Lucas Idalgo Pensar Imagens
Lucas Idalgo Pensar Imagens
Lucas Idalgo Pensar Imagens
Reviver o passado é reviver imagens. Somos produtos da memória. Existe memorias corporais
e individuais que se entrelaçam na vida. É de ordem mundana separá-las, como uma criança
que aprende nos limites e no adestramento do corpo, sei que não é fácil por uma criança para
assistir uma aula, é tanta descoberta, tudo serve de epifania, para ela tudo é uma revelação
divina. Até para os adultos se manter concentrado por uma hora, sem que nossos aparelhos
nos puxem para o mundo corrido, o mundo das redes.
Produzimos um mundo que nos fazem sofrer e nem sabemos o porquê, encarceramos nossas
vontades, o corpo e sempre pensando nesse futuro que está por vir, isto é, somos a espécie
que produz imagem sobre a memória (aqui eu estou falando sobre algumas narrativas, como:
Um passado glorioso, um futuro que é imagem pura utópico ou distópico*.) Os seres humanos
são capazes de produzir metaforicamente, reativamos e experimentamos o corpo na memória.
Podemos revisitar alguns lugares através da metáfora, a imagem vista em sonho pode ser o
lugar para processar algumas informações. Freud psicanalista estuda a psique humana através
da intepretação dos sonhos, um jeito de revisitar a imagem na sua forma mais plástica, logo na
sua forma mais metamorfoseada, transitória e transformante.
O que é o lugar, se ele perdura? O mundo. Mas ao visitar um lugar estranho completamente
novo, onde não se está habituado e de imediatos achamos feio. Temos uma imagem produzida
na memória que é pré-concebida, tiramos juízo de valor para achar nossa localização,
geográfica, temporal e sensorial, comparamos e analisamos através de um referencial.
O mundo físico é da corporalização, tocando as coisas mundanas; viver, morrer o mundo está
cheio de embates, as contradições. As imagens fazem parte de dois planos, recebendo um
caráter místico, ela reside na memória, não sozinha, ela transcende, sendo a falsificação do
real riscando o inesgotável.
“Sem nenhum esforço, e como objetos, documentos e ícones, referimos pinturas e fotografia à
nossa própria memória imaginal “. Trecho do capítulo do livro Antropologia da imagem.
“la vrai est ce qu’il peut ;le faux est ce qu’il veut.’’ (o verdadeiro é o que ele pode, o falso é o
que ele deseja)-Madame de Duras.
Arte torna-se lugar das coisas sem uso, as imagens nos transportam para um passado,
símbolos da memória. Para ter imagem tem que ter o outro?
O mundo imaginado só é possível viajar, mas não se pode viver. A história em quadrinhos, o
livro de romance, uma pintura, evocam memória e produzimos imagens.
Nossas lembranças são uma forma de reviver imagens, lugares e situações, através destas
imagens que construímos conceitos, histórias e "verdades absolutas". Tendo em vista estas
percepções de interpretação sobre o mundo, podemos considerar que criamos um imaginário
sobre o real, desta forma levando em conta que as imagens se modificam, criamos novas
realidades com o passar do tempo.
Hoje com a tecnologia encontramos muitos métodos de armazenar as imagens, o que não nos
obriga armazenar na memória todas as imagens. Esta "perda de memória" faz com que em um
processo lento, nos desapeguemos de conceitos culturais pré-estabelecidos e antes definidos
como certo, e esta descontinuidade com o passado pode tornar o presente uma experiência
nova onde novas imagens podem ser criadas.
São as imagens de nossas recordações sobre épocas e símbolos que nos levam a museus e
antiquários, onde encontramos um passado que podemos reviver através destas peças. Por
muito tempo as recordações e imagens moldadas por poetas e viajantes através das palavras,
serviram de modelo para descrever um lugar ou uma época inacessível, o que o tornava
interpretável.