Seguranca Alimentar em Moz
Seguranca Alimentar em Moz
Seguranca Alimentar em Moz
Captulo 4
James L. Garrett
Sergio Cassamo
Marie T. Ruel
ndices
4.3
Determinantes da segurana alimentar e nutriao nas zonas urbanas e nas zonas rurais
de Moambique: uma anlise de regresso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 236
4.9
Referncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 250
Anexo 1: Distribuio da sub-amostra do captulo e amostra completa . . . . . . . . . . . . . . . 274
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4.1.
Introduo
Este relatrio tem vindo a focar, at este momento, a natureza e os determinantes da
pobreza em Moambique, usando uma medida de pobreza baseada numa avaliao do
consumo dos agregados familiares. Este captulo volta a sua ateno para outros aspectos
significativos do bem-estar: segurana alimentar e nutrico. Sendo o primeiro inqurito
representativo das despesas por agregado familiar a nvel nacional, o MIAF proporciona uma
oportunidade nica para avaliar at que ponto os moambicanos tm insegurana alimentar,
isto , at que ponto esto impossibilitados de obter alimentos suficientes para uma vida
saudvel e activa. O MIAF proporciona tambm informao importante sobre a extenso da
desnutrio infantil no pas e a sua localizao. A desnutrio das crianas com menos de 5
anos uma medida-chave das capacidades produtivas e reprodutivas de um pas no futuro, e
ao mesmo tempo um indicador, de larga aceitao, do bem-estar geral de uma sociedade.
No nos surpreende que para um pas que apenas comea a reconstruir-se, aps
dcadas de guerra civil e de uma transio recente para uma maior liberalizao da economia
de mercado,as condies em Moambique no sejam boas. Dez milhes de moambicanos
vivem em agregados familiares sem segurana alimentar. Dois milhes destes moambicanos
vivem em zonas urbanas, e a prevalncia da falta de segurana alimentar hoje mais alta nas
zonas urbanas que nas zonas rurais. Alm de reduzir a produtividade econmica, a fome
causada pela falta de segurana alimentar poder constituir um factor importante da violncia
domstica, da instabilidade social e da agitao poltica.
Mais de milho e meio de crianas moambicanas tm baixa altura-para-idade (em
ingls, "low height-for-age, or stunting"), ou seja no tm vindo a crescer adequadamente
atravs dos anos e a sua altura est "baixo" para sua idade. Quase duzentas e cinquenta mil
delas vivem em zonas urbanas. Em mdia, estas crianas esto impossibilitadas de aprender
ao rtmo das crianas saudaveis, e as crianas do sexo feminino que chegam idade adulta
tm um maior risco de vir a ter complicaes de sade durante a gravidz, de morrer e de vir
a dar luz crianas com baixo peso. Isto, por sua vez, eleva o risco destas crianas para a
doena e para a desnutrio. Mais de 200.000 crianas moambicanas tm um peso inferior
ao que seria normal para a sua altura, o seja tm baixo peso - para-altura (em ingls, "low
weight-for-height, or wasting"). Estas crianas tm probabilidades muito mais altas de
adoecer e de morrer antes das crianas bem nutridas. Embora a maior parte destas crianas
viva em zonas rurais, a prevalncia do baixo peso-para-altura mais alta nas zonas urbanas.
Este captulo mostra a variao na prevalncia da segurana alimentar e nutrico e as
condies que as causam atravs do pas. Por exemplo, a pobreza mais baixa nas cidades
que nas zonas rurais. O clima e o solo so mais apropriadas para a agricultura no norte que no
sul. Os centros de sade so mais comuns nas grandes cidades, tais como Maputo, do que nas
outras capitais de provncia.
Estas diferenas acentuam o facto de que a segurana alimentar e nutricional
dependerem de factores locais e regionais, alm das polticas macro-econmicas a nvel
213
Consideraes conceituais
As condies, ao nvel da comunidade, do agregado familiar e do indivduo afectam a
segurana alimentar e nutrico, tal como se mostra na Figura 4.1. A segurana alimentar do
agregado familiar depende do facto de a alimentao estar disponvel ao agregado familiar e
ao facto de o agregado familiar ter recursos suficientes para adquirirou ter acesso
1
Neste inqurito, as pequenas cidades e as vilas, assim como todas as capitais provinciais e Maputo,
so classificadas como urbanas.
2
As figuras a nvel de agregado familiar referidas aqui so baseadas num nmero mais reduzido de
observaes do que o banco de dados utilizado para os clculos da pobreza (6463 contra 8273). Os agregados
familiares que apresentaram um nvel de consumo de calorias desmesurado (menos de 800 calorias por AEU
(unidade equivalente por adulto) ou mais de 7000 calorias por AEU) foram excludos dos dados utilizados para
efeitos de estatstica neste captulo. Dentro desta sub-amostra de agregados familiares, as crianas apresentadas
sob a classificao de -5 ou +5 a partir da mdia padronizada tanto para o estado de nutrio como para o
indicador (baixo altura-para-idade ou peso-para-altura) foram excludas, dando uma sub-amostra de 3309
crianas de 0 a 60 meses. O inqurito da comunidade reflete as condies de 5811 agregados familiares rurais.
O Anexo 1 mostra que h pouca diferena na composio regional dos dois modelos de dados (o "sub-amostra
do captulo" e da "amostra completa"), uma vez omitidos estes valores extremos.
214
Segurana alimentar
4.3.1 Disponibilidade
Qual a acessibilidade dos mercados? Embora a acessibilidade ao mercado no possa
indicar o nvel de competio nesta rea, deveria pelo menos sugerir at que ponto os bens,
incluindo a comida, e a informao do preo do mercado esto acessveis comunidade. Uma
fraca acessibilidade torna mais improvvel que um estoque abundante e diverso de bens
alimentares possa entrar numa determinada zona. E torna mais difcil para os produtores o
aumento do seu rendimento por meio da participao em mercados fora da sua comunidade.
O inqurito comunidade, realizado em zonas rurais, levou concluso de que a
populao rural (74 por cento) no tem acesso aos mercados dirios ou semanais na sua
comunidade.3 Apenas 33 por cento da populao da regio sul vive em comunidades com
mercados dirios ou semanais permanentes, e apenas 25 por cento da populao das regies
O inqurito comunidade s foi realizado em zonas rurais. As anlises que utilizaram dados
extrados do inqurito comunidade so evidentes quando as tabelas contm informao sobre zonas rurais ou a
informao de zonas urbanas est indicada como "n.d.", ou "no disponvel."
215
Para esta exposio, o texto refere-se por vezes percentagem por comunidades ou percentagem
por agregado familiar, mas todos os nmeros foram tomados em considerao para reflectir as condies a nvel
do indivduo. Para maior preciso, por conseguinte, os nmeros deveriam ser citados como uma percentagem
dos indivduos que vivem em comunidades ou agregados familiares sujeitos a condies especficadas.
5
O inqurito distinguiu entre compras, produo prpria e "outros" (principalmente remessas de outros
agregados familiares ou programas de assistncia social) como fontes de bens alimentcios, mas estas distines
no parecem ter sido observadas com rigor durante a recolha de dados e o seu processamento. Tal como se
216
seus bens alimentcios fora do mercado. Tal como se nota abaixo, os agregados familiares da
regio sul recebem menor assistncia alimentar fora do seu agregado familiar do que os
agregados familiares rurais noutras zonas, de maneira que os agregados familiares do sul
dependem provavelmente mais da sua prpria produo do que os das outras regies. A razo
para isto poder dever-se ao facto de a taxa de pobreza ser mais alta no sul (os agregados
familiares rurais pobres tendem a depender mais da produo prpria em geral do que os
agregados familiares mais ricos), ou ento poder dever-se ao facto de os agregados
familiares do sul possurem terrenos maiores, e, portanto, disporem de mais espao para
cultivar bens alimentcios.
Por outro lado, os habitantes urbanos compram a maioria dos seus bens alimentcios
(83 por cento), embora tambm eles produzam ou colham uma quantia significativa de
comida, ou a obtenham por meio de programas de assistncia alimentar, pblica ou privada,
ou transferncios ou remessas (17 por cento). Isto quase o inverso dos nmeros referentes s
zonas rurais. Como era de esperar, a percentagem de bens alimentcios que se compra baixa
medida que a aglomerao urbana decresce, medida que a zona se torna "menos urbana,"
em certo sentido. Por exemplo, os agregados familiares em Maputo compram quase todos os
seus bens alimentcios (96 por cento), mas os agregados familiares em zonas urbanas fora de
Maputo s compram entre 70 e 80 por cento dos seus bens alimentcios, recebendo o resto da
comida das suas prprias terras ou em forma de transferncias dos programas de assistncia
alimentar ou outros agregados familiares.
Mesmo assim, a diferena nos padres de aquisio de bens alimentcios, mesmo
entre as zonas menos urbanas e as zonas rurais, bem definida e fornece um elemento
interessante para a caracterizao para o que urbano e para o que rural. Embora os que
vivem nas zonas menos urbanas experimentem provavelmente mais aspectos de um modo de
vida rural que os que vivem em grandes cidades, como Maputo, e o seu modo de vida gire
provavelmente mais volta da agricultura, contudo, em geral, eles no vivem da terra e
compram portanto a maioria dos bens alimentcios.
Produo prpria. Com tantos moambicanos a depender da sua prpria produo
agrcola para se alimentarem,6 os factores que afectam a capacidade dos agregados familiares
para produzir os seus bens alimentcios podero ser importantes para a segurana alimentar.
Estes factores incluem a disponibilidade da terra, as condies agro-ecolgicas, incluindo o
clima e a fertilidade do solo, o uso de tecnologias mais avanadas, e a disponibilidade de uma
boa assistncia tcnica e de informao do mercado. Alm disso, a fim de proporcionar uma
fonte directa de bens alimentcios, o melhoramento da produo agrcola poder fazer crescer
tambm o rendimento do agregado familiar, fornecendo assim um rendimento mais alto que
informa abaixo, os dados indicam que a contribuio dos programas de assistncia, tanto pblica como privada
ou de remessas, provavelmente pequena, mas para garantir uma representao precisa aqui os dois grupos produo prpria e "outros" - combinam-se numa nica categoria designada como "no mercado."
