Conteudo Digital Completo
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Presidenta da Repblica
Dilma Vana Rousseff
Vice-Presidente da Repblica
Michel Miguel Elias Temer Lulia
Fundo Vale
Diretora Presidente
Vania Somavilla
Diretora de Operaes
Mirela Sandrini
Presidente
Jos Roberto Marinho
Secretrio-Geral
Hugo Barreto
Superintendente Executivo
Nelson Savioli
Sumrio
Apresentao
UNIDADE 1
Conhecer e manejar a floresta
UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
43
45
71
UNIDADE 3
Servios ambientais que a floresta prov
115
UNIDADE 4
Profissionais da floresta
135
REFERncias
147
Apresentao
APRESENTAO | Florestabilidade
FLORESTABILIDADE | APRESENTAO
Bom trabalho!
Unidade 1 | Florestabilidade
Conhecer e manejar a floresta
Florestabilidade | Unidade 1
Conhecer e manejar a floresta
Unidade
Conhecer e
manejar a floresta
Unidade 1 | Florestabilidade
Conhecer e manejar a floresta
10
Florestabilidade | Unidade 1
Conhecer e manejar a floresta
11
A Floresta Amaznica
Quando algum se refere Amaznia, logo pensa naquela imensa floresta. Ela faz
parte do imaginrio de milhes de pessoas mundo afora que sonham conhec-la.
Ento, vamos descobrir juntos esse lugar?
A Amaznia abrange a maior floresta tropical e a maior bacia hidrogrfica do mundo.
A Bacia Amaznica estende-se por sete milhes de quilmetros quadrados
distribudos em nove pases: Brasil, Bolvia, Peru, Colmbia, Equador, Venezuela,
Guiana, Suriname e Frana (no territrio ultramarino da Guiana Francesa).
Bioma Amaznia
Pases da Amrica do Sul
VENEZUELA
GUIANA
GUIANA
FRANCESA
SURINAME
COLMBIA
Amap
Oceano
Atlntico
EQUADOR
PERU
Par
Amazonas
Maranho
Acre
Rondnia
Tocantins
Mato Grosso
BOLVIA
0
400
Km
800
Figura 1:
Regio Amaznica
Fonte: IBGE
Unidade 1 | Florestabilidade
Conhecer e manejar a floresta
12
Bioma
Conjunto de
ecossistemas
constitudo pelo
agrupamento de tipos
de vegetaes, com
condies geogrficas
e climticas similares e
histria compartilhada
de mudanas, o
que resulta em uma
diversidade biolgica
prpria. O Brasil tem
sete biomas: Amaznia,
Caatinga, Cerrado,
Mata Atlntica, Pampa,
Pantanal e Marinho.
MARINHO
AMAZNIA
CAATINGA
CERRADO
PANTANAL
MATA
ATLNTICA
PAMPA
250
500
750
Km
Figura 2:
Biomas do Brasil
Fonte: ICMBio
1.000
Florestabilidade | Unidade 1
Conhecer e manejar a floresta
13
Ecossistema
Sistema que inclui os seres
vivos (animais, plantas e
bactrias) e o ambiente
(gua, solo, ar e vento),
com suas caractersticas
fsico-qumicas e suas
inter-relaes numa
determinada regio.
14
Amaznia Legal
O bioma Amaznia, muitas vezes, confundido
com a chamada Amaznia Legal, um conceito
geopoltico definido em leis de 1953 e
1966 e adotado, no Brasil, para planejar o
desenvolvimento econmico da regio.
Amaznia Legal uma regio administrativa
que compreende 5,2 milhes de km2 e que
representa 59% do territrio brasileiro. Nela,
residem 56% da populao indgena brasileira.
Alm do bioma Amaznia, a Amaznia Legal
inclui reas de Cerrado e Pantanal, abrangendo
as regies do Acre, Amazonas, Amap, Par,
Rondnia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso,
parte do Maranho e uma pequena rea de Gois.
Unidade 1 | Florestabilidade
Conhecer e manejar a floresta
Florestabilidade | Unidade 1
Conhecer e manejar a floresta
15
Ecossistemas aquticos
Primeiro, vamos dar um mergulho na Bacia Amaznica. Por incrvel que parea, o
nosso Rio Amazonas nem sempre correu em direo ao Oceano Atlntico como
ocorre hoje. Apesar de ser difcil precisar como se formou o leito do Amazonas,
sabemos que houve um evento fundamental para sua formao: a elevao da
Cordilheira dos Andes, h 15 milhes de anos. A elevao dessas montanhas foi
decisiva para a formao da atual Bacia Amaznica.
O Rio Amazonas tem sua principal nascente nos Andes peruanos. Ao descer as
montanhas, at chegar ao Oceano Atlntico, passa por grandes cidades brasileiras,
como Tabatinga, Manaus, Santarm e Belm, dentre outras. Porm, mesmo
pertencendo mesma bacia, seus 1.100 afluentes apresentam caractersticas
distintas. Vamos atentar a uma caracterstica fcil de se notar e que indica diferenas
fundamentais na composio dos rios: a colorao.
cutu
Rio Ta
Boa Vista
Rio Mucaja
ranc
o
AMAP
RORAIMA
Rio
Rio
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AMAZONAS
Rio
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Km
Macap
Rio Negro
Rio Japur
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Jau
ani
Rio B
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trim
A Bacia
hidrogrfica
Amaznica a
maior do mundo.
Seu principal rio,
o Amazonas,
nasce no Peru.
No Brasil, passa
a se chamar
Solimes at o
encontro com o
Rio Negro, perto
de Manaus,
quando assume
o nome de Rio
Amazonas.
a lsas
ves
anuel Al
io Pa
ran
or
Figura 3:
Bacia hidrogrfica
Amaznica do Brasil
Fonte: IBGE
Unidade 1 | Florestabilidade
Conhecer e manejar a floresta
16
H milhes de
anos, a rea em
que se localiza
a Floresta
Amaznica era
um imenso mar.
Por isso, ao
contrrio do que
se imaginava,
seus solos so
arenosos e
pouco frteis.
Piscoso
Adjetivo que se refere
quantidade de peixes
existentes em um
ambiente aqutico.
guas claras
do Rio Xingu
Florestabilidade | Unidade 1
Conhecer e manejar a floresta
17
Ecossistemas terrestres
As terras do bioma Amaznia, em sua maior parte, so cobertas de extensas
florestas, com uma vasta diversidade de flora.
Vista do alto, a floresta parece constituir uma vegetao homognea. Mas,
principalmente em razo do clima e do tipo de solo, a vegetao assume formas
diferentes dependendo do lugar em que est inserida.
A vegetao da Amaznia dividida, de um modo geral, em dois tipos: vegetao
de reas inundveis e vegetao de terra firme.
Unidade 1 | Florestabilidade
Conhecer e manejar a floresta
18
Mata de Igap,
na Flona Tapajs (PA)
Florestabilidade | Unidade 1
Conhecer e manejar a floresta
19
Samama sagrada
Os povos que habitam a floresta consideram
a samama sagrada. Tida como a me da
floresta por sua altivez, tem ramos horizontais
longos e abundantes. Admirada por sua beleza
natural, tem a capacidade de armazenar gua
em seu tronco, a qual, em funo das fases da
lua, se desloca para a copa ou para as razes. O
movimento dessa gua em seu interior produz
rudos que podem ser ouvidos a grandes
distncias. Cercada de mistrios, h quem diga
que a gua da samama um santo remdio,
capaz de fazer mulheres engravidarem.
Pequenos animais, como saguis e preguias,
quando esto expostos a ataques de aves
predadoras, procuram se proteger nas folhas e
nos ramos das samamas.
Chamada de a av, essa samama tem cerca 800 anos
Unidade 1 | Florestabilidade
Conhecer e manejar a floresta
20
Lixiviados
Diz-se de solos
pobres em nutrientes,
carregados de grande
quantidade de chuva.
Endmicos
Diz-se de ecossistemas
nicos, ou de espcies
nicas ou restritas
a uma determinada
regio geogrfica.
Nas regies da Amaznia em que a seca mais expressiva, com mais de 60 dias
sem chuvas, so formadas vegetaes caractersticas, como a floresta de mata de
cip e a floresta de mata de bambu, que cobrem uma grande rea no Acre.
Outro tipo de vegetao frequente na Amaznia a campinarana. Durante
muito tempo, acreditou-se que as campinaranas fossem encontradas somente
na regio norte da Amaznia, dentro das bacias dos rios Negro, Branco
e Orinoco, mas, atualmente, sabe-se que elas ocorrem em outros locais.
Normalmente, encontram-se sobre solos arenosos muito lixiviados. As rvores
nas campinaranas so de pequeno porte e finas, porm, so ambientes muito
ricos em epfitas (bromlias e orqudeas). As campinaranas so consideradas
ecossistemas endmicos da Amaznia.
Florestabilidade | Unidade 1
Conhecer e manejar a floresta
21
Nmade
Aquele que no tem
habitao fixa, que
vive permanentemente
mudando de lugar.
Pr do sol no rio
Arimum, Resex Verde
para Sempre (PA)
Unidade 1 | Florestabilidade
Conhecer e manejar a floresta
22
timo climtico
Pr-histria
Ocupao europeia
Sculo XVI
O perodo compreendido entre sete e seis mil anos atrs corresponde segunda
fase do povoamento humano da Amaznia. Naquele momento, o mundo
vivenciou o timo climtico, assim chamado o momento de aumento mximo
da temperatura e da umidade do planeta que causou profundas modificaes
climticas e ambientais, dentre elas a expanso de florestas.
