História Dos Bretões
História Dos Bretões
História Dos Bretões
800)
Nennius
Traduo: Profa. Adriana Zierer (UEMA)
Reviso: Profa. Regina Egito (Letras - Ufes)
Reviso final: Prof. Dr. Ricardo da Costa (Ufes)
Prlogo
1. Eu, Nennius, o mais humilde ministro e servo dos servos de Deus, pela graa de
Deus, discpulo de So Elbotus, para todos os seguidores da verdade envio sade.
Que seja conhecido pela vossa caridade que, mesmo sendo estpido em intelecto e
rude no discurso, eu presumi entregar estas coisas em lngua latina, no confiando
no meu prprio conhecimento, que pequeno ou nenhum, mas parcialmente pelas
tradies de nossos ancestrais, pelos escritos e monumentos dos antigos habitantes
da Bretanha, e parte pelos Anais dos romanos e as crnicas dos pais sagrados,
Isidoro, Jernimo, Prspero, Eusbio, e pelas Histrias dos escotos e saxes,
embora estes sejam nossos inimigos, no seguindo minhas prprias inclinaes,
mas, para o melhor de minha habilidade, obedecendo aos comandos de meus
senhores.
Eu reuni, com dificuldade, esta histria de vrias fontes, e me esforcei devido
humilhao, para entregar posteridade as poucas notcias remanescentes sobre
as realizaes do passado, para que elas no pudessem ser esmagadas com o p,
vendo que uma ampla safra j havia sido arrancada pelos ceifeiros hostis das
naes estrangeiras. Pois muitas coisas estiveram no meu caminho, e eu, at hoje,
tive grande dificuldade em entender, mesmo superficialmente, os ditos dos outros
homens; muito menos fui capaz em minhas prprias foras, mas como um brbaro,
assassinei e corrompi a lngua de outros.
Porm, carrego comigo um ferimento na alma, e estava indignado que o nome do
meu povo, outrora famoso e distinto, pudesse afundar para o esquecimento, e
como fumaa ser dissipado.
Mas desde ento, entretanto, eu preferi ser um historiador dos bretes a (ser)
ningum, embora haja tantos a serem encontrados que possam executar muito
mais satisfatoriamente o labor imposto a mim; humildemente entretenho meus
leitores, cujos ouvidos poderia ofender pela deselegncia de minhas obras, que
preenchem o desejo dos meus senhores, e concedem-me a indulgente tarefa de
ouvir com candura as minhas histrias. Pois esforos zelosos freqentemente
falham, mas o entusiasmo corajoso, se estivesse em seu poder, no me faria falhar.
Que possa, ento, a candura ser mostrada onde a deselegncia de minhas palavras
for insuficiente, e que a verdade desta histria, que minha rude lngua aventurou,
como um tipo de arado, para traar nossos sulcos, no perca sua influncia do que
causa, nos ouvidos dos ouvintes. Porque melhor beber de um nico gole a
verdade de um humilde receptculo, do que o veneno misturado ao mel em uma
taa de ouro.
2. E no sejas relutante, diligente leitor, para ganhar o meu gracejo, e deitar o trigo
no depsito da tua memria: pois a verdade no preza quem fala, nem a maneira
como falada, mas se aquela coisa verdadeira; e ela no despreza a jia que
resgatou da lama, mas a acrescenta com seus antigos tesouros.
Porque eu bradei aos que so maiores e mais eloqentes que eu, que, inflamados
com generoso ardor esforaram-se, com a eloqncia dos romanos, a suavizar as
dissonncias de sua lngua, se eles deixaram inabalvel algum pilar da histria que
desejei ver permanecer. Esta histria, portanto, foi compilada no pela inveja aos
que so superiores a mim, mas por um desejo de beneficiar meus inferiores, no
ano 858 da Encarnao do Senhor, e no vigsimo quarto ano de Mervin, rei dos
bretes, e espero que as oraes para o meu melhor me sero oferecidas em
recompensa pelo meu trabalho. Mas isto suficiente como prefcio. Eu devo
obedientemente executar o resto com o mximo do meu poder.
II. Apologia de Nennius
Aqui comea a apologia de Nennius, o historiador dos bretes, da raa dos bretes.
3. Eu, Nennius, discpulo de So Elbotus, empenhei-me para escrever alguns
trechos que o abatimento da nao bret havia apagado, porque os professores
no tiveram nenhum conhecimento, nem deram nenhuma informao em seus
livros sobre esta ilha da Bretanha. Mas eu reuni tudo o que pude encontrar, desde
os Anais dos romanos, as Crnicas dos santos padres, Jernimo, Eusbio, Isidoro,
Prspero, e os Anais dos escotos e saxes, alm de nossas antigas tradies.
Muitos professores e escribas tentaram escrever isto, mas de algum modo ou outro
abandonaram por causa da dificuldade, ou devido s mortes freqentes, ou s
recorrentes calamidades de guerra. Eu rezo para que todo leitor que deseja ler este
Livro possa me perdoar, por haver tentado, como um tagarela tolo, ou como
alguma fraca testemunha, a escrever estas coisas, depois que eles falharam.
Vocifero com ele que sabe mais destas coisas que eu.
III. A Histria
4-5. De Ado ao dilvio, foram dois mil e quarenta e dois anos. Do dilvio a
Abrao, novecentos e quarenta e dois. De Abrao a Moiss, seiscentos anos. De
Moiss a Salomo, e primeira construo do templo, quatrocentos e quarenta e
oito. De Salomo reconstruo do templo, que foi sob Dario, rei dos Persas,
seiscentos e doze anos foram passados.
De Dario ao ministrio de nosso Senhor Jesus Cristo, e para o dcimo quinto ano do
imperador Tibrio, foram quinhentos e quarenta e oito anos. Da paixo de Cristo
completaram-se novecentos e quarenta e seis; da sua encarnao, novecentos e
setenta e seis; sendo o quinto ano de Edmundo, rei dos anglos.
6. A primeira idade do mundo foi de Ado a No, a Segunda, de No a Abrao; a
terceira, de Abrao a Davi; a Quarta, de Davi a Daniel; a Quinta, a de Joo Batista;
a Sexta, de Joo ao julgamento, quando Nosso Senhor Jesus Cristo vir para julgar
os vivos e os mortos, e o mundo, pelo fogo.
O primeiro foi Jlio. O segundo, Cludio. O terceiro, Severo. O quarto, Carino. O
quinto, Constantino. O sexto, Mximo. O stimo, Maximiano. O oitavo, outro Severo
Equantio. O nono, Constncio. Aqui comea a histria dos bretes, editada por
Marcos, o anacoreta, um santo bispo daquela gente.
7. A ilha da Bretanha deriva seu nome de Bruto, um cnsul romano. Observada de
um ponto no sudoeste, ela inclina-se um pouco na direo do oeste, e na sua
extremidade norte mede oitocentas milhas, e em sua largura duzentas (milhas).
Contm trinta e trs cidades, a seguir:
1. Cair ebrauc (York)
2. Cair ceint (Canterbury)
3. Cair gurcoc (Anglesey)
pai de Ascnio e Slvio; e este Slvio era filho de Enas e Lavnia, a filha do rei da
Itlia.
Dos filhos de neas e Lavnia descendem Rmulo e Remo, que eram os filhos da
sagrada rainha Ra Slvia, e os fundadores de Roma. Bruto era cnsul quando
conquistou a Espanha e reduziu aquele pas a provncia romana. Depois subjugou a
ilha da Bretanha, cujos habitantes eram descendentes dos romanos, de Slvio
Pstumo. Foi chamado Pstumo porque havia nascido depois da morte do pai de
Enas e sua me Lavnia se ocultou durante a gravidez; ele foi chamado de Slvio
porque nasceu no bosque. Desde ento (por conseguinte) os reis romanos foram
chamados Silvano, e os bretes que brotaram dele; mas estes eram chamados
bretes de Bruto, e cresceram da famlia de Bruto.
Enas, depois da Guerra de Tria, chegou com seu filho na Itlia, e tendo
conquistado Turno, casou-se com Lavnia, a filha do rei Latino, que era filho de
fauno, o filho de Pico, filho de Saturno. Depois da morte de Latino, Enas obteve o
reino dos romanos, e Lavnio teve um filho, que foi chamado Slvio. Ascnio fundou
Alba, e depois casou. E Lavnia deu a Enas um filho, chamado Svio, mas Ascnio
casou com uma mulher, que concebeu e ficou grvida. E Enas, tendo sido
informado que sua nora estava grvida, ordenou que seu filho chamasse seu
feiticeiro para examin-la e, [saber] se a criana concebida era homem ou mulher.
O feiticeiro veio e examinou a mulher e declarou que seria um filho, o qual deveria
se tornar o mais valente entre os italianos (romanos), e o mais amado de todos os
homens. Em conseqncia desta previso, o feiticeiro foi mandado morte por
Ascnio, mas aconteceu que com a morte da me da criana, no seu nascimento,
ele foi chamado Bruto, e aps um certo intervalo, de acordo com o que o feiticeiro
havia previsto, enquanto estava brincando com alguns outros, atirou em seu pai
com um arco por acidente, no intencionalmente.
Ele foi, por causa disso expulso da Itlia (Roma), e veio para as ilhas do Mar
Tirreno, quando foi exilado por causa da morte de Turno, assassinado por Enas.
Foi ento para as Glias, e construiu a cidade de Turones, chamada Turnis. A uma
distncia, veio a esta ilha, chamada por ele de Bretanha, viveu aqui, e a ocupou
com seus prprios descendentes, e ela foi habitada daquele tempo at o perodo
presente.
11. Enas reinou sobre os latinos por trs anos; Ascnio [por] trinta e trs anos;
depois Slvio reinou doze anos, e Pstumo, trinta e nove anos: o ltimo, de quem
os reis de Alba so chamados Silvano, era irmo de Bruto, que governou a
Bretanha na poca que Eli, o alto padre, julgou Israel, e quando a Arca da
Promessa foi tomada pelos estrangeiros. Mas Pstumo, seu irmo, reinou entre os
latinos.
12. Depois de um intervalo de no menos de oitocentos anos, vieram os pictos, e
ocuparam as ilhas Orkney, de onde estragaram muitas regies, e se apoderaram
daquelas no lado esquerdo da Bretanha, onde ainda permanecem, tomando
possesso de um tero da ilha a partir deste dia.
13. Muito depois disso, os escotos chegaram Irlanda pela Espanha. O primeiro
que veio foi Partolo, com mil homens e mulheres; este aumentaram para quatro
mil, mas uma mortalidade veio subitamente sobre eles (e) todos morreram em uma
semana. O segundo foi Nimech, o filho de Agnominus, que, de acordo com o relato,
depois de estar ao mar por um ano e meio, e tendo seus navios espalhados, chegou
num porto da Irlanda, e continuando l por muitos anos, retornou por fim com seus
seguidores para a Espanha.
Depois destes, vieram trs filhos de um soldado espanhol com trinta navios
(barcos), cada um dos quais contendo trinta esposas, e tendo permanecido l
durante o espao de um ano, apareceu-lhes, no meio do oceano, uma torre de
vidro, cujo topo parecia coberto de homens, a quem eles sempre falavam, mas no
recebiam nenhuma resposta.
Finalmente, resolveram sitiar a torre; e aps um ano de preparao avanaram na
direo desta, com um grande nmero de seus navios, e todas as mulheres, exceto
um barco, que estava danificado, no qual estavam trinta homens, e o mesmo tanto
de mulheres, mas quando haviam todos desembarcado na borda que circundava a
torre, o mar abriu-se e os engoliu. A Irlanda, porm, foi povoada, at o perodo
presente, pelas famlias remanescentes no barco que estava quebrado. Mais tarde,
outros vieram da Espanha e tomaram vrias partes da Bretanha.
14. O ltimo de todos a vir foi Hoctor, que continuou aqui, e cujos descendentes
aqui permaneceram at hoje. Istoreth, filho de Istorino, tomou Dalrieta com seus
seguidores; Builo teve a ilha de Eubonia, e os outros lugares adjacentes. Os filhos
de Liethali obtiveram o pas de Dinete, onde est a cidade chamada Menavia, e a
provncia Guiher e Cetgueli, que tomaram at serem expulsos de cada parte da
Bretanha, por Cuneda e seus filhos.
15. De acordo com os mais sbios dentre os escotos, se algum deseja aprender o
que agora vou proferir, a Irlanda era um deserto, e desabitada, quando os filhos de
Israel cruzaram o Mar Vermelho, no qual como lemos no Livro das Leis, os egpcios
que o seguiram se afogaram. Naquela poca, vivia entre este povo, com uma
numerosa famlia, um cita de nobre nascimento, que havia sido banido de seu pas,
e que no foi perseguir o povo de Deus. Os egpcios que foram deixados, vendo a
destruio dos grandes homens de sua nao, e temendo que ele pudesse se
apossar de seu territrio, aconselharam-se, e o expulsaram. A isto reduzido, ele
vagueou quarenta e dois anos na frica, e chegou, com sua famlia, nos altares dos
filisteus, pelo Lago de Osiers.
Depois, passando entre Rusicada e o montanhoso pas da Sria, viajaram pelo rio
Malva atravs da Mauritnia at as Colunas de Hrcules; e ao cruzar o Mar Tirreno,
abordaram na Espanha, onde continuaram por muitos anos, crescendo e
multiplicando imensamente. Desde ento, mil e dois anos depois que os egpcios
foram perdidos no Mar Vermelho, eles atravessaram a Irlanda, e o distrito de
Dalrieta. Naquela poca, Bruto, que exercia primeiramente o ofcio de cnsul,
reinava sobre os romanos, e a poltica, que antes era governada pelo poder rgio,
foi depois dominada por quatrocentos e quarenta e sete anos, pelos cnsules,
tribunos do povo e ditadores.
Os bretes vieram Bretanha na terceira era do mundo; e na quarta, os escotos se
apoderaram da Irlanda. Os bretes que, no suspeitando de hostilidades, estavam
desprovidos dos meios de defesa, foram atacados hostil e incessantemente, tanto
pelos escotos do oeste, como pelos pictos do norte. Um longo intervalo depois
disto, os romanos obtiveram o imprio do mundo.
16. Da primeira chegada dos saxes Bretanha ao quarto ano do rei Mermeno,
foram computados quatrocentos e quarenta e oito anos; da natividade do Nosso
Senhor vinda de So Patrcio entre os escotos, quatrocentos e cinco anos; da
morte de So Patrcio de Santa Brgida, quarenta anos, e do nascimento de So
Columbano morte de Santa Brgida, quatro anos.
17. Eu aprendi outra descrio deste Bruto dos antigos Livros de nossos ancestrais.
Aps o dilvio, os trs filhos de No ocuparam respectivamente trs partes da
com seu nome. Ele foi assassinado no Senado, nos idos de maro, e Otvio Augusto
o sucedeu no imprio do mundo. Ele foi o nico imperador que recebeu tributo dos
bretes, de acordo com o seguinte verso de Virglio: Purpurea intexti tollunt aulae
Britanni.
21. O segundo depois dele a vir Bretanha, foi o imperador Cludio, que reinou
quarenta e sete anos depois do nascimento de Cristo. Ele trouxe consigo guerra e
devastao; e, embora no sem perda de homens, finalmente conquistou a
Bretanha. Depois viajou para as Ilhas Orkneys, que ele tambm conquistou, e
depois exigiu tributos. Nessa poca nenhum tributo era recebido pelos bretes; mas
era pago pelos imperadores britnicos. Ele reinou treze anos e oito meses. Seu
monumento pode ser visto na Mongcia (entre os lombardos), onde morreu no seu
caminho para Roma.
22. Cento e sessenta e sete anos aps o nascimento de Cristo, o rei Lcio e todos
os chefes do exrcito breto receberam o batismo, em conseqncia de uma
misso diplomtica enviada pelos imperadores romanos e o papa Evaristo.
23. Severo foi o terceiro imperador que atravessou o mar para a Bretanha, onde,
para proteger as provncias recuperadas das incurses brbaras, ordenou a
construo de um muro para separar bretes, escotos e pictos, estendendo-se na
ilha de mar a mar, com largura de cento e trinta e trs milhas. Este muro
chamado na lngua bret de Gwal.
Este muro foi construdo entre os bretes, escotos e pictos, pois os escotos do
oeste e os pictos do norte faziam guerra incessantemente contra os bretes, mas
estavam em paz entre si. No muito depois, Severo morreu na Bretanha.
24. O quarto foi o imperador e tirano Carausio que, exasperado pelo assassinato de
Severo, atravessou a Bretanha e, esperado pelos lderes do povo romano, vingouse severamente nos chefes e dirigentes dos bretes, por causa de Severo.