6
Muitos agregados familiares tambm colhem comida, tais como folhas, nas terras baldias.
217
218
219
Por causa da diferena nos bancos de dados referidos antes (veja-se a Nota 2), estes nmeros podero
diferir ligeiramente dos apresentados noutros captulos deste relatrio.
220
familiar d uma indicao do nvel de capital humano existente no agregado familiar. Tal
como se pode ver na Tabela 4.7, os nveis de educao em Moambique so extremamente
baixos, aterrorizadores nas zonas rurais, onde quase 90 por cento das mulheres e quase 70 por
cento dos homens ou no tm qualquer instruo ou so analfabetos. Mesmo nas zonas
urbanas os nveis educacionais so baixos: 49 por cento das mulheres e 23 por cento dos
homens nas cidades tambm no tm qualquer instruo ou so analfabetos. Em preparao
para o futuro, mais de 30 por cento das crianas rurais ainda no tm a instruo primria na
sua comunidade, e as escolas secundrias nas zonas rurais so praticamente inexistentes.
Estes nveis to baixo de escolaridade dificultam a produo, a flexibilidade e o
potencial de salrio da mo-de-obra de Moambique, impossibilitando-os de ganhar o
suficiente para fugir pobreza e fome. A falta de educao limitar tambm a maneira
como a assistncia social ou as mensagens referentes sade pblica podero ser transmitidas
aos mais necessitados e reduziro a capacidade dos recipientes ao acesso, compreenso e ao
uso dessa assistncia.
Transferencias (assistncia social e remessas). Receber comida de outros agregados
familiares ou de programas mais formais de assistncia poder ajudar um agregado familiar a
fazer face aos choques causados pelas ameaas da falta de segurana alimentar. Naturalmente,
estas transferncias e remessas que podem ir de encontro necessidade de alimentao no
tm que ser necessariamente em forma de comida; alguns podero s-lo, mas outros podero
ser em dinheiro ou na forma de outros bens, de modo a permitir que o agregado familiar gaste
mais em alimentao.
A Tabela 4.8 mostra que, apesar dos elevados nveis de pobreza existentes em
Moambique, relativamente poucos agregados familiares recebem qualquer espcie de
assistncia de uma organizao formal, tais como o Governo ou a ONG. A assistncia social
formal no est a ter um impacto generalizado na pobreza ou na segurana alimentar em
Moambique. Apesar das necessidades urgentes, os recursos disponveis para os programas
sociais so limitados. De acordo com o estudo sobre os agregados familiares, apenas 5 por
cento dos agregados familiares urbanos recebem alguma forma de assistncia formal, ao
passo que a assistncia formal aos agregados familiares rurais um pouco mais elevada (7
por cento). De acordo com estes dados, o inqurito s comunidades chegou concluso de
que somente 9 por cento de todas as comunidades rurais recebiam algum tipo de assistncia
social formal.
Porm, a assistncia disponvel demonstra uma tendncia regional, com uma maior
percentagem de comunidades nas regies norte e sul (11 por cento) a receber assistncia do
que as comunidades da regio central (7 por cento). O inqurito aos agregados familiares
corrobora estes nmeros com percentagens significativamente mais altas na cidade de Maputo
(8 por cento) e na regio sul (16 por cento) a receber assistncia do que nas outras zonas.
Embora a existncia da assistncia (ou a falta dela) seja sensivelmente uniforme na
maior parte das zonas do pas, fora do sul, o tipo de assistncia recebida no o . Cerca de 90
221
por cento dos agregados familiares que recebem assistncia em Maputo recebe comida, ao
passo que apenas 14 por cento dos agregados familiares noutras grandes cidades e 53 por
cento dos agregados familiares noutras zonas urbanas a recebem. Da mesma maneira, 75 por
cento dos agregados familiares rurais na regio central dotados de programas de assistncia
recebem comida, 66 por cento na regio sul e apenas 24 por cento na regio norte. O inqurito
s comunidades reflete uma tendncia semelhante, com 5 por cento das comunidades no sul
beneficiadas com programas de assistncia alimentar, e 3 por cento tanto na zona central
como na zona norte. Este paradigma reflete provavelmente tanto um ajustamento aos tipos de
assistncia necessria em cada regio (os agregados familiares na regio norte tm
provavelmente mais segurana alimentar) e misso institucional e aos recursos das ONGs e
s agncias de desenvolvimento a actuar em cada regio.
As transferncias de uns agregados familiares a outros tambm podero indicar a
capacidade dos agregados familiares ao acesso ou participao na rede de assistncia social.
Estes dados sugerem que a rede de assistncia social poder ser mais forte nas zonas rurais do
que nas zonas urbanas, corroborando os resultados do estudo sobre a rede de assistncia
social no Captulo 6. Os agregados familiares nas zonas rurais, em qualquer caso, tm uma
relao de intercmbio mais activa do que nas zonas urbanas. Os agregados familiares rurais
tm mais probabilidades quer de enviar quer de receber assistncia de fundos de penso, de
clubes, ou de outros agregados familiares do que os agregados familiares das zonas urbanas.
interessante notar que todos os agregados familiares tendem mais para dar do que para
receber assistncia.
Mesmo na empobrecida Moambique, 36 por cento dos agregados familiares rurais
enviam remessas para outros grupos ou para famlias, enquanto 22 por cento recebem
assistncia de outras fontes.8 As taxas de envio de assistncia so semelhentes entre as
regies, mas so muito diferentes em termos de receber assistncia: os agregados familiares
da zona central tm mais probabilidade de receber assistncia (31 por cento) do que os da
zona norte (15 por cento) ou os da zona sul (13 por cento).
Em mdia, os agregados familiares urbanos tm aproximadamente a mesma taxa de
envio de assistncia que os agregados familiares rurais (35 por cento), mas os agregados
familiares nas cidades grandes tendem a enviar assistncia com mais frequncia do que os de
outras zonas urbanas. Tanto uns como outros recebem assistncia com muito menos
frequncia. E tambm aqui existe uma diferena regional: os agregados familiares em Maputo
indicam que recebem assistncia com mais frequncia do que os de outros centros urbanos,
incluindo os das cidades grandes (19 por cento dos agregados familiares contra 9 a 10 por
cento noutras zonas).
As razes para as diferenas observadas para as diversas regies no so claras.
Os dados sobre transferncias e remessas enviadas referentes cidade de Maputo e regio sul no
oferecem garantia, de maneira que foram excludos destas estatsticas.
222
A segurana alimentar foi definida como se o agregado familiar dispusesse de calorias suficientes
para satisfazer os requisitos de calorias do agregado familiar, usando como medida uma unidade equivalente por
adulto. O nmero de "unidades equivalentes por adulto" (UEA) num agregado familiar foi determidado
escalonando os requisitos de cada indivduo no agregado familiar em relao aos requisitos de uma referncia
adulta, com base na idade, no gnero e no pressuposto de um nvel moderado de actividade. O requisito de 3000
kcals por dia de uma referndia adulta foi baseado nos requisitos estimados para um adulto do gnero
masculino, entre os 18 e os 30 anos de idade, com nveis moderados de actividade (FAO/WHO/UNU, 1985).
10
Para fins de comparao, a Tabela 4.9 mostra tambm os nmeros que resultariam se se usasse a
sub-amostra do captulo e a amostra completa (veja-se a Nota 2). Os nmeros no sofrem grande alterao,
tendo lugar a alterao mais acentuada na regio norte, onde a percentagem da insegurana alimentar desce de
48 por cento para 43 por cento, se se usar a amostra completa.
223
concorrem para agravar o problema, uma vez que no contribuem para o rendimento familiar
e que podero requerer mais ateno de um adulto, causando assim a diminuio do potencial
do adulto na sua qualidade de ganha-po. E, ao mesmo nvel de rendimentos, famlias mais
numerosas significam menos recursos por pessoa. Nas zonas rurais, 56 por cento das famlias
com crianas com menos de 5 anos de idade no tm segurana alimentar, comparadas com
60 por cento das que no tem crianas. Nas zonas urbanas, 69 por cento das famlias com
crianas, comparadas com 64 por cento das famlias sem crianas, no tm segurana
alimentar.
Talvez mais surpreendente seja o facto de os agregados familiares de idosos, que aqui
significam os agregados familiares cujos membros tm todos mais de 59 anos de idade, e,
teoricamente, j esto fora da mo-de-obra, tenham significativamente menos insegurana
alimentar do que os outros agregados familiares. Estes agregados familiares constituem uma
pequena proporo da populao: apenas 1 por cento. Mesmo assim, enquanto 63 por cento
dos agregados familiares rurais e 67 por cento dos outros agregados familiares urbanos, tm
insegurana alimentar, apenas 35 por cento destes agregados familiares de idosos nas zonas
rurais e 30 por cento dos agregados familiares de idosos nas zonas urbanas, tm insegurana
alimentar. Quer dependam da assistncia de amigos e de vizinhos, quer sobrevivam como
agregado familiar num conjunto habitacional mais amplo, a maioria dos idosos parece
encontrar maneira de obter comida suficiente.
So necessrios estudos adicionais para estabelecer um perfil mais preciso dos
agregados familiares que no tm segurana alimentar. Isto particularmente pertinente, uma
vez que parece que Moambique apresenta desafios s generalizaes comuns sobre os
grupos vulnerveis. Uma pesquisa apropriada poder mostrar, por exemplo, que os agregados
familiares que tm a mulher como chefe do agregado familiar tm um membro do sexo
masculino a trabalhar na frica do Sul, enquanto outros agregados familiares podero ser
particularmente vulnerveis porque no tm membros de famlia com cuja ajuda possam
contar. Uma pesquisa apropriada poder tambm levar concluso de que as causas da
vulnerabilidade variam de localidade para localidade (falta de gua potvel num lugar, falta
de centros de sade noutro), e assim dever variar, portanto, a estratgia apropriada para
combater essa vulnerabilidade.
Esta informao poder portanto ajudar a fornecer directrizes gerais para orientar a
assistncia social, os investimentos do sector pblico, e as actividades do Governo e das
ONGs para grupos especficos ou para zonas geogrficas determinadas. Os programas
frequentemente procuram dirigir-se a grupos especficos, mas muitas vezes difcil obter a
informao e supervis-la. Estes dados podero permitir agora o desenvolvimento de uma
lista facilmente verificvel de indicadores visveis que demonstrem um grau elevado de
correlao com a pobreza ou com a insegurana alimentar, reduzindo a verificao custosa
destes resultados, por meio da medio dos nveis de rendimento ou do consumo de calorias.
