Apontamentos Cesário Verde - 11ºA-2015
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Portugus 11 ano
Turma A 2015
BIOGRAFIA DO POETA
O poeta portugus Jos Joaquim Cesrio Verde nasceu em Lisboa
a
25
de
Fevereiro 1 de
1855,
sendo
considerado
um
os
seus
cenrios
preferidos.
Fugindo
ao
lirismo
A terceira gerao romntica surge nos anos 70 (realismo) e coincide com o regresso ao
poder de Fontes Pereira de Melo (1871-1877). Aquando da crise econmica de 1876, surge o
partido progressista que ir alternar com o regenerador at ao fim da monarquia, no tendo
sabido nenhum deles resolver os grandes problemas socioeconmicos com que o pas se
deparava. neste perodo que se insere a poesia de Cesrio e, por isso, convm acompanhar
mais detalhadamente as alteraes, sobretudo as urbanas, sofridas pelo pas a partir dos
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Esfuma-se a fronteira entre o objetivo e o subjetivo com o pintor Manet, abrindo caminho aos
pintores impressionistas Monet, Renoir, Sisley, entre outros.
O Impressionismo captado do real
A poesia do quotidiano despoetiza o ato potico, refletindo a impresso que o exterior deixa
no interior do poeta. Da que se estabeleam conexes entre esta poesia e a pintura
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impressionista: o artista pretende captar as impresses
que as coisas lhe deixam, tal como
o poeta ao mito de Anteu, porque tambm este ia buscar a sua fora terra, sua me, para
derrotar os que da costa Lbia se aproximassem.
Cesrio, o poeta pintor - Linguagem e estilo
A poesia de Cesrio Verde distingue-se pela exatido do vocabulrio, pelas imagens
extremamente visuais, ao ponto de se considerar este poeta um pintor, e ele prprio afirmar
pinto quadros por letras, por sinais Ns.
foras
atravs
da
vendedeira/regateira
(que
representa
campo);
quadro
emadeiradas/hotis
da
moda;
antes
depois
da
industrializao:
Ns - elogio do campo, que fonte de vida e de riqueza; a cidade vista como algo de
dramtico, centro de desgraa, onde s h morte; triunfo da cidade sobre o poeta e sobre o
campo: protesto, rebeldia, desprezo, manifestaes do poeta. Poema autobiogrfico.
um
poema).
Ironia.
campainha
Comparao.
quando).
que
toca,
logicamente
frentica,
de
no
vez
lhe
em
Enumerao.
Metfora.
objeto
(brasserie;
mnages, milady).
magasins;
Anttese.
Transporte invulgar (continuao da ideia
no verso seguinte. Ex: E saio. A noite pesa,
esmaga. / Nos passeios de lajedo arrastamse as impuras,
Realismo/naturalismo: O quotidiano citadino e burgus e a viso crtica da sociedade. A objetividade da realidade expressa pela preciso vocabular.
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Caractersticas realistas
dum Ocidental.
Presena do real histrico: a referncia a Cames e o contexto sociopoltico em O
Caractersticas modernistas
poeta realista. (Elisa Lopes). Mesmos nos textos mais frequentemente citados
como realistas, encontramos j um olhar subjetivo (porque seletivo), valorativo,
que se manifesta num impressionismo pictrico, pois mais do que a representao
do real importa a impresso do real, que suplanta o real objetivo. A realidade
mediatizada pelo olhar do poeta, que recria, a partir do concreto, uma outra
realidade atravs da imaginao transfiguradora, metamorfoseando o real (a giga
da regateira em Num bairro moderno) num processo de reinveno ou
recontextualizao precursora da esttica surrealista.
Com o seu pendor subversivo, Cesrio Verde abre sua escrita as portas da vida
Caractersticas estilsticas
agentes/atores
(Deslumbramentos,
Cristalizaes
Num
Bairro
Moderno).
A estrutura deambulatria que configura uma poesia itinerante: a explorao do
espao feita atravs de sucessivas deambulaes, numa perspetiva de cmara
de filmar, em que se vo fixando vrios planos (Cristalizaes, em que se
configuram vrios planos, e O Sentimento dum Ocidental, em que h um
fechamento claustrofbico cada vez maior dos cenrios apreendidos pelo olhar
medida que avana a noite). uma espcie de olhar itinerante e fragmentrio, que
reflete o passeio obsessivo pela cidade (e tambm no campo em alguns poemas);
uma poesia transeunte, errante. Exemplos mais significativos so os poemas Num
Bairro Moderno e O Sentimento dum Ocidental que definem a relao do poeta
com a cidade.
O olhar seletivo: a descrio/evocao do espao filtrada por um juzo de valor
citadino.
O contraste luz/sombra: jogo ldico de luz em que as imagens poticas se
configuram em cintilaes, descobrindo, presentificando e recriando a realidade
(O Sentimento dum Ocidental). Tanto pode ser a luz do dia como a luz artificial,
como a luz metafrica que emana da viso da mulher. A incidncia da luz uma
forma de valorizar os objetos, entendendo-se a luz como princpio de vida.
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Ocidental).
Adjetivao particularmente
abundante
expressiva,
com
dupla
tripla
Caractersticas temticas
A oposio cidade/campo
- A cidade surge viva com homens vivos; mas nela h a doena, a dor, a
misria, o grotesco, a beleza e a sua decomposio fatal... No campo h a
sade, o refgio durante a peste na cidade...
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campo
para
Cesrio,
uma
realidade
concreta,
observada
to
Oposio passado/presente
- a humilhao sentimental:
(Esplndida);
a mulher burguesa, rica, distante e altiva/a humilhao do sujeito potico que no
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a mulher fatal, plida e bela, fria, distante e impassvel que o poeta deseja e
receia/a humilhao e a necessidade de controlar os impulsos amorosos (Frgida).
- a humilhao esttica:
- a humilhao social:
de
poeta
coloca-se
ao
lado
dos
desfavorecidos,
dos
injustiados,
dos
um
erotismo
da
humilhao
(ex:
Frgida,
Deslumbramentos
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compaixo (Contrariedades);
- mulher como sindoque social (ex: as burguesinhas e as varinas de O
sinestesias...;
daquilo que v.
Cesrio no hesita em descrever nos seus poemas ambientes que, segundo a
conceo da poesia, no tinham nada de potico. No s surpreende os aspetos da
realidade como sabe perfeitamente fazer uma reflexo sobre as personagens e certas
condies.
A representao do real quotidiano , frequentemente, marcada pela captao
perfeita dos efeitos da luz e por uma grande capacidade de fazer ressaltar a solidez
das formas (viso objetiva), embora sem menosprezar uma certa viso subjetiva
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Atravs deste parnasianismo ele prope uma explicao para o que observa
com objetividade e, quando recorre subjetividade, apenas transpe, pela
imaginao transfiguradora, a realidade captada numa outra que s o olhar de
artista pode notar.
nvel
morfossinttico
recorre
expressividade
verbal,
adjetivao
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se descobriu como poeta: escrever bem era em Cesrio ver bem, selecionar e
dosear as impresses, realar as linhas e os volumes, o agradvel e o acerbo, o
nobre e o corriqueiro, por meio de alternncias e contrastes premeditados que
emitem o desfile descontnuo e o regresso obsessivo das ideias fortuitas. Sem
dvida, vivia pelos sentidos, euforicamente, na cidade como no campo,
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Bom estudo!
EMSC