Dissertação Susana Miranda
Dissertação Susana Miranda
Dissertação Susana Miranda
Por
Susana Cristina Cerqueira Miranda
Por
Susana Cristina Cerqueira Miranda
Sob Orientao da Professora Doutora Eleonora Cunha Veiga Costa
RESUMO
Este estudo tem como objectivos: identificar as fontes de stress nos profissionais de sade
mental; comparar os nveis de stress ocupacional e burnout tendo em conta as variveis sciodemogrficas e profissionais e analisar a relao entre as variveis, apoio social burnout e
stress ocupacional nos profissionais de sade mental. Foram utilizados como instrumentos de
avaliao um questionrio scio-demogrfico, o Maslach Burnout Inventory (MBI), o
Questionrio de Stress nos Profissionais de Sade (QSPS) e a Escala de Satisfao com o
Suporte Social (ESSS). Neste estudo participaram 40 profissionais de sade mental. Foram
testadas sete hipteses: na primeira hiptese, espervamos que existissem diferenas entre os
profissionais de sade mental quanto expresso de stress e burnout. Esta no se confirmou.
Na segunda hiptese, espervamos que existissem diferenas entre os profissionais de sade
do sexo feminino e masculino quanto expresso de stress e burnout. Apenas se confirmou
parcialmente. Na terceira hiptese, espervamos que os profissionais de sade mental casados
tivessem nveis mais baixos de stress e burnout do que os solteiros. No se confirmou. Na
quarta hiptese espervamos que os profissionais de sade mais novos possussem nveis mais
elevados de stress e burnout. Confirmou-se. Na quinta hiptese, espervamos que os
profissionais que trabalham mais horas por semana possussem nveis mais elevados de stress
e burnout. No se confirmou. Na sexta hiptese, espervamos que os profissionais com mais
reduzida experincia profissional apresentassem nveis mais elevados de stress e burnout.
Apenas se confirmou parcialmente. Por ltimo, na stima hiptese espervamos que quanto
maior o apoio social, menor seriam os nveis de stress e burnout nos profissionais. Apenas se
confirmou parcialmente.
ABSTRACT
This study aims to: identify sources of stress in mental health professionals, to compare levels
of stress and burnout taking into account the socio-demographic and professional and to
analyse the relationship between social support, burnout and occupational stress in mental
health professionals. Were used as instruments for socio-demographic questionnaire, the
Maslach Burnout Inventory (MBI), the Questionnaire Stress in Health Professionals (QSPS)
and Scale and Satisfaction with Social Support (ESSS). This study involved 40 mental health
professionals. Seven hypotheses were tested: on the first hypothesis, we hoped that
differences exist between mental health professionals for the expression of stress and burnout.
This was not confirmed. On the second hypothesis, we hoped that differences exist between
the health professional female and male for the expression stress and burnout. This was only
partially confirmed. On the third hypothesis hoped that mental health professionals married
lower levels of stress and burnout than single people. This was not confirmed. On the fourth
hypothesis hoped the younger health professionals have higher levels of stress and burnout.
This was confirmed. On the fifth hypothesis we hoped that health professionals working more
hours per week had higher levels of stress and burnout. This hypothesis was not confirmed.
On the sixth hypothesis we hoped that health professionals reduced with more professional
experience reported higher levels of stress and burnout. This was only partially confirmed.
Finally, on the seventh hypothesis we hoped that higher the social support would be lower
levels of stress and burnout in the professionals. This was only partially confirmed.
ii
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho fruto de um tenro percurso nos domnios da psicologia. Foi
marcado por diversas etapas, quer de grande entusiasmo, quer de grandes sacrifcios. O
produto final no seria possvel sem o apoio de vrias pessoas s quais quero desde j
agradecer.
minha orientadora, Professora Doutora Eleonora Costa, pelos muitos ensinamentos
valiosos ao longo deste trabalho e, ainda, pela pessoa e profissional que .
Aos profissionais de sade da Casa de Sade de S. Jos, quero agradecer pela
colaborao nesta investigao, uma vez que sem eles, peas chave em todo este processo, o
estudo no seria possvel.
Aos meus pais, sacrifcios e apoio que me deram ao longo dos meus 23 anos. Obrigada
pela dedicao, pelo amor e por tudo o que me possibilitaram. minha av e a toda a minha
famlia por todo o apoio e admirao que sempre demonstraram neste meu percurso
acadmico.
Ao Joo Pedro, pelo amor, compreenso e incentivo para no desistir ao longo deste
rduo trabalho.
Aos meus amigos, pelos bons momentos e pelo significado que do minha vida.
s minhas colegas de curso, especialmente Diana e Filipa, quero agradecer os
momentos de alegria e de trabalho que partilhamos em conjunto. Foi muito bom conhecervos.
Um muito obrigado a todos!
iii
ndice
Resumo
Abstract
Agradecimentos
ndice
Lista de Figuras
Quadros
Introduo
11
15
17
18
21
28
30
3.Modelos de Burnout
33
4.Causas de Burnout
36
iv
38
38
40
41
41
41
44
48
54
2.Hipteses
54
3.Variveis
55
55
5.Participantes
56
56
59
6. Instrumentos
6.1. Questionrio scio-demogrfico
62
62
v
62
65
66
7.Procedimentos estatsticos
67
70
70
72
76
78
79
2.1.Hiptese 1
79
2.2.Hiptese 2
83
2.3.Hiptese 3
84
2.4.Hiptese 4
85
2.5.Hiptese 5
87
2.6.Hiptese 6
89
2.7. Hiptese 7
90
vi
94
100
102
Referncias Bibliogrficas
106
Anexos
Anexo I: Autorizao de utilizao dos instrumentos de avaliao
Anexo II: Consentimento informado
Anexo III: Instrumentos de avaliao
Lista de Figuras
Figura 1: Modelo De Exigncias Controlo de Karasek
13
14
20
vii
Quadros
Quadro 1: Caracterizao scio-demogrfica da amostra
58
59
59
60
61
71
73
Quadro 7: Frequncia absoluta (n) e relativa (%) em cada uma das dimenses
do QSPS, por opo de resposta
Quadro 8: Frequncia relativa (%) dos scores de burnout baixo, intermdio e
elevado nos 4 grupos da amostra, bem como no total da amostra, relativamente
s dimenses do Inventrio de Burnout de Maslach Prestadores de Servios
Humanos
Quadro 9: Mdia (M), desvio-padro (DP), valores mnimo e mximo, do total
da amostra, relativamente s dimenses da Escala de Satisfao com o Suporte
Social
Quadro 10: Mdia (M), desvio-padro (DP), valores mnimo e mximo, mean
rank e teste H Kruskal-Wallis na comparao entre os 4 grupos de profissionais
de sade, relativamente s dimenses do Questionrio de Stress nos
Profissionais de Sade
76
64
72
74
75
77
78
81
viii
Quadro 11a: Mdia (M), desvio-padro (DP), valores mnimo e mximo, mean
rank e teste H Kruskal-Wallis na comparao entre os 4 grupos de profissionais
de sade, relativamente s dimenses do Inventrio de Burnout de Maslach
Prestadores de Servios Humanos
Quadro 11b: Mdia (M), desvio-padro (DP), valores mnimo e mximo, do
total da amostra, relativamente s dimenses do Inventrio de Burnout de
Maslach Prestadores de Servios Humanos
Quadro 12: Mdia (M), desvio-padro (DP), valores mnimo e mximo,
classificao mdia (mean rank) e comparao entre Homens vs Mulheres
81
85
87
92
82
83
88
90
ix
INTRODUO
Introduo
Introduo
Captulo I
O STRESS OCUPACIONAL
Captulo I
Captulo I
De acordo com Santos e Castro (1998, p.677) o stress a condio que resulta
quando as trocas (transaces) pessoa/meio ambiente, levam o indivduo a perceber e
sentir uma discrepncia, que pode ser real ou no, entre as exigncias de uma
determinada situao e os recursos do indivduo, ao nvel biolgico, psicolgico ou de
sistemas sociais.
Por sua vez, Muniz, Primi e Miguel (2007) consideram que o stress um
desgaste geral do organismo ocasionado por alteraes psicofisiolgicas diante de
situaes que despertam, emoes, tanto boas quanto ms, que exijam mudanas. Essas
situaes constituem fontes de stress e chamadas estressores e podem ter causas
internas (geradas no prprio indivduo, criadas e relacionadas ao tipo de personalidade)
e externas (eventos que ocorrem na vida da pessoa, podendo ser agradveis ou
desagradveis) .
Assim, Lipp (1996; cit in Teixeira, 2010) afirma que as reaces ao stress
podem desencadear quer sintomas fsicos como sintomas psicolgicos e contribuir para
a etiologia de doenas graves e modificao significativa da qualidade de vida
individual e do grupo. Porm, apesar dos aspectos negativos do stress devemos tambm
percepcion-lo como uma experincia crucial, na medida em que possu um papel
fundamental para a adaptao do ser humano, crescimento e desenvolvimento pessoal e
para motivar o indivduo para a aco (Rita, Patro & Sampaio, 2010), sendo assim,
como afirma Selye (1976; cit in Odgen, 2004), o stress inevitvel e necessrio vida.
Tambm Muniz, Primi e Miguel (2007) afirmam que o stress, apesar de todos os
seus aspectos negativos, em certo grau fundamental e pode ser benigno ao organismo,
visto que proporciona melhor desempenho das funes orgnicas e psquicas, como o
crescimento e a criatividade. Sendo assim, existe uma distino entre o termo distress
que origina efeitos negativos, um stress desagradvel, e o eustress que origina efeitos
positivos, stress agradvel (Selye, 1975; cit in Novais, 2010).
Selye (cit in Ogden, 2004) aponta para a utilizao da palavra stress para
definir o processo psicofisiolgico em que o organismo se encontra; reaco de stress
para definir o comportamento/resposta expressado pelo organismo resultante do
processo de stress desenvolvido; stressor para descrever as causas que despoletam a
excitao do organismo.
6
Captulo I
Cooper, Dewe e ODriscoll (2001) e Hespanol (2005) mencionam que o termo
stress tem tido diversas definies, pois tem sido visto tanto como varivel
independente, varivel dependente e como processo. Assim sendo, o stress foi definido
como estmulo, resposta e como uma interaco entre ambos (Cox, cit in Cooper, Dewe
& ODriscoll, 2001; Cunha, Cunha, & Cabral-Cradoso, 2005). Contudo, com Lazarus,
que nos anos 70, o stress passa a ser estudado numa perspectiva psicolgica. Este autor
desenvolveu o modelo transaccional de stress, sustentando que a resposta de stress
surge depois de o indivduo avaliar a situao como sendo ou no potencialmente
geradora de stress (Lazarus, DeLongis, Folkman & Gruen, 1985).
Por sua vez Laranjeira (2009) menciona que o stress pode ser encarado,
dependendo da perspectiva defendida, como: (a) estmulo (fora externa ao sujeito), (b)
resposta (reaces fisiolgicas ou psicolgicas do sujeito na presena de estmulos
stressores), (c) percepo (produto da compreenso e cognies do sujeito), (d)
inadaptao, entre as exigncias da situao e as estratgias que o sujeito planeia usar
para enfrentar essas exigncias.
Assim, pode-se proferir que o stress enquanto estmulo teve origem na fsica e
definido como uma fora exercida sobre o sujeito que produz uma reaco do
organismo. Os modelos de stress que defendem esta perspectiva procuram identificar os
diversos tipos de situaes ou factores que podem provoc-lo, assim como condies
fsicas ou psicolgicas. Contudo, esta perspectiva foi criticada por no considerar que os
indivduos no reagem da mesma maneira s fontes de stress.
O stress enquanto resposta visto numa perspectiva fisiolgica. Nesta
perspectiva, o stress entendido como uma resposta inespecfica do organismo a
qualquer pedido, isto , a resposta ao stress seria a mesma independentemente dos
factores geradores do mesmo (Selye, 1976; cit in Odgen, 2004). Ainda Maslach (1986;
cit in Teixeira, 2008), na mesma perspectiva, refere que o stress emerge como uma
resposta a estmulos externos. Esta abordagem fisiolgica recebeu algumas crticas por
parte de outros investigadores, uma vez que esta abordagem no tem em ateno os
factores do meio no processo de stress (Cooper et al., 2001), pois focaliza-se somente
nos processos biolgicos tais como as alteraes hormonais perante situaes de stress
(Silva, 2001).
Captulo I
O stress visto enquanto interaco tem como finalidade o estudo das interaces
existentes entre estmulos e respostas, bem como, das variveis moderadoras dessas
mesmas interaces. Nesta perspectiva interaccionista, Mason em 1975 (cit in Ogden,
2004) explica que a definio de stressor produto da interaco de diversos factores
como por exemplo, histria de vida do indivduo, crenas do mesmo, tipo de
personalidade, constituio fsica, psicolgica do indivduo entre outros. Hespanhol
(2005), na mesma perspectiva, menciona que no modelo interactivo do stress crucial
considerar trs domnios que se relacionam entre si: (1) causas de stress; (2)
moderadores de stress e (3) manifestaes de stress.
Por ltimo, a abordagem do stress como transaco centra-se em dois processos:
avaliao cognitiva e coping (Cooper et al., 2001). De acordo com Lazarus e Launier
(1978; cit in Odgen, 2004), o stress visto nesta perspectiva como uma transaco entre
o indivduo e meio ambiente. Este modelo descreve os sujeitos como seres psicolgicos
que avaliam, actuam e reagem s interaces com os estmulos/ambiente. Segundo este
modelo, o sujeito avalia o meio ambiente de maneira a determinar se este constitui uma
ameaa ou um desafio parta o seu bem-estar, avalia as exigncias e os recursos de que
dispem para enfrentar as ameaas e desenvolve estratgias de coping para minimizar o
stress (Behson, 2002; Folkman, 1984; Folkman, Lazarus, Gruen & DeLongis, 1986).
Assim, consoante a avaliao desta relao com o ambiente e as estratgias de coping, o
indivduo, vai ou no sentir stress.
Apesar de existirem diversas perspectivas sobre o stress, na viso
contempornea, o stress visto luz desta ltima perspectiva.
Captulo I
ainda poucos estudos que se dediquem anlise da incidncia, da etiologia e da
prevalncia deste stress, sobretudo em Portugal, visto que no nosso pas existe ainda
uma lacuna nesta rea de investigao.
Este fenmeno, segundo Holt (1991; cit in Menzani, 2006) recente e constitui
um novo campo de estudo que salienta o aparecimento de doenas relacionadas com a
actividade laboral.
O stress pode ocorrer em qualquer pessoa e, quando este se refere
especificamente ocupao desempenhada, designado por stress ocupacional ou
profissional (Santos, 2010). Gomes, Cabanelas, Macedo e colaboradores (2008)
declararam que este fenmeno ocorre quando os colaboradores percepcionam os seus
recursos como diminutos para enfrentar as exigncias desencadeadas pela actividade
laboral.
Segundo Ross e Altmaier (1994; cit in Loureiro, 2006, p.62), o stress
ocupacional a interaco das condies do trabalho com as caractersticas do
trabalhador de tal modo que as exigncias do trabalho excedem a capacidade do
trabalhador lidar com elas.
Por sua vez, Trucco (1998; cit in Trucco, Valenzuela & Trucco, 1999) definiu
stress ocupacional como o conjunto de processos e respostas fisiolgicas, emocionais e
comportamentais perante situaes que so percebidas e interpretadas pelo indivduo
como ameaa ou perigo, quer seja para a sua integridade biolgica ou psicolgica. Em
suma, stress surge quando h uma discrepncia entre as capacidades do indivduo e as
exigncias do seu meio ambiente (Trucco, Valenzuela & Trucco, 1999).
Lazarus (1991,1995), refere tambm, que a experincia de stress ocupacional
ocorre normalmente quando os trabalhadores sentem que os seus recursos pessoais so
escassos para lidar com as exigncias da actividade laboral. No geral, a literatura refere
que o stress ocupacional consiste num problema negativo, de carcter perceptual,
resultante de estratgias inadequadas de combate s fontes de stress, e que traz
consequncias negativas tanto no plano mental quanto fsico (Cooper 1988; cit in
Moraes, Kilimnik & Ladeira, 1993, p.146). Ainda, Cooper (1993; cit in Menzani, 2006)
definiu o stress ocupacional como um problema de origem perceptiva que resulta da
incapacidade de lidar com as fontes de presso no trabalho, repercutindo-se em
9
Captulo I
problemas a nvel fsico e mental, assim como na satisfao no trabalho, afectando o
indivduo e as organizaes.
O stress profissional origina-se a partir da insatisfao por parte dos indivduos
quando percepcionam que o trabalho no satisfaz as suas necessidades de realizao
profissional, quando no vai ao encontro dos seus valores ou quando entende que no
recompensado adequadamente pelo seu esforo (Siegrist, 1996; cit in Loureiro, 2006).
Segundo Gomes (1998, p.12), pode-se verificar que as respostas disfuncionais
por parte do indivduo em relao sua ocupao tendem a ocorrer sempre que se
verifica uma das seguintes situaes: (1) quando o profissional se sente incapaz de
controlar as condies de trabalho; (2) quando no possui estratgias de confronto
adequadas e adaptadas situao e, por fim, (3) quando no possui qualquer fonte de
apoio social que o ajude a lidar com as dificuldades colocadas pela sua profisso.Estas
trs situaes podem originar vrios tipos de reaces ao nvel comportamental,
fisiolgico, emocional e cognitivo (Levi, 1990; cit in Gomes, 1998). Assim, Tattersall e
Farmer (1995; cit in Gomes, 1998), referem que o stress ocupacional pode ser percebido
como uma incapacidade do sujeito em adaptar-se s constantes mudanas e exigncias
colocadas pelo seu contexto de trabalho.
A Comisso Europeia (2002) refere que o stress ocupacional pode revelar-se um
bom motivador, na medida em que pode encorajar o trabalhador a assumir o controlo do
seu trabalho, se existir apoio social dos supervisores e colegas e se for recompensado
pelo seu esforo e desempenho.
De acordo com Martins (2008), a prtica de uma profisso est associada a uma
articulao entre factores sociais e psicolgicos que influenciam o comportamento do
sujeito e o desempenho na sua profisso. Tambm Visser, Smets, Oort e Haes (2003),
indicam que os factores individuais, organizacionais e interpessoais so os aspectos que
se relacionam directamente com a manifestao do stress ocupacional. Raramente, este
stress produto duma nica fonte, normalmente, este advm das caractersticas do
trabalhador, do tipo de trabalho e das caractersticas da organizao.
Segundo McGrath (1976; cit in Melo, Gomes & Cruz, 1997, p.54), existem seis
fontes de stress no mbito organizacional, tendo em conta as relaes entre stress e o
comportamento nas organizaes: a) Stress baseado na tarefa relacionado com a
10
Captulo I
sobrecarga de trabalho e o grau de dificuldade); b) Stress baseado no papel
(relacionado com o conflito, ambiguidade, entre outros); c) Stress intrnseco ao
contexto do comportamento; d) Stress proveniente do prprio meio ambiente fsico
(como a temperatura ambiente); e) Stress proveniente do ambiente social (conflitos
interpessoais); f)Stress pessoal (como sintomatologia depressiva).
No seu modelo (Pires & Cerdeira, 1989; Sutherland & Cooper, 1993; cit in
Hespanhol, 2005) evidencia cinco categorias que podem originar stress ocupacional: 1)
as causas intrnsecas ao trabalho; 2) o papel na organizao; 3) a progresso na carreira;
4) as afinidades no trabalho; 5) a estrutura e o clima organizacional. Segundo Hespanhol
(2005), o stress ocupacional no deve ser separado do stress originado por
acontecimentos do dia-a-dia do indivduo, principalmente dos conflitos familiares,
sociais, conflitos de papis, entre outros.
Quando as respostas do indivduo perante o stress no so adequadas, este pode
desenvolver alguns sintomas negativos ao nvel da sade fsica e mental, o que se vai
reflectir a nvel organizacional (Maslach, 2006; cit in Martins, 2008).
Em suma, o stress ocupacional um estado emocional, provocado por uma
disparidade entre o grau de exigncia do trabalho e os recursos disponveis do sujeito
para lidar com as exigncias do trabalho, sendo que nem todas as pessoas ficam
stressadas com os mesmos stressores, ou seja, o que determina a ocorrncia de stress a
interaco entre as caractersticas do ambiente e as caractersticas do sujeito.
11
Captulo I
Na sequncia destas investigaes, Karasek em 1979, props o Modelo de
Demand-control. Este modelo tenta explicar os factores ocupacionais que influenciam
o aumento do stress, salientando tambm a importncia da promoo da motivao, da
aprendizagem e do desenvolvimento das pessoas na realizao do seu trabalho.
(Theorell & Karasek, 1996).
Segundo Arajo, Graa e Arajo (2003), este modelo compreende duas
dimenses bsicas: (1) o grau de controlo que o sujeito percebe que tem sobre o
trabalho; (2) a exigncia psicolgica do trabalho. De acordo com os mesmos autores,
este modelo descreve que a combinao das exigncias do trabalho e do controlo sobre
as tarefas do trabalho originaro distintos nveis de tenso percebida, riscos associados
com o stress e comportamentos activo-passivos relacionados com o trabalho.
Segundo Theorell e Karasek (1996), h quatro condies de trabalho: (a) o
trabalho activo que combina exigncias e controlo fortes; (b) o trabalho passivo que
combina exigncias e controlo fracos; (c) o trabalho stressante que combina
exigncias elevadas e controlo fraco, e (d) o trabalho pouco stressante que combina
controlo elevado e exigncias reduzidas.
Assim, segundo Chambel (2005; cit in Martins, 2008) pode-se distinguir o grau
de actividade que alterna entre activo e passivo, e o de exigncias que alterna entre
elevadas e reduzidas. O nvel de exigncias pode ter efeitos malficos quer na sade
fsica quer na sade psicolgica.
Posteriormente, Johnson e Hall (1988; cit in Chambel, 2005; cit in Martins,
2008) incorporaram neste modelo o apoio social. Uma das crticas feitas a este modelo
consiste no facto de se centralizar principalmente no trabalho e excluir outras variveis
cruciais como, por exemplo, as caractersticas individuais, os factores socais e
ambientais.
12
Captulo I
GRAU DE EXIGNCIA
Baixa
GRAU DE CONTROLE
Elevada
Trabalho Activo,
elevada exigncia e
elevada percepo
de controlo
Trabalho
Activo
Baixa
Exigncia
Elevada Exigncia
Trabalho
Passivo
Elevada Exigncia, e
elevada percepo de
controlo
Elevada Exigncia do
trabalho e baixa
percepo de controlo
Figura 1: Modelo De Exigncias Controlo de Karasek (1979), Adaptado de Arajo, Graa e Arajo
(2003, p. 994)
Captulo I
segunda uma componente de recompensas extrnsecas (dinheiro, estima e estatuto
social), a terceira refere-se ao coping individual e uma componente intrnseca
(Siegrist, 2005). Assim, de acordo com Siegrist (2005), quando h uma diferena entre
esforos e recompensas, o indivduo tende a reduzir os seus esforos, para chegar a um
equilbrio entre os esforos e as recompensas, uma vez que as recompensas no se
encontram de acordo com a simetria desejada.
Este modelo difere do modelo de Karasek, na medida em que o primeiro modelo
combina caractersticas situacionais e individuais, focando-se nas recompensas
ocupacionais e o segundo apenas se centraliza no trabalho (Siegrist, 2005).
- Ganho no trabalho
Componentes Extrnsecas
-Mobilidade na
carreira/segurana
no trabalho
Exigncias/Obrigaes
-Estima/ Respeito
Motivao
Excesso de
investimento no
trabalho
Motivao
Componentes Intrnsecas
Excesso de investimento no
trabalho
Captulo I
Captulo I
com quem trabalha directamente; e por ltimo (d) conflito inter-papis, quando um
indivduo desempenha dois ou mais papis que so incompatveis nas expectativas e
requisitos. A ambiguidade de papis refere-se falta de clareza sobre as consequncias
de um desempenho profissional e ainda pela falta de informao para a execuo do
papel (Cooper et al., 2001; McIntyre, 1994). O stress provocado pelo excesso de papis
no se restringe apenas quantidade de papis, mas tambm incerteza de realizar
esses vrios papis correctamente (Cooper et al., 2001). De acordo com o mesmo autor
o excesso de papis o que provoca mais stress nos profissionais. Por ltimo, o excesso
de responsabilidade, pode ser encarada pelo trabalhador como excedendo a sua
capacidade de resposta e assim tornar-se uma fonte de stress, contudo o contrrio
tambm pode ser uma fonte de stress, na medida em que o trabalhador pode a encarar
como insuficiente trabalho para as suas capacidades (Cooper et al., 2001). O factor de
stress Progresso nas diferentes fases da carreira (inicio, progresso e manuteno)
podem-se referir a insegurana no trabalho ou medo de perder o lugar de trabalho, a
percepo de falta de promoo como tambm o excesso de promoo e estatuto na
carreira profissional (frustrao das aspiraes individuais na carreira profissional)
(Cooper & Marshall, 1982). No mbito do relacionamento interpessoal, segundo Gomes
(1998, p.34), as relaes estabelecidas com os superiores, subordinados e colegas de
trabalho tanto podem funcionar como uma fonte de apoio e ajuda no trabalho, como
podem constituir uma fonte potencial de presso e stress. ODriscoll e Beehr (1984; cit
in Cooper et al., 2001) referem que a inexistncia de apoio e cooperao dos superiores,
subordinados ou colegas de trabalho uma fonte de stress ocupacional. Ainda Mclean
(1979; cit in Cooper et al., 2001), afirma que o suporte social sob a forma de confiana
interpessoal, coeso de grupo e de apreo pelo superior hierrquico, est relacionado
com melhor sade e menores nveis de stress. Hespanhol (2005), refere que o factor
estrutura e clima organizacional engloba a falta de participao dos trabalhadores no
processo de tomada de decises, de redes de comunicao efectivas, penalizaes
injustificadas, polticas de organizao e estilos de liderana. Assim, quando existe uma
maior possibilidade de participao no processo de tomadas de deciso existe um
aumento na satisfao com o trabalho e maiores nveis de comprometimento emocional
com a organizao (Cooper et al., 2001).
Nos factores extra-organizacionais incluem-se aspectos relacionados com a
famlia, crises familiares, crises existenciais, conflitos sociais, dificuldades econmicas,
16
Captulo I
conflitos entre as solicitaes da famlia e as da organizao, rede de suporte social e
contexto social, satisfao com a vida entre outras (Sutherland & Cooper, 1993; cit in
Loureiro, 2006). Os vrios problemas familiares podem afectar a vida profissional, tais
como o divrcio, a morte do cnjuge, a presena de uma famlia monoparental e os
conflitos de papis, conjugais, parentais ou os dois, num casamento com duas carreiras
profissionais (Fraser, 1884; cit in Hespanhol, 2005).
Sutherland e Cooper (1993; cit in Loureiro, 2006) referem que estes factores
tambm contribuem para os nveis baixos de bem-estar fsico e psicolgico do
trabalhador na organizao. Sendo assim, o stress ocupacional no deve ser isolado da
tenso provocada pelo quotidiano da pessoa, principalmente dos conflitos familiares,
conflitos sociais e conflitos de papis (Hespanhol, 2005).
17
Captulo I
Deste modo, relevante ter em ateno todos estes factores que podem influenciar a
forma como o indivduo avalia e responde ao stress.
Captulo I
antecipadas e greves, dificuldades nas relaes interpessoais, pouco controlo da
qualidade do trabalho realizado e comportamento agressivo no trabalho, j os efeitos ao
nvel individual consistem no aumento da presso sangunea, alteraes do estado de
humor, comportamentos de risco para a sade (abuso de lcool, tabaco e de outras
substncias), queixas psicossomticas, arritmias cardacas, a insatisfao profissional,
aspiraes reduzidas e ainda um aumento do risco de prevalncia de doenas
cardiovasculares e de perturbaes psicolgicas e/ou psiquitricas (Cooper et al., 2001).
19
Captulo I
20
Captulo I
7. Stress e Suporte Social
O suporte social desempenha um papel importante na moderao dos efeitos de
stress.
Este constructo surgiu de modo proeminente na literatura em psicologia e em
reas correlatas a partir de meados dos anos 1970 (Seild & Trccoli, 2006). Este
conceito alvo de imensas definies, que geralmente no so coincidentes entre si
(Nunes, 2005). Uma das primeiras definies deste termo deve-se a Cobb (1976), que o
definiu como a informao pertencente a uma das trs classes: informao que leva o
indivduo a crer que ele estimado e que as pessoas se preocupam com ele; informao
que conduz o sujeito a crer que apreciado e que tem valor; informao que leva o
indivduo a crer que faz parte de uma rede de comunicao e de obrigaes recprocas.
Na proposta deste autor, o suporte social a capacidade do indivduo de se perceber
como parte integrante de um grupo.
No entanto, a definio mais utilizada de suporte social a dos autores Sarason,
Levine, Basham e Sarason (1983, p.127) que o definem como a existncia ou
disponibilidade de pessoas em quem se pode confiar, pessoas que nos mostram que se
preocupam connosco, nos valorizam e gostam de ns
Uma outra definio deste conceito foi concretizada por Serra (2007), que o
definiu como sendo a quantidade e coeso das relaes interpessoais que envolvem de
forma dinmica o indivduo. Tambm, Barrn (1996; cit in Martins, s.d, p.129) o
definiu como sendo um conceito interactivo que se refere s transaces que se
estabelecem entre indivduos.
Para Barrios (1999; cit in Fonseca & Moura, 2008), ter apoio social sentir-se
cuidado, amado, querido e estimado, o que favorece e promove a auto-estima de cada
um, gerando uma rede social de situaes, sentimentos e comportamentos bilaterais.
Wills (1985; cit in Odgen, 2004) refere que existem quatro tipos de apoio social, dentro
dos quais, o apoio estima (os outros tm uma grande influncia no aumento da autoestima do sujeito), o apoio informativo (as outras pessoas oferecem conselhos ao
indivduo) o acompanhamento social (o apoio surge atravs de actividades) e o apoio
instrumental (por exemplo, ajuda fsica). Por seu turno Mazzei, Monroe, Sassaki,
Gonzales e Villa (2003), mencionam que o suporte social pode ser tambm classificado:
em suporte instrumental - que se associa com o auxlio financeiro e ao fornecimento de
21
Captulo I
bens e servios que ajudem a resolver problemas bsicos; suporte emocional refere-se
ao sentimento de estima, de pertena a um grupo e de confiana, sendo este um aspecto
essencial na manuteno da sade e do bem-estar da pessoa; suporte informativo
atravs deste suporte, os sujeitos procuram informao e conselhos de terceiros, de
maneira a que estes os auxiliem na resoluo dos problemas; suporte confirmativo que
fornece a percepo de que os sentimentos do sujeito so percebidos pelos outros;
suporte corporativo que fornece o sentimento de pertena ou manuteno da
identidade social; e suporte avaliativo que fornece feedback ao sujeito. Sarason,
Levine, Basham e Sarason (1983) enfatizam que, para compreender de forma
abrangente o suporte social, as seguintes seis dimenses de suporte social tm de ser
tidos em conta: o apego - fornecido por relacionamentos onde uma pessoa recebe um
sentido de proteco e segurana; integrao social - fornecido por relacionamentos nos
quais compartilham interesses pessoais e preocupaes; garantia de valor - fornecido
por relacionamentos nos quais a pessoa de competncias e habilidades so
reconhecidas; orientao - fornecido pelo relacionamento com e autoritria pessoas de
confiana, que prestou consultoria; aliana confivel - derivados dos relacionamentos
em que as pessoas podem contar com os outros de assistncia em qualquer circunstncia
e oportunidade de nutrio - provenientes de relacionamentos nos quais uma pessoa
responsvel pelo bem-estar do outro. Tambm Cramer, Henderson e Scott (1977; cit in
Pais-Ribeiro, 1999) distinguem suporte social percebido versus suporte social recebido.
O suporte social percebido diz respeito ao suporte social que o sujeito percebe como
disponvel se necessitar dele, e o suporte social recebido refere-se ao suporte social
recebido por algum. Por seu turno, Dunst e Trivette (1990; cit in Ribeiro, 1999)
distinguem o suporte social, caracterizando em informal e formal. Na categoria informal
esto presentes os tipos de apoio social provenientes da famlia, dos amigos, dos
vizinhos e do grupo social como um todo, por exemplo da igreja, do clube. A categoria
formal inclu hospitais, organizaes no governamentais, servios de sade e
profissionais, como mdicos, assistentes sociais, psiclogos. A unio desses dois
aspectos forma uma rede maior, um sistema macro, que serve de apoio para o indivduo
em situaes de adversidades. Alguns autores referem-se ao suporte social como uma
aco vigorosa que envolve as relaes entre as pessoas (Matsukura, Marturano, Oishi
& Borasche, 2007). Matsukura, Marturano e Oishi (2002) salientam que o suporte social
deve ser considerado como um meta-constructo com trs componentes conceituais
22
Captulo I
distintos, ou seja, recursos de rede de suporte, comportamento de suporte e as avaliaes
subjectivas de suporte.
No entanto, apesar de haver diversas definies de suporte social, existe uma
distino que comum a todas estas definies, que remete para a estrutura do apoio, a
funo das relaes sociais e os efeitos destas relaes na sade e bem-estar dos sujeitos
(Moreira, 2010). Assim, as definies de suporte social tm por base trs principais
aspectos, a quantidade, a qualidade e os efeitos do suporte social proporcionado pelos
outros. O primeiro aspecto remete para a existncia ou inexistncia de relaes sociais,
sendo este avaliado atravs do nmero de amigos, o estado civil, a frequncia dos
contactos com a famlia e a pertena ou participao em organizaes sociais (Wills &
Fegan, 2001).
Inmeras investigaes tm demonstrado a relevncia dos processos ligados ao
stress na psicologia da sade. A maior parte, porm, tem-se fixado nos possveis efeitos
que o stress pode ter no surgimento de doenas (Claudino, Moreira, & Coelho, 2009).
O suporte social est fortemente relacionado com o conceito de stress. O suporte
social contribui para o ajustamento positivo e para o desenvolvimento pessoal da
pessoa, permitindo combater os efeitos de stress. De acordo com Vaux (1988; cit in
Rodrigues & Madeira, 2009), os sujeitos que recebem mais suporte social deviam
apresentar maior bem-estar e valores de stress mais baixos do que os sujeitos que
recebem menor suporte social, e que a relao entre a maior quantidade de apoio e
stress poderia emergir da maior necessidade de suporte social, fazendo assim, com que
surja o maior apoio.
Lynch (1977; cit in Odgen, 2004), menciona que o suporte social est ligado
sade, visto que os indivduos com baixos nveis de suporte social tm uma elevada taxa
de doenas coronrias e de mortalidade. Tambm Bee (1997; cit in Costa, 2005) e
Siqueira (2008) referem que o suporte social tem sido considerado como um dos
factores protectores importantes na diminuio do risco de doenas, de carcter fsico
ou psicolgico, aumentando a sensao de bem-estar. Assim, o efeito do stress
ocupacional moderado pelo suporte social. A literatura indica que o sexo masculino,
para fazer face ao stress ocupacional, dirige-se a relaes de suporte no prprio local de
23
Captulo I
trabalho, enquanto o sexo feminino recorre famlia e a amigos (Etzion, 1984; cit in
Martins 2008).
O suporte social tende a aumentar a auto-estima, o optimismo perante a vida, o
humor positivo e a diminuir as sensaes de fracasso e de isolamento (Pinheiro &
Ferreira, 2001). Segundo Sarason, Levine, Basham e Sarason (1983), os indivduos com
elevado suporte social, tm um auto-conceito positivo, tm nveis reduzidos de
ansiedade e possuem a convico de que podem controlar todos os aspectos ambientais
que possam gerar stress. Para Cobb (1976), o suporte social pode proteger as pessoas de
crises oriundas de um vasto campo de estados patolgicos: tendncia suicida,
alcoolismo, e a sociofobia, alm disso, o suporte social pode reduzir a quantidade de
medicamento requerida, pode apressar a recuperao e facilitar a aceitao dos regimes
mdicos prescritos.
Rodriguez e Cohen (1998) referem que o suporte social pode ser moderador do
stress de duas maneiras: o suporte percebido pode moderar contra a ocorrncia de um
evento potencialmente stressante e a experincia de uma reaco de stress psicolgico e
fisiolgico influenciando avaliaes de como stressantes so os eventos, e o suporte
percebido pode intervir entre a experincia de uma reaco de stress que segue um
evento e o comeo de um processo patolgico (psicolgico e/ou fisiolgico) reduzindo
ou eliminando a reaco de tenso.
Cohen e Wills (1985) descrevem stress buffering e main effect como modelos
tericos. A palavra inglesa buffer significa proteco e main effect efeito principal.
Ambas as descries apontam para a possibilidade de anlise do efeito produzido pelo
suporte social na sade. O stress buffering sugere proteco ao bem-estar fsico e
psicolgico do ser humano contra ameaas ou situaes stressantes do ambiente.
Segundo este modelo, pessoas com elevado suporte social so capazes de lidar melhor
com as principais mudanas da vida, ao contrrio das pessoas com pouco suporte social,
que so mais vulnerveis s mudanas. Neste caso, pessoas com pouco suporte social
podem estar mais vulnerveis doena. O modelo de stress buffering demonstra que,
perante um estmulo ameaador, o suporte social funcionar como amortizador dos
efeitos deste sobre a sade do indivduo. Sendo assim, o suporte social considerado
como factor de proteco na minimizao da vivncia dos acontecimentos stressantes
24
Captulo I
por parte dos indivduos, estando associado com medidas funcionais, o que implicaria
um menor comprometimento da sade.
Por outro lado, a hiptese do efeito principal sugere que a existncia de suporte
social pode influenciar na sade dos indivduos, na medida em que apresenta grau de
adaptao deste com seu meio social (Cobb, 1976). O Main Effect Model, modelo dos
efeitos principais, postula que o apoio prtico e financeiro dos amigos pode diminuir ou
evitar que determinados acontecimentos provoquem stress no sujeito. O sentimento de
pertena e o reforo positivo faz com que o sujeito sofra poucas perturbaes. De
acordo com este modelo, o suporte social influencia o sujeito (Wills & Fegan, 2001).
Neste modelo, o efeito principal assume que os recursos proporcionados pelo suporte
social tm um efeito benfico na sade psicolgica, independentemente da existncia do
stress, pois revela o grau de adaptao do indivduo ao seu contexto social.
Em suma, o modelo dos efeitos principais, menciona que o suporte social actua
sobre o sujeito mesmo quando este no se encontra debaixo de stress, permitindo assim,
uma diminuio do mal-estar psicolgico. Este modelo, estando os indivduos ou no
sob stress, permite que os indivduos sintam uma diminuio do seu mal-estar
psicolgico. (Sarason et al., 1983; Wills & Fegan, 2001). Pelo contrrio, o Buffering
Model corresponde a um efeito de interaco ou efeito amortecedor, no qual o suporte
social percebido como protector dos indivduos contra os efeitos negativos provocados
pelos acontecimentos de vida que induzem stress. Este modelo pressupe que o efeito
do suporte social maior nos indivduos com nveis de stress mais elevados,
proporcionando o bem-estar dos indivduos que se encontram nestas condies (Wills &
Fegan, 2001).
Em suma, a inter-relao social, a vida em sociedade, possibilita a formao de
suporte social nos distintos ambientes onde o ser humano se encontra, e este suporte
acaba produzindo benefcios tanto para quem apoia quanto para quem recebe o apoio
(Fonseca & Moura, 2008).
Captulo I
ocupacional e apresentaram-se os seus modelos tericos, os seus sintomas, e factores
moderadores
No captulo seguinte, abordar-se- o fenmeno de burnout. Posto isto, sero
referidos os modelos tericos que explicam a sndrome de burnout, quais as suas causas
e manifestaes.
26
Captulo II
O BURNOUT
Captulo II
Captulo II
sem nimo e aptico, sendo que o trabalho para este deixa de ser empolgante e perde o
sentido (Sousa, Mendona, Zanini, Nazareno, 2009). Tambm, Svio (2008) refere que
esta sndrome tem sido considerada um srio processo de deteriorao da qualidade de
vida do trabalhador.
Por outro lado, Cherniss (1980; cit in Queirs, 2005, p.27) refere que o burnout
consiste em mudanas pessoais negativas que ocorrem em profissionais de ajuda
trabalhando em empregos exigentes ou frustrantes.
Pines e Aronson (1988; cit in Teixeira, 2010) definem burnout como sendo um
estado de exausto fsica, emocional e mental provocado por um longo envolvimento
em situaes que so emocionalmente exigentes. importante salientar que esta
sndrome originada a partir de um processo crnico de exposio ao stress, no sendo
consequncia de um nico episdio de mal-estar e presso, devendo assim, ser
percebido como um processo que se desenvolve ao longo do tempo (Teixeira, 2010).
Edelwich e Brodsky (1980; cit in Carlotto, 2009, p. 8) definiram burnout como
sendo um processo de perda de idealismo, energia e objectivos, vivenciado pelo
indivduo que trabalha em profisses de ajuda, originrio das suas condies de seu
trabalho.
Pines (1993; cit in Loureiro, 2006) refere, ainda, que o burnout emerge quando
as pessoas tentam encontrar significado no trabalho e no conseguem.
Cada sujeito expressa burnout de uma forma nica, mas de uma maneira geral,
este apresenta-se como um processo gradual onde a pessoa comea a perder o
significado e a fascinao pelo trabalho, dando lugar a sentimentos de aborrecimento e
falta de realizao. Gradualmente, o sentimento de entusiasmo, dedicao e prazer com
o trabalho d lugar a sentimentos de raiva, ansiedade e depresso, fazendo com que o
indivduo acredite estar vivendo uma crise pessoal (Malach & Leiter, 1997).
O burnout deve ser visto, assim, como uma experiencia individual e especfica
do contexto de trabalho (Maslach, Schaufeli & Leiter, 2001). O burnout sobretudo
predito pelas exigncias do trabalho e pela falta de recursos no trabalho (Schaufeli &
Bakker, 2004).
Pines (1993; cit in Loureiro, 2006) menciona que os mdicos, profissionais de
sade mental, professores, assistentes socais e gestores so os grupos profissionais que
apresentam elevadas expectativas com o seu trabalho, expressando assim, elevados
nveis de exigncia e consequentemente, encontram-se mais vulnerveis sndrome de
burnout.
29
Captulo II
Captulo II
receio de ser uma pessoa pouco estimada que pode levar a sentimentos paranicos. E
por ltimo, os sinais defensivos manifestam-se atravs da negao das suas emoes,
supresso consciente de informao, o desinteresse de sentimentos por coisas e
situaes, a ateno selectiva e intelectualizada de forma a evitar a experincia negativa.
De acordo com Groch e Olsen (1994; citin Correia, 1997; cit in Queirs, 2005),
o burnout nos profissionais de ajuda pode apresentar-se por sintomas fisiolgicos
(fadiga, irritabilidade, dores de cabea, problemas gastrointestinais, insnias, dores nas
costas e alteraes de peso), comportamentais (perda de entusiasmo, atrasos no trabalho,
alheamento durante horas, frustrao e raiva, aumento de rigidez, dificuldade em tomar
decises, irritao face aos colegas, afastamento dos colegas e resistncia mudana),
psicolgicos (depresso, diminuio da auto-estima, pessimismo, sentimento de
omnipotncia, sentimento de afastamento/indiferena, mudana de valores, perda de
objectivo, vazio, diminuio do empenho e culpa) e clnicos (cinismos face aos clientes,
alheamento durante as sesses, hostilidade face aos clientes, rapidez no diagnstico,
rapidez em medicar, gritar e falar alto aos clientes).
Por outro lado, Schaufeli e Enzman (1988; cit in Queirs, 2005) enumeram
possveis sintomas de burnout e agrupam-nos em cinco categorias: sintomas afectivos,
cognitivos, fsicos, comportamentais e motivacionais, sendo que segundo estes autores
estes sintomas surgem a nvel individual, interpessoal e a nvel organizacional.
Ao nvel individual, na categoria de sintomas afectivos encontram-se humor
depressivo, estado choroso, exausto emocional, humor instvel, diminuio do
controlo emocional, medo indefinido, aumento da tenso, ansiedade. Na categoria de
sintomas cognitivos encontram-se falta de energia, perda de significado e de esperana,
medo de ficar louco, sentimentos de impotncia, sentimentos de insucesso, sentimentos
de insuficincia, baixa auto-estima, auto-preocupao, culpa, ideias suicidas,
incapacidade de concentrao, dificuldades com tarefas complexas, pensamento rgido e
esquemtico, dificuldades em tomar decises, fantasiar e sonhar acordado, diminuio
da tolerncia frustrao. Por sua vez, na categoria de sintomas fsicos encontram-se
enxaquecas, nuseas, tonturas, agitao, tiques nervosos, dores musculares, problemas
sexuais, distrbios do sono (insnias, noites em branco, e dormir excessivo), perda
sbita ou ganho de peso, perda de apetite, aumento da tenso pr-menstrual, perda de
ciclos menstruais, suspirar, fadiga crnica, exausto fsica, hiperventilao, fraqueza
fsica, lceras, perturbaes gastrointestinais, constipaes frequentes e prolongadas,
leses por comportamentos de risco, aumento do risco de problemas cardacos,
31
Captulo II
32
Captulo II
fadiga e
depresso;
2) predominncia de
sintomas mentais
3. Modelos de Burnout
Captulo II
Captulo II
Captulo II
4. Causas do Burnout
Segundo Maslach e Jackson (1981; cit in Oliveira, 2008), o trabalho contnuo
com indivduos que se encontram em sofrimento, psicolgico, social e/ou fsico, pode
originar stress crnico e ser emocionalmente desgastante, contribuindo assim, para o
aparecimento do burnout. Pines (2000) afirma que a principal causa do burnout
encontra-se na necessidade de o ser humano acreditar que a vida tem sentido e que o
trabalho importante e pode fazer a diferena, sendo que, segundo este autor se a
pessoa sente que falha, poder estar em risco de apresentar burnout. Os profissionais
mais dedicados e mais comprometidos com o trabalho so os que tm mais tendncia a
desenvolver burnout (Freudenberger, 1974; cit in Oliveira, 2008). Tambm, Maslach e
Leiter (1997) referem que quanto maior o desfasamento entre o sujeito e o trabalho,
mais elevado o risco de desenvolver esta sndrome. Os autores ainda identificaram seis
fontes de burnout que contribuem para o desfasamento entre a pessoa e o trabalho:
sobrecarga de trabalho, controlo, comunidade, recompensa, justia e valores. A
sobrecarga consiste na quantidade e qualidade excessiva de tarefas que excedem a
capacidade de desempenho, quer por insuficincia tcnica, de tempo ou de infraestrutura organizacional. Esta normalmente a componente que mais se relaciona com a
dimenso exausto emocional do burnout (Maslach et al., 2001). A falta de controlo de
acontecimentos ou de actividades no prprio trabalho, a baixa participao na tomada
de decises sobre mudanas comportamentais relacionam-se normalmente com a
dimenso de baixa realizao pessoal e a maiores nveis de stress (Maslach et al., 2001).
Para estes autores, o facto de a pessoa sentir que no tem uma recompensa justa pelo
seu trabalho, que no reconhecida, quer financeira, quer socialmente, que o seu
empenho desvalorizado ou ignorado pelos outros um indicador de desfasamento.
Estes autores afirmam, ainda, que a falta de recompensa est directamente associada a
sentimentos de ineficcia.
Outro factor importante no aparecimento do burnout a ausncia de sentimento
de comunidade. Por vezes, o trabalho isola as pessoas e pode provocar o conflito que, se
no for resolvido pode tornar-se crnico e destrutivo das relaes de trabalho,
aumentando assim, os sentimentos de frustrao, ansiedade, raiva, desrespeito e
36
Captulo II
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Captulo II
Captulo II
stress e burnout
39
Captulo II
40
Captulo II
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Captulo II
42
Captulo III
O PROFISSIONAL DE SADE MENTAL
Captulo III
1.Profissionais de Sade
A maior parte da populao passa grande parte do seu dia a trabalhar, sendo que, o
trabalho constitui um papel fundamental na vida das pessoas. O trabalho, dependendo das
caractersticas, pode contribuir para uma vida com mais sentido, estimular sentimentos
positivos, sendo tambm importante para a determinao do estatuto scio-econmico das
pessoas. No entanto, no podemos ignorar alguns aspectos menos positivos do trabalho, que
podem desencadear respostas inadequadas face ao stress (Lundberg, 2000; cit in Loureiro,
2006).
Segundo Gomes e Cruz (2004), o stress ocupacional e o burnout nos profissionais que
prestam servios e cuidados humanos um tema relevante, devido s suas consequncias,
uma vez que estas afectam tanto o profissional, como tambm todos os sujeitos que so alvo
de interveno destes mesmos profissionais. Apesar de actualmente j existirem estudos que
evidenciam o stress ocupacional noutras profisses, aquelas que mantm um contacto directo
com as pessoas, tal como com os profissionais de sade, apresentam-se ainda hoje como um
grupo de risco extremo. As consequncias que advm das experincias vivenciadas pelos
profissionais de sade, reflectem-se ao nvel da qualidade dos servios prestados aos doentes,
bem como na prpria qualidade de vida e bem-estar (Pereira, Rodrigues & Cunha, 2010). Por
este motivo, cada vez mais, surgem diversos estudos sobre o stress nos profissionais de sade,
principalmente na rea de medicina e enfermagem (Shapiro, Astin, Bishop & Cordova, 2005).
De acordo com Ribeiro (2005), existem diversas condies que podem originar o
stress ocupacional nos profissionais de sade, tais como o excesso ou a escassez de trabalho,
o excesso ou dfice de responsabilidades e a progresso na carreira. Para alm destas
condies, Delbrouck (2006) menciona a ambiguidade de papis, a falta de segurana no
emprego, conflitos entre colegas e dificuldades relacionais com o doente.
Benevides-Pereira (2002) menciona, ainda, o nmero insuficiente de pessoal, a falta de
reconhecimento profissional, a alta exposio do profissional a riscos qumicos e fsicos, a
sobrecarga de trabalho e ainda o contacto constante com o sofrimento, a dor e por vezes a
morte como sendo os principais stressores destes profissionais. Estes profissionais tm de se
envolver com pacientes em estado grave, partilhar com estes e com os seus familiares a dor, a
angstia, a depresso e o medo de padecerem (Beltrn, Moreno, Estrada, Lpez, Rodrguez &
Reyes, 2004). Alm disso, Melo, Gomes e Cruz (1997) referem que estes profissionais, por
44
Captulo III
Captulo III
Captulo III
tarefas profissionais e pelo contacto muito prximo com pessoas que geralmente esto em
sofrimento que sobrecarregam e desgastam o profissional. Para alm disso, estes profissionais
possuem um pluriemprego como forma de organizao profissional e evitam procurar ajuda
quando sentem dificuldades, uma vez que estes profissionais so instrudos para ajudar.
Apesar destas condies mencionadas em cima, estes profissionais vivenciam em
muitas instituies condies inadequadas para um trabalho de qualidade, em termos fsicos e
materiais, como em termos de suporte (Benevides-Pereira, 2002). Gomes (1999) realizou um
estudo com 419 psiclogos com diferentes formaes e orientaes e aferiu que cerca de 30 a
40% experienciou nveis elevados ou muito elevados de stress no exerccio da sua profisso e
conclui que os factores de stress relacionados com estes elevados nveis de stress estavam
associados ao excesso e sobrecarga de trabalho, a remunerao considerada insuficiente, as
dvidas e problemas de natureza tica e profissional, a insegurana e a instabilidade
profissionais e o falar em pblico. O estudo realizado por Gomes e Cruz (2004) com 439
psiclogos com diferentes formaes e orientaes vai de encontro aos resultados obtidos no
estudo de Gomes, sendo que 30% destes profissionais apresentou uma elevada experincia de
stress, e que 15% j se encontrava em estado burnout, 25% encontrava-se insatisfeito com a
situao profissional actual e 20% referiu que no voltaria a escolher o curso de psicologia se
tivesse uma nova oportunidade de opo.
J relativamente enfermagem, Carvalho e Lopes (2006) referem que uma profisso
que exige uma dedicao especial do profissional, uma vez que o cuidar do outro na sua
integridade no significa resolver somente os problemas fsicos, mas tambm identificar todas
as suas necessidades e tentar encontrar formas de as solucionar. Os enfermeiros so
considerados tambm uma profisso de risco, visto estarem expostos a factores de risco de
natureza fsica, qumica e biolgica. O enfermeiro encontra-se ainda, permanentemente em
contacto com o sofrimento, a dor, o desespero e a irritabilidade que podem aparecer nos
utentes devido sua condio (Cavalheiro, Moura Jnior & Lopes, 2008). Gomes, Cruz e
Cabanelas (2009), mencionam o nmero reduzido de profissionais relativamente carga de
trabalho, a ambiguidade de papis, a falta de reconhecimento social, a precariedade dos
contratos e os baixos ordenados que posteriormente levam ao aumento do nmero de horas de
trabalho, o que por sua vez torna o trabalho mais desgastante, como sendo factores stressores
nesta profisso.
47
Captulo III
Captulo III
Ramminger (2002), estes resultados indicam que os profissionais que lidam diariamente com
a loucura possuem uma capacidade maior de represso dos seus sentimentos de ansiedade, o
que pode representar um mecanismo de defesa importante para estes profissionais. Lara
(1999; cit in Ramminger, 2002) realizou tambm um estudo com profissionais de um hospital
psiquitrico e verificou que 40% da amostra manifestou indcios de esgotamento emocional e
burnout.
Burrows e McGrath (2000; cit in Santos & Cardoso, 2010) e Macedo (2005; cit in
Santos & Cardoso, 2010) concluram no seu estudo que os stressores ocupacionais
identificados por estes profissionais, so o cuidado de pessoas que sofrem de transtornos
mentais severos, sobrecarga de trabalho, falta de profissionais e conflitos entre colegas.
Moore e Cooper, (1996; cit in Abreu, Stoll, Ramos, Baumgardt, Kristensen, 2002) e Rabin,
Feldman e Kaplan (1999; cit in Abreu, Stoll, Ramos, Baumgardt, Kristensen, 2002) destacam
tambm como possveis factores stressantes destes profissionais a responsabilidade da vida do
paciente, a falta de capacidade para estabelecer limites nas suas interaces profissionais, a
preocupao constante perante os problemas e as necessidades dos pacientes, e o contacto, por
longos perodos, com pessoas com transtornos mentais severos. Tambm Swoboda, Sibitz,
Fruhwald, Klug, Bauer e Priebe (2006; cit in Santos & Cardoso, 2010) indicam ainda como
factores stressantes a ambiguidade de funo, conflitos na equipa, a doena do utente e a falta
de tempo, e referem que o contacto com os utentes e com a equipa so percebidos como
recompensadores.
Santos e Cardoso (2010) realizaram um estudo com 25 profissionais de sade mental
de servios ambulatrios e de internamento parcial de sade mental e verificaram que 36.0%
destes profissionais apresentavam manifestaes de stress e que 44.0% consideravam-se sob
stress. Neste estudo, os aspectos mais citados como fonte de stress percebido foram as
condies de trabalho e o relacionamento no trabalho, um outro factor decorrente da
reforma psiquitrica e refere configurao multidisciplinar da equipa e s condies
exigentes. importante salientar a percepo destes profissionais relativamente ao contacto
com os colegas e com os utentes como sendo pouco stressante, o que pode facilitar o
atendimento das necessidades sociais no contexto do trabalho e oferecer possibilidades de
incluso e de ampliao dos vnculos sociais.
Relativamente ao trabalho dos terapeutas ocupacionais, Marco, Ctero, Moraes e
Nogueira-Martins (2008), referem que estes profissionais agem na preveno, no tratamento e
49
Captulo III
na recuperao das capacidades dos utentes que foram diminudas pelo perturbao mental
(Lancmam & Jardim, 2004) e tm como principal objectivo a reabilitao do utente,
contribuindo assim para a avaliao, planeamento e tratamento de vrias disfunes fsicas,
mentais e de desenvolvimento. Um estudo realizado com 203 profissionais de sade mental,
sendo quarenta e seis psiquiatras, cento e onze psiclogos, dezanove terapeutas ocupacionais,
oito assistentes sociais, quatro enfermeiros, trs auxiliares de enfermagem, um dentista, o
antroploga, nove educadores e uma fonoaudiloga verificou que os terapeutas ocupacionais
e os assistentes sociais sentiam de maneira exacerbada o impacto do trabalho e apresentavam
ndices mais elevados de perturbaes psiquitricos comparativamente com os restantes
profissionais. Algumas hipteses apresentadas por estes autores para explicar os resultados
consistem na carncia de reconhecimento profissional pelos outros profissionais da equipa,
falsa concepo da equipa de que a terapia ocupacional somente distraco e recreao para
os utentes incapacitados e ambiguidade do papel profissional.
Num outro estudo efectuado por Sweeney e Nichols (1996; cit in Marco, Ctero,
Moraes, Nogueira-Martins, (2008) com terapeutas ocupacionais, observou-se que os
profissionais que trabalham na rea da sade mental revelaram altos nveis de stress. Segundo
estes mesmos autores os factores que fomentaram estes elevados nveis de stress foram a
constante exposio s angustias e dificuldades dos pacientes, frequente exposio queles
que possuem uma m qualidade de vida e resistncia que muitos utentes tm em mudar
condies de vida que antes no acarretavam efeitos desagradveis, mas que actualmente
contribuem para situaes difceis.
No que concerne profisso de assistente social, a literatura evidencia os riscos
ocupacionais associados aos nveis elevados de stress resultantes do efeito do ambiente de
trabalho e caractersticas da profisso, em que existe um paradoxo entre vivenciar situaes
de poder relativamente ao utente, e por outro lado, carncia de autonomia relativamente
instituio e aos seus recursos (Jones, Fletcher & Ibbetson, 1991; cit in Marco, Ctero,
Moraes, Nogueira-Martins, 2008). As pessoas que escolhem esta profisso tm determinadas
caractersticas que so pilares para esta profisso tais como, crer na justia social, no bemestar das pessoas, no respeito pelas opes e autonomia, no senso de responsabilidade pelos
outros (Wood, 1982; cit in Pottage & Huxley, 1996; cit in Marco, Ctero, Moraes, NogueiraMartins, 2008).
50
Captulo III
51
Captulo III
Neste captulo, na primeira parte foram expostos vrios estudos sobre os profissionais
de sade e na segunda parte abordaram-se estudos referentes aos profissionais de sade
mental.
Na segunda parte da dissertao, apresentaremos o nosso estudo emprico cuja
populao-alvo so os profissionais de sade mental da Casa de Sade de S. Jos. Iremos
testar as hipteses propostas para este estudo e no final aps a discusso dos resultados
obtidos, iremos realizar uma breve concluso acerca deste estudo.
52
Captulo IV
METODOLOGIA
Captulo IV
2. Hipteses
54
Captulo IV
3.Variaveis
As variveis scio-demogrficas consideradas neste estudo foram: sexo, idade, estado
civil, nmero de filhos, habilitaes literrias, local de residncia, profisso, anos de
profisso, nmero de anos que trabalha na instituio, nmero de horas de trabalho por
semana, situao contratual, trabalho por turnos, especialidade de trabalho, nmero de
instituies onde trabalha e cargo profissional.
Para alm, das variveis em cima referidas, tambm foram alvo de estudo as variveis
burnout, stress ocupacional e apoio social.
55
Captulo IV
5. Participantes
A amostra desta investigao no probabilstica e de convenincia, visto que os
participantes so profissionais de sade mental, que trabalham numa Casa de Sade da Regio
Norte do pas (Almeida & Freire, 2007). Como critrio de incluso considermos o facto de
trabalhar nesta instituio h pelo menos um ano e de saber ler e escrever. Tendo em
considerao os critrios anteriores, foram distribudos 63 inquritos pelos profissionais de
sade mental. A participao foi voluntria sendo estes previamente informados sobre a
natureza e objectivos do presente estudo. Dos 63 inquritos distribudos, apenas 40 foram
devolvidos, sendo a amostra desta investigao constituda apenas por 40 sujeitos.
Captulo IV
e os 65 anos, e cuja mdia foi de 40 anos e o desvio padro de 12.37 anos de acordo com a
tabela 1b.
Relativamente profisso, 50% dos participantes so auxiliares, 20% enfermeiros,
15% mdicos e, por ltimo, 15% o grupo Outros, que inclu um psiclogo, uma terapeuta
ocupacional, uma assistente social e trs monitoras.
Observa-se pela tabela 1, que em termos de habilitaes literrias, a maioria dos
participantes possu o ensino superior (n=18; 45%), sendo que 15% possu o ensino
secundrio e o 4ano, 12.5% possu o 7ano e 9ano, 7.5% sabe ler e escrever e os restantes
participantes possuem 5 e o 6ano (5%).
No que concerne ao estado civil, a maioria dos sujeitos casado (57.5%), 22.5%
solteiro, dividindo-se a restante percentagem de forma relativamente aproximada, pelos
estados divorciado (7.5%), vivo (5%), unio de facto (5%) e separado (2.5%).
Quanto ao facto de ter filhos, 65% respondeu que sim e 35% respondeu que no. A
totalidade da amostra no vive com outros dependentes.
Em relao ao local de residncia, a maioria dos participantes reside no meio rural
(72.5%), os restantes participantes reside no meio urbano (27.5%).
57
Captulo IV
Quadro 1 Caracterizao scio-demogrfica da amostra (N=40)
Masculino
12
30,0
Feminino
28
70,0
DP
Mnimo
Mximo
40,0
12,37
23
65
2,2
1,16
Sexo
Idade
Profisso
Auxiliares
20
50,0
Enfermeiros
20,0
Mdicos
15,0
Outros
15,0
7,5
1 - 4 ano
15,0
5 - 6 ano
5,0
7 - 9 ano
12,5
10 - 12 ano
15,0
Ensino superior
18
45,0
Solteiro(a)
22,5
Casado(a)
23
57,5
Divorciado(a)
7,5
Vivo(a)
5,0
Unio de Facto
5,0
Separado(a)
2,5
No
14
35,0
Sim
26
65,0
Habilitaes Escolares
Estado Civil
Tem filhos?
N de filhos
Outros dependentes?
No
40
100,0
58
Captulo IV
DP
Mnimo
Mximo
Local de residncia
Meio Rural
29
72,5
Meio Urbano
11
27,5
No
14
35,0
Sim
26
65,0
No
32
80,0
Sim
20,0
34
85,0
Vnculo Precrio/Termo
5,0
Prestao de Servios
10,0
DP
Mnimo
Mximo
Situao contratual
Quadro/Efectivo(a)
Cargo desempenhado
Auxiliar
20
50,0
Coordenador
10,0
Enfermeiro(a)
17,5
Mdico
12,5
Director Clnico
2,5
Monitor(a)
7,5
59
Captulo IV
DP
Mnimo
Mximo
No
34
85,0
Sim
15,0
Nunca
27
67,5
Raramente
22,5
Algumas vezes
7,5
Nunca
36
90,0
Raramente
7,5
Algumas vezes
2,5
No
30
75,0
Sim
10
25,0
No
30
75,0
Sim
10
25,0
Anos de Profisso
14,9
11,63
38
12,1
9,43
34
37,8
8,42
60
33,3
12,09
50
22,6
15,50
40
Relativamente ao trabalho por turnos, observa-se que 65% dos participantes trabalha
por turnos, sendo que 35% referiu que no trabalha por turnos.
60
Captulo IV
Quadro 2b: Dados sobre a situao profissional da amostra relativos s questes se pudesse deixaria a
instituio onde trabalha e se pudesse mudaria de profisso por outra actividade profissional por grupo de
profissionais (N=40)
Auxiliares (n=20)
Enfermeiros (n=8)
Mdicos (n=6)
Outros (n=6)
Se pudesse deixaria a
instituio onde
trabalha
No
Sim
16
4
80,0
20,0
6
2
75,0
25,0
6
---
100,0
---
2
4
33,3
66,7
Se pudesse mudaria
de profisso
No
Sim
16
4
80,0
20,0
6
2
75,0
25,0
6
---
100,0
---
2
4
33,3
66,7
61
Captulo IV
6. Instrumentos
De forma a medirmos as variveis em estudo foram utilizados como instrumentos de
avaliao, de acordo com a ordem apresentada aos participantes, os seguintes: Questionrio
scio-demogrfico, Questionrio de Stress nos Profissionais de Sade (QSPS), o Inventrio
de Burnout de Maslach - (MBI-HSS) e a Escala de Apoio Social (EAS).
Captulo IV
possibilidade de cometer erros que prejudiquem os clientes, ter de gerir problemas graves dos
clientes, etc.), os itens que a constituem so o item 1, 8, 14, 20; relaes profissionais:
descreve o mal-estar dos profissionais relativamente ao ambiente de trabalho bem como
relao mantida com os colegas de trabalho e superiores hierrquicos (ex: conflitos com
colegas, falta de apoio dos superiores, etc.) os itens que a formam so 2, 7, 9, 15, 21; excesso
de trabalho: diz respeito excessiva carga de trabalho e de horas de servio a realizar (ex.
trabalhar muitas horas seguidas, falta de tempo para realizar adequadamente as tarefas, etc.)
os itens que a constituem so 4, 12, 16, 22; carreira e remunerao: indica os sentimentos de
mal-estar relacionados com a falta de perspectivas de desenvolvimento da carreira
profissional e de insatisfao com o salrio recebido (ex: impossibilidade de progresso na
carreira, baixa remunerao, etc.) os itens que a constituem so 3, 10, 13, 17, 23; aces de
formao: reporta as experincias negativas dos profissionais em situaes onde devem
elaborar e conduzir aces de formao e efectuar apresentaes pblicas os itens que a
formam so 6, 18, 24; problemas familiares: descreve os problemas de relacionamento
familiar e a falta de apoio por parte de pessoas significativas (ex: instabilidade das relaes
familiares e/ou conjugais, conflitos com pessoas significativas, etc) e os itens que constituem
esta dimenso so 5, 11, 19, 25.
Caractersticas Psicomtricas na Amostra em Estudo
Para se proceder avaliao das qualidades psicomtricas do QSPS nesta amostra
utilizou-se o alfa de Cronbach (), pelo quadro 3 verifica-se que a consistncia interna deste
instrumento na amostra total muito boa (=0,95). Relativamente consistncia interna de
cada dimenso, na dimenso lidar com Clientes a consistncia interna boa (=0,86), na
dimenso relaes profissionais a consistncia interna foi muito boa (=0,90), na dimenso
excesso de trabalho a consistncia interna tambm se revelou boa (=0,88), na dimenso
carreira e remunerao tambm foi boa (=0,83), na dimenso aces de formao a
consistncia interna foi =0,89 e, por ltimo, na dimenso problemas familiares a
consistncia interna foi boa (=0,82)
63
Captulo IV
Enfermeiros
Mdicos
Outros
TOTAL
QSPS (total)
0,95 [5]
0,94 [5]
0,94 [5]
0,93 [5]
0,94 [5]
MBI-HSS (total)
0,73 [3]
0,67 [2]
0,87 [4]
0,81 [4]
0,75 [3]
ESSS (total)
0,18 [1]
0,54 [1]
0,21 [1]
0,67 [2]
0,31 [1]
0,80 [4]
0,91 [5]
0,89 [4]
0,94 [5]
0,86 [4]
Relaes Profissionais
0,91 [5]
0,85 [4]
0,72 [3]
0,89 [4]
0,90 [5]
Excesso de Trabalho
0,89 [4]
0,82 [4]
0,94 [5]
0,56 [1]
0,88 [4]
Carreira e Remunerao
0,82 [4]
0,76 [3]
0,88 [4]
0,76 [3]
0,83 [4]
Aces de Formao
0,85 [4]
0,96 [5]
0,91 [5]
0,86 [4]
0,89 [4]
Problemas Familiares
0,80 [4]
0,80 [4]
0,63 [2]
0,89 [4]
0,82 [4]
Exausto Emocional
0,91 [5]
0,81 [4]
0,96 [5]
0,92 [5]
0,90 [5]
Realizao Pessoal
0,61 [2]
0,18 [1]
0,89 [4]
0,86 [4]
0,69 [2]
Despersonalizao
0,05 [1]
0,67 [2]
0,07 [1]
0,38 [1]
0,27 [1]
0,58 [1]
0,47 [1]
0,67 [2]
0,47 [1]
0,56 [1]
Intimidade
0,41 [1]
0,21 [1]
0,48 [1]
0,14 [1]
0,27 [1]
0,77 [3]
0,42 [1]
0,56 [1]
0,94 [5]
0,70 [3]
Actividades Sociais
0,78 [3]
0,63 [2]
0,83 [4]
0,79 [3]
0,68 [2]
QSPS
MBI-HSS
ESSS
[2]
[3]
[4]
[5]
64
Captulo IV
Captulo IV
Captulo IV
7. Procedimentos Estatsticos
Uma vez que este estudo quantitativo, foi utilizado o programa Statistical Package
for Social Sciences-SPSS, verso 19.0, para analisar os dados. O nvel de significncia
estatstico adoptado foi de 5% (p0,05). Todavia, a existncia de valores de significncia
superiores a 5% e iguais ou inferiores a 10%, foram considerados marginalmente
significativos (p0,10).
A anlise exploratria de dados incidiu sobre as frequncias absoluta (n) e relativa (%)
para as variveis qualitativas, e sobre a mdia (M), o desvio-padro (DP) e os valores mnimo
(Mn) e mximo (Mx) para as variveis quantitativas. A disperso, foi, ainda, apreciada pelo
coeficiente de variao (CV) [CV=(DP/M)*100]1.
O estudo da normalidade das distribuies, para as variveis quantitativas, foi
realizado pelo teste de Shapiro-Wilk (n<50). As variveis com nvel de significncia igual ou
inferior a 5% (p0,05) foram consideradas com distribuio no-normal; as variveis com
nvel de significncia superior a 5% (p>0,05) foram consideradas com distribuio normal.
CV15 fraca disperso
15<CV30 disperso mdia
CV>30 elevada disperso
1
67
Captulo IV
Nas variveis com distribuio normal, a homogeneidade das varincias foi verificada
pelo teste de Levene statistics (se p>0,05 as varincias so homogneas; se p<0,05 as
varincias so no-homogneas).
A comparao entre os dois grupos (masculino versus feminino, 20-39 anos versus 40
e mais anos; at 35 horas de trabalho semanal versus mais de 35 horas de trabalho semanal;
solteiros versus casados; at 10 anos de experincia profissional versus mais de 10 anos de
experincia profissional), foi efectuada pelo teste t de medidas independentes, sempre que nos
dois grupos a varivel/dimenso em comparao apresentava distribuio normal, ou pelo
teste U Mann-Whitney sempre que pelo menos um grupo apresentava distribuio no-normal
na varivel/dimenso em comparao. A comparao entre sujeitos com alto suporte social
versus mdio suporte social foi realizada pelo teste U Mann-Whitney.
A verificao da existncia de relaes de dependncia entre duas variveis
qualitativas foi efectuada pelo teste de independncia do qui-quadrado de Pearson (2), com
simulao de Monte Carlo (por violao dos pressupostos), com um nvel de confiana de
99%.
A consistncia interna de cada questionrio (QSPS, MBI-HSS, ESSS) foi avaliada
pelo -Cronbach.
68
Captulo V
APRESENTAO DOS RESULTADOS
Captulo V
1.Caracterizao das principais variveis psicossociais estudadas
Captulo V
quilo que os clientes esperam de mim e o excesso de trabalho e/ou tarefas de carcter
burocrtico. Por ltimo, o grupo outros, que inclu um psiclogo, uma assistente social, uma
terapeuta ocupacional e trs monitoras apontam como principais fontes de stress o facto de ter
de tomar decises onde os erros podem ter consequncias graves para os clientes; a falta de
perspectivas de desenvolvimento e progresso na carreira; a falta de encorajamento e apoio
por parte dos meus superiores; o ambiente e clima existentes no meu local de trabalho; o
comportamentos desajustados e/ou inadequados de colegas de trabalho e o favoritismo e/ou
discriminao encobertos no meu local de trabalho.
Quadro 5 Itens de mais elevada frequncia relativa em cada grupo amostral, por opo de resposta (N=40)
Auxiliares
Enfermeiros
Mdicos
19: 37,5%
50%
50%
33,3%
Nenhum
Stress
Pouco
Stress
Moderado
37,5%
Stress
Bastante
Stress
Elevado
Stress
Itens 2, 7: 37,5%
---
Outros
71
Captulo V
Nos restantes itens, verifica-se a inexistncia de significado estatstico (p>0,05) entre
os grupos da amostra, o que revela a inexistncia de relaes estatsticas entre a profisso e o
modo como os sujeitos percepcionam o stress profissional. De notar, que em todos os itens do
QSPS, no tendo sido possvel a aplicao rigorosa do teste, por violao sistemtica dos
pressupostos, utilizou-se a simulao de Monte Carlos, com p0,01.
Pelo quadro 6, observa-se que no total da amostra o valor mdio situa-se bastante
prximo da condio de moderado stress. De todas, a dimenses com mais baixo nvel de
stress so os Problemas Familiares. A disperso elevada (CV>30) em todas as dimenses.
Quadro 6 Mdia (M), desvio-padro (DP), valores mnimo e mximo, do total da amostra, relativamente s
dimenses do Questionrio de Stress nos Profissionais de Sade (N=40).
QSPS - dimenses
DP
Mn
Mx
2,3
1,04
0,0
4,0
- Relaes Profissionais
2,3
1,09
0,0
3,8
- Excesso de Trabalho
2,3
1,04
0,0
3,7
-Carreira e Remunerao
2,1
0,98
0,0
3,8
- Aces de Formao
2,0
1,31
0,0
4,0
- Problemas Familiares
1,7
1,06
0,0
4,0
72
Captulo V
Quadro 4a Percentagem de sujeitos Auxiliares e Enfermeiros em cada uma das opes
Sade (N=40)
AUXILIARES
NS
PS
MS
Em termos gerais, a minha actividade profissional provoca-me
15,0
15,0
40,0
1. Tomar decises onde os erros podem ter consequncias graves para os clientes.
15,0
10,0
40,0
2. O favoritismo e/ou discriminao encobertos no meu local de trabalho.
25,0
--30,0
3. A falta de perspectivas de desenvolvimento e progresso na carreira.
15,0
20,0
15,0
4. Trabalhar muitas horas seguidas.
20,0
5,0
5,0
5. Problemas interpessoais com pessoas significativas/familiares.
25,0
10,0
35,0
6. Falar ou fazer apresentaes em pblico.
15,0
10,0
25,0
7. A falta de encorajamento e apoio por parte dos meus superiores.
15,0
--30,0
8. No poder ou no ser capaz de corresponder quilo que os clientes esperam de mim.
15,0
20,0
20,0
9. O ambiente e clima existentes no meu local de trabalho.
10,0
10,0
40,0
10. Falta de perspectivas de progresso na carreira.
20,0
20,0
15,0
11. A falta de estabilidade e segurana na minha vida conjugal e/ou familiar.
20,0
10,0
25,0
12. O excesso de trabalho e/ou tarefas de carcter burocrtico.
15,0
5,0
10,0
13. Receber um salrio baixo.
--20,0
35,0
14. Gerir problemas graves dos meus clientes.
15,0
5,0
35,0
15. Os conflitos interpessoais com outros colegas.
15,0
10,0
20,0
16. Falta de tempo para realizar adequadamente as minhas tarefas profissionais.
10,0
5,0
35,0
17. Viver com os recursos financeiros de que disponho.
15,0
10,0
55,0
18. Preparar aces de formao sob a minha responsabilidade.
25,0
--20,0
19. A falta de apoio social e emocional fora do local de trabalho (famlia, amigos).
35,0
5,0
25,0
20. Sentir que no h nada a fazer para resolver os problemas dos meus clientes.
15,0
--35,0
21. Comportamentos desajustados e/ou inadequados de colegas de trabalho.
15,0
15,0
20,0
22. A sobrecarga ou excesso de trabalho.
15,0
5,0
15,0
23. Salrio inadequado/insuficiente.
5,0
15,0
35,0
24. Realizar actividades de formao sob a minha responsabilidade.
25,0
10,0
20,0
25. Falta de tempo para manter uma boa relao com as pessoas mais prximas (ex:
10,0
--50,0
cnjuge, filhos, amigos, etc.).
ES
5,0
15,0
20,0
15,0
25,0
15,0
25,0
20,0
20,0
25,0
15,0
10,0
10,0
30,0
20,0
10,0
10,0
10,0
25,0
5,0
15,0
25,0
20,0
35,0
25,0
20,0
NS
12,5
12,5
12,5
----25,0
12,5
12,5
12,5
----50,0
--12,5
12,5
12,5
----37,5
37,5
12,5
12,5
12,5
--25,0
25,0
PS
50,0
----25,0
37,5
25,0
12,5
----12,5
25,0
37,5
--------12,5
25,0
--37,5
--12,5
12,5
25,0
12,5
37,5
ENFERMEIROS
MS
37,5
----12,5
25,0
12,5
25,0
25,0
37,5
37,5
25,0
12,5
37,5
50,0
12,5
25,0
12,5
62,5
12,5
25,0
50,0
12,5
62,5
37,5
25,0
12,5
BS
ES
62,5
50,0
37,5
12,5
37,5
37,5
25,0
25,0
25,0
25,0
--50,0
25,0
62,5
37,5
50,0
12,5
37,5
--12,5
37,5
12,5
25,0
25,0
---
25,0
37,5
25,0
25,0
--12,5
37,5
25,0
25,0
25,0
--12,5
12,5
12,5
25,0
25,0
--12,5
--25,0
25,0
--12,5
12,5
25,0
NS - Nenhum Stress; PS- Pouco Stress; MS- Moderado Stress; BS- Bastante Stress; ES- Elevado Stress
73
Captulo V
Quadro 4b Percentagem de sujeitos Mdicos e Outros Profissionais de Sade em cada uma das opes de resposta ao Questionrio de Stress nos Profissionais de Sade
(N=40)
NS
Em termos gerais, a minha actividade profissional provoca-me
1. Tomar decises onde os erros podem ter consequncias graves para os clientes.
2. O favoritismo e/ou discriminao encobertos no meu local de trabalho.
3. A falta de perspectivas de desenvolvimento e progresso na carreira.
4. Trabalhar muitas horas seguidas.
5. Problemas interpessoais com pessoas significativas/familiares.
6. Falar ou fazer apresentaes em pblico.
7. A falta de encorajamento e apoio por parte dos meus superiores.
8. No poder ou no ser capaz de corresponder quilo que os clientes esperam de mim.
9. O ambiente e clima existentes no meu local de trabalho.
10. Falta de perspectivas de progresso na carreira.
11. A falta de estabilidade e segurana na minha vida conjugal e/ou familiar.
12. O excesso de trabalho e/ou tarefas de carcter burocrtico.
13. Receber um salrio baixo.
14. Gerir problemas graves dos meus clientes.
15. Os conflitos interpessoais com outros colegas.
16. Falta de tempo para realizar adequadamente as minhas tarefas profissionais.
17. Viver com os recursos financeiros de que disponho.
18. Preparar aces de formao sob a minha responsabilidade.
19. A falta de apoio social e emocional fora do local de trabalho (famlia, amigos).
20. Sentir que no h nada a fazer para resolver os problemas dos meus clientes.
21. Comportamentos desajustados e/ou inadequados de colegas de trabalho.
22. A sobrecarga ou excesso de trabalho.
23. Salrio inadequado/insuficiente.
24. Realizar actividades de formao sob a minha responsabilidade.
25. Falta de tempo para manter uma boa relao com as pessoas mais prximas (ex:
cnjuge, filhos, amigos, etc.).
--16,7
66,7
16,7
16,7
16,7
16,7
16,7
16,7
83,3
50,0
33,3
16,7
------16,7
33,3
33,3
--16,7
16,7
16,7
33,3
16,7
PS
50,0
16,7
33,3
16,7
16,7
16,7
33,3
16,7
--66,7
--16,7
--66,7
16,7
33,3
33,3
50,0
50,0
50,0
33,3
33,3
16,7
33,3
50,0
33,3
MDICOS
MS
50,0
50,0
33,3
--50,0
50,0
--66,7
50,0
----33,3
16,7
--33,3
50,0
50,0
33,3
--16,7
66,7
50,0
50,0
33,3
--33,3
BS
ES
NS
33,3
16,7
16,7
--16,7
50,0
--33,3
16,7
16,7
--33,3
16,7
50,0
16,7
----16,7
--------16,7
16,7
16,7
------16,7
--------------16,7
------16,7
----------16,7
-------
16,7
----16,7
16,7
33,3
33,3
16,7
16,7
16,7
33,3
----16,7
----33,3
16,7
50,0
16,7
------16,7
16,7
OUTROS PROFISSIONAIS
PS
MS
BS
33,3
50,0
16,7
16,7
--16,7
--16,7
50,0
--16,7
33,3
33,3
16,7
33,3
16,7
16,7
50,0
16,7
--16,7
----16,7
16,7
16,7
16,7
--16,7
16,7
----33,3
--16,7
--50,0
33,3
16,7
33,3
33,3
33,3
16,7
33,3
16,7
16,7
50,0
16,7
--50,0
50,0
33,3
16,7
--50,0
--33,3
--33,3
--16,7
16,7
33,3
16,7
16,7
16,7
50,0
16,7
33,3
16,7
33,3
33,3
50,0
--16,7
16,7
16,7
33,3
ES
50,0
33,3
50,0
----33,3
50,0
33,3
50,0
50,0
50,0
----16,7
16,7
--16,7
--16,7
16,7
50,0
--16,7
16,7
16,7
NS - Nenhum Stress; PS- Pouco Stress; MS- Moderado Stress; BS- Bastante Stress; ES- Elevado Stress
74
Captulo V
Quadro 4c Percentagem de sujeitos do Total da Amostra em cada uma das opes de resposta ao Questionrio de Stress nos Profissionais de Sade. Teste do Qui-Quadrado (N=40)
TOTAL DA AMOSTRA
Teste do Qui-Quadrado
p
2
NS
PS
MS
BS
ES
Em termos gerais, a minha actividade profissional provoca-me
7,5
22,5
45,0
22,5
2,5
9,704
0,706
1. Tomar decises onde os erros podem ter consequncias graves para os clientes.
12,5
10,0
27,5
30,0
20,0
16,469
0,168
2. O favoritismo e/ou discriminao encobertos no meu local de trabalho.
17,5
5,0
22,5
32,5
22,5
20,493
0,055**
3. A falta de perspectivas de desenvolvimento e progresso na carreira.
17,5
17,5
12,5
32,5
20,0
17,938
0,114
4. Trabalhar muitas horas seguidas.
15,0
17,5
17,5
30,0
20,0
17,421
0,129
5. Problemas interpessoais com pessoas significativas/familiares.
22,5
15,0
30,0
25,0
7,5
9,254
0,726
6. Falar ou fazer apresentaes em pblico.
17,5
15,0
17,5
30,0
20,0
9,450
0,713
7. A falta de encorajamento e apoio por parte dos meus superiores.
12,5
7,5
30,0
25,0
25,0
19,767
0,066**
8. No poder ou no ser capaz de corresponder quilo que os clientes esperam de mim.
12,5
15,0
27,5
25,0
20,0
6,716
0,916
9. O ambiente e clima existentes no meu local de trabalho.
7,5
20,0
30,0
17,5
25,0
15,986
0,188
10. Falta de perspectivas de progresso na carreira.
22,5
17,5
12,5
27,5
20,0
21,699
0,037*
11. A falta de estabilidade e segurana na minha vida conjugal e/ou familiar.
32,5
15,0
22,5
17,5
12,5
22,641
0,024*
12. O excesso de trabalho e/ou tarefas de carcter burocrtico.
12,5
10,0
20,0
47,5
10,0
21,264
0,041*
13. Receber um salrio baixo.
5,0
25,0
32,5
20,0
17,5
18,027
0,112
14. Gerir problemas graves dos meus clientes.
12,5
7,5
30,0
35,0
15,0
8,612
0,783
15. Os conflitos interpessoais com outros colegas.
10,0
12,5
30,0
35,0
12,5
11,021
0,567
16. Falta de tempo para realizar adequadamente as minhas tarefas profissionais.
5,0
10,0
35,0
37,5
12,5
13,145
0,355
17. Viver com os recursos financeiros de que disponho.
15,0
22,5
47,5
7,5
7,5
11,589
0,513
18. Preparar aces de formao sob a minha responsabilidade.
27,5
15,0
12,5
30,0
15,0
20,761
0,047*
19. A falta de apoio social e emocional fora do local de trabalho (famlia, amigos).
37,5
17,5
25,0
15,0
5,0
17,263
0,134
20. Sentir que no h nada a fazer para resolver os problemas dos meus clientes.
12,5
7,5
40,0
25,0
15,0
15,664
0,206
21. Comportamentos desajustados e/ou inadequados de colegas de trabalho.
12,5
17,5
22,5
22,5
25,0
9,796
0,683
22. A sobrecarga ou excesso de trabalho.
12,5
15,0
17,5
40,0
15,0
17,188
0,136
23. Salrio inadequado/insuficiente.
5,0
20,0
35,0
17,5
22,5
8,221
0,821
24. Realizar actividades de formao sob a minha responsabilidade.
25,0
22,5
15,0
20,0
17,5
10,754
0,590
25. Falta de tempo para manter uma boa relao com as pessoas mais prximas.
15,0
15,0
35,0
17,5
17,5
14,683
0,265
*diferenas estatisticamente significativas (p<0,05)** diferenas marginalmente significativas (0,05 < p <0,10)
NS - Nenhum Stress; PS- Pouco Stress; MS- Moderado Stress; BS- Bastante Stress; ES- Elevado Stress
75
Pouco Stress
Stress
Moderado
Bastante
Elevado
Stress
Stress
Stress
10,0
20,0
16
40,0
11
27,5
2,5
- Relaes Profissionais
12,5
17,5
16
40,0
12
30,0
---
---
- Excesso de Trabalho
15,0
12,5
15
37,5
14
35,0
---
---
- Carreira e Remunerao
12,5
10
25,0
18
45,0
17,5
---
---
- Aces de Formao
10
25,0
22,5
17,5
10
25,0
10,0
- Problemas Familiares
20,0
14
35,0
13
32,5
10,0
2,5
Baixo
Intermdio
Elevado
Exausto Emocional
0-16
17-26
27 ou +
Realizao Pessoal*
0-31
32-38
39 ou +
Despersonalizao
0-6
7-12
13 ou +
* cotao em sentido invertido, ou seja, valores mais baixos significam menor sentimento de realizao pessoal.
Captulo V
frias, impessoais ou mesmo negativas dirigidas s pessoas a quem prestam servio, os
auxiliares, enfermeiros e outros profissionais, registam a maior frequncia (absoluta e
relativa) na opo baixo nvel de burnout, enquanto que os mdicos situam-se
maioritariamente num nvel intermdio. Ao nvel da realizao pessoal (de notar que nesta
dimenso a cotao invertida, onde baixos valores significam menores sentimentos de
realizao pessoal, e elevados valores correspondem a sentimentos muito favorveis de
realizao pessoal), ou seja, na avaliao dos sentimentos de competncia profissional e de
sucesso no trabalho com pessoas, a maioria dos enfermeiros situa-se no nvel intermdio, a
maioria dos mdicos num nvel elevado, a maioria dos outros profissionais de sade num
nvel baixo, ao passo que os auxiliares distribuem-se equilibradamente entre sentimentos
intermdios e elevados de realizao pessoal. De uma forma geral, podemos afirmar, que os
sujeitos que compem cada grupo da amostra no parecem ser afectados por nveis
significativos de burnout.
Quadro 8 Frequncia relativa (%) dos scores de burnout baixo, intermdio e elevado nos 4 grupos da
amostra, bem como no total da amostra, relativamente s dimenses do Inventrio de Burnout de Maslach
Prestadores de Servios Humanos (N=40)
Auxiliares
Enfermeiros
Mdicos
Outros
TOTAL
Exausto
55,0
30,0
15,0
50,0
25,0
25,0
50,0
33,3
16,7
16,7
33,3
50,0
47,5
30,0
22,5
Emociona
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=1
(n=
(n=9
11)
6)
3)
4)
2)
2)
3)
2)
1)
1)
2)
3)
9)
12)
Realiza
20,0
40,0
40,0
37,5
50,0
12,5
33,3
---
66,7
50,0
33,3
16,7
30,0
35,0
35,0
o Pessoal
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=1
(n=
(n=1
4)
8)
8)
3)
4)
1)
2)
4)
3)
2)
1)
2)
14)
4)
Desperson
90,0
10,0
---
62,5
37,5
---
33,3
66,7
---
83,3
16,7
---
75,0
25,0
---
alizao
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=
(n=3
(n=
18)
2)
5)
3)
2)
4)
5)
1)
0)
10)
*cotao em sentido invertido, ou seja, valores mais baixos significam menor sentimentos de realizao pessoal.
B- Baixo
I- Intermdio
E- Elevado
77
Captulo V
1.1.3.Escala de Satisfao com o Suporte Social (ESSS)
Quadro 9 Mdia (M), desvio-padro (DP), valores mnimo e mximo, do total da amostra, relativamente s
dimenses da Escala de Satisfao com o Suporte Social (N=40)
ESSS - dimenses
DP
Mn
Mx
ESSS total
56,2
8,40
36,0
72,0
19,3
3,27
10,0
25,0
Intimidade
15,3
3,33
9,0
20,0
11,8
2,73
5,0
15,0
Actividades Sociais
9,7
2,99
3,0
15,0
78
Captulo V
2. Resultados do Teste de Hipteses
2.1. Hiptese 1 Espera-se que existam diferenas entre os profissionais de sade
mental quanto expresso de stress e burnout
a) Estudo comparativo Questionrio de Stress nos Profissionais de Sade
79
Captulo V
b) Estudo comparativo Inventrio de Burnout de Maslach - Prestadores de
Servios Humanos
80
Captulo V
Quadro 10 Mdia (M), desvio-padro (DP), valores mnimo e mximo, mean rank e teste H Kruskal-Wallis na comparao entre os 4 grupos de
profissionais de sade, relativamente s dimenses do Questionrio de Stress nos Profissionais de Sade (N=40)
Auxiliares (n=20)
Enfermeiros (n=8)
QSPS Mean
Mean
dimenses
M
DP
M
DP
Rank
Rank
- Lidar com
2,2
1,03
19,65
2,6
1,12
25,69
Clientes
(0-3,7)
(0-3,5)
- Relaes
2,3
1,15
20,23
2,7
1,03
24,88
Profissionais
(0-3,8)
(0,6-3,8)
- Excesso de
2,5
1,12
23,10
2,6
0,89
23,56
Trabalho
(0-3,7)
(1-3,7)
- Carreira e
2,2
0,97
21,63
2,3
0,76
23,38
Remunerao
(0,4-3,8)
(1-3,4)
- Aces de
2,2
1,31
22,93
2,0
1,41
20,38
Formao
(0-4)
(0-4)
- Problemas
2,0
1,04
23,45
1,2
0,92
15,06
Familiares
(0-4)
(0-2,7)
** diferenas marginalmente significativas (p<0,10)
Mdicos (n=6)
M
2,1
(1-2,7)
1,5
(0,4-2,2)
1,9
(0,2-3,7)
1,0
(0-2,6)
1,3
(0-3)
1,2
(0-1,7)
Outros (n=6)
DP
0,63
Mean
Rank
16,00
0,62
9,92
1,26
15,25
0,87
8,83
1,08
14,42
0,66
14,33
M
2,3
(0-4)
2,9
(1,4-3,8)
1,9
(1-2,5)
2,5
(1,4-3,8)
1,7
(0,7-3,7)
2,0
(0,2-3,5)
H Kruskal-Wallis
DP
1,45
Mean
Rank
20,92
2
2,603
p
0,457
0,99
26,17
7,508
0,057**
0,61
13,00
5,274
0,153
0,80
24,58
7,421
0,060**
1,39
18,67
2,658
0,447
1,39
24,08
5,271
0,153
Quadro 11a Mdia (M), desvio-padro (DP), valores mnimo e mximo, mean rank e teste H Kruskal-Wallis na comparao entre os 4 grupos de
profissionais de sade, relativamente s dimenses do Inventrio de Burnout de Maslach Prestadores de Servios Humanos (N=40)
Auxiliares (n=20)
Enfermeiros (n=8)
MBI-HSS
dimenses
Exausto
Emocional
M
15,3
(0-49)
DP
13,90
Mean
Rank
17,43
Realizao
Pessoal
34,7
(8-43)
8,06
21,48
Despersonalizao
3,2
(0-12)
3,49
18,08
Mdicos (n=6)
M
19,4
(7-33)
DP
9,83
Mean
Rank
23,00
33,5
(2839)
5,5
(0-9)
4,04
17,25
3,96
25,25
Outros (n=6)
M
16,5
(1-37)
DP
13,13
Mean
Rank
19,75
35,5
(1547)
5,8
(0-9)
12,86
25,83
4,22
25,92
H Kruskal-Wallis
M
25,3
(5-42)
DP
12,03
Mean
Rank
28,17
31,8
(2041)
2,8
(0-7)
7,68
16,25
2,813
0,421
2,93
16,83
4,162
0,244
2
4,373
p
0,224
81
Captulo V
Quadro 11b Mdia (M), desvio-padro (DP), valores mnimo e mximo, do total da amostra, relativamente s dimenses do Inventrio de Burnout de
Maslach Prestadores de Servios Humanos (N=40)
MBI dimenses
M
DP
Mn
Mx
- Exausto Emocional
17,8
12,84
0,0
49,0
- Realizao Pessoal
34,1
8,04
8,0
47,0
- Despersonalizao
4,0
3,69
0,0
12,0
82
Captulo V
2.2. Hiptese 2 Espera-se que existam diferenas entre os profissionais de sade
mental do sexo feminino e masculino quanto expresso de stress e burnout
Pelo quadro 12, relativo comparao entre profissionais de sade de ambos os sexos,
Homens vs Mulheres, observa-se que ao nvel do QSPS existem diferenas estatisticamente
significativas no total do questionrio (p=0,006) e nas dimenses carreira e remunerao
(p=0,001), aces de formao (p=0,041) e problemas familiares (p=0,041), em todos os
casos devido ao valor mdio (no caso das dimenses) ou classificao mdia (no caso do
total do QSPS) das mulheres comparativamente aos homens. Nas restantes dimenses
verifica-se a existncia de diferenas marginalmente significativas (p<0,10), tambm
motivado pelo valor mdio (no caso de lidar com os clientes) ou da classificao mdia
(relaes profissionais e excesso de trabalho) das mulheres. Sendo que as mulheres expresso
nveis mais elevados de stress comparativamente com os homens.
No existem diferenas estatisticamente significativas entre homens e mulheres
relativamente s dimenses de burnout, o que mostra a homogeneidade dos grupos em relao
exposio emocional, independentemente do gnero.
Quadro 12 Mdia (M), desvio-padro (DP), valores mnimo e mximo, classificao mdia (mean rank) e
comparao entre Homens vs Mulheres (N=40)
Homens (n=12)
QSPS
Lidar com clientes
Relaes Profissionais
Excesso de Trabalho
Carreira e Remunerao
Aces de Formao
Problemas Familiares
M
1,6
(0,4-2,9)
1,8
(0-3,8)
1,8
(0,2-3,8)
1,9
(0,3-3,8)
1,4
(0-2,8)
1,3
(0-3)
1,2
(0-2,8)
Mulheres (n=28)
DP
0,87
Mean
Rank
12,71
1,29
---
1,11
15,33
1,13
15,83
0,96
---
1,14
---
0,81
---
M
2,4
(0,4-3,2)
2,5
(0,3-4)
2,6
(0-3,8)
2,5
(0-3,8)
2,4
(0,6-3,8)
2,3
(0-4)
1,9
(0-4)
Comparao
DP
0,72
Mean
Rank
23,84
t ou Z
-2,762
p
0,006*
0,87
---
-1,861
1,02
22,71
-1,836
0,96
22,50
-1,662
0,82
---
-3,482
0,070*
*
0,066*
*
0,097*
*
0,001*
1,30
---
-2,118
0,041*
1,09
---
-2,110
0,041*
59,1
20,60 --54,5
13,29 --0,836
0,408
(17-88)
(24-82)
Exausto Emocional
19,4
16,25 --17,1
11,36 --0,524
0,603
(0-49)
(1-40)
Realizao Pessoal
34,1
9,39
20,92
34,1
7,59
20,32
-0,148
0,882
(15-47)
(8-43)
Despersonalizao
5,6
4,36
25,04
3,3
3,22
18,55
-1,629
0,103
(0-12)
(0-10)
* diferenas estatisticamente significativas (p<0,05) ; ** diferenas marginalmente significativas (p<0,10)
MBI-HSS
83
Captulo V
2.3. Hiptese 3 Espera-se que os profissionais de sade mental casados tenham
nveis mais baixos de stress e burnout do que os solteiros
84
Captulo V
Quadro 13 Mdia (M), desvio-padro (DP), valores mnimo e mximo, classificao mdia (mean rank) e
comparao entre os sujeitos solteiros versus casados (N=40)
Solteiros (n=9)
Casados (n=23)
Mean
M
2,6
QSPS
(2,2-3,2)
Lidar com clientes
2,7
(1,3-3,5)
Relaes Profissionais
3,0
(1,6-3,8)
Excesso de Trabalho
2,9
(1,8-3,5)
Carreira e Remunerao
2,8
(2-3,8)
Aces de Formao
2,2
(0,7-3,7)
Problemas Familiares
2,1
(0,3-4)
MBI-HSS
57,6
(42-73)
Exausto Emocional
17,2
(1-33)
Realizao Pessoal
38,3
(30-43)
Despersonalizao
2,0
(0-6)
DP
Rank
0,35
20,33
0,79
---
0,80
---
0,55
21,67
0,79
20,72
1,07
---
1,13
---
11,08
---
11,57
---
3,87
---
2,78
10,39
Comparao
Mean
M
2,1
(0,4-3,2)
2,4 (0-4)
2,2
(0-3,8)
2,2
(0-3,8)
2,0
(0,4-3,4)
2,0
(0-4)
1,8
(0-3,5)
52,9
(17-88)
16,7
(0-49)
31,0
(8-43)
5,2
(0-12)
DP
Rank
t ou Z
0,89
15,00
-1,447
0,148
1,02
---
0,889
0,381
1,15
---
1,799
0,082**
1,09
14,48
-1,963
0,050*
0,95
14,85
-1,599
0,110
1,36
---
0,281
0,781
0,95
---
0,821
0,418
17,35
---
0,741
0,464
13,28
---
0,113
0,911
8,82
---
3,245
0,003*
3,74
18,89
-2,336
0,020*
2.4. Hiptese 4 - Espera-se que os profissionais de sade mental mais novos possuam
nveis mais elevados de stress e burnout
85
Captulo V
Pelo quadro 14, referente comparao entre sujeitos de dois estratos etrios (20-39
anos versus 40 e mais anos, esta categorizao da idade foi feita com base no estudo de
Queirs, 2005), observa-se que ao nvel do QSPS existem diferenas estatisticamente
significativas nas dimenses relaes profissionais (p=0,004), carreira e remunerao
(p<0,001) e no total do QSPS (p=0,040). Do mesmo modo, diferenas marginais verificam-se
na dimenso lidar com clientes (p=0,093). No MBI-HSS, regista-se a existncia de diferenas
estatisticamente significativas na dimenso exausto emocional (p=0,036), sendo que os mais
novos (M=23,83; DP=12,25) encontram-se mais exaustos emocionalmente comparativamente
com os mais velhos (M=16,00; DP=12,719). No caso da carreira e remunerao tal diferena
devida ao valor mdio mais elevado do grupo mais jovem (M=2,5; DP=0,87) (varivel com
distribuio normal), sendo que nas restantes variveis as diferenas so motivadas pela
classificao mdia (mean rank) mais elevada por parte dos sujeitos mais jovens, o que
significa que os sujeitos mais novos esto mais expostos ao stress sobrecarga emocional
comparativamente com os mais velhos.
86
Captulo V
Quadro 14 Mdia (M), desvio-padro (DP), valores mnimo e mximo, classificao mdia (mean rank) e
comparao entre os sujeitos dos dois grupos etrios (N=40)
20-39 anos (n=23)
Mean
M
2,3
QSPS
DP
0,77
Rank
23,76
(0,4-3,2)
Lidar com clientes
2,4
2,7
1,09
23,15
2,5
1,00
25,09
2,5
0,92
22,43
1,9
0,87
---
1,6
1,33
20,20
59,0
0,86
16,09
-2,054
0,040*
2,1
0,96
16,91
-1,677
0,093**
1,8
0,99
14,29
-2,896
0,004*
2,0
1,15
17,88
-1,224
0,221
1,5
0,78
---
3,989
<0,001*
2,0
1,31
20,91
-0,192
0,847
1,05
---
-0,747
0,460
18,74
---
1,475
0,149
12,71
16,00
-2,097
0,036*
10,28
22,32
-0,850
0,395
3,84
20,03
-0,222
0,825
(0-4)
1,08
---
(0-3,5)
MBI-HSS
t ou Z
(0-2,8)
(0-4)
Problemas Familiares
Rank
(0-3,2)
(0,6-3,8)
Aces de Formao
1,9 (0,4-
DP
(0-3,8)
(0,5-3,7)
Carreira e Remunerao
(0-3,7)
(0,2-3,8)
Excesso de Trabalho
Mean
2,8)
(0-4)
Relaes Profissionais
Comparao
1,9
(0-4)
12,56
---
51,7
(17-88)
Exausto Emocional
21,0
12,25
23,83
13,5
(0-49)
Realizao Pessoal
34,0
6,15
19,15
34,4
(8-47)
Despersonalizao
4,1
3,67
20,85
3,9
(0-12)
2.5. Hiptese 5 - Espera-se que os profissionais de sade mental que trabalham mais
horas por semana possuam nveis mais elevados de stress e burnout
87
Captulo V
No quadro 15, relativo comparao entre sujeitos que trabalham at 35 horas por
semana versus sujeitos que trabalham mais de 35 horas por semana, observa-se a inexistncia
de diferenas estatisticamente significativas (p>0,05) em todas as dimenses e totais do QSPS
e MBI-HSS, o que revelador da homogeneidade da amostra nos indicadores avaliados,
independentemente do nmero de horas de trabalho semanal.
Quadro 15 Mdia (M), desvio-padro (DP), valores mnimo e mximo, classificao mdia (mean rank) e
comparao entre os sujeitos dos dois grupos, em funo do nmero de horas de trabalho semanal (N=40)
At 35 horas/semana
Mais de 35 horas/semana
(n=13)
(n=27)
M
QSPS
2,2
(0,6-3,2)
2,3
(0-4)
Relaes Profissionais
2,6
(0,6-3,8)
Excesso de Trabalho
2,2
(0,8-3,8)
Carreira e Remunerao
2,2
(0,6-3,8)
Aces de Formao
1,8
(0-4)
Problemas Familiares
1,6
(0-3,5)
MBI-HSS
54,9
(17-83)
Exausto Emocional
19,8
(1-42)
Realizao Pessoal
31,7
(15-41)
Despersonalizao
3,4
(0-10)
DP
Mean
Rank
0,87
21,69
1,27
---
1,12
---
0,94
18,15
0,94
---
1,39
---
1,18
---
16,96
---
12,85
23,31
7,83
16,50
3,25
19,00
M
2,1
(0,4-3,2)
2,3
(0-3,8)
2,2
(0-3,8)
2,4
(0-3,8)
2,0
(0-3,8)
2,0
(0-4)
1,8
(0-4)
56,4
(24-88)
16,8
(0-49)
35,3
(8-47)
4,3
(0-12)
DP
Mean
Rank
Comparao
t ou Z
0,84
19,93
-0,448
0,654
0,94
---
0,084
0,934
1,07
---
1,238
0,223
1,09
21,63
-0,885
0,376
1,01
---
0,465
0,645
1,29
---
-0,511
0,612
1,02
---
-0,450
0,655
15,37
---
-0,270
0,789
12,96
19,15
-1,056
0,291
8,02
22,43
-1,505
0,132
3,91
21,22
-0,570
0,569
88
Captulo V
2.6. Hiptese 6 - Espera-se que os profissionais de sade mental com mais reduzida
experincia profissional apresentem nveis mais elevados de stress e burnout
89
Captulo V
Quadro 16 Mdia (M), desvio-padro (DP), valores mnimo e mximo, classificao mdia (mean rank) e
comparao entre os sujeitos de diferente experincia profissional (N=40)
At 10 anos (n=20)
M
2,5
QSPS
(0,4-3,2)
Lidar com clientes
2,7
(0,3-4)
Relaes Profissionais
2,9
(0,2-3,8)
Excesso de Trabalho
2,7
(0,5-3,8)
Carreira e Remunerao
2,6
(0,6-3,8)
Aces de Formao
2,3
(0-4)
Problemas Familiares
1,9
(0-3,5)
MBI-HSS
56,9
(39-82)
Exausto Emocional
18,4
(1-40)
Realizao Pessoal
34,4
(20-43)
Despersonalizao
4,2
(0-10)
DP
Mean
Rank
0,64
26,30
0,82
25,48
0,96
26,20
0,76
---
0,90
---
1,29
---
0,99
---
11,66
---
11,72
---
6,15
19,88
3,65
20,88
54,9
(17-88)
17,2
(0-49)
33,9
(8-47)
3,9
(0-12)
DP
Mean
Rank
Comparao
t ou Z
0,85
14,70
-3,140
0,002*
1,10
15,53
-2,705
0,007*
0,98
14,80
-3,094
0,002*
1,16
---
2,382
0,023*
0,79
---
3,865
<0,001*
1,30
---
1,342
0,188
1,13
---
1,005
0,321
19,17
---
0,399
0,693
14,16
---
0,304
0,763
9,74
21,13
-0,339
0,735
3,83
20,13
-0,205
0,837
2.7. Hiptese 7 - Espera-se que quanto maior o apoio social, menor sero os nveis de
stress e burnout
Os resultados obtidos apenas permitiram a formao de dois grupos alto suporte
social e mdio suporte social dada a inexistncia de sujeitos classificados com baixo suporte
social (at 25 pontos).
90
Captulo V
Em face do tamanho bastante reduzido por parte do grupo de sujeitos com mdio
suporte social (n=7), a comparao entre os grupos alto suporte social versus mdio suporte
social foi efectuada por recurso ao teste U Mann-Whitney, o que dispensa a avaliao do
pressuposto da normalidade das distribuies. No obstante, apresentamos os valores da
mdia, desvio-padro e mnimo e mximo, como factor discriminatrio e orientador face aos
valores recomendados para cada dimenso, bem como para o total de cada instrumento
utilizado.
Assim, pelo quadro 17, relativo comparao entre sujeitos com alto suporte social
versus sujeitos com mdio suporte social, observa-se que apenas existem diferenas
estatisticamente significativas ao nvel da realizao pessoal (p=0,023) e da despersonalizao
(p=0,014), devido classificao mdia mais elevada dos sujeitos com alto suporte social ao
nvel da realizao pessoal (22,42 vs 11,43), mas devido classificao mdia mais elevada
dos sujeitos com mdio suporte social ao nvel da despersonalizao (18,42 vs 30,29), o que
significa nveis de burnout mais baixos por parte dos sujeitos com elevado suporte social. A
percepo de stress independente do suporte social ser alto ou mdio.
91
Captulo V
Quadro 17 Mdia (M), desvio-padro (DP), valores mnimo e mximo, classificao mdia (mean rank) e comparao
entre os sujeitos classificados com diferente suporte social (N=40)
Alto Suporte Social (n=33)
Mean
QSPS
DP
Rank
DP
Rank
t ou Z
2,1
0,84
20,02
2,3
0,87
22,79
-0,570
0,569
0,81
21,57
-0,268
0,788
1,33
22,21
-0,429
0,668
1,22
20,79
-0,072
0,943
1,04
20,93
-0,107
0,915
1,39
23,29
-0,697
0,486
1,11
22,50
-0,500
0,617
19,25
22,50
-0,499
0,618
13,33
26,29
-1,445
0,149
10,05
11,43
-2,266
0,023*
3,48
30,29
-2,469
0,014*
2,3
(0,5-2,8)
1,09
20,27
1,06
20,14
(0-4)
Relaes Profissionais
2,3
2,3
2,1
1,01
20,44
1,9
0,98
20,41
1,7
1,30
19,91
1,07
20,08
55,3
16,5
15,13
20,08
35,5
12,55
19,27
3,3
(0-10)
24,0
(10-49)
6,93
22,42
3,42
18,42
(15-47)
Despersonalizao
58,6
(24-88)
(0-42)
Realizao Pessoal
1,9
(0-3,5)
(17-83)
Exausto Emocional
2,3
(0-4)
(0-4)
MBI-HSS
2,1
(0,8-3,4)
(0-4)
Problemas Familiares
2,3
(0-3,8)
(0-3,8)
Aces de Formao
2,5
(0-3,8)
(0,3-3,8)
Carreira e Remunerao
2,5
(1-3,8)
(0,2-3,8)
Excesso de Trabalho
Mean
(0,4-3,2)
Lidar com clientes
Comparao
27,4
(8-41)
7,1
(2-12)
92
Captulo VI
DISCUSSO DOS RESULTADOS
Captulo VI
Captulo VI
Captulo VI
Captulo VI
Captulo VI
Magalhes e Glina (2006) e Mallar e Capito (2004), uma vez que verificamos a
existncia de diferenas entre os sujeitos mais novos comparativamente com sujeitos
mais velhos, sendo que os primeiros experimentos nveis mais elevados de stress e
burnout. Uma explicao para esta evidncia a maior probabilidade desta sndroma
surgir nos primeiros anos de prtica profissional, o que sugere que, se os indivduos no
conseguirem desenvolver estratgias de coping adequadas, de controlo ou centradas no
problema, (Tamayo & Trccolli (2002) podero abandonar a profisso, sendo que os
indivduos mais velhos podem ter desenvolvido estratgias de coping adequadas, que o
permitiram o ultrapassar a situao de burnout (Maslach & Jackson, 1981; cit in
Oliveira, 2008).
Na hiptese 5 espervamos que os profissionais de sade mental que
trabalhassem mais horas por semana possussem nveis mais elevados de stress e
burnout.
No presente estudo no se verificaram diferenas entre os sujeitos que trabalham
at 35 horas por semana versus sujeitos que trabalham mais de 35 horas por semana, em
todas as dimenses e totais do QSPS, MBI-HSS, o que indica homogeneidade da
amostra nos indicadores avaliados, independentemente do nmero de horas de trabalho
semanal. Este facto no confirma a hiptese 5. Estes resultados vo de encontro ao que
verificou Queirs (2005) no seu estudo, sendo que este tambm no encontrou
diferenas ao nvel das dimenses de burnout. Por outro lado, contradizemos Varoli e
Souza (2004; cit in Queirs, 2005), uma vez que referem que existe relao entre a
carga horria semanal de 40 horas e a pontuao no MBI.
Na hiptese 6 espervamos que os profissionais de sade com reduzida
experincia profissional apresentassem nveis mais elevados de stress e burnout. De
acordo com a literatura os profissionais com menos anos de experincia profissional
possuem nveis mais elevados de stress e burnout (Gomes, 1998). Cherniss (1980; cit in
Gomes 1998) e Maslach e Jackson (1991; cit. in Oliveira, 2008) mencionam uma
explicao para esta ocorrncia, que consiste na maior probabilidade desta sndrome
surgir nos primeiros anos de profisso, o que indica que, os indivduos no conseguiram
lidar com as adversidades, podendo estes abandonar a profisso, ao contrrio dos
indivduos com mais anos de prtica profissional que podem ter ultrapassado a situao
de stress e burnout nos primeiros anos de profisso, sendo assim o que parece acontecer
98
Captulo VI
que os sujeitos com mais anos de prtica profissional, parecem ter obtido e aprendido
melhores competncias e estratgias de coping comparativamente com os sujeitos com
menos anos de experincia. Uma outra explicao para a ocorrncia de burnout nos
profissionais mais novos, tem a ver com o facto de estes terem baixas expectativas de
sucesso e optimismo, e elevados nveis de pessimismo e desiluso (Kahill, 1986; cit in
Gomes, 1998).
Os dados obtidos no nosso estudo esto de acordo com a literatura, uma vez que
o grupo de sujeitos com menos anos de experincia profissional (at 10 anos de
experincia profissional) registam diferenas estatisticamente significativas ao nvel do
QSPS, nas dimenses lidar com clientes, relaes profissionais, excesso de trabalho,
carreira e remunerao e total do QSPS em comparao com os sujeitos com 11 e mais
anos de actividade profissional, ou seja, os sujeitos com menos anos de profisso
apresentam maior percepo de stress do que os restantes. Relativamente ao burnout,
quer no total quer ao nvel das dimenses, os grupos so homogneos. Assim, a
Hiptese 6 confirmada relativamente ao stress mas no confirmada em relao s
situaes de burnout.
Espervamos na hiptese 7, que quanto maior o apoio social, menor seriam os
nveis de burnout e stress nos profissionais de sade mental. Os nossos dados revelam
que apenas existem diferenas estatisticamente significativas entre sujeitos com alto
suporte social versus sujeitos com mdio suporte social, ao nvel da realizao pessoal
(p=0,023) e da despersonalizao o que significa nveis de burnout mais baixos por
parte dos sujeitos com elevado suporte social. A percepo de stress independente do
suporte social ser alto ou mdio. Segundo Tamayo e Trccoli (2002) a falta de suporte
social associa-se a nveis mais elevados de burnout. Relativamente ao stress, existem
estudos que referem que o suporte social tem um efeito moderador e protector sobre as
consequncias do stress, pelo que esta varivel pode ajudar o indivduo a lidar de uma
forma assertiva com os problemas (Cooper et al., 2001). Assim podemos dizer, que os
nossos dados esto parcialmente de acordo com a literatura, uma vez que a hiptese 7
confirmada parcialmente.
99
Captulo VI
2. Limitaes do Estudo
Para melhor interpretarmos os resultados deste estudo, importante considerar
algumas limitaes metodolgicas associadas a este em termos da sua validade interna e
externa.
Em primeiro lugar, importa salientar o nmero reduzido de sujeitos que coloca
entraves ao nvel da generalizao dos resultados (validade externa) e da
representatividade da amostra em relao populao em estudo. O reduzido tamanho
da amostra poder tambm ter contribudo para a dificuldade em verificar diferenas
entre os grupos, tornando-se relevante alargar o estudo para outras instituies ao nvel
da sade mental.
Uma segunda limitao diz respeito aos instrumentos utilizados que so todos
questionrios de auto-relato, podendo originar alguma dificuldade na sua interpretao e
o vis da desejabilidade social, provocando erros, da que devem ser analisados com
alguma precauo.
Uma outra limitao diz respeito quantidade de instrumentos utilizados neste
estudo, que poder ter sido excessiva e ter originado cansao nos participantes. Ainda
relativamente aos instrumentos utilizados poderemos indagar-nos sobre se estes
instrumentos sero os instrumentos mais adequados. Nesta investigao o instrumento
QSPS apresentou muito boa consistncia interna, o MBI-HSS consistncia razovel e o
ESSS apresentou fraca consistncia interna, sendo que seria pertinente a utilizao de
um outro instrumento que avalia-se a varivel suporte social e que possusse boa
consistncia interna.
Em futuras investigaes poder-se- criar um modelo de regresso logstica onde
se possa avaliar a relao e influncia entre as variveis stress, burnout, apoio social,
anos de prtica da profisso, nmero de horas de trabalho e gnero e interaco
trabalho-casa-familia. Esta regresso descreve a relao entre a varivel dependente e
um conjunto de variveis explicativas (preditoras ou independentes). Este procedimento
estatstico no foi utilizado neste estudo, pelo facto de a maior parte das hipteses terem
sido apenas verificadas parcialmente.
100
Captulo VI
101
Captulo VII
CONCLUSO INTEGRATIVA E IMPLICAES FUTURAS
Captulo VII
Captulo VII
Captulo VII
105
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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Referncias Bibliogrficas
Referncias Bibliogrficas
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Referncias Bibliogrficas
117
ANEXOS
ANEXOS I
Autorizao de Utilizao dos Instrumentos
ANEXOS II
Consentimento informado
CONSENTIMENTO INFORMADO
Estamos a realizar uma investigao que tem como objectivo principal estudar o
stress e o burnout nos profissionais de sade mental. Procura-se atravs desta,
contribuir para um maior conhecimento e sensibilizao quanto aos factores que podem
afectar a sade fsica e psicolgica destes profissionais.
Neste sentido, solicitamos a sua participao nesta investigao, concedendo-nos
o seu consentimento para que lhe sejam aplicados alguns instrumentos de avaliao
psicolgica.
A sua participao voluntria e os dados que fornecer sero estritamente
confidenciais, sendo unicamente utilizados para os objectivos desta investigao.
tambm livre de abandonar o estudo, se for esse o seu desejo.
Eu______________________________________________________________ dou o
meu consentimento informado para participar nesta investigao, sabendo que a
assinatura deste documento no interfere nos meus direitos legais.
Data: _____/_____/_____
Nome do Investigador:
Susana Cristina Cerqueira Miranda
Orientadores da Investigao:
Prof. Dr. Eleonora Cunha Veiga Costa (Universidade Catlica Portuguesa-Faculdade
de Filosofia, Braga
ANEXOS III
Instrumentos de Avaliao
Questionrio Scio-Demogrfico
1.Sexo:
Masculino Feminino
2. Idade: _______(anos)
3. Habilitaes escolares:
No sabe ler nem escrever Sabe ler e/ou escrever 1- 4ANO 5 - 6ANO
7 - 9 ANO 10-12 ANO Ensino Superior
4. Estado Civil:
Solteiro(a) Casado(a) Divorciado(a) Vivo(a) Unio de facto Separado(a)
5. Tem Filhos:
No Sim
Se respondeu sim, quantos ______
Outros Dependentes: No Sim
Quantos?_______Quem?_________________
Urbano
7. Profisso:______________________
Sim
Se respondeu que sim, diga quantas horas trabalha por semana nessa mesma instituio
_________________________________________________________________
Sim
16. No ltimo ano faltou ao servio? Nunca Raramente Algumas vezes Bastantes vezes
17. No ltimo ms faltou ao servio? Nunca Raramente Algumas vezes Bastantes vezes