226
4.5.
Segurana nutricional
4.5.1 Utilizao
At aqui este captulo focou os factores que afectam a segurana alimentar a nvel dos
agregados familiares. A segurana alimentar do indivduo depende da distribuio da
alimentao dentro do agregado familiar, e da consequente composio da dieta do indivduo.
O estado nutritivo do indivduo depende tambm da utilizao biolgica da comida, a qual
afectada grandemente pelo estado de sade do indivduo. Os comportamentos de higiene e de
cuidados dentro do agregado familiar, assim como a limpeza do ambiente do agregado
familiar e a capacidade do agregado familiar para obter adequados cuidados de sade para os
seus membros, so os factores mais importantes que afectam a sade do indivduo. O
inqurito no recolheu muita informao sobre a prtica diettica do indivduo nem sobre os
seus determinantes, tais como as prticas da distribuio de comida do agregado familiar.
Porm, o inqurito recolheu informao limitada sobre as prticas de cuidados infantis, tais
como o aleitamento e a vacinao e as infra-estruturas de sade e sanitrias.
Cuidados de sade e centros de sade. De acordo com o inqurito comunitrio,
apenas 22 por cento das comunidades rurais tm acesso a um posto ou a um centro de sade
(Tabela 4.12). As clnicas de sade e os postos de sade so de longe mais prevalecentes na
regio sul do que noutras regies. Ao passo que 39 por cento das comunidades na regio sul
tm um posto de sade ou um centro de sade, apenas 23 por cento das comunidades da
regio norte e unicamente 14 por cento das comunidades da regio central os tm. A distncia
mediana de um centro de sade para as comunidades que no os tm menor, porm, na
regio central (9 quilmetros para um posto de sade) do que na regio sul (12 quilmetros)
ou na regio norte (15 quilmetros). Embora a distncia seja menor na regio central, a
verdade que 9 quilmetros ainda longe para uma criana doente, e as estradas ainda so
em geral ruins, no sendo transitveis durante o ano inteiro, como se pode ver na Tabela 4.1.
A dificuldade em chegar aos centros de sade reduz indubitavelmente a sua utilizao,
com o consequente efeito negativo na sade da me e da criana. O uso de cuidados
pr-natais so muito altos nas zonas urbanas: 94 por cento (Tabela 4.13). Todas as mes da
cidade de Maputo declararam que receberam cuidados pr-natais, enquanto 92 por cento das
mes de outras zonas urbanas tiveram esses cuidados. Apenas 62 por cento das mes de zonas
rurais disseram que receberam pelo menos alguns cuidados pr-natais durante a sua ltima
gravidez. A prevalncia de cuidados pr-natais em zonas rurais variou de regio para regio,
com 77 por cento das mes na regio sul, onde existem mais centros de sade, a declarar que
receberam alguns cuidados pr-natais. Apenas cerca de 60 por cento das mes na regio norte
e na regio central receberam pelo menos alguns cuidados pr-natais.
Sessenta por cento das mes das zonas rurais do luz em casa, embora a
percentagem varia largamente de regio para regio. Cinquenta e cinco por cento das mes na
regio sul declararam que deram luz numa clnica de maternidade, mais do dobro das mes
227
do que na regio norte e na regio central (21 e 23 por cento, respectivamente). Quase 75 por
cento das mulheres nas zonas rurais da regio norte deram luz em casa, enquanto apenas 37
por cento deram luz em casa na regio sul. Relativamente mais comunidades na regio sul
referem a existncia de uma parteira (38 por cento na regio sul, 16 por cento na regio norte
e na regio central), e a distncia mediana at uma parteira, quando no existe uma na
comunidade, mais curta (12 quilmetros na regio sul, 15 e 20 quilmetros,
respectivamente, na regio central e na regio norte). Na medida em que as parteiras tm uma
boa preparao, a qualidade dos cuidados de sade parece ter probabilidades de ser melhor na
regio sul do que nas outras regies.
Setenta e cinco por cento das mulheres nas zonas urbanas do luz em clnicasde
maternidade ou em hospitais, incluindo praticamente todas as mulheres em Maputo. A
medida que a zona urbana diminui de tamanho, a percentagem das mulheres que do luz em
casa ou em centros de sade aumenta substancialmente (de 5 por cento em Maputo para cerca
de 30 por cento noutras zonas urbanas).
Como se pode ver na Tabela 4.14, de acordo com o inqurito comunidade, as
crianas rurais tambm tm falta de cuidados de sade. Em mdia, apenas 20 por cento das
crianas rurais tm monitoreo de crescimento na comunidade. Trinta e cinco por cento das
crianas na regio sul vivem em comunidades dotadas de monitoreo de crescimento, o que
muito mais alto do que os nveis verificados na regio norte e na regio central (19 por cento
e 15 por cento, respectivamente). Porm, os nveis de vacinao nas zonas rurais so bastante
altos: 70 por cento das crianas rurais foram vacinadas, embora apenas 52 por cento dessas
crianas tenham recebido a srie completa de vacinas.11
Porm, a existncia de um controle de sade ou de um programa de sade no garante
que as crianas recebam os benefcios a eles inerentes. As campanhas de vacinao atingiram
uma percentagem muito alta nas comunidades rurais da regio norte (78 por cento), mais do
que em qualquer outra regio. Mesmo assim, as crianas na regio norte tm menor
probabilidade de ter sido vacinadas (54 por cento) ou de ter recebido a srie completa de
vacinas (35 por cento) . Menos de metade dos agregados familiares na regio sul vive em
comunidades que tenham tido uma campanha recente de vacinao (47 por cento). Mesmo
assim, as crianas dessas comunidades so de longe as que tm mais probabilidades de ter
recebido a srie completa de vacinas (87 por cento). Estes nmeros sugerem que onde h
centros de sade (como no sul) as famlias conseguem achar novas maneiras de vacinar seus
filhos mesmo sem uma campanha. E sugere que existem alguns problemas com a cobertura
feita pelas prprias campanhas de vacinao.
As crianas urbanas tm uma taxa de probabilidade muito mais alta de terem sido
vacinadas e de terem recebido a srie completa de vacinas (mais de 95 por cento nas cidades
11
Uma srie completa de vacinas foi definida como a vacinao contra a tuberculose (BCG) e contra o
sarampo e uma srie de 3 vacinas contra o DTP e contra o plio, at idade de 12 meses.
228
grandes, incluindo Maputo). Mas apenas 69 por cento das crianas das pequenas zonas
urbanas receberam a srie completa de vacinas. Isto significativamente mais baixo que a
mdia, mesmo daquelas crianas que vivem nas zonas rurais da regio sul.
Tal como observado acima, a mera presena de um centro ou posto de sade no
garante um bom cuidado de sade. Vrios factores maternais e inerentes aos agregados
familiares afectam o seu uso e os seus benefcios em pro das crianas. A educao da me
particularmente importante e tem-se verificado que influencia positivamente os
comportamentos relacionados com os cuidados de sade (Ruel et al. em andamento),
incluindo a utilizao de centros de sade e o uso de informao sobre a sade e sobre o
regime diettico (Cleland e van Ginneken, 1988) (veja-se a Tabela 4.7 para a educao das
mulheres em geral). Nesta amostra, quase todas as mes das zonas urbanas e das zonas rurais
amamentam os filhos e a durao dessa amamentao aproximadamente a mesma numas e
noutras. Esta concluso difere de outros estudos que mostram que a durao da amamentao
diminui com a urbanizao (Ruel et al., 1998), mas isto poder refletir a predominncia de
modelos tradicionais rurais existentes ainda em vastas zonas rurais de Moambique.
Em geral, as facilidades de sade so razoavelmente acessveis aos habitantes da
cidade, mas so raros nas zonas rurais. A utilizao relativamente mais alta de cuidados
pr-natais e de parto em hospitais ou clnicas na regio sul parece estar relacionada com uma
maior disponibilidade de facilidades de sade nessa regio do que noutras regies. Tambm
parece que onde as prcticas de cuidado da criana beneficiem de algum tipo de interveno
de sade pblica, tais como o monitoreo de crescimento da criana, as condies so
geralmente melhores nas zonas urbanas e nas zonas rurais da regio sul. Onde os
comportamentos relacionados com a sade dependem mais da tradio do que da presena de
infra-estruturas ou de servios, tais como a amamentao, as condies so aproximadamente
as mesmas.
Condies ambientais. Aparte as facilidades de sade, as condies ambientais
afectam o estado de sade e o estado nutritivo dos membros da famlia. A utilizao, por
parte dos agregados familiares, de quantias suficientes de gua limpa e de saneamento so
factores importantes para uma boa sade. Embora este inqurito s tenha indagado sobre a
origem da gua, em geral, a gua canalizada para a casa ser de melhor qualidade e de maior
acessibilidade (recomendando o seu uso) do que a gua dos poos, dos rios ou dos lagos.
Embora o inqurito no tenha colhido informao sobre as condies de higiene do agregado
familiar, o estado precrio da casa e a falta de boas condies sanitrias esto potencialmente
associados a uma incidncia mais alta de doena e de subnutrio e, em geral, so por norma
indicativos de um nvel de vida mais baixo.
A Tabela 4.15 mostra que estas condies ambientais variam muito de localidade para
localidade, mesmo dentro das zonas urbanas e das zonas rurais. Sessenta e seis por cento dos
moradores da cidade geralmente tm acesso a gua "boa", como a gua canalizada, enquanto
apenas 12 por cento dos habitantes rurais tm esse acesso. Dentro das zonas urbanas, a
229
12
Uma nota "boa" significaria que as paredes, o cho e o tecto tiveram que ser construdos com pelo
menos 2 de 3 materiais enumerados como "bons" e com no mais de um material enumerado como
"satisfatrio." Uma nota "m" significaria que as paredes, o cho e o tecto tiveram que ser construdos com pelo
menos 2 de 3 materiais enumerados como "maus" e com no mais de um material enumerado como
"satisfatrio." Veja-se a Tabela 4.15.
230
231
Este perodo corresponde idade em que as crianas so atingidas por altos ndices de
doenas contagiosas, combinadas muitas vezes com prticas de alimentao complementares
inadequadas. Aps atingirem os 2 anos de idade, o peso-para-altura das crianas
moambicanas estabiliza e no observa-se muito o baixo peso-para-altura.
Essencialmente, o tempo mais crtico para um crescimento linear durante os
primeiros meses, e se essa etapa for perdida e a velocidade do crescimento for impedida ou
retardada, difcil para a criana compensar essa falha, mesmo que a criana mais tarde coma
bem e tenha boa sade. Por outro lado, encontrando-se em estado de baixo peso-para-altura,
ou magra, esse obstculo poder vir a ser vencido se a criana mais tarde comer bem e for
saudvel.
Onde se encontram as crianas desnutridas? A Tabela 4.16 mostra que, de modo
geral, as crianas com baixa altura-para-idade vivem em zonas rurais (85 por cento). E a
regio central tem mais de metade de todas as crianas cronicamente desnutridas. A regio
norte tem 19 por cento e a regio sul tem 14 por cento. As zonas urbanas tm somente 15 por
cento de todas as crianas com baixo altura-para-idade.
Porm, as cidades so o habitat de um nmero considervel de crianas com baixo
peso-para-altura. Dezassete por cento encontram-se em zonas urbanas mais pequenas, e 9 por
cento encontram-se nas cidades maiores da Beira, Nampula e Matola. Esse nmero superior
ao existente nas zonas rurais da regio sul, as quais tm 14 por cento de todas as crianas com
baixo peso-para-altura. Uma vasta proporo de crianas que tem baixo peso-para-altura vive
na regio norte (29 por cento) e na regio central (27 por cento). A existncia de um grande
nmero de crianas desnutridas em zonas urbanas significa que as intervenes e as polticas
de nutrio dirigidas s crianas que moram nos centros urbanos no podem ser esquecidas.
Quais so os agregados familiares com crianas desnutridas? A Tabela 4.18 d-nos
uma pequena ideia das caractersticas dos agregados familiares com crianas desnutridas. Nas
zonas rurais, os agregados familiares com a mulher como chefe do agregado familiar tm
aproximadamente o mesmo risco ou um risco ligeiramente mais baixo de ter crianas
desnutridas que os agregados familiares que tm o homem como chefe do agregado familiar
(43 por cento e 46 por cento, respectivamente). Mas em zonas urbanas os agregados
familiares que tm a mulher como chefe do agregado familiar tm uma vez e meia mais
probabilidades de ter crianas desnutridas do que os agregados familiares que tm o homem
como chefe do agregado familiar. Isto no parece estar relacionado com a capacidade do
agregado familiar para obter bens alimentares, uma vez que dados prvios indicaram que os
agregados familiares que tm a mulher como chefe do agregado familiar no tinham
probabilidades de ter mais insegurana alimentar do que os agregados familiares que tm o
homem como chefe do agregado familiar; por outro lado, podemos pressupor que a
distribuio de comida intra-agregados familiares dentro dos agregados familiares que tm a
mulher como chefe do agregado familiar , em mdia, pelo menos to favorvel s crianas
como a dos agregados familiares que tm o homem como chefe do agregado familiar. O
233
pobres tm insegurena alimentar. Nas zonas rurais, no ser pobre est altamente relacionado
com no ter insegurana alimentar. Nas zonas rurais, 63 por cento dos que no so pobres tm
segurana alimentar. A relao mais frgil nas zonas urbanas, onde s 50 por cento dos no
pobres tm segurana alimentar. (Se as associaes fossem perfeitas, ento ambas estas
associaes seriam 100 por cento perfeitas e as clulas da parte superior direita e da parte
inferior esquerda estariam vazias.)
A grande percentagem dos no pobres que tm insegurana alimentar, tanto nas zonas
urbanas como nas zonas rurais, refletem provavelmente o quase estado de pobreza em que
muitos destes agregados familiares vivem e as suas escolhas quanto maneira de gastar o
dinheiro noutros bens que no sejam a alimentao, em face de outras demandas. tambm
interessante e importante notar que uma proporo significativa dos pobres (27 por cento nas
zonas rurais e 21 por cento nas zonas urbanas) encontrar processos de adquirir bens
alimentares suficientes para terem segurana alimentar. Um estudo ulterior desses agregados
familiares poderia elucidar as estratgias adoptadas que lhes permitam no ter carncia
alimentar, mesmo sendo pobres.
A associao entre a pobreza e a desnutrio dos filhos bastante fraca tanto nas
zonas rurais como nas zonas urbanas (Tabela 4.19). Nas zonas rurais, a probabilidade de ter
um filho subnutrido sensivelmente a mesma, quer o agregado familiar seja pobre quer no:
43 por cento dos agregados familiares das zonas rurais no pobres tm um filho desnutrido,
enquanto a percentagem para os agregados familiares pobres das zonas rurais de 47 por
cento. Nas areas urbanas a associao mais forte. Dezoito por cento dos agregados
familiares no pobres ainda tm filhos desnutridos neles, ao passo que a percentagem para os
agregados familiares pobres muito mais alto, de 30 por cento. Mais: 70 por cento dos
agregados familiares pobres das zonas urbanas no tm filhos desnutridos, em comparao
com os 82 por cento para os agregados familiares no pobres.
Considerando a importncia da pobreza para a segurana alimentar, que factores
levaro os agregados familiares pobres e os no pobres a terem uma distribuio to
semelhante de filhos desnutridos? Da mesma maneira que a Tabela 4.19 se comporta para
com a pobreza, a Tabela 4.20 ilustra o facto que no surpreende, mas frequentemente
esquecido, de que a segurana alimentar dos agregados familiares no garante um bom estado
de nutrio dos filhos. As condies ambientais e a educao da me devero provavelmente
ter influncia neste fenmeno. Tanto os agregados familiares das zonas rurais como os das
zonas urbanas que tm segurana alimentar ou que tm insegurana alimentar tm idnticas
probabilidades de terem filhos desnutridos. De facto, os nveis correspondem quase
exactamente ao nvel global da desnutrio em cada zona.
Estas tabelaes mostram claramente que ser pobre no um determinante nico de
insegurana alimentar ou de desnutrio, embora a pobreza afecte e esteja associada com um
nmero de factores determinantes, tais como a educao. evidente que o aumento ou a
diminuio de segurana alimentar dos agregados familiares podero constituir um
235
que nas zonas rurais, dada uma elasticidade de despesas por calorias de 0,14 para as zonas
urbanas e de 0,11 para as zonas rurais (o que significa que um aumento de 10 por cento no
rendimento resultaria num aumento de 1,4 por cento e de 1 por cento em disponibilidade de
calorias, respectivamente). Embora sejam baixas, estas estimativas so consistentes com as
concluses de outros investigadores (Behrman e Deolalikar, 1998; Bouis e Haddad, 1992) e
do credibilidade discusso em questo: de que a associao entre o rendimento e a
segurana alimentar no to slida como era de esperar. de certo modo surpreendente que
a elasticidade mais alta nas zonas urbanas, em que a mediana de despesas com o consumo
total per capita por dia quase duas vezes mais alto do que nas zonas rurais (6262 Mts contra
3423 Mts, respectivamente), uma vez que, em geral, as elasticidedes mais altas esto
associadas com os grupos mais pobres (Alderman, 1986). Mas ento a mediana de calorias
por dia/UEA tambm cerca de 10 por cento mais baixa nas zonas urbanas (2296 contra
2464), de maneira que no ilgica uma maior propenso marginal para gastar com a
comida.
Embora a quantia de terra por pessoa que um agregado familiar pode cultivar no
esteja relacionada com a disponibilidade de calorias de um agregado familiar nas zonas
rurais, essa quantia estatisticamente significativa e negativa nas zonas urbanas, pelo menos
para aqueles agregados familiares que possuem terra. Este resultado poder estar parcialmente
associado aos modelos de posse da terra nas zonas rurais, onde, devido aos direitos de
propriedade tradicionais, muitas vezes comunais, a posse reportada da terra poder no
refletir com preciso a quantia de terra de que os agregados familiares podero na realidade
depender para efeitos de bens alimentares. Por outro lado, uma anlise descritiva adicional
mostrou que os agregados familiares que tm terra em zonas urbanas tm nveis mdios um
pouco mais baixos de disponibilidade de calorias do que os que no tm terra (2821
calorias/UEA/ dia contra 2998 calorias/UEA/ dia, respectivamente), e o sinal negativo sobre
os proprietrios de terra nas zonas urbanas no inconsistente com estas concluses. Tal
como se sugeriu para a agricultura urbana noutra parte, possuir uma horta ou um quintal
numa zona urbana poder na realidade ser parte de uma estratgia de remedeio para os
agregados familiares relativamente pobres (Maxwell, 1995).
Quanto a outros factores, o efeito negativo do aumento do tamanho do agregado
familiar substancial tanto nas zonas rurais como nas zonas urbanas, embora o impacto seja
maior entre os agregados familiares rurais. Uma explicao para este grande efeito positivo,
resultante de uma maior percentagem de crianas e de adolescentes no agregado familiar, no
porm imediatamente aparente. Os factores a nvel de comunidade (tal como esto
representados por variveis fictcias) eram significativos neste modelo, indicando que eles
tm importncia para a disponibilidade de calorias. Para economizar espao, no
apresentamos aqui os seus coeficientes.
Nem o facto de ser a mulher a chefe do agregado familiar de um agregado familiar
nem o elemento sazonal (estao das chuvas ou estao da seca) tiveram qualquer influncia
237
sobre a disponibilidade de calorias, tanto nas zonas urbanas como nas zonas rurais. (Porm,
como se notou anteriormente, o elemento sazonal tem influncia nos modelos de consumo de
comida.) Os nveis de educao de adultos no agregado familiar tambm no mostraram ser
determinantes significativos. Como o rendimento j est includo no modelo, esta varivel - o
nvel mais alto de educao obtido por um adulto do sexo masculino (ou adulto do sexo
feminino) do agregado familiar - apenas produz efeitos para alm dos efeitos da educao j
produzidos pela varivel rendimento, tal como o efeito de educao nas preferncias da
alimentao. Os resultados no indicam quaisquer efeitos adicionais.
Estado nutritivo, entre 0 e 23 meses de idade. Os efeitos de determinantes sobre a
baixa altura-para-idade para as crianas entre 0 e 23 meses de idade foram idnticos tanto
para as zonas urbanas como para as zonas rurais, e os resultados para ambos os casos so
apresentados na Tabela 4.22. A educao da me tem um efeito significativo no estado
nutritivo da criana nesta idade. Mesmo que apenas tenha alguma educao, esse factor
contribui para o estado nutritivo da criana em quase meio z-score, e, se a distribuio total
da baixa altura-para-idade pudesse subir de meio z-score, a baixa altura-para-idade em
Moambique baixaria de 41 para 29 por cento.
Tal como aconteceu com o modelo de disponibilidade de calorias, a influncia da
educao na gerao de rendimento captada principalmente pela varivel de despesas, j
presente neste modelo. O efeito da educao da me no estado nutricional, para alm do
efeito do rendimento, cr-se que seja assim mediado atravs da seleco e uso pela me dos
meios que melhorem o estado de sade e de nutrio da criana, tais como a vacinao, os
comportamentos de cuidados de sade e as prticas higinicas do agregado familiar, tal como
foi demonstrado por outros autores (Ruel et al., em andamento). A educao do adulto do
sexo masculino no relevante.
Em contraste com descobertas anteriores sobre a nutrio em Maputo (Sahn e
Alderman, 1997), chegmos concluso de que os gastos tambm tm relevncia, mesmo
nesta idade da criana. Um aumento das despesas em 10 por cento contribui para um
melhoramento do z-score de 3.1 por cento. Porm, para o efeito de o rendimento vir a igualar
o de alguma escolaridade aternal, o rendimento teria que duplicar. Estudos ulteriores
deveriam explorar os meandros atravs dos quais o rendimento tem este efeito, dado que no
de esperar que a disponibilidade acrescida de comida influencie significativamente o estado
nutricional nesta idade, e as variveis que captam o ambiente fsico tambm no aparentam
ser relevantes neste modelo. Como se notou noutros estudos, o estado nutricional das
raparigas melhor do que o dos rapazes nesta idade, aqui na ordem de 0,35 z-score. Cr-se
que isto reflita a maior vulnerabilidade documentada dos rapazes, nesta idade, embora as
causas para esta maior vulnerabilidade ainda no sejam totalmente compreendidas.
O estado nutritivo, tal como se reflete pela altura-para- idade, deteriora-se com a idade
razo de 0,12 z-scores por ms, refletindo a rpida deteriorao no crescimento que ocorre
tipicamente nas crianas que vivem num ambiente empobrecido. Uma grande percentagem de
238
crianas, com menos de 5 anos, no agregado familiar tambm afecta negativamente a alturapara- idade. Isto provavelmente reflete as demandas crescentes sobre os cuidados maternais
de sade que um nmero maior de crianas pequenas exerce e os perodos mais curtos entre
os partos, que podem resultar em pesos mais baixos por ocasio do nascimento e num
crescimento deficiente aps o nascimento.
Estes resultados condizem com os de outros pesquisadores, os quais descobriram que,
nas crianas entre 0 e 23 meses de idade, os determinantes principais do estado nutricional
so as caractersticas biolgicas da criana (o gnero, a idade) e os comportamentos maternos
que afectam os cuidados de sade da criana, tais como o estado da amamentao e as
prticas da desmama (Ricci e Becker, 1996). A educao da me crtica para a sade da
criana e para a nutrio, contanto que possa afectar estes comportamentos. A semelhana de
influncias nas zonas urbanas e nas zonas rurais no surpreendente, portanto, uma vez que,
nesta idade, a influncia dos determinantes biolgicos e as prticas que pouco tm a ver com
o ambiente externo parecem predominar.
Estado nutritivo, entre os 24 e os 60 meses de idade. Os determinantes do estado
nutriconal nas zonas rurais e nas zonas urbanas s comeam a diferenciar-se quando a criana
mais velha e comea a ter interaces mais extensivas com o ambiente (Tabela 4.23). Os
determinantes tambm diferem dos grupos mais novos. Alguns factores biolgicos, tais como
a idade e o gnero, j no so significativos, embora as crianas mais novas, como era de
esperar, estejam em melhores condies do que as crianas mais velhas (mdia de z-scores de
-1,20 para crianas de 0 a 23 meses de idade, e de -1,74 para crianas de 24 a 60 meses de
idade). Um pouco surpreendente, embora se conforme com os resultados de Sahn e Alderman
(1997), a educao da me no tem influncia relevante no estado nutricional das crianas
nesta idade. O papel das despesas mais importante nestas crianas mais velhas do que nas
crianas mais novas, e mais importante nas zonas urbanas do que nas zonas rurais.
A elasticidade do calorias-estado nutricional bastante alta, tendo em conta a
importncia de outros factores, alm do rendimento, no estado nutricional, razo de 0,35 e
0,57 para as zonas rurais e para as zonas urbanas, respectivamente. Distinto do seu efeito na
disponibilidade de calorias no agregado familiar, um agregado familiar maior tem um efeito
positivo no estado nutriconal das crianas mais velhas. Isto poder refletir algumas economias
de escala para o consumo das necessidades que se expandem para alm da alimentao para o
grupo desta idade.
A origem da gua tm uma grande importncia para as crianas das zonas urbanas, um
aspecto j apontado por outros pesquisadores (Burger e Esrey, 1995). Refletindo a
contaminao e a falta de acesso a gua suficiente, nas zonas urbanas o uso da gua de poo
faz diminuir o estado nutricional de quase um z-score inteiro (-0,94) em comparao com o
239
uso da gua do rio, ao passo que o uso da gua canalizada no significativo.14 Isto sugere
que a gua do rio ainda bastante limpa ou que a gua dos poos nas zonas urbanas est mais
contaminada quer na fonte quer durante o seu transporte e o seu armazenamento.
Alternativamente os agregados familiares que usam gua dos poos devero ter certas
caractersticas comuns que afectam negativamente o estado nutricional da criana, como se,
por exemplo, o uso da gua do poo estivesse associado ao uso de uma quantidade menor de
gua, uma vez que faz aumentar o tempo que necessrio dispender para obt-la. O simples
facto de providenciar para que os agregados familiares que usam gua do poo tenham
quantias adequadas de gua potvel podia melhorar o estado nutricional das crianas que
vivem nesses agregados familiares em quase um z-score inteiro. Nas zonas rurais, o estado
nutricional melhora com o aumento de terra disponvel, no se verificando qualquer efeito nas
zonas urbanas.
Sumrio. Conceitualmente, os determinantes da disponibilidade de calorias, tanto nas
zonas urbanas como nas zonas rurais, so os mesmos: geralmente, os preos e o rendimento.
E de facto, em ambas as zonas, tm importncia os preos (tais como foram captados pelas
variveis fictcias da comunidade), o rendimento, os factores demogrficos, tais como o
tamanho do agregado familiar. Porm, os efeitos de alguns factores so diferentes nas duas
zonas, com a influncia positiva das despesas sobre a disponibilidade das calorias maiores
nas zonas urbanas e o impacto negativo do tamanho do agregado familiar maior nas zonas
rurais.
Para a baixa altura-para-idade, nas crianas entre os 0 e os 23 meses de idade, no
havia diferenas significativas na influncia dos determinantes entre as zonas urbanas e as
zonas rurais. Os determinantes da baixa altura-para-idade nas zonas urbanas e nas zonas
rurais comeam a variar medida que a criana cresce e comea a interactuar mais
extensivamente com o ambiente exterior. O ambiente exterior, tal como se demonstrou
claramente por meio da estatstica descritiva, muito diferente nas zonas urbanas e nas zonas
rurais, e quando a criana mais velha que essas diferenas comeam a fazer-se sentir.
Estes resultados demonstram que os factores que afectam a baixa altura-para-idade variam
com a idade da criana e que, embora conceitualmente os factores que afectam a desnutrio
da criana no sejam diferentes entre as zonas rurais e as zonas urbanas, as diferenas, em
nveis de desnutrio em zonas urbanas e em zonas rurais, evidenciam-se por causa das
diferenas das caractersticas do ambiente rural e do ambiente urbano.
4.9
Recomendaes e concluso
Com a paz e a estabilidade, as causas principais da insegurana alimentar e da
14
Os agregados familiares obtm gua de uma de trs fontes: gua canalizada, gua do poo e gua do
rio ou do lago. Estas trs fontes foram modeladas como sendo variveis binrias mutuamente exclusivas. Por
conseguinte, para que as computaes se possam realizar, pelo menos uma dessas fontes dever ser omitida do
modelo e os coeficientes nas outras duas devero ser interpretados em relao ao efeito da varivel omitida.
240
subnutrio em Moambique tornaram-se semelhantes s de outras naes da frica subSahariana: a pobreza, exacerbada pelos baixos nveis de produtividade agrcola e a ameaa de
desastres naturais; os baixos nveis de educao, com consequncias negativas sobre a
capacidade do pobre em ganhar um salrio e prover-se dos recursos de vida de uma forma
mais eficaz; um ambiente doentio e uma assistncia mdica inadequada. Embora a
disponibilidade dos bens alimentcios seja ainda um problema em certas zonas, o acesso e a
sua utilizao, mais que a sua disponibilidade, so hoje obstculos mais crticos.
Apesar destes desafios, o futuro prometedor. Num clima politicamente estvel e
voltado para uma economia de mercado, o sector privado pode abrir o caminho para o
crescimento econmico. Com ateno equidade, e ao desenvolvimento humano e social, o
Governo pode garantir que o crescimento econmico se traduza em nveis mais elevados de
segurana alimentar e nutricional.
Em apoio deste objectivo, o Governo de Moambique j estabeleceu uma estratgia
de segurana alimentar e nutri~o a nvel nacional (Governo de Moambique, 1998). A
estratgia acentua a importncia da agricultura e defende que o papel do governo criar as
condies necessrias para um desenvolvimento agrcola equitativo, ao mesmo tempo que
permite ao sector privado abrir o caminho para a produo e comercializao e o
fornecimento dos insumos. Ao mesmo tempo, reconhece que o governo dever prover os
chamados bens pblicos, tais como a assistncia social e a educao, que so essenciais para
o desenvolvimento, mas que normalmente no seriam providenciados em quantidade
suficiente pelo sector privado. Finalmente, o Governo reafirma o compromisso de
providenciar assistncia aos membros da populao mais vulnerveis.
