Dossie Capoeira
Dossie Capoeira
Dossie Capoeira
METODOLOGIA UTILIZADA.
Empregamos o mtodo do Inventrio Nacional de Referncias Culturais ou INRC,
atravs da caracterizao do Stio: os 14 municpios que integram a Regio
Metropolitana do Recife. Foram empregadas as seguintes fichas:
Fichas de Contato. Para preench-las, escolhemos os Mestres atualmente em
atividade, que dirigem escolas e grupos de Capoeira, bem como dirigentes de
associaes e/ou federaes, alm dos velhos Mestres, j aposentados, que fizeram
escola e histria na RMR.
Fichas de Formas de Expresso: as rodas, os grupos e escolinhas, os estilos ou
modalidades da Capoeira presentes na RMR, os instrumentos musicais especficos,
fichas das associaes, de federaes.
Ficha de Saberes e Modos de Fazer: a confeco do abad, do berimbau, os toques, as
toadas, os ritmos;
Fichas de Edificao das sedes e dos locais de reunio e os de guarda da memria
Fichas de Lugar: locais, sedes dos grupos, pontos onde se renem que so carregados
de sentido, que fizeram ou fazem histria.
A pesquisa se desdobrou em duas partes: documental e de campo, conforme a
orientao do INRC. Na primeira, se fez o levantamento de livros, de dissertaes de
Mestrado, de captulos de livros, de artigos em revistas, especializadas ou no, dos
documentos guardados nas sedes e nos arquivos particulares de grupos, associaes,
federaes, alm das publicaes oficiais porventura existentes nos rgos oficiais da
RMR e do Estado.
A pesquisa de campo encontrou de incio um problema metodolgico a ser resolvido, o
qual j foi assinalado acima: a enorme quantidade de Mestres e de grupos, o que nos
obrigou a fazer um recorte: os Mestres em atividade que tivessem grupos ou escolas
de Capoeira, atualmente, e os tipos de patrimnios vivos, que fizeram histria e
marcaram sua atuao na cidade e nos municpios da RMR; o segundo recorte foi o de
identificar os estilos de Capoeira atualmente existentes no campo e selecionar Mestres
e grupos atendendo o primeiro vis da escolha.
PROVIDNCIAS PARA O LEVANTAMENTO DA CAPOEIRA:
Jacira Frana
1. FUNDAJ
1. Casa do Carnaval
2. FUNDARPE
2. MISPE
3. Biblioteca do Estado
4. Gabinete do Imperador
5. Arquivo Pblico
5. Biblioteca da UNICAP
6. Instituto Histrico
8. CERPE
8. Biblioteca de Afogados
No dia 04 de abril, a equipe foi a campo realizar entrevistas com os Mestres: Coca-cola,
Ulisses (em Olinda) e o Mestre Cau (em Paulista). O Mestre Lua que, a princpio no
tinha sido agendado, estava presente e aceitou tambm ser entrevistado.
No dia 06 de abril, Jacira foi ao Centro de Formao, Memria e Pesquisa Casa do
Carnaval para ver o material que l existia. No acervo constava apenas dois livros e
um catlogo que tratava sobre Capoeira e outras manifestaes culturais como o
Frevo. Em seguida, foi ao Ncleo Afro-brasileiro, mas o acervo desta instituio ainda
no estava organizado, por isso no foi possvel v-lo.
No dia 07, tarde, a equipe se reuniu na sede da Associao Pernambucana de
Capoeira, para conhecer as instalaes, ser entrevistada e entrevistar o anfitrio,
Mestre Joo Mulatinho, sua esposa Isa, Mestre Mago e outros Mestres e Mestras
ligados quela entidade. Foi uma tarde muito enriquecedora, no s pelos dados
obtidos, mas pela amizade que comea a se formar entre a equipe e os Mestres.
A partir deste mesmo ms de abril/2008, a equipe que estava no campo sentiu a
necessidade de um roteiro mais esmiuado para ajudar nas entrevistas para a ficha de
Formas de Expresso e de Saberes e Modos de fazer. Recolhendo sugestes do grupo,
compus a lista em questo, entregando-a ao pessoal.
Ainda a partir de abril senti necessidade de me reunir com Mestre Corisco (Jos Silva)
no incio de cada semana, com o fim de confeccionar a agenda semanal dos Mestres a
serem entrevistados. Com isto, resolvemos a questo de no deixarmos para a ltima
hora, na sexta-feira, a arrumao da agenda para o sbado seguinte. Ao mesmo
tempo, se tem mais tranquilidade para articular entrevistas para o meio da semana,
com os Mestres que no tm disponibilidade no sbado. Estes encontros para
planejamento e contatos telefnicos com os Mestres prosseguiram durante toda a
durao do Levantamento.
No dia 21, aproveitando o feriado, reunimos uma dezena de Mestres de Capoeira em
minha casa, para uma tarde de entrevistas com a equipe. Cada membro, eu e o
Eduardo, nos dividimos para tomar os depoimentos individuais de cada Mestre,
preenchendo as fichas. Alm disso, as conversas informais, o lanche em conjunto, os
reencontros entre Mestres que h tempo no se viam valeu a tarde, conforme a
opinio de todos.
No dia 04 de maio, foi a vez da visita para pesquisa documental ao Centro de Estudos
de Histria Municipal (CEHM), para fazer o levantamento do material sobre Capoeira.
Jacira foi ento informada que s havia 01 (um) livro sobre o assunto, a maioria dos
livros tratavam sobre o folclore.
No dia 05, as pesquisadoras estiveram na Biblioteca Pblica de Olinda, l encontrando
duas referncias Capoeira. A bibliotecria informou que o acervo estava passando
por uma reestruturao e, talvez, depois de organizado, fosse encontrado mais algum
material sobre o tema. No dia seguinte, foi pesquisado o acervo da Biblioteca da
Universidade Federal Rural de Pernambuco pela internet.
No ms de junho, comearam a ser resolvidos os problemas de correo de fichas, da
confeco do banco de dados para o IPHAN, com cpia para a Associao Respeita
Janurio. Iniciamos, igualmente, conversas iniciais sobre o I Frum de Capoeira da
UFPE/ IPHAN/ Federaes e Associaes de Capoeira de Pernambuco, um sonho que
foi se concretizando nas conversas informais e formais entre ns e os Mestres.
Em e-mails passados no ms de junho, Mulatinho havia falado sobre o espao livre
para conversas e trocas de informaes nas quartas-feiras noite para tirar os
veteranos de casa, explicou. Trata-se de encontros que so mantidos com os idosos e
veteranos da capoeira.
Mestre Mulatinho: Nos anos 1940, 50 a 60, no tinha mais capoeira no Recife: estava
acabado, segundo relatos convincentes. Havia, no entanto, no Recife e no Interior,
apresentaes em escolas, com estudantes, como folclore, no final dos 60, seguindo os
esforos do Regime Militar no sentido de valorizar a cultura nacional. No Recife, tenho
lembranas de apresentaes como folclore em grupos de jovens e escolas, nos anos
70. Isto bate com as declaraes de Cndido Valena. O pai dele contava histrias de
empregados que eram capoeiristas nos anos 60, que eram briges, valentes, mas no
tinham instrumental nenhum.
H relatos de Euclides Pereira, lutador muito famoso nesse tempo: era natural que tal
lutador atrasse admiradores. Havia capoeiristas que iam v-lo treinar na academia no
centro do Recife. Ele foi pra Salvador mostrar suas lutas. L, treinou Capoeira, teve
contato com a Capoeira baiana; mas no com a pernambucana.
Nos anos 70, eu j estava por aqui; comecei a observar os elementos da Capoeira
pernambucana que existiam: instrumentos, rituais, gingas, certos gestuais
caractersticos, dependendo do mestre que instrua e formava seu grupo.
Se a Capoeira se originou em Pernambuco, no se tem como provar; tem indcios.
Pode ter existido um tipo de Capoeira em Palmares; bem possvel, dada a frequncia
de lutas; aqui houve sempre muita resistncia na luta contra os quilombos e contra
negros fugidos e escondidos. Da, possvel que as lutas corporais j tenham
comeado a se formar no tempo de Palmares. Na frica no existe uma luta marcial
caracterstica daqueles pases (ser que no?) como existe entre os povos amarelos:
Japo, Coria, China, ali voc tem luta marcial; so povos que resistiram e resistem. Na
frica, no. Existem lutas tribais, mas nada to caracterstico continentalmente.... Eu
j aprendi a capoeira nessa Capoeira contempornea. Se existiu ou no existiu, eu no
sei.
A Capoeira nesses trinta anos que a gente desenrolou em Pernambuco no se sabe
como era antes foi implantada a Capoeira Contempornea. Ela tem partes da
Angola, partes da Regional, partes da Capoeira do Sinh, do Sinhosinho do Rio de
Janeiro, partes da pernada carioca; tem vrias outras caractersticas que existem no
mundo de luta ou do que for. A Capoeira muito momentnea. Por exemplo, no
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tempo em que Nadia Comanecci era famosa, sua performance nos anos 70, ela
inspirou muito salto, muitos floreios na Capoeira. Depois, o lutador Mike Tyson ficou
muito em evidncia, influenciou a se dar muito murro, muita bolacha nas rodas;
depois, comeou a ficar em evidncia o boxe tailands: tambm influenciou muito, no
aumento dos chutes, por exemplo. Em sendo uma cultura popular, a Capoeira assimila
tudo.
Depois, veio essa onda de jiu-jitzu, os caras comearam a se agarrar tambm, nas
rodas, a dar muito golpe chamado baianada, que a gente chama de arrasto: uma
caracterstica muito corporal. Esta a Capoeira contempornea: os estilos que foram
chamados de Angola e Regional, foram criados em Salvador, no existem em outro
canto. Tem pessoas que dizem que praticam, mas isso no verdade, ela bem
situada, de Salvador, no nem do Recncavo; ela tem golpes definidos, tem regras
definidas; e aqui em Pernambuco no existe ningum que veio dessa linha original,
nem dos angoleses nem dos regionais. H algumas pessoas que fizeram cursos em final
de semana, que viajam, comeam a usar, e j esto dizendo que so angoleses ou
regionais, mas isso a a gente no reconhece eles como angoleses; e nem em Salvador
reconhecem eles como tais. A Capoeira de Pernambuco Contempornea e bem
recente: de uns 30 anos pra c.
A diferena entre a Capoeira contempornea e as demais muito sutil. Todas elas
(Regional, Angola, Carioca, etc) tocam e cantam; batem palmas ou o que for; na
musicalidade, so muito prximas; a diferena est no uso dos instrumentos: uns
utilizam mais, outros menos instrumentos; h variaes de tipos de cnticos para o
jogo; nessa parte de canto, muito sutil a diferenciao. Da parte da movimentao,
do jogo, a Angola e a Regional, desde que a gente conhece, elas quase que no
permitiam a agresso, o toque corporal. Isto por conta da represso, oficializada na
Velha Repblica.
De 1890 at 1940, a capoeira estava proibida. Pastinha tirou vrios movimentos da
Capoeira anterior a ele; mestre Bimba tambm. Um no toca no outro; na ginga, de
jeito nenhum. A caracterstica maior desses dois estilos era o controle da violncia; a
eficincia era discutida, mas eles podiam se movimentar, se apresentar. A Capoeira
Contempornea no; ela surge a partir de 1941, aps a edio do novo cdigo penal,
mais no Rio de Janeiro, e j tem a caracterstica do toque. Comearam a chutar mais, a
derrubar mesmo, a se agarrar; ento essa parte comeou a ter mais eficincia e a ter
mais briga tambm. No se tem relatos de brigas dentro da Angola, da Regional, mas
da Contempornea tem muito; porque comearam a ter um contato fsico maior; o
que no bom. Por isso, aqui em Pernambuco est se tentando tirar isso a, pelo
menos na Federao, nos campeonatos de Capoeira. Na minha poca em que eu
competia, se podia chutar e derrubar mesmo, o que no caracterstica da Angola
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nem da Regional. Mas na Contempornea, se podia; houve lutas por exemplo, em que
eu ganhei por nocaute: para o prximo, eu estava mais descansado.
Sobre a Federao Pernambucana de Capoeira, que dirige, falou Mulatinho: O pessoal
mais antigo est todo aqui na Federao. Cada Mestre tem sua associao, em geral;
menos Corisco, que no formou a dele at agora. O mximo de associaes que eu tive
na Federao foram 9; hoje, est na mdia de 7 associaes. muito pouco, mas, no
todo mundo que quer se submeter a um critrio de avaliao, de tradio, para se
fazer uma Capoeira com uma certa qualidade e educao. O pessoal da Federao
um pessoal mais antigo, um pessoal que tem que cumprir anos para ganhar
graduaes e ttulos, e isso controlado entre a gente mesmo, atravs de
documentos. Tem gente que fez suas associaes onde no tem nada disso: vo se
autograduando, vo se dizendo isso, aquilo e vo fazendo exames, mas, no tm
consistncia e, por isso, se acabam, tm vida curta.
A Federao funciona na parte da casa onde seria a garagem. A se realizam os
treinos, cursos, exames de graduao (a parte terica) e eventos de pequena afluncia
de pessoas. O restante do prdio ocupado com um albergue da juventude e um
restaurante mexicano. No carnaval de 2009, se hospedaram jovens de 27 pases.
Destes, 40% eram capoeiristas. Descobriram a casa pelo boca a boca e pela internet.
Antes de ser Federao, o espao j era organizado para treinos, desde 1980; depois,
formou-se a Associao Mal e depois, a Federao. Esta est registrada em cartrio,
no Primeiro Cartrio de Ttulos e Documentos do Recife, em microfilme de N. 429142;
CNPJ: 03.437.218/0001-04. De modo que comeamos aqui em 1980. As outras
academias vieram depois. Aqui surgiu como grupo de Capoeira o tipo de Capoeira
desenvolvido pela Federao: a Capoeira Contempornea, completou Mulatinho.
Sobre o nmero de Associaes em Pernambuco, disse o Mestre: H muitas; no sei
dizer no. No ano passado, tentamos fazer um levantamento; a gente fez um
apanhado de pessoas que do aula. H pessoas que do aula em dois, trs grupos
levantamos umas 280; mas, penso que existem mais. No tivemos estrutura para dar
continuidade a estas pesquisas.
O que grupo de Capoeira? Existem pessoas que do aula num lugar, do noutro e
dizem que ali so dois grupos de capoeira. Mas, s vezes no convivem entre si, e nem
se conhecem! Seriam grupos? to esquisito esse negcio de Capoeira: eles no
convivem, mas praticam porque gostam, esto na mesma denominao, usam o
mesmo uniforme, o mesmo nome. Ento, estas pessoas do aula em dois, trs lugares.
Da que, se voc desdobrar os 280 nestes vrios grupos, vai dar 400 e tantos grupos.
Mas, com denominaes, organizados... Isso a... S fazendo uma pesquisa especfica
sobre isso. Hoje em dia, no sei quantas Associaes existem no Estado: imagino que
esteja na faixa de trinta... talvez nem chegue a isso. Como nem todas esto registradas,
difcil definir. Mas, quando se trata de grupo, a o nmero cresce.
