Livro PragasPriorizadas 1ed 2018 Ainfo Ver Final 1
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de pragas quarentenárias
ausentes no Brasil
Priorização
de pragas quarentenárias
ausentes no Brasil
Embrapa
Brasília, DF
2018
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:
Tratamento de imagens
Unidades responsáveis pelo conteúdo Giovane Alcântara
Embrapa Roraima
Fotos da capa
Comitê de Publicações da Unidade Michel Dollet
Presidente
1ª edição
Aloisio Alcantra Vilarinho
on-line (2018)
Secretário-executivo
Newton de Lucena Costa
Membros
Antônio Carlos Centeno Cordeiro,
Hyanameyka Evangelista de Lima Primo,
Jane Maria Franco e Oliveira, Karine Dias Batista,
Maria Fernanda Berlingieri Durigan, Patricia da Costa,
Roberto Dantas de Medeiros
CDD. 634.96
Jeana Garcia Beltrão Macieira (CRB 11/589) © Embrapa, 2018
Autores
Abi Soares dos Anjos Marques
Engenheira-agrônoma, doutora em fitopatologia, pesquisadora da Embrapa
Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília, DF
Adalécio Kovaleski
Engenheiro-agrônomo, doutor em entomologia, pesquisador Embrapa Uva
e Vinho, Bento Gonçalves, RS
Aline Nondillo
Bióloga, doutora em Ciências Biológicas, Professora EBTT Instituto Federal
do Rio Grande do Sul, Campus Vacaria, Vacaria, RS
Andrea Lucchi
Doutor em entomologia, Professor Assistente da Universitá di Pisa, Pisa, Itália
Denise Navia
Bióloga, doutora em entomologia, pesquisadora da Embrapa Recursos Gené-
ticos e Biotecnologia, Brasília, DF
Fernando Haddad
Engenheiro-agrônomo, doutor em fitopatologia, pesquisador da Embrapa
Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA
Marcos Botton
Engenheiro-agrônomo, doutor em entomologia, pesquisador Embrapa Uva
e Vinho, Bento Gonçalves, RS
Michel Dollet
Biólogo, doutor em fitopatologia, pesquisador do Cirad, Montpellier, França
Paulo Parizzi
Engenheiro-agrônomo, mestre em fitopatologia, Auditor fiscal federal agro-
pecuário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Brasília, DF
Ricardo Adaime
Engenheiro-agrônomo, doutor em agronomia (entomologia), pesquisador
da Embrapa Amapá, Macapá, AP
Vilmar Gonzaga
Engenheiro-agrônomo, doutor em fitopatologia, pesquisador da Embrapa
Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília, DF
Viviane Talamini
Engenheira-agrônoma, doutora em fitopatologia, pesquisadora da Embrapa
Tabuleiros Costeiros, Aracaju, SE
Introdução 17
Parte 1 – Pragas Quarentenárias 17
Capítulo 1 23
Panorama da priorização de pragas no mundo
Capítulo 2 31
Inclusão de pragas na lista oficial de
Pragas Quarentenárias
Capítulo 4 51
Processo de priorização de pragas quarentenárias
ausentes: hierarquia, critérios e lista final
Capítulo 5 57
Análise de resultado para Entrada
Capítulo 6 75
Análise de resultado para Estabelecimento e Dispersão
Capítulo 7 97
Análise de resultado para Impactos Estimados
Capítulo 8 115
Análise de resultado para Prioridade Global
Parte 3 – Insetos e Ácaros 121
Capítulo 9 123
Anastrepha suspensa (Loew) (Diptera: Tephritidae)
Capítulo 10 137
Bactrocera dorsalis (Handel 1912) (Diptera: Tephritidae)
Capítulo 11 157
Brevipalpus chilensis Baker (Acari: Tenuipalpidae)
Capítulo 12 183
Cydia pomonella (Lepidoptera: Tortricidae)
Capítulo 13 197
Lobesia botrana Denis e Schiffermüller (Lepidoptera:
Tortricidae)
Capítulo 14 213
Toxotrypana curvicauda Gerstaecker (Diptera: Tephritidae)
Capítulo 16 243
Fusarium oxysporum f. sp. cubense, Raça 4 Tropical
(Hypocreales: Nectriaceae)
Capítulo 17 259
Moniliophthora roreri (Cif & Par.) (Agaricales: Marasmiaceae)
Capítulo 19 293
Globodera rostochiensis (Woll.) (Tylenchida: Heteroderidae)
Parte 6 – Procariotos 37 313
Capítulo 20 315
Fitoplasmas associados às Síndromes do Tipo
Amarelecimento Letal das Palmeiras
Capítulo 21 353
Pantoea stewartii subsp. stewartii (Enterobacteriales:
Enterobacteriaceae)
Capítulo 22 367
Xanthomonas oryzae pv. oryzae (Xanthomonadales:
Xanthomonadaceae)
Capítulo 23 389
Xylella fastidiosa subsp. fastidiosa (Xanthomonadales:
Xanthomonadaceae)
Capítulo 25 431
Plum pox virus (PPV) (Potyviridae: Potyvirus)
Capítulo 26 447
Tomato ringspot virus (ToRSV) (Picornavirales:
Secoviridae)
Capítulo 28 475
Striga spp. (Lamiales: Orobanchaceae)
Introdução
Referências
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invasions. Island Press, 2002. 330p.
CBD. Convention on Biological Diversity. COP Decision VI/23: Alien species that
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int/decision/cop/?id=7197>. Acesso em: 24 out. 2018.
MATTHEWS, S.(Ed.). Africa Ivaded: The growing danger of invasive alien species.
Cape Town, RSA: GISP-Global Invasive Species Programme, 2004. 79 p. Disponível
em: http://www.issg.org/pdf/publications/GISP/Resources/AfricaInvaded.pdf.
Acesso em: 24 out. 2018.
HULME, P. E. Biological invasions: winning the science battle but losing the
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Introdução 21
MACK, R. N.; SIMBERLOFF, D.; LONSDALE, W. M.; EVANS, H.; CLOUT, M.; BAZZAZ,
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O’CONNELL, C.; WONG, E.; RUSSEL, L.; ZERN, J.; AQUINO, T.; TSOMONDO, T.
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Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil 23
Parte 1
Pragas Quarentenárias
Capítulo 1
Panorama da priorização de pragas no mundo
Capítulo 2
Inclusão de pragas na lista oficial de Pragas Quarentenárias
Capítulo 1 – Panorama da priorização de pragas no mundo
Capítulo 1
Panorama da priorização
de pragas no mundo
Tiago Rodrigo Lohmann
Introdução
O texto da Convenção Internacional para a Prote-
ção dos Vegetais (CIPV) de 1997 estabeleceu que as par-
tes contratantes deverão constituir e atualizar listas de
pragas regulamentadas, com seus nomes científicos e
colocá-las periodicamente à disposição do Secretário da
CIPV e das organizações regionais de proteção fitossani-
tária a que pertençam e a outras partes contratantes, em
caso de solicitação. A partir disto, todos os países mem-
bros da Convenção começaram a publicar as listas das
pragas quarentenárias de seu interesse. As pragas lista-
das estão sujeitas à adoção de medidas para evitar sua
introdução em novas áreas. Dentre estas medidas está
a regulamentação da importação de produtos vegetais
ou outros artigos regulamentados associados às pragas
como a exigência de tratamento dos envios, adoção de
sistemas de mitigação do risco, produção em áreas livres
das pragas, etc.
26 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Referências
BRANQUART, E.; BRUNDU, G.; BUHOLZER, S.; CHAPMAN, D.; EHRET, P.; FRIED, P.;
STARFINGER, U.; VAN VALKENBURG, J.; TANNER, R. A prioritization process for
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1143/2014. EPPO Bulletin, v. 46, n. 3, p. 603–617, 2016.
EPPO. PM 5/6(1) EPPO prioritization process for invasive alien plants, Guidelines on
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COPP, G. H.; DEAN, H. J.; EILENBERG, J.; ESSL, F.; GALLARDO, B.; GARCIA, M.;
GARCÍA-BERTHOU, E.; GENOVESI, P.; HULME, P. E.; KENIS, M.; KERCKHOF, F.;
KETTUNEN, M.; MINCHIN, D.; NENTWIG, W.; NIETO, A.; PERGL, J.; PESCOTT,
O.; PEYTON, J.; PREDA, C.; RABITSCH, W.; ROQUES, A.; RORKE, S.; SCALERA,
R.; SCHINDLER, S.; SCHÖNROGGE, K.; SEWELL, J.; SOLARZ, W.; STEWART, A.;
TRICARICO, E.; VANDERHOEVEN, S.; VAN DER VELDE, G.; VILÀ, M.; WOOD, C. A.;
ZENETOS, . A. Invasive Alien Species: Prioritising prevention efforts through
horizon scanning: ENV.B.2/ETU/2014/0016. European Union: European Commissio,
2015. Disponível em: <http://ec.europa.eu/environment/nature/invasivealien/docs/
Prioritising%20prevention%20efforts%20through%20horizon%20scanning.pdf>.
Acesso em: 29 jan. 2018.
TANNER, R.; BRANQUART, E.; BRUNDU, G.; BUHOLZER, S.; CHAPMAN, D.; EHRET,
P.; FRIED, G.; STARFINGER, U.; VALKENBURG, J. V. The prioritisation of a short
list of alien plants for risk analysis within the framework of the Regulation (EU)
No. 1143/2014. NeoBiota, v. 35, p. 87–118, 2017. Disponível em: <https://doi.
org/10.3897/neobiota.35.12366>. Acesso em: 29 jan. 2018.
Capítulo 2 – Inclusão de pragas na lista oficial de Pragas Quarentenárias
Capítulo 2
Inclusão de pragas na lista oficial de
Pragas Quarentenárias
Introdução
Conforme já mencionado no capítulo anterior, o
estabelecimento e a publicação de uma lista com as pra-
gas quarentenárias é uma das obrigações dos países
membros da Convenção Internacional para a Proteção
dos Vegetais (CIPV), sob responsabilidade da Organiza-
ção Nacional de Proteção Fitossanitária (ONPF), que no
caso do Brasil é o Departamento de Sanidade Vegetal, da
Secretaria de Defesa Agropecuária/Ministério da Agricul-
tura, Pecuária e Abastecimento (DSV/SDA/MAPA).
Assim, é visto que, para um organismo ser considerado como praga qua-
rentenária se faz necessária uma avaliação detalhada sobre o risco potencial
que a praga apresenta para a área/país em questão. A avalição deste risco
envolve a análise da probabilidade de que o evento introdução ocorra junta-
mente com as potencias consequências econômicas de tal evento. A estrutu-
ra da ARP é muito semelhante aos critérios que foram adotados no presente
trabalho de priorização. Envolve a probabilidade de introdução (entrada +
estabelecimento), a probabilidade de disseminação após o estabelecimento
e a avaliação das consequências econômicas potenciais.
com a via de ingresso (produto a ser importado) são avaliadas mais detalha-
damente em relação às probabilidades de introdução e estabelecimento e ao
potencial de impacto econômico. Para as pragas que, pelo modelo do Guia
de ARP do COSAVE, atingem risco potencial médio ou alto são consideradas
as medidas fitossanitárias de manejo que reduzem o risco de introdução pela
via considerada. Na sequência são publicados os requisitos fitossanitários de
importação por meio de instruções normativas do MAPA ou da SDA.
Por fim, é importante ressaltar que a lista oficial de PQAs é, por sua
natureza, dinâmica. Pragas são excluídas em decorrência da alteração de seu
status, uma vez que elas sejam reconhecidas como presentes no país pelo
DSV, bem como novas pragas são acrescentadas de acordo com os resulta-
dos dos processos de ARP para a importação de produtos vegetais ou quan-
do há um interesse específico em regulamentar determinada espécie devido
a sua importância como praga e ao seu potencial de ocasionar prejuízos
econômicos inaceitáveis.
2
Esta IN foi posteriormente revogada pela IN MAPA nº 45/2018. Contudo, Foc R4T ficou incorporado à
lista de PQA estabelecida pela IN SDA/MAPA nº 39/2018.
Parte 2
Processo de Priorização
Capítulo 3
Analytic Hierarchy Process (AHP) como método
para priorização de pragas quarentenárias ausentes
Capítulo 4
Processo de priorização de pragas quarentenárias
ausentes: hierarquia, critérios e lista final
Capítulo 5
Análise de resultado para Entrada
Capítulo 6
Análise de resultado para Estabelecimento
e Dispersão
Capítulo 7
Análise de resultado para Impactos Estimados
Capítulo 8
Análise de resultado para Prioridade Global
Capítulo 3 – Analytic Hierarchy Process (AHP) como método para priorização... 37
Capítulo 3
Analytic Hierarchy Process (AHP)
como método para priorização de
pragas quarentenárias ausentes
Introdução
São inúmeras as ameaças fitossanitárias que podem
afetar o Brasil. Mais de 500 espécies ou gêneros são ofi-
cialmente regulamentados como pragas quarentená-
rias ausentes (PQAs). Como os riscos são diferentes para
cada praga conforme suas características biológicas (e.g.
sobrevivência, capacidade de dispersão, reprodução), as
ações de defesa fitossanitária devem ser planejadas caso
a caso. O assunto é complexo e tem uma dimensão con-
tinental. Com recursos limitados, há que se modular os
esforços na busca das melhores soluções. Uma das solu-
ções é alocar os recursos em temas prioritários. Nesse
contexto a priorização das PQAs se torna ferramenta
importante pois controla a subjetividade das decisões
tomadas.
diversos países como nos EUA, Nova Zelândia, Austrália e União Europeia
(Schwartzburg et al., 2007; Schwartzburg, 2008; Worner et al., 2013). Tem-
se buscado não apenas a confecção de listas, mas também a aplicação e
desenvolvimento de novos métodos. As metodologias variam conforme o
propósito ou até mesmo de acordo com o grupo de pragas alvo dos estudos.
Assim, matriz GUT pode ser útil para decisões pouco complexas e para
pequenos grupos de indivíduos. Entretanto, para decisões que demandam
maior reflexão, onde há vários fatores envolvidos, onde se procura tomar a
decisão baseada majoritariamente em dados, e onde se procura engajamento
de um grande número de pessoas na execução da decisão tomada, matrizes
fixas como a GUT não são aconselháveis como suporte à tomada de decisão.
Sempre que se opta por corrigir as limitações das matrizes fixas, as soluções
são muito parecidas com os métodos multicritérios mais complexos como
a AHP.
Capítulo 3 – Analytic Hierarchy Process (AHP) como método para priorização... 39
Características da AHP
A AHP é um método que envolve (A) identificação de componentes de
um problema complexo e ainda não estruturado, (B) organização desses
componentes (variáveis, critérios, alternativas, etc) de maneira lógica numa
estrutura hierárquica, (C) atribuição de valores numéricos a avaliações subje-
tivas da importância ou relevância de cada fator por meio de comparação de
pares, (D) cálculo das prioridades de cada componente (Figura 1).
Princípios da AHP
A definição mais simples de AHP a apontaria como um método de reso-
lução de um problema complexo por meio da comparação em pares de ele-
mentos de uma hierarquia. Assim, os princípios básicos do método são a
estruturação do problema em uma hierarquia de fatores e a comparação
dois a dois (pairwise comparison) desses fatores.
Construção da hierarquia
Figura 2. Hierarquia simples para resolução do problema ‘Fruta preferida’. A alternativa ‘Carro’
deve ser removida da hierarquia pois não apresenta conexão com o nível hierárquico anterior,
nem pode ser comparada diretamente com as outras alternativas.
Capítulo 3 – Analytic Hierarchy Process (AHP) como método para priorização... 43
Figura 3. Hierarquia genérica de três níveis, indicando a flexibilidade do conceito para apli-
cação em diversos problemas de priorização. O nível 0 é sempre o foco do processo ou pro-
blema a ser resolvido.
44 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Figura 4. Escala fundamental indicada por Saaty para comparações par a par.
*A depender do tipo de hierarquia, a importância pode ser melhor percebida como relevância ou preferência.
Figura 5. Comparações par a par no problema ‘Fruta Favorita’. As bolas pretas indicam qual a
fruta preferida em cada par e a intensidade da preferência.
Capítulo 3 – Analytic Hierarchy Process (AHP) como método para priorização... 45
Referências
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, DESENVOLVIMENTO E GESTÃO. Método de
priorização de processos: Gestão de Integridade, Riscos e Controles Internos da
Gestão. Brasília, DF: MP, 2017. 17 p.
SAATY, T. L. Decision Making for Leaders: The Analytic Hierarchy Process for
Decisions in a Complex World. 3 rd. RWS Publications, 2013a. 366 p.
SCHWARTZBURG, K.; BAILEY, W.; BRAMMER, C.; LEMAY, A.; DUFFIÉ, L.;
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WORNER, S. P.; GEVREY, M.; ESCHEN, R.; KENIS, M. Prioritizing the risk of plant
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Capítulo 4 – Processo de priorização de pragas quarentenárias ausentes: ...
Capítulo 4
Processo de priorização de pragas
quarentenárias ausentes: hierarquia,
critérios e lista final
Introdução
Seis etapas foram necessárias para o processo de
priorização de pragas quarentenárias ausentes: indi-
cação do grupo de especialistas, elaboração e acordo
quanto aos critérios relevantes, estabelecimento da hie-
rarquia de critérios, comparação de critérios, montagem
da lista de PQAs a serem priorizadas, aplicação de notas
por critério para cada praga. Essas etapas, descritas a
seguir, são pressupostos para a boa aplicação do méto-
do AHP (ver Capítulo 3):
Nome Lotação/Formação
Figura 1. Exemplo de critério, com sua definição e escalas, utilizado na priorização de pragas
quarentenárias ausentes regulamentadas.
52 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Figura 2. Problema a ser resolvido com a AHP e os fatores de primeiro nível usados na priori-
zação de pragas quarentenárias ausentes regulamentadas.
Figura 3. Fatores de segundo nível para “Entrada” acordados entre os especialistas para prio-
rização de pragas quarentenárias ausentes regulamentadas.
Capítulo 4 – Processo de priorização de pragas quarentenárias ausentes: ... 53
Figura 5. Fatores de segundo nível para “Impactos Estimados” acordados entre os especialis-
tas para priorização de pragas quarentenárias ausentes regulamentadas.
Comparação de critérios
Figura 6. Hierarquia usada na AHP, com fatores de primeiro e segundo nível utilizados na
priorização global dos riscos de pragas.
Optou-se pela avaliação por critério e não por praga quando da aná-
lise detalhada de cada uma das PQAs. Esse procedimento permite que
sejam selecionados especialistas em cada aspecto biológico ou econômico
que possa afetar a priorização. Evita ainda que o maior ou menor conhe-
cimento sobre uma dada praga possa influenciar a aplicação das notas.
Foram escolhidos pontos-focais para cada um dos critérios, tendo-se em
conta a especialidade de cada participante do grupo. Os pontos-focais
convidaram outros colegas do grupo e analisaram em conjunto cada uma
das PQAs. Essa análise levou estritamente em consideração as descrições
e escala de cada critério. Foi criada uma planilha com as notas aplicadas,
associadas com a matriz de prioridades dos critérios. Os resultados numé-
ricos foram usados para gerar as listas de prioridade Global (ver Capítulo
8) ou referentes às probabilidades de Entrada (ver Capítulo 5), Estabele-
cimento e Dispersão (ver Capítulo 6) e Impacto Potencial (ver Capítulo 7).
Referências
GOEPEL, K. D. BPMSG AHP Online System. 2016. Disponível em: <http://bpmsg.
com/ahp-online-system>. Acesso em: 10 set. 2018.
Introdução
Em análises de risco de pragas (ARPs) normalmente a
“Entrada” (probabilidade de entrada) está associada com
o “Estabelecimento” (probabilidade de estabelecimento)
que juntos estimam a probabilidade de introdução de
uma praga em uma nova área onde ainda não ocorre.
Todavia, no presente modelo de priorização, devido aos
critérios adotados, o grupo de especialistas optou por
juntar num mesmo critério estabelecimento com disper-
são e deixar em separado a entrada.
0 – Nulo ou muito baixo A praga não está presente em nenhum país fronteiriço
1000 – Muito alto A praga está presente em cinco ou mais os países fronteiriços
destes países. Por isto, a priorização das pragas foi considerada tanto maior
quanto maior o número de países em que ocorre, independentemente de
fazer fronteira ou não com o Brasil. Os dados de número de países em que
as pragas ocorrem foram obtidos em bases de dados como Cabi (2016), Eppo
(2016) e GBIF (2016), além de buscas na literatura geral.
Tabela 7. Continuação.
Pragas avaliadas Pontuação conforme escala
Tabela 9. Continuação.
Pragas avaliadas Pontuação conforme escala
Considerações finais
A etapa de entrada é fundamental na avaliação de risco de determinada
praga, sendo que se uma praga não apresentasse a possibilidade de entrar
na região em análise, o risco seria zero. O risco é a combinação da probabi-
lidade de um evento negativo ocorrer com a magnitude das consequências
do evento.
Referências
CABI. Invasive Species Compendium. Wallingford, UK: CAB International, 2016.
Disponível em: <www.cabi.org/isc>. Acesso em: 04 out. 2018.
EPPO. Data Sheets on Quarantine Pests. Paris: EPPO Global Database, 2016.
Disponível em: <http://www.eppo.int>. Acesso em: 09 out. 2018.
Introdução
Neste capítulo apresentam-se as considerações
sobre a análise realizada para o critério “Estabelecimento
e Dispersão”. Este critério aborda a potencial favorabilida-
de ao estabelecimento das pragas no território brasileiro
e de se dispersarem para áreas de cultivos hospedeiros
após eventual entrada. Há que se considerar que, mesmo
apresentando risco de introdução e potencial para cau-
sar impactos ambientais (econômicos, sociais e ecológi-
cos) negativos, nem toda praga apresenta condições, no
novo ambiente, de se estabelecer ou se dispersar para
várias regiões. Entre os fatores que contribuem para as
condições de estabelecimento citam-se: a presença de
hospedeiro (s) em áreas próximas ao território nacional, a
adaptabilidade da praga às condições climáticas locais na
presença de alimento disponível e a possibilidade de sua
erradicação por meio de métodos eficazes de controle.
Já para propiciar a dispersão elencam-se: capacidade de
76 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Tabela 1. Continuação.
Peso do subcritério para Peso global
Subcritério
Estabelecimento e Dispersão do subcritério
Percentual de microrregiões
0,1174 0,024
com cultivos dos hospedeiros
Eficiência de métodos de
0,096 0,020
controle (erradicação)
Estimativa de distância de
0,131 0,027
dispersão natural anual
Probabilidade de dispersão
0,1452 0,030
antrópica
Tabela 4. Escala para área total das culturas das hospedeiras das pragas no
Brasil.
Tabela 5. Pontuação para área total das culturas hospedeiras das pragas.
Tabela 6. Continuação.
Escala Potencial de adaptação climática da praga no Brasil
De 11% a 25% do território brasileiro
500 – médio
é apto à adaptação climática da praga
De 26% a 50% do território brasileiro
750 – alto
é apto à adaptação climática da praga
Mais de 50% do território brasileiro
1000 – muito alto
é apto à adaptação da praga
Percentagens do território
Pontuação
Praga brasileiro sujeitos à adaptação
conforme escala
climática da praga
Tabela 7. Continuação.
Percentagens do território
Pontuação
Praga brasileiro sujeitos à adaptação
conforme escala
climática da praga
Boeremia foveata –
Batata – 100% 1000
fungo
Brevipalpus chilensis –
Uva (mesa e vinífera) – 77,9% 1000
ácaro
Milho – 100%; Soja – 25,4%;
Cirsium arvense – Sorgo – 100%; Trigo – 75,8%;
1000
planta daninha Algodão – 21,3%; Girassol – 30,9%;
e Cevada – 36,5%
Cydia pomonella –
Maçã – 100% 1000
inseto
Milho – 100%; Tomate – não avaliado;
Ditylenchus destructor – Batata doce – 21,3%; Soja – 5,4%;
1000
nematoide Batata – 1,3%; Cebola – 87,2%; e
Trigo – 42%
Fitoplasmas associados
às Síndromes do Tipo
Coco – 100% 1000
Amarelecimento Letal
das Palmeiras
Fusarium oxysporum f.sp.
cubense Raça 4 Tropical Banana – 100% 1000
(R4T) – fungo
Globodera rostochiensis – Tomate – 100%; e
1000
nematoide Batata – 100%
Lobesia botrana –
Uva – 100% 1000
inseto
Moniliophthora roreri –
Cacau – 100% 1000
fungo
Pantoea stewartii subsp.
Milho – 100% 1000
stewartii – bactéria
Plum pox virus –
Pêssego – 100% 1000
vírus
Continua...
Capítulo 6 – Análise de resultado para estabelecimento e dispersão 85
Tabela 7. Continuação.
Percentagens do território
Pontuação
Praga brasileiro sujeitos à adaptação
conforme escala
climática da praga
Striga aspera:
Arroz – 29,3%; Milho – 100%;
Sorgo – 29,3%; Trigo – não avaliado;
Striga gesnerioides:
Não avaliado
Toxotrypana curvicauda
Mamão – 100% 1000
– inseto
Xanthomonas oryzae pv.
Arroz – 100% 1000
oryzae – bactéria
Xylella fastidiosa subsp.
Uva – 100% 1000
fastidiosa – bactéria
Tabela 7. Continuação.
Tabela 12. Escala para estimativa da distância de dispersão natural anual das
pragas no Brasil.
Estimativa da distância de
Escala
dispersão natural anual de cada praga no Brasil
Tabela 13. Pontuação para distância de dispersão natural anual das pragas
no Brasil.
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Nativa, Sinop, v. 1, n. 1, p. 34-43, 2013.
Introdução
O critério de impactos estimados é fundamental
para a avaliação do risco de uma praga e para a decisão
sobre eventual necessidade de dispor de medidas para
evitar a introdução de pragas quarentenárias.
como o único da lista com um valor de produção considerado baixo, por não
ter atingido o valor de referência de 0,5 bilhão de reais. Isso se justifica pelo
fato de ter se considerado os dados para a produção das culturas hospedei-
ras de pêssego e ameixa, sendo que as duas somadas não atingiram o valor
de produção anual de 500 milhões de reais.
Os resultados obtidos para cada praga para número de países que regu-
lamentam a praga são apresentados na Tabela 7. Todas as pragas atingiram
na escala a valoração de alto ou muito alto. Em primeiro lugar isso indica que
todas estas pragas são vistas por muitos países como tendo grande impor-
tância e que demandam a adoção de medidas para evitar a sua introdução.
Em segundo lugar, é um bom indicativo do impacto que a introdução destas
pragas no Brasil pode ocasionar em relação às restrições fitossanitárias para
a exportação de produtos hospedeiros.
Capítulo 7 – Análise de resultado para Impactos Estimados 105
Potencial de contaminação
Escala
por agrotóxicos pela praga
controle químico contra a praga e/ou seu vetor, é possível observar que o
vírus African cassava mosaic virus foi o único que recebeu pontuação máxima.
Tal fato se explica porque, no caso deste vírus, os esforços de controle se
concentram no controle químico do seu vetor, que é uma mosca-branca
altamente eficiente na transmissão e de difícil manejo. O mesmo não ocorre
com os outros vírus analisados, cujo controle se concentra em outras medidas
já que o controle químico dos vetores não é eficiente. As outras duas pragas
que tiveram pontuação zero foram o fungo F. oxysporumf. sp. cubense raça 4
tropical (R4T) e a bactéria X. oryzae pv. oryzae que não apresentam métodos
de controle químico eficientes.
Consideração finais
O potencial de impacto econômico é fundamental na análise da impor-
tância de determinada praga. Ela pode ter 100% de probabilidade de entrar,
se estabelecer e se dispersar, mas se ela não representar um problema sig-
nificativo em termos de danos econômicos, não se justifica os esforços e as
restrições comerciais impostas na tentativa de evitar sua introdução. Desta
forma, a caracterização do potencial de impacto econômico é determinante
na avaliação do risco de qualquer praga.
Referência
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Introdução
Para o primeiro grupo hierárquico da priorização,
o grupo de especialistas definiu que o critério Impacto
potencial tem maior peso em relação aos outros dois
critérios, inclusive maior que a soma dos dois (54,7%)
(Figura 1). O resultado está em conformidade com a
maioria dos modelos de Análise de Risco de Pragas, nos
quais o impacto potencial tende a ter maior influência na
determinação do risco potencial de uma praga.
Tabela 1. Continuação.
as
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Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil 121
Parte 3
Insetos e Ácaros
Capítulo 9
Anastrepha suspensa (Loew) (Diptera: Tephritidae)
Capítulo 10
Bactrocera dorsalis (Handel 1912)
(Diptera: Tephritidae)
Capítulo 11
Brevipalpus chilensis Baker (Acari: Tenuipalpidae)
Capítulo 12
Cydia pomonella (Lepidoptera: Tortricidae)
Capítulo 13
Lobesia botrana Denis e Schiffermüller
(Lepidoptera: Tortricidae)
Capítulo 14
Toxotrypana curvicauda Gerstaecker
(Diptera: Tephritidae)
Capítulo 9
Anastrepha suspensa (Loew)
(Diptera: Tephritidae)
Ricardo Adaime, Cristiane Ramos de Jesus, Adilson Lopes Lima,
Identificação da praga
Nome científico:
• Anastrepha suspensa (Loew) (Figura 1).
Posição taxonômica:
• Classe Insecta, Ordem Diptera, Família Tephritidae.
Sinonímias:
• Acrotoxa suspensa (Loew), Anastrepha longima-
cula Greene, Anastrepha unipuncta Sein, Trypeta
suspensa Loew.
Nomes vernaculares:
• mosca-das-frutas-caribenha e mosca-das-fru-
tas-do-Caribe.
124 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Hospedeiros
Até o momento, há registro de cerca de 100 hospedeiros para A.
suspensa, havendo preferência por Myrtaceae, em especial Psidium guajava
(goiaba), Eugenia e Syzygium. Também é praga de Annona sp. e infesta
Terminalia catappa. Eventualmente infesta frutos maduros de Citrus sp.
(Eppo, 2018).
América do Norte
Restrita Foote et al., 1993
Estados Unidos
(presente na Flórida e não Cabi/Eppo, 2002
estabelecida na Califórnia) Eppo, 2018
América Central e Caribe
Norrbom et al., 1999
Bahamas Presente Cabi/Eppo, 2002
Eppo, 2018
Cabi/Eppo, 2002
Ilhas Virgens Britânicas Presente
EPPO, 2018
Loew, 1862
Stone, 1942
Cuba Generalizada
Cabi/Eppo, 2002
Eppo, 2018
126 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Tabela 1. Continuação.
Biologia da praga
Os principais aspectos do ciclo biológico de A. suspensa são apresenta-
dos abaixo, com base em Burk (1983), Godoy et al. (2011) e Plantwise (2017).
Tipo de dispersão
Adaptabilidade: plasticidade
Métodos de controle
Controle químico
Controle cultural
Controle biológico
Utilização de macho-estéril
Uma área livre de praga (ALP) é considerada quando, por evidência cien-
tífica, é demonstrado que uma praga específica não ocorre em determinada
região geográfica. O estabelecimento de uma ALP pela Organização Nacio-
nal de Proteção Fitossanitária (ONPF) de um determinado país importador
permite a exportação de produtos de origem vegetal do país em que a área
está situada, sem que haja necessidade de adoção de medias fitossanitá-
rias adicionais, conforme estabelece as Normas Internacionais para Medidas
Fitossanitárias (NIMF).
Acondicionamento e transporte
O adequado acondicionamento e transporte de frutos hospedeiros oriun-
dos de áreas onde ocorre a mosca-das-frutas-do-Caribe é fundamental para
132 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Vias de ingresso
O trânsito de pessoas e mercadorias é o principal meio de disseminação
de pragas agrícolas. No que diz respeito especificamente a A. suspensa, exis-
te a clara possibilidade de introdução no Brasil por meio da fronteira entre o
estado do Amapá e a Guiana Francesa (Figura 1).
Inspeção e detecção
Frutos atacados podem mostrar sinais de puncturas de oviposição, mas
geralmente somente observável em estágio avançado de infestação. Não há
atrativo específico para machos de A. suspensa. No entanto, as armadilhas
McPhail geralmente usadas para a captura de Anastrepha spp., contendo
como iscas o acetato de amônio, hidrolisado de caseína ou levedura de
torula, podem capturar adultos de A. suspensa (Eppo, 2018).
Antecedentes de interceptações
Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
de 2011 até a atualidade, não houve interceptações de A. suspensa no Brasil.
Capítulo 9 – Anastrepha suspensa (Loew) (Diptera: Tephritidae) 133
Referências
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Identificação da praga
Nome científico
Ordem e Família
• Diptera, Tephritidae.
• Alemão: Orientalische Fruchtfliege.
• Holandês: mangga-vlieg.
• Português: mosca-oriental-das frutas.
Hospedeiros
O número de hospedeiros conhecidos para B. dorsalis é de cerca
de 300 espécies distribuídas em 60 famílias botânicas (Cabi, 2018). Entre
os hospedeiros, muitos são economicamente importantes como: laranjas
e limões (Citrus spp.), café (Coffea canephora e Coffea arabica), melão
(Cucumis melo), melancia (Citrullus lanatus), manga (Mangifera indica),
banana (Musa paradisiaca), maracujás (Passiflora sp.) e goiaba (Psidium
guajava).
Figura 2. Distribuição geográfica de Bactrocera dorsalis. Elaborada com dados do Cabi (2018).
Capítulo 10 – Bactrocera dorsalis (Handel 1912) (Diptera: Tephritidae) 141
Biologia da praga
Os ovos são colocados no interior do fruto, logo abaixo da superfície
da epiderme. O tempo de eclosão das larvas varia de 1-10 dias, aumen-
tando conforme a diminuição da temperatura, sendo mais comum ocorrer
entre um a dois dias. O período de alimentação das larvas no interior dos
frutos também é variável, entre 8 a 20 dias (Samayoa et al., 2018). A larva de
terceiro estádio possui em torno de 7,5 mm a 10 mm de comprimento por
1,5 mm a 2,0 mm de largura e seus caracteres morfológicos pouco visíveis
para uma identificação precisa. As larvas saem dos frutos para passarem a
fase de pupa no solo, que tem uma duração média entre nove dias na tem-
peratura de 27 °C e 50% - 80% de umidade relativa (Samayoa et al., 2018).
Entretanto, a fase de pupa pode ser estendida até três meses, em caso
de baixas temperaturas (Christenson; Foote, 1960). Após a emergência do
pupário, os adultos acasalam entre 8 a 12 dias e possuem uma longevidade
entre um a três meses, que em casos de temperaturas mais baixas, pode
alcançar um ano. Em condições ótima, uma fêmea pode colocar até 3.000
ovos, porém em condição de campo, a média varia de 1.200 a 1.500 ovos
(Christenson; Foote, 1960).
Tipo de dispersão
Adaptabilidade: plasticidade
Métodos de controle
Pós-colheita
Cultural
Químico
Supressão de machos
iscas pode ser uma alternativa para aumentar a efetividade do controle e tem
sido utilizada em programas de erradicação (Cabi, 2018).
Processo pós-colheita
As moscas-das-frutas tropicais são o grupo de pragas quarentenárias
para as quais os tratamentos fitossanitários são requeridos nas importações.
Nesse caso, os tratamentos devem ser feitos em instalações próprias para
esta finalidade e são um fator que encarece a produção e podem prejudicar a
qualidade dos frutos. Os tratamentos pós-colheita que podem ser utilizados
para controle B. dorsalis são: irradiação, térmico, a frio, fumigação mais
tratamento a frio (Dohino et al., 2017).
Irradiação
2006). Essa é a dose tolerada pela maioria das frutas frescas (Heather; Hall-
man, 2008). No entanto, alguns países não aceitam esse tipo de tratamento
(Follett, 2014; Hallman; Loaharanu, 2016). Atualmente nos EUA a importação
de frutos de países como a Índia e Tailândia, onde B. dorsalis está presente, é
feita tratamento com irradiação (USDA, 2018a).
Tratamento térmico
Tratamento a frio
Fumigação
Condicionamento e transporte
Mesmo com todos os tratamentos no pré-embarque de frutos, caso
ocorram escapes ou falhas, a probabilidade de sobrevivência é muito alta.
Na maior parte dos casos, o transporte de frutos por turistas é uma via de
ingresso de alto risco de introdução. Nesse caso, a sobrevivência das larvas é
facilitada pela ausência de tratamento pós-colheita e as condições de trans-
porte são geralmente favoráveis, pois a intenção é de consumo.
Vias de ingresso
Frutos de hospedeiros oriundos de locais em que a praga ocorre é a
principal via de ingresso. Nesse caso, frutos transportados em bagagem são
de alto risco. A invasão de B. dorsalis na África também indica que a espécie
pode se propagar a longas distâncias, pelo voo dos adultos e a utilização
da ampla gama de hospedeiros. B. dorsalis tem sido interceptada em frutos
ilegalmente transportados por viajantes em aviões de voos internacionais
(Fresh Plaza, 2017). Como os frutos infestados são descartados, a introdução
poderá ser viabilizada pela presença de hospedeiros adequados para sus-
tentar a população invasora. Uma outra via que pode conter a praga é o solo
como substrato não desinfestado em caso de importação de mudas, que
pode conter pupas da praga (Cabi, 2018).
Inspeção e detecção
No exame visual dos frutos, o primeiro passo é localizar as puncturas
necrosadas. Caso as puncturas sejam visualizadas, o fruto suspeito deve ser
148 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
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Capítulo 11
Brevipalpus chilensis Baker
(Acari: Tenuipalpidae)
Denise Navia, Renata Santos de Mendonça, Roberto Trincado
Identificação da praga
Posição taxonômica:
• Filo: Arthropoda.
• Subfilo: Chelicerata.
• Classe: Arachnida.
• Subclasse: Acari.
• Ordem: Trombidiformes (Prostigmata).
• Superfamília: Tetranychoidea.
• Família: Tenuipalpidae Berlese.
• Subfamília: Tenuipalpinae Sayed.
158 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Hospedeiros
Brevipalpus chilensis é um ácaro fitófago polífago, sendo relatado em
cerca de 40 plantas hospedeiras, pertencentes a 24 famílias (em sua maioria
Rosaceae, Rutaceae e Oleaceae), incluindo frutíferas, ornamentais e flores-
tais (Tabela 1). Os principais hospedeiros de B. chilensis, considerando-se os
níveis populacionais dos ácaros e a importância econômica do hospedeiro,
são a uva, os citros, o kiwi e a cherimoia.
Tabela 1. Continuação.
Tabela 1. Continuação.
Hospedeiro Família Hospedeiro
Referência(s)
nome científico nome comum
Biologia da praga
Tipo de dispersão
Métodos de controle
O controle de B. chilensis baseia-se basicamente nos métodos químico e
biológico. Em cultivares sensíveis e sem risco quarentenário, como as varie-
dades de uva de origem francesa, destinadas à produção de vinho, recomen-
da-se o manejo integrado da praga, isto é, o monitoramento de populações,
determinação de níveis de controle e uso de acaricidas seletivos aos preda-
dores, especialmente aos ácaros fitoseídeos (González, 1983a, 1983b). Quan-
do o objetivo da cultura é a exportação de frutas frescas, o monitoramento é
direcionado à detecção precoce e à total desinfestação, de modo a não oca-
sionar problemas fitossanitários no comércio internacional (González, 2006).
166 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Controle químico
Os ensaios de campo com produtos químicos têm sido direcionados
para fruteiras como citrus, uva, kiwi, caqui e Prunus spp., considerando os
parâmetros eficácia, segurança, e persistência residual ativa dos agrotóxicos.
Os produtos listados na Tabela 2, bem como o número e a época de aplica-
ções indicados no texto, constituíram as táticas eficientes para o controle de
B. chilensis nas condições de teste no Chile. Ressalta-se que muitos destes
princípios ativos citados já possuem o registro no Brasil para o controle de
outras espécies de ácaros Brevipalpus em citros.
Tabela 2. Princípio ativo, modo, sítio de ação e grupo químico dos agrotóxicos
testados para o controle de Brevipalpus chilensis (González, 2006).
Agrotóxicos
Modo de ação Sítio de ação Grupo químico
(i.a.)*
Moduladores alostéricos de
Sistema nervoso
Abamectina canais de cloro mediados Avermectina
e muscular
pelo glutamato
Sistema nervoso
Acrinatrina Moduladores de canais de sódio Piretroides
e muscular
Sistema nervoso
Bifentrina Moduladores de canais de sódio Piretroides
e muscular
Sistema nervoso
Profenafós Inibidores de acetilcolinesterase Organofosforados
e muscular
Sistema nervoso
Clorpirifós Inibidores de acetilcolinesterase Organofosforados
e muscular
Inibidores de síntese de ATP
Propargito Respiração celular Sulfito de aquila
sintetase mitocondrial
Inibidor do complexo I da cadeia METI**-
Piridabem Respiração celular de transporte de elétros da
mitocondria Piridazinona
Controle do metabolismo de
Crescimento e
Espirodiclofeno ácidos graxos (inibidores da Cetoenol
desenvolvimento
acetilCoAcarboxilase)
*i.a. = ingrediente ativo
**METI = Mitochondrialelectrontransportinhibitors
Controle biológico
Procedimentos pós-colheita
Brevipalpus chilensis pode ser encontrado em frutos provenientes do
Chile e Argentina destinados à exportação para países onde é regulamen-
tado como quarentenário. Os protocolos estabelecidos para exportação
variam de acordo com as espécies vegetais e os mercados de destino. Tem
sido definidos os processos incluindo a produção, seleção, embalagem, e
transporte, com altos níveis de segurança, de modo a cumprir os acordos
fitossanitários para o comércio internacional.
O tratamento com o gás brometo de metila (24 e 32g/m3, por 2 horas) que
proporciona 100% de mortalidade de estágios móveis de B. chilensis (González,
1983a), ainda está em uso e é o tratamento quarentenário exigido para expor-
tação de uva, kiwi, romã, figo, pomelo, limão e tangerina do Chile para os Esta-
dos Unidos. A fumigação com gás brometo mais o tratamento a frio são exi-
gidos para importação de frutos do Chile pelos Estados Unidos (USDA, 2017).
ção fitossanitária (raio gama ionizante Cs137 – dose 300 Gy) seguida de
tratamento a frio (Jadue et al., 1997; Castro et al., 2004); fumigação com
fosfina em cilindro de aço com gás comprimido (Horn et al., 2007, 2010;
Horn, 2012); e o tratamento com água (lavagem com detergente), encera-
mento e o System Approach (ver abaixo) (USDA, 2018a, 2018b).
A radiação ionizante (300 Gy) foi aprovada pelo Serviço de Saúde Ani-
mal e Vegetal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA,
APHIS) e pela Convenção Internacional de Proteção de Plantas (IPPC, 2003),
entretanto é pouco utilizada comercialmente como tratamento quarente-
nário para B. chilensis (Hallman et al., 2010; Follett, 2014). A fosfina é um
tratamento eficaz, sem efeito fitotóxico, que não afeta a camada de ozônio,
permite tratamento em baixas temperaturas (condições de armazenamento)
e o residual nas frutas é inferior ao limite máximo de resíduos permitido. O
protocolo de fumigação de frutas (kiwis, maçãs, uvas, laranjas e ameixas)
com fosfina é uma exigência para frutas exportadas do Chile para o México
e Irã (Horn et al., 2007, 2010; Horn, 2012).
Vias de ingresso
Ácaros desta espécie podem ser introduzidos através da importação de
frutos ou de material de propagação vegetativa (mudas, estacas, borbulhas)
de seus hospedeiros provenientes do Chile ou da Argentina (Província de Rio
Negro) (González, 1983a).
Detecção
Identificação taxonômica
• Identificação morfológica
Para realizar a identificação morfológica pode-se utilizar microscopia
óptica (com contraste de interferência diferencial- DIC) ou eletrônica de var-
redura (Beard et al., 2015), sendo imprescindível dispor de fêmeas adultas.
Para microscopia óptica os espécimes devem estar preservados em lâminas
de microscopia, montados em meio de Hoyer ou Heinze PVA. Para micros-
copia de varredura os ácaros podem ser coletados diretamente ou estar pre-
servados em álcool etílico 70%.
• Identificação molecular
Identificação molecular de B. chilensis pode ser realizada a partir de
sequências de DNA da região Citocromo Oxidase I, de cerca de 360bp,
amplificada utilizando-se os primers DNF e DNR e protocolo apresentado
em Navia et al. (2013). Sequências de B. chilensis desse fragmento estão
depositadas no Genebank com números de acesso KC191391, KC344714 a
KC344728, e KC291392- KC291401. Navia et al. (2013) apontaram três sítios
polimórficos, ao longo desse fragmento, para distinção entre B. chilensis e
B. obovatus, nas posições 98, 200 e 302 do alinhamento.
Antecedentes de interceptações
Interceptações de B. chilensis tem sido bastante frequentes, confor-
me relatos de serviços de proteção de plantas de diversos países. A pró-
pria descrição da espécie foi baseada em espécimes interceptados. Este
ácaro foi descrito a partir de duas fêmeas interceptadas nos EUA em limões
importados do Chile (Baker, 1949). Espécimes de B. chilensis foram detec-
tados, nos EUA, cerca de 140 vezes em associação com Vitis sp., Actinidia
sp. (kiwi) ou Citrus limon importados do Chile, no período de 1994 a 2002
(BA 2003). Na África do Sul, apesar do reduzido volume de importações de
frutos frescos do Chile, B. chilensis foi interceptado em dois carregamentos
no período de 1994 a 2015 (SACCAGGI, 2018 informação verbal)1. No Brasil
espécimes também tem sido interceptados em frutos frescos de uva e kiwi
(Silva et al., 2016).
1
Informação fornecida por Davina Saccaggi, Department of Agriculture, Forestry and Fisheries of South
Africa, no XV International Congress of Acarology, naTurquia, em setembro de 2018.
176 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Referências
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USDA. Risk assessment for importation of fresh lemon (Citrus limon (L.)
Burm. f.) fruit from Northwest Argentina into the continental United States.
2016. Disponível em: <https://www.aphis.usda.gov/newsroom/2016/argentina_
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Federal Register. Apr. 6, 2018. Rules and Regulations. Academic OneFile –
Document. 2018b. Disponível em: <http://ww2.dscs.com/products-services/ips.>.
Acesso em: 05 set. 2018.
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1964. 54 p. (Serie Información Técnica, Nº 2)
Identificação da praga
Nome científico
Posição taxonômica
• Classe: Insecta.
• Ordem: Lepidoptera.
• Família: Tortricidae.
• Gênero: Cydia.
• Espécie: Cydia pomonella.
Sinonímias
Hospedeiros
Hospedeiros Primários
Hospedeiros Secundários
Biologia da praga
Ovos: Depositados isoladamente nas folhas ou nos frutos. Eles são acha-
tados e de formato circular. No início do desenvolvimento são esbranquiça-
dos. Posteriormente, se observa um anel avermelhado na periferia. Medem
cerca de 1 mm de diâmetro e são de difícil visualização. O período de incu-
bação varia de 18 dias a 15 oC a seis dias a 25 oC.
C D
Figura 2. Ataque de Cydia pomonella em maçã. Larva no interior do fruto (A); adulto (B); dano
externo no fruto (C) e danos internos no fruto (D).
188 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Diapausa
Tipo de dispersão
Cabe ressaltar que as larvas diapausantes não são afetadas por tratamento
a frio.
Adaptabilidade: plasticidade
Cydia pomonella tem uma alta capacidade de adaptação uma vez que
está presente nos principais países produtores de maçã e pera do mundo.
Vários documentos relatam a ocorrência de diapausa por mais de um ano,
demonstrando a versatilidade da praga para se estabelecer nas diversas
regiões do mundo com diferentes condições climáticas de temperatura
e umidade.
Métodos de controle
• Controle Cultural.
• Eliminação de frutos com sinais de ataque da praga.
• Eliminação de pomares abandonados.
• Utilização de cartões corrugados no caule da planta para coleta e
destruição de pupas.
• Controle Biológico:
Pouco utilizado por ser uma praga que permanece pouco tempo na
parte externa dos frutos, entretanto, Instituições de Pesquisa estão
estudando alguns organismos benéficos para o controle biológico
da C. pomonella, entre eles o Mastrus ridibundus e várias espécies
de Trichogramma.
• Controle Químico:
É o método de controle mundialmente mais aplicado em países com
ocorrência da praga. Os princípios ativos amplamente utilizados são:
Tebufenozide, Espinosade, Neo-Nicotinóides, Indoxacarbe, Cloran-
tranipole, Flubendiamida e Fosforados, dentre outros. Para o controle
da praga, utilizando este método são realizadas cerca de 8 aplicações
de inseticidas, podendo gerar níveis de resíduos químicos nas frutas
acima dos limites máximos permitidos.
Condicionamento e transporte
Os frutos são acondicionados em bandejas de papel envoltas por saco
plástico no interior de caixas de papelão de 18 kg. Durante o armazenamento
e transporte os frutos são mantidos em temperatura próxima a 0 ºC.
Vias de ingresso
Frutos in natura.
Material de propagação não veicula nenhuma fase do inseto e, portan-
to, não é considerado via de ingresso.
Inspeção e detecção
Nos frutos, é possível verificar a ocorrência de larvas pela presença de
dejetos (fezes), bem como o corte de frutos observando-se a região carpelar.
Em algumas situações as larvas podem se alojar na região carpelar ou cali-
cinal, construindo uma espécie de casulo. Quando completam o desenvolvi-
mento podem ainda construir o casulo nas bandejas ou nos orifícios da caixa
onde a fruta é embalada.
IN 21/06
IN MAPA
Argentina IN 25/06; IN 12/2011 IN 26/06 IN 28/06; IN 23/04 IN 17/16 IN 12/15 37/2015; IN 24/06;
Res. DSV
08/2015.;
Bulgária 12/15
Port.129/97, Port.129/97, Port.129/97, Port.129/97,
IN 39/08, IN 39/08, Port.129/97, Port.129/97, IN 39/08, Port.129/97, Port.129/97, IN 39/08,
IN 39/08,
IN 60/08 e IN 60/08 e IN 39/08, IN 39/08, IN 60/08 e IN 39/08, IN 39/08, IN 60/08
Chile IN 60/08
IN 15/10, IN 15/10, IN 60/08 e IN 60/08 e IN 15/10, IN 60/08 e IN 60/08 e e IN,
e IN 15/10
IN 17/16 e 17/16 E IN 15/10 IN 15/10 17/16, IN SDA IN 15/10 IN 15/10 15/1017/16,
IN 05/17. IN 05/17 05/17 IN SDA 05/17
China
IN 12/15, IN 12/15, IN 12/15, IN 12/15,
Espanha IN 17/16 e IN 17/16 e IN 17/16 e 12/15 12/15 12/15 12/15 12/15 IN 17/16 e
IN 05/17 IN 05/17 IN 05/17 IN 05/17
EUA IN 04/01 e IN 04/01 IN 04/01 e IN 04/01 e IN 04/01 e 12/15 IN 04/01 e IN 04/01 e
IN 07/07, e IN IN 07/07, IN 07/07. IN 07/07, IN 07/07. IN 07/07,
IN 12/15, 07/07, IN 12/15, IN 12/15, IN 12/15,
IN 17/16 e IN 12/15, IN 17/16 e IN 17/16 e IN 17/16 e
IN 05/17 IN 17/16 e IN 05/17 IN 05/17 IN 05/17.
IN 05/17
Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Fonte: MAPA.
Tabela 1. Continuação.
País / Ameixa Cereja Damasco Maçã Marmelo Nectarina Nozes Pêra Pêssego
Hospedeiros (Prunus (Prunus (Prunus (Malus (Cydonia (Prunus (Juglans (Pyrus (Prunus
domestica) avium) armeniaca) domestica) oblonga) persica var. regia) spp) persica)
nucipersica)
IN 12/15,
Irã IN 17/16 e
IN 05/17
IN 12/15,
Israel IN 17/16 e
IN 05/17
IN 12/15, IN 12/15,
Itália IN 17/16 e 12/15 IN 17/16 e 12/15 12/15
IN 05/17 IN 05/17
IN MAPA
Capítulo 12 – Cydia pomonella (Lepidoptera: Tortricidae)
IN 12/15
Turquia IN 17/16
IN 05/17
IN MAPA
Uruguai IN 25/06 IN 26/06 IN 28/06 12/15 IN 21/06.
24/06
193
194 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Antecedentes de interceptações
Anualmente há registros de interceptação da praga em hospedei-
ros importados pelo Brasil, especialmente dos países da América do Sul
(Tabela 2). Mesmo após o estabelecimento do Sistema de Mitigação de Risco
exigido pelo Brasil para a Argentina, continuam sendo observadas cons-
tantes interceptações de C. pomonella, especialmente em envios de maçã e
pera. Rotineiras interceptações da praga em envios de maçã e pera do Uru-
guai são observadas. Também há registros de interceptações da praga em
outros frutos hospedeiros de outras origens.
• MAÇÃ (UE - 21.175.869 kg.
• EUA - 58.811 kg.
196 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Referências
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integrated mangement program. A guide for apple sampling procedures in New
York. Ithaca, NY: Cornell Cooperative Extension, 1991.
Identificação da praga
Posição taxonômica:
• Reino: Metazoa.
• Filo: Artropoda.
• Classe: Insecta.
• Ordem: Lepidoptera.
• Família: Tortricidae.
• Gênero: Lobesia.
• Espécie: Lobesia botrana.
198 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Sinonímias
Hospedeiros
A traça-europeia dos cachos da videira L. botrana é uma praga polífaga
que se alimenta de diversos hospedeiros. Além da videira, diversas espécies
vegetais pertencentes a 27 famílias já foram relatadas como hospedeiras da
praga (Tabela 1) (Bradley et al., 1979; Whittle, 1985; Moleas, 1988; Zhang,
1994; Stavridis; Savopoulou-Soultani, 1998; Savopoulou-Soultani et al., 1999;
Cabi, 2018) (Tabela 1).
Hospedeiros primários
Distribuição geográfica
Lobesia botrana era endêmica da região Paleártica, ocorrendo em países
da África (Árgélia, Egito, Eritreia, Etiópia, Kenia, Líbia, Marroco), Ásia (Armênia,
Azerbaijão, Georgia, Iran, Iraque, Israel, Jordania, Casaquistão, Líbano,
Síria, Tajiquistão, Turquia, Turquemenistã, Usbequistão) e Europa (Albania,
Áustria, Belarus, Bélgica, Bulgária, Croácia, Chipre, República Tcheca, França,
Córsega, Alemanhã, Grécia, Creta, Hungria, Itália, Sardenha, Sicília, Lituânia,
Luxemburgo, Macedônia, Malta, Moldávia, Montenegro, Holanda, Polônia,
Portugual, Romênia, Rússia, Sériva, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Ilhas
Baleares, Espanha, Suíça, Inglaterra, Ucrânia) (Cabi, 2018). No entanto, em
abril de 2008, a espécie foi detectada no Chile, na região norte do Atacama
ao Sul de Araucanía. Na Califórnia, o inseto foi detectado em setembro
de 2009, no Napa Valley e em abril de 2010 na Argentina, na Província de
Mendonza (Gonzales, 2010; Varela et al., 2010; Ioriatti et al., 2012), indicando
um movimento recente da praga para novas regiões produtoras de uva.
Dessas detecções, somente a Califórnia conseguiu erradicar a praga em 2016
após um exitoso programa de erradicação (APHIS/USDA, 2018).
Foto: Marcelo Negrini
Morfologia e bioecologia
A B
A B
Fotos: Andrea Lucchi
C D E
Figura 2. Dano de Lobesia botrana em videira. Dano ocasionado nas inflorescências pela primeira geração
(A); danos nas bagas verdes causados pela segunda geração de insetos (B); e danos nas bagas maduras
causados por insetos na terceira geração (C, D e E).
Métodos de controle
O controle de L. botrana tem sido realizado principalmente através
do emprego de feromônios sexuais utilizando diferentes formulações.
O emprego de inseticidas químicos incluindo lagarticidas específicos
(ex: clorantraniliprole, metoxifenozide, espinnosade, espinetoran, etc) e
o controle biológico com Bacillus thuringiensis e Trichogramma também
são estratégias complementares de manejo que podem ser empregadas
caso a espécie seja introduzida no Brasil, devendo ser adaptadas às con-
dições locais.
Processo pós-colheita
Opções de tratamento a frio ou com brometo de metila. A Nova Zelândia
exige as seguintes temperaturas e tempo de tratamento, conforme Tabela 2.
Temperatura Tempo
(oC) (Dias)
0,00 ou menos 10
0,55 ou menos 11
1,11 ou menos 12
206 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Condicionamento e transporte
Embalagens específicas para a fruta e em containers refrigerados.
Vias de ingresso
Fruta in natura e material propagativo (estacas e mudas com e sem raiz).
Inspeção e detecção
Inspeção durante o ingresso de frutas de países com presença da espé-
cie, exigência de Certificado Fitossanitário e coleta de amostras para diag-
nóstico fitossanitário (obrigatório para material de propagação) e quando na
presença de sinais/sintomas para frutos.
Argentina:
Estabeleceu requisitos para os gêneros Vitis (Uva), Actinidia (Kiwi),
Pyrus (Pera), Prunus (frutas de caroço), Diospyrus (Caqui), Rubus (Berries),
Punica (Romã).
Uruguai:
Além de uvas frescas estabeleceu requisitos para cereja, ameixa e
kiwi. De acordo com informação pessoal do Departamento de Quarentena
Vegetal do MGAP “o envio provém de local de produção livre de
Lobesia botrana”.
Capítulo 13 – Lobesia botrana Denis e Schiffermüller (Lepidoptera: Tortricidae) 207
Nova Zelândia:
Requisitos estabelecidos para uva e ameixa. Tratamento com brometo
de metila ou tratamento a frio conforme tabela 2.
México:
Requisito somente para uva in natura. Frutas provenientes de áreas
regulamentadas devem ser fumigadas com brometo de metila e posterior
inspeção para verificar a presença da praga; e frutas provenientes de áreas
livres somente requerem fumigação com brometo de metila.
Antecedentes de interceptações
Não há registros de interceptação da praga em hospedeiros importados
pelo Brasil. Todavia, com os recentes estabelecimentos da praga em países
tradicionais exportadores de frutas hospedeiras para o Brasil – uva in natura
importada do Chile e da Argentina- medidas de mitigação e monitoramento
devem ser implementadas.
Nos principais estados produtores de uva do Brasil (RS, SC, PR, SP,
MG, BA e PE), foram instaladas 15 armadilhas de monitoramento. Essas são
vistoriadas quinzenalmente, com trocas mensais do feromônio sexual e do
piso adesivo conforme a perda da aderência. Espécimes de insetos suspeitos
coletados nas armadilhas são enviados para identificação no laboratório de
Entomologia da Embrapa Uva e Vinho em Bento Gonçalves-RS.
Referências
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<https://www.aphis.usda.gov/aphis/ourfocus/planthealth/plant-pest-and-disease-
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International, 2018. Disponível em: <www.cabi.org/isc>. Acesso em: 11 set. 2018.
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VENETTE, R. C.; DAVIS, E. E.; DACOSTA, M.; HEISLER, H.; LARSON, M. Mini risk
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[Lepidoptera: Tortricidae]. 2003. Disponível em: <https://www.aphis.usda.gov/
plant_health/plant_pest_info/eg_moth/downloads/lbotrana-minipra.pdf>. Acesso
em: 19 set. 2018.
Identificação da praga
Nome científico:
• Toxotrypana curvicauda Grestaecker, 18601
(Figura 1).
Posição taxonômica:
• Reino: Animalia.
• Filo: Arthropoda.
• Subfamília: Hexapoda.
• Classe: Insecta.
• Ordem: Diptera.
• Superfamília: Tephritoidea.
1
Recentemente Norrbom, et al, (2018) propuseram uma nova combinação
para o nome científico da espécie: Anastrepha curvicauda.
214 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Sinonímias: Sinonímias:
• Toxotrypana curvicauda (Munro), Toxotrypana fairbatesi (Munro,1984),
Mikimyia furcifera (Bigot, 1884).
Nomes comuns:
• Mosca-do-mamão (português).
• Mosca de la fruta papaya (espanhol).
• papaya fruit fly (inglês).
Foto: Jeffrey W. Lotz,
Florida Department of Agriculture and Consumer Services, Bugwood.org
Hospedeiros
Segundo Selman et al. (2001), T. curvicauda, inicialmente foi considerada
espécie monófaga por apenas infestar mamoeiros (Carica papaya) silvestres e
cultivados, porém, na Flórida tem sido relatada em Mangifera indica e Asclepias
syriaca (“Milkweed”). No México, outros hospedeiros silvestres são descritos:
Carica cauliflora, Caricasp., Jacaratia mexicana, Tabernemontana sp., Gonolobus
barbatus, G. erianthus, G. salvinii, Morrenia odorata.
Biologia da praga
Oviposição – Semelhante à quase totalidade dos tefritídeos, a fêmea de
T. curvicauda coloca os ovos no interior do fruto (mamão). Devido ao longo
ovipositor – cerca de 2,0 cm de comprimento, os ovos são depositados no
lúmen do fruto (Figura 3). Ao eclodir, a larva se alimenta da polpa e forte-
mente das sementes. Após o completo desenvolvimento da larva, esta aban-
dona o fruto e empupa no solo.
Foto: Daniela Jiménez Fernández, Bugwood.org
Tipo de dispersão
Adaptabilidade: plasticidade
Métodos de controle
Cultural
Remoção de frutos infestados: essa deve ser a estratégia prioritária para
o controle das moscas-das-frutas, pois apresenta eficiência de até 70%, entre
os demais métodos de controle. Esse método consiste em recolher os frutos
infestados, caídos no solo, e retirá-los do pomar.
fruto deve ser envolvido em uma bolsa de papel ou tubo de jornal e amarrado
próximo ao pedúnculo. É necessária atenção para cobrir novas frutas
que surgirem e aumentar a cobertura à medida que os frutos aumentam
de tamanho.
Comportamental
Monitoramento da praga com uso de armadilhas atrativas. Utiliza-se
feromônio sexual (atrai a fêmea), com a adição de produtos químicos que
simulam o odor do hospedeiro, objetivando melhorar a eficiência na atrativi-
dade do macho.
Químico
O controle do adulto da mosca-das-frutas deve ser feito utilizando-se
iscas à base de spinosad, uma molécula de natureza biológica registrada no
MAPA para mosca-das-frutas. O uso dessa isca tem como pré-requisito, o
monitoramento populacional da praga, com o uso de armadilhas. São dois
os tipos de armadilha: tipo McPhail na qual se usa o atrativo alimentar à base
de hidrolisado de proteína a 5% ou tipo Jackson na qual se utiliza o atrativo
sexual específico.
Agentes de Biocontrole
As pesquisas nessa área ainda são incipientes, entretanto o uso do para-
sitóide Doryctobracon toxotrypanae March. (Hymenoptera: Braconidae), do sul
222 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Condicionamento e transporte
Não se aplica, face ao exposto no item anterior.
Vias de ingresso
A via de ingresso se restringe ao transporte da fruta, mamão ou outra
fruta hospedeira, infestada por ovos e/ou larvas de T. curvicauda ou por solo
contendo pupas desta espécie de mosca-das-frutas.
Capítulo 14 – Toxotrypana curvicauda Gerstaecker (Diptera: Tephritidae) 223
Inspeção e detecção
A inspeção, como de rotina, deve se dar nos portos e aeroportos
visando a presença de material suspeito especialmente quando a bagagem
tem como origem as regiões onde a mosca-do-mamão ocorre: América
Central e Caribe; América do Norte: México, EUA, e América do Sul: Colômbia
e Venezuela.
Antecedentes de interceptações
Em consulta à EMBRAPA Recursos Genéticos e Biotecnologia (CENAR-
GEN), os relatos de interceptações ocorreram a mais de cinco décadas e
foram restritos aos Estados Unidos da América.
Referências
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Capítulo 14 – Toxotrypana curvicauda Gerstaecker (Diptera: Tephritidae) 227
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Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil 229
Parte 4
Fungos
Capítulo 15
Boeremia foveata (Foister)
(Pleosporales: Didymellaceae)
Capítulo 16
Fusarium oxysporum f. sp. cubense, Raça 4 Tropical
(Hypocreales: Nectriaceae)
Capítulo 17
Moniliophthora roreri (Cif & Par.)
(Agaricales: Marasmiaceae)
Capítulo 15
Boeremia foveata (Foister)
(Pleosporales: Didymellaceae)
Eudes de Arruda Carvalho
Identificação da praga
Nome científico:
Posição taxonômica
Sinonímias
Hospedeiros
Biologia da praga
Tipo de dispersão
Adaptabilidade: plasticidade
Métodos de controle
O principal método de controle da doença é o emprego de batatas-
semente sadias, procedentes de áreas sem histórico da doença. Uma
vez introduzido o fungo, deve-se reduzir danos aos tubérculos durante
a colheita e pós-colheita; empregar cultivares de ciclo curto ou aplicar
dessecantes para evitar colheitas tardias, sob baixas temperaturas.
Tratamento de tubérculos com fungicidas, devidamente registrados,
como os do grupo tiabendazol, assim como limpeza e desinfestação de
equipamentos e implementos podem reduzir a disseminação da doença
(Struik; Wiersema, 1999).
Condicionamento e transporte
Os tubérculos usados para consumo ou para batatas-semente são assin-
tomáticos em campo e podem apresentar infecções latentes. O período de
armazenamento ou transporte sob baixas temperaturas propicia o apareci-
mento dos sintomas e a disseminação da doença.
Vias de ingresso
A principal forma de dispersão da praga se dá por trânsito de batatas-
sementes ou tubérculos para consumo infectados. Tubérculos importados
para consumo podem ser desviados para plantio ou gerarem resíduos
236 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
(cascas) que podem contaminar o solo. Além dos tubérculos em si, as caixas
e sacos usados no transporte podem conter propágulos do fungo.
Inspeção e detecção
Amostras de batatas-semente ou outros tubérculos devem ser
analisados em laboratório quanto à presença de sintomas iniciais da
gangrena, observando-se em microscópio estereoscópico. Quando
necessário, deve-se realizar o corte transversal dos tubérculos para avaliar a
presença de lesões internas. Tubérculos assintomáticos sob suspeita devem
ser submetidos à incubação a 5º C, de 4 a 6 semanas, visando possibilitar
a expressão de sintomas em lotes com possíveis infecções latentes. Os
sintomas de gangrena podem ser confundidos com aqueles causados por
outros patógenos, principalmente Fusarium spp. O aspecto da lesão, no
entanto, pode contribuir para a diagnose visual, sendo que no caso de
gangrena não há proporcionalidade entre os tamanhos das lesões internas
e externas, as lesões são secas com bordas bem definidas no limite entre
tecido sadio e tecido necrosado. A coloração das lesões internas pode
variar de cor; frequentemente são escuras devido a sinais do patógeno e
formação de picnídios, mas podem mostrar coloração oxidada vermelho-
amarronzada. Ao observar sinais do patógeno, lâminas para microscopia
de luz devem ser confeccionadas para as análises morfológicas de micélio,
estruturas de sobrevivência e conídios. Nesta fase, é possível distinguir
os principais gêneros causadores de podridões em tubérculos com base
em características morfológicas. Identificando-se o gênero Boeremia ou
Phoma, deve-se proceder ao isolamento indireto a partir de tecidos da
borda dos sintomas ou mesmo o isolamento direto com remoção de
picnídios ou conídios e subsequente transferência para placas de Petri
com meio de cultura Malte-Ágar (MA). No caso da ocorrência de outros
fungos nas lesões, o isolamento deve ser realizado em meio Batata-
Dextrose-Ágar (BDA). As placas devem ser incubadas a temperatura de
25 °C por 7 a 14 dias. A cultura pura dos fungos será empregada para
análises morfométricas e cultural complementares, registros e extrações
de ácidos nucléicos para análises moleculares visando à diferenciação e
Capítulo 15 – Boeremia foveata (Foister) (Pleosporales: Didymellaceae) 237
PFoveataF GGTGAACTCTGTGCTCGATATGCa 80 pb
P. foveata
PFoveataR ATGACAGGAGTGAGACGATGATAGT
P. exigua var.
PhomaF GCCCGTTGGTCTCCACTTGTA b 96 pb
exigua e P. foveata
PhomaR AGAAAGCCCGAAATCTAGAGCAAC
PeupyrenaR TGATCTGACCTGTAAAACAGCATCG
a
Modificado na extremidade 5’ com iso-dC e Texas Red;
b
Modificado na extremidade 5’ com iso-dC e FAM;
c
Modificado na extremidade 5’ com iso-dC e Hex.
Fonte: Adaptado de A’hara (2015).
AMÉRICA
Tabela 1. Continuação.
AMÉRICA
Paraguai Ausente (A1) 1992
Uruguai Ausente (A1) 1992
ÁSIA
Barém Ausente (A1) 2003
Israel Ausente 2009
EUROPA
Azerbaijão Ausente (A1) 2007
Turquia Ausente (A1) 2007
RPPO/EU
APPPC Presente (A2) 1992
COSAVE Ausente (A1) 1992
EPPO A1/A2 (formerly) 1975/1999*
*Ano de alteração do Status da Praga Quarentenária.
Antecedentes de interceptações
Boeremia foveata foi interceptada apenas uma vez na Estação Quaren-
tenária de Germoplasma Vegetal da Embrapa Recursos Genéticos e Biotec-
nologia, Brasília – DF, em 2003 em amostra de batata procedente da França
(Mendes et al., 2006).
Referências
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LACOMME C. (Ed.). Plant Pathology. Methods in Molecular Biology. New York,
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Phytopathology, v. 155, p. 309-315, 2007.
Capítulo 15 – Boeremia foveata (Foister) (Pleosporales: Didymellaceae) 241
Identificação da praga
Nome científico:
Posição taxonômica:
• Domínio: Eukaryota.
• Reino: Fungos.
• Filo: Ascomycota.
• Classe: Ascomycetes.
• Subclasse: Sordariomycetidae.
• Ordem: Hypocreales.
244 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Sinonímias
Hospedeiros
Em condições de campo, Foc R4T está principalmente confinado aos
gêneros Musa [Musa spp., Musa textilis, Musa acuminata, Musa balbisiana
(Stover, 1962; Cabi, 2018)] e Heliconia [Heliconia spp., H. caribaea, H.
psittacorum, H. mariae (Stover, 1962; Cabi, 2018)]. O patógeno pode estar
presente em diferentes espécies, algumas das quais são consideradas como
ervas daninhas ou vegetação espontânea, tais como:
• Chloris inflata sem. Chloris barbata (Cabi, 2018; Hennessy et al., 2005).
• Commelina diffusa (Wardlaw, 1972).
• Ensete ventricosum (Wardlaw, 1972).
• Euphorbia heterophylla (Cabi, 2018; Hennessy et al., 2005).
• Tridax procumbens (Cabi, 2018; Hennessy et al., 2005).
• Taiwan (Su et al., 1986; Ploetz; Pegg, 2000; Hwang; Ko, 2004).
• Malásia (Pin, 1996).
Capítulo 16 – Fusarium oxysporum f. sp. cubense, Raça 4 Tropical (Hypocreales: Nectriaceae) 245
Figura 1. Distribuição geográfica de Fusarium oxysporum f. sp. cubense Raça 4 Tropical (Foc R4T).
246 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Biologia da praga
Tipo de dispersão
Adaptabilidade: plasticidade
Métodos de controle
Alguns fatores têm influência preponderante no desenvolvimento do
Fusariose da bananeira. O fator mais importante é o grau de resistência/sus-
cetibilidade do genótipo, clone ou variedade de Musácea presente na área.
No Brasil, a maioria das variedades plantadas são consideradas altamente
suscetíveis a Foc R4T. O segundo fator é a agressividade da raça do patógeno
presente, que no caso de Foc R4T, se caracteriza por ser altamente agressiva.
Finalmente, outros fatores como relacionados ao solo como pobre, drena-
gem, pH ácidos (abaixo de 5), teores de matéria orgânica baixos, são favorá-
veis ao desenvolvimento da doença. O uso de fontes nitrogenadas, nitratos
versus amônia (a infecção é menor onde se utilizam nitratos), conteúdo de
cálcio (em solos com altos terrores de Ca a supressividade da doença é favo-
recida) também têm sido relacionados com o desenvolvimento da doença.
O manejo de Foc R4T nas áreas afetadas passa pela redução do inóculo
via eliminação das plantas infectadas e delimitação da área afetada. O uso de
material de plantio certificado livre de Foc R4T é ponto chave. Nesse sentido,
é aconselhável desenvolver antecipadamente capacidades para a produção
de material de plantio certificado. Adicionalmente, práticas que aumentem
Capítulo 16 – Fusarium oxysporum f. sp. cubense, Raça 4 Tropical (Hypocreales: Nectriaceae) 251
Condicionamento e transporte
Até o momento não existe uma diretriz técnica para movimento de
materiais de banana específico para Foc, porém a Instrução Normativa
nº 46, de 27 de dezembro de 2010, que está em vigor, exige que somen-
te será permitido o trânsito de mudas de bananeira quando emitida a
Permissão de Trânsito de Vegetais e uma Declaração Adicional do Certi-
ficado Fitossanitário de Origem ou Certificado Fitossanitário de Origem
Consolidado que deverá constar da Permissão de Trânsito de Vegetais.
De qualquer forma no Brasil existe a lei n° 9.065, de fevereiro de 1998
252 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Vias de ingresso
As vias de ingresso da praga no comércio são:
• Material de plantio.
• Partes de plantas não destinadas ao plantio.
• Partes de plantas utilizadas como embalagem.
• Solo e substratos.
• Solo aderido a produtos vegetais, maquinaria, containers, ferramen-
tas agrícolas, calçado, roupas, pneus de equipamentos de uso agrí-
cola e transporte, etc.
Nota. A principal forma de dispersão internacional de Foc, incluindo
a história mais recente de Foc R4T, é através do movimento de material de
plantio assintomático, porém já afetados. A outra via importante de disper-
são do patógeno é o solo que se mobiliza com plantas de viveiro ou em
produtos vegetais, maquinaria, containers, ferramentas agrícolas, calcado,
roupas, animais entre outros.
Inspeção e detecção
Nos potenciais pontos de entrada (pontos fronteiriços, portos, aeropor-
tos) a inspeção deve ser orientada para a detecção das vias de disseminação
da praga (principalmente plantas hospedeiras ou partes das mesmas, vivas
ou mortas, solo e substratos). Plantas hospedeiras, com ou sem sintomas
procedentes de áreas com a presença de Foc R4T, supõem uma probabilida-
de muito alta de presença da praga, portanto, deverão ser tomadas medidas
de segurança para sua manipulação, tanto das plantas como dos recipientes
que as contêm, incluindo a embalagem.
Capítulo 16 – Fusarium oxysporum f. sp. cubense, Raça 4 Tropical (Hypocreales: Nectriaceae) 253
Antecedentes de interceptações
Não há antecedentes de interceptações no Brasil.
em sua grande maioria pode não ter a capacidade necessária para enfrentar
uma doença desta natureza.
Referências
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Identificação da praga:
Nome científico:
• Moniliophthora roreri (Cif & Par.) Evans et al. (1978).
Posição taxonômica:
• Domínio: Eukaryota.
• Reino: Fungi.
• Filo: Basidiomycota.
• Subfilo: Agaricomycotina.
• Classe: Agaricomycetes.
• Subclases: Agaricomycetidae.
• Ordem: Agaricales.
• Família: Marasmiaceae.
260 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
• Gênero: Moniliophthora.
• Espécie: Moniliophthora roreri.
Sinonímias:
• Monilia roreri Ciferri.
Hospedeiros
Moniliopthora roreri é patogênico as espécies dos gêneros Theobroma e
Herrania. As espécies de importância econômica são o cacaueiro (Theobroma
cacao L.) e o cupuaçuzeiro [Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) Schum].
As espécies silvestres presentes na Amazônia Brasileira são: Theobroma bicolor
Humb & Bonpl (mocambo ou cacau do Peru); Theobroma subincanum Mart
(cupuí); Theobroma speciosum Willd. ex Spreng (cacauí); Theobroma obovatum
Klotzsch ex Bernoulli (cacau cabeça-de-urubu ou simplesmente cabeça-de-
urubu), e Herrania spp. (cacau-jacaré ou cacau-de-morcego).
Biologia da praga
O fungo é hemibiotrófico e os esporos, únicos propágulos infectivos do
patógeno, infectam somente os frutos. Não há formação de basidiomas. A
hifa é hialina, septada sem grampo de conexão, e septo do tipo doliporo. Em
meio de cultura, geralmente, apresenta uma massa micelial esbranquiçada
na periferia e marrom claro ou marrom escuro no centro da colônia (Figura
2A-B) com produção massal de esporos que são formados em cadeias de
forma basípeta, ou seja, só os esporos maduros (situados no seu extremo)
são liberados (Evans, 2016). Segundo Evans et al. (2013), baseando-se em
estudos citológicos, os esporos de M. roreri resultam de reprodução sexual
(meiosporos). Mas, estudos realizados por Días-Valderrama e Aime (2016),
baseados na esporogênese, condição nuclear da hifa e esporos e citologia,
suportam a hipótese de que os esporos são de fato resultado de reprodução
assexual (mitospóricos). Frente a evidência dos dois modos de reprodução,
neste capítulo usaremos o termo esporos.
(Figura 2 C-D) (Evans et al., 1978; Ram et al., 2004), que devido ao peso podem
atingir, respectivamente até 60 e 100 m de altitude e ficar suspensos por
cerca de quatro dias na atmosfera (Sgrillo, 2010). Possuem alta viabilidade
quando secos, são altamente resistentes à luz ultravioleta, resistem a um
longo tempo de estocagem (até 270 dias) e, embora, a temperatura ótima
para germinação seja de 24 °C a 26 °C, a germinação também ocorre de
10 °C a 40 °C (Ram, 1989).
A B C D
Fotos: Maria Julia Silva Manco e Karina P. Gramacho
E F G
Epidemiologia
Estes esporos, por sua vez, sobrevivem por até nove meses sob condi-
ções bastante adversas (Ram, 1989). A liberação e disseminação dos esporos
são favorecidas por tempo quente e seco (baixa umidade relativa; 71% – 74%
e temperatura acima de 26 °C). As maiores concentrações de esporos na
atmosfera ocorrem entre 10h e 15h. Nos dias ensolarados e secos, os espo-
ros ficam na atmosfera e sedimentam na superfície das copas das plantas
durante a noite.
266
Fotos: Karina P Gramacho e Givaldo Niella Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
A B
Figura 3. Fontes de inóculo de Moniliopthora roreri. A. Fruto coberto por crescimento micelial
e uma massa pulverulenta constituída pelos esporos do fungo; 1 cm2 /fruto produz 44 milhões
de esporos. B e C. Deposição de esporos secos de M. roreri dispersados de forma descente;
B. tronco com liquens coberto com esporos, e C. Folhas próximos ao chão com depósitos de
esporos.
Acervo Ceplac.
Métodos de controle
A monilíase é controlada aplicando-se o manejo integrado. As medi-
das gerais de controle envolvem os controles culturais através da remoção
de frutos infectados antes da esporulação, deixando-os sobre o solo; dre-
nagem do solo a fim de reduzir a umidade na área; redução no sombrea-
mento, controle de ervas daninhas; poda de rebaixamento das copas dos
Capítulo 17 – Moniliophthora roreri (Cif & Par.) (Agaricales: Marasmiaceae) 267
Vias de ingresso
A principal via de ingresso de M. roreri é o transporte do fruto e semen-
tes de cacau e cupuaçu contaminados. Mas, alerta-se que a praga pode
ser dispersada pelo transporte de qualquer material vegetativo de plantas
hospedeiras ou não hospedeiras, artigos regulamentados, como sacarias e
embalagens de acondicionamento de produtos vegetais que foram infes-
tados com esporos provenientes de países onde a doença ocorre. Essas
infestações têm importância epidemiológica, pois permitem a sobrevivência
do fungo em material diverso. Por exemplo, sementes de pupunha [Bactris
gasipaes (Kunth)], embora não hospedeira da praga, ao serem importadas
do Peru para plantio no Brasil, podem ter sido infestadas com esporos do
fungo, os quais podem aderir aos vários tecidos e permanecer viáveis duran-
te meses (Sobrinho, 2012). Considerando o risco, o Ministério de Agricultura,
Pecuária e Abastecimento – MAPA emitiu a Instrução Normativa nº 26, regis-
trada no Diário Oficial de 22 de abril de 2002, regulamentando a importa-
ção de sementes beneficiadas de pupunha produzidas na República do Peru.
Portanto, os esporos podem infestar veículos, material vegetativo e embala-
gens, sacarias, roupas, sapatos, e outros objetos, sendo viáveis em condições
adversas até um período de nove meses. Os esporos podem também sobre-
viver em pedaços de tecidos ou sobre o corpo humano. Portanto, depois de
visitar uma área de ocorrência da praga, deve-se descartar ou lavar as roupas
usadas e evitar visitar áreas livres por alguns dias (Phillips-Mora, 2014).
Inspeção e detecção
As inspeções, como de rotina, devem ser realizadas nos portos, aero-
portos, rodoviárias, e postos de controles nas rodovias e fronteiras visando a
detecção de material suspeito especialmente quando a bagagem tem como
origem as regiões onde a monilíase ocorre (Phillips-Mora, 2014). Preventi-
vamente, rotas de risco são identificadas relativas ao trânsito de produtos
de cacaueiros e cupuaçuzeiros. Levantamentos fitossanitários de detecção
da praga devem ser realizados uma vez por ano, na época da frutificação
do cacaueiro e cupuaçuzeiro, na faixa de fronteira e nas áreas com cultivos
comerciais e não comerciais, de acordo com a classificação de risco da praga,
nos estados produtores e fronteiriços.
Capítulo 17 – Moniliophthora roreri (Cif & Par.) (Agaricales: Marasmiaceae) 269
Antecedentes de interceptações
Não há relato de interceptação desta praga no Brasil.
Referências
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transferencia de tecnología en la amazonía peruana. Chiclayo, Peru: ICT, 2004.
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pod rot (moniliasis disease) caused by Moniliophthora roreri on cacao in Belize.
Plant Pathology, v. 55, p. 584, 2006b.
Capítulo 17 – Moniliophthora roreri (Cif & Par.) (Agaricales: Marasmiaceae) 273
RAM, A.; VALLE, R. R.; GARDINI, E. A. Monília do cacaueiro. São Paulo: Fundação
Cargill, 2004. 36 p.
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Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil 275
Parte 5
Nematoides
Capítulo 18
Ditylenchus destructor Thorne
(Tylenchida: Anguinidae)
Capítulo 19
Globodera rostochiensis (Woll.) (Tylenchida:
Heteroderidae)
Capítulo 18
Ditylenchus destructor Thorne
(Tylenchida: Anguinidae)
Vilmar Gonzaga, Cláudio Marcelo Gonçalves Oliveira
Identificação da praga
Nome científico:
• Ditylenchus destructor Thorne, 1945.
Nome Comum:
• Nematoide da podridão da batata.
• Potato rot nematode.
• Potato tuber nematode.
Posição taxonômica:
• Filo: Nematoda.
• Classe: Secernentea.
• Ordem: Tylenchida.
• Família: Anguinidae.
• Gênero: Ditylenchus.
• Espécie: Ditylenchus destructor Thorne 1945.
278 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Hospedeiros
Ditylenchus destructor foi originalmente descrito por Thorne, em 1945,
nos Estados Unidos da América. Entre mais de 60 espécies atualmente reco-
nhecidas no gênero Ditylenchus, apenas algumas são parasitas de plantas
superiores, enquanto a maioria das espécies são micófagas (Sturhan; Brzeski
1991; Esmaeili et al., 2017). Apenas cinco espécies são de grande impor-
tância econômica, causando danos consideráveis a uma gama de plantas
cultivadas, as quais são: D. africanus, D. angustus, D. destructor, D. dipsaci e
D. gigas (Brzeski, 1991; Douda et al., 2013; Sturhan).
Continente Países
Biologia da praga
Tipo de dispersão
Sintomas e sinais
planta. Nas raízes e rizomas causa lesões necróticas de cor castanho escuro
(Escuer, 1998).
Foto: L. Kuzmina
Figura 2. Tubérculo de batata infectado com Ditylenchus destructor.
Danos
grau de infestação nas fazendas variou de 2% a 9%, mas até 80%-90% dos
tubérculos procedentes de alguns campos foram afetados pelo nematoide
durante o armazenamento (Kikas, 1969). O efeito de D. destructor pode ser
percebido após a colheita ou durante o armazenamento dos tubérculos de
batata, onde continua a sua reprodução e consequentemente aumenta os
danos. Os problemas causados por D. destructor na Estônia foram ameniza-
dos na década de 1990 usando material de batata-semente básica cultivada
in vitro. No entanto, 10 anos depois, D. destructor reapareceu como um pro-
blema em muitos locais (Švilponis et al., 2008). Segundo Butorina et al. (2006)
danos graves devido a D. destructor podem ser esperados em baixas densi-
dades populacionais, de 20 a 50 indivíduos por kg de solo.
Métodos de controle
Uma vez estabelecido, é quase impossível a erradicação de D. destructor
de uma área, pois pode sobreviver em uma grande variedade de plantas
hospedeiras e fungos do solo. A utilização de material de plantio sadio,
como batatas-sementes certificadas, é fundamental para o controle e
prevenção de uma futura disseminação de D. destructor. Outras medidas
incluem a destruição e remoção de tubérculos infectados e outras partes da
planta deixadas no campo. O controle de plantas infestantes também tem
demostrado ser muito efetivo (EFSA, 2016).
US$ 8 milhões, por ano, de países como Holanda, Argentina, Canadá, Estados
Unidos e Chile (Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São
Paulo, 2017).
Inspeção e detecção
Para detecção de D. destructor na batata, os tubérculos devem ser corta-
dos ou descascados para verificar a presença de pequenas manchas esbran-
quiçadas que podem estar sob a casca, nas quais o nematoide é encontrado.
Infecções leves com este nematoide podem ser facilmente ignoradas por
inspeção visual (Švilponis et al., 2008).
Capítulo 18 – Ditylenchus destructor Thorne (Tylenchida: Anguinidae) 287
Antecedentes de interceptações
São poucos os relatos de interceptações de D. destructor ocorridos no
Brasil. Carvalho (1953) relatou a interceptação desse nematoide em tubér-
288 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Referências
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Phytopathologia Mediterranea, v. 52, n. 1, p. 84-97, 2013.
1
E-mail recebido Auditor Fiscal Federal Agropecuário/Engenheiro-agrônomo Tiago Rodrigo Lohmann,
Departamento de Sanidade Vegetal/DSV – Secretaria de Defesa Agropecuária, Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, Brasília, DF, em 04 de dezembro de 2017.
Capítulo 18 – Ditylenchus destructor Thorne (Tylenchida: Anguinidae) 289
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Capítulo 19
Globodera rostochiensis (Woll.)
(Tylenchida: Heteroderidae)
Jadir Borges Pinheiro, Giovani Olegário da Silva,
Identificação da praga
O nematoide-dourado-da-batata (Globodera rosto-
chiensis) afeta negativamente plantas da família Solana-
ceae. Esta espécie desenvolve cistos de coloração com
tons de amarelo e marrom nas raízes das espécies sus-
cetíveis (Figura 1).
Posição taxonômica
• Domínio: Eukaryota.
• Reino: Metazoa.
296 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
• Filo: Nematoda.
• Ordem: Rhabditida.
• Família: Heteroderidae.
• Gênero: Globodera.
• Espécie: Globodera rostochiensis.
Sinonímias
Hospedeiros
Os principais hospedeiros de G. rostochiensis são restritos às solanáceas,
principalmente batata, tomate e berinjela, mas um grande número de plan-
tas daninhas do gênero Solanum também é hospedeiro (Sullivan et al., 2007).
O compêndio de espécies invasivas (Cabi), cita 169 espécies de hospedeiros,
a grande maioria da família Solanaceae (Cabi, 2018).
Biologia da praga
selecionar células, pela inserção do estilete nestas. Com esta inserção, logo
são secretados produtos das glândulas do esôfago nas células do hospedeiro.
A célula vegetal sofre então alterações para suprir grandes quantidades de
nutrientes para o nematoide em desenvolvimento (Golinowski et al., 1997). Ao
finalizar seu ciclo de vida, que tem duração de 38 a 48 dias, dependendo da
temperatura do solo (Chitwood; Buherer, 1945), após sua morte a resistente
cutícula permanece com ovos no seu interior, constituindo o cisto, estrutura
responsável por sua sobrevivência nas diversas condições ambientais,
podendo permanecer viável no solo por vários anos.
Tipo de dispersão
Adaptabilidade: plasticidade
Métodos de controle
O manejo em curto prazo para G. rostochiensis tem como objetivo prin-
cipal evitar perdas significativas de produção e qualidade dos tubérculos e,
a longo prazo, reduzir infestações no solo, que aumenta os problemas para
cultivos sucessivos.
para manter este grupo de patógeno fora da área de cultivo. Com isso,
reduz-se drasticamente a possibilidade de se introduzir nas lavouras tanto
nematoides já presentes no Brasil, quanto os nematoides exóticos, que
apresentam alto risco de introdução em caso de desvio de batata-consumo,
eventualmente importada, para uso como batata-semente. Apesar de
quarentenários, os nematoides formadores de cistos são de ocorrência em
países vizinhos do Brasil como Argentina, Venezuela, Peru, Colômbia, Chile,
Equador e Bolívia, representando sérios riscos de sua introdução no Brasil
(Santos, 2003; Silva; Santos, 2007). A não constatação destes nematoides
no Brasil e a facilidade com que se disseminam por meio de tubérculos
infestados ou solo aderente a eles fazem com que a batata importada seja
cuidadosamente examinada por autoridades que têm competência para tal.
Órgãos governamentais como a Estação Quarentenária de Germoplasma
Vegetal (EQGV), da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e o MAPA
funcionam como barreiras à introdução de novos patógenos no país, por
meio de análises nematológicas e determinação de medidas de quarentena
aplicadas ao germoplasma proveniente do exterior (Tenente; Manso, 1983).
Acondicionamento e transporte
Como os cistos podem ser dispersos quando aderidos aos tubérculos ou ao
solo, mesmo com solo seco, qualquer forma de transporte de tubérculos ou utili-
zação de maquinários em áreas infestadas precisam de todo cuidado para evitar
a dispersão deste inóculo. Dessa maneira, a limpeza de máquinas, caixas e qual-
quer utensílio que seja utilizado no acondicionamento dos tubérculos de batata
são fundamentais para evitar seu transporte e disseminação a longas distâncias.
Capítulo 19 – Globodera rostochiensis (Woll.) (Tylenchida: Heteroderidae) 307
Vias de ingresso
Geralmente os nematoides-de-cisto aumentam em número com o
tempo, comumente em reboleiras. Quando o solo de áreas infestadas
é movimentado, por exemplo, com maquinário agrícola, implementos e
trabalhadores rurais, os cistos podem aderir a partículas de solo e são
facilmente transferidos para áreas não infestadas. Isso pode ocorrer em
todos os níveis, local ou internacionalmente. Transporte de plantas colhidas
e tubérculos também requerem extremos níveis de cuidado para prevenir a
dispersão. Materiais embalados também podem conter cistos, que podem
ser introduzidos em ambientes favoráveis para a contaminação.
Inspeção e detecção
Conforme citado anteriormente, os nematoides-de-cisto-da-batata,
bem como outros nematoides-de-cisto, não causam sintomas específicos
de infestação. Inicialmente, cultivos podem mostrar sintomas de fraco
desenvolvimento e as plantas podem apresentar clorose e murchamento.
Quando os tubérculos são colhidos há perdas de rendimento e os tubérculos
serão menores. Para ter certeza de que estes sintomas são causados por
nematoides-de-cisto e para ter indicação da população, amostras de
solo podem ser retiradas ou as fêmeas ou cistos podem ser observados
diretamente nas raízes dos hospedeiros. Pesquisas de números e distribuição
dos nematoides-de-cisto são pré-requisitos para tomadas de decisões quanto
ao seu manejo. Amostras podem ser retiradas do campo para saber se o
308 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Antecedentes de interceptações
A batata foi primeiramente domesticada e cultivada por povos dos Andes
provavelmente há mais de 8.000 anos. Quando o Peru foi colonizado pela
Espanha em 1531, a batata já era fonte importante de alimento para aquele
povo. A batata foi levada para a Europa em algum período no Século XVI na
Espanha. Outra introdução ocorreu na Inglaterra por volta de 1590, mas não da
mesma fonte. A partir destas introduções, a batata se dispersou pela Europa e
por outras partes do mundo. No Século XIX, a batata havia sido cultivada e dis-
persada por longas áreas geográficas pelo comércio e movimento de pesso-
as. Com o advento da grande epidemia da requeima-da-batata (Phytophthora
infestans), na metade do Século XIX, muitas pessoas na Europa sofreram com
a fome, particularmente o povo Irlandês que naquela época era dependente
Capítulo 19 – Globodera rostochiensis (Woll.) (Tylenchida: Heteroderidae) 309
da batata como seu alimento básico. Não há relatos de danos causados pelo
nematoide-dourado-da-batata naquela época, mas se não era reconhecido ou
se ainda não havia sido introduzido não se sabe. Porém, como a batata era tão
importante fonte de alimentos para a Europa, foi realizada busca por fontes de
resistência na sua origem, a América do Sul. O novo material genético foi utili-
zado para cruzamentos com variedades locais adaptadas a dias longos e mais
adaptadas às condições Europeias. É bem provável que os nematoides-de-
-cisto foram introduzidos na Europa com este novo material genético por volta
de 1850. Em 1881, Kuhn reportou pela primeira vez danos de nematoides-de-
-cisto em batata, embora naquela época tenha sido descrito como o nematoi-
de da beterraba Heterodera schachtii. Os trinta anos entre 1881 e a introdução
do novo material genético, muito provavelmente com solo e cistos aderidos,
foi suficiente para os nematoides-de-cisto causarem danos importantes nos
campos e culturas. Em 1923, Wollenweber descreveu o nematoide-de-cisto
em batata como uma nova espécie Heterodera rostochiensis. Posteriormen-
te, H. pallida foi descrito por Stone em 1973 como uma segunda espécie de
nematoide-de-cisto ocupando quase que idêntico nicho, mas tendo significa-
tivas diferenças fisiológicas, morfológicas e bioquímicas. Na América do Norte,
G. rostochiensis foi primeiramente descoberto em Long Island, New York em
1941. O nematoide provavelmente foi introduzido aderido a equipamentos
militares que retornaram da Europa depois de Segunda Guerra Mundial –
este campo cultivado com batatas foi constituído no local de um antigo
campo militar.
América do Norte e América do Sul, incluindo países onde este tipo de nema-
toide existe. Como precaução, o Brasil exige que o país exportador realize
análises e emita certificado garantindo que o material é isento de riscos, mas
todas estas análises, inclusive aquelas realizadas a partir de amostras retiradas
de contêiner nos portos, são feitas por amostragem, não sendo possível ava-
liar todos os tubérculos-semente que entram no país. Dessa forma, enquanto a
importação de batata-semente é permitida, existem permanentes riscos des-
tas e de outras pragas quarentenárias entrarem no país.
Referências
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Capítulo 19 – Globodera rostochiensis (Woll.) (Tylenchida: Heteroderidae) 311
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Parte 6
Procariotos
Capítulo 20
Fitoplasmas associados às Síndromes do Tipo
Amarelecimento Letal das Palmeiras
Capítulo 21
Pantoea stewartii subsp. stewartii (Enterobacteriales:
Enterobacteriaceae)
Capítulo 22
Xanthomonas oryzae pv. oryzae (Xanthomonadales:
Xanthomonadaceae)
Capítulo 23
Xylella fastidiosa subsp. fastidiosa
(Xanthomonadales: Xanthomonadaceae)
Capítulo 20
Fitoplasmas associados às
Síndromes do Tipo Amarelecimento
Letal das Palmeiras
Identificação da praga
Posição taxonômica
• Domínio: Bactéria.
• Filo: Tenericutes.
• Classe: Mollicutes.
• Ordem: Acholeplasmatales.
• Familia: Acholeplasmataceae.
Sinonímias
• Lethal yellowing.
• Coconut lethal yellowing.
• Lethal yellowing of palms.
• Palm lethal yellowing.
• Palm lethal decline.
• Lethal yellowing type-disease.
• Amarelecimento letal.
• Jaunissement mortel du cocotier.
• Amarillamiento letal del cocotero (Mexico, Honduras, Guatemala).
• Cape Saint paul Wilt (Ghana).
• Maladie de Kaïncopé (Togo).
• Awka disease (Nigeria).
• Maladie de Kribi (ou Kribi disease) (Camarões).
• Coconut lethal disease, lethal disease (LD) ou lethal decline Tanzania.
Capítulo 20 – Fitoplasmas associados às Síndromes do Tipo Amarelecimento Letal... 317
Hospedeiros
Família Arecaceae
• Acrocomia aculeata.
• Adonidia merrillii.
• Aiphanes lindeniana.
• Allagoptera arenaria.
• Arenga engleri.
• Bismarkia sp..
• Borassus flabellifer.
• Caryota mitis.
• Caryota rumphiana.
• Caryota urens.
• Chelyocarpus chuco.
• Chrysalidocarpus cabadae (?).
• Cocos nucifera.
• Coccothrinax readii.
• Copernicia alba.
• Corypha taliera.
• Corypha utan.
• Crysophila warsecewiczii.
• Cyphophoenix nucele.
• Dictyosperma album.
• Dypsis cabadae.
• Dypsis decaryi.
• Gaussia attenuata.
318 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
• Howea belmoreana.
• Howea forsteriana.
• Hyophorbe verschaffeltii ou Mascarena vershaffeltii.
• Latania lontaroides.
• Livistona chinensis.
• Livistona rotundifolia.
• Nannorrhops ritchiana.
• Phoenix canariensis.
• Phoenix dactylifera.
• Phoenix reclinata.
• Phoenix roebelenii.
• Phoenix rupicola.
• Phoenix sylvestris.
• Pritchardia affinis.
• Pritchardia maideniana.
• Pritchardia pacifica.
• Pritchardia remota.
• Pritchardia thurstonii.
• Ravenea hildebrantii.
• Roystonea regia.
• Sabal mexicana.
• Sabal palmetto.
• Syagrus romanzoffiona.
• Syagrus romanzoffiona x Butia capitata.
• Syagrus schizophylla.
Capítulo 20 – Fitoplasmas associados às Síndromes do Tipo Amarelecimento Letal... 319
• Trachycarpus fortunei.
• Thrinax radiata.
• Veitchia arecina.
• Veitchia macdanielsii.
• Washingtonia robusta.
• Wodyeta bifurcata.
Outras famílias
Biologia da praga
Figura 2. Fitoplasmas dentro dos elementos de tubos crivados de uma inflorescência de co-
queiro afetado pela “maladie de Kaïncopé” no Togo.
322 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Sabe-se que nem todas as “cepas” do grupo 16SrIV são a causa das
epidemias de LYTS. Por exemplo, em Tabasco (México), fitoplasmas do
subgrupo 16SrIV-B foram detectados em coqueiros afetados por uma
espécie de “desordem”, com folhas marrom avermelhadas (sem sintoma
típico de amarelecimento das folhas) três anos antes de uma epidemia de
LY ocorrer (Tymon et al., 1998; Harrison et al., 2002a). Em Colima, Guerrero
e Oaxaca (México), os fitoplasmas do subgrupo 16SrIV-D foram associados
a sintomas de “amarelecimento das folhas” em coqueiro, mas sem queda
dos frutos ou necrose de inflorescências, ambos típicos sintomas de LY. Tais
plantas foram detectadas ao acaso na região, sem dispersão da doença ou
ocorrência de epidemia (Harrison et al., 2002a, 2002b).
Tipo de dispersão
Figura 11. Percevejo Platacantha lutea (Pentatomidae) hospedeiro dos fitoplasmas do LYTS
que ocorrem na Província de Cabo Delgado, em Moçambique.
328 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Adaptabilidade: plasticidade
Figura 14. Eescurecimento e necrose das ráquilas da última inflorescência aberta de um coqueiro
infectado por Ca. Phytoplasma palmicola responsável pela LYTS na Zambézia (Moçambique).
Capítulo 20 – Fitoplasmas associados às Síndromes do Tipo Amarelecimento Letal... 333
Figuras 18 a 21. Sintomas avançados de LYTS: na Jamaica (18), Moçambique (19), Gana (20)
e República Dominicana (21).
Capítulo 20 – Fitoplasmas associados às Síndromes do Tipo Amarelecimento Letal... 335
Métodos de controle
Os fitoplasmas são suscetíveis a antibióticos como as tetraciclinas.
Coqueiros tratados por endoterapia com tetraciclina em um estágio muito
inicial da LYTS, antes da expressão do amarelecimento das folhas, ou em fase
muito inicial do amarelecimento, podem ser recuperados (McCoy, 1972; Stei-
ner, 1976). Porem, a remissão dos sintomas não foi obtida em 100% das plan-
tas tratadas e quando ocorreu, 4 a 7 meses depois os sintomas reaparecem.
Isso significa que o tratamento deve ser repetido quatro vezes por ano ou
mais. Além disso, uma desvantagem importante da endoterapia é a neces-
sidade de realizar perfurações no estipe provocando lesões permanentes
no tronco. Isso poderia induzir a ocorrência da resinose ou “stem bleeding”
causada por Ceratocystis paradoxa (Dade) C. Moreau (anamorfo: Thielaviopsis
paradoxa (de Seynes) Höhn) ou outras infecções secundárias, enfraquecen-
do progressivamente o estipe e expondo-o ao risco de quebra em caso de
ventos fortes.
et al., 1987). No início dos anos 2000, muitas dessas plantações foram com-
pletamente destruídas pelo AL, em níveis que chegaram a entre 90% e
100% de plantas mortas (Figura 22). As causas dessas taxas de mortalida-
de, nunca registradas anteriormente, não foram totalmente compreendi-
das. Acredita-se que ocorreram mutações dos fitoplasmas associados ao
AL nesses casos, ou uma alteração no vetor ou, conforme demonstrado,
ocorreram heterogeneidades e contaminações no material genético plan-
tado. A questão genética não explica tudo, mas provavelmente desempe-
nhou um importante papel nestas epidemias (Baudoin et al., 2008; Lebrun
et al., 2008).
Figura 22. Plantação de coqueiros híbridos MAYPAN mortos por LY na Jamaica em 2001.
338 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Condicionamento e transporte
A FAO / IBPGR (Diretrizes técnicas para o movimento seguro do germo-
plasma de coqueiro) recomenda que o germoplasma de coco seja de prefe-
rência transportado em tubos de culturas de embriões (ou pólen) (ver item 6).
Se a transferência de germoplasma for por meio dos frutos, o principal risco
reside na possível presença de insetos-vetores contaminados nos sacos, con-
tainers ou em qualquer outro recipiente utilizado no transporte. O tratamento
do material com inseticidas, na partida, bem como na chegada é importante.
Vias de ingresso
A dispersão a longas distâncias ocorreu, geralmente através de
introduções clandestinas de material vegetal – coqueiros ou palmeiras jovens
ou adultas e ainda por meio de gramíneas - para projetos de paisagismo, como
parques, balneários ou campos de golfe ou para projetos urbanos. As plantas
transportadas poderiam estar infectadas (ainda no período de incubação
sem sintomas externos) e as espécies de insetos já estariam presentes nos
locais de importação, ou insetos infecciosos ocultos foram transportados
nos recipientes e nas folhas/raízes do material vegetal. Aeroportos e portos
340 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Inspeção e detecção
No Brasil, a Instrução Normativa N° 47 de 24 de setembro de 2013 esta-
belece o “Plano de Contingência para o Amarelecimento Letal do Coquei-
ro (Coconut Lethal Yellowing)”, porém o Manual de Procedimentos desta IN
ainda precisa ser redigido.
Antecedentes de interceptações
Não se aplica.
Diante disso, o AL foi classificado pelo MAPA, em 2014, como uma praga
quarentenária ausente no Brasil, de alta prioridade.
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Identificação da praga
Nome científico
• Bacteria.
• Proteobacteria.
• Gammaproteobacteria.
• Enterobacteriales.
• Enterobacteriaceae.
• Pantoea.
354 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Hospedeiros
O principal hospedeiro é o milho (Zea mays L.), especialmente cultivares
de milho-doce (Rand;Cash, 1933; Stewart,1897). A bactéria afeta ainda gra-
míneas forrageiras como Tripsacum dactyloides e o teosinto (Zea mexicana),
parente selvagem do milho. Outras gramíneas foram citadas como hospe-
deiras secundárias, tais como o Agrostis gigantea, Dactylis glomerata, Pani-
cum spp., Poa pratensis, Setaria lutescens e Sorghum sudanense (Poos, 1939;
Bradbury, 1986; Janse, 2005; Cabi, 2018) e, ainda, Coix lacryma-jobi, Euchlae-
na perennis, Schlerachne punctata (Bradbury, 1986; Cabi, 2018). Setaria palli-
defusca é considerada hospedeira alternativa (Eppo, 2014). A ornamental
Dracaena sanderiana apresentou sintomas de murcha em casa de vegetação
em plantas importadas pela Coréia do Sul (Choi; Kim, 2013). O arroz (Oryza
sativa L.) foi relatado como hospedeiro (Kini et al., 2017a, 2017b). A bacté-
ria foi isolada de cebola em Porto Rico (Alameda; Rivera-Vargas, 2010). O
besouro do milho Chaetocnema pulicaria Melsh (Coleoptera: Chrysomelidae)
desempenha importante papel na dispersão da bactéria (Rand; Cash, 1933).
Capítulo 21 – Pantoea stewartii subsp. stewartii (Enterobacteriales: Enterobacteriaceae) 355
Figura 1. Distribuição geográfica de Pantoea stewartii subsp. stewartii, que causa a murcha
bacteriana ou a doença de Stewart no milho.
356 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Biologia da praga
Tipo de dispersão
Métodos de controle
Um sistema de alerta desenvolvido por Stevens (1934) tem sido eficiente
para prevenir e controlar a doença nos Estados Unidos da América. Pulveri-
zações com antibióticos reduzem significativamente a incidência da doença
(Lockwood; Williams, 1956). No entanto, o uso de antibióticos não tem sido
recomendável. Tratamentos de sementes com inseticida são eficientes para
eliminar o vetor (Pataky et al., 2000; Pataky, 2003). Práticas de manejo para
reduzir a população do vetor têm impacto positivo no controle da bactéria
(Pataky, 2003).
Acondicionamento e transporte
Vias de ingresso
As principais vias de ingresso são portos, aeroportos por meio da impor-
tação da commodity ou de sementes, de embalagens e produtos artesanais
de palha que possam abrigar a bactéria e o vetor C. pulicaria.
Inspeção e detecção
A Eppo (2016) harmonizou um protocolo para diagnose da doença.
Reconhecer os sintomas da murcha após a infecção sistêmica da bactéria,
que obstrui o xilema, e a queima das folhas é fundamental para o início da
diagnose. Amostragens de cinco a dez folhas, espigas, pendões, sementes
oriundas de plantas com sintomas típicos devem ser submetidas aos testes de
laboratório. Isolamentos da bactéria em meios de cultura sólidos podem ser
feitos a partir de amostras coletadas de plantas com sintomas para estudos
da morfologia das colônias e da célula bacteriana, exigências nutricionais e
testes bioquímicos. Para sementes, o protocolo recomenda uma amostra de
400 sementes que deve ser dividida em sub-amostras de até 100 sementes.
Após a obtenção da bactéria pelo método de embebição de sementes em
tampão fosfato ou a partir do suco de plantas infectadas, alíquotas devem ser
submetidas aos testes de IF e PCR em tempo real. Como o número de célu-
las viáveis decresce rapidamente nos macerados, diluições devem ser feitas
a partir de extratos de plantas ou sementes para a obtenção de cultura pura
da bactéria em meios de cultura sólidos. Em caso de resultado positivo, testes
de identificação devem ser realizados pelas técnicas de IF, ELISA, moleculares
e perfil de ácidos graxos. Se no mínimo dois destes testes forem positivos,
deve-se fazer o teste de patogenia para cumprir os Postulados de Koch.
Antecedentes de interceptações
No Brasil, houve um relato de P. stewartii subsp. stewartii em milho na
região de Avaré, SP (Pereira; Zagatto, 1968). Entretanto, este relato não se
confirmou e a bactéria consta como ausente (Cabi, 2018) e de status quaren-
tenário no país (Brasil, 2008).
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Identificação da praga
Nome científico:
Posição taxonômica:
• Classe: Gammaproteobacteria.
• Ordem: Xanthomonodales.
• Família: Xanthomonadaceae.
Sinonímias:
Nome comum:
Abreviação: Xoo
Hospedeiros
A principal espécie agrícola infectada por Xanthomonas oryzae pv.
oryzae (Xoo) é o arroz (Oryza sativa L.). A bactéria causa doença também
em várias outras gramíneas, como Cynodon dactylon, Cyperus spp., Leersia
spp., Leptochloa spp., Panicum maximum, Paspalum scrobiculatum, Zizania
spp., Zoysia spp., e espécies silvestres de arroz (Oryza spp.) (Ou, 1985;
Mew, 1987). Muitas outras gramíneas apresentam compatibilidade com
a bactéria quando inoculadas artificialmente (Bradbury, 1970a; 1970b).
O nível de suscetibilidade varia bastante entre as espécies submetidas
a inoculação.
Figura 1. Países onde a bactéria Xanthomonas oryzae pv. oryzae foi detectada infectando arroz
e outras gramíneas.
Biologia da praga
Xanthomonas oryzae pv. oryzae é responsável por uma das mais
importantes doenças de arroz. O potencial destrutivo e o impacto econômico
da doença inclui o seu agente causal entre os dez mais importantes patógenos
bacterianos de plantas (Mansfield et al., 2012). A doença foi descrita
370 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Tipo de dispersão
Adaptabilidade: plasticidade
Lesões causadas pelo vento, por impacto ou por insetos também são
pontos propícios de penetração na planta. A síndrome de “kresek” ou mur-
cha bacteriana, por exemplo, é geralmente associada com infecção de plân-
tulas por ferimentos causados durante as operações de transplantio. Neste
caso, a infecção ocorre através de raízes danificadas quando as plântulas
são retiradas do viveiro para efetuar o transplantio no campo. Além disso, é
comum no transplantio o agricultor podar a ponta das folhas para diminuir
376 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
É importante notar que Xoo pode estar presente em tecido que não
apresenta qualquer sintoma inicial até o patógeno atingir concentração sufi-
ciente para iniciar o processo de infecção (Barton-Willis et al., 1989; Zhao et
al., 2011; He et al., 2010; Verdier et al., 2012), a depender da resistência ou
suscetibilidade do hospedeiro.
Métodos de controle
Medidas de controle da doença vêm sendo testadas há décadas. Práti-
cas culturais como desinfecção de sementes, eliminação de ervas daninhas e
restos culturais, drenagem adequada na produção de mudas ou remoção de
plantas infectadas no campo, são adotadas em vários países onde a bactéria
é endêmica. Estas práticas contribuem para minimizar os danos causados
pelo patógeno, mas não são suficientes para evitar as quebras de produção.
Condicionamento e transporte
O transporte de isolados do patógeno é restrito e deve seguir as reco-
mendações internacionais para condicionamento, importação e movimenta-
ção de material biológico quarentenário. A importação de material biológico
de regiões onde a doença é endêmica deve seguir a legislação de defesa
sanitária e as diretrizes internacionais de controle quarentenário.
Vias de ingresso
O intercâmbio de mudas e partes de arroz entre países é muito limitado.
As sementes infectadas com a bactéria são a principal via de ingresso da
doença em um país. Na semente, a bactéria pode ser encontrada na superfí-
cie externa, bem como no endosperma. Métodos uniformes adotados inter-
nacionalmente para a detecção e diagnóstico da bactéria, além de infraestru-
tura e recursos humanos adequados, devem estar disponíveis para a conten-
ção, tratamento e erradicação da doença em caso de suspeita de introdução.
Inspeção e detecção
A identificação da bactéria é realizada através de um conjunto de méto-
dos diretos e indiretos. Anticorpos monoclonais são há muito empregados
na detecção através de ensaios ELISA (Enzyme-Linked Immuno Sorbent Assay)
pela análise de imunofluorescência das colônias que reagem com anticorpos
(Gnanamanickam et al., 1999). O ensaio apresenta evidência da presença da
bactéria na amostra biológica testada, mas pode não ser sensível o suficiente
para pequenas quantidades da bactéria e pode também apresentar reação
cruzada com outras espécies de Xanthomonas (Souza Junior et al., 2015).
380 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Antecedentes de interceptações
No Brasil há relatos de interceptação quarentenária do patógeno em
veículos de imprensa (Hamm, 2007) e de detecção de Xanthomonas (mas
não de Xoo) em amostras de sementes de arroz oriundas de outros países
(Souza Junior et al., 2015). Há carência, contudo, de relatos oficiais de inter-
ceptação feitos diretamente pelos órgãos responsáveis. Os dados de inter-
ceptação são importantes para a formulação de políticas públicas que visam
minimizar o risco de introdução de organismos quarentenários no país (Silva
et al., 2016).
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Capítulo 23
Xylella fastidiosa subsp. fastidiosa
(Xanthomonadales: Xanthomonadaceae)
Abi Soares dos Anjos Marques, Lucas da Ressurreição Garrido
Identificação da praga
O “mal-de-Pierce” da videira é causado pela bactéria
Xylella fastidiosa subsp. fastidiosa. Durante muitos anos,
acreditou-se ser um vírus o agente causal da doença. Essa
situação permaneceu desde o final da década de 1930 até
o início de 1970, quando experimentos demonstraram
que havia supressão de sintomas pelo uso de antibióticos
e erradicação do agente causal por tratamento térmico
(Pearson; Goheen, 1988). Nos anos seguintes, estudos
com microscopia eletrônica (Mollenhauer; Hopkins, 1974)
permitiram a visualização de bactérias no xilema de
plantas infectadas e em 1978 a bactéria foi cultivada (Davis
et al., 1980), possibilitando completar os postulados de
Koch. A bactéria é gram-negativa, limitada ao xilema da
planta, apresenta crescimento lento e é nutricionalmente
fastidiosa, requerendo fatores de crescimento. As células
390 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Nome científico
• Xylella fastidiosa subsp. fastidiosa.
Posição taxonômica
• Domínio: Bacteria.
• Filo: Proteobacteria.
• Classe: Gammaproteobacteria.
• Ordem: Xanthomonadales.
• Família: Xanthomonadaceae.
• Gênero: Xylella.
• Espécie Xylella fastidiosa.
• Subespécie Xylella fastidiosa subsp. fastidiosa.
Sinonímias
Hospedeiros
X. fastidiosa subsp. fastidiosa infecta diferentes espécies vegetais além
da videira (Vitis vinifera), incluindo a amendoeira (Prunus dulcis), a alfafa
(Medicago sativa), Acer spp., entre outras (Schuenzel et al., 2005). Isolados
provenientes de videira foram transmitidos com sucesso para 75 de 100
espécies testadas (Janse; Obradovic, 2010). De acordo com European Food
Safety Authority (EFSA, 2016), a lista atual de espécies de plantas para X.
fastidiosa consiste de 359 espécies de plantas incluindo híbridos de 204
gêneros e 75 diferentes famílias botânicas. Esse relatório menciona como
hospedeiros da subespécie fastidiosa, em plantas naturalmente infectadas,
as seguintes espécies: Sambucus canadenses, Ambrosia artemisiifolia, Ratibida
columnifera, Humulus scandens, Diplocyclos palmatus, Mallotus paniculatus,
Cercis occidentalis, Lupinus aridorum, Medicago sativa, Spartium junceum,
Magnolia grandiflora, Morus rubra, Metrosideros sp., Prunus avium, Prunus
dulcis, Prunus pérsica, Coffea arábica, Citrus sinensis, Citrus sp. e, da família
Vitaceae Ampelopsis brevipedunculata, Vitis aestivalis, Vitis giardiana, Vitis
labrusca, Vitis rotundifolia.
392 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Biologia da praga
De modo geral assume-se, para X. fastidiosa subsp. fastidiosa, aspectos
da biologia da praga descritos para a espécie.
Tipo de dispersão
Adaptabilidade: plasticidade
Nos EUA, entre 1994 e 2000, mais de (400 ha) de vinhedos no norte
da Califórnia foram afetados, resultando em $ 30 milhões em danos, segundo
Webster & Nation, (2000) citado por Bruening et al. (2014). Nas áreas onde X.
fastidiosa subsp. fastidiosa ocorre naturalmente, V. vinifera e V. labrusca não
podem ser cultivadas porque são rapidamente infectadas, devido à alta taxa
de disseminação natural sendo a principal limitação da produção de uvas
no sul dos Estados Unidos. O manejo das atividades visando o controle da
doença pelos produtores de uvas da Califórnia é estimado em $ 104 milhões/
ano e pela indústria de citros do Brasil em $120 milhões/ano (IPCC, 2017).
Métodos de controle
As medidas fitossanitárias e preventivas devem ser reforçadas com outras
ações profiláticas baseada na experiência de países com histórico da doença,
considerando a ampla gama de hospedeiros, inúmeros insetos-vetores,
presença de plantas com a bactéria em estado latente e grande movimento
global de material vegetativo. O controle químico curativo da bactéria não é
possível, devendo ser priorizada a utilização de cultivares resistentes, adoção
de medidas culturais e higiênicas, além do controle químico e biológico dos
398 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Condicionamento e transporte
A preservação e transporte de amostras para análise deve ser realiza-
da adotando-se os procedimentos: agitar os ramos a fim de garantir que os
mesmos não transportem espécies vetores adultos ou juvenis que possam
escapar para fora da região de coleta; colocar as amostras em containers
fechados; manter em temperatura fria para evitar a desidratação; transportar
as amostras ao laboratório o mais breve possível (Eppo, 2016).
Vias de ingresso
Os países produtores de uvas devem proibir ou severamente restringir
a importação de material para plantio de videira oriundos de países, onde a
X. fastidiosa subsp. fastidiosa ocorre. Como recomendado pela EPPO (Cabi,
2018), se material vegetativo for importado sob licença, o mesmo deve ser
mantido em quarentena pós-entrada por dois anos e deve mostrar-se livre
do patógeno. Plantas importadas e frutas devem estar livres de vetores,
possivelmente pelo uso de um tratamento apropriado.
400 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Inspeção e detecção
O método mais sensível e confiável para detecção de X. fastidiosa é pela
PCR (Minsavage et al., 1994). Pooler et al. (1997) demonstraram que uma
amostra muito maior de tecido da planta pode ser processada por PCR, evi-
tando problemas com inibidores e a distribuição irregular da bactéria na
planta, o que pode afetar a detecção quando se utiliza pequenas amostras.
Li et al. (2013) desenvolveram dois ensaios baseado na TAqMan, um alvo
da região 16S rDNA, para identificação de X. fastidiosa a nível de espécies
hospedeiras e estirpes. Sondas de hibridização de DNA e primers específi-
cos para X. fastidiosa foram desenvolvidos (Firrao; Bazzi, 1994; Minsavage et
al., 1994). O patógeno pode também ser detectado em seus insetos vetores
(Yonce; Chang, 1987). A caracterização e identificação de estipes principal-
mente empregando métodos moleculares (Chen et al., 1992; Hendson et al.,
2001; Colleta-Filho; Machado, 2001; Colleta-Filho; Machado, 2003) avançará
indefinidamente com o progresso tecnológico, tornando as técnicas mais
precisas e baratas. Diferentes métodos de diagnóstico usados ou desenvol-
vidos para detecção e identificação de X. fastidiosa são detalhados em Janse
(2010). Recentes avanços incluem detecção molecular “on-site” usando PCR
em tempo real (Yaseen et al., 2015).
Antecedentes de interceptações
Não há antecedentes de interceptação de X. fastidiosa subsp. fastidiosa,
pelas Estações Quarentenárias brasileiras, credenciadas pelo Mapa.
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Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil 411
Parte 7
Vírus
Capítulo 24
Doença do Mosaico Africano da Mandioca (African
Cassava Mosaic Disease, ACMD) (Geminiviridae
(Geminiviridae: Begomovirus)
Capítulo 25
Plum pox virus (PPV) (Potyviridae: Potyvirus)
Capítulo 26
Tomato ringspot virus (ToRSV) (Picornavirales:
Secoviridae)
Capítulo 24
Doença do Mosaico Africano da Man-
dioca (African Cassava Mosaic Disease,
ACMD) (Geminiviridae: Begomovirus)
Nome científico:
• African cassava mosaic virus (ACMV), Bock;
Woods, 1983
• African cassava mosaic Burkina Faso virus
(ACMBFV), Tiendrébéogo et al., 2012
• Cassava mosaic Madagascar virus (CMMGV),
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• Sri Lankan cassava mosaic virus (SLCMV), Saunders et al., 2002
• Gênero: Begomovirus.
Sinonímias
Hospedeiros
A maioria das espécies dos vírus que causam o ACMD ocorrem nos
seguintes países do continente africano: África do Sul, Angola, Benin, Burkina
Faso, Burundi, Camarões, Costa do Marfim, Etiópica, Gabão, Gâmbia, Gana,
Guiné, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Kenya, Lesoto, Libéria, Madagascar,
Malawi, Mauritânia, Moçambique, Nigéria, República Democrática do Congo,
República do Congo, Rwanda, Senegal, Serra Leoa, Somália, Sudão, Sudão
do Sul, Swazilândia, Tanzânia, Togo, Uganda, Zâmbia, Zimbabwe. Ainda há a
presença do ICMV na Índia e do SLCMV que no Sri-Lanka e Camboja (Figura 1).
416
Foto: Marcelo Negrini Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Figura 1. Distribuição geográfica dos vírus causadores do ACMD, ICMV e SLCMV. Elaborada
com dados do Cabi (2018).
Biologia da praga
Tipo de dispersão
uma vez adquirido pela mosca-branca ainda na sua fase de ninfa, permanece
no inseto até a fase adulta. Entretanto, não há transmissão transovariana do
vírus (transmissão da mãe para a progênie) (Dubern, 1994).
Adaptabilidade: plasticidade
Métodos de controle
As duas principais medidas de controle são plantio de variedades resis-
tentes e o emprego da sanitização (Thresh et al., 1998; Thresh; Cooter, 2005).
Programas de melhoramento genético foram capazes da introgressão de
dois genes de resistência, CMD 1 e CMD 2, e gerar variedades com elevada
tolerância às espécies de CMGs (Fondong, 2017). Práticas culturais também
devem ser empregadas no controle de CMGs, principalmente a seleção de
plantas assintomáticas no campo para serem utilizadas como material de
plantio e a destruição de plantas infectadas (mandioca e hospedeiros alter-
nativos) (Thresh et al., 1998).
Capítulo 24 – Doença do Mosaico Africano da Mandioca (African Cassava Mosaic... 421
Condicionamento e transporte
Como os produtos comerciais provenientes da mandioca são as raízes
e seus derivados (farinha e fécula) que não oferecem risco de dissemina-
ção de CMGs, não há exigências especiais para o seu acondicionamento
e transporte.
Vias de ingresso
As duas formas de entrada de CMGs no Brasil são por meio de material
propagativo infectado (manivas ou mudas de cultura de tecidos) ou de B. tabaci
virulíferas presentes em plantas importadas, principalmente ornamentais
(Cabi, 2018). A entrada pode ocorrer pelas vias terrestre, marítima e aérea.
422 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Inspeção e detecção
Levando-se em consideração as duas formas de introdução de
CMGs no Brasil, os procedimentos de inspeção devem ser realizados
nas bagagens de passageiros que chegam ao território brasileiro prove-
nientes de países com relatos de CMGs, ou provenientes de outros paí-
ses, mas que antes tenham passado por países com registro de CMGs.
No caso da importação de plantas, a entrada do material no país deve
seguir as normas legalmente estabelecidas para esse fim, visando evi-
tar a entrada de moscas-brancas virulíferas nas plantas importadas,
assim como também evitar a entrada de espécies de plantas infecta-
das com CMGs, obedecendo os trâmites quarentenários com a realização
de testes diagnósticos.
Antecedentes de interceptações
Ocorreu uma interceptação de mandioca infectada com ACMV no Brasil.
Folhas de mandioca foram interceptadas na bagagem de um passageiro que
desembarcava no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (REF). Análise da
amostra identificou a presença de ACMV (Ambrozevicius et al., 2000).
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Identificação da praga
Nome científico:
• Plum pox virus (PPV).
Posição taxonômica
• Família: Potyviridae.
• Gênero: Potyvirus.
Sinonímias
• Annulus pruni.
• Prunus virus 7.
• Sharka virus.
432 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Hospedeiros
Cichorium sp., Cirsium arvense, Clematis sp., Convolvulus arvensis,
Euonymus europaeus, Juglans regia, Ligustrum vulgare, Prunus americana,
Prunus andersonii, Prunus angustifolia, Prunus armeniaca, Prunus avium,
Prunus besseyi, Prunus blireana, Prunus cerasifera, Prunus cerasus, Prunus
cistena, Prunus davidiana, Prunus domestica, Prunus dulcis, Prunus emarginata,
Prunus fruticosa, Prunus glandulosa, Prunus hortulana, Prunus humilis, Prunus
ilicifolia, Prunus incam, Prunus incisa, Prunus japonica, Prunus laurocerasus,
Prunus lyonii, Prunus maackii, Prunus mahaleb, Prunus marianna, Prunus
maritima, Prunus mexicana, Prunus mume, Prunus nigra, Prunus padus, Prunus
pensylvanica, Prunus persica, Prunus pumila, Prunus salicina, Prunus sargentii,
Prunus serotina, Prunus serrulata, Prunus spinosa, Prunus subhirtella, Prunus
tenella, Prunus tomentosa, Prunus triloba, Prunus virginiana, Prunus yedoensis,
Rorippa sylvestris, Solanum nigrum, Sonchus sp., Taraxacum officinale, Trifolium
sp. (Garcia et al., 2014; Damsteegt et al., 2007; Cabi, 2017).
• África: Egito e Tunísia (Cabi, 2017; Loera-Muro et al., 2017) (Figura 1).
Capítulo 25 – Plum pox virus (PPV) (Potyviridae: Potyvirus) 433
Biologia da praga
Tipo de dispersão
Adaptabilidade: plasticidade
O vírus apresenta oito estirpes (An, T, M, Rec, D, EA, W, W3174, C, CR) (Gar-
cia et al., 2014) os quais são claramente distinguíveis sob a perspectiva soroló-
gica e molecular, porém as diferenças de patogenicidade, gama de hospedeiro
e epidemiologia entre essas estirpes ainda não estão totalmente esclarecidas.
Métodos de controle
As medidas de exclusão são as principais para áreas onde o vírus ainda
não ocorre. Estas incluem a inspeção rigorosa e/ou regulamentação do
material importado (quarentena). Nas regiões onde a doença ocorre, uma
série de medidas de controle são sugeridas. Estas incluem a produção de
mudas com certificação; inspeção anual de pomares e viveiros; erradica-
ção de plantas doentes dos pomares; controle de populações de afídeos,
especialmente na época de revoada, visando diminuir a taxa de progresso
da doença; utilização de material com resistência ao vírus (Cabi, 2017; Shar-
co, 2017). Poucas fontes de resistência natural ao PPV têm sido encontra-
das em Prunus para o melhoramento convencional. Alguns materiais obti-
dos via engenharia genética tem apresentado resultados promissores de
resistência ao PPV (Garcia et al., 2014).
Condicionamento e transporte
A EPPO (European and Mediterranean Plant Protection Organization)
recomenda que todo o material importado (exceto sementes) seja proveniente
de campos sujeitos à inspeção durante a estação de crescimento. Se o vírus
está presente no país exportador, essa inspeção também deve englobar
áreas próximas ao campo, e o material deve ser derivado de plantas-mães
testadas (Eppo, 1990).
Vias de ingresso
A dispersão ocorre através do transporte de partes de plantas infec-
tadas ou por meio de várias espécies de afídeos vetores (Aphis craccivora,
Aphis fabae, Aphis gossypii, Aphis hederae, Aphis spiraecola, Brachycaudus
cardui, Brachycaudus helichrysi, Brachycaudus persicae, Hyalopterus pruni,
Metopolophium dirhodum, Myzus persicae, Myzus varians, Phorodon humu-
li, Rhopalosiphum padi) (Gildow et al., 2004; Glasa; Candresse, 2005; Cabi,
2017). A transmissão é do tipo não-persistente. Os afídeos podem adquirir
o vírus a partir de folhas infectadas, flores ou frutos em períodos de tempo
muito curtos (segundos a minutos) e podem transmiti-lo a novas plantas em
poucos minutos. Não existe um período latente no inseto. A doença ocorre
aleatoriamente nos pomares. Após 2-3 anos (possivelmente mais cedo em
pomares de pêssegos), a infecção começa a se espalhar a partir das primeiras
plantas infectadas (Llácer et al., 1986). A transmissão via enxerto pode contri-
buir significativamente para a disseminação do vírus em áreas infectadas se
o material a ser utilizado não for certificado. A disseminação do vírus entre
áreas ou países ocorre mais frequentemente em material de plantio não cer-
tificado (Diekmann; Putter, 1996).
Inspeção e detecção
A Eppo (2004) disponibiliza um protocolo de diagnóstico padrão para
PPV. Cambra et al. (2006a) e Olmos et al. (2006) revisaram os métodos soro-
lógicos e moleculares desenvolvidos para a detecção e caracterização de PPV.
Antecedentes de interceptações
O PPV é ocasionalmente interceptado em plantas frutíferas importadas
para os EUA provenientes da Europa Oriental (Waterworth, 1994). As anteras
contaminadas com PPV podem potencialmente desempenhar um papel
na disseminação do vírus em nível nacional e internacional (Levy et al.,
1995), uma vez que o vírus está presente nesses órgãos. No entanto, esta
possibilidade nunca foi documentada na prática. Recentemente o PPV foi
interceptado no Brasil (Rezende et al., 2016).
Capítulo 25 – Plum pox virus (PPV) (Potyviridae: Potyvirus) 441
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Identificação da praga
Nome científico
• Tomato ringspot virus.
Acrônimo
• ToRSV.
Posição taxonômica
Sinonímias
Hospedeiros
Isolados de ToRSV ocorrem naturalmente em plantas perenes e
ornamentais. O vírus foi primeiramente relatado em fumo em 1936. Dentre
as espécies hospedeiras naturais destacam-se amora do ébano (Rubus
laciniatus), cassis (Ribes nigrum), cereja (Prunus spp.) e outros Prunus spp.,
dente-de-leão (Taraxacum officinale), framboesa (Rubus idaeus), freixo
(Fraxinus americana), gladíolo (Gladiolus spp.), groselha (Ribes rubrum),
hortência (Hydrangea spp.), maçã (Malus domestica), morango (Fragaria spp.),
morugem (Stellaria media), nectarina e pêssego (Prunus persica), videira (Vitis
spp.) e sardinheira (Pelargonium spp.).
Biologia da praga
Tipo de dispersão
Adaptabilidade: plasticidade
Métodos de controle
O controle de ToRSV em plantas perenes é complexo. Recomenda-se o
emprego de medidas de controle preventivas e o manejo eficiente de plantas
daninhas suscetíveis. Para algumas culturas há cultivares com resistência
à infecção, como, por exemplo, em videira e ameixeira, que devem ser,
preferencialmente, utilizadas para produção ou como porta-enxerto no
estabelecimento de plantios em regiões de ocorrência endêmica do vírus.
Inspeção e detecção
A avaliação das plantas quanto à infecção por ToRSV pode ser realiza-
da utilizando três métodos. O primeiro método consiste na avaliação dos
sintomas. A presença de sintomas característicos na planta (vide seção 4.7)
indica possibilidade de infecção, entretanto, a realização de testes labora-
toriais é necessária. Como método auxiliar na diagnose da doença, a avalia-
ção da expressão de sintomas pela planta infectada é de difícil implementa-
ção pela demora da planta em expressar o sintoma após a infecção e, tam-
bém, porque plantas infectadas pelo vírus podem não apresentar sintomas.
456 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Antecedentes de interceptações
Não há dados de interceptação no Brasil.
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Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil 459
Parte 8
Plantas infestantes
e parasitas
Capítulo 27
Cirsium arvense (L.) Scop. (Asterales: Asteraceae)
Capítulo 28
Striga spp. (Lamiales: Orobanchaceae)
Capítulo 27
Cirsium arvense (L.) Scop.
(Asterales: Asteraceae)
Alexandre Ferreira da Silva, Dionísio Luiz Pisa Gazziero
Identificação da praga
A planta daninha Cirsium arvense conhecida como
cardo-das-vinhas ou cardo-canadense, se caracteriza por
ser extremamente nociva e estar presente em diversos
países de clima temperado. É nativa da Europa e Ásia tem-
perada, sendo, posteriormente, introduzida na América
do Norte e no Hemisfério Sul (Tiley, 2010). É encontrado
em todas as províncias do Canadá, Nova Zelândia, África
do Sul, Chile e sudeste da Austrália (Vale, 2017). Há regis-
tros dessa praga causando perdas consideráveis de ren-
dimento em diversas culturas de interesse agrícolas como
soja, cevada, sorgo, milho e feijão, além de pastagem. As
perdas estão associadas à competição pelos recursos do
meio, como água, luz e nutrientes e, também, pelo efeito
alelopático negativo que pode causar nas plantas que se
desenvolvem ao seu redor (Holm et al., 1991; Broulik et al.,
1997; Van Acker et al., 2000).
462 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Nome científico
Posição taxonômica
• Domínio: Eucarioto.
• Reino: Plantae.
• Filo: Espermatófita.
• Subfilo: Angiosperma.
• Classe: Eudicotiledonae.
• Ordem: Asterales.
• Família: Asteraceae.
• Gênero: Cirsium.
• Espécie: Cirsium arvense.
Sinonímias
Culturas infestantes
O cardo-das-vinhas trata-se de uma planta daninha de ampla distribuição
em zonas de clima temperado, capaz de infestar diferentes culturas de
interesse econômico, como espécies forrageiras, olerícolas, frutíferas,
graníferas e produtoras de fibras (Cabi, 2018).
Biologia da praga
Cirsium arvense é uma planta perene, dioica, com número de
cromossomos 2n=34 (Moore; Frankton, 1974). Estudos demonstraram a
capacidade de hibridação entre diferentes espécies do gênero Cirsicum.
As plantas podem se reproduzir por sementes e propagação vegetativa.
Cada planta pode produzir de 1500 a 5000 sementes em uma única
floração (Jacobs et al., 2006). A reprodução vegetativa também se
caracteriza como importante método de propagação da espécie. De
acordo com Haggar et al. (1986), o sistema subterrâneo é complexo e
pode ser dividido em três tipos de órgãos: 1ª) raiz fina e vertical de
alimentação/armazenamento de reservas; 2ª) raiz grossa e de crescimento
mais horizontal; 3ª) brotos verticais subterrâneos. As raízes grossas de
crescimento horizontal dão origem aos brotos subterrâneos verticais
responsáveis pela formação de novos rebentos, que inicialmente
desenvolvem a parte área e, posteriormente, o sistema radicular capaz
de originar novas plantas. As raízes horizontais quando cortadas
podem originar novas plantas; ou permanecer dormentes no solo por
muitos anos.
Capítulo 27 – Cirsium arvense (L.) Scop. (Asterales: Asteraceae) 465
Tipo de dispersão
Adaptabilidade: plasticidade
Métodos de controle
Devido à característica reprodutiva das plantas e do extenso sistema
radicular, a erradicação do cardo usualmente envolve o controle persistente
durante vários anos. Fortuitamente, há várias práticas culturais, mecânicas,
biológicas e químicas que podem ser combinadas visando exaurir os nutrientes
armazenados na raiz do cardo. As práticas de controle apresentadas a seguir
foram descritas por Jacobs et al. (2006). A adoção das práticas de controle
deve ser adaptada às condições específicas da área infestada.
Cultural
Uma vez que o cardo tenha invadido a área, é muito importante manter
a fertilidade do solo e a umidade em níveis ótimos para o desenvolvimento
da cultura. Forrageiras perenes e culturas anuais cereais de inverno podem
competir mais efetivamente com o cardo.
Aração e gradagem
Corte (Roçada)
Arranque Manual
Nas áreas com baixo nível de infestação, o arranque manual pode ser
efetivo, desde que realizado várias vezes durante o ano para exaurir as reser-
vas das raízes. Devido ao seu extenso sistema radicular, o completo arranque
da planta é mais viável se acontecer durante o início do desenvolvimento
das plantas. O arranque manual não é efetivo nas áreas com alta infestação.
Neste cenário, pode ser realizado em combinação com outras práticas de
controle, visando reduzir a capacidade competitiva do cardo.
Pastejo
Herbicida
Controle Biológico
Manejo Integrado
Condicionamento e transporte
Não se aplica.
Vias de ingresso
Principalmente, em meio a lotes de grãos e sementes e máquinas impor-
tadas, podendo também ingressar em meio a roupas e veículos de transporte.
Inspeção e detecção
A inspeção segue os padrões estabelecidos pelo Ministério da Agri-
cultura, Pecuária e Abastecimento, e conta com análise de cargas antes do
embarque e após a chegada da carga no país, dispondo de análise visual
e laboratorial e, no caso de detecção, a carga pode ser devolvida ou até
mesmo destruída.
Antecedentes de interceptações
Em 2002, o Brasil suspendeu a importação de trigo oriunda dos Estados
Unidos, após o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar
da Argentina (Senasa) informar que um carregamento de trigo americano,
Capítulo 27 – Cirsium arvense (L.) Scop. (Asterales: Asteraceae) 471
Referências
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Identificação da praga
Plantas pertencentes ao gênero Striga (Orobancha-
ceae) compreendem parasitas obrigatórios de raízes de
cereais que inibem o crescimento normal do hospedeiro
via três processos: competição por nutrientes, prejuízo na
fotossíntese e efeitos fitotóxicos após a ligação ao hospe-
deiro (Joel, 2000; Gurney et al., 2006). Plantas deste gêne-
ro são popularmente conhecidas como pequeno-feiticeiro
ou erva-de-bruxa por ocasionarem sintomas nas plantas
hospedeiras antes de emergir na superfície, não deixando
claro para o produtor o motivo da cultura definhar, até que
ocorra a emergência da planta daninha (Rich; Ejeta, 2008).
A B
Fotos: César Heraclides Behling Miranda
Figura 1. Plantas de milho e arroz parasitadas por Striga asiatica na região de Nampula, Mo-
çambique.
Capítulo 28 – Striga spp. (Lamiales: Orobanchaceae) 477
Nome científico
Striga spp.
Posição taxonômica
• Domínio: Eucariota.
• Reino: Plantae.
• Filo: Espermatófita.
• Subfilo: Angiosperma.
• Classe: Dicotiledonae.
• Ordem: Lamiales.
• Família: Orobanchaceae.
• Gênero: Striga.
Sinonímias
• Striga asiatica (L.) Kuntze
Sinonímias: Buchnera asiatica L. / Buchnera coccinea Benth. / Buchne-
ra hirsuta Benth. / Campuleia coccinea Hook. / Striga coccinea (Benth.)
Benth. / Striga gracilis MIQ. / Striga hirsuta Benth. /Striga lutea Lour. /
Striga parvula MIQ. / Striga phoenicea Benth. / Striga pusila Hochst. /
Striga spanopheana MIQ. / Striga zangebarica Klotsch.
• Striga hermonthica
Sinonímia: Buchnera hermontheca Del. / Striga hermontheca (Del.)
Benth. / Striga senegalensis Benth.
• Striga gesnerioides
Sinonímia: Buchnera gesnerioides Willd. / Buchnera hydrabadensis Roth.
/ Buchnera orobanchoides R.Br. / Striga orobanchoides R.Br. Benth.
• Striga densiflora
Sinonímia: Buchnera densiflora Benth.
• Striga aspera
Sinonímia: Euphrasia aspera Willd.
478 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Hospedeiros
As plantas do gênero Striga spp. se caracterizam por serem parasitas
obrigatórios que necessitam do hospedeiro para se desenvolver. A
maioria das espécies parasitam plantas pertencentes à família das
Poaceae (Teka, 2014). Dentre as culturas de interesse agrícola parasitadas,
pode-se citar, como exemplo, milho (Zea mays), sorgo (Sorghum bicolor),
arroz (Oryza sativa), cana-de-açúcar (Saccharum officinarum), milheto
(Pennisetum glaucum), além de diversas espécies forrageiras e plantas
daninhas pertencentes a esta família (Sibhatu, 2016). S. gesnerioides
apresenta capacidade de infectar espécies dicotiledôneas pertencentes
à família das Fabaceae, Solanaceae e Convolvulaceae, afetando culturas
de interesse econômico como tabaco (Nicotiana tabacum), soja (Glycine
max) e feijão-guandu (Vigna ungulata), além de diversas poáceas (Li
et al., 2009; Cabi, 2018e).
Striga asiatica
Striga hermonthica
Striga gesnerioides
Oceania: Austrália*.
Capítulo 28 – Striga spp. (Lamiales: Orobanchaceae) 481
Striga aspera
Striga densiflora
África: Nigéria.
Foto: Marcelo Negrini
Biologia da praga
O gênero apresenta espécies hemi e holoparasita. São plantas herbáceas,
de ciclo anual, que podem apresentar folhas opostas de cor verde. Passam
boa parte do seu ciclo abaixo da superfície do solo emergindo para emissão
de flores e produção de sementes. As espécies hemiparasitas apresentam
cloroplastos funcionais. No entanto, sua fotossíntese não pode suportar
a sobrevivência sem se conectar às raízes do hospedeiro e, portanto, são
parasitas obrigatórios (Mohamed et al., 2006). As flores podem ser rosas,
vermelho, branca ou amarelas (Sibhatu, 2016). Há considerável variação na
cor das flores. Maioria das espécies apresentam autogamia (Berner et al.,
1994). Esta característica tende a manter as formas bastante distintas e a
hibridação entre as espécies é aparentemente rara (Estep et al., 2012).
Capítulo 28 – Striga spp. (Lamiales: Orobanchaceae) 483
Tipo de dispersão
Adaptabilidade: plasticidade
Métodos de controle
Os métodos de controle passíveis de serem utilizados consistem na ado-
ção de medidas preventivas, controle cultural, genético, mecânico, biológico
e químico. A integração dos diferentes métodos de controle é de fundamen-
tal importância para o adequado controle da espécie. Estratégias devem ser
elaboradas de acordo com a realidade específica de cada localidade.
Manejo Preventivo
Controle Cultural
Resistência Genética
Controle Mecânico
Controle Biológico
Controle Físico
A utilização da luz solar visando atingir altas temperaturas (55 oC) sobre
malha de polietileno no solo, por várias semanas, é outra abordagem que
490 Priorização de pragas quarentenárias ausentes no Brasil
Controle Químico
Vias de ingresso
As principais vias de ingresso no Brasil correspondem aos portos,
aeroportos e rodovias. A entrada de sementes pode ocorrer através de
grãos, sacarias, máquinas agrícolas e resíduos de solo contaminados com as
sementes das plantas daninhas. O fato de ter sido identificado a presença de
S. gesnerioides na Guiana, merece atenção especial por parte dos produtores
e órgãos de fiscalização, pois se trata de um país que realiza fronteira com o
Brasil o que aumenta o risco de introdução da espécie no território nacional.
Inspeção e detecção
Em área com suspeita de infestação é necessário conhecer histórico e
verificar se os sintomas são compatíveis com os descritos anteriormente.
Pode-se arrancar plantas do talhão com suspeita de infestação e verificar se
há presença de nódulos referentes à infecção por plântulas jovens de Striga.
Estes nódulos podem variar de alguns milímetros a mais de 2 cm de diâmetro
e podem apresentar formato um pouco irregular.
Capítulo 28 – Striga spp. (Lamiales: Orobanchaceae) 493
Antecedentes de interceptações
Não há registros antecedentes de interceptação de Striga spp. no Brasil.
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Regulamentar pragas como quarentenárias facilita o comér-
cio internacional de produtos agrícolas. É uma medida reco-
nhecida pela OMC para evitar a introdução de pragas ou
barreiras injustificadas às exportações e uma questão de
segurança nacional. O MAPA regulamentou cerca de 700
pragas quarentenárias ausentes, o que é um desafio para as
ações de prevenção de introdução de pragas. Os riscos das
pragas são diferenciados sendo necessárias ações de defesa
vegetal caso a caso. Em razão do tamanho e da complexida-
de da questão e da limitação de recursos, é importante prio-
rizar aquelas de maior risco para o dimensionamento dos
esforços para soluções mais efetivas. A priorização foca em
pragas que podem ocasionar perdas elevadas e desorgani-
zação dos sistemas de manejo de pragas e portanto, neces-
sitam de ações rápidas e eficientes para detecção, controle e
regulamentações emergenciais.