Os dados apresentados neste captulo, e as recomendaes que se seguem, corroboram
a estratgia do Governo. Mas a estratgia dever ser materializada. So necessrios planos e
programas detalhados que implementem a estratgia de uma forma sustentvel. Embora,
como se notou, este captulo no cubra todos os aspectos da situao da alimentao e da
nutrio em Moambique, ele oferece alguns princpios para um ulterior desenvolvimento da
estratgia.
Que medidas, portanto, dever o Governo tomar, luz destes dados, para reduzir a
insegurana alimentar e nutricional?
Dever comear-se pelo fundamental. Os dados mostram, em essncia, que
Moambique comea quase do zero. Com to poucas estradas, to poucas escolas, to poucas
instituies de sade, e com uma pobreza generalizada, parece que tudo ter de ser feito de
uma vez para criar as condies e o capital fsico, humano, financeiro e social necessrio para
o progresso.
Mas o que podem ser simples generalidades em pases mais desenvolvidos, em
Moambique so directivas poderosas para a aco. Construam-se bons sistemas de
transporte, garanta-se que as crianas possam ir escola e que os adultos possam aprender a
ler e a escrever; providencie-se para que todos tenham acesso aos cuidados bsicos de sade,
241
a gua pura, a boas condies sanitrias. Com nveis to elevados de insegurana alimentar e
nutricional, fazer o fundamental ter um enorme efeito. O Governo comprometeu-se a reduzir
a subnutrio em 50 por cento at ao ano 2015 (Governo de Moambique, 1998). Poder ser
difcil atingir esta meta, mas no impossvel.
Certamente o Governo no dispe dos recursos nem da capacidade para fazer todas
estas coisas de uma vez, nem precisa de fazer isso. Dever voltar-se para as comunidades,
para as ONGs, para os governos locais, para as agncias internacionais e mesmo para o sector
privado para obter assistncia, e coordenar as sua aces com essas instituies, de uma
forma criativa, a fim de realizar estes objectivos. Em muitos casos, outras organizaes tm
melhores condies do que o Governo, e este dever deix-las realizar estas tarefas,
especialmente nas reas da produo e opera dos programas. Para as actividades que se
prope realizar, a experincia com o programa de assistncia social nas zonas urbanas
(Captulo 7) sugere que para que as aces do Governo sejam estveis e eficazes, dever
garantir que cada programa tenha o necessrio apoio administrativo, tcnico, financeiro e
poltico.
Subir os rendimentos mediante polticas que incentivem um crescimento
econmico equitativo, baseado no trabalho. A anlise neste captulo demonstrou que o
aumento do rendimento tem um efeito poderoso na reduo da insegurana alimentar e
nutricional. Rendimentos mais altos permitem s famlias comprar comida suficiente e ao
mesmo tempo melhorar outros aspectos das suas vidas, incluindo a obteno de uma melhor
educao, de melhores cuidados de sade e a conquista de um melhor ambiente sua volta. A
longo prazo, a receita para o crescimento econmico dever compreender quatro aspectos:
liberar os mercados para que possam funcionar; ter a certeza de que funcionam; ter a certeza
de que as pessoas podem participar nesses mercados; e garantir que os que no puderem
participar neles no so deixados para trs.
Desenvolver a agricultura para benefcio das zonas rurais...Em Moambique, um
crescimento econmico generalizado depende em larga escala da agricultura. Com trs
quartos da populao a viver em zonas rurais, quase toda ela ligada ou influenciada
fortemente pela agricultura, o desenvolvimento agrcola dever ser visto como o elemento
chave para o bem-estar da maioria dos moambicanos. Certamente, outros sectores, tais como
o dos transportes e o do turismo, tambm so importantes, mas para a vasta maioria dos
moambicanos pobres a agricultura um meio de vida.
Quase todas as famlias rurais tm terra e extraem produtos alimentcios das terras que
cultivam. Mas as famlias rurais no podero fugir pobreza e atingir um estado de segurana
alimentar permanente unicamente por meio do cultivo da terra e da assistncia social e
transferncias. Essas famlias devero poder tambm gerar rendimento adicional, servindo-se
da sua prpria terra ou trabalhando para os outros.
A fim de aumentar a produtividade agrcola, uma das tarefas mais importantes do
Governo garantir que os mercados funcionem. Presentemente, as estradas nas zonas rurais
242
agrcola contribuir tambm para o crescimento dos rendimentos dos que j vivem e
trabalham na cidade. E numa economia principalmente rural, necessrio um sector agrcola
pujante para o desenvolvimento futuro, na medida em que gera excedentes econmicos que
podero ser utilizadas para investimento na agricultura e noutros sectores, incluindo os
sectores da indstria e dos servios, que so frequentemente a base para a economia urbana.
Uma proporo significativa dos habitantes da cidade depende tambm da agricultura
para pelo menos algum do rendimento familiar e para a alimentao, especialmente nas zonas
fora de Maputo, de maneira que o melhoramento da produtividade agrcola tambm
importante para eles. A agricultura urbana, especialmente a horta urbana, tem demonstrado
contribuir para melhorar o nvel alimentar e a diversidade de rendimento e tem contribudo
para a segurana alimentar, sem ameaar o ambiente (Maxwell, 1995; Maxwell, 1997;
UNDP, 1995). medida que as cidades de Moambique se desenvolvem, os responsveis
pelos planos directores da cidade devero estudar com cuidado os arranjos do espao, das
instituies e das leis necessrias para que a agricultura peri-urbana e urbana continuem a
fazer parte do cenrio da cidade.
Desenvolver o sistema de produo agrcola, o processamento dos produtos
agrcolas e o sistema da sua distribuio. importante melhorar a produtividade agrcola e
aumentar a produo agrcola, a fim de alcanar segurana alimentar. Mas a produo
agrcola simplesmente a base para um sistema integral de produo, de processamento dos
produtos agrcolas e da sua distribuio, criando assim empregos para milhes de
agricultores, de motoristas, de processadores de produtos alimentares, de comerciantes, de
retalhistas, tanto nas zonas rurais como nas zonas urbanas. O desenvolvimento do sistema
agrcola, na sua totalidade, no s providenciar mais bens alimentares directamente para
muitas famlias de agricultores, mas contribuir tambm para fazer aumentar os seus
rendimentos, assim como os rendimentos dos trabalhadores que empregam e dos que
desempenham o seu papel dentro do sistema ligado agricultura, noutras partes. As medidas
do Governo devero focar o desenvolvimento do sistema de produo, de processamento dos
produtos agrcolas e da sua distribuio, na sua totalidade, e no ater-se apenas produo.
Investir nos recursos humanos do pas, especialmente na sua educao e na sua
sade. O trabalho o recurso mais importante do pobre, de maneira que criar uma
mo-de-obra capaz, flexvel, implicar o investimento numa educao contnua e na
formao profissional dos operrios de hoje e o investimento na instruo primria e na
instruo secundria dos operrios de amanh.
Construir mais escolas nas zonas rurais, proporcionar um sistema de educao
contnua para os adultos, tanto nas zonas rurais como nas zonas urbanas. Muitas
comunidades, particularmente nas provncias da regio central, ainda no tm escolas
primrias. Nas zonas rurais quase no existem escolas secundrias. As crianas da cidade tm
mais acesso escolas, mas os nveis de educao dos seus pais e de outros adultos, embora
244
no sejam to baixos como nas zonas rurais, ainda so to baixos que metade das mulheres da
cidade e um quarto dos homens so analfabetos ou no tm qualquer educao. Por amor do
futuro do pas, o Governo dever garantir que todas as crianas tenham acesso escola
primria e tambm escola secundria. E por amor dos trabalhadores de hoje, e de todos os
que dependem deles, o Governo dever duplicar os esforos para melhorar as taxas de
alfabetizao e a formao profissional entre os adultos.
Criar centros de sade nas zonas rurais e dotar as zonas urbanas de gua
potvel. Providenciar cuidados de sade, bons servios sanitrios e gua potvel em
abundncia so condies essenciais para uma boa sade, e uma boa sade essencial para a
segurana nutricional. Uma boa sade tambm indispensvel para a segurana econmica.
A preveno das doenas e os cuidados de sade so importantes para ter a certeza de que os
trabalhadores so saudveis, de modo a poder continuar a ganhar o salrio de que necessitam
e a evitar os custos adicionais com os cuidados de sade. Um bom estado de sade poder ser
especialmente importante para os trabalhadores urbanos. A agricultura sazonal e geralmente
uma empresa familiar, de maneira que os agregados familiares rurais podero abrandar o
rtmo de trabalho ou transferir o trabalho para outros membros da famlia quando algum deles
adoece, mas nas zonas urbanas os trabalhadores tm pouco espao de manobra. Um dia de
trabalho perdido um dia de salrio perdido.
A maior ameaa contra a sade nas zonas rurais parece derivar de uma fraca
cobertura. Nas zonas rurais, especialmente na regio central e na regio sul, os centros de
sade ficam normalmente longe. Os cuidados de sade primrios, incluindo os cuidados com
as mulheres grvidas, antes do parto e depois do parto, os centros de sade ou as clnicas para
tratamento de doenas so quase ainda inexistentes. Os habitantes da cidade, embora
beneficiem de um acesso mais fcil aos servios de sade, podero estar mais expostos s
doenas, devido existncia das multides, deficincia sanitria e contaminao da gua.
A anlise de regresso sugere que mesmo presentemente a contaminao das fontes de gua,
devido ao nvel de pobreza de comunidade ou falta de higiene nos agregados familiares,
est a fazer subir os nveis de desnutrio nas zonas urbanas.
Mesmo medida que vai descentralizando a responsabilidade para providenciar
muitos dos servios pblicos s comunidades locais, o Governo dever estar bem ciente da
necessidade de apoiar uma transio eficaz e incentivar um nvel adequado de prestao
desses servios (ajuda para a construo de poos, instalao de sistemas de gua, por
exemplo), mesmo que a entidade responsvel pela prestao desses servios seja na realidade
uma instituio de base comunitria ou o sector privado.
Desenvolver um conjunto de programas de assistncia social apropriados e bem
administrados. A rede formal de segurana de Moambique no slida nem nas zonas
rurais nem nas zonas urbanas. A assistncia social formal parece estar presentemente
concentrada no sul e na cidade de Maputo. Sem ignorar os necessitados nestas zonas, os
programas de assistncia social deveriam estender-se a outras zonas, especialmente regio
245
norte e regio central. Porm, a assistncia social deveria refletir as necessidades peculiares
de cada regio. Por exemplo, na regio norte, a assistncia pecuniria ou alimentar so menos
necessrias do que os servios de sade e os programas de educao.
evidente que o Governo no tem nem a capacidade nem os recursos necessrios
para embarcar na criao de uma extensa rede de programas em larga escala. Mas, dentro dos
limites dos seus recursos e de um esquema de medidas globais, poder continuar a envidar os
seus esforos em vista ao desenvolvimento de um conjunto de programas capazes de
providenciar a assistncia indispensvel. Embora possa recorrer a agncias internacionais, aos
ONGs e s comunidades para ajuda, em regime de parceria, no planeamento e na
implementao desses programas, da responsabilidade do Governo liderar o
desenvolvimento de uma estratgia coerente e integrada de assistncia social para toda a
nao.
Os dois principais programas do Governo - o programa de assistncia social nas zonas
urbanas e o programa de auxlio nos desastres nas zonas rurais - esto em vias de reviso e de
consolidao. O Governo est presentemente a planear programas adicionais, sob a tutela do
INAS. O Governo dever tirar partido da oportunidade de ter apenas um reduzido nmero de
programas de assistncia social em larga escala para consolidar e aprender lies sobre o
funcionamento dos programas. Isto contribuir para que o sector pblico adquira a capacidade
de planear e de administrar programas de assistncia social, tanto nas zonas rurais como nas
zonas urbanas. Portanto, medida que o crescimento econmico se desenvolve e os
rendimentos do Governo aumentam, o Governo dispor de uma base slida para criar um
conjunto de programas para a assistncia social e para a segurana social. Para alm desta
actividade, o Governo dever tudo fazer para que os seus programas sejam eficazes e
alcancem os seus objectivos. O monto do subsidio para o programa de assistncia social nas
zonas urbanas, por exemplo, to baixo, neste momento, que a quantia praticamente no tem
sentido. Adoptando numerosas recomendaes prvias, o Governo dever aumentar o monto
para que o programa seja eficaz (veja-se o Captulo 7).
Uma estratgia para a assistncia social dever evitar a adopo de programas que
criem dependncia ou que substituam, sem fundamento, os sistemas informais de apoio social
j existentes. Redes de assistncia sociais com base na famlia e na comunidade so
elementos importantes de uma estratgia de sobrevivncia para muitos moambicanos, e o
Governo dever apoiar essas estrategias. Por outro lado, quando esses sistemas informais no
forem adequados para permitir que os moambicanos fujam da pobreza extrema e passem a
viver uma vida digna, o Governo tem a responsabilidade de apoiar ou de complementar estas
estratgias com projectos e programas formais.
Adaptar os programas e as medidas legais s condies regionais e locais. A
discusso j chamou a ateno para algumas diferenas regionais na natureza dos desafios
segurana alimentar e nutricio. Em geral, a insegurana alimentar quase igualmente
prevalecente nas zonas urbanas e nas zonas rurais, de maneira que as medidas para melhorar
246
podero fazer aumentar a segurana alimentar e nutrico dos agregados familiares ou dos
indivduos, directamente. Outros programas contribuem para o melhoramento da capacidade
dos agregados familiares e dos indivduos para fazer face s mudanas ou aos choques que
afectam negativamente a sua situao, ao passo que outros programas reduzem o risco de
esses choques virem sequer a dar-se.
Os dados sugerem que a maioria dos moambicanos tm dificuldades em todos os
campos. Tm falta de segurana alimentar e nutricional. Esto sujeitos a problemas de toda a
ordem, incluindo o tempo e as variaes dos preos, mas tm poucos recursos para evitar e
reduzir estes riscos ou para fazer face s dificuldades. Deveria haver uma estratgia global
para procurar promover a segurana alimentar e nutricional do agregado familiar e do
indivduo, para reduzir a possibilidade de ter de fazer face a esses choques e para lhes
possibilitar a resposta aos choques quando eles vierem a dar-se.
Para pr a funcionar esta estratgia, o Governo central no necessita, e provavelmente
no deveria, planear e administrar directamente programas vastos, integrados e
multi-sectoriais. Porm, as agncias do Governo deveriam incorporar um convnio de
carcter multidimensional de segurana alimentar e nutricional nos seus planos e estudar at
que ponto as suas aces afectam e so afectadas por outras. Deveriam procurar tirar partido
das sinergias com outros programas, incluindo os das comunidades ou os de outros nveis do
governo, que se destinam a complementar aspectos das causas da segurana alimentar e
nutricional.
Para serem relevantes e estveis, os programas devero refletir as necessidades, os
obstculos e os recursos locais. O Governo deveria promover uma aco local, erigindo a
capacidade local e os mecanismos para a sua participao. O Governo pode apoiar
actividades locais com recursos financeiros, com cursos de formao e com os meios
necessrios para compartilhar os conhecimentos e as experincias com outras localidades. As
directrizes nacionais que no fomentam a participao local e no tomam em considerao as
necessidades e os recursos locais no tm probabilidades de vir a ter xito a longo prazo.
Os determinantes da segurana alimentar e nutricional so obviamente mltiplos e
multi-sectoriais. A reduo da pobreza no uma garantia de que estes outros aspectos de
bem-estar venham a ser alcanados. Na verdade, tal como estes resultados sugerem,
investimentos bsicos e relativamente baratos na sade e na educao do pobre podem
contribuir de modo significativo para a reduo da falta de segurana alimentar e nutricional,
mesmo que os rendimentos no aumentem.
Da mesma forma, o aumento da produo agrcola no garante a segurana alimentar,
e o melhoramento da sade no pode garantir a reduo da desnutrio. Os esforos feitos
para alcanar a segurana alimentar e nutricional devero apoiar-se em numerosos factores e
concentrar-se nos membros mais vulnerveis da populao, problemas que as medidas
tomadas em relao agricultura e sade no podero resolver, por si ss. Uma estratgia
248
249
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251
Rural
26
15
69
Norte
26
21
72
Central
24
14
61
33
15
81
Sul
Nota: * Se no existir na comunidade
Estrada
transitvel
todo o ano(%)
Cultivo/ Outro
(% do valor total das
despesas com o consumo)
41
59
Urbano
83
17
Rural
30
Maputo
96
Cidades grandes *
79
21
Outras regies
73
27
Norte
33
67
Central
30
70
23
77
Total
Urbano
Rural
Sul
Nota: * Beira, Nampula, Matola
252
> 3 hectares **
(%)
Tamanho mdio do
terreno per capita (em
hectares)
89
16
.45
Urbano
56
11
.31
Rural
99
19
.47
Maputo
12
25
.37
Cidades grandes *
70
.32
Outras regies
75
11
.29
Norte
98
14
.52
Central
99
12
.38
98
45
.62
Total
Urbano
Rural
Sul
Notas: * Beira, Nampula, Matola
** Dos que possuem terras
253
Milho
Arroz
Mandioca
Feijes
Niassa
0.3
0.3
2.7
0.1
Cabo-Delgado
0.9
0.3
2.1
0.2
Nampula
0.6
0.4
1.8
0.3
Zambzia
0.5
0.3
2.1
0.2
Tete
0.6
0.2
2.7
0.2
Mania
0.7
0.2
0.6
0.1
Sofala
0.5
0.4
3.0
0.2
Inhambane
0.2
0.3
0.6
0.2
Gaza
0.2
1.5
0.6
0.2
Maputo
0.2
0.6
0.1
Total
0.5
0.4
1.8
0.2
Zimbabwe
1.4
2.8
4.0
0.7
7.5
0.7
Norte
Central
Sul
frica sub-Sahariana
1.2
1.6
Fonte: Inqurito Agrcola 1996. Ministrio de Agricultura e Pesca.
254
Compra de
sementes
(%)
Utilizao de
fertilizantes
(%)
Assistncia
tcnica
disponvel na
comunidade (%)
Distncia
mdia at a
localidade de
assistncia
(kms)***
22
n.a.
n.a.
Urbano
40
n.a.
n.a.
Rural
20
18
30
Maputo
13
52
23
n.a.
n.a.
Cidades
grandes **
39
n.a.
n.a.
Outras
regies
35
n.a.
n.a.
Norte
13
23
32
Central
19
14
34
32
22
20
Total
Urbano
Rural
Sul
8
Notes: * Canos, fumigador, etc.
** Beira, Nampula, Matola
*** Se no existir na comunidade
255
Total
Indigente
(%) **
mdia
(meticais)
mediana
(meticais)
mdia
(meticais)
mediana
(meticais)
69
34
5322
3771
3223
2580
Urbano
61
30
9389
6262
4655
3634
Rural
72
35
4259
3423
2849
2416
Maputo
49
17
12505
8691
6068
4749
Cidades
grandes *
66
39
8209
5130
3791
2748
Outras
regies
68
35
7266
5116
3933
3038
Norte
68
30
3482
2911
2410
2005
Central
73
37
4127
3435
2812
2399
Sul
75
38
Notas: *Beira, Nampula, Matola
** 60% abaixo da linha de pobreza
5854
4685
3665
3142
Urbano
Rural
256
Escola primria
Escola secundria
Sexo
masculino
Sexo
feminino
Na
comunidade
( %)
Distncia
mdia
(kms)**
Na
comunidade
(%)
Distncia
mdia
(kms)**
59
81
n.a.
n.a.
n.a.
n.a.
Urbano
23
49
n.a.
n.a.
n.a.
n.a.
Rural
68
89
67
35
Maputo
11
29
n.a.
n.a.
n.a.
n.a.
Cidades
grandes *
22
60
n.a.
n.a.
n.a.
n.a.
Outras
regies
36
62
n.a.
n.a.
n.a.
n.a.
Norte
69
94
80
40
Central
70
92
57
37
72
25
Total
Urbano
Rural
Sul
60
76
Notas: * Beira, Nampula, Matola
** Se no existir na comunidade
257
Total
De
assistncia,
recebeu em
alimentos
(%)
Programa de
assistncia
social na
comunidade
(%)
Programa de
subsdio de
alimentos na
comunidade
(%)
Programas de assistncia
social (penses, clubes,
outros agregados
familiares)
(%)
mandados**
recebidos
61
n.a.
n.a.
36
20
Urbano
70
n.a.
n.a.
35
13
Rural
60
36
22
Maputo
89
n.a.
n.a.
n.a.
19
Cidades
grandes*
14
n.a.
n.a.
41
Outras
regies
53
n.a.
n.a.
32
10
Norte
24
11
35
15
Central
75
36
31
Urbano
Rural
Sul
16
66
11
5
n.a.
13
Notas: * Beira, Nampula, Matola
** As zonas urbanas e rurais das provncias do sul, incluindo a Cidade de Maputo, so
excludas
258
Disponibilidade de
Calorias/UEA/Dia
Captulo
Sub-amostra
Amostra completa
Mdia
Mdia
Partilha de
alimentos
do valor total do
consumo
(%)
64
62
2761
2420
68
Urbano
67
66
2645
2296
59
22
Rural
63
62
2792
2464
71
78
Total
Distribuio
locacional da no
segurana
alimentar
(%)
100%
Urbano
Maputo
67
66
2663
2370
57
Cidades grandes*
71
69
2477
1894
56
Outras regies
65
63
2751
2394
62
Norte
48
43
3305
3120
73
20
Central
69
69
2601
2228
70
40
Sul
75
75
2389
2078
68
19
Rural
100%
Nota: * Beira, Nampula, Matola
259
Pobre
2235
.63
No pobre
3282
.52
Pobre
2448
.72
No pobre
3659
.67
Urbano
Rural
% da populao
rural
urbano
rural
urbano
sexo masculino
63
68
83
81
sexo feminino
63
64
17
19
sim
73
71
no
62
67
sim
65
69
62
67
no
60
64
idosos
35
30
outros
63
67
Migrantes da guerra
260
22
20
12
Norte
23
28
15
Central
14
15
20
12
Sul
39
Nota: * Se no existir na comunidade
Parteira
Teve
cuidados
pr-natais
(%)
Clinica de
maternidade/
hospital
Centro
de sade
Em
casa
Na
comunidade
(%)
Distncia**
(kms)
70
41
10
50
n.a.
n.a.
Urbano
94
75
16
n.a.
n.a.
Rural
62
29
10
60
20
16
Maputo
100
95
n.a.
n.a.
Cidades
grandes*
92
70
12
18
n.a.
n.a.
Outras
regies
92
67
10
22
n.a.
n.a.
Norte
57
21
74
16
20
Central
60
23
14
63
16
15
Sul
77
55
Notas: * Beira, Nampula, Matola
** Se no existir na comunidade
37
38
12
Total
Urbano
Rural
261
Cuidados
infantis
Vacinas
(%)
Meses
(durao
mdia)
Na
comunidade
(%)
Campanha
de
vacinao
na
comunidade
Conjunto
99
18
n.a.
n.a.
76
60
Urbano
98
18
n.a.
n.a.
92
83
Rural
99
18
20
54
70
52
Maputo
99
20
n.a.
n.a.
100
98
Cidades
grandes*
96
18
n.a.
n.a.
96
94
Outras
regies
97
18
n.a.
n.a.
86
69
Norte
99
18
19
78
54
35
Central
99
18
15
39
68
44
35
47
92
87
Vacinadas
Srie
completa **
Urbano
Rural
Sul
10
20
0
Notas: * Beira, Nampula, Matola
** Para crianas $12 meses
262
Latrinas
(%)
Canalizada
Poo
Rio/lago
22
47
32
Urbano
66
32
Rural
12
Maputo
Qualidade da
habitao (%)**
Boa
Pobre
38
11
71
68
40
31
50
38
31
82
92
97
70
10
Cidade
grandes*
61
35
53
32
26
Outras
regies
44
52
57
17
54
Norte
13
55
32
34
80
Central
43
49
18
92
Sul
17
58
25
61
14
59
Total
Urbano
Rural
Cho
1 =sem nada (terra)
2 = adobe
3 = pedra, madeira, cimento
tijolo
263
Tecto
1 = capim, outros
2 = lusalite, zinco
3 = telha, laje de beto
Baixa alturapara-idade**
Baixo peso-paraaltura**
41
Urbano
26
Rural
46
Total
Baixa alturapara-idade
Baixo pesopara-altura
15
29
85
71
100%
100%
Urbano
Maputo
20
Cidades
grandes *
31
Outras
regies
26
17
Norte
38
19
29
Central
55
51
27
Sul
36
14
14
100%
100%
Rural
264
Baixa altura-para-idade*
(%)
41
Malawi
48
frica do Sul
23
Tanznia
43
Zmbia
42
Zimbabwe
21
6
Fonte: Excepto para Moambique (MIAF 96), Organizao Mundial da Sade, Genebra.
1997. Bancos de Dados Globais do WHO sobre o crescimento e a desnutrio das crianas.
Notas: *% < 2 s.d. da altura para a idade
**% < 2 s.d. do peso para a altura
% da populao
rural
urbano
rural
urbano
sexo masculino
46
24
90
87
sexo feminino
43
36
10
13
nenhuma
45
31
89
55
alguma
36
19
11
45
canalizada
34
24
13
58
poo
48
30
49
39
rio, lago
48
53
38
Educao da me
Origem da gua
265
Segurana alimentar *
(%)
Segurana
alimentar
Insegurana
alimentar
Bem nutridas
Baixa altura-paraidade
No pobre
63
37
57
43
Pobre
27
73
53
47
51
49
82
18
Rural
Urbano
No pobre
Pobre
21
79
70
Notas: * Condicionado a ser ou no ser pobre
** Para agregados familiares com crianas #5 anos de idade
30
Seguras
53
47
Inseguras
55
45
75
25
Rural
Urbano
Seguras
Inseguras
74
Notas: * Condicionadas a ter ou no segurana alimentar
266
26
Urbano
322.80*
408.44*
(logaritmo)2,3
(104.17)
(69.36)
-33.27
-33.27
(42.63)
(42.63)
39.55
39.55
(50.52)
(50.52)
-73.32
-73.32
(76.92)
(76.92)
38.96
-121.34*
(32.18)
(53.56)
660.83*
660.83*
(140.74)
(140.74)
207.88*
207.88
(100.70)
(100.70)
% do agregado familiar $ 5
e # 17
142.20
142.20
(111.69)
(111.69)
Tamanho do agregado
familiar3
-406.96
-309.26*
(40.23)
(36.42)
Tamanho do agregado
familiar (quadrado)3
19.79*
11.20*
(2.41)
(2.12)
-29.01
-29.01
(56.20)
(56.20)
Estao
205.98
205.98
(173.0)
(173.0)
Variveis da comunidade
n.r.*
n.r.*
R2
0.34
0.34
10.96
10.96
6461.00
6461.00
N
1
267
Variveis independentes
Despesas per capita (logaritmo)2
.39*
(.21)
Gnero
.35*
(.10)
Idade em meses
-.12*
(.03)
Idade (quadrada)
.00
(.00)
-.03
(.13)
Educao da mae3
.40*
(.16)
Migrante da guerra
.07
(.22)
.08
(.09)
-1.33*
(.68)
% do agregado familiar $ 60
-1.24
(1.38)
% do agregado familiar $ 5 e # 17
.02
(.53)
.00
(.11)
.01
(.01)
.03
(.23)
Estao
1.61*
(.76)
A me fala portugus
-.05
(.14)
.15
(.21)
268
Cuidados pr-natais
-.19
(.16)
Variveis independentes
Uso de latrinas
.13
(.13)
-.23
(.15)
-.27
(.21)
--
Variveis da comunidade
n.r.
R2
0.22
2.22
N
1197
1
269
Urbano
.68*
(.17)
.68*
(.17)
Gnero
-.01
(.08)
-.01
(.08)
Idade em meses
-.03
(.03)
-0.03
.00
Idade (quadrada)
.00
(.00)
.00
(.00)
.07
(.11)
.07
(.11)
Educao da me
.13
(.13)
.13
(.13)
Migrante da guerra
.02
(.19)
.02
(.19)
.21*
(.09)
-.06
(.12)
-.45
(.59)
-.45
(.59)
% do agregado familiar $ 60
-.91
(1.00)
-.91
(1.00)
% do agregado familiar $ 5 e
#17
.03
(.47)
.03
(.47)
.21*
(.09)
.21*
(.09)
-.01*
(.01)
-.01*
(.01)
-.17
(.19)
-.17
(.19)
Estao
-.11
(.47)
-.11
(.47)
270
Rural
Urbano
A me fala portugus
.10
(.12)
.10
(.12)
.31
(.21)
.31
(.21)
-.03
(.14)
-.03
(.14)
Uso de latrinas
.07
(.12)
.07
(.12)
.09
(.15)
-.94*
(.49)
.22
(.23)
-.16
(.50)
--
--
Variveis da comunidade
n.r.
n.r.
R2
0.12
0.12
1.83
1.83
N
1509
1
Notes: Os erros padronizados so referidos entre parntesis.
2
Varivel endgena, predita pelos bens possudos.
3
O coeficiente varia entre o modelo urbano e o modelo rural.
* Significativo a .1 ou a um nvel mais alto.
n .r. = no referido
271
1509
272
273
Pesados
Nmero de agregados
familiares
Captulo
subamostra
Amostra
completa
Captulo
subamostra
Amostra
completa
Captulo
subamostra
Amostra
completa
Urbano
31
30
21
20
2009
2439
Rural
69
70
79
80
4454
5811
Maputo
13
11
828
893
Cidades
grandes*
495
677
Outras
regies
11
11
686
869
Norte
22
23
26
27
1417
1905
Central
26
28
37
38
1693
2288
Sul
21
20
16
15
1344
1618
6463
8273
Total
Urbano
Rural
n
* Beira, Nampula, Matola
274