Homens e mulheres de ento passaram a contar com recursos alimentares
mais diversificados, graas s florestas tropicais. Tal fato marcou o surgimento,
por volta de cinco mil anos atrs, do que os pesquisadores chamam de cultura
de floresta tropical. Ela se caracteriza pela prtica de uma agricultura ainda
incipiente, complementada pela caa, pesca e coleta de frutos e sementes. Foi
nessa poca que os grupos amaznicos passaram, tambm, a fabricar cermica e
a permanecer em certos locais por perodos mais prolongados.
A ocupao europeia
S depois de transcorridos vrios milnios, j no sculo XVI, que se deu a
terceira fase da ocupao humana da Amaznia, que corresponde ao povoamento
europeu da regio.
Embora tivessem ocorrido diversas incurses espanholas na Amaznia (entre
1540 e 1542 e entre 1560 e 1561), coube aos portugueses estabelecer ncleos
de povoamento na regio. Primeiro, realizaram expedies de explorao e
construram fortes para proteger os pontos estratgicos contra invases inglesas,
francesas e holandesas. Esses fortes foram o ponto de partida para a colonizao,
que se deu com a explorao da mo de obra indgena para a coleta das chamadas
drogas do serto: o cacau, a salsaparrilha, o urucum, as sementes oleaginosas, o
paturi, o cravo, a canela, a baunilha amaznica, mais conhecida como priprioca, as
razes aromticas e tantas outras de alto valor no mercado europeu.
Florestabilidade | Unidade 1
Conhecer e manejar a floresta
23
Ciclo da borracha
Grandes projetos
Manejo sustentvel
Sculo XIX
Sculo XX
Sculo XXI
Mapa manuscrito em
expedies no Par no
perodo colonial
Unidade 1 | Florestabilidade
Conhecer e manejar a floresta
24
A consolidao portuguesa
O estabelecimento do Tratado de Madrid e o incio da administrao do marqus
de Pombal, em Portugal, em 1750, marcaram uma nova fase, na qual o territrio
da Amaznia brasileira foi, em suas linhas gerais, enfim definido. Faltavam apenas
as conquistas territoriais ocorridas na Amaznia ocidental, no final do sculo XIX,
que se dariam por ocasio do primeiro ciclo da borracha. Entretanto, o incio do
sculo XIX revelaria uma sociedade amaznica fragmentada e conflituosa.
As enormes distncias, a selva impenetrvel, a natureza indomvel com seus
diferentes perigos perturbavam quem quer que se aventurasse a entrar na floresta.
As doenas tropicais ganhavam fama.
O clima era adverso aos europeus, e o imenso esforo necessrio para extrair as
riquezas ocultas na floresta tornou a Amaznia indecifrvel, impiedosamente
selvagem no imaginrio do colonizador, chegando a ser chamada por alguns de
inferno verde.
A fronteira do territrio da Amaznia brasileira permaneceu mvel at o incio
do sculo XX, quando o Brasil teve seus contornos polticos definidos com a
conquista dos territrios do Amap e de Roraima, ao norte, e do Acre, no extremo
oeste. Esses extremos, sobretudo as regies dos altos rios, na parte mais ocidental
da floresta, continuavam sendo reas de refgio dos indgenas mais arredios que
no tinham sido incorporados aos projetos colonialistas. Essa Amaznia guardava
mitos e segredos conhecidos apenas pelos povos que a habitavam.
Florestabilidade | Unidade 1
Conhecer e manejar a floresta
25
Trabalhadores
transportando ltex
em Rio Branco (AC)
Os ciclos da borracha
No final do sculo XIX, com a Revoluo Industrial, a borracha, matria-prima
para a fabricao de pneus que s existia na Floresta Amaznica, passou a valer
ouro, sendo chamada, por isso, de ouro negro. A borracha atraiu homens de
todos os cantos do mundo srio-libaneses, italianos, franceses, portugueses e
ingleses , que se aventuravam a ganhar a vida em cidades, vilas e localidades
at ento isoladas na floresta. Vieram, tambm, nordestinos, cerca de 300 mil,
principalmente do serto do Cear. Eles fugiam da seca e estavam em busca de
emprego e melhores condies de vida. A eles cabiam as tarefas mais rduas:
coletar a borracha em estado lquido, defum-la at ficar slida, transport-la
at as margens dos rios e, dali, para o comrcio nas cidades. Assim, a Amaznia
passou a contar com uma populao constituda de ndios dispersos, mestios,
escravos e descendentes de uma minoria branca.
A concorrncia da borracha produzida na sia, depois de as sementes terem sido
contrabandeadas por ingleses, foi responsvel pela crise da borracha brasileira
at a Segunda Guerra Mundial, quando houve nova demanda pelo produto, para
atender ao esforo de guerra norte-americano. Cerca de 60 mil trabalhadores
brasileiros foram encaminhados aos seringais pelo governo, entre 1942 e 1945.
Mais uma vez, os chamados soldados da borracha vieram do Nordeste. Muitos
morreram ao longo da viagem e nos prprios seringais por vrias razes: pssimas
condies de transporte e alojamento, falta de alimentao durante a viagem,
assistncia mdica precria e conflitos nos seringais.
Terminada a guerra, o governo norte-americano cancelou todos os acordos
referentes produo da borracha amaznica, que apenas enriqueceu os
seringalistas e grandes comerciantes. Abandonados prpria sorte em suas
colocaes, no interior da floresta, muitos nordestinos sequer souberam que a
guerra havia terminado. Tempos depois, alguns voltaram para suas regies de
Unidade 1 | Florestabilidade
Conhecer e manejar a floresta
26
Rodovia BR-364
entre Cuiab (MT)
e Porto Velho (RO)
Florestabilidade | Unidade 1
Conhecer e manejar a floresta
27
defensores da terra
pagam com a vida
O assassinato de Chico Mendes, em 1988, no um caso
isolado decorrente de conflitos de terras. Muitos lderes
morreram na mesma poca, e a histria vem se repetindo at
hoje na Amaznia, eliminando os que lutam pelo acesso
terra e pela conservao da natureza. Foi assim com Dorothy
Stang, a missionria morta a tiros em 2005, na cidade de
Anapu, no Par, e foi assim com o casal Jos Cludio Ribeiro
da Silva e Maria do Esprito Santo, lderes extrativistas
assassinados em uma estrada na zona rural de Nova Ipixuna,
no leste do Par, em 2011. O estado do Par lidera as
estatsticas: das 34 mortes envolvendo questes agrrias, na
Amaznia, em 2010, 18 foram registradas no Par.
Dorothy Stang, missionria catlica americana naturalizada
brasileira, foi assassinada com seis tiros. Tinha 73 anos, dos
quais mais de 20 dedicados defesa de causas ambientais e
de trabalhadores sem terra. Pouco antes de morrer, denunciou
ao ento secretrio de Direitos Humanos, Nilmrio Miranda,
que quatro pessoas da regio estavam sendo ameaadas
de morte. Ela mesma sofreu vrias ameaas que chegou a
denunciar a jornais locais.
Os lderes extrativistas Jos Cludio Ribeiro e Maria do
Esprito Santo foram mortos a tiros em maio de 2011, depois
de terem denunciado a ao de trs madeireiras em Nova
Ipixuna, no Par. O crime aconteceu perto do assentamento
em que o casal vivia. Alm dos tiros disparados, um dos
assassinos puxou uma faca e cortou um pedao da orelha
direita de Jos Cludio, entregue ao mandante do crime.
Florestabilidade | Unidade 1
Conhecer e manejar a floresta
29
Sociodiversidade
Elaborado pela
Antropologia, esse
conceito se refere
sociedade com
mltiplas formas de
culturas aberta e
de oportunidades ,
como a sociedade
brasileira.
Biodiversidade
A variedade de vida
na Terra, refletida
na diversidade de
ecossistemas e
de espcies, nos
seus processos
e interaes, bem
como na variao
gentica entre
as espcies.
A Amaznia
de hoje um
mosaico de
diferentes
formas de
uso da terra e
dos recursos
naturais;
uma sntese
de diferentes
momentos
de ocupao
nem sempre
harmnicos.
Unidade 1 | Florestabilidade
Conhecer e manejar a floresta
30
Florestabilidade | Unidade 1
Conhecer e manejar a floresta
31
32
Unidade 1 | Florestabilidade
Conhecer e manejar a floresta
Seja qual for o objetivo, crucial descobrir se a rea de floresta a ser manejada
suporta a produo que se pretende ter. Como o produto vai ser retirado e
transportado? Ser que d para fazer isso sozinho ou melhor estar em uma
associao, empresa ou cooperativa? Quem ir comprar o meu produto? preciso
ter licena ambiental ou cadastrar-se em algum rgo para realizar o manejo?
Esse planejamento e os conhecimentos que acumulamos com a experincia do
manejo florestal so fundamentais para se desenvolverem projetos dentro da
realidade, ou melhor, das diferentes realidades que existem na Amaznia. Assim
como encontramos uma grande diversidade de paisagens e de espcies, vamos
encontrar uma diversidade de projetos de manejo florestal.
Agamenon Gamosakoka
Suru, no viveiro de mudas
da Terra Indgena Sete
de Setembro
Florestabilidade | Unidade 1
Conhecer e manejar a floresta
33
Florestas Federais
222 milhes de hectares
Florestas Estaduais
75 milhes de hectares
0
250
500
Km
750
1.000
Figura 4:
Florestas pblicas do Brasil
Fonte: Servio Florestal
Brasileiro (SFB)
Unidade 1 | Florestabilidade
Conhecer e manejar a floresta
34
Mais de 60%
das florestas
cadastradas
no Pas so
comunitrias,
revela o
Cadastro
Nacional
de Florestas
Pblicas.
Uso comunitrio
14 milhes de hectares
Uso sustentvel
31 milhes de hectares
Proteo integral
46 milhes de hectares
Floresta no destinada
73 milhes de hectares
Figura 5:
Usos das florestas
pblicas do Brasil
Fonte: Servio Florestal
Brasileiro (SFB)
rea militar
3 milhes de hectares
250
500
Km
750
1.000
Florestabilidade | Unidade 1
Conhecer e manejar a floresta
35
No regime de
concesso,
comunidades,
cooperativas ou
empresas tm o
direito de usar as
florestas de forma
sustentvel, mas
o estado detm
a posse dessas
florestas.
Unidade 1 | Florestabilidade
Conhecer e manejar a floresta
36
Moradora da Resex
Verde para Sempre (PA)
mostra cacho de aa
recm-coletado
Florestabilidade | Unidade 1
Conhecer e manejar a floresta
37
Parque Nacional de
Anavilhanas (AM)
38
Elza Gopojog Suru faz pea de barro na Terra Indgena Sete de Setembro (RO)
Unidade 1 | Florestabilidade
Conhecer e manejar a floresta
Florestabilidade | Unidade 1
Conhecer e manejar a floresta
39
Terras indgenas
Bem antes da chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500,
boa parte do territrio que hoje corresponde Amaznia era
habitada por ndios. Pesquisadores estimam que tenham sido
trs milhes. At a descoberta do Novo Mundo, a maioria
vivia, sobretudo, nas reas de vrzeas, ao longo dos maiores
rios da regio, e ali j teriam cultivado a terra e praticado
o que os pesquisadores chamam de cultura de floresta
tropical. Essas teriam sido, digamos assim, as primeiras
formas de manejo na Floresta Amaznica.
Com a chegada do conquistador, os grupos indgenas foram
sendo extintos, por diversas razes, e hoje, segundo o censo
de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
(IBGE), 305.873 ndios vivem na Regio Norte do Brasil. A
quantidade exata, no entanto, pode ser maior, pois ainda
pode haver, na Amaznia, grupos isolados e desconhecidos.
A Constituio Federal garante aos indgenas o direito terra,
definindo as terras indgenas como territrios da Unio,
sobre os quais reconhecido o direito indgena posse
permanente e ao usufruto exclusivo das riquezas do solo,
dos rios e dos lagos nelas existentes, sendo o poder pblico
obrigado, por meio da Funai, a promover seu reconhecimento
por ato declaratrio que faa conhecer seus limites, assegure
sua proteo e impea sua ocupao por terceiros.
A Constituio assegura, ainda, a garantia das terras
habitadas em carter permanente, as utilizadas para suas
atividades produtivas, as imprescindveis preservao
dos recursos ambientais necessrios ao seu bem-estar e as
necessrias a sua reproduo fsica e cultural, segundo seus
usos, costumes e tradies.
40
Unidade 1 | Florestabilidade
Conhecer e manejar a floresta
Florestabilidade | Unidade 1
Conhecer e manejar a floresta
41
42
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
43
Unidade
Boas prticas
do manejo florestal
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
44
Exibio do
programa
de TV
Programa
de rdio
Plano
de aula
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
45
Plano de Manejo
Documento tcnico que
especifica as atividades
a serem realizadas na
rea da floresta que
se pretende manejar,
incluindo a construo
de infraestruturas
(alojamento, estradas
e ptios), a delimitao
das reas de produo
a serem exploradas a
cada ano e as tcnicas e
equipamentos que sero
utilizados.
46
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
Nesse mesmo ano, foram contabilizados 71 polos madeireiros com mais de 2.200
empresas na Amaznia, consumindo cerca de 14 milhes de metros cbicos de
madeira nativa.
Mais da metade desses empreendimentos caracterizada como serrarias simples,
sem equipamentos sofisticados de beneficiamento de madeira. As serrarias fixas
esto estabelecidas em polos nos arredores de cidades, mas existem tambm
serrarias portteis, que so montadas no interior da floresta e facilmente
removidas de um local para outro.
Apenas 15% das empresas instaladas na Amaznia agregam valor substancial
madeira, com processos de secagem e acabamento, transformando-a em
produtos como assoalhos, portas, mveis, forros, cabos e janelas. Isso quer dizer
que h muito potencial de melhoria dos negcios nesse sentido.
Toras de madeira na
rea de manejo
da Cooperativa Mista da
Flona Tapajs (PA)
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
47
48
Reserva Legal
rea particular
protegida, localizada
no interior de uma
propriedade ou
posse rural, na qual
a cobertura vegetal
nativa deve ser
conservada, podendo
ser utilizada de forma
sustentvel mediante
Plano de Manejo
florestal.
Produzir
produtos
florestais
com prticas
de manejo
contribuir para o
desenvolvimento
de uma
sociedade que
respeita
o ambiente e
o trabalhador.
Tcnicos do Instituto
Floresta Tropical (PA)
identificam as rvores que
foram selecionadas na
atividade pr-exploratria
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
49
PR-EXPLORATRIA
Macroplanejamento
EXPLORATRIA
PS-EXPLORATRIA
Microplanejamento
Figura 1:
Etapas do manejo de
produtos florestais
madeireiros
Etapa pr-exploratria
Antes de dar incio ao trabalho na floresta, preciso saber aonde se quer
chegar. preciso planejar. Por isso, vamos conhecer, agora, as atividades do
macroplanejamento e do microplanejamento.
O macropanejamento ajuda a tomar decises quanto seleo das reas aptas
ao manejo florestal, viabilidade econmica do manejo e implantao da
infraestrutura necessria s atividades de manejo, como o acampamento florestal
e a estrada principal por onde os produtos sero transportados ate os locais de
beneficiamento.
Pelo Cdigo Florestal Brasileiro, as florestas ao redor de rios e igaraps, morros com
mais de 45 graus de inclinao e nascentes de corpos dgua so consideradas
reas de preservao permanente (APPs) e no podem ser exploradas. Alm
disso, nas concesses florestais, por exemplo, uma parte da propriedade deve
permanecer inexplorada para que se possa compar-la a floresta manejada.
Nessa fase, tambm feito um inventrio amostral. Trata-se de um levantamento
rpido realizado com o objetivo de orientar a elaborao do Plano de Manejo.
A partir desse trabalho, possvel fazer uma descrio dos recursos florestais,
estimando-se as espcies e os volumes de madeira existentes na rea. O inventrio
amostral tambm til para o manejo de produtos florestais no madeireiros, que
sero abordados mais adiante.
Selecionar reas
aptas para
extrao de
madeira um
dos primeiros
passos para
o manejo
madeireiro
responsvel
e sustentvel.
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
50
Ciclo de corte
Perodo de tempo
necessrio para que
a floresta se recupere
aps a explorao
madeireira antes que
seja possvel uma
segunda explorao.
Pelas leis brasileiras, o
ciclo de corte mnimo
deve ser de 25 a 35
anos, se a explorao
for feita de forma
mecanizada. Para
um empreendimento
florestal sem o arraste
de toras mecanizado,
situao tpica de
comunidades que
extraem madeira em
volumes menores
(menos de 10 m3 por
hectare), o ciclo de corte
pode chegar a dez anos,
no mnimo.
Atividades pr-exploratrias
Selecionar as reas aptas ao manejo
Quantificar o potencial da floresta para o manejo
Avaliar a viabilidade econmica do empreendimento
Dimensionar e definir as Unidades de Produo Anual (UPAs)
Dimensionar e definir as infraestruturas gerais
Definir as estratgias de gerenciamento da floresta
Inventariar 100% da UPA
Mapear detalhadamente o terreno da UPA, incluindo as APPs
Cortar os cips presos s rvores com valor comercial
Identificar os recursos humanos necessrios operao
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
51
Na prtica
Imagine uma rea florestal de 15 mil hectares de tamanho, na qual, durante o
macroplanejamento, tenhamos encontrado vrios rios que atravessam a rea.
Imagine, ainda, que a rea de preservao permanente seja de 30 metros ao
longo desses rios, cobrindo uma rea de 2.900 hectares. Imagine que tenhamos
calculado que a rea total a ser coberta por estradas principais, acampamento e
por uma serraria seria de 100 hectares.
Somando essas duas reas, teramos uma rea produtiva para manejo florestal
igual a 12 mil hectares (15 mil menos 3 mil hectares). Imagine, tambm, que o
macroplanejamento tenha estimado que, com base na intensidade de explorao
possvel para essa rea, tenhamos que praticar um ciclo de corte de 25 anos.
No primeiro ano, exploraremos a unidade de produo anual, ou UPA, de
nmero 1. No segundo ano, exploraremos a UPA 2 e assim por diante, at o
final das UPAs existentes. No vigsimo sexto ano, finalmente, voltaremos a
explorar a mesma UPA 1.
Depois de 25 anos sem explorao na UPA 1, a floresta teve tempo de se recuperar,
sendo permitida uma nova explorao. Cada UPA, nesse cenrio, tem uma rea de
480 hectares (12 mil hectares divididos por 25 anos).
Reserva
Absoluta
Portaria
Alojamento
Estradas
UPA 13
UPA 25
UPA 12
UPA 16
UPA 21
UPA 22
UPA 03
UPA 06
UPA 11
UPA 20
UPA 19
UPA 15
UPA 04
UPA 01
UPA 02
UPA 17
UPA 14
UPA 23
UPA 05
UPA 09
UPA 18
UPA 24
UPA 08
UPA 10
UPA 07
Figura 2:
A figura mostra a
diviso de uma floresta
a ser manejada para a
produo de madeira.
No caso desta figura,
existem 25 UPAs, o que
significa que o ciclo
de corte de 25 anos.
A Reserva Absoluta
uma rea representativa
dos ecossistemas
manejados, delimitada
para fins de comparao
em empreendimentos
certificados e concesses.
52
O uso de
mapas
fundamental
para orientar
o trabalho
no manejo
florestal.
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
Manejadores do Projeto
de Assentamento
Agroextrativista Chico
Mendes, em Xapuri (AC),
medem a circunferncia
da rvore e anotam a
posio em GPS
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
53
Com o manejo
florestal,
possvel
assegurar
conservao,
segurana e
renda tanto
para empresas
quanto para
comunidades.
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
54
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
55
Etapa exploratria
A fase exploratria, tambm chamada de explorao de impacto reduzido, ou EIR,
envolve o planejamento iniciado um ano antes da explorao, propiciando uma
extrao otimizada, com menos danos e desperdcios e sem vtimas de acidentes
de trabalho. Mas, bom lembrar que EIR no sinnimo de manejo florestal,
apenas um de seus componentes fundamentais.
Na EIR, os tratores de esteiras abrem estradas sinalizadas em direo aos pontos
nos quais sero construdos os ptios que vo receber as toras, tambm escolhidos
minuciosamente, para evitar reas com rvores de grande porte. A abertura de
estradas e ptios feita, preferencialmente, um ano antes da explorao.
Outro ponto importante que, na EIR, os trabalhadores usam equipamentos de
proteo individual, os chamados EPIs, que servem para aumentar a segurana
durante a operao.
uma postura totalmente diferente da adotada na explorao convencional ou
predatria, em que os trabalhadores no usam EPIs, estradas e ptios so abertos
sem planejamento, sem minimizar os danos floresta, e as rvores so cortadas
s pressas por motosserristas pouco treinados.
Atividades exploratrias
Abrir estadas em direo aos ptios que vo receber as toras
Fazer testes para verificar se a rvore oca
Cortar as rvores respeitando o dimetro mnimo, 50 cm,
do tronco
Arrastar as toras para os ptios de estocagem
Identificar as toras para garantir a rastreabilidade
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
56
Capacete
com viseira
Protetor
auricular
Capacete
Luvas
culos de
proteo
Colete de
sinalizao
Figura 3:
Principais
EPIs para o
trabalho
no manejo
florestal.
Botas
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
57
Rastreabilidade
Capacidade de traar a
trajetria de um produto
ou bem na cadeia de
produo o que (o
produto ou bem), de
onde (a origem) e para
onde (destino) por
meio de uma identificao
numrica.
Cadeia de produo
Sucesso de atividades
ou operaes que
transformam a matriaprima em produto,
desde a extrao at o
beneficiamento e sua
comercializao no
mercado consumidor.
J consenso que uma boa EIR pode ir alm dessas prticas. preciso haver um
sistema que demonstre a rastreabilidade da madeira, desde o toco da rvore que
permanece na floresta at os ptios das serrarias.
Hoje em dia, requer-se que cada empreendimento adote um controle formal
da produo que permita identificar a origem de uma tora. Assim, no ptio,
as toras so identificadas com um nmero que permite sua rastreabilidade.
a garantia que o comprador tem de que a madeira foi extrada conforme a
legislao florestal. Com esse procedimento, possvel traar o caminho de
volta na cadeia de produo da madeira, associando a tora da serraria ao toco
da rvore correspondente na floresta.
58
O corte Cear
Valderez Vieira, o Cear, instrutor-operador do Instituto
Floresta Tropical (IFT). Nasceu no Cear, em 1953, e iniciou sua
atividade na rea florestal em 1979, em Gois. Em 1982, migrou
para Paragominas, no Par, para exercer a funo de operador de
derrubada de rvores para a formao de pastos.
Trs anos mais tarde, foi para Almeirim, tambm no Par, para
trabalhar, no Projeto Jari, como operador de motosserra no corte
de florestas plantadas e, mais tarde, no corte de florestas nativas,
explorando a maaranduba.
Nesse trabalho, Cear tinha que cumprir meta de produo, o que
lhe rendia, alm do salrio fixo, uma gratificao proporcional ao
metro cbico de madeira explorada sem rachadura. Para alcanar
sua meta, aprimorou as tcnicas de corte para evitar rachaduras
no tronco.
Em 1994, Cear comeou a utilizar duas tcnicas de corte
especiais, por ele desenvolvidas: os chamados Corte Escada Cear
e Corte Escadinha. Em 1998, foi contratado pelo IFT, tornando-se
instrutor e disseminando, dessa forma, suas tcnicas pelo Brasil e
pelo mundo. Detalhes tcnicos desse corte ganharam um captulo
no Manual Tcnico 2, do IFT Manejo de florestas naturais da
Amaznia: corte, traamento e segurana.
As tcnicas desenvolvidas por Cear so recomendadas para o
corte de espcies que racham com facilidade e para rvores que
contenham uma inclinao do fuste em relao ao solo superior a
20 graus. O fuste a poro inferior do tronco de uma rvore na
qual no h galhos e que tem valor comercial.
Essas tcnicas minimizam o desperdcio de madeira e do mais
segurana aos operadores.
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
59
Etapa ps-exploratria
Nesta etapa, faz-se o gerenciamento da rea de manejo florestal visando a sua
conservao para os prximos ciclos de corte. As medidas que sero tomadas
dependem muito das caractersticas de cada empreendimento. Do ponto de vista
legal, preciso encaminhar agncia do governo um relatrio ps-exploratrio,
com um mapeamento e resumo do que foi executado durante a explorao.
Outra medida a manuteno das estradas secundrias utilizadas na explorao,
nivelando-as e reparando as imperfeies causadas pela extrao. Trabalhos de
manuteno tambm devem ser feitos em pontes e ptios de estocagem, pois eles
sero utilizados num prximo ciclo. Com isso, evitam-se custos de reconstruo.
H tambm medidas que protegem a rea explorada contra invases e aes
preventivas contra incndios florestais, como a colocao de placas de proibio de
caa e pesca e monitoramento contra invases e mau uso da terra, principalmente
em regies com conflitos fundirios.
Atividades ps-exploratrias
Gerenciar a rea de manejo florestal
Encaminhar agncia do governo um relatrio com o resumo das
atividades executadas
Reparar estradas utilizadas nas atividades de explorao
Manter estradas principais, pontes e bueiros
Colocar placas de proibio de caa e pesca nas reas exploradas
Monitorar as reas exploradas contra invases e mau uso da terra
Avaliar os danos e desperdcios causados durante a explorao
Monitorar o crescimento e a regenerao da rea explorada
60
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
Silvicultura
Cincia que estuda
mtodos naturais e
artificiais de regenerao
de florestas.
O tratamento por meio da silvicultura tambm uma medida que pode ser
adotada depois da etapa da explorao. Esses tratamentos buscam aumentar o
crescimento da floresta ou beneficiar espcies sensveis exploradas que poderiam
ficar mais raras ou desaparecer das florestas manejadas.
Segundo essas diretrizes, a primeira medio de PPs deve ser feita antes da
explorao; a segunda, um ano depois da explorao e a terceira, trs anos mais
tarde. Depois disso, as medies podem ser realizadas a cada cinco anos.
Essas espcies podem ser plantadas nas reas abertas pelas rvores extradas ou
mesmo em outras reas, como ptios de estocagem e ramais de arraste. Espcies
como o ip (Tabebuia), o jatob (Hymenaeacourbaril) e a maaranduba (Manilkara)
so alguns exemplos usados nos tratamentos silviculturais.
A sensibilidade explorao dessas espcies ocorre porque so poucos os
indivduos jovens e muitos os adultos dispersos na floresta e, geralmente, a
remoo das rvores comerciais mais velhas dificulta a gerao de novas mudas.
Floresta manejada
para produtos madeireiros,
onde se indentificam
ptios e estradas
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
61
Profissional
Funo
Qualificaes
Administrador do
empreendimento
(proprietrio ou
extrator)
Realiza os investimentos
necessrios para o manejo
(equipamentos, mquinas, EPIs,
etc.). Faz a conexo da floresta
com a indstria. Coordena
questes administrativas do
manejo. No caso do manejo
comunitrio, podem ser os
prprios produtores individuais ou
a coordenao da associao ou
cooperativa.
Engenheiro
florestal
Tcnico florestal
ou gerente de
explorao
Operador de
motosserra
Ajudante de corte
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
62
Profissional
Funo
Qualificaes
Operador de trator
de esteiras
Operador de
arraste (skidder ou
trator de esteiras)
Ajudante de
operao de
arraste
necessrio, dependendo do
tipo de operao de arraste. Pode
auxiliar em outras atividades,
dependendo do empreendimento.
Operador de
carregadeira
Importante, dependendo da
escala do empreendimento.
Trabalhadores
Parataxnomo
(identificador
botnico)
Conhecimento de campo de
espcies florestais, incluindo as
espcies comerciais, na rea em que
est localizado o empreendimento.
O ideal que conhea os nomes
cientficos das espcies. Durante os
inventrios de monitoramento, deve,
tambm, ter conhecimento sobre
como identificar rvores mais jovens
dessas espcies.
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
63
O planejamento e o uso
de mapas detalhados
tornam o manejo florestal
mais eficiente e seguro
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
64
reas
exploradas
com
planejamento,
com respeito
ao ciclo
do corte,
previnem o
esgotamento
do potencial
da floresta.
Madeira legal
A produo de madeira legal respeita a legislao ambiental e trabalhista.
Essa produo requer um plano de manejo florestal de acordo com as normas
estabelecidas para a atividade. O plano deve ser aprovado pelo rgo estadual de
meio ambiente ou, em alguns casos, pelo Ibama ou Instituto Chico Mendes de
Conservao da Biodiversidade (ICMBio).
A explorao legal utiliza as tcnicas de manejo florestal que buscam simular o
ciclo natural da floresta, em que as rvores mais velhas caem, abrindo espao para
as rvores mais jovens, sendo o volume de madeira a ser extrado compatvel com
a capacidade de reposio da floresta.
O transporte da madeira legal feito de acordo com a lei, respeitando os limites
de carga. O produto acompanhado do Documento de Origem Florestal (DOF),
que comprova sua origem e quantidade. Esse documento deve acompanhar a
carga de madeira durante todos os trajetos.
Na indstria de madeira legal, cumpre-se a legislao fiscal e trabalhista.
Os funcionrios usam equipamentos de segurana e a madeira pode ter sua
origem rastreada.
Ao escolher produtos de madeira legal, o consumidor tambm cumpre um papel
importante, de fortalecer prticas legais e ticas que conservam a floresta. Na
hora da compra, tem o direito de solicitar a nota fiscal do produto e o Documento
de Origem Florestal ou a Guia Florestal, e a nota fiscal de origem da madeira.
E, sempre que possvel, deve reutilizar a madeira adquirida e dar preferncia quela
com selo de certificao de manejo florestal e boas prticas socioambientais,
como o FSC.
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
65
Certificao
Embora no seja uma exigncia legal, a certificao a garantia dos produtores
aos consumidores. A certificao atesta que foram cumpridas todas as leis
vigentes e que os produtos tm origem em um processo produtivo manejado
de maneira ecologicamente adequada, socialmente justa e economicamente
vivel. Para assegurar a origem da matria-prima desde a floresta at a casa
do consumidor, necessria a certificao do manejo florestal e, muitas vezes,
tambm a certificao da cadeia de custdia.
A certificao do manejo florestal aplicvel a todos que manejam diretamente
a floresta, sejam pequenas ou grandes empresas ou associaes comunitrias.
Essas florestas podem ser naturais ou plantadas, pblicas ou privadas. J a
certificao da cadeia de custdia aplicada a todos que processam a matriaprima vinda de floresta certificada.
Os artesos, as serrarias, as marcenarias e demais processadores de produtos
precisam obter a certificao da cadeia de custdia para garantir que tudo o que
vendido como produto certificado tenha sua matria-prima de uma rea com
manejo florestal certificado. Nessa certificao, o controle somente sobre a
origem da matria-prima e no sobre as condies sociais e ambientais envolvidas
no processamento.
A certificao mais conceituada no Brasil e no mundo para produtos florestais
a do Forest Stewardship Council (FSC Conselho de Manejo Florestal, em
portugus), sendo aplicvel a todos os produtos florestais.
A certificao da cadeia de custdia possibilita colocar o selo do FSC no produto
final, como os vrios produtos deste material pedaggico produzidos em papel.
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
66
Situao fundiria
Situao cadastral
das terras, ou seja,
identificao do dono
da rea.
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
67
Equipe de manejadores
florestais da Cooperativa
Mista da Flona Tapajs (PA)
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
68
Formas de organizao
As formas organizacionais mais comuns adotadas na Amaznia brasileira
para o Manejo Florestal Comunitrio e Familiar (MFCF) so as associaes
e cooperativas. De um modo geral, essas formas de associao apresentam
trajetrias influenciadas pela relao com o mercado e com os requerimentos
tcnicos e legais exigidos para o acompanhamento do Plano de Manejo.
H que se considerar, tambm, o histrico de lutas por territrios e pelo direito de
uso dos recursos naturais que marcam a relao das famlias envolvidas com o
MFCF na Amaznia brasileira.
Com base em uma experincia desenvolvida pela Embrapa Rondnia, no
Assentamento Nilson Campos (Jacy-Paran, Porto Velho/RO), possvel identificar
quatro etapas que promovem o fortalecimento organizacional para o manejo florestal:
sensibilizao das famlias para o uso racional dos recursos florestais,
estimulando a formao de grupos de interesse;
formao de agricultores e tcnicos para implementar os planos de manejo;
planejamento das etapas de operacionalizao, definindo a modalidade de
manejo a ser praticada;
difuso e disseminao das informaes sobre a experincia vivida, promovendo a
troca de informaes a respeito da iniciativa junto comunidade.
Comunitrios
cooperam na coleta
de produtos da floresta
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
69
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
70
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
71
Produtos florestais
no madeireiros
Os produtos florestais no madeireiros (PFNMs), como o prprio nome indica,
so todos aqueles provenientes da floresta que no sejam madeira. Exemplos:
folhas, frutos, flores, sementes, castanhas, palmitos, razes, bulbos, ramos, cascas,
fibras, leos, ltex, resinas, gomas, cips, ervas, bambus, plantas ornamentais,
fungos e produtos de origem animal.
Os PFNMs so fundamentais na vida de milhes de pessoas em todo o mundo,
sobretudo para as famlias que vivem nas florestas ou perto delas. Essas
pessoas usam vegetais, frutas, castanhas, nozes e sementes para se alimentar.
Folhas, cascas, flores, sementes e razes so matria-prima para a produo de
medicamentos e cosmticos, bem como o ltex, para a produo da borracha.
Essas pessoas tambm colhem bambu, fibras, cips, palhas, etc. para a construo
de casas, e forragem para alimentar o gado.
No Brasil, que tem mais da metade de seu territrio coberto de florestas naturais,
milhes de pessoas tiram delas o seu sustento. Dessas florestas naturais, a
Amaznica merece especial ateno, pois tem uma diversidade de produtos
florestais no madeireiros (PFNMs) que podem ser manejados..
O manejo de PFNMs, conhecido tambm como neoextrativismo ou extrativismo
sustentvel, relevante para a sobrevivncia dos povos da floresta, gera emprego e
renda, constituindo uma alternativa econmica que contribui para a diminuio do
xodo rural. Alm disso, contribui para a conservao da biodiversidade da Amaznia.
Nesta unidade, vamos estudar o manejo de seis produtos considerados
relevantes tanto para vida das comunidades locais como para
a economia do Pas.
Neoextrativismo
ou extrativismo
sustentvel
Nova viso de
explorao dos
produtos florestais
que promove
um salto de qualidade
na medida em
que incorpora
novas tcnicas de
cultivo, extrao e
beneficiamento dos
produtos.
xodo rural
Sada de pessoas do
campo, em massa, em
busca de melhores
condies de vida.
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
72
Aa (Euterpe oleracea)
73
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
74
Pr-coleta
Coleta
Identificao da rea
Inventrio
Planejamento da colheita:
poca, ferramentas, mtodos
Planejamento de recursos
humanos e tarefas
Colheita/extrao
Gesto de pessoas,
tarefas e recursos
Seleo de produtos
Monitoramento
da produo
Ps-coleta
Armazenamento
Transporte
Beneficiamento
Processamento
Conservao
Distribuio/comercializao
Tratamentos silviculturais
Monitoramento
Pr-coleta
PS-COLETA
PR-COLETA
Este o momento do levantamento e da
organizao de informaes referentes ao
Armazenamento
Identificao
da rea
manejo.
Primeiro, necessrio definir quais
as reas a serem manejadas e identificar
Transporte
Inventrio
o
potencial
produtivo
das
espcies,
o
que
se
faz com a realizao de inventrios.
Beneficiamento
Planejamento da colheita:
Processamento
poca, ferramentas, mtodos
Planejamento
recursos
Comodebase
para o planejamento doConservao
uso dos recursos florestais, o inventrio
Distribuio/comercializao
humanos e tarefas
permite conhecer as caractersticas de
uma determinada
Tratamentos
silviculturaisrea e dimensionar a
Monitoramento
quantidade e qualidade do que a compe.
Nele, tambm estima-se o nmero
Gesto
de pessoas,
tarefas erecursos
No manejo
de PFNMs,
tambm
importante realizar um inventrio amostral. Ele
Seleo de produtos
indica o potencial
produtivo
da rea em que se pretende trabalhar e, portanto,
Monitoramento
da produo
fator importante para a elaborao do plano de manejo quando a produo tem fins
comerciais. Os dados levantados no inventrio possibilitam estimar a produo e os
custos da operao, e desenvolver estratgias de comercializao do produto.
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
75
Coleta
Esta a etapa que vai da extrao ou coleta dos produtos da planta (frutos, cascas,
folhas, leos, resinas, etc.) at a sua retirada de dentro da floresta. Neste momento,
coloca-se em prtica o que foi planejado na pr-coleta: os locais definidos para a coleta,
quando e quantas vezes as coletas sero feitas (ciclo e periodicidade) e as tcnicas e
ferramentas que sero utilizadas para assegurar a sustentabilidade da atividade.
Na floresta, recomendado o uso de equipamentos de proteo individual (EPIs),
como botas, perneira, luvas, cala, camisa de manga comprida e capacete.
Ao coletar o produto, preciso selecionar o material seguindo critrios
rigorosos. Material apodrecido, sem vitalidade ou com aspecto imprprio deve
ser deixado de lado.
preciso ter em mente que o material coletado ser matria-prima de
algum produto final e, por isso, esse material deve ser de boa qualidade, sem
contaminao. Caso contrrio, a fabricao de um produto final poder ficar
comprometida e haver o desperdcio de trabalho e de recursos.
Nesta etapa, feito o monitoramento da produo, que consiste no registro das
quantidades obtidas em cada rvore, lote ou talho, de acordo com os critrios
preestabelecidos pelos produtores.
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
76
Carregamento de
castanhas-do-brasil
chega Cooperacre,
em Brasileia (AC)
Ps-coleta
Tratamentos silviculturais
Formas pelas quais o ser
humano intervm na
floresta para melhorar
as condies ambientais
da rea em que produz
um bem ou servio. So
aes como capinar, roar,
adubar, podar e controlar
as pragas.
Monitoramento
Acompanhamento do
processo de manejo
e de seus impactos,
tanto ambientais
quanto socioculturais e
econmicos.
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
77
78
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
O manejo da castanha-do-brasil
A castanha-do-brasil tambm conhecida como castanha-do-par. Seu nome
cientfico Bertholletia excelsa e pertence famlia Lecythidaceae. Ela considerada
uma das plantas de maior valor da Floresta Amaznica e, como vimos no incio
desta unidade, protegida por lei federal, segundo a qual proibido derrub-la.
A Amaznia
brasileira a
maior produtora
mundial de
castanha-dobrasil com casca e
exporta cerca de
40% de sua
produo.
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
79
A amndoa da
castanha-dobrasil tem alto
valor proteico
e h grande
demanda por
ela no mercado
internacional.
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
80
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
81
82
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
Castanhas embaladas
a vcuo pela Cooperacre,
Rio Branco (AC)
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
83
Comaru,
um exemplo de cooperativados
Sebastio Freitas Marques, Mauro
Barbosa e Elizabeth Freitas dos Santos
vivem em Laranjal do Jari, a 200 km de
Macap, capital do Amap. Em 1997,
junto com a criao da Reserva de
Desenvolvimento Sustentvel (RDS) do
Rio Iratapuru, no Amap, eles fundaram a
Cooperativa Mista dos Produtores da RDS
do Rio Iratapuru a Comaru , que tem 32
famlias cooperativadas.
A cooperativa dedica-se coleta, ao
processamento e entrega do leo da
castanha-do-brasil. a nica autorizada
a explorar a castanha daquela RDS, por
concesso da Secretaria Estadual do
Meio Ambiente.
Os
cooperativados
recebem
por
produo, sendo que no perodo de
safra, a Comaru tambm emprega,
temporariamente, moradores da regio
que no pertencem cooperativa, para
trabalhar na coleta da castanha.
To logo foi criada, a Comaru explorava a
castanha para processamento de biscoitos
que eram adquiridos pelo governo do
estado e servidos na merenda escolar.
Em 2003, a fbrica de biscoitos foi
destruda por um incndio. Sem recursos
para montar uma nova cooperativa, foi em
busca de novos parceiros.
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
84
O manejo da seringueira
A borracha foi,
continua sendo
e ser sempre
um produto
florestal no
madeireiro
importante
para as
comunidades
da Regio
Amaznica.
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
85
Colocaes
reas de cerca de
400 a 600 hectares
trabalhadas por cada
famlia.
Cortes de at
1 1/2 palmo inclinados
em relao ao solo.
A sucesso
de cortes forma
o painel.
Figura 4:
Painel e sangria
da seringueira para
a retirada de ltex
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
86
Cmbio
Pelcula que fica entre
a casca e a madeira,
responsvel pela
regenerao da casca.
Poronga
Lanterna feita de
alumnio com um aro
em forma de crculo
para ser fixado na
cabea do seringueiro,
tendo um reservatrio
para o querosene
ou outro tipo de
combustvel inflamvel
e um pavio de luz para
iluminar o caminho no
seringal.
Friagem
Fenmeno comum, que
ocorre de maio a agosto,
na poro sudoeste
da Regio Norte (Acre,
Rondnia, sul do
Amazonas). Caracterizase pela acentuada
queda da temperatura
causada pela passagem
do ar polar.
Ltex de seringueira
nativa despejado
em tanque de
armazenamento,
na fbrica de
preservativos
em Xapuri (AC)
A sangria deve ser feita com cuidado para no atingir o cmbio. Para realizar esse
trabalho, o seringueiro usa a chamada faca de seringa. Os cortes so feitos na
parte mais fria do dia, pois o calor acelera a coagulao do ltex. Por isso, a tarefa
comea bem cedo, em geral, antes do amanhecer. Para iluminar seu caminho, o
seringueiro usa a poronga.
Os extrativistas no cortam as seringueiras durante a friagem, nem nas pocas
da florao e da troca de folhagem, pois isso pode mat-las. No estado do
Amazonas, a coleta de ltex em seringueiras de terra firme realizada de janeiro a
maio, e em seringueiras de vrzea, de julho a dezembro.
Para colher o ltex, o seringueiro distribui tigelas em cada seringueira. Nelas, so
aplicados anticoagulantes ou coagulantes, a depender da destinao do produto.
Uma coleta diria, em uma estrada de mais ou menos 120 rvores, resulta entre
dez e 20 litros de ltex.
A totalidade do ltex coletado no dia colocada em um balde ou bombona
e transportada at a casa do seringueiro. L, o ltex passa por um processo de
pr-beneficiamento. A coagulao, a prensagem, a lavagem, o transporte e o
armazenamento do produto dependem de como ser comercializado.
A forma mais simples e de menor valor comercial o cogulo, a borracha
que endurece naturalmente ou pela ao de coagulante aplicado na tigela.
J o ltex lquido, utilizado na indstria farmacutica e de cosmticos,
conservado com amnia em recipientes hermeticamente fechados, nos quais
transportado at as fbricas.
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
87
LENDA DO PANEIRO
Certa vez, chefes de uma tribo castigaram
um ndio guerreiro, obrigando-o a transportar
gua em um paneiro feito com cips silvestres.
Como o ndio tinha a proteo dos deuses,
eles lhe ensinaram a revestir o paneiro com
ltex da seringueira, que era transparente e
impermevel.
Quando os caciques viram o ndio transportando
gua no paneiro, de to impressionados que
ficaram, resolveram perdo-lo.
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
88
Bolsas artesanais
com ltex da
Flona Tapajs (PA)
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
89
Do Acre Frana
A Cooperacre rene associaes e comunidades que
trabalham com a extrao do leite das seringueiras e seus
derivados. Uma delas a Associao da Cidade de Assis
Brasil (Amopreab), situada prximo fronteira do Peru
com a Bolvia.
Famlias associadas produzem a folha defumada lquida
(FDL), um tipo de produto em que o leite da seringueira,
depois de extrado, coalhado, defumado e desidratado
quimicamente. Essas folhas, ou placas, so vendidas pela
Associao diretamente para uma fbrica francesa de tnis.
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
90
O manejo da copaba
A copaba uma das plantas medicinais mais usadas na Amaznia, sobretudo no
combate a inflamaes. Seu nome cientfico Copaifera spp, pertencente famlia
Caesalpineaceae. Trata-se de uma rvore que pode atingir 40 m de altura e 140
centmetros de dimetro.
No Brasil, so encontradas 16 espcies do gnero, em terra firme, s margens de
lagos e igaraps, e em solos argilosos e arenosos, sendo a maior quantidade nos
estados do Amazonas, Par, Rondnia, Acre e Mato Grosso.
leo de copaba
vendido no mercado
Ver-o-Peso, Blem (PA)
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
91
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
92
Trado
Ferramenta de ao
em forma de espiral que
possui a extremidade
inferior pontiaguda.
Ao girar o trado,
consegue-se perfurar
madeira.
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
93
O tempo mnimo de retorno rea para realizar nova coleta de trs anos. Mas,
se alguma das rvores furadas, nos primeiros 12 meses, no tiver leo, dever ser
furada novamente no ano seguinte.
Os produtos
da copaibeira
tm tudo para
se tornar uma
excelente fonte
de renda para
quem vive da
floresta.
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
94
O manejo do cip-titica
O cip-titica o nome popularmente atribudo s razes areas da espcie botnica
Heteropsis flexuosa, que pertence famlia Araceae. O cip-titica germina no cho e
sobe para a copa das rvores na qual a planta-me do cip se estabelece. Quando
o cip est estabelecido, algumas razes comeam a crescer da planta-me e a
descer em busca do solo. Quando atingem o solo, essas razes engrossam e se
tornam resistentes. por essas razes areas que o cip-titica se alimenta.
Tpico da Amaznia, ele se desenvolve em reas de terra firme. H 18 espcies
do gnero Heteropsis que nascem tambm em outras regies do Brasil. No Sul,
todas as fibras, incluindo o cip-titica, so chamadas de junco ou rattan, embora
pertenam a famlias diferentes.
O cip-titica ocorre na Guiana, na Venezuela e no Peru, alm do Brasil.
Na Amaznia brasileira, a poca em que o cip-titica floresce e frutifica varia de
regio para regio. Mas, na maioria dos estados, a florao ocorre entre os meses
de setembro e maio e a frutificao, entre os meses de maro a novembro.
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
95
O cip-titica
um produto
diferenciado
que a floresta
oferece e que
pode significar
emprego e
renda para as
pessoas das
comunidades.
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
96
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
97
Vassoura feita
com cip-titica
98
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
99
100
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
101
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
102
Cocos de babau
maduros e coletados
em floresta do Par
Produo familiar da
farinha do mesocarpo, na
Resex do Rio Iriri (PA)
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
103
Babau beneficiado
em miniusina, na
Resex do Rio Iriri (PA)
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
104
Coletor apanha
o aca usando
a peconha para
escalar a rvore
O manejo do aa
O aa uma palmeira do gnero Euterpe, que rene 28 espcies. No Brasil, h trs
espcies do mesmo gnero: aa-de-touceira, aa solteiro e juara.
O aa-de-touceira ou aa-do-par (Euterpe oleracea) desenvolve-se,
principalmente, em ambiente de vrzea em toda a extenso do esturio amaznico,
do Maranho ao Amap e, sobretudo, no Par. Essa palmeira pode atingir mais de
25 metros de altura, com troncos de nove a 16 centmetros de dimetro, podendo
ter de quatro a nove estipes, ou troncos, que formam uma touceira. O aaizeiro
cresce melhor em reas abertas com abundncia de sol, para o desenvolvimento
dos frutos, e em solos bem drenados.
O aa solteiro (Euterpe precatoria), possui apenas um tronco, chegando a alcanar
mais de 23 metros de altura. Essa palmeira encontrada nas regies central e
ocidental da Amaznia, tanto nos ambientes de terra firme, localizados prximo a
vrzeas e igaps, quanto em reas inundadas. Raramente encontrada em reas
desmatadas.
O juara (Euterpe edulis) j foi abundante nas florestas da Mata Atlntica e do
centro-sul do Pas. Hoje, essa palmeira est ameaada pela prtica predatria da
extrao do palmito.
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
105
A palmeira juara
primeira vista, a juara parece at aa da Amaznia, mas no . A palmeira
juara nativa da floresta da Mata Atlntica, que cobre as encostas do sul da
Bahia at o Rio Grande do Sul, mas corre o risco de desaparecer. Por isso, seu
corte, para a retirada do palmito, ilegal.
Ao ser cortada, a palmeira no rebrota. Para cada palmito juara consumido,
cortada uma palmeira de dez metros e desses dez metros, apenas 30 centmetros
so aproveitados. Alm disso, a palmeira juara leva de sete a oito anos para
produzir frutos. Depois, a safra anual.
J h agricultores conscientes de que no preciso derrubar a palmeira para se
obter renda. Tudo de acordo com um Plano de Manejo, o que contribui no s para
a renda familiar, mas tambm para a recuperao da juara nas florestas da Mata
Atlntica.
Para salvar essa espcie, qualquer pessoa pode dar sua contribuio; basta
no comprar o palmito juara nativo. O palmito pupunha tem sido uma opo.
Oriunda da Amaznia, a espcie Bactris gasipaes tem frutos de sabor agradvel e
de alto valor nutritivo. Desenvolve-se bem na regio, mesmo em solos de baixa
fertilidade. uma palmeira multicaule, como o aa de touceira, e vem sendo
plantada em reas degradadas. uma boa opo para manter o palmito na dieta, j
que, cortando apenas parte dos estipes, a rvore rebrota. O consumo responsvel
a melhor maneira de salvar a palmeira juara da extino.
Palmeira juara
(Euterpe edulis),
espcie em extino
na Mata Atlntica
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
106
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
107
Raleamento
Eliminao de cips
e rvores de pouco
valor econmico ou
das rvores que esto
impedindo a entrada de
raios solares.
Desbaste
O mesmo que corte.
uma prtica usada na
roagem do aaizal de
touceira que elimina
o excesso de estipes;
evita que fiquem muito
altos e finos, e aumenta
a produtividade,
abrindo caminhos para
facilitar a colheita.
Depois de
roada a rea
do aaizal,
o material
cortado deve
ser picado e
deixado no
solo como
adubo.
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
108
Retirada do palmito
de aa manejado, em
Abaetetuba (PA)
O aa, que
sempre fez
parte da dieta
das populaes
ribeirinhas da
Amaznia, de
uns tempos
para c, caiu
no agrado
dos outros
brasileiros e
at do mercado
internacional.
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
109
festa do aa
Em algumas cidades do interior da Amaznia,
como Abaetetuba, Camet e Moes, so
realizados, aos domingos, festivais do aa.
Alm de danas folclricas, h diversas
competies: maior variedade de comidas
feitas com aa; maior e menor cacho; maior
cuia de aa; e quem toma mais vinho.
Durante a festa, todo mundo anda pelas ruas
com os lbios manchados de aa, de tanto
consumir as receitas preparadas.
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
110
O manejo
mltiplo da
floresta associa
a viabilidade
econmica
manuteno da
biodiversidade.
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
111
O pescado compe
a variada cesta
do manejo de uso
mltiplo da floresta
UNIDADE 2 | Florestabilidade
Boas prticas do manejo florestal
112
Os rios so as principais
vias de transporte e fonte de
protena na Amaznia
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 2
Boas prticas do manejo florestal
113
Unidade
Servios ambientais
que a floresta prov
UNIDADE 3 | Florestabilidade
Servios ambientais que a floresta prov
116
Exibio do
programa
de TV
Programa 14
As florestas e o clima
Programa 15
Programa
de rdio
Plano de aula 14
As florestas e o clima
Plano
de aula
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 3
Servios ambientais que a floresta prov
117
A floresta bem
conservada garante
servios ambientais
vitais para todos ns
UNIDADE 3 | Florestabilidade
Servios ambientais que a floresta prov
118
A natureza
trabalha em
silncio e a
maioria das
pessoas nem
se d conta
dos servios
ambientais
que ela presta.
Conservao da biodiversidade
J vimos que a biodiversidade a diversidade da vida existente na natureza; a
variedade de vida no planeta Terra. Inclui a variedade gentica das populaes e das
espcies, e a variedade de espcies da flora, da fauna, de fungos macroscpicos e
de micro-organismos. A biodiversidade refere-se, tambm, variedade de funes
ecolgicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas e variedade de
comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos organismos.
O tema biodiversidade to importante que, em 1992, durante a chamada
ECO92, foi criada a Conveno Internacional sobre Diversidade Biolgica (CDB).
Ela foi assinada por representantes de 180 pases, dentre eles o Brasil. Esses
pases se comprometeram a realizar aes para conservar a diversidade biolgica,
assegurar o uso sustentvel dos recursos biolgicos e promover a distribuio
justa e equitativa dos benefcios provenientes da utilizao de recursos genticos.
Anfbio
Diz-se de animal
ou vegetal que
pode viver tanto em
terra como na gua.
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 3
Servios ambientais que a floresta prov
119
Quanto mais
conhecermos
a floresta,
melhor
poderemos
identificar seus
servios e sua
importncia.
UNIDADE 3 | Florestabilidade
Servios ambientais que a floresta prov
120
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 3
Servios ambientais que a floresta prov
121
Evapotranspirao
Precipitao
Interceptao
vegetal
Infiltrao
Solo
Rocha
Escoamento
subsuperficial
Lenol fretico
Oceano
Figura 1:
Evapotranspirao
UNIDADE 3 | Florestabilidade
Servios ambientais que a floresta prov
122
Ciclagem de nutrientes
At os anos 1970, acreditava-se que o solo da Floresta Amaznica era frtil, rico
em nutrientes que mantinham a floresta imensa, com rvores gigantescas. Dessa
crena, surgiu a ideia de que a Amaznia seria o novo celeiro do mundo, que daria
lugar a grandes plantaes de arroz, milho, trigo, soja e outros produtos agrcolas.
Biomassa
Conjunto dos
organismos vivos
presentes num
ecossistema.
Deposio
atmosfrica
Fixao de
nitrognio
Queda de matria
orgnica
Retranslocao
Matria orgnica
e solo mineral
Figura 2:
Ciclagem de nutrientes
na Floresta Amaznica
Absoro e
assimilao
de nutrientes
Decomposio
e minerao
Intemperismo
mineral
Nutrientes na
soluo do solo
Lixiviao
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 3
Servios ambientais que a floresta prov
123
Solo protegido
pelo dossel da floresta
UNIDADE 3 | Florestabilidade
Servios ambientais que a floresta prov
124
Absoro de
dixido de
carbono
Energia
solar
Figura 3:
Processo da
fotossntese
Absoro de gua
e sais minerais
Liberao
de oxignio
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 3
Servios ambientais que a floresta prov
125
Ciclo do carbono
O carbono est presente, h milhares de anos, em diversas atividades ecolgicas
da Terra. A grande maioria dos compostos qumicos existentes na atmosfera tem
carbono em sua composio.
Desde o incio da formao do planeta Terra, o carbono est na gua, na terra,
nos seres vivos e no ar. Nos ltimos anos, o carbono tem provocado profundas
mudanas em todo o mundo.
O carbono encontrado na atmosfera na forma de gs, originado, em quase sua
totalidade, do processo de respirao dos seres vivos, pelo qual se completa o que
se chama de ciclo do carbono.
CO2
Atmosfrico
Queima e desmatamento
Fotossntese e
respirao
nos oceanos
Respirao
das plantas
Fotossntese
Armazenamento
nas plantas
Queima de
combustveis
fsseis para
gerao
de energia
Respirao
humana e animal
carvo
gs
Lenta decomposio
de plantas e animais
leo
Carbono fssil
Figura 4:
Ciclo do carbono
UNIDADE 3 | Florestabilidade
Servios ambientais que a floresta prov
126
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 3
Servios ambientais que a floresta prov
127
Conferncia das
Naes Unidas sobre
o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, Eco-92
Protocolo de Kyoto
Em 1997, no Japo, foi assinado o Protocolo de Kyoto, um novo componente da
Conveno do Clima das Naes Unidas, que contm, pela primeira vez, um
acordo vinculante que compromete os pases mais industrializados a reduzir
suas emisses de CO2 em 5,2% em relao aos nveis de 1990, no perodo de
2008 a 2012.
Plataforma de Durban
Diante do trmino do Protocolo de Kyoto e dos resultados pouco animadores
em relao reduo de gases do efeito estufa que seguem aumentando ,
a Conferncia das Partes (COP17), da Conveno do Clima, que ocorreu em
Durban, na frica do Sul, no final de 2011, definiu a Plataforma de Durban.
um roteiro para um acordo global de reduo de gases do efeito estufa
que estabelece um calendrio para se criar, at 2015, um instrumento legal
vinculante. A conquista do novo acordo que todos os pases-membros da
Conveno do Clima (as chamadas Partes) tero metas obrigatrias a cumprir
a partir de 2021 inclusive o Brasil que, pela primeira vez na histria das
conferncias, aceitou ter metas obrigatrias de reduo de suas emisses. Na
COP17, tambm foi aprovada a renovao do Protocolo de Kyoto por mais cinco
anos, como uma tentativa de amenizar a falta de um compromisso concreto
das naes entre 2012 e 2021. Essa foi uma soluo paliativa, uma vez que
importantes pases no aderiram a essa ampliao, como Estados Unidos,
Rssia, Japo e Canad.
Tudo indica que haver um longo perodo para que os pases comecem a ter
metas obrigatrias e significativas de reduo nas suas emisses. Os cientistas
alertam que, com essa demora, talvez no haja tempo para evitar que o aumento
da temperatura mdia do planeta no ultrapasse os 2oC nos prximos anos.
Segundo eles, esse aumento na temperatura mdia global poder acarretar
impactos irreversveis, como a extino de muitas espcies e ecossistemas; secas,
enchentes e furaces; e a possibilidade de desaparecimento de pases inteiros, em
funo da elevao do nvel dos oceanos.
128
Os servios
ambientais
gerados pelos
ecossistemas
so vitais para
a vida na Terra.
A ausncia
desses servios
pode colocar em
risco de extino
a fauna e a flora,
e ameaar a
sobrevivncia do
ser humano.
UNIDADE 3 | Florestabilidade
Servios ambientais que a floresta prov
certo que os cidados devem cobrar dos dirigentes de suas naes medidas
para manter a estabilidade climtica da Terra e apoiar a adoo de novas polticas,
tratados, leis que faam jus a uma sociedade planetria mais justa e responsvel
em relao ao seu papel dentro de um sistema vivo nico, pelo que sabemos at
o momento, no universo atingvel. Mas, enquanto essas macrodecises tomam
forma, h muito o que fazer em escala individual e comunitria no sentido de definir
um espao seguro para as aes humanas, respeitando os limites do planeta.
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 3
Servios ambientais que a floresta prov
129
Ecoturismo
em Jamaraqu
Conceio Fonseca Pantoja, conhecida como dona
Conceio, e seu marido, Pedro Garcia Pantoja, o Pedrinho,
esto frente de um projeto de ecoturismo financiado pelo
Ibama, por meio do Projeto de Apoio ao Manejo Florestal
Sustentvel na Amaznia (ProManejo), que formou os
chamados condutores mateiros. Eles vivem na comunidade
de Jamaraqu, situada no municpio de Belterra, a 80 km
de Santarm, no Par. Jamaraqu uma das 24 localidades
que fazem parte da Unidade de Conservao de Uso
Sustentvel, a Floresta Nacional do Tapajs.
Tudo comeou em 2001, quando dona Conceio e Pedrinho
transformaram sua casa em uma pequena pousada para
receber turistas brasileiros e estrangeiros. At hoje, ele
gerencia a pousada, que tem trs quartos, alm de um
espao com redes e sala de jantar. Dona Conceio organiza
o cardpio da pousada, composto de produtos tpicos da
culinria regional e servido de forma caseira.
Alm das atividades de hospedagem, eles organizam
passeios com os condutores, que guiam os turistas pela
floresta, de barco e por trilhas, em trajetos que podem durar
at quatro horas. Durante os passeios de barco, os turistas
podem nadar e mergulhar no igap, alm de apreciar a flora
e fauna da regio. De volta pousada, os visitantes podem
comprar artesanato local no ponto de venda ali instalado
ou na vendinha do Centro Comunitrio, e podem provar a
comida preparada por outras mulheres da comunidade.
UNIDADE 3 | Florestabilidade
Servios ambientais que a floresta prov
130
Preparo de
prato indgena
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 3
Servios ambientais que a floresta prov
131
Lenda do guaran
Triste por no ter filhos apesar de viver junto h muitos anos,
um casal de ndios Maus decidiu pedir ajuda a Tup, o rei
dos deuses. Julgando o casal merecedor, Tup atendeu ao
pedido, dando a eles um lindo menino.
De to bonito e querido por todos medida que foi
crescendo, o menino foi alvo da inveja de Jurupari, o deus da
escurido e do mal, que decidiu mat-lo, aproveitando uma
ocasio em que o garoto foi floresta colher frutos. Jurupari
transformou-se em uma cobra venenosa, que atacou e matou
o menino na hora.
Quando a notcia se espalhou, deixando todos tristes,
fortes troves ecoaram e relmpagos caram sobre a aldeia,
interpretados pela me desesperada como sendo uma
mensagem de Tup, dizendo a ela que os olhos da criana
deveriam ser plantados e deles brotaria uma nova planta, de
saborosos frutos.
Assim nasceram as sementes negras rodeadas por uma
pelcula branca, parecidas com o olho humano, e o fruto
foi batizado de guaran. Na linguagem indgena, guar
significa ser vivo e na, semelhante.
UNIDADE 3 | Florestabilidade
Servios ambientais que a floresta prov
132
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 3
Servios ambientais que a floresta prov
133
Unidade
Profissionais da floresta
UNIDADE 4 | Florestabilidade
Profissionais da floresta
136
Programa 15
Exibio do
programa
de TV
Profissionais da floresta
Plano de aula 15
Plano
de aula
Profissionais da floresta
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 4
Profissionais da floresta
137
Dionei Vieira e
Jocinei Farias fazem
inventrio florestal
na Flona Tapajs (PA)
UNIDADE 4 | Florestabilidade
Profissionais da floresta
138
Evandro de Aquino,
superintendente da
Cooperfloresta, em
Rio Branco (AC)
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 4
Profissionais da floresta
139
Nmero de empregos
3.372
65.454
6.443
52.376
9.250
2.873
139.768
UNIDADE 4 | Florestabilidade
Profissionais da floresta
140
Estudos no Brasil revelam que o Pas carece de trabalhadores
que possam implementar de forma efetiva, por exemplo, o
manejo madeireiro florestal na Amaznia. A estimativa de que
esse dficit, em 2012, seja em torno de 10 mil profissionais,
podendo chegar a 30 mil nos prximos 20 anos. Essa escassez
de profissionais capacitados um desafio expanso do manejo
florestal, feito de forma responsvel.
Se por um lado a escassez pode ser desanimadora, por outro representa novas
oportunidades de trabalho, principalmente para os jovens da Amaznia. curioso
ver que de 1,2 milho de empregos florestais na Amrica Latina e Caribe, apenas
12% estejam no Brasil, quando aqui que se tem a maior extenso florestal. Como
explicar esse paradoxo?
H que se lembrar que esse o nmero de empregos formais no setor florestal.
Portanto, essas estatsticas no contabilizam os trabalhadores contratados
informalmente, quando no mediante o uso das fraudes e da violncia que
caracterizam o trabalho ligado extrao ilegal de madeira, estimada em 80% da
produo madeireira de algumas regies do Brasil.
O relatrio afirma, ainda, que mais do que em qualquer outro setor, a gerao
de um maior nmero de empregos verdes no manejo florestal ter que ser,
necessariamente, acompanhada da promoo do trabalho decente em todas as
suas dimenses.
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 4
Profissionais da floresta
141
142
UNIDADE 4 | Florestabilidade
Profissionais da floresta
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 4
Profissionais da floresta
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UNIDADE 4 | Florestabilidade
Profissionais da floresta
FLORESTABILIDADE | UNIDADE 4
Profissionais da floresta
145
Vnia Azevedo
pesquisa a gentica da
floresta na Embrapa
referncias | Florestabilidade
146
Referncias
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em:
http://201.2.114.147/bds/BDS.nsf/74EB7FDCCC3ABB0C03256EC400526BB6/$File/
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invisibilidade.
Disponvel
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http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S000967252009000300012&script=sci_arttext. Acesso: 05.05.2012.
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LOPES, J. H. Palco de novo crime, Par lidera ranking e soma 800 assassinatos no campo. In: notcias
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MACHADO, F. S. Manejo de produtos florestais no madeireiros: um manual com sugestes para o
manejo participativo em comunidades da Amaznia. Rio Branco, Acre: PESCARE e CIFOR, 2008.
FLORESTABILIDADE | referncias
147
Ficha Tcnica
Fundao Roberto Marinho
Coordenao do Projeto
Lysandre Ribeiro
Roberto Palmieri
Instituto de Manejo e Certificao Florestal e Agrcola
Coordenao Pedaggica
Tereza Farias
Maria Antonita Alves de Alencar
Edileuza Silva
Helena Jacobina
Fundo Vale
Mary Allegretti
Antroploga e Especialista em Polticas Pblicas
Assessoria Tcnica
Philippe Waldhoff
Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do
Amazonas
Consultoria Especializada
Adalberto Verissimo
Denys Pereira
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amaznia
Marco Lentini
Iran Pires
Paulo Bittencourt
Ana Luiza Violato Espada
Instituto Floresta Tropical
F658
Florestabilidade : educao para o manejo florestal :
livro de contedo. - Rio de Janeiro : Fundao
Roberto Marinho, 2012.
148 p : il. (algumas col.), 20.5 X 27.5 cm.
ISBN 978-85-7484-550-0
1. Florestas Administrao Brasil. 2. Florestas Conservao - Brasil. 3. Desenvolvimento sustentvel Brasil. I. Fundao Roberto Marinho.
CDD- 634.928
Projeto Grfico
Inventum Design
Estdio Touch
Diagramao
Um Triz Comunicao Visual
Ilustraes
Renato Carvalho Abreu
Fotografias
As fotografias desta publicao so de Haroldo Castro, com
exceo das seguintes pginas: 20, 30 (foto 2), 32, 42, 43,
44, 48, 50, 55, 57, 59, 63, 65, 72 (foto 3), 92, 117, 134, 135,
136, 140 Adriano Gambarini | 12 (foto 3), 13 (foto 1 e 3)
Frans Lanting | 13 (foto 2), 73, 100, 104, 105, 111, 131
iStockphoto | 17, 23 (foto 2) StockBrasil | 22 (foto 1)
Luiz Prado/Argosfoto | 22 (foto 2) Edithe Pereira/Museu
Goeldi | 22 (foto 3), 23 (foto 4), 24, 25 Biblioteca Nacional
| 23 (foto 1) IBGE | 26, 37, 119, 120, 130 Getty Images | 28
Agncia O Globo | 41 Prefeitura Municipal de Paragominas
| 54 Wikimedia Commons | 78 Fotosearch | 89 Srgio Vale/
Secom-Acre | 95 ILC Mveis