Dossie Capoeira

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Relatrio Final de Pesquisa


do
Projeto Levantamento Preliminar do Inventrio Nacional de
Referncias Culturais da Capoeira na Regio Metropolitana do Recife

Autor e Compilador: Prof. Dr. Bartolomeu Tito Figueira de Medeiros/ UFPE

PALAVRAS INICIAIS AGRADECIMENTOS


Como toda pesquisa que utiliza o mtodo do INRC, patrocinada ou promovida pelo
IPHAN, este trabalho tambm feito de diversas contribuies, de vrias cabeas e
jeitos de escrever, porque realizado por uma equipe de pesquisadores documentais e
de campo. Minha tarefa especfica foi, inicialmente, a de coordenar as pesquisas;
depois, a de juntar todas as fichas preenchidas pelos membros da equipe, dar-lhes
unidade estilstica, sem modificar nem os escritos destes, nem as falas das lideranas
masculinas e femininas, de nossa Capoeira, e efetuar alguns comentrios analticos no
final de cada seco do Relatrio, denominado pelo IPHAN de Dossi.
Da que posso testemunhar a importncia das atividades do Coordenador Institucional
da Respeita Janurio e deste Levantamento: Sandro Guimares de Salles tambm
ele pesquisador -, de Eduardo Pinheiro Sarmento, Vice-Coordenador da pesquisa.
Destaco, igualmente, o esforo das pesquisadoras documentais, dedicadas ao
levantamento dos documentos e publicaes sobre a Capoeira pernambucana, em
particular a da RMR: Jacira Frana e Lvia Moraes, alm do trabalho importantssimo
das duas junto s mulheres da/na Capoeira; acrescento as contribuies de Joo Paulo
Frana, j treinado quando do Inventrio da Feira de Caruaru, e dos novatos no INRC:
Jos Herclio Santos e Hugo Menezes: este ltimo, autor de um belo livro sobre as
Quadrilhas Juninas - infelizmente, ele precisou deixar o trabalho, por conta de outras
ocupaes. Por ltimo, a Respeita Janurio convidou o Mestre Corisco, professor de
Capoeira na UNICAP, a se juntar ao nosso grupo, o que foi de grande utilidade, no
sentido de contatar previamente as lideranas para serem visitadas pela equipe,
levantar os endereos, locais de rodas, etc. Constituiu ele, pois, uma presena preciosa
na equipe: um excelente abre-portas para chegarmos at os Mestres e seus
alunos/as.
A elas e eles, minha admirao e meus agradecimentos, por terem facilitado de muito
este meu trabalho.
Agradeo Associao Respeita Janurio pelo convite para ocupar a coordenao
tcnico-cientfica do levantamento dos documentos e publicaes e da pesquisa de
campo, alm da redao deste Dossi. Agradeo igualmente ao IPHAN, SR/PE, nas
pessoas de Mabel Baptista, Graa Villas e Elaine Miller - esta hoje docente no
Departamento de Antropologia/ DAM, da UFPE -, todas ento componentes do DPI, na
poca do Levantamento.
Portanto, este Levantamento Preliminar foi proposto pelo IPHAN-SR/PE. A Associao
Respeita Janurio, em parceria com o Laboratrio de Patrimnio Cultural, Museus,
Objetos e Colees/LPC, do Programa de Ps-Graduao em Antropologia/PPGA da
Universidade Federal de Pernambuco/UFPE, juntamente com o Ncleo de
Etnomusicologia da UFPE, elaboramos o Projeto, ganhamos a concorrncia e nos
lanamos ao servio, que no foi pequeno, dada a extenso que j granjeou a Capoeira
da RMR.

OBJETIVOS DO LEVANTAMENTO PRELIMINAR.

A principal finalidade deste foi a de realizar uma investigao de carter horizontal,


extensiva e minuciosa dos grupos, das Associaes e Federaes, das Rodas e dos
Mestres das diversas modalidades de Capoeira nos catorze (14) municpios que
constituem a Regio Metropolitana do Recife. Este estudo teve a finalidade de
complementar o Inventrio Nacional da Capoeira, o qual dedicou pouco tempo e
poucas pginas no seu Dossi, a este esporte em Pernambuco. Portanto, o
Levantamento da RMR veio preencher uma lacuna identificada por pesquisadores e,
sobretudo, pelos Mestres residentes e atuantes no Recife e em municpios vizinhos.
JUSTIFICATIVA DO LEVANTAMENTO.
Como do conhecimento de quem trabalha com Patrimnio Cultural e/ou acompanha
o desenrolar das pesquisas, inventrios, levantamentos, o Inventrio Nacional da
Capoeira foi realizado, com vistas a decret-la Patrimnio Cultural Imaterial do Brasil,
por vontade expressa do ex-Ministro da Cultura, Gilberto Gil, quando frente desta
Pasta.
Para atender a esta solicitao, o IPHAN Nacional organizou o plano de financiamento
e de execuo do levantamento preliminar e inventrio deste bem. Por sinal, foi muito
oportuna e em tempo esta medida, dada a quantidade de academias de Capoeira
espalhadas nos EUA, Europa e Sudeste Asitico, algumas mantidas por Mestres
brasileiros, outras no, e o perigo que representava a voracidade existente em grupos
de pases do Hemisfrio Norte em se apressarem a patentear produtos criados e/ou
desenvolvidos nos pases emergentes e em desenvolvimento.
A autarquia confiou todo o processo a uma equipe de docentes e alunos
pesquisadores ligados a universidades do Sudeste. Concludo o Inventrio, escrito o
Dossi e entregue ao IPHAN, marcou-se a data da assinatura do Decreto de Registro da
Capoeira no Livro das Formas de Expresso, e os Saberes dos Mestres no Livro dos
Saberes e Modos de Fazer do Patrimnio Cultural Imaterial, no ano de 2008, escolhida
Salvador como a cidade onde deveria ser anunciado o decreto presidencial
proclamando a Capoeira Patrimnio Cultural Brasileiro.
Posteriormente, houve reclamaes e cobranas por parte de grupos, de Mestres e
Associaes, pelo fato de o Inventrio no ter sido exaustivo, como pretendiam e
sonhavam os praticantes desta arte, que esporte e forma de luta, ao mesmo tempo.
Sobretudo, a Capoeira pernambucana reclamou pelo fato de a pesquisa ter dedicado
muito pouco tempo ao nosso Estado e apenas foram dedicadas nove pginas, no
Relatrio final ou Dossi, Capoeira em Pernambuco.
Este reclamo, muito justo por sinal, dada a importncia deste esporte e arte no Estado
a expresso capoeiras existente em notcias de jornais desde o sculo XIX, foi
atendido pelo IPHAN. Resultado disso, foi a aprovao do prolongamento da pesquisa
na Regio Metropolitana do Recife, no nvel de levantamento preliminar, o que daria

uma viso extensiva e minuciosa da prtica do esporte e de suas modalidades e estilos,


em complementao aos dados j coletados e expostos no Dossi.

METODOLOGIA UTILIZADA.
Empregamos o mtodo do Inventrio Nacional de Referncias Culturais ou INRC,
atravs da caracterizao do Stio: os 14 municpios que integram a Regio
Metropolitana do Recife. Foram empregadas as seguintes fichas:
Fichas de Contato. Para preench-las, escolhemos os Mestres atualmente em
atividade, que dirigem escolas e grupos de Capoeira, bem como dirigentes de
associaes e/ou federaes, alm dos velhos Mestres, j aposentados, que fizeram
escola e histria na RMR.
Fichas de Formas de Expresso: as rodas, os grupos e escolinhas, os estilos ou
modalidades da Capoeira presentes na RMR, os instrumentos musicais especficos,
fichas das associaes, de federaes.
Ficha de Saberes e Modos de Fazer: a confeco do abad, do berimbau, os toques, as
toadas, os ritmos;
Fichas de Edificao das sedes e dos locais de reunio e os de guarda da memria
Fichas de Lugar: locais, sedes dos grupos, pontos onde se renem que so carregados
de sentido, que fizeram ou fazem histria.
A pesquisa se desdobrou em duas partes: documental e de campo, conforme a
orientao do INRC. Na primeira, se fez o levantamento de livros, de dissertaes de
Mestrado, de captulos de livros, de artigos em revistas, especializadas ou no, dos
documentos guardados nas sedes e nos arquivos particulares de grupos, associaes,
federaes, alm das publicaes oficiais porventura existentes nos rgos oficiais da
RMR e do Estado.
A pesquisa de campo encontrou de incio um problema metodolgico a ser resolvido, o
qual j foi assinalado acima: a enorme quantidade de Mestres e de grupos, o que nos
obrigou a fazer um recorte: os Mestres em atividade que tivessem grupos ou escolas
de Capoeira, atualmente, e os tipos de patrimnios vivos, que fizeram histria e
marcaram sua atuao na cidade e nos municpios da RMR; o segundo recorte foi o de
identificar os estilos de Capoeira atualmente existentes no campo e selecionar Mestres
e grupos atendendo o primeiro vis da escolha.
PROVIDNCIAS PARA O LEVANTAMENTO DA CAPOEIRA:

Leitura e apresentao para os pesquisadores da parte do Dossi sobre a Capoeira de


Pernambuco (umas 10 pginas).
Pesquisa documental, na literatura dos rgos estaduais e municipais, sobre cada
municpio e sobre a RM como um todo.
Pesquisa documental entre as produes de intelectuais e escritores locais incluindo
os Mestres e mulheres capoeiristas escritores de cada municpio.
Preenchimento das fichas, de acordo com os critrios acima descritos.
Estabelecimento de reunies semanais com a equipe, nas sextas-feiras tarde.
Seguindo as orientaes acima descritas, partiu-se para estabelecer os contatos,
normalmente os Mestres de Capoeira em atividades de aulas e treinos para grupos,
escolas e associaes. Da, chegaramos tambm a conhecer alunos e alunas.
O DIA A DIA DA PESQUISA DO LEVANTAMENTO DA CAPOEIRA:
Esta parte se inicia com a participao de Sandro, Eduardo e minha, alm de outras
pessoas que trabalham na Respeita Janurio, na construo do Projeto, no ms de
dezembro de 2008. A mim coube a reviso geral do Projeto.
Constituio da equipe de pesquisadores, formada a partir de (ex)alunos/as do Curso
de Cincias Sociais da UFPE, que trabalharam no Levantamento e Inventrio da Feira
de Caruaru, e alguns participantes mais recentes do Laboratrio de Patrimnio
Cultural, Museus, Objetos e Colees/ LPC, tambm da UFPE.
Trocas de e-mails sobre a metodologia da pesquisa e do INRC, entre mim e os
Coordenadores Administrativos, Sandro e Eduardo, nos prmeiros meses de 2009, eu
estando ainda em Braslia, na UnB, cumprindo estgio ps-doutoral; de l, enviava
sugestes e propostas para cada reunio semanal da equipe de pesquisadores.
Pesquisa realizada por mim na Biblioteca da UnB, em fevereiro-maro de 2008, em
livros e teses sobre Capoeira e consequente tomadas de cpias de captulos dessas
obras, para uso nas reunies semanais sobre a pesquisa.
Organizao e acompanhamento do trabalho de campo nas reunies semanais,
realizadas s sextas-feiras tarde, no IPHAN ou na sala do Laboratrio do Patrimnio.
No dia 17 de maro, uma parte dos pesquisadores esteve no Teatro Barreto Jnior
para assistir Graduao de Capoeiras juntamente com o supervisor da pesquisa
Sandro Salles e o Mestre Corisco. Neste evento, realizado no perodo da noite, tivemos
a oportunidade de conhecer, visualmente, alguns mestres e de adentrarmos um pouco
mais na lgica da Capoeira. Inclusive, nos passaram informao sobre as etapas da

graduao dos capoeiristas proposta pelo legendrio Mestre Bimba, a saber:


formado, graduado, professor, contra-mestre e mestre. Posteriormente,
recebemos diversas confirmaes destas etapas utilizadas por no poucos Mestres, em
Pernambuco. Claro que h excees, tratando-se de um ambiente sociocultural onde o
desejo e a luta por autonomia e liberdade de pensar e agir, junto com a rejeio a
interferncias de Mestres que no so do seu pedao ou orientao, constituem
uma das caractersticas deste universo.
Ainda foi em maro que Jacira Frana e Lvia Moraes dividiram entre si, numa das
reunies semanais, as visitas s instituies que, provavelmente, possussem material
bibliogrfico. Foi traado, ento, o seguinte programa de visitas:
Lista de Instituies do levantamento bibliogrfico
Lvia Moraes

Jacira Frana

1. FUNDAJ

1. Casa do Carnaval

2. FUNDARPE

2. MISPE

3. Biblioteca do Estado

3. Arquivo Municipal de Olinda

4. Gabinete do Imperador

4. Biblioteca Municipal de Olinda

5. Arquivo Pblico

5. Biblioteca da UNICAP

6. Instituto Histrico

6. Bibliotecas da UFPE e UFRPE

7. Arquivo Histrico de Igarassu

7. Centro de Estudos Municipal

8. CERPE

8. Biblioteca de Afogados

No dia 04 de abril, a equipe foi a campo realizar entrevistas com os Mestres: Coca-cola,
Ulisses (em Olinda) e o Mestre Cau (em Paulista). O Mestre Lua que, a princpio no
tinha sido agendado, estava presente e aceitou tambm ser entrevistado.
No dia 06 de abril, Jacira foi ao Centro de Formao, Memria e Pesquisa Casa do
Carnaval para ver o material que l existia. No acervo constava apenas dois livros e
um catlogo que tratava sobre Capoeira e outras manifestaes culturais como o
Frevo. Em seguida, foi ao Ncleo Afro-brasileiro, mas o acervo desta instituio ainda
no estava organizado, por isso no foi possvel v-lo.
No dia 07, tarde, a equipe se reuniu na sede da Associao Pernambucana de
Capoeira, para conhecer as instalaes, ser entrevistada e entrevistar o anfitrio,

Mestre Joo Mulatinho, sua esposa Isa, Mestre Mago e outros Mestres e Mestras
ligados quela entidade. Foi uma tarde muito enriquecedora, no s pelos dados
obtidos, mas pela amizade que comea a se formar entre a equipe e os Mestres.
A partir deste mesmo ms de abril/2008, a equipe que estava no campo sentiu a
necessidade de um roteiro mais esmiuado para ajudar nas entrevistas para a ficha de
Formas de Expresso e de Saberes e Modos de fazer. Recolhendo sugestes do grupo,
compus a lista em questo, entregando-a ao pessoal.
Ainda a partir de abril senti necessidade de me reunir com Mestre Corisco (Jos Silva)
no incio de cada semana, com o fim de confeccionar a agenda semanal dos Mestres a
serem entrevistados. Com isto, resolvemos a questo de no deixarmos para a ltima
hora, na sexta-feira, a arrumao da agenda para o sbado seguinte. Ao mesmo
tempo, se tem mais tranquilidade para articular entrevistas para o meio da semana,
com os Mestres que no tm disponibilidade no sbado. Estes encontros para
planejamento e contatos telefnicos com os Mestres prosseguiram durante toda a
durao do Levantamento.
No dia 21, aproveitando o feriado, reunimos uma dezena de Mestres de Capoeira em
minha casa, para uma tarde de entrevistas com a equipe. Cada membro, eu e o
Eduardo, nos dividimos para tomar os depoimentos individuais de cada Mestre,
preenchendo as fichas. Alm disso, as conversas informais, o lanche em conjunto, os
reencontros entre Mestres que h tempo no se viam valeu a tarde, conforme a
opinio de todos.
No dia 04 de maio, foi a vez da visita para pesquisa documental ao Centro de Estudos
de Histria Municipal (CEHM), para fazer o levantamento do material sobre Capoeira.
Jacira foi ento informada que s havia 01 (um) livro sobre o assunto, a maioria dos
livros tratavam sobre o folclore.
No dia 05, as pesquisadoras estiveram na Biblioteca Pblica de Olinda, l encontrando
duas referncias Capoeira. A bibliotecria informou que o acervo estava passando
por uma reestruturao e, talvez, depois de organizado, fosse encontrado mais algum
material sobre o tema. No dia seguinte, foi pesquisado o acervo da Biblioteca da
Universidade Federal Rural de Pernambuco pela internet.
No ms de junho, comearam a ser resolvidos os problemas de correo de fichas, da
confeco do banco de dados para o IPHAN, com cpia para a Associao Respeita
Janurio. Iniciamos, igualmente, conversas iniciais sobre o I Frum de Capoeira da
UFPE/ IPHAN/ Federaes e Associaes de Capoeira de Pernambuco, um sonho que
foi se concretizando nas conversas informais e formais entre ns e os Mestres.
Em e-mails passados no ms de junho, Mulatinho havia falado sobre o espao livre
para conversas e trocas de informaes nas quartas-feiras noite para tirar os
veteranos de casa, explicou. Trata-se de encontros que so mantidos com os idosos e

veteranos da capoeira.

Na noite de 03 de julho, fomos convidados para visitar o espao do Grupo So


Salomo, sob a responsabilidade do Mestre Mago e sua companheira, Bel mestra
em antropologia pelo PPGA/UFPE - e ver atividades culturais e artsticas apresentadas
na ocasio. Fiquei impressionado com a organizao do espao e a quantidade de
fotos e cartazes, que praticamente constituem uma narrativa da Capoeira no Estado,
desde o incio do sculo XX. O conjunto pode ser objeto de uma monografia ou mais
do que isso, para estudo das relaes do grupo com a Capoeira em Pernambuco e em
outros Estados, alm de um estudo das relaes dos grupos e associaes entre si e
com outros segmentos da sociedade. Mantive uma boa palestra com o Mestre Mago.
No ms de julho, mais precisamente no dia 22, tivemos uma grande noite na sede da
Federao de Capoeira dirigida por Joo e Isa Mulatinho. A sesso reuniu vrias
dezenas de pessoas entre Mestres, Mestras e alunos/as, ligados quela Federao.
Houve um debate, do qual participaram eu, Mulatinho, o poltico Gustavo Krause, exprefeito do Recife e parente do Mulatinho, sua filha, a vereadora Priscila Krause e os
pesquisadores, com destaque para Jacira, cujas intervenes agradaram muito aos
capoeiras presentes. Eu e Jacira falamos sobre a pesquisa que vimos realizando, sua
finalidade e ganhos possveis para Mestres, praticantes e a Capoeira pernambucana
em geral.
Durante a mesa de frutas, servida aps os debates, continuaram as conversas
informais, como sempre, muito enriquecedoras para a pesquisa, pois demonstram
como a maioria dos Mestres que entrevistamos so capazes de reflexo, de realizar
pesquisas histricas e documentais sobre o esporte em geral e sobre a Capoeira em
particular, suas origens; sobre, por exemplo, a possvel contribuio indgena
Capoeira, alm da africana. No dia 23, foram programadas oficinas culturais e
esportivas na prpria Federao. A meta destes encontros, escreve Mulatinho,
convidar as Prefeituras e Secretarias da rea metropolitana do Recife, para isso nos
foram
solicitados
os
endereos
destas
autarquias.

O ms de julho foi o ltimo da pesquisa de campo e documental, cumprindo o


acertado com o IPHAN, de realizar a pesquisa no primeiro semestre. Claro que houve,
posteriormente, algumas tomadas de depoimentos que no foi possvel obter no
perodo combinado por conta de viagens de alguns mestres como foi o caso do
Mestre Barro e seus filhos, que o acompanham em suas viagens internacionais,
visitando seus grupos no Exterior, ou comeando outros. Decidimos portanto, em
reunio, o ponto final do trabalho das entrevistas para o final deste ms. A partir da
entrariam em cena as correes das fichas, enviadas primeiro para Eduardo e Sandro

e, depois, para mim. Ao mesmo tempo, Continuamos as conversas sobre o I Frum de


Capoeira da UFPE/ IPHAN/ Federaes e Associaes de Capoeira de Pernambuco.
Dediquei-me, em julho tambm, composio de um paper para ser apresentado na
mesa de discusso sobre a Capoeira em Pernambuco, na Federao de Capoeira, a
convite de Joo e Isa Mulatinho seus diretores -, no dia 22/07.
AS FALAS DOS MESTRES:
HISTRIA(AS) DA CAPOEIRA EM PERNAMBUCO, CONFORME OS MESTRES:

Mestre Mulatinho: Nos anos 1940, 50 a 60, no tinha mais capoeira no Recife: estava
acabado, segundo relatos convincentes. Havia, no entanto, no Recife e no Interior,
apresentaes em escolas, com estudantes, como folclore, no final dos 60, seguindo os
esforos do Regime Militar no sentido de valorizar a cultura nacional. No Recife, tenho
lembranas de apresentaes como folclore em grupos de jovens e escolas, nos anos
70. Isto bate com as declaraes de Cndido Valena. O pai dele contava histrias de
empregados que eram capoeiristas nos anos 60, que eram briges, valentes, mas no
tinham instrumental nenhum.
H relatos de Euclides Pereira, lutador muito famoso nesse tempo: era natural que tal
lutador atrasse admiradores. Havia capoeiristas que iam v-lo treinar na academia no
centro do Recife. Ele foi pra Salvador mostrar suas lutas. L, treinou Capoeira, teve
contato com a Capoeira baiana; mas no com a pernambucana.
Nos anos 70, eu j estava por aqui; comecei a observar os elementos da Capoeira
pernambucana que existiam: instrumentos, rituais, gingas, certos gestuais
caractersticos, dependendo do mestre que instrua e formava seu grupo.
Se a Capoeira se originou em Pernambuco, no se tem como provar; tem indcios.
Pode ter existido um tipo de Capoeira em Palmares; bem possvel, dada a frequncia
de lutas; aqui houve sempre muita resistncia na luta contra os quilombos e contra
negros fugidos e escondidos. Da, possvel que as lutas corporais j tenham
comeado a se formar no tempo de Palmares. Na frica no existe uma luta marcial
caracterstica daqueles pases (ser que no?) como existe entre os povos amarelos:
Japo, Coria, China, ali voc tem luta marcial; so povos que resistiram e resistem. Na
frica, no. Existem lutas tribais, mas nada to caracterstico continentalmente.... Eu
j aprendi a capoeira nessa Capoeira contempornea. Se existiu ou no existiu, eu no
sei.
A Capoeira nesses trinta anos que a gente desenrolou em Pernambuco no se sabe
como era antes foi implantada a Capoeira Contempornea. Ela tem partes da
Angola, partes da Regional, partes da Capoeira do Sinh, do Sinhosinho do Rio de
Janeiro, partes da pernada carioca; tem vrias outras caractersticas que existem no
mundo de luta ou do que for. A Capoeira muito momentnea. Por exemplo, no

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tempo em que Nadia Comanecci era famosa, sua performance nos anos 70, ela
inspirou muito salto, muitos floreios na Capoeira. Depois, o lutador Mike Tyson ficou
muito em evidncia, influenciou a se dar muito murro, muita bolacha nas rodas;
depois, comeou a ficar em evidncia o boxe tailands: tambm influenciou muito, no
aumento dos chutes, por exemplo. Em sendo uma cultura popular, a Capoeira assimila
tudo.
Depois, veio essa onda de jiu-jitzu, os caras comearam a se agarrar tambm, nas
rodas, a dar muito golpe chamado baianada, que a gente chama de arrasto: uma
caracterstica muito corporal. Esta a Capoeira contempornea: os estilos que foram
chamados de Angola e Regional, foram criados em Salvador, no existem em outro
canto. Tem pessoas que dizem que praticam, mas isso no verdade, ela bem
situada, de Salvador, no nem do Recncavo; ela tem golpes definidos, tem regras
definidas; e aqui em Pernambuco no existe ningum que veio dessa linha original,
nem dos angoleses nem dos regionais. H algumas pessoas que fizeram cursos em final
de semana, que viajam, comeam a usar, e j esto dizendo que so angoleses ou
regionais, mas isso a a gente no reconhece eles como angoleses; e nem em Salvador
reconhecem eles como tais. A Capoeira de Pernambuco Contempornea e bem
recente: de uns 30 anos pra c.
A diferena entre a Capoeira contempornea e as demais muito sutil. Todas elas
(Regional, Angola, Carioca, etc) tocam e cantam; batem palmas ou o que for; na
musicalidade, so muito prximas; a diferena est no uso dos instrumentos: uns
utilizam mais, outros menos instrumentos; h variaes de tipos de cnticos para o
jogo; nessa parte de canto, muito sutil a diferenciao. Da parte da movimentao,
do jogo, a Angola e a Regional, desde que a gente conhece, elas quase que no
permitiam a agresso, o toque corporal. Isto por conta da represso, oficializada na
Velha Repblica.
De 1890 at 1940, a capoeira estava proibida. Pastinha tirou vrios movimentos da
Capoeira anterior a ele; mestre Bimba tambm. Um no toca no outro; na ginga, de
jeito nenhum. A caracterstica maior desses dois estilos era o controle da violncia; a
eficincia era discutida, mas eles podiam se movimentar, se apresentar. A Capoeira
Contempornea no; ela surge a partir de 1941, aps a edio do novo cdigo penal,
mais no Rio de Janeiro, e j tem a caracterstica do toque. Comearam a chutar mais, a
derrubar mesmo, a se agarrar; ento essa parte comeou a ter mais eficincia e a ter
mais briga tambm. No se tem relatos de brigas dentro da Angola, da Regional, mas
da Contempornea tem muito; porque comearam a ter um contato fsico maior; o
que no bom. Por isso, aqui em Pernambuco est se tentando tirar isso a, pelo
menos na Federao, nos campeonatos de Capoeira. Na minha poca em que eu
competia, se podia chutar e derrubar mesmo, o que no caracterstica da Angola

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nem da Regional. Mas na Contempornea, se podia; houve lutas por exemplo, em que
eu ganhei por nocaute: para o prximo, eu estava mais descansado.
Sobre a Federao Pernambucana de Capoeira, que dirige, falou Mulatinho: O pessoal
mais antigo est todo aqui na Federao. Cada Mestre tem sua associao, em geral;
menos Corisco, que no formou a dele at agora. O mximo de associaes que eu tive
na Federao foram 9; hoje, est na mdia de 7 associaes. muito pouco, mas, no
todo mundo que quer se submeter a um critrio de avaliao, de tradio, para se
fazer uma Capoeira com uma certa qualidade e educao. O pessoal da Federao
um pessoal mais antigo, um pessoal que tem que cumprir anos para ganhar
graduaes e ttulos, e isso controlado entre a gente mesmo, atravs de
documentos. Tem gente que fez suas associaes onde no tem nada disso: vo se
autograduando, vo se dizendo isso, aquilo e vo fazendo exames, mas, no tm
consistncia e, por isso, se acabam, tm vida curta.
A Federao funciona na parte da casa onde seria a garagem. A se realizam os
treinos, cursos, exames de graduao (a parte terica) e eventos de pequena afluncia
de pessoas. O restante do prdio ocupado com um albergue da juventude e um
restaurante mexicano. No carnaval de 2009, se hospedaram jovens de 27 pases.
Destes, 40% eram capoeiristas. Descobriram a casa pelo boca a boca e pela internet.
Antes de ser Federao, o espao j era organizado para treinos, desde 1980; depois,
formou-se a Associao Mal e depois, a Federao. Esta est registrada em cartrio,
no Primeiro Cartrio de Ttulos e Documentos do Recife, em microfilme de N. 429142;
CNPJ: 03.437.218/0001-04. De modo que comeamos aqui em 1980. As outras
academias vieram depois. Aqui surgiu como grupo de Capoeira o tipo de Capoeira
desenvolvido pela Federao: a Capoeira Contempornea, completou Mulatinho.
Sobre o nmero de Associaes em Pernambuco, disse o Mestre: H muitas; no sei
dizer no. No ano passado, tentamos fazer um levantamento; a gente fez um
apanhado de pessoas que do aula. H pessoas que do aula em dois, trs grupos
levantamos umas 280; mas, penso que existem mais. No tivemos estrutura para dar
continuidade a estas pesquisas.
O que grupo de Capoeira? Existem pessoas que do aula num lugar, do noutro e
dizem que ali so dois grupos de capoeira. Mas, s vezes no convivem entre si, e nem
se conhecem! Seriam grupos? to esquisito esse negcio de Capoeira: eles no
convivem, mas praticam porque gostam, esto na mesma denominao, usam o
mesmo uniforme, o mesmo nome. Ento, estas pessoas do aula em dois, trs lugares.
Da que, se voc desdobrar os 280 nestes vrios grupos, vai dar 400 e tantos grupos.
Mas, com denominaes, organizados... Isso a... S fazendo uma pesquisa especfica
sobre isso. Hoje em dia, no sei quantas Associaes existem no Estado: imagino que
esteja na faixa de trinta... talvez nem chegue a isso. Como nem todas esto registradas,
difcil definir. Mas, quando se trata de grupo, a o nmero cresce.

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Sobre o uso de vestimentas especficas: Na Federao, a gente orienta para que


tenham um certo uniforme. Tem grupos que usam camisa e cala e uma corda. H
Associaes que no usam camisa, no usam sapato; sobretudo os grupos mais novos
e os que so de comunidades mais simples e pobres; quando vo para uma academia
mais estruturada, ento usam camisa. Isso depende do grupo. Nos eventos, nas
competies, a gente no exige que tenham uniforme nico; ainda est muito
vontade. A imposio de um uniforme pode fazer que a pessoa no queira, porque no
seu grupo no usa, ento no vai querer participar. Por isso, se deixa vontade o
uniforme. A cala branca o mais indicado, por causa do calor e da natureza do
esporte, que provoca muito suor... Ento, na Federao a gente deixa bem vontade;
mas damos orientao para que cada grupo tenha um smbolo e padronize este
smbolo na roupa. Nem exigimos que usem o escudo da Federao na roupa. A gente
faz questo, sim, de controlar as graduaes, as competies, que so o caminho
para avaliar a Capoeira, descobrir novos talentos.
Sobre o uso de instrumentos musicais: A gente usa o berimbau. Usamos instrumentos
de sopro para dar o ritmo do frevo: a capoeira com ritmo de frevo. Alm de
apresentaes, a gente est fazendo competies com instrumentos do frevo, para um
resgate pernambucano. Portanto, no s o berimbau, mas os de sopro. um
diferencial nosso, que marca distncia de outras Capoeiras, como a do Rio, a de
Salvador, que s fazem com o berimbau. Na Federao, a gente usa trs ou at dez
berimbaus. Neste caso, a competio torna-se bem participativa. Em determinado
tempo, a gente espalha estes berimbaus por vrios locais, porque, onde houver um,
pode haver um jogo. A gente chama isso de jogar Capoeira. Esta cresceu tanto que,
uma s roda, com dois jogando e uma centena esperando, as pessoas no voltam. Da
que comeamos com uma dupla, em seguida vamos abrindo para outras duplas; j
chegamos a dez duplas jogando ao mesmo tempo, com um s instrumental. A
Regional usa s um berimbau. Ora, a gente no Regional; a Angola so trs
berimbaus. Ora, a gente no Angola. Conosco, existe uma harmonia, quando h
vrios jogos ao mesmo tempo. Na Angola s uma dupla de cada vez. Ento, este
mais um diferencial da Capoeira pernambucana.
Os critrios da Federao para a formao: A pessoa forma-se em Capoeira com mais
ou menos 21 anos de idade, que a idade civil da maioridade, a partir da qual voc
responde pelos seus atos. No deixamos formar antes porque em caso de acidente,
por exemplo, a responsabilidade daquele que est dando aula. Formou-se aos 21;
ento, para chegar a Mestre, dever ter uns 38 anos de idade. Isso o mnimo dos
mnimos. H pessoas com menos idade que esto utilizando este ttulo a critrio no
sei de quem.
Ento temos, a partir dos 21 anos: dois anos para monitor, mais cinco anos para
professor, mais cinco anos para contramestre e mais cinco anos para Mestre. De modo

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que a idade mnima para ser reconhecido como Mestre 38 anos e, mais que tudo, o
trabalho pela Capoeira, como: participao em eventos, em competies, em
graduaes, em palestras, alm da idade fsica mnima. Ento, alm desse perfil, temos
hoje, em Pernambuco, 14 mestres de Capoeira. Eles so: minha pessoa, Marcondes
Piraj do Morro da Conceio, Corisco da UNICAP, Mago do So Salomo, Nei Cangalha
de Beberibe, Doca do Rio Doce, Berilo em Casa Forte, Lospra de Jaboato, Mestre
Criana: Vavau, de Jaboato, Mestre Danone, de Jaboato, Mestre Wlber do Recife,
Glauber Leito, Mestre Cuscuz, Espinhela... (Mestre Joo Mulatinho).

Continuando com a histria contada pelos Mestres, verifiquemos o que falou o Mestre
Mago, ou Ricardo Dias de Souza Pires: Em 1982, assiste pela primeira vez uma roda de
Capoeira no Centro do Recife. Nesse mesmo ano, passa a treinar com os Mestres
Mulatinho e Jo, na Federao de Capoeira, na Rua Maria Carolina, Boa Viagem. J
ento, academias de ginstica, como a Ginstica Center, tambm em Boa Viagem,
admitiam o ensino da Capoeira sinal de que, na classe mdia, o estigma estava sendo
superado, aos poucos.
Em 1985, a Universidade Catlica de Pernambuco j admitia treinamento de Capoeira
para os alunos poltica que se mantm at hoje, com um Mestre contratado pela
UNICAP. deste tempo o surgimento do Grupo Chapu de Couro, responsvel pelo
fortalecimento da identidade capoeirstica no Recife, na dcada de 1980.
Em outubro de 1990, acontece um evento nacional no Recife, o Meia Lua Inteira,
Pernambuco com o melhor da Capoeira, com participao de Mestres do Brasil
inteiro. Neste evento, Mestre Mago e diversos outros recebem um aprimoramento de
sua formao, em contato com Mestres de outros Estados. Repercusso deste evento
a fundao do Grupo Meia Lua Inteira de Capoeira, tambm no bairro de Boa
Viagem, tendo frente Mestres Mago e Berilo. Em 1992, Mago recebe o primeiro grau
de professor; dois anos depois, o segundo; em 1996, o terceiro e, finalmente, em
outubro de 2004, o grau de Mestre.
Uma grande contribuio deste Mestre e de sua companheira, Bel, foi a fundao do
Centro de Capoeira, So Salomo1, com a finalidade de resguardar e socializar as
tradies e saberes prprios da Capoeira e seus Mestres, contribuindo, dessa forma,
para o processo de preservao e continuidade dessa manifestao em Pernambuco.
Seguindo essa idia, passa a promover a prtica e o ensino da Capoeira Angola e a
Capoeira Regional, observando todos os seus aspectos histricos, gestuais, musicais e
rituais. O nome da instituio vem da estrela usada pelos antigos Mestres de Capoeira,

Fica localizado na Galeria Joana DArc, Av. Herculano Bandeira, bairro do Pina, Zona Sul do Recife.

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em especial o Mestre Bimba, linhagem da qual descende o grupo. (Extrado das


entrevistas com o Mestre Mago).

Das entrevistas com o Mestre Espinhela (Minervino Pereira Peixoto), sabemos que
existia uma escola de Capoeira nos Morros de Casa Amarela, no Recife, na dcada de
1970, onde se destacavam alguns Mestres, entre eles o Mestre Piraj, mantenedor do
grupo do Morro da Conceio. Em 1974, o garoto Minervino convidado, entre
outros, para sair na Ala de berimbaus, promovida pelo Grupo Senzala, na Escola de
Samba Galeria do Ritmo. A Capoeira continua seu processo de popularizao, utilizada
de vez em quando em enredos no Carnaval do Recife.
Aos 14 anos, Minervino decide dedicar sua vida ao aprendizado e, em seguida, ao
ensino da atividade que o transformaria em Mestre. A trajetria de Espinhela
demonstra a sucesso de etapas at o grau supremo: tem o primeiro batizado no SESC,
no bairro de Santo Amaro, sob a orientao do Mestre Piraj. Dois a trs anos depois,
aprendeu o jogo de Angola e Regional. Quatro anos mais tarde, completa outra etapa
da graduao, executando 73 movimentos das Capoeiras Angola e Regional, alm de
aprender 7 toques de berimbau regional, cujos nomes so: So Bento, Idalina,
Iuna, cavalaria, benguela. Aprendeu tambm os toques de angola: So Bento
Pequeno, So Bento Grande, e Samba de Angola. Depois disso, tornou-se
aspirante a instrutor, ou auxiliar de mestre; prossegue, em seguida, com a jornada de
instrutor, professor e, em 1986, aos 26 anos, realiza seu exame para Mestre,
demonstrando o conhecimento adquirido nos 11 anos de Capoeira, que incluram: o
domnio das ladainhas, cantos, xulas, toques de berimbau e todos os movimentos
prprios ao jogo: os defensivos, desequilibrantes e traumatizantes.
A partir de ento, entrou para fazer parte da equipe dos grandes Mestres
pernambucanos, entre eles: Joo Mulatinho, Galvo, Piraj, Lzaro Angoleiro, Marco
Coca-Cola, Paulo Guin e Bigode. J em 1979, aos 19 anos, trabalha como auxiliar do
Mestre Marrom no Rotary Clube (no disse de que bairro, mas a informao
reveladora do progressivo reconhecimento social da Capoeira: a admisso de grupos
desse jogo no Rotary, frequentado pelas camadas mdias, assim como no SESC e no
SESI, organismos financiados pelo comrcio e pela indstria nacionais).
Minervino faz concurso e ingressa na Polcia Militar de Pernambuco. L, introduz os
exerccios de Capoeira nas sesses de educao fsica no batalho de trnsito. Ainda
na polcia funda, em 1987, a Unio de Capoeira Leo do Norte, em unio com os
Mestres Cuscuz, Samoel, Marcondes Piraj e King. Esta associao oficializada em
1998, com o estatuto e regimento aprovados. Hoje, Minervino ou Mestre Espinhela
est reformado da PM e continua a lutar e a formar alunos na Leo do Norte.

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Joo Bezerra da Silva Filho, na Capoeira Mestre Lospra, nasceu em 1961, no interior
de Pernambuco. Vindo para a RMR, entrou para um grupo de luta livre, ainda
adolescente. Ao ver uma roda de Capoeira, dirigida pelo Mestre Kal, no bairro onde
morava: Cajueiro Seco, em Jaboato dos Guararapes, decidiu-se por aquele esporte.
Era um tipo de Capoeira que Lospra denomina Capoeira primitiva, sem muitos
recursos, jogada com apenas um berimbau ou um CD, nos finais de semana.
Em 1978 conhece o Mestre Mulatinho, em Prazeres, que o insere no sistema de
graduao das sete cordas e em toda a disciplina dos treinos. Em 1979 batizado,
seguindo as etapas do processo de aprendizado, at se tornar Mestre, em 1986. Era o
tempo em que os treinos aconteciam durante os dias da semana, no apenas nos
sbados e domingos, na Associao dos Alunos Maristas, no centro do Recife.
(Destaque para mais este espao ganho pelos capoeristas: uma associao
educacional).
A partir de 1982, colabora com a transmisso dos saberes aos moradores do seu
bairro, Piedade, no Centro Social Urbano. Abre tambm uma escola em Cajueiro Seco,
no Centro Paroquial, com minha autorizao e incentivo: na poca, eu era o
administrador da parquia catlica do bairro. Durante quinze anos, Mestre Lospra
realiza uma roda em frente capela catlica da Piedade, beira da praia, aos
domingos, criando um espao de divulgao do esporte.
Em 1984, funda o Grupo Nascimento Grande de Capoeira, inspirado na histria deste
grande capoerista pernambucano. Este se apresenta em festas, no Recife e no
Interior, em clubes, praas e escolas, divulgando o esporte em suas vrias dimenses e
tipos. Entre os alunos que passaram por sua academia, contam-se os Mestres:
Danone, Mamo e o contramestre Beato Salu. Este grupo existiu at 1999. Em 2007,
Mestre Lospra convidado pelo Mestre Walber para fazer parte do grupo Bno
Capoeira, permanecendo at hoje, participando dos treinos quinzenais, em Braslia
Teimosa, alm de ministrar aulas na Academia R2, em Boa Viagem. Este Mestre
tambm vem se destacando no universo da Capoeira por ser um grande construtor de
berimbaus.
Genival Galvo da Cruz, Mestre Galvo, nasceu no Recife em 1963. Em 1975, muda-se
com um irmo para o Estado de So Paulo, onde trabalha nas feiras livres como
vendedor de peixe. Um trabalho que, a princpio, o afastava de sua aptido e paixo
para os esportes, em pouco tempo o aproximou da manifestao esportiva que
mudaria seu destino: a Capoeira.
Com o apelido de baiano, dado aos nordestinos pobres em So Paulo, em pouco
tempo de sua estada naquela cidade passou a receber convites para assistir uns
encontros de baianos na Praa da Repblica. Eram, na verdade, habilidosas rodas de
Capoeira, que reuniam grandes capoeiristas e Mestres de todo o Brasil: Mestres

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Aberre, Pessoa, Ananias, entre outros. Alimentado pela curiosidade de um jovem


desportista, alguns dias depois do chamado estava l, assistindo e tomado por uma
atrao irresistvel: praticar aquela luta. No domingo seguinte, com apenas 16 anos de
idade, resolve treinar a Capoeira, procurando uma academia prxima de sua moradia.
Deste modo, entra em contato com o Mestre Joel, um baiano discpulo de dois dos
maiores nomes da Capoeira nacional: Papagaio e Bimba. Galvo cumpre todas as
etapas da graduao, recebendo as cordas verde, amarela, verde e amarela, azul, azul
e amarela e, por fim, a corda tranada (ttulo de Mestre), formando as cores da
bandeira do Brasil, influncia do Mestre Bimba.
No incio dos anos oitenta, Mestre Galvo retorna ao Recife, encontrando um cenrio
completamente diferente quanto prtica da Capoeira: batizados, rodas de rua,
academias, etc. Assim que chega, faz uma visita academia do Mestre Mulatinho,
ento situada na Rua Gervsio Pires, no Bairro da Boa Vista. Esta era, na poca, um
plo onde convergiam capoeiristas, mestres e diversos eventos. Decidido a continuar
seu processo de aprendizado e transmitir seus conhecimentos, Mestre Galvo constri
um galpo, ou sala de Capoeira, na propriedade de sua me, no bairro do Prado;
convida vizinhos e interessados em aprender a arte. Dentro de pouco tempo fundaria,
ainda na dcada de 1980, a Associao Viva Bahia, que, alguns anos depois, mudaria
o nome para Raizes da Capoeira, ttulo que permaneceu at os dias de hoje.
Em mais de trs dcadas dedicadas Capoeira e ao boxe, outra grande paixo de sua
vida, o Mestre construiu uma trajetria respeitada, formando diversos alunos que so
referncias para a Capoeira local, a exemplo de Marciano, Moacir Dourado, Ligeirinho,
Peu, Nado, Dode, entre outros, que hoje atuam multiplicando sua histria e
ensinamentos. Viajou para diversos pases, iniciando alunos e admiradores do esporte
na Espanha, Argentina, Uruguai e Paraguai. Atualmente conta com 50 alunos de
diversos bairros da Regio Metropolitana do Recife, mantendo a sua academia com
as mensalidades pagas por eles.
Jos Olmpio Ferreira da Silva, ou Mestre Corisco, nasceu em 1963, em Vitria de
Santo Anto, Zona da Mata de Pernambuco e RMR. Descobriu a Capoeira ainda na
adolescncia, atrelada a um conjunto de atraes, sensaes e muita intuio,
que o levariam a dedicar uma vida prtica daquela manifestao, considerada por ele
afrodescendente. Trs fatos o aproximaram da Capoeira, na dcada de 1970: o filme
Kung Fu, onde um descendente de escravos, lutador de Capoeira, enfrenta o
protagonista; um programa de Cultura Popular do Projeto Minerva, transmitido aos
sbados na rdio Universitria, que registrou um especial sobre a Capoeira e, por fim,
uma viagem Bahia feita por seu irmo mais velho que, na oportunidade, traz
pequenas lembranas para a famlia, incluindo um pequeno berimbau para outro
irmo, o que para o menino Corisco, j convicto de suas intuies, era inaceitvel, pois,
segundo ele, o berimbau era pra ser meu.

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No final dos anos 70, a chegada do Mestre Zumbi Bahia ao Recife e,


consequentemente, a divulgao da Capoeira nos meios de comunicao, traz novos
nimos ao garoto Corisco, fazendo-o tomar a deciso de procurar o Mestre no bairro
de Casa Forte, onde este transmitia seus ensinamentos. L, com o universo
conspirando a seu favor, conhece o Joo Mulatinho, que se tornaria, em pouco tempo,
seu professor, Mestre e companheiro de luta. Em pouco tempo, j no final da dcada
de 1970 e incio dos anos 80, em pleno momento de gestao e configurao da
Capoeira pernambucana, passa a participar das rodas na Praa da Independncia ou
Pracinha do Dirio, aluso sede do jornal Dirio de Pernambuco; estas ocorrendo
inicialmente apenas aos sbados, depois s quartas e sbados e, em seguida, quase
diariamente. L, entra em contato com capoeiristas mais experientes, como Lospra,
Berilo, Nem Cangalha, Vaval, Doca de Olinda, Espinhela, Cuscuz, Casco, entre outros.
Conhece tambm grandes referncias da Capoeira em Pernambuco, como: Marcondes
Piraj, Paulo Prazeres, Lzaro Africano e Bigode. Neste momento, o jovem Corisco j
participa de diversos eventos e competies relacionados Capoeira.
Em 1983, juntamente com outros capoeiristas do Estado, viaja ao Rio de Janeiro para
participar do Campeonato Brasileiro de Capoeira, obtendo o ttulo de campeo, mas
tambm o destaque de melhor nvel tcnico. Neste mesmo ano, aps o seu retorno
para o Recife, funda com Berilo o Grupo Chapu de Couro de Capoeira, vinculado
Universidade Catlica de Pernambuco, passando a exercer o que para ele mais
empolgante: transmitir, ensinar, formar escola e poder perceber, atravs das
ferramentas da capoeira, uma transformao nas vidas das pessoas; a estrutura de
pensamento ser transformada, sendo conduzida, sendo beneficiada e associada
Capoeira dentro do Grupo, afirma. A esta altura, como diz Corisco, eu j almoava,
dormia, jantava, sonhava Capoeira. Da no difcil imaginar a dedicao, integral e
total, ao estudo e prtica da Capoeira, levando, inclusive, a viagens a Estados como
Bahia, Maranho, Cear, entre outros, onde conhece velhos mestres, aprofundando
seu conhecimento e vivncia na manifestao.
Em 1994, depois de diversos convites do seu Mestre Joo Mulatinho, e resistncias,
Corisco, capoeirista, professor, fundador de grupo e lder, pego de surpresa num
evento de batismo de Capoeira, realizado na UNICAP. Contando com a presena de um
grande Mestre, Chamin, Mulatinho interrompe o evento, j no coquetel, forma uma
roda e gradua seu discpulo Corisco na condio de Mestre, o ato sendo saudado por
uma gritaria, produto de muita emoo de todos os presentes.
Atualmente, Corisco referncia para diversas geraes de capoeiristas, sendo
considerado um grande lder que aglutina uma diversidade de tendncias e estilos
capoeiristas. Em sua longa trajetria de mais de trs dcadas, Corisco vem imprimindo
uma marca diferenciada no universo da Capoeira, valorizando os seus aspectos

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filosficos, pedaggicos e sociais, bem como o seu potencial transformador, alm da


preocupao com o domnio tcnico dos golpes e o preparo fsico.
O Mestre Ferrugem joga Capoeiragem, mas afirma que existem outras denominaes,
como Regional ou Contempornea. O Mestre diz estar bastante preocupado com as
denominaes que esto dando Capoeira. Segundo ele, em Pernambuco se joga a
Capoeiragem. O abad de cor branca, sendo a representao das cores muito
importante: o cordo comea pelo branco, seguindo o azul, o amarelo, o roxo e o
vermelho. De professor at chegar a contramestre, conforme ele, o capoeirista tem
que ter 21 anos de servios prestados dentro da Capoeira, tem que estar estudando,
evoluindo. Quando o capoeirista no se capacita, vo cham-lo de malandro e vadio,
como h alguns anos atrs. De professor, o capoeira passa a ser contramestre, at
chegar a mestre; tudo isto leva alguns anos de aprendizado. A capacitao e o trabalho
so fundamentais para o aprendizado.
O Ginga Brasil o grupo liderado por Mestre Ferrugem e outros. Mantm boas
relaes com os outros Grupos da Capoeira, trabalhando com os jovens carentes do
municpio, ministrando aulas de cultura afro, oficinas de instrumentos e danas,
havendo grande participao da comunidade dentro do projeto Escola Aberta.
Este Grupo foi fundado em 29/07/1992. Segundo o Mestre, a Capoeira no folclore,
no se pode andar por a dando saltos de um lado para o outro, no se pode brincar de
capoeirista; a Capoeira um jogo srio, no brincadeira.
O Mestre Ferrugem faz em sua comunidade o trabalho de tirar das ruas as crianas
envolvidas com drogas, introduzindo-as na msica e nas oficinas. Nestas comunidades,
a Capoeira uma forma de aprendizado e lazer. As crianas tm que estar
matriculadas na escola, para terem acesso prtica da Capoeira.
Para finalizar, o Mestre confessa que a Capoeira traz paz de esprito e tranquilidade
para encarar o mundo.
O Mestre Pcua entrou no universo da Capoeira entre 1985/1986. Comeou jogando
na rua com um amigo, logo depois passou a treinar com o Mestre Zumbi Bahia, por um
perodo de dois anos. Em seguida, conheceu o Mestre Casco, que o levou para as
rodas de rua, onde fez o seu aprendizado. Tambm foi aluno do Mestre Duvali e do
Mestre Meia Noite. Porm, seu verdadeiro Mestre foi Zumbi Bahia. Este o guiou pelo
caminho da Capoeiragem e foi um dos primeiros a valorizar a Capoeira como um
instrumento de mudana. O Mestre Pcua no chegou a formar nenhum Mestre; ele
no joga capoeira Angola nem Regional, e sim a Capoeiragem, como se chamava
antigamente a Capoeira aqui em Pernambuco.
A denominao Angola/Regional, segundo ele, mais evidente em Salvador da Bahia,
com os Mestres Pastinha e Bimba. Em Pernambuco, a Capoeira veio dos valentes, da
era de Nascimento Grande, afirma ele. Pelo estilo do jogo, d para se perceber se a
Capoeira de Salvador ou de Pernambuco: existe uma diferena na forma e estilo de
jogar.
O Mestre Pcua faz parte da UNICALE, Unio de Capoeira Leo do Norte, da qual um
dos fundadores. A UNICALE uma entidade sem fins lucrativos; trabalha com jovens

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das comunidades carentes de Olinda, dando instrues de cidadania, fazendo oficina


de dana, confeco, de berimbau e percusso. O grupo usa abad confeccionado de
helanca. Antigamente, era feito de saco de estopa. O berimbau um instrumento de
grande importncia e j existia antes da Capoeira, sendo de origem africana. Fundindose com a Capoeira, serviu para dar o toque.
A primeira apario do berimbau no Brasil aconteceu aqui no nosso Estado, conforme
Mestre Pcua. Segundo ele, este instrumento que rege a Capoeira. O atabaque
tambm faz parte do corpo percussivo, assim como o agog, assevera. Para a sua
escola, os passos da Capoeira so uma imitao dos movimentos dos animais, por
exemplo: coice, salto, giro e etc. Hoje, temos a ginga de armada, queixada, cabeada,
cotovelada, martelo e etc. Hoje, as mulheres praticam a Capoeira com mais frequncia
e as crianas do bairro tambm, desde que estejam na escola; um meio de informar
e formar para a cidadania. A luta de Capoeira uma luta cem por cento brasileira,
arrematou o Mestre.
Cludio dos Santos Bencio, o Mestre Sapinho do Grupo Arte Brasil, reside h 25 anos
no bairro do Amaro Branco, perto do farol de Olinda. Trabalha como Capoeirista e
tambm na poca junina como marcador de Quadrilha. Faz 5 anos que ele tem um
grupo de quadrilha, chamado Junina Corao, que j disputou vrios concursos. Seu
trabalho se concentra em introduzir as crianas do bairro na Capoeira, tirando-as da
ociosidade e afastando-as das drogas e da marginalidade, assim colaborando para que
elas tenham uma atividade de lazer. As rodas de Capoeira acontecem s quartas e
sextas-feiras noite.
O Mestre Sapinho tem 32 anos dentro da Capoeira. Formado pelo Mestre Hulk, j
falecido, h trs anos Mestre. Mesmo com poucos recursos, este se sente realizado
no seu trabalho de conscientizao, que faz com crianas e adolescentes da
comunidade, que muito violenta.
No tendo apoio de ningum, para arrecadar dinheiro realiza bingos para assim
comprar os uniformes para os capoeiristas. A Unio dos Capoeiristas Leo do Norte,
UNICALE, sempre que pode presta ajuda ao Mestre, para que este possa realizar
alguns eventos.
O Mestre Sapinho fazia parte do Grupo Arte Mandinga, mas uma desavena dentro do
grupo o afastou. Com a necessidade de renascer, ele criou o seu prprio Grupo, o
Arte Brasil. Para seu sustento, ele trabalha como vidraceiro durante a semana. Uma
parte do que ganha, ele emprega no seu grupo.
O Mestre utiliza a Capoeira para um trabalho sociocultural, sendo esta uma luta de
defesa. Todos os capoeiristas so considerados irmos, todos eles tm a mesma
cultura.
O grupo Arte Brasil no tem sede prpria, e suas aulas so realizadas no largo do Farol
de Olinda. As lies so realizadas nas noites de quartas e sextas-feiras. L, os
adolescentes aprendem a arte da Capoeira. Ainda tem pessoas que discriminam o
trabalho, dizendo que o jogo coisa de malandro, acusa o Mestre. E continua:
Sempre nas aulas os jovens aprendem que devem respeitar os pais e principalmente
os idosos, e tambm a no depredar os bens pblicos e, acima de tudo, respeitar os
membros da comunidade.

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Os instrumentos musicais so confeccionados na prpria comunidade. O caxixi e o


berimbau so feitos pelo prprio Mestre, a beriba tem que ser da boa para fazer um
bom toque; j o atabaque comprado pronto.
O Mestre Ulisses Joo da Silva, ou Mestre Ulisses Cangalha, comeou a dar aula de
Capoeira em 1993, tendo fundado o Grupo Lua de So Jorge, em 1997. No comeo foi
difcil, pois as pessoas que viviam na comunidade estavam envolvidas com drogas e
muita marginalidade. Cidade Tabajara, bairro de Olinda, naquela poca parecia uma
Vila Rural. Os capoeiristas eram vistos como um bando de marginais; muita gente tinha
medo quando eles comeavam uma Roda. Hoje, h exemplos de alunos que largaram
as drogas, e so instrutores.
O Mestre Ulisses criou o primeiro bloco carnavalesco de Capoeira do mundo, acha ele,
que sai todos os domingos de Carnaval. O bloco formado por 150 capoeiras e j
gravou trs CDs sobre a Capoeira. Segundo Ulisses, a Capoeira em Pernambuco tem
caractersticas prprias: a Capoeiragem solta: nem Angola nem Regional, estas duas
inventadas na Bahia. Em Pernambuco, se joga em cima e em baixo, a Capoeira daqui
solta, de raiz, tradicional, segundo ele.
Quando a Capoeira comeou no havia o berimbau, afirma; batia-se palma e tocava-se
o atabaque. O dinheiro que o Mestre Ulisses ganha como percussionista, cinegrafista e
editor de imagem, investe tudo em sua academia. H dez anos ele comeou a construir
sua academia e ainda resta muito a fazer.
De acordo com o Mestre, este inventrio2 que agora realizado pelo IPHAN sobre a
Capoeira, ser muito importante para o Estado, pois representa a resistncia do povo;
a Capoeira pernambucana sofreu a influncia do maracatu e do frevo e sempre
estiveram presentes na nossa cultura. Os capoeiras eram os abre-alas dos maracatus e
das bandas que tocavam frevo, e eram conhecidos como brabos e valentes,
mesmo quando danavam tranquilos!
Mestre Ulisses tambm tocou no Cavalo Marinho de Mestre Salustiano. Hoje, toca no
Cavalo Marinho de Aliana. Ele comeou a registrar em fotos as Rodas das quais
participava para servir como documentrio.
O Grupo Lua de So Jorge faz um trabalho Social na Comunidade de Tabajara, em
Olinda. Em sua academia, praticam a Capoeira 60 crianas e 35 Jovens e adultos. A
Capoeira pode ser praticada a partir de 2 anos de idade. Tambm fazem Capoeira na
academia senhoras donas de casa que passam o dia trabalhando e noite jogam
Capoeira parar tirar o stress.
As grandes rodas de Capoeira so realizadas na Academia e em Olinda, no Alto da S.
Os bairros vizinhos de Tabajara tambm participam. As crianas no pagam para
treinar a Capoeira: o pagamento estarem na Escola e estudando.
Na academia tambm se aprende a danar o cavalo marinho e outras danas
populares; aprende-se tambm a tocar percusso.
Tambm se constroem instrumentos. O berimbau feito da beriba ou imbiriba, planta
que retirada da mata, sendo todo o trabalho de limpeza e raspagem feito na
22

No se trata de Inventrio, como o Mestre Ulisses interpretou, mas de um Levantamento


Preliminar, dentro das normas do INRC.

21

academia; a cabaa comprada ou tirada no stio de parentes do Mestre; o caxixi


tambm confeccionado pelo grupo. O pandeiro e o atabaque, porm, so de origem
industrial.
O Mestre Walber, um dos Mestres tambm entrevistados pela equipe, afirmou que
pratica Capoeira Pernambucana, nem Angola nem Regional, porm teve influncia de
ambas. Foi levado para a Capoeira para se defender de outras crianas porque era uma
criana magra e asmtica. Orientado pelo mdico, foi fazer Capoeira, porm seus pais,
sendo evanglicos, no gostaram da idia: diziam que a Capoeira era coisa de negro,
marginal e catimbozeiro.
Vencidas as resistncias paternas e maternas, comeou a jogar a Capoeira aos 10 anos
de idade. Aprendeu vendo os outros jogarem nas ruas; por isso considerado um
capoeirista autodidata. Na Roda formada na Pracinha do Dirio, quando jogava com
o Mestre Berilo, caiu 2 vezes no cho; mesmo assim, levantou-se e foi para cima, no
jogo, ento as pessoas disseram que ele estava maconhado. Por este motivo, ficou
conhecido como Maconha. Sendo que ao comear a treinar com o Mestre Mulatinho,
disse-lhe que no gostava de ser conhecido por este nome, ento passou a ser
conhecido como Mestre Walber. Pegou com Mulatinho a graduao vermelha, que
significa Mestre de Rua.
Em Janeiro de 2000, fundou seu grupo, chamado Bno Capoeira. Caractersticas do
Grupo: utiliza na sua vestimenta a helanca branca; seus instrumentos so: berimbau,
pandeiro, atabaque, reco-reco e o agog. O Bno Capoeira joga no Pina, num
lugar conhecido como Buraco da Via, no Colgio Manoel Torres e na Escola
Mangue, onde mantm vrios ncleos de alunos. No gingado desse Grupo, constam
passos de frevo e de maracatu, sendo que a influncia do maracatu no jogo est no
tipo do batuque.
Mestre Walber assevera que a Capoeira une as classes sociais, tendo como objetivo a
incluso dos adolescentes, para assim tir-los da marginalidade, sendo uma forma de
educao e lazer.
Ozaniel Cardoso da Silva, mais conhecido como Mestre Nem Cangalha, tem 43 anos e
pratica Capoeira desde os treze anos de idade. A partir de 1981, passa a transmitir seus
conhecimentos a outros capoeiristas e, em 1987, efetiva-se como professor de
Capoeira na Rede Pblica Municipal de Ensino, na cidade do Recife. Foi aluno do
Mestre Mulatinho durante toda a sua trajetria e atribui a este grande parte da sua
formao enquanto capoeirista.
Deu continuidade ao Grupo de Capoeira Mal do Mestre Mulatinho, no qual atua
como principal liderana e desenvolve trabalhos com a Capoeira nas comunidades de
Stio Novo, Olinda e circunvizinhas, pertencentes quele Municpio e ao Recife: Santo
Amaro, Capil, Chi, Ilha do Maruim, Campo Grande. Hoje, vive exclusivamente da
Capoeira. Trata-se de um Mestre de grande representatividade e reconhecido na sua
comunidade. Na sua opinio, ser um mestre de Capoeira : ser uma pessoa
respeitada na comunidade e por outros capoeiristas pelo trabalho que desenvolve com
a Capoeira; ter atitude, tomar aes a partir do dilogo, entender a Capoeira
como meio de integrao na sociedade, e ainda, respeitar o trabalho do colega.

22

frente do Grupo Mal, ministra aulas de Capoeira nas escolas municipais. Nem
Cangalha afirma ainda ser um capoeirista com um estilo tipicamente pernambucano,
que mescla elementos da Capoeira Regional, Angola e outras inovaes que surgem da
individualidade de cada capoeirista. Para ele, Mestre Bimba e Mestre Pastinha
trouxeram essa diviso da Bahia.
O grupo de Capoeira Mal foi fundado por Mestre Mulatinho e hoje tem como
importante liderana, portanto, o Mestre Nem Cangalha. O grupo herda do mestre
fundador muitos dos preceitos e caractersticas, como sejam: atuao na rede pblica
de ensino, nas comunidades acima nomeadas de Olinda e do Recife, algumas delas
consideradas localidades bastante violentas; funda-se eticamente no entendimento
sobre a Capoeira como uma atividade que proporciona um mundo melhor, mesmo
dentro de comunidades de alto risco. Ou seja: para o Grupo Mal, a Capoeira tem um
forte papel socializador, que incide diretamente sobre crianas, adolescentes e jovens
de comunidades em situao de vulnerabilidade.
Oriundos da concepo de Mulatinho, os integrantes do Mal possuem abads
brancos e camisas padronizadas - o Grupo conta com uma costureira em sua equipe.
Os capoeiristas integrantes do grupo tm que confeccionar seu prprio berimbau. Para
o Mestre Nem Cangalha mais dia menos dia, cada capoeirista deve aprender a fazer
seu berimbau.
O Grupo iniciou recentemente um trabalho voltado s para crianas. Este, que j foi
constitudo por 150 pessoas, conta hoje com cerca de 30 integrantes. Seus diretores
afirmam que a reduo do quantitativo foi devido dificuldade estrutural da escola
que sede provisria das atividades do Mal. Alm disso, muitos alunos formados j
saram e montaram seus prprios grupos, o que fica claro quando se observa a grande
quantidade de grupos nessa regio. Apesar de ser prioritariamente jovem, o Mal
conta com a participao de alguns adultos, estendendo a faixa etria atendida at os
55 anos. O Grupo conta com uma presena feminina da ordem de cerca de 30% sobre
o total de membros. Diz ele a respeito disso: No podemos ver a Capoeira sem a
presena feminina.
Hoje, o Grupo est mais fechado e s realiza roda de rua em momentos especficos e
seleciona de modo muito criterioso os eventos externos que participam, sobretudo,
por causa da violncia.
O Mal est fundamentado no entendimento da Capoeira como um caminho para
socializao, um instrumento da educao que tira os jovens da ociosidade e contribui
para a construo de um mundo melhor.
Antnio Carlos Henrique da Silva, conhecido como Mestre Toinho Pipoca, nascido em
03 de maro de 1967, professor da Rede Municipal de Ensino, na qual realiza um
trabalho voltado exclusivamente para a Capoeira. Seus primeiros contatos com o
esporte aconteceram ainda na adolescncia, em meados de 1979, com o Mestre
Zumbi Bahia no SESI do bairro Vasco da Gama Zona Norte do Recife -, onde estudava
e fazia parte de um grupo folclrico. O Mestre Zumbi Bahia trabalhava no s a
Capoeira, mas tambm as danas da cultura popular, mas foi com a Capoeira que
Toinho Pipoca se envolveu mais fortemente. Depois desse primeiro contato, foi aluno
do Mestre Barro - com o qual tornou-se professor - e do Mestre Zabel; com este
ltimo, se formou Mestre no Grupo Quilombo.

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Em 2008, fundou o Grupo Santurio da Capoeira, com sede provisria na Escola Otvio
de Meira Lins, no Alto Nossa Senhora de Ftima. O grupo formado, em sua maioria,
por crianas e jovens das comunidades do Morro da Conceio e do Alto Nossa
Senhora de Ftima, constitui hoje o lugar principal de atuao do Mestre Toinho, que
dedica, ali, grande parte do seu trabalho com a Capoeira.
No entender do Toinho Pipoca, no Recife existe um estilo prprio que mescla aspectos
da Capoeira Angola e Regional, junto com algumas inovaes dos capoeiristas
pernambucanos. Por isso, ele no classifica sua Capoeira como pertencente a um ou
outro estilo. Na qualidade de Mestre, exibe uma corda de cores vermelha e branca
que, em seu grupo, classifica um Mestre de primeiro grau.
O Grupo Santurio da Capoeira foi fundado em 2008 por este Mestre. Com sede
provisria na Escola Otvio de Meira Lins no Alto Nossa Senhora de Ftima,
regularizado como pessoa jurdica, mas no associado Federao de Capoeira de
Pernambuco, de Joo Mulatinho. O Grupo desenvolve prioritariamente um trabalho
com as crianas e jovens alunos das escolas do bairro, atuando igualmente nas
comunidades do Morro da Conceio. Desenvolve atividades sistemticas - aulas e
rodas: na primeira, s quartas e sextas noite e, na segunda, nas segundas e quintas
noite e nas teras e quintas pela manh. O grupo tem em mdia 50 integrantes fixos e
muitos que participam de forma espordica nas rodas e outras atividades. Realiza
Rodas abertas ao pblico nos sbados, tanto na quadra da escola quanto na rua,
sempre atraindo um nmero grande de participantes das referidas comunidades e de
outras do entorno. Sua instrumentao da bateria da Capoeira Angola: trs
berimbaus, atabaque e pandeiro e acrescenta o reco-reco e o agog quando querem
acelerar o ritmo.
Contando com as crianas de sala de aula, o grupo tem uma faixa etria que se
estende de 7 a 40 anos de baixo poder aquisitivo, a maioria constando de jovens
desempregados e com dificuldades financeiras. Embora seja um grupo misto, a
presena feminina ainda muito pequena.
O Santurio adota uma graduao criada pelo Mestre Zulu em Braslia, cujas cores
das cordas esto ligadas religio de matriz africana. O iniciante usa uma corda
branca, crua, e gradativamente recebe cordas de acordo com seu grau. Existem cordas
intermedirias que misturam duas cores, so elas: azul; azul e marrom; marrom;
marrom e verde; verde; verde e amarela; amarela; rouxa e amarela; vermelha;
vermelha e branca; branca. A avaliao leva em conta a atuao prtica e os
conhecimentos tericos dos capoeiristas, que os leva a se graduarem como Aluno
formado, Aluno Avanado, Monitor, Instrutor, Professor, Contramestre, Mestre.
Os integrantes produzem seus berimbaus e caxixis em um formato pedaggico de
oficinas. A confeco destes instrumentos um trabalho coletivo, formativo e
intrnseco ao universo da Capoeira. A produo inclusive pode ser vendida ou feita sob
encomenda. Os abads do Santurio da Capoeira so brancos, bordados com o
emblema do grupo, bem como as camisas, no intuito de deixar todos padronizados.
O Grupo acredita que a Capoeira muito importante para a comunidade: possibilita
aos jovens outros olhares para o mundo, afasta das drogas e traz ludicidade; incentiva,
portanto, o crescimento qualitativo das pessoas. Para os alunos do ensino formal
importante, pois, proporciona outra vivncia pedaggica fora da sala de aula. Para

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Mestre Toinho Pipoca, lder do Grupo, a Capoeira valoriza a comunidade, sendo muito
bem aceita por ela.
Renato Marques dos Santos, batizado como Mestre Renato, teve contato com a
Capoeira por meio dos seus primos que j a praticavam, o que despertou sua
curiosidade. Aos 11 anos, torna-se aluno do Mestre Pesqueiro, com o qual foi aluno de
1985 at 1993, quando se afastou deste e passou a frequentar apenas as Rodas
realizadas pela Capoeira de Rua, segmento do Grupo Corpo Negro, que organizava
rodas sistemticas e abertas, na maioria das vezes na Praa do Dirio e no Ptio do
Carmo. No Grupo Ginga do Corpo Negro, foi feito Contramestre e em 1996 fundou seu
prprio grupo: a Associao de Capoeira Ax Liberdade. Em seguida, passou a treinar
com Mestre Dentista, sendo por ele graduado Mestre. Passou a usar a corda branca,
que em seu Grupo traduz o estado mais avanado da formao na Capoeira.
Inicialmente, praticava a Capoeira Angola, a partir do contato com os ensinamentos do
Mestre Bimba. Mas, com o passar dos anos, mudou o entendimento sobre a expresso
do jogo, considerando que Pernambuco tem um estilo prprio, mas com marcas
maiores da Regional.
Goza de uma grande aceitao na comunidade e busca trabalhar com uma perspectiva
social, entendendo a Capoeira como veculo de transformao social, que pode
complementar a formao escolar e auxiliar na educao domstica em aspectos
como: disciplina, concentrao e dedicao, afirma. Idealiza e executa, por meio do
Ax Liberdade, muitos projetos sociais, atendendo diretamente jovens de at 14 anos,
moradores da Vila do SESI.
A Associao de Capoeira Ax Liberdade foi Fundada em 1996, por Mestre Renato, no
bairro do Jordo, no Recife. Em 2000 transferiu-se para o bairro do Ibura, onde est
at hoje sua sede provisria. Seu fundador classifica o estilo Regional como o
predominante no Ax Liberdade.
Durante mais de dez anos de existncia, a Associao j formou muitos alunos e
amplia, por meio desses elementos formados, o raio de atuao do Grupo para alm
dos limites do Recife, chegando a atingir cerca de 17 municpios do Estado de
Pernambuco. Tem um trabalho na linha da Capoeira Regional do Mestre Bimba, mas o
sistema de graduao adotado se aproxima do sugerido pela Confederao Brasileira
de Capoeira, com as cores da bandeira do Brasil e nveis evolutivos intercalados por
estgios intermedirios. O capoeirista tem 9 estgios como aluno: aos seis meses de
Capoeira recebe a primeira graduao verde e cinza, em seguida recebe
gradativamente as cordas de cores: verde e cinza; verde; amarelo e cinza; amarelo;
azul e cinza; verde e amarelo; verde e azul; amarelo e azul.
Depois dessa sequncia de estgios formativos, com mais de cinco anos de Capoeira e
mais de 18 anos de idade, pode tornar-se aluno formado, ministrar aula e batizar. Em
seguida, segue as graduaes e cores: monitor - verde e branco, professor - branco e
amarelo; contra-mestre - branco e azul e Mestre: branca. Para avaliao dos
capoeiristas, levada em considerao a parte prtica, ou seja, a experincia no jogo,
e a parte terica acerca dos conhecimentos da Capoeira.
Contando com todos os alunos e respectivos trabalhos realizados em 17 municpios, o
Ax Liberdade totaliza cerca de 1500 componentes, a maioria adolescentes, e cerca de
15% do total constitudo por mulheres. Existe um planejamento do Mestre Renato

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para visitar tais municpios sistematicamente, de modo bimestral e assim monitorar os


trabalhos dos representantes do Grupo no interior do Estado. O instrumental do Ax
Liberdade obedece, predominantemente, o estilo Regional: dois berimbaus e dois
pandeiros.
O Grupo, alm das aulas ministradas pelos alunos formados e pelo Mestre Renato,
realiza todas as sextas-feiras uma Roda de Capoeira aberta para integrantes do grupo,
capoeiristas do entorno e de outras localidades, na Vila do SESI, no Ibura, prximo de
onde futuramente funcionar a sede definitiva da Associao. Sua previso era para
ser inaugurada em agosto de 2009.
O Ax Liberdade oferece cursos de aperfeioamento para os graduados, a fim de
aprofundar os conhecimentos, alm de um projeto social de nome Meninos do Ax,
no qual jovens de at 14 anos so inseridos em todas as atividades do grupo de forma
gratuita e depois inseridos em aes no Ax Liberdade, como a confeco de
instrumentos musicais: berimbaus, caxixis e atabaques.
A comunidade apia e valoriza o trabalho do Ax Liberdade, o que se reflete na grande
adeso de integrantes filosofia de trabalho proposta pelo Grupo e pelo seu fundador.
Rinaldo Antnio de Aguiar, batizado como Mestre Pintosa, lutador de artes marciais,
comeou a jogar Capoeira em 1983, levado por um amigo, incio que ele considera
como capoeira de rua, pois no havia academia e nem Mestre para ensinar.
Envolveu-se com os ensinamentos dos atuais Mestres Carrapato e Coloral, depois
passou a treinar com Mestre Sapo, com o qual pegou sua primeira corda. Com Mestre
Do Vale pegou a segunda corda, a de monitor, e passou a ter aulas no municpio do
Paulista. Em 1993, passou a treinar definitivamente com o Mestre Carrapato, com o
qual seguiu as demais graduaes at a de Mestre, no ano de 2002. Vale ressaltar que
sua formao em Capoeira est baseada, tambm, nos ensinamentos dos Mestres
Piraj e Canco.
Em 1997, fundou o Grupo de Capoeira Pele Negra, em Igarassu, municpio da RMR.
Como liderana deste Grupo, foi responsvel pela execuo de diversos projetos
sociais, elaborados a partir da Capoeira, financiados pelo poder pblico municipal e
estadual. Assim, o Grupo vem atuando nos municpios circunvizinhos como Olinda,
Itamarac, Itapissuma, Paulista e Abreu e Lima, bem como no interior do Estado, nos
municpios de Bom Jardim, Surubim, Tamandar e Barreiros.
Para ele, a Capoeira tem uma importante funo social: tira os jovens da ociosidade e
d oportunidade de contato com a disciplina e o conhecimento. Em suas palavras, as
pessoas precisam ver a Capoeira no que ela tem de arte, de social e de beleza.
O Grupo de Capoeira Pele Negra tem o intuito de fomentar este esporte em Paulista
- na RMR - e agregar os jovens do municpio, ocupando os espaos ociosos de
atividades ldicas e educacionais. O nome foi escolhido pelos primeiros integrantes,
em votao. O smbolo um crculo com um tringulo no meio, e um berimbau.
O Grupo joga Capoeira nos estilos Angola e Regional, o que faz variar o corpo de
percusso: quando jogam no estilo Angola, esto presentes os trs berimbaus, trs
pandeiros, reco-reco, agog e atabaque, prprios do estilo; quando o jogo Regional,
o instrumental resume-se ao berimbau e os dois pandeiros.

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O Pele Negra tem uma vasta rea de atuao; extrapola os limites de Igarassu,
levando a Capoeira para Olinda, Itamarac, Itapissuma, Abreu e Lima, Paulista e ainda
realiza trabalhos em Bom Jardim, Surubim, Tamandar e Barreiros, por meio dos
alunos que do aula no Interior.
Vale destacar a realizao de palestras, seminrios, cursos de capacitao para os
membros; tudo dentro das temticas que circunscrevem o universo da Capoeira. O
Grupo registrado e se organiza de forma a ser contemplado em editais e receptivo
para projetos sociais, financiados pelo poder pblico municipal e estadual. O mais
recente trabalho est sendo realizado com o financiamento do Conselho Municipal da
Criana e do Adolescente COMDICA, no qual atende estes segmentos do municpio
do Paulista: no formato da jornada integrada, so realizadas atividades da Capoeira no
turno oposto ao da aula formal.
A sistemtica para graduao dos capoeiristas se baseia na Federao Brasileira de
Capoeira, a qual prope as cordas com as cores da bandeira nacional (verde, amarelo,
azul e brao) e os nveis intermedirios com a mescla dessas cores. O/A aluno/a tem
trs nveis: corda verde, amarela e azul. Em seguida, atinge o grau de estagirio,
recebendo gradativamente as cordas verde e amarela; verde e azul; e amarela e azul.
O aluno formado tem na corda essas trs cores e depois segue a verde e branca para
monitor; amarela e branca para professor; azul e branca para Contramestre; e
finalmente a branca para os Mestres. O Grupo tem ainda uma graduao voltada para
os capoeiristas infantis. O abad adotado branco, com o emblema do grupo na perna
esquerda; exigida ainda a camisa com o mesmo emblema de cores brancas para
alunos, ou azul, para os formados.
O Pele Negra tem, aproximadamente, 200 integrantes em sua maioria homens.
Possui, alm do Mestre Pintosa, mais dois Mestres: Moleque e Catend, que juntos
atendem s demandas dos alunos e formados na Regio Metropolitana e no interior
do Estado, na tentativa de contemplar toda a rea abrangida pelas aes do Grupo. Os
professores do Pele Negra realizam rodas semanais com seus alunos nas distintas
localidades j expostas e mensalmente realizada uma Roda na Praa de Cruz de
Rebouas ou em Igarassu, na qual todos os componentes da Regio Metropolitana e
do interior do estado devem estar presentes. H tambm uma reunio mensal na sede
- ainda em construo - com todos os graduados, para a realizao de um balano do
ms, planejamento do ms seguinte e repasse do cronograma para batizados e
eventos.
As comunidades recebem de forma muito positiva o trabalho do Grupo Pele Negra,
que no cobra pelas atividades que promove, buscando subsdios em projetos e
editais, bem como doaes dos graduados que contribuem de forma voluntria e no
sistemtica na medida de suas possibilidades.

Marco Antnio Azevedo de Mendona, conhecido como Mestre Marco Angola,


trabalha com a Capoeira nas escolas, academias e, sobretudo, na gesto do grupo de
Capoeira Volta Que O Mundo D. Sua histria est atrelada ao crescimento da
Capoeira do Cabo de Santo Agostinho, municpio da RMR, que ganha corpo a partir da
dcada de 1970. Teve os primeiros contatos com o esporte ainda adolescente na

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Escola Normal Santo Agostinho com Sandro Carcar, aluno do conhecido Mestre
cabense Bem-te-vi, em meados de 1984, de cujo grupo passou a fazer parte
posteriormente, chegando a ser vice-presidente do mesmo e a frequentar uma
importante roda realizada no centro comercial da cidade. Participou tambm do Grupo
do Mestre Carlos Capoeira (o informante no deu o nome do grupo).
Devido ao seu estilo de jogo mais lento e mais perto do solo, ou abaixado - como
dizem os capoeiras a coreografia de Mestre Marco Angola se aproxima bastante da
capoeira Angola, da o apelido pelo qual conhecido. Entretanto, para o Mestre, em
Pernambuco essa classificao dos estilos s comea a se estruturar a partir da dcada
de 1990. Ele destaca, em sua formao, bem como na de todos os capoeiristas
cabenses de sua gerao, a participao dos Mestres Jairo, Carlos Capoeira e Bem-tevi. Esse ltimo fundou o primeiro grupo de Capoeira do municpio. Marco Angola foi
graduado como monitor pelo Mestre Mulatinho e a graduao mxima com o Mestre
Dentista, em 2004.
No ano de 1996, como aluno formado do Grupo de Capoeira Bem-te-vi, funda, junto
com o Mestre Senzala, o Grupo de Capoeira Volta Que o Mundo D, atuando
efetivamente nos municpios de Escada, Cabo (Charneca), Ribeiro, Barreiros e mesmo
em outros estados do Brasil. Vale destacar a grande experincia com viagens
internacionais, realizando palestras, oficinas e ministrando aulas de Capoeira fora do
pas.

O Mestre Senzala, vive exclusivamente da Capoeira nas escolas, e sobretudo na gesto


do grupo de Capoeira Volta Que O Mundo D. Atualmente, contratado pela
Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho para ministrar aulas de Capoeira no Centro
Cultural Mestre Di, no distrito Cabense de Ponte dos Carvalhos.
Sua histria se confunde com o percurso da Capoeira do Cabo de Santo Agostinho, que
ganha corpo a partir da dcada de 1970. Teve os primeiros contatos com a Capoeira
no ano de 1982, ainda adolescente, no Centro Social Urbano (CSU) da rea rural do
municpio. Foi aluno do conhecido Mestre cabense Bem-te-vi em meados de 1987,
passando a fazer parte do Grupo de Capoeira do mesmo nome. Praticou Capoeira de
rua com outros capoeiristas e costumava frequentar a famosa Roda em frente Loja
Credimveis, no centro da cidade.
No ano de 1989, treinou no Recife, no bairro de Boa Viagem, com Mestre Minguado,
no Grupo Senzala. Dessa experincia, guarda o apelido conferido pelos capoeiristas
locais. Foi precursor do movimento de Capoeira em localidades do entorno do seu
municpio de origem, como Charneca, Escada e engenhos na zona rural do Cabo de
Santo Agostinho.
No ano de 1996, j como aluno formado do Mestre Bem-te-vi, funda, junto com o
Mestre Marco Angola, o Grupo de Capoeira Volta Que o Mundo D. Senzala ressalta
a participao do Mestre Mulatinho em sua formao, que o gradua como monitor.
Por sua vez, foi graduado Contramestre pelo Mestre Grilo e conquistou o grau mximo
por meio do companheiro de Capoeira Marco Angola, em 2006.
Hoje, alm do Cabo de Santo Agostinho (Charneca), atua efetivamente nos municpios
de Escada, Ribeiro, Barreiros.

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A Associao Volta Que o Mundo D , atualmente, um dos maiores grupos de


Capoeira de Pernambuco. Deu uma grande contribuio para a constituio de outros
grupos de Capoeira do Cabo de Santo Agostinho e outros municpios da Zona da Mata
Sul. Fruto de uma dissidncia do Grupo de Capoeira Bem-te-vi, foi um dos primeiros do
Estado a se organizar estatutariamente e, por conseguinte, regulamentar suas aes
promovendo parcerias com grandes financiadores de projetos sociais, como a UNICEF
e o prprio governo municipal.
Segundo os fundadores, trouxe para a Capoeira cabense algumas preocupaes
importantes, tais como: a produo esttica, com a padronizao dos abads (o
smbolo uma bandeira do Brasil e um berimbau estampados nos dois lados da cala);
a utilizao de logomarcas em todos os espaos possveis. Alm disso, reavivou
eventos, como a puxada de rede; inseriu a Capoeira nas escolas particulares; deu
visibilidade ao movimento cabense, sendo pauta de vrias reportagens televisivas, de
matrias jornalsticas e recebeu alguns prmios, devidos sobretudo ao trabalho ldicoeducativo realizado com crianas e adolescentes. Portanto, os Mestres consideram
que a Associao foi de muita importncia para a aceitao da Capoeira no municpio.
O Volta que o Mundo D foi um dos grupos fundadores, juntamente com So
Salomo e Mal, da Federao Pernambucana de Capoeira. A graduao do grupo
respeita as regras da Federao que ajudou a fundar; contudo, determina seu prprio
perodo para cada estgio e cria cordas intermedirias entre os nveis. O Grupo se
considera predominantemente Regional; entretanto, os Mestres usam instrumental
com um berimbau e dois pandeiros e quando jogam Angola trazem berimbau, dois
pandeiros, o atabaque e o agog. Mantm uma perspectiva de estudo sobre as origens
e tradies da Capoeira e confeccionam seus berimbaus e caxixis preocupados com a
preservao da biriba.
Durante os primeiros anos da dcada de 2000, participou do projeto Aes Integradas
Cabo Criana, financiado pela UNICEF e Prefeitura Municipal, chegando a atender 840
crianas e adolescentes e ter 1000 associados. Atualmente, com cerca de 300
componentes, atua em quatro municpios: Amaragi; Escada, Barreiros e Ribeiro,
chegando inclusive a ter um trabalho na Guiana Francesa e a visitar outros 10 pases. A
Associao realiza tambm oficinas de Capoeira em outros estados do Brasil e
participa de intercmbios com outros grupos em eventos diversos e batizados.
A participao das mulheres no grupo muito pequena, porm destacam-se algumas
alunas importantes no grupo e que possuem uma histria respeitvel no mundo da
Capoeira. Portanto, a grande maioria dos componentes so jovens do sexo masculino,
oriundos de classes populares, com exceo daqueles vindos das academias de
ginstica, que possuem um perfil mais diversificado.
O Volta que o Mundo D realiza anualmente, na ltima semana de setembro, um
evento chamado Escambo Cultural, que promove o encontro de muitos grupos do
Estado e de outras localidades do pas para uma troca de experincias e vivncia de
Capoeira.
Para o Mestre Marco Angola: A Associao de Capoeira Volta que o Mundo D sem
dvida um dos pilares do desenvolvimento cultural e educacional do municpio do
Cabo, nosso trabalho tem uma significncia muito grande nas comunidades.

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Samuel Rodrigues da Silva, conhecido como Mestre Samuel, nascido no municpio de


Bonana (RMR) em 29 de setembro de 1970, comeou praticando artes marciais como
karat e kung fu. Logo, porm, foi direcionado pelos professores a jogar Capoeira,
devido sua habilidade para golpes com os membros inferiores. Aos 12 anos,
conheceu o esporte atravs de um capoeirista de rua do Recife, que estava de
passagem em Bonana, cujo apelido era Vevem. Outro capoeirista de rua, com a
gradao de professor, conhecido como Manuel, ministrou aulas no municpio de
Vitria e durante cinco meses o jovem Samuel acompanhou essa instruo.
Em 1986, muda-se para Olinda, bairro de Rio Doce, onde conheceu os professores
Vador e Doquinha, ambos alunos de Mestre Doca. Comeou ento a treinar
sistematicamente no Grupo Libertao de Angola e a frequentar as rodas realizadas no
Alto da S, ponto turstico relevante daquela cidade. Em 1989, volta a morar em
Bonana e a ministrar aulas em Moreno, Escada, Pombos, Vitria. Torna-se Mestre em
2004 e hoje um dos mais conhecidos Mestres da regio da Zona da Mata Sul do
Estado. Todavia, continuou treinando em Olinda com o agora Mestre Doquinha. Em
sua formao, destaca igualmente a importante contribuio do Mestre Mulatinho.
Apesar de ter forte influncia da Capoeira Regional e, sobretudo, da Capoeira de rua,
tambm pratica o estilo Angola. Para ele, o bom capoeirista tem que fazer de tudo
um pouco, jogar um pouco de Angola, de Regional, tocar um pouco de instrumento,
cantar e responder o coro quando algum est cantando. Esta minha formao e o
que eu passo para meus alunos afirma, convicto.
Em 2003, desliga-se do Grupo Libertao de Angola e funda a Associao de
Capoeira Roda Amiga. Atualmente, ministra aulas na Associao de Moradores de
Bonana s quartas e sextas noite para crianas, adolescentes e jovens da
comunidade e do entorno.
Fundada por Samuel Rodrigues da Silva ou Mestre Samuel, em 2003, no municpio de
Bonana na RMR, a Associao conta com aproximadamente 30 alunos. Seu trabalho
cuidadoso no que concerne a uma ateno especial s crianas do grupo por
constiturem a grande maioria dos participantes. Todas devem estar na escola,
apresentar periodicamente o boletim escolar e os pais so envolvidos efetivamente
com as atividades da Associao: convidados para reunies, eventos, batizados e
obrigados a assinar um termo de responsabilidade, afirmando que tm clareza de que
seus menores esto inseridos na Roda Amiga, cientes, portanto, dos horrios,
obrigaes e deveres de grupo.
O nome da Associao foi escolhido atravs de uma enquete realizada com os
primeiros componentes do grupo. Dentre cinco nomes apresentados, a maioria optou
por Roda Amiga, cujo smbolo o mapa do Brasil e um berimbau no centro. Dos 30
componentes do grupo, crianas do sexo masculino, de baixa renda e do prprio
municpio de Bonana compem o perfil majoritrio. Vale destacar a pouca presena
de meninas no grupo. A comunidade apia o trabalho realizado, apesar das
resistncias por parte da parcela evanglica da localidade.
O Roda Amiga pratica Capoeira Angola e Regional e obedece ao sistema de
graduao da Federao de Capoeira qual o grupo filiado, baseado nas cores da
bandeira do Brasil. A primeira a verde, seguida de amarela, azul, verde e amarela,
amarela e verde, azul e verde, tranado verde-amarelo-azul, verde e branco (instrutor)
amarelo e branco (professor), azul e branco (Contramestre) e branco (Mestre).

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Conforme o Mestre Samuel, para cursar a graduao preciso muita Capoeira e


pouca corda. Os estgios devem ser superados de forma lenta e cautelosa.
O instrumental do grupo segue a linha do mestre Bimba quando toca Regional: usa um
berimbau e dois pandeiros. Quando o jogo de Angola, assume o caxixi, o atabaque, o
agog, o reco-reco e acrescenta ainda dois berimbaus. A Associao tambm
bastante preocupada com a educao musical do capoeirista. Na formao dos seus
componentes, preciso estar atento para a bateria da Capoeira, pois a msica tida
como fundamental para o jogo e para o sentido deste. Segundo o Mestre Samuel,
...para fazer a Capoeira, primeiro vem a roda, depois vem a msica, depois o canto
para s depois vir o jogo.
O grupo confecciona seus prprios berimbaus; tambm os caxixis e dobres de metais
so o diferencial para algumas musicas do grupo, que programou lanar o seu primeiro
CD no segundo semestre de 2009.
Nailson Santos Pereira, conhecido como Mestre Padre, nasceu no dia 07 de agosto de
1973, em Recife. Em 1980, ainda aos sete anos, foi inserido no Grupo de Capoeira
Afro-brasileiro dos Mestres Morcego, Soldado e Caboclo. Nesse Grupo, Nailson chegou
a ser graduado como monitor. No entanto, o grupo acabou e ele continuou sua
formao com Mestre Do Vale, que o graduou professor. A partir da, passou a atuar
com o Grupo Armas de Negros. Em seguida, voltou a trabalhar com os Mestres
Morcego, Soldado e Caboclo, fundando o Grupo de Capoeira Odara, onde se gradua
Contramestre e, finalmente, Mestre, em 2003. Alm da Capoeira, praticou jud,
karat, e jiu-jitzu.
O apelido Padre lhe foi atribudo porque Nailson sempre interpretava o papel do
padre nas festas juninas de sua comunidade. Foi iniciado na Capoeira Angola: So
Bento Pequeno e So Bento Grande. Em 2001, foi para So Paulo, onde fez trabalhos
com os Mestres paulistas Raimundinho, Jangada, Capito, Joo, Burgs, Suassuna e
Leopoldino. L, representa a Capoeira de Pernambuco, conhece novas formas de jogar
e entender Capoeira, bem como aprende e ensina muitos dos conhecimentos da
Capoeira pernambucana. Volta em 2004, porm deixa muitos alunos e um brao do
Grupo de Capoeira Odara na baixada santista.
Hoje, continua frente do Odara, ministra aulas de Capoeira nas escolas da
comunidade em que mora e tornou-se uma importante liderana religiosa de matriz
africana no Recife. Para ele, o capoeirista precisa de muita prtica e, sobretudo, muita
teoria; necessrio estudo, dedicao e muito tempo de Capoeira.
Segundo Mestre Padre, o Grupo Odara em 1990 iniciou suas atividades baseadas nos
estilos Regional, Angola, So Bento Grande e So Bento Pequeno, no bairro de gua
Fria, no Recife. Participaram da fundao, alm de Nailson, os Mestres Soldado,
Morcego e Caboclo. Atualmente, apenas os dois primeiros continuam e, juntamente
com o professor Melodia, so as lideranas do Grupo, que conta com cerca de 70
pessoas no Recife.
Depois da ida de Mestre Padre para So Paulo (de 2001 a 2004), incorporou ele os
toques e modos de jogar: cavalaria pinguela, iuna, amazonas, pois, l aprendeu e
repassa at hoje que cada toque e cada modo de jogar so diferentes e tm um
significado especfico. Alm destes aprendizados, um outro desdobramento dessa

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viagem foi o ter deixado um grupo Odara em So Paulo, o qual prossegue - com o
Contramestre Binho e o aluno formado Amaral -, com as atividades iniciadas pelo
Mestre Padre, com cerca de 150 integrantes.
O Grupo geralmente toca com um berimbau e dois pandeiros, acrescentando mais dois
berimbaus, caxixi, atabaque e agog, quando sai dos limites da Regional. Constri seus
prprios berimbaus e caxixis, realiza periodicamente capacitaes para os seus
integrantes, por considerar muito importante a formao prtica aliada ao
aprendizado terico acerca dos conceitos da Capoeira.
Alm dos jovens capoeiristas, participam do Odara idosos e portadores de
deficincia fsica. Esse pblico diferenciado uma marca distintiva do Grupo, que atua
nas comunidades de gua Fria, Paulista e em So Miguel no Parque Paulistano, em So
Paulo. Como no tem sede prpria, as aes acontecem nas associaes de
moradores, escolas e espaos pblicos. Vale ressaltar que mesmo atendendo a um
pblico to diversificado, conta com pouca adeso de mulheres.
O Odara promove rodas abertas com participao de vrios outros grupos,
principalmente do entorno, em perodo quinzenal, na Frente do Centro Social Urbano
no Alto Santa Terezinha, sempre s sextas-feiras noite. O intuito do Grupo mostrar
o trabalho para a comunidade; apresentar uma Capoeira sem violncia; atrair mais
jovens; fazer um intercmbio com outros grupos e manter a tradio da Capoeira em
suas Rodas pblicas. Por isso, a comunidade recebe muito positivamente a Capoeira.
Com alunos majoritariamente de classes populares, o trabalho deste Grupo visa tirar
os jovens da ociosidade; combater as drogas por meio da prtica da capoeira; e propor
formao cidad s crianas e adolescentes. Para realizar algumas aes, conta com o
apoio do vereador Gustavo Negromonte que, esporadicamente, colabora
financeiramente. Alm desse auxilio, os alunos colaboram com 3 a 5 reais por ms.
A graduao do Grupo segue a Federao de Capoeira de Pernambuco, baseada nas
cores da bandeira do Brasil, como j foi explicitado acima, com a diferena de os
Mestres receberem uma graduao entre eles, assinalada nas cordas brancas, com
pontas bronze, prata e ouro. Esta ltima seria para o Mestre dos Mestres. Tal
medida serve para hierarquizar o trabalho dos mesmos. O abad completamente
branco.

Ricardo Pereira da Costa nasceu em 17 de abril de 1963, na cidade do Recife. Mais


conhecido como Mestre Soldado, teve os primeiros contatos com a Capoeira aos 15
anos de idade, por meio de um amigo capoeirista que conhecia o Mestre Zumbi Bahia
e o levou para uma aula. Logo, passou a ser aluno deste Mestre, o qual viajou um ano
mais tarde; ento, Soldado tornou-se aluno do Mestre Piraj, com quem pegou a
primeira corda, em 1981. Em 1984, com a volta de Zumbi Bahia, retorna s suas
origens e com este prossegue seu aprendizado, at ser graduado Mestre h
aproximadamente 15 anos, ou em 1994-95. Considera-se um capoeirista
essencialmente pertencente Capoeira Angola.
Em 1990 fundou, junto com os Mestres Padre, Morcego e Caboclo, o Grupo de
Capoeira Odara, onde continua como importante liderana frente de
aproximadamente 70 integrantes.

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Segundo ele, quando comeou a praticar Capoeira, nunca pensou em chegar to longe.
Informa que, somente aps muitos anos de Capoeira, comeou a se sentir preparado
para ser graduado como Mestre e ter seu prprio grupo. Mestre Soldado acredita que
ser Mestre acima de tudo ser educador e pertencer a um processo de difuso da
Capoeira pelo Brasil inteiro e tambm pelo resto do mundo.
O Mestre Soldado ressalta ainda a importncia da Capoeira Angola para Pernambuco,
a qual, juntamente com as caractersticas da Regional, traduz um estilo prprio de
jogar Capoeira. Entende este esporte/arte/luta como instrumento didtico, que auxilia
tanto os estudos formais quanto proporciona uma formao complementar.
Acreditando nisso, apesar das adversidades, ministra aulas aos seus alunos em sua
prpria casa, mesmo sem contar com as estruturas necessrias. Nesse trabalho
voltado para a Capoeira j graduou oito Mestres e incontveis alunos.

Mestre Cal (ou Kal) teve os primeiros contatos com a Capoeira em 1979, aos oito anos
de idade. Iniciou no Grupo de Capoeira Senzala do Mestre Piraj, composto ainda
pelos Mestres Marron (falecido), Gilmar, Zezinho Gaiola, Batista, Canco de Fogo,
entre outros. Neste Grupo ficou at 1990, quando se graduou professor pelo Mestre
Piraj, sendo aconselhado por ele a formar seu prprio grupo. Fundou e fez parte de
vrios outros grupos, como o Arte Mandinga e o Folha Seca. Em 2007, a convite do
Mestre Tet, tornou-se um dos mestres do Grupo de Capoeira Ginga do Corpo
Negro.
Neste grupo, retoma sua histria com a Capoeira de rua, visto que acompanhou
Mestre Tet nas rodas de rua da Praa do Dirio, Mercado de Casa Amarela e Morro
da Conceio com grande frequncia, nutrindo, por conseguinte, grande admirao
pela Capoeira dita de rua.
Mestre Cal fala com muita propriedade da Capoeira pernambucana em suas
especificidades, sobre o que a diferencia daquela jogada na Bahia e no Rio de Janeiro.
Para tanto, realizou diversas viagens para fora do Estado, a fim de participar de
eventos de outros grupos e assim trocar experincias e aprender sobre o universo da
Capoeira para alm dos limites geogrficos pernambucanos.
frente do Ginga do Corpo Negro, junto aos Mestres DJ e Dodi, ministra aulas de
Capoeira duas vezes por semana no espao de sua prpria residncia, alm de
promover rodas de rua, abertas para todos que quiserem participar, pelo menos uma
vez por semana. Vale destacar que Mestre Cal foi, segundo ele, um dos primeiros
capoeiristas a oficialmente ministrar aulas no Projeto Escola Aberta (h mais de oito
anos).
Para este Mestre - uma das atuais lideranas do Grupo -, na capoeira de rua o
berimbau toca e convida todos a jogar Capoeira no espao pblico. Segundo ele, todos
os capoeiristas devem ter esse tipo de contato: pois, a capoeira de rua ensina a
malandragem da Capoeira, a hora de bater, de sair, de se defender (...) ela nos ensina
com eficincia a ler as pessoas em suas intenes e principalmente fornece a essncia
da Capoeira (...) A Capoeira de academia sequenciada, voc aprende os movimentos
mas no a essncia da Capoeira. Nesse sentido, conforme o Mestre, a Capoeira de rua
constitui parte da memria deste esporte.

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O Grupo atualmente composto por aproximadamente 500 integrantes das


comunidades do Ibura e do Pina. Possui trs Mestres Cal, D.J e Dodi que ministram
aulas sistematicamente duas vezes por semana. Mestre Cal ainda atua no projeto
Escola Aberta em Maranguape I e realiza todas as sextas-feiras noite rodas de rua em
Maranguape I, na RMR. Em tais Rodas, os capoeiristas aprendem que no devem jogar
contra o outro e sim com o outro. a idia do capoeirista irmo: a Capoeira como
responsvel pela instaurao de uma ligao simblica, que informa de antemo o
respeito ao outro/ irmo capoeirista.
Atuando nas comunidades, o Ginga do Corpo Negro pensa em amenizar os
problemas sociais, sobretudo a violncia e as drogas, por meio da disciplina e do
reforo aos valores. Segundo Mestre Cal, o Grupo acredita que a Capoeira tem esse
poder de mudar as pessoas, no s com o corpo, mas principalmente com a cabea.
Os Mestres afirmam que o Grupo no tem um estilo especfico, porquanto acreditam
que a Capoeira Angola essencialmente baiana e a Capoeira de Pernambuco
especfica (no disse qual a sua especificidade); diferente daquela jogada na Bahia e
no Rio de Janeiro por exemplo. Possui caractersticas prprias, envolvida muito mais
com o batuque do que com o berimbau - explicam.
Este grupo segue o sistema de graduao da linha Zulu: a primeira corda tem a cor
azul, a do aluno marron, a do instrutor - verde, do professor - amarela, do Mestre
nvel 1 vermelha e o do nvel 2 branca. Para ser Mestre, indispensvel dominar
todos os preceitos da Capoeira: cantar, jogar, tocar, liderar e mediar relaes. Tem que
ter histria, tempo (de 25 a 30 anos de Capoeira), jogo, ginga, domnio, teoria,
conhecimento dos elementos de canto e movimentos. Confecciona seus prprios
instrumentos, principalmente o berimbau, os atabaques de macaba ou fibra e, por
vezes, o pandeiro.
As comunidades nas quais atua o Ginga do Corpo Negro, apesar de serem muito
carentes e, consequentemente, no terem dinheiro para manter o trabalho, aceitam e
incentivam a prtica, estimulando os jovens a participar, o que se reflete no alto
quantitativo de integrantes no Grupo. Hoje a Capoeira bem aceita, no mais
marginalizada, forma o cidado, a comunidade de Maranguape I acha um show,
aplaude de p (Mestre Cal).

Vicente Deodato de Luna Filho, mais conhecido como Mestre Morcego, nasceu em
agosto de 1965. Desde criana, praticou artes marciais e, em 1976, teve os primeiros
contatos com a Capoeira. Na escola primria em que estudava, sua professora,
sabendo do seu envolvimento com o jud e o carat, solicitou dele e de um colega de
turma uma apresentao de Capoeira para a semana do folclore. Treinaram a
apresentao, baseados em um livro de Nestor Capoeira, principalmente em suas
ilustraes. Da em diante, no parou mais de treinar, conhecer e se aprofundar no
universo deste esporte. Treinou com Mestre Zumbi, mas tornou-se discpulo de Piraj
com quem se graduou Mestre.
Fundou e participou de vrios grupos; o primeiro deles chamava-se Nag, em seguida
veio o Grupo Tradio, que dialogava tambm com as danas de matriz africana, como
o maculel e o samba de roda e neste, Mestre Morcego pde experimentar sua

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disposio para bailarino na pea Quilombo. Em 1990, fundou, juntamente com os


Mestres Padre, Soldado e Caboclo o Grupo de Capoeira Odara, j referido.
Atualmente, junto ao mestre Caboclo, est frente do Grupo de Capoeira Cazemb,
no Alto Santa Terezinha, Zona Norte do Recife, onde ambos atuam desde os anos de
1980, principalmente no projeto Escola Aberta, na escola municipal dessa comunidade.
Afirma que se considera um Mestre com estilo essencialmente Regional, inserindo
essa caracterstica no grupo que lidera, transmitindo-o para seus alunos. O nome do
grupo de origem africana e significa sabedoria. Possui aproximadamente 120 alunos,
segundo Mestre Morcego. Desse quantitativo, 80% corresponde aos homens e 20%, s
mulheres. Alm desse dado, vale destacar que 70% do total supracitado de crianas
a partir dos cinco anos de idade.
Portanto, os mestres afirmam que o Cazemb realiza essencialmente um trabalho de
base com as crianas, na tentativa de amenizar os problemas sociais e... queremos
formar cidados e a Capoeira o meio que encontramos para isso, afirma o Mestre. A
parceria com a Prefeitura do Recife permite que todas as atividades sejam realizadas
de forma gratuita e que os Mestres sejam remunerados por esse trabalho. O Grupo
realiza treinos nos horrios concernentes ao Projeto Escola Aberta - sbado de 14:00h
s 17:00h e domingo das 09:00 h s 12:00h, bem como no Centro Social Urbano/ CSU
do Alto Santa Terezinha nas teras e quintas, no turno da noite.
O Cazemb, apesar de tambm trabalhar a Capoeira Angola na formao dos seus
integrantes, considera que seu estilo prioritariamente Regional e segue o sistema de
graduao baseado nas cores da bandeira do Brasil. O Grupo no confecciona seus
prprios instrumentos, treina naqueles que so adquiridos pela Prefeitura do Recife,
para uso do Projeto Escola Aberta.

Mestre Coca-Cola nasceu em 1956 no bairro do Zumbi, na cidade do Recife. Comeou


na Capoeira em 1967, aos 11 anos de idade, a convite de um primo que morava no
bairro do Cordeiro Zona Oeste da cidade - e participava de uma escola de samba,
pois, os passos da Capoeira ajudavam a compor as coreografias do samba. Sempre que
via a agremiao, achava interessante a maneira como os integrantes sambavam e
davam pernadas; foi l que teve os primeiros contatos com a Capoeira.
Em 1968, numa viagem a Salvador com seus pais, viu que a Capoeira era um tanto
diferente da sambada que presenciava em Pernambuco e entendeu: A Capoeira de
samba uma coisa, a jogada outra. Quando voltou ao Recife, reencontrou um
amigo na praia, de nome Lus, fazendo os mesmos golpes que tinha visto em Salvador,
o mesmo lhe indicou praticar Capoeira com o Mestre Natal na Casa Militar. Com este
seguiu por praticamente toda a sua graduao. Assim, juntamente com Lus e outros
amigos capoeiristas, Cndido e Luciano Titela, treinava sistematicamente e com
bastante disciplina.
Em 1971, fundou seu prprio grupo, a Academia de Capoeira Afox de Olinda,
sediada no bairro de Casa Caiada. Nesta, o Mestre continua atuando como principal
liderana, ministrando aulas para cerca de 25 alunos semanalmente, e ainda promove
rodas pblicas.
Segundo ele, juntamente com alguns outros Mestres como: Zumbi Bahia, Lzaro e
Galvo, este de So Paulo, pode ser considerado um dos pioneiros da Capoeira

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recente. Mas, at hoje ningum fala de Mestres mais antigos que ns, a no ser os
valentes de 1920. Se voc perguntar quem comeou primeiro, eu no vou saber, mas
quando eu montei minha academia, no tinha nenhuma outra por aqui. Ento, graas
a ns que incentivamos a Capoeira, hoje ela pode ser tida como um Patrimnio
Imaterial em Pernambuco.
Afastou-se da Capoeira entre os anos de 1980 a 1990, devido violncia no jogo e
rodas. Deixou de frequentar rodas de rua, mas continuou dando palestras sobre o
esporte/arte/luta. Em 2002, foi convidado para a primeira reunio da salvaguarda da
Capoeira no Museu da Cidade do Recife. O evento proporcionou o reencontro do
Mestre Coca-Cola com a Capoeira e uma nova concepo de jogar sem violncia, A
partir desse evento eu voltei, porque vi que a Capoeira tinha mudado e tava se abrindo
pra sociedade, confirmou.
A Academia Afox de Olinda considerada um dos mais antigos grupos ainda em
atividade. J recebeu a visita de importantes capoeiristas de Pernambuco e de outros
estados do Brasil. No incio ns ramos amadores, porque ningum imaginava que a
Capoeira fosse ter essa exploso que tem hoje em Pernambuco. Hoje, voc encontra
Capoeira em Petrolina, Arcoverde, no Serto em todo lugar, sem problema, assevera
o Mestre. Segundo ele, o Grupo tem estilo de jogo da Capoeira pernambucana, que
difere de outros lugares, como a Bahia, Rio de Janeiro e So Paulo. Tal estilo est mais
prximo da Capoeira Regional.
Atuando em uma comunidade carente, a Ax de Olinda no cobra nenhuma taxa aos
seus 25 integrantes. Tem uma filosofia de trabalho que evoca os aspectos
socioeducativos, sobretudo na valorizao da educao por meio da Capoeira. Como
ratifica Mestre Coca-Cola: Os requisitos para os alunos entrarem na minha academia
serem autorizados pelos pais e estarem matriculados na escola.
O Grupo realiza aulas teras e quintas-feiras; e rodas sempre s quintas-feiras. Alm
disso, frequentemente participa de outras rodas da cidade, porque considera
importante a troca e o reforo para uma Capoeira sem violncia. A Academia entende
que, para se tornar um Mestre no basta ter malcia, ginga, fora, flexibilidade e
talento; preciso valorizar o ser humano. Para o Mestre Coca-Cola O verdadeiro
Mestre no aquele que joga bonito e d aula; preciso ser Mestre na vida, onde o
conhecimento e experincia podem ser repassados pro aluno, ajudando na sua
formao de capoeirista cidado.