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que a idade mnima para ser reconhecido como Mestre 38 anos e, mais que tudo, o
trabalho pela Capoeira, como: participao em eventos, em competies, em
graduaes, em palestras, alm da idade fsica mnima. Ento, alm desse perfil, temos
hoje, em Pernambuco, 14 mestres de Capoeira. Eles so: minha pessoa, Marcondes
Piraj do Morro da Conceio, Corisco da UNICAP, Mago do So Salomo, Nei Cangalha
de Beberibe, Doca do Rio Doce, Berilo em Casa Forte, Lospra de Jaboato, Mestre
Criana: Vavau, de Jaboato, Mestre Danone, de Jaboato, Mestre Wlber do Recife,
Glauber Leito, Mestre Cuscuz, Espinhela... (Mestre Joo Mulatinho).
Continuando com a histria contada pelos Mestres, verifiquemos o que falou o Mestre
Mago, ou Ricardo Dias de Souza Pires: Em 1982, assiste pela primeira vez uma roda de
Capoeira no Centro do Recife. Nesse mesmo ano, passa a treinar com os Mestres
Mulatinho e Jo, na Federao de Capoeira, na Rua Maria Carolina, Boa Viagem. J
ento, academias de ginstica, como a Ginstica Center, tambm em Boa Viagem,
admitiam o ensino da Capoeira sinal de que, na classe mdia, o estigma estava sendo
superado, aos poucos.
Em 1985, a Universidade Catlica de Pernambuco j admitia treinamento de Capoeira
para os alunos poltica que se mantm at hoje, com um Mestre contratado pela
UNICAP. deste tempo o surgimento do Grupo Chapu de Couro, responsvel pelo
fortalecimento da identidade capoeirstica no Recife, na dcada de 1980.
Em outubro de 1990, acontece um evento nacional no Recife, o Meia Lua Inteira,
Pernambuco com o melhor da Capoeira, com participao de Mestres do Brasil
inteiro. Neste evento, Mestre Mago e diversos outros recebem um aprimoramento de
sua formao, em contato com Mestres de outros Estados. Repercusso deste evento
a fundao do Grupo Meia Lua Inteira de Capoeira, tambm no bairro de Boa
Viagem, tendo frente Mestres Mago e Berilo. Em 1992, Mago recebe o primeiro grau
de professor; dois anos depois, o segundo; em 1996, o terceiro e, finalmente, em
outubro de 2004, o grau de Mestre.
Uma grande contribuio deste Mestre e de sua companheira, Bel, foi a fundao do
Centro de Capoeira, So Salomo1, com a finalidade de resguardar e socializar as
tradies e saberes prprios da Capoeira e seus Mestres, contribuindo, dessa forma,
para o processo de preservao e continuidade dessa manifestao em Pernambuco.
Seguindo essa idia, passa a promover a prtica e o ensino da Capoeira Angola e a
Capoeira Regional, observando todos os seus aspectos histricos, gestuais, musicais e
rituais. O nome da instituio vem da estrela usada pelos antigos Mestres de Capoeira,
Fica localizado na Galeria Joana DArc, Av. Herculano Bandeira, bairro do Pina, Zona Sul do Recife.
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Das entrevistas com o Mestre Espinhela (Minervino Pereira Peixoto), sabemos que
existia uma escola de Capoeira nos Morros de Casa Amarela, no Recife, na dcada de
1970, onde se destacavam alguns Mestres, entre eles o Mestre Piraj, mantenedor do
grupo do Morro da Conceio. Em 1974, o garoto Minervino convidado, entre
outros, para sair na Ala de berimbaus, promovida pelo Grupo Senzala, na Escola de
Samba Galeria do Ritmo. A Capoeira continua seu processo de popularizao, utilizada
de vez em quando em enredos no Carnaval do Recife.
Aos 14 anos, Minervino decide dedicar sua vida ao aprendizado e, em seguida, ao
ensino da atividade que o transformaria em Mestre. A trajetria de Espinhela
demonstra a sucesso de etapas at o grau supremo: tem o primeiro batizado no SESC,
no bairro de Santo Amaro, sob a orientao do Mestre Piraj. Dois a trs anos depois,
aprendeu o jogo de Angola e Regional. Quatro anos mais tarde, completa outra etapa
da graduao, executando 73 movimentos das Capoeiras Angola e Regional, alm de
aprender 7 toques de berimbau regional, cujos nomes so: So Bento, Idalina,
Iuna, cavalaria, benguela. Aprendeu tambm os toques de angola: So Bento
Pequeno, So Bento Grande, e Samba de Angola. Depois disso, tornou-se
aspirante a instrutor, ou auxiliar de mestre; prossegue, em seguida, com a jornada de
instrutor, professor e, em 1986, aos 26 anos, realiza seu exame para Mestre,
demonstrando o conhecimento adquirido nos 11 anos de Capoeira, que incluram: o
domnio das ladainhas, cantos, xulas, toques de berimbau e todos os movimentos
prprios ao jogo: os defensivos, desequilibrantes e traumatizantes.
A partir de ento, entrou para fazer parte da equipe dos grandes Mestres
pernambucanos, entre eles: Joo Mulatinho, Galvo, Piraj, Lzaro Angoleiro, Marco
Coca-Cola, Paulo Guin e Bigode. J em 1979, aos 19 anos, trabalha como auxiliar do
Mestre Marrom no Rotary Clube (no disse de que bairro, mas a informao
reveladora do progressivo reconhecimento social da Capoeira: a admisso de grupos
desse jogo no Rotary, frequentado pelas camadas mdias, assim como no SESC e no
SESI, organismos financiados pelo comrcio e pela indstria nacionais).
Minervino faz concurso e ingressa na Polcia Militar de Pernambuco. L, introduz os
exerccios de Capoeira nas sesses de educao fsica no batalho de trnsito. Ainda
na polcia funda, em 1987, a Unio de Capoeira Leo do Norte, em unio com os
Mestres Cuscuz, Samoel, Marcondes Piraj e King. Esta associao oficializada em
1998, com o estatuto e regimento aprovados. Hoje, Minervino ou Mestre Espinhela
est reformado da PM e continua a lutar e a formar alunos na Leo do Norte.
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Joo Bezerra da Silva Filho, na Capoeira Mestre Lospra, nasceu em 1961, no interior
de Pernambuco. Vindo para a RMR, entrou para um grupo de luta livre, ainda
adolescente. Ao ver uma roda de Capoeira, dirigida pelo Mestre Kal, no bairro onde
morava: Cajueiro Seco, em Jaboato dos Guararapes, decidiu-se por aquele esporte.
Era um tipo de Capoeira que Lospra denomina Capoeira primitiva, sem muitos
recursos, jogada com apenas um berimbau ou um CD, nos finais de semana.
Em 1978 conhece o Mestre Mulatinho, em Prazeres, que o insere no sistema de
graduao das sete cordas e em toda a disciplina dos treinos. Em 1979 batizado,
seguindo as etapas do processo de aprendizado, at se tornar Mestre, em 1986. Era o
tempo em que os treinos aconteciam durante os dias da semana, no apenas nos
sbados e domingos, na Associao dos Alunos Maristas, no centro do Recife.
(Destaque para mais este espao ganho pelos capoeristas: uma associao
educacional).
A partir de 1982, colabora com a transmisso dos saberes aos moradores do seu
bairro, Piedade, no Centro Social Urbano. Abre tambm uma escola em Cajueiro Seco,
no Centro Paroquial, com minha autorizao e incentivo: na poca, eu era o
administrador da parquia catlica do bairro. Durante quinze anos, Mestre Lospra
realiza uma roda em frente capela catlica da Piedade, beira da praia, aos
domingos, criando um espao de divulgao do esporte.
Em 1984, funda o Grupo Nascimento Grande de Capoeira, inspirado na histria deste
grande capoerista pernambucano. Este se apresenta em festas, no Recife e no
Interior, em clubes, praas e escolas, divulgando o esporte em suas vrias dimenses e
tipos. Entre os alunos que passaram por sua academia, contam-se os Mestres:
Danone, Mamo e o contramestre Beato Salu. Este grupo existiu at 1999. Em 2007,
Mestre Lospra convidado pelo Mestre Walber para fazer parte do grupo Bno
Capoeira, permanecendo at hoje, participando dos treinos quinzenais, em Braslia
Teimosa, alm de ministrar aulas na Academia R2, em Boa Viagem. Este Mestre
tambm vem se destacando no universo da Capoeira por ser um grande construtor de
berimbaus.
Genival Galvo da Cruz, Mestre Galvo, nasceu no Recife em 1963. Em 1975, muda-se
com um irmo para o Estado de So Paulo, onde trabalha nas feiras livres como
vendedor de peixe. Um trabalho que, a princpio, o afastava de sua aptido e paixo
para os esportes, em pouco tempo o aproximou da manifestao esportiva que
mudaria seu destino: a Capoeira.
Com o apelido de baiano, dado aos nordestinos pobres em So Paulo, em pouco
tempo de sua estada naquela cidade passou a receber convites para assistir uns
encontros de baianos na Praa da Repblica. Eram, na verdade, habilidosas rodas de
Capoeira, que reuniam grandes capoeiristas e Mestres de todo o Brasil: Mestres
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frente do Grupo Mal, ministra aulas de Capoeira nas escolas municipais. Nem
Cangalha afirma ainda ser um capoeirista com um estilo tipicamente pernambucano,
que mescla elementos da Capoeira Regional, Angola e outras inovaes que surgem da
individualidade de cada capoeirista. Para ele, Mestre Bimba e Mestre Pastinha
trouxeram essa diviso da Bahia.
O grupo de Capoeira Mal foi fundado por Mestre Mulatinho e hoje tem como
importante liderana, portanto, o Mestre Nem Cangalha. O grupo herda do mestre
fundador muitos dos preceitos e caractersticas, como sejam: atuao na rede pblica
de ensino, nas comunidades acima nomeadas de Olinda e do Recife, algumas delas
consideradas localidades bastante violentas; funda-se eticamente no entendimento
sobre a Capoeira como uma atividade que proporciona um mundo melhor, mesmo
dentro de comunidades de alto risco. Ou seja: para o Grupo Mal, a Capoeira tem um
forte papel socializador, que incide diretamente sobre crianas, adolescentes e jovens
de comunidades em situao de vulnerabilidade.
Oriundos da concepo de Mulatinho, os integrantes do Mal possuem abads
brancos e camisas padronizadas - o Grupo conta com uma costureira em sua equipe.
Os capoeiristas integrantes do grupo tm que confeccionar seu prprio berimbau. Para
o Mestre Nem Cangalha mais dia menos dia, cada capoeirista deve aprender a fazer
seu berimbau.
O Grupo iniciou recentemente um trabalho voltado s para crianas. Este, que j foi
constitudo por 150 pessoas, conta hoje com cerca de 30 integrantes. Seus diretores
afirmam que a reduo do quantitativo foi devido dificuldade estrutural da escola
que sede provisria das atividades do Mal. Alm disso, muitos alunos formados j
saram e montaram seus prprios grupos, o que fica claro quando se observa a grande
quantidade de grupos nessa regio. Apesar de ser prioritariamente jovem, o Mal
conta com a participao de alguns adultos, estendendo a faixa etria atendida at os
55 anos. O Grupo conta com uma presena feminina da ordem de cerca de 30% sobre
o total de membros. Diz ele a respeito disso: No podemos ver a Capoeira sem a
presena feminina.
Hoje, o Grupo est mais fechado e s realiza roda de rua em momentos especficos e
seleciona de modo muito criterioso os eventos externos que participam, sobretudo,
por causa da violncia.
O Mal est fundamentado no entendimento da Capoeira como um caminho para
socializao, um instrumento da educao que tira os jovens da ociosidade e contribui
para a construo de um mundo melhor.
Antnio Carlos Henrique da Silva, conhecido como Mestre Toinho Pipoca, nascido em
03 de maro de 1967, professor da Rede Municipal de Ensino, na qual realiza um
trabalho voltado exclusivamente para a Capoeira. Seus primeiros contatos com o
esporte aconteceram ainda na adolescncia, em meados de 1979, com o Mestre
Zumbi Bahia no SESI do bairro Vasco da Gama Zona Norte do Recife -, onde estudava
e fazia parte de um grupo folclrico. O Mestre Zumbi Bahia trabalhava no s a
Capoeira, mas tambm as danas da cultura popular, mas foi com a Capoeira que
Toinho Pipoca se envolveu mais fortemente. Depois desse primeiro contato, foi aluno
do Mestre Barro - com o qual tornou-se professor - e do Mestre Zabel; com este
ltimo, se formou Mestre no Grupo Quilombo.
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Em 2008, fundou o Grupo Santurio da Capoeira, com sede provisria na Escola Otvio
de Meira Lins, no Alto Nossa Senhora de Ftima. O grupo formado, em sua maioria,
por crianas e jovens das comunidades do Morro da Conceio e do Alto Nossa
Senhora de Ftima, constitui hoje o lugar principal de atuao do Mestre Toinho, que
dedica, ali, grande parte do seu trabalho com a Capoeira.
No entender do Toinho Pipoca, no Recife existe um estilo prprio que mescla aspectos
da Capoeira Angola e Regional, junto com algumas inovaes dos capoeiristas
pernambucanos. Por isso, ele no classifica sua Capoeira como pertencente a um ou
outro estilo. Na qualidade de Mestre, exibe uma corda de cores vermelha e branca
que, em seu grupo, classifica um Mestre de primeiro grau.
O Grupo Santurio da Capoeira foi fundado em 2008 por este Mestre. Com sede
provisria na Escola Otvio de Meira Lins no Alto Nossa Senhora de Ftima,
regularizado como pessoa jurdica, mas no associado Federao de Capoeira de
Pernambuco, de Joo Mulatinho. O Grupo desenvolve prioritariamente um trabalho
com as crianas e jovens alunos das escolas do bairro, atuando igualmente nas
comunidades do Morro da Conceio. Desenvolve atividades sistemticas - aulas e
rodas: na primeira, s quartas e sextas noite e, na segunda, nas segundas e quintas
noite e nas teras e quintas pela manh. O grupo tem em mdia 50 integrantes fixos e
muitos que participam de forma espordica nas rodas e outras atividades. Realiza
Rodas abertas ao pblico nos sbados, tanto na quadra da escola quanto na rua,
sempre atraindo um nmero grande de participantes das referidas comunidades e de
outras do entorno. Sua instrumentao da bateria da Capoeira Angola: trs
berimbaus, atabaque e pandeiro e acrescenta o reco-reco e o agog quando querem
acelerar o ritmo.
Contando com as crianas de sala de aula, o grupo tem uma faixa etria que se
estende de 7 a 40 anos de baixo poder aquisitivo, a maioria constando de jovens
desempregados e com dificuldades financeiras. Embora seja um grupo misto, a
presena feminina ainda muito pequena.
O Santurio adota uma graduao criada pelo Mestre Zulu em Braslia, cujas cores
das cordas esto ligadas religio de matriz africana. O iniciante usa uma corda
branca, crua, e gradativamente recebe cordas de acordo com seu grau. Existem cordas
intermedirias que misturam duas cores, so elas: azul; azul e marrom; marrom;
marrom e verde; verde; verde e amarela; amarela; rouxa e amarela; vermelha;
vermelha e branca; branca. A avaliao leva em conta a atuao prtica e os
conhecimentos tericos dos capoeiristas, que os leva a se graduarem como Aluno
formado, Aluno Avanado, Monitor, Instrutor, Professor, Contramestre, Mestre.
Os integrantes produzem seus berimbaus e caxixis em um formato pedaggico de
oficinas. A confeco destes instrumentos um trabalho coletivo, formativo e
intrnseco ao universo da Capoeira. A produo inclusive pode ser vendida ou feita sob
encomenda. Os abads do Santurio da Capoeira so brancos, bordados com o
emblema do grupo, bem como as camisas, no intuito de deixar todos padronizados.
O Grupo acredita que a Capoeira muito importante para a comunidade: possibilita
aos jovens outros olhares para o mundo, afasta das drogas e traz ludicidade; incentiva,
portanto, o crescimento qualitativo das pessoas. Para os alunos do ensino formal
importante, pois, proporciona outra vivncia pedaggica fora da sala de aula. Para
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Mestre Toinho Pipoca, lder do Grupo, a Capoeira valoriza a comunidade, sendo muito
bem aceita por ela.
Renato Marques dos Santos, batizado como Mestre Renato, teve contato com a
Capoeira por meio dos seus primos que j a praticavam, o que despertou sua
curiosidade. Aos 11 anos, torna-se aluno do Mestre Pesqueiro, com o qual foi aluno de
1985 at 1993, quando se afastou deste e passou a frequentar apenas as Rodas
realizadas pela Capoeira de Rua, segmento do Grupo Corpo Negro, que organizava
rodas sistemticas e abertas, na maioria das vezes na Praa do Dirio e no Ptio do
Carmo. No Grupo Ginga do Corpo Negro, foi feito Contramestre e em 1996 fundou seu
prprio grupo: a Associao de Capoeira Ax Liberdade. Em seguida, passou a treinar
com Mestre Dentista, sendo por ele graduado Mestre. Passou a usar a corda branca,
que em seu Grupo traduz o estado mais avanado da formao na Capoeira.
Inicialmente, praticava a Capoeira Angola, a partir do contato com os ensinamentos do
Mestre Bimba. Mas, com o passar dos anos, mudou o entendimento sobre a expresso
do jogo, considerando que Pernambuco tem um estilo prprio, mas com marcas
maiores da Regional.
Goza de uma grande aceitao na comunidade e busca trabalhar com uma perspectiva
social, entendendo a Capoeira como veculo de transformao social, que pode
complementar a formao escolar e auxiliar na educao domstica em aspectos
como: disciplina, concentrao e dedicao, afirma. Idealiza e executa, por meio do
Ax Liberdade, muitos projetos sociais, atendendo diretamente jovens de at 14 anos,
moradores da Vila do SESI.
A Associao de Capoeira Ax Liberdade foi Fundada em 1996, por Mestre Renato, no
bairro do Jordo, no Recife. Em 2000 transferiu-se para o bairro do Ibura, onde est
at hoje sua sede provisria. Seu fundador classifica o estilo Regional como o
predominante no Ax Liberdade.
Durante mais de dez anos de existncia, a Associao j formou muitos alunos e
amplia, por meio desses elementos formados, o raio de atuao do Grupo para alm
dos limites do Recife, chegando a atingir cerca de 17 municpios do Estado de
Pernambuco. Tem um trabalho na linha da Capoeira Regional do Mestre Bimba, mas o
sistema de graduao adotado se aproxima do sugerido pela Confederao Brasileira
de Capoeira, com as cores da bandeira do Brasil e nveis evolutivos intercalados por
estgios intermedirios. O capoeirista tem 9 estgios como aluno: aos seis meses de
Capoeira recebe a primeira graduao verde e cinza, em seguida recebe
gradativamente as cordas de cores: verde e cinza; verde; amarelo e cinza; amarelo;
azul e cinza; verde e amarelo; verde e azul; amarelo e azul.
Depois dessa sequncia de estgios formativos, com mais de cinco anos de Capoeira e
mais de 18 anos de idade, pode tornar-se aluno formado, ministrar aula e batizar. Em
seguida, segue as graduaes e cores: monitor - verde e branco, professor - branco e
amarelo; contra-mestre - branco e azul e Mestre: branca. Para avaliao dos
capoeiristas, levada em considerao a parte prtica, ou seja, a experincia no jogo,
e a parte terica acerca dos conhecimentos da Capoeira.
Contando com todos os alunos e respectivos trabalhos realizados em 17 municpios, o
Ax Liberdade totaliza cerca de 1500 componentes, a maioria adolescentes, e cerca de
15% do total constitudo por mulheres. Existe um planejamento do Mestre Renato
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O Pele Negra tem uma vasta rea de atuao; extrapola os limites de Igarassu,
levando a Capoeira para Olinda, Itamarac, Itapissuma, Abreu e Lima, Paulista e ainda
realiza trabalhos em Bom Jardim, Surubim, Tamandar e Barreiros, por meio dos
alunos que do aula no Interior.
Vale destacar a realizao de palestras, seminrios, cursos de capacitao para os
membros; tudo dentro das temticas que circunscrevem o universo da Capoeira. O
Grupo registrado e se organiza de forma a ser contemplado em editais e receptivo
para projetos sociais, financiados pelo poder pblico municipal e estadual. O mais
recente trabalho est sendo realizado com o financiamento do Conselho Municipal da
Criana e do Adolescente COMDICA, no qual atende estes segmentos do municpio
do Paulista: no formato da jornada integrada, so realizadas atividades da Capoeira no
turno oposto ao da aula formal.
A sistemtica para graduao dos capoeiristas se baseia na Federao Brasileira de
Capoeira, a qual prope as cordas com as cores da bandeira nacional (verde, amarelo,
azul e brao) e os nveis intermedirios com a mescla dessas cores. O/A aluno/a tem
trs nveis: corda verde, amarela e azul. Em seguida, atinge o grau de estagirio,
recebendo gradativamente as cordas verde e amarela; verde e azul; e amarela e azul.
O aluno formado tem na corda essas trs cores e depois segue a verde e branca para
monitor; amarela e branca para professor; azul e branca para Contramestre; e
finalmente a branca para os Mestres. O Grupo tem ainda uma graduao voltada para
os capoeiristas infantis. O abad adotado branco, com o emblema do grupo na perna
esquerda; exigida ainda a camisa com o mesmo emblema de cores brancas para
alunos, ou azul, para os formados.
O Pele Negra tem, aproximadamente, 200 integrantes em sua maioria homens.
Possui, alm do Mestre Pintosa, mais dois Mestres: Moleque e Catend, que juntos
atendem s demandas dos alunos e formados na Regio Metropolitana e no interior
do Estado, na tentativa de contemplar toda a rea abrangida pelas aes do Grupo. Os
professores do Pele Negra realizam rodas semanais com seus alunos nas distintas
localidades j expostas e mensalmente realizada uma Roda na Praa de Cruz de
Rebouas ou em Igarassu, na qual todos os componentes da Regio Metropolitana e
do interior do estado devem estar presentes. H tambm uma reunio mensal na sede
- ainda em construo - com todos os graduados, para a realizao de um balano do
ms, planejamento do ms seguinte e repasse do cronograma para batizados e
eventos.
As comunidades recebem de forma muito positiva o trabalho do Grupo Pele Negra,
que no cobra pelas atividades que promove, buscando subsdios em projetos e
editais, bem como doaes dos graduados que contribuem de forma voluntria e no
sistemtica na medida de suas possibilidades.
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Escola Normal Santo Agostinho com Sandro Carcar, aluno do conhecido Mestre
cabense Bem-te-vi, em meados de 1984, de cujo grupo passou a fazer parte
posteriormente, chegando a ser vice-presidente do mesmo e a frequentar uma
importante roda realizada no centro comercial da cidade. Participou tambm do Grupo
do Mestre Carlos Capoeira (o informante no deu o nome do grupo).
Devido ao seu estilo de jogo mais lento e mais perto do solo, ou abaixado - como
dizem os capoeiras a coreografia de Mestre Marco Angola se aproxima bastante da
capoeira Angola, da o apelido pelo qual conhecido. Entretanto, para o Mestre, em
Pernambuco essa classificao dos estilos s comea a se estruturar a partir da dcada
de 1990. Ele destaca, em sua formao, bem como na de todos os capoeiristas
cabenses de sua gerao, a participao dos Mestres Jairo, Carlos Capoeira e Bem-tevi. Esse ltimo fundou o primeiro grupo de Capoeira do municpio. Marco Angola foi
graduado como monitor pelo Mestre Mulatinho e a graduao mxima com o Mestre
Dentista, em 2004.
No ano de 1996, como aluno formado do Grupo de Capoeira Bem-te-vi, funda, junto
com o Mestre Senzala, o Grupo de Capoeira Volta Que o Mundo D, atuando
efetivamente nos municpios de Escada, Cabo (Charneca), Ribeiro, Barreiros e mesmo
em outros estados do Brasil. Vale destacar a grande experincia com viagens
internacionais, realizando palestras, oficinas e ministrando aulas de Capoeira fora do
pas.
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viagem foi o ter deixado um grupo Odara em So Paulo, o qual prossegue - com o
Contramestre Binho e o aluno formado Amaral -, com as atividades iniciadas pelo
Mestre Padre, com cerca de 150 integrantes.
O Grupo geralmente toca com um berimbau e dois pandeiros, acrescentando mais dois
berimbaus, caxixi, atabaque e agog, quando sai dos limites da Regional. Constri seus
prprios berimbaus e caxixis, realiza periodicamente capacitaes para os seus
integrantes, por considerar muito importante a formao prtica aliada ao
aprendizado terico acerca dos conceitos da Capoeira.
Alm dos jovens capoeiristas, participam do Odara idosos e portadores de
deficincia fsica. Esse pblico diferenciado uma marca distintiva do Grupo, que atua
nas comunidades de gua Fria, Paulista e em So Miguel no Parque Paulistano, em So
Paulo. Como no tem sede prpria, as aes acontecem nas associaes de
moradores, escolas e espaos pblicos. Vale ressaltar que mesmo atendendo a um
pblico to diversificado, conta com pouca adeso de mulheres.
O Odara promove rodas abertas com participao de vrios outros grupos,
principalmente do entorno, em perodo quinzenal, na Frente do Centro Social Urbano
no Alto Santa Terezinha, sempre s sextas-feiras noite. O intuito do Grupo mostrar
o trabalho para a comunidade; apresentar uma Capoeira sem violncia; atrair mais
jovens; fazer um intercmbio com outros grupos e manter a tradio da Capoeira em
suas Rodas pblicas. Por isso, a comunidade recebe muito positivamente a Capoeira.
Com alunos majoritariamente de classes populares, o trabalho deste Grupo visa tirar
os jovens da ociosidade; combater as drogas por meio da prtica da capoeira; e propor
formao cidad s crianas e adolescentes. Para realizar algumas aes, conta com o
apoio do vereador Gustavo Negromonte que, esporadicamente, colabora
financeiramente. Alm desse auxilio, os alunos colaboram com 3 a 5 reais por ms.
A graduao do Grupo segue a Federao de Capoeira de Pernambuco, baseada nas
cores da bandeira do Brasil, como j foi explicitado acima, com a diferena de os
Mestres receberem uma graduao entre eles, assinalada nas cordas brancas, com
pontas bronze, prata e ouro. Esta ltima seria para o Mestre dos Mestres. Tal
medida serve para hierarquizar o trabalho dos mesmos. O abad completamente
branco.
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Segundo ele, quando comeou a praticar Capoeira, nunca pensou em chegar to longe.
Informa que, somente aps muitos anos de Capoeira, comeou a se sentir preparado
para ser graduado como Mestre e ter seu prprio grupo. Mestre Soldado acredita que
ser Mestre acima de tudo ser educador e pertencer a um processo de difuso da
Capoeira pelo Brasil inteiro e tambm pelo resto do mundo.
O Mestre Soldado ressalta ainda a importncia da Capoeira Angola para Pernambuco,
a qual, juntamente com as caractersticas da Regional, traduz um estilo prprio de
jogar Capoeira. Entende este esporte/arte/luta como instrumento didtico, que auxilia
tanto os estudos formais quanto proporciona uma formao complementar.
Acreditando nisso, apesar das adversidades, ministra aulas aos seus alunos em sua
prpria casa, mesmo sem contar com as estruturas necessrias. Nesse trabalho
voltado para a Capoeira j graduou oito Mestres e incontveis alunos.
Mestre Cal (ou Kal) teve os primeiros contatos com a Capoeira em 1979, aos oito anos
de idade. Iniciou no Grupo de Capoeira Senzala do Mestre Piraj, composto ainda
pelos Mestres Marron (falecido), Gilmar, Zezinho Gaiola, Batista, Canco de Fogo,
entre outros. Neste Grupo ficou at 1990, quando se graduou professor pelo Mestre
Piraj, sendo aconselhado por ele a formar seu prprio grupo. Fundou e fez parte de
vrios outros grupos, como o Arte Mandinga e o Folha Seca. Em 2007, a convite do
Mestre Tet, tornou-se um dos mestres do Grupo de Capoeira Ginga do Corpo
Negro.
Neste grupo, retoma sua histria com a Capoeira de rua, visto que acompanhou
Mestre Tet nas rodas de rua da Praa do Dirio, Mercado de Casa Amarela e Morro
da Conceio com grande frequncia, nutrindo, por conseguinte, grande admirao
pela Capoeira dita de rua.
Mestre Cal fala com muita propriedade da Capoeira pernambucana em suas
especificidades, sobre o que a diferencia daquela jogada na Bahia e no Rio de Janeiro.
Para tanto, realizou diversas viagens para fora do Estado, a fim de participar de
eventos de outros grupos e assim trocar experincias e aprender sobre o universo da
Capoeira para alm dos limites geogrficos pernambucanos.
frente do Ginga do Corpo Negro, junto aos Mestres DJ e Dodi, ministra aulas de
Capoeira duas vezes por semana no espao de sua prpria residncia, alm de
promover rodas de rua, abertas para todos que quiserem participar, pelo menos uma
vez por semana. Vale destacar que Mestre Cal foi, segundo ele, um dos primeiros
capoeiristas a oficialmente ministrar aulas no Projeto Escola Aberta (h mais de oito
anos).
Para este Mestre - uma das atuais lideranas do Grupo -, na capoeira de rua o
berimbau toca e convida todos a jogar Capoeira no espao pblico. Segundo ele, todos
os capoeiristas devem ter esse tipo de contato: pois, a capoeira de rua ensina a
malandragem da Capoeira, a hora de bater, de sair, de se defender (...) ela nos ensina
com eficincia a ler as pessoas em suas intenes e principalmente fornece a essncia
da Capoeira (...) A Capoeira de academia sequenciada, voc aprende os movimentos
mas no a essncia da Capoeira. Nesse sentido, conforme o Mestre, a Capoeira de rua
constitui parte da memria deste esporte.
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Vicente Deodato de Luna Filho, mais conhecido como Mestre Morcego, nasceu em
agosto de 1965. Desde criana, praticou artes marciais e, em 1976, teve os primeiros
contatos com a Capoeira. Na escola primria em que estudava, sua professora,
sabendo do seu envolvimento com o jud e o carat, solicitou dele e de um colega de
turma uma apresentao de Capoeira para a semana do folclore. Treinaram a
apresentao, baseados em um livro de Nestor Capoeira, principalmente em suas
ilustraes. Da em diante, no parou mais de treinar, conhecer e se aprofundar no
universo deste esporte. Treinou com Mestre Zumbi, mas tornou-se discpulo de Piraj
com quem se graduou Mestre.
Fundou e participou de vrios grupos; o primeiro deles chamava-se Nag, em seguida
veio o Grupo Tradio, que dialogava tambm com as danas de matriz africana, como
o maculel e o samba de roda e neste, Mestre Morcego pde experimentar sua
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recente. Mas, at hoje ningum fala de Mestres mais antigos que ns, a no ser os
valentes de 1920. Se voc perguntar quem comeou primeiro, eu no vou saber, mas
quando eu montei minha academia, no tinha nenhuma outra por aqui. Ento, graas
a ns que incentivamos a Capoeira, hoje ela pode ser tida como um Patrimnio
Imaterial em Pernambuco.
Afastou-se da Capoeira entre os anos de 1980 a 1990, devido violncia no jogo e
rodas. Deixou de frequentar rodas de rua, mas continuou dando palestras sobre o
esporte/arte/luta. Em 2002, foi convidado para a primeira reunio da salvaguarda da
Capoeira no Museu da Cidade do Recife. O evento proporcionou o reencontro do
Mestre Coca-Cola com a Capoeira e uma nova concepo de jogar sem violncia, A
partir desse evento eu voltei, porque vi que a Capoeira tinha mudado e tava se abrindo
pra sociedade, confirmou.
A Academia Afox de Olinda considerada um dos mais antigos grupos ainda em
atividade. J recebeu a visita de importantes capoeiristas de Pernambuco e de outros
estados do Brasil. No incio ns ramos amadores, porque ningum imaginava que a
Capoeira fosse ter essa exploso que tem hoje em Pernambuco. Hoje, voc encontra
Capoeira em Petrolina, Arcoverde, no Serto em todo lugar, sem problema, assevera
o Mestre. Segundo ele, o Grupo tem estilo de jogo da Capoeira pernambucana, que
difere de outros lugares, como a Bahia, Rio de Janeiro e So Paulo. Tal estilo est mais
prximo da Capoeira Regional.
Atuando em uma comunidade carente, a Ax de Olinda no cobra nenhuma taxa aos
seus 25 integrantes. Tem uma filosofia de trabalho que evoca os aspectos
socioeducativos, sobretudo na valorizao da educao por meio da Capoeira. Como
ratifica Mestre Coca-Cola: Os requisitos para os alunos entrarem na minha academia
serem autorizados pelos pais e estarem matriculados na escola.
O Grupo realiza aulas teras e quintas-feiras; e rodas sempre s quintas-feiras. Alm
disso, frequentemente participa de outras rodas da cidade, porque considera
importante a troca e o reforo para uma Capoeira sem violncia. A Academia entende
que, para se tornar um Mestre no basta ter malcia, ginga, fora, flexibilidade e
talento; preciso valorizar o ser humano. Para o Mestre Coca-Cola O verdadeiro
Mestre no aquele que joga bonito e d aula; preciso ser Mestre na vida, onde o
conhecimento e experincia podem ser repassados pro aluno, ajudando na sua
formao de capoeirista cidado.
Mestre Lua comeou a jogar a Capoeira pernambucana em 1982, com Mestre Juarez,
seu irmo, mas tambm teve contato com outros Mestres, como Sapo e Corisco.
Enfrentou a resistncia dos pais para jogar Capoeira, assim como seu irmo enfrentou,
mas tambm encontrou o preconceito fora de casa: Foi uma luta, n! Primeiro dentro
de casa pra enfrentar meus pais e depois na rua... eu j sa corrido do Alto da S por
causa da polcia atirando na gente... nos incios dos anos oitenta, confessou. Mestre
Lua, na verdade, possui graduao apenas de professor, porque precisou dar um
tempo durante sua trajetria. J viajou pela Europa, tocou com Nan Vasconcelos e
Gilberto Gil, tornou-se percussionista. Tudo por causa da Capoeira.
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mestre Dunga, Contramestre Espigo, Mestres Colorau e Meia Lua, entre outros e
colocou sua corda e seu diploma prova. T aqui o meu diploma, t aqui minha corda
as minhas cordas e aquele que acha que eu no tenho condies de usar essa
corda, a roda t aqui, a gente vai jogar e pode vim tomar! Nenhum integrante da roda
tomou a corda. Catend chamado, no dia-a-dia, ora de Mestre ora de professor,
mas diz no dar muita importncia a essa questo de ttulos.
Destaca como mestres importantes na sua trajetria, o Mestre Zumbi Bahia, que lhe
conferiu a primeira corda; depois, os Mestres Tet, Do Vale, Corisco, com os quais
aprendeu muitas coisas boas.
Trouxe o Grupo Abolio para Pernambuco, para o municpio de Abreu e Lima,
quando retornou em 1989; mas o grupo comeou a ficar bagunado e violento e o
Mestre preferiu dar um tempo, desativando-o. Logo depois, Mestre Jean o convidou
para formar o grupo Pele Negra, juntamente com Mestre Pintosa. Estava presente
nesse grupo h dois anos, no tempo da entrevista, mas visitando outros grupos na
regio.
O Mestre Catend acha difcil quantificar os alunos do Grupo que possui capoeristas
de todas as faixas etrias pois os alunos graduados ensinam em academias do Pele
Negra de outros municpios, como: Itamarac, Igarassu, Itapissuma, Cruz de
Rebouas, Abreu e Lima, Belo Jardim, Jardim Paulista, Mirueira e Olinda. Em cada
semana, por exemplo, acontecem Rodas em espaos pblicos de um municpio
diferente, que so prestigiadas pelas pessoas das comunidades, pessoas de fora, ou
mesmo curiosos.
O Pele Negra, que tem sede em Cruz de Rebouas, no possui mensalidade, mas
solicita uma ajuda aos alunos e graduados para sua manuteno e tambm para ajudar
os alunos em dificuldades financeiras, pois so majoritariamente alunos de
comunidades carentes. O Mestre conta que muitos alunos foram resgatados atravs
da Capoeira: Como ns temos exemplos hoje, aqui pertinho, de meninos que antes
eram meninos de rua e hoje so cidados do mundo, bem dizer assim, um pai de
famlia, tem seu lar, sua famlia, trabalha, tem seu emprego fixo... ento, pra gente
um orgulho.
Em relao ao estilo do Grupo, o Mestre Catend afirma que ensina a Capoeira de raiz,
mas que acrescenta um qu em cada golpe uma forma nova de executar o golpe,
uma ginga diferente: o mesmo golpe do incio, com um qu a mais. O grupo
pratica as duas modalidades: Regional e Angola, mas Catend afirma no gostar de
misturar, nos treinos, os tipos de Capoeira. O Pele Negra tambm possui mulheres
capoeristas, que no so tratadas com diferena, pois se todos treinam e possuem
fora de vontade, todos so iguais.
Segundo o Mestre, o grupo adotou uma graduao que tem origem em So Paulo, mas
que tambm foi praticada em algumas partes da Bahia e de Pernambuco:
primeiramente, verde, depois, verde e amarela, em seguida, amarela, amarela e azul,
azul tranada, azul (contra-mestre) e, por fim, branca (mestre). Os abads dos alunos
so diferentes dos graduados. A camisa dos alunos branca e a dos mestre e contramestres azul, com a logomarca do grupo na camisa e na cala.
O berimbau confeccionado pelo prprio grupo, assim como pandeiros, entre outros
instrumentos. Para se fabricar o berimbau, o Grupo vai fonte, buscar a beriba, a
madeira adequada, com bom arco e espessura. Trabalha-se com a madeira no sol,
coloca-se verniz e tinta e arma-se o instrumento. Todo esse conhecimento repassado
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especializao. Alm disso, procura manter o sistema das sequncias de ensino, mas
adverte que no se pode limitar-se a esse sistema. Por fim, sobre a linha que escolheu
seguir dentro da Capoeira, afirma: Minhas dvidas eu s consegui tirar na Capoeira
Regional, na Capoeira Angola eu no consegui tirar dvidas. Atualmente, o Mestre
Dentista d aulas no Clube de Cabos e Soldados da PM, em sua casa e na Escola Dom
Bosco de Artes e Oficios, no bairro do Prado, Zona Oeste do Recife.
Acrescentando algo mais sobre o Grupo Muzamb Capoeira, fundado por Dentista,
este deu seu novo endereo: no bairro San Martin, prximo da Mustardinha. Continua
seguindo a linha da Capoeira Regional e hoje mantm ncleos nos municpios de
Moreno, Cabo de Santo Agostinho, ambos na RMR, e em Garanhuns, na regio serrana
do Agreste Meridional do Estado. Conta hoje com aproximadamente 1000 membros. O
grupo misto, mas 80% dele formado por homens. O abad do grupo cala branca
e camisa branca de mangas, com o smbolo do grupo estampado no peito e atrs. Em
suas rodas, utilizado pandeiro e apenas um berimbau, ou o gunga ou o mdio:
instrumentos da Capoeira Regional. O viola, que o berimbau que se ocupa mais do
solo, no to utilizado no Muzamb.
Os instrumentos usados so confeccionados pelo prprio grupo, que aprende a fazlos com o Mestre. Aos alunos iniciantes, Dentista costuma ensinar usando papelo e
linha, pra depois passar para os materiais usados na confeco do instrumento. Em
seus ncleos em Moreno e Garanhuns, segundo o mestre Dentista, ainda se pratica
roda de rua. O grupo adota na formao dos capoeiristas o batizado, a formatura e a
especializao.
Jos Paulo da Silva Filho, o mestre Duvalli, comeou a se interessar pela Capoeira no
final da dcada de 1960, motivado pelas histrias que ouvia do seu pai, o policial
militar e msico Jos Paulo da Silva. Perguntando a este o que era Capoeira, ouviu que
era uma luta, na qual se dava muita cabeada, rasteira e se usava navalha. Sua
primeira referncia sobre o assunto, portanto, remetia Capoeira de rua. Duvalli
compara a imagem do capoeirista desta poca com a imagem equivocada que se tinha
dos comunistas, que eram perseguidos no Recife, sendo associados a pessoas
perigosas, das quais tinha que se manter distncia. Assim, os capoeiristas da poca,
segundo Duvalli, evitavam se expor. Apesar de temidos, no entanto, eram figuras
respeitadas nas comunidades.
No incio da dcada de 1970, Duvalli j conhecia alguns movimentos (golpes), que
aprendera nas ruas. Segundo o mestre, a Capoeira desta poca era completamente
diferente da que hoje praticada. A ginga o balano e os movimentos era
diferente, como tambm era diferente o seu significado, uma vez que estava associada
unicamente luta, a uma forma de defesa. No havia uma preocupao com a
Capoeira enquanto cultura, explica o Mestre, mas enquanto uma ferramenta para
enfrentar as adversidades do cotidiano. S por volta de 1972, ao observar capoeiristas
na Praa do Carmo, Duvalli tomou conhecimento da existncia das rodas de capoeira.
Segundo ele, tudo que havia aprendido at aquele momento advinha da capoeira de
fundo de quintal, no das rodas de rua. Por esta poca, o Mestre conheceu outros
capoeiristas, como Meia-Noite, e passou a frequentar as rodas.
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Por volta de 1978 e 1979, quando surgiu um espao no Centro Social Urbano de
Campina do Barreto, seu bairro Zona Norte da cidade -, Duvalli comeou a dar suas
primeiras aulas. Nesta poca, segundo ele, teriam acontecido os primeiros eventos de
Capoeira ao nvel estadual e municipal, dos quais ele participou. Em 1979, funda o
grupo Capoeira Norte, que depois ganhou vrios nomes, como Norte Senzala, Senzala
Zona Norte. Hoje, ele faz parte do grupo Ax Capoeira, presidido pelo mestre Barro.
No final da dcada de 1970, conheceu os mestres Canco de Fogo e Pirajara. Passou a
andar com o primeiro, que costumava visit-lo para conhecer seus alunos. Na dcada
de 1980, Duvalli comeava a participar com mais frequncia das rodas de rua. Decidiu,
ento, que iria tornar-se uma referncia na Capoeira do Recife. Essa busca por
reconhecimento o levou a treinar exaustivamente, com medo, segundo ele, de ser
derrotado nos confrontos com outros capoeiristas. Esse investimento teria sido a
principal causa do seu significativo nvel tcnico e de ter se tornado um dos expoentes
da Capoeira no Recife, como almejara.
Sobre o seu estilo, Duvalli afirma que os capoeiristas, de um modo geral, j eram
considerados praticantes da Capoeira de Angola, antes mesmo de ser difundido um
estilo com este nome. Segundo ele, mestre Pastinha teria criado um padro, um
ritual de Capoeira, seguindo seu prprio modo de pratic-la. O estilo praticado no
Recife, no entanto, sempre teria sido a capoeiragem - afirma, que no seguia um
padro determinado. Assim, sua maneira de jogar seguiria a tendncia da Capoeira por
ele vivida e praticada desde a dcada de 1970, que define simplesmente como
capoeiragem. O mestre est convencido de que esse estilo que predomina no Recife,
cuja principal referncia o mestre Bimba, o que denominam de Capoeira Regional.
A Capoeira hoje praticada, dada a grande quantidade de inovaes que apresenta,
frequentemente descrita como Capoeira Contempornea, denominao que muitos
no aceitam. Segundo Duvalli, quem no acompanhar essas inovaes tende a ficar
para trs. Para ele, os prprios alunos tendem a seguir aqueles que esto mais
atualizados. Haveria, no entanto, uma necessidade de o capoeirista no esquecer a
capoeiragem, que seria sua base, sua formao, sua histria contra os preconceitos
racial e cultural. A capoeiragem seria, assim, a responsvel pela luta que fez da
Capoeira uma das artes mais completas do mundo.
Quanto s inovaes, Duvalli cita o exemplo dos muitos movimentos da Capoeira que
teriam sido incorporados por diferentes artes marciais. Do mesmo modo, a Capoeira
teria incorporado movimentos dessas artes. As mudanas tambm se expressariam
pela ausncia de alguns golpes comuns Capoeira da dcada de 1960 e 1970, tais
como: cabeadas, vos-de-morcego pra frente, vos-de-morcego pra trs, rabos de
arraia e rasteiras. Assim, haveria uma necessidade tanto de incorporar as novidades
quanto de manter uma relao com o passado. Como diz o prprio, as pessoas tm
que praticar, tm que inovar, tm que crescer.
Duvalli tambm menciona o fato de hoje a Capoeira ser praticada fora dos seus eixos
tradicionais, que eram Rio de Janeiro, Salvador e Recife, tornando-se significativa a
contribuio de outras localidades, como Curitiba, So Paulo, Joo Pessoa, Belo
Horizonte, Fortaleza, etc. Assim, essas novidades viriam hoje de diferentes lugares,
contribuindo para a dinamizao e mudanas observadas.
Duvalli um dos principais praticantes e defensores da chamada capoeira de rua.
Segundo o Mestre, a dinmica do nosso cotidiano seria uma das principais causas da
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diminuio dessas rodas. Sua importncia, no entanto, seria fundamental para uma
completa formao do capoeirista, pois esta prtica seria a essncia da Capoeira.
Para Duvalli, as rodas teriam e, ao mesmo tempo, no teriam limites. Elas consistiriam
em uma oportunidade para explorar, testar e mostrar o potencial fsico e tcnico
de cada praticante. As rodas de rua tambm teriam um sentido didtico. Nelas se
aprenderia a respeitar, a ter uma viso ampla dentro da capoeiragem, bem como se
aprenderia a malcia e a malandragem da Capoeira.
