Tanya - Edição Final PDF
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Tanya
O TANYA
Rabi Shneur Zalman de Liadi
Aprovaes
Com respeito s aprovaes dos tsadikim Rabi Yehud Leib HaCohn 1 e Rabi
Zushya 1 , o Rebe Anterior 2 cita uma tradio que iniciou com o Miteler Rebe,
o filho do autor do Tanya , como segue.
Seus dois colegas expressaram seu entusiasmo sobre o livro. Rabi Yehud Leib
HaCohn disse: O Tanya um incenso para agir contra todas as pragas
1
espirituais que sempre afligem as geraes justamente antes da vinda do
Mashiach. Rabi Zushya predisse: Com o Tanya o povo judeu sair para
receber o justo Mashiach.
Rabi Mosh Vilenker explicou que ambos os tsadikim indicaram sua estima
pelo Tanya pela maneira como dataram suas aprovaces. Rabi Yehud Leib
HaCohn escreveu o ano de uwwbe, 7 , o qual um acrstico para juru vnab
,ruye thb, [ Tania ketoret nesham veruach ] Tanya um incenso para o
esprito e a alma conforme o seu comentrio mencionado acima; Rabi Zushya
escreveu a data como ubh,usp ,ba [ shenat peduteinu ] o ano da nossa Redeno
, indicando, como acima, que o povo judeu receber o Mashiach com o Tanya .
:
Aprovao pelo famoso rabino e chassid um homem devoto de santo renome
Nosso mestre Rabi Meshulam Zushya de Anipoli
, ,
,
Eu vi os escritos desse rabino 8 e gnio; esse homem devoto, santo e puro; essa lente
luminosa 9 que traz todo assunto num foco penetrante e iluminado.
, , ,
Ele trabalhou bem, e Dus em sua maravilhosa benevolncia colocou em seu
corao puro, fazer tudo isso.
.
com a finalidade de mostrar ao Povo de Dus Seus santos caminhos.
, ,
A inteno (do Alter Rebe) no era publicar esses escritos, pois este no seu
costume.
,
,
2
Porm, em virtude desses panfletos 10 terem se espalhado por todo Israel em
numerosas cpias por diversos copistas,
- ,
e, como resultado de muitas e diferentes transcries, os erros dos copistas se
multiplicaram demais,
.
ele foi compelido a levar esses panfletos para a impresso.
:
,
Dus despertou o esprito de (dois) companheiros, o proeminente e ilustre erudito
Rabi Shalom Shachna, filho de Rabi Noach, e o proeminente e ilustre erudito Rabi
Mordechai, filho de Rabi Shmuel HaLevi, 11
,
para que levassem esses panfletos para a editora em Slavita.
" " .
Eu me congratulo com eles por essa boa ao.
,
,
Contudo, eles estavam apreensivos com o crescente nmero de editoras que
costumavam causar danos e runas aos que lhes davam crdito.
Em vista disso, ns resolvemos dar essa aprovao de modo que ningum erguesse
mo ou p 12
" ,
para causar qualquer dano, que Dus no permita, aos acima mencionados
impressores, desrespeitando o direito exclusivo deles atravs de qualquer espcie de
ato.
" "
,
proibido para qualquer pessoa reimprimir este livro sem o conhecimento dos ditos
impressores por um perodo de cinco anos completos a partir da data abaixo.
.
Que aqueles que atendam estas minhas palavras sejam abenoados com o bem.
Estas so as palavras de quem isto demanda para a glria da Tor,
3
neste dia, tera-feira o dia em que o Criador duas vezes viu que bom 13 na
poro semanal Tav , no ano ubh,usp [ peduteinu ] (556) 13a do [sexto] milnio.
O humilde Meshulam Zushya de Anipoli.
Aprovao pelo famoso rabino e chassid
Um homem devoto de santo renome
Nosso mestre Rabi Yehud Leib HaCohn 14
A sabedoria do homem ilumina a face da terra
quando se v o manuscrito 15 do autor, o rabino e gaon, este homem devoto, santo e
puro, piedoso e humilde,
cujos [poderes] ocultos j foram revelados h muito tempo (apesar de seus esforos em
contrrio) ,
quando ele sentou no assento da sabedoria 16 com nosso senhor, mestre e professor,
o gnio mundial (isto , o Maguid de Mezritch, que foi uma autoridade mundial nos aspectos revelados
da Tor, assim como a suprema autoridade no domnio do pensamento chassdico),
e ele retirou gua do poo das guas vivas (alguns entendem isso como uma aluso a Rabi
Avraham, o anjo, filho do Maguid, pois a palavra mibeer rtcn significa do poo, e suas letras tambm
formam o nome Avram orct ).
Agora, Israel (uma aluso ao Baal Shem Tov, cujo nome era Israel) rejubilar na revelao de
suas palavras santas pois no Tanya os ensinamentos do Baal Shem Tov encontram uma lcida
expresso intelectual,
que foi compilada em preparao para a impresso, para ensinar nao de Dus os
caminhos da santidade,
como qualquer um pode perceber no significado intrnseco das palavras [do autor].
Aquilo que senso comum no necessita de prova, e desse modo o Tanya no necessitaria
de nenhuma aprovao,
mas por temor de prejuzo, para que nenhum dano seja causado aos impressores,
4
12
eu aqui emito uma firme advertncia que nenhum homem erga sua mo ou p
para imprimir [o Tanya ]
por um perodo de cinco anos a partir da data abaixo.
Que aquele que escute essas minhas palavras seja abenoado com o bem.
Estas so as palavras de quem fala assim para a glria da Tor,
" .
neste dia, tera feira, da poro semanal Tav , no ano 556 do [sexto] milnio.
Yehud Leib HaCohn
.
Aprovao dos rabinos, que tenham longa vida,
Filhos do autor ilustre de abenoada memria,
Cuja alma est no den
,
Considerando que concordamos em conceder permisso e autorizao para a
impresso,
,
para que sirva como uma lembrana para os Filhos de Israel
, ,
,
as 17 palavras escritas de retido e verdade 18 , palavras do Dus vivo (como os discursos
chassdicos so chamados) por nosso senhor, nosso pai, mestre e professor, de abenoada
memria,
, ,
registradas pessoalmente por sua prpria santa mo e sua prpria santa expresso,
, ,
cujas palavras so todas como carves em brasa ardente s que incendeiam os
coraes das pessoas para aproxim-las do nosso Pai no cu ;
" " , ,
.
Estes discursos so (coletivamente) intitulados Iguret HaCdesh (Carta Sagrada),
sendo a maioria das cartas enviadas por sua santa eminncia para ensinar ao povo
de Dus o caminho pelo qual ele deve andar e a ao que ele deve fazer;
5
O caminho... provavelmente refere-se aos caminhos chassdicos da
autoperfeio, cujas cartas oferecem um guia para alcanar o amor e o temor a
Dus, e ao prprio servio a Dus, atravs da prece e do estudo da Tor; enquanto
a ao... refere-se s inspiradas cartas que tratam da caridade e de assuntos
semelhantes.
" " ,
,
Visto que [nosso pai] fez referncia em muitos lugares 19 ao seu Sfer Likutei
Amarim , e uma vez que 20 as palavras da Tor so escassas num lugar e amplas
em outro, assim alguns temas no Iguret HaCdesh so mais plenamente esclarecidos no Likutei
Amarim , e vice-versa;
" " ,
-
especialmente tambm porque o [ Iguret HaCdesh ] introduz novo material
(pertencente ao Likutei Amarim ) na forma de um Kuntres Acharon (ltimo
Panfleto) em certos captulos, os quais ele escreveu quando comps o Sfer Likutei
Amarim ;
-
,
[o Kuntres Acharon ] consiste em profundas discusses e introspeces sobre
passagens do Zhar , ts Chayim e Per ts Chayim , que parecem contradizer uma
outra,
" "
e no esprito do seu entendimento [o autor] resolve cada passagem de acordo com
seu contexto, conforme explanado no Likutei Amarim e assim essa parte do Iguret
20a
HaCdesh est evidentemente conectada de forma direta ao Likutei Amarim
" " " "
.
Conseqentemente, ns julgamos a pr o pri ad o unir (os discursos do Iguret
HaCdesh ) ao Sfer Likutei Amarim e Iguret HaTeshuv de sua santa eminncia,
nosso senhor pai, mestre e professor (isto , imprimi-los juntos).
, ,
21
Portanto, ns com isto colocamos uma grande cerca (isto , proibio) e o (isto ,
excomunho) dos Rabinos, para os quais no h remdio,
que nenhum homem levante sua mo 12 para imprimir [estes discursos] em sua
presente forma junto com o Likutei Amarim, ou um sem o outro,
.
por um perodo de cinco anos a partir da data abaixo. 22
6
,
Contudo, isto deve ser divulgado:
,
,
Para nosso infortnio, 23 o manuscrito escrito por sua prpria santa mo, que foi
composto com grande preciso sem uma letra suprflua ou ausente, foi extinto.
,
Tudo que permaneceu da abundncia de material foi esse pequeno nmero de
escritos, os quais foram coletados, um a um, das cpias espalhadas entre seus
discpulos.
, ,
, :
Portanto, se algum erro for descoberto pois quem pode evitar erros? 24
obviamente o erro ser identificado como um lapso de um escriba, mas o significado
do assunto estar claro.
.
Declarado por Dov Ber, o filho do meu senhor pai, professor e mestre, g aon e
chassid , santo de Israel, nosso professor e mestre Shne o r Zalman, de abenoada
memria, cuja alma descansa nos tesouros ocultos do cu.
.
Declarado tambm por Chayim Avraham, o filho do meu senhor pai, professor e
mestre, g aon e chassid , nosso professor e mestre Shne o r Zalman; que a memria
do tsadic seja abenoada, cuja alma descansa nos tesouros ocultos do cu.
.
Declarado tambm por Mosh, o filho do meu senhor pai, professor e mestre, gaon
e chassid , Shne o r Zalman, de abenoada memria, cuja alma descansa nos tesouros
ocultos do cu. 25
7
4. Isto acrescenta compreenso referncia do Alter Rebe ao final do
Prefcio do Compilador a diversos copistas (que causaram erros que se
insinuaram no texto), e igualmente sua afirmao de que o Tanya impresso
seria destitudo de erros e refugos (Comentrio do Rebe Shlita ).
6. Ver Bereshit Rab 5:7: Por que ela chamada .rt (terra)? vbue iumr
,uagk v,mra Por que ela desejou fazer a Vontade ( ratson ) do seu Criador.
8. Notem que o nome do autor no apareceu nem na pgina ttulo, nem nas
aprovaes, nas primeiras sete edies. Somente a partir da oitava edio
(Shklov, 5574/1814) o nome do autor foi includo, postumamente, quando
tambm a aprovao dos filhos do Alter Rebe apareceu pela primeira vez.
8
14. Autor do Or Haganuz . Talvez esta aprovao explique a atitude muito
incomum do Tsmach Tsdec concedendo uma aprovao para a obra acima
(Comentrio do Rebe Shlita ).
19. Nas sees 3, 5, 6, 17, 18, 20, (25?), 29, e no Kuntres Acharon , E caridade
como uma corrente poderosa...
20a. Contudo, ver a passagem que introduz Kuntres Acharon , Ensaio Um, no
volume V desta srie, p. 259.
21. t,na , orj , husb [Nidui , cherem , shamt] trs formas de excomunho, as
quais tambm formam um acrstico para a palavra ajb [ nachash ] (cobra), da a
expresso para o qual (isto ,para cuja mordida) no h remdio (Tratado
Shabat 110a).
9
ele, portanto, enfatiza a grandeza do Alter Rebe como um santo em Israel
[deixando claro a exclusividade desse ttulo ao autor da obra]. O segundo
signatrio era na poca um rav , uma autoridade halchica, e ele, portanto,
enfatiza a grandeza do Alter Rebe como nosso mestre e professor. O terceiro
signatrio era, ento, um gaon e um chassid (conforme conhecido da tradio
transmitida pelos lderes de Chabad), e ele, portanto, enfatiza a grandeza do
Alter Rebe como um gaon e chassid .
10
Prefcio
do Lubavitcher Rebe
Como o Alter Rebe, autor do Tanya , indicou em uma de suas outras obras, 4
quando uma das setenta lnguas usada como instrumento para disseminar a
Tor e as Mitsvot (mandamentos), faz com que ela se eleve de seu domnio
terrestre para a esfera da santidade, ao mesmo tempo em que serve como um
veculo para trazer a Tor e as Mitsvot de cima para baixo queles que lem e
entendem esta lngua.
11
Dentro do esprito das observaes acima mencionadas, o presente volume a
primeira traduo para o ingls do Tanya (primeira parte) desde a sua primeira
impresso, h 165 anos um evento de considervel importncia. Ele leva esta
obra bsica da filosofia Chabad e seu modo de vida a um maior nmero de
judeus, para os quais a linguagem original do trabalho representa um problema
ou at mesmo um obstculo. Assim, ele uma contribuio adicional para a
disseminao das fontes da Chassidut , que foram reveladas por Rabi Israel
Baal Shem Tov, que considerava a Chassidut como uma corrente de guas
vivas, aumentando em profundidade e largura, at alcanar todos os segmentos
do povo judeu e trazer nova inspirao e vitalidade para suas vidas dirias.
A traduo de uma obra como o Tanya representa uma tarefa formidvel. Alis,
diversas tentativas infrutferas foram feitas em vrias pocas no passado para
traduzir o Tanya para uma, ou mais, das lnguas europias 5 . Graas ao Dr.
Nissan Mindel, esta tarefa foi efetuada.
Menachem Schneerson
2. Ibid. , Cap. 2
3. Ibid. , Cap. 37
12
*Posteriormente, a traduo em ingls de todas as cinco partes do Tanya foi
publicada pela Kehot Publication Society. O Tanya , completo ou em partes,
tambm foi traduzido para o francs, russo, italiano, espanhol, portugus e
rabe.
13
Prefcio do Compilador
Anash
A presente carta foi enviada para todo
,
(membros da nossa comunidade, isto , os chassidim)
que [Dus], nossa Fortaleza, os abenoe e
guarde. 1
,
A vocs, homens [de valor], eu invoco.
,
,
Ouam-me, vocs que perseguem retido,
que buscam Dus, e que o Todo-Poderoso os
oua, tanto os grandes em estatura espiritual
como os pequenos,
,
todo Anash em nossa terra e nos pases
vizinhos:
, , ,
que cada um em seu lugar alcance paz e vida eterna.
14
:
Amn
. Que esta seja Sua Vontade.
***
, ,
H um dito que costuma ser proferido por todo Anash,
,
que ouvir palavras de orientao moral de um professor dirigidas a seus alunos, individual e
diretamente no o mesmo que ver e ler tal orientao em livros, os quais so impessoais e
dirigidos a uma audincia conjunta de leitores.
A palavra falada ter muito maior efeito do que a palavra escrita, por duas
razes: a primeira,
porque o leitor, cuja instruo vem dos livros, os ler sua maneira de acordo com sua
mente,
,
e absorver a mensagem escrita de acordo com seu alcance mental e compreenso naquele
momento particular.
Da, se seu intelecto e mente esto confusos e vagueiam na escurido nas idias
pertinentes ao servio a Dus,
- ,
ele achar difcil ver a luz benfica oculta nos livros,
.
embora essa luz seja agradvel aos olhos e teraputica para a alma.
No caso da orientao pessoal, por outro lado, o mentor pode assegurar que sua
mensagem seja correta e plenamente entendida.
Por sua prpria natureza, sua habilidade para inspirar at o leitor de bom
entendimento restrita a uma audincia especfica. Um livro no leva em
considerao as diferenas subjetivas entre o carter de um leitor e o de outro.
15
Em seguida, o Alter Rebe distingue entre duas categorias de livros inspiradores.
Naqueles pertencentes primeira categoria, esse problema mais bvio e agudo;
naqueles de segunda categoria, menos patente.
O Alter Rebe, no entanto, indica que nem todo judeu tem o privilgio de
encontrar seu lugar na Tor e obter a instruo que lhe aplicvel como um
indivduo particular. Assim o problema permanece, embora num nvel inferior.
,
Alm dessa possibilidade acima mencionada, a de que deficincias intelectuais do leitor possam impedi-
lo de perceber a luz oculta nos livros sagrados, h ainda outra dificuldade:
- ,
aqueles livros de devoo baseados na inteligncia humana certamente no
influenciaro todas as pessoas igualmente,
,
pois nem todos os intelectos e mentes so iguais,
,
e o intelecto de um homem no afetado e despertado por aquilo que afeta e
desperta o intelecto de outro.
" "
Como os nossos Sbios disseram, com referncia bno de Aquele (Dus) Que
Sbio em segredo, ordenada pelos Sbios para ser recitada ao [testemunhar-se uma reunio
de] 600 mil judeus, 2 por meio da qual ns louvamos a oniscincia de Dus por conhecer os segredos
de todos eles:
' ,
Pois suas mentes (isto , pensamentos, opinies e sentimentos) so todas diferentes uma da
outra. 3
16
"" "
: " " -
Assim tambm o Ramban (de abenoada memria) [explicou a razo para a bno]
em sua obra Milchamot , 4 elaborando o comentrio de Sifrei sobre o versculo que
descreve Josu como um homem em quem h esprito; 5
"' " .
que ele era hbil para satisfazer o esprito de todo homem. 6
( Sifrei explica)
, ,
mussar
Mas mesmo aquelas obras de cujo fundamento est no auge da santidade,
significando que elas so encontradas
" , ,
nos Midrashim dos nossos Sbios em quem o esprito de Dus fala, e Sua palavra
est em suas lnguas 7 mesmo no caso de tais obras, o problema acima mencionado prevalece.
"--" ,
Pois embora a Tor e o Santo, abenoado Ele seja, so um, 7a
, ,
e todas as 600 mil almas gerais de Israel, e as almas individuais que so suas
ramificaes, 8
,
devendo at mesmo at a centelha [de alma] que reside dentro dos membros mais
indignos e menos estimveis do nosso povo, os Filhos de Israel,
, --,
esto todas ligadas com a Tor, e ela o que as liga a Dus,
Zhar 9
conforme conhecido do sagrado , e u ma vez que a Tor contm o que pertinente a
cada judeu, aquelas obras baseadas sobre a Tor deveriam interessar a todo leitor judeu
.
porm, isto [dito] de uma maneira geral, para o povo judeu como um todo.
verdade que a Tor se presta a interpretaes segundo a regra de princpios gerais
e aplicaes especficas, e estas aplicaes podem ser depois divididas em detalhes
ainda mais especficos,
-
para se aplicar a cada alma particular de Israel arraigada na Tor.
17
Assim, a Tor contm no somente instrues gerais para a nao como um
todo, mas tambm instrues especficas para cada indivduo. Portanto, a
despeito das diferenas subjetivas entre pessoas, cada judeu poderia,
teoricamente, encontrar em tais obras instrues pertinentes sua situao.
:
Contudo, nem todo homem tem o mrito de reconhecer seu lugar especfico na Tor,
de modo que ele possa saber como obter uma orientao especfica dela.
, , "" ,
Mesmo nas leis [da Tor] que governam coisas proibidas e permitidas, as quais
foram reveladas para ns e para nossos filhos [igualmente] 10 (a despeito das diferenas
entre as geraes, a lei se aplica igualmente para todos, prevalecendo a completa objetividade)
,
mesmo nessas leis ns testemunhamos debates de um extremo ao outro entre tanam e
amoram [N. T.: sbios da
Mishn e da Guemar ] , como um tan , por exemplo, declarando perfeitamente
possvel o que outro tan estabelece como absolutamente proibido.
" ",
11
No entanto, estas, assim como aquelas, so as palavras do Dus vivo.
,
Nesta frase as palavras Dus vivo aparecem na forma plural, 12
,
porque [a diversidade de opinies na Halach deriva da pluralidade na] fonte da
vida das almas de Israel dentro do Dus vivo (isto , dentro de Dus sendo Ele a fonte da vida).
: , ' ,
As almas, e da tambm sua fonte, esto divididas em trs categorias gerais: direita, esquerda
Chssed
e centro, representando benevolncia ( ), severidade ( Guevur )... [e beleza ( Tifret
)].
, ' , .
Aquelas almas que esto arraigadas no atributo de chssed tendem a ser lenientes em
suas decises halchicas, uma vez que elas so inclinadas benevolncia, que dita que
o objeto seja declarado permissvel, e assim capaz de ser santificado caso seja usado para um propsito
sagrado, e assim por diante, com o atributo de severidade ditando rigor nas decises halchicas, e o
atributo de beleza mediando, conforme sabido .
Em seu Iguret HaCdesh , o Alter Rebe aplica este princpio para as discusses
legais entre as Escolas de Shamai e de Hilel. A Escola de Shamai era usualmente
rigorosa, porque sua fonte espiritual era o atributo de severidade; a Escola de
Hilel era usualmente leniente, em virtude de sua fonte ser o atributo da
benevolncia. Em certas decises, no entanto, suas posies eram invertidas. Pois
o domnio da santidade governado pelo princpio da incorporao mtua ( ,ukkf,v
hitcalelut ), com a benevolncia contendo elementos de severidade, e vice-versa.
18
Agora, se as tendncias espirituais de um indivduo afetam a maneira como ele
v a Tor, mesmo na rea da Halach, a qual intrinsecamente objetiva,
" " ,
quanto mais ainda as diferenas subjetivas desempenham um papel nos assuntos ocultos para
Dus Todo-Poderoso,
isto , para o temor e o amor a Dus, os quais so subjetivos por sua prpria natureza, pois
eles se expressam
, ,
na mente e no corao de cada pessoa de acordo com sua prpria medida ( ruga ),
,
de acordo com a estimativa ( vrgav hashar) e de acordo com o porto ( rga shar)
que ele faz em seu corao, para permitir que seu entendimento intelectual (da Divindade) permeie
seu corao e gere dentro dele um amor e temor a Dus,
: ""' :
conforme o Zhar 13 comenta sobre o versculo Seu esposo conhecido nos portes...
14
O Zhar interpreta o esposo deste versculo como uma referncia a Dus, que
o esposo da comunidade de Israel. Ns O conhecemos e nos apegamos a
Ele pelos shearim , que o Zhar interpreta no sentido de shar (porto), shiur
(medida) e hashar (estimativa), conforme explicado acima. De qualquer
forma, ns vemos que estar inspirado no amor e temor a Dus intrinsecamente
subjetivo. Voltando ao fio da meada da nossa argumentao anterior: se mesmo
na halach objetiva encontramos diferenas de opinio, que surgem de acordo
com a diversidade na natureza humana, certamente encontraremos uma
variedade de respostas literatura inspirativa. O dito chassdico mencionado
acima, que ver (em livros at mesmo em livros de Tor) no o mesmo que
ouvir (algo inspirativo de um professor), parece ser bem justificado. Como,
ento, o Alter Rebe poderia agora pretender oferecer o Tanya aos seus
seguidores como um substituto para a orientao pessoal que ele lhes tinha dado
at aquela poca?
Como resposta, o Alter Rebe afirma que o Tanya est endereado aos seus
chassidim, com os quais ele tem um relacionamento de longa data, e cujas
necessidades especficas de orientao lhe so conhecidas desses encontros
pessoais com ele. Assim, eles consideraro relevante para suas necessidades
pessoais a recomendao fornecida pelo Tanya .
19
Os chassidim acrescentariam que isto inclui todos os que estudam o Tanya : o
Alter Rebe conhecia todos eles, e dirigia-se s necessidades que cada um
experimentava no servio a Dus, como se eles lhe tivessem falado em uma
audincia privada. Conforme o Rebe Rashab descreveu: Estudar o Tanya
conversar com o Alter Rebe. 15
***
,
,
Eu, portanto, falo daqueles que me conhecem bem, cada um do Anash do nosso pas
e daqueles pases vizinhos,
,
com os quais palavras afetuosas foram muitas vezes trocadas em encontros privados,
e que me revelaram todos os recessos ocultos em seus coraes e mentes
relacionados ao servio a Dus, que depende do corao.
- ,
"" ,
Neles minhas palavras penetraro completamente, e minha lngua adquirir a forma de
uma pena de escriba, 16 nesses panfletos intitulados Likutei Amarim (Uma Compilao
de Ensinamentos),
;
que so compilados de livros e professores, de santidade celestial, e que so bem
conhecidos de todos ns.
;
Alguns desses ensinamentos, o sbio (para quem uma aluso suficiente) encontrar
indicado em cartas sagradas de nossos mestres na Terra Santa.
;
De alguns deles eu ouvi de suas sagradas bocas quando eles estiveram conosco aqui
(antes de se mudarem para rets Israel).
20
,
Todos eles [os ensinamentos] so respostas s muitas perguntas feitas continuamente
pelo Anash de nosso pas na sua procura por aconselhamento,
,
cada um de acordo com seu nvel no servio a Dus,
.
de modo a receberem orientao no servio a Dus,
, ,
uma vez que o tempo j no [me] permite responder a cada um individualmente em
seu questionamento particular,
e tambm porque o esquecimento normal,
Portanto, eu registrei todas as respostas a todas as perguntas,
, ,
para serem preservadas como um sinal, e para servirem como uma lembrana na
mente de cada um. 17
,
Ningum precisar mais pressionar para conseguir uma audincia privada,
,
pois nestes Likutei Amarim ser encontrada tranqilidade para sua alma e conselho
adequado para todas as coisas que ele encontra dificuldades no seu servio a Dus.
:
Assim, seu corao estar firmemente seguro em Dus, que completa e aperfeioa
tudo para ns.
Aquele cuja mente limitada demais para entender como obter conselhos desses
panfletos,
, .
que ele discuta seus problemas com os mais eruditos de sua cidade, e eles o faro
entender.
,
Desses [eruditos] eu solicito que no coloquem a mo sobre a boca, isto , que no
guardem silncio quando lhes for pedido conselho, por temor de parecerem orgulhosos de seu
conhecimento,
,
para conduzirem-se com falsa modstia e humildade pois a modstia mal empregada
falsidade.
" " ,
21
bem conhecido o quo amargo o castigo daquele que se recusa a alimentar
outrem, 18 isto , que nega o conhecimento da Tor quele que procura por ele,
: "" ,
e tambm quo grande a recompensa concedida quele que transmite tal conhecimento. Isto
19
bem conhecido do comentrio dos nossos Sbios sobre o versculo Dus ilumina os
20
olhos de ambos.
, .
Assim, Dus far Sua face brilhar sobre ambos, com a luz do semblante do Rei [que
d] vida.
' "
"' ,
Que Aquele que d vida aos vivos conceda-nos o privilgio de viver para ver os dias
quando no mais homem algum ensinar a outro... [para conhecer-Me], pois eles
todos Me conhecero, [ do menor ao maior], 21
""' ,
pois o conhecimento de Dus encher a terra como as guas enchem o mar. 22
:
Amn
. Que esta seja Sua Vontade.
***
" ,
,
Como os panfletos acima mencionados foram distribudos entre todos do Anash
acima referidos, por meio de numerosas transcries executadas por diferentes
copistas,
, - .
a multiplicao de transcries deu lugar a um excesso de erros textuais.
,
Portanto, o esprito dos homens nobres, mencionados na pgina anterior, 23 moveu-
os a generosamente fazer um esforo pessoal e financeiro
22
" -
.
para que esses panfletos fossem publicados isentos de todo refugo e erros dos
copistas (outra possvel aluso aos dois tipos de erros mencionados acima, representando a palavra
refugo aos erros forjados) , e completamente examinados.
.
Eu os congratulo por esse ato valoroso.
: "" ,
Uma vez que o versculo afirma explicitamente: Maldito seja aquele que invade os
limites do seu prximo, 24
"- , ' "
e onde a expresso maldito usada, ela implica tanto em condenao como em
ostracismo, 25 que Dus nos preserve, realmente desnecessrio acrescentar qualquer posterior
proibio sobre a violao dos direitos autorais dos editores.
" " ,
Portanto, eu venho somente reforar as palavras da Escritura como [o Talmud cita] uma
mera prtica em Jud com a finalidade de reforar uma afirmao explcita da
Escritura, 26
, "
invocando uma proibio estrita para todos os editores contra a impresso desses
panfletos, seja por eles mesmos ou atravs de seus agentes,
" ,
sem a permisso dos acima mencionados,
.
por um perodo de cinco anos a partir da data em que esta impresso estiver
completada. 27
.
Que seja agradvel para aqueles que concordam, e que eles sejam abenoados com
o bem.
" " " :
Likutei Amarim
Estas so as palavras do compilador do acima mencionado .
23
2. A leitura no texto tuchr ohaa shishim rib seiscentos mil,
correspondendo ao nmero de adultos vares israelitas no xodo do Egito (
Shemot [xodo] 12:37; Bamidbar [Nmeros] 11:21).
3. Berachot 58a.
5. Bamidbar 27:18.
6. Rashi, tambm ( ibid. ), cita a interpretao que ele podia satisfazer o esprito
de todo homem, enquanto o Alter Rebe trouxe como fonte o Ramban. Isto
pode ser porque Ramban sugere a possibilidade de que um grande sbio possa
ser o equivalente, e incorporar dentro dele, s mentes de seiscentos mil.
(Ramban, de acordo com isso, explica porque, conforme a Guemar relata, Rabi
Chanina, filho de Rabi Ika, recitou a bno de Ele que sbio nos segredos
quando encontrou Rav Papa e Rav Huna, filho de Rabi Yehoshua.) Contudo, o
reconhecimento de sbio como esse requer uma mente capaz de discernir por
parte do observador, e por este motivo Ramban determina que, na prtica, deve-
se recitar a bno somente quando algum v, realmente, 600 mil pessoas. Ns
vemos de Ramban, de qualquer modo, que a possibilidade alternativa
teoricamente existe. Os chassidim , que conhecem e reconhecem o Alter
Rebe (conforme ele fala deles mais tarde), sabem que ele um desse sbio que
pode satisfazer o esprito de todo homem; pois, visto que ele tinha uma alma
abrangente ( ,hkkf vnab nesham klalit ), ele continha em si o esprito de cada
um deles.
10. Baseado no versculo ( Devarim 29: 28): As coisas ocultas so para Dus
Todo-Poderoso, e as coisas reveladas so para ns e nossos filhos...
24
13. P. 103a, b.
17. De acordo com a expresso com referncia aos tefilin ( Shemot 13:9): Eles
sero para ti como uma lembrana entre teus olhos.
23. Uma referncia aos scios Rabi Shalom Shachna e Rabi Mordechai; ver a
Aprovao de Rabi Zushya de Anipoli e a nota 11 ali.
25. Shevuot 36a (na ordem invertida); Rambam, Yad , Hilchot Sanhedrin 26:
3.
25
Prefcio para a Traduo em Portugus
com um misto de alegria e temor que temos o prazer de apresentar aos leitores da
lngua portuguesa a traduo e os comentrios de uma das obras mais importantes e
profundas do Judasmo, o Likutei Amarim Tanya (volume 1).
Sentimos alegria, pois o interesse e o estudo desta obra tm crescido em todo o Brasil
de forma exponencial nos ltimos anos. Hoje, no h uma comunidade judaica grande
ou de mdio porte onde no exista um ou mais grupos de estudos de Tanya e um grupo
ainda maior de pessoas vidas por conhecer esta obra e seus preciosos ensinamentos, de
modo que finalmente esta lacuna est comeando a ser preenchida.
E, por outro lado, sentimos temor, pois esta obra conhecida como a Tor shebichtav
da Chassidut a Lei Escrita dos msticos ensinamentos dos mestres da Chassidut, e,
como tal, nenhuma traduo ou comentrio poderia nos transmitir plenamente a riqueza
e a profundidade dos seus ensinamentos.
O Tanya como a obra conhecida foi compilado por Rabi Shneor Zalman de Liadi
h mais de duzentos anos. Conhecido tambm como Alter Rebe (O Rebe mais velho),
Rabi Shneor Zalman (1745-1812) foi o primeiro de uma linhagem de sete geraes de
mestres, ou Rebes, que expuseram de forma prtica e detalhada os profundos
ensinamentos da Chassidut, o lado mais espiritual e profundo da Tor, que nos foi
revelado pelo grande Rabi Israel ben Eliezer, o Baal Shem Tov.
26
contribuio que estas aulas deram disseminao e divulgao dos ensinamentos da
Chassidut.
O esquema deste livro segue o formato das aulas originais no rdio, onde o Rabino
Wineberg l uma frase do Tanya, traduz e comenta o seu contedo seguindo o pshat,
estilo de estudo mais simples e literal, que possibilita a compreenso do mesmo pelos
iniciantes, sem deixar de estimular aqueles que j tm um maior conhecimento do
assunto. O texto em letra maior seria, ento, o texto original, e as letras de tamanho
menor so os comentrios e explicaes que, para facilitar a compreenso do tema, s
vezes vm interpoladas no texto do Tanya.
Beith Lubavitch
27
Captulo 1
, " :] [
,
-
."
28
finalidade de cumprir uma misso espiritual especfica neste mundo. Para
permitir-lhe cumpri-la, um juramento celestial para que ele seja justo e no
perverso lhe requerido e, simultaneamente, que ele se considere como um
perverso, e no como um justo. A raiz () do verbo ohghn mashviim (fazem-
no jurar) virtualmente idntica raiz (/) do verbo ohgh/n masviim (faz-lo
ficar saciado). De acordo com isso, o juramento incumbindo-o de ser justo pode
tambm ser entendido no sentido de que a alma , por esse meio, dotada
(saciada) com o poder que a possibilita cumprir seu destino na vida sobre a
terra.
." " :] [ ,
Isto pede uma explicao, pois ns estudamos na Mishn (Avot, cap. 2): No
sejas perverso em tua prpria estimativa 2.
, - ,
Alm do mais, se uma pessoa considera-se perversa, ela estar afligindo seu
corao e deprimindo-se,
29
-
ento ela pode ser conduzida irreverncia, que Dus no permita, por tal
atitude, com o seu pecado simplesmente no a perturbando.
, , :
. , ,
, - " :
30
Uma vez que ele alcanou este nvel, o sofrimento fsico para limpar a alma
das impurezas do pecado desnecessrio; ele, portanto, igualmente prospera
materialmente.
." -
- :
.'
Ele um tsadic que ainda retm algum vestgio do mal, apesar de ser subserviente
sua boa natureza. Conseqentemente, um homem justo bem-sucedido um
tsadic em quem h somente bem, uma vez que ele transformou completamente
sua m natureza.
De acordo com o Zhar (do qual Raaya Mehemna uma parte), os termos
bem-sucedido e que sofre tambm indicam e descrevem o nvel do tsadic. O
tsadic bem-sucedido um tsadic em quem h somente o bem o mal dentro
dele j foi transformado para o bem; o tsadic que sofre um tsadic de estatura
inferior aquele que ainda abriga algum mal.
31
que sofre [isto , retm um vestgio do mal], porque, ento, necessrio dar a
cada tsadic duas denominaes?
A explicao que ser dada mais tarde (no cap. 10) que cada termo descritivo
denota um aspecto especfico do servio Divino do tsadic. Os termos tsadic
completo e tsadic incompleto denotam o nvel do servio da alma Divina do
tsadic, isto , o amor a Dus do tsadic, pois em virtude deste amor que ele
chamado tsadic. O tsadic completo aquele que j alcanou a perfeio em
seu amor a Dus de uma maneira de ahav betaanugim (amor de deleites) o
amor sereno na realizao [N.T.: da vontade Divina]. O tsadic cujo ahav
betaanugim ainda imperfeito chamado de tsadic incompleto (ou
imperfeito).
As explanaes que iro seguir tornam bastante claro que o mal referido aqui
no mais que um mal adormecido no corao do tsadic incompleto. Pois o
tsadic no tem nenhuma associao com o mal efetivo que se manifesta no
pensamento ou na fala, e certamente muito menos com o mal que se expressa
nas aes.
,' " :
,
,'
."' : , :
32
Rab declarou: Eu, por exemplo, sou um beinoni. Disse-lhe Abaye: Mestre,
tu no permites a qualquer criatura viver.
Para se entender claramente tudo que foi dito antes [uma explicao se faz
necessria].
" :] [
,"'
E tambm para se entender a afirmao de Yiov (J) [Bava Batra, cap. 1]:10
Senhor do Universo! Tu criaste homens justos, Tu criaste homens perversos...,
A Guemar11 relata que Dus decreta que uma criana que est para nascer ser
sbia ou tola, forte ou fraca, e assim por diante. No entanto, se a criana ser
justa ou perversa, D-us no diz: isto no est predeterminado; mais
propriamente, isto deixado para o livre-arbtrio do indivduo.
33
Ns devemos tambm entender a natureza essencial (mahut) da categoria do
beinoni.
, ,
,
,
,
quando sabido que sua boca nunca cessou de estudar [a Tor]12a, tanto que
at o Anjo da Morte no teve nenhum domnio sobre ele.13
Tal era a aplicao de Rab que ele no negligenciava seus estudos por nenhum
momento. Qualitativamente, tambm, seu estudo era de to alto nvel que o
Anjo da Morte era incapaz de domin-lo.
Como poderia ele, ento, errar considerando que metade de suas aes eram
pecaminosas, que Dus no permita?
- ,
Alm do mais, quando poderia uma pessoa ser considerada um beinoni? Pois no
momento que algum peca at que se arrependa ele considerado como um
perverso completo,
.] - [
, -
.
Mesmo aquele que transgride uma proibio menor dos Rabinos chamado de
perverso, conforme estabelecido em Yevamot, cap. 2,15 e em Nid, cap. 1.16
.] [ -
34
Alm do mais, mesmo que ele no peque, mas tem a oportunidade de advertir
algum para no pecar, e falha em faz-lo, ele considerado um perverso
[Shevuot, cap. 6].17
, ,
Quanto mais aquele que negligente em qualquer mandamento positivo que ele
pode cumprir,
Fica evidente, assim, que tal pessoa chamada de perversa, mais do que aquela
que transgride uma proibio dos Sbios.
, ,
*Nota
,' : :[
E quanto ao que est escrito no Zhar III, p. 231: Aquele cujos pecados so
poucos [ classificado como um homem justo que sofre], implicando que,
35
mesmo de acordo com o Zhar, o significado de um homem justo que sofre
aquele que possui pecados, mesmo que sejam poucos; e se assim, um beinoni
precisa ser algum parcialmente virtuoso e parcialmente pecador,
, ," "
.
]:
O Rebe Shlita nota que as palavras E a Tor tem setenta facetas ajudam-nos
a compreender a pergunta de Rav Hamnuna. difcil entender como Rav
Hamnuna poderia mesmo cogitar que um homem justo que sofre aquele que
realmente peca, visto que todas as questes acima mencionadas claramente nos
levam a assumir o oposto. A pergunta de Rav Hamnuna, no entanto, foi
motivada somente pelo fato de que a Tor tem setenta facetas, e ele pensava
que esta possivelmente era uma das facetas.
Fim da nota
- , - ,
,
Quanto ao dito bem conhecido, que aquele [cujas boas e ms aes esto]
igualmente equilibrado chamado de beinoni, enquanto [aquele que possui] uma
maioria de virtudes excedendo seus pecados chamado de tsadic,22
36
,
e chamado justo em relao a seu veredicto, uma vez que ele absolvido em
seu julgamento.
Somente neste sentido legal que o termo tsadic aplicado quele que realiza
mais boas aes que ms aes.
,
,
. , -
David extirpou sua m natureza atravs do jejum; outros meios, porm, tambm
so possveis.
- ,
.
37
Mas quem quer que no tenha alcanado este grau de se livrar de sua m
natureza, embora as suas virtudes excedam os seus pecados, no est de forma
alguma no nvel do tsadic.
De fato, no s que ele no chegou ao nvel de tsadic: ele nem alcanou o nvel
de beinoni, como foi demonstrado acima.
- -- " : "
,'
E por isso nossos Sbios explanaram: O Todo-Poderoso viu que os justos eram
poucos, e ento Ele ergueu-Se e plantou-os, isto , os espalhou em cada
gerao,24
:" :
Assim, em cada gerao deve existir um tsadic que serve como o fundamento
do mundo.
Esta escassez de tsadikim (Os justos eram poucos) pode ser explicada somente
se um tsadic aquele totalmente livre de sua m natureza. Se o termo tsadic se
refere quele cujas boas aes suplantam as ms aes, por que ento nossos
Sbios disseram que os justos eram poucos, quando a esmagadoria maioria dos
judeus possui mais boas aes que ms.
[
:]
, , ,
38
que cada judeu, seja ele justo ou perverso, possui duas almas,
," " :
Kelip significa concha ou casca. Dus criou foras que ocultam a fora vital
Divina encontrada em toda a criao, assim como uma casca cobre e oculta um
fruto. Sitr achar significa o outro lado o lado da criao que a
contraposio da santidade e da pureza. (Os dois termos so geralmente
sinnimos.)
esta nfesh (que se origina na kelip e sitr achar) que se veste no sangue de
um ser humano, dando vida ao corpo;
." " :
como est escrito: Pois a nfesh da carne (isto , a nfesh que sustenta a vida
fsica e corprea) est no sangue.28
, ,
39
mal, eles em si so maus, e deles por sua vez surgem as caractersticas do mal da
pessoa.
, :
Uma vez aceso pela clera ou o orgulho, um homem (como o fogo) ergue-se alto.
O orgulho o estado de quem se considera superior aos outros. A clera tambm
uma ramificao do orgulho. Se uma pessoa no fosse orgulhosa, ela no se
irritaria quando algum a contestasse.
, ,
A habilidade da gua para fazer crescer as coisas agradveis indica que est
oculto dentro dela o elemento do prazer. Assim, o apetite pelo prazer deriva do
elemento da gua.
,
. -
Mas uma vez que esta a nfesh da kelip e do mal, como as boas caractersticas
podem provir dela? Este assunto agora tratado.
, , ,
40
Pois no [caso do] judeu, esta alma de kelip derivada da kelip chamada nog,
que tambm contm o bem; e o bem dentro desta nfesh d origem a estas
caractersticas naturais positivos.
:" "
, ,*
,
* .
,
conforme est escrito em ts Chayim, Portal 49, cap. 3, que todo o bem que as
naes fazem feito por motivos egosticos.
Como a nfesh delas emana das kelipot que no contm nenhum bem, conclui-
se que qualquer bem que elas faam feito a partir de motivos egosticos.
- " " :
:*' *
Por outro lado, pode-se notar que entre as naes do mundo, existem tambm
aquelas almas que so derivadas da kelipat nog.32 Chamados os devotos das
41
naes do mundo, estes indivduos justos so benevolentes no por motivos
pessoais, mas por uma genuna preocupao com seu prximo.
1. Nid 30b.
2. Avot 2:13.
4. Berachot 7a.
5. Zhar II 117b.
7. 61b.
9. Berachot 18b.
14. O Rebe Shlita nota que embora a Guemar em Kidushin 49b indica que
somente o pecador penitente seja considerado um tsadic, explicitamente
afirmado em Or Zarua, sec. 112, que ele considerado um tsadic gamur
(completo).
42
15. 20a.
16. 12a.
17. 39b.
22. Ver Rambam, Hilchot Teshuv 3:1; Rashi em Rosh HaShan 16b.
23. Tehilim 109:22. Ver cap. 13, para o comentrio do Rebe Shlita sobre a
interpretao deste versculo.
27. O Rebe Shlita nota: A adio das palavras Estas so duas nefashot torna
claro que as duas almas possudas por cada judeu no so necessariamente do
nvel da alma nesham, a terceira mais elevada dos cinco nveis de almas
(nfesh, rach, nesham, chay e yechid), pois este nvel de alma no
necessariamente encontrado em todo judeu e certamente tambm no em sua
alma animal. Isto aqui se refere ao nvel de alma essencial de nfesh, que
possuda por cada judeu.
32. Ver Sidur Im Dach, Shaar Chag HaMatsot; Likutei Biurim (por Rabi
Hilel Malisov de Paritch), 47b.
43
Captulo 2
, ,
44
literalmente. Para que ns no interpretemos a frase uma poro de Dus acima
da mesma maneira, o Alter Rebe acrescenta a palavra verdadeiramente,
enfatizando assim que a alma judaica literalmente uma poro de Dus acima,
," " :
conforme est escrito com referncia a Adam [Ado] (cuja alma era uma alma
abrangente, uma nesham klalit, pelo fato de que ela continha todas as almas
particulares das geraes subseqentes): E Ele soprou em suas narinas uma alma
de vida; 3
,"" *
, , :
Est escrito no Zhar: Aquele que sopra, sopra de seu interior,5 ou seja, de
sua natureza interna e seu mais ntimo ser.
Pois de seu interior e de sua mais ntima vitalidade que um homem emite
quando sopra com fora.
Soprar cansa uma pessoa muito mais rpido que falar, como facilmente
observado, pois requer um grande esforo de energia e vitalidade. Assim, o fato
de a metfora de soprar ser usada para descrever Dus implantando a alma do
judeu em seu corpo significa que esta alma se origina do mais ntimo aspecto
da Divindade.
45
Assim, tambm, alegoricamente falando, as almas judaicas surgiram no
pensamento [Divino].6
," " :
,""
Isto quer dizer, isto , o significado de os judeus serem chamados filhos de Dus
que assim como um filho derivado do crebro de seu pai seu ntimo e
essencial ser,
O Alter Rebe agora leva este conceito para uma nova etapa. Derivar do
pensamento e da sabedoria de Dus efetivamente implica derivar do Prprio
Dus, como ele vai explicar.