Mestre Lua comeou a jogar a Capoeira pernambucana em 1982, com Mestre Juarez,
seu irmo, mas tambm teve contato com outros Mestres, como Sapo e Corisco.
Enfrentou a resistncia dos pais para jogar Capoeira, assim como seu irmo enfrentou,
mas tambm encontrou o preconceito fora de casa: Foi uma luta, n! Primeiro dentro
de casa pra enfrentar meus pais e depois na rua... eu j sa corrido do Alto da S por
causa da polcia atirando na gente... nos incios dos anos oitenta, confessou. Mestre
Lua, na verdade, possui graduao apenas de professor, porque precisou dar um
tempo durante sua trajetria. J viajou pela Europa, tocou com Nan Vasconcelos e
Gilberto Gil, tornou-se percussionista. Tudo por causa da Capoeira.

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O Mestre no defende a prtica da Capoeira como geradora de lucro e afirma que no


consegue se sustentar apenas com essa arte. Mesmo assim, no cobra nada dos alunos
do seu Grupo, porque prefere se voltar para a dimenso social da Capoeira. Mais de
2000 jovens j passaram pelo Grupo: jovens que saram das ruas e das drogas e
tiveram suas vidas mudadas pela Capoeira. H mesmo exemplos de ex-alunos que
conseguiram sair da marginalidade e hoje tocam com o grupo do Mestre Salustiano e
com Geraldo Azevedo.
No concorda com as divises nos tipos da Capoeria: hoje h essa luta de vaidade...
porque eu sou angoleiro, porque eu sou regional... Isso eu acho a maior besteira!,
afirma, denunciando. Para o mestre, a Capoeira uma s, a Capoeira brasileira. Alm
disso, acha que as discusses sobre onde teria surgido a Capoeira no Brasil: se no Rio
de Janeiro, se em Salvador ou em Recife, no levam nada.
Acha interessante que hoje haja mais oportunidade de discutir sobre a Capoeira, pois
antes essa arte sofria muito com a marginalizao. Falou de Capoeira, eu me
escondia. Na escola, todos tinham medo de mim! Atribui o maior espao ocupado
pela Capoeira, hoje, ao papel dos novos polticos no pas. Acha que h mudanas na
viso sobre a Capoeira, com a entrada de Gilberto Gil e Lula, por exemplo, mas ainda
falta muito respeito por parte da sociedade. Mesmo assim, Mestre Lua afirma no
gostar de polticos e no quer depender deles.
Perguntado sobre como a Capoeira poderia ser ajudada, atravs das polticas de
salvaguarda, afirma que j um bom comeo o IPHAN estar fazendo essa pesquisa.
Acrescenta que importante haver discusses, sair das polticas temporrias e
pontuais. Acha que j comeou alguma coisa, agora s as lideranas e os governantes
quererem continuar.
Concorda com o cadastro dos Mestres, aqueles que trabalham srio e com uma
finalidade social. No concorda com os Mestres que s comeam a dar aula quando
aprovam um projeto. Afirma que importante incentivar discusses, levantar o
nmeros de associaes, distribuir renda para os grupos, dar apoio para merenda, etc.
Quanto aos instrumentos, o Mestre confecciona alguns, como a alfaia, por exemplo.
Mas essa atividade j foi mais intensa no passado, pois h dificuldades para manter
essa prtica, devido aos altos custos. Apesar disso, os alunos que aprenderam,
conseguem vender os instrumentos e gerar renda. Desabafa que nunca teve um
projeto aprovado em quinze anos de existncia do grupo, mas nunca deixou de ter
iniciativas e perpetuar a arte.
Ainda com relao falta de apoio governamental na rea da cultura, o Mestre, com
certa revolta, no comemora mais datas cvicas em Pernambuco, pois nunca teve
apoio para a logstica nas apresentaes dos alunos. Conta que h oito anos o Grupo
no toca no carnaval de Olinda, devido falta de apoio dos governantes. Por outro
lado, cita o fato de ter estado no carnaval de Salvador para tocar Maracatu, h dois
anos, onde recebeu reconhecimento e apoio de uma ONG.
Mestre Lua assim define a importncia da Capoeira na sua vida: a Capoeira faz chorar,
faz sorrir. Nos causa dor, mas alivia tambm a dor. Faz viver e faz morrer. Ento essa
a Capoeira, essa a nossa arte deixada pelos nossos irmos antepassados e que temos
que dar respeito a isso.

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Mestre Carrapato teve seu primeiro contato com a Capoeira em Salvador, e j


praticava outras artes, como karat. Ao voltar para o Recife, deu incio aos treinos na
Capoeira, que achou mais espontnea e livre que as outras artes. Veio para Itamarac,
em 1999, onde encontrou outras pessoas que a praticavam e comeou,
primeiramente, com Wilson e Valney e depois com Mestre Sapo e Do Vale. Foi
graduado Mestre por Mestre Ubiraj, por quem nutre bastante respeito.
Encontrou dificuldades no incio, pois no havia muito espao para a Capoeira, mas
participou de alguns projetos como o Esporte Solidrio, alm de dar aulas para os
meninos das comunidades. Atualmente atua em projetos como o Pr-jovem e o Escola
Aberta, com meninos da comunidade do PDF. Alguns alunos j repassam seus
conhecimentos em outras escolas, atravs do Projeto Escola Aberta.
Faz parte do Grupo Liberdade na Senzala, fundado em 1998, j com a segunda
gerao de alunos. O nome uma homenagem ao Mestre Ubiraj, cujo grupo se
chama Senzala. Segundo o Mestre, o grupo pratica, principalmente, a Capoeira
Regional, mas sem deixar de lado as outras modalidades. Conta com mais de 80
alunos, dos quais 15 so mulheres. Ao final do ano, h sempre uma cerimnia de
entrega de cordas, em que so avaliados os conhecimentos sobre a histria da
Capoeira e as habilidades nos movimentos. O Mestre prefere a formatura anual do que
a semestral.
O Grupo, composto por pessoas da comunidade e dos projetos nas escolas, visa um
projeto social para ajudar na educao, alimentao das crianas e dos adolescentes
carentes da comunidade do PDF e tambm no fornecimento do material da Capoeira.
Tambm praticam outras artes como ciranda, coco de roda, pastoril, maculel, etc. O
Grupo trabalha na tentativa de manter os alunos ocupados, para evitar o trabalho
infantil (nos fins de semana do vero muitos alunos vendem produtos na praia com os
pais), envolvimento com drogas e a evaso escolar.
O Grupo segue a Graduao de 21 cordas, atualmente: verde, amarela, azul. O abad
formado por cala branca, como a tradio. Com o dinheiro dos projetos, o Grupo
oferece o uniforme aos alunos. O smbolo do Grupo Liberdade na Senzala derivado
do braso de Itamarac, com o acrscimo de dois capoeristas fazendo os movimentos
da capoeiragem.
Em relao ao berimbau, o Grupo compra as cabaas no Mercado de So Jos e os
Mestres ensinam aos alunos a confeccion-lo, para que eles percebam o verdadeiro
valor dos instrumentos.
Nos meses sem chuva, a roda do Grupo Liberdade na Senzala acontece sempre na
Praa de eventos do Pilar, para mostrar o que se aprende nos treinos, sem incentivar a
violncia o que sucedia antigamente entre os grupos que se encontravam -, mas
valorizando o jogo e a dana. Convidam outros grupos para interagir e trocar
conhecimentos.
O treino realizado nas teras e quintas no Clube Municipal. Na quinta, o Mestre faz
uma roda com os alunos e s vezes com convidados, noite, com cerca de 30
capoeristas. No sbado e no domingo, participam do projeto Escola aberta.
Ao ser perguntado sobre como seus alunos enxergam a Capoeira, o Mestre afirma que
eles gostam de praticar e danar a Capoeira, mas tambm apreciam outras artes como
o coco, a ciranda. na Capoeira que aprendem a respeitar os pais, os professores e a
dar valor escola.

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O Meste v a Capoeira no Estado muito desenvolvida, atualmente. Acha que os antigos


sofriam muito preconcito, pois muitos faziam da Capoeira uma forma de briga de rua,
uma capoeira marginal, mas hoje o preconceito menor e foi conquistado bastante
espao, como os projetos nas escolas. A Capoeira deixa de ser apenas uma forma de
briga de rua e passa a ser um esporte nas escolas, nos grupo e a fazer parte de
projetos sociais. Os Mestres so mais respeitados, porque a Capoeira no se faz s nas
ruas, se faz nos centros, nos grupos, nas escolas.
Para ser um Mestre, Carrapato acha que importante estudar, adquirir conhecimento
sobre a histria da Capoeira e respeitar a prtica. Muitos esto fora do Brasil
ensinando a Capoeira. Acha que ainda h muitas incompreenses sobre se a Capoeira
africana ou brasileira. A Capoeira na frica seria uma dana, mas ainda preciso
muita pesquisa para descobrir suas origens. Mas o Mestre acha que a Capoeira
brasileira, pois o nome Capoeira tem origem no Brasil.
Apesar do desenvolvimento da Capoeira na atualidade, acha que muitos esto
ensinando a Capoeira de forma errada, estilizando-a, mudando-se os padres. Cita o
exemplo dos toques do berimbau, que antes eram 7 e hoje j so mais de 20. H
tambm mudanas nas cores dos abads, criando-se novos estilos. Os Mestres mais
antigos aprenderam na rua, praticando: possuem a Capoeira no sangue e na mente.
Agradece a Deus o que aprendeu, aos Mestres que lhe ensinaram para que ele
pudesse hoje ensinar. Cita ainda como os Mestres mais representativos de
Pernambuco: os Mestres Ubiraj, Corisco, Berilo, Joo Mulatinho, com os quais
aprendeu muita coisa, prestando ateno e sendo curioso. Aprendeu muito tambm
com Mestre Sapo, de quem levava caro e a quem deve parte da posio que hoje
ocupa.
Agradece por fim pesquisa que est sendo feita e aos que lutam pra desenvolver a
Capoeira e tirar a fama atribuida a Pernambuco, de ter uma Capoera violenta. A gente
era visto, a Capoeiragem, como briga de rua. Os baianos falavam: no, em
Pernambuco no tem capoeirista, tem brigo de rua. E a gente vai de acordo
dana!.
Mestre Catend tem uma longa histria na Capoeira, que comeou h mais ou menos
trinta anos. No incio, achava que no tinha capacidade, agilidade no corpo, e muitos
falavam que ele nunca iria jogar Capoeira, porque era muito duro. Mas esforou-se,
aprendeu rpido, superou as dificuldades, tornando-se logo professor, quando um
professor seu - Mestre Espigo -, precisou viajar e pediu que o substitusse por algum
tempo, e nunca mais voltou. Assumiu a rea de Abreu e Lima, municpio da RMR
Norte, onde j teve muitos alunos, entre os quais alguns que j se tornaram Mestres e
que trabalham com ele no Grupo Pele Negra.
Viajou para So Paulo, onde fez parte do Grupo Abolio, para no parar de treinar.
Fez parte da academia do Grupo, sendo chamado pelo Mestre para ser professor.
Depois de vencer um campeonato de Capoeira por trs vezes, foi graduado.
Quando voltou para Pernambuco, encontrou resistncia das pessoas que viam sua
graduao com desconfiana, pois achavam que a Capoeira de So Paulo era fraca. O
Mestre conta que, diante das desavenas provocadas pelos que no aceitavam sua
graduao, promoveu uma roda de Capoeira em Abreu e Lima, convidando alguns
Mestres e professores - como por exemplo: professor Ado, professor Manuel, Contra-

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mestre Dunga, Contramestre Espigo, Mestres Colorau e Meia Lua, entre outros e
colocou sua corda e seu diploma prova. T aqui o meu diploma, t aqui minha corda
as minhas cordas e aquele que acha que eu no tenho condies de usar essa
corda, a roda t aqui, a gente vai jogar e pode vim tomar! Nenhum integrante da roda
tomou a corda. Catend chamado, no dia-a-dia, ora de Mestre ora de professor,
mas diz no dar muita importncia a essa questo de ttulos.
Destaca como mestres importantes na sua trajetria, o Mestre Zumbi Bahia, que lhe
conferiu a primeira corda; depois, os Mestres Tet, Do Vale, Corisco, com os quais
aprendeu muitas coisas boas.
Trouxe o Grupo Abolio para Pernambuco, para o municpio de Abreu e Lima,
quando retornou em 1989; mas o grupo comeou a ficar bagunado e violento e o
Mestre preferiu dar um tempo, desativando-o. Logo depois, Mestre Jean o convidou
para formar o grupo Pele Negra, juntamente com Mestre Pintosa. Estava presente
nesse grupo h dois anos, no tempo da entrevista, mas visitando outros grupos na
regio.
O Mestre Catend acha difcil quantificar os alunos do Grupo que possui capoeristas
de todas as faixas etrias pois os alunos graduados ensinam em academias do Pele
Negra de outros municpios, como: Itamarac, Igarassu, Itapissuma, Cruz de
Rebouas, Abreu e Lima, Belo Jardim, Jardim Paulista, Mirueira e Olinda. Em cada
semana, por exemplo, acontecem Rodas em espaos pblicos de um municpio
diferente, que so prestigiadas pelas pessoas das comunidades, pessoas de fora, ou
mesmo curiosos.
O Pele Negra, que tem sede em Cruz de Rebouas, no possui mensalidade, mas
solicita uma ajuda aos alunos e graduados para sua manuteno e tambm para ajudar
os alunos em dificuldades financeiras, pois so majoritariamente alunos de
comunidades carentes. O Mestre conta que muitos alunos foram resgatados atravs
da Capoeira: Como ns temos exemplos hoje, aqui pertinho, de meninos que antes
eram meninos de rua e hoje so cidados do mundo, bem dizer assim, um pai de
famlia, tem seu lar, sua famlia, trabalha, tem seu emprego fixo... ento, pra gente
um orgulho.
Em relao ao estilo do Grupo, o Mestre Catend afirma que ensina a Capoeira de raiz,
mas que acrescenta um qu em cada golpe uma forma nova de executar o golpe,
uma ginga diferente: o mesmo golpe do incio, com um qu a mais. O grupo
pratica as duas modalidades: Regional e Angola, mas Catend afirma no gostar de
misturar, nos treinos, os tipos de Capoeira. O Pele Negra tambm possui mulheres
capoeristas, que no so tratadas com diferena, pois se todos treinam e possuem
fora de vontade, todos so iguais.
Segundo o Mestre, o grupo adotou uma graduao que tem origem em So Paulo, mas
que tambm foi praticada em algumas partes da Bahia e de Pernambuco:
primeiramente, verde, depois, verde e amarela, em seguida, amarela, amarela e azul,
azul tranada, azul (contra-mestre) e, por fim, branca (mestre). Os abads dos alunos
so diferentes dos graduados. A camisa dos alunos branca e a dos mestre e contramestres azul, com a logomarca do grupo na camisa e na cala.
O berimbau confeccionado pelo prprio grupo, assim como pandeiros, entre outros
instrumentos. Para se fabricar o berimbau, o Grupo vai fonte, buscar a beriba, a
madeira adequada, com bom arco e espessura. Trabalha-se com a madeira no sol,
coloca-se verniz e tinta e arma-se o instrumento. Todo esse conhecimento repassado

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aos alunos do Grupo, que aprendem, segundo o Mestre, a construir os instrumentos


da Capoeira, mas tambm a preservar a mata da qual se extrai a matria-prima.
Sobre a proliferao de academias de Capoeira, o Mestre afirma que h muitas
pessoas dando aula sem a devida capacidade. Ele denuncia que alguns Mestres
graduam alunos por dinheiro, no tendo essas pessoas a capacidade de ensinar a
Capoeira.
Por outro lado, h pessoas que no chegam a adquirir a graduao de Mestre, mas
tomam conta de academias, pois possuem uma responsabilidade social, como o
caso do Grupo Pele Negra: No mais aquela coisa de prioridade e que s o Mestre
pode dar aula, no. Se a gente tem uma pessoa, que vem com a gente j h um bom
tempo, treinando, a gente conhece a ndole daquela pessoa... ento eu digo que essa
pessoa capacitada, ento eu vou deixar ela executar aula naquele local enquanto eu
vou expandir em outra rea.
Para Catend, o que define um Mestre ser aquela pessoa capacitada pra ver o que
muitos no vem. O Mestre sabe distinguir os alunos que querem e podem aprender.
Percebem os que querem ir adiante, os que vo levar o trabalho da Capoeira pra
frente. uma capacidade que se adquire com o tempo.
Perguntado sobre o que est faltando hoje na Capoeira de Pernambuco, cita a falta de
unio: h grupos que se acham superiores e querem pisar nos grupos menores.
Tambm falta ajuda dos governantes, que no percebem a importncia da Capoeira e
sua dimenso social. Desabafa que nunca teve ajuda de nenhum poltico, nem em
poca de eleio, e que Deus que tem ajudado dando sade para ter condies de
manter a famlia e a arte que tanto gosta: a Capoeira. So essas coisas que faltam
para que nossa cultura se eleve, para que nossa cultura chegue num patamar que ela
merece.
Acrescenta por fim que as pessoas que realmente podem fazer algo em prol da
Capoeira, que olhem pelas pessoas que realmente merecem e precisam de apoio,
ajuda ou de uma palavra amiga.

Moacir Marques Dourado, conhecido na Capoeira como Dentista, iniciou-se no


esporte atravs do contato com os alunos do mestre Zumbi Bahia, como Bezerro e
Agulha, na dcada de 1970, ainda na adolescncia. Dentista j treinava jud desde os
sete anos de idade, tendo atingido, tempos depois, a faixa marrom. Em sua
adolescncia, no bairro de Mustardinha, no Recife, gostava de observar a capoeira de
rua, indo aos poucos adquirindo confiana e entrando nas rodas. Pouco tempo depois,
ele j tinha formado um grupo de rua, que se apresentava em todas as escolas daquele
bairro.
Antes de tornar-se Mestre, Dentista comeou a dar aulas de Capoeira, as quais eram
realizadas em espaos como o Centro Social da Mustardinha; a antiga FEBEN; o CAPE;
o Centro de Acolhimento Provisrio, localizado na Rua Fernandes Vieira, no centro da
cidade, onde atuava como educador de escola comunitria, ministrando aulas,
sobretudo, para pessoas de baixa renda.
Desde o comeo de sua atuao como professor, Dentista acreditou nas aulas de
Capoeira nas comunidades. Os aspectos transformador e educador dessas aulas so
sempre enfatizados em suas falas. Por outro lado, Dentista est sempre lembrando da

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importncia da capoeira de rua, como uma experincia indispensvel formao do


capoeirista.
Mesmo tendo adquirido bastante experincia nas rodas de rua, sua formao s
aconteceria no incio da dcada de 1980, com a chegada do Mestre Galvo ao Recife.
Para Dentista, ele s teria comeado a praticar Capoeira de verdade ao tornar-se
aluno desse Mestre. De 10 a 15 alunos da Mustardinha, que saram juntos para
estudar com Galvo, apenas cerca de quatro teriam continuado, dado o estilo duro do
Mestre. Para Dentista, os conhecimentos que obteve nessas aulas no se limitavam ao
jogo da Capoeira, mas dizia tambm de um modo de ser e comportar-se no mundo.
Sobre uma certa rasteira que teria levado logo no incio do contato com Galvo, em
um momento de desateno, por exemplo, Dentista afirma ter aprendido que no se
deve confiar nunca, como diz o prprio, o cabra tem que confiar desconfiando, e
repete as palavras do seu mestre, corao terra que ningum anda. Na ocasio da
ida do mestre Galvo para So Paulo, Dentista criou seu prprio Grupo, denominado
Muzamb Capoeira.
Mestre Dentista gosta de ler sobre a Capoeira, inclusive trabalhos acadmicos sobre o
assunto, mas critica a supervalorizao, por parte dos rgos pblicos, dos capoeiristas
que mantm apenas um discurso acadmico. Ele critica o destaque dado a esses
Mestres, que conseguem se promover a partir desse academicismo e da facilidade que
tm de se articularem com pessoas influentes na sociedade. Neste sentido, Dentista
enfatiza que o principal da Capoeira o jogo, a luta, uma linguagem corporal. Se o
capoeirista conhece muito, mas no entende a essncia desse jogo, ele no um
capoeirista.
Sobre a Capoeira que pratica, Dentista afirma ser a Regional. Esta se definiria pela
didtica adquirida atravs do mestre Bimba. Tudo, no entanto, seria Capoeira. A
diferena estaria na maneira de cada um jog-la. No jogo de Capoeira Regional,
percebe-se principalmente a luta. A Capoeira Angola, por sua vez, nas palavras do
Mestre, funciona mais como um faz de conta, como uma brincadeira. Mas naquela
brincadeira, adverte o Mestre, tambm existiria luta. Dentista no concorda que a
diferena entre a Capoeira Angola e a Regional estaria no fato da primeira ser mais
lenta do que a segunda. Como diz o prprio, dentro do seu jogo na roda, ela tem o
ritmo de Capoeira Angola, que o nome do toque, e So Bento Pequeno e So Bento
Grande, onde se joga rpido tambm. Uma caracterstica da Capoeira Angola,
segundo Dentista, seria a permanncia por mais tempo das mos no cho. Mas quanto
ao jogo, nela tambm se jogaria em um ritmo mais forte.
Dentista afirma que no Recife, na poca em que ele jogava com mais frequncia nas
ruas, quando o berimbau tocava o So Bento Grande da Capoeira Angola, todos diziam
que era Regional, isso no contexto da capoeira de rua. Mas, apesar dessa forma de
tratar os elementos constitutivos da Capoeira Angola, seu mestre, Galvo, sempre
distinguia o que era o So Bento Grande da Capoeira Angola e o que era o So Bento
Grande da Regional, alm de explicar com detalhes a diferena entre os toques.
Dentista chegou a fazer curso de Capoeira Angola com Augusto Janurio, que irmo
de Mestre Curi, com Mestre Jaime de Margani, com o mestre Moraes, e fez curso da
Capoeira que chamam de moderna, com o mestre Medicina. Mas sua identificao
foi mesmo com a linha da Capoeira Regional, como foi estruturada e como ensinada.
Assim, ele procura manter em seu grupo a tradio do batizado, da formatura e da

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especializao. Alm disso, procura manter o sistema das sequncias de ensino, mas
adverte que no se pode limitar-se a esse sistema. Por fim, sobre a linha que escolheu
seguir dentro da Capoeira, afirma: Minhas dvidas eu s consegui tirar na Capoeira
Regional, na Capoeira Angola eu no consegui tirar dvidas. Atualmente, o Mestre
Dentista d aulas no Clube de Cabos e Soldados da PM, em sua casa e na Escola Dom
Bosco de Artes e Oficios, no bairro do Prado, Zona Oeste do Recife.
Acrescentando algo mais sobre o Grupo Muzamb Capoeira, fundado por Dentista,
este deu seu novo endereo: no bairro San Martin, prximo da Mustardinha. Continua
seguindo a linha da Capoeira Regional e hoje mantm ncleos nos municpios de
Moreno, Cabo de Santo Agostinho, ambos na RMR, e em Garanhuns, na regio serrana
do Agreste Meridional do Estado. Conta hoje com aproximadamente 1000 membros. O
grupo misto, mas 80% dele formado por homens. O abad do grupo cala branca
e camisa branca de mangas, com o smbolo do grupo estampado no peito e atrs. Em
suas rodas, utilizado pandeiro e apenas um berimbau, ou o gunga ou o mdio:
instrumentos da Capoeira Regional. O viola, que o berimbau que se ocupa mais do
solo, no to utilizado no Muzamb.
Os instrumentos usados so confeccionados pelo prprio grupo, que aprende a fazlos com o Mestre. Aos alunos iniciantes, Dentista costuma ensinar usando papelo e
linha, pra depois passar para os materiais usados na confeco do instrumento. Em
seus ncleos em Moreno e Garanhuns, segundo o mestre Dentista, ainda se pratica
roda de rua. O grupo adota na formao dos capoeiristas o batizado, a formatura e a
especializao.

Jos Paulo da Silva Filho, o mestre Duvalli, comeou a se interessar pela Capoeira no
final da dcada de 1960, motivado pelas histrias que ouvia do seu pai, o policial
militar e msico Jos Paulo da Silva. Perguntando a este o que era Capoeira, ouviu que
era uma luta, na qual se dava muita cabeada, rasteira e se usava navalha. Sua
primeira referncia sobre o assunto, portanto, remetia Capoeira de rua. Duvalli
compara a imagem do capoeirista desta poca com a imagem equivocada que se tinha
dos comunistas, que eram perseguidos no Recife, sendo associados a pessoas
perigosas, das quais tinha que se manter distncia. Assim, os capoeiristas da poca,
segundo Duvalli, evitavam se expor. Apesar de temidos, no entanto, eram figuras
respeitadas nas comunidades.
No incio da dcada de 1970, Duvalli j conhecia alguns movimentos (golpes), que
aprendera nas ruas. Segundo o mestre, a Capoeira desta poca era completamente
diferente da que hoje praticada. A ginga o balano e os movimentos era
diferente, como tambm era diferente o seu significado, uma vez que estava associada
unicamente luta, a uma forma de defesa. No havia uma preocupao com a
Capoeira enquanto cultura, explica o Mestre, mas enquanto uma ferramenta para
enfrentar as adversidades do cotidiano. S por volta de 1972, ao observar capoeiristas
na Praa do Carmo, Duvalli tomou conhecimento da existncia das rodas de capoeira.
Segundo ele, tudo que havia aprendido at aquele momento advinha da capoeira de
fundo de quintal, no das rodas de rua. Por esta poca, o Mestre conheceu outros
capoeiristas, como Meia-Noite, e passou a frequentar as rodas.

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Por volta de 1978 e 1979, quando surgiu um espao no Centro Social Urbano de
Campina do Barreto, seu bairro Zona Norte da cidade -, Duvalli comeou a dar suas
primeiras aulas. Nesta poca, segundo ele, teriam acontecido os primeiros eventos de
Capoeira ao nvel estadual e municipal, dos quais ele participou. Em 1979, funda o
grupo Capoeira Norte, que depois ganhou vrios nomes, como Norte Senzala, Senzala
Zona Norte. Hoje, ele faz parte do grupo Ax Capoeira, presidido pelo mestre Barro.
No final da dcada de 1970, conheceu os mestres Canco de Fogo e Pirajara. Passou a
andar com o primeiro, que costumava visit-lo para conhecer seus alunos. Na dcada
de 1980, Duvalli comeava a participar com mais frequncia das rodas de rua. Decidiu,
ento, que iria tornar-se uma referncia na Capoeira do Recife. Essa busca por
reconhecimento o levou a treinar exaustivamente, com medo, segundo ele, de ser
derrotado nos confrontos com outros capoeiristas. Esse investimento teria sido a
principal causa do seu significativo nvel tcnico e de ter se tornado um dos expoentes
da Capoeira no Recife, como almejara.
Sobre o seu estilo, Duvalli afirma que os capoeiristas, de um modo geral, j eram
considerados praticantes da Capoeira de Angola, antes mesmo de ser difundido um
estilo com este nome. Segundo ele, mestre Pastinha teria criado um padro, um
ritual de Capoeira, seguindo seu prprio modo de pratic-la. O estilo praticado no
Recife, no entanto, sempre teria sido a capoeiragem - afirma, que no seguia um
padro determinado. Assim, sua maneira de jogar seguiria a tendncia da Capoeira por
ele vivida e praticada desde a dcada de 1970, que define simplesmente como
capoeiragem. O mestre est convencido de que esse estilo que predomina no Recife,
cuja principal referncia o mestre Bimba, o que denominam de Capoeira Regional.
A Capoeira hoje praticada, dada a grande quantidade de inovaes que apresenta,
frequentemente descrita como Capoeira Contempornea, denominao que muitos
no aceitam. Segundo Duvalli, quem no acompanhar essas inovaes tende a ficar
para trs. Para ele, os prprios alunos tendem a seguir aqueles que esto mais
atualizados. Haveria, no entanto, uma necessidade de o capoeirista no esquecer a
capoeiragem, que seria sua base, sua formao, sua histria contra os preconceitos
racial e cultural. A capoeiragem seria, assim, a responsvel pela luta que fez da
Capoeira uma das artes mais completas do mundo.
Quanto s inovaes, Duvalli cita o exemplo dos muitos movimentos da Capoeira que
teriam sido incorporados por diferentes artes marciais. Do mesmo modo, a Capoeira
teria incorporado movimentos dessas artes. As mudanas tambm se expressariam
pela ausncia de alguns golpes comuns Capoeira da dcada de 1960 e 1970, tais
como: cabeadas, vos-de-morcego pra frente, vos-de-morcego pra trs, rabos de
arraia e rasteiras. Assim, haveria uma necessidade tanto de incorporar as novidades
quanto de manter uma relao com o passado. Como diz o prprio, as pessoas tm
que praticar, tm que inovar, tm que crescer.
Duvalli tambm menciona o fato de hoje a Capoeira ser praticada fora dos seus eixos
tradicionais, que eram Rio de Janeiro, Salvador e Recife, tornando-se significativa a
contribuio de outras localidades, como Curitiba, So Paulo, Joo Pessoa, Belo
Horizonte, Fortaleza, etc. Assim, essas novidades viriam hoje de diferentes lugares,
contribuindo para a dinamizao e mudanas observadas.
Duvalli um dos principais praticantes e defensores da chamada capoeira de rua.
Segundo o Mestre, a dinmica do nosso cotidiano seria uma das principais causas da

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diminuio dessas rodas. Sua importncia, no entanto, seria fundamental para uma
completa formao do capoeirista, pois esta prtica seria a essncia da Capoeira.
Para Duvalli, as rodas teriam e, ao mesmo tempo, no teriam limites. Elas consistiriam
em uma oportunidade para explorar, testar e mostrar o potencial fsico e tcnico
de cada praticante. As rodas de rua tambm teriam um sentido didtico. Nelas se
aprenderia a respeitar, a ter uma viso ampla dentro da capoeiragem, bem como se
aprenderia a malcia e a malandragem da Capoeira.
O primeiro nome de capoeirista adotado por Duvalli foi Azulo. Segundo ele, a adoo
de um pseudnimo tambm serviu para proteg-lo de represlias, resultantes das
inimizades que adquiriu por participar de vrias rodas de capoeira no Recife. Assim,
como o seu nome verdadeiro era desconhecido, sua identidade e localizao eram
preservadas. Para isto, por muito tempo evitou dar aulas em locais fixos.
Duvalli adota, na formao de seus alunos, o batizado, a formatura e a especializao.
O abad do grupo cala branca e camisa branca de mangas, com o smbolo do grupo
estampado no peito e atrs. Em suas rodas, alm do pandeiro, utiliza trs berimbaus,
que so os seguintes: o gunga, considerado a base, quem determina o jogo; o mdio,
o responsvel pelo acompanhamento; e o viola, o menor dos trs, responsvel
pelas variaes. Uma parte dos berimbaus comprada e outra confeccionada pelo
Mestre e seus alunos.
Em seu jogo, Duvalli emprega os movimentos bsicos da Capoeira, que divide em trs
categorias: os de defesa, os de ataque e os acrobticos. Esporadicamente, o Mestre
organiza uma roda de rua em lugares de grande visibilidade, como o marco Zero, no
Recife antigo. Para esses eventos, Duvalli sempre convida outros mestres e grupos.
Mas os lugares em que mantm uma roda mais constante so: o Centro Social Urbano
de Campina do Barreto e a Casa da Cultura, ponto turstico do Recife, onde leciona.
Frequentam suas aulas homens, mulheres e crianas. A maioria composta pelo sexo
masculino, que chega a 60% dos alunos. Estes pertencem s classes mdia e baixa,
residindo tanto na comunidade de Campina do Barreto, quanto em diversos outros
bairros da cidade.
Duvalli fala do seu trabalho, sobretudo das suas aulas no Centro Social Urbano de
Campina do Barreto, como um projeto social, cujo objetivo contribuir para a
conscientizao e melhoria do nvel scio-cultural dos seus alunos. No Centro Social
Urbano, as aulas so gratuitas, sendo as vagas bastante concorridas.
Humberto Ferreira de Mendona, conhecido por Mestre Sapo, uma das figuras mais
representativas da Capoeira Angola em Pernambuco. Comeou a praticar Capoeira por
volta dos anos 1970, quando tinha 12 anos de idade. De acordo com seu relato, o
primeiro mestre que conheceu no universo capoeirstico foi o Mestre Marcos Coca
Cola, quando este dava aulas em Bairro Novo bairro localizado na cidade de Olinda.
Depois que foi apresentado a este Mestre, atravs de um amigo, ele comeou a
frequentar, na Praia de Pau Amarelo - municpio do Paulista, Litoral Norte do Estado -,
na pracinha do Forte, as rodas de rua. Neste perodo, teve a oportunidade de conhecer
Mestres como Zumbi Bahia e Pel - que o entrevistado costumava chamar de Mestre
Maranho. Tempos depois, conheceu o Mestre Mulatinho, que na poca ainda no
tinha recebido a corda branca. Ele ressalta que, quando comeou a treinar Capoeira,
no imaginou que um dia iria ensinar ou formar grupos; mesmo porque, segundo ele:

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... a Capoeira apareceu na minha vida como uma casa. Num foi um sonho, num foi
uma vontade, num foi um desejo. Foi pra num fazer besteira. (...) Foi pra num entrar
no mundo pesado, mas, no era um sonho ou desejo. Ele diz que seu sonho, na
realidade, era ser engenheiro ou arquiteto, contudo, sofreu um acidente na viso e
teve que mudar seus planos.
Com relao prtica da Capoeira, ele considera que, nas dcadas de 1970 e 1980,
no havia uma distino clara sobre se era Capoeira Regional ou Capoeira de Rua: nas
suas palavras:
Quando eu comecei a aprender Capoeira aqui em Pernambuco, rapaz, tinha muita
pouca Capoeira, n? Tinha o Mestre l no Morro da Conceio, que o Mestre Piraj
n? Tinha aquele aluno dele l... tinha Tet, aquele pessoal ali, n? O Mestre
Mulatinho j veio depois que nessa poca ele morava em Braslia, eu acho... chegou
aqui depois. Ento, tinha muita pouca Capoeira n? Ento assim, alguns falavam
Capoeira Regional por causa dos movimentos n? Outros falavam que era Capoeira de
Rua por onde ela acontecia, onde era praticada n? na rua, na rua. Ento... agora que
eu... na minha viso eu acho que, assim, era mais Capoeira de Rua do que a Capoeira
Regional, porque a gente num levava essa coisa da sequncia do Mestre Bimba n? Eu
nunca peguei a sequncia do Mestre Bimba, o que eu aprendi foi na rua, foi na Roda
da Capoeira n? Foi meu Mestre me ensinando aquelas coisa sem informaes que
isso seria a sequncia do Mestre Bimba que a coisa... que onde a Capoeira
Regional, n? Trabalha, n? a seqncia de Bimba.
E completa, afirmando que os capoeiristas que jogavam Capoeira de Rua jogavam
tambm Capoeira Angola e Capoeira Regional: ...ento, quando voc quisesse
mostrar o lado flexvel, o lado acrobtico da Capoeira, se chamava Capoeira Angola,
n? E quando era as pernada, se chamava Capoeira Regional.
Ainda neste perodo inicial, treinou com o Mestre Pel durante dois anos, mas o
referido Mestre teve que voltar para seu Estado de origem, o Maranho. Ento, de
acordo com o entrevistado, ele continuou a jogar Capoeira sozinho, no quintal de sua
casa e depois com alguns amigos. Foi neste nterim que ele soube que havia uma Roda
de Capoeira na Praa do Dirio j referida por alguns outros Mestres -, onde
acontecia uma das rodas mais famosas da histria da Capoeira pernambucana. Esta
roda era conhecida pela fama dos brabos e valentes que l frequentavam. Mestre
Sapo considera: Pra voc ser considerado aqui em Pernambuco, n? como bom
capoeirista, tinha que participar daquela Roda ali, tinha que ir praquela Roda ali.
Foi frequentando a roda da Praa do Dirio que o Mestre Sapo conheceu a Capoeira
Angola atravs do Mestre Cobra Mansa, que participou de um dos encontros no local.
Ento, seu primeiro contato foi visual e foi quando ele pde perceber que havia
diferena no modo de gingar, na postura e nos objetivos quando se est na Roda.
Ainda assim, continuou a praticar a Capoeira de Rua.
Tempos depois o entrevistado no precisou a poca - ocorreu o Primeiro Encontro
Nacional na cidade do Rio de Janeiro, no Circo Voador, chamado P quente, cabea
fria. O Mestre Mulatinho participou do evento e convidou alguns capoeiristas para ir
com ele; dentre estes, Mestre Sapo e Mestre Tet, que ainda no eram Mestres. Para
tal evento, o Mestre Mulatinho deu Corda para os que foram e o Mestre sapo recebeu
a Corda Roxa que na Capoeira Regional a Corda de Contramestre. A Corda Vermelha,
na poca, era a de Mestre. Ele destaca que os dois primeiros dias s se apresentaram

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grupos de Capoeira Regional, no quarto e quinto dias que se apresentou um grupo


de Capoeira Angola, composto por Mestre Joo Grande, Mestre Moraes, Mestre
Cobrinha e seus alunos. No primeiro momento, ele no percebeu que o Mestre
Cobrinha era a mesma pessoa que se apresentara na Praa do Dirio, no Recife,
tempos atrs.
Ele relata: Eu j achei diferente, interessante, a forma de Cobrinha se apresentar e,
na Roda, ele e Tet tentaram derrubar o Mestre Cobrinha e no conseguiram, e isso o
instigou ainda mais a conhecer a Capoeira Angola. Alm do modo de jogar, ele
percebeu diferenas: primeiro, nos abads, que na Capoeira Regional era cala e
camisa brancas e jogava-se descalo, na Capoeira Angola era cala preta e camisa
amarela e todos usavam sapatos. Segundo, na organizao da bateria, que era
composta por trs berimbaus, sendo um grande, um mdio e um pequeno, dois
pandeiros e um atabaque. Com respeito ao jogo, ele considera:
Tinha umas perguntas e resposta dentro, ta entendendo? Existia um dilogo ali
dentro daquele jogo, n? Num uma coisa de fora, de ignorncia, de oportunismo.
Era uma coisa de inteligncia, jogar com a mente, n? no jogar com as pernas e
braos, no. Todos estes elementos o deixaram encantado.
Depois da apresentao, Mestre Sapo foi falar com o grupo e reconheceu o Mestre
Cobrinha e este sugeriu-lhe aprender a Capoeira Angola em Salvador; mas, como no
tinha condies financeiras para fazer uma viagem at a Bahia, voltou para o Recife.
Chegando aqui, o Mestre Mulatinho deixou que ele ficasse com a Corda Roxa e dois
anos depois o prprio Mestre Mulatinho o formou num conhecido teste de
emboscada que aconteceu no Ptio de So Pedro e no qual estavam presentes
Mestre Tet, Berilo, Mestre Corisco, Jean, Baixinho, Mestre Lospra, Mestre Soldado e
outros. Depois do entrevistado jogar com todos, ele foi formado como Mestre na
Capoeira Regional.
Em 1983, surgiu-lhe a oportunidade de conhecer a Bahia, pois houve, no Recife, uma
eleio para o Sindicato dos Bancrios e uma das chapas a chapa 2 chamou o grupo
de capoeiristas da Praa do Dirio para fazerem a segurana da boca de urna no dia da
eleio. Com o dinheiro que recebeu por este servio, conseguiu ir para Salvador e fez
contato primeiramente com o Mestre Joo Pequeno, que se tornou seu primeiro
mestre de Capoeira Angola, por volta de 1986. Em 1988, viajou para a Europa e neste
perodo praticava tanto a Capoeira Angola quanto a Regional e j tinha seu prprio
grupo, o Angola Me, no qual ensinava nas segundas, quartas e sextas a Capoeira
Regional e nas teras e quintas, a Capoeira Angola. Quando chegou Europa, s
encontrou o Rosalvo, que ainda era aluno e quando chegou o Mestre Rogrio foi que
comeou a estruturar a Capoeira pelos pases que passou.
Na Europa, ele teve o reconhecimento de Mestre de Capoeira Angola, depois do meu
reconhecimento de Mestre de Capoeira que eu era aluno, muitos anos aluno. Depois
de uma reunio em Freiburg, na Alemanha, pra consertar a Capoeira, o Mestre
Cobrinha fundou a Associao Internacional de Capoeira Angola, o FICA. Ele chegou l
e disse: vamo l consertar essa Capoeira a... Vamo! Porque os menino, meus aluno,
carregava o ttulo de Professor, n? e ele questionou: oh, na Capoeira Angola no tem
professor. Capoeira Angola : aluno, trenel, contramestre e mestre. Eu digo: ento
fica com vocs. Ento os menino ficaram tudo trenel, ento, t certo! E Nino era o
mais velho, ele perguntou: e Nino? Pra mim trenel tambm. A eu perguntei: e

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eu? Eu fico como? Voc Mestre p, voc j Mestre de Capoeira. Eu digo: no, eu
no me considero um Mestre ainda de Capoeira Angola, eu ainda to aprendendo
Capoeira Angola.Mas a gente aqui... todo mundo aqui reconhece voc como mestre
de Capoeira Angola e acabe com isso. Voc um mestre de Capoeira Angola. Mas isso
ficou pra l, mas, na minha... pra mim era muito pouco, n? E continuei a aprender
Capoeira Angola, num butei camisa Mestre Sapo. At hoje num tem, num tem
Mestre Sapo.
Ele acrescenta que os Mestres Joo Pequeno, Joo Grande e Cobrinha sempre o
incentivaram a deixar a Capoeira Regional e se dedicar exclusivamente Capoeira
Angola, mas ele diz que fazer esta escolha no foi nada fcil. Mas, era a Capoeira
Angola de que ele, de fato, gostava, pois, foi onde eu vi que pra voc mostrar que
uma pessoa inteligente, objetiva, no precisa da fora, s a tcnica e isso me pegou,
n? Tipo, eu fui criado no meio da violncia, a Capoeira que eu aprendi foi no meio da
violncia, meus Mestre me ensinou a ser violento, ento, por isso que eu tive que ser
violento. Se voc quisesse ser famoso, voc tinha que ser violento. (...). Ento, eu
queria ser bom no que fao. Havia discriminao do pessoal da academia e isso
estimulava a ser violento. E completa: Eu ganhei fama porque era um cara brigo.
O entrevistado ainda acrescenta que, se hoje estivesse na Capoeira Regional, no
estaria vivo, devido quantidade de inimigos que teria e que hoje eu num me
arrependo, eu s queria ter conhecido a Capoeira Angola antes (...) porque hoje a
minha viso de Capoeira totalmente diferente da viso que eu tinha quando fazia
Capoeira Regional.
Ao retornar ao Brasil, depois de 12 anos, entrou em contato com o Mestre Cobrinha
(Rogrio) e fez um workshop de Capoeira Angola, e este continuou a insistir na idia de
que ele optasse pela Capoeira Angola apenas. No dia 28 de maro de 2008, ele recebe,
formalmente, o ttulo de Mestre pelas mos do Mestre Cobrinha (Rogrio) e esta
formatura surgiu da necessidade de formar um Contramestre que era seu aluno do
Mestre Sapo chamado Rogerinho. A eu digo: Mestre [referindo-se a Rogrio], como
que eu vou formar um aluno se eu num sou formado, sou reconhecido? Desta
maneira, foi formado Mestre de Capoeira Angola que, para o entrevistado, um tipo
de Capoeira muito diferente da Regional, porque tem muita expresso e um elo
muito forte com a tradio africana que na Regional no tem. E completa:
Eu acho que esse que diz que faz Capoeira Angola e faz Regional, ele pode at fazer
mas num vai conseguir ser um bom angoleiro no; num vai no, porque eu acho que,
antes de tudo, voc tem que preparar o esprito. Pra ser angoleiro, voc tem que
preparar o esprito, cara. N preparar as perna e os brao como muita gente faz na
Regional (...) j pra num cair nessa de luta, no. Capoeira Angola, tudo bem... uma
luta tambm, mas um jogo, cara. Jogo de Capoeira.
O lado histrico, da raiz, da tradio tambm chamou ateno do Mestre Sapo. Afirma:
Fiquei muito tempo na Regional por causa do dinheiro, cara. Ele explica que quando
fazia as apresentaes na Europa, o pblico gostava mais das apresentaes da
Capoeira Regional porque tinha mais pernadas, movimentos acrobticos e empolgava
mais. H 20 anos que ele optou apenas pela Capoeira Angola e diz que no se sentia
completo praticando os dois estilos.
Aqui no Brasil, ento, consolidou o seu grupo que continua a chamar Angola Me. Vale
ressaltar que este grupo foi fundado em 24 de setembro de 1981. Atualmente

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funciona com duas turmas de 25, 30 alunos, em mdia. Participam do grupo crianas e
adultos e existe certo equilbrio entre o nmero de homens e mulheres. A maioria da
classe pobre e os integrantes so pessoas da prpria localidade de Olinda. Todos os
domingos, h roda aberta por volta das 18:30 s 21:00h. O abad atual cala branca
e camisa amarela mas, ele relata que antes se usava cala preta e camisa amarela, para
distinguir da Capoeira Regional.
Alguns Mestres da Capoeira Angola, como Mestre Joo Pequeno, usavam o abad todo
branco, mas o simblico era cala preta e camisa amarela porque... no porque seja
um uniforme da Capoeira Angola, ficou por causa de uma tradio do Mestre Pastinha,
que ele gostava do Ipiranga que era preto e amarelo, o time de futebol. Depois que a
gente soube n? que foi por causa do time de futebol a, ns l da Europa, vamos fazer
nosso movimento de Capoeira Angola, eu, Mestre Rogrio e Mestre Rosalvo,vamos
conversar. Qual a origem da Capoeira? A iniciao da Capoeira comeou aonde?
frica, n? NGolo, a dana da Zebra. Ento, se originou da dana da zebra, ento,
vamos botar cala preta e camisa branca, na Europa. A Capoeira Angola na Europa
cala preta e camisa branca. E aqui no seu grupo do Brasil permaneceu cala preta e
blusa branca. No grupo no h relao entre Capoeira e religio e a bateria
organizada conforme a tradio da Capoeira Angola: trs berimbaus (gunga, mdio e
viola), dois pandeiros, um agog, um reco-reco e um atabaque.
No concernente aos movimentos, Mestre Sapo considera: Um movimento que
caracterstico dos fundamentos da Capoeira Angola o rabo de arraia n? o rabo de
arraia. um movimento que hoje voc num v, voc num v na Capoeira Regional. Se
v meia lua solta ou meia lua de compasso que com uma mo. O rabo de arraia a
gente d com as duas mo no cho. o movimento bsico, n? da Capoeira Angola. E
a roda comea com as ladainhas, depois vem a saudao e os corridos. No tocante
Capoeira pernambucana, ele atesta: A Capoeira de Pernambuco uma baguna e
para ele a expresso fazer Capoeira completamente errada, pois, ele aprendeu
com um mestre na Bahia que Capoeira no se faz porque Capoeira j feita, voc
joga Capoeira.

O interesse do Contramestre Arapinha pela Capoeira surgiu ainda na infncia, quando


tinha entre 10 a 13 anos de idade. Aproveitava as idas ao centro da cidade com a me
para ver as rodas de capoeira. Cita como exemplo a roda que acontecia na Praa do
Dirio. Comeou a praticar Capoeira em Dois Irmos - bairro da Zona Oeste do Recife -,
a partir da indicao de um amigo que j praticava. Iniciou sendo aluno de Mestre
Corisco, quando tinha aproximadamente 15 anos.
O grupo se encontrava na Universidade Federal Rural de Pernambuco/ UFRPE, prximo
localidade onde ele morava: Crrego da Fortuna. Seguiu como aluno desse Mestre
at se graduar como professor; saiu ento do grupo e permaneceu sem Mestre.
Destaca que, apesar de ter interrompido o treinamento com Mestre Corisco, ainda o
considera como o seu Mestre. J no batismo de Contramestre contou com a presena
dos Mestres Mulatinho, Berilo, dentre outros. Faz a observao que, apesar de ser
Contramestre, pratica Capoeira h aproximadamente 24 anos.

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Ao deixar o grupo do Mestre Corisco Chapu de Couro, juntamente com Ferrugem


e Nenm, montaram o Grupo de Capoeira Ginga Brasil, do qual faz parte at hoje. O
grupo tem mais de 17 anos de existncia e - segundo Arapinha - um dos maiores
grupos de Pernambuco. Atua em diversas localidades: Camaragibe, So Loureno
municpios da RMR, Goiana municpio da Mata Norte -, Olinda, e a sede continua na
UFRPE.
Alm dos locais j citados, o Grupo realiza trabalhos em outros Estados e fora do pas.
Na sua composio, conta com uma mdia de dez a doze professores, trs contramestres - Arapinha, Quat e Jacar - e cinco ou seis formandos. A maioria dos
professores foi formada no prprio grupo; havendo alguns vindos de fora.
O grupo utiliza a graduao Zumbi Tabosa, uma das mais tradicionais. J utilizaram
outras formas de graduao, mas acreditam ser essa a mais adequada para o estado
de Pernambuco. A graduao segue a seguinte configurao: azul: aluno iniciante;
marrom: graduado; verde: professor; amarelo: professor formado; roxo: Contramestre; vermelho: Mestre; branco: Mestre dos Mestres. Para referenciar um nvel
intermedirio, junto corda da sua graduao, acrescenta-se uma corda branca. Com
referncia graduao, um questionamento que levantam o fato de existirem
Mestres formados entre 5 e 10 anos de Capoeira. Consideram que para ter a corda de
Mestre preciso ter, no mnimo, 20 anos de Capoeira.
O Ginga Brasil ensina Capoeira Regional, com fundamentos do Mestre Bimba;
contudo, dependendo do professor, o ensino da Capoeira Angola pode ocorrer em
maior ou menor intensidade, at o caso de no ser ensinada. O Contramestre descreve
que na poca em que se iniciou na Capoeira no havia uma clara distino entre o tipo
de Capoeira praticada, se Angola ou Regional, etc. Jogava-se tanto uma como outra.
Hoje, j se observa uma grande distino entre as duas modalidades. Existe uma
diferenciao que engloba elementos do instrumental, dos golpes, movimentos e
vestimenta.
O abad utilizado pelo grupo uma cala branca de helanca e uma camisa de malha
branca. Costuma-se usar na academia trs variaes de ritmos: So Bento Grande o
da Capoeira Regional de Mestre Bimba -, executado por um berimbau e dois
pandeiros. Dependendo do clima da roda, insere-se uma banguela para variar o ritmo.
O estilo Regional pode-se tocar com trs berimbaus, um atabaque e dois pandeiros.
Sobre a confeco do berimbau, Arapinha faz um alerta que a biriba est ficando
escassa, e que os capoeiristas precisam ter cuidado com a retirada e buscar tambm
outras madeiras.
As rodas organizadas pelo Grupo ocorrem na Universidade Federal Rural de
Pernambuco/ UFRPE, em So Loureno, San Martin e Camaragibe Zona Oeste da
RMR. So as rodas que tm maior aglomerao de pblico e componentes do Grupo. A
seleo do local rotativa, voltada ao intercmbio entre alunos e professores; sendo
assim, no h um dia especifico. Os dias e locais so definidos nas reunies, focando a
necessidade de levantar o Grupo. Essas rodas sempre atraem uma quantidade de
pessoas, principalmente quando realizadas em locais mais voltados ao turismo, como o
caso do Recife Antigo. O maior intuito dessas rodas divulgar o grupo e buscar
quebrar a imagem que se tem da Capoeira associada violncia. Isso feito atravs da
exibio mais da dana e do jogo, mas sem desprezar o carter da luta na Capoeira,
que tambm no pode ser perdido. Por isso, o jogo tem lugar e hora certa e limites.

50

Essa associao da imagem da Capoeira com a violncia se d, segundo o contramestre, porque antigamente existia uma relao mais conflituosa entre os grupos, o
que, em muitos casos, ocasionava brigas nas ruas. Justamente por isso, considera a
Capoeira em Pernambuco muito atrasada, no sentido da unio entre os Grupos e
Mestres. Acredita ser por isso que a Capoeira em Pernambuco no desenvolveu tanto.
Atualmente, Arapinha ministra aula na UFRPE e na academia Plataforma. Comeou
recentemente a trabalhar em outros lugares, incluindo ONGs. A partir da sua
experincia de trabalho, observa uma clara distino entre o pblico da academia e da
UFRPE. O pblico da academia tem mais interesse no exerccio fsico e no h um real
interesse em ser capoeirista, sendo assim, no criado um vnculo forte com a
Capoeira. Entre os participantes da UFRPE, porm, j formou professores. Essa
distino serve para exemplificar que o capoeirista surge no trabalho com as
comunidades carentes. A insero da Capoeira nessas comunidades est associada ao
fato da boa aceitao e por no ser necessrio muito custo de material.
No ensino da Capoeira, no v motivo para separar a turma por sexo, raa, questo
social ou qualquer outro tipo de distino, muito pelo contrrio: deve-se buscar a
aproximao entre os diferentes, mas sempre respeitando os diversos ritmos de
aprendizado. Hoje, encara que as mulheres esto mais prximas da Capoeira, apesar
de no ter ainda uma Mestre mulher3. interessante notar que, na academia onde
ensina, a participao feminina chega a ser 70% do total de alunos.
Tratando especificamente do trabalho realizado nas comunidades, h uma
preocupao do Contramestre em fazer uma avaliao dos alunos antes de entrar na
Capoeira e depois. Tal avaliao feita atravs do desempenho do aluno na escola e
seu comportamento em casa. Atrela sua funo de professor de Capoeira de
educador, passando a vivncia e os ensinos da Capoeira e associando estes
cidadania.
Alm de professor de Capoeira, o Contramestre est cursando educao fsica na
Universidade de Pernambuco/UPE, e acredita que esse conhecimento acadmico
pode trazer novos conhecimentos que devem ser diretamente associados Capoeira:
como, por exemplo, a boa execuo dos movimentos, evitando assim contuses.
Essa aproximao da Capoeira com a educao fsica pode ser observada no objetivo
pretendido por Arapinha: como o curso de Capoeira ministrado na UFRPE, realizado
pela Pr-Reitoria de Extenso e Ncleo de Educao Fsica, ele est buscando inserir o
ensino de Capoeira como uma disciplina eletiva naquele Ncleo, o que j acontece na
UNICAP com o Mestre Corisco.
Ao tratar sobre as diferenas entre a Capoeira do Rio de Janeiro, Bahia e Recife, faz a
seguinte distino: no Rio, a Capoeira mais vista como um esporte, na Bahia est
mais associada questo cultural, preserva mais as caractersticas e aproxima-se do
carter turstico capoeira mais folclrica, com mais floreios. J em Pernambuco,
antigamente havia uma forte distino entre a Capoeira de academia e a de rua. A
3

A entrevista foi dada em 2009, muito antes da graduao de Mestra de Isa Mulatinho, em setembro de
2010.

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capoeira de rua era mais violenta mais carrasca e a da academia mais leve. Alm do
fato da relao entre estes dois grupos ser bastante conflituosa e, em muitos casos,
violenta. Hoje, ocorre mais uma mescla entre as duas. No existe tanta diferena entre
os dois modos de jogo, devido principalmente internet e a DVDs com vdeos de rodas
e cursos. O acesso aos diferentes estilos bem mais ampliado. O que causa, para o
Contramestre, uma certa padronizao; no entanto, as diferenas continuam a
existir entre a Capoeira praticada entre os diversos Estados e regies do pas.

O Contramestre Dind, que a mais de 20 anos pratica Capoeira, iniciou seu


treinamento com o Metre Bem-te-vi na Vila de Ponte dos Carvalhos, municpio do
Cabo de Santo Agostinho. Foi batizado como Contramestre pelo Mestre Mulatinho e
hoje faz parte da Federao Pernambucana de Capoeira. O Mestre que o iniciou na
Capoeira, Mestre Bem-te-vi, reside no Cabo de Santo Agostinho, mas mora tambm
em Tamandar, trabalhando como caseiro.
Para o Contramestre Dind, a principal dificuldade em trabalhar com a Capoeira vem
da falta de apoio financeiro e do ainda persistente preconceito, sofrido principalmente
pelo fato da constante associao da Capoeira violncia. Seu trabalho realizado a
partir de aulas e treinamentos nas escolas da regio de Ponte dos Carvalhos, em
alguns casos pelo projeto Escola Aberta, em outros atravs da uma relao direta com
a direo da escola. As escolas onde ensina Capoeira so localizadas em bairros
carentes. O ensino gratuito. A partir da participao nos grupos de Capoeira, j se
nota uma mudana nos alunos. Cita o exemplo de pais que vieram agradecer pelo
trabalho. Fora este trabalho, realiza tambm rodas em praas e em outros espaos
abertos; contudo, hoje h uma procura maior de espaos fechados e centralizados,
para evitar que entrem na roda pessoas que buscam brigas.
Nas turmas, nota uma maior participao masculina e acredita que existe um certo
preconceito contra as mulheres, o que impede sua participao. Em relao ao perodo
para a mudana de graduao, ele segue a recomendao do Mestre Mulatinho. O
perodo, em mdia, vai de 2 a 3 anos para mudar a graduao.
O abad utilizado feito de helanca branca e uma camiseta de algodo branca. Na
graduao, o modelo seguido o da Federao Pernambucana de Capoeira, que,
segundo ele, vem mudando as cores e quantidade das cordas, como j foi descrito
acima. Os Mestres que podem usar a corda branca na Federao, so os seguintes:
Mulatinho, Corisco, Bem-te-vi, Marco Angola, Tet, Barro, Zebel, Nem Cangalha,
Dentista, Renato, dentre outros.
A formao dos instrumentos para a roda de Capoeira so: dois berimbaus, dois
pandeiros e um atabaque. Visualiza do seguinte modo a diferena entre a Capoeira
Angola e a Regional: esta apresenta uma movimentao mais em cima, e a Angola
uma Capoeira mais rasteira, com movimentao mais embaixo. Trabalha tambm
com as danas: o maculel e a puxada de rede.
O Contramestre Dind, sempre trabalhou e viveu da Capoeira; mas hoje exerce a
profisso de pintor automotivo, tambm. Em outros momentos, atuou em projetos da
prefeitura como o PET/ Programa de Erradicao do Trabalho Infantil e Agente Jovem.

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Ressalta a necessidade de apoio dos rgos governamentais, principalmente da atual


gesto municipal. Na gesto anterior, havia uma maior parceria entre governo e
capoeiristas. O argumento recai na importncia da influncia da Capoeira (dana,
cultura, luta) na gerao de bem estar para o corpo e mente, e apoio no
desenvolvimento das crianas.

Elias Sebastio da Silva conhecido no meio da Capoeira como Professor Peixe.


Comeou suas atividades na Capoeira em 1988 em Olinda com o Mestre Sapo, onde
passou 3 anos, indo depois praticar a Capoeira na rua. Alguns dos locais preferidos dos
capoeiras eram a Praa do Dirio e a Praa Treze de Maio, esta tambm no Centro do
Recife. Em 1996, o professor Peixe comeou a fazer o trabalho de Capoeira no
Municpio do Paulista, representando o Grupo Muzenza do Rio de Janeiro.
Resgatando as crianas das ruas e trabalhando com o projeto Escola Aberta, ele fez
oficinas de Capoeira em Paris, Portugal e Espanha. Ele diz que pratica a Capoeira
Regional, mas alguns Mestres opinam que se trata de Capoeira Contempornea, a
qual, aqui em Pernambuco, chamavam e uns poucos ainda chamam de
Capoeiragem. Segundo ele, hoje a Capoeira o maior divulgador da lngua
Portuguesa pelo Mundo. Ele deve Capoeira o que ele hoje, confessa.
O grupo de Capoeira Muzenza no tem sede prpria aqui no Estado, foi fundado no
Rio de Janeiro em 1972. Hoje fazendo parte deste Grupo, o professor Peixe d aula na
comunidade do Paulista e realiza eventos capoeirsticos. O Muzenza em Pernambuco
trabalha sem fins lucrativos. Para participar deste Grupo, as crianas devem estar
frequentando a Escola; a participao das mulheres vista como importante: elas
desejam praticar a Capoeira como exerccio fsico e mental.
Apesar de no terem apoio governamental, os professores do Grupo trabalham para
dar identidade aos jovens e adultos que os procuram. Segundo o Professor Peixe, a
Capoeira deveria fazer parte do currculo escolar. Muzenza significa luta, fora, unio
dos grandes deuses Africanos. Para maior conhecimento do Grupo, existe o site:
WWW.Muzenza.com.br
PAPEL DAS MULHERES NA CAPOEIRA: REFLEXES A PARTIR DE PERNAMBUCO:
Texto de autoria da pesquisadora Jacira Frana, com a participao da pesquisadora Lvia
Moraes
Cada local que faz capoeira tem que
responder aos anseios daquelas pessoas
que fazem capoeira e tem que ter a cara
dessas pessoas. (Izabel Cordeiro uma das
mulheres entrevistadas no Levantamento
Preliminar da Capoeira em Pernambuco)

Desta forma, qual a cara da Capoeira Pernambucana? Existem vrias respostas para
esta pergunta, mas falemos ento da perspectiva das mulheres, mais especificamente

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dos debates travados no grupo cor de rosa choque que um projeto que foi pensado
por um grupo de mulheres que fazem parte do Centro de Capoeira So Salomo e que
se rene todos os sbados para treinar, jogar e debater sobre Capoeira. um grupo
aberto para outras mulheres capoeiristas e visitantes de um modo geral.
No dia 18 de julho, depois do treino e da roda de capoeira realizados por aquele grupo,
o debate girou em torno da Capoeira como Patrimnio Histrico e Artstico Nacional.
De forma sistemtica, as principais questes foram:
No dia 15 de julho, a Capoeira completou um ano como patrimnio nacional,
oficialmente reconhecido, e o que foi feito? No houve divulgao deste fato, e o mais
questionvel: o Festival de Inverno de Garanhuns municpio situado na Zona
Montanhosa de Pernambuco o qual, teoricamente, seria para referendar as nossas
manifestaes culturais em sua totalidade, no aprovou nenhum projeto, oficina ou
coisa do tipo com relao Capoeira. Foi explicado que importante estabelecer um
dilogo entre rgos que trabalham com a questo patrimonial e os prprios
capoeiristas para juntos encontrarem possveis solues de insero desta em
atividades culturais, no Estado.
Quando algum capoeirista vai ao Exterior para dar aulas, passar o seu saber, ele no
pode explicitar este motivo. Tem que dizer que vai fazer turismo. No seria o caso do
Ministrio da Cultura tentar criar uma espcie de passe livre para quem vai
transmitir determinadas manifestaes culturais como a Capoeira? (neste momento o
Mestre Mago estava presente e tambm reforou esta questo).
Como fazer com que as polticas de salvaguarda saiam do papel e entrem na prtica?
As mulheres capoeiristas ressaltaram que falta incentivo para o trabalho dos grupos e
Mestres. Colocamos que este um processo demorado e que requer um tempo de
luta, dilogo e mesmo de unio. J tinha sido ressaltado em outros momentos que a
Capoeira pernambucana rica em termos de diversidade, mas falta dilogo.
No dia 25 de julho, o cor de rosa choque completou 6 meses de atuao e foi bem
interessante, porque estavam presentes no s as mulheres do prprio grupo como
tambm duas capoeiristas italianas, uma americana, uma de Braslia (que treina com
uma mestra de Capoeira) e mais umas 3 ou 4 de outros grupos de Pernambuco. Os
pontos mais importantes foram:
1. Relatos das prprias experincias nos grupos, apontando os processos internos
de reconhecimento. Algumas fizeram parte de grupos em que eram as nicas
mulheres da roda. Falaram tambm sobre as dificuldades enfrentadas com a
maternidade, o trabalho, a exigncia fsica, que demandada na Capoeira (vi
isso na prtica! A minha primeira aula de capoeira com as meninas do grupo
me deixou quebrada por trs dias. So movimentos que mexem com cada
parte do corpo e exigem tcnica e fora), escreve Jacira.

2. O quantitativo de mulheres nos grupos: no Brasil, visvel que o nmero das


mulheres menor e em muitos grupos encontram-se o preconceito e o

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machismo (a quebra deste padro machista depende muito da influncia dos


Mestres pois, se este d valor e no discrimina, o grupo tambm o segue). A
americana falou que nos EUA, em alguns grupos, o quantitativo entre homens e
mulheres chega a ser igual e no h preconceito: todos tm vez e voz. As
italianas falaram que h um diferencial quantitativo entre mulheres e homens,
no seu pas, mas no h tanto preconceito quanto no Brasil.
3. O grande debate foi em torno do empoderamento que as mulheres esto
iniciando dentro da Capoeira, e como isso necessrio para reafirmar a
importncia da mulher neste espao. Um dos primeiros passos nesse sentido
so os Encontros: as mulheres j realizaram 3 encontros em Braslia, enfocando
na questo do papel das mulheres. Foi divulgado tambm que entre os dias 21
e 23 de agosto (de 2009), ocorrer (ocorreria, no caso) em Fortaleza o 5
Simpsio Internacional de Capoeira.
4. Em seguida, participamos do almoo, no qual a interao foi ainda maior
porque todas foram convidadas a participar do grupo de discusso na internet
do cor de rosa choque e manter contato, abrindo o espao de debates. (Este
grupo do yahoogrupos e foi feito no dia 20 de julho e sou uma das
associadas), arrematou Jacira.
E continua, nossa pesquisadora: No sbado seguinte, tambm teve treino e roda.
Como cheguei s 10:30, s vi a parte dos debates, a roda final, e participei do almoo,
que terminou s 14:00. Tem as fotos da roda e do debate tambm, que depois vou
pegar com as meninas. Estou pensando em escrever um texto depois sobre o papel
das mulheres, completou.
FALAM AS MULHERES CAPOEIRISTAS: ELAS MESMAS E SUAS PARTICIPAES:
Luciana Ebuliani presidenta da Associao dos Capoeiristas do Ipojuca e do projeto
social denominado Projeto Moleque Virado, que funciona em Nossa Senhora do ,
vila e distrito do municpio de Ipojuca. De acordo com a entrevistada, o seu contato
com a Capoeira se deu h 8 ou 9 anos, quando um grupo de amigos, do qual ela fazia
parte, comeou a jogar capoeira de rua. Contava com oito integrantes que se
encontravam s vezes para jogar. Um dia, o grupo recebeu um convite de alguns
portugueses para se apresentarem num hotel. Da percebeu-se, relata a entrevistada,
que se quisessem ganhar dinheiro com apresentaes, tinham que melhorar no
sentido de todos usarem um mesmo abad e treinar mais. Esta idia no foi levada
adiante porque muitos dos integrantes quiseram utilizar o dinheiro das apresentaes
de outra forma e muitos no aceitaram bem a questo de um treino mais sistemtico.
Desta forma, surgiu a idia de trabalhar com crianas.
Atualmente, a Associao funciona em Ipojuca, mais especificamente em Nossa
Senhora do e conta com uma mdia de 35 participantes, dos 7 aos 15 anos de idade.
A idia tratar da Capoeira numa perspectiva profissionalizante, para a rea de
recreao hoteleira. Dentre os participantes, h apenas 5 meninas no grupo. O abad
utilizado todo branco com o emblema que se refere bandeira de Ipojuca a
bandeira tem um rio e do lado das margens dois ps de cana-de-acar e um coqueiro.

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Para o abad, no lugar do rio ficou o berimbau e no lugar das duas canas ficou a
simbologia de dois capoeiristas. Com relao ao berimbau, a madeira retirada da
mata e trabalhada pelos prprios integrantes do grupo para faz-lo. A grande
dificuldade que o grupo no tem sede prpria, e como os alunos no pagam
mensalidade, o grupo tem que ir em busca de patrocnios para os batismos, as viagens,
os abads etc. Como tambm no h um Mestre no grupo, os responsveis procuram
sempre convidar Mestres de outras localidades, como Mestre Mulatinho, Mestre
Espinhela, Mestre Mago, Mestre Piraj, entre outros.
Os integrantes so crianas e adolescentes carentes da localidade. Um dos requisitos
para participarem do grupo estarem estudando na escola formal. As rodas so feitas
numa praa e h treinos toda tera e quarta das 19:00 s 22:00h. Acontecem neste
horrio para que no haja choque com os horrios das aulas no ensino formal, que
acontecem nos turnos da manh e da tarde e tambm por ser numa praa; se os
treinos fossem no perodo diurno, o sol atrapalharia bastante. A participao da famlia
constante, principalmente das mes.
Hoje, o grupo tambm faz apresentaes de afox, maracatu, samba regae, maculel
entre outros porque, de acordo com Luciana Ebuliani, s com a apresentao da
Capoeira no estaria mais funcionando.
Para Luciana Ebuliani, a Capoeira vista como arte e por este motivo existe todo um
trabalho no grupo para que os alunos no se machuquem. Nas palavras da
entrevistada a Capoeira show, a Capoeira arte, a Capoeira bonita de ser vista.
Ela tem que ser mais divulgada, acredita a entrevistada, especialmente com crianas e
adolescentes. preciso tambm trazer os antigos mestres para o contato com os
grupos. No concernente participao das mulheres, ela destaca que ainda h muito
preconceito dentro da Capoeira, porque os homens querem mostrar fora dentro do
grupo.
Alm da discriminao com relao ao gnero, h tambm a preparao: de acordo
com ela, a mulher no tem o mesmo ritmo que os homens, e outro fator que eu acho
a questo de voc querer realmente ser capoeirista. Eu acho que a Capoeira, por ter
vindo de Mestre Bimba, Mestre Pastinha, veio de uma histria de geraes e geraes
s com homens; e como a gente est comeando agora, eu acho que falta um bom
tempo ainda para essa Capoeira ser vista com bons olhos, tanto pela sociedade quanto
pelas prprias mulheres que jogam. Pelo menos, o que eu sinto a nvel de Brasil, a
nvel de Pernambuco.
Ela ainda acrescenta que muitos amigos seus que trabalham com a Capoeira no
Exterior relatam que no h tanto preconceito assim l fora. E finaliza: a
participao est crescendo, mas ainda falta muita coisa para fazer.
Depoimento de Izabel Cristina de Arajo Cordeiro (Bel):

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A entrevistada comeou a observar a Capoeira desde criana em Olinda, e em 1979


sua irm se iniciou na Capoeira com o Mestre Marco Coca-cola, o que tambm foi uma
forma de contato. Efetivamente, entrou para este universo em 1989, quando praticava
a somaterapia e esta indicava a Capoeira como auxiliar teraputico importante. Da
conheceu o Mestre Corisco e o grupo resolveu convid-lo - na poca ele era
Contramestre - para dar aulas. A entrevistada ento frequentou na poca a Academia
de Maria Eduarda importante bailarina em Pernambuco , em seguida foi para a
Academia Livre Acesso e depois para a Academia Espao Novo, que era dos pais de
Daniela Gouveia, tambm capoeirista (cf. ficha abaixo).
Depois deste perodo de, em mdia, um ano e meio, foi para So Paulo e l fez
Capoeira com um aluno do Mestre Suassuna, onde teve contato com um outro tipo de
Capoeira, porque havia, segundo Izabel Cordeiro, um intercmbio muito grande entre
os grupos, devido s viagens que faziam para outras cidades do interior. Era uma
Capoeira pra fora, diferente da Capoeira Pernambucana, mais voltada para as pessoas
do grupo. Mesmo em So Paulo, sua preocupao inicial em entender a histria da
Capoeira e os seus aspectos subjetivos continuou. Na especializao que fez na
UNICAMP, tentou relacionar a Capoeira e o esporte.
Quando retornou para Pernambuco, dois anos depois, continuou praticando a
Capoeira e reencontrou o Mestre Mago, que na poca ainda no era Mestre e surgiu a
oportunidade de realizar muitos projetos de Capoeira juntos - hoje eles so casados.
Alm de viagens, conheceu muitos Mestres, o que favoreceu a sua pesquisa de campo
que, de acordo com a entrevistada, foi mais que uma pesquisa de campo, foi uma
pesquisa biogrfica porque eles se hospedavam nas casas dos Mestres e isso ajudou-a
bastante quando fez o mestrado em Antropologia na Universidade Federal de
Pernambuco, na qual apresentou a dissertao intitulada Capoeiras do Recife: entre
o novo e o antigo, defendida em 1999.
Ela tambm foi uma das fundadoras do Centro de Capoeira So Salomo, juntamente
com o Mestre Mago e desde 1997 d andamento, como assessora pedaggica, ao
Projeto Caxinguel, que voltado para crianas da comunidade do Pina. Neste projeto,
o carro chefe a Capoeira, na qual os participantes encontram um instrumento
educativo. A idia que a Capoeira se torne inclusiva, mesmo porque ela uma
prtica dos excludos, de resistncia cultural.
Em 2009, Izabel Cordeiro recebeu a corda de professora do grupo; ministra uma
disciplina sobre Capoeira na Universidade de Pernambuco (UPE) desde 1996 e j viajou
para pases como Itlia e Estados Unidos. Em janeiro de 2009, esteve na Califrnia e,
ao retornar ao Brasil, sentiu-se motivada a criar um espao de debates com as
mulheres em Pernambuco; percebendo que no grupo So Salomo havia mulheres que
tinham certa dificuldade em praticar Capoeira diariamente por conta dos filhos, do
trabalho, surgiu a idia de criar o grupo Cor de Rosa Choque, que acontece todos

57

os sbados no horrio das 9:00 as 12:00, com mulheres do So Salomo e de outros


grupos. um espao onde as mulheres treinam, jogam, cantam e debatem sobre
Capoeira.
No concernente ao papel das mulheres, ela coloca que vem percebendo um
movimento crescente das mesmas na Capoeira, mas ressalta: em quase tudo que eu
pesquisei na Capoeira, as mulheres no falam delas. Na Capoeira, sempre algum
[homens] que fala; e quando fala, se refere s mulheres num tom pejorativo de 'Maria
12 homens', 'Maria folgazeira'. Como mulheres que deixaram de ser mulheres para se
tornarem capoeiristas e questionando um pouco isso, resolvi fazer um livro com a
perspectiva das mulheres. O livro se chama A mulher entrou na roda: olhares
femininos sobre a capoeira em Pernambuco que rene capoeiristas antigas e novas
contando suas dificuldades, experincias e a sua afirmao na roda.
Ela acrescenta: As mulheres entraram e saram da Capoeira muitas vezes em
Pernambuco, exatamente por questes da maternidade, por causa das questes
profissionais e as resistncias familiares como um todo. E a Capoeira como jogo
muito recente em Pernambuco porque o que existia era a capoeiragem. Na Bahia no,
como jogo, como prtica ldica e uma prtica de luta simulada num jogo j existe h
muito tempo e por isso houve, por assim dizer, um tempo histrico possvel para se
formar Mestras. Aqui a gente tem, a partir da dcada de 60 que a gente reconhece, o
comeo do praticar uma Capoeira em forma de jogo. (...) Em Pernambuco, eram
poucas as mulheres que praticavam Capoeira.
A entrevistada aponta que havia muito preconceito e isto afastava a fixao das
mulheres na Capoeira. S a partir da dcada de 1980 e, principalmente, nos grupos em
que os Mestres eram mestres de classes sociais diferentes das classes populares
porque na classe popular o preconceito e o lugar da mulher muito pr-determinado:
a cozinha, o cuidar dos filhos. A mulher muito mais oprimida, no estou dizendo
que nas outras classes no exista tambm. s vezes o preconceito velado, mas os
grupos como o Chapu de Couro (ver ficha do Levantamento Preliminar)
contribuiram muito para a participao da mulher de uma maneira mais inteira. O
grupo do Mestre Sapo tambm tem muitas mulheres, porque foram grupos que
permitiram essa participao das mulheres.
Com respeito sua experincia, ela relata que dentro do seu grupo no encontrou
resistncias ou preconceito, mesmo porque o Mestre Mago sempre deu um apoio
muito grande, dando vez e voz para ela e outras mulheres; ainda assim, houve certa
dificuldade: eu gosto de questionar as coisas, eu gosto de conversar e pra mim as
coisas no esto prontas, ento essa minha atitude investigativa s vezes incomodava
principalmente aos homens, que so maioria na Capoeira.

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E, de modo geral, a participao das mulheres, de acordo com Izabel Cordeiro, tem
ajudado a trazer um outro pblico para a Capoeira: por exemplo, crianas, pessoas de
mais idade... porque antes tinha-se a viso de que s quem podia participar eram
homens que tivessem fora para competir na roda. No que diz respeito Capoeira em
Pernambuco, ela acrescenta que uma Capoeira slida e rica da perspectiva da
diversidade, mas em contraponto, carece de um dilogo maior. Os capoeiristas
precisam estar mais unidos. E complementa: Eu acho que cada local que faz Capoeira
tem que responder aos anseios daquelas pessoas que fazem Capoeira e tem que ter a
cara dessas pessoas. E completa: Capoeira falta reconhecer o papel dos Mestres e
grupos atravs de polticas pblicas voltadas para os mesmos.
Depoimento de Isa da Rocha Mulatinho:
Isa Mulatinho uma das capoeiristas referncia em Pernambuco: membro fundadora
da Federao Pernambucana de Capoeira e secretria da mesma desde 1980, quando
ainda era o Departamento Especial de Capoeira da Federao Pernambucana de
Pugilismo. De acordo com seu depoimento, ela comeou a ouvir falar em Capoeira em
1979, quando morava em Piedade e seu irmo mais novo comeou a treinar Capoeira
com o Mestre Mulatinho (na poca ainda Corda Vermelha). Numa visita do Mestre
Mulatinho sua casa ela ficou impressionada, pois o que falavam dele correspondia
realidade: muito forte, bonito e educado. Pouco tempo depois, eles comearam a
namorar e da ento Isa Mulatinho entrou para o universo da Capoeira: ou eu ficava
na Capoeira ou eu no namorava com ele, pois todas as nossas atividades de lazer
estavam correlacionadas Capoeira, (...) por isso eu digo que eu no escolhi a
Capoeira, a Capoeira que me escolheu. No que eu seja petulante, mas porque
realmente eu no tomei uma atitude: eu vou fazer Capoeira, ou: eu vou conhecer a
Capoeira! A Capoeira me escolheu , ela me fisgou e at hoje continua fazendo parte
da minha vida... Eu a conheci em casa, atravs do Mestre Mulatinho. Antes disso,
nunca tinha ouvido falar em Capoeira.
Isa Mulatinho destaca que quando comeou a conhecer Capoeira, ela sempre via nesta
manifestao cultural a tpica Ginstica Brasileira, um meio de expresso do povo
brasileiro. E neste sentido, h o questionamento do por qu no haver Capoeira em
todas as escolas brasileiras? No brasileiro? Tem que ter Capoeira. Porque ela a
luta que a gente sabe fazer, a forma que a gente brinca, que a gente faz graa, e tudo
mais. O primeiro grupo formado por Mestre Mulatinho e Isa foi o Mal, que
funcionava em Piedade e teve seu auge nos anos de 1981 e 1982, na Associao dos
Ex-Alunos do Colgio Marista na Rua Gervsio Pires, quando organizaram o I e II
Seminrios Norte/Nordeste de Capoeira e o Boletim Informativo chamado O
Berimbau. No final dos anos 1980, o Mal foi para Boa Viagem (Recife/PE) e
atualmente est com o Mestre Nem Cangalha, em Recife e em Portugal, com os
formados Comuna, Franja, Pirata e Zulu.

59

A entrevistada tambm trabalhou no Sesc de Santo Amaro, onde Zumbi Bahia dava
aulas de Capoeira. Nesse perodo, foram realizados muitos eventos no SESC,
continuando as realizaes mesmo depois da sada de Zumbi do cenrio da Capoeira
Pernambucana, ainda nos primeiros anos da dcada de 80. Em 1999, criada a
Federao Pernambucana de Capoeira, sendo ela sucessora da antiga Federao
Pernambucana de Pugilismo, que atravs do Departamento Especial de Capoeira
oficializa a Capoeira em nosso Estado (1979) como modalidade esportiva e cultural,
depois de sua proibio por Lei (1890).
Este o primeiro ato Oficial relativo Capoeira Pernambucana, realizado pelo Mestre
Mulatinho, na poca, Corda Vermelha. Nesta ao, oficializou-se tambm o primeiro
sistema de Graduao de Capoeira de Pernambuco, a prtica de fazer Exames de
Graduao, realizao de Campeonatos, Taas, Torneios e Seminrios. Salienta que A
Capoeira em Pernambuco no Angola, no Regional, Capoeira Pernambucana.
Alm disso, para ser capoeirista no s jogar, participar ativamente do universo de
atividades que a Capoeira oferece a todos sem distino de sexo, cor, religio, nvel
social ou mesmo deficincia de qualquer tipo. o espao mais democrtico que
conheo..
Com respeito ao papel das mulheres, ela destaca: eu acho que a mulher entra na
Capoeira por curiosidade, ou por alguma afinidade com um capoeirista especfico. Mas
entrar na Capoeira uma coisa, permanecer nela outra. A Capoeira exige muito,
fisicamente: o estudo, o trabalho e a maternidade, enfim a luta pela sobrevivncia,
influem consideravelmente na permanncia dela ou dele na Capoeira. H tambm o
risco de leses fsicas que no to levado em considerao quando se jovem. Tanto
o homem como a mulher participam com mais tranquilidade se os dois forem
capoeiristas, pois assim entendem melhor o chamado que a Capoeira faz. diferente
para a mulher fazer Capoeira hoje e fazer em 1980. Hoje, as mulheres treinam nas suas
academias, mas eu me expunha o tempo inteiro e no jogava apenas entre os amigos,
em casa. Estvamos num momento de grande expanso onde aproveitvamos
qualquer oportunidade para fazer uma demonstrao, fosse numa escola, na rua, ou
em qualquer lugar.
Atualmente, a Capoeira resgatou muito o lado social, mas na dcada de 80 era muito
diferente, tinha pouqussimos Mestres e a Capoeira ainda era muito discriminada. Hoje
todo mundo quer ser Mestre, porque a Capoeira comea a ser valorizada. Com sua
expanso internacional, ela se transforma numa grande embaixadora do Brasil no
Exterior e o Governo Brasileiro no pde mais ignor-la. O problema que a Capoeira
nunca teve apoio efetivo do Governo como se fosse uma coisa s da gente, do
povo.
E acrescenta: A Capoeira uma relao de amor, dedicao e respeito para com o
Mestre, que se torna pai, amigo, irmo e camarada. Refora ela a admoestao para

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os capoeiristas se lembrarem dos Mestres mais velhos e aproveitarem para absorver


deles os Saberes, enquanto tm o privilgio de suas presenas. Convoca todos os
capoeiristas para no deixarem repetir o que aconteceu com Mestre Bimba e Mestre
Pastinha na velhice. Cheguem perto! A Capoeira tem tudo que uma famlia tem:
amor, cime, inveja, disputas, perdo, generosidade, e muita camaradagem.4
Depoimento de Daniela Jardim Ferraz:
Daniela Ferraz biloga, professora de Capoeira e integrante do grupo Chapu de
Couro. De acordo com a entrevistada, at os seus 16 anos de idade nunca tinha
ouvido falar de Capoeira, nem mesmo nas aulas de histria. S em dezembro de 1985
que viu Capoeira pela primeira vez, e desde ento se encantou. Quando veio morar
em Recife ela natural do municpio pernambucano de Floresta estudava com uns
colegas que faziam Capoeira na Universidade Catlica de Pernambuco (UNICAP) e foi
ento observar o treino. Na poca, Mestre Corisco e Mestre Berilo ministravam as
aulas. Em 1987, entrou numa academia e, por coincidncia, o Mestre Corisco dava
aulas para o grupo e desde ento entrou para o universo da Capoeira.
Em 1992 foi me e mesmo grvida, treinou Capoeira. Em 1998, comeou a dar aula no
Instituto Capibaribe localizado no bairro das Graas no Recife a partir de um
convite para ensinar Capoeira para crianas e at hoje desenvolve trabalhos na
instituio. Ela destaca que no fcil dar aulas de Capoeira para o pblico infantil
porque tem que ter uma metodologia que envolva os alunos de maneira ldica e
interessante. Atualmente, Daniela Ferraz Corda Roxa (corda que no Chapu de Couro
equivale corda de professora).
No que diz respeito ao papel das mulheres na Capoeira, ela ressalta que na poca que
entrou para o grupo Chapu de Couro com mais cinco meninas, havia um nmero
razovel de mulheres. O quantitativo no era grande, mas ela acrescenta que no
encontrou discriminao no referido grupo. De modo geral, a grande dificuldade que a
mulher encontra em dar continuidade s atividades, porque ela tem que se dividir
entre ser me, dona de casa, trabalhar fora e isso muitas vezes no permite uma
trajetria contnua dentro da Capoeira. Para Daniela Ferraz, as mulheres precisam se
reunir, se conhecer. O papel dos Mestres tambm fundamental para o
reconhecimento da importncia da mulher no jogo, na roda. Um bom exemplo o
prprio Mestre Corisco, que no faz distines de gnero e isso permitiu a presena de
4

. No tempo em que eu terminava este Dossi, Isa Mulatinho foi surpreendida, ao ajudar na organizao
dos exames de graduao de novos Mestres, na Federao Pernambucana de Capoeira, com a proposta
e sucessiva aclamao do seu nome para receber a corda branca de Mestre, pelos seus inmeros
servios causa deste esporte/ luta/ arte. Muito feliz, comunicou a novidade aos amigos entre os
quais, eu participando a finalizao dos rituais da graduao no prximo 26 de setembro de 2010,
quando receber os amigos para comemorar.

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muitas mulheres e a formao de figuras representativas como Martinha, ngela,


Aninha, Eugnia, Camila, Pop e outras. O Mestre que comanda; da o respeito
pelas mulheres.
Com relao Capoeira pernambucana, ela considera que complicada porque h
muita desunio, vaidade, orgulho e competio entre Mestres e alunos. Por outro
lado, ela tem sua especificidade: Ns nunca nos definimos como Angola ou Regional,
nunca havamos tido em Pernambuco atravs de nenhum Mestre a definio de um
estilo. Os diversos toques de berimbau e as diferentes maneiras de jogar eram a nossa
forma de interpretar e entender o que estes Mestres buscavam na Capoeira. como
Mestre Corisco disse: a Capoeira Regional e a Capoeira Angola, Mestre Bimba e Mestre
Pastinha, foi um momento que eles tiveram naquela poca e muita gente quer
reproduzir aquele momento. A Capoeira abrangente. Cada um tem seu estilo, tem
sua forma de se expressar; por isso, a Capoeira diversa.
Mestre Acordeon, aluno de Mestre Bimba - diz a entrevistada -, explica que se lhes
pedissem para ele ou outro aluno passar a sequncia do Mestre Bimba, iriam passar de
uma maneira diferente, porque a Capoeira no uma cpia, ela tem caractersticas
diversas: quem v a gente jogando j sabe que do Chapu de Couro porque a gente
tem o nosso estilo. Mas o melhor, acrescenta, que atualmente, a gente est
aprendendo a envelhecer dentro da Capoeira. Muitas vezes, ressalta a entrevistada,
ela encontra pessoas do incio de sua trajetria, e engraado, porque comeam a
dialogar no sentido de que j no fazem mais determinados golpes, a agilidade j no
a mesma e os filhos agora que esto na Capoeira mostrando que existe uma
continuidade passada de gerao a gerao.
Depoimento de Mnica Carolina Beltro:
Mnica Beltro capoeirista e pedagoga. Escreveu o livro A capoeiragem no Recife,
em que procurou resgatar a histria desta manifestao cultural em Pernambuco.
Inicialmente, relata a entrevistada, comeou treinando jiu-jitsu com pessoas que
tambm faziam Capoeira. Por uma questo esttica, entrou no universo da Capoeira e
terminou se envolvendo completamente. H sete anos pratica Capoeira e h cinco
anos pesquisa nesta rea. Fez parte do grupo Abad Capoeira, depois do grupo
Quilombo e atualmente est no Santurio da Capoeira, com o Mestre Toinho Pipoca.
A Capoeira para Mnica Beltro uma prtica emancipatria, um jogo que permite
colocar todos os elementos desde a identidade cultural at o xadrez corporal tpico
desta expresso cultural. Ela destaca que no uma luta contra um oponente, a
capoeira uma luta de complemento, um espao de interatividade. No um jogo de
perguntas e respostas, mas um dilogo. A Capoeira no uma arma de defesa e
ataque: um instrumento de construo do coletivo, de singularidades, formando
uma identidade. Ela afirma: Como dizia o Mestre Camisa, a Capoeira feminina;

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feminina porque possui um toque especial, uma delicadeza, o ir e vir suave. O


capoeirista tem que ser sutil e esta sutileza est presente na feminilidade.
Com relao ao papel das mulheres em Pernambuco, Mnica Beltro coloca que um
papel enfraquecido. Apesar de j nos anos 1980 Zumbi Bahia ter tido um grupo com
uma mdia de 30 mulheres, segundo a entrevistada h uma reportagem da poca que
comprova a existncia deste grupo e que os plos violentos como o Alto da S e a
Praa do Dirio no eram to favorveis a esta participao, mas nas academias esta
violncia no era to acentuada. Os homens no do muito espao na capoeiragem;
ento, a mulher aqui tem muito a emancipar e voc realmente no tem espao. A
algumas mulheres at colocam 'o espao voc quem faz' mas no bem assim. Eu
tiro por mim, pela questo do livro... foi uma navalhada a cada dia porque colocavam:
'no mestre'; se aluno, no pode fazer; por que voc t fazendo? Ser que esta
histria verdadeira?. Esta postura de questionamento veio por parte de muitos
homens capoeiristas.
As mulheres, segundo a entrevistada, deram um incentivo maior ideia. E acrescenta:
As mulheres no vivem da Capoeira, mas os homens sim. Eles vivem da e para a
Capoeira. Alm disso, elas tm que se colocar mais nas rodas mistas - com homens e
mulheres -, conhecer outros grupos e montar rodas de dilogos. O processo de mestria
de uma mulher em Pernambuco significa enfrentar o preconceito, a negao da
identidade feminina; ter mais garra e se juntar aos mestres tem que correr roda,
como se diz no jargo da Capoeira.
Para Mnica Beltro, o que h de semelhante na Capoeira a prtica em si, mas como
se pratica que diferente. No Rio de Janeiro, era muito forte a questo das maltas e
dos fatores polticos; na Bahia, a Capoeira se tornou um forte instrumento cultural e
aqui Pernambuco -, foi mais ligada s bandas de msica, capoeiragem. Falta
capoeira pernambucana unificao. Para ela, h muito ego, h um narcisismo muito
grande que impossibilita o dilogo; e os alunos de hoje compraram a briga dos Mestres
de ontem. Por isso que a Bahia e o Rio de Janeiro cresceram com a capoeiragem
porque no perderam tempo discutindo quem ia pra que o que porque. Se a arte
cresce, a Capoeira tambm cresce. A Capoeira em Pernambuco no tem maturidade.
Como polticas pblicas importantes, a entrevistada sugere que deve ser criada a Casa
do Capoeira, que j existe em vrios estados do pas e falta aqui em Pernambuco. H
tambm ausncia de um acervo especfico como o que existe na Bahia: por exemplo, o
Acervo do Mestre Camisa e o Acervo Fred Abreu.
Depoimento de Maria Daniela Gouveia de Melo:
A entrevistada comeou a Capoeira aos 12 anos de idade, quando os pais e a irm
abriram uma academia de ginstica, na qual havia uma turma de Capoeira para
crianas e outra para adultos. Daniela Gouveia j fazia bal clssico desde os 5 anos e

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resolveu se iniciar neste esporte. Os primeiros contatos com o universo capoeirstico


foram em 1982, atravs de um espetculo de dana chamado Brasil com S, do qual a
sua irm Luciana fez parte. Esse foi o seu primeiro encontro visual. Em 1985,
comeou Capoeira com o professor Rivaldo (Mestre Jacar) e depois foi para a turma
de adultos com o professor Corisco, hoje Mestre. Da largou o bal clssico e entrou de
vez para a Capoeira.
Ela destaca que este processo foi importante, porque ela era uma criana tmida e
frgil e esta atividade da Capoeira contribuiu muito na sua formao como menina,
como mulher. Ajudou-a a se impor no ambiente da escola, do trabalho, da
universidade. Participou durante cinco anos do grupo Chapu de Couro; em seguida,
foi para o grupo Meia Lua Inteira, sob a orientao do Mestre Berilo. Desde esta
poca, teve uma relao de amiga e irm com o Mestre Mago, que ainda no era
Mestre e eles foram criados juntos na Capoeira. Participou durante quatro anos dos
JEB / Jogos Estudantis Brasileiros, representando Pernambuco na modalidade da
Capoeira, o que deu uma outra dimenso para ela e para o Mestre Mago e os
influenciou para desenvolver o trabalho que vem sendo realizado no Centro de
Capoeira So Salomo, criado em 1997.
Atualmente, possui o ttulo de Contramestra e, durante os seus 24 anos de Capoeira,
parou durante certo tempo as atividades prticas, mas no o contato com o universo
do esporte. H seis meses, participou da criao e integrante do grupo cor de rosa
choque, que acontece todos os sbados no Centro de Capoeira So Salomo, com a
participao de mulheres do prprio grupo e de convidadas. um espao de
empoderamento dessas mulheres, em que acontece treino, roda e debates.
Com relao Capoeira, ela destaca: Ns capoeiristas temos um jeito de ser porque
possibilita o feminino e o masculino dentro da gente; um pouco de malandragem
brasileira. Dentro da roda de capoeira, a gente tem que saber a hora de entrar e sair,
as vezes levar uma rasteira e levantar e estar pronto de novo com os olhos bem
abertos para o que est ao nosso redor. Esse aprendizado da roda, da capoeira, dos
meus amigos, dessa mistura de gnero, social, de idade, eu carrego no meu dia-a-dia.
Para ela, por mais que a Capoeira seja um espao de homem e mulher, ainda h muito
machismo, at mesmo por uma questo cultural. Alm do que, os homens tm mais
tempo para se dedicar, a mulher tem que parar para ter filhos. Em Pernambuco
existem, sim, mulheres Mestras; apenas, no receberam o ttulo, mas tm uma
trajetria importante uma delas seria Isa Mulatinho, que est na Capoeira h 30
anos. Mestra para ela no s aquela que d aula todo dia, que toca berimbau,
Mestra quem vive a Capoeira, ter respeito, saber ouvir, ter amor ao prximo e
vivncia na Capoeira de Pernambuco e de outros estados. A Capoeira em cada regio
tem seu sotaque. Hoje, muitos capoeiristas entraram no processo de mercantilizao e

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no foram fiis ao seu Mestre. Ela [a Capoeira] vive um momento de fortalecimento e


resgate das pessoas antigas. E finaliza: a capoeira pra vida toda.
Depoimento de Adriana Lins do Nascimento:
A entrevistada relatou que o perodo em que comeou a ter contato com a Capoeira
foi uma poca bem conturbada, em que alguns capoeiristas foram assassinados. Eu
ainda era criana e participei de um funeral de um capoeirista da comunidade - o
Mestre Sapo era um dos presentes. Aquele funeral e a homenagem dos capoeiristas a
encantaram; alm disso, os batizados do grupo do Mestre Sapo, que Adriana
Nascimento assistia na Ribeira: os cantos, o jogo, a figura do Mestre - a enchiam de
admirao.
Assim, momentos de tristeza, como o funeral, e momentos de alegria, atravs dos
batizados, foram os elementos que fizeram com que ela entrasse para a Capoeira por
volta de 1984/ 1985, quando foi estudar numa escola que ficava prxima a um projeto
social chamado O Guia Mirim, que oferecia vrios cursos e aulas, dentre estes a
Capoeira. Este projeto funcionava no bairro em que morava Barreira do Rosrio,
localidade pobre de Olinda. Ela relata: Eu lembro que matava a ltima aula e ia pra
Capoeira. Estas aulas eram com o Mestre Sapo e alguns de seus alunos.
Ela relata que sentiu um pouco de dificuldade porque era um grupo em que a maioria
dos integrantes era de meninos com uma experincia diferente da dela: eram
meninos que queriam bater, colocar pra fora toda uma energia presa, e eu passava por
cima disso. Como eu sempre fui muito moleca, no ligava muito. No grupo s havia
duas ou trs mulheres, mas estas nem sempre treinavam. Na sua trajetria, participou
durante 20 anos do grupo do Mestre Sapo e durante 5 anos do grupo do Mestre Joo
Grande. Atualmente, no est vinculada a nenhum grupo e d aulas de Capoeira para
crianas da comunidade da Barreira do Rosrio, na sede da associao da comunidade.
Como havia um espao fsico ocioso, ela resolveu reunir crianas e adolescentes da
comunidade para fazer aula de Capoeira. O grupo no tem nome nem apoio
financeiro. Eles se renem todas as quartas e sextas e conta com 7 crianas e 4
adolescentes; dentre estes, h 2 meninas.
Apesar de sua no ligao a algum grupo, ela ressalta a importncia dos Mestres Sapo
e Joo Grande para sua formao e fala: a Capoeira uma dana, uma luta que pra
toda a vida. A gente no pode dizer 'bom agora eu tenho tantos anos e j fiz muito'
(...). A Capoeira voc integrar, viver uma mesma linguagem.
Com relao ao papel das mulheres na Capoeira, a entrevistada destaca que a mulher
encontra dificuldade em se expressar, chegar na roda, ter seu espao. O domnio
masculino intimida muitas vezes a participao das mesmas. Ser Mestra ento significa
ter destaque num meio to competitivo e masculino. Eu acho que o nosso papel na
roda da capoeira justamente transmitir n, participar de um lado diferente, com

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alegria, com beleza; que eu acho que as mulheres tm uma forma, tm um jeito
diferente. No melhor porque no existe um melhor do que o outro, o papel de cada
uma da gente fazer com que mais mulheres participem, fazer crescer o nmero de
mulheres e trabalhar em cima da questo de que as mulheres so presas aqui.
Nos seus encontros com as crianas da comunidade e pela sua experincia na
Capoeira, Adriana Nascimento enfatiza que existe uma cultura em que as meninas tm
que ficar em casa e quando esto na frente de muitos meninos soltando a perna, se
sentirem intimidadas. E, de forma geral, a Capoeira em Pernambuco muito
marginalizada e tem muitos grupos precisando de apoio e espao. Falta incentivo do
governo: No h um futuro, muito menos um presente para os capoeiristas. Ela
destaca que na Bahia h um maior incentivo aos grupos, aos Mestres; j em
Pernambuco falta valorizao, polticas pblicas e ainda h muito preconceito. Tem-se
que resgatar a importncia e o papel social que a Capoeira tem e consider-la como
instrumento de ocupao da mente e do corpo.
APRECIAES S ENTREVISTAS DOS MESTRES, CONTRAMESTRES E MULHERES:
Apesar da tendncia natural de insistir nos aspectos positivos, por parte dos
entrevistados o que acontece em todas as entrevistas e outras formas de pesquisas
verbais, em geral - os lderes, homens e mulheres, demonstraram senso crtico e s
vezes, autoavaliativo, em relao convivncia dentro do universo dos Mestres,
Contramestres, Contramestras e demais lideranas, masculinas e femininas. Pode-se
dizer que a competio faz parte do cotidiano da Capoeira; o que no de estranhar,
tratando-se de um esporte que tambm luta, que tambm arte e de
orientaes, estilos e linhagens diferentes, cada uma e cada um buscando seu
espao, lutando por ele. Mas, apesar desta caracterstica, diversos Mestres e,
sobretudo, as mulheres, mostram-se ansiosos por uma maior unio na Capoeira
pernambucana. Tambm demonstram anseio de que esta realize uma mudana mais
firme no sentido de tornar-se cada vez mais um esporte arte, sem a violncia que a
caracterizou dcadas e sculos! - atrs, e ainda se v, aqui e ali, em rodas fora das
academias e dos grupos j estabilizados, ou em rodas das quais participam elementos
de orientaes e/ ou alunos de Mestres diferentes.
As entrevistas com as mulheres demonstram as dificuldades que sentem, ainda, nas
relaes de gnero na prtica da Capoeira, reflexo, de um lado, das diferenas de
preparo fsico, com vantagem quase generalizada para os homens e, do outro, da
diversidade de papis sociais, sobretudo nos segmentos de menor poder aquisitivo e
mais baixa escolaridade, nos quais o peso do trabalho domstico bem maior para as
mulheres que ainda se vem compelidas a trabalhar fora, a fim de aumentar a renda
familiar e garantir uma certa autonomia econmica -, sem por isso, poder deixar de
lado as obrigaes da maternidade, da educao e cuidado dos filhos e da casa, ainda

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enfrentando as escusas machistas dos maridos ou companheiros para no


colaborarem com o servio domstico.
Deste modo, na competio com os homens na Capoeira, elas se sentem em
desvantagem fsica, devido s tarefas do lar, agregadas ao trabalho profissional de
acordo com o depoimento de boa parte delas -, alm de terem de enfrentar o
preconceito, presente em no poucos parceiros de esporte e at de alguns Mestres.
Acrescente-se a isto o jogo do poder presente entre os homens, na competio pelo
saber, o que redundou nas dificuldades encontradas por Mnica Beltro, por exemplo,
para terminar seu livro sobre a Capoeira.
Porm, motivo de esperana de que esta situao evolua para melhor o fato de
vrias destas lideranas capoeirsticas femininas estarem se reunindo aos sbados, no
Centro So Salomo, a fim de discutirem estes problemas e desafios e crescerem no
conhecimento da arte e do esporte. Da surgir, possivelmente, uma gerao de
mulheres de maior valor e sentido de pertena, que poder se reproduzir em alunas
que surjam em maior nmero; e que estas contribuam para uma leveza maior, nas
evolues do jogo e no comportamento dos esportistas, homens e mulheres; leveza
que se conjugue com a fora necessria para a performance exigida pelo esporte, que
arte e que luta.
Atravs de outros contatos, formais e informais, realizados no tempo da pesquisa e
aps ela concluida, eu pude conferir expresses verbais, atitudes e prticas que
demonstraram e demonstram grandes doses de amor e comprometimento com a
Capoeira, por parte de muitos lderes, femininos e masculinos. Colhi no poucas
manifestaes de desejo significativo de crescimento na prtica deste esporte,
constncia no auto-aprendizado, envolvendo inclusive muitas viagens para treinar com
Mestres famosos e para aprender novos passos.
Gera comoo na gente, tambm, as narrativas e os exemplos observados por nossos
pesquisadores sobre a generosidade de Mestres e Mestras ou Contramestras/es em
reunir crianas, adolescentes em situao de risco e, mesmo, adultos portadores de
necessidades especiais, estes e aqueles moradores, quase sempre, de comunidades
carentes, para aprenderem o esporte, desenvolvendo assim a autoestima nessas
pessoas e criando expectativas mais otimistas e energias positivas em relao a suas
existncias.
comovedor constatar que tais iniciativas so tomadas, muitas vezes, por lideranas
capoeirsticas dotadas de pequeno poder aquisitivo, tanto quanto seus alunos;
alguns/mas tendo a possibilidade de se inserir em programas sociais municipais ou
estaduais, mas outros/as se vendo na contingncia de sustentar o trabalho
comunitrio por seus prprios minguados meios, ou atravs de doaes e promoes
dentro da prpria comunidade carente.

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A leitura das entrevistas acima elencadas mostra o delineamento de diversos


fragmentos de uma teoria nativa em construo sobre a identidade da Capoeira e seus
elementos constitutivos, sua localizao no espao da cultura brasileira, sua
contribuio para a discusso a respeito de identidades regionais e nacional, para
estudos de cultura popular e identidade tnica, alm de enfoques tericos sobre a
insero deste esporte/luta/arte na sociedade brasileira, baseados, sobretudo, nas
reflexes a partir da histria cultural, bem como da experincia e capacidade reflexiva
das lideranas.
Finalmente, em boa hora as mulheres pesquisadoras do nosso grupo propuseram o
que foi imediatamente aceito por mim, pela Respeita Janurio e pelos demais
membros da equipe, creio abrir uma sesso no Levantamento sobre a existncia, a
experincia e as perspectivas das mulheres na Capoeira pernambucana! Raro se tem
escrito sobre este tema, a no ser quando as prprias lideranas femininas escritoras,
tais como Mnica Beltro, Isa Mulatinho, Izabel Cordeiro para citar s os exemplos
de Pernambuco - assumem relatar as suas experincias e as demais. Assim, podemos
afirmar que as mulheres esto fazendo bonito, neste esporte!

INTERNACIONALIZAO DA CAPOEIRA PERNAMBUCANA:


Este item merece igualmente ser tratado numa sesso especial, por conta da
importncia de que se reveste, tambm na Capoeira pernambucana. Pode-se dizer que
nosso estilo tpico de jogar corre mundo afora, alm dos jeitos baiano e carioca.
As entrevistas com os Mestres demonstraram a conscincia, em muitos deles, da
misso de irradiar a Capoeira pernambucana no Exterior; fazem disso um item
importante na apresentao de suas biografias para o exame de graduao para
Mestres; falam dessas experincias com muito prazer e senso de autoestima. Na
concepo de alguns - conforme os relatos obtidos na pesquisa -, estaria incompleta a
contribuio deles para a Capoeira pernambucana se no tivessem anexado ao seu
currculo mais este servio: divulgao internacional, criao de grupos ou de alunos
esparsos em pases da Europa, Amrica do Norte ou mesmo, da sia, como o Japo,
terra de origem de vrias artes marciais.
Assim, o lder capoeirista Azeitona, em seu exame recente para Mestre assisti a uma
de suas etapas em 28 de agosto de 2010, na Federao Pernambucana de Capoeira -,
relatou como parte importante de sua biografia capoeirstica uma sua estadia no
Canad e os esforos para fazer conhecer o estilo pernambucano de jogar, num
ambiente j marcado pelas influncias baianas; dali, esteve em outros pases, vivendo
duramente, mas investindo em si mesmo e nos alunos que comeavam a aparecer.

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Relaes dos Mestres e Contramestres que relataram experincias internacionais de


divulgao e de ensino de Capoeira, bem como de formao de grupos, nas suas
entrevistas:
Mestre Corisco tem grupos de alunos na Alemanha, conforme falou em diversas
ocasies, mantendo a obrigao de se deslocar para l de tempos em tempos, para o
necessrio acompanhamento e avaliao;
Mestre Sapo viajou para a Europa em 1988, retornando ao Brasil 12 anos depois. No
comeo, praticava tanto a Capoeira Angola quanto a Regional. Foi no Velho Continente
que ele teve o reconhecimento de Mestre de Capoeira Angola, em Freiburg, na
Alemanha, durante encontros com seu Mestre Cobrinha (ou Rogrio), o qual conferiu a
graduao de trenel maioria de seus alunos e a ele, a graduao de Mestre em
Capoeira Angola j se havia graduado Mestre na Regional por Mulatinho e outros
Mestres, no Recife. Juntamente com Mestre Cobrinha, fundou a Associao
Internacional de Capoeira Angola, o FICA.
Mestre Marco Angola, Mestre Senzala e o grupo fundado por eles: Volta que o
Mundo D teve um importante trabalho na Guiana Francesa e chegou a visitar outros
10 pases; Mestre Ulisses, do grupo Lua de So Jorge afirmou ter feito diversas
viagens ao Exterior, divulgando sua arte e o estilo do Lua. Mestre Galvo tambm
elencou viagens de atividades de ensino e de aprendizagem ao Exterior, na sua
entrevista: iniciou alunos e admiradores do esporte na Espanha, Argentina, Uruguai e
Paraguai. O Grupo Mal, fundado por Isa e Joo Mulatinho, atualmente est com o
Mestre Nem Cangalha, em Recife e em Portugal...
Alm dos Mestres, o Professor Peixe, do grupo Muzenza, cuja matriz est no Rio de
Janeiro, tambm colaborou com membros do seu grupo fora do Brasil; o Contramestre
Arapinha e seu grupo Ginga Brasil, tambm vem divulgando a Capoeira aqui e ali...
Entre as mulheres com liderana na Capoeira, Izabel Cordeiro apresenta no seu
currculo viagens para Itlia e Estados Unidos. Em janeiro de 2009, esteve na Califrnia,
de onde retornou motivada para criar o espao de debates com as mulheres j
referido acima, na Associao So Salomo, que dirige com seu companheiro, Mestre
Mago.
Mas, certamente um dos Mestres em atividade que mais se tem destacado ele e seus
filhos capoeristas na divulgao do estilo pernambucano de jogar, no Exterior, o
Mestre Barro, cuja entrevista foi dada ao pesquisador Eduardo P. Sarmento, que
passo a resumir:
Marcos Antonio da Silva, Mestre Barro, nasceu em 10 de abril de 1964, em Casa
Amarela, Zona Norte do Recife. Criana ainda, morando no Alto Nossa Senhora de
Ftima, demonstrou aptido especial pela msica, aplicando-se ao aprendizado de

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ritmos nordestinos, em especial aos pernambucanos, como: maracatus, cirandas,


cocos, emboladas, afoxs, entre outros.
Em 1974, atrado pela musicalidade, inserido pelo Mestre Piraj no mundo da
Capoeira, incio de uma trajetria que transformaria o garoto suburbano num grande
nome neste esporte, com reconhecimento nacional e internacional. Aps trs anos de
formao com o Mestre Piraj, em 1977, segue sua jornada de aprendizado, agora
pelas mos do Mestre Tet, que lhe ensinou os fundamentos da Capoeira de Rua,
pautada na malandragem, praticada na Praa do Dirio, Ptio de So Pedro e Alto da
S. Em 1979, inicia sua participao num ciclo de campeonatos e competies de
Capoeira, em mbito nacional. Em 1982, participa, junto com os Mestres Joo
Mulatinho, Tet, Corisco, Todo Duro e Berilo, no Campeonato Brasileiro de Capoeira,
no Rio de Janeiro, onde se consagrou campeo brasileiro na categoria Peso Pena.
No retorno ao Recife, muitas oportunidades surgiram, conduzindo Barro para dar
aulas em escolas, universidades e centros comunitrios de diversos bairros na RMR, do
que resultou a fundao, por ele, do grupo Ax de Capoeira. Em 1987, recebeu a
graduao de primeiro Mestre, por Piraj. Em 1990, convidado para ministrar aulas
de Capoeira, Maculel e Samba de Roda, no Centro de Comunicao Social do
Nordeste/CECOSNE, no Projeto chamado Dom Helder Cmara, representando, no
mesmo ano, o Brasil no International Childrens nos EUA e, depois, no Vancouver
International Childrens Festival, no Canad, destacando-se, assim, no cenrio
internacional. Ainda em 1990, convidado a participar de uma banda caribenha,
Pacarabat, para tocar percusso, cantar e jogar Capoeira.
Em 1991, a convite de um casal de italianos, viaja com o Mestre Du Vale para a Itlia,
para fazer uma apresentao naquele pas. No ano seguinte, emigrou para o Canad,
onde estabeleceu diversas academias, sendo na poca contratado para realizar 200
shows pelo pas. Hoje, o Mestre possui dupla cidadania.
Assim, nessa longa trajetria, Barro diferenciou-se de outros Mestres, principalmente
em funo de sua aptido para a msica, como percussionista e compositor,
aproximando as ladainhas e outros cnticos da Capoeira dos ritmos nordestinos, em
especial da embolada, em sua maneira de cantar.
Hoje, possui mais de 200 msicas compostas e outras centenas gravadas em sete CDs,
lanados mundialmente, alm de cinco DVDs de instruo (fundamento, iniciante,
intermedirio, adiantado e a roda de Capoeira). Para ele, alm de uma formao
diferenciada de sua bateria composta dos berimbaus: bunga, o mdio, o viola; do
pandeiro, do atabaque, do canto e coro, suas letras trazem uma mensagem positiva,
afirma, abordando temas como: amor, natureza, lugares importantes e histrias de
grandes Mestres.

70

Com relao prtica da Capoeira, revela-se, ainda, como um grande inovador,


elaborando e ressignificando os mtodos de ensino da Capoeira Angola e da Regional,
consubstanciados na Capoeira Contempornea. Para o Mestre, a grande virtude de
seu mtodo foi eliminar movimentos que no funcionavam no seu entender -,
valorizando, em detrimento do combate fsico, os aspectos de ritual, brincadeira, e
ritmo da Capoeira, trazendo a esta uma maior objetividade e tcnica. Alm disso,
cada toque representa um tipo de jogo, com elementos diferentes.
Hoje, tendo viajado por 61 pases para participar de encontros, seminrios, rodas e
aulas de Capoeira, Barro possui escolas/academias espalhadas por diversas naes:
Canad, EUA, Mxico, Rssia, Ucrnia, Cazaquisto, Turquia, Repblica Tcheca, Angola,
Alemanha, Bielo Rssia, Frana, Sibria, Japo, Colmbia, Repblica Dominicana,
China, Polnia, Trinidad Tobago, contando ao redor de oito mil alunos. Formou ainda
centenas de professores e dois Mestres: Boi e Tabor, que administram aulas nos
Estados Unidos.
Em 2007 retornou ao Brasil suas origens diz, comovido e montou na Ilha de
Itamarac, em Pernambuco, o Centro de Treinamento MB, que atende mais de 40
crianas e adolescentes em situao de vulnerabilidade social, proporcionando, alm
de um espao de lazer, um lugar de conhecimento, pertencimento, resgate da
autoestima e transformao de vida, atravs da Capoeira.

PALAVRAS FINAIS
No incio deste Relatrio eu agradeci o convite para coordenar a pesquisa, ao IPHAN,
Associao Respeita Janurio, e expressei minha satisfao em trabalhar com toda a
equipe dos e das pesquisadores/ras.
Agora, chegado ao final da tarefa, agradeo, em meu nome e no de toda a equipe, aos
Mestres, Contramestres, Professores, s mulheres comprometidas e envolvidas com a
Capoeira, como escritoras, batalhadoras, ativadoras de pequenos e grandes centros de
formao deste esporte, que arte, que tambm luta.
Escrevia, no incio, que este trabalho era, em seu primeiro momento, uma compilao
de muitas mos, fruto de muitas idias e discusses produtivas. Posso continuar nessa
linha de constatao agradecida, acrescentando a contribuio dos muitos Mestres e
demais lideranas, masculinas e femininas, para a escrita do mesmo. Se vou comparar
com os tipos de etnografia reconhecidos pela cincia e prtica antropolgica, chamaria
este trabalho de polifnico, porque, de fato, muitas vozes, isto , muitos
depoimentos o ornamentam e enriquecem. E aqui fica meu reconhecimento ao
mesmo tempo que minha satisfao por ter participado da costura desta polifonia de
testemunhos, vivncias, buscas, sofrimentos, desejos, ideais. Mais uma vez, muito

71

obrigado aos Mestres, Contramestres, Professores, Mulheres, lideranas enfim,


masculinas e femininas, da Capoeira pernambucana.
Ao fim deste Relatrio, uma concluso se impe: a Capoeira em Pernambuco nasceu e
renasceu; renasceu, porque modificou-se; encontrou seu caminho; por isso, ela veio
para ficar.
Recife, 20 de setembro de 2010.

ANEXOS

ANEXO I
LISTAS DE MESTRES/ CONTRAMESTRES/AS, PROFESSORES DE CAPOEIRA DA RMR
CONTATOS INICIAIS
1. Mestre Coca-Cola 34911099-96662613----------------------------------------- 169
Marcos Aurlio Moreira
d.n.02-07-55
Av. Rui Barbosa, 545 ap-02
Jardim Atlntico Olinda PE
CEP:53140050

e-mail: marcosdepin@ibest.com.br .

2. Mestre Nen Cangalha 88653348-88624446------------------------------------- 10


Hozaniel Cardoso
R- Luiz Correia de Brito, 480
Stio Novo- Reciffe PE
CEP:53110-00
3. Mestre Cal 34331882- 86121931------------------------------------------------ 141
Carlos Alberto dos Santos d.n. 27-05-1971
Rua sessenta e trs, nmero 6
Maranguape 4
Paulista PE

CEP:

72

1. Contato para grupos e mestres de Olinda: Mestre Sapo Mestre Ulisses Cangalha
2. Contatos para grupos e mestres do Paulista: Mestre Cal - Prof. Peixe

4. Mestre Piraj 32660038------------------------------------------------------------- 71


Marcondes Luis Ferreira da Silva
Praa do Morro da Conceio, 487 A
Casa Amarela Recife-PE
CEP:52280-040
5. Mestre Pu 33044095- 92713707------------------------------------------------- 78
Pedro Luis Soares
d.n.26-09-64
Rua Terceira Travessa da Aliana, 10
Apipucos Recife-PE CEP:52071411
6. Mestre Berilo 32273727 - 88071671--------------------------------------------- 108
Mrio Ricardo Spak d.n.04-09-63
Rua Dom Manoel da Costa, 206
Torre Recife PE

CEP:

7. Geo 92920959 (capoeirista antigo)------------------------------------------------ 95


Geov Severino da Silva
Rua Sete Vila Social, 128
Prazeres- Jaboato dos Guararapes
CEP:54330000
8. Branco 32219260-99945629 (capoeirista antigo)----------------------------- 121
Jos Raimundo Branco
d.n.19-09-58
Av. Conde da Boa Vista, 85, ap-1202
Boa Vista Recife PE
CEP:5006002

e-mail: rj.branco@hotmail.com

9. Mestre Barro 35441747-86536510---------------------------------------------- 133


Marcos Antnio da Silva
d.n. 10-04-64
Rua guas Belas, 126
Bairro So Paulo Itamarac PE

CEP:5390000

10. Mestre Corisco 34942131- 91495864


Jos Olmpio Ferreira da Silva
d.n.19-0-63

73

Praa de Santa Cruz dos Milagres, 111 casa A3


Varadouro Olinda PE
CEP:553010300

e-mail: uru_tau@hotmail.com

11. Mestre Lospra 92132591---------------------------------------------------------- 178


Joo Vicente da Silva Filho
d.n.21-07-63
Rua Corumb, 123
Conjunto Dom Helder Cmara Candeias- Jaboato dos Guararapes
CEP:54430-200

12. Mestre Cal 34331882- 86121931------------------------------------------------ 141


Carlos Alberto dos Santos d.n. 27-05-1971
Rua sessenta e trs, nmero 6
Maranguape 4
Paulista PE

CEP:

e-mail:

13. Todo Duro 9634131-32669225--------------------------------------------------- 15


Luciano Horcio Torres
Rua Lemos Torres, 22 ,Ilha das Cobras
Casa Forte Recife-PE

CEP: 52060-310

e-mail: sheila_speed@hotmail.com

14. Mestre Espinhela 86153973-------------------------------------------------------- 3


Minervino Pereira Peixoto
Rua Tobati, 3592, Casa Amarela CEP:
Recife - PE
E-mail:

74

15. Mestre Ulisses Cangalha 91654938---------------------------------------------- 186


Olcio Joo da Silva d.n.04-07-1973
R- Potiguar, 29
Cidade Tabajara Olinda PE
CEP:53360-250

e-mail: osretalhos@hotmail.com

16. Mestre Vlber -86311905-81076453------------------------------------------------ 12


Vlber Batista Leito d.n. 02-06-1969
R- Badeja, 128
Braslia Teimosa Pina Recife PE
CEP:

e-mail: valberbatista@yahoo.com.br
Vlber_mestre@hotmail.com

17. Mestre Nen Cangalha 88653348-88624446------------------------------------- 10


Hozaniel Cardoso
Rua Luiz Correia de Brito, 480
Stio Novo- Reciffe PE
CEP:53110-00
18. Mestre Galvo 88461378---------------------------------------------------------- 13
Genivaldo Galvo da Cruz
Rua Padre Tefilo, 191
Prado- Recife - PE

19. Mestre Mago 34465966- 91650055---------------------------------------------- 60


Ricardo Dias dd Sousa Pires
Rua Antnio Valdervio da Costa, 280, bl-22 ap-402
Bairro Cordeiro Recife PE
CEP:50640-040

e-mail:

20. Mestre Meia Noite 34443455----------------------------------------------------- 66

75

Gilson Santana
Rua Passarela, 18
Campina do Barreto Cho de Estrela - Recife PE
CEP:52120-314

21. Mestre Duvalle 34516101-88732592-------------------------------------------- 185


Jos Paulo da Silva Filho d.n.24-09-6
Rua Coronel Urbano Ribeiro de Sena, 55-A
Cajueiro Recife PE
CEP: 5222100

e-mail: axeduvalle@hotmail.com

22. Luiz Augusto 99499641- 34539738 (conheceu Mestre Bimba, capoeirista antigo, a
muito tempo afastado retornou algumas vezes a praticar)------------ 182
Luiz Augusto de Carvalho Carmo
d.n.03-08-5
Rua Hemiliano Braga, 868 bloco-D ap- 50
Vrzea Recife PE
CEP:50740-040 e-mail:luizcarmo@codai.ufrpe.b
23. Cndido 8730783(capoeirista antigo, a muito tempo afastado)-------------- 179
Antnio Cndido Valena Veloso de Siqueira
d.n. 04-01-1952
R- Engenheiro Bandeira de Melo, 76
Poo da Panela Recife PE
CEP:52061320

24. Mnica Beltro 94478926- 34712126 (pesquisadora) ------------------------ 19


Mnica Carolina de Arruda Beltro
Rua Missionrio Joel Carlson, 180 ap-104
Imbiribeira Recife PE
CEP:51170-280

e-mail: monicabeltro@recife.gov.br

76

monicarolbel@hotmail.com
25. Graziele Martins 99556354 (historiadora Fernando de Noronha)

26. Dra. Vnia Fialho-34581455-88432020 (trabalhou na primeira fase do inventrio) ---------(ESCREVI EM VERMELHO, PORQUE TENHO DVIDAS QUE DEVA FICAR AQUI SEU
NOME, OU POSTO EM OUTRO LOCAL [Tito])
R- Simo Mendes, 144 ap-202
Jaqueira Recife PE
CEP:52050110

e-mail: vrfps@yahoo.com.br

MESTRES PARA CONTATOS NOS MUNICPIOS


Regio Metropolitana do Recife

3. Recife dezenas de opes (ver lista acima)

4. Olinda Mestre Sapo Mestre Ulisses Cangalha 186

5. Jaboato Mestre Mulatinho-33261221 Mestre Lospra 178

6. Paulista Mestre Cal 141- Prof. Peixe 165

7. Cabo Mestre Marco Angola (contato com Mestre Isnaldo 107) - Dind 190

8. Camaragibe Arapinha 43

9. Abreu e Lima Robson 201

10. So Loureno Severino 94

11. Igarassu Pintosa 134

77

12. Ipojuca Luciana 88463250 - 29 (em nome de Maurcio Hartl marido)

13. Moreno Samuel 120

14. Itapissuma (contato em breve)

15. Itamarac guia 246 - Mestre Barro 133

16. Araoiaba (contato em breve)

PATRIMNIO IMATERIAL (viajaram Bahia quando da entrega do Registro):

1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.

Mestre Mulatinho
Mestre Corisco
Mestre Berilo
Mestre Galvo
Mestre Coca-Cola
Mestre Espinhela
Mestre Cal
Mestre Mago
Mestre Ulisses Cangalha
Mestre Renato
Mestre Pu
Mestre Dentista
Mestre Cuscuz
Mestre Grande
Mestre Pcua
Mestre Marco Angola
Mestre Isnaldo
Mestre Juarez

Continuao das listas dos Mestres:

78

Marcelo Mulatinho
Rua Carlos Pereira Falco, 500, apt. 1801
171

CEP: 51021-350
e-mail: marcellohsm@hotmail.com
Fone: 9929-3019
Ginaldo Trajano da Silva
Rua Saldanha Marinho, 116G, Q2, apt. 404 IPSEP Recife-PE

172

CEP: 51190-040
e-mail: g_trajano@hotmail.com
Fone: 8880-9332 / 3338-3391 3341-1285 / 3342-5148
Rui Bandeira Vasconcelos Jnior
Estrado do Arraial, 3346 Casa Amarela Recife-PE

173

CEP: 51052-380
e-mail: raizesdobrasilpe@hotmail.com
Fone: 9245-1319 / 3082-5914 (academia Rosarinho)
Ricardo Costa Pinheiro
Av. Boa Viagem, 5790, apt. 202 Boa Viagem Recife-PE

174

CEP: 51030-000
e-mail: ricardocosta_1@yahoo.com.br
Fone: 9262-0585
Jos Luciano da Silva
Rua 1, Q 4, Bloco 75, apt. 403 Conjunto Muribeca Jaboato dos Guararapes-PE

175

CEP: 54350-020
e-mail: quadrado.axeliberdade@hotmail.com
fone: 8632-1740 / 3325-1573 (academia Zapine)

79

Claudio Rogerio Leite de Oliveira


Rua 1, Q 3, Bloco 152, apt. 305 Conjunto Muribeca Jaboato dos Guararapes-PE
176

CEP: 54350-020
Fone: 8836-6767 (esposa Angela)
Renato Antnio da Silva
Rua Antnio Lopes da Silva, 36 Macaparana

177

Site: http://cdbkb.tripod.com/1 e http://confbudokai.tripod.com


e-mail: jamissonfarias@hotmail.com
Fone: 9193-7073
Joo Vicente da Silva Filho
Rua Corumba, 123, Conjunto Dom Helder Cmara Piedade Jaboato dos GurarapesPE

178
CEP: 54430-200
Fone: 9213-2591
Antnio Candido Valena Veloso de Siqueira
Rua Engenheiro Bandeira de Melo, 76 Poo da Panela Recife-PE
179

CEP: 52061-320
Fone: 8738-0783 / 3442-9074
Antnio Luiz Rosa Lima
Conjunto Praia do Silva, Q 21, Bloco A2, apt. 303 Barra de Jangada Jaboato dos
Guararapes-PE CEP: 54470-290

180
e-mail: antoniolima20@hotmail.com
Fone: 8731-2492 / 3478-8755

80

Djalmir da Silva Falco


Rua Raimundo Gomes Gondin, 86 Boa Viagem Recife-PE
CEP: 51021-260
181
e-mail: dfalcao10@hotmail.com / dfalcao@gmail.com /
mestrepaulovictor@hotmail.com
Fone: 9421-9446 / 3325-4811
Luis Augusto de Carvalho Carmo
Rua Hermiliano Braga, 868, Bloco D, apt. 50 Vrzea Recife-PE
182

CEP: 50740-040
e-mail: luizcarmo@codai.ufrpe.br
Fone: 3525-1377 / 3452-9738
Valmir Ferreira de Souza
Rua Alto do Brasil, 2186, Santa Terezinha Casa Amarela Recife-PE

183

CEP: 52080-050
Fone: 3266-2393 / 3265-9900
Genivaldo Daniel de Santana
Rua Cantor Kelson Gonalves, 45 Cajueiro Seco Jaboato dos Guararapes-PE

184

Av. Nossa Senhora da Piedade, 1050 Prazeres - Jaboato dos Guararapes-PE


Fone: 9115-6379 / 3339-9977 (trabalho) / 3476-5716 (vizinha)
Jos Paulo da Silva Filho
Rua Coronel Urbano Ribeiro de Sina, 552 Cajueiro Recife-PE

185

CEP: 52221-00
e-mail: axeduvalle@hotmail.com
Fone: 8873-2592 / 3451-6101 (me) / 3232-7870

81

Olicio Joo da Silva


Rua Potiguar, 29 Cidade Tabajara Olinda-PE
186

CEP: 53360-250
e-mail: osretalhos@hotmail.com
Fone: 9165-4938 / 8701-2413
Joab Ferreira da Silva
Rua Manoel de Arruda Cmara, 96 Prado Recife-PE

187

e-mail: joabmalokamb@hoamil.com
Fone: 3228-1480
Edelson Gomes Pereira
Rua Dom Manoel de Medeiros, 183 Dois Irmos Recife-PE

188

CEP: 52171-030
e-mail: capoeiragaviao@hotmail.com
Fone: 8706-8443 / 3269-5263
Emanuel Bruno Pierre Campos
Rua Adamantina, 33 Jardim So Paulo Recife-PE

189

CEP: 50920-160
e-mail: bronx_jsp@hotmail.com
Fone: 8781-8681
Jos Adriano do Nascimento
1 Travessa da Saudade, 36 Ponte dos Carvalhos Cabo de Santo Agostinho-PE

190

CEP: 54580-00
e-amil: dindo.adriano@ig.com.br
Fone: 8600-6186

82

Cristiane Amador Alves (jornalista)


Rua Alto do Bonfim, 262-A Carmo Olinda-PE
191

CEP: 53120-090
e-mail: cucaamador@hotmail.com
Fone: 3439-2126
Andr Botler
Av. Boa Viagem, 2682 Boa Viagem Recife-PE

192

CEP: 51020-000
e-mail: andrebotler@yahoo.com.br
Fone: 3325-5877 / 3325-9973 / 3325-8581 / 8894-5877
Jos Lino da Silva
Rua Ibimirim, 141 Piedade Jaboato dos Guararapes-PE

193

CEP: 54410-680
e-mail: linosilva25@hotmail.com
Fone: 3363-1535 / 8617-4904
Glaucio Nascimento de Souza

194

Av. Joo Fernandes Vieira, 12 Conjunto Marcos Freire Jaboato dos Gurarapes-PE
Fone: 9262-8003
Jos Carlos de Oliveira

195

Fone: 9294-1486 (Zza Esposa)


Joo Batista Torquato (Bal)

196

Rua Neusta Pierre, 262, apt. 301 Jardim Atlntico Olinda-PE


Fone: 3432-1930
Tobias Vitorino da Silva Neto
Rua dos Prazeres, 63 Jatob Olinda-PE

197

e-mail: tobiasvitorino@hotmail.com
Fone: 9236-4509

83

Luis Minervino da Silva Neto


Rua Olga, 108 - Encruzilhada Recife-PE
198

CEP: 52030-130
Fone: 3426-5844
Mario Sergio Moreno da Silva
Caixa Postal, 54 Brasil Igarassu-PE

199

CEP: 53610-970
Fone: 9620-4238
Ailton da Silva Tenrio
Rua Estcio de Albuquerque Coimbra, 242 Vila Popular Olinda-PE

200

e-mail: pacuaviasat@gmail.com.br
Fone: 8874-5162
Robson Felipe Santiago
1 Travessa Nova Descoberta, 8 Caets Velho Abreu e Lima-PE

201

e-mail: phellyppe.capoeira@hotmail.com
Fone: 8845-9012 (mestrando Zebre)
Taciane Joseli Brito Sales

202

Estrada Velha da Usina, 22 Jaboato dos Guararapes-PE


Fone: 8808-1653
Edvaldo Vieira da Silva

203

Jaboato dos Guararapes-PE


Mestre Girafa
Rua Othon Paraso, 412 - Encruzilhada Recife-PE

204

e-mail: mestregirafa.kj@hotmail.com
Fone: 3242-2766 / 8757-0710 (ou Wellinson Pereira da Silva Flores)

84

Romrio Domingos da Silva


205

Rua Caturana, 323


CEP: 52031-190
Sandra B. da Silva

206

Fone: 9434-7330
Felipe da Soledade Noblat
Av. Fernando Simes Barbosa, 348, apt. 603 Boa Viagem Recife-PE

207

e-mail: felipenoblat@hotmail.com
Fone: 3463-9276
Artur dos Santos Borges

208

Rua Mandacaru, 501 Camaragibe Tabatinga-PE


Fone: 3456-9458 / 9192-2326
Tiago Renato de Freitas

209

Rua Jacu, 321 Camaragibe Tabatinga-PE


Fone: 8771-0129
Valerio Fernando de Aguiar da Luz
Rua Catarina Batista de Alencar, 177 Bairro Novo Olinda-PE

210

CEP: 53130-020
e-mail: bzgrafff@hotmail.com
Fone: 3429-0258 / 91167499
Carlos Andr Cavalcante da Silva
Rua Quatro, 66, Casa A, COHAB Cabo de Santo Agostinho-PE

211

CEP: 54520-360
e-mail: cds220@hotmail.com
Fone: 8604-6218 / 3521-3736

122. Rui da Silva Santos


D.N.: 15/01/67
Rua Jardim Copacabana, n 600, Casa A., Piedade, Jaboato dos Guararapes PE

85

Cep.: 54410-012
M. Rui

e-mail: rui_abaete@yahoo.com.br
ruiabaete@hotmail.com
Fone: 87438153/33616918/88517506

123. Ivanildo Jos Barbosa


D.N.: 28/10/65
Rua Rio Nilo, n 151, Dois Unidos, LACRAU
Recife PE
Cep.: 52170-400
e-mail: dinhaeyann@hotmail.com.br
Fone: 34431578/88517835
124. Jos Carlos Mendes
D.N.: 21/09/77
Rua Carlos de Brito, n 58, Engenho do Meio
Cep.: 50730-130
Recife PE
Fone: 87322786 (aps 20h)/92644696 (Biluca esposa de Carlos)
Capoeira Brasil
Mestre Kim Fortaleza est com Peba. Trabalha na Prefeitura, na casa de passagem para jovens
125. Gilmerson Valentin dos Santos
D.N.: 26/01/77
Rua Garopaba, n 10-A, Pina
Fone: 94217326/34655092
126. Eduardo Ferreira
D.N.: 5/12/81
I Travessa das crianas, n 115, Campo Grande, Recife PE
Fone: 87196348/88040905
127. Oberes Jos da Silva
D.N.: 6/01/76
Rua paz e amor, n 35, Jardim Piedade, Piedade, Jaboato dos Guararapes
Cep.: 54410-500
Fone: 88748523/30612090/86327524
128. Edvan Ramos de Souza
D.N.: 13...
Rua 170, n 243, Caets I, Abreu e Lima
Cep.: 53450-000
Fone: 87347901/87817841
Rouxinol
129. Emerson Chagas da Costa
D.N.: 10/06...
Rua 13, n 166-A, Curado I, Jaboato dos Guararapes
(Tetinha)
Cep.: 54240-130
e-mail: leogerais@hotmail.com
130. Vania Fialho
D.N.: 8/10/65
Rua Simo Mendes, 144, apt.: 202, Jaqueira, Recife PE (ESEFA)
Cep.: 52050-110
e-mail: vrfps@yahoo.com.br Fone: 34581455/88432020
(COMOJ DISSE ACIMA, ACHO QUE DEVE DESTACAR, NUM LOCAL SEPARADO, OS DADOS DE
VANIA, ACRESCENTANDO OS MEUS DADOS TAMBM, OS DE SANDRO, EDUARDO, JACIRA E
DEMAIS PESQUISADORES DO LEVANTAMENTO)

86

131. Rodrigo Marinho Marques


D.N.: 22/09/81
Av. Bernardo Vieira de Melo, 6965, Edf. Rian, apt.: 101, Candeias, Jaboato dos Guararapes
e-mail: carrapatoaxecapoeira
Fone: 34692871/87997...
(Carrapato)

132. Fernando Junior Gomes da Silva


(Chocolate)
Corda marron e verde
Fone: 87482439

D.N.:

133. Marcos Antnio da Silva


D.N.: 10/04/64
Rua guas Belas, n126, Bairro So Paulo, Itamarac PE
Cep.: 53900-000
Fone: 35441747/86536510/86656423
Mestre Barro
(Natlia, Aurinha, Vinicius, Lelo Barrozinho)
134. Rinaldo Antnio de Aguiar
D.N.: 20/12/70
Rua Amap, 322, Loteamento Santo Antnio, Cruz de Rebouas, Igarassu PE
Cep.: 53630-220
Fone: 87377703/35430359
Mestre Pintosa (alunos em Campo Grande Recife)
135. Eduardo Laurindoda Silva
D.N.: 10/08/82
Rua Tefila de Melo, n 290, Bairro Novo, Camaragibe PE
Cep.: 54762-300
Fone: 92642065
Prof. Dudu
136. Peterson Maia Soares
D.N.: 15/09/81
Travessa So Francisco, n200, Carmo, Olinda PE
Cep.: 53120-080
e-mail: focamax@hotmail.com
Fone: 99881563
137. Renata Carla de S Oliveira
D.N.: 4/12/75
Rua Almirante Saldanha da Gama, n60, apt.: 2..., Setbal, Boa Viagem
Cep.: 51130-220
e-mail: renata.jornalismo@terra.com.br
Fone: 88010903/87787827
138. Leonardo Jos Saraiva (Mestre Matraca)
D.N.: 6/06/8...
Ache Brasil
Rua Hernesto Nazareth, bloco 540, mdulo 7, Areias, Recife PE
Cep: 50860-260
e-mail: leoache@hotmail.com
Fone: 88207616/3257206...
139. Luciano Correa Tsujikawa
D.N.: 20/04...
Rua General Abreu e Lima, n 748, Piedade, Jaboato
Cep.: 54400-410
e-mail: lucianokawa@bol.com.br
Fone: 33413901/97090066

(China)

87

140. Maria Daniela Carneiro Gouveia de Melo D.N.: 23/...


Renato Evangelista de Arajo
D.N.: 14/05/73
Rua Men de S, 214, Encruzilhada
Cep.: 52041-470
e-mail: anigouveia@hotmail.com
renato_de_araujo@yahoo.com.br
Fone: 91721957
Agora:
Av. Visconde de Jequitinhonha, 1260, Boa Viagem (QUE QUE ISSO?) [Tito]
Aps Baro, 1 edifcio esquerda
141. Carlos Alberto dos Santos (mestre Kal)
D.N.: 27/05/71
Rua 63, n6, Maranguape 1, Paulista PE
Fone: 34331882/86121931
142. Prof. Jaciara
Rua Xavier Sobrinho, 353, apt.: 02, Prado, Recife PE
Cep.: 50630-400
Fone: 92349280/32281453
143. Iran de Albuquerque (lulu)
D.N.: 25/09/77
Rua Av. 4, Bloco 3, apt.: 206, Vila Rica, Jaboato dos Guararapes
Cep: 54090-470
e-mail: irandealbuquerque@yahoo.com.br
Fone: 34824499/96354192/86689584
144. Romildo Pedro de Souza
D.N.: 4/04/81
Rua Estiva, n 101, Povoado Massaranduba, Moreno
Cep.: 54800-000
Fone: 92572675
145. Ricardo Henrique Carneiro Barbosa (Dinamite)
D.N.: 22/08/68
Av. Norte, 6641, Casa Amarela
Cep.: 52070-660
e-mail: ricardobarbosa@provisual.com.br
rhcarneirobarbosa@hotmail.com
Fone: 88148934/34420195(Flvia esposa)/34237244
D.N.: 29/10/8...
146. Airon Fco Guerra Jnior
Rua do Frevo, n 54, Imbiribeira, Recife PE
e-mail: aironbaraocapoeira@hotmail.com
Fone: 87167152/34977786 (contato com Felix)
147. Severino Joo da Silva Jnior
Av. Luxemburgo, n 603, Imbiribeira
Fone: 88672897 (Matuto)
92189841
(contato com Felix)

D.N.: 02/06/8...

148. Saulo Mamede da Silva Santos


Rua 10, n89, UR-11, Ibura

D.N.: 03/05

88

Cep.: 54230-122
e-mail: saulocapoeirabrasil@hotmail.com
Fone: 88858564
(contato Peba)
149. Moiss Matias dos Santos
D.N.: 18/08
Rua Itaporan, n 216, Candeias, Jaboato dos Guararapes (D. Helder)
Cep.: 54430-230
Fone: 91955817/30722185/87697010
(Beato)
150. Fbio Firmo da Silva
D.N.: 15/12/7...
Rua da Alegria, n 32, Braslia Teimosa, Pina (Shabba)
Cep.: 51010-560
e-mail: shabbamandinga@gmail.com
Fone: 87783519
151. Willimes Aquino Souza (Goia)
D.N.: 27/11/1982
Rua Atum, n68, Braslia Teimosa, Recife PE
Cep.: 51010-460
Orkut goiacapoeira@bol.com.br
Fone: 33271072
152. Josivaldo Jos dos Santos (M. Dodi)
D.N.: 21/07/70
Rua Estrela do Mar, n 275, Braslia Teimosa
Cep.: 51010-050
Orkut mestredody@hotmail.com
Fone: 87448561
3, 4 e 5, 18h, Campinho orla Braslia Futebol criana
153. Josias da Silva Xavier
Irmo Josias
Fone: 88382242
(Pegar endereo com Valber )

D.N.: 20/08/74

154. Isaias da Silva de Paula


(Guilherme Angola)
Rua 1 Travessa So Luis, n 07, Pina
Fone: 88164516/33254145

D.N.: 28/04/81

155. Ladimir Silva (Mika)


D.N.: 11/08/66
Rua Ricardo Cmara, n 9, Braslia Teimosa
Cep.: 51010-215
e-mail: mikasilva10@hotmail.com
beledeveras@bol.com.br
Fone: 88490004/99287953
(faz trabalho com shabba)
156. Josenildo Pereira da Silva Filho (Nildinho)
D.N.: 29/03/8...
Esposa: Cassia Alexandra Simplicio de Lima
D.N.: 24/06/7...
Josenildo Batista da Silva (Bola)
Av. Repblica di Lbano, n 122 A, Jardim Beira Rio, Pina
Cep.: 51110-160

89

Fone: 87153602 (Nildinho)


157. Claudinei Silva Santos (Fiu)
D.N.: 28/04/81
Rua Dr. Dirceu Toscano de Brito, n 281, Jardim Beira Rio, Pina
Cep.: 51110-340
Fone: 99067059/866038...
158. Roberval Ferreira de Souza (Mago)
D.N.: 28/05/...
Rua So Luiz, n454, Bode - Pina, Recife PE
Cep.: 51011-270
Fone: 92137182 (Mago Berval)
91884938/88424566 (Sula esposa)
159. Jos Marco Loureno de Santana
Rua So Luiz, n 634, Bode Pina, Recife PE
Fone: 87837969
Ismep
Rua Artur Licio, n 221, Bode Pina
Fone: 33250887
ca
D. F Graas de Jesus (Diretora)
D. Ana Mendona (Pedagoga)

D.N.: 04/11/77

160. Antnio Marco Loureno Santana (Toinho)


Rua Osvaldo Machado, n 89, Bode Pina
Cep.: 51011-160
Fone: 889133

D.N.: 09/07/74

161. Jucelino Felix da Silva


D.N.: 02/07/78
Rua Osvaldo Machado, n 233, Bode Pina, Recife PE
Cep.: 51011-160
Fone: 87140942
162. Pedro Henrique Dantas Diniz
D.N.: 05/10/85
Rua Dona Benuinda de Farias, n 446, apt.: 1002, Pina, Recife PE
Cep.: 51020-140
(Pierre)
e-mail: pedrohdd@hotmail.com
Fone: 88689540
163. Victor Borges da Costa
D.N.: 09/07/1991
Rua Faustino Porto, n 275, apt.: 103, Boa Viagem, Recife PE
Cep.: 51020-270
e-mail: victor_blueyes@hotmail.com
Fone: 33276819/87110120
164. Andr Xavier Mendes
(Miola)
D.N.: 05/07/70
Av. Baro de Souza Leo, n 236, apt.: 202, Boa Viagem
e-mail: andre_miola@hotmail.com
Fone: 87981783
Est em vora, Portugal
165. Elia Sebastio da Silva
(Peixe)
D.N.: 15/08/70
Rua Padre Anchieta, n 125, Vila Torres Galvo, Paulista

90

Cep.: 54403-410
e-mail: peixe.muzenza@bol.com.br
Fone: 87894740
(Aluno no Detran e Casa Amarela)
166. Elias Jos da Silva (Capito Capoeira)
D.N.: 13/07/85
Rua Remanso, n 19, Loreto, Piedade, Jaboato dos Guararapes
Fone: 86361964
167. Glauber Oliveira Barbosa
D.N.: 05/04/68
Rua Isabel Magalhes, n 313, apt.: 403, Boa Viagem, Recife PE
Cep.: 51030-330
e-mail: glaubom1@yahoo.com.bt
Fone: 88026204/34611500
168. Joo Paulo Ramalho Soares da Silva
D.N.: 16/06/...
ALF Nag
Rua Itamb, n 8, Piedade, Jaboato dos Guararapes
e-mail: alfnago@hotmail.com
Fone: 99328198
169. Macos Aurlio Moreira
(Marco Coca-Cola)
D.N.: 02/07/55
Av. Rui Barbosa, n 545, apt.: 02, Jardim Atlntico, Olinda
Cep.: 53140-050
e-mail: marcosdepin@ibest.com.br
Fone: 88573557/96662613/34911099
170. Gabriel Bento dos Santos
Rua Benvinda de Farias, 2 Travessa, n 20, Ilha do Destino, Boa Viagem
Cep.: 51020-142
Fone: 43658450

A N E X O II
ACERVOS BIBLIOGRFICOS SOBRE CAPOEIRA, EM BILBIOTECAS DE MESTRES E MESTRAS.

1. Acervo Particular do Mestre Mulatinho e Isa Mulatinho

Referncia

Assunto

Onde encontrar

ALBUQUERQUE, Gil Cavalcanti de (Mestre Gil


Velho); PREGUER, Guilherme. A capoeira carioca:
sua perspectiva identitria territorial. S/d. 45 p.

Capoeira carioca;
capoeira de 1850-1990;
Mestre Gil Velho.

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

Histria da capoeira;
ALMEIDA, Ubirajara Guimares (Mestre Acordeon).
capoeira
contempornea;
Capoeira: a brazilian art form history, philosophy
Mestre
Acordeon
e Mestre Bimba
and pratice. Berkeley Califrnia: North Atlantic
Jogo
da
capoeira.
Books, 1986. 181p.

91

ALMEIDA, Ubirajara Guimares (Mestre Acordeon).


gua de beber camar: um bate papo de capoeira.
Salvador: Empresa Grfica da Bahia EGBA, 1999.
115p.

Perguntas e respostas com


Mestre Acordeon (biografia)

Livro didtico do ensino


ALVES, Ktia Correia Peixoto Alves; Belisrio Regina
Clia M. Gomide. Nas trilhas da histria. V. 2. 6 fundamental que possui um texto
sobre a capoeira.
srie do ensino fundamental. Belo Horizonte: Editora
Dimenso, 1998.

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

AMADO, Jorge. Bahia de todos os santos. Salvador:


Livraria Martins Editora, 1970. 328p.

Livro literrio que menciona a


capoeira.

ARAJO, Paulo Coelho de. Abordagens scioantropolgicas da luta/jogo da capoeira. Instituto


Superior da Maia: Srie Estudos e Monografias Maia,
1997.365p.

Histria da Capoeira;
capoeiragem;
transformaes scio-histricas

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

BELTRO, Mnica Carolina de A. A capoeiragem no


Recife Antigo: os valentes de outrora. Recife:
Editora Nossa Livraria, 2007. 79p.

Histria da capoeira;
Capoeira no Recife

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

BENJAMIM, Roberto. A frica em ns: histria e


cultura afro-brasileira. V 1. Joo Pessoa:
GRAFSET, 2004.168p.

Livro do Ensino Mdio com


algumas pginas referentes
capoeira.

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

BONATES, KK. Ina mandingueira, a ave smbolo


da capoeira. Manaus: Fnix, 1999. 86p.

O significado da Ina na
Capoeira Angola e na Capoeira
Regional.

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

CARNEIRO, Edson. Capoeira. 2 ed. Cadernos de


Folclore. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1977. 23p.

Jogo da capoeira
Golpes mais usados
Capoeira angola
Berimbau

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

COCA-COLA, Mestre. Capoeira, minha histria, Biografia do Mestre Marco Cocaminha vida. Autobiografia. Olinda: Academia de
cola
Capoeira Afox de Olinda, 2007.

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

CORDEIRO, Izabel. Capoeiras do Recife: entre o


novo e o antigo. Recife, 1999. Dissertao de
Mestrado Universidade Federal de Pernambuco.
Programa de Ps-graduao em Antropologia.

Histria da capoeira;
Capoeiras do Recife.

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

CORDEIRO, Izabel; PIRES, Ricardo Dias de Souza.


Capoeira: a resistncia corporal dos africanos no
Brasil. In: Catlogo da Cultura Afro-brasileira.
Recife: Prefeitura do Recife, 2008. p. 36-45.

Da capoeiragem capoeira;
capoeira em Pernambuco

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

COSTA, Reginaldo da Silveira (Mestre Squisito). A importncia social da capoeira


como prtica e esporte;
Capoeira: o caminho do berimbau. 2 ed. Braslia:
dimenso
espiritual e questes
Editora Dot, 2000. 150 p.
tcnicas da capoeira.
DECNIO FILHO, ngelo Augusto. A herana de
Mestre Bimba
Mestre Bimba. Salvador: Editorao eletrnica pelo
autor, 1997. 273p.

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

92

FALCO, Jos L. Cirqueira; SILVA, Bruno E. Santana


da; ACORDI, Leandro de Oliveira. As prticas
corporais e seu processo de re-significao:
Referente ao Projeto de
apresentando os subprojetos de pesquisa. In: Ana
Pesquisa
Capoeira e Passos da
Mrcia Silva; Iara Regina Damiani. (Org.). Prticas
Vida
Corporais: Gnese de um Movimento Investigativo
em Educao Fsica. Florianpolis: Nauemblu
Cincia e arte, 2005, v. 1, p. 29-41.
FALCO, Jos L. Cirqueira; SILVA, Bruno E. Santana
da; ACORDI, Leandro de Oliveira. A pesquisa-ao e
as prticas culturais populares: a experincia do
Referente ao Projeto de
projeto capoeira e os passos da vida. In: Ana Mrcia
Silva; Iara Regina Damiani. (Org.). Prticas Pesquisa Capoeira e Passos da
Vida
Corporais: trilhando e compar(trilhando) as aes
em Educao Fsica. Florianpolis: Nauemblu
Cincia e Arte, 2005, v. 2, p. 161-175.
FALCO, Jos L. Cirqueira; SILVA, Bruno E. Santana
da; ACORDI, Leandro de Oliveira. Capoeira e os
Referente ao Projeto de
passos da vida. In: Ana Mrcia Silva; Iara Regina
Pesquisa
Capoeira e Passos da
Damiani. (Org.). Prticas Corporais: experincias
Vida
em Educao Fsica para uma formao humana.
Florianpolis: Nauemblu Cincia e Arte, 2005, v. 3, p.
17-45.
FALCO, Jos L. Cirqueira; SILVA, Bruno E. Santana
da; ACORDI, Leandro de Oliveira. Gingando com o
conceito de prxis no projeto capoeira e os passos da
Referente ao Projeto de
vida. In: Ana Mrcia Silva; Iara Regina Damiani.
(Org.). Prticas Corporais: experincias em Pesquisa Capoeira e Passos da
Vida
Educao Fsica para uma formao humana.
Florianpolis: Nauemblu Cincia e Arte, 2006, v. 4, p.
102-118.
FALCO, Jos L. Cirqueira; VIEIRA, Luiz Renato
(Orgs). Capoeira, histria e fundamentos do grupo
beribazu. Braslia: Sprint Grfica e Editora,1997. 82p.

Histria da capoeira;
capoeira regional;
capoeira angola
roda, jogo e cnticos.

LOPES, Andr Luiz Lace. Administrao esportiva:


inclui a mandinga da capoeira: Administrao pblica
Origem da capoeira;
e outras administraes. Rio de Janeiro: Braslia:
perfil
de
um mestre de capoeira;
Programa Nacional de Capoeira, Centro de
crnicas
Informao e Documentao sobre a Capoeira, 1995.
141p.
LOPES, Luiz Roberto. Histria do Brasil Colonial. 7
ed. Porto Alegre: Mercado Aberto,1981. 97 p.

Pequena parte tratando de


capoeira no perodo colonial.

MELO, Oscar. Recife sangrento. 3 ed. Recife:


Propriedades e Direitos Reservados, 1953. 186p.

Brabos e valentes do Recife

OLIVEIRA, VALDEMAR. FREVO, CAPOEIRA E PASSO. 2 ED.


RECIFE: COMPANHIA EDITORA DE PERNAMBUCO, 1985

Primeiros capoeiras;
Influncia da capoeira no frevo

RELATRIO DO PROJETO MEMORIAL DA


CAPOEIRA
PERNAMBUCANA.
Proponente:
Federao Pernambucana de Capoeira. Recife,
01/09/2008 a 29/06/2009. 200p.

Relatrio elaborado atravs do


Projeto Capoeira Viva contendo
textos, trechos de livros, fotos e
documentos referentes a
capoeira em Pernambuco.

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

1
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

1
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

2
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

93

SANTOS, Eduardo Csar da Silva. Histria do


ressurgimento da capoeira em Jaboato. Texto
[formato de livro] em homenagem a primeira turma de
capoeira do municpio de Jaboato. s/d

Ganga Zunga e Zumbi dos


Palmares

SHAFFER, Kay. O berimbau-de-barriga e seus


toques. Monografias folclricas 2: Ministrio da Berimbau: significado e tcnicas
Educao e Cultura, Funarte, 1977.
SILVA, Bruno E. Santana da. Menino qual teu
mestre? A capoeira pernambucana e as
representaes sociais de seus mestres. Santa
Catarina, 2006. Dissertao de Mestrado
Universidade Federal de Santa Catarina.

Mestres da capoeira
pernambucana;
representaes sociais dos
Mestres em Pernambuco.

Biografia;
Capoeira em Pernambuco;
caminhos do graduado;
Mestre Pastinha
Histria
da capoeira;
SOARES, Carlos Eugnio Lbano. A capoeira
capoeiristas
e a Marinha;
escrava e outras tradies rebeldes no Rio de
capoeiras
e
movimentos
polticos
Janeiro (1808-1850). 2 ed. Campinas/So Paulo:
no
Brasil.
Editora da UNICAMP, 2004. 608p.
SILVA, Ginaldo Trajano da. (Cuscuz). Capoeira por
quem faz. Recife: Filho da Capoeira, 2005. 37p.

TAFFAREL, Celi Neuza Zulke. Capoeira e projeto


histrico. In: Ana Mrcia Silva; Iara Regina Damiani.
(Org.). Prticas Corporais: Gnese de um Capoeira na contemporaneidade;
Movimento Investigativo em Educao Fsica. contradies e problemas com
relao ao Capital.
Florianpolis: Nauemblu Cincia e arte, 2005, v. 1, p.
75-97.

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho

2. Acervo Particular do Mestre Mago e Izabel Cordeiro

Referncia

Assunto

Onde encontrar

ABIB, Pedro Rodolpho Jungers. Capoeira Angola:


cultura popular e o jogo dos saberes na roda.
Campinas, So Paulo: UNICAMP, CMU; Salvador:
EDUFBA, 2005. 244p.

Capoeira no Rio de Janeiro;


Capoeira na Bahia;
Capoeira Angola

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

94
ABREU, Frederico Jos de. Bimba: perfil do Mestre.
Salvador: Centro Editorial e Didtico da UFBA, 1982.
102 p.
ABREU, Frederico Jos de. Canjiquinha, alegria da
capoeira. Salvador: Editora a Rasteira, 1989

Mestre Bimba
Mestre Canjiquinha

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

ABREU, Frederico Jos de. Bimba bamba: a


capoeira no ringue. Salvador: Instituto Jair Moura,
1999.

Mestre Bimba

ABREU, Frederico Jos de. O barraco do Mestre


Waldemar. Salvador: Zarabatana, 2003.

O jogo da capoeira

ABREU, Frederico Jos de; CASTRO, Maurcio


Barros de.(orgs.) Capoeiras: Bahia, sculo XIX. V. 1.
Coleo Encontros. Salvador: Instituto Jair Moura,
junho, 2004. 228 p.

Reflexes de vrios Mestres


sobre a capoeira.

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

ALMEIDA, Raimundo Csar Alves de (Mestre


Itapoan). Bimba: perfil do mestre. Salvador: Centro
Editorial e Didtico da UFBA, 1982. 102p.

Biografia e histrias do Mestre


Bimba

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

ALMEIDA, Raimundo Csar Alves de (Mestre


Itapoan). Mestre Atenilo: o relmpago da capoeira
regional. Salvador: Ncleo de Recursos Didticos da
UFBA, 1988. 61p.

Entrevista com Mestre Atenilo

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

ALMEIDA, Raimundo Csar Alves de (Mestre


Itapoan). Bibliografia crtica da capoeira. Braslia:
DEFER, 1993. 178p.

Balano geral de bibliografias


sobre capoeira

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

ALMEIDA, Raimundo Csar Alves de (Mestre


Itapoan). A saga do Mestre Bimba. Salvador: Ginga
Associao de Capoeira, 2002. 201p.

Capoeira Regional;
Mestre Bimba

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

A ginga da capoeira;
Mestre Pastinha;
Mestre Bimba;
Capoeira Regional;
Capoeira na Bahia.
Histria da capoeira;
AREIAS, Almir das. O que e capoeira. 3. ed. So
paulo: Brasiliense, 1989. 113 p. (coleo primeiros Caractersticas dos movimentos,
da roda;
passos ; 96)
capoeira como arte marcial
brasileira
ALMEIDA, Raimundo Csar Alves de (Mestre
Itapoan). Capoeira: retalhos da roda. Salvador:
Ginga Associao de Capoeira, 2005. 156p.

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

A roda e o jogo da capoeira;


capoeira no Rio de Janeiro, na
Bahia e em Pernambuco.

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

BELTRO, Mnica Carolina de A. A capoeiragem no


Recife Antigo: os valentes de outrora. Recife:
Editora Nossa Livraria, 2007. 79p.

Histria da capoeira;
Capoeira no Recife

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

BONATES, KK. Ina mandingueira, a ave smbolo


da capoeira. Manaus: Fnix, 1999. 86p.

O significado da Ina na
Capoeira Angola e na Capoeira
Regional.

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

BRITO, Elto Pereira de. Fundamentos da capoeira.


Goiana: Secretaria de Educao do Estado de Gois,
1997. 31p.

Breve histria e significado da


capoeira;
Golpes, instrumentos e roda.

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

BARBIERI, Csar Um jeito brasileiro de aprender a


ser. Braslia: DEFER, Centro de Informao e
Documentao sobre a Capoeira (CIDOCA/DF), 1993.
197p.

95
Histria da capoeira;
BRUHNS, Helosa Turini. Futebol, carnaval e
capoeira: entre as gingas do corpo brasileiro. papel das mulheres na capoeira;
Mestres antigos.
Campinas, So Paulo: Papirus, 2000. 158p.

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

Histria da capoeira;
capoeira regional de Mestre
Bimba;
capoeira na escola e na
universidade.
Origem;
CAPOEIRA,
Nestor,
1946-.
Capoeira:
os
capoeira
na Bahia, em
fundamentos da malcia. Rio de Janeiro: Record,
Pernambuco
e
no Rio de Janeiro;
1992. 236 p.
mestre bimba; capoeira angola;
como se forma um mestre

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

CAPOEIRA, Nestor. A balada de Noivo-da-vida e


Veneno da Madrugada. Rio de Janeiro: Record,
1997. 287p.

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

BURGUS, Mestre.
[Manuscrito], 1986

estudo

da

capoeira.

CADERNOS DE CULTURA. Capoeiragem: arte &


malandragem. Salvador: Secretaria Municipal de
Educao e Cultura / diviso de folclore, N. 2, 1980.
62p.
CADERNOS DE CULTURA. Capoeira: arte marcial
brasileira. Salvador: Secretaria Municipal de
Educao e Cultura/ diviso de folclore, N. 3, 1980.

Resenha histrica da capoeira;


cantos;
capoeiras famosos
Histria da capoeira

Ante-projeto de regulamentao
(indumentria, julgamentos e
organizao administrativa)

CAMPOS, Hlio. Capoeira na Universidade: uma


trajetria de resistncia. Salvador: SCT; EDUFBA,
2001. 184 p.

CAPOEIRA, Nestor. Capoeira: Pequeno manual do


jogador. 7. ed. Rio de janeiro: Record, 2002. 238 p.

CARNEIRO, EDSON. CAPOEIRA. 2 ED. CADERNOS DE


FOLCLORE. RIO DE JANEIRO: FUNARTE, 1977. 23P.

Capoeiras e viajantes
Caracterstica da roda e do jogo
da capoeira;
Histria da capoeira: da origem
ao ano 2000; berimbau.
Jogo da capoeira
Golpes mais usados
Capoeira angola
Berimbau

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

CATLOGO DE FOTOS. Capoeira Arts Caf: uma


academia de capoeira (Academia do Mestre
Acordeon)

Catlogo de fotos

COLEO RECNCAVO. Jogo da capoeira. Bahia:


Livraria Progresso Editora, N. 3, 1955.

O jogo da capoeira

CORDEIRO, Izabel. Capoeiras do Recife: entre o


novo e o antigo. Recife, 1999. Dissertao de
Mestrado Universidade Federal de Pernambuco.
Programa de Ps-graduao em Antropologia.

Histria da capoeira;
Capoeiras do Recife.

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

CORDEIRO, Izabel; PIRES, Ricardo Dias de Souza.


Capoeira: a resistncia corporal dos africanos no
Brasil. In: Catlogo da Cultura Afro-brasileira.
Recife: Prefeitura do Recife, 2008. p. 36-45.

Da capoeiragem capoeira;
capoeira em Pernambuco

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

COSTA, Reginaldo da Silveira (Mestre Squisito). A importncia social da capoeira


como prtica e esporte;
Capoeira: o caminho do berimbau. 2 ed. Braslia:
dimenso
espiritual e questes
Editora Dot, 2000. 150 p.
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96

COUTINHO, Daniel. O ABC da capoeira angola: os


manuscritos do Mestre Noronha. Braslia: DEFER;
Centro de Informao e documentao sobre a
capoeira, 1993. 128p.

Textos e cartas escritas pelo


Mestre Noronha.

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

DECNIO FILHO, ngelo Augusto. A herana de


Pastinha: a metafsica da capoeira, comentrios e
trechos selecionados do Mestre. Coleo So
Salomo 3. Salvador: S/Editora, 1996. 90 p.

Reflexes e frases do Mestre


Pastinha.

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

DECNIO FILHO, ngelo Augusto. Decnio. Falando


em capoeira. Coleo So Salomo 4. Salvador:
S/Editora, 1996.

Capoeira na Bahia;
Mestre Bimba

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

DEPUTADO, Mestre. Menino quem foi teu mestre?.


[s.l / s.ed.], 2004. 147p.

Capoeira Regional;
Mestre Bimba em Gois;
Mestre Pastinha
Histria da capoeira;
Capoeira nas ruas;
turismo e capoeira;
dilogo com a Educao Fsica

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

O programa da capoeira da
Fundao Educacional do DF;
viabilidade e importncia da
capoeira nas escolas;
regulamentao da capoeira
Histria da capoeira;
mtodo de ensino

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

ESTEVES, Acrsio Pereira. A capoeira da


indstria do entretenimento: corpo, acrobacia e
espetculo para turista ver. Salvador: A. P.
Esteves, 2003. 166p.
FALCO, Jos Luiz Cerqueira. A escolarizao da
capoeira. Braslia: ASEPE-Royal Court, 1996. 153p.

LIMA, Luiz Augusto. Mestre Joo Pequeno: uma


vida na capoeira. So Paulo, 2000.

Histria da capoeira;
MARINHO, Inezil Penna. A ginstica brasileira.
fundamentos
da capoeira como a
Braslia, 1981.
ginstica brasileira.
Capoeira angola;
MARTIRE, MARCO. CAPOEIRA ANGOLA MANDOU CHAMAR.
Mestres
da Capoeira angola;
RECIFE: FUNDAO DE CULTURA DA CIDADE DO RECIFE,2000.
narrativas de capoeiristas

173P.

NEGAA. Salvador: Boletim Ginga Associao de


Capoeira, V. 1, n. 1, nov. 1992. 80p.
NEGAA. Salvador: Boletim Ginga Associao de
Capoeira, V. 1, n. 2, nov. 1994. 80p.
NEGAA. Salvador: Boletim Ginga Associao de
Capoeira, V. 3, n. 3, nov. 1995. 80p.

OLIVEIRA, Dijaci David de; GERALDES, Elen Cristina


et al. (orgs.). A cor do medo: homicdios e relaes
raciais no Brasil. Braslia: Editora da UnB; Goiana:
Editora da UFG,1988. 172p.

Capoeira; berimbau;
a Ina;
Mestre Bimba;
Pelourinho
Ginga da capoeira;
Mestre Bimba;
Capoeira Regional;
Estatuto da ABPC.
Os capoeiras;
Capoeira: uma viso acadmica;
capoeira tradicional ou de
vanguarda;
o olhar do capoeirista.
O cdigo criminal do imprio
(16/12/1830)
cdigo penal da Repblica que
punia o crime da capoeiragem
(11/10/1980);
1940: revogada a criminalizao
da capoeira.

4
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

97

OLIVEIRA, Jos Luis (Mestre Bola Sete). A capoeira


de Angola na Bahia. Salvador: EGBA / Fundao
das Artes, 1989. 190p.

Origem;
capoeira na Bahia;
cantos;
Capoeira Angola e Capoeira
Regional

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

OLIVEIRA, Josivaldo Pires de. No tempo dos


valentes: os capoeiras na cidade da Bahia.
Salvador: Quarteto, 2005. 153p.

Capoeira na Bahia;
mulheres na capoeira;
capoeira e represso

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

OLIVEIRA, VALDEMAR. FREVO, CAPOEIRA E PASSO. 2 ED.


RECIFE: COMPANHIA EDITORA DE PERNAMBUCO, 1985

Primeiros capoeiras;
Influncia da capoeira no frevo

PASTINHA, Mestre. Capoeira Angola. 3 ed.


Salvador: Fundao de Cultura do Estado da Bahia,
1988.76p.

Biografia Mestre Pastinha;


caractersticas da capoeira
angola.

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

Capoeira na Bahia;
PIRES, Antnio Liberac Cardoso Simes. A capoeira
vadiagem,
valentes e capoeiras;
na Bahia de todos os Santos: um estudo sobre
perspectiva
das classes.
cultura e classes trabalhadoras (1890-1937).
Tocantins/Goiana: NEAB/Grafset, 2004. 200p.

REGO, Waldeloir. Capoeira Angola: Ensaio ScioEtinolgico. Editora Itapu, Bahia, 1968. 416p.

Histria da capoeira;
Capoeira Angola;
instrumentos utilizados.

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

RIBEIRO, Antnio Lopes. Capoeira: terapia. 3 ed.


Braslia: Secretaria dos Desportos, 1992. 54 p.

Histria da capoeira;
importncia pedaggica;
capoeira como terapia
Histria;
biografias de Mestre Bimba e
Mestre Pastinha;
capoeira e as vrias formas de
educao

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

Capoeira na Bahia;
Mestre Bimba;
Capoeira em So Paulo e no Rio
de Janeiro.

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

SHAFFER, Kay. O berimbau-de-barriga e seus


toques. Monografias folclricas 2: Ministrio da Berimbau: significado e tcnicas
Educao e Cultura, Funarte, 1977.

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

SANTOS, Aristeu Oliveira dos. (Mestre Mestrinho).


Capoeira: arte-luta brasileira. Cascavel: Assoeste,
2001. 174p.
SANTOS, Eduardo Csar da Silva. Histria do
ressurgimento da capoeira em Jaboato. Texto
[formato de livro] em homenagem a primeira turma de
capoeira do municpio de Jaboato. s/d
SANTOS, Esdras Magalhes dos. Conversando
sobre capoeira. So Paulo: Ed. do autor, 1996.

SILVA, Ginaldo Trajano da. (Cuscuz). Capoeira por


quem faz. Recife: Filho da Capoeira, 2005. 37p.
SILVA, Gladson de Oliveira. Capoeira: do engenho
universidade. So Paulo: O autor, 1993. 263p.
SILVA, Jos Gilmrio Matias. (Mestre Tigro).
Capoeira, herdeiros do cativeiro. So Paulo: Editora
Art Contemp, 1994.

Ganga Zunga e Zumbi dos


Palmares

Biografia;
Capoeira em Pernambuco;
caminhos do graduado;
Mestre Pastinha
A Guerra do Paraguai e os
capoeiras;
capoeira na educao e na
universidade.
Capoeira e educao;
Zumbi;
Mestres da Bahia;
toques

98

SILVA, Jos Milton Ferreira da. A linguagem do


corpo na capoeira. Rio de Janeiro: Sprint, 2003. Linguagem corporal na prtica da
capoeira
151p.

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

SILVA, Rosemiro Magno; TAVARES, Luiz Carlos


Vieira (Mestre Lucas). A capoeira no contexto
histrico nacional. So Cristovo, Sergipe: UFS/Prreitoria de Extenso, 2000. 60p.

Histria da capoeira;
Capoeira Angola;
Capoeira Regional

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

SOUZA, Manoel Lima de. (professor Chitozinho).A


capoeira sob uma viso tica. Ed. do autor, 2000.

Histria da capoeira;
o bom na capoeira;
capoeira, crenas e orixs
Msica e jogo da capoeira;
mestre;
berimbau

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

VIEIRA, Andr. Capoeira e o jogo da vida. Autor: ET


Capoeira. s.d

Capoeira: luta, jogo e cantigas.

VIEIRA, Luiz Renato. O jogo de capoeira: cultura


popular no Brasil. Rio de Janeiro: Editora
Sprint,1995.189p.

Capoeira e sociedade;
Capoeira Angola e Capoeira
Regional;
Mestre Bimba
Mestres da capoeira;
Capoeira Angola e Capoeira
Regional.

Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro

VALDENOR, Mestre. Capoeira. In: Nova Luanda,


So Paulo,1982. 145p.

ZOIO, Mestre. Arte da capoeira: histria e


filosofia. Salvador: Grfica Santa Helena, 1999.

2. Acervo da Biblioteca Municipal de Olinda

Referncia

Assunto

CASCUDO, Luiz Cmara. Dicionrio do folclore


brasileiro. 9 ed. So Paulo: Global, 2000. p. 64 ;
p.111-112.

Definio do que berimbau;


Definio do que capoeira

Breve histria da capoeira;


SOUZA, MARINA DE MELLO E. AFRICA E BRASIL AFRICANO. 2
diferena
entre capeira angola e
ED. SO PAULO: FRICA, 2007. P. 131-132
regional

Onde encontrar
Biblioteca Municipal
de Olinda

Biblioteca Municipal
de Olinda

3. Acervo da Casa do Carnaval (Ptio de So Pedro Recife)

REFERNCIA

Assunto

Onde encontrar

CARNEIRO, EDSON. CAPOEIRA. 2 ED. CADERNOS DE


FOLCLORE. RIO DE JANEIRO: FUNARTE, 1977. 23P.

Jogo da capoeira
Golpes mais usados
Capoeira angola
Berimbau

Centro de
Formao, Pesquisa
e Memria Cultural
Casa do Carnaval

MARTIRE, MARCO. CAPOEIRA ANGOLA MANDOU CHAMAR.


RECIFE: FUNDAO DE CULTURA DA CIDADE DO RECIFE,2000.
173P.

Capoeira angola;
Mestres da Capoeira angola;
narrativas de capoeiristas

Centro de
Formao, Pesquisa
e Memria Cultural
Casa do Carnaval

99

OLIVEIRA, VALDEMAR. FREVO, CAPOEIRA E PASSO. 2 ED.


RECIFE: COMPANHIA EDITORA DE PERNAMBUCO, 1985

Primeiros capoeiras;
Influncia da capoeira no frevo

Caractersticas da ginga na
REIS, Andr Luiz Teixeira. Brincando de Capoeira:
recreao e lazer na escola. Braslia: Editora Valcy, capoeira; golpes passo a passo;
Roda
1997. 100p.
Modo de fazer o berimbau
SILVA, Leonardo Dantas. Carnaval do Recife. Recife:
Prefeitura do Recife; Fundao de Cultura da Cidade
do Recife, 2000. p. 97-100.

Histria e caractersticas da
capoeira

Centro de
Formao, Pesquisa
e Memria Cultural
Casa do Carnaval
Centro de
Formao, Pesquisa
e Memria Cultural
Casa do Carnaval
Centro de
Formao, Pesquisa
e Memria Cultural
Casa do Carnaval

4. Acervo do Centro de Estudos de Histria Municipal (CEHM)


Referncia

Assunto

QUERINO, Manoel. Costumes africanos no Brasil. 2 Caractersticas da capoeiragem


e dos capoeiras;
ed. Recife: Fundaj; Editora Massangana; Funarte,
capoeira
e a Guerra do Paraguai
1988. (p. 195-199)

Onde encontrar
CEHM

5. Acervo da Universidade Catlica de Pernambuco (UNICAP)


Referncia

Assunto

Onde encontrar

Histria da capoeira;
AREIAS, Almir das. O que capoeira. 3. ed. So
UNICAP
paulo: Brasiliense, 1989. 113 p. (coleo primeiros Caractersticas dos movimentos,
da roda;
passos ; 96)
capoeira como arte marcial
brasileira
No
encontrado
no momento da UNICAP
BEZERRA, Luiz Carlos de Siqueira. Reflexes sobre
pesquisa
a capoeira a partir de uma perspectiva sistmica.
Recife,, 2002. 50 f. Monografia (Concluso de curso
de Filosofia)

CAPOEIRA, Nestor. Capoeira: Pequeno manual do


jogador. 7. ed. Rio de janeiro: Record, 2002. 238 p.
CARNEIRO, Edson. Capoeira. 2 ed. Cadernos de
Folclore. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1977. 23p.
CASCUDO, Lus da Cmara,. Folclore do Brasil
(pesquisas e notas). 1. ed. - Portugal: Fundo de
Cultura, 1967.

Caracterstica da roda e do jogo


da capoeira;
histria da capoeira: da origem
ao ano 2000;
o que representa o berimbau.
Jogo da capoeira
Golpes mais usados
Capoeira angola
Berimbau
Definio de capoeira

UNICAP

UNICAP

UNICAP

COSTA, Lamartine P. Capoeira sem mestre. 1. ed. No encontrado no momento da UNICAP


pesquisa
Rio de janeiro: Ediouro, 19--. 102 p.

100
FREIRE, Roberto. Soma: uma terapia anarquista. Rio Capoeira como terapia somtica; UNICAP
improviso da capoeira como
de janeiro: Guanabara koogan, c1991. v.
caracterstica;
breve histria da capoeira
Vesturio
LOPES, Augusto Jos Fscio. Curso de capoeira
UNICAP
classificao
das cordas da
em 145 figuras. 1. ed. Rio de janeiro: Ediouro, 1979.
capoeira;
162 p.
passo a passo de alguns
movimentos da capoeira.
Histria da capoeira;
MATA, Joo da. A liberdade do corpo: soma,
UNICAP
capoeira angola e anarquismo. Rio de Janeiro: Soma, pedagogia libertria da capoeira
So Paulo: Imaginrio, 2001. 115 p.
Locais onde se jogava/joga
UNICAP
capoeira na Bahia;
Histria da capoeira e de
capoeiristas importantes da
Bahia e de Pernambuco
Capoeira Angola;
VIEIRA, Dilma Fres; PINTO, Hernany Mendes de
UNICAP
Capoeira e educao formal;
Faria. Capoeira Angola e educao inclusiva.
Presena Pedaggica, Belo Horizonte , v.11, n.63, p. capoeira como meio de incluso
social
22-31, maio/jun. 2005.
TAVARES, Odorico. Bahia: imagens da terra e do
povo. 4. ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Civilizao
Brasileira, 1964. 298 p.

6. Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Referncia

Assunto

Onde encontrar

Histria da capoeira;
UFPE
AREIAS, Almir das. O que e capoeira. 3. ed. So
Caractersticas
dos
movimentos,
(Biblioteca
Central;
paulo: Brasiliense, 1989. 113 p. (Coleo primeiros
da
roda;
Biblioteca
de
Artes e
passos ; 96)
capoeira como arte marcial
Educao)
brasileira
Origem;
UFPE
CAPOEIRA,
Nestor,
1946-.
Capoeira:
os
capoeira na Bahia, em
(Biblioteca de Artes
fundamentos da malcia. Rio de Janeiro: Record,
Pernambuco e no Rio de
e Educao;
1992. 236 p.
Janeiro;
Biblioteca do
mestre bimba; capoeira angola;
Colgio Aplicao)
como se forma um mestre
UFPE
CAPOEIRA, Nestor. Capoeira: pequeno manual do Caracterstica da roda e do jogo
da
capoeira;
(Biblioteca
de Artes
jogador . 4.ed. rev. e atual. -. Rio de Janeiro: Ed.
histria
da
capoeira:
da
origem
e
Educao)
Record, 1998. 238 p.
ao ano 2000;
o que representa o berimbau.
UFPE
CAPOEIRA, Nestor. Capoeira: galo j cantou . 2.ed. - No encontrado no momento da
pesquisa
(Biblioteca Central;
. Rio de Janeiro: Ed. Record, 1999. 302 p.
Biblioteca de Artes e
Educao)
Jogo
da
capoeira
CARNEIRO, Edson. Capoeira. 2 ed. Cadernos de
UFPE
Golpes mais usados
Folclore. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1977. 23p.
(Biblioteca do
Capoeira angola
Colgio Aplicao)
Berimbau
No
encontrado
no momento da
UFPE
COSTA, Lamartine Pereira da. Capoeira sem
pesquisa
mestre. 13.ed. Rio de Janeiro: Ediouro, [s.d]. 102 p.
(Biblioteca do
Colgio Aplicao)

101

KUBIK, Gerhard. Angola traits in black music,


games and dances of Brasil: a study of african
cultural extensions overseas. Centro de Estudos de
Antropologia
Cultural; Junta de Investigaes
Cientficas do Ultramar, N. 10, Lisboa, 1979.

Influncia africana no Brasil;


Capoeira angola;
berimbau

LLOPES,
Andr
Luiz
Lace.
Administrao
esportiva: inclui a mandinga da capoeira:
Origem da capoeira;
Administrao pblica e outras administraes. Rio
perfil
de
um mestre de capoeira;
de Janeiro: Braslia, D. F.: Programa Nacional de
crnicas
Capoeira, Centro de Informao e Documentao
sobre a Capoeira, 1995. 143p.
MARTIRE, Marco. Capoeira angola mandou chamar.
Recife: Fundao de Cultura da Cidade do
Recife,2000. 173p.

Capoeira angola;
Mestres da Capoeira angola;
narrativas de capoeiristas

MEDEIROS, Renata Karina Pereira de. Meia lua


inteira: estudo arquitetnico para a sede da
Associao de Capoeira. Recife, 2006. 65 folhas No encontrado no momento da
pesquisa
Trabalho de Concluso de Curso (graduao) Universidade Federal de Pernambuco. CAC.
Arquitetura e Urbanismo.
RIBEIRO, Antnio Lopes; MONTEIRO FILHO, Almir
Pinto. Introduo metodolgica da capoeira no
futebol. Feira de Santana, BA: [s.n.], 1997. 98p.
SANTOS, Ivis Alexandre Bezerra dos. Processo
metodolgico para a insero das aulas de
capoeira na educao fsica escolar no ensino
fundamental. Recife, 2005. 56 folhas Monografia
(TCC) - Universidade Federal de Pernambuco. CCS.
Departamento de Educao Fsica, 2005.

Como introduzir a capoeira no


futebol

Discusso metodolgica de
como inserir a capoeira nas
escolas e sua importncia.

UFPE
(Biblioteca de Artes
e Comunicao)

UFPE
(Biblioteca Cincias
da Sade)

UFPE
(Biblioteca de Artes
e Educao)
UFPE
(Biblioteca de Artes
e Educao)

UFPE
(Biblioteca Cincias
da Sade)
UFPE
(Biblioteca Cincias
da Sade)

SOARES, Carlos Eugnio Lbano. A negregada


instituio: os capoeiras na Corte Imperial, 18501890. Rio de Janeiro: Access, 1999. 362 p.

Capoeira nos quilombos;


capoeira regional e angolana;
msicas capoeira como
identidade scio-cultural e
criadora do espao urbano
Origem;
capoeira no Imprio;
os portugueses na capoeira.

SOARES, Carlos Eugnio Lbano. A capoeira


escrava e outras tradies rebeldes no Rio de
Janeiro (1808-1850). 2.ed. Campinas, SP: Ed.
UNICAMP, 2004. 608 p.

Origem;
naes de capoeira;
capoeira na marinha e nos
movimentos polticos de rua.

UFPE
(Biblioteca de
Filosofia e Cincias
Humanas)

SODR, Muniz. Mestre Bimba: corpo de mandinga.


Rio de Janeiro: Manati, 2002. 112p.

Histria da capoeira;
histria do Mestre Bimba;
caractersticas dos movimentos.

UFPE
(Biblioteca de Artes
e Educao)

VIEIRA, Luiz Renato. O jogo da capoeira: corpo e


cultura popular no Brasil . Rio de Janeiro: Sprint,
1995. 189 p.

Capoeira angola, rituais e


mandinga;
capoeira regional, rituais e
mandinga;
Mestre Bimba

UFPE
(Biblioteca Cincias
da Sade)

SANTOS, Luiz Silva. Capoeira: uma expresso


antropolgica da cultura brasileira. Maring: UEM,
c2002. 229p.

UFPE
(Biblioteca do
Colgio Aplicao)
UFPE
(Biblioteca de
Filosofia e Cincias
Humanas)

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