O primeiro nome de capoeirista adotado por Duvalli foi Azulo. Segundo ele, a adoo
de um pseudnimo tambm serviu para proteg-lo de represlias, resultantes das
inimizades que adquiriu por participar de vrias rodas de capoeira no Recife. Assim,
como o seu nome verdadeiro era desconhecido, sua identidade e localizao eram
preservadas. Para isto, por muito tempo evitou dar aulas em locais fixos.
Duvalli adota, na formao de seus alunos, o batizado, a formatura e a especializao.
O abad do grupo cala branca e camisa branca de mangas, com o smbolo do grupo
estampado no peito e atrs. Em suas rodas, alm do pandeiro, utiliza trs berimbaus,
que so os seguintes: o gunga, considerado a base, quem determina o jogo; o mdio,
o responsvel pelo acompanhamento; e o viola, o menor dos trs, responsvel
pelas variaes. Uma parte dos berimbaus comprada e outra confeccionada pelo
Mestre e seus alunos.
Em seu jogo, Duvalli emprega os movimentos bsicos da Capoeira, que divide em trs
categorias: os de defesa, os de ataque e os acrobticos. Esporadicamente, o Mestre
organiza uma roda de rua em lugares de grande visibilidade, como o marco Zero, no
Recife antigo. Para esses eventos, Duvalli sempre convida outros mestres e grupos.
Mas os lugares em que mantm uma roda mais constante so: o Centro Social Urbano
de Campina do Barreto e a Casa da Cultura, ponto turstico do Recife, onde leciona.
Frequentam suas aulas homens, mulheres e crianas. A maioria composta pelo sexo
masculino, que chega a 60% dos alunos. Estes pertencem s classes mdia e baixa,
residindo tanto na comunidade de Campina do Barreto, quanto em diversos outros
bairros da cidade.
Duvalli fala do seu trabalho, sobretudo das suas aulas no Centro Social Urbano de
Campina do Barreto, como um projeto social, cujo objetivo contribuir para a
conscientizao e melhoria do nvel scio-cultural dos seus alunos. No Centro Social
Urbano, as aulas so gratuitas, sendo as vagas bastante concorridas.
Humberto Ferreira de Mendona, conhecido por Mestre Sapo, uma das figuras mais
representativas da Capoeira Angola em Pernambuco. Comeou a praticar Capoeira por
volta dos anos 1970, quando tinha 12 anos de idade. De acordo com seu relato, o
primeiro mestre que conheceu no universo capoeirstico foi o Mestre Marcos Coca
Cola, quando este dava aulas em Bairro Novo bairro localizado na cidade de Olinda.
Depois que foi apresentado a este Mestre, atravs de um amigo, ele comeou a
frequentar, na Praia de Pau Amarelo - municpio do Paulista, Litoral Norte do Estado -,
na pracinha do Forte, as rodas de rua. Neste perodo, teve a oportunidade de conhecer
Mestres como Zumbi Bahia e Pel - que o entrevistado costumava chamar de Mestre
Maranho. Tempos depois, conheceu o Mestre Mulatinho, que na poca ainda no
tinha recebido a corda branca. Ele ressalta que, quando comeou a treinar Capoeira,
no imaginou que um dia iria ensinar ou formar grupos; mesmo porque, segundo ele:
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... a Capoeira apareceu na minha vida como uma casa. Num foi um sonho, num foi
uma vontade, num foi um desejo. Foi pra num fazer besteira. (...) Foi pra num entrar
no mundo pesado, mas, no era um sonho ou desejo. Ele diz que seu sonho, na
realidade, era ser engenheiro ou arquiteto, contudo, sofreu um acidente na viso e
teve que mudar seus planos.
Com relao prtica da Capoeira, ele considera que, nas dcadas de 1970 e 1980,
no havia uma distino clara sobre se era Capoeira Regional ou Capoeira de Rua: nas
suas palavras:
Quando eu comecei a aprender Capoeira aqui em Pernambuco, rapaz, tinha muita
pouca Capoeira, n? Tinha o Mestre l no Morro da Conceio, que o Mestre Piraj
n? Tinha aquele aluno dele l... tinha Tet, aquele pessoal ali, n? O Mestre
Mulatinho j veio depois que nessa poca ele morava em Braslia, eu acho... chegou
aqui depois. Ento, tinha muita pouca Capoeira n? Ento assim, alguns falavam
Capoeira Regional por causa dos movimentos n? Outros falavam que era Capoeira de
Rua por onde ela acontecia, onde era praticada n? na rua, na rua. Ento... agora que
eu... na minha viso eu acho que, assim, era mais Capoeira de Rua do que a Capoeira
Regional, porque a gente num levava essa coisa da sequncia do Mestre Bimba n? Eu
nunca peguei a sequncia do Mestre Bimba, o que eu aprendi foi na rua, foi na Roda
da Capoeira n? Foi meu Mestre me ensinando aquelas coisa sem informaes que
isso seria a sequncia do Mestre Bimba que a coisa... que onde a Capoeira
Regional, n? Trabalha, n? a seqncia de Bimba.
E completa, afirmando que os capoeiristas que jogavam Capoeira de Rua jogavam
tambm Capoeira Angola e Capoeira Regional: ...ento, quando voc quisesse
mostrar o lado flexvel, o lado acrobtico da Capoeira, se chamava Capoeira Angola,
n? E quando era as pernada, se chamava Capoeira Regional.
Ainda neste perodo inicial, treinou com o Mestre Pel durante dois anos, mas o
referido Mestre teve que voltar para seu Estado de origem, o Maranho. Ento, de
acordo com o entrevistado, ele continuou a jogar Capoeira sozinho, no quintal de sua
casa e depois com alguns amigos. Foi neste nterim que ele soube que havia uma Roda
de Capoeira na Praa do Dirio j referida por alguns outros Mestres -, onde
acontecia uma das rodas mais famosas da histria da Capoeira pernambucana. Esta
roda era conhecida pela fama dos brabos e valentes que l frequentavam. Mestre
Sapo considera: Pra voc ser considerado aqui em Pernambuco, n? como bom
capoeirista, tinha que participar daquela Roda ali, tinha que ir praquela Roda ali.
Foi frequentando a roda da Praa do Dirio que o Mestre Sapo conheceu a Capoeira
Angola atravs do Mestre Cobra Mansa, que participou de um dos encontros no local.
Ento, seu primeiro contato foi visual e foi quando ele pde perceber que havia
diferena no modo de gingar, na postura e nos objetivos quando se est na Roda.
Ainda assim, continuou a praticar a Capoeira de Rua.
Tempos depois o entrevistado no precisou a poca - ocorreu o Primeiro Encontro
Nacional na cidade do Rio de Janeiro, no Circo Voador, chamado P quente, cabea
fria. O Mestre Mulatinho participou do evento e convidou alguns capoeiristas para ir
com ele; dentre estes, Mestre Sapo e Mestre Tet, que ainda no eram Mestres. Para
tal evento, o Mestre Mulatinho deu Corda para os que foram e o Mestre sapo recebeu
a Corda Roxa que na Capoeira Regional a Corda de Contramestre. A Corda Vermelha,
na poca, era a de Mestre. Ele destaca que os dois primeiros dias s se apresentaram
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eu? Eu fico como? Voc Mestre p, voc j Mestre de Capoeira. Eu digo: no, eu
no me considero um Mestre ainda de Capoeira Angola, eu ainda to aprendendo
Capoeira Angola.Mas a gente aqui... todo mundo aqui reconhece voc como mestre
de Capoeira Angola e acabe com isso. Voc um mestre de Capoeira Angola. Mas isso
ficou pra l, mas, na minha... pra mim era muito pouco, n? E continuei a aprender
Capoeira Angola, num butei camisa Mestre Sapo. At hoje num tem, num tem
Mestre Sapo.
Ele acrescenta que os Mestres Joo Pequeno, Joo Grande e Cobrinha sempre o
incentivaram a deixar a Capoeira Regional e se dedicar exclusivamente Capoeira
Angola, mas ele diz que fazer esta escolha no foi nada fcil. Mas, era a Capoeira
Angola de que ele, de fato, gostava, pois, foi onde eu vi que pra voc mostrar que
uma pessoa inteligente, objetiva, no precisa da fora, s a tcnica e isso me pegou,
n? Tipo, eu fui criado no meio da violncia, a Capoeira que eu aprendi foi no meio da
violncia, meus Mestre me ensinou a ser violento, ento, por isso que eu tive que ser
violento. Se voc quisesse ser famoso, voc tinha que ser violento. (...). Ento, eu
queria ser bom no que fao. Havia discriminao do pessoal da academia e isso
estimulava a ser violento. E completa: Eu ganhei fama porque era um cara brigo.
O entrevistado ainda acrescenta que, se hoje estivesse na Capoeira Regional, no
estaria vivo, devido quantidade de inimigos que teria e que hoje eu num me
arrependo, eu s queria ter conhecido a Capoeira Angola antes (...) porque hoje a
minha viso de Capoeira totalmente diferente da viso que eu tinha quando fazia
Capoeira Regional.
Ao retornar ao Brasil, depois de 12 anos, entrou em contato com o Mestre Cobrinha
(Rogrio) e fez um workshop de Capoeira Angola, e este continuou a insistir na idia de
que ele optasse pela Capoeira Angola apenas. No dia 28 de maro de 2008, ele recebe,
formalmente, o ttulo de Mestre pelas mos do Mestre Cobrinha (Rogrio) e esta
formatura surgiu da necessidade de formar um Contramestre que era seu aluno do
Mestre Sapo chamado Rogerinho. A eu digo: Mestre [referindo-se a Rogrio], como
que eu vou formar um aluno se eu num sou formado, sou reconhecido? Desta
maneira, foi formado Mestre de Capoeira Angola que, para o entrevistado, um tipo
de Capoeira muito diferente da Regional, porque tem muita expresso e um elo
muito forte com a tradio africana que na Regional no tem. E completa:
Eu acho que esse que diz que faz Capoeira Angola e faz Regional, ele pode at fazer
mas num vai conseguir ser um bom angoleiro no; num vai no, porque eu acho que,
antes de tudo, voc tem que preparar o esprito. Pra ser angoleiro, voc tem que
preparar o esprito, cara. N preparar as perna e os brao como muita gente faz na
Regional (...) j pra num cair nessa de luta, no. Capoeira Angola, tudo bem... uma
luta tambm, mas um jogo, cara. Jogo de Capoeira.
O lado histrico, da raiz, da tradio tambm chamou ateno do Mestre Sapo. Afirma:
Fiquei muito tempo na Regional por causa do dinheiro, cara. Ele explica que quando
fazia as apresentaes na Europa, o pblico gostava mais das apresentaes da
Capoeira Regional porque tinha mais pernadas, movimentos acrobticos e empolgava
mais. H 20 anos que ele optou apenas pela Capoeira Angola e diz que no se sentia
completo praticando os dois estilos.
Aqui no Brasil, ento, consolidou o seu grupo que continua a chamar Angola Me. Vale
ressaltar que este grupo foi fundado em 24 de setembro de 1981. Atualmente
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funciona com duas turmas de 25, 30 alunos, em mdia. Participam do grupo crianas e
adultos e existe certo equilbrio entre o nmero de homens e mulheres. A maioria da
classe pobre e os integrantes so pessoas da prpria localidade de Olinda. Todos os
domingos, h roda aberta por volta das 18:30 s 21:00h. O abad atual cala branca
e camisa amarela mas, ele relata que antes se usava cala preta e camisa amarela, para
distinguir da Capoeira Regional.
Alguns Mestres da Capoeira Angola, como Mestre Joo Pequeno, usavam o abad todo
branco, mas o simblico era cala preta e camisa amarela porque... no porque seja
um uniforme da Capoeira Angola, ficou por causa de uma tradio do Mestre Pastinha,
que ele gostava do Ipiranga que era preto e amarelo, o time de futebol. Depois que a
gente soube n? que foi por causa do time de futebol a, ns l da Europa, vamos fazer
nosso movimento de Capoeira Angola, eu, Mestre Rogrio e Mestre Rosalvo,vamos
conversar. Qual a origem da Capoeira? A iniciao da Capoeira comeou aonde?
frica, n? NGolo, a dana da Zebra. Ento, se originou da dana da zebra, ento,
vamos botar cala preta e camisa branca, na Europa. A Capoeira Angola na Europa
cala preta e camisa branca. E aqui no seu grupo do Brasil permaneceu cala preta e
blusa branca. No grupo no h relao entre Capoeira e religio e a bateria
organizada conforme a tradio da Capoeira Angola: trs berimbaus (gunga, mdio e
viola), dois pandeiros, um agog, um reco-reco e um atabaque.
No concernente aos movimentos, Mestre Sapo considera: Um movimento que
caracterstico dos fundamentos da Capoeira Angola o rabo de arraia n? o rabo de
arraia. um movimento que hoje voc num v, voc num v na Capoeira Regional. Se
v meia lua solta ou meia lua de compasso que com uma mo. O rabo de arraia a
gente d com as duas mo no cho. o movimento bsico, n? da Capoeira Angola. E
a roda comea com as ladainhas, depois vem a saudao e os corridos. No tocante
Capoeira pernambucana, ele atesta: A Capoeira de Pernambuco uma baguna e
para ele a expresso fazer Capoeira completamente errada, pois, ele aprendeu
com um mestre na Bahia que Capoeira no se faz porque Capoeira j feita, voc
joga Capoeira.
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Essa associao da imagem da Capoeira com a violncia se d, segundo o contramestre, porque antigamente existia uma relao mais conflituosa entre os grupos, o
que, em muitos casos, ocasionava brigas nas ruas. Justamente por isso, considera a
Capoeira em Pernambuco muito atrasada, no sentido da unio entre os Grupos e
Mestres. Acredita ser por isso que a Capoeira em Pernambuco no desenvolveu tanto.
Atualmente, Arapinha ministra aula na UFRPE e na academia Plataforma. Comeou
recentemente a trabalhar em outros lugares, incluindo ONGs. A partir da sua
experincia de trabalho, observa uma clara distino entre o pblico da academia e da
UFRPE. O pblico da academia tem mais interesse no exerccio fsico e no h um real
interesse em ser capoeirista, sendo assim, no criado um vnculo forte com a
Capoeira. Entre os participantes da UFRPE, porm, j formou professores. Essa
distino serve para exemplificar que o capoeirista surge no trabalho com as
comunidades carentes. A insero da Capoeira nessas comunidades est associada ao
fato da boa aceitao e por no ser necessrio muito custo de material.
No ensino da Capoeira, no v motivo para separar a turma por sexo, raa, questo
social ou qualquer outro tipo de distino, muito pelo contrrio: deve-se buscar a
aproximao entre os diferentes, mas sempre respeitando os diversos ritmos de
aprendizado. Hoje, encara que as mulheres esto mais prximas da Capoeira, apesar
de no ter ainda uma Mestre mulher3. interessante notar que, na academia onde
ensina, a participao feminina chega a ser 70% do total de alunos.
Tratando especificamente do trabalho realizado nas comunidades, h uma
preocupao do Contramestre em fazer uma avaliao dos alunos antes de entrar na
Capoeira e depois. Tal avaliao feita atravs do desempenho do aluno na escola e
seu comportamento em casa. Atrela sua funo de professor de Capoeira de
educador, passando a vivncia e os ensinos da Capoeira e associando estes
cidadania.
Alm de professor de Capoeira, o Contramestre est cursando educao fsica na
Universidade de Pernambuco/UPE, e acredita que esse conhecimento acadmico
pode trazer novos conhecimentos que devem ser diretamente associados Capoeira:
como, por exemplo, a boa execuo dos movimentos, evitando assim contuses.
Essa aproximao da Capoeira com a educao fsica pode ser observada no objetivo
pretendido por Arapinha: como o curso de Capoeira ministrado na UFRPE, realizado
pela Pr-Reitoria de Extenso e Ncleo de Educao Fsica, ele est buscando inserir o
ensino de Capoeira como uma disciplina eletiva naquele Ncleo, o que j acontece na
UNICAP com o Mestre Corisco.
Ao tratar sobre as diferenas entre a Capoeira do Rio de Janeiro, Bahia e Recife, faz a
seguinte distino: no Rio, a Capoeira mais vista como um esporte, na Bahia est
mais associada questo cultural, preserva mais as caractersticas e aproxima-se do
carter turstico capoeira mais folclrica, com mais floreios. J em Pernambuco,
antigamente havia uma forte distino entre a Capoeira de academia e a de rua. A
3
A entrevista foi dada em 2009, muito antes da graduao de Mestra de Isa Mulatinho, em setembro de
2010.
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capoeira de rua era mais violenta mais carrasca e a da academia mais leve. Alm do
fato da relao entre estes dois grupos ser bastante conflituosa e, em muitos casos,
violenta. Hoje, ocorre mais uma mescla entre as duas. No existe tanta diferena entre
os dois modos de jogo, devido principalmente internet e a DVDs com vdeos de rodas
e cursos. O acesso aos diferentes estilos bem mais ampliado. O que causa, para o
Contramestre, uma certa padronizao; no entanto, as diferenas continuam a
existir entre a Capoeira praticada entre os diversos Estados e regies do pas.
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Desta forma, qual a cara da Capoeira Pernambucana? Existem vrias respostas para
esta pergunta, mas falemos ento da perspectiva das mulheres, mais especificamente
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dos debates travados no grupo cor de rosa choque que um projeto que foi pensado
por um grupo de mulheres que fazem parte do Centro de Capoeira So Salomo e que
se rene todos os sbados para treinar, jogar e debater sobre Capoeira. um grupo
aberto para outras mulheres capoeiristas e visitantes de um modo geral.
No dia 18 de julho, depois do treino e da roda de capoeira realizados por aquele grupo,
o debate girou em torno da Capoeira como Patrimnio Histrico e Artstico Nacional.
De forma sistemtica, as principais questes foram:
No dia 15 de julho, a Capoeira completou um ano como patrimnio nacional,
oficialmente reconhecido, e o que foi feito? No houve divulgao deste fato, e o mais
questionvel: o Festival de Inverno de Garanhuns municpio situado na Zona
Montanhosa de Pernambuco o qual, teoricamente, seria para referendar as nossas
manifestaes culturais em sua totalidade, no aprovou nenhum projeto, oficina ou
coisa do tipo com relao Capoeira. Foi explicado que importante estabelecer um
dilogo entre rgos que trabalham com a questo patrimonial e os prprios
capoeiristas para juntos encontrarem possveis solues de insero desta em
atividades culturais, no Estado.
Quando algum capoeirista vai ao Exterior para dar aulas, passar o seu saber, ele no
pode explicitar este motivo. Tem que dizer que vai fazer turismo. No seria o caso do
Ministrio da Cultura tentar criar uma espcie de passe livre para quem vai
transmitir determinadas manifestaes culturais como a Capoeira? (neste momento o
Mestre Mago estava presente e tambm reforou esta questo).
Como fazer com que as polticas de salvaguarda saiam do papel e entrem na prtica?
As mulheres capoeiristas ressaltaram que falta incentivo para o trabalho dos grupos e
Mestres. Colocamos que este um processo demorado e que requer um tempo de
luta, dilogo e mesmo de unio. J tinha sido ressaltado em outros momentos que a
Capoeira pernambucana rica em termos de diversidade, mas falta dilogo.
No dia 25 de julho, o cor de rosa choque completou 6 meses de atuao e foi bem
interessante, porque estavam presentes no s as mulheres do prprio grupo como
tambm duas capoeiristas italianas, uma americana, uma de Braslia (que treina com
uma mestra de Capoeira) e mais umas 3 ou 4 de outros grupos de Pernambuco. Os
pontos mais importantes foram:
1. Relatos das prprias experincias nos grupos, apontando os processos internos
de reconhecimento. Algumas fizeram parte de grupos em que eram as nicas
mulheres da roda. Falaram tambm sobre as dificuldades enfrentadas com a
maternidade, o trabalho, a exigncia fsica, que demandada na Capoeira (vi
isso na prtica! A minha primeira aula de capoeira com as meninas do grupo
me deixou quebrada por trs dias. So movimentos que mexem com cada
parte do corpo e exigem tcnica e fora), escreve Jacira.
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Para o abad, no lugar do rio ficou o berimbau e no lugar das duas canas ficou a
simbologia de dois capoeiristas. Com relao ao berimbau, a madeira retirada da
mata e trabalhada pelos prprios integrantes do grupo para faz-lo. A grande
dificuldade que o grupo no tem sede prpria, e como os alunos no pagam
mensalidade, o grupo tem que ir em busca de patrocnios para os batismos, as viagens,
os abads etc. Como tambm no h um Mestre no grupo, os responsveis procuram
sempre convidar Mestres de outras localidades, como Mestre Mulatinho, Mestre
Espinhela, Mestre Mago, Mestre Piraj, entre outros.
Os integrantes so crianas e adolescentes carentes da localidade. Um dos requisitos
para participarem do grupo estarem estudando na escola formal. As rodas so feitas
numa praa e h treinos toda tera e quarta das 19:00 s 22:00h. Acontecem neste
horrio para que no haja choque com os horrios das aulas no ensino formal, que
acontecem nos turnos da manh e da tarde e tambm por ser numa praa; se os
treinos fossem no perodo diurno, o sol atrapalharia bastante. A participao da famlia
constante, principalmente das mes.
Hoje, o grupo tambm faz apresentaes de afox, maracatu, samba regae, maculel
entre outros porque, de acordo com Luciana Ebuliani, s com a apresentao da
Capoeira no estaria mais funcionando.
Para Luciana Ebuliani, a Capoeira vista como arte e por este motivo existe todo um
trabalho no grupo para que os alunos no se machuquem. Nas palavras da
entrevistada a Capoeira show, a Capoeira arte, a Capoeira bonita de ser vista.
Ela tem que ser mais divulgada, acredita a entrevistada, especialmente com crianas e
adolescentes. preciso tambm trazer os antigos mestres para o contato com os
grupos. No concernente participao das mulheres, ela destaca que ainda h muito
preconceito dentro da Capoeira, porque os homens querem mostrar fora dentro do
grupo.
Alm da discriminao com relao ao gnero, h tambm a preparao: de acordo
com ela, a mulher no tem o mesmo ritmo que os homens, e outro fator que eu acho
a questo de voc querer realmente ser capoeirista. Eu acho que a Capoeira, por ter
vindo de Mestre Bimba, Mestre Pastinha, veio de uma histria de geraes e geraes
s com homens; e como a gente est comeando agora, eu acho que falta um bom
tempo ainda para essa Capoeira ser vista com bons olhos, tanto pela sociedade quanto
pelas prprias mulheres que jogam. Pelo menos, o que eu sinto a nvel de Brasil, a
nvel de Pernambuco.
Ela ainda acrescenta que muitos amigos seus que trabalham com a Capoeira no
Exterior relatam que no h tanto preconceito assim l fora. E finaliza: a
participao est crescendo, mas ainda falta muita coisa para fazer.
Depoimento de Izabel Cristina de Arajo Cordeiro (Bel):
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E, de modo geral, a participao das mulheres, de acordo com Izabel Cordeiro, tem
ajudado a trazer um outro pblico para a Capoeira: por exemplo, crianas, pessoas de
mais idade... porque antes tinha-se a viso de que s quem podia participar eram
homens que tivessem fora para competir na roda. No que diz respeito Capoeira em
Pernambuco, ela acrescenta que uma Capoeira slida e rica da perspectiva da
diversidade, mas em contraponto, carece de um dilogo maior. Os capoeiristas
precisam estar mais unidos. E complementa: Eu acho que cada local que faz Capoeira
tem que responder aos anseios daquelas pessoas que fazem Capoeira e tem que ter a
cara dessas pessoas. E completa: Capoeira falta reconhecer o papel dos Mestres e
grupos atravs de polticas pblicas voltadas para os mesmos.
Depoimento de Isa da Rocha Mulatinho:
Isa Mulatinho uma das capoeiristas referncia em Pernambuco: membro fundadora
da Federao Pernambucana de Capoeira e secretria da mesma desde 1980, quando
ainda era o Departamento Especial de Capoeira da Federao Pernambucana de
Pugilismo. De acordo com seu depoimento, ela comeou a ouvir falar em Capoeira em
1979, quando morava em Piedade e seu irmo mais novo comeou a treinar Capoeira
com o Mestre Mulatinho (na poca ainda Corda Vermelha). Numa visita do Mestre
Mulatinho sua casa ela ficou impressionada, pois o que falavam dele correspondia
realidade: muito forte, bonito e educado. Pouco tempo depois, eles comearam a
namorar e da ento Isa Mulatinho entrou para o universo da Capoeira: ou eu ficava
na Capoeira ou eu no namorava com ele, pois todas as nossas atividades de lazer
estavam correlacionadas Capoeira, (...) por isso eu digo que eu no escolhi a
Capoeira, a Capoeira que me escolheu. No que eu seja petulante, mas porque
realmente eu no tomei uma atitude: eu vou fazer Capoeira, ou: eu vou conhecer a
Capoeira! A Capoeira me escolheu , ela me fisgou e at hoje continua fazendo parte
da minha vida... Eu a conheci em casa, atravs do Mestre Mulatinho. Antes disso,
nunca tinha ouvido falar em Capoeira.
Isa Mulatinho destaca que quando comeou a conhecer Capoeira, ela sempre via nesta
manifestao cultural a tpica Ginstica Brasileira, um meio de expresso do povo
brasileiro. E neste sentido, h o questionamento do por qu no haver Capoeira em
todas as escolas brasileiras? No brasileiro? Tem que ter Capoeira. Porque ela a
luta que a gente sabe fazer, a forma que a gente brinca, que a gente faz graa, e tudo
mais. O primeiro grupo formado por Mestre Mulatinho e Isa foi o Mal, que
funcionava em Piedade e teve seu auge nos anos de 1981 e 1982, na Associao dos
Ex-Alunos do Colgio Marista na Rua Gervsio Pires, quando organizaram o I e II
Seminrios Norte/Nordeste de Capoeira e o Boletim Informativo chamado O
Berimbau. No final dos anos 1980, o Mal foi para Boa Viagem (Recife/PE) e
atualmente est com o Mestre Nem Cangalha, em Recife e em Portugal, com os
formados Comuna, Franja, Pirata e Zulu.
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A entrevistada tambm trabalhou no Sesc de Santo Amaro, onde Zumbi Bahia dava
aulas de Capoeira. Nesse perodo, foram realizados muitos eventos no SESC,
continuando as realizaes mesmo depois da sada de Zumbi do cenrio da Capoeira
Pernambucana, ainda nos primeiros anos da dcada de 80. Em 1999, criada a
Federao Pernambucana de Capoeira, sendo ela sucessora da antiga Federao
Pernambucana de Pugilismo, que atravs do Departamento Especial de Capoeira
oficializa a Capoeira em nosso Estado (1979) como modalidade esportiva e cultural,
depois de sua proibio por Lei (1890).
Este o primeiro ato Oficial relativo Capoeira Pernambucana, realizado pelo Mestre
Mulatinho, na poca, Corda Vermelha. Nesta ao, oficializou-se tambm o primeiro
sistema de Graduao de Capoeira de Pernambuco, a prtica de fazer Exames de
Graduao, realizao de Campeonatos, Taas, Torneios e Seminrios. Salienta que A
Capoeira em Pernambuco no Angola, no Regional, Capoeira Pernambucana.
Alm disso, para ser capoeirista no s jogar, participar ativamente do universo de
atividades que a Capoeira oferece a todos sem distino de sexo, cor, religio, nvel
social ou mesmo deficincia de qualquer tipo. o espao mais democrtico que
conheo..
Com respeito ao papel das mulheres, ela destaca: eu acho que a mulher entra na
Capoeira por curiosidade, ou por alguma afinidade com um capoeirista especfico. Mas
entrar na Capoeira uma coisa, permanecer nela outra. A Capoeira exige muito,
fisicamente: o estudo, o trabalho e a maternidade, enfim a luta pela sobrevivncia,
influem consideravelmente na permanncia dela ou dele na Capoeira. H tambm o
risco de leses fsicas que no to levado em considerao quando se jovem. Tanto
o homem como a mulher participam com mais tranquilidade se os dois forem
capoeiristas, pois assim entendem melhor o chamado que a Capoeira faz. diferente
para a mulher fazer Capoeira hoje e fazer em 1980. Hoje, as mulheres treinam nas suas
academias, mas eu me expunha o tempo inteiro e no jogava apenas entre os amigos,
em casa. Estvamos num momento de grande expanso onde aproveitvamos
qualquer oportunidade para fazer uma demonstrao, fosse numa escola, na rua, ou
em qualquer lugar.
Atualmente, a Capoeira resgatou muito o lado social, mas na dcada de 80 era muito
diferente, tinha pouqussimos Mestres e a Capoeira ainda era muito discriminada. Hoje
todo mundo quer ser Mestre, porque a Capoeira comea a ser valorizada. Com sua
expanso internacional, ela se transforma numa grande embaixadora do Brasil no
Exterior e o Governo Brasileiro no pde mais ignor-la. O problema que a Capoeira
nunca teve apoio efetivo do Governo como se fosse uma coisa s da gente, do
povo.
E acrescenta: A Capoeira uma relao de amor, dedicao e respeito para com o
Mestre, que se torna pai, amigo, irmo e camarada. Refora ela a admoestao para
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. No tempo em que eu terminava este Dossi, Isa Mulatinho foi surpreendida, ao ajudar na organizao
dos exames de graduao de novos Mestres, na Federao Pernambucana de Capoeira, com a proposta
e sucessiva aclamao do seu nome para receber a corda branca de Mestre, pelos seus inmeros
servios causa deste esporte/ luta/ arte. Muito feliz, comunicou a novidade aos amigos entre os
quais, eu participando a finalizao dos rituais da graduao no prximo 26 de setembro de 2010,
quando receber os amigos para comemorar.
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alegria, com beleza; que eu acho que as mulheres tm uma forma, tm um jeito
diferente. No melhor porque no existe um melhor do que o outro, o papel de cada
uma da gente fazer com que mais mulheres participem, fazer crescer o nmero de
mulheres e trabalhar em cima da questo de que as mulheres so presas aqui.
Nos seus encontros com as crianas da comunidade e pela sua experincia na
Capoeira, Adriana Nascimento enfatiza que existe uma cultura em que as meninas tm
que ficar em casa e quando esto na frente de muitos meninos soltando a perna, se
sentirem intimidadas. E, de forma geral, a Capoeira em Pernambuco muito
marginalizada e tem muitos grupos precisando de apoio e espao. Falta incentivo do
governo: No h um futuro, muito menos um presente para os capoeiristas. Ela
destaca que na Bahia h um maior incentivo aos grupos, aos Mestres; j em
Pernambuco falta valorizao, polticas pblicas e ainda h muito preconceito. Tem-se
que resgatar a importncia e o papel social que a Capoeira tem e consider-la como
instrumento de ocupao da mente e do corpo.
APRECIAES S ENTREVISTAS DOS MESTRES, CONTRAMESTRES E MULHERES:
Apesar da tendncia natural de insistir nos aspectos positivos, por parte dos
entrevistados o que acontece em todas as entrevistas e outras formas de pesquisas
verbais, em geral - os lderes, homens e mulheres, demonstraram senso crtico e s
vezes, autoavaliativo, em relao convivncia dentro do universo dos Mestres,
Contramestres, Contramestras e demais lideranas, masculinas e femininas. Pode-se
dizer que a competio faz parte do cotidiano da Capoeira; o que no de estranhar,
tratando-se de um esporte que tambm luta, que tambm arte e de
orientaes, estilos e linhagens diferentes, cada uma e cada um buscando seu
espao, lutando por ele. Mas, apesar desta caracterstica, diversos Mestres e,
sobretudo, as mulheres, mostram-se ansiosos por uma maior unio na Capoeira
pernambucana. Tambm demonstram anseio de que esta realize uma mudana mais
firme no sentido de tornar-se cada vez mais um esporte arte, sem a violncia que a
caracterizou dcadas e sculos! - atrs, e ainda se v, aqui e ali, em rodas fora das
academias e dos grupos j estabilizados, ou em rodas das quais participam elementos
de orientaes e/ ou alunos de Mestres diferentes.
As entrevistas com as mulheres demonstram as dificuldades que sentem, ainda, nas
relaes de gnero na prtica da Capoeira, reflexo, de um lado, das diferenas de
preparo fsico, com vantagem quase generalizada para os homens e, do outro, da
diversidade de papis sociais, sobretudo nos segmentos de menor poder aquisitivo e
mais baixa escolaridade, nos quais o peso do trabalho domstico bem maior para as
mulheres que ainda se vem compelidas a trabalhar fora, a fim de aumentar a renda
familiar e garantir uma certa autonomia econmica -, sem por isso, poder deixar de
lado as obrigaes da maternidade, da educao e cuidado dos filhos e da casa, ainda
66
67
68
69
70
PALAVRAS FINAIS
No incio deste Relatrio eu agradeci o convite para coordenar a pesquisa, ao IPHAN,
Associao Respeita Janurio, e expressei minha satisfao em trabalhar com toda a
equipe dos e das pesquisadores/ras.
Agora, chegado ao final da tarefa, agradeo, em meu nome e no de toda a equipe, aos
Mestres, Contramestres, Professores, s mulheres comprometidas e envolvidas com a
Capoeira, como escritoras, batalhadoras, ativadoras de pequenos e grandes centros de
formao deste esporte, que arte, que tambm luta.
Escrevia, no incio, que este trabalho era, em seu primeiro momento, uma compilao
de muitas mos, fruto de muitas idias e discusses produtivas. Posso continuar nessa
linha de constatao agradecida, acrescentando a contribuio dos muitos Mestres e
demais lideranas, masculinas e femininas, para a escrita do mesmo. Se vou comparar
com os tipos de etnografia reconhecidos pela cincia e prtica antropolgica, chamaria
este trabalho de polifnico, porque, de fato, muitas vozes, isto , muitos
depoimentos o ornamentam e enriquecem. E aqui fica meu reconhecimento ao
mesmo tempo que minha satisfao por ter participado da costura desta polifonia de
testemunhos, vivncias, buscas, sofrimentos, desejos, ideais. Mais uma vez, muito
71
ANEXOS
ANEXO I
LISTAS DE MESTRES/ CONTRAMESTRES/AS, PROFESSORES DE CAPOEIRA DA RMR
CONTATOS INICIAIS
1. Mestre Coca-Cola 34911099-96662613----------------------------------------- 169
Marcos Aurlio Moreira
d.n.02-07-55
Av. Rui Barbosa, 545 ap-02
Jardim Atlntico Olinda PE
CEP:53140050
e-mail: marcosdepin@ibest.com.br .
CEP:
72
1. Contato para grupos e mestres de Olinda: Mestre Sapo Mestre Ulisses Cangalha
2. Contatos para grupos e mestres do Paulista: Mestre Cal - Prof. Peixe
CEP:
e-mail: rj.branco@hotmail.com
CEP:5390000
73
e-mail: uru_tau@hotmail.com
CEP:
e-mail:
CEP: 52060-310
e-mail: sheila_speed@hotmail.com
74
e-mail: osretalhos@hotmail.com
e-mail: valberbatista@yahoo.com.br
Vlber_mestre@hotmail.com
e-mail:
75
Gilson Santana
Rua Passarela, 18
Campina do Barreto Cho de Estrela - Recife PE
CEP:52120-314
e-mail: axeduvalle@hotmail.com
22. Luiz Augusto 99499641- 34539738 (conheceu Mestre Bimba, capoeirista antigo, a
muito tempo afastado retornou algumas vezes a praticar)------------ 182
Luiz Augusto de Carvalho Carmo
d.n.03-08-5
Rua Hemiliano Braga, 868 bloco-D ap- 50
Vrzea Recife PE
CEP:50740-040 e-mail:luizcarmo@codai.ufrpe.b
23. Cndido 8730783(capoeirista antigo, a muito tempo afastado)-------------- 179
Antnio Cndido Valena Veloso de Siqueira
d.n. 04-01-1952
R- Engenheiro Bandeira de Melo, 76
Poo da Panela Recife PE
CEP:52061320
e-mail: monicabeltro@recife.gov.br
76
monicarolbel@hotmail.com
25. Graziele Martins 99556354 (historiadora Fernando de Noronha)
26. Dra. Vnia Fialho-34581455-88432020 (trabalhou na primeira fase do inventrio) ---------(ESCREVI EM VERMELHO, PORQUE TENHO DVIDAS QUE DEVA FICAR AQUI SEU
NOME, OU POSTO EM OUTRO LOCAL [Tito])
R- Simo Mendes, 144 ap-202
Jaqueira Recife PE
CEP:52050110
e-mail: vrfps@yahoo.com.br
7. Cabo Mestre Marco Angola (contato com Mestre Isnaldo 107) - Dind 190
8. Camaragibe Arapinha 43
77
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
Mestre Mulatinho
Mestre Corisco
Mestre Berilo
Mestre Galvo
Mestre Coca-Cola
Mestre Espinhela
Mestre Cal
Mestre Mago
Mestre Ulisses Cangalha
Mestre Renato
Mestre Pu
Mestre Dentista
Mestre Cuscuz
Mestre Grande
Mestre Pcua
Mestre Marco Angola
Mestre Isnaldo
Mestre Juarez
78
Marcelo Mulatinho
Rua Carlos Pereira Falco, 500, apt. 1801
171
CEP: 51021-350
e-mail: marcellohsm@hotmail.com
Fone: 9929-3019
Ginaldo Trajano da Silva
Rua Saldanha Marinho, 116G, Q2, apt. 404 IPSEP Recife-PE
172
CEP: 51190-040
e-mail: g_trajano@hotmail.com
Fone: 8880-9332 / 3338-3391 3341-1285 / 3342-5148
Rui Bandeira Vasconcelos Jnior
Estrado do Arraial, 3346 Casa Amarela Recife-PE
173
CEP: 51052-380
e-mail: raizesdobrasilpe@hotmail.com
Fone: 9245-1319 / 3082-5914 (academia Rosarinho)
Ricardo Costa Pinheiro
Av. Boa Viagem, 5790, apt. 202 Boa Viagem Recife-PE
174
CEP: 51030-000
e-mail: ricardocosta_1@yahoo.com.br
Fone: 9262-0585
Jos Luciano da Silva
Rua 1, Q 4, Bloco 75, apt. 403 Conjunto Muribeca Jaboato dos Guararapes-PE
175
CEP: 54350-020
e-mail: quadrado.axeliberdade@hotmail.com
fone: 8632-1740 / 3325-1573 (academia Zapine)
79
CEP: 54350-020
Fone: 8836-6767 (esposa Angela)
Renato Antnio da Silva
Rua Antnio Lopes da Silva, 36 Macaparana
177
178
CEP: 54430-200
Fone: 9213-2591
Antnio Candido Valena Veloso de Siqueira
Rua Engenheiro Bandeira de Melo, 76 Poo da Panela Recife-PE
179
CEP: 52061-320
Fone: 8738-0783 / 3442-9074
Antnio Luiz Rosa Lima
Conjunto Praia do Silva, Q 21, Bloco A2, apt. 303 Barra de Jangada Jaboato dos
Guararapes-PE CEP: 54470-290
180
e-mail: antoniolima20@hotmail.com
Fone: 8731-2492 / 3478-8755
80
CEP: 50740-040
e-mail: luizcarmo@codai.ufrpe.br
Fone: 3525-1377 / 3452-9738
Valmir Ferreira de Souza
Rua Alto do Brasil, 2186, Santa Terezinha Casa Amarela Recife-PE
183
CEP: 52080-050
Fone: 3266-2393 / 3265-9900
Genivaldo Daniel de Santana
Rua Cantor Kelson Gonalves, 45 Cajueiro Seco Jaboato dos Guararapes-PE
184
185
CEP: 52221-00
e-mail: axeduvalle@hotmail.com
Fone: 8873-2592 / 3451-6101 (me) / 3232-7870
81
CEP: 53360-250
e-mail: osretalhos@hotmail.com
Fone: 9165-4938 / 8701-2413
Joab Ferreira da Silva
Rua Manoel de Arruda Cmara, 96 Prado Recife-PE
187
e-mail: joabmalokamb@hoamil.com
Fone: 3228-1480
Edelson Gomes Pereira
Rua Dom Manoel de Medeiros, 183 Dois Irmos Recife-PE
188
CEP: 52171-030
e-mail: capoeiragaviao@hotmail.com
Fone: 8706-8443 / 3269-5263
Emanuel Bruno Pierre Campos
Rua Adamantina, 33 Jardim So Paulo Recife-PE
189
CEP: 50920-160
e-mail: bronx_jsp@hotmail.com
Fone: 8781-8681
Jos Adriano do Nascimento
1 Travessa da Saudade, 36 Ponte dos Carvalhos Cabo de Santo Agostinho-PE
190
CEP: 54580-00
e-amil: dindo.adriano@ig.com.br
Fone: 8600-6186
82
CEP: 53120-090
e-mail: cucaamador@hotmail.com
Fone: 3439-2126
Andr Botler
Av. Boa Viagem, 2682 Boa Viagem Recife-PE
192
CEP: 51020-000
e-mail: andrebotler@yahoo.com.br
Fone: 3325-5877 / 3325-9973 / 3325-8581 / 8894-5877
Jos Lino da Silva
Rua Ibimirim, 141 Piedade Jaboato dos Guararapes-PE
193
CEP: 54410-680
e-mail: linosilva25@hotmail.com
Fone: 3363-1535 / 8617-4904
Glaucio Nascimento de Souza
194
Av. Joo Fernandes Vieira, 12 Conjunto Marcos Freire Jaboato dos Gurarapes-PE
Fone: 9262-8003
Jos Carlos de Oliveira
195
196
197
e-mail: tobiasvitorino@hotmail.com
Fone: 9236-4509
83
CEP: 52030-130
Fone: 3426-5844
Mario Sergio Moreno da Silva
Caixa Postal, 54 Brasil Igarassu-PE
199
CEP: 53610-970
Fone: 9620-4238
Ailton da Silva Tenrio
Rua Estcio de Albuquerque Coimbra, 242 Vila Popular Olinda-PE
200
e-mail: pacuaviasat@gmail.com.br
Fone: 8874-5162
Robson Felipe Santiago
1 Travessa Nova Descoberta, 8 Caets Velho Abreu e Lima-PE
201
e-mail: phellyppe.capoeira@hotmail.com
Fone: 8845-9012 (mestrando Zebre)
Taciane Joseli Brito Sales
202
203
204
e-mail: mestregirafa.kj@hotmail.com
Fone: 3242-2766 / 8757-0710 (ou Wellinson Pereira da Silva Flores)
84
206
Fone: 9434-7330
Felipe da Soledade Noblat
Av. Fernando Simes Barbosa, 348, apt. 603 Boa Viagem Recife-PE
207
e-mail: felipenoblat@hotmail.com
Fone: 3463-9276
Artur dos Santos Borges
208
209
210
CEP: 53130-020
e-mail: bzgrafff@hotmail.com
Fone: 3429-0258 / 91167499
Carlos Andr Cavalcante da Silva
Rua Quatro, 66, Casa A, COHAB Cabo de Santo Agostinho-PE
211
CEP: 54520-360
e-mail: cds220@hotmail.com
Fone: 8604-6218 / 3521-3736
85
Cep.: 54410-012
M. Rui
e-mail: rui_abaete@yahoo.com.br
ruiabaete@hotmail.com
Fone: 87438153/33616918/88517506
86
D.N.:
(China)
87
D.N.: 02/06/8...
D.N.: 03/05
88
Cep.: 54230-122
e-mail: saulocapoeirabrasil@hotmail.com
Fone: 88858564
(contato Peba)
149. Moiss Matias dos Santos
D.N.: 18/08
Rua Itaporan, n 216, Candeias, Jaboato dos Guararapes (D. Helder)
Cep.: 54430-230
Fone: 91955817/30722185/87697010
(Beato)
150. Fbio Firmo da Silva
D.N.: 15/12/7...
Rua da Alegria, n 32, Braslia Teimosa, Pina (Shabba)
Cep.: 51010-560
e-mail: shabbamandinga@gmail.com
Fone: 87783519
151. Willimes Aquino Souza (Goia)
D.N.: 27/11/1982
Rua Atum, n68, Braslia Teimosa, Recife PE
Cep.: 51010-460
Orkut goiacapoeira@bol.com.br
Fone: 33271072
152. Josivaldo Jos dos Santos (M. Dodi)
D.N.: 21/07/70
Rua Estrela do Mar, n 275, Braslia Teimosa
Cep.: 51010-050
Orkut mestredody@hotmail.com
Fone: 87448561
3, 4 e 5, 18h, Campinho orla Braslia Futebol criana
153. Josias da Silva Xavier
Irmo Josias
Fone: 88382242
(Pegar endereo com Valber )
D.N.: 20/08/74
D.N.: 28/04/81
89
D.N.: 04/11/77
D.N.: 09/07/74
90
Cep.: 54403-410
e-mail: peixe.muzenza@bol.com.br
Fone: 87894740
(Aluno no Detran e Casa Amarela)
166. Elias Jos da Silva (Capito Capoeira)
D.N.: 13/07/85
Rua Remanso, n 19, Loreto, Piedade, Jaboato dos Guararapes
Fone: 86361964
167. Glauber Oliveira Barbosa
D.N.: 05/04/68
Rua Isabel Magalhes, n 313, apt.: 403, Boa Viagem, Recife PE
Cep.: 51030-330
e-mail: glaubom1@yahoo.com.bt
Fone: 88026204/34611500
168. Joo Paulo Ramalho Soares da Silva
D.N.: 16/06/...