, ,
Pois Ele sbio Dus possui a qualidade de sabedoria , mas no com uma
sabedoria conhecida por ns, seres criados,9 porque Ele e Sua sabedoria so um,
,' "
46
Isto significa que a sabedoria e a compreenso de Dus so totalmente diferentes
das do homem. Na compreenso humana h trs componentes separados e
distintos: a) a alma da pessoa, o conhecedor e possuidor do conhecimento; b)
o poder do intelecto e da compreenso o conhecimento pelo qual uma
pessoa conhece; c) o sujeito do conhecimento o conhecido tal como uma lei
na Mishn ou uma discusso na Guemar que apreendida e conhecida.
,'
conforme est escrito: Ser que tu podes encontrar e entender Dus pela
pesquisa!?.11 E tambm est escrito: Pois Meus pensamentos no so teus
pensamentos12 [diz Dus]; e conseqentemente teus pensamentos [humanos]
no podem compreender Meus pensamentos.
Uma vez que Sua sabedoria uma com o Prprio Dus, conforme j mostrado,
conclui-se que a alma judaica, que deriva da sabedoria Divina (como
estabelecido acima), realmente deriva do Prprio Dus.
O Alter Rebe, por essa razo, aponta na nota a seguir que os cabalistas
concordam com Maimnides, qualificando que seu conceito no se aplica
essncia de Dus; pois Sua essncia em verdade infinita at mais alta que o
nvel insondvel do Conhecimento ao qual Maimnides se refere. Com
respeito Sua essncia, aqueles que discordam de Maimnides esto corretos
em afirmar que Dus no pode ser definido em termos de conhecimento, pois
Ele o transcende infinitamente. Somente depois que Dus limita a luz infinita de
Sua essncia atravs do processo do tsimtsum (contraes progressivas), e com
47
isso assume o atributo de chochm (sabedoria) , somente ento pode ser dito
sobre Dus que Ele Conhecedor, Conhecimento e Conhecido.
*Nota
. ", :[
Os cabalistas concordaram com ele (que Dus pode ser descrito como
Conhecedor, Conhecimento e Conhecido), conforme est no Pardes, de Rabi
Mosh Cordovero.14
, "
,- --
,"
48
Acima do Mundo de Atsilut, o Dus incognoscvel no pode ser definido. Em
conseqncia, em termos da escala cabalstica, Maimnides nada tem a dizer
acerca de Dus, exceto do Mundo de Atsilut e abaixo dele.
, ",
Conforme explanado em outro lugar (do Tanya),15 o Ein Sof, abenoado seja
Ele, infinitamente exaltado e transcende a essncia e nvel de ChaBaD.
, , "
]:" " :
Fim da Nota
O Alter Rebe agora aborda uma dificuldade que surge de sua prvia declarao,
que toda alma emana da sabedoria Divina. Uma vez que todas as almas emanam
de uma fonte a Sabedoria Suprema , conclui-se que todas as almas deveriam
se achar no mesmo nvel. Como ento pode haver diferentes nveis entre as almas
judias?
, , * ,
,
,
49
precedente vinda (literalmente, os calcanhares, isto , as pegadas) de
Mashiach;
Assim como a fora vital encontrada nas solas do p no pode ser comparada
quela encontrada na cabea e no crebro, tambm no pode haver comparao
entre as almas das geraes presentes e aquelas almas (aqui denominadas de
cabea e crebro) das primeiras geraes.
,
;
. ,
Assim como o nvel de alma de nesham varia de um judeu para outro, assim
tambm as dos nveis rach e nfesh.
Ento, podemos constatar as inmeras diferenas nos nveis das almas. Portanto,
podemos esperar variaes similares em suas fontes Divinas quanto mais
elevada a alma, mais alta a sua fonte.
, ,
, ,
No obstante, a raiz de cada nfesh, rach e nesham, do mais alto dos nveis ao
mais baixo o mais baixo sendo aquelas almas incorporadas dentro dos
iletrados e dos mais tolos dos tolos dos judeus ,
50
. ,
todas elas so derivadas, por assim dizer, da Mente Suprema, que Chochm
Ila (Sabedoria Suprema).
Com a finalidade de nos ajudar a entender melhor o porqu desta larga variao
de nveis das almas individuais, apesar de sua fonte comum, o Alter Rebe retorna
agora analogia de um pai e seu filho (usada anteriormente para ilustrar a
descrio dos judeus como filhos de Dus, os quais so derivados da Chochm
Ila o crebro de Dus, por assim dizer).
Outro aspecto evidente desta analogia: embora as unhas sejam a parte mais
insignificante do corpo da criana, elas ainda esto ligadas e unidas com sua
primeira fonte o crebro do pai. Pois, como as outras partes do corpo da criana,
as unhas tambm recebem seu alimento e vida de seu crebro. Como o crebro
da criana retm a essncia de sua fonte (o crebro do pai), e assim est
constantemente ligado sua fonte, portanto, mesmo as unhas esto ligadas
sua fonte original.
51
O segundo aspecto desta analogia tambm se aplica aqui. Embora uma alma
possa descer aos nveis mais baixos, ela ainda est ligada e unificada com sua
fonte original em Chochm Ila. Na analogia, as unhas permanecem ligadas ao
crebro do pai atravs de sua unidade com o crebro do filho. Da mesma forma,
estas almas do nvel mais baixo permanecem ligadas sua fonte em Chochm
Ila atravs de seu vnculo com as almas dos justos e dos sbios de sua gerao,
de quem elas recebem seu alimento espiritual. Mesmo quando se encontram em
seu mundo fsico, almas de um nvel mais elevado (anlogo ao crebro da criana)
retm o nvel espiritual de sua fonte o nvel de cabea e crebro; e atravs
dessas almas, mesmo as almas dos nveis mais baixos permanecem ligadas e
unificadas com sua fonte em Dus. Isto , em resumo, o que o Alter Rebe vai
explicar.
, ,
, ,
.
ficando no tero da me por nove meses, descendo nvel aps nvel, mudando
continuamente, at que [mesmo] as unhas fossem formadas dele.
,
;
Alm do mais, embora a gota tenha sido to alterada para tornar-se a substncia
das unhas da criana, contudo ela ainda est ligada e unida, numa unidade
poderosa e maravilhosa, com sua essncia e ser original, isto , a gota de smen
que veio do crebro do pai.
; ,
Mesmo agora, no filho, as unhas recebem seu alimento e vida do crebro que
est em sua cabea.
52
As unhas derivam sua vida do crebro da criana, que por sua vez retm a
substncia de sua fonte, o crebro do pai. Assim, as unhas tambm esto ligadas
atravs do crebro do filho com o crebro do pai.
" " :] [
,[
,
.]
que elas (as vestes) eram [feitas] de unhas [derivadas] da faculdade cognitiva
do crebro.)
, , ,
Exatamente assim, por assim dizer, o caso com respeito a toda nfesh, rach e
nesham na comunidade de Israel no alto.
53
Assi (o Mundo da Ao). (Eles so escritos na forma acrnima como gwwhct
ABY.)
Atsilut (Emanao) um Mundo onde irradia a luz Ein Sof, onde Atsilut, de
fato, a Divindade em Si transplantada (por assim dizer) para um nvel mais
baixo. (Isto ocorre por meio de tsimtsum.) Por este motivo, Atsilut est ainda
unido sua fonte Ein Sof.
Yetsir (Formao) o Mundo onde o que foi criado do yin assume estrutura
e forma.
54
ligado ao mais alto por meio de todos os elos interconectados, da mesma forma,
no Sder Hishtalshelut, o mais baixo nvel em Assi est conectado ao mais alto
nvel de Atsilut; todos os nveis interligados e fluindo um do outro.
-- , ,
, ,-
Pela descida [das almas], nvel aps nvel, atravs da Hishtalshelut dos Mundos
de Atsilut, Beri, Yetsir e Assi, da sabedoria de Dus,
" " :
. -
As almas deles foram mais fortemente afetadas por esta descida e, portanto, eles
esto no nvel mais baixo. Da mesma forma, todos os diversos nveis de almas
mais altas e mais baixas so determinados pela descida da alma atravs da
Hishtalshelut; algumas almas so afetadas num grau maior, enquanto outras,
num grau menor.
O Alter Rebe agora relata o segundo ponto da analogia para o nosso caso.
Assim como na analogia as unhas da criana ainda esto ligadas sua primeira
fonte, por estarem constantemente alimentadas pelo crebro da criana, o mesmo
se passa com a alma:
,
, ,
55
Contudo (no obstante o fato de que elas j se tornaram almas dos nveis mais
baixos as almas dos ignorantes e daqueles de menor mrito), elas (estas almas
inferiores) permanecem ligadas e unidas com uma maravilhosa e poderosa
unidade sua essncia original, isto , uma extenso da Chochm Ila
(Sabedoria Suprema),
,
: ,
,
,
.' ,
(e desse modo com o Prprio Dus, uma vez que) Ele e Sua sabedoria so um, e
Ele o Conhecimento...
***
Tendo23 concludo que todo judeu tem uma alma que emana de cima (da
Sabedoria Suprema), o Alter Rebe agora estabelece que mesmo a qualidade (o
grau ou nvel) de cada alma em particular determinada somente por fatores
de cima fatores espirituais, como a acima mencionada descida da alma atravs
da Hishtalshelut. Nenhuma ao deste mundo fsico pode determinar sua
qualidade e nvel. O Alter Rebe faz esta afirmao indiretamente, ao esclarecer
uma citao do Zhar que parece indicar o contrrio.
,
,
,'
57
o que no ocorre com os filhos dos ignorantes e inferiores, que no se conduzem
dessa maneira sagrada.
O ignorante conforme o Zhar continua a indicar atrai para seus filhos uma
alma de nvel mais baixo, o que parece indicar que uma ao que ocorre neste
mundo fsico pode, de fato, influenciar o nvel da alma. Porm o Alter Rebe
declara que no assim. O Zhar no se refere alma, de forma alguma, mas
roupagem espiritual da alma, conforme segue:
,'
,
, -
.' ,
Por maior que uma alma possa ser, ela ainda necessita de santificao do pai no
momento da relao sexual.
, ,
,'
58
:
Tudo isto foi explicado por Rabi Isaac Lria, de abenoada memria, no Likutei
Tor sobre Parshat Vayer e no Taamei HaMitsvot, sobre Parshat Bereshit.
2. Devarim 1: 28.
3. Bereshit 2:7.
7. Shemot 4:22.
8. Devarim 14:1.
59
14. Shaar Mahut VeHanhag, cap. 13.
17. Ver Zhar I, 206a; tambm Rabi Yeshayahu Hurwitz, Shnei Luchot
HaBrit I, 9b.
18. 31a.
60
Captulo 3
, - :
Agora, cada uma dessas trs distines e graus nfesh, rach e nesham
consiste em dez faculdades,1
; :
Estas duas categorias so: trs mes, isto , trs dessas Sefirot so denominadas
mes, pois elas so a fonte e a raiz das outras sete Sefirot, assim como a me
a fonte de sua descendncia, e sete duplos os sete atributos Divinos,
61
chamados duplos, uma vez que cada um dos sete atributos emocionais
manifesta-se de duas maneiras, como ser logo explicado.
.' : , ,
Estes sete atributos so conhecidos como os sete dias da Criao, pois foi
atravs desses sete atributos que Dus criou o mundo. Cada dia da criao surgiu
atravs de um atributo particular: no primeiro dia, Chssed foi dominante; no
segundo dia, Guevur; e assim por diante.
. : ,
: , :
.'
: ","
62
Neste ponto, vale explicar brevemente a funo das faculdades Chochm, Bin
e Dat (abreviadas como ChaBaD), mencionadas com freqncia nos prximos
captulos.
Depois que a pessoa entende plenamente a idia com todos os seus detalhes e
ramificaes, a idia deve ento penetrar em seu ntimo, ligando-se e unindo-se
a ela at o ponto em que no somente a pessoa a entende, mas tambm a sente.
Apenas desse modo a pessoa pode ser afetada pela idia; se seu entendimento
conduz ao desejo de algo especfico, ele far nascer o amor por ela; se seu
entendimento indica que algo nocivo, a pessoa reagir com um sentimento de
temor e fugir dela; o mesmo ocorre com outras emoes. A faculdade com a
qual algum se aprofunda em uma idia chamada Dat (conhecimento), a
qual etimologicamente relacionada expresso e Ado conheceu (gsh iad)
Eva,3 um verbo que denota adeso e unio. Retornamos agora ao texto.
63
, ,
64
existe por trs de uma regra halchica nas leis de cashrut pode tambm ser
aplicada s leis que governam disputas financeiras.
como ele evolui do conceito que foi concebido em seu intelecto (isto , quando
ele apreende de uma maneira detalhada o ponto seminal do intelecto, o qual
antes do seu pensamento era apenas um ponto nebuloso da Chochm),
" "-
isto chamado Bin. (Bin esta faculdade que esclarece os detalhes de qualquer
conceito e o apreende plenamente e em profundidade.)
. "" ""
, ,
" "
isto , como Dus anima toda a criao com uma luz Divina imanente e fora
vital (assim como a alma preenche e d vida a toda parte do corpo) uma fora
vital que se veste e se unifica com cada criatura e se adapta s necessidades
individuais desta criatura,
""
65
Ele ilumina os mundos com uma luz Divina e uma fora vital que est muito
alm da capacidade dos mundos para as receberem internamente; em vez disso,
ela os afeta de uma maneira envolvente.
""
para que ela tema e se humilhe diante de Sua abenoada grandeza, a qual no
tem fim ou limite,
isto , o temor estar unido e permeado com humildade, como no temor que se
sente na presena de uma pessoa muito sbia ou justa, o qual expressa a
vergonha e a humildade diante dela,
,
,
.- -
66
,"' " : ,
."' " : ,"'"
Isto o que se entende pelo termo calot hanfesh (uma paixo consumidora da
alma), conforme est escrito: Minha alma anseia [por Ti]; na verdade, ela
desfalece...9, e Minha alma est sedenta de Dus...10, e ainda, Minha alma
tem sede de Ti...11
, , ,
* , * ,
.
67
Assim tambm ocorre com o intelecto e as emoes da alma Divina: o calor e a
paixo do amor a Dus so expressos no corao, que por fim pode levando a
pessoa a expirar em calot hanfesh. A mente, no entanto, permanece fria. Esta
capacidade do intelecto para uma calma avaliao de uma situao o conduz a
compreender que a inteno de Dus que a alma permanea vestida no corpo,
de modo que ela seja capaz de cumprir a Tor e seus mandamentos. Esta
conscientizao esfria o ardor abrasador do corao, e assim impede que a alma
expire em calot hanfesh.
A discusso do Alter Rebe sobre o nascimento das midot do intelecto foi assim
centrada sobre duas emoes: o amor e o temor a Dus. E quanto s outras?
, ,
.
Tudo que foi dito acima explica porque a Chochm e a Bin so chamadas de
pai e me das midot, pois atravs da contemplao exercida por Chochm
e Bin que nascem as midot. A Chochm chamada de pai. Assim como a
gota de smen, que deriva do crebro do pai, compreende, em forma concentrada
e oculta, todos os rgos do corpo da criana, da mesma forma o ponto seminal
da Chochm contm, numa forma oculta, todos os detalhes de uma idia, como
foi explicado acima. E assim como a me que revela os rgos da criana,
retirando-os do seu estado oculto, levando-os para um estado de completitude,
a Bin, de modo semelhante, revela, expande e esclarece o conceito em todos os
seus detalhes.
, ," " ,
Dat, cuja etimologia pode ser encontrada no versculo E Ado conheceu (gsh
iad) Eva,3 implica adeso e unio.
,
. ,- -
68
(Aplicado a Dat da alma Divina, isto significa) ligar a mente com uma conexo
muito forte e estvel, e firmemente fixando o pensamento na grandeza do
abenoado Ein Sof, sem desviar sua mente dela (isto , o assunto concebido em
Chochm e desenvolvido em Bin absorvido na mente pela concentrao,
Dat).
,- -
Pois mesmo aquele que sbio (pela utilizao da sua faculdade de Chochm) e
conhecedor (pelo exerccio de sua faculdade de Bin) da grandeza do abenoado
Ein Sof, ainda, a menos que ele aplique seu Dat e fixe seu pensamento
firmemente e diligentemente sobre seu entendimento da grandeza de Dus,
. , -
Ele somente imaginar que teme a Dus e O ama. Verdadeiro temor e amor so
alcanados somente por meio de Dat.
: ,
Ele compreende Chssed e Guevur; isto , amor com aquelas outras midot que
so suas ramificaes, e temor e suas ramificaes.
1. Em outra parte (por exemplo, Likutei Tor, Bamidbar 1a, 51b; Shir HaShirim
[Cntico dos Cnticos] 16d), o Alter Rebe torna claro que a alma no consiste
das dez faculdades, mas manifesta-se atravs delas, uma vez que a alma em si
essencialmente indefinvel e indivisvel.
3. Bereshit 4:1.
69
4. Zhar III, 28a; Tikunei Zhar, Tikun 65.
8. Zhar I, 11b.
9. Tehilim 84:3.
26 Kislv
28 Kislv
70
Captulo 4
71
beleza e importncia a quem as usa, assim tambm, quando a alma veste e utiliza
essas roupagens, seu intelecto e sua emoo se expressam.
. "
Elas (as roupagens) so: pensamento, fala e ao que se expressam nos 613
mandamentos da Tor.
O Alter Rebe agora continua a explicar como a alma Divina se expressa atravs
dessas trs roupagens.
Pois, quando uma pessoa cumpre ativamente todos os preceitos que requerem
ao fsica (por exemplo, quando coloca os tefilin ou cumpre o mandamento dos
tsitsit, etc.),
, "
e com seu poder de fala ela se ocupa com a exposio de todos os 613
mandamentos e com as leis que governam a realizao deles,
isto , a fala da pessoa que est mergulhada no estudo da Tor, que inclui a
exposio dos mandamentos. Por exemplo, o Tratado Berachot lida com os
mandamentos e as leis das bnos; o Tratado Shabat trata dos mandamentos e
das leis da observncia do Shabat, etc.,
"
e com seu poder de pensamento ela compreende tudo que ela capaz de entender
no Pardes (isto , os quatro nveis) da Tor,
A palavra Pardes (xsrp), cujo significado literal pomar, aqui usada como
um acrnimo das quatro palavras hebraicas, Pshat, Rmez, Derush e Sod,
representando, respectivamente: sentido simples, indicao, interpretao
homiltica e significado esotrico ou seja, os quatro nveis de interpretao das
Escrituras,
; * " " -
ento todos os seus 613 rgos da alma esto vestidos nos 613 mandamentos
da Tor.
72
Assim como o corpo humano consiste de 248 rgos e 365 vasos sangneos,
que correspondem aos 248 mandamentos positivos da Tor e aos 365
mandamentos proibitivos (613 ao todo), da mesma forma, a alma compreende
613 rgos a contraparte espiritual dos 613 rgos do corpo cada rgo
correspondendo a um mandamento especfico. Quando, atravs das suas trs
roupagens (pensamento, fala e ao), a alma abarca todos os 613 mandamentos,
ento todos os 613 rgos da alma esto revestidos em todos os 613
mandamentos cada rgo da alma em seu correspondente mandamento.
(Notem que o Alter Rebe enfatiza a palavra todos [todos os preceitos que
requerem ao fsica, a exposio de todos os 613 mandamentos, tudo que
ela capaz de entender]. Se suas roupagens no inclussem todos os 613
mandamentos se um especfico mandamento fosse omitido , ento o rgo
correspondente da alma ficaria privado de sua roupagem mitsv.)
" ,
,"
73
- ,
. ,
Em resposta a esta questo, o Alter Rebe explica que a realizao plena dos
mandamentos exige amor e temor a Dus; a pessoa s consegue levar para o
cumprimento dos mandamentos a plenitude gerada pela vitalidade e a
profundidade do sentimento quando est impregnada de temor e amor ao Todo-
Poderoso.
, , "
,
, " ,
74
Mas no pode apegar-se a Ele a no ser atravs do cumprimento dos 248
mandamentos positivos.
; , "
Pois eles so os 248 rgos do Rei2 (de Dus, Rei do universo), por assim
dizer, conforme explanado em outro lugar.3
Assim como cada um dos rgos do ser humano um recipiente para um poder
particular de uma alma, que se veste nele (por exemplo, o olho um utenslio
para o poder da viso; o ouvido, para a audio, e assim por diante), assim cada
mandamento um receptculo para um aspecto especfico da Vontade de Dus
(a Vontade Suprema) que se veste em cada mandamento em particular. Cada
mandamento expressa no somente a Vontade Suprema para que um ato
especfico seja realizado, mas tambm os detalhes de sua observncia. Assim,
compreensvel que pela realizao dos mandamentos se alcana a unidade com
Dus, Cuja Vontade eles expressam.
Conclui-se da, ento, que o amor a Dus veste-se (ou se expressa) na realizao
dos 248 mandamentos positivos; ele a raiz e a fora vital deles, que leva uma
pessoa a observ-los com a totalidade do seu ser. Pois quando uma pessoa ama
a Dus e deseja apegar-se a Ele, ela cumpre os Seus mandamentos como se
realizasse uma tarefa para um amigo querido com gosto e prazer, e com todo
o seu ser.
, "
,--
O temor a raiz para a observncia dos 365 mandamentos proibitivos, pois ela
(a pessoa temente a Dus) temer rebelar-se contra o Supremo Rei dos Reis, O
Santo, abenoado Ele seja (agindo em desafio Sua Vontade; ela, portanto, se
restringir de qualquer coisa que Dus proibiu).
75
, , ,
, ,
. "
que sugam sua nutrio do homem abaixo (neste mundo) e tm sua influncia
nele de modo que so capazes de derivar seu sustento e vida dele atravs da
violao dele dos 365 mandamentos proibitivos.
***
At agora foi explicado que a alma Divina tem trs roupagens nas quais ela se
veste: o pensamento, a fala e a ao da Tor e dos mandamentos. O Alter Rebe
agora ir afirmar que, diferentemente das roupagens fsicas, que so menos
importantes que aqueles que as vestem, as roupagens da alma Divina so ainda
mais sublimes que a alma que as veste. Assim, vestir suas roupagens isto
, pensar e falar palavras da Tor, e agir no cumprimento dos mandamentos
eleva a alma a um nvel mais alto. Pois, uma vez que a Tor e os mandamentos
so um com Dus, o judeu, vestindo a roupagem da Tor e dos mandamentos,
tambm se torna unido com Ele. Nas palavras do Alter Rebe:
, ,
,
76
Estas trs roupagens derivando da Tor e seus mandamentos, embora sejam
chamadas [simplesmente] de roupagens da nfesh, do rach e da nesham,
, ,
,-- , :
, - --
. ",'
A Tor, sendo o intelecto de Dus, assim uma com o Prprio Dus, e quando
um judeu entende e une-se a ela, ele est unido com o Prprio Dus.
Do que j foi mencionado acima, ns entendemos que, uma vez que as roupagens
de pensamento e fala do estudo da Tor e o ativo desempenho dos mandamentos
estejam unidos com Dus, eles so ainda mais elevados do que a prpria alma.
No entanto, uma pergunta se apresenta: como pode ser dito que o entendimento
da Tor compreende a sabedoria e a Vontade de Dus, quando a sabedoria de
Dus como o Prprio Dus est infinitamente alm da limitada compreenso
do homem? Isto ser explicado agora:
, , --
,
77
Embora o Santo, abenoado Ele seja, seja chamado de Ein Sof (Infinito), e Sua
grandeza nunca pode ser investigada,5 e Nenhum pensamento pode apreend-
Lo em absoluto,6
-- :
, -
, " --
78
, "
, "
com isso vestindo-se com todas as suas dez faculdades nestas trs roupagens (do
pensamento, da fala e da ao de Tor e mitsvot).
Por isso, a Tor foi comparada gua,11 pois assim como a gua desce do nvel
mais alto para o nvel mais baixo,
A gua que alcana o nvel mais baixo a mesma gua que deixou sua fonte no
nvel mais alto; diferentemente da luz, por exemplo, que tambm viaja da sua
fonte, mas nesse caso no a fonte (o corpo luminoso) em si que transmitida,
mas somente um raio dela; e diferentemente do intelecto, que tambm pode ser
comunicado de uma pessoa outra, mas em cujo caso, tambm, no a fonte (a
mente de quem ensina) que se transmite ao nvel mais baixo (a mente do
aprendiz), mas somente a idia, um produto da fonte.
79
, -
Como ns vimos na analogia da gua, assim a Tor desceu do seu lugar de glria,
isto , do plano espiritual sublime que a sua fonte.
, ,
.
, , , ,
Da, a Tor percorreu uma descida atravs de estgios ocultos, etapa por etapa,
na Hishtalshelut dos Mundos (isto , a ordem em cadeia dos Mundos
espirituais interligados, explicada mais detalhadamente no cap. 2; a Tor desceu
atravs de todos esses nveis )
,
,
at que ela se vestiu nas substncias e coisas materiais deste mundo corpreo,
que compreende a maioria dos mandamentos da Tor e suas leis.
80
, ,
. ,
A Tor experimentou esta grande descida para que todo pensamento humano
seja capaz de alcan-las, e de modo que at a fala e a ao, que esto em um
nvel mais baixo que o pensamento, sejam capazes de alcan-las ( a Vontade
e a sabedoria de Dus) e vestirem-se nelas para o cumprimento dos
mandamentos em fala e ao.
"
-
Uma vez que a Tor e seus mandamentos vestem todas as dez faculdades da
alma e todos os 613 rgos da alma, desde a cabea at os ps, isto , desde o
nvel mais alto sua cabea at seu nvel mais baixo,
,
,
" :
,"
81
Por essa razo foi dito: Uma hora de arrependimento e boas aes neste mundo
melhor que toda vida no Mundo Vindouro,15
, ,
, , , ,
Nenhum ser criado, at um ser espiritual dos mais altos domnios, tais como os
anjos ou as almas, podem compreender mais que um vislumbre da luz Divina,
;" "
, - --
* ,
--
82
Pois, embora a Tor tivesse sido vestida em coisas materiais inferiores, e so
somente essas coisas materiais que o intelecto humano compreende quando
estuda Tor, e no a essncia da Vontade e da sabedoria de Dus, porm
,
,
, ,
De forma semelhante, quando o rei abraa algum com seu brao, embora ele
esteja vestido em seus trajes.
Para ilustrar que a Tor anloga a um abrao real, o Alter Rebe cita:
," " :
83
Conforme explanado na Cabal, a mo direita representa tanto Chssed como
a gua (e como j foi dito antes, a Tor comparada gua), e a mo esquerda
representa Guevur (severidade) e fogo. Quando o versculo diz que a mo
direita de Dus me abraa, significa que Dus abraa e envolve a alma atravs
da Tor a mo direita de Dus.
Assim, a ligao que o estudo da Tor cria entre a alma e Dus dupla: a alma
abraa Dus e abraada por Dus. Nisso, o estudo da Tor superior s
outras mitsvot, conforme discutido no captulo seguinte.
1. Mishn, Pe 1:1.
84
3. Ver cap. 23.
5. Tehilim 145:3
7. Yeshaihu 40:28.
8. Yiov 11:7.
9. Yeshaihu 55:8.
85
Captulo 5
86
abraando o intelecto de algum no claro. No captulo 5, o Alter Rebe
esclarece este ponto. Ele o faz tornando compreensvel o termo apreender
usado na afirmao de Eliahu (citada no captulo anterior), de que nenhum
pensamento pode apreender Dus a no ser apreendendo a Tor.
" : "" ,
."'
- ,
,
Porm, somente pode-se dizer que o assunto est dentro da mente uma vez que
a mente o tenha entendido completamente (conforme indicado tambm pelo uso
que o Alter Rebe faz do tempo passado ...o intelecto que o entendeu e o
percebeu). Antes de dominar o assunto, no entanto, enquanto a mente est
ocupada em analisar seus detalhes, o assunto ainda est acima da mente, e a
relao entre eles est invertida: a mente est dentro do assunto e envolvida
por ele.
87
Segundo as palavras do Alter Rebe:
. , -
seu intelecto apreende e envolve aquela halach, e seu intelecto est tambm
vestido nela naquele momento em que ele se empenha para entend-la.
,-- ,
- ,
.
Assim, de Sua vontade que se, por exemplo, Reuven reclamar isso e Shimon
aquilo, tal ser o veredicto entre eles.
, ,
Mesmo que nunca tenha ocorrido e jamais ocorrer litgio sobre esses tipos de
discusses e reclamaes,
88
mesmo de tal halach, pois atravs dela podemos conhecer a vontade e a
sabedoria de Dus e aderir a elas, conforme o Alter Rebe continua:
,-- ,
,
ainda assim, uma vez que isso surgiu na vontade e na sabedoria de Dus, que se
uma pessoa reclamasse dessa maneira e a outra, daquela outra maneira, o
veredicto seria de tal forma,
,-- -
,
Esta uma faceta do entendimento da Tor, isto , que atravs dele o intelecto
de uma pessoa envolve a vontade e a sabedoria de Dus. Alm disso,
, ,
89
Esta a unio mais maravilhosa; no domnio fsico no h nenhuma unio
semelhante ou paralela, isto , de duas coisas to desproporcionais quanto o
intelecto humano e a Tor, o intelecto de Dus
, ,
.
-- -
,
, -
,
. "
90
cada homem de acordo com seu intelecto e sua capacidade de conhecimento e
compreenso do Pardes2 os quatro modos de interpretao da Tor: Pshat,
Rmez, Derush e Sod.
Portanto, alm do efeito que a Tor partilha com outras mitsvot, isto , que uma
mitsv quando realizada envolve a alma na luz Divina, o estudo da Tor tem o
efeito adicional de preencher a alma (internamente) com a luz da Divina
sabedoria contida na Tor, que a alma apreende e envolve.
, ,
,
,
at o ponto em que a Tor apreendida por sua mente e se une a ela de modo a
serem um,
91
- - ,
.
Ela [a Tor] se torna a vida interior para ela [a alma], oriunda do Manancial da
vida, o Abenoado Ein Sof, que vestido em Sua sabedoria e Sua Tor que esto
dentro [da alma] do estudante de Tor.
." " :
, ,
,
;
Por outro lado, a Tor o alimento das almas no Paraso, as quais se ocuparam
no estudo da Tor por ela mesma durante a vida delas sobre a terra, como est
escrito no Zhar (Vayakhel, p. 210).
, ,""
O significado [do estudo da Tor] Por ela mesma [estudar] com a inteno
de ligar a alma a Dus atravs da compreenso da Tor,4
92
Mas agora surge uma pergunta: se a Tor e as mitsvot, cada uma tem sua
qualidade nica, por que a superioridade do estudo da Tor sobre as mitsvot?
. ,[
, , "
Por este motivo, nossos Sbios disseram6 que o estudo da Tor equivale a todas
as outras mitsvot combinadas;
, ,
A Tor serve como roupagem porque a pessoa pode se vestir dentro dela, pela
concentrao da alma nela e em seu estudo.
:] ,
pois o sopro da fala torna-se uma espcie de luz envolvente, conforme est
escrito em Pri ts Chayim).
93
1. O Rebe Shlita observa:
3. Tehilim 40:9
4. O Rebe Shlita observa que o Alter Rebe achou necessrio definir o termo
vnak lishm (por ela mesma), para que no interpretssemos mal o Zhar,
querendo dizer que o fator que faz a Tor tornar-se alimento para a alma fosse
algum outro significado de lishm; mais propriamente, O significado...
[estudar] com a inteno de ligar a alma a Dus atravs da compreenso da Tor.
6. Mishn, Pe 1:1.
94
Captulo 6
95
No captulo 6, o Alter Rebe comea a discutir a alma animal. Ele explica que
sua estrutura exatamente paralela da alma Divina; ela tambm tem dez
faculdades e trs roupagens; somente que, diferente da alma Divina, a substncia
da alma animal kelip, e suas faculdades e roupagens so impuras. Vestindo-
se nessas roupagens, a alma animal desce a um nvel mais baixo de impureza.
A primeira categoria, kelipat nog, contm alguma medida de bem. Ela assim
um nvel intermedirio entre os domnios do bem e do mal, e tudo que recebe
sua vitalidade atravs da tela ocultadora dessa kelip pode ser utilizado para o
bem ou para o mal. Todos os objetos fsicos permitidos pertencem a esta
categoria; eles podem ser usados para uma mitsv e ascender, com isso, ao
domnio da santidade, ou eles podem ser usados pecaminosamente, que Dus no
permita, e atravs disso se degradarem mais.
96
Tudo no domnio da santidade tem sua contraparte na kelip. No nosso
contexto, a alma animal, com suas faculdades e roupagens, a contraparte (na
kelip) da alma Divina, com suas faculdades e roupagens.
,
,
, *
assim, tambm, a alma da sitr achar (que ser depois definida neste captulo),
derivada da kelipat nog, que est vestida no sangue do homem como explicado
no captulo 1, a alma animal est vestida no sangue, e assim anima o corpo esta
alma tambm
, *
que derivam dos quatro maus elementos mencionados acima (no captulo 1),
; - ,
97
e o intelecto (schel) que gera essas [sete midot ms], que est subdividido em
trs: Chochm, Bin e Dat, a fonte das midot.
,
,
Uma criana deseja e ama (isto , ela expressa sua mid de Chssed em relao
s) coisas insignificantes, de pequeno valor, pois seu intelecto muito imaturo
e deficiente para apreciar coisas mais valiosas.
. ,
Essa correlao entre midot e intelecto indica que o intelecto afeta a natureza e
a expresso das midot; por esse motivo, as trs faculdades intelectuais so
consideradas fonte das sete midot.3
Quanto a essas dez categorias impuras, quando uma pessoa pensa [pensamentos
que se originam] delas (por exemplo, quando ela pensa nos meios de obter algo
que ela deseja), ou fala palavras originadas delas ou realiza um ato que as serve
ou as expressa,
, -
, " "
98
Mas que espcie de pensamentos, falas e aes so as roupagens da alma
animal? Anteriormente, no captulo 4, ns aprendemos que a alma Divina possui
pensamentos, falas e aes especficas nos quais ela se veste, isto , pensamentos,
falas e aes de assuntos de Tor e de mitsvot. Devemos, ento, entender que a
alma animal, tambm, possui roupagens especficas pensamentos, falas e aes
pecaminosos?
Essas roupagens da alma animal compreendem todos os atos que so feitos sob
o sol (isto , todas as aes mundanas),
. , ," "
Pois este o significado do termo sitr achar literalmente, o outro lado, isto
, no o lado da santidade.
,--
, --
,
99
Mas Dus somente habita no que est anulado a Ele, seja [a anulao algo]
efetivo (e visvel at nos aspectos externos do ser anulado), como no caso dos
anjos supernais, que possuem toda a sua existncia constante e abertamente
entregue a Dus,
,
. --
ou [uma submisso] potencial, como no caso de cada judeu aqui embaixo neste
mundo fsico, que tem a capacidade de se anular completamente diante de Dus,
atravs do martrio pela santificao do Nome de Dus.
Conforme explanado mais tarde no Tanya, cada judeu tem a capacidade para o
auto-sacrifcio. Em face de uma tentativa de obrig-lo a abandonar o Judasmo,
ele de livre vontade sofrer o martrio. Assim, todo judeu possui internamente,
dentro de sua alma, o potencial de se anular a Dus, qualquer que seja seu estado
exterior. Este potencial, todavia, pode revelar-se somente no ato do martrio, por
ele estar anulado a Dus, a santidade de Dus repousa sobre ele.
,' - "
Por isso nossos Sbios disseram que mesmo um indivduo que esteja sentado e
ocupado no estudo da Tor, a Presena Divina repousa sobre ele.6
." "
- ,
--
100
Mas de onde mais ela receberia sua vitalidade? A Divindade e a santidade so
a mesma fonte de vitalidade para todo ser existente, conforme est escrito: Tu
ds vida a todos eles (Nechemi [Neemias] 9:6). O Alter Rebe continua para
qualificar sua observao anterior, estabelecendo que aqueles seres que no se
anulam a Dus recebem sua vitalidade somente de um nvel superficial, exterior,
da Divindade; e desse nvel, tambm, somente quando ela desce, nvel a nvel,
atravs de numerosas contraes da fora vital.
,
,
Esta limitada forma de fora vital alcana as kelipot descendo, nvel a nvel,
atravs de mirades de nveis, numa descida em forma de encadeamento de
mundos, em forma de causa e efeito.
O nvel mais alto a causa para o nvel mais baixo que surge dele. No entanto,
numa descida que uma seqncia de causa e efeito, o efeito, embora inferior,
sempre comparvel causa. Tais descidas, no importa quo numerosas sejam,
101
seriam insuficientes para produzir o baixo nvel de vitalidade conferido s
kelipot. Isto pode ser produzido somente pela descida da vitalidade atravs do
tsimtsum, conforme o Alter Rebe agora continua:
, ,
, ,
. ,
102
Por isso este mundo, com tudo que ele contm, chamado o mundo das kelipot
e de sitr achar apesar do fato de que este mundo tambm recebe sua
vitalidade da Santidade de Dus.
Uma vez que as criaturas deste mundo fsico sentem-se independentes, seres
separados, e sua submisso Divindade no aparente, elas automaticamente
pertencem ao domnio da kelip.
, ,
.
*Nota
, :[
,
Certamente este mundo contm as Dez Sefirot [do Mundo] de Assi, conforme
est escrito em ts Chayim, Portal 43.
,
; , ,
Assim sendo, dentro dessas Dez Sefirot de Assi esto [contidas] as Dez Sefirot
do Mundo de Yetsir; e, dentro delas, as Dez Sefirot do Mundo de Beri; e,
nelas, as Dez Sefirot do Mundo de Atsilut, no qual habita o Or Ein Sof.
, - --
,--- :
103
Assim, o Or Ein Sof preenche todo este mundo inferior, sendo vestido nas Dez
Sefirot dos quatro Mundos Atsilut, Beri, Yetsir e Assi,
Fim da Nota
***
Mas isto meramente coloca as roupagens num mesmo nvel que a alma animal,
que, como elas, deriva da sitr achar. No entanto, foi explicado anteriormente
que as roupagens da alma Divina so de um nvel espiritual mais alto que a
prpria alma, e a eleva, e que a alma animal est estruturada como uma imagem
espelhada da alma Divina. Conclui-se da que as roupagens da alma animal esto
num nvel inferior ao da prpria alma animal, e que elas a degradam.
O Alter Rebe continua para explicar que realmente assim. Aps uma discusso
das duas categorias de kelip (mencionadas na introduo deste captulo), ele
conclui que h aquelas roupagens da alma animal que arrastam a alma do nvel
de kelipat nog o estado natural da alma para o nivel das trs kelipot
completamente impuras. E essas roupagens so: pensamentos pecaminosos, e
palavras e aes proibidas.8
. ,
,
,
104
."' " " "*
, ,
, ,
,' ,
,
A existncia e vida de toda vegetao proibida, tambm, tal como orl (o fruto
dos primeiros trs anos de uma rvore), e uma mistura de sementes numa videira,
e assim por diante, so derivadas dessas kelipot, conforme est escrito em ts
Chayim, Portal 49, captulo 6.
, "
:
A alma animal, por outro lado, da kelipat nog, a qual contm um elemento
de bem (conforme mencionado no captulo 1). Essas roupagens pecaminosas,
pertencentes ao domnio das kelipot completamente impuras, so de um nvel
inferior ao da prpria alma animal, arrastando-a para o nvel delas; em exata
oposio s roupagens da alma Divina do pensamento, da palavra e da ao de
Tor e mitsvot, que esto num nvel mais alto que a alma e a elevam.
105
1. Cohlet 7:14. Ver Zhar III, 47b.
4. Cohlet 1:14.
6. Avot 3:6.
7. Sanhedrin 39a.
8. O Rebe Shlita nota: no caso daquele que come de uma forma neutra (sem
direcionar seu pensamento para os Cus, nem para ceder ao desejo de sua alma
animal, mas meramente para saciar sua fome), questionvel se isso se aplica
(isto , se isso tambm degrada a alma animal). Assim pareceria conforme
Kuntres ts HaChayim, cap. 3 (onde est escrito que comer forma neutra
vulgariza uma pessoa at o ponto de lev-la auto-gratificao). Isto similar
ao que est no captulo 13 do Tanya, que a alma animal ganha fora ao exercitar
os atos de comer e beber. Nenhuma prova do contrrio pode ser aduzida da
expresso no cap. 7 que tais aes (neutras) no so melhores do que a alma
106
do animal em si (e da, aparentemente, elas tambm no so piores), pois bem
possvel que as palavras no so melhores indiquem meramente que elas no
pertencem mesma categoria: como a alma animal em si, tais aes so do
domnio da kelipat nog, e no da santidade. No seu Kitsurei Tanya, o Tsmach
Tsdec aparentemente adota essas palavras na mesma disposio.
9. Yechezkel 1:4.
107
Captulo 7
108
,
,
,
,
, " ,
no sendo nem raiz e nem ramificao dos 365 preceitos proibidos e seus
derivados, sejam eles proibidos pela autoridade explcita da Tor, ou por um
decreto rabnico ,
, -
,
,
e tudo nesta totalidade de coisas (isto , a alma com suas aes, pronunciamentos
e pensamentos) flui e atrado da segunda gradao de kelipot e sitr achar,
que est (na ordem da ascenso progressiva das kelipot) na quarta kelip,
chamada kelipat nog (kelip que brilha; pois dentro desta kelip ainda
encontrado um vestgio de santidade).
, , ,
Pois neste mundo, chamado Mundo de Assi (Ao), quase toda [kelipat
nog] m, com somente um pequeno bem misturado dentro dela.
.] ,[*
110
Como explanado no primeiro captulo, as inerentes qualidades do judeu de
compaixo e benevolncia derivam da sua alma animal. Esta uma alma da
kelip. No entanto, como suas origens esto na kelipat nog, que incorpora
tanto o bem como o mal, ela faz surgir as boas caractersticas da compaixo e da
benevolncia.
Uma vez que a kelipat nog uma mistura de bem e mal, qualquer ato,
pronunciamento e pensamento que emana desta kelip pode ser utilizado para o
bem ou para o mal. Realmente, como o Alter Rebe vai explicar agora, o mesmo
ato, pronunciamento ou pensamento pode ser sagrado, se feito em considerao
ao cu, ou mau, se intencionado de outra forma.
Assim sendo, a kelipat nog uma categoria intermediria entre as trs kelipot
inteiramente impuras e a categoria e ordem da Santidade.
[ ,
, ,]
Portanto, ela algumas vezes absorvida dentro das trs kelipot impuras
(conforme explanado em ts Chayim, Portal 49, no comeo do captulo 4,
citando o Zhar), e em outros momentos ela absorvida e elevada categoria e
ao nvel de Santidade.
Isto , ela absorvida dentro da Santidade quando o bem que est misturado
nela extrado e separado do mal, prevalece [sobre ele] e ascende para ser
absorvido na Santidade.
111
:
,
Por exemplo, se algum come carne de boi gordurosa e bebe vinho aromatizado
no por desejo fsico, mas com a finalidade de abrir sua mente para o servio a
Dus e para Sua Tor,
,"' " :
como Rava disse: Vinho e fragrncia [fazem minha mente mais receptiva],3
Neste ltimo caso, seus atos de comer e beber no so meramente os meios para
um fim espiritual, como no exemplo prvio, mas so uma mitsv em si, pois nos
ordenado desfrutar o Shabat e os festivais comendo carne e bebendo vinho.
, ,
Assim tambm, com referncia fala: a vitalidade das palavras faladas para um
propsito sagrado ascende e absorvida na Santidade. Por exemplo, aquele que
faz uma observao bem-humorada para aguar a mente e fazer o corao
rejubilar em Dus, e em Sua Tor e Seu servio, que deve ser praticado com
alegria,
112
como Rava fazia com seus discpulos, comeando seu discurso com uma
observao bem-humorada, e em seguida os estudantes se alegravam5 e com isso
ficavam mais receptivos e capazes de entender melhor o discurso.
, ,
*
Por outro lado, se algum daqueles que vorazmente comem carne e se enchem
de vinho para satisfazer seus apetites do corpo e da alma animal, ento, como
esse apetite por prazeres pertence ao elemento da gua dos quatro maus
elementos da alma animal,
-
,
em tal caso a vitalidade que est dentro da carne e do vinho que essa pessoa
ingeriu degradada e absorvida temporariamente no mal total das trs kelipot
impuras.
Seu corpo (do gluto) torna-se uma roupagem e um veculo para essas kelipot.
, .
113
,
,
Pois, desde que a carne e o vinho eram casher e permissveis e foi somente o
desejo da pessoa por prazer que os degradou, eles tm o poder de reverter e
ascender com essa pessoa quando ela retornar ao servio a Dus neste momento
a fora recebida da comida e da bebida utilizada no servio a Dus.
Pelo contrrio, ele pode retornar e ascender a Dus quando a pessoa envolvida
retorna ao servio a Dus, conforme explanado acima.
Comer alimentos permitidos para obter o prazer corporal faz o alimento descer
para um mal total. Subseqentemente, o alimento torna-se parte do corpo.
Embora o arrependimento eleve no somente a pessoa mas tambm a energia da
comida e da bebida, contudo, uma vez tendo se tornado uma parte do corpo, um
vestgio do mal permanece.
. ,
Por esse motivo o corpo deve passar pelo Purgatrio da Tumba, como ser
explanado mais tarde.6
114
,*
.*
Assim tambm, com respeito vitalidade das gotas de smen emitidas do corpo
com a luxria animal, por aquele que no se conduziu de uma maneira sagrada
durante a intimidade com sua esposa durante o perodo de pureza dela. Aqui,
tambm, a vitalidade temporariamente absorvida no mal absoluto das trs
kelipot impuras at que a pessoa se arrependa.
Nos exemplos acima, a falha no est nos atos, que em si so permissveis, mas
na inteno da pessoa ao comet-los agindo pelo prazer fsico, e no em
considerao ao cu.
. -
Estes esto presos e cativos pelas foras estranhas [as kelipot] para sempre.
": , ,
;"
115
,
, ,
,
Pois, considerando que at agora (at que ele se arrependeu) sua alma esteve
num deserto rido e na sombra da morte, que a sitr achar, e esteve afastada
da luz do Semblante Divino, na maior medida possvel,
portanto, agora que ele se arrependeu levado pelo amor sua alma ainda mais
intensamente tem sede por Dus do que as almas dos justos que nunca pecaram.
O tsadic justo, que est ainda mais prximo de Dus, como algum que sempre
tem gua prxima mo e sua sede nunca to intensa. O penitente, no
entanto, encontra-se num deserto, onde a completa ausncia de gua faz sua sede
queimar com maior intensidade.
."' " :
Conforme nossos Sbios dizem: Onde um penitente est... [nem mesmo o mais
perfeito justo pode estar].8 Pois, como explicado antes, falta ao tsadic a intensa
ansiedade por Dus do penitente.
," "
.
116
Em resumo: possvel, mesmo agora, antes que o mal desaparea completamente
da terra, libertar a vitalidade dos atos proibidos das kelipot, atravs do
arrependimento causado pelo amor a Dus.
, , ,
,
. ,
,
, -
, " ",
No entanto, a vitalidade nas gotas de smen que algum emitiu em vo, mesmo
que ela tenha sido degradada e incorporada nas trs kelipot impuras, no
obstante, pode ascender dali por meio do verdadeiro arrependimento e intensa
concentrao e devoo (cavan) durante a recitao do Shem na hora de
recolher-se noite, como ensina nosso mestre Rabi Isaac Lria, de abenoada
memria.
" :
,"'
Isto est implicado no dito talmdico: Aquele que recita o Shem na hora de
dormir como se estivesse empunhando uma espada de fio duplo...12
, ,
.
117
isto , um fio com o qual ele destruir os corpos das foras estranhas (as
kelipot) que se tornaram roupagens para a vitalidade nas gotas de smen e o
outro fio pelo qual a vitalidade ascende delas (das kelipot), como sabido por
aqueles familiarizados com a Sabedoria Esotrica (a Cabal).
,
. ,
sadibiorp siauxes sealer sa euq evarg siam odacep etse ,airc odacep o euq .
topilek ed edaditnauq alep odidem odnauq , otsi ,sadibiorp siauxes sealer
sad svarta euq od siam adnia ,nems ed ov me ossime ad svarta edaditnauq
airnidroartxe amun acilpitlum sa e zudorp sa ele ;topilek sad e azerupmi ad
aicndnuba ad e edadimrone ad edutriv me roiam ajes ]oudvidni od[ odacep o
e ,sale euq evarg siam ajes ele otcepsa mu bos euq omsem
a menos que ela se arrependa com to grande amor que seus delitos intencionais
so transformados em mritos.
Uma vez que o pecado da emisso em vo de smen pode ser retificado mesmo
sem o arrependimento causado pelo amor, a Tor no inclui este pecado entre
os pecados de relao sexual proibida. Com referncia a este pecado, tudo que
necessrio para elevar a vitalidade degradada santidade o arrependimento
adequado com verdadeira inteno e devoo, durante a recitao do Shem na
hora de dormir.
Na nota que segue, o Alter Rebe explica por que a relao sexual proibida requer
maior arrependimento que a emisso em vo de smen.
118
*Nota
:[
A razo que atravs das relaes sexuais proibidas esta vitalidade foi absorvida
pelo nvel de Yessod no elemento feminino da kelip, que recebe e absorve a
vitalidade da santidade assim como o smen fsico absorvido dentro da
mulher, no caso destes pecados.
]:
somente os seus poderes (da kelip) e suas foras se vestem (isto , envolvem) a
vitalidade do smen, como conhecido por aqueles familiarizados com a
Sabedoria Esotrica.
Fim da Nota
- " : "
,"
Da explicao acima, que a vitalidade das relaes sexuais proibidas podem ser
liberadas atravs do arrependimento causado pelo amor, ns entenderemos o
que os nossos Sbios dizem:13 Qual o erro que no pode ser retificado?
Praticar uma relao incestuosa e gerar um bastardo.14
, -
Pois ento, uma vez que nasceu um bastardo, embora o pecador sinta to grande
arrependimento como o arrependimento causado pelo amor, ele no pode fazer
a vitalidade ascender Santidade,
119
pois ela j desceu a este mundo e vestiu-se num corpo de carne e sangue.
1. Cap. 1.
3. Yom 76b.
6. Cap. 8.
8. Berachot 34b.
9. Yom 86b.
120
13. Chaguig 9a.
121
Captulo 8
,
,""
,
,
,
122
(Se o alimento fosse permitido, o prprio ato de comer em considerao ao cu
seria suficiente para extrair o bem do mal da vitalidade do alimento, conforme
explanado acima. Neste exemplo, no entanto, o alimento proibido foi comido
em considerao ao cu.)
alm disso, mesmo se esse algum efetivamente tivesse cumprido sua inteno,
tendo estudado e rezado com a energia derivada desse alimento;
, , -
porque ela mantida cativa no poder da sitr achar das trs kelipot impuras, as
quais no permitem que a energia do alimento seja elevada Santidade.
.' ,
, ,
. ,*
Portanto, o ytser har (mau impulso) e a fora que cobia coisas proibidas
tambm um dos demnios no-judaicos,2 que o ytser har das naes, cujas
almas so derivadas das trs kelipot impuras.
Elas, portanto, cobiam coisas proibidas, uma vez que as coisas proibidas,
tambm, derivam sua energia das trs kelipot impuras.
123
,
. ,
Por outro lado, o mau impulso e a fora da paixo por coisas permitidas, mesmo
quando executadas somente para satisfazer o desejo de algum, em cujo caso,
conforme mencionado antes, mesmo a coisa permitida desce para o mal completo
das trs kelipot impuras; no entanto, este um dos demnios judaicos;2 ela ,
por assim dizer, um mau impulso judaico, pois ela (a vitalidade de uma coisa
permitida) pode ser revertida para a santidade, conforme explicado acima.3
Uma vez que o alimento em si permitido, portanto, embora ele tenha sido
ingerido para satisfazer um desejo do corpo, ele ainda pode ser elevado para a
santidade (quando a pessoa retornar ao estudo da Tor e ao servio a Dus). O
ytser har para coisas proibidas, no entanto, intrinsecamente no-judaico, isto
, essencialmente estranho ao carter judaico. Conforme explanado em outro
lugar, a pessoa adquire este estranho ytser har entregando-se aos prazeres
permitidos. Estes tornam o judeu de tal modo vulgar que ele comea a cobiar
coisas proibidas tambm um desejo totalmente no natural para o judeu.
. , ,
, ,
uma vez que cada item do alimento e da bebida que a pessoa ingere torna-se
imediatamente sangue e carne da sua carne.
Uma vez que o alimento que se tornou sua carne e seu sangue era mau no
momento do consumo tendo sido ingerido pelo prazer do corpo um trao da
kelip permanece no corpo mesmo depois de a pessoa ter se arrependido e
elevado a vitalidade do alimento santidade.
124
,
.
Em virtude disso, o corpo deve passar pelo Purgatrio da Tumba (uma punio
especfica para o corpo),4 com a finalidade de limp-lo e purific-lo da impureza
que ele recebeu por desfrutar das coisas mundanas e dos prazeres, que so
provenientes da kelipat nog e dos demnios judaicos (isto , o ytser har
judaico que deseja coisas permitidas);
a menos que nunca se tenha obtido prazer para si deste mundo em toda sua vida
(isto , ou a pessoa efetivamente no obteve nenhum prazer, ou seu prazer no
foi deste mundo, uma vez que todas as suas aes foram completamente em
considerao s mitsvot e santidade),
como foi o caso de Rabeinu HaCadosh (Rabi Yehud, o Prncipe, que disse, no
momento de sua morte, que jamais teve prazer algum deste mundo, at mesmo
na extenso de seu dedo mnimo.
Aquele que nunca derivou prazer deste mundo em toda sua vida no necessita
passar pelo Purgatrio da Tumba. No entanto, qualquer um que no tenha
alcanado este nvel deve sofrer essa punio para purificar seu corpo da
impureza recebida pelo gozo dos prazeres mundanos.
***
- ,
Quanto a uma conversa fiada inocente, tal como no caso de um ignorante que
no pode estudar,
125
Mas
, ,
.
ele deve ter sua alma limpa da impureza desta kelip, rolando-a na Funda da
Atiradeira,5 conforme afirmado no Zhar, Parashat Beshalach, p. 59.
, ,
Mas com respeito a conversas proibidas, tais como zombaria e calnia e outras
semelhantes, as quais sendo proibidas derivam das trs kelipot completamente
impuras,
, []* -
mas ela (a alma) deve descer ao Guehinom (Purgatrio que uma punio
maior, e portanto mais efetiva na purificao da alma).
Assim tambm com aquele que pode se ocupar com o estudo da Tor, mas
ocupa-se, em vez disso, com a conversa fiada
126
,
mas ela deve receber as severas penalidades as quais lhe so atribudas por
negligenciar a Tor, em particular,
,
.
- *
. ,
, * ,
E mais ainda, a impureza das disciplinas intelectuais das naes maior que a
impureza da conversa fiada;
, ,
pois esta veste e profana somente as emoes [que emanam] do elemento sagrado
de rach (Ar) dentro de sua alma Divina,
,
,
127
[corrompendo-as] com a impureza da kelipat nog contida na conversa fiada (que
derivada do mau elemento de rach (Ar, que um dos componentes) dessa
kelip em sua alma animal, conforme mencionado acima.
, , "
" ,*
,
No assim no caso da cincia das naes; por meio dela uma pessoa veste e
profana as faculdades de ChaBaD (intelecto) da sua alma Divina com a
impureza da kelipat nog contida naquelas cincias,
,
.
para onde elas (as cincias) caram, atravs da quebra dos recipientes, das
costas da Chochm da santidade, como conhecido por aqueles familiarizados
com a Sabedoria Esotrica.
128
,
,
a menos que elas (essas cincias) sejam empregadas como um instrumento til;
por exemplo, como um meio de ganhar um sustento mais afluente, com o qual
se ser capaz de servir a Dus,
ou a menos que se saiba como as aplicar (as cincias) no servio a Dus ou para
o melhor entendimento da Sua Tor; por exemplo, utilizando a matemtica para
melhor entendimento das leis da Santificao da Lua Nova.
: " "
Com referncia ao que foi tratado no incio deste captulo, que uma coisa
proibida, mesmo por decreto rabnico, permanece ligada s trs kelipot impuras
e no pode ser elevada santidade, mesmo quando ela usada involuntariamente
e em considerao ao cu (isto , com a finalidade de se obter mais fora para
estudar e rezar) vale a pena relatar a seguinte histria:
Certa vez um chassid procurou o Alter Rebe lamentando o fato de que seu genro
estava sujeito a perodos em que tinha duvidava de sua f. O Alter Rebe
respondeu que o genro tinha inadvertidamente consumido leite obtido pela
ordenha executada por um no-judeu sem a presena de um judeu. Embora ele
no soubesse desse fato, e embora a proibio contra tal leite fosse apenas de
origem rabnica, isto teve to forte efeito sobre ele que lhe fez duvidar de sua f.
O Alter Rebe ento prosseguiu dizendo ao chassid como o assunto poderia ser
retificado, curando dessa maneira o seu genro de sua doena espiritual.
129
1. Mishn, Sanhedrin 88b; Bamidbar Rab 14:12.
3. Cap. 7.
4. Ver Zhar II, 151a, e especialmente Rabi Chaim Vital, fim do Sfer
HaGuilgulim, e Sfer HaCavanot, p. 55b.
6. Shabat 152b.
7. Rabi Yossef Y. Schneersohn (sexto Rebe de ChaBaD) certa vez afirmou que
recitar palavras da Tor de cor tais como Chumash, Mishn, Tehilim ou Tanya
sempre que estiver em suas atividades de trabalho, protege uma pessoa dessa
punio (alm de seu valor intrnseco de estudo da Tor, e de sua eficcia na
purificao da atmosfera).
8. Rabi Isaac Lria, Likutei Tor, Shemot. Ver tambm Zhar I, 62b; 237b; II,
150 a-b.
10. 3:7. O primeiro trabalho impresso do Alter Rebe foi um tratado sobre as
Leis do Estudo da Tor (Hilchot Talmud Tor), publicado pela primeira vez em
Shklov, 1794 (5554), e subseqentemente incorporado em seu Shulchan Aruch.
130
Captulo 9
131
mencionado nos captulos anteriores, a alma animal predominantemente
emocional, e o corao a sede da emoo.
." " : ,
, ,
, ,
subindo ao crebro,2 para pensar e meditar sobre elas e tornar-se hbil nelas,
. , ,
assim como o sangue tem sua fonte no corao, e do corao ele circula em cada
rgo, tambm subindo ao crebro na cabea.3
, ,
Mas a morada da alma Divina est nos crebros que esto na cabea, e dali se
estende para todos os rgos.
132
." " :
conforme est escrito:4 O corao do homem sbio isto , a alma Divina (em
contraste com a alma animal; especificamente, a m inclinao, o ytser har,
que descrito como um velho tolo5) est em sua direita.
Ns assim vemos que a alma Divina reside no somente no crebro, mas tambm
no ventrculo direito do corao.
Como ele fez quando falou da alma animal, o Alter Rebe novamente distingue
o corao dentre todos os outros rgos; tendo dito que a alma Divina se estende
para todos os rgos, ele menciona especificamente o corao: e tambm no
corao. Pois, diferentemente dos outros rgos, nos quais a alma Divina
meramente se manifesta, revelada no corao da prpria alma Divina (isto ,
suas faculdades emocionais). O Alter Rebe ir agora explicar este ponto.
que incandesce no corao dos homens de discernimento que utilizam seu poder
de Chochm,
que entendem e refletem com sua faculdade de Bin (entendimento), pela qual
eles entendem o assunto em todos os seus detalhes e ramificaes,
133
Pois, como explicado no terceiro captulo, o entendimento da grandeza de Dus
leva uma pessoa a am-Lo. Este amor, ento, um exemplo do alcance da alma
Divina desde o crebro at o corao.
, ,
a alegria que despertada quando (o intelecto da alma Divina, que o Alter Rebe,
tomando uma frase emprestada de Cohlet,6 descreve como) os olhos do homem
sbio, que esto em sua cabea, significando no crebro que abriga sua
sabedoria e entendimento
,
.
. " ,
O Alter Rebe assim estabeleceu7 que cada uma dessas duas almas possui sua
prpria morada e meios de funcionar. Para que no possamos concluir
erroneamente que cada alma trata de seus prprios assuntos, no interferindo ou
se preocupando com os assuntos da outra, o Alter Rebe continua:
," " :
134
No entanto, est escrito: Uma nao prevalecer sobre a outra nao.8
, ," "
,
isto , cada rei deseja dirigir seus habitantes de acordo com sua vontade, de modo
que eles obedeam a tudo que ele decretar sobre eles.
, ,
.
Assim, tambm, fazem as duas almas a alma Divina e a alma animal vitalizante,
que se origina da kelip e , portanto, a completa anttese da alma Divina
travam guerra uma contra a outra sobre o corpo e todos os seus rgos, o corpo
sendo anlogo cidade, e os rgos, aos seus habitantes.
Aqui, tambm, cada alma deseja dirigir os habitantes da cidade de acordo com
sua vontade, como segue:
, ,
A vontade e desejo da alma Divina que somente ela governe a pessoa e a dirija,
, ,
e ela ainda deseja mais: que todos os rgos tornem-se uma carruagem para
ela.
135
A alma Divina deseja que os rgos no somente anulem sua vontade a ela,
implicando que eles possuem uma vontade prpria, embora submetida alma,
porm, mais propriamente, ela deseja tambm que eles no tenham nenhuma
vontade que no seja a dela prpria semelhante a uma carruagem, que no tem
nenhuma vontade independente, mas um mero instrumento daquele que a
conduz.
,
,
Alm do mais, a alma Divina deseja que [os rgos] sejam tambm uma
roupagem, um instrumento de expresso para suas dez faculdades e trs
roupagens de pensamento, fala e ao mencionadas acima,10 todas as quais
devem vestir os rgos do corpo,
Nenhum estranho ento [sequer] passar atravs [dos rgos], que Dus no
permita, isto , a alma animal no exercer nenhuma influncia sobre o corpo.
O que foi dito acima forma uma descrio geral do desejo da alma Divina
preencher todo o corpo. O Alter Rebe agora retorna para especificar quais os
rgos que daro expresso a cada faculdade ou roupagem particular da alma
Divina.
, " - ,
136
,
refletindo sobre Sua insondvel e infinita grandeza com essas duas faculdades;
, , ,
-
-
Sua alma ansiar e se consumir por anseio e desejo de unir-se ao abenoado Ein
Sof com todo seu corao, sua alma e seu poder conforme est escrito: E tu
amars ao Eterno, teu Dus, com todo o teu corao, com toda a tua alma, e com
todo o teu poder.12
Com todo o teu corao significa que o corao est preenchido com o amor
de Dus; com toda a tua alma implica que o amor transborda alm do corao,
para afetar todos os rgos do corpo os ps, por exemplo, se movero com
entusiasmo para cumprir uma mitsv; com todo o teu poder significa amar a
Dus a ponto de sacrificar sua vida por Ele.
137
,
, ,
A espcie de amor que a alma Divina deseja requer que [o corao] seja revestido
com amor por dentro,13 e alm do mais, no somente que o amor esteja (por
assim dizer) sobre a superfcie do corao, mas tambm que o corao esteja
preenchido, com o amor ocupando todo seu espao, por assim dizer; e, alm
disso, ele esteja, realmente, cheio para transbordar isto , o amor transbordar
para a parte esquerda do corao, para afetar as faculdades emocionais da alma
animal que l reside, como o Alter Rebe continua:
, , ,
[O amor] assim inundar tambm a parte esquerda [do corao], para esmagar a
sitr achar; especificamente, o elemento da gua m nela na alma animal,
O efeito da alma Divina sobre o elemento da gua da alma animal ser para
mudar e transform-la de [uma luxria] por prazeres mundanos para o amor a
Dus,
conforme est escrito: [Tu amars a Dus]... com todo o teu corao12 que
nossos Sbios interpretam14 (baseando-se no uso da forma dual da palavra lcck
[levavech] em vez de lck [libech], que permite o versculo implicar com todos
os teus coraes): Com ambas as tuas naturezas, com tua boa inclinao e
tambm com tua m inclinao.
138
Conseqentemente, a m inclinao (isto , o desejo da alma animal) deve
tambm vir para amar a Dus, e isto tambm parte do plano de batalha da alma
Divina.
O Alter Rebe agora descreve o nvel especfico de amor a Dus que isso realiza:
,
.
Esta transformao do desejo da alma animal para o amor a Dus requer ascender
para alcanar o nvel de ahav rab (amor abundante), um amor ultrapassando
at o nvel do amor poderoso, como chamas ardentes que foi mencionado
anteriormente.
; ," " :
, ,
;
que transforma para o bem o elemento da gua na alma animal, de onde a cobia
por prazeres fsicos tinha previamente surgido.
139
Isto significa que o elemento da gua na alma animal, que previamente se
expressara como um desejo por prazeres fsicos, agora se expressa como um amor
a Dus, tendo sido transformado pelo amor a Dus da alma Divina.
,
, " " ,
.
Levando-o para longe dos prazeres fsicos em direo de uma apreciao dos
prazeres espirituais, a alma Divina despe o ytser har de suas roupagens
impuras e veste-o em roupagens puras, de modo que ele possa aplicar, a
assuntos sagrados e Divindade, seu poderoso apetite por prazeres.
Este, ento, o desejo da alma Divina: criar, por meio de suas faculdades
intelectuais, um temor e amor a Dus to poderoso que transforma a alma animal
para o bem.
. , ,
A alma Divina deseja, alm disso, que, de forma semelhante, todas as outras
emoes do corao, as quais so ramificaes de temor e amor a Dus, sejam
dedicadas somente a Dus.
At este ponto, o Alter Rebe discutiu o desejo da alma Divina pelo domnio
sobre a mente e o corao. Ele agora continua a falar dos outros rgos do corpo.
, ,
,
Tambm, toda a faculdade da fala que est na boca, e o pensamento que est na
mente, que sejam preenchidos exclusivamente com as roupagens da alma Divina
do pensamento e da fala;
140
. ,
isto , pensamentos de Dus e Sua Tor, sobre os quais a pessoa falaria o dia
inteiro, sua boca nunca cessando do estudo.17
, "
.
, ,
Mas a alma animal derivada da kelip deseja justamente o oposto; ela deseja
que o corpo seja impregnado de todas as suas faculdades e seus pensamentos,
falas e aes.
: ,
Mas a alma animal deseja isso para o benefcio do homem, com a finalidade de
que ele prevalea sobre ela e a conquiste, como na parbola da prostituta
[relatada] no sagrado Zhar.18
A parbola: Um rei desejou testar a fora moral de seu nico filho. Trouxeram
diante dele uma mulher encantadora e inteligente. Explicando a ela o propsito
do teste, o rei ordenou que ela fizesse todos os esforos para seduzir o prncipe.
Para que o teste fosse vlido, a suposta prostituta deveria usar todo o seu
encanto e astcia, sem revelar a sua misso, nem da foma mais sutil. Qualquer
erro da parte dela significaria desobedincia e falha de sua misso. Contudo,
enquanto ela usa todos os seus poderes de seduo, no ntimo ela deseja que o
prncipe no sucumba a eles.
141
1. Devarim 12:23.
4. Cohlet 10:2.
5. Ibid. 4:13.
6. Ibid. 2:14.
10. Caps. 3 e 4.
11. Para a diferena entre temor e medo, e a relao deles com a mente e o
corao, ver, respectivamente, captulos 3 e 6, nota 6.
142
16. O Alter Rebe aqui distingue vrios graus de amor: ahav az (amor
ardente), e ahav rab (amor abundante), tambm chamado ahav betaanugim
(amor de deleites) um sereno amor de realizao. O primeiro comparado a
uma chama ardente; o segundo, s guas calmas. Estes e outros nveis de amor
so mais tarde discutidos em detalhe. Ver captulos 15, 16, 18, 40, 41, 46, 49.
143
Captulo 10
144
completamente o mal dentro dele denominado um tsadic imperfeito e um
tsadic que conhece (isto , possui algum vestgio de) mal.
Quando uma pessoa faz sua alma Divina prevalecer sobre a alma animal,
e quando ela trava uma guerra contra a alma animal a ponto de banir e erradicar
seu mal de sua morada dentro dele, isto , a parte esquerda [do seu corao],
," " :
conforme est escrito: E tu erradicars o mal do teu meio,1 isso implica que se
deve eliminar o mal dentro de si prprio.
Porquanto aquele que alcana este objetivo, mas descobre que o mal, no
obstante, no foi convertido efetivamente em bem, porque, se fosse o caso, toda
a sua capacidade de desejar seria agora direcionada somente para o bem e a
santidade; porm, uma vez que o caso no este com essa pessoa,
145
-
, , .
[Ela tambm chamada] um tsadic que conhece o mal, significando que algum
vestgio do mal ainda permanece dentro dela, no lado esquerdo [do seu corao],
exceto que [o mal] no encontra nenhuma expresso, nem mesmo nos maus
desejos, porque, em virtude de sua pequenez, est subjugado e anulado pelo bem
e portanto no pode ser sentido.2
Da, ele (o tsadic) pode imaginar que o expulsou e que ele desapareceu
totalmente.
. -
Na verdade, porm, se todo o mal nele tivesse partido e desaparecido, ele teria
sido convertido num bem real.3
Isto pede uma explicao: talvez o tsadic incompleto no sinta nenhum desejo
pelo mal porque ele, realmente, no tem mais nenhum mal, tendo-o convertido
para o bem; por que, ento, devemos dizer que ele somente se imagina estar
inteiramente livre do mal?
146
,
, ,
. " "
, ,
Ele despreza tais prazeres, pois eles so derivados e recebem seu sustento
espiritual da kelip e sitr achar, a verdadeira oposio da santidade.
, -
Pois o tsadic completo odeia totalmente tudo que seja da sitr achar,
por causa do seu grande amor, um abundante amor de deleites, e seu nvel
superior de afeio a Dus e Sua santidade, como mencionado acima (no cap. 9,
onde o Alter Rebe explicou que o amor de deleites o mais alto nvel no amor
a Dus). Resumindo: em virtude do grande amor do tsadic por Dus e pela
santidade, ele odeia completamente a kelip e sitr achar
147
,
uma vez que elas, isto , a santidade e a kelip so opostas; seu amor a Dus,
portanto, evoca um grau proporcional de dio pela sitr achar.
,"' , " :
Assim, est escrito: Eu os odeio com o maior dio,4 diz o Rei David sobre
aqueles que se opem a Dus, eu os considero como meus prprios inimigos;
examina-me, ele diz a Dus, e conhece meu corao.
,
,
148
, ,
,
,
, " "
As roupagens sujas nas quais a alma animal foi vestida, significando (como
explanado acima) a m inclinao e o desejo por prazeres mundanos, no foram
[obviamente] completamente removidas dela.
," " ,
. - - *
Em verdade, ele , portanto, chamado uk gru ehsm [tsadic ver l], o que
significa (no somente um tsadic que conhece [retm] o mal, mas tambm) um
tsadic cujo mal [seu; isto ,] subjugado e anulado a ele, ao bem dentro dele.
Tal tsadic identificado com o bem, uma vez que ele preponderantemente bom.
149
, *
Forosamente, ento, o fato de ele reter algum mal indica que seu amor a Dus
tambm no completo, pois um completo amor a Dus teria convertido todo o
mal dentro dele em bem.
,
,* *
O Alter Rebe agora descrever (por assim dizer) a subdiviso quantitativa, que
dependente do grau para o qual o mal perde sua identidade dentro do bem.
Num tsadic, o mal que resta como vestgio pode ser tal que a proporo do bem
para o mal poderia ser descrita como 60 para 1; o mal, em outro tsadic, pode ser
mais insignificante, de modo que ele completamente dominado por uma
proporo de bem de 1000 para 1; e assim por diante.
Ainda, tomando emprestado um termo da lei que trata dos gneros alimentcios
no-casher, onde em certos casos em que ocorre um erro, a regra que at uma
preponderncia de 60 partes (casher) para 1 (no-casher) suficiente para
considerar toda mistura casher (uma vez que o alimento no-casher no mais
capaz de corromper a mistura com seu sabor), ns podemos igualmente dizer no
nosso caso que uma preponderncia de bem sobre o mal ao grau de 60:1
tambm capaz de impedir a expresso e percepo do mal remanescente. Nas
palavras do Alter Rebe:
150
[A subdiviso] tambm leva em conta o grau para o qual [o mal residual] est
anulado [no bem] em virtude de sua pequenez,
. ,
seja em sessenta [vezes de bem], por exemplo, ou em mil, ou dez mil, e assim por
diante.
.--
" : ,
,"'
, ," "
,
: ,
Est igualmente escrito na introduo do Zhar7 que, quando Rabi Chia desejou
ascender ao heichal (santurio celeste) de Rabi Shimon ben Yochai, ele ouviu
uma voz sair e dizer:
151
"
:' "
Quem quer que seja de vocs, antes de vir aqui, tendo convertido a escurido
do mundo em luz (santidade), e [tendo transformado] o gosto amargo da alma
animal e da m inclinao deles na doura (santidade)... [somente esses podem
entrar].
, " "
,
O servio Divino dos tsadikim de nveis inferiores pode ser feito, realmente, com
o propsito de aplacar a sede deles de Dus e pelo desejo de unirem-se a Ele;
pois, em verdade, o cumprimento de Tor e mitsvot satisfaz estas necessidades
," " :
conforme est escrito: Ai, exclama o profeta, todos que tm sede pela
Divindade, devem ir s guas da Tor,9 isto , que eles se ocupem com a Tor,
que comparada s guas.
152
As palavras do profeta provam este ponto. Se ele estivesse se dirigindo queles
que anseiam por Tor, ele no necessitaria exclamar Ai, nem mandar que eles
fossem para suas guas. Quem tem sede de Tor a encontrar prontamente
disponvel para o estudo. Mais propriamente, o profeta est se dirigindo aos que
anseiam por Dus, aconselhando-os a aplacar sua sede por Ele atravs da Tor,
que une uma pessoa a Dus.
, , - :
De forma mais correta, o servio deles a Dus como o Tikunei Zhar10 explica
o que os nossos Sbios disseram: Quem um devoto (chassid)? Aquele que
benevolente (mitchassed) com o seu Criador (kon). O Tikunei Zhar comenta
que kon (usualmente traduzido como seu Criador) aqui interpretado como
seu ninho (derivado da raiz kn ninho), e, assim, o chassid aquele que
benevolente com o seu Ninho isto , sua Fonte, Dus. Esta benevolncia com
Dus consiste em
unir O Santo, abenoado Ele seja, com Sua Shechin (a Presena Divina), de
modo que a luz desta unio alcance e seja sentida mesmo nos mundos mais
baixos.
:
,' ,
,'
e que sacrifica sua vida em considerao a eles, para redimi-los, como se eles
estivessem num cativeiro, e como tambm explanado em outro lugar.
153
Tal o servio Divino dos homens de ascenso: ele inteiramente altrusta,
motivado somente por um desejo de agradar a Dus e fazer Sua Presena ser
sentida em toda parte.
O Alter Rebe agora continua para explicar que as duas interpretaes acima
mencionadas do termo homens de ascenso concordam uma com a outra, e so
de fato complementares.
[
""
" "
154
efetuando unies em domnios mais elevados, de modo a fazer as guas
masculinas (mad) descerem para este mundo.
, "
," "
Estas [guas masculinas] so as guas de bondade que fluem para cada uma
das 248 mitsvot positivas e nelas esto contidas, que esto todas no aspecto de
bondade, ou benevolncia, e guas masculinas.
:] ,
1. Devarim 21:21.
155
6. Ibid.
7. Zhar I, 4a.
8. O Rebe Shlita observa que duas razes so dadas para o uso do nome bnei
ali para o mesmo nvel de tsadikim, ou seja, o mais alto. Uma razo corresponde
denominao tsadic completo, enquanto a outra corresponde ao termo
tsadic que conhece somente o bem. (Como ns vimos, o tsadic completo
assim chamado por causa do nvel de seu amor a Dus; a explicao apropriada
aqui a segunda que seu amor totalmente abnegado. O tsadic que conhece
somente o bem assim chamado por causa de sua erradicao e converso do
mal; a explicao apropriada para ele a primeira que ele eleva o mal
santidade).
9. Yeshaihu 55:1.
10. Introduo ao Tikunei Zhar 1b. Ver Zhar II, 114b; 222b; 281a.
16 Tevet
12 Tevet
17 Tevet
156
Captulo 11
No captulo 11, o Alter Rebe agora trata de definir a categoria que a anttese
do tsadic que a da pessoa perversa, o rash. Em contraste direto com o tsadic,
157
cuja alma Divina conquista sua alma animal, o rash aquele cuja alma animal
subjuga sua alma Divina.
. ,
, , ,
Isto significa que o bem que se encontra na alma Divina [deste rash], o qual
est no seu crebro e na parte direita do seu corao (estas sendo as principais
moradas da alma Divina, conforme explanado no cap. 9),
Assim, no rash que conhece o bem, o mal da alma animal conquista o bem da
alma Divina, numa extenso tal que o bem fica subserviente ao mal e anulado
dentro dele.
. ,
158
[A diferena entre essas mirades de nveis est] na quantidade (isto , na
extenso) e na qualidade da anulao e subservincia do bem em relao ao mal,
que Dus no permita.
, ,
, ,
Alm do mais, mesmo quando o mal conquista o corpo, no entanto, nem todo o
corpo cai sob o seu domnio, mas somente parte dele,
159
. ,
e depois fazendo esta parte do corpo servir como uma roupagem na qual uma
das trs roupagens da alma animal, acima mencionadas, ser vestida.
Alm do mais, mesmo neste campo restrito da expresso, o mal ainda mais
limitado pelo fato de que ele pode motivar este rash a cometer somente menores
transgresses, como o Alter Rebe agora continua:
; , ,
; ,
, ,
O pensamento mais refinado que a fala e a ao, e, das trs roupagens da alma,
a mais intimamente ligada com a alma em si. Portanto, contemplaes do
pecado podem profanar a alma ainda mais que o ato pecaminoso em si.
160
por meio da qual ele viola a censura da Tor: Tu te guardars de toda coisa
perversa,3 que nossos Sbios interpretam como uma proibio de que no se
deve abrigar fantasias impuras no pensamento durante o dia para que no se
polua noite;4 assim, a contemplao de tais coisas viola um comando da Tor.
Ou outra rea na qual o mal pode prevalecer no caso de tal rash parcial: quando,
num tempo apropriado para o estudo da Tor, ele volta seu corao para
assuntos fteis,
, - ,
o termo rash significando que o mal da sua alma animal prevalece dentro dele,
vestindo-se no seu corpo, induzindo-o a pecar e profanando-o.
Depois disso, depois que essa pessoa j transgrediu em qualquer dos aspectos
mencionados acima, o bem que est em sua alma Divina se afirma, e a pessoa
fica cheia de remorso de sua transgresso em pensamento, fala ou ao;
161
, ' ,'
,' " '
.
No entanto, como o Rebe Shlita observa, o perdo Divino conseguido por este
arrependimento da pessoa no muda seu status de rash no verdadeiro sentido
do termo, mas somente no sentido emprestado dos termos rash e tsadic quando
so usados para recompensa e punio. Em verdade, quando avaliada pelas
medidas de mritos e pecados, tal pessoa que peca raramente, somente em
coisas menores, e depois se arrepende imediatamente considerada um tsadic
e merece a recompensa, uma vez que a esmagadora maioria de seus atos boa.
Mas este uso do termo tsadic meramente emprestado, como explicado no cap.
1. Como termos definitivos, tsadic e rash descrevem a qualidade do bem ou do
mal da alma de uma pessoa. Vista sob esta perspectiva, a pessoa descrita acima
classificada como um rash mesmo depois que ela se arrepende e perdoada,
pois ela ainda retm sua predisposio para o pecado, e sua alma animal ainda
tende a domin-la.
***
At aqui o Alter Rebe analisou o rash de nvel mais alto o rash que conhece
o bem em quem a alma animal raramente prevalece, e to-somente nas trs
roupagens da alma de pensamento, fala e ao.
162
No entanto, h outro [tipo de rash que conhece o bem], em quem o mal
prevalece mais fortemente.
,
. ,
, ,
,
Contudo, ele tambm descrito como um rash que conhece o bem, pois
intermitentemente entre um pecado e o prximo ele experimenta remorso, e
pensamentos de arrependimento entram em sua mente, provenientes do aspecto
de bem que ainda existe em sua alma, que rene um grau de fora nesse nterim.
." "
para que ele possa livrar-se inteiramente dos seus pecados, e ser como aquele
que confessa seus pecados e os abandona de uma vez por todas.
163
Ns assim vemos que h muitos nveis dentro da categoria de rash que conhece
o bem, variando desde aquele que peca s raramente, e somente nas menores
questes, e com o envolvimento de somente uma roupagem da alma, at aquele
que peca freqentemente, gravemente, e com todas as trs roupagens da alma.
No entanto, todos eles recebem a mesma denominao de rash que conhece o
bem, sendo a diferena entre eles o nvel de bem dentro deles que dominado
pelo mal em contraste direto com a categoria do tsadic que conhece o mal,
onde h vrios nveis de domnio do mal pelo bem.
Tendo definido o rash que conhece o bem, o Alter Rebe agora volta a analisar
o rash que conhece (somente) o mal:
- ,
,
Mas aquele que nunca teve sentimentos de culpa, e em cuja mente nenhum
pensamento de arrependimento jamais entrou, chamado rash que conhece
(somente) o mal.
Pois somente o mal em sua alma permaneceu nele, tendo de tal forma prevalecido
sobre o bem que este saiu de dentro dele,
e o bem agora permanece sobre ele na maneira de makif, isto , o bem paira sobre
ele, por assim dizer, numa maneira externa e indiferente, de modo que a pessoa
no tenha conscincia dele.
No entanto, uma vez que ela ainda possui o bem, embora como makif, pois
apesar de tudo ela possui uma alma Divina
portanto, nossos Sbios disseram:9 Sobre toda reunio de quaisquer dez judeus
repousa a Shechin (a Presena Divina).
Isto quer dizer que, mesmo que todos eles pertenam categoria do rash que
conhece (somente) o mal, a Shechin ainda paira sobre eles; pois eles tambm
possuem o bem na maneira de makif. Uma vez que em tal reunio a Shechin
est presente somente na maneira externamente circundante de makif, no
164
penetrando na conscincia daqueles reunidos, portanto, o correspondente nvel
de bem de makif deles suficiente para permitir-lhes receber essa revelao.
***
A seguinte histria contm uma aluso sobre a questo do judeu cuja alma
animal prevalece sobre a sua alma Divina, .
Mas o homem insistiu: Por que ento a palavra soletrada diversas vezes com
dois yud mesmo depois da revogao do decreto? O Tsmach Tsdec
respondeu: Depois de sofrer sob o mau decreto de Haman e finalmente
testemunhar a salvao de Dus, at aqueles judeus tambm se arrependeram e
se tornaram iguais aos seus irmos cujas vidas foram conduzidas pelos ditames
da alma Divina e da boa inclinao. Assim, concluiu o Tsmach Tsdec, os
dois yud (yud ou yid, tambm judeu em idiche) tornaram-se iguais.
1. Cohlet 7:14.
3. Devarim 23:10.
4. Ketubot 46a.
5. 3:4.
6. Yom 86a.
165
7. Tanya, Iguret HaTeshuv, cap. 1.
9. Sanhedrin 39a.
13 Tevet
18 Tevet
166
Captulo 12
167
explica o Alter Rebe, aquele cuja conduta prtica em pensamento, fala e ao
ditada somente pela alma Divina; ela tem o controle sobre a alma animal. O
beinoni consegue isso no se deixando dominar de forma alguma pela alma
animal, mesmo que seja pelo mnimo perodo, nunca pensando, falando e
certamente no agindo de forma pecaminosa. As roupagens exclusivas da alma
Divina isto , o pensamento, a fala e a ao em Tor e mitsvot so aquelas
usadas pelo beinoni.
No entanto, com respeito essncia das almas Divina e animal, isto , suas
respectivas faculdades de intelecto e emoo, a alma Divina no domina a alma
animal, e esta permanece poderosa o suficiente para despertar desejos por coisas
fsicas. Contudo, atravs de uma constante vigilncia, o beinoni mantm esses
desejos sob controle, jamais permitindo-lhes qualquer manifestao prtica.
, ,
, -
, , "
168
alma animal se vestem para faz-los pecar e profan-los, que Dus no permita,
(neste caso ele seria um rash, e no um beinoni).
,
, "
, ,
. ""
Quando o Alter Rebe afirma que o beinoni nunca transgrediu, ele no quer dizer
que o beinoni nunca pecou em sua vida, como um ser humano, mas que em sua
vida como um beinoni ele no tem nenhum histrico de pecado. O presente
estado espiritual do beinoni tal que o pecado tanto no passado como no
futuro no possui nenhum lugar em sua vida. Ele no pecaria mesmo se
estivesse sujeito s mesmas tentaes e provas que o conduziram a pecar no
passado. Portanto, verdadeira a afirmao de que, da perspectiva de seu
presente estado, ele nunca pecou.
169
conforme explanado acima, seu presente estado tal que ele impede seu pecado
no futuro, a despeito das provaes que o futuro possa trazer.
Para ser classificada como um verdadeiro beinoni, a pessoa deve preencher essas
condies. Pois se a situao espiritual de uma pessoa impede seu pecado
somente sob as condies atuais, mas ela sucumbiria ao pecado se estivesse
sujeita s tentaes do passado ou quelas que o futuro possa trazer, ento ela
, em potencial, um rash; ela poder pecar, exceto se as circunstncias correntes
no forem suficientemente tendenciosas para a pessoa agir dessa forma.
Na mesma linha, o Alter Rebe conclui: O nome rash (referente quele que
peca em pensamento, fala e ao) nunca (outra vez, em seu estado de beinoni)
foi aplicado para ele, nem mesmo temporariamente.... Pois o beinoni j alcanou
um estgio onde o pecado impedido sob quaisquer circunstncias, seja do
passado ou futuro.
Porm, ainda falta entender por que tal elevada pessoa considerada meramente
um beinoni, e no um tsadic. Este assunto ser agora esclarecido.
- ,
Pois, como ser explicado mais tarde, as faculdades da alma, tambm, exercem
algum grau de controle sobre o corpo, ao despertar desejos por prazeres
mundanos no corao de uma pessoa, os quais, por sua vez, fazem com que
pensamentos proibidos penetrem na mente.
, ,
170
Somente em momentos especficos as faculdades da alma Divina mantm uma
soberania incontestvel sobre o beinoni com a alma animal no tendo nenhum
efeito sobre ela, como durante a recitao do Shem ou da Amid.
Nesse momento [da reza], o Supremo Intelecto acima est num estado sublime
um momento de grande iluminao nos mais altos mundos;
igualmente abaixo neste mundo fsico , o momento [da reza] propcio para
todo homem ascender a um nvel espiritual mais elevado.
,' "
,- -
Este amor, por sua vez, leva o beinoni a desejar apegar-se a Ele por meio do
cumprimento da Tor e de seus mandamentos movido por amor.
171
Este despertar de amor a Dus, e sua concomitante resoluo de aderir Tor e
s mitsvot, e por meio disso apegar-se a Ele, o objeto essencial do Shem, cujo
mandamento bblico (deoraita) nos ordena a recitar;
, -
,
"
;- -
- - - ,
. ,
172
-
,
] [ *
,
,
,
Pois o homem foi assim criado desde o nascimento, que toda pessoa pode, com
o poder da vontade em seu crebro isto , a vontade criada do entendimento
de sua mente restringir-se e controlar o impulso dos desejos de seu corao,
173
evitando que os desejos de seu corao encontrem expresso na ao, na fala e
no pensamento, quando a mente entende o mal inerente em tal ao, fala ou
pensamento,
e [ele pode, se sua mente o quiser] desviar completamente sua ateno daquilo
que seu corao almeja [e voltar sua ateno] para a direo exatamente oposta.
," " :
[Pois] assim est escrito: Ento eu vi que a sabedoria supera a tolice, assim como
a luz supera a escurido.3
174
h ainda nenhuma necessidade de analogia. Nitidamente, a santidade
imensamente superior ao mal.
Mais propriamente, o Alter Rebe prossegue para explicar que a analogia usada
aqui para ilustrar como a sabedoria superior tolice: a superioridade da luz
sobre a escurido manifesta na habilidade de um tnue raio de luz dispersar
uma grande quantidade de escurido. Alm do mais, a luz no necessita
combater a escurido para expuls-la; a escurido desaparece naturalmente com
o aparecimento da luz. Da mesma forma, a sabedoria da santidade superior
tolice do mal. Um mero raio de santidade suficiente para expelir naturalmente
uma grande quantidade da m tolice.
Esta [analogia] significa que assim como a luz tem superioridade, poder e
domnio sobre a escurido,
, ,
,
, ,
175
a qual deseja governar sozinha a cidade o corpo e permear todo o corpo por
meio das trs roupagens acima mencionadas,6
. * "
No beinoni, este desejo da alma Divina no crebro que sozinho permeia seu
pensamento, sua fala e sua ao, e da todo o seu corpo controla os desejos
lascivos que a alma animal desperta em seu corao. Alm disso, ele evita a
expresso efetiva deles por causa da supremacia natural da mente sobre o corao
e da santidade sobre o mal.
Mas se a alma Divina do beinoni realmente domina toda a sua rea de expresso
prtica, ditando sozinha cada pensamento, fala e ao dele, por que ele no
considerado um tsadic?
, ---
Pois esse domnio que a luz da alma Divina tem sobre a escurido e a tolice da
kelip da alma animal, que automaticamente dispersada,
, -
mas a essncia e ncleo da alma Divina no domina a essncia e ncleo [da alma
animal derivada da] kelip.
-
*
176
Pois no beinoni, a essncia e ncleo da alma animal originria na kelip, que est
alojada na parte esquerda do corao, permanece intacta (no desalojada pela
alma Divina)
, ' ,
aps a reza, quando o amor ardente a Dus no est mais num estado revelado
na parte direita do seu corao, como era durante a reza, quando ali o amor
irradiava abertamente e era palpavelmente sentido;
," "
. ,
Ento, aps a reza, quando o amor a Dus no est mais revelado no corao do
beinoni, possvel para a tolice do tolo perverso (isto , a alma animal) revelar-
se na parte esquerda do corao,
, ,
cobiando todas as coisas fsicas deste mundo, sejam elas permitidas (exceto
aquelas que seriam desejadas e usadas como meios de servir a Dus, visto que
neste momento o beinoni as deseja em proveito prprio, pelo prazer que elas
proporcionam) ou sejam elas proibidas, que Dus no permita,
177
[Sua nsia limitada] somente [porque] no caso de [uma nsia por] uma coisa
proibida, ela no entra em sua mente para transgredir na prtica, que Dus no
permita.
, " : "
como nossos Sbios dizem: H trs pecados to difceis de evitar que nenhum
homem est a salvo de [transgredir] diariamente:
."'
, ' ,
, ,
,
178
Alm disso: mesmo apenas na mente, com respeito ao pensamento pecaminoso,
o mal no tem domnio e poder para faz-lo (que Dus no permita) pensar tais
pensamentos conscientemente;
isto , [para fazer a mente] aceitar de boa vontade, que Dus no permita, o mau
pensamento que sobe por conta prpria no solicitado do corao para a
mente, conforme explanado acima.7
, ,
Em vez disso, imediatamente aps a subida [do pensamento] para [a mente], ele
o beinoni empurra-o de lado como se fosse com ambas as mos, e desvia sua
mente dele,
,
, ,
Ele se recusar a aceit-lo mesmo como um tema para mera reflexo consciente,
e certamente no se entreter com a idia de agir sobre ele, que Dus no permita,
ou mesmo falar dele.
179
enquanto o beinoni nunca perverso nem mesmo por um s momento.
Obviamente, ento, o beinoni no cogitar, voluntariamente, sobre maus
pensamentos.
To logo suba do seu corao para sua mente qualquer animosidade ou dio,
que Dus no permita,
, ,*
, ,
180
sem ser provocado raiva, que Dus no permita, nem se vingar na mesma
proporo, que Dus no permita, mesmo sem raiva;
: ,
Assim, tambm em sua relao com seu prximo, o beinoni no permite que o
mal em seu corao se expresse em pensamento, fala ou ao.
Fica assim entendido deste captulo que, no que diz respeito prtica, a alma
Divina o nico amo do beinoni. Ele no pensa, nem fala e nem faz qualquer
coisa proibida, mas age somente de acordo com a Tor e as mitsvot. Com
respeito sua essncia, no entanto, isto , seu intelecto e emoes, ele tem mais
outro amo; sua alma animal ainda poderosa, e ela pode, e faz, despertar maus
desejos em seu corao.
***
Quando um judeu estuda Tor, ele se sente como um aluno diante de Dus, seu
Mestre, Cuja sabedoria ele est estudando. Quando ele reza, ele se sente como
um filho diante de seu pai.
Cada mitsv um canal que atrai santidade para baixo sobre a alma do judeu
que a realiza. Para que o judeu seja um receptculo adequado para esta santidade,
181
os Sbios ordenaram que se recitasse uma bno antes de realizar a mitsv. A
conexo entre a bno e a mitsv sempre clara: a bno efetivamente
menciona o mandamento particular a ser realizado e agradece a Dus por
santificar-nos, ordenando-nos a cumpri-lo. Por exemplo, a bno sobre os tefilin
conclui com as palavras: ...e nos ordenou colocar tefilin. No caso das bnos
proferidas antes da recitao do Shem, no entanto, no claro o que as bnos
realizam. Elas no mencionam a mitsv de recitar essas passagens, nem possuem
qualquer conexo aparente com seus contedos. Por que elas foram ordenadas
para serem recitadas neste ponto especfico?
A inteno por trs da leitura do Shem que se deve chegar a amar o Eterno
teu Dus com todo teu corao, tua alma e teu poder (como o Alter Rebe afirma
no nosso texto). Para alcanar esse objetivo, um judeu deve se preparar
contemplando aqueles temas que evocam o amor a Dus.
3. Cohlet 2:13.
4. Ibid. 4:13.
5. Sot 3a.
6. Cap. 4.
7. Cap. 9.
182
9. Zhar I, 201a.
15 Tevet
21 Tevet
16 Tevet
22 Tevet
17 Tevet
23 Tevet
183
Captulo 13
184
No captulo anterior, o Alter Rebe descreveu o perfil espiritual do beinoni. No
corao do beinoni, disse o Alter Rebe, os maus desejos podem muitas vezes
surgir, mas sua alma Divina constantemente impede que tais desejos encontrem
expresso em pensamento, fala ou ao efetivos. Ao contrrio, estas trs
roupagens da alma so domnio exclusivo da alma Divina e so utilizadas pelo
beinoni somente para o pensamento, a fala e a ao no estudo da Tor e no
cumprimento das mitsvot.
." "
, " "
Notem que [nossos Sbios] no disseram: Ele governado por ambas boa e m
inclinaes, que Dus no permita,
," "
185
porque onde a m natureza ganha algum governo e domnio, embora
momentaneamente, sobre a pequena cidade, isto , sempre que o mal governa
o corpo de algum (comparado a uma cidade onde ambas, boa e m inclinaes,
buscam conquistar),
. -
, ---
,
. ,
186
a qual estende-se para a parte direita do corao, onde a boa inclinao reside
(isto , revela-se).
, -- ,
O veredicto final depende do rbitro O Santo, abenoado Ele seja, que vem
ajudar a boa inclinao, possibilitando-a a prevalecer sobre a m inclinao.
, ' ,
A ajuda que Dus lhe concede o brilho da luz Divina que ilumina sua alma
Divina,
,
. ,
187
O Talmud afirma que um judeu incumbido de um juramento para considerar-
se como perverso, enquanto em outro lugar a Mishn declara: No sejas
perverso em teus prprios olhos. Tambm: Se um judeu considera-se perverso,
ele estar afligindo seu corao e deprimindo-se, e em conseqncia no estar
apto a servir a Dus jubilosamente e com um corao contente.
,
,
, ,
e ele no to minsculo para ser anulado pelo bem da alma Divina (como o
caso com o tsadic), nem ele foi deslocado de sua posio de modo algum,
- --
188
" " ," "
,"
Alm do mais, considerar-se como um rash impede uma pessoa de servir a Dus
jubilosamente.
, ,
Em vez disso, ela deve manter a opinio de que a essncia e ncleo do mal est
em sua plena fora e poder inatos, na parte esquerda do seu corao,
189
Pelo contrrio, com a passagem do tempo, [o mal] ganhou fora porque a pessoa
utilizou ela (isto , a alma animal) consideravelmente,
Como ocorre com toda faculdade, o uso constante da alma animal a faz tornar-
se ainda mais forte do que era quando nasceu.
***
'
Mesmo que toda a aspirao da pessoa esteja na Tor de Dus, a qual ela estuda
dia e noite em considerao a ela mesma [N.T.: isto , intencionando seu estudo
pra cumprir a vontade Divina, e no com intenes secundrias]
, -
isto ainda no constitui uma prova de que o mal foi desalojado do seu lugar.
Talvez, com mais certeza, a essncia e substncia do mal esto em sua plena
fora e poder em sua morada, na parte esquerda do corao,
, ,
,
190
exceto que suas roupagens a saber, o pensamento, a fala e a ao da alma
animal no se investiram no crebro, na boca e nas mos, e em outras partes
do corpo, para pensar e fazer aquilo que proibido,
. '
, ," "
. " ,
Pode ser, ento, que com respeito a esses pensamentos e palavras da Tor
pronunciadas pelo indivduo, e na realizao das mitsvot, a alma Divina domine
o corpo; nesta rea, a alma Divina tem superioridade, e a alma animal
subserviente.
-
,
'
exceto naqueles momentos quando seu amor a Dus manifesta-se em seu corao
. ,
191
em ocasies apropriadas, tais como durante a reza e outros momentos
semelhantes.
," "
,"' , - "
Isto concorda com o comentrio dos nossos Sbios sobre este versculo: Quando
este se ergue e prevalece, o outro cai, e quando o outro se ergue... [este cai].
A alma animal, embora tenha cado durante a reza, depois disso ela capaz de
erguer-se e revigorar-se mais uma vez, indicando que a alma Divina no teve
sucesso em venc-la mesmo durante a reza, e, por esta razo, mesmo o seu
domnio apenas temporrio.7
, ,
Assim, a alma Divina ganha fora e ascendncia sobre a alma animal, na fonte
de fora [Guevurot], que o entendimento [Bin]
' ,- - '
,
[Assim, quando a alma Divina ganha fora... sobre a alma animal... durante a
reza,] ponderando sobre a grandeza de Dus, o abenoado Ein Sof, e [desse modo]
gerando um intenso e ardente amor a Dus na parte direita do seu corao;
e ento quando a alma Divina domina a alma animal com seu intenso e revelado
amor a Dus, a sitr achar (o mal da alma animal) na parte esquerda do corao
subjugada.
," " , ,
Mas ela no inteiramente abolida, no caso do beinoni; isto ocorre somente com
um tsadic, sobre quem dito:8 Meu corao est vazio9 dentro de mim. A
morada que no corao usualmente ocupada pela m inclinao est vazia no
corao de um tsadic.
. , , ,
, ,
Tudo isso acima se aplica ao tsadic. Mas em um beinoni [o mal] meramente jaz
adormecido, como ocorre com um homem que est dormindo, por exemplo, e
que pode despertar de seu sono em qualquer momento e reativar as suas
faculdades.
Assim o mal no beinoni est adormecido, por assim dizer, na parte esquerda do
corao, no funcionando em absoluto, nem sequer desejando prazeres fsicos
,' ,
193
durante a recitao do Shem e da Amid, quando seu corao est
incandescente com o amor a Dus, fazendo o mal da alma animal adormecer.
O Alter Rebe agora descrever um nvel ainda mais elevado de beinoni aquele
que est permeado durante todo o dia com o mesmo grau de amor a Dus que
ele sente durante a reza. A alma animal deste beinoni est permanentemente
adormecida. Como conseqncia, ns agora entenderemos como foi possvel
para Rab classificar-se erroneamente como beinoni.
No captulo 1, foi provado que o termo beinoni no poderia se referir (como uma
interpretao literal nos faria acreditar) a uma pessoa cujas aes fossem metade
virtuosas e metade pecaminosas. Se assim fosse, como poderia um sbio como
Rab, que jamais negligenciou o estudo da Tor por um s momento, cometer o
erro de se considerar como um beinoni?
De acordo com a discusso que agora segue, que diz respeito ao nvel do beinoni
que nunca deseja o mal, este assunto ser facilmente entendido:
, ,
Por esta razo Rab considerava-se um beinoni, embora sua boca nunca cessasse
do estudo da Tor,
, '
e que seu desejo estivesse em [estudar] a Tor de Dus dia e noite, com nsia,
desejo e saudade,
, '
sua alma ansiando por Dus com um amor irresistvel, como aquele
experimentado durante a recitao do Shem e da Amid.
194
Durante a reza, conforme mencionado acima, o corao do beinoni despertado
para um amor a Dus to apaixonado que ele no sente, de maneira nenhuma, o
mal de sua alma animal. Rab, no entanto, experimentava esse despertar do amor
no somente durante a reza, mas durante o dia inteiro. Portanto, sua alma animal
estava sempre adormecida, e ele jamais desejou coisas mundanas.
Portanto, foi possvel para ele considerar-se um beinoni, pois ele parecia aos seus
prprios olhos como um beinoni que reza o dia inteiro, isto , um beinoni que
por todo o dia mantm o nvel alcanado durante a reza,
O que resulta de tudo o que foi dito que mesmo durante a reza, quando o
beinoni consegue despertar o seu amor a Dus e fazer o mal adormecer, sua alma
Divina meramente prevaleceu sobre sua alma animal, mas no a venceu, e por
esta razo possvel que este estado cesse aps a reza. Portanto, o nvel do
servio Divino do beinoni no considerado verdadeiro quando comparado com
o do tsadic. Pois verdade implica em continuidade e consistncia.
, , ,
,'
195
- '
, " "
quando comparado ao nvel dos tsadikim que servem a Dus em perfeita verdade
(na forma mais verdadeira de verdade), [este amor] no chamado, de maneira
nenhuma, de servio verdadeiro,
." "
em cada homem, de acordo com a sua posio na categoria dos beinonim (pois,
conforme mencionado anteriormente, a categoria de beinoni est subdividida em
muitos nveis).
," " -
O amor deles, tambm, que eles possuem [somente] durante a reza, eu designo
A linguagem da verdade [, que] ser estabelecida para sempre, isto , o amor
deles verdadeiro e permanente, embora manifesto somente durante a reza,
,
,
196
como a alma Divina deles tem o poder de redespertar este amor constantemente,
sempre que este amor rene foras durante a reza, dia aps dia,
O amor do beinoni a Dus portanto constante, uma vez que ele est ou num
estado ativo, revelado, ou em potencial, e pode ser assim revelado a qualquer
momento durante todo o dia (pois, conforme mencionado antes, todo beinoni
tem o potencial de alcanar o nvel de rezar durante o dia inteiro).
Sendo que isto assim em todas as mirades de nveis dos mundos espirituais,
desde os mais altos at os mais baixos, e visto que os nveis mais baixos so
incomparveis aos mais altos, como pode ser dito que os graus mais baixos
possuem verdade? Ns devemos dizer, portanto, que o termo verdade relativo
ao nvel onde ela encontrada, que cada grau tem seu prprio ncleo de verdade.
As coisas so verdadeiras se elas concordam com [a essncia de] seu prprio
nvel, e falsas, se no concordam; elas no precisam concordar com o nvel mais
alto para serem consideradas verdade.
" , ,
,"
197
a outra,13 assim como a trave central no Tabernculo segurava e prendia todas
as pranchas passando por todas elas.14
Em termos espirituais, isto significa que o atributo de verdade passa das mais
altas gradaes e nveis at o fim (isto , o mais baixo) de todos os graus.
Em cada gradao e nvel ela passa atravs do ponto central deste nvel
particular,
que , isto , que ento se torna o ponto e qualidade (isto , o padro) do atributo
da verdade [daquele nvel].
Agora ser dada prova de que cada grau tem seu prprio padro de verdade, por
assim dizer:
, ," "
,[
,
198
dos mais baixos graus, inferior s solas e ps o nvel mais baixo dentro
dos mais altos graus;
como nossos Sbios dizem: Os ps dos chaiot superam todos aqueles nveis
inferiores a eles, incluindo os mais altos graus dentro daqueles mais baixos
nveis.15
1. Berachot 61b.
2. Tehilim 109:31.
3. Kidushin 30b.
Esta assistncia Divina necessria sempre que o conflito entre as duas almas
no envolve uma luta da mente contra o corao; por exemplo: 1) quando a alma
Divina deseja evitar que pensamentos pecaminosos subam mente, ou 2)
quando as faculdades emotivas da alma Divina buscam sobrepujar as da alma
animal (sem recorrer contemplao e meditao).
Mas agora a pergunta pode ser invertida: Por que, no captulo 12, o Alter Rebe
usa o argumento da supremacia natural da mente sobre o corao para assinalar
a supremacia da alma Divina sobre a alma animal?
A isto o Rebe Shlita responde: No captulo 12, o Alter Rebe fala do estado do
beinoni aps a reza, quando o efeito da sua meditao sobre a Divindade durante
a reza ainda permanece em sua mente. Neste momento, sua mente est to
permeada de Divindade a ponto de a alma animal no pode sequer manifestar
uma opinio l. Assim, qualquer luta entre as almas naquele momento seria uma
199
situao de mente contra o corao, onde a supremacia natural da mente poderia
conferir vitria alma Divina.
5. Avot 2:13.
6. Bereshit 25:23.
7. Baseado em uma nota do Rebe Shlita. O Rebe Shlita explica por meio dela
por que o Alter Rebe cita somente metade da segunda frase Quando este
(referindo-se alma Divina) se ergue, o outro (a alma animal) cai; e quando o
outro (a alma animal) se ergue... sem concluir a parte da citao que trata da
alma Divina. O propsito do Alter Rebe ao mencionar a segunda frase mostrar
que a alma animal poderia erguer-se outra vez, embora ela tenha cado durante
a reza. O resto da frase portanto irrelevante aqui.
8. Tehilim 109:22.
9. A palavra kkj [chalal] tem dois significados: vazio e morto. O Rebe Shlita
assinala que o Alter Rebe entende o kkj deste versculo como vazio. Isto pode
ser deduzido do cap. 1, onde ele interpreta o versculo como ele (o Rei David)
no tinha ytser har. O Alter Rebe continua ali: pois ele o tinha matado
atravs de jejum, somente como uma explicao adicional (no com a finalidade
de interpretar a palavra kkj) para indicar que David no tinha alcanado o nvel
de Avraham [Abrao] Avnu, que transformou seu ytser har (conforme
afirmado no Talmud Yerushalmi, final de Berachot, cap. 9); David simplesmente
o matou. No caso de Avraham Avnu, seu corao no estava vazio, e esta de
fato foi sua virtude: seu corao ainda abrigava o ytser har, mas este ytser
har tinha sofrido tal metamorfose que era agora um ytser tov.
200
15. Chaguig 13a.
201
Captulo 14
,
,
202
homem; cada um deve esforar-se para isso se ele ainda no a alcanou, e no
pensar que ela est alm do seu alcance,
Uma vez que a atitude do beinoni em relao ao mal varia, enquanto seu status
de beinoni permanece constante, compreende-se que a averso ao mal no a
medida do beinoni.
, , ," "
203
para agir, falar e pensar, mesmo o que contrrio e diametralmente oposto ao
desejo do seu corao.
Pois mesmo quando o corao de algum anseia e deseja um prazer material, seja
ele permitido, sendo que neste caso somente a natureza lasciva do desejo que
m (em vez de desejar o prazer em considerao ao cu, como deveria, o
homem busca a autogratificao), ou seja, ele deseja aquilo que proibido, que
Dus no permita, e o desejo intrinsecamente mal; qualquer que seja a nsia
: , -
ele pode dominar [este desejo] e desviar sua ateno dele completamente,
declarando a si mesmo (dizendo em seu corao) [o que segue]:
, '
,"' "
Da mesma forma, para que uma pessoa faa o bem e efetivamente cumpra as
mitsvot, ela deve declarar para si mesma:
, ,
Eu desejo, em vez disso, unir minhas Nfesh, Rach e Nesham com Dus
revestindo-as em Suas trs roupagens,
, ' ,
204
isto , ao, fala e pensamento dedicados a Dus, Sua Tor e a Seus
mandamentos.
Elas so chamadas Suas (de Dus) trs roupagens porque elas do expresso
Sua sabedoria (Tor) e Vontade (mitsvot), as quais so uma com Dus.
Este de para unir-se a Dus surge do amor a Dus que est (com certeza) oculto
em meu corao embora eu no o sinta, assim como [este amor encontrado] no
corao de todos os judeus, que so chamados amantes do Teu Nome (de
Dus)2 em virtude do amor inerente deles a Dus, embora eles todos no sintam
este amor conscientemente.
, '
Por esta razo, mesmo um kal shebekalim (o mais simples judeu) capaz de
sacrificar sua vida para a santificao de Dus se ele for forado a neg-Lo, que
Dus no permita. Certamente eu no sou inferior a ele.
,
,
, '
205
o amor a Dus oculto em seu corao. Se ele se conscientizasse deste amor,
buscaria realizar as mitsvot com a finalidade de unir-se a Dus.
Tudo isso se aplica ao kal shebekalim. Mas quanto a mim deve-se dizer a si
prprio , eu no tenho nenhum desejo de ser um tolo como ele, para negar a
verdade!
Pois a verdade que o pecado separa o homem de Dus, e que ele tambm possui
um amor natural a Dus que ordena a realizao das mitsvot. Essas verdades,
ele deve dizer a si prprio, eu no quero negar.
- ,
' ," " ,'
Isto no pode ser alcanado em completa verdade, exceto atravs daquele nvel
de intenso amor a Dus, chamado amor de deleites, que consiste em deleitar-
se na Divindade,
semelhante ao [xtase do] Mundo Vindouro, sobre o qual nossos Sbios dizem
que as almas gozaro do resplendor da Presena Divina. Somente tal amor de
deleites cria um dio ao mal, conforme explanado nos captulos anteriores.
206
Com respeito quele que experimenta este [amor de deleites], nossos Sbios
disseram: Tu vers um vislumbre de tua recompensa do Mundo Vindouro
durante a tua existncia.4 Nem todo homem tem o mrito de alcanar este
estado, pois est na natureza da recompensa recebida de cima, e uma recompensa
s pode ser recebida, e no tomada.
,"' "
Assim est escrito: Isto uma ddiva de servio que Eu (Dus) lhes darei como
o servio sacerdotal de vocs.5
Com isto em mente, o Alter Rebe esclarece a passagem talmdica que descreve
Yiov dizendo a Dus: Tu criaste os tsadikim (homens justos) e Tu criaste os
resham (homens perversos). No primeiro captulo do Tanya, o Alter Rebe
perguntou: como se pode dizer que Dus criou homens justos e perversos? Se
o homem perverso, por conta de sua prpria conduta. Dus determina
somente se uma pessoa ser inteligente ou tola, forte ou fraca, e assim por diante;
Ele no define se uma pessoa ser justa ou perversa, pois agindo assim negaria a
liberdade de escolha do homem. Como, ento, Yiov disse: Tu criaste tsadikim
e resham?.
Porm, o assunto fica claro luz da afirmao do Alter Rebe aqui, que o
potencial para tornar-se um tsadic uma ddiva de Dus, no concedida a todo
homem. Tu criaste tsadikim assim significa que Dus criou almas capazes de
alcanar o nvel de tsadic. Nas palavras do Alter Rebe:
."' "
207
Por isso, Yiov disse: Tu criaste tsadikim...
: ,
: ,' ,' , , ,
," "
," " ,
?
primeira vista isto parece incompreensvel: uma vez que ele ordenado a ser
um tsadic, significando claramente que ele no deva ser um rash, por que a
necessidade de faz-lo jurar de novo para no ser um rash?
,
, , ' ,
, " "
208
Mesmo que uma pessoa no tenha o mrito de tornar-se um tsadic, ela deveria,
no mnimo, no ser um rash, sendo, em vez disso, um beinoni.
, ,
Em virtude da liberdade de escolha que lhe foi conferida, espera-se que a pessoa
supere at mesmo a dificuldade de fielmente observar esta que a mais difcil
mitsv: o estudo constante da Tor.
O Alter Rebe agora afirma que cada um deve se esforar para tentar atingir o
servio a Dus do tsadic, embora ele jamais possa efetivamente alcanar a
categoria de tsadic. Especificamente, a pessoa deve treinar a si mesma a desprezar
os prazeres mundanos; e, inversamente, ela deve tentar despertar em si mesma
um deleite no amor a Dus, que conseguido atravs da reflexo profunda em
209
Sua grandeza. Atravs disso, ela cumpre a ordem S um tsadic no melhor de
sua habilidade.
, ---
No obstante, embora tenha sido dito que nem toda pessoa possa desprezar o
mal e alcanar o amor de deleites, que caracterstico de um tsadic e aqui
ns estamos tratando de um beinoni contudo deve-se tambm dedicar perodos
especficos para buscar para si meios de abominar o mal isto , desprezar os
prazeres mundanos.
Por exemplo, [seguindo] o conselho dos nossos Sbios sobre dominar a luxria
por mulheres, que ele reflita sobre as palavras deles: A mulher um vaso cheio
de sujeira,11 e outras coisas semelhantes.
,'
Assim, tambm a pessoa pode aprender a desprezar a gula refletindo que todas
as iguarias e guloseimas igualmente tornam-se vasos cheios de sujeira.
. , ,
. - - ,' ,
Ela pode muito bem saber que no alcanar este nvel de desprezar o mal e
deleitar-se na Divindade com a mxima medida de verdade, mas poder apenas
imagin-lo.
210
Ela imaginar que realmente abomina o mal e se deleita na Divindade; por que,
ento, ela deve empenhar-se meramente para produzir uma iluso (especialmente
no servio a Dus, onde a sinceridade essencial)?
No entanto, ela deve fazer sua parte para manter o juramento que lhe foi
administrado para ser um tsadic,
.'
e Dus far como Ele achar apropriado seja para conferir-lhe o nvel de tsadic,
ou no.
, , -
; -
,' '
, , -
, ' ,
211
e lhe ser concedido que [a alma no nvel de] Rach, originado na alma de algum
tsadic, seja impregnado nele, para que ele possa servir a Dus com verdadeira
alegria.
,"' "
Isto alude tambm idia de que quando dois tipos de tsadikim se renem (o
versculo fala tsadikim na forma plural), quando o beinoni chamado um nvel
inferior de tsadic impregnado com a alma de um tsadic um nvel superior
de tsadic ambos rejubilam em Dus, pois o tsadic transmite o seu deleite na
Divindade ao beinoni.16
:" "
212
1. Yeshaihu 59:2.
2. Tehilim 5:12.
3. Sot 3a.
4. Berachot 17a.
5. Bamidbar 18:7.
9. Berachot 5a.
10. Pe 1:1.
213
15. Tehilim 97:12.
16. Contudo, como o Rebe Shlita indica, sua prpria alma no transformada
(para a categoria de tsadic); ela meramente ativada pela alma do tsadic. Assim,
isto no contradiz a afirmao: Tu criaste tsadikim, conforme explicado acima.
214
Captulo 15
215
,""
A diferena entre aquele que serve a Dus (ovd) e um homem justo (tsadic)
que aquele que serve a Dus, escrito no tempo presente, descreve aquele que
ainda presentemente labuta em seu servio Divino.
," " ,
Este servio consiste na luta contra a sua m natureza com o objetivo de domin-
la e bani-la da pequena cidade, isto , o corpo, que como uma cidade cuja
conquista o objetivo tanto da boa natureza como da m,4
para que ela no se vista nos rgos do corpo atravs do mau pensamento, da
m fala e da m ao.5 Lutar contra sua m natureza a avod (servio)
daquele que serve a Dus.
216
Esta constante batalha contra a sua m natureza verdadeiramente requer muito
esforo (servio) e trabalho rduo.
Este o beinoni.
ele quem deve empreender esta batalha; o beinoni que chamado aquele
que serve a Dus, pois est ativamente engajado em seu servio no presente.
, " '"
O tsadic, por outro lado, designado um servo (ved) de Dus, como um ttulo
conferido prpria pessoa; no meramente uma descrio do seu papel ativo
como a designao aquele que serve.
, ,
,
. ,
O Alter Rebe agora discute a diferena entre aquele que serve a Dus e aquele
que no O serve, que no um perverso, como declara o Talmud.
, ---
217
No entanto, aquele que no O serve no perverso, embora ele no trave
guerra contra sua m natureza,
pois jamais em sua vida ele cometeu sequer a menor transgresso no domnio
dos mandamentos proibitivos.
, ,
Ele tambm cumpriu todos os mandamentos positivos que ele era capaz de
cumprir, incluindo o preceito do estudo da Tor que equivale a todos os outros
mandamentos combinados ,
a tal ponto que sua boca jamais cessou de estudar, apesar da dificuldade
envolvida nisso.
Contudo, ele ainda descrito como aquele que no serve a Dus, pois
, ' ,
para domin-la atravs da ajuda da luz Divina que ilumina a alma Divina que
mora no crebro, que governa o corao conforme explanado acima7 que a alma
Divina e a luz Divina que a ilumina so a resposta do beinoni sua m
inclinao. Ele (aquele que no O serve) no luta com ela
, ,
," "
Assim , por exemplo, com aquele que por natureza um assduo estudante
devido ao seu temperamento frio,
218
,
e que tambm est livre de conflito com o desejo sexual, por causa de sua
natureza frgida;
, ' ,'
Por esta razo ele no necessita contemplar tanto a grandeza de Dus para
conscientemente criar um esprito de conhecimento e temor a Dus em sua
mente,
, , , '
Ele tambm no precisa criar um amor a Dus em seu corao, o qual o motivaria
a ligar-se a Ele atravs do cumprimento dos mandamentos positivos e atravs do
estudo da Tor, que equivalente a todos os outros mandamentos juntos.
." " ,
Para um judeu que deve engajar-se na batalha contra a sua m inclinao, o amor
oculto em seu corao no suficiente. Ele deve despert-lo para um estado ativo
e consciente. Para a pessoa que livre de conflito com o mal, no entanto, o amor
oculto (junto com seus traos de carter naturalmente favorveis) suficiente.
, ""
Por esta razo, ele no considerado, em absoluto, aquele que serve a Dus.
219
,
. ,
Ele agora dir que mesmo aquele que no naturalmente dotado de traos
favorveis ao servio a Dus, pode ainda alcanar a categoria de aquele que no
O serve.
,
- ,
. ,
para ele, tambm, o amor oculto a Dus agora suficiente, a menos que ele deseje
estudar mais do que usualmente faz.
Para agir assim, ele deve despertar em seu corao um consciente amor a Dus.
Somente tal amor pode fornecer a fora necessria para livr-lo das restries da
sua natureza adquirida.
" "
. " " ,
Isto explica a afirmao talmdica2, que aquele que serve a Dus refere-se
quele que revisa seus estudos 101 vezes, enquanto aquele que no O serve
refere-se quele que revisa seus estudos apenas 100 vezes.
Parece estranho que essas 101 revises devem superar todas as outras 100, dando
ao estudante a designao de aquele que serve a Dus. No entanto, quando ns
consideramos a luta que algum deve enfrentar com a finalidade de estudar mais
do que seu costume, facilmente compreendemos isso, como o Alter Rebe
continuar a explicar.
220
, ,
Isto assim porque nos tempos talmdicos era costume revisar cada lio 100
vezes.
Assim, revisar 100 vezes no requeria qualquer esforo; era uma segunda
natureza. Somente a centsima primeira reviso, a qual requeria um esforo alm
do hbito do estudante, poderia adquirir para ele a denominao de aquele que
serve a Dus.
,
, ,
, - ,
Portanto, esta centsima primeira reviso, que est alm da prtica normal a qual
o estudante estava acostumado desde a infncia, equivalente a todas as cem
revises anteriores juntas.
;" " ,
De fato, sua qualidade as ultrapassa em sua maior fora e poder, de modo que
somente esta reviso extra que autoriza o estudante a ser chamado aquele que
serve a Dus.
,' ,
, '
Pois, com a finalidade de mudar sua habitual natureza, ele deve despertar dentro
de si o amor a Dus, contemplando em sua mente a grandeza de Dus,
221
de onde vem esta natureza; e o poder do seu amor o capacita a transcender a sua
natureza.
E este sobrepujar a alma animal de uma pessoa atravs do amor a Dus gerado
pela meditao um servio perfeito para o beinoni.
. ,
para lutar contra a sua natureza e inclinao, despertando o amor oculto em seu
corao.
: -
Para ser denominado aquele que serve a Dus, o beinoni deve engajar-se na
luta contra sua m inclinao, seja atravs do amor a Dus nascido da meditao,
ou, pelo menos, despertando seu amor oculto.
222
1. Malachi [Malaquias] 3:18.
2. Chaguig 9b.
6. Ver cap. 1.
8. Tehilim 69:37.
10. Ele deve empregar pelo menos seu amor oculto a Dus para motiv-lo ao
estudo da Tor, pois embora ele possa ser estudioso por natureza, ele ainda
deseja seus confortos fsicos mais que o estudo constante, que os substitui.
223
Captulo 16
, '
, '
224
e controlar os desejos do corao.
, ' ,- -
Este domnio da sua natureza e dos seus desejos alcanado quando a pessoa
medita em sua mente sobre a grandeza do abenoado Infinito Dus, para criar
atravs do seu entendimento um esprito de conhecimento e temor a Dus em
sua mente.
, , " "
Este conhecimento e temor o far afastar-se do mal condenado pela Tor ou por
nossos Sbios, at mesmo da menor proibio rabnica, que Dus no permita.
'
. , ,
com nsia e desejo de unir-se a Ele pelo cumprimento dos preceitos da Tor e
dos Sbios, e pelo estudo da Tor, que equivalente a todos eles.
, '
, ,
para faz-lo queimar como chamas ardentes, com um desejo e uma nsia e uma
paixo manifestamente sentidas no corao, para unir-se a Dus;
em vez disso, o amor est oculto em sua mente e nos recessos do seu corao3*
Neste ponto,o Alter Rebe insere uma nota, declarando que a inabilidade de uma
pessoa para revelar o amor em seu corao no indica uma falha em sua
meditao; a causa pode muito bem ser inerente raiz espiritual de sua alma.
*Nota
-- , :[
]: , ,
Fim da Nota
226
Estes dois estgios so semelhantemente encontrados nos atributos Divinos, aos
quais as emoes humanas so comparveis. Os atributos Divinos as midot de
benevolncia (Chssed), severidade (Guevur), etc. antes de sua existncia em
um estado revelado, esto envolvidas e encobertas pelo Intelecto Supernal
(Bin), que a fonte delas. A alma, por sua vez, deriva dos atributos Divinos, e
da reflete as suas caractersticas. Assim, aquelas almas que derivam dos
atributos quando eles esto em estado revelado, possuem a qualidade de
revelao, isto , elas so capazes de trazer o amor delas a Dus num estado
revelado; enquanto as almas que derivam do estado oculto dos atributos carecem
desta capacidade, e suas emoes permanecem ocultas dentro do intelecto delas.
***
O Alter Rebe agora descrever um amor a Dus quando ele est oculto no
intelecto.
, ,- -
razo pela qual devido e adequado a Ele, abenoado Ele seja, que toda alma de
toda coisa viva deva ansiar por Ele, para unir-se e tornar-se absorvida em Sua
luz Divina.
, , ,
227
To intensamente, seus pensamentos continuam, com sua Nfesh e seu Rach
ansiando por Dus, que, somente contra a vontade deles, eles continuam a
habitar no corpo; eles esto ligados a ele como esposas solitrias (literalmente,
vivas vivas, que continuam ligadas a seus maridos e proibidas de casar de
novo enquanto seus esposos, que as deixaram, estiverem vivos).
, ,
conforme foi anteriormente5 ilustrado pelo exemplo daquele que abraa o rei.
Embora o rei esteja vestido em seus mantos, isto no prejudica o abrao real; da
mesma forma, a Tor e seus mandamentos esto vestidos em objetos materiais,
mas, uma vez que eles expressam a vontade e sabedoria de Dus, aquele que os
compreende como se compreendesse o prprio Dus.
, "
.
Isto significa, num sentido prtico, cumprir os 613 mandamentos em ao, fala e
pensamento, sendo o pensamento a compreenso e o conhecimento da Tor,
como explicado acima nos captulos anteriores, que atravs da Tor e dos
mandamentos uma pessoa compreende ao Prprio Dus, por assim dizer.
228
de que se deve empenhar para ligar-se a Dus uma ligao que pode ser
conseguida somente atravs dos mandamentos.
, ,
e sua boca e seu corao esto em acordo, isto , o que o seu corao sente
encontra plena expresso em sua fala,
, '
isto , para direcionar seu desejo Tor de Dus, meditando sobre ela dia e noite
no estudo oral,
, -
,
pois assim est escrito no Zhar: Tor sem amor e temor (a Dus) no voa at
as alturas.6
229
O amor e temor referidos como tevun, embora no sejam emoes sinceras, no
obstante servem como asas para a Tor e as mitsvot da pessoa, da mesma forma
como se ele as praticasse com amor e temor reais, como esto revelados no
corao,
,'[
,]
(7neste caso ele as executaria com desejo, fervor, e paixo que so sentidos no
corao e na alma sedentas de Dus, em virtude do amor ardente a Dus em seu
corao, como explicado acima que um revelado amor a Dus eleva a Tor e as
mitsvot da pessoa, provendo calor e vitalidade s suas aes).7
Pois esta tevun em sua mente e nos recessos de seu corao que o leva a se
dedicar Tor e s mitsvot, como explicado acima.
, -
Se ele no tivesse meditado sobre esta tevun, no teria se ocupado com elas de
modo algum, mas apenas com suas necessidades fsicas,
.] --- ,[
(7 mesmo que ele seja por natureza um assduo estudante, no obstante ele
naturalmente ama mais o seu corpo).
O que , ento, que desvia a pessoa de sua inclinao natural, que ocupar-se
com suas necessidades corporais, e que faz com que a sua diligncia supere o seu
amor-prprio fsico? o amor a Dus neste caso, o amor/tevun oculto. Por
este motivo, a tevun prov a sua Tor e mitsvot de asas, habilitando-as a
subirem ao cu, como se motivadas por um amor a Dus consciente e revelado.
"
230
Nossos Sbios, de abenoada memria, deram a entender este princpio afirmado
aqui, de que o amor/tevun, tambm, possui o poder de elevar a Tor e as
mitsvot de uma pessoa
," -- "
quando eles disseram: O Santo, abenoado seja Ele, une um bom pensamento
ao.8
." "
Por que a expresso evasiva: Dus une o pensamento ao, que parece indicar
que o pensamento foi realmente concretizado, mas que a ao algo separado
dele, e requer que Dus una os dois?
,
,
, ,
Portanto, quando algum sente um amor palpvel em seu corao o que indica
que a revelao na alma foi materializada at onde pode ser experimentada
como um sentimento de amor no corao fsico ento esta revelao da alma,
este amor, pode tambm ser recebido e manifestado nos outros rgos fsicos do
corpo. Quando ele assim recebido, e quando os rgos agem de acordo com o
amor no corao, ento este amor prov vitalidade a todas essas aes, pois o
231
corao a fonte de vitalidade para todos os rgos, conforme o Alter Rebe ir
dizer.
Portanto, por estar o corao, em seu aspecto fsico, mais prximo dos outros
rgos, e tambm prov a vitalidade deles, ele pode vestir-se nas aes deles,
para ser as suas asas, elevando-os.
Como ns vemos na prtica: quando algum age por amor, suas mos
subitamente se animam; pois, conforme afirmado, quando a revelao da alma
alcana o ponto onde ela sentida como um amor revelado, ela torna-se to
materializada que pode ser experimentada nos outros rgos do corpo, e pode,
portanto, animar suas aes.
232
afastados dos rgos que so incapazes de proporcionar vitalidade execuo
prtica das mitsvot e com isso elev-las.
. --
a no ser pelo fato de que Dus os combina e os une com a ao, para que eles
possam servir como suas asas.
, ," "
*Nota
," "
.
233
quais so referidas coletivamente como a pequena imagem), que, na esfera
humana, refere-se s letras de Tor e mitsvot.
A ordem normal seria que tevun descesse primeiro para a pequena imagem
(as midot), e da para o aspecto feminino (o atributo de Malchut). Algumas
vezes, porm, existe um fluxo direto de Bin para Malchut, contornando as
midot interferentes. Em termos do servio a Dus da pessoa, isto significa: o
procedimento normal seria que o entendimento derivado da meditao da pessoa
afetasse suas emoes, despertando amor e temor dentro dela, e essas emoes
deveriam, por sua vez, se expressar na efetiva realizao das mitsvot. No entanto,
h um mtodo alternativo de afetar as aes de uma pessoa atravs da
influncia direta da tevun.
]:
Fim da Nota
O Alter Rebe dir que o efeito de Dus unir o bom pensamento da tevun s
boas aes de uma pessoa, possibilita s mitsvot ascender ao Mundo de Beri.
Este um mundo de compreenso, e todas as mitsvot motivadas pelas emoes
despertadas de um entendimento da grandeza de Dus ascendem para l. Mas
mesmo sem esse ato de unir o bom pensamento ao, a Tor e as mitsvot da
pessoa ascendem ao (inferior) Mundo de Yetsir, um mundo de sentimento,
visto que a realizao da pessoa motivada (pelo menos) pelo amor e temor a
Dus inerentes, que esto ocultos no corao de cada judeu.
,--
, , " "
234
o Mundo de Beri, sendo o nvel para o qual ascende o cumprimento da Tor e
das mitsvot quando motivadas por um temor e um amor derivados da meditao
de uma pessoa, os quais so revelados verdadeiramente em seu corao.
,
: ,
No entanto, mesmo sem esta juno eles sobem para o Mundo de Yetsir, por
meio do temor e do amor inatos que esto latentes no corao de todos os judeus
desde o nascimento, como ser mais tarde explicado detalhadamente.9
Em resumo: mesmo quem no pode criar em seu corao um amor e temor a Dus
consciente e palpvel, pode servir a Dus com um servio perfeito atravs das
emoes/tevun. Com isso, tambm, os atos de Tor e mitsvot ascendero ao
mesmo nvel daquele motivado por um amor e temor a Dus revelados.
2. Cap. 4.
5. Cap. 4.
8. Kidushin 40a.
235
Captulo 17
.""
236
O versculo estabelece que fcil para algum cumprir a Tor e as mitsvot com
todas as trs roupagens da alma pensamento, fala e ao. As palavras com
tua boca referem-se fala; com teu corao, ao pensamento; e para que tu
possas faz-lo referem-se ao. Num sentido mais profundo, no entanto, teu
corao no se refere apenas ao poder do pensamento, mas tambm ao corao
como a sede das emoes amor, temor, e assim por diante. O versculo est nos
dizendo, ento, que est facilmente dentro do alcance de todo judeu cumprir as
mitsvot com um sentimento de temor e amor a Dus. Sobre isso, o Alter Rebe
coloca a seguinte questo:
- " "- ,
primeira vista, [a afirmao que esta coisa est muito perto de ti]... em teu
corao parece contrria nossa experincia em nossa experincia, achamos
que no to simples adquirir um esprito de amor e temor a Dus.
,][
, '
?" "
Isto indica, como o Rebe Shlita observa, que mesmo na gerao de Moiss (e
certamente nas outras geraes seguintes) no era algo simples adquirir um
temor a Dus.
237
. -
E se isto verdade quanto ao temor a Dus, ento quanto mais ainda com o
amor a Dus, pois o temor a Dus geralmente mais facilmente alcanvel que o
amor a Dus.
, , ," "
O autor assim interpreta as palavras para que tu possas faz-lo como uma
qualificao do primeiro trecho da frase pois esta coisa est muito prxima de
ti... em teu corao. O que est prximo de ti com teu corao (isto : que
espcie de amor facilmente alcanvel)? O amor que diz respeito ao (para
que tu possas faz-lo).
238
meio fala colocada primeiro, seguida do pensamento (em teu corao), e
depois da ao (para que tu possas faz-lo)? No entanto, de acordo com a
interpretao das palavras para que tu possas faz-lo dada aqui, isto
facilmente entendido. Estas palavras vm imediatamente depois das palavras em
teu corao, pois servem para explic-las e qualific-las: o amor sobre o qual o
versculo fala aqui (em teu corao) aquele que leva ao (para que tu
possas faz-lo).
. , " "
, " "
, ,
Pois sua mente est sob seu controle, mesmo que seu corao no esteja, e ele
pode meditar com ela como quiser, sobre qualquer assunto.
- - -
. ,'
. ,"'"
239
Somente amanh, isto , na vida futura, o tempo da recompensa,9 conforme
explanado em outro lugar.
Como este amor motiva uma pessoa a realizar os mandamentos? Isto o Alter
Rebe vai explicar agora:
, ,
.
Isto verdade para todos exceto para aquele que um verdadeiro perverso isto
, no o beinoni considerado como um rash, mas aquele que genuinamente
um rash; neste caso, no se pode dizer que sua mente domina seu corao.
240
Isto tambm resolve uma aparente contradio. A afirmao os tsadikim tm
controle sobre o seu corao indica que qualquer um de um nvel inferior,
incluindo um beinoni, no tem o controle do seu corao, enquanto a afirmao
de que somente os perversos esto sob o controle do seu corao implica que
qualquer um fora da categoria de rash inclusive um beinoni est no controle
de seu corao. Onde, ento, o beinoni realmente fica? A discusso prvia sobre
o domnio da mente sobre o corao explica este ponto. No existem, de fato,
duas alternativas estar no controle do seu corao ou ser controlado por ele ,
mas trs. O tsadic controla o seu corao. Ele pode despertar um amor a Dus
em seu corao diretamente, sem recorrer sua mente como meio de influncia.
O rash, por outro lado, no somente no controla o seu corao, mas
controlado por ele. O beinoni, embora no tenha o controle do seu corao como
um tsadic, governa seu corao atravs de sua mente, que est sob seu controle.
Ento, at certo ponto, ou seja, no tocante ao efeito prtico do seu corao sobre
seu pensamento, sua fala e sua ao, o beinoni de fato controla o seu corao.
Portanto, o Alter Rebe diz sobre o rash que seu corao no est
absolutamente sob seu controle, enfatizando que ele incapaz de influenciar
seu corao mesmo por intermdio da mente.
. ,
, ' ,
241
, ,
para despedaar as kelipot que foram criadas pelos pecados deles, que formam
uma cortina de separao e um muro de ferro que se interpe entre eles e seu
Pai no Cu.12
,"' " :
-
, ' ,
,
242
Esta a categoria inferior de arrependimento, pelo qual a letra hei inferior
erguida de sua queda para as foras do mal, as kelipot.
- " "
, --
, ,
, ,
O que constitui exlio neste caso o fato de que a centelha Divina d vida
sua alma Divina, a qual est vestida na alma animal da kelip situada na parte
esquerda do seu corao; e enquanto ele permanece perverso, a alma animal reina
sobre ele, dominando sua pequena cidade, seu corpo. Assim, a centelha Divina
dentro de sua alma Divina est em exlio na kelip de sua alma animal.
. --
243
no entanto, apesar de estar no exlio, ainda no est no cativeiro. Ela apenas
perdeu sua capacidade de influenciar a pessoa com sua vitalidade Divina.
' , ,
Quando o corao do rash est alquebrado dentro dele, e com isso o esprito
da impureza e da sitr achar esto quebrados, e as [foras do mal] esto
dispersas,
: , -
ento o hei inferior do Nome Divino a Shechin ergue-se de sua queda e fica
firme, como discutido em outro lugar.
Somente quando ele se arrepende e com isso liberta a Shechin do exlio e deixa
a centelha Divina dentro dele afetar a sua alma e o seu corpo, ele pode comear
a servir a Dus com amor e temor.
***
1. Devarim 30:14.
7. Cohlet 12:13.
8. Devarim 7:11.
9. Eruvin 22a.
244
10. Berachot 18b.
11. O Rebe Shlita nota que nas sentenas seguintes o Alter Rebe chama a ateno
para a dificuldade que surge da sua afirmao anterior com respeito ao rash. Se,
realmente, a mente do rash est sob o controle de seu corao, e se o corao
est naturalmente inclinado, no para o amor e temor a Dus (em qualquer forma
que seja, nem mesmo um amor que permanece oculto na mente), mas para os
prazeres materiais, ento: a) no est apenas longe, mas de fato impossvel
para ele adquirir um amor e temor a Dus; b) permanecer impossvel para ele
para sempre, que Dus no permita, pois o que o despertar para o amor e temor
uma vez que ele j tenha perdido controle sobre sua mente, que o meio de
influenciar o corao?
7. Cohlet 12:13.
8. Devarim 7:11.
9. Eruvin 22a.
11. O Rebe Shlita nota que nas sentenas seguintes o Alter Rebe chama a ateno
para a dificuldade que surge da sua afirmao anterior com respeito ao rash. Se,
realmente, a mente do rash est sob o controle de seu corao, e se o corao
est naturalmente inclinado, no para o amor e temor a Dus (em qualquer forma
que seja, nem mesmo um amor que permanece oculto na mente), mas para os
prazeres materiais, ento: a) no est apenas longe, mas de fato impossvel
para ele adquirir um amor e temor a Dus; b) permanecer impossvel para ele
para sempre, que Dus no permita, pois o que o despertar para o amor e temor
245
uma vez que ele j tenha perdido controle sobre sua mente, que o meio de
influenciar o corao?
246
Captulo 18
247
Se for escasso o entendimento de uma pessoa sobre a grandeza de Dus, ou se
lhe falta capacidade intelectual para a meditao, como poderia estar muito
prximo para ela observar as mitsvot com amor e temor a Dus?
Para explicar de forma mais clara e precisa a palavra muito no versculo: Pois
esta coisa est muito prxima de ti...,1
,' , -
,- -
deve-se reconhecer, com certeza, que at a pessoa que possui apenas um limitado
entendimento da grandeza de Dus, pois lhe faltam as condies e aptides
necessrias para meditar, e que no tem nenhuma inclinao para compreender
a grandeza do abenoado Dus Infinito porque sua mente e corao no so
adequados para a meditao, de modo que lhe faltam os instrumentos bsicos
para a meditao,
248
, ---
,
mesmo assim, est muito prximo desta pessoa (e ela conseguiria facilmente)
resguardar-se e evitar transgredir os mandamentos proibitivos, atravs de um
temor a Dus, e praticar os mandamentos positivos, que requerem um amor a
Dus de forma que, juntos (o amor e o temor) abrangem todos os mandamentos
da Tor e especialmente o estudo da Tor, que equivale a todos eles.
, , , ,
A pessoa pode cumprir tudo isso em sua boca e em seu corao, no verdadeiro
sentido da palavra corao (isto , no apenas no sentido superficial da palavra
corao, que significa em seus pensamentos; mas no verdadeiro sentido de
com corao, ou seja, com sentimento), das profundezas do seu corao, com
absoluta sinceridade, com amor e temor, o que no se aplica s emoes/tevun,
que no podem ser propriamente chamadas de amor e temor. Elas so chamadas
de emoes apenas na medida em que motivam as aes de algum.
. , " "
Este o amor oculto presente no corao de todos os judeus, que uma herana
para ns dos nossos Patriarcas.
Como todo judeu j possui este amor por herana, ele no necessita cri-lo
atravs da meditao; tudo o que se espera dele que ele o desperte utilizando
este amor na sua observncia das mitsvot. Para poder explicar melhor como fazer
isto na prtica, o autor primeiro analisa as caractersticas desse amor.
, , ,
H um amor a Dus que faz a pessoa querer unir-se com Dus, mas continuar
sendo, ainda, uma entidade separada dEle uma alma investida dentro de um
249
corpo. H outra espcie de amor que uma vontade e desejo de se auto-anular
a Dus, uma busca da auto-extino e assim por diante. Que aspirao est
contida nesse amor que herdamos de nossos Patriarcas?
. ,
Como esse amor tornou-se nossa herana? Como se herda um amor? E como o
temor tambm est includo nesse amor?
, ,
--
,---
,
E, por isso, eles tiveram o mrito (o privilgio) de atrair para baixo, para todas
as futuras geraes de seus descendentes, para sempre, a Nfesh, o Rach e a
Nesham das dez santas Sefirot dos Quatro Mundos de Atsilut, Beri, Yetsir
e Assi.3 E, mais especificamente, a alma se origina de qual desses Quatro
Mundos, e de qual Sefir dentro desses Mundos? O nvel da alma de Cada
indivduo de acordo com o seu nvel e de acordo com os seus atos.
Seu nvel refere-se ao nvel da raiz de sua alma; seu atos referem-se aos seus
esforos em refinar-se espiritualmente conforme afirma o Zhar: Quando
algum melhora (refina) a si mesmo, lhe do uma alma de nvel mais elevado.
,
,
250
Isto significa que, no importa quo baixo o seu nvel espiritual, a unio de
cada casal judeu gera uma alma que se origina, pelo menos, do nvel mais baixo
da santidade. Este nvel mais baixo a Nfesh de Malchut de Assi. Pois Assi
o mais baixo dos Quatro Mundos, e Malchut a Sefir mais baixa dentro
daquele Mundo. O prprio Malchut composto de trs nveis: Nfesh, Rach
e Nesham, sendo Nfesh a mais baixa dos trs. Alm disso, conforme vimos
nos captulos anteriores, a prpria alma formada destes trs nveis: Nfesh,
Rach e Nesham. Assim sendo, quem recebeu apenas uma Nfesh, que deriva
da Nfesh de Malchut de Assi, tem uma alma do nvel mais baixo que se
origina do nvel mais baixo na hierarquia espiritual como o Alter Rebe
explicar a seguir.
,---
No entanto, visto que Malchut uma das dez santas Sefirot, e j que no campo
da santidade reina a unio e integrao total, ento em cada um dos seus nveis
encontram-se includos e integrados todos os outros nveis. Conseqentemente,
, , -
ele (o mais baixo nvel em Assi) composto de todos os outros nveis em Assi,
incluindo Chochm de Assi (Sabedoria do Mundo da Ao), a mais alta
Sefir em Assi.
, - - ,
251
E em Chochm de Malchut de Atsilut est investida a Chochm de Atsilut
(pois todas as Sefirot de Atsilut incorporam-se e integram-se umas s outras), a
qual, por sua vez, iluminada pela luz efetiva do abenoado Ein Sof,
conforme est escrito: Dus, com Sua Sabedoria (Chochm), fundou a terra;4
as palavras Dus com Sua Sabedoria mostram que a luz do Ein Sof ilumina a
Sefir de Chochm (sabedoria), enquanto as palavras Sabedoria fundou a terra
indicam que Chochm est incorporada em Malchut, que chamada de terra
(pois, como a terra, Malchut o nvel mais baixo em sua hierarquia); e alm
disso est escrito: Com sabedoria Tu os fizeste todos,5 (ou seja, a palavra
fizeste (ao) indica que Chochm (sabedoria) est incorporada em Assi
ao).
- - ,
, - -
Assim, vemos que a luz do abenoado Ein Sof est investida na faculdade da
sabedoria na alma humana, seja qual for o nvel do judeu em questo. (Mais
adiante, neste mesmo captulo, o Alter Rebe explicar por que justamente a
faculdade da sabedoria (Chochm) aquela que recebe a iluminao do Ein Sof.)
, - - ,
, ,
" "
[
:] ,
252
( 7s vezes, os pecadores de Israel podem at trazer para seus filhos almas muito
elevadas que estavam nas profundezas das kelipot, conforme est explicado no
Sfer Guilgulim.)8
Uma alma que caiu cativa nas mos das kelipot permanece nesse estado at que
as kelipot a liberem pela prpria vontade delas. Qualquer coisa que esteja detida
em poder das kelipot no pode ser arrancada delas contra sua vontade, segundo
o princpio de que Dus no faz exigncias injustificveis de Suas criaturas9
que aplicvel at mesmo em relao s kelipot. No caso de uma criana que
ser gerada por pais pecadores, as kelipot at liberam a alma (desta futura
criana) de boa vontade, na esperana de que tal criana seja futuramente (mal)
influenciada por seus pais, tornando-se pecadora como eles. Dessa maneira, as
kelipot esperam extrair ( ou sugar) uma medida ainda maior de vitalidade
(energia) do alto nvel de santidade desta alma, atravs de seus eventuais
pecados. No entanto, como esta criana possui uma alma to elevada, ela capaz
de sobrepujar os obstculos impostos pela perversidade dos seus pais, podendo
eventualmente elevar-se ao nvel de (ser) um tsadic. Dessa maneira,
paradoxalmente, pode ocorrer de um tsadic nascer de pais perversos justamente
por causa da perversidade deles (que fez com que as kelipot resolvessem liberar
a elevada alma desta criana).10
Voltando sua idia original, ou seja, de que todo judeu tem uma alma que se
origina das santas Sefirot (Divinas), e que cada alma, no final das contas,
energizada pela luz do Ein Sof por meio da faculdade de sabedoria (Chochm)
da alma, o Alter Rebe explicar agora por que justamente a Chochm o
recipiente original da luz do Ein Sof. A explicao est baseada na anlise da
natureza da faculdade de sabedoria da alma, conforme ele expe, a seguir:
, ,
. ,
253
Por isso, em relao s faculdades mais baixas da alma, este nvel nico de
Chochm abrange dois aspectos opostos: por um lado, a Chochm est acima
da compreenso e do entendimento e assim ela transcende as faculdades mais
baixas da alma, e esse aspecto da Chochm que lhe permite ser o recipiente da
luz do Ein Sof, como ser explicado logo adiante; enquanto, por outro lado, a
Chochm a fonte da inteligncia e da compreenso e, assim, ela est conectada
s faculdades mais baixas da alma.
, , ," " -
. ,- -
Por essa razo, a luz do Ein Sof, bendito seja que no pode ser captado nem
compreendido por nenhum pensamento , est investida em Chochm.
254
,' , , ,
,
,"' "
, ,--
, -
,"' "
Conforme est escrito: Eu sou tolo e ignorante, eu sou como uma besta diante
de Ti e eu estou constantemente Contigo...,13
255
,'
. ' ,
,'
,
, '
, ' - ,
E sim, eles esto prontos a sacrificar as suas vidas (por sua f em Dus) sem
qualquer conhecimento ou reflexo como se fosse absolutamente impossvel
renunciar ao Dus nico,
, ' ,
Isto assim porque o Dus nico ilumina e anima (energiza) a alma inteira,
,
:
256
incorporado em sua faculdade de Chochm, que est alm de qualquer
conhecimento ou inteligncia alcanvel.
Como a luz do Ein Sof est investida na alma de todo judeu, cada um deles,
independentemente de seu nvel ou conhecimento, est pronto para sacrificar sua
vida por sua f em Dus.
1. Devarim 30:14.
4. Mishlei 3:19.
5. Tehilim 104:24.
6. Cohlet 7:12.
10. A importncia deste ponto aqui esclarecida pela explicao dada pelo
Rebe Shlita na passagem final do cap. 2. Ver l.
257
Captulo 19
258
Divina, onde a luz do Ein Sof est investida, e que este amor que faz com que
cada judeu escolha a morte ao invs de repudiar sua f em Dus. Foi explicado
tambm que a alma Divina, e tambm o amor a Dus inerente a ela, so uma
herana que todo e qualquer judeu herdou dos Patriarcas, os quais tiveram o
mrito de leg-la a seus descendentes, por toda eternidade.
Duas perguntas permanecem: 1) Qual a natureza desse amor (isto , o que ele
busca e aspira)? 2) Como o temor a Dus est incorporado nele?
, , ," ",
Isto significa que as almas dos judeus, que so chamados de homem, como os
Sbios observam: Vocs o povo judeu so chamados de homem2 so
comparados, de uma maneira ilustrativa, com a chama de uma vela,
259
A Terra o mais grosseiro dos elementos; portanto, ela fisicamente a mais
baixa. A gua, o elemento mais elevado aps a Terra, deveria, por direito, cobrir
e estar posicionada acima da terra. No entanto, somente por causa da
benevolncia de Dus que a terra est acima das guas, conforme est escrito:
Ele estende a terra sobre as guas, pois Sua benevolncia eterna3. O elemento
Ar mais elevado que a gua e, portanto ele a envolve (est presente sua
volta). O Fogo, que o elemento mais elevado, fica em volta da atmosfera e
encontrado na esfera sublunar. A constante atrao da chama para cima
representa seu desejo de unir-se com sua fonte (acima da atmosfera).
Mesmo que assim (desprendendo-se do pavio e unindo-se sua fonte acima) ela
v se extinguir e no emitir nenhuma luz aqui embaixo; alm disso, tambm
acima, em sua fonte, a chama perder sua identidade individual, incorporando-
se dentro de sua fonte.
Isto , a chama deixar de ser uma luminria pois, assim como uma vela ser
ineficiente para iluminar um ambiente quando cercada pelo brilho maior da luz
do dia, com certeza ao incorporar-se dentro do prprio elemento Fogo, sua
identidade ser completamente anulada. Portanto, o esforo e o anseio da chama
em unir-se com sua fonte no pode ser interpretado como uma busca por uma
forma mais elevada de existncia. Alm do mais, este desejo em unir-se com sua
fonte, que s pode ser alcanado atravs da auto-aniquilao, contraria a
premissa de que todo ser existente deseja sua existncia continuada.
Logicamente, ento, a chama no deveria tender para cima, para sua fonte.
. --- -
Contudo, isto que ela deseja por natureza, isto , ela constantemente se volta
para cima como se fosse seu desejo consciente.
, ,
Assim como a vela constantemente procura reunir-se com sua fonte, assim
tambm a Nesham de um judeu, e tambm os nveis de Rach e Nfesh
procuram unir-se sua fonte.
260
Embora o versculo acima afirme que a Nesham do homem a vela de Dus,
esta comparao no est limitada somente Nesham, isto , quele em quem
o mais alto nvel da alma, a Nesham, est ativamente revelada. A palavra
Nesham, aqui, usada no sentido mais amplo de alma, o que inclui tambm
os nveis de Rach e Nfesh, ou seja, a analogia da vela se estende tambm
queles em quem somente os nveis mais baixos da alma (o Rach ou o Nfesh)
esto revelados.
,-'
A alma, que essencialmente vida, tem uma forte e profunda atrao por Dus,
a Fonte de toda vida, e (tal como a chama mencionada acima) deseja romper sua
ligao com o corpo que atrapalha sua capacidade de unir-se e fundir-se
totalmente com Dus.
,
-
Embora desta forma ela se torne nula e no-existente, e sua identidade seja
totalmente anulada ali, em sua fonte (ou seja, Dus), nada permanecendo de sua
essncia e ser originais,
. ---
Notem a expresso nada permanecendo de seu ser original. A unio com sua
fonte de origem no far a alma deixar de existir. Pelo contrrio, esta a
verdadeira essncia da alma. No entanto, nesse estado, a alma deixa de existir
da forma como ela existe enquanto investida no corpo como uma entidade
distinta, com seus prprios poderes intelectuais e emocionais, e assim por diante.
Portanto, no se pode afirmar que o anseio da alma em unir-se com sua essncia
representa, simplesmente, um desejo de auto-elevao, pois a auto-elevao
possvel somente quando o ser original continua existindo. Por exemplo, uma
pessoa pode muito bem se esforar para melhorar sua situao para tornar-se
mais sbia, mais forte, etc. mas ela no pode se esforar para tornar-se algo que
no seja ela mesma (por exemplo, um anjo). Por que, ento, a alma deseja deixar
261
o corpo para unir-se com sua fonte, uma vez que esta unio causa o
desaparecimento de seu ser original? Realmente, no h nenhuma explicao
racional para este desejo. Ele surge, somente, por que resulta da natureza
intrnseca da alma.
.""
,
, ,
.- - ,
Assim, vemos que a natureza deste amor oculto o anseio que a alma tem
de se unir com sua Fonte. O Alter Rebe agora ir explicar por que isto chamado
de amor oculto.
, ,
,""
262
A palavra Cdesh refere-se Chochm, enquanto kedush refere-se a qualquer
manifestao da santidade conforme derivada de Chochm. Como Chochm
representa a anulao do ser diante de Dus, somente aqueles assuntos que
manifestam este carter de Chochm podem ser dito que possuem santidade.
Naqueles assuntos nos quais falta esta caracterstica, tambm falta a santidade.
O Alter Rebe continua, falando de Chochm:
- -
,
Sua verdadeira existncia anulada na luz do bendito Ein Sof que est investida
nela (na Chochm), e no uma coisa aparte conforme foi explicado
anteriormente.4
." "
E isto o exato oposto das caractersticas da kelip e sitr achar, das quais so
derivadas as almas dos gentios,5
que agem visando somente a si mesmos, s aos seus prprios interesses, dizendo:
Me d, me d!6 e como Essav [Esa] disse: Alimenta-me!7 com a finalidade
de serem seres e entidades independentes (de Dus), conforme mencionado antes,
que a kelip uma entidade distinta e separada, afastada de Dus, em contraste
direto com a Chochm, cuja natureza humildade e auto-anulao a Dus.
263
isto , a morte o resultado direto da falta de sabedoria (Chochm); por isso
as naes que recebem sua fora-vital da kelip so consideradas mortas.
-
, -
, ,
esto num estado de exlio no corpo deles ( dos perversos e pecadores de Israel),
dentro da alma animal que do domnio da kelip sediada na parte esquerda do
corao, que reina sobre eles e domina o seu corpo.
' ,
," " ,
Por esta razo, este amor encontrado na alma Divina, cuja vontade e desejo de
unir-se com Dus, a fonte de toda vida, chamado de amor oculto uma
aparente contradio em termos; o amor denota uma emoo manifesta, no algo
oculto.
264
Ele chamado de oculto somente quando est obstrudo por uma entidade
estranha (no caso, a alma animal), e no porque ele prprio seja definido como
tendo alguma qualidade de ocultamento, como o Alter Rebe explica:
, " "
Pois ele est oculto e encoberto, no caso dos transgressores de Israel, por uma
vestimenta rude da kelip.
Como o Alter Rebe explica mais adiante, a insensatez consiste na iluso de que,
apesar de seus pecados, ela continua sendo um bom judeu o que uma atitude
de insensibilidade diante da sria ruptura que seus pecados criam entre ele e
Dus. Se um judeu realmente sentisse como cada ato pecaminoso o arranca de
Dus, ele nunca pecaria; pois, apesar de tudo, o amor a Dus dentro de todo judeu
to forte que ele est pronto a sacrificar sua prpria vida por Dus (conforme
foi explicado no captulo anterior). O problema que este esprito de
insensatez entorpece os seus sentidos de tal modo que ele no sente a ruptura
violenta entre ele e Dus que causada por cada pecado praticado.
-
,
Mas este exlio da faculdade da Chochm afeta somente aquele seu aspecto que
est disperso por toda Nfesh e a anima [energiza] com a vitalidade Divina.
265
Estando no exlio, Chochm esta impossibilitada de permear toda a alma e,
atravs dela, permear todo o corpo, com o sentimento de auto-anulao perante
Dus caracterstico de Chochm; de modo que, nesse estado de exlio, ela
incapaz de impedir algum de pecar.
,
. " "
,
.
, ,
, ' -
266
ento ela ergue-se do seu sono (isto , revela-se a Chochm) e exerce sua
influncia com a fora Divina que est investida nela (ou seja, sua influncia
consiste em despertar na pessoa um esprito de auto-sacrifcio por Dus, como o
Alter Rebe explica mais adiante).
,"' "
Conforme est escrito: Ento Dus despertou como algum que estava
dormindo.13
Este versculo refere-se tambm ao nvel de Chochm e luz do Ein Sof investida
nela, a qual estava antes num estado de sono inativa mas que desperta e
exerce sua influncia quando confrontada com uma prova de f.
, '
, ,
isto , nesse estado de conscincia em que ele est, pronto para se sacrificar por
Dus, o pecador no somente domina como perde, totalmente, os seus desejos
por prazeres mundanos, e os objetos dos seus desejos passados so agora
detestveis para ele,
, '
isto , ele dedica a Dus suas faculdades internas seu intelecto e suas emoes,
que aqui so chamadas de sua poro, e tambm suas mais altas faculdades
transcendentes sua vontade e seu prazer, os quais so chamados aqui de seu
destino,
267
de modo que ele est preparado a oferecer sua alma a Dus num ato de auto-
sacrifcio para santificar o Seu Nome.
" ",
,"
Embora as kelipot tenham prevalecido sobre ele por toda a sua vida, e ele fosse
impotente contra elas, (ou seja, por mais que este pecador tenha sido dominado
pelas kelipot durante toda a sua vida, at este momento, em que est disposto a
sacrificar sua vida por Dus) como os Rabinos disseram: Os perversos esto sob
o controle de seus coraes,14 isto , sob controle da alma animal da kelip,
situada na parte esquerda do corao,
, , '
- - ,
mesmo assim, quando ele enfrenta uma prova desafiando sua f em Dus, (uma
f) cujo fundamento est naquele nvel da alma Divina chamado de os cumes
da santidade, isto , a faculdade de Chochm que chamada de Cdesh a
fonte da santidade como anteriormente explicado, na qual est investida a luz
do Ein Sof, bendito seja,
,' -
arec omoc mareterred )abrebos e aicngorra aus rop sotla setnom soa .81
sadarapmoc os euq ,topilek s ,mbmat iuqa ,es-odnirefer( setnom sO
):mbmat atsnoc( e 71;recerep osrevrep o missa ,ogof od etnaid eterred arec a
omoC :siam e 61,...sodahlapse ores ,orecerep ,)suD ed sagimini sa os
euq ,topilek s es-odnirefer( ,suD ho ,sogimini sueT so sodot sioP ):mbmat
atsnoc( e 51;elED etnaid os adan )topilek sa mbmat evisulcni( sean sa
sadoT :otircse tse omoC
Todos esses versculos ilustram como as kelipot somem quando revelada a luz
de Dus, encontrada na Chochm da alma Divina. Portanto, apesar das kelipot,
antes disso, terem estendido seu domnio sobre um pecador, ele capaz de
super-las quando sua f desafiada. Vemos, assim, que todo judeu tem uma
capacidade inata para superar as tentaes graas ao amor oculto a Dus que
268
est em sua alma, originrio de sua faculdade de Chochm. Ele s precisa
despert-la.
O Alter Rebe explicar agora como este amor oculto tambm inclui o temor
a Dus necessrio para a observncia dos mandamentos proibitivos.
- - - ' ,
A fora da luz Divina do Ein Sof que est investida na faculdade da Chochm
da alma to intensa
,
; '
que consegue expulsar e repelir a sitr achar e as kelipot de tal modo, que elas
no possam atingir at mesmo as suas vestimentas da alma, que so o
pensamento, a fala e a ao, que expressam a f da pessoa no Dus nico.
,
, , , '
Isto significa que a luz Divina investida em Chochm possibilita (at ao judeu
pecador) resistir a uma prova de f e sacrificar-se por Dus, at mesmo a ponto
de recusar a cometer um mero ato ftil que seja contrrio sua crena no Dus
nico, como, por exemplo, prostrar-se diante de um dolo, mesmo sem acreditar
nele, em seu corao, de maneira alguma, em cujo caso no sua f (interior)
que est sendo desafiada, e sim a sua expresso exterior de f no dolo, no ato
de prostrar-se; e at mesmo por esta sua expresso de f (contrria ao Dus
nico) um judeu sacrificar sua vida.
, ,'
.'
Assim tambm ele sacrificar sua vida para no falar falsamente (Dus nos livre)
com referncia ao Dus nico e Sua unicidade, ainda que suas palavras no
reflitam seus verdadeiros sentimentos, pois seu corao perfeito (ntegro) em
sua crena em Dus.
269
Esta disposio para o auto-sacrifcio no uma expresso do amor a Dus que
se revela quando confrontado com uma prova de f, pois seu amor no
diretamente afetado por tais aes ou palavras vazias. Na verdade, esta
(disposio) expressa o temor contido no amor oculto, o temor de ser arrancado
de Dus, de romper seu relacionamento com Ele atravs deste ato.
," "
,- -- ,
, ' , -
Pois, por causa deste profundo amor e deste desejo dela (da alma Divina de todos
os judeus de ficar unida a Dus), ela instintivamente teme e amedronta-se de
tocar (Dus nos livre) at mesmo numa ponta externa da impureza da idolatria,
algo que rejeita a f no Dus nico,
: ,
at mesmo onde tal contacto envolve apenas suas roupagens externas, isto , a
fala e a ao (relacionadas com idolatria), sem qualquer f que seja no corao
que validasse tal adorao do dolo.
At mesmo isto a alma teme; e este temor representa o medo contido no amor
oculto.
***
Se um judeu parasse para refletir que ele preferiria, de boa vontade, renunciar
sua vida do que ser afastado de Dus, ele certamente chegaria concluso de
que: (a) ele deveria deixar de fazer qualquer pecado pelo mesmo motivo, pois
todo e qualquer pecado causa uma profunda ruptura entre a pessoa e Dus, e (b)
ele deveria cumprir todos os mandamentos, pois atravs deles alcanado o
objetivo do seu amor oculto a unio com Dus. Dessa maneira, uma pessoa
pode usar seu amor oculto e o temor a Dus contido nele como uma motivao
270
para a observncia de todos os mandamentos, conforme ser explicado mais
detalhadamente nos prximos captulos.
1. Mishlei 20:27.
2. Ievamot 61a.
3. Tehilim 136:6.
4. No cap. 6.
5. Cap. 1.
6. Mishlei 30:15.
7. Bereshit 25:30.
8. Berachot 18b.
9. Cohlet 7:12.
271
Captulo 20
272
auto-iluso de que o pecado no enfraquece a sua ligao com Dus, o chamado
esprito da insensatez, inspirado pela kelip, que lhe permite pecar. Mas
quando ele confrontado com uma tentativa para coagi-lo a praticar a idolatria,
por exemplo, nem tal iluso possvel; pois ele sente, claramente, que est
rompendo sua ligao com Dus. Conseqentemente, isto desperta o profundo
amor a Dus que se encontra dentro de cada judeu, e a ento at mesmo o pior
pecador est disposto a sacrificar prontamente a sua vida por sua f no Dus
nico.
Este mesmo poder de auto-sacrifcio, diz o Alter Rebe, pode dar as foras
necessrias a um judeu para ele se abster de fazer toda e qualquer transgresso,
alm de cumprir todos os mandamentos. Porm, se somente quando h uma
ameaa real desafiando a fidelidade e f em Dus, como no caso de idolatria,
que se desperta e ativa o amor oculto de uma pessoa, como pode este amor servir
para motivar (constantemente) a observncia de todos os mandamentos? O
Alter Rebe comea a fornecer a resposta neste captulo, explicando a relao de
todos os mandamentos positivos com o preceito da crena na unicidade de Dus
(conforme consta no primeiro dos Dez Mandamentos: Eu sou o Snhor, o teu
Dus), e a relao de todos os mandamentos proibitivos com a proibio da
idolatria (o segundo mandamento do Declogo: Tu no ters outros deuses...).
,- ,
, ," "" " :
273
foram transmitidos por Moiss, conforme nossos Sbios disseram,3 pois eles
abrangem a integralidade de toda a Tor.
No entanto, ainda preciso esclarecer melhor este conceito. Por que todos os
preceitos positivos seriam considerados afirmaes da unicidade de Dus, e por
que todas as proibies seriam manifestaes de idolatria? Entende-se e bvio
que a crena em Dus a base de todos os mandamentos. A Mechilta ilustra
essa idia com uma metfora: um rei entra em um pas, e a populao lhe pede
para fornecer-lhes um sistema de leis. Quanto a esta demanda, o rei replicou:
Primeiro aceitem-me como rei de vocs; depois disso eu emitirei meus decretos.
Da mesma forma, a crena no Dus nico constitui o fundamento sobre o qual
todos os outros mandamentos so construdos. Mas por que se considera que os
dois mandamentos referentes unicidade de Dus abrangeriam a totalidade de
toda a Tor, sendo todos os outros mandamentos meramente uma extenso
desses dois?
,
," " ,--
274
Isto , ns devemos entender o significado essencial desta frase, que se presta a
vrias interpretaes: que h somente um Dus, um Criador; que Ele um Ser
nico, e no uma composio de vrios poderes; e assim por diante.
,""
,
Todos crem que Ele Um e nico4 agora, aps a criao, exatamente como Ele
era antes do mundo ter sido criado, quando Ele era Um e estava [obviamente]
sozinho, pois a ento nada mais existia nem fora ainda criado, assim tambm
agora, aps a criao, nada existe alm dEle.
,"' "
Como dizemos (nas oraes dirias): Tu s Aquele que estava (existia) antes
do mundo ser criado, e Tu s Aquele que est (existe) desde que o mundo foi
criado.5
Se o significado desta passagem fosse apenas que Dus eterno, sem princpio
ou fim, bastaria simplesmente escrever: Tu s Aquele que estava (existia desde)
antes do mundo ser criado...; por que o acrscimo aparentemente desnecessrio
das palavras Tu s Aquele que estava (existia) antes do mundo ter sido
criado...?
Isto significa que o acrscimo Tu s Aquele que estava (existia) antes do mundo
ter sido criado...? enfatiza o seguinte: Tu s exatamente Aquele mesmo Dus
antes e depois da criao, sem qualquer mudana, conforme est escrito: Eu,
Dus, no mudei6 desde a criao do mundo. Dus ainda Um e nico, apesar
da presena de mirades de seres, como o Alter Rebe continua explicando.
-
,
275
Assim como Dus era Um e nico antes deles terem sido criados, Ele segue
sendo Um e nico mesmo depois dEle t-los criado.
Mas como pode ser assim? O que dizer de todas as criaturas que existem alm
dEle?
O Alter Rebe agora vai esclarecer melhor este ponto. Sua explicao, em
resumo: Toda criao surgiu atravs da Palavra de Dus. Como ns vemos com
o prprio ser humano, uma palavra no tem qualquer valor que seja quando
comparada ao seu poder de fala o qual tem a capacidade de lhe permitir
continuar a falar inmeras palavras, indefinidamente. Esta palavra tem menor
valor ainda se comparada com o poder de pensamento de uma pessoa, que a
fonte da fala. Se for comparada com a prpria alma, de onde derivam tanto o
pensamento como a fala, uma palavra ou mesmo muitas palavras so,
certamente, como se fossem entidades no-existentes, nulas. Quanto mais,
ento, em comparao com Dus, que infinito: Sua Palavra, que representa Seus
poderes criativos e de vitalizao, como se fosse totalmente no-existente.
, ,
,
276
. '
nada mais que a Palavra de Dus e o sopro de Sua boca7 que est investido
nesses mundos.
, ,
,
, ,
Pois esse poder (da fala) pode produzir um nmero infinito de palavras e em
relao ao infinito, uma palavra no tem qualquer valor que seja.
,
.
Certamente, ento, essa palavra no tem nenhum valor quando comparada com
a vestimenta mais ntima da alma (isto , a vestimenta que est mais prxima
da alma em si), ou seja, seu poder de pensamento, o qual a fonte da fala e sua
fora vital.
277
Como o pensamento mais elevado e mais prximo da alma do que a fala, essa
palavra, certamente, no tem nenhum valor em comparao a ele.
,
,' --
Nem preciso dizer que essa palavra no nada, quando comparada no apenas
com as vestimentas da alma, e sim, quando comparada com a prpria essncia
e entidade da alma, que so seus dez atributos mencionados acima:8 Chochm,
Bin, Dat, etc. (e os sete atributos emocionais),
. ,
Pois tambm o pensamento, como a fala, consiste de letras, exceto que as letras
do pensamento so mais espirituais e refinadas de modo que o pensamento e a
fala compartilham de uma caracterstica comum.
, ,' --
.
Mas os dez atributos: Chochm, Bin e Dat, e assim por diante, so a raiz e a
fonte do pensamento, e, antes de serem investidas na vestimenta do pensamento,
elas carecem ainda do elemento (da vestimenta) das letras.
278
espirituais, eles so, obviamente, de ordem completamente diferente, mais
espiritual, que o pensamento; e a palavra falada certamente destituda de
qualquer valor em comparao a eles. O que segue uma descrio do processo
atravs do qual as letras do pensamento so formadas.
, ,
, -
.
ele (o amor ou desejo) ainda no adquiriu o elemento das letras; ele somente
um desejo e ansiedade puros pelo objeto de sua afeio.
,
,
Quanto mais antes dele comear a sentir em seu corao uma nsia e (profundo)
desejo por esta coisa, enquanto ela ainda est (apenas) confinada dentro do
domnio de seu intelecto (Chochm), entendimento (Bin), e conhecimento
(Dat),
. , ,
Ou seja, enquanto ele (apenas) tomou conhecimento de que tal coisa algo
desejvel e gratificante, algo bom e agradvel para se obter e ficar ligado a ele,
como por exemplo, estudar um determinado assunto (sabedoria) ou comer uma
determinada guloseima ento, nesse estado em que se est apenas avaliando
intelectualmente esse objeto desejvel, antes da avaliao ter se desenvolvido em
uma emoo, certamente no h letras presentes em sua mente.
- ,
279
e somente depois que eles tenham ascendido uma vez mais do corao de volta
ao crebro, para pensar e meditar sobre como concretizar o seu desejo atravs da
obteno, na prtica, daquele alimento ou do estudo, na prtica, daquele assunto
,
:
***
1. Shemot 20:2-3.
3. Macot 24a.
280
7. Tehilim 33:6.
8. Cap. 3.
281
Captulo 21
Uma vez que1 a natureza da ordem Divina no como a do ser humano, uma
criatura de carne e sangue, por isso, os termos humanos no podem descrever
adequadamente as qualidades Divinas. Ento, no nosso caso:
, , ,
, --
, ,
282
Mas a fala de Dus no est separada do Seu prprio ser Divino (Dus nos livre),
pois nada est fora dEle e nenhum lugar est destitudo dEle,2 de modo que
Sua fala est sempre contida nEle.
, [
.]"' " ," "
Portanto, Sua fala no como a nossa fala, Dus nos livre (assim como,
obviamente Seu pensamento no como o nosso pensamento, conforme est
escrito: Pois Meus pensamentos no so como os pensamentos de vocs;3 e
tambm est escrito: Assim Meus caminhos so mais elevados que os caminhos
de vocs [e Meus pensamentos so mais elevados que os pensamentos de
vocs]).4 Da mesma forma, a fala de Dus diferente da fala humana.
Mas se a fala Divina realmente nunca est separada de Dus, como ela pode ser
descrita como fala? A fala humana constitui uma comunicao somente
porque a palavra falada torna-se separada daquele que fala. (O pensamento, em
contrapartida, por permanecer dentro da alma da pessoa, est oculto de todos
exceto daquele que pensa). Porm, como nada jamais fica separado de Dus, o
termo fala aparentemente no nos fornece nenhum entendimento sobre como
a natureza da comunicao Divina.
Em sua explicao, a seguir, o Alter Rebe afirma que a fala caracterizada por
duas qualidades: (a) ela revela o que estava previamente oculto nos pensamentos
de quem fala; (b) ela se torna algo separado de sua fonte. Apenas a primeira
caracterstica da fala humana anloga fala Divina, que revela para a Criao
o que estava at ento oculto dentro da Divindade.
, ""
,
,- -
." "-
283
assim tambm a luz e a fora vital do Ein Sof que emergiram do ocultamento
antes da criao para a revelao, atravs do ato da criao, com o objetivo de
criar e dar vida aos mundos, so chamadas de fala.
Nesse caso, a audincia so os seres criados, os quais, pelo menos na sua prpria
perspectiva, esto separados de Dus.
Assim tambm, todas as outras palavras da Tor, dos Profetas, e das Escrituras
Sagradas so tambm chamadas de fala mesmo que estas palavras no foram
reveladas com o propsito de criao (como as dez acima citadas) uma vez que
elas tambm representam a revelao Divina, as quais os Profetas captaram com
sua viso proftica.
Da conclu-se que, quando nos referimos revelao de Dus como Sua fala,
a analogia se estende somente fala no sentido de revelao e comunicao,
mas no no sentido de fala como algo separado daquele que a fala uma idia
que no aplicvel a Dus.
, ,
,
Assim, a fala e o pensamento de Dus esto unidos com Ele em uma unio
absoluta [e total], assim como a fala e o pensamento do homem antes dele
efetivamente os expressar como fala e pensamento, ou melhor enquanto eles
esto ainda em sua faculdade de sabedoria e intelecto,
, ,
284
Nesse ponto, antes que algum fale ou pense esta idia, as letras de sua fala e
pensamento, que se desenvolvem a partir da nsia e do desejo (acima citados),
estavam ainda num estado potencial no corao,
,
.
-- , ,
,
. ,
,
, ,
Assim, para Dus, nada mudou em absoluto por causa da revelao de Sua fora
criativa na Criao. S houve mudana causada pela Criao em relao aos
seres criados, que recebem sua fora vital da Palavra de Dus assim que ela saiu
de seu ocultamento, antes da criao, passando para a ao, atravs da criao
dos mundos.
285
no momento em que ela (a palavra de Dus) se investe nesses mundos, para dar-
lhes vida.
Esse processo ocorre atravs de uma gradual descida de nvel a nvel (com o nvel
mais elevado sendo chamado de il, a causa, e o nvel mais baixo, de alul,
o efeito), e uma descida de nvel gradual atravs de numerosas e variadas
contraes (tsimtsumim), ou seja, um progressivo decrscimo na intensidade dos
poderes Divinos revelados.
Uma revelao intensa da fora vital Divina criaria seres cuja identidade seria
inteiramente anulada dentro da sua fora vital ou seja, ofuscaria as Suas
criaturas. O objetivo Divino, na criao, foi de que Suas criaturas vissem a si
mesmas como algo separado de Dus, e que atravs de seus prprios esforos
chegassem a obter um esprito de auto-anulao em relao ao seu Criador. Foi
com este objetivo de manter, de alguma forma, a identidade das Suas criaturas
que Dus revelou Seu poder criativo numa intensidade gradualmente menor,
somente atravs de uma srie de contraes, cujo efeito o Alter Rebe explicar
agora:
," "
. ,
-
,
E como esta luz e fora vital esto ocultadas atravs de tsimtsumim, por isso
tambm a luz e a fora vital da Palavra de Dus que est investida neles nos
seres criados parecem-lhes ser algo separado do Prprio Dus,
286
e parece a eles como se esta luz e fora vital somente derivassem dEle, como a
fala do ser humano que emana dele mas torna-se separada dele.
Esta falsa percepo da fora vital Divina como sendo algo separado de Dus
possvel somente porque a fora vital est oculta da criao por meio dos
tsimtsumim.
,--
," " ,
,"' " :
como est escrito: Nem mesmo a escurido pode ocultar [algo] de Ti.8
Isto tambm pode ser interpretado como: Mesmo a escurido no oculta nada
porque ela deriva de Ti; ou seja, o prprio vu de ocultamento dos tsimtsumim
de origem Divina e, portanto, no pode ocultar nada de Dus. Pois, como o
Alter Rebe explicar a seguir, somente um corpo estranho poderia obstruir e
ocultar; um ser no pode se ocultar de si mesmo.
,
,
287
que obscurece Dus, pois ele est essencialmente unido com Yud-kei-vav-kei, o
poder de revelao.
1. Berachot 40a.
3. Yeshaihu 55:8.
4. Yeshaihu 55:9.
5. Avot 5:1.
6. Bereshit 1:3-11.
8. Tehilim 139:12.
288
Captulo 22
289
desejo ou o entendimento que instigou o pensamento que finalmente produziu
a palavra falada.
Neste captulo, o Alter Rebe explicar que, como a Tor usa o termo fala em
relao revelao Divina, ns devemos dizer que a fala Divina tambm contm,
pelo menos em certa extenso, a segunda caracterstica da fala humana (isto ,
que ela se torna separada de quem fala). Ele explica que a fala Divina
realmente separada, mas somente com respeito aos seres criados pela fala
Divina so eles que sentem e encaram a Palavra de Dus que os criou, assim
como tambm sentem e encaram a si mesmos, conseqentemente, como algo
distinto e separado de Dus. Mais especificamente, este o caso das kelipot e
sitr achar, que representam uma negao da unicidade de Dus.
,
, "" -
Pois na verdade assim a Palavra de Dus realmente est separada dEle, mas
no em relao a Ele Prprio, e sim distinta e separada somente em relao
s Suas vrias criaturas, como ser explicado logo a seguir; e esta separao
acontece por meio da descida e do fluxo da fora vital para os planos mais baixos.
, ,
. ,
290
Realmente, so to grandes e poderosas as contraes e o encobrimento do
Semblante Superior, (isto , o aspecto interior e mais profundo da fora vital
Divina to fortemente ocultado),
Por maior que fosse a quantidade de contraes, estas no poderiam fazer surgir
as kelipot. Mesmo no seu nvel mais baixo, a fora vital Divina no poderia
ordinariamente produzir criaturas que negam a existncia Dus. a qualidade e
a intensidade dos tsimtsumim, mais do que sua quantidade e numerosidade, que
permitem que as kelipot venham a existir,
. '
," e "
."" ""
, ," "
. ,
, "" ,
. '
, ' ,
Ele no lhe d vida da Sua Vontade interior e Seu verdadeiro desejo como se
tivesse deleite nela, Dus nos livre,
E sim, (Dus d vida sitr achar) como algum que, de m vontade, lana algo
sobre seu ombro ao seu inimigo. Isto Ele faz no por Sua Vontade interior,
, ,
292
.- ""
. "" ,
"" ,
, ' , , ,
E como ela (a Vontade Divina) no paira sobre a sitr achar de forma nenhuma,
e at mesmo as costas da Vontade Divina no esto efetivamente investidas
dentro dela (da sitr achar), mas somente a circundam por cima, por isso (a sitr
achar) o lugar onde est a morte e a impureza (que Dus nos proteja delas!).
"" ,
. , ,
Pois a minscula medida de luz e vitalidade que ela (a sitra achar) absorve
internamente e obtm do aspecto externo (as costas) da santidade Divina,
encontra-se, realmente, como se estivesse exilada como no conceito do exlio
da Shechin [dentro das kelipot] descrito anteriormente.5
," "
por esta razo tambm que a kelip chamada de outros deuses, alm da
razo dada acima, isto , que as kelipot derivam de achoraim, as costas da
Vontade de Dus,
.--
293
poder que determina o carter de cada ser; ela (esta fora vital) se une e se funde
totalmente com a criatura que influenciada por ela na verdade, essa fora
vital internalizada torna-se a sua prpria identidade. O segundo tipo de fora
vital de uma natureza transcendental e abrangente. Ela no se adapta ao carter
individual de cada ser, e no fica investida dentro dele; na verdade, ela lhe d
vida por fora, por assim dizer a vitalidade que ela irradia vem de seu prprio
nvel, muito acima do nvel da criatura qual ela transmite sua vitalidade.
As kelipot tambm recebem sua vitalidade atravs desses dois tipos de fora
vital Divina. Este segundo tipo de fora vital, que de uma natureza
transcendental e abrangente, como no permeia as criaturas, no conflita com o
ego delas. Assim, as kelipot podem se considerar seres independentes, mesmo
enquanto reconhecem que Dus a fonte da vitalidade delas. Elas no necessitam
neg-Lo. Com respeito a este tipo de fora vital Divina, as kelipot so chamadas
de elokim acherim outros deuses somente porque elas recebem sua vida de
achoraim, das costas da Vontade de Dus.
-
,--
Pelo contrrio, ela voa alto como uma guia, dizendo: Eu que existo e nada
h alm de mim;6 ou, como na afirmao do Fara: O rio meu e eu criei a
mim mesmo!.7
, "
294
Por isso os Sbios, de abenoada memria, disseram que8 a arrogncia
realmente igual idolatria.
, ,
, ' ,
Pois a essncia e a raiz da idolatria o fato dela ser considerada uma entidade
independente, separada da santidade de Dus; a idolatria no implica uma
completa rejeio de Dus;
,"e e "
,
, ,-
Pois a santidade superior repousa somente sobre aquele que se anula diante
dEle, conforme explicado acima.10
, " "
Por essa razo, o Zhar11 chama as kelipot de cumes de separao isto , elas
so to altivas quanto os cumes das montanhas, e por serem arrogantes e
soberbas esto separadas de Dus.
, ,
E isto constitui uma negao da verdadeira unidade de Dus, pois dizer que Dus
um afirmar que tudo considerado como se fosse nada diante dEle,12 e
que tudo est totalmente nulo diante dEle,
: ,
295
e diante de Sua Vontade que d vida a todos e que constantemente os traz
existncia a partir do nada.
Com isso, o Alter Rebe conclui uma etapa da anlise que comeou no captulo
20. L ele estabeleceu que, com o objetivo de explicar como todos os
mandamentos da Tor esto enquadrados nos dois mandamentos referentes
idolatria, necessrio primeiro esclarecer o verdadeiro significado de idolatria.
Isto, por outro lado, tornou necessria uma explicao mais profunda sobre o
significado da unicidade de Dus, que o que a idolatria rejeita. Assim sendo, o
Alter Rebe teve de explicar que a unicidade de Dus significa que no somente
existe apenas um Dus, e sim que Dus o nico ser existente. Tudo o mais
nada diante dEle. Assim, qualquer sentimento (tal como o sentimento das
kelipot) de uma identidade prpria, separada de Dus, representa realmente
idolatria.
Nos prximos dois captulos, o Alter Rebe retoma sua explicao sobre como o
conceito acima, da unicidade de Dus, encontra expresso em todas as mitsvot
da Tor.
296
1. Berachot 31b.
4. Devarim 12:31.
5. Captulo 19.
8. Sot 4b.
9. Menachot 110a.
10. Captulo 6.
297
Captulo 23
Nos captulos anteriores, o Alter Rebe explicou que, do ponto de vista de Dus,
nada nunca esteve, est ou estar separado dEle, pois a Palavra Divina que
cria tudo diferente da palavra falada por um ser humano. Esta se torna algo
separado de quem fala, enquanto a Palavra Divina que cria tudo permanece
sempre dentro de sua fonte: Dus. Somente do ponto de vista subjetivo dos seres
298
criados que eles podem ser considerados como algo distinto ou separado de
Dus, entidades independentes. Eles so capazes de julgarem-se como algo
distinto somente por receberem a fora vital Divina que lhes d vida por meio
de muitos tsimtsumim e atravs do ocultamento do Semblante Divino, isto ,
o ocultamento do aspecto mais profundo e elevado da Vontade de Dus.
,
," -"
luz de tudo que foi dito acima, ns podemos entender melhor e esclarecer mais
plenamente a afirmao no Zhar1, de que A Tor e Dus so um s,
Note bem, no entanto, que, de acordo com essa analogia, as mitsvot nada mais
so que os rgos de Dus. Um rgo do corpo no est unido com a alma. Na
verdade, quando algum poder especfico da alma est investido em seu rgo
correspondente, eles funcionam juntos como se estivessem unidos e fossem um
s. Mas eles continuam sendo apenas duas entidades separadas que foram
juntadas. Justamente por isso, as mitsvot no esto efetivamente unidas com
Dus: elas simplesmente esto (por assim dizer) juntadas a Ele. Contudo, a
Tora, cujo inteiro propsito explicar as mitsvot, est inteiramente unida com
299
Dus, conforme mencionado anteriormente do Zhar. Qual o significado dessa
maior unio com Dus encontrada na Tor (e no ato de estudar Tor), que
ultrapassa at a unio com Dus alcanada atravs das mitsvot e no seu
cumprimento? isto que o Alter Rebe explicar agora.
,
,
Isto pode ser ilustrado por uma simples analogia: um homem viaja para o exterior
a negcios. Naturalmente, ele viaja porque assim o deseja. No entanto, o
verdadeiro motivo por trs desta viagem, que o seu desejo interior, bsico,
conseguir obter o lucro que ele espera colher. Se ns sondarmos ainda mais a
fundo o que o leva a fazer esta viagem, descobriremos que o desejo de obter lucro
ainda apenas uma expresso exterior de um desejo ainda mais profundo, mais
interno: a sua vontade ou desejo de obter certas coisas que ele s poder
adquirir graas ao lucro deste seu negcio. Assim, finalmente chegamos ao
verdadeiro objeto do seu prazer. este desejo que cria o desejo pelo lucro, o qual
conduz, por sua vez, ao seu desejo em viajar.
300
A prpria vitalidade e sustentao de todos os mundos depende da realizao
das mitsvot pelas criaturas dos mundos inferiores, como j se sabe que a
realizao de uma mitsv atrai vida e sustentao Divina para dentro de todos
os mundos.
uma vez que devido a essa realizao das mitsvot que a luz e a vida dos mundos
emanam da Vontade Divina, para serem investidas neles.
Ou seja: como Dus deseja que os mundos existam somente como um veculo
para a realizao das mitsvot, conforme explicado acima, somente por esta
razo que Ele d vida aos mundos.
, ," "
,
,
, ,
como evidente do fato de que, assim que uma pessoa deseja estender sua mo
ou seu p, eles obedecem imediatamente sua vontade, sem qualquer comando
ou instruo adicionais dirigidos para eles e sem qualquer demora,
e sim no mesmo instante em que isto chegou sua vontade ou seja, assim que
deu vontade, o movimento realizou-se sem demora.
301
um comando interno de uma faculdade para outra (como se o poder da lgica
devesse instruir ou ordenar ao poder da ao para ativar a mo). No entanto,
quando a vontade de algum que ativa os rgos de seu corpo, tal comando
intermedirio no est envolvido na ao.
, -
. ,
, ,
,
.
ela (a ao) investe-se na vitalidade da execuo das mitsvot, e assim ela tambm
se torna uma espcie de corpo para a alma em relao Vontade Divina; isto
, o poder de ao da alma torna-se unido com a Vontade Divina, da mesma
maneira como o corpo de uma pessoa est unido com sua alma, ficando
completamente subjugado Vontade Divina.
e ,
, ,
Dessa maneira, aqueles rgos do corpo humano que executam a mitsv isto
, aqueles rgos nos quais o poder de ao da alma Divina est investido
durante a realizao e o cumprimento da mitsv eles tambm se tornam um
verdadeiro veculo (literalmente, mercav uma carruagem) para a Vontade
Divina.
, ,
302
Por exemplo, a mo que distribui caridade ao pobre ou executa outro
mandamento se torna, no ato da execuo da mitsv, uma carruagem para a
Vontade Divina.
, ,
.- '
Quando esses rgos esto ocupados com as mitsvot, eles ficam totalmente
subordinados, como uma carruagem, Vontade Divina (que permeia e est)
investida nessas mitsvot.
Notem que um rgo fsico torna-se apenas uma carruagem para a Vontade
Divina. Ele no se anula nem se une com a Vontade Divina da mesma forma
que o poder da ao da alma Divina, cuja unio com Dus o Alter Rebe
comparou, anteriormente, unio do corpo com a alma. A unio do corpo com
a alma ultrapassa (e mais elevada) que a unio que existe entre a carruagem e
o seu condutor. O corpo e a alma, embora originalmente estejam separados e
sejam duas entidades diferentes, uma fsica e a outra espiritual, tornam-se uma
entidade s quando unidas. Nenhuma parte do corpo destituda da alma, assim
como tambm a alma se adapta completamente ao corpo, transformando-se em
uma fora vital para o corpo. O poder da ao da alma Divina, por ser um poder
Divino, pode alcanar esse nvel de unio com Dus quando empregado na
execuo de uma mitsv.
Por outro lado, os rgos do corpo, embora tambm estejam envolvidos com o
cumprimento de uma mitsv, no podem atingir um nvel mais elevado do que o
nvel da carruagem, pela comparao citada anteriormente. Uma carruagem,
por no ter nenhuma vontade prpria, completamente subserviente ao seu
condutor; porm, bvio que a carruagem no est unida com o seu condutor.
,
:
303
pois todos os seus rgos estavam completamente santificados e desligados das
questes mundanas, e durante toda a sua vida eles serviram como um veculo,
nica e exclusivamente, para a Vontade Divina.
***
At este ponto o Alter Rebe explicou dois nveis de unio com a Vontade
Divina: uma, comparada unio da carruagem com o seu condutor, e a outra,
comparada unio do corpo com a alma. Estes dois nveis de unio com Dus
so alcanados atravs da execuo, na prtica, das mitsvot. Agora, o Alter Rebe
vai descrever um terceiro nvel de unio com Dus que ainda mais elevado que
os dois anteriores, que a unio alcanada atravs do estudo da Tor.
, ,
,e
. "" ,
304
todos eles esto fundidos em uma unio total e completa com a Vontade Divina
e no so meramente um veculo, uma carruagem para ela,4 como so a boca
e o crebro, onde o pensamento e a fala do estudo de Tor se realizam.
A expresso unio total indica que os dois se fundem e se tornam uma coisa
s; diferente, por exemplo, da unio do corpo com a alma, os quais retm suas
identidades distintas, mesmo quando eles so juntados, formando uma
unidade. Um exemplo de uma unio total pode ser encontrado na unio da
alma com os seus poderes, os quais so parte dela e, por isso, esto
completamente unidos com ela. Da mesma maneira, a alma Divina e seus
poderes de fala e pensamento esto unidos com a Vontade Divina quando
algum pensa ou fala sobre assuntos de Tor.
O Alter Rebe vai explicar agora como o estudo de Tor capaz de efetuar este
nvel de unio.
,
,
pois Dus quis que fosse assim que determinada coisa seja considerada
permissvel ou casher; ou que esta pessoa seja considerada isenta e outra,
inocente; ou o inverso.
Uma vez que toda halach expressa a prpria Vontade Divina, a unio que o
estudo da halach efetua entre a alma e a Vontade Divina ultrapassa at mesmo
o nvel de unio que h entre o corpo e a alma.
- , "
.' , -
305
Assim, quando o indivduo estuda a Tor, os Profetas e as Escrituras Sagradas,
ele une-se com a Sabedoria e a Vontade Divina, as quais esto totalmente unidas
com o Prprio Dus.
A diferena entre os dois nveis de unio com Dus alcanados atravs da Tor
e das mitsvot, respectivamente, pode ser esclarecida atravs da seguinte analogia:
Um rei ordena a seus servidores que construam um palcio para ele e lhes
desenha uma planta detalhada de como quer que este palcio seja. Quando
executam suas ordens, eles esto unidos com o desejo dele, do rei, conforme foi
expresso neste palcio. No entanto, as prprias paredes do palcio no
representam a vontade e a sabedoria do rei que esto expressas, sim, na planta
que ele desenhou para o palcio. Assim, os arquitetos que estudam esta planta
feita pelo rei esto efetivamente envolvidos no estudo da vontade e da sabedoria
do rei.
Pois, como foi explicado acima, a unio das mitsvot com Dus como a unio
do corpo com a alma, onde duas entidades separadas so juntadas, enquanto a
Tor e Dus so totalmente unidos, so uma coisa s.
, - -
, , ,
,
Assim sendo, como a Vontade Divina, que totalmente unida com o Prprio
Dus, fica completamente revelada na alma Divina e em suas vestimentas
interiores isto , no seu pensamento e na sua fala quando uma pessoa se
ocupa com palavras de Tor, e no havendo nada que oculte a Vontade Divina
naquele momento, pois, quando algum estuda Tor, a Vontade e a Sabedoria
306
Divinas contidas nela adquirem plena expresso na alma da pessoa e em seus
poderes de pensamento e fala,
- - -
,
, --
com uma unio comparvel quela da fala e do pensamento de Dus com Sua
prpria essncia e ser, conforme explicado acima.5
Somente quando a Vontade Divina mais interior est oculta que as criaturas
sentem-se como entidades distintas de Dus (como foi explicado no cap. 22).
Uma vez que no h tal encobrimento quando algum estuda Tor, possvel
alcanar por esse meio uma unio total e perfeita com Dus uma unio
comparvel quela da fala e do pensamento de Dus com Ele Prprio antes de
sua revelao como fala e pensamento, conforme eles esto contidos dentro
dEle Mesmo.
- -- ,
,
Alm disso, a unio deles (a unio da alma Divina e seus poderes com Dus, que
alcanada atravs do estudo da Tor) ainda mais sublime e mais poderosa
que a unio da luz infinita de Dus com os mundos espirituais superiores.
,
,
,
," " ,
307
E todos os mundos (espirituais) superiores recebem sua vitalidade por meio da
luz e da vida derivadas da Tor, que a sabedoria e Vontade de Dus; conforme
est escrito: Tu os fizeste todos com sabedoria.6
A Tor deve estar acima de todos os mundos, por ser a origem deles.
," "
. ,
e esse nvel que transcende a todos os mundos que est investido de forma
realmente revelada na alma de uma pessoa e nas vestimentas de sua alma quando
ela estuda Tor,
, , '" [ --"
.]
muito embora ela no o veja.8 Ou seja, quando uma pessoa estuda Tor, ela
incapaz de conscientemente experimentar, sentir, o grau de unio de sua alma
com Dus que alcanado por esse meio, embora sua alma o sinta. (9Alis,
justamente por isso que ela pode suportar tal unio com Dus justamente
porque ela no pode senti-la, diferentemente do que ocorre nos mundos
superiores onde a Divindade no est to oculta como est neste mundo, pois
neste mundo as criaturas no podem suportar tal unio com Dus sem se
tornarem completamente anuladas, perdendo inteiramente a sua prpria
identidade).
308
Com esta explicao sobre a sublime unio com Dus que se alcana atravs do
estudo da Tor, que ainda maior que aquela atingida pela execuo das
mitsvot, pode-se explicar por que o estudo da Tor to mais elevado que todos
os outros mandamentos, incluindo at a reza, que efetua a unio (integrao)
dentro dos mundos superiores.
.] ,[
(9 Embora a lei exija que todo aquele cujo estudo de Tor no sua ocupao
em tempo integral interrompa o seu estudo para rezar,10 o que pareceria
indicar que a reza seja mais importante que o estudo de Tor porm, neste
caso, a lei assim somente porque, de qualquer maneira, ele vai interromper os
seus estudos pois o seu estudo feito em tempo parcial).
, - --
ao meditar sobre como sua alma e suas vestimentas de pensamento e fala, que
se encontram em seu crebro e em sua boca, esto realmente unidos em uma
fuso e unio total com a Vontade Divina e a luz infinita do Ein Sof que esto
reveladas nelas na alma e nas suas vestimentas quando ele estuda Tor.
,
,
, , ,
.
Esta luz infinita, Or Ein Sof, revelada atravs do estudo de Tor de uma pessoa,
de um nvel to elevado que todos os mundos, superiores e inferiores,
comparados com ela, so considerados como se no existissem, como se fossem
absolutamente nada, tanto que eles somente conseguem tolerar uma poro
mnima da luminosidade espiritual contida neste estudo investida dentro deles
309
sem que eles voltem a ser um nada absoluto (ou seja, caso contrrio, se eles
captassem mais luminosidade, seriam totalmente ofuscados e anulados por ela,
voltando a ser nada). A principal fora vital que eles recebem dela (da luz do Ein
Sof), contudo, no est investida dentro deles, e sim ela lhes d vida por fora,
por assim dizer, de uma maneira transcendente e abrangente.
Quando uma pessoa pensa e se conscientiza de que h uma luz Divina que est
acima e alm da capacidade de ser captada por todos os mundos espirituais
superiores (e que uma luz to elevada que os ofuscaria!) e que essa mesma
luz encontra-se de forma revelada e manifesta no seu estudo da Tor, esta
pessoa, naturalmente, arrebatada por um profundo sentimento de temor e
reverncia ao estudar Tor.
De acordo com este versculo, observar as mitsvot parece ser o primeiro passo,
e isto que levaria a pessoa ao temor a Dus. No entanto, pela lgica, o
cumprimento dos mandamentos de Dus parece ser a conseqncia do temor a
Dus, e no a sua causa. Por isso, o Alter Rebe explica que o versculo acima
fala de um nvel de temor a Dus mais elevado do que aquele que seria um mero
pr-requisito para a execuo dos mandamentos. Este nvel somente pode ser
alcanado como conseqncia do cumprimento dos mandamentos.
,"[ "
.] ," "
Contudo, no toda mente que consegue suportar tal temor mais elevado, acima
citado. No entanto, mesmo a pessoa cuja mente no consegue suportar tal temor,
nem mesmo uma minscula parte dele, porque a raiz e a fonte de sua alma deriva
de um nvel inferior os nveis mais baixos das Dez Sefirot do Mundo de Assi
mesmo essa pessoa no deve deixar de praticar a Tor e as mitsvot por falta
deste temor, como ser explicado mais tarde.16
2. Tikun 30.
5. Captulo 21.
6. Tehilim 104:24.
8. Meguil 3a.
311
10. Shabat 11a; Rambam, Hilchot Tefil 6:8; R. Shneor Zalman, Shulchan
Aruch 106:4.
A relevncia desse assunto aqui est no fato de que toda esta anlise das
qualidades da Tor e das mitsvot tem como objetivo mostrar como esta coisa
est muito prxima de ti... em tua boca e em teu corao (ver nossa
introduo ao cap. 18). Obviamente, quanto maior o temor a Dus, mais
prximos de ti estaro a Tor e seus mandamentos.
312
Captulo 24
313
ele explicou, significa no somente que h apenas um Dus; e sim que Dus o
nico ser existente, e tudo o mais est contido dentro dEle. Por outro lado, a
idolatria no significa, necessariamente, negar a existncia de Dus, ou negar que
Ele seja algo distinto e acima de tudo. Qualquer declarao de que existe algo
alm de Dus e que seja distinto ou separado dEle tambm constitui um ato de
idolatria.
No captulo 23, o Alter Rebe estabeleceu que atravs da Tor e das mitsvot,
nas quais a Vontade Divina permanece revelada, alcana-se uma unio total e
perfeita com Dus.
Neste captulo ele explica que uma transgresso tem o efeito exatamente oposto
da mitsv. Enquanto uma mitsv junta uma pessoa a Dus, uma transgresso a
separa de Dus; enquanto uma mitsv testemunha a unicidade de Dus, uma
transgresso implica em idolatria.
, "
-
,
314
, , '
, "
." " , -
todas elas ficam totalmente unidas com esta sitr achar e kelip, que
chamada de avod zar idolatria.
, ,
No s elas esto unidas com a kelip, igualando-se a ela, como tambm, alm
disso, elas tornam-se secundrias e subordinadas a ela ( kelip), tornando-se
bem mais inferiores e degradadas que ela.
, ,
, -" "
Embora Bilam fosse uma kelip investida dentro de um corpo fsico, mesmo
assim, quando ele expressou aquilo que a kelip espiritual, o poder proftico
impuro (com o qual ele desejava amaldioar o povo judeu) que estava dentro
dele, tinha a dizer, ele disse: Eu no posso transgredir a Palavra de Dus.
Embora as kelipot sejam chamadas de avod zar, idolatria, que uma rejeio
de Dus, no entanto elas se referem a Ele como o Dus dos deuses, indicando
que elas no O rejeitam completamente.
, ,
, - " "
Elas no podem violar a Vontade de Dus, pois sabem e percebem que Ele a
vida e o sustento delas, pois elas derivam sua nutrio (sua fora vital) das
costas (o aspecto mais exterior) da Vontade Divina que as abrange.
. ,
somente o sustento e a fora vital que est dentro delas, isto , a fora vital
interior que acaba constituindo a identidade de todo ser criado, como foi
explicado no captulo 22, que est em um estado de exlio, de modo que elas se
consideram como se fossem deuses o que uma rejeio da unicidade de Dus.
, ' ,
, ," "
316
Portanto, elas nunca se rebelam contra a Vontade de Dus.
-
," " " " ,
Conclui-se, ento, que a pessoa que transgride a Vontade de Dus muito mais
inferior e degradada que a prpria kelip e a sitr achar, que so chamadas de
avod zar e outros deuses.
, --
.
,' "
,' ,'
Isto semelhante ao que consta no livro ts Chayim, Portal 42, final do captulo
4, que o mal neste mundo material constitudo dos resduos das grosseiras
kelipot; que ele o sedimento do processo de purificao, e assim por diante.
Ou seja, depois que todas as centelhas do bem, que se encontram nas kelipot,
so isoladas e elevadas, o que sobra a kelip em sua forma mais baixa e
grosseira. Esta kelip o mal encontrado neste mundo material.
:' ,
Por essa razo, todos os assuntos relacionados a este mundo so duros (difceis)
e ruins, e os perversos prevalecem nele, e assim por diante.
Os Sbios afirmam que h uma relao, em hebraico, entre a raiz do verbo vya,
(tist) desviar-se e a palavra ,uya (shtut) tolice, bobeira, insensatez.
, ,
317
Pois mesmo uma mulher adltera, com sua natureza frvola, poderia controlar
seu impulso ardente, se no fosse envolvida pelo esprito de tolice que se
encontra dentro dela,
,
, , '
, ,
(Um esprito de tolice) que cobre e dissimula o amor oculto dentro de sua alma
Divina, que anseia manter-se apegado sua f em Dus, unicidade Divina e
unio com Dus, e que resiste, at sob ameaa de morte, a qualquer coisa que
possa separ-la do Dus nico, atravs da prtica da idolatria, Dus nos livre!
Ou seja, at esta adltera preferiria sacrificar sua vida em vez de sucumbir
coao para praticar a idolatria,
. ' ,
somente este esprito de tolice e insensatez, essa idia e iluso de que seu
pecado no seria to grave a ponto de separ-la de Dus, que a levou a cometer
o adultrio.
318
A distino que ela faz entre a proibio contra a idolatria e aquela contra o
adultrio , tambm, um raciocnio do esprito de tolice derivado da kelip.
Este esprito de tolice a torna insensvel enorme ruptura entre ela e Dus que
criada por todo e qualquer pecado. Se estivesse consciente dessa ruptura em
relao a Dus, ela certamente dominaria o seu desejo e deixaria de pecar.
, ,
. , '
Este esprito de tolice, que envolve a alma Divina, apesar de tudo, somente pode
envolv-la at, mas sem incluir, o seu poder de Chochm, o qual, conforme j
foi explicado no captulo 18, representa o poder da f em Dus; esta f no
afetada pelo esprito de tolice, por causa da luz Divina que est investida no
poder de Chochm, como foi explicado acima.5
Portanto, quando confrontada com algo que afeta diretamente a sua f em Dus,
tal como a idolatria, onde o esprito de tolice impotente, ela ser capaz de
sacrificar sua vida de boa vontade e no praticar a idolatria. Mas, quando se
defronta com a tentao do adultrio, onde o esprito de tolice pode e
consegue encobrir a sua f em Dus e o seu amor oculto por Ele, ela sucumbe
ao pecado. Conforme afirmado acima, esta distino subjetiva entre os dois casos
deriva da insensatez e da insensibilidade em relao Vontade Divina.
- , ,
,-
,
, , " " " e"
319
Assim sendo, a pessoa que transgride at mesmo um pecado menor pior e mais
baixa que as kelipot e tudo o que deriva delas.
," "
, ,
Isto significa que mesmo o mosquito que, como o Talmud afirma, consome
alimento, mas no o excreta, representando uma kelip (um estgio espiritual de
impureza) que o cmulo do egosmo ela absorve (dos outros) mas no d
nada de si (para os outros, nem o refugo),
,
,- , -
Isto significa que a kelip, simbolizada pelo mosquito, deriva sua fora vital de
um nvel mais elevado da Divindade do que aquela da qual o pecador recebe o
seu sustento (sua fora vital).
, ,
,' -- , ,
320
E com certeza as outras criaturas impuras e at mesmo os animais ferozes esto
em um nvel espiritual mais elevado que o pecador. Todos esses no se desviam
de sua funo, que lhes foi Divinamente imposta, e sim obedecem ao comando
de Dus. Por mais que eles no tenham conscincia disto, pois o animal no pode
captar conscientemente a ordem de Dus, no entanto, o esprito deles consegue
capt-lo.7
Isto , a fora vital Divina que lhes d vida, a qual est consciente da Vontade
Divina, no lhes permite agir contra a Vontade Divina, transgredindo-a.
"," "
;""
Como est escrito: O temor e medo de vocs estar sobre todo animal da
terra,8 e os nossos Sbios explicam: Um animal selvagem jamais desafiar um
ser humano a no ser que ele (o ser humano) lhe parea ser um animal.9
- " e "
. ,
- ,
, ,
Assim sendo, bvio que quem peca e transgride indo contra a Vontade de
Dus, mesmo tratando-se de um pecado de menor importncia (aparentemente),
no momento em que comete esta ofensa, fica totalmente afastado da Santidade
Divina, ou seja, afastado da unicidade Divina e da unio com Dus.
321
Tudo o que foi citado acima demonstra como o amor oculto de uma pessoa por
Dus lhe permitiria superar e dominar seu desejo de transgredir qualquer pecado.
Se ela tivesse em mente que por causa de tal transgresso ela romper sua
conexo com Dus separando-se dEle e ficando ainda mais afastada de Dus do
que as criaturas impuras, ela certamente se afastaria de todo pecado, assim como
ela recua e se afasta do pensamento de idolatria por ter conscincia de que tal
transgresso, assim como a idolatria, representaria uma agresso direta contra o
seu amor a Dus e a sua f nEle.
- ,
Ou seja, isto tudo parece indicar que a Tor distingue entre a idolatria e a
maioria dos outros mandamentos enquanto o Alter Rebe anteriormente
estabeleceu que a adltera que faz tal distino estava sendo enganada pelo
esprito de insensatez, pois na realidade todo pecado remove uma pessoa de
Dus da mesma forma que a idolatria.
O fato de que salvar uma vida anula outras proibies por causa do seguinte
motivo, como os Sbios explicam, A Tor declara: Profane um Shabat por
causa dele [para salvar a vida de algum], para que ele possa viver para poder
observar outros Shabatot.11
322
para cur-lo, de modo que ele possa viver para observar outros Shabatot no
futuro. Assim, o preceito do Shabat no foi colocado de lado diante de algum
fator alheio e externo mais importante que o Shabat. O Shabat foi profanado
tendo em vista o prprio interesse do Shabat, isto , a futura observncia do
Shabat por parte do paciente por isso ns profanamos este Shabat especfico,
,[
,
Neste trecho do Shulchan Aruch, ele estabelece que aquele que regularmente
profana o Shabat est inabilitado para fazer a Shechit, como se ele
habitualmente praticasse a idolatria.
323
que concerne s leis de Shechit. Da ns conclumos que as leis relativas ao
auto-sacrifcio no so conseqncia do grau de gravidade das mitsvot,
.]
, ,
," e "e
s que, atravs desse pecado, sua ligao sua fonte e sua conexo com ela (com
Dus) ficou um pouco enfraquecida* o Alter Rebe conclui esta idia (aps a
nota abaixo), dizendo que, no caso de tal pecado, a alma animal e o corpo podem
eventualmente erguer-se da kelip e unir-se com a santidade da alma Divina.
324
613 mandamentos) rompe um fio correspondente. Quando um fio partido, toda
corda tranada fica enfraquecida, mas no inteiramente rompida. Os pecados
que envolvem uma pena de cart ou morte pelas mos do Cu, no entanto,
cortam a corda inteiramente, por assim dizer.
***
Na nota a seguir, o Alter Rebe estabelece que a variao dos graus de severidade
nos castigos impostos em relao s diversas categorias de pecados corresponde
mcula causada por cada pecado. O propsito da pena no a punio em si,
e sim a purificao da alma daquela mcula que o pecado lhe trouxe. Assim,
quanto maior a mcula, mais severa ser a punio.
*Nota
- :[
de modo que para cada transgresso ou pecado, h uma punio apropriada, cujo
propsito o de limpar e remover a impureza e a mcula causadas por aquele
pecado especfico.
Fim da Nota
, , -
325
Voltando ao nosso ponto original: aps cometer um pecado, no caso daqueles
pecados que no implicam em uma pena de cart ou morte pelas mos do Cu,
a alma animal do pecador, que d vida ao corpo e est investida nele, bem como
seu prprio corpo,
, . '
Esta alma Divina que sempre acredita no Dus nico e permanece fiel a Ele,
mesmo enquanto o pecado est sendo cometido.
,
," "
. ' ,
,"' " ,
No h maior exlio que esse exlio da alma Divina dentro da alma animal, que
ocasionado pelo pecado. Ele um mergulho de um teto elevado [para um poo
profundo].
326
.' ,
, , ,
Isto comparvel a uma pessoa que agarra a cabea do rei, arrasta-a para baixo
e mergulha seu rosto em um vaso sanitrio cheio de imundcie o que o cmulo
da humilhao, mesmo que ela o faa apenas por um breve momento.
: ," "
1. Cap. 22.
2. Bamidbar 22:18.
3. Bamidbar 5:12.
4. Sot 3a.
5. Cap. 19.
327
6. Sanhedrin 38a.
8. Bereshit 9:2.
9. Sanhedrin 38b.
10. Cada uma dessas duas citaes foi mencionada como prova e apoio de uma
parte da explicao do Alter Rebe referente submisso das criaturas
Vontade de Dus:
14. Cap. 2.
328
Captulo 25
Neste captulo o Alter Rebe conclui a anlise iniciada no cap. 18. Ali ele
comeou a explicar o versculo: Pois esta coisa est muito prxima de ti, em tua
boca e em teu corao, para que tu possas faz-la, ou seja, que servir a Dus
com um genuno sentimento de amor e temor a Ele algo muito fcil de fazer e
329
que est ao alcance de qualquer um. Esta afirmao parece contradizer a nossa
experincia, pois, conforme o Alter Rebe escreveu no cap. 17, no to fcil uma
pessoa desviar o seu corao dos assuntos mundanos para amar e temer a Dus.
Como resposta, o Alter Rebe explicou que isto realmente algo fcil, pois ns
no precisamos criar esses sentimentos; ns j os temos. Tudo o que se exige de
ns despertar nossos inatos amor e temor a Dus do seu estado latente e aplic-
los ao servir a Dus.
Nos captulos seguintes, o Alter Rebe explicou que todas as mitsvot so uma
afirmao da unicidade de Dus, ou seja, de que tudo existe dentro dEle e est
unido a Ele. Pois atravs das mitsvot (os mandamentos Divinos) que Dus
revela a Sua Vontade e, portanto, quem cumpre Sua Vontade (Suas mitsvot)
est totalmente unido com Ele. Por outro lado, todos os pecados so uma forma
de praticar a idolatria, pois idolatria significa crer que existe algo qualquer
coisa fora de Dus e que esteja separada dEle. Conseqentemente, ao cometer
qualquer transgresso, uma pessoa separa-se da Vontade de Dus expressada
nos mandamentos e, assim, tambm est se separando do Prprio Dus,
colocando-se no domnio das kelipot que rejeitam a unicidade de Dus.
Portanto, cumprir as mitsvot algo totalmente natural para todo judeu, de modo
que, se agisse guiado apenas por sua verdadeira natureza, um judeu sempre
observaria as mitsvot e nunca pecaria se no houvesse, tambm, dentro de si,
um esprito de tolice e insensatez que obscurece este seu amor a Dus inato e
oculto e no lhe permite sentir a diferena entre os efeitos positivos das mitsvot
e os efeitos negativos dos pecados sobre sua conexo com Dus.
Neste captulo, o Alter Rebe conclui esta anlise, afirmando que todo judeu, a
qualquer momento, capaz de dissipar o esprito de insensatez e despertar o
seu amor oculto a Dus. Assim, quando ele estiver sendo tentado a pecar, ele
realmente sentir como este pecado o afastar de Dus e, conseqentemente,
conseguir resistir a este impulso negativo. De forma semelhante, quando tiver
330
de praticar uma mitsv, ele sentir seu amor a Dus ordenando-lhe para que
assim o faa, para estar unido com Ele.
,"' "
Este, ento, o significado do versculo Pois esta coisa est muito prxima de
ti...1 ou seja, observar a Tor e seus mandamentos com um sentimento real de
amor e temor a Dus.
Pois a qualquer hora e momento uma pessoa capaz e est livre para erradicar
de dentro de si mesma o esprito de tolice (que a torna insensvel separao
entre ela e Dus causada pelo pecado) e o esquecimento (que faz a pessoa
esquecer ou at ignorar que possui um amor oculto e inato a Dus e este amor
faz com que ela deseje unir-se a Ele atravs do cumprimento das mitsvot.)
. , '
Ela sempre capaz de relembrar e despertar seu amor ao Dus nico, que
certamente est latente em seu corao, sem dvida, pois todo judeu, at
mesmo o mais obstinado pecador, foi dotado com este amor inato por Dus.
." ":
, ,
,
Este amor tambm inclui dentro de si o temor; isto , o medo de ficar separado
da unicidade Divina e de no ficar unido a Dus por qualquer motivo. At
mesmo se (para esta pessoa no ficar separada de Dus) fosse necessrio sacrificar
sua vida, ela certamente o faria,
331
.
sem qualquer razo ou lgica, mas simplesmente porque esta a natureza Divina
da pessoa.
, , ,
Obviamente, ento, muito mais fcil uma pessoa dominar os seus desejos, pois
isto requer um sofrimento muito mais leve que o sofrimento ligado com a morte
que a pessoa suportaria de boa vontade para no ficar afastada de Dus.
Dominar sua m inclinao muito mais fcil,
," "
, ,
. ,
Assim sendo, mais uma vez ns voltamos nossa pergunta original: como
podemos dizer que o mesmo temor da separao de Dus que motiva um judeu
a sacrificar sua vida, em se tratando de idolatria, pode tambm motiv-lo a
conter-se e abster-se de fazer at mesmo um pecado menor? Os dois casos so
completamente diferentes: no caso de idolatria, causada uma separao
permanente, enquanto no caso de outros pecados, a separao apenas
momentnea.
333
e ser perdoado, ento Dus no lhe permitir praticar a teshuv isto no
significa que o pecador perdeu totalmente a sua capacidade de se arrepender.
Significa apenas que Dus Se abstm de lhe dar a ajuda Divina que normalmente
concedida a um pecador penitente.
(3Por mais que o Talmud afirme que Aquele que diz: Eu pecarei e me
arrependerei, pecarei e me arrependerei no ter uma oportunidade para faz-
lo,4
.] -
Se, no entanto, esta pessoa fora e busca sozinha uma oportunidade de fazer
teshuv e se arrepende, Nada pode obstruir o seu caminho rumo ao
arrependimento.5
,' ,---
334
Mesmo assim, todo judeu est preparado e pronto para sofrer o martrio pela
santificao do Nome de Dus todo judeu preferiria morrer e no rejeitar a
Dus nem por um instante, e este auto-sacrifcio considerado uma santificao
do Nome de Dus
, , '
. , ,
Isto ocorre por causa da luz Divina que est investida em sua alma, como foi
explicado acima, a qual no se encontra dentro do domnio do tempo, e sim est
acima do tempo, transcende o tempo e, portanto, em relao a essa luz, toda
ao eterna; alm do mais, como sabido, essa luz Divina controla e domina
o tempo, no somente ela no controlada pelas leis do tempo, mas, pelo
contrrio, ela as controla.
," "
335
, ,
,
,'
,
Essa indolncia a impede de agitar seu corpo energicamente com todo tipo de
esforo e concentrao no servio a Dus, que requer esforo e labuta.
, , '
Assim tambm com respeito a servir a Dus em assuntos monetrios, tais como
o dever da caridade,9
,
,
e em assuntos similares que requerem grande esforo onde se deve lutar contra
a m inclinao e suas artimanhas, que buscam esfriar o fervor da alma do
homem que est empolgado em ajudar, alegando que ele no deve desperdiar
seu dinheiro, no caso da caridade, ou sua sade (em casos de ajuda ou de mitsv
que exigem esforo fsico).
, , -
, ' , - , ,
336
muito fcil para um indivduo resistir e dominar sua natureza se ele tiver em
mente e refletir que conquistar a sua natureza em tudo o que foi mencionado
acima e ainda mais, e fazer justamente o oposto, ou seja, em vez de deixar-se
esfriar, empenhar-se nestas mitsvot ativamente, tanto fisica quanto
financeiramente todo este esforo representa apenas um sofrimento que
muito mais leve que a morte (que Dus nos proteja!).
, ' ,
, ,
E, no entanto, ele aceitaria o sofrimento da morte (Dus nos proteja!) com amor
e de boa vontade s para no ficar separado da unicidade Divina e da unio com
Dus, mesmo que fosse s por um momento, por um ato de idolatria, Dus nos
livre.
Pois, como j foi mencionado anteriormente, todo judeu preferiria sacrificar sua
vida a ter de praticar a idolatria, pois a pessoa no se engana e sabe que praticar
a idolatria significa separar-se de Dus.
Certamente, ento, ele deve aceitar com amor e de boa vontade o sofrimento,
relativamente menor, de esforar-se em fazer as mitsvot com o objetivo de ligar-
se eternamente com Dus.
Existe aqui um argumento duplo:6 em primeiro lugar, o ato de fazer uma mitsv
liga ativamente o homem a Dus, enquanto no ato de abster-se de praticar a
idolatria justamente o oposto, pois assim ele s evita separar-se de Dus. Em
segundo lugar, a ligao com Dus efetuada atravs da mitsv eterna, enquanto
o ato da idolatria causa uma separao temporria de Dus. Assim sendo, se uma
pessoa capaz de sacrificar sua vida para abster-se de praticar a idolatria, com
muito mais razo ela deveria aceitar quaisquer sofrimentos que lhe sejam
impostos para cumprir as mitsvot, pois ao realizar uma mitsv ela obtm as duas
vantagens acima citadas que no so encontradas na rejeio idolatria.
O Alter Rebe explicar agora como as mitsvot efetuam uma ligao eterna com
Dus.
- ,
.
337
Pois, ao cumprir a Vontade de Dus apesar do esforo resultante atravs desse
servio, nele ser revelada a parte mais profunda da Vontade Divina, de forma
interior e revelada, sem qualquer ocultamento esta revelao no uma
revelao exterior, que apenas circunda ou paira sobre ele, por cima.
-
.
Pois, como foi explicado nos captulos 22 e 24, nenhum ser criado pode qui
considerar-se separado de Dus, a menos que a Vontade Divina esteja oculta
dele. Como o aspecto interior dessa Vontade revela-se quando uma pessoa
realiza uma mitsv, esta revelao no permite que haja qualquer forma de
separao.
,
. ,- -
Assim sua alma (isto , a alma da pessoa que est realizando a mitsv), tanto a
alma Divina como a alma vital e suas vestimentas o pensamento, a fala e a
ao sero unidas em uma unio total com a Vontade Divina e com a luz
infinita de Dus, bendito seja, como foi explicado acima.
. ,
Nas esferas superiores, essa unio entre a alma e Dus eterna. Pois Dus,
bendito seja, e Sua Vontade transcendem o tempo, e assim a unio com Dus e
Sua Vontade tambm transcende o tempo e eterna.
, , ,
338
" ,"' " ," "
."'
, ,
Aqui embaixo, no entanto, esta unio est dentro dos limites do tempo, pois
neste mundo a alma est sob o domnio do tempo, e a alma est unida com Dus
somente quando ela est empenhada no estudo da Tor ou na realizao de uma
mitsv.
, [-
.]' ,
Pois se a pessoa se ocupa, depois disso, com qualquer outra coisa (que no seja
Tor e mitsvot), ela torna-se separada, aqui embaixo, da unio Superior (isto ,
se ela se ocupa com assuntos absolutamente desnecessrios, que de modo algum
so teis no servio a Dus).
, , ' ,---
, ' - '
Mesmo assim, quando ela se arrepende e depois volta a servir a Dus atravs do
estudo da Tor ou da reza, e pede perdo a Dus por no ter estudado Tor
ento, (no perodo em que se ocupou com assuntos sem importncia) quando
poderia ter estudado, Dus a perdoa.
, " "
; ,
339
Por essa razo, isto , como tal pedido por perdo imediatamente ocasiona a
reunio da alma com Dus, de modo que ela no se afasta nem fica separada dEle
por um momento, os Sbios determinaram que a bno que comea com as
palavras Perdoa-nos... (Selach lnu, na Amid), na qual pedimos perdo pelo
pecado de negligenciar o estudo da Tor, seja recitada trs vezes ao dia, pois
ningum escapa desse pecado nem mesmo por um nico dia.
," "
: ,
***
De qualquer maneira, vemos que a unio da alma com Dus que efetuada
atravs das mitsvot eterna. Quando algum se conscientiza e se lembra de que
seria capaz de renunciar sua prpria vida, e o faria com alegria, s para no ter
de se separar de Dus (mesmo que momentaneamente) ao praticar um ato de
340
idolatria, ele chegar concluso de que, obviamente, pode e deve se esforar
em cumprir as mitsvot que o ligam a Dus para sempre.
O Alter Rebe demonstrou, assim, que estar consciente de sua prpria disposio
em sacrificar sua vida por Dus afeta o comportamento da pessoa tanto em
termos de afastar-se do pecado como na rea de fazer o bem, isto , tanto na
observncia dos mandamentos proibitivos quanto na dos positivos,
respectivamente. Conclui-se que esta percepo dever constantemente estar na
mente da pessoa para que ela sempre esteja pronta a aplic-la ao cumprir as
mitsvot.
, , , ,
, ,
luz do que foi dito acima, pode-se entender por que Moiss (que a paz esteja
sobre ele) ordenou, no Livro de Devarim (e no nos Livros anteriores da Bblia
voltados gerao dos judeus que vagaram no deserto,6 e sim) s gerao que
entrou na Terra Santa, para que ela tambm, e no somente as geraes
subseqentes6 recitasse o Shem duas vezes ao dia, sendo que o objetivo de
recitar o Shem para reconhecer o Reino do Cu com auto-sacrifcio; ou seja,
o Shem nos ensina a aceitar o martrio (para no praticar a idolatria) e, assim,
santificar o Nome de Dus.
Assim sendo, ns podemos perguntar: Por que era preciso que nossos
antepassados se preparassem para o martrio? Dus j no lhes havia prometido
que Dus colocar o temor e o medo de vocs [sobre todos os habitantes da
terra]?15
Eles no tinham nenhum motivo para temer que algum pudesse tentar for-los
a rejeitar o Reino do Cu (a f no Dus nico), para que fosse necessrio usar
seu poder de auto-sacrifcio para resistir a tais esforos. Nesse sentido, eles
foram to bem protegidos quanto os judeus que percorreram o deserto com
Moiss, a quem no foi ordenado recitar o Shem.6 Devemos concluir, portanto,
que esta preparao para o auto-sacrifcio necessria sempre, e no somente
para garantir que ser posta em prtica quando e se for necessria.
, , ,'
341
e sim porque o cumprimento da Tor e de seus mandamentos est vinculado ao
fato de a pessoa ter conscincia, constantemente, de sua prpria disposio de
sacrificar a sua vida por amor a Dus e pela f em Sua unicidade, isto , que uma
pessoa lembre que ela sacrificaria sua vida de boa vontade para no rejeitar sua
f no Dus nico, se a situao assim o permitisse que a mensagem contida
no Shem: por isso deve-se recit-lo duas vezes ao dia, pela manh e noite,
para que essa percepo fique fixada permanentemente em seu corao e no se
afaste de sua memria noite e dia.
, ,
Desse modo, uma pessoa capaz de resistir sua m inclinao e venc-la a toda
hora e em todos os momentos, mesmo aps a morte de Moiss, sempre que um
judeu esteja empenhado em uma intensa luta contra a m inclinao, como est
escrito: Dus disse a Moiss: Eis que tu ests para dormir com teus pais, e este
povo levantar-se- e errar...,16
como foi explicado acima que quando algum se lembra de que estaria disposto
a sacrificar sua vida por seu amor a Dus e pela sua crena na unicidade de Dus,
ele certamente ser capaz de sobrepujar a sua m inclinao e realizar todas as
mitsvot.
1. Devarim 30:14.
2. Tehilim 34:15.
4. Yom 85b.
7. Ver cap. 1.
9. Os trs exemplos dados aqui correspondem aos trs pilares de Tor, avod
e guemilut chassadim.
342
10. Yeshaihu 40:8.
343
Captulo 26
344
preciso que se faa conhecer um princpio fundamental que vemos no dia-a-
dia, e isto tambm se aplica nossa maneira de servir a Dus:
,
,
, ,
Se uma delas for preguiosa e lerda, ela ser facilmente derrotada e cair, mesmo
se for mais forte que a outra, pois sua preguia e lentido a impedem de revelar
a sua fora.
, -
Apesar do fato de que a boa natureza mais forte que a m natureza, como foi
explicado nos captulos anteriores: Mesmo uma pequena luz da santidade
dispersa bastante escurido da kelip; tambm aqui ainda se aplica a regra
anterior; e, portanto:
, ," "
Quanto ao versculo Em toda tristeza haver lucro,1 o que significa que algum
lucro e vantagem pode ser obtido atravs dela (da tristeza),
, ,
.
345
das palavras haver algum lucro pode-se deduzir o contrrio: que a tristeza,
por si s, no tem nenhuma virtude, s que algum lucro poder ser derivado dela
no final das contas.
, ' ,
,
Este lucro a verdadeira alegria com Dus, que surge aps algum sentir uma
tristeza verdadeira justificvel que se deve ter em momentos especficos e
apropriados, por refletir sobre seus pecados; uma tristeza com amargura da alma
e um corao partido.
" "
,
Por que esta tristeza conduziria a pessoa que deseja servir a Dus a um estado
de alegria? Pois, graas a ela atravs desta tristeza por causa dos pecados
cometidos , quebra-se o esprito de impureza e da sitr achar e tambm a
cortina de ferro que o separa (esta pessoa) de Dus, seu Pai no cu,
,"' "
,' "
."'
Ento os trechos anteriores ao versculo acima iro se cumprir com ele: Deixa-
me ouvir [as novas] de jbilo e alegria...;4 Restaura-me o jbilo da Tua
salvao, e suporta-me com um esprito generoso.5
, , " "
346
Este o motivo simples (isto , alm dos outros motivos msticos e mais
profundos) para a prtica instituda pelo AriZal (Rabi Isaac Lria), de recitar
este Salmo contendo os versculos mencionados acima aps o Tikun Chatsot (a
reza da meia-noite, onde lamentamos a destruio do Templo e pedimos pela
sua reconstruo em breve) antes de o indivduo voltar ao seu estudo da Tor,
, '
Para assim estudar com a verdadeira alegria em Dus, que se segue ao remorso
resultante do Tikun Chatsot.
"
. , ,"'
O Zhar pergunta: preciso ser o rei Salomo para entender isto (que a
sabedoria supera a tolice)? E responde que a inteno do versculo que
justamente como a escurido contribui para a luz, pois no podemos apreciar
verdadeiramente a luz, a menos que antes tenhamos experimentado a escurido
da mesma forma, a insensatez e a tolice contribuem para a apreciao da
sabedoria. O mesmo se aplica em nosso caso: a tristeza que vem antes da alegria
d fora alegria que a segue, e esta a vantagem, o lucro, que ganhamos
com a tristeza. A prpria tristeza, no entanto, um obstculo no caminho de
quem quer servir a Dus.
" '
: " " ,"'
347
coisas, tu no serviste a Dus com alegria.... (Este sentido se baseia no contexto
do versculo seguinte, que : Tu servirs a teus inimigos... com fome, com sede,
sem vestimentas, e com a necessidade de todas as coisas.) Mas o AriZal o
interpreta de forma mais profunda: (Como) Tu no serviste a Dus com uma
alegria maior do que aquela causada por uma abundncia de todas as coisas...
De tudo o que foi dito acima, podemos concluir a importncia de servir a Dus
com alegria. No entanto, muitas coisas na vida de uma pessoa, tanto fsica como
espiritual, podem lhe causar tristeza. O Alter Rebe agora nos sugerir meios de
combater a tristeza, de modo que se possa estar sempre alegre.
,
,
Um conselho vlido nos foi oferecido por nossos Sbios para limpar o corao
da pessoa de toda tristeza e de qualquer trao de preocupao sobre assuntos
mundanos, at mesmo uma tristeza ou preocupao causada pela falta de coisas
essenciais como filhos, sade e sustento.
O conselho est contido no bem conhecido dito dos nossos Sbios: Assim como
algum deve recitar uma bno pela sua felicidade (Bendito s Tu, Dus,... Que
s bom e fazes o bem), assim tambm ele deve recitar uma bno pelas situaes
de infortnio.10
, ," "
A Guemar explica11 que isto no significa que ele deve recitar a mesma bno
em ambos os casos (pois a bno em um caso de infortnio, Dus nos livre,
Bendito s Tu, Dus... o verdadeiro Juiz); e sim a idia que se deve aceitar o
infortnio com alegria, com a mesma alegria de quando h algo que um bem
visvel e bvio.
, ,
,
Pois isto (o infortnio) tambm vem para o bem, exceto que no um bem
aparente e visvel para os olhos mortais, pois isto (o bem oculto sob a forma de
infortnio) deriva do mundo oculto espiritual, que mais elevado que o
mundo espiritual revelado espiritual, de onde se origina um bem visvel e
bvio.
348
, " " ",- " "
O mundo espiritual revelado aquele que emana das letras vav e hei do
Tetragrama (do Nome Divino de Quatro Letras: as letras yud e hei e vav
e hei) enquanto o mundo [espiritual] oculto deriva das letras yud e hei.12
: - " "
,"
Dus sempre recompensa o homem medida por medida (de forma proporcional
e recproca ao que ele faz). Qual a conexo, ento, entre alegrar-se com a
aflio e o sol...? Outra questo: por que aqueles que se alegram com a aflio
so descritos como aqueles que amam a Dus? O Alter Rebe explicar, agora,
que como o infortnio apenas um disfarce para a mais elevada forma de bem,
que se origina do mundo oculto, o fato de isso levar o homem alegria ou
aflio depende somente de suas prioridades. Se ele considera sua vida fsica o
que h de mais importante, ele se sentir realmente aflito e miservel na hora do
infortnio. Porm, se para ele o principal estar mais prximo de Dus, ento
ele ficar alegre e feliz, pois ele se encontra mais (elevado e mais) prximo de
Dus no mundo oculto, de onde se origina o bem que est oculto dentro do
infortnio.
349
escolhendo, em vez disso, se preocupar com o aspecto mais profundo do bem e
a Divindade que se encontra por trs deste vu Dus os recompensa no Mundo
Vindouro medida por medida, deixando cair os vus que esto em volta de
Dus ocultando-O, e revelando-O em Sua plena glria para aqueles que O
amam.
Pois o Nome Divino de Quatro Letras, que se refere a Dus em Sua Essncia,
comparado ao sol, e o Nome Elokim, que se refere a Dus como Ele est investido
e encoberto dentro do mundo que criou, comparado a um vu (ou escudo)
protegendo os seres criados da intensidade dos seus raios; como est escrito:
Um sol e um escudo [respectivamente] so Hashem (isto , o Nome de Quatro
Letras) e Elokim.16 No Mundo Vindouro, o sol emergir do seu escudo,
isto , o Nome de Quatro Letras no mais ser velado por Elokim e brilhar em
seu poder como uma recompensa para aqueles que O amam.
, '
Pois a alegria de uma pessoa (durante a aflio) deriva do fato de que, para ela,
estar prxima de Dus lhe mais querido e vale mais que qualquer outra coisa
da vida neste mundo,
,"' "
", '
," " "
, " "
, , ,
350
Por isso ele merece ver o sol emergindo no seu poder no Mundo Vindouro,
quando o sol emergir do estojo no qual ele est oculto neste mundo, e ser
ento revelado.
,
, ,
: ,
Isto significa que o que atualmente est como o mundo oculto ser ento
revelado, e ele brilhar e iluminar em uma grande e intensa revelao sobre
todos os que buscam refgio nEle neste mundo, abrigando-se em Sua sombra,
a sombra da sabedoria, que est atualmente em um estado de sombra, em
oposio luz e ao bem revelados. Ou seja, eles encontram abrigo e refgio
mesmo no que apresenta uma aparncia externa de sombra e escurido, pois a
luz e o bem nela contidos esto ocultos. Esta explicao o suficiente para um
bom entendedor.
Retornando ao nosso ponto inicial: quando algum considera que qualquer coisa
que parea sofrimento na verdade uma forma de bem mais elevada, ento ele
no mais se entristecer e se preocupar com isso.
***
Agora o Alter Rebe ir explicar como lidar com um outro tipo diferente de
tristeza, que causada pelas falhas cometidas em relao aos assuntos
espirituais.
, ,
, ' ,
,
-
351
Mas, mesmo quando uma pessoa est engajada em negcios e ocupaes
mundanas, se descer sobre ele (se surgir) alguma tristeza ou ansiedade referente
a assuntos celestiais durante suas ocupaes de negcios,
, ,
. '
soicgen ed serezafa sues sod oiem on meb ,suD a romet uo roma )ues on ?
ahlaf amugla a ovitaler osromer( od adavired ,acitntua azetsirt amu ele arap
airiv ovitom euq rop )otnitsni uam o uo oanilcni m a( rah resty od oa
ad otudorp mu sanepa essof on osserped atse es missa essof on es sioP
, ,
, -
, ,
352
,
,'
,
.
de modo que, assim, seu corao realmente se partir de tanta amargura genuna
ou seja, com amargura, com remorso, mas no com depresso. Amargura um
sentimento vivo, ativo, o oposto da depresso, que um sentimento que deixa a
pessoa passiva e sem vida. Est explicado em outro lugar quando esse
momento.20
- ,
,
L tambm est explicado que, imediatamente aps seu corao ter sido partido
durante aqueles momentos indicados, a pessoa deve remover completamente o
sofrimento do seu corao,
. '
e acreditar com f total que Dus apagou seu pecado e que Ele perdoa
demasiadamente.
: , '
353
1. Mishlei 14:23.
3. Tehilim 51:19.
4. Tehilim 51:10.
5. Tehilim 51:14.
6. III 47 b.
7. Cohlet 2:13.
8. Devarim 28:47.
12. Ver Iguret HaTeshuv, cap. 4, onde a relao dos vrios mundos com as
letras do Tetragrama discutida detalhadamente.
354
Captulo 27
355
Neste captulo e no prximo, ele discutir outro tipo de melancolia: aquela
causada pela preocupao sobre os pensamentos e desejos pecaminosos. Esta
categoria pode ser subdividida em duas: 1) Quando esses pensamentos ocorrem
enquanto a pessoa est ocupada com seus afazeres materiais, e 2) Quando esses
pensamentos perturbam o seu servio a Dus durante o estudo da Tor, a reza,
e em outras situaes semelhantes.
Neste captulo, o Alter Rebe explicar a primeira situao acima. Ele afirma que
no somente esses pensamentos no so motivos para tristeza, como, pelo
contrrio, eles deveriam gerar alegria.
,
.
, ,
, - , -
ela deve, pelo contrrio, estar feliz com sua sorte; pois, embora esses
pensamentos pecaminosos entrem em sua mente, ela consegue afastar sua
ateno deles.
bvio que aqui estamos falando de algum que no fica devaneando, de boa
vontade, sobre pensamentos pecaminosos, pois se isso feito deliberadamente,
ele j um pecador, e o captulo anterior j havia tratado do que se deve fazer
em relao tristeza que surge pelo pecado cometido.
"
,"
356
Somente quando pensamentos pecaminosos entram na mente de algum que
ele pode cumprir este mandamento. Portanto, o objetivo do mandamento, neste
versculo, no ordenar pessoa que ela deve estar em um nvel to elevado
onde tais pensamentos no lhe ocorreriam jamais, pois este seria o nvel dos
tsadikim, que j extirparam todo o mal de seus coraes. Obviamente, ento,
este versculo no se refere aos tsadikim. Ento, o versculo certamente se refere
a uma pessoa que tem tais pensamentos, e a Tor lhe ordena a afast-los de sua
mente, conforme o Alter Rebe continua explicando:
, ""
,' , ,
e sim trata-se de beinonim, como ele prprio, em cuja mente podem cair
pensamentos erticos, tanto os de natureza inocente no pecaminosos
[quanto os outros].
, -
, ,
Alis, muito pelo contrrio: tal tristeza um sinal de sua prpria presuno e
arrogncia.
357
, ,
, ,
Pois se ele reconhecesse a sua situao, que ele est muito longe do nvel do
tsadic,
- ,
e tomara que ele fosse pelo menos um beinoni, e no fosse um rash nem mesmo
por um nico momento, em toda a sua vida, (isto , no momento ele deveria
estar se esforando para tentar ser, pelo menos, um beinoni, e no um rash, em
vez de vaidosamente desejar ser ou achar que um tsadic),
pois, certamente, esta a capacidade e atitude dos beinonim e esta a sua tarefa:
, ,
. ,
L o Alter Rebe explicou que o mal permanece vigoroso na alma do beinoni; sua
tarefa impedi-lo de se expressar em pensamento, fala e ao. Assim, ele no
tem nenhum controle sobre o surgimento dos maus pensamentos em sua mente,
mas tem controle, sim, em relao aceitao ou rejeio desses pensamentos.
, -
De modo que, com cada repulsa desse pensamento de sua mente, a sitr achar
est sendo suprimida aqui embaixo (neste Mundo),
358
, -
, ,
a sitr achar acima nos mundos superiores (que a raiz da sitr achar deste
mundo), que se eleva (altiva) como uma guia, tambm suprimida,
,] [ "
,
, , -
.'
pois, desta forma, a glria de Dus se eleva acima de tudo, mais do que atravs
de qualquer outro louvor, e essa ascenso maior que tudo o mais, ...
, ,
mesmo que ele tenha de ficar empenhado todos os seus dias de sua vida nesse
conflito com tais pensamentos, que sempre entraro em sua mente.
359
Ou seja, por mais que talvez ele nunca consiga se elevar a um nvel espiritual
onde estar livre da ocorrncia deles (dos maus pensamentos), mesmo assim ele
no deve ficar deprimido.
. ,
Pois talvez seja para isso que ele foi criado e esta seja a tarefa (misso) que se
exige dele: subjugar a sitr achar constantemente.
," "
O que J afirmou no significa que eles foram criados para efetivamente serem
perversos, Dus nos livre, isto , pecaminosos no pensamento, na fala e na ao,
e sim que dever ocorrer a eles aquilo que ocorre com os perversos somente em
relao aos seus pensamentos e devaneios,5 isto , que os maus pensamentos
devem entrar na mente deles tal como surgem na mente dos perversos,
, ,
e que eles eternamente lutaro para afastar suas mentes dos maus pensamentos
com a finalidade de subjugar a sitr achar,
. ,
360
mas eles nunca sero capazes de aniquilar totalmente a sitr achar em suas
almas, pois s os tsadikim conseguem fazer isso.
Um tsadic subjuga a sua alma animal a tal ponto que ela incapaz de despertar
tentaes em seu corao. Sua mente, portanto, no molestada por maus
pensamentos. Contudo, aqueles sobre os quais J disse que foram criados
perversos no podem se elevar a esse nvel. No caso deles, sempre possvel
que os maus pensamentos surjam e penetrem em suas mente. Assim, sua tarefa
controlar-se e no dar rdea solta para os seus maus pensamentos.
, ,
. ,
, ,
e o segundo prazer: quando a sitr achar reprimida enquanto ela ainda est
com toda a sua fora e seu poder, elevando-se (altiva) como uma guia,
. , ,'
e l das alturas Dus a faz tombar em resposta iniciativa humana, isto , como
resultado dos esforos que algum est fazendo para subjugar a sitr achar em
sua prpria alma. Isto realizado pelos beinonim.
Cada uma das duas categorias acima mencionadas, tanto aqueles que foram
criados justos (tsadikim), quanto aqueles que foram criados perversos
(beinonim), produzem uma dessas duas espcies de gratificao Divina.
" "
, , "" -
361
onde a palavra matamim (manjares) est escrita no plural, indicando que h
duas espcies de prazer.
: , ,
, ,
Uma fornecida pelos tsadikim, que esto ocupados somente com assuntos que
so bons e doces, os assuntos sagrados. Tendo conquistado o mal de sua alma
animal, eles no precisam mais lutar corpo a corpo contra a sitr achar. O
servio Divino deles consiste, portanto, apenas em aumentar a luz da santidade.
A segunda espcie de manjar fornecida pelos beinonim, que esto ocupados
com assuntos amargos, batalhando contra a sitr achar em suas almas, e
contra os maus pensamentos que ela gera.
sobre isso que trata o versculo: Hashem fez todas as coisas por Sua
considerao, e at o perverso, para o dia do mal.7
Como possvel dizer que o rash (o perverso) foi criado por considerao a
Dus?
362
Isto significa, no entanto, que ele deve se arrepender do seu mal, e transformar
o seu mal em dia e luz l no alto,
. -
***
O ponto central da discusso acima foi que, atravs da ocorrncia dos maus
pensamentos na mente de uma pessoa, e atravs da luta contra eles, a sitr achar
subjugada, causando grande prazer acima.
O Alter Rebe agora afirmar que esse domnio sobre a sitr achar, e o
conseqente prazer Divino, so realizados no somente atravs da luta contra a
sitr achar, quando ela tenta fazer algum pecar (como no nosso caso, onde a
ausncia de luta contra os maus pensamentos e a meditao deliberada e
contnua sobre eles seria um pecado), e sim o mesmo efeito e prazer Divino
produzido quando luta-se com sua prpria natureza para abster-se de coisas
permitidas. Pois, como foi explicado no captulo 6, qualquer ao permitida
realizada sem a inteno especfica de conduzir algum ao servio a Dus (por
exemplo, comer com a inteno especfica de obter energia e fora para o estudo
da Tor ou para a realizao das mitsvot) deriva sua vitalidade da sitr achar (
este termo simplesmente significa o outro lado, isto , a ausncia de santidade).
Somente uma ao realizada com a inteno especfica de servir a Dus pode
extrair sua vitalidade do domnio da santidade. Portanto, sempre que algum se
abstm de fazer at mesmo um ato permissvel (no qual essa inteno est
ausente) apenas com o objetivo de subjugar a sitr achar, ele causa prazer a
Dus.
, ,
,
,
363
todo ato de sacrificar o seu impulso, mesmo que seja somente por um curto
instante (isto , se ele adia um pouco e deixa de compartilhar, de imediato,
mesmo do que permissvel e essencial), com a inteno de subjugar a sitr
achar que est na parte esquerda do seu corao j atingiu o seu objetivo,
dando prazer a Dus.
, ,
Por exemplo, quando ele deseja comer, mas adia sua refeio por uma hora ou
menos,
Pois, se ele se ocupa com outros assuntos materiais durante esse tempo, no
subjuga a sitr achar, adiando sua refeio, porque de qualquer forma ele est
envolvido com sua alma animal; mas se ele costuma estudar Tor durante aquele
tempo, ento, mesmo quando o adiamento de sua refeio no lhe proporciona
algum tempo a mais para o estudo da Tor, pois de qualquer forma ele teria
estudado Tor, independentemente disso (como ser afirmado logo a seguir), e
apesar do fato de ele eventualmente acabar comendo, contudo, ele subjuga a
sitr achar pelo mero esforo de adiar a sua refeio, e desta forma ele d um
prazer a Dus um prazer que causado simplesmente por qualquer ocasio
onde a sitr achar seja reprimida e dominada.
," , "
Como a Guemar afirma: A quarta hora [do dia] quando todo homem come,
mas a sexta hora a hora da refeio para os eruditos,8
porque eles passaro fome por mais duas horas com essa inteno,
Do mesmo modo, se algum impede sua boca de dizer coisas que ele deseja muito
dizer, em relao a assuntos mundanos, mesmo quando nada h de errado com
364
as palavras em si, e no entanto ele se abstm de pronunci-las justamente porque
sente um desejo de faz-lo;
Por mais leve que seja o domnio sobre a sitr achar aqui embaixo,
. - -
,
.
E dessa santidade, uma sublime santidade emana sobre o homem aqui embaixo,
para auxili-lo com uma grande e poderosa ajuda em seu servio a Dus.
,"' "
.
365
inteno de realiz-lo para assim poder servir a Dus. Esta diretriz no pode ser
aplicada aos tsadikim, que no so perturbados pelos desejos da alma animal,
como o Alter Rebe continua:
, - " "
, ,
Ou seja, embora na verdade uma pessoa no seja santa nem esteja separada da
sitr achar,
pois a sitr achar de sua alma animal ainda est firme e forte, como estava no
seu nascimento, com todo o seu vigor e poder, na parte esquerda de seu corao
que a sede da alma animal e da m inclinao.
Porm, se mesmo estando nesse nvel ela subjuga e domina o seu mau impulso e
faz-se santa, separada (afastada) da sitr achar, ento, continua o versculo:
,""
, ,
366
por ela ser muito santificada l de cima, como foi citado anteriormente da
Guemar,
e por ela ser ajudada l de cima para banir [a sitr achar] do seu corao pouco
a pouco, para que, mesmo em seu corao, esta pessoa no tenha mais nenhum
desejo por qualquer coisa originria do domnio da sitr achar.
1. Bamidbar 15:39.
2. Kidushin 39b.
3. Ovadi 1:4.
5. Cohlet 8:4.
6. Bereshit 27:4.
7. Mishlei 16:4.
8. Shabat 10a.
9. Yom 39a.
367
Captulo 28
. , -
368
ele no deve lhes dar nenhuma ateno, e sim afastar sua mente deles
imediatamente.
Para o beinoni, no entanto, tal exerccio seria completa tolice, como o Alter
Rebe explicar agora.
Pois estas coisas (a sublimao das virtudes, acima) se aplicam somente aos
tsadikim,
369
Nos quais no surgem quaisquer maus pensamentos produzidos por eles mesmos
pelas suas prprias ms midot, e sim somente maus pensamentos produzidos
pelas ms midot dos outros.
Porm, uma pessoa (isto , um beinoni), para quem surge um mau pensamento
produzido por ela mesma, atravs do mal que est alojado no lado esquerdo do
seu corao (isto , as ms midot da sua prpria alma animal),
: -
como que ela poderia elev-lo (o mau pensamento) para cima, para o domnio
espiritual se ela mesma est presa para baixo por seu desejo pelo material?
,---
, ,
Mesmo assim ela no deve ficar abatida, nem se sentir desanimada e deprimida
por causa disso por causa dos pensamentos estranhos que surgem durante o
seu servio a Dus, que quando ela deveria ficar o mais alegre possvel.
370
Pelo contrrio, ela deve se fortalecer e intensificar a sua determinao, com toda
a sua fora, para rezar com concentrao, com ainda mais alegria e
contentamento,
, :
, ,
Tendo em mente que o pensamento estranho que lhe ocorreu deriva da kelip da
parte esquerda do corao, que trava uma guerra, dentro do beinoni, contra a
alma Divina que est dentro dele.
, ,
quando um deles est ganhando, ento o outro igualmente se esfora com todos
os recursos de sua fora com o objetivo de prevalecer.
Por isso, na batalha entre a alma Divina e a alma animal, quando a alma Divina
se esfora e rene todas as suas foras na reza para assim enfraquecer ou at
dominar a alma animal,
. ,
a kelip da alma animal tambm junta foras para se opor alma Divina, com o
objetivo de confundir e derrubar a alma Divina por meio de pensamentos
estranhos que se originam dela.
A alma animal, sentindo o perigo ao ver o aumento dos esforos da alma Divina
na reza com cavan (concentrao, devoo), reage, tramando uma forma de
abalar a concentrao da pessoa, dando origem a uma variedade de pensamentos
estranhos, em sua mente. Assim, o aparecimento de um pensamento estranho
durante a reza indica que a cavan foi de qualidade suficiente para dar alma
animal motivo para se preocupar. Tendo isso em mente, a pessoa deveria se
alegrar, e isso deveria encoraj-la a intensificar os seus esforos.
- ,
,
371
Isto refuta um erro comum. Quando um pensamento estranho ocorre a algumas
pessoas durante a reza, elas erradamente concluem que sua prece no tem valor,
. -
, , ,
.
Elas estariam corretas se houvesse apenas uma alma dentro da pessoa a mesma
alma que reza sendo tambm a mesma que pensa e pondera sobre os pensamentos
estranhos.
Pois, neste caso, se a alma Divina estivesse realmente imersa nas preces, no
haveria nenhum lugar dentro dela para os pensamentos estranhos,
, ,
No entanto, na verdade existem duas almas, cada uma lutando contra a outra na
mente da pessoa.
Cada uma delas quer e deseja governar e impregnar a mente de forma exclusiva.
, -
, -
exceto que a alma Divina est investida dentro dela dentro da alma animal.
Por isso a alma Divina no pode ignorar os pensamentos estranhos que surgem
da alma animal, e assim os pensamentos estranhos perturbam a concentrao na
reza de uma pessoa.
, ,
,
Isto pode ser comparado com uma pessoa que est rezando com cavan,
enquanto, diante dela, est de p um perverso, incircunciso e idlatra, que
tagarela e fala com ela tentando confundi-la.
, , ,
Certamente o melhor conselho, nesse caso, seria no lhe responder nem bem nem
mal, e sim agir como se fosse surdo, sem ouvir,
." - "
373
discusses mentais sobre a melhor estratgia para se opor ao pensamento
estranho,
, -
pois aquele que luta agarrando-se com uma pessoa imunda est destinado a se
sujar.
, ,
Em vez disso, a pessoa deveria fingir que no reconhece nem ouve tais
pensamentos estranhos que lhe ocorreram, repelindo-os de sua mente,
Se, contudo, a pessoa acha difcil rejeit-los, porque eles distraem sua mente com
grande intensidade,
, , ' -
ento ela deve rebaixar sua alma diante de Dus e suplicar-Lhe em seu
pensamento para que tenha compaixo dela em Suas abundantes misericrdias,
' ,
,
assim como um pai tem piedade dos seus filhos que derivam da sua mente que
assim tambm Dus tenha compaixo de sua alma, que se origina da mente de
Dus (o atributo de Chochm, conforme foi explicado no captulo 2),
para resgat-la das guas turbulentas;3 isto , dos pensamentos que perturbam
a alma. Isto Ele deve fazer por considerao a Si mesmo, pois Seu povo uma
parte de Dus de verdade.4
374
Para que uma pessoa no desperte a justia e o julgamento Divinos, de modo a
avaliar se ela realmente merecedora da compaixo de Dus, ou no, o Alter
Rebe recomenda que a pessoa deve suplicar pela misericrdia de Dus por
considerao a Ele mesmo. Como a alma uma parte de Dus, ao ajudar a alma
Ele estar, efetivamente, ajudando a Si Mesmo, por assim dizer. Ento, a questo
de a pessoa merecer tal ajuda ou no se torna irrelevante.
1. Kter Shem Tov (coletnea de ensinamentos do Baal Shem Tov), seo 171.
2. Mishlei 26:4.
3. Tehilim 124:5.
4. Devarim 32:9.
375
Captulo 29
376
No captulo 26, o Alter Rebe afirmou que tanto a depresso quanto o
entorpecimento do corao (que causa apatia) produzem um estado de
morosidade que impede uma pessoa de dominar a m inclinao da alma animal.
Assim ele esboou, nos captulos 26 a 28, mtodos de dominar a depresso que
surge de vrias causas. Neste captulo, o Alter Rebe discutir meios de lidar com
o entorpecimento do corao [timtum halv] depois de descrever este estado
mais detalhadamente.
Aqueles cujas almas so do nvel dos beinonim devem buscar meios para lutar
ainda contra outra dificuldade.
,
. -
377
a compreenso da Divindade que ela capta intelectualmente para o domnio das
emoes vivenciadas no corao o amor e o temor a Dus; b) o objetivo da reza
mexer com o corao, pois na reza uma pessoa tenta transformar a natureza do
seu corao, desvi-lo dos desejos mundanos para os quais ele naturalmente
tende, e direcion-lo para a aspirao pelo espiritual e pelo Divino. Para alcanar
ambos os objetivos da reza, o corao deve naturalmente estar aberto e receptivo,
e por isso o timtum halv (entorpecimento, ou apatia, do corao) um grande
obstculo.
. , ,
O peso (da apatia) no seu corao tambm o impede, s vezes, de lutar contra o
mau impulso e santificar-se em assuntos permitidos.
",
,' -
."' -
Nesse caso, o conselho dado no sagrado livro do Zhar2 como disse o reitor
da academia do Gan den: Uma tora de madeira, na qual o fogo no pega, deve
ser quebrada em pedaos (lascada), e, de forma semelhante, um corpo, no qual a
luz da alma no penetra, deve ser esmagado (despedaado), e assim o corpo se
tornar receptivo para a luz da alma, como conclui o Zhar.
Na comparao citada no Zhar, vemos que o trabalho foi feito com a madeira;
ela que foi despedaada para se tornar mais receptiva chama do fogo, e no
foi a chama que foi aumentada ou melhorada at o ponto em que ela domina a
madeira. O mesmo ocorre com o corao insensvel. O timtum halv deve ser
erradicado (pela remoo de sua causa subjacente, como o Alter Rebe concluir
logo a seguir), e no ofuscado (pelo aumento da luz intelectual que resulta da
contemplao sobre a grandeza de Dus).
," "
.
378
A referncia luz da alma, a qual, nesse caso, no penetra no corpo, significa
que a luz da alma e do intelecto no ilumina a ponto de prevalecer sobre a
grosseria (e o apego ao material) do corpo.
- '
. ,
Assim, embora ele entenda e medite em seu intelecto sobre a grandeza de Dus,
no entanto aquilo que ele entende no captado e implantado em sua mente a
ponto de permitir-lhe prevalecer sobre a grosseria do corao, por causa do grau
de apego materialidade e da grosseria deles (da mente e do corao).2*
, ,
.
O Alter Rebe agora seguir explicando como se consegue isso. Ele afirma que a
personalidade do beinoni sua alma animal (ou seja, quando um beinoni diz
eu, ele est se referindo sua alma animal). Assim, esmagando o seu prprio
esprito, ele estar esmagando tambm a sitr achar e, desta forma, possibilitar
luz da alma Divina e do intelecto penetrar em si mesmo.
, " " ,
Isto significa que a pessoa deve esmagar a sitr achar e lan-la ao solo fixando
determinados momentos para se humilhar e se considerar desprezvel e
insignificante,3 como consta (nos Salmos).
379
- ,
.
Pois, em seu corao, a alma vital que d vida ao corpo est em sua plena fora,
como estava em seu nascimento; da ela ser realmente o prprio homem.
"," " ,
, . ,"
Em relao alma Divina dentro dele foi dito: A alma que Tu me deste dentro
de mim pura.5 A palavra [dentro de] mim no pode significar somente o
corpo, que por si s no pode ser considerado um homem por completo. Assim,
este mim deve se referir tambm alma (que d vida ao corpo). Por isso, as
palavras (que Tu me deste) dentro de mim implicam que o prprio homem que
est dizendo estas palavras no se identifica como sendo a alma pura; isto , a
alma Divina como se fosse algo parte, uma alma que foi colocada dentro
deste mim que seria o corpo e a alma animal, exceto no caso dos tsadikim.
, - ,
." "
,
, , -
, ,
,
. , -
Foi neste sentido que Hilel, o Velho, dizia aos seus discpulos, quando ia comer,
que iria fazer um favor para a humilde e pobre criatura,6 que era o seu corpo.
Ele considerava o seu corpo uma coisa estranha, e por isso usava essa expresso
que estava fazendo um favor em aliment-lo. Pois ele mesmo nada mais era
que a alma Divina. S ela dava vida ao seu corpo e carne, visto que, nos tsadikim,
o mal que estava na alma vital impregnando o sangue e a carne tinha sido
transformado no bem e estava completamente absorvido na santidade da alma
Divina, de modo que a alma Divina, neste caso, o prprio homem.
380
,
. - , ,
, '
,
,
.] [ ",
Por mais que, na prtica, ele (o beinoni) no deseja faz-las (essas coisas
proibidas), Dus nos livre, elas ainda no so totalmente repulsivas para ele,
como so para os tsadikim, conforme explicado acima no captulo 12.
L o Alter Rebe explica que, aps suas rezas, quando o amor a Dus no est
mais revelado no seu corao, um beinoni pode sentir um desejo por prazeres
materiais, sejam eles permitidos ou proibidos, exceto que, no caso das coisas
proibidas, ele realmente no deseja colocar seu desejos na prtica; eles
permanecem, em vez disso, na categoria dos pensamentos pecaminosos.
,
,
381
Nisso ele inferior e mais repugnante e abominvel que os animais, insetos e
rpteis impuros, como mencionado acima, pois os animais impuros no fazem
nada contra a Vontade de Dus (ver captulo 24), e como ele deseja algo
contrrio Vontade de Dus (em sua mente, pelo menos), ele est em um nvel
pior que o dos animais impuros;
"' "
Por ser um ser humano que resolveu rebaixar-se ao nvel de um verme, eu sou
pior que um verme, porque um verme foi criado como tal, ele no optou nem
escolheu se rebaixar o que no o caso do homem (inclusive o beinoni) que se
rebaixa.
- [ '
, ,
.] "
(8Mesmo quando sua alma Divina rene foras dentro dele para despertar seu
amor a Dus durante a reza, esta predominncia da alma Divina no
completamente genuna, uma vez que ela transitria e desaparece aps a reza,
como mencionado anteriormente, no final do captulo 13.)
Aqui o Alter Rebe explica que somente aquilo que permanente e imutvel
pode ser descrito como verdade. Em relao ao nvel do beinoni, esse despertar
da alma Divina durante a reza pode ser considerado verdadeiro, pois o beinoni
capaz de ger-lo sempre assim que ele rezar. Esse despertar, no entanto, no
pode ser descrito como absolutamente verdadeiro (emet laamit) pois ele no
constante, ocorrendo somente durante a reza.
, ," "
. ,
Especialmente, quando ele se recordar de como sua alma foi contaminada com
os pecados da juventude e a mancha que ele produziu, desta forma, nos mundos
superiores a fonte de origem da sua alma. O fato de serem pecados da
juventude, pertencentes a uma poca e a um nvel espiritual do qual ele pode
382
estar atualmente muito afastado, irrelevante nesses mundos superiores onde
tudo atemporal, e como se ele tivesse causado tal mancha e se impurificado
hoje mesmo, Dus nos livre.
, ,
. , , ,
," " ,
, ,
. ,
383
Longe de indicar a insatisfao Divina, a rejeio do seu arrependimento, neste
ltimo caso, indica um favor Divino: um desejo de elevar essa pessoa a alturas
ainda mais elevadas (e profundas) de arrependimento. Da as dificuldades em
seu servio Divino e o timtum halv para ele extrair maiores recursos de dentro
de si mesmo e se arrepender mais profundamente.
." "
Foi por esse motivo que o Rei David disse por mais que ele fosse um tsadic, a
ponto de poder dizer sobre si mesmo: Meu corao est vazio dentro de mim,9
o que significa (como comenta Rashi10), que o mau impulso se encontra como
se estivesse morto dentro de mim; mesmo assim ele continuava dizendo que
Meu pecado est constantemente diante de mim.11
- " "
," "
Mesmo aquele que est isento dos graves pecados da juventude, mas ainda
deseja obter um esprito alquebrado, dever engajar seu corao para cumprir o
conselho do Zhar sagrado13 ser o dono da contas.
Isto significa que ele deve fazer a contabilidade espiritual descrita a seguir como
se fosse o dono, o proprietrio do negcio, que afetado diretamente por cada
conjunto de algarismos, que representa ou lucro ou prejuzo e no como um
empregado, um contador assalariado, que pode ver qualquer resultado no final
das contas, seja ele lucro ou prejuzo, e continuar com uma apatia acadmica.
,
, ,
' ,
.]' [ ," " ,
Isto significa que ele dever fazer uma avaliao com a sua alma de todos os
pensamentos, falas e aes que passaram e se foram desde o dia em que ele veio
existncia at o dia de hoje, se foram todos eles do domnio da santidade ou
384
do domnio da impureza (Dus nos livre) sendo que o domnio da impureza
tambm inclui qualquer pensamento, fala ou ao no dirigidos a Dus, Sua
Vontade e ao Seu servio, mesmo que eles no sejam efetivamente pecaminosos,
pois este o significado do termo sitr achar: o outro lado que no algo
necessariamente mal, mas simplesmente o outro lado (ou domnio) que
no est ligado a Dus, santidade; assim sendo, qualquer coisa que no contm
santidade pertence ao domnio da impureza, conforme foi explicado
anteriormente, no captulo 6.
- ,
. ,
Alm disso, do conhecimento de todos que sempre que uma pessoa tem
pensamentos santos ela se torna, durante esse momento, uma carruagem para
as cmaras celestiais (heichalot) da santidade, de onde esses pensamentos se
originam, ou melhor, de onde se origina a vitalidade deles.
, -
. ,
," " , ,
,"' " ' ,
385
preciso que ele tambm leve em considerao os seus sonhos com o objetivo
de humilhar e rebaixar o seu esprito, pois pode-se aprender mais acerca de si
prprio atravs de seus sonhos do que de seus pensamentos conscientes, quando
est acordado. Pois, geralmente, eles so uma futilidade, uma aflio do
esprito,15 pois sua alma no ascende ao cu durante o seu sono; conforme est
escrito: Quem ascender montanha de Dus?16 cujo significado, no nosso
contexto, o seguinte: A alma de quem se elevar ao cu, enquanto dorme, e
ter o mrito de ver e absorver assuntos de Tor e de santidade, os quais, por
sua vez, sero refletidos nos seus sonhos? E o prximo versculo d a resposta:
Aquele que tem mos limpas e um corao puro conseqentemente, a alma
daquele cujas mos e cujo corao no so puros, no ascende, e por isso que
seus sonhos so uma miscelnea de coisas vazias, sem sentido, e de tolices.
"
,"' ,'
. [ " ' ']
Vemos claramente deste trecho do Zhar que uma pessoa pode se avaliar
estudando o contedo dos seus sonhos. Refletindo sobre isso, a pessoa pode
humilhar e rebaixar o seu esprito at mesmo se ela est livre de pecado, e assim
pode esmagar a sitr achar dentro dela, como foi explicado acima.
, ,
- , , " " ,
,
. ,
Quanto mais uma pessoa reflete sobre esses assuntos, tanto em seus prprios
pensamentos como pesquisando profundamente em livros que falam sobre esses
temas, com o objetivo de quebrar o seu corao dentro de si e sentir-se
envergonhado e desprezvel aos seus prprios olhos, como est escrito nas
Escrituras,3 to completamente desprezvel a ponto de desprezar a sua prpria
vida, tanto mais ele despreza e degrada, desta forma, a sitr achar, atirando-a
ao cho e rebaixando-a de sua arrogncia, orgulho e auto-exaltao, com os quais
386
ela se exalta acima da luz da santidade da alma Divina, obscurecendo o seu
brilho.
At agora o Alter Rebe props vrios meios de esmagar a sitr achar dentro
da alma animal da pessoa, rebaixando e humilhando o seu prprio esprito
atravs da contemplao intelectual, ou seja, meditando sobre os temas acima
mencionados. Agora o Alter Rebe sugere um outro mtodo (no to
intelectual) de lidar com a sitr achar, que simplesmente irar-se contra o
seu mau impulso, sem ficar analisando o seu prprio nvel espiritual (como ele
havia sugerido at agora).
" " ,
,"' ,
Ele dever tambm trovejar contra ela (a sitr achar) com uma voz forte e
furiosa com a finalidade de humilh-la, como nossos Sbios afirmam:17 Uma
pessoa deve sempre despertar o bom impulso contra o mau impulso, conforme
est escrito: Enfuream-se e no pequem.18
: , , ,
, - "- '
Isso significa que uma pessoa deve se enfurecer em sua mente contra a alma
animal, que o seu mau impulso, com uma tempestuosa voz de indignao,
dizendo a ela: Tu s realmente m e perversa, repugnante, abominvel, e
asquerosa, e assim por diante, usando todos os nomes (e adjetivos) pejorativos
com os quais os nossos Sbios a chamaram.19 A pessoa deve seguir dizendo ao
seu mau impulso:
, ,- -
- - , ,
, ,
At quando tu irs obscurecer a luz do bendito Ein Sof? Sim, dAquele que
permeia todos os mundos; que era, , e ser o mesmo, at neste lugar em que
estou, assim como a luz do bendito Ein Sof estava presente e existia, s, antes
mesmo de o mundo ser criado sendo totalmente imutvel;
387
diante)? E, portanto, o fato de que agora estamos aps a criao no pode afet-
Lo.
, '
. ,
Porm, tu, asquerosa... (e assim por diante), negas a verdade que to claramente
visvel que tudo o que existe como nada diante dEle (de Dus) , isto uma
verdade que to aparente a ponto de ser visvel aos olhos!
-- , ,
, ,
Desse modo, a pessoa ajudar a sua alma Divina, iluminando os seus olhos para
que percebam a verdade da unicidade da infinita luz do Ein Sof ou seja, que
no h nada alm de Dus como se fosse algo to claro e real como algo captado
com a viso fsica, e no apenas como algo distante e incerto, que se capta atravs
da audio e do entendimento.
Pois, conforme consta em outro lugar, este o ponto essencial de todo servio a
Dus.
, ,
, , ,
A razo pela qual rebaixar e humilhar o esprito da sitr achar realmente ajuda
a esmag-la que, na verdade, no h qualquer substncia na sitr achar. E por
isso ela comparada escurido, a qual no tem qualquer substncia que seja, e
automaticamente repelida pela presena da luz.
, ,
-
, ,
. ,
-- ,
, ,
." " ,
388
O mesmo se aplica sitr achar. Realmente, ela possui abundante vitalidade
com a qual d vida a todos os animais impuros e s almas das naes do mundo,
e tambm alma animal do judeu, conforme foi explicado.21 Contudo, essa
vitalidade no dela prpria, Dus nos livre, e sim se origina do domnio da
santidade, pois Dus, o domnio da santidade, a fonte de toda vida, o que inclui
tambm a fora vital da sitr achar, conforme j foi explicado acima.22
Portanto, ela completamente anulada na presena da santidade, como a
escurido anulada na presena da luz fsica. Seu poder reside somente no fato
de que, em relao santidade da alma Divina do homem, Dus deu permisso
e capacidade sitr achar para erguer-se contra ela (contra a alma Divina), para
assim instigar o homem a sobrepuj-la e rebaix-la por meio da humilhao e da
submisso do seu prprio esprito, e sentindo-se repugnante e desprezvel aos
seus prprios olhos, pois atravs disso ele rebaixa a sitr achar e a abomina.
", -
,"'
, ,
,
Isto significa que Ele (Dus) a destitui do seu domnio e poder, e retira dela a
fora e a autoridade que lhe havia dado para erguer-se contra a luz da santidade
da alma Divina.
" ,
,' ,"' " - "
,"' "
389
mimenu (que ns), os Sbios dizem: No leia mimenu com o sentido de (eles
so mais fortes) que ns, e sim (eles so mais fortes) que Ele (Dus),25 ou
seja, eles no acreditavam na capacidade e poder de Dus para conduzi-los
Terra Santa. Mas depois eles voltaram atrs e anunciaram: Ns prontamente
subiremos [para conquistar a Terra].26
'?
' ,
,
Se, no incio, eles no acreditavam no poder de Dus, por que motivo (depois) a
f deles na capacidade de Dus retornou? Nesse nterim, nosso mestre Moiss,
a paz esteja com ele, no havia mostrado a eles qualquer sinal ou milagre com
referncia a isso, o que lhes restauraria a f. Ele simplesmente lhes disse que Dus
estava furioso com eles e havia jurado no deix-los entrar na Terra.27
' ",
? ,
Que valor esta raiva e promessa Divina teve para eles, se de qualquer maneira
eles no acreditavam na capacidade (no poder) de Dus para conquistar os
trinta e um reis28 que reinavam na Terra naquela poca, e por este motivo eles
no queriam, de forma alguma, entrar na Terra?
," " ,
, ,
Por isso, assim que Dus irou-Se com eles e trovejou zangado: At quando Eu
suportarei esta m congregao... As carcaas de vocs cairo neste deserto... Eu,
Dus, falei: Eu com certeza o farei a toda esta m congregao...29 assim que
390
eles ouviram estas duras palavras, o corao deles se humilhou e se partiu dentro
deles, como est escrito: E o povo enlutou-se enormemente.30
Conseqentemente, a sitr achar tombou do seu domnio, de sua altivez e
arrogncia.
Porm, os prprios israelitas, isto , no que se refere alma Divina deles, eles
acreditaram em Dus o tempo todo.
De forma semelhante, isto se aplica a todo judeu: quando a luz de sua alma no
penetra em seu corao, meramente por causa da arrogncia da sitr achar,
que desaparecer assim que ele se irritar com ela.
,
, ,
."' "
,
, ,
: ,
391
Nisto ela semelhante prostituta que tenta seduzir o filho do rei atravs de
falsidade e engodo, com a aprovao do rei, como na parbola narrada no Zhar
sagrado.31
A parbola: Um rei contrata uma prostituta para seduzir o seu filho, para que
este revele sua sabedoria resistindo s artimanhas dela. A prpria prostituta,
conhecendo a inteno do rei, no deseja que o prncipe se submeta tentao.
Algo semelhante ocorre com a sitr achar: ela est meramente cumprindo a
tarefa que lhe foi dada por Dus, que tentar atrair o homem para longe de Dus,
mas, na verdade, at ela deseja que o homem resista, ganhando, por isso, uma
maior recompensa.
De qualquer maneira, ns vemos que quaisquer dvidas que uma pessoa tenha
com referncia f em Dus so apenas as palavras vazias da sitr achar.
Contudo, a alma, dentro de cada judeu, cr em Dus com uma f total e perfeita.
1. Taanit 2a.
2. III 168a.
392
O Rebe Shlita rejeita essa sugesto, argumentando que, se esse fosse o caso, o
Alter Rebe teria mencionado o problema desse tipo de bloqueio mental logo
no incio do captulo.
4. Tehilim 51:19.
7. Tehilim 22:7.
9. Tehilim 109:22.
12. Baseado num comentrio do Rebe Shlita. O Rebe acrescenta: O Alter Rebe
achou necessrio citar a prova, baseada nas Escrituras, para apoiar a sua
afirmao, que aparentemente estranha e controversa que a luz da alma pode
ser impedida de se irradiar no corpo de uma pessoa (mesmo que um pecado no
se interponha entre a pessoa e Dus) meramente como um artifcio Divino para
elev-la a um nvel mais alto de teshuv.
393
14. Ver cap. 23.
394
Captulo 30
" " ,
."
395
Vrios comentaristas da Mishn observam que h uma certa dificuldade nas
palavras desta Mishn que devem ser esclarecidas. Na lngua hebraica existem
dois tipos diferentes de humildade: a primeira seria um sentimento de
inferioridade em comparao s outras pessoas; a segunda seria a ausncia de
autoglorificao, de forma que, por mais que a prpria pessoa reconhea a sua
superioridade ela tem conscincia de que suas qualidades superiores so um
presente, uma ddiva de Dus, e que um outro homem, dotado das mesmas
qualidades, realmente poderia aplic-las melhor, tendo um maior
aproveitamento do que ela prpria tem obtido.
, - ""
. , - ""
396
eles so muito mais censurveis que as transgresses do vil pecador. Assim, at
mesmo o beinoni, cuja observncia de Tor e mitsvot impecvel, pode na
verdade considerar-se literalmente inferior a toda e qualquer pessoa, como o
Alter Rebe segue explicando:
E isto pode ser alcanado seguindo a instruo dos nossos Sbios: No julgues
teu semelhante at que tu tenhas estado (isto , at que te coloques) no lugar
dele.2
Pois, literalmente, o lugar dele (isto , seu ambiente fsico) que o faz pecar,
, ,
, ,
pois seu sustento requer que ele circule pelas ruas do mercado o dia todo, e
quando no est ocupado com isso ele um daqueles que freqentam
ociosamente as esquinas. Assim seus olhos vem toda espcie de tentao; e o
que os olhos vem, o corao deseja.2a
Alm disso, pode ser o lugar espiritual dele, a natureza de seu mau impulso,
que o leva a pecar: seu mau impulso queima como um forno ardente de um
padeiro, o qual aquecido com maior freqncia e intensidade que um forno
domstico, conforme est escrito em Hosha: Ele queima como um fogo
flamejante.3
. , --
, -
E por mais que ele trabalhe na rua do mercado todo o dia, de modo que seu
lugar fsico o mesmo que o do kal shebekalim, no entanto pode ser que o seu
397
lugar espiritual seja diferente, uma vez que ele no to passional por natureza
e, portanto, no muito tentado pelo que v nas ruas do mercado.
. ,' ,
Pois o mau impulso no o mesmo em cada um. A natureza de uma pessoa pode
ser mais passional, e a de outra, menos, como est explicado em outro lugar.4
, ,
" " , -
,
, ' ,
Pois ele deveria se controlar e conter o sentimento de desejo em seu corao por
causa do temor a Dus Que v todas as suas aes.
. ,
Esse temor a Dus lhe daria as foras para dominar os seus desejos, a despeito
das dificuldades impostas por seu ambiente e sua natureza, pois, como foi
explicado acima,5 a mente tem supremacia sobre o corao por natureza, de
nascena, isto , esta uma caracterstica inata do homem sua mente capaz
de dominar e conter os desejos do seu corao.
, ,
. ,'
398
Realmente, uma grande e feroz batalha quebrar a m natureza de uma pessoa,
que arde como uma chama flamejante, por temor a Dus; de fato, isto como
uma verdadeira provao.
,' , ,
Portanto, todo homem deve pesar e examinar sua prpria posio, de acordo com
os padres do lugar e do nvel dele no servio a Dus,
, '
Para avaliar se em uma situao que lhe difcil e que exige um esforo
comparvel ao que o kal shebekalim precisa empreender contra o seu mau
impulso ele serviria a Dus de forma proporcional a tal batalha e prova que o
kal shebekalim precisa enfrentar contra o seu mau impulso.
Pois, mesmo o mais sereno e fechado dos homens (que por sua prpria natureza
no se expe e nem sofre tanto diante das tentaes) deve, muitas vezes, se
empenhar em lutar contra a sua m inclinao, tanto na rea de fazer o bem6
quanto na de afastar-se do mal, como o Alter Rebe dar vrios exemplos
adiante.
a ponto de deixar sua alma espremida,7 isto , at esgotar todo o seu poder
intelectual e emocional ao rezar com cavan, com toda a sua concentrao, sua
sinceridade e seu sentimento.
, , ,
,
Esta batalha deve ser travada tanto antes da reza, ao preparar-se para rezar,
quanto durante a reza, pois: Ele deve lutar contra o seu corpo e a alma animal
que est dentro dele que trava uma grande e intensa guerra para impedir que
399
ele faa a sua reza com cavan esmagando-os e moendo-os como p, todos os
dias, antes das rezas da manh e da noite.
. , ,
Todo aquele que ainda no atingiu este nvel de empenho ao travar uma guerra
to vigorosa contra o seu corpo,
, -
.'
de forma que ele (este poderoso mau impulso) seja humilhado e quebrado atravs
do temor a Dus.
Este, ento, o padro pelo qual todos devem avaliar e julgar a si mesmos: ser
que ele est lutando contra o seu mau impulso (durante a reza e, similarmente,
nas outras reas do servio Divino, que o Alter Rebe logo discutir) to
intensamente quanto o kal shebekalim deve batalhar contra o seu prprio mau
impulso?
400
isto sem mencionar a inteno (cavan) que a pessoa deve ter ao cumprir as
mitsvot (mandamentos) de modo que sejam lishmn, ou seja, ter em mente, ao
cumprir as mitsvot, a inteno de faz-lo porque Dus assim nos ordenou (e no
por algum interesse pessoal ou por hbito) e para conseguir isto preciso fazer
um esforo ainda maior, e nisso certamente as pessoas costumam falhar.
,
, ,
, -
,
Pois, para estudar uma frao a mais daquilo que uma pessoa j costuma estudar,
preciso apenas uma pequena luta contra o seu mau impulso. Isto nem se
assemelha nem se compara com a guerra que o kal shebekalim tem de travar
contra o seu mau impulso que arde como fogo,
401
No entanto, poderia-se discordar deste raciocnio e argumentar o seguinte: com
toda a honestidade, como posso comparar minhas falhas com as falhas e os
pecados do kal shebekalim? Eu apenas tenho falhas e lacunas em relao
qualidade das mitsvot que eu fao, enquanto o kal shebekalim transgride
proibies explcitas na Tor, de forma ativa e na prtica! Sobre isso afirma o
Alter Rebe:
bvio que h diferenas entre as duas categorias. Cada uma delas possui seus
prprios efeitos espirituais, suas prprias intenes especficas. Mas essas
diferenas dizem respeito somente pessoa que cumpre a mitsv. O ponto
essencial de toda mitsv, no entanto, que ela uma expresso da Vontade do
Dus Uno e nico, e nisso no h nenhuma diferena qualquer entre as duas
categorias, como o Alter Rebe continua.
.- , , -
, ,
402
- " "
,
,
,
a ponto de travar uma batalha to grande quanto a batalha que se exige do kal
shebekalim, descrita acima; nem mesmo em uma situao que exija uma batalha
de menor magnitude.
, ,
Por exemplo, ele pode descobrir que no faz um esforo suficientemente grande
para parar de falar bem no meio de uma agradvel conversa (ou fofoca, sobre
algum), ou no meio de contar algo depreciativo sobre o seu companheiro,
, , ,
que o que ele deveria fazer, mesmo se o que ele contou for apenas um pequeno
insulto e levemente depreciativo, e mesmo se for verdade, e mesmo que seu
propsito em relatar seja para se isentar ou se inocentar, apenas, de alguma culpa
ou acusao
, "
.] " [ ' ,"
como ficou conhecido pelo que Rabi Shimon disse a seu pai, Rabeinu HaKadosh,
em relao a um problemtico documento de divrcio que foi impropriamente
escrito: Eu no o escrevi; Yehud, o alfaiate, o escreveu, onde o insulto foi
relativamente pequeno, e o propsito era o de auto-justificao e no entanto
seu pai lhe replicou: Afasta-te da calnia. (Ver a Guemar, Tratado Bava
Batra,9 incio do captulo 10.)
Nestes casos, tambm, ele descobrir que no resiste ao seu mau impulso como
deveria, at na categoria de afasta-te do mal.
403
, ,
;"' " ,"' "
.' ,
Alm do mais, mesmo de acordo com a opinio que diz que esse mandamento
no de origem bblica (e sim somente um decreto rabnico), no entanto,
decretos Rabnicos so ainda mais rigorosos que as leis bblicas,12 etc. e,
mesmo assim, muitas vezes as pessoas sucumbem e no conseguem se controlar
(desfrutando em demasia do que permitido) quando a tentao forte,
exigindo uma batalha interna para venc-la.
, ,
S que estes e outros casos semelhantes esto entre aqueles pecados que o povo
pisa com seus calcanhares13 ou seja, que as pessoas esto insensveis sua
importncia,
.' ,
,' ,
404
, , -
,
, ' , -
Sua culpa de longe muito maior que a culpa do kal shebekalim, do mais
desprezvel dos freqentadores de esquina, que esto longe de Dus e de Sua
Tor.
, ,
,'
A culpa deles por no conseguirem subjugar o seu [mau] impulso, que arde
[neles] como uma chama flamejante por meio do temor a Dus (que deveriam
despertar dentro de si mesmos, tendo em mente que Dus ) Aquele que conhece
e v todas as suas aes no to grave
, ' -
quanto a culpa daquele que se encontra sempre mais perto de Dus, de Sua Tor
e de Seu servio.
Por isso nossos Sbios declararam, em relao aos iletrados (em termos de Tor),
que no caso deles, pecados premeditados so considerados como se fossem aes
involuntrias,16 pois eles no tm conscincia da gravidade dos seus pecados.
405
Ao refletir sobre tudo isso, o erudito observante da Tor ser agora capaz de
cumprir a instruo da Mishn (citada no incio deste captulo): Seja humilde
de esprito (sinta-se rebaixado e inferior) diante de todo homem. Desta forma,
ele ser capaz de rebaixar (e esmagar) o seu prprio esprito e o esprito da sitr
achar em sua alma animal, permitindo que a luz de sua alma Divina penetre e
irradie por todo o seu corpo, como foi explicado no captulo 29.
1. Avot 4:10.
2. Avot 2:4.
5. Cap. 12.
6. Tehilim 34:15.
8. Cap. 42.
9. 164 b.
406
16. Bava Metsia 33b.
407
Captulo 31
408
Nos captulos 29 e 30, o Alter Rebe descreveu vrias maneiras de se chegar ao
sentimento de contrio (ou, literalmente, corao partido); por exemplo,
refletindo sobre sua falha espiritual por no travar uma batalha vigorosa e
adequada contra o seu mau impulso, conscientizando-se de que sua falha, nessa
rea, o coloca num nvel inferior ao judeu mais baixo que possa existir (conforme
explicado no captulo 30).
Mas, enquanto esses mtodos podem efetivamente banir o timtum halv, eles
parecem ter um indesejvel efeito colateral: a depresso. O captulo 31 trata
desse problema.
. - , ,
, ,
, ,[ " "
409
(3Por esse motivo o AriZal escreve que at mesmo preocupar-se com seus
prprios pecados s apropriado durante o vidui (a confisso),
] ,
mas no durante a reza e o estudo da Tor, pois estes devem ser realizados com
uma alegria derivada exclusivamente do domnio da santidade, o que exclui a
alegria surgida da frivolidade e de coisas semelhantes).
Por que, ento, algum deveria se esforar em esmagar o esprito da sitr achar
com mtodos que conduzem depresso, que deriva da sitr achar de nog?
, , --- -
," " :
. ,
Sobre esta tristeza, que surge aps profunda reflexo sobre o estado espiritual
da pessoa, est escrito: Em toda tristeza haver um lucro.6 O lucro est na
alegria que se segue tristeza, como ser explicado mais adiante ( de que forma
a prpria tristeza leva alegria).
' - ,
, "" -
410
A palavra atsvut, que significa melancolia, deriva de uma raiz que significa
contrado. Nesse contexto, ela se refere a uma depresso que entorpece, que
aperta o corao, bloqueando todo sentimento, como o Alter Rebe continua:
Pois atsvut significa que o corao est entorpecido como uma pedra, e que no
h nenhum sinal de vida (despertar de sentimento) em seu corao.
, , ,
, ,
.
, ,
,
411
(tsimtsumim) e declnios desse atributo transformam-no, eventualmente, em
mal, o mal da kelip. Naturalmente, isto inclui tambm a sitr achar da alma
animal e o seu mau impulso. Para elevar ou adocicar o mal e faz-lo retornar
ao domnio da santidade, necessrio trazer sua fonte para sobrepuj-lo. Em
termos de servio a Dus, isto significa esmagar o mau impulso atravs de
merirut, um remorso amargurado, que extrai sua vitalidade do santo atributo da
severidade, que a fonte de origem do mau impulso.
Por essa razo, os nossos Sbios disseram: Deve-se sempre incitar a boa
inclinao para irar-se [contra a m inclinao].8
. ,
, ,
No entanto, o momento apropriado para isso para esta ira da alma Divina
contra a alma animal, que o momento mais oportuno e adequado para a
maioria das pessoas,
, ,
, "
412
, ,"' " "
, .
, ,
Ele ento chegar a uma verdadeira alegria, a saber: que ele diga o seguinte a si
mesmo para poder confortar o seu corao em uma medida dupla (no s para
eliminar a sua depresso, como tambm para alcanar uma alegria que ele nunca
experimentaria, se no fosse por sua depresso anterior), baseado nas palavras
de verdade acima em relao ao seu baixo nvel espiritual.
,' , ' , :
que diga ao seu corao: Realmente, sem dvida, eu estou distante demais,
totalmente afastado, de Dus, e eu sou desprezvel, abominvel e assim por
diante.
, ,
Mas tudo isso verdade somente em relao a mim, isto , meu corpo e a
alma que lhe d vida, que est dentro dele.
, , " '"
,
No entanto, dentro de mim h uma verdadeira parte de Dus, que est presente
mesmo no mais indigno dos meus semelhantes (de modo que mesmo que eu no
seja melhor que ele, ainda tenho essa parte de Dus dentro de mim), isto , a
alma Divina e a centelha da prpria Divindade investida nela, dando vida a ele.
413
S que, quando o corpo e a alma que lhe d vida esto em um estado to baixo,
a alma Divina encontra-se no exlio dentro deles.
' ,
, , -
quanto mais minha alma Divina vai ficando em um exlio cada vez mais
profundo, maior deve ser a compaixo que devo ter dela.
,
,
Por isso eu farei com que todo meu objetivo e desejo seja libert-la deste exlio
e faz-la retornar casa do seu pai, ou seja, restaur-la sua fonte e ao seu
estado original como em sua juventude,
, ,
isto , como ela estava antes de ser investida em meu corpo, quando ela estava
completamente absorvida na luz de Dus e unida com Ele.
,
, ,
Agora tambm, que ela esteja novamente absorvida e unida com Ele, na medida
em que eu concentro todas as minhas aspiraes na Tor e nas mitsvot, em um
esforo para investir nelas todos os dez poderes [da alma]; isto , aplicando
minhas faculdades mentais no estudo da Tor, e minhas faculdades emotivas
para a realizao das mitsvot com a vitalidade que lhes concedida pelo amor e
temor a Dus, como foi explicado acima no captulo 4. Assim, minha alma
Divina voltar a ser reunida com Dus.
, '
. ,
," "
414
E em relao a este servio a Dus, no qual a pessoa procura restaurar a alma
sua fonte que se refere o conceito de teshuv com boas aes.10
. " '"
Isto denota as boas aes que uma pessoa faz com a inteno de fazer retornar
a alma que parte de Dus para a fonte e raiz [Divina] de todos os mundos.
,
, , ,
Este, ento, ao longo de toda a sua vida, dever ser o objetivo da pessoa no
servio a Dus com grande alegria a alegria da alma ao deixar o corpo
repugnante, retornando, durante o estudo de Tor e servio a Dus atravs da
reza, para a casa do seu pai, como na sua juventude, isto , para a unio com
Dus que ela j desfrutava antes de descer para dentro do corpo.
. : "
Isto corresponde afirmao dos nossos Sbios11, de que uma pessoa deve se
empenhar em fazer teshuv durante toda a sua vida.
,
,
415
Certamente no h alegria to grande quanto a de ser liberado do exlio e do
cativeiro. Ela comparvel alegria de um prncipe que foi capturado e
subjugado ao trabalho pesado de ficar girando a pedra do moinho na priso,12
enquanto est coberto de imundcie,
Este prncipe, descendente do Rei Supremo, a alma, e por meio da Tor e das
mitsvot ela redimida do cativeiro e da degradao impostos a ela pelo corpo.
," " ,
pois o carter essencial da alma animal no foi transformado para o bem, para
que ela possa ser absorvida no domnio da santidade
, , , -
.
Mesmo assim, que sua alma Divina lhe seja mais preciosa que o seu repugnante
corpo, para que ele fique feliz com a alegria da alma ao ser libertada (do exlio
do corpo), atravs da observncia da Tor e das mitsvot, sem permitir que a
tristeza, por causa do estado inferior do seu corpo, interfira ou perturbe a alegria
da alma.
," " : , ,
416
Esta forma de servir a Dus na qual a alma Divina irrompe livre do seu exlio
dentro do corpo, enquanto o corpo e a alma animal permanecem no seu estado
baixo comparvel ao xodo do Egito, sobre o qual est escrito que o povo
fugiu.14
Os judeus disseram ao Fara que eles deixariam o Egito por apenas trs dias,
mas, ao serem libertados de sua terra, fugiram.
, ,
? ,
primeira vista, isso parece estranho: por que precisava ser assim em forma
de uma fuga? Se eles tivessem pedido ao Fara que os deixassem sair livres para
sempre, ele no seria forado a faz-lo como seria castigado com as Dez Pragas,
que diferena faz sair por trs dias ou sair de vez?
No entanto, a fuga foi necessria porque o mal na alma [animal] de Israel ainda
estava forte no lado esquerdo do corao, o assento da alma animal,
,
, ,
417
Porm, o objetivo e desejo deles era que a sua alma Divina deixasse o exlio da
sitr achar a impureza do Egito e que se apegasse a Dus.15
Conforme est escrito que h uma forma de se servir a Dus que consiste na
fuga da alma Divina da impureza do corpo e da alma animal: Dus minha
fora e minha fortaleza, meu refgio no dia da aflio;16 [Ele ] minha torre
alta e meu refgio;17 e Ele minha fuga...18
" : , ' ,
."' '
por isso que est escrito, sobre a Redeno que ocorrer no futuro, quando
Dus remover o esprito da impureza da terra e, portanto, no existir mais
nenhum mal que torne necessria a fuga espiritual: [Vocs no sairo s
pressas], nem no alvoroo da fuga vocs iro, pois Dus ir diante de vocs.19
O xodo do Egito, no entanto, ocorreu em forma de fuga, pois o mal ainda estava
forte na alma animal do povo. De maneira semelhante, sempre que algum
desconsidera a baixeza do seu corpo e da alma animal, e se ocupa com a Tor e
as mitsvot com a finalidade de libertar a alma Divina do seu exlio corporal, ele
realiza, na prtica, o equivalente espiritual do xodo do Egito.
Pode-se dar a essa teshuv (a restaurao da sua alma sua fonte) uma fora
adicional das profundezas do seu corao e igualmente acrescentar uma maior
medida de luz e alegria alegria de sua alma causada pela teshuv,
: , -
consolando o seu corao por sua aflio e seu sofrimento, atravs da reflexo
(ou, literalmente, falando ao seu corao) com conhecimento e entendimento,
como segue:
, - '
418
Certamente isso verdade... (como foi dito acima) que eu estou totalmente
afastado de Dus, etc.; mas no fui eu que criei a mim mesmo de modo que a
alma Divina fique exilada dentro da impureza do corpo e da alma animal. Foi
Dus que me criou assim.
, , '
" " " " ,
Por que, ento, Dus fez tal coisa fazer com que a alma Divina, uma parte da
Sua luz que enche e abrange todos os mundos, e diante da qual tudo nada,
descer para dentro de um corpo e ser investida em uma pele de serpente e uma
gota ftida?
, -
Com certeza, essa descida deve ser necessria para se atingir a uma elevao
posterior!
, '
,
Isto , para elevar a Dus, totalmente, toda a alma vital e animal, que se origina
da kelipat nog, e tambm suas vestimentas de pensamento, fala e ao,
,] ,[
E uma vez que assim, h uma coisa que eu devo fazer, e este ser meu nico
objetivo por toda a minha vida:
419
mergulhar a vida do meu esprito e da alma nisso no pensamento, na fala e na
ao da Tor e das mitsvot , conforme est escrito: A Ti, Dus, eu ergo minha
alma.21
,
,
Na prtica, isto significa atar (conectar) meu pensamento e minha fala com o
pensamento e a fala de Dus os quais so, de fato, as prprias leis que foram
expostas diante de ns. Pois as leis da Tor so o pensamento e a fala de
Dus, e, ao estud-las, a pessoa amarra (conecta) suas prprias faculdades de
pensamento e fala com suas contrapartidas Divinas.
, ," "
Por esta razo, a Tor descrita como aquilo que restaura a alma,22 isto , ela
restaura a alma sua fonte e raiz.
Alm do mais, em relao a essa ocupao com a Tor e as mitsvot, que trazem
alegria alma restaurando-a sua fonte, e que elimina a tristeza do seu exlio
no corpo e na alma animal, est escrito: Os mandamentos de Dus so justos;
eles alegram o corao.23
Quando algum considera que o seu estudo da Tor e a sua observncia das
mitsvot elevam, no somente a sua alma Divina, como tambm a sua alma
animal, sua teshuv ganhar em profundidade, e a alegria de sua alma ganhar
em intensidade.
Pois, embora a fuga da alma do exlio dentro do corpo e da alma animal (da
qual se falou antes) j pudesse ser, por si s, motivo suficiente para uma grande
alegria, esta seria uma alegria que ainda est marcada pela tristeza, devido ao
estado inferior no qual o seu corpo e sua alma animal permanecem. No entanto,
quando ele se d conta de que a Tor e as mitsvot tambm elevam o seu corpo
e a sua alma animal, a sua alegria ser completa.
420
1. Divrei Haiamim [Crnicas] 16:27.
2. Shabat 30b.
4. Sanhedrin 39b.
5. Shabat 121b.
6. Mishlei 14:23.
421
no so expresses de atsvut em absoluto, pois so expresses bem vivas e ativas.
Da mesma forma, quando o Alter Rebe afirma que a depresso por causa das
falhas espirituais tem o efeito de livrar a pessoa da depresso por outras causas,
ele novamente est se referindo depresso temporria acima mencionada, a
qual surge logo aps a realizao da contabilidade (ou auto-avaliao) espiritual.
(De um comentrio do Rebe Shlita).
8. Berachot 5a.
422
14. Shemot 14:5.
15. Isso explica por que [quando chegou a hora da Redeno] Dus no os deteve
[no Egito] nem por um momento. (Mechilta em Shemot 12: 41) para que o mal
dentro deles no os arrastasse de volta para a impureza do Egito. (Baseado num
comentrio do Rebe Shlita).
423
Captulo 32
, ,
424
"-
. "
,
,
Como, ento, algum poderia alegar que sua alma superior alma de seu
semelhante?
, ,
; ' , ""
por causa dessa raiz comum, no Dus nico, que todos os membros do povo
de Israel so chamados de irmos, no pleno sentido da palavra, e no apenas
figurativamente, no sentido de parentes, semelhantes na aparncia, ou algo
do gnero;3
Isto explica como possvel exigir que algum ame o seu semelhante como ama
a si prprio. Amor-prprio algo inato, natural, no ser humano; o amor ao seu
semelhante, no precisa ser produzido. Como pode um amor produzido ser
comparvel a um amor natural?
425
De acordo com o princpio mencionado acima, isto facilmente compreensvel.
Um judeu no precisa produzir dentro de si um amor por um outro judeu. Este
amor uma caracterstica inata da sua alma, por causa da sua raiz e origem na
Divindade, que comum a todas as almas. Assim, este amor to natural quanto
o amor entre irmos.
-
. ,
Como o corpo que nos separa um do outro, enquanto a alma aquilo que nos
une, quanto mais uma pessoa valoriza o seu corpo e, conseqentemente, menos
valor ela d sua alma, mais consciente ela estar das diferenas entre ela e o
seu semelhante. Essas diferenas exigem que ela produza um amor por seu
semelhante, e, como foi dito acima, um amor produzido nunca pode ser igual a
um amor natural, um amor inato. Portanto, o amor entre pessoas que consideram
os seus corpos o mais importante ser um amor baseado somente em algum fator
externo. Neste caso, o amor : (a) limitado importncia do fator motivador, e
(b) destinado a durar somente enquanto aquele fator for vlido e existir
***
O Talmud relata que Hilel, o Velho, foi o autor da famosa afirmao de que
ahavat Israel (o amor de um judeu por seu semelhante) a base de toda a Tor.
Hilel havia sido abordado por um gentio que declarou desejar converter-se ao
Judasmo, mas somente se Hilel lhe ensinasse toda a Tor no tempo em que ele
pudesse ficar de p apoiado sobre uma s perna. Hilel replicou: O que odioso
para ti no faas ao teu semelhante. Isto toda a Tor; o resto apenas
comentrio...
Surge uma dvida muito bvia: todas as mitsvot podem ser divididas,
basicamente, em duas categorias: (a) ben adam lachaver mitsvot entre o
426
homem e seu semelhante; e (b) ben adam laMakom mitsvot entre o homem
e Dus.
."' , " :
:
;
Pois o objetivo bsico e a raiz de toda a Tor erguer e elevar a alma, bem acima
do corpo, at [Dus, a] fonte e raiz de todos os mundos,
, , - --
, ,
e tambm atrair para baixo a luz infinita do Ein Sof, para dentro da Comunidade
de Israel, como ser explicado mais adiante,5 ou seja, para dentro da fonte das
almas de todo Israel, de modo que o [Dus] nico residir dentro de [Israel, mas
somente na medida em que eles esto como] um, isto , unidos.
, - ,
Porm, para que a luz do Ein Sof resida dentro da Comunidade de Israel,
preciso que haja unio. Isto no possvel quando h desunio entre as almas,
Dus nos livre, pois Dus no reside em um lugar imperfeito, onde h
desunio.5a
: ," " :
427
do Semblante de Dus pode ser revelada somente quando estamos unidos todos
como um, como foi explicado em outro lugar, extensamente.
Como todo judeu possui uma alma Divina, e como o mandamento para amar o
seu semelhante baseado na unio essencial que as almas tm (por provirem do
mesmo Pai), conseqentemente, este mandamento se aplica a todo e qualquer
judeu, sem exceo. No entanto, ns encontramos uma orientao no Talmud
que nos exorta a odiar certos judeus. Como conciliar essas exigncias
aparentemente contraditrias? isto que o Alter Rebe nos esclarecer agora:
, -
Quanto declarao do Talmud7 de que se uma pessoa v seu amigo pecar ela
deve odi-lo e tambm deve relatar o fato ao mestre dele, para que ele tambm
o odeie como se explica isto, que parece contradizer tudo aquilo que foi dito
acima?
, -
- - " "
. , ---
E tambm preciso que ela (a pessoa que o viu pecando, j o tenha repreendido
por seu pecado, ou seja, que) j tenha cumprido com ele (com o pecador) o
mandamento de: Tu devers repreender continuamente o teu amigo.9 A
palavra em hebraico usada aqui pela Tor para definir o teu amigo (amitecha)
tambm significa, como o Talmud10 explica, im sheitch aquele que est
contigo, no mesmo nvel, no estudo da Tor e nas mitsvot, conforme est escrito
em Sfer Charedim.
428
Nesse ponto no h mais nenhuma necessidade de exagerar a gravidade do seu
pecado: bvio que esta, realmente, foi uma transgresso premeditada.
Mas em relao quele que no seu colega (que no est no seu nvel em
termos) de Tor e mitsvot, de modo que (como nossos Sbios dizem a respeito
do iletrado em Tor, em geral) mesmo suas transgresses deliberadas so
consideradas aes inadvertidas, pois ele no est consciente da gravidade do
pecado; alm disso, se o pecador um indivduo com quem ela (a pessoa
observante) no tem proximidade e, portanto, no tem a incumbncia de odi-
lo, ento, pelo contrrio, a pessoa deve se esforar para se aproximar dele, como
o Alter Rebe afirmar logo adiante.
Odiar tal pecador certamente injustificvel, pois nenhum pecado que ele
cometa considerado premeditado. Tambm no h nenhuma razo para se
afastar dele por temor de se deixar influenciar por seus maus caminhos
(cumprindo a exortao da Mishn: No confraternizes com um homem
perverso), pois de qualquer forma trata-se de algum com quem no se tem nem
proximidade, nem relaes pessoais.
,' , " :
,"
Portanto, pelo contrrio, disse Hilel sobre essa situao: Seja um dos discpulos
de Aaro, amando a paz e perseguindo a paz, amando as criaturas e as
aproximando da Tor.11
- "" , ' ,
,
Este uso da palavra criaturas, em relao aos seres humanos, significa que
mesmo aqueles que esto longe da Tor de Dus e de Seu servio, motivo pelo
qual eles so classificados simplesmente como criaturas, indicando que o fato
de eles terem sido criados por Dus a nica virtude que eles tm, at mesmo
tais indivduos deve-se atrair com as fortes cordas do amor.
;'
Talvez desta forma ser possvel, apesar de tudo, atra-los para perto da Tor e
do servio de Dus.
. -
429
E mesmo que se falhe (no conseguindo aproxim-los de Dus e de Sua Tor), a
pessoa (que tentou aproxim-los com amor) no perdeu o mrito da mitsv de
amar aos companheiros o que ele cumpriu atravs dos esforos que fez neste
sentido.
. -
Alm disso, mesmo aqueles os quais a pessoa ordenada a odiar por estarem
prximos (fsica e espiritualmente) e foram repreendidos, mas que ainda no se
arrependeram dos seus pecados a eles tambm tem-se a obrigao (mitsv) de
amar.
Mas como possvel amar uma pessoa e odi-la ao mesmo tempo? O Alter
Rebe explica que, como o amor e o dio derivam de duas causas diferentes, eles
no conflitam.
, :
. ,
E ambos, o amor e o dio, so sentimentos verdadeiros nesse caso, uma vez que
o dio por causa do mal que existe dentro deles, enquanto o amor por causa
do bem que h dentro deles, isto , a centelha Divina dentro deles, que d vida
s suas almas Divinas. Pois esta centelha de Divindade est presente mesmo no
mais perverso dos judeus; ela simplesmente encontra-se oculta.
, ,
,
430
: ,
""
,"' " :[
, ,
(13 Quanto declarao do Rei David, que a paz esteja sobre ele: Eu os odeio
com um dio total,14 no reservando nenhum amor para eles, isto se refere
somente aos judeus hereges e atestas, que no possuem nenhuma parcela no
Dus de Israel,
:]
No entanto, qualquer pecador que no seja um herege no deve ser odiado com
um dio total, pois a mitsv de ahavat Israel, amor ao prximo, igualmente o
envolve.
1. Vayicr 19:18.
4. Shabat 31a.
5. Cap. 41.
7. Pessachim 113b.
A razo para essa diferenciao no pode ser, diz o Rebe, pelo fato de que
algum possa aprender das falhas do judeu devoto, que est em um nvel
semelhante ao da pessoa (que deve odi-lo), mas que est menos propensa a ser
influenciada pelo comportamento de um judeu no observante, que de qualquer
forma j vive de modo diferente.
432
ser odiado, no porque exista nele algo de odioso, e sim apenas para proteger a
integridade espiritual da pessoa que deve odi-lo, muito difcil de se aceitar.
Do ponto de vista da Chassidut, caso um certo ato possa causar um dano a
outrem, por mais remoto que seja esta possibilidade, exige-se que uma pessoa
sofra um dano e se prejudique, mas que no cause nem mesmo um dano remoto
ao seu semelhante. Tal doutrina certamente no apia a sugesto de
categoricamente prejudicar um semelhante (odiando-o) com a finalidade de
evitar um possvel ou remoto dano a si prprio; e, ainda por cima, fazer tudo isso
para evitar um dano ou mal que s poderia vir a ocorrer com a pessoa caso ela
falhasse em resistir sua prpria m inclinao!
9. Vayicr 19:17.
433
Captulo 33
,
,
434
Ainda h outros meios de conduzir a alma da pessoa a uma verdadeira alegria,
especialmente naqueles momentos especficos quando ela acha necessrio
purificar a sua alma e ilumin-la com o contentamento do corao:
Que reflita sobre como Ele permeia todos os mundos, tanto os superiores como
os inferiores.
Assim como a alma preenche todo o corpo, dando-lhe vida, assim tambm Dus
preenche e permeia todos os mundos. Quando se diz que Dus preenche todos
os mundos, isto se refere fora vital Divina que se adapta capacidade
individual de cada da criatura para receber esta fora vital Divina. por esse
motivo que o Alter Rebe distingue aqui entre mundos superiores e mundos
inferiores: nos mundos superiores (mais espirituais), a revelao dessa fora
vital maior, uma vez que a capacidade destes mundos tambm maior.
Que reflita, depois, sobre como at mesmo este mundo inferior est permeado
com Sua glria
Isto se refere fora vital Divina que abrange (sovv) todos os mundos, e que
lhe d vida como se fosse por cima, sem se envolver nem se adaptar diretamente
natureza particular de cada ser criado, de modo que mesmo este mundo fsico
est permeado com Sua glria.1
e como todas as coisas deixam de ser uma realidade, qualquer que seja, diante
de Sua presena.
435
,
, , ,
,
Ele Um e nico, tanto nos domnios superiores quanto nos inferiores, assim
como Ele era Um e nico antes dos seis dias da Criao, quando nada existia
independente de Dus; assim tambm agora, quando todos os mundos vieram a
existir, Ele ainda Um e nico, pois toda a criao nula diante dEle, como
ser explicado depois. Mesmo no exato lugar onde este mundo o cu, a terra e
todas as hostes foi criado, s Ele que, ento, preenchia todo esse espao.
,
,
O mesmo verdade agora; Ele segue sendo Um e nico, sem qualquer tipo de
mudana. Pois, em relao a Ele, a verdadeira existncia de todos os seres criados
completamente nula, de modo que, de Sua perspectiva, por assim dizer, tudo
permanece exatamente como estava antes da criao.
Aqui o Alter Rebe introduz uma analogia, na qual ele descreve o princpio da
evoluo de uma idia ou um desejo, do momento em que primeiro ocorrem na
mente e no corao de algum. Nesse estgio, a idia ou o desejo no tem forma,
pois ento ela ainda no tem a figura ou forma das palavras. desejo puro, idia
pura. O desejo (neste estgio) de uma pessoa que fala portugus, por exemplo,
no se manifesta diferente do desejo de uma pessoa que fala hebraico.
436
pessoa pensa e fala aquilo que entende ou sente. Estas faculdades so chamadas
de substncia e essncia da alma, em comparao ao pensamento e fala, que
so somente as vestimentas da alma, isto , seus modos de expresso externa.
Relacionando a analogia com o ponto em discusso: todo ser criado deriva sua
existncia e vida da fala Divina, isto , as letras do comando de Dus que o
criou. Como nada est fora de Dus, esta fala criativa e os seres criados por
esse meio esto contidos dentro de Dus, da mesma maneira que as palavras que
a pessoa fala estavam antes contidas dentro do desejo do corao. Portanto, toda
criao nula diante de Dus, justamente como as letras da fala esto anuladas
(no-existentes) dentro da idia ou do desejo puros originais que so a sua fonte,
onde somente o desejo sentido, e no as letras.
, ,
,' :
Todos os seres criados esto anulados diante de Dus, assim como as letras da
fala e do pensamento esto anuladas (no-existentes) dentro de sua fonte e raiz,
isto , dentro da substncia e essncia da alma, ou seja, suas dez faculdades
Chochm, Bin, Dat,... e demais midot,
.] ,[
,
, ,
Essa idia foi explicada em outro lugar atravs de uma comparao com um
fenmeno fsico: a anulao do brilho e da luz (os raios) do sol dentro de sua
fonte, o celestial globo solar.
,
: ,
Pois certamente seu brilho e sua luz brilham e se espalham tambm por l; mais
fortemente, de fato, do que se espalham e brilham no espao do universo. Por
estar prxima de sua fonte, a luz mais intensa. Mas l dentro do sol sua
437
existncia prpria anulada dentro (da existncia ofuscante) da sua fonte;
como se [a luz] fosse absolutamente no-existente. Tudo que se v, dentro do
sol, o prprio sol, no seus raios de luz, que so meramente um produto, um
derivado do sol.
,
. ,- --
, ,
,
. ,
Este , de fato, todo o propsito da vida do homem, e o propsito pelo qual ele
e todos os mundos, tanto os superiores como os inferiores, foram criados:
. , -
438
para que Dus tenha esta moradia aqui embaixo, como ser explicado mais
adiante, extensamente,4 como essa morada terrena para Dus o objetivo de
toda a criao.
, ,
, -
Quo grande seria a alegria de uma pessoa simples e baixa quando ela
conduzida para perto de um rei de carne e osso que, alm disso, se aloja e, ainda
mais, reside junto com ela no no palcio do rei, e sim na casa dela!
,--
Quanto mais, infinitamente mais, uma pessoa deveria se alegrar por estar
prxima do Rei dos reis, O Santo, bendito seja, e por Sua residncia por Ele
estar residindo juntamente com a pessoa em seu mundo fsico, o lar do homem.
:"' " :
Assim est escrito: Pois quem o homem que ousa aproximar-se de Mim?,
diz Dus.5
,"" '
Quo felizes somos ns! Quo boa nossa poro [como agradvel nosso
destino] e quo bela nossa herana!
439
, ,
Em outras palavras, assim como uma pessoa se rejubila e fica contente quando
cai em sua posse uma imensa fortuna, por herana, sem que ela tenha feito
nenhum esforo prprio para consegui-la,
, ,
, - , '
.
, , " : "
," " :
, , ,
. "
Isto significa que como se elas todas as mitsvot consistissem somente nessa
mitsv de f, pois atravs da f, somente, se chegar ao cumprimento de todas
as 613 mitsvot.
, ' ,
,
Isto , quando seu corao rejubilar e ficar feliz com sua f na unicidade de Dus,
em uma alegria total, como se ele tivesse somente a obrigao de cumprir apenas
essa nica mitsv, e ela somente fosse o propsito pelo qual ele e todos os
440
mundos foram criados obviamente, se houvesse tal mitsv para ele fazer,
certamente ele a cumpriria com a maior das alegrias.
, -
. "
Que ele assim se rejubile com a mitsv da f, e com o poder e a vitalidade da sua
alma [gerados] dessa grande alegria, sua alma voar bem acima de todos os
obstculos que a impedem de cumprir todas as 613 mitsvot; tanto em relao aos
obstculos de dentro da parte de sua alma animal, quanto os de fora que
surgem do ambiente sua volta.
Assim, a palavra vhjh yichi (viver), no versculo um tsadic viver por sua
f, significa ser revivido; como se fosse ressuscitado da morte, assim sua alma
ser revivida por esta grande alegria.
' ,
-
, ' -
ela tambm se rejubilar duplamente pela alegria e pelo prazer que sua f traz a
Dus.
441
" " : ,""
(A frase Bblica o Fim dos Dias est escrita kts haiamin; pois iamin (em
aramaico) significa dias, e iamin (em hebraico) significa direita; a frase, assim,
sugere que no Fim dos Dias Dus revelar Sua mo direita uma referncia ao
Seu atributo de revelao, quando Ele expulsar o esprito da impureza da terra,
e a glria de Dus, a Divindade dentro de todo ser criado, ser revelada, e toda
carne juntamente (a) contemplar.9 Isto quer dizer que no apenas a mente
mas at a prpria carne do homem captar a Divindade, como ser explicado
mais adiante.10)
Esta expulso da sitr achar ocorrer somente ao Fim dos Dias, durante a
poca de Mashiach. At ento, contudo, enquanto a escurido da kelip reinar
sobre a terra, uma pessoa proporciona a gratificao de Dus esmagando a sitr
achar e transformando a sua escurido em luz, por meio de sua f. Quando o
homem toma conscincia desse fato, isso intensifica sua prpria alegria em sua
f.
, ,
No h maior alegria para Dus que a luz e a alegria causadas pela transformao
da escurido em luz, quando a luz tem a qualidade superior obtida por sair da
prpria escurido.
442
," " :
Este o significado do versculo Que Israel se alegre com seu Fazedor,11 (notem
a palavra Fazedor, e no Criador ou algo do gnero).
,' -
. ,
Explicao: quem quer que seja da semente de Israel deve se rejubilar na alegria
de Dus, que est feliz e alegre com Sua morada entre as criaturas das esferas
inferiores, que esto, realmente, no nvel da Assi fsica.
A palavra traduzida como com seu Fazedor (beossav) partilha de uma raiz
comum com Assi, o nvel mais baixo da criao. Com essa morada,
principalmente, que Israel deve se rejubilar, sabendo que a alegria de Dus
especialmente grande quando a criao em Assi, o mundo mais baixo, torna-se
uma moradia para Ele.
, ""
O Alter Rebe explica que, como Dus chamado aqui de Fazedor do mundo
da Assi, o domnio das kelipot cuja natureza arrogncia, e, portanto,
separao e autocentralizao, a referncia ao poder criativo Divino est no
plural pois ele est fragmentado, por assim dizer. H uma multido de seres
criados, cada um separado do outro, cada um recebendo sua vitalidade pelo poder
criativo Divino; da uma pluralidade de Fazedores, por assim dizer.
Mas essa imperfeio se torna uma causa para ainda maior alegria Divina,
quando esses seres separados, no nvel da Assi, se unem na unicidade de Dus.
Esta unificao da criao outro empreendimento da f do homem na unicidade
de Dus, pois essa f subjuga a sitr achar que causa a desunio.
Como foi afirmado acima, a escurido anterior que reala a luz que a substitui.
Assim, quanto maior a escurido, mais superior a luz resultante.
443
",
,"" "
Esta expresso no plural Fazedores refere-se ao nosso mundo fsico que est
preenchido com kelipot e sitr achar, que so chamadas de domnio pblico,
isto , domnio da multiplicidade, e montanhas de separao, pelo fato de que
elas so arrogantes (ativas) e separadas uma da outra.
: , " " ,
3. O Alter Rebe introduziu o tema da unicidade de Dus como uma idia que
pode e deve ser apreendida intelectualmente (Que ele pense profundamente...
em seu intelecto e entendimento... a verdadeira unicidade de Dus...). No
entanto, aqui ele se refere a ela como um item de f. Comentando essa
inconsistncia, o Rebe Shlita sugeriu diversas explicaes: 1) As analogias da
fala ou da luz do sol so vlidas somente depois que algum aceita, por uma
questo de f, o versculo Pela palavra de Dus os cus foram feitos. 2) Alm
disso, embora o Alter Rebe fornea aqui os meios para o entendimento do
conceito intelectualmente, de fato o reconhecimento de Dus como o nico ser
existente um assunto de f implcita e inerente em todo judeu, como o Alter
Rebe afirma depois (no meio do captulo 42). 3) Pode-se tambm sugerir que o
conceito da unicidade de Dus realmente transcende o intelecto, e, assim,
pertence ao domnio da f. Uma pessoa no pode realmente entender como Dus
Um e nico. A abordagem intelectual fornecida serve somente para conduzir
a pessoa a uma concluso racional de que Ele , realmente, Um e nico.
4. Cap. 36.
5. Yirmihu 30:21.
6. Macot 24a.
444
7. Chabakuk 2:4.
8. Yiov 28:3.
9. Yeshaihu 40:5.
445
Captulo 34
," "
Durante toda a vida deles, eles no cessaram, nem mesmo por um instante, de
ligar suas mentes e almas ao Senhor do universo,
, ,
446
Depois deles, vieram todos os profetas, que igualmente se anularam diante da
unicidade de Dus em diversos graus, cada um de acordo com o nvel de sua alma
e de seu entendimento.
: ,
.
O nvel do nosso mestre Moiss, a paz esteja sobre ele, ultrapassou a todos eles;
sobre ele nossos Sbios disseram: A Shechin (a Presena Divina) falava pela
garganta de Moiss.2
Sua entrega Divindade era to total, que as prprias palavras que ele proferia
eram a fala Divina; a relao entre a garganta de Moiss e a fala Divina era
como a relao entre uma garganta e a sua prpria fala.
,' " ,
.
, -
. ,
Por isso, como eles no conseguiam viver com esse sentimento de auto-anulao
e entrega diante de Dus, Ele ordenou que eles imediatamente erguessem para
Ele um Santurio onde estaria a Santidade das Santidades, dentro do qual Sua
presena moraria; isto , ali Sua unicidade se revelaria, como ser explicado mais
adiante.5
Mais adiante, o Alter Rebe afirma que, quando um lugar especfico fixado
como uma morada para a presena de Dus, apesar de que Sua glria preenche
toda a terra, o que torna este local nico e extraordinrio a revelao da
Divindade que ali ocorre. Em contraste com o resto do mundo, onde a unicidade
de Dus como o nico ser existente no mundo est oculta, na morada da
presena de Dus est claramente evidente que no h nada exceto Ele. Assim,
447
vemos que a revelao da unicidade de Dus que o povo judeu vivenciou no
Monte Sinai, mas no pde suportar, foi continuada atravs do Santurio.
, , -- -
, ,
, ,
:
Por isso, aps cada pessoa meditar profundamente, conforme a sua capacidade,
sobre o conceito de auto-anulao acima citado, que ela reflita sobre o seguinte,
em seu corao:
,
,
nem um pouco, de fato, daquilo que foi captado pelos Patriarcas e Profetas, que
foram uma carruagem e uma morada de Dus graas sua conscincia da
unicidade de Dus, como eles a captaram.
448
,
, ,
Assim sendo, eu farei para Ele um santurio e uma morada atravs do estudo
da Tor em momentos fixos, de dia e noite, dentro do meu tