Anatomia Linfatico
Anatomia Linfatico
Anatomia Linfatico
INTRODUÇÃO
O sistema linfático, é uma via acessória da foi professor de anatomia em Pavia de 1581 a
circulação sangüínea, permitindo que os 1626 e estudou os vasos linfáticos intestinais
líquidos dos espaços intersticiais possam fluir do cão. Em 1647, JEAN PECQUET, enquanto
para o sangue sob a forma de linfa (do latim - estudante de medicina em Montpellier,
água nascente/pura). Os vasos linfáticos descreveu o Receptaculum chylii, também do
podem transportar proteínas e mesmo cão, denominada por muitos anos de cisterna
partículas grandes que não poderiam ser de PECQUET em sua homenagem, atualmente
removidas dos espaços teciduais pelos “cisterna do quilo” conforme a nomenclatura
capilares sangüíneos. A linfa tem uma anatômica internacional.
particularidade de grande importância prática, Permeabilidade dos capilares linfáticos
não coagula como o sangue, o que faz com que a
As células endoteliais dos capilares linfáticos,
lesão de seus vasos coletores maiores espoliem
estão unidas entre as células dos tecidos
o indivíduo rapidamente.
adjacentes. Contudo não há conexões entre as
Resumo histórico células endoteliais, que apenas se sobrepõe
Apesar de até hoje os vasos linfáticos serem umas as outras (figura 1). Esse arranjo celular,
menos estudados que os sangüíneos, já são há permite a formação de válvulas pendentes
muito conhecidos, o próprio Hipócrates de Cós, (abertas para o interior do capilar), de forma
já denominava a linfa de sangue branco. que qualquer refluxo, tende a fechá -las,
É de HERÓFILO (anatomista grego - 300 a.C.) impedindo o retorno da linfa para os espaços
a primeira citação dos vasos linfáticos, por intersticiais. A grosso modo, poderíamos
outro lado, a primeira descrição do sistema, é comparar o capilar linfático, como um tubo
atribuída a GASPAR ASELLIUS de Milão, que frenestrado, sempre aberto à entrada da linfa.
16/05/2003 Página 1 de 6
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
Maceió UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Anatomia Aplicada do Sistema Linfático Célio Rodrigues
Formação da linfa
A linfa, corresponde ao líquido intersticial que
circula dentro dos linfáticos, tem composição
quase idêntica a do plasma.
A concentração de proteínas da linfa, gira em
torno de 2 a 6%, dependendo da parte do
corpo. O sistema linfático também representa
16/05/2003 Página 2 de 6
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
Maceió UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Anatomia Aplicada do Sistema Linfático Célio Rodrigues
uma das principais vias de absorção dos Quando presente, a cisterna do quilo está
nutrientes, através dos vasos linfáticos posteriormente a origem da artéria renal
intestinais, nesse processo, também podem ser direita, ou muito próxima a ela, entre os
absorvidas bactérias e partículas maiores. pilares do diafragma, ou em alguns casos, junto
Esse problema é resolvido, a medida que a linfa ao pilar direito.
passa através de linfonodos interpostos no O tronco intestinal pode ser único, duplo ou
trajeto dos vasos linfáticos, onde essas múltiplo e terminar na cisterna do quilo ou no
partículas e bactérias são bloqueadas e tronco lombar esquerdo.
destruídas.
De cada lado do tórax, desce um tronco
intercostal, que termina diretamente no ducto
TOPOGRAFIA DO SISTEMA LINFÁTICO torácico, sendo que o esquerdo
A linfa é recolhida por capilares próprios, mais freqüentemente termina na cisterna do quilo.
irregulares que os sangüíneos. Esses capilares
são tubos endoteliais que vão se
anastomosando cada vez mais, até formar
coletores linfáticos maiores (figura 3).
Durante seu trajeto em direção ao sistema
venoso central, os coletores linfáticos
apresentam linfonodos interpostos, estes
linfonodos, em forma e quantidade variável,
podem estar presentes em grupos ou isolados.
Dentre os grupos, os principais são os
cervicais, os axilares e os inguinais (figura 3).
4.2
16/05/2003 Página 3 de 6
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
Maceió UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Anatomia Aplicada do Sistema Linfático Célio Rodrigues
16/05/2003 Página 4 de 6
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
Maceió UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Anatomia Aplicada do Sistema Linfático Célio Rodrigues
direito; P = pilar direito do diafragma rebatido; T = parede cirurgia vascular. Entender a anatomia e
posterior do tórax. (Obs.: nesse indivíduo não havia
fisiologia deste sistema torna o angiologista e
cisterna do quilo).
o cirurgiaão vascular um profissional
diferenciado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esquecido durante anos, o sistema linfático
tem implicações importantes na angiologia e
REFERÊNCIAS
1. Abranson DI, Dobrin PB. Blood vessels and 20. Poirier P, Charpy A. Traité d' anatomie humaine
lymphatics in organ systems. Orlando: Academic Paris: Masson; 1902.
Press; 1984. 21. Prives M, Lisenkov N, Bushkovich V. Anatomia
2. Battezzati M, Donini I. Il sistema linfatico nella humana. 5 ed. Moscou: MIR Moscu; 1971.
pratica clinica. Padova: Piccin Editore; 1967. 22. Prost-Proctor SL, Rinsky LA, Bleck EE. The cisterna
3. Benninghoff A, Goerttler K. Trattato di anatomia chyli in ortopaedic surgery. Spine 1983;8(7):787-
umana funzionale. Padova: Piccin Editore; 1980. 792.
4. Bruni AC. Compendio di anatomia descrittiva umana. 23. Romanes GJ. Cunningham's textbook of anatomy.
3 ed. Milano: Vallardi; 1948. New York: Oxford University Press; 1964.
5. Chiarugi G. Istituzioni di anatomia dell' uomo. 3 ed. 24. Rouvière H. Anatomie des lymphatiques de l, homme.
Milano: Editrice Libraria; 1930. Paris: Masson; 1932.
6. Cloquet J. Anatomie de l’homme, description et 25. Sousa -Rodrigues CF. Variaciones de las
figures. Paris: Lasteyrie Éditeur; 1828. comunicaciones linfatico-venosas en la fosa
7. Davis HK. A statistical study of the thoracic duct in supraclavicular izquierda del hombre. Rev Chil Anat
man. Am J Anat 1915;17:211-244. 1997;15(2):175-179.
8. Falcone C. Trattato di anatomia umana. Milano: 26. Sousa -Rodrigues CF. Light microscopy of the human
Vallardi; 1931. thoracic duct. Lymphology 2000;33(1):32-33.
9. Fumagalli Z, Cavallotti C. Anatomia umana normale. 27. Salvi G. Angiologia. In: Balli R, Bertelli D. Trattato di
Piccin: Nuova Libraria Editrice; 1982. anatomia umana. Milano: Vallardi; 1932.
10. Gardner E, Gray DJ, O’Rahilly R. Anatomia: estudo 28. Sappey PHC. Traité d’anatomie descriptive. 3 ed.
regional do corpo humano. 2 ed. Rio de Janeiro: Paris: V. Adrien Delahaye et C ie;1876.
Guanabara; 1967. 29. Schaeffer, J. P. - Morris’ human anatomy. 10a ed.
11. Gollub MJ, Castellino RA. The cisterna chyli: a Philadelphia: Blakiston Company; 1942.
potencial mimic of retrocrural lymphadenopathy on 30. Snell RS. Anatomia. 2a edição. Rio de Janeiro: Medsi;
CT scans. Radiology 1996;199(2):477-480. 1984.
12. Goss CM. Gray anatomia. 29a edição. Rio de Janeiro: 31. Speranzini MB, Cordeiro AC, Widman A, Oliveira
Guanabara; 1988. MR, Toledo PA. Ducto torácico: estudo anátomo-
13. Guiton AC. Tratado de fisiologia médica. 5a edição. radiológico de 59 casos. Rev Paul Med 1972;79(1-
Rio de Janeiro: Interamericana; 1977. 2):1-16.
14. Jdanov DA. Anatomie du canal thoracique et des 32. Tandler J. Tratado de anatomia sistemática.
principaux collecteurs lymphatiques du tronc chez Barcelona: Salvat; 1929.
l'homme. Acta Anat 1959;37:20-47. 33. Testut L, Latarjet A. Tratado de anatomia humana.
15. Kelley Jr ML, Butt HR. Chylous ascites: an analisys 9 ed. Barcelona: Salvat Editores; 1933.
of its etiology. Gastroenterology 1960;39(1):161- 34. Walker WM. Chylous ascites following
170. pancreatoduodenectomy. Arch Surg
16. Kihara T. Lymphgefäβsystem der Japaner. In: 1967;95(4):640-642.
Adachi B, editor. Lymphgefäβsystem der Japaner. 1 35. Warwick R, Williams PL. Gray anatomia. 35a edição.
ed. Kyoto: Druckanstalt Kenkyusha; 1953. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1979.
17. Latarjet M, Ruiz-Liard A. Anatomia humana. 1 ed. 36. Watanabe AT, Jeffrey Jr RB. CT Diagnosis of
Buenos Aires: Panamericana; 1983. traumatic rupture of the cisterna chyli. J Comput
18. Llorca FO. Anatomía humana. 3 ed. Barcelona: Assist Tomogr 1987;11(1):75-76.
Científico-Médica; 1967. 37. Woodburne RT. Anatomia humana. 6a edição. Rio de
19. Pereira-Guimarães J. Tratado de anatomia Janeiro: Guanabara Koogan; 1984.
descriptiva. Rio de Janeiro: H. Laemmert & C.,
Livreiros-Editores; 1894
16/05/2003 Página 5 de 6
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
Maceió UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Versão preliminar Anatomia aplicada do sistema linfático Célio Sousa-Rodrigues
16/05/2003 Página 6 de 6
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
Maceió UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro