande Medalha de Ouro da Academia de Arquitetura da Frana, em 1982, o prmio UIA por
sua atuao na rea de urbanismo e planejamento, em 1984, sua nomeao a Patrono do XIII
Congresso Brasileiro de Arquitetura de 1991, o Espao Lucio Costa, em 1992 e, por fim, a
exposio A Presena de Lucio Costa inaugurada no Pao Imperial no ano de 2002.
A arquitetura moderna tem vrios conceitos importantes, que foram criados conforme
a produo dos arquitetos foi seguindo. Vrios destes aspectos surgiram com Le Corbusier,
um dos principais arquitetos modernistas e principal expoente da arquitetura moderna
europia.
Surge principalmente, opondo-se aos estilos histricos, principalmente por sua
ornamentao s vezes exagerada. Seu objetivo era a criao de espaos e objetos
geomtricos e mnimos, influenciados pelas idias de industrializao, economia e progresso.
Os edifcios deveriam ser limpos e teis, simples e funcionais. Como sntese do iderio
moderno, h duas mximas que o representam bem:
- Expressionismo:
Sinteticamente, era caracterizado por:
- Expresso
- Instabilidade
- Antropomorfismo
Suas formas normalmente eram curvas e os arquitetos que mais se destacaram
foram Bruno Taut, Erich Mendelsohn, Peter Behrens, Hans Poelzig, Fritz Hger e
Pieter Kramer.
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- Construtivismo:
Foi mais comum na Unio Sovitica, e suas formas eram basicamente
formadas por estruturas metlicas nuas. Sintetizada pelos seguintes conceitos:
- Radicalismo
- Experincia
- Renovvel
Destacaram-se arquitetos da Unio Sovitica, principalmente: Vladimir Tatlin,
Leonid Viktor & Alexander Vesnin.
- Purismo:
Atravs de Le Corbusier, o Purismo tornou-se praticamente um sinnimo de
arquitetura moderna. Foi a forma mais comum do estilo modernista, atravs do qual se
tornou um estilo universal.
- Volume
- Forma
- Espao
- Luz
- Pureza de formas e cores
Le Corbusier foi seu principal expoente, mas teve outros destaques como
Berthold Lubetkin e Andr Lurat.
- Racionalismo
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Lcio Costa nos deixou no s o Plano Piloto de Braslia e parte da autoria do edifcio
do Ministrio da Educao e Sade (1937), no Rio, mas tambm inmeros conceitos
arquitetnicos e textos sobre a cultura nacional. Durante sua carreira, construiu uma ligao
com os modernistas de 22 tanto no discurso (muitas vezes mais culturalista do que
arquitetnico) quanto em suas obras, conferindo carter nacional arquitetura brasileira.
Porm, seu contato com os preceitos modernos ocorreu um pouco tardiamente, aps ter uma
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Projetos Neocoloniais
-1921: Casa Rodolfo Chamberland
-1922: Participao nos projetos para a Exposio Internacional do Centenrio da
Independncia e para o Pavilho das Grandes indstrias
-1923: Projeto vencedor do concurso Solar Brasileiro
-1924: Casa Raul Pedrosa (atual sede da Rio Arte, no Rio de Janeiro)
-1928: Casa de Correias
- 1930: Casa Ernesto Gomes Fontes, sua ltima manifestao de sentido eclticoacadmico
Projetos Modernos
- 1931 a 1933: Conjunto Residencial para Operrios da Gamboa e casa Alfredo
Schwartz (1932)
- 1934: Projeto para concurso da Vila Operria em Monlevade
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- 1932 a 1935: Anos chmage, ricos em estudos e reflexes sobre arquitetura: casas
sem dono e projetos esquecidos
- 1935 a 1937: Ministrio da Educao e Sade Pblica (construo finalizada em 45)
- 1937: Projeto para Museu das Misses, no Rio Grande do Sul
- 1938: Casa Marinho de Azevedo Filho
- 1939: Pavilho Brasileiro para a Feira Mundial de Nova Iorque
- 1942: Casa Baro de Saavedra em Petrpolis e casa Hungria Machado (atual
consulado da Rssia, no Rio de Janeiro)
- 1943: Plano de urbanizao para o Parque Guinle
- 1944: Park Hotel So Clemente e casa Paes Carvalho
- 1948: Edifcio Nova Cintra
- 1950: Edifcio Bristol
- 1953: Casa do Brasil, em Paris
- 1954: Edifcio Calednia
- 1955: Altar para o 35 Congresso Eucarstico Internacional
- 1956: Edifcio do Banco Aliana e a Sede do Jockey Club do Brasil
- 1957: Projeto vencedor do concurso para o Plano Piloto de Braslia
- 1958: Torre Radiotransmissora e a Rodoviria, ambas em Braslia
- 1959: Recuperao da Igreja do Outeiro da Glria no Rio de Janeiro
- 1961: Plano Piloto para a Universidade de Braslia
- 1963: Apartamento para sua filha Maria Elisa Costa Sobral
- 1964: Pavilho do Brasil na XIII Trienal de Milo
- 1967: Projeto de Expanso para Florena, apresentado no Congresso Internacional
de Urbanistas
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Finalizando este panorama geral, vale ainda ressaltar que durante seus 35 anos
trabalhando como diretor da Diviso de Estudos e Tombamentos no SPHAN criou critrios e
normas para classificao, anlise e tombamento de edifcios no Brasil e desenvolveu projetos
para a instituio (museu em So Miguel das Misses, no Rio Grande do Sul, e as rampas do
outeiro da Glria, no Rio de Janeiro), abrindo, dessa forma, caminho para profissionais que se
dividem entre o trabalho de arquiteto e a atuao em rgos do patrimnio atualmente.
Este projeto mescla diversos preceitos da arquitetura moderna com a busca pela
identidade local, sendo um exemplo claro da maturidade da obra de Lucio Costa.
Encomendado pela famlia Guinle, o Park Hotel So Clemente localiza-se em Nova Friburgo,
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regio serrana do Rio de Janeiro, e foi projetado em 1944. Segundo Maria Elisa Costa Sobral,
filha do arquiteto, a idia inicial era construir uma pequena pousada para hospedar possveis
loteadores do Parque So Clemente, porm Costa entusiasmou-se e o projeto inicialmente
simples resultou em uma pequena obra-prima. Alm disso, os mveis e a decorao interna
foram tambm totalmente desenhados por ele.
Atualmente, o Park Hotel enfrenta dificuldades de manuteno, assim como a vila
operria da Gamboa e o projeto urbanstico da Barra da Tijuca, outras duas obras do arquiteto.
De acordo com o jornal Folha de So Paulo, desde 2003, por causa de fortes chuvas, o hotel
est fechado. Parte dos estragos aparentemente j foi consertada, mas um projeto inscrito na
Lei Rouanet busca recursos para fazer a restaurao completa.
ANLISE DA OBRA
O hotel possui uma concepo rstica que utiliza materiais locais. A estrutura de
eucaliptos aparentes, inclusive no interior dos 10 quartos, e os fechamentos so em alvenaria,
madeira e pedra. H uso tambm de extensos planos de vidro na fachada inferior e, no
segundo andar, predomina uma varanda contnua e brise-soleil, servindo todos os quartos.
Uma das caractersticas mais marcantes do projeto refere-se a interpenetrabilidade dos
espaos, resultado da independncia da estrutura de madeira em relao aos vedos. Outro
destaque a forma trapezoidal do edifcio como um todo, possibilitando a iluminao dos
banheiros sobre a galeria de circulao.
Este projeto se esquiva das lajes planas, comuns em grande parte dos projetos de
inspirao moderna, que compem uma soluo mais compositiva do que estrutural, j que as
telhas conferem melhor desempenho trmico e escoamento das guas das chuvas. Este
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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
Livros
MELVIN, Jeremy. ...Ismos Entender a Arquitectura. Lisma: Editorial Turner, 2006.
GUERRA NETO, Ablio. Lucio Costa, Modernidade e Tradio Montagem Discursiva
da Arquitetura Moderna Brasileira. Campinas: Editora UNICAMP, 2002.
WISNIK, Guilherme. Lucio Costa. So Paulo: Cosac & Naify Edies, 2001.
BRAGA, Andra de C., FALCO, Fernando A. R. Guia de Urbanismo, Arquitetura e
Arte de Braslia. Braslia: Fundao Athos Bulco, 1997.
Sites
http://www.casadeluciocosta.org/index2.html
http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/arquitetura237.asp
http://www.infobrasilia.com.br/lucio.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%BAcio_Costa
http://www.ocaiw.com/catalog/index.php?lang=pt&catalog=arch&author=11
http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/arquitetura237.asp
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u46573.shtml
http://palazzo.arq.br/index.php?option=com_content&task=view&id=46&Itemid=26
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