25. O quinto foi Constncio, o pai de Constantino, o Grande. Ele morreu na
Bretanha; sua sepultura, como aparece pela inscrio em seu tmulo, ainda vista
perto da cidade chamada Cair segont (perto de Carnarvon). No pavimento da
cidade mencionada acima, ele plantou trs sementes de ouro, prata e bronze, de
forma que nenhuma pessoa pobre poderia ser encontrada nela (na cidade).
tambm chamada Minmanton.
26. Maximiano foi o sexto imperador a governar a Bretanha. Foi no seu tempo que
os cnsules comearam e que a designao de Csar foi descontinuada. Nesse
perodo ainda, So Martinho tornou-se celebrado por suas virtudes e milagres e
teve uma conversa com ele (o imperador).
27. O stimo imperador foi Mximo. Ele retirou da Bretanha toda sua fora militar,
matou Graciano, o rei dos romanos, e obteve a soberania de toda a Europa. No
desejando devolver seus companheiros de guerra s esposas, filhos e possesses
na Bretanha, conferiu-lhes muitos distritos do lago do cume do Monte Jovia, at a
cidade chamada Cant Guic, e at o Tmulo oeste, que significa, at o Cruc
Ocidente.
Estas so as Bretanhas Armoricanas e l permanecem at hoje. Em conseqncia
de sua ausncia, a Bretanha, sendo atacada por naes estrangeiras, teve os
herdeiros legtimos expulsos, at que Deus interpusesse sua assistncia. Fomos
informados pela tradio de nossos ancestrais que sete imperadores vieram para a
Bretanha embora os romanos afirmem que eles foram nove.
chegaram Bretanha. Eles eram comandados por Horsa e Hengist, irmos e filhos
de Wihtgils. Wihtgils era o filho de Witta; Witta, de Wecta; Wecta, de Woden de
Frithowald; Frithowald, de Frithuwulf; Frithuwulf, de Finn; Finn, de Godwulf;
Godwulf, de Geat, que, como eles dizem, era o filho de um Deus, no do Deus
Onipotente e Nosso Senhor Jesus Cristo (que antes do princpio do mundo estava
com Seu Pai e o Esprito Santo, co-eterno e da mesma substncia, e que, em
compaixo natureza humana, no desdenhou em assumir a forma de um servo),
mas resultado de seus dolos, e que, cegados por algum demnio, adoravam de
acordo com o costume pago.
Vortigern os recebeu como amigos e entregou-lhes a ilha que, em sua lngua
chamada de Thanet, e pelos bretes, Ruym. Graciano Equntio, nessa poca,
reinava em Roma. Os saxes foram recebidos por Vortigern, quatrocentos e
quarenta e sete anos aps a paixo de Cristo, e de acordo com a tradio de nossos
ancestrais, do perodo da sua primeira chegada Bretanha at o primeiro ano do
reinado do rei Edmundo, foram quinhentos e quarenta e dois anos, e deste ano que
ns agora escrevemos, que o quinto de seu reinado, quinhentos e quarenta e sete
anos.
32. Nesta poca, So Germano, notvel por suas numerosas virtudes, veio pregar
na Bretanha: por seu ministrio muitos foram salvos; mas muitos do mesmo modo
morreram no convertidos. Dos vrios milagres que Deus permitiu-lhe fazer, devo
aqui mencionar apenas alguns: primeiro devo advertir para aquele concernente ao
inquo e tirnico rei Benlli. O santo homem, informado de sua m conduta,
apressou-se em visit-lo, com o propsito de admoest-lo. Quando o homem de
Deus, com seus seguidores, chegou ao porto da cidade, foram respeitosamente
recebidos por seu guardador, que saiu e os saudou.
Eles lhe incumbiram de comunicar sua inteno ao rei, que devolveu uma resposta
spera, declarando com blasfmia, que ainda que permanecessem l um ano, no
entrariam na cidade. Enquanto esperavam por uma resposta, a noite caiu, e eles
no sabiam para onde ir. Por fim, veio um dos servos do rei que, curvando-se ante
o homem de Deus, anunciou as palavras do tirano, convidando-os, ao mesmo
tempo, para sua prpria casa, para onde foram, sendo gentilmente recebidos.
acontecia, porm, que ele no tinha gado, exceto uma vaca e um bezerro, o ltimo
com o qual, impelido pela generosa hospitalidade devido a seus hspedes, ele
matou, preparou e colocou diante deles.
Mas o piedoso So Germano ordenou a seus companheiros que no quebrassem
um nico osso do bezerro; e, na manh seguinte, ele foi encontrado vivo ileso e de
p ao lado de sua me.
33. Cedo, no mesmo dia, eles foram de novo ao porto da cidade, para solicitar
audincia com o malvado rei; e enquanto estavam empenhados numa prece
fervorosa, esperando por admisso, um homem, coberto de suor saiu, e prostrouse diante deles. Ento So Germano, dirigindo-se a ele, disse: -Acreditas tu na
Sagrada Trindade? O homem respondeu: -Acredito realmente,. Ele ento o
batizou e beijou, dizendo: - V em paz, nesta hora tu deves morrer: os anjos de
Deus esperam por ti no ar, com eles deves ascender para Deus em quem
acreditaste.
Ele, cheio de alegria, entrou na cidade, e aps encontrar o prefeito foi preso,
amarrado e conduzido ante o tirano, que tendo dado a ele sentena, imediatamente
mandou mat-lo, pois era a lei deste rei perverso que todo aquele que no
estivesse no seu labor antes do nascer do sol seria decapitado na cidadela. Neste
entregue a estrangeiros. Assim a donzela foi entregue ao rei, que dormiu com ela, e
amou-a excessivamente.
38. Hengist, aps isso, disse a Vortigern: -Serei para ti igualmente pai e
conselheiro; no desprezes meus conselheiros, e tu no ters razo para ter medo
de ser conquistado por nenhum homem ou nao que seja, porque o povo do meu
pas forte, guerreiro e robusto: se tu aprovares, mandarei vir meu filho e seu
irmo, ambos homens valentes, que ao meu convite lutaro contra os escotos, e tu
podes dar-lhes as regies do norte, prximas muralha chamada Gwal.
Aps o incauto soberano concordar com isso, Octa e Ebusa chegaram com quarenta
navios. Nestes viajaram ao redor do pas dos pictos tomaram as rcades e
apossaram-se de muitas regies, at os confins dos pictos.
Mas Hengist continuou, aos poucos, mandando vir navios de seu prprio pas, de
forma que ilhas por esse motivo foram deixadas sem habitantes; e enquanto seu
povo ia crescendo em poder e nmero, eles vieram para a acima mencionada
provncia de Kent.
39. Enquanto isso, Vortigern, como se desejando acrescentar mais aos males que
j havia ocasionado, casou-se com sua prpria filha, de quem teve um filho.
Quando So Germano teve conhecimento disso, veio, com todo o clero breto,
para reprov-lo: e enquanto uma numerosa assemblia de eclesisticos e leigos
estava em Conselho, o fraco monarca ordenou sua filha a aparecer diante deles, e
na presena de todos, apresentar o filho para So Germano, e declarar que
Vortigern era o pai.
A atrevida mulher obedeceu; e So Germano, tomando a criana, disse: -Eu serei
um pai para voc, meu filho; no o dispensarei at que me sejam dados uma
navalha, uma tesoura, e um pente, e que me seja permitido d-los ao seu pai
carnal. A criana obedeceu a So Germano e, indo na direo de seu pai,
Vortigern, disse a ele: -Tu s meu pai, raspa e corta o cabelo da minha cabea. O
rei enrubesceu, e ficou em silncio; e, sem responder criana, levantou-se com
grande raiva e abandonou a presena de So Germano, execrado e condenado por
todo o snodo.
40. Mas logo depois, chamando juntos seus doze homens sbios, para consult-los
sobre o que havia a ser feito, eles lhe disseram: -Retira-te para os limites mais
remotos do seu reino; l constri e fortifica uma cidade para te defender porque o
povo que tu recebeste traioeiro; eles esto tentando dominar-te por
estratagema, e, mesmo durante a tua vida, a apoderar-se de todos os pases
sujeitos ao teu poder, quanto mais iro ainda tentar, depois da tua morte!
O rei, agradecido com este conselho, partiu com seus homens sbios, e viajou
atravs de vrias partes de seus territrios, em busca de um lugar conveniente
para o objetivo de construir uma cidadela. No tendo nenhum objetivo, viajaram
longe e extensamente, chegando por fim a uma provncia chamada Guenet; e
tendo inspecionado as montanhas de Heremus, descobriram, no cume de uma
delas, uma situao adaptada construo da cidadela. Sobre esta, os sbios
vieram dizer ao rei: -Constri aqui uma cidade, pois este lugar ser sempre seguro
contra os brbaros.
Ento o rei mandou vir artfices, carpinteiros, pedreiros, e coletou todos os
materiais necessrios construo; mas todo este desapareceu em uma nica
noite de forma que no restou nada do que havia sido fornecido para a construo
da cidadela. Os materiais foram procurados em todas as partes, uma segunda e
teu drago, mas a branca o drago do povo que ocupa muitas provncias e
distritos da Bretanha, mesmo at de mar a mar. Finalmente, no entanto, nosso
povo deveria erguer-se e afastar a raa sax para alm do mar, quando vieram
originalmente, mas afasta-te deste lugar, pois no tens permisso para erigir uma
cidadela; eu, para quem o destino est associado a este estabelecimento, devo
permanecer aqui; quanto a ti, est a incumbncia de procurar outras provncias
onde possas construir uma cidadela.
-Como o teu nome? perguntou o rei. - Eu me chamo Ambrsio (em breto
Embres Guletic), retornou o menino; e em reposta pergunta do rei, -Qual a
tua origem? ele replicou: - Um cnsul romano era meu pai.
Ento o rei designou-lhe aquela cidade, com todas as suas provncias a oeste da
Bretanha; e partindo com seus sbios do sinistro Distrito, chegou regio de
Gueneri, onde construiu uma cidade que, de acordo com seu nome, foi chamada de
Cair Guorthigirn.
43. Finalmente Vortimer, o filho de Vortigern, lutou valentemente contra Hengist,
Horsa, e seu povo; mandaram-lhes para a ilha de Thanet, e trs vezes os fecharam
dentro dela, e sitiaram-nos no lado oeste. Os saxes agora despacharam
representantes para a Germnia para solicitar grandes reforos, e um nmero
adicional de navios: tendo obtido isso, lutaram contra os reis e prncipes da
Bretanha, e algumas vezes estenderam seus limites devido vitria, outras vezes
eram conquistados e levados a retroceder.
44. Quatro vezes Vortimer bateu-se valentemente contra o inimigo; a primeira j
foi mencionada, a segunda foi no rio Derwent, a terceira no Lapis Tituli, na lngua
deles chamada Epsford, embora na nossa Rithergabail, l Horsa caiu, e [tambm]
Catigern, o filho de Vortigern; na quarta batalha que ele lutou, estava prximo da
pedra s margens do Mar da Glia, onde os saxes, estando derrotados, fugiram
para seus navios.
Depois de um curto intervalo, Vortimer morreu. Antes de sua doena, ansioso pela
futura prosperidade de seu pas, ele encarregou os amigos de enterrar seu corpo na
entrada do porto saxo, na pedra onde os saxes chegaram primeiro. -Pois
embora, ele disse eles possam habitar outras partes da Bretanha, se vs ainda
seguires as minhas ordens, eles nunca permanecero nesta ilha. Eles
imprudentemente desobedeceram esta ltima injuno e negligenciaram enterr-lo
onde ele havia determinado.
45. Depois disso os brbaros se fizeram firmemente incorporados, e foram
auxiliados por pagos estrangeiros; embora Vortigern fosse amigo deles, por causa
da filha de Hengist, que ele amava tanto, que ningum ousasse lutar contra ele - no
meio tempo eles traram o rei imprudente, e enquanto fingiam a aparncia de
amizade, estavam tramando com os inimigos. E deixe aquele que l entender que
os saxes foram vitoriosos e governaram a Bretanha no por causa de sua coragem
superior, mas devido aos grandes pecados dos bretes: Deus ento permitiu isso.
Pois qual homem sbio resistiria ao completo conselho de Deus? O Todo-Poderoso
o Rei dos Reis, e o Senhor dos senhores, governando e julgando a todos, de acordo
com sua prpria vontade.
Aps a morte de Vortimer, Hengist, fortalecido pelas novas aquisies, juntou seus
navios, e reunindo seus lderes, consultou-os sobre qual estratagema deveriam
vencer Vortigern e seu exrcito; com tal insidiosa inteno mandaram mensageiros
Ele construiu um grande monastrio s margens do rio Renis, chamado com seu
nome, e que permanece at o presente perodo.
49. Esta a genealogia de Vortigern, que retorna at Fernmail, que reinou no reino
de Guorthegirnaim, e era o filho de Teudubir; Teudubir era o filho de Pascent;
Pascent, de Guaidcant; Guaidcant, de Moriud; Moriud, de Eldat; Eldat, de Eldoc;
Eldoc, de Paulo; Paulo, de Mepurit; Mepurit, de Briacat; Briacat, de Pascent;
Pascent, de Guorthigirn; Guorthigirn, de Guortheneu; Guortheneu, de Guitaul;
Guitaul, de Guitolin; Guitolin, de Glovi. Bonus, Paulo, Mauron e Guotolinus eram
quatro irmos que construram uma grande cidade s margens do rio Severn, a
qual em breto chamada Cair Gloui, em saxo, de Gloucester. J foi dito o
suficiente sobre Vortigern.
50. Quando Graciano Equantio era cnsul em Roma - pois ento todo o mundo era
governado por cnsules romanos - os saxes foram recebidos por Vortigern no ano
de quatrocentos e quarenta e sete do Nosso Senhor. E seja quem for que algum dia
leia o que est contido aqui pode receber instruo, [pois] o Senhor Jesus Cristo
fornece assistncia, [Ele], que co-eterno com o Pai e o Esprito Santo, vive e reina
para todo o sempre. Amm.
Naqueles dias, So Patrcio era cativo entre os escotos. O nome do seu senhor era
Milcho, de quem ele era guardador de porcos havia sete anos. Quando atingiu a
idade de dezessete anos, este deu-lhe a liberdade. Por impulso divino, [Patrcio]
aplicou-se leitura das Escrituras e mais tarde foi para Roma, onde, repleto com o
Esprito Santo, continuou por um longo tempo, estudando os sagrados mistrios
daqueles escritos. Durante a sua permanncia, Paldio, o primeiro bispo, foi
enviado pelo papa Celestino para converter os escotos [os irlandeses]. Mas
tempestades e sinais de Deus o impediram de desembarcar, porque ningum pode
chegar em nenhum pas, exceto se tiver permisso do Alto; alterando ento sua
direo da Irlanda, ele veio para a Bretanha e morreu na terra dos pictos.
51. Ao ser conhecida a morte de Paladino, os patrcios romanos Teodsio e
Valenciano ento reinando, o papa Celestino enviou Patrcio para converter os
escotos f da Sagrada Trindade; Vtor, o anjo de Deus o acompanhou,
admoestando, acompanhando e assistindo-o, e tambm o bispo Germano.
Germano ento enviou o antigo Segerus com ele, como um venervel e elogiado
bispo, para o rei Amatheur, que vivia prximo, e que tinha a prescincia do que iria
acontecer; ele foi consagrado bispo no reino daquele rei pelo santo pontfice,
assumindo o nome de Patrcio, tendo at esse ponto sido conhecido como Maun;
Auxilius, Issernino, e outros irmos foram ordenados com ele para graus inferiores.
52. Tendo distribudo bnos e aperfeioado todos no nome da Santa Trindade, ele
embarcou para o mar que est entre os gauleses e os bretes; e depois de uma
rpida passagem chegou Bretanha, onde pregou por algum tempo. Depois que
toda a preparao necessria foi feita e que o anjo lhe deu o aviso, ele veio para o
mar da Irlanda. Aps encher o navio com presentes estrangeiros e tesouros
espirituais, ele chegou, com a permisso de Deus, Irlanda, onde batizou e
pregou.
53. Do comeo do mundo ao quinto ano do reinado de Logiore, quando os
irlandeses foram batizados na f e a unidade da Trindade foi pregada a eles, se
passaram cinco mil trezentos e trinta anos.
54. So Patrcio ensinou o Evangelho s naes estrangeiras pelo espao de
quarenta anos. Investido de poderes apostlicos, deu viso aos cegos, purificou os
Ida, filho de Eobba, tendo ido para a regio norte da Bretanha, onde o mar da
Humbria, e reinou doze anos, e uniu Dinguayrdi guurth Berneich.
62. Ento Dutigirn naquele tempo lutou bravamente contra o povo dos anglos.
Naquele tempo, Talhaiarn Cataguen era famoso pela poesia, e Neirin, e Taliesin e
Bluchbard, e Cian, que chamado Guenith Guaut, foram todos famosos ao mesmo
tempo na poesia bret. O grande rei, Mailcun, reinou entre os bretes, isto , no
distrito de Guenedcia, por causa de seu antepassado Cunedda que, com seus doze
filhos, havia vindo da parte esquerda, isto , do pas que chamado Manau
Gustodin, cento e quarenta e seis anos antes que Mailcun reinasse, e expulsasse os
escotos com muita matana daqueles pases, e eles nunca retornaram outra vez
para habit-los.
63. Adda, filho de Ida, reinou por oito anos; Ethelric, filho de Adda, reinou por
quatro anos. Theodorico, filho de Ida, reinou sete anos. Freothwulf reinou seis
anos. Naquele tempo, o reino de Kent, pela misso de Gregrio, recebeu batismo
Hussa [e] reinou sete anos. Contra ele lutaram quatro reis, Urien, e Ryderthen, e
Gualllauc, e Morcant. Teodorico lutou bravamente, juntamente com seus filhos,
contra aquele Urien.
Mas naquele tempo, algumas vezes o inimigo e algumas vezes nossos compatriotas
eram vencidos, e ele encurralou-os trs dias e trs noites na ilha de Metcaut, e
enquanto ele continuava numa expedio foi assassinado, por insistncia de
Morcant, cheio de inveja, em razo de sua superioridade como estrategista militar,
muito acima da de todos os reis.
Eadfered Flesaurs reinou doze anos em Bernicia, e doze outros em Deira, e deu a
sua mulher Bebba a cidade de Dynguoaroy, que devido a ela, chamada de
Bebbanburg.
Edwin, filho de Alla, reinou dezessete anos, apoderou-se da Elmcia, e expulsou
Cerdic, seu rei. Eanfied, sua filha, recebeu o batismo no dcimo segundo dia depois
de Pentecostes e com todos os seus seguidores, tanto homens quanto mulheres. Na
Pscoa seguinte, o prprio Edwin recebeu o batismo, e doze mil de seus sditos
com ele. Se algum deseja saber quem os batizou, foi Rum Map Urbgen: ele
empenhou-se quarenta dias em batizar todas as classes de saxes, e por sua
pregao muitos acreditaram em Cristo.
64. Oswald, filho de Ethelfrid, reinou nove anos; o mesmo Oswald Llauiguin; ele
matou Catgublaun (Cadwalla), rei da Guenedcia, na batalha de Catscaul, com
muita perda para o seu prprio exrcito. Oswy,filho de Ethelfrid, reinou vinte oito
anos e seis meses. Durante o seu reinado, houve uma terrvel mortalidade entre os
seus sditos quando Catgualart (Cadwallader) foi rei entre os bretes, sucedendo
seu pai, e ele mesmo morreu entre o resto. Ele assassinou Penda no campo de Gai,
e agora tomou parte no massacre de Gai Campi, e os reis dos bretes, que sairam
com Penda na expedio at a cidade de Judeu, foram mortos.
65. Ento Oswy restituiu todas as riquezas que estavam com ele na cidade para
Penda, que as distribuiu entre os reis dos bretes, que era Atbert Judeu. Mas
Catgabail sozinho, rei da Guenedcia, levantando-se de noite, escapou juntamente
com seu exrcito, por isso chamado Catgabail Catguommed. Egfrid, filho de
Oswy, reinou nove anos. No seu tempo, o santo bispo Cuthbert morreu na ilha de
Medcaut. Foi ele que fez a guerra contra os pictos e foi por eles morto.
Penda, filho de Pybba, reinou dez anos. Inicialmente separou o reino da Mrcia
daquele dos homens do norte, mas foi assassinado pelo traidor Onnan, rei dos
anglos do leste, e So Oswald, rei dos homens do norte. Ele lutou na batalha de
Cocboy na qual caiu Eawa, filho de Pybba, seu irmo, rei dos mercianos, e Oswald,
rei dos homens do norte, e ele ganhou a vitria por artes diablicas. Ele no era
batizado e no acreditava em Deus.
66. Do comeo do mundo at Constantino e Rufo, decorreram cinco mil seiscentos
e cinqenta e oito anos. Ainda dos dois cnsules Rufo e Rublio, at o cnsul
Stilicho, passaram-se trezentos e setenta e trs anos. Tambm de Stilicho para
Valenciano, filho de Plcido, e o reinado de Vortigern, foram vinte e oito anos. E do
reinado de Vortigern briga entre Guitolinus e Ambrsio, passaram-se doze anos,
que Guolopum, que Catgwaloph. Vortigern reinou na Bretanha quando Teodsio
e Valenciano eram cnsules, e no quarto ano do seu reinado os saxes vieram
Bretanha, no consulado de Feliz e Taurus, no ano 400 da encarnao de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Do ano em que os saxes vieram para a Bretanha e foram
recebidos por Vortigern, ao tempo de Dcio e Valeriano, passaram-se sessenta e
nove anos.
Sobre as coisas admirveis da Bretanha
67. A primeira coisa admirvel o lago Lumonoy. Nele h sessenta ilhas, a moram
homens, e cercado por sessenta rochedos, e h um ninho de guia em cada
rochedo, e correm para ele sessenta rios, mas no vai dele nenhum rio para o mar
a no ser um rio que se chama Lemn.
A segunda coisa admirvel a entrada do rio Trahanonni porque numa onda
semelhante a um monte ad sissam cobre as praias e retrocede como outros mares.
A terceira coisa admirvel um lago quente que est na regio Huich e cercado
de um lado por um muro feito de pedra, e para l vo homens por todo tempo para
lavar-se e a cada um assim como lhe convier, o banho se far segundo a sua
vontade. Se quiser, o banho ser frio, se quente, (o banho) ser quente.
68. A quarta coisa admirvel : fontes ao mesmo tempo chegam do mar, pelas
quais fontes o mar se aquece; da diversas iguarias salgam-se, mas no esto perto
do mar, mas emergem da terra.
Outra coisa admirvel Duorig Habren, isto Dois Reis de Sabrina. Quando o mar
est inundado ad sissam para a foz do Sabrina duas montanhas de espumas se
congregam separadamente e fazem guerra entre si como se fossem dois aretes
batendo; e um vai contra o outro e se batem alternadamente, e novamente se
afasta um do outro e novamente aproximam-se em cada sissa. Isto fazem desde o
incio do mundo at hoje.
69. H uma outra coisa admirvel, isto , Open Linn Liuan. A foz daquele rio corre
para o Sabrina e quando o Sabrina sobe ad sissam e o mar inundado da mesma
maneira na entrada do supradito rio e no lago da entrada recebido, em forma de
sorvedouro, e o mar no vai para cima, e h uma praia junto do rio, e enquanto o
Sabrina cresce ad sissam este litoral no fica coberto; e quando reflui o mar e o
Sabrina, ento o lago Linn Liuan pe para fora tudo o que devorou do mar, e ento
esse litoral fica coberto; e como um monte numa onda expele e rompe com fora. E
se houver o exrcito de toda a regio, na qual est situada e voltar a face contra a
onda, no s a onda arrasta o exrcito com sua fora, com as vestes encharcadas
de gua, mas tambm os cavalos do mesmo modo so arrastados. Se porm, o
exrcito for por detrs contra ela, a onda no lhe causa mal e quando o mar
retroceder, todo o litoral que a onda cobre fica descoberto atrs e o mar volta dele.
70. H uma outra coisa admirvel na regio Cinlipiuc. Existe a uma fonte de nome
Finnaun Guur Helic. No corre nenhum rio dela, nem para ela. Os homens vo
fonte para pescar. Uns vo pela parte leste e tiram peixes dessa parte; uns pela
direita, outros pela esquerda e pelo ocidente, e os peixes so puxados de uma e de
outra parte. E outra espcie de peixes arrastada, retirada de todas as partes.
uma coisa muito admirvel, os peixes serem encontrados na fonte uma vez que no
corre rio para ela nem dela. E nela (na fonte) so encontradas quatro espcies de
peixes: e no entanto ela no pela sua grandeza nem pela sua profundidade. A
profundidade dela vai at os joelhos, so vinte ps de comprimento e de largura,
tem margens altas de todos os lados. Junto do rio que se chama Guoy, so
encontrados frutos sobre o freixo na subida do bosque, que est junto da entrada
do rio.
H uma outra coisa admirvel na regio que se chama Guent. Existe a uma
escavao da qual o vento sopra por todo o tempo sem interrupo. E quando no
sopra o vento em tempo de vero, daquela escavao sopra incessantemente, e
ningum possa resistir junto profundidade do fosso . E se chama Vith Guint em
breto, em latim, Flacio. uma coisa muito admirvel o vento soprar da terra.
71. H uma outra coisa admirvel em Guhyr, um altar que est num lugar que se
chama Loyngarth, que sustentado pela vontade de Deus. A histria desse altar
parece-me melhor contar do que silenciar. Foi feito enquanto So Iltuto orava na
caverna que est perto do mar que banha a terra do supracitado lugar; a entrada
da caverna est junto do mar, e eis que uma nau navegava do mar e dois vares
que a conduziam, e o corpo do santo homem estava com eles no navio e o altar
sobre a face dele, o qual altar era sustentado pela vontade de Deus.
O homem de Deus caminhou em direo a eles; o corpo do santo homem e o altar
estavam inseparavelmente sobre o rosto do santo corpo. E disseram a So Iltuto: Aquele homem de Deus recomendou-nos que o conduzssemos a ti e o
sepultssemos contigo. O nome dele no reveles a nenhum homem para que os
homens no jurem por si mesmos.
E depois do sepultamento, aqueles dois vares voltaram ao navio e navegaram. E
So Iltuto fundou a igreja prximo do corpo do santo homem e em torno do altar, e
permanece at hoje o altar sustentado pela vontade de Deus. Veio um jovem rei
para que provasse, levando um ramo em sua mo, dobrou-o junto do altar e
sustentou-o com ambas as mos; assim comprovou a verdade daquele rei e ele
depois disso no viveu um ms inteiro. O outro olhou debaixo do altar e perdeu a
viso e antes de um ms terminou a vida.
72. H uma outra coisa admirvel na supracitada regio de Guent. Existe a uma
fonte junto de uma paliada do poo Mouric e lenha no meio da fonte. E os homens
lavam suas mos com as suas faces e tem debaixo dos ps madeira quando se
lavam. Eu mesmo comprovei e vi. Quando o mar cresce, o Sabrina se estende para
a onda montante sobre todo o mar e cobre e se dirige at a fonte se enche sissa
do (rio) Sabrina e arrasta a madeira consigo at o grande mar e por um espao de
trs dias vai contra o mar. E no quarto dia se encontra na supradita fonte. Ocorreu
que um dos rsticos o sepultasse na terra para comprovar e no quarto dia foi
encontrado na fonte e aquele rstico que o escondeu e sepultou morreu antes do
fim do ms.
73. Existe outra maravilha na regio que chamada Buelt. Existe uma montanha
de pedras l e uma das pedras colocada sobre esse conjunto com a pegada de um
cachorro nela. Quando Cabal, que era o co de Artur, o guerreiro, estava caando o
javali Troynt, imprimiu sua pegada na pedra e depois Artur reuniu a pedra num