ALF Nag
Rua Itamb, n 8, Piedade, Jaboato dos Guararapes
e-mail: alfnago@hotmail.com
Fone: 99328198
169. Macos Aurlio Moreira
(Marco Coca-Cola)
D.N.: 02/07/55
Av. Rui Barbosa, n 545, apt.: 02, Jardim Atlntico, Olinda
Cep.: 53140-050
e-mail: marcosdepin@ibest.com.br
Fone: 88573557/96662613/34911099
170. Gabriel Bento dos Santos
Rua Benvinda de Farias, 2 Travessa, n 20, Ilha do Destino, Boa Viagem
Cep.: 51020-142
Fone: 43658450
A N E X O II
ACERVOS BIBLIOGRFICOS SOBRE CAPOEIRA, EM BILBIOTECAS DE MESTRES E MESTRAS.
Referncia
Assunto
Onde encontrar
Capoeira carioca;
capoeira de 1850-1990;
Mestre Gil Velho.
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Histria da capoeira;
ALMEIDA, Ubirajara Guimares (Mestre Acordeon).
capoeira
contempornea;
Capoeira: a brazilian art form history, philosophy
Mestre
Acordeon
e Mestre Bimba
and pratice. Berkeley Califrnia: North Atlantic
Jogo
da
capoeira.
Books, 1986. 181p.
91
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Histria da Capoeira;
capoeiragem;
transformaes scio-histricas
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Histria da capoeira;
Capoeira no Recife
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
O significado da Ina na
Capoeira Angola e na Capoeira
Regional.
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Jogo da capoeira
Golpes mais usados
Capoeira angola
Berimbau
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
COCA-COLA, Mestre. Capoeira, minha histria, Biografia do Mestre Marco Cocaminha vida. Autobiografia. Olinda: Academia de
cola
Capoeira Afox de Olinda, 2007.
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Histria da capoeira;
Capoeiras do Recife.
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Da capoeiragem capoeira;
capoeira em Pernambuco
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
92
Histria da capoeira;
capoeira regional;
capoeira angola
roda, jogo e cnticos.
Primeiros capoeiras;
Influncia da capoeira no frevo
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
1
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
1
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
2
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
93
Mestres da capoeira
pernambucana;
representaes sociais dos
Mestres em Pernambuco.
Biografia;
Capoeira em Pernambuco;
caminhos do graduado;
Mestre Pastinha
Histria
da capoeira;
SOARES, Carlos Eugnio Lbano. A capoeira
capoeiristas
e a Marinha;
escrava e outras tradies rebeldes no Rio de
capoeiras
e
movimentos
polticos
Janeiro (1808-1850). 2 ed. Campinas/So Paulo:
no
Brasil.
Editora da UNICAMP, 2004. 608p.
SILVA, Ginaldo Trajano da. (Cuscuz). Capoeira por
quem faz. Recife: Filho da Capoeira, 2005. 37p.
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Acervo Particular:
Mestre Mulatinho e
Isa Mulatinho
Referncia
Assunto
Onde encontrar
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
94
ABREU, Frederico Jos de. Bimba: perfil do Mestre.
Salvador: Centro Editorial e Didtico da UFBA, 1982.
102 p.
ABREU, Frederico Jos de. Canjiquinha, alegria da
capoeira. Salvador: Editora a Rasteira, 1989
Mestre Bimba
Mestre Canjiquinha
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Mestre Bimba
O jogo da capoeira
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Capoeira Regional;
Mestre Bimba
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
A ginga da capoeira;
Mestre Pastinha;
Mestre Bimba;
Capoeira Regional;
Capoeira na Bahia.
Histria da capoeira;
AREIAS, Almir das. O que e capoeira. 3. ed. So
paulo: Brasiliense, 1989. 113 p. (coleo primeiros Caractersticas dos movimentos,
da roda;
passos ; 96)
capoeira como arte marcial
brasileira
ALMEIDA, Raimundo Csar Alves de (Mestre
Itapoan). Capoeira: retalhos da roda. Salvador:
Ginga Associao de Capoeira, 2005. 156p.
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Histria da capoeira;
Capoeira no Recife
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
O significado da Ina na
Capoeira Angola e na Capoeira
Regional.
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
95
Histria da capoeira;
BRUHNS, Helosa Turini. Futebol, carnaval e
capoeira: entre as gingas do corpo brasileiro. papel das mulheres na capoeira;
Mestres antigos.
Campinas, So Paulo: Papirus, 2000. 158p.
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Histria da capoeira;
capoeira regional de Mestre
Bimba;
capoeira na escola e na
universidade.
Origem;
CAPOEIRA,
Nestor,
1946-.
Capoeira:
os
capoeira
na Bahia, em
fundamentos da malcia. Rio de Janeiro: Record,
Pernambuco
e
no Rio de Janeiro;
1992. 236 p.
mestre bimba; capoeira angola;
como se forma um mestre
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
BURGUS, Mestre.
[Manuscrito], 1986
estudo
da
capoeira.
Ante-projeto de regulamentao
(indumentria, julgamentos e
organizao administrativa)
Capoeiras e viajantes
Caracterstica da roda e do jogo
da capoeira;
Histria da capoeira: da origem
ao ano 2000; berimbau.
Jogo da capoeira
Golpes mais usados
Capoeira angola
Berimbau
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Catlogo de fotos
O jogo da capoeira
Histria da capoeira;
Capoeiras do Recife.
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Da capoeiragem capoeira;
capoeira em Pernambuco
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
96
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Capoeira na Bahia;
Mestre Bimba
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Capoeira Regional;
Mestre Bimba em Gois;
Mestre Pastinha
Histria da capoeira;
Capoeira nas ruas;
turismo e capoeira;
dilogo com a Educao Fsica
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
O programa da capoeira da
Fundao Educacional do DF;
viabilidade e importncia da
capoeira nas escolas;
regulamentao da capoeira
Histria da capoeira;
mtodo de ensino
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Histria da capoeira;
MARINHO, Inezil Penna. A ginstica brasileira.
fundamentos
da capoeira como a
Braslia, 1981.
ginstica brasileira.
Capoeira angola;
MARTIRE, MARCO. CAPOEIRA ANGOLA MANDOU CHAMAR.
Mestres
da Capoeira angola;
RECIFE: FUNDAO DE CULTURA DA CIDADE DO RECIFE,2000.
narrativas de capoeiristas
173P.
Capoeira; berimbau;
a Ina;
Mestre Bimba;
Pelourinho
Ginga da capoeira;
Mestre Bimba;
Capoeira Regional;
Estatuto da ABPC.
Os capoeiras;
Capoeira: uma viso acadmica;
capoeira tradicional ou de
vanguarda;
o olhar do capoeirista.
O cdigo criminal do imprio
(16/12/1830)
cdigo penal da Repblica que
punia o crime da capoeiragem
(11/10/1980);
1940: revogada a criminalizao
da capoeira.
4
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
97
Origem;
capoeira na Bahia;
cantos;
Capoeira Angola e Capoeira
Regional
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Capoeira na Bahia;
mulheres na capoeira;
capoeira e represso
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Primeiros capoeiras;
Influncia da capoeira no frevo
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Capoeira na Bahia;
PIRES, Antnio Liberac Cardoso Simes. A capoeira
vadiagem,
valentes e capoeiras;
na Bahia de todos os Santos: um estudo sobre
perspectiva
das classes.
cultura e classes trabalhadoras (1890-1937).
Tocantins/Goiana: NEAB/Grafset, 2004. 200p.
REGO, Waldeloir. Capoeira Angola: Ensaio ScioEtinolgico. Editora Itapu, Bahia, 1968. 416p.
Histria da capoeira;
Capoeira Angola;
instrumentos utilizados.
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Histria da capoeira;
importncia pedaggica;
capoeira como terapia
Histria;
biografias de Mestre Bimba e
Mestre Pastinha;
capoeira e as vrias formas de
educao
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Capoeira na Bahia;
Mestre Bimba;
Capoeira em So Paulo e no Rio
de Janeiro.
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Biografia;
Capoeira em Pernambuco;
caminhos do graduado;
Mestre Pastinha
A Guerra do Paraguai e os
capoeiras;
capoeira na educao e na
universidade.
Capoeira e educao;
Zumbi;
Mestres da Bahia;
toques
98
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Histria da capoeira;
Capoeira Angola;
Capoeira Regional
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Histria da capoeira;
o bom na capoeira;
capoeira, crenas e orixs
Msica e jogo da capoeira;
mestre;
berimbau
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Capoeira e sociedade;
Capoeira Angola e Capoeira
Regional;
Mestre Bimba
Mestres da capoeira;
Capoeira Angola e Capoeira
Regional.
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Acervo Particular:
Mestre Mago e
Izabel Cordeiro
Referncia
Assunto
Onde encontrar
Biblioteca Municipal
de Olinda
Biblioteca Municipal
de Olinda
REFERNCIA
Assunto
Onde encontrar
Jogo da capoeira
Golpes mais usados
Capoeira angola
Berimbau
Centro de
Formao, Pesquisa
e Memria Cultural
Casa do Carnaval
Capoeira angola;
Mestres da Capoeira angola;
narrativas de capoeiristas
Centro de
Formao, Pesquisa
e Memria Cultural
Casa do Carnaval
99
Primeiros capoeiras;
Influncia da capoeira no frevo
Caractersticas da ginga na
REIS, Andr Luiz Teixeira. Brincando de Capoeira:
recreao e lazer na escola. Braslia: Editora Valcy, capoeira; golpes passo a passo;
Roda
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Modo de fazer o berimbau
SILVA, Leonardo Dantas. Carnaval do Recife. Recife:
Prefeitura do Recife; Fundao de Cultura da Cidade
do Recife, 2000. p. 97-100.
Histria e caractersticas da
capoeira
Centro de
Formao, Pesquisa
e Memria Cultural
Casa do Carnaval
Centro de
Formao, Pesquisa
e Memria Cultural
Casa do Carnaval
Centro de
Formao, Pesquisa
e Memria Cultural
Casa do Carnaval
Assunto
Onde encontrar
CEHM
Assunto
Onde encontrar
Histria da capoeira;
AREIAS, Almir das. O que capoeira. 3. ed. So
UNICAP
paulo: Brasiliense, 1989. 113 p. (coleo primeiros Caractersticas dos movimentos,
da roda;
passos ; 96)
capoeira como arte marcial
brasileira
No
encontrado
no momento da UNICAP
BEZERRA, Luiz Carlos de Siqueira. Reflexes sobre
pesquisa
a capoeira a partir de uma perspectiva sistmica.
Recife,, 2002. 50 f. Monografia (Concluso de curso
de Filosofia)
UNICAP
UNICAP
UNICAP
100
FREIRE, Roberto. Soma: uma terapia anarquista. Rio Capoeira como terapia somtica; UNICAP
improviso da capoeira como
de janeiro: Guanabara koogan, c1991. v.
caracterstica;
breve histria da capoeira
Vesturio
LOPES, Augusto Jos Fscio. Curso de capoeira
UNICAP
classificao
das cordas da
em 145 figuras. 1. ed. Rio de janeiro: Ediouro, 1979.
capoeira;
162 p.
passo a passo de alguns
movimentos da capoeira.
Histria da capoeira;
MATA, Joo da. A liberdade do corpo: soma,
UNICAP
capoeira angola e anarquismo. Rio de Janeiro: Soma, pedagogia libertria da capoeira
So Paulo: Imaginrio, 2001. 115 p.
Locais onde se jogava/joga
UNICAP
capoeira na Bahia;
Histria da capoeira e de
capoeiristas importantes da
Bahia e de Pernambuco
Capoeira Angola;
VIEIRA, Dilma Fres; PINTO, Hernany Mendes de
UNICAP
Capoeira e educao formal;
Faria. Capoeira Angola e educao inclusiva.
Presena Pedaggica, Belo Horizonte , v.11, n.63, p. capoeira como meio de incluso
social
22-31, maio/jun. 2005.
TAVARES, Odorico. Bahia: imagens da terra e do
povo. 4. ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Civilizao
Brasileira, 1964. 298 p.
Referncia
Assunto
Onde encontrar
Histria da capoeira;
UFPE
AREIAS, Almir das. O que e capoeira. 3. ed. So
Caractersticas
dos
movimentos,
(Biblioteca
Central;
paulo: Brasiliense, 1989. 113 p. (Coleo primeiros
da
roda;
Biblioteca
de
Artes e
passos ; 96)
capoeira como arte marcial
Educao)
brasileira
Origem;
UFPE
CAPOEIRA,
Nestor,
1946-.
Capoeira:
os
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(Biblioteca de Artes
fundamentos da malcia. Rio de Janeiro: Record,
Pernambuco e no Rio de
e Educao;
1992. 236 p.
Janeiro;
Biblioteca do
mestre bimba; capoeira angola;
Colgio Aplicao)
como se forma um mestre
UFPE
CAPOEIRA, Nestor. Capoeira: pequeno manual do Caracterstica da roda e do jogo
da
capoeira;
(Biblioteca
de Artes
jogador . 4.ed. rev. e atual. -. Rio de Janeiro: Ed.
histria
da
capoeira:
da
origem
e
Educao)
Record, 1998. 238 p.
ao ano 2000;
o que representa o berimbau.
UFPE
CAPOEIRA, Nestor. Capoeira: galo j cantou . 2.ed. - No encontrado no momento da
pesquisa
(Biblioteca Central;
. Rio de Janeiro: Ed. Record, 1999. 302 p.
Biblioteca de Artes e
Educao)
Jogo
da
capoeira
CARNEIRO, Edson. Capoeira. 2 ed. Cadernos de
UFPE
Golpes mais usados
Folclore. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1977. 23p.
(Biblioteca do
Capoeira angola
Colgio Aplicao)
Berimbau
No
encontrado
no momento da
UFPE
COSTA, Lamartine Pereira da. Capoeira sem
pesquisa
mestre. 13.ed. Rio de Janeiro: Ediouro, [s.d]. 102 p.
(Biblioteca do
Colgio Aplicao)
101
LLOPES,
Andr
Luiz
Lace.
Administrao
esportiva: inclui a mandinga da capoeira:
Origem da capoeira;
Administrao pblica e outras administraes. Rio
perfil
de
um mestre de capoeira;
de Janeiro: Braslia, D. F.: Programa Nacional de
crnicas
Capoeira, Centro de Informao e Documentao
sobre a Capoeira, 1995. 143p.
MARTIRE, Marco. Capoeira angola mandou chamar.
Recife: Fundao de Cultura da Cidade do
Recife,2000. 173p.
Capoeira angola;
Mestres da Capoeira angola;
narrativas de capoeiristas
Discusso metodolgica de
como inserir a capoeira nas
escolas e sua importncia.
UFPE
(Biblioteca de Artes
e Comunicao)
UFPE
(Biblioteca Cincias
da Sade)
UFPE
(Biblioteca de Artes
e Educao)
UFPE
(Biblioteca de Artes
e Educao)
UFPE
(Biblioteca Cincias
da Sade)
UFPE
(Biblioteca Cincias
da Sade)
Origem;
naes de capoeira;
capoeira na marinha e nos
movimentos polticos de rua.
UFPE
(Biblioteca de
Filosofia e Cincias
Humanas)
Histria da capoeira;
histria do Mestre Bimba;
caractersticas dos movimentos.
UFPE
(Biblioteca de Artes
e Educao)
UFPE
(Biblioteca Cincias
da Sade)
UFPE
(Biblioteca do
Colgio Aplicao)
UFPE
(Biblioteca de
Filosofia e Cincias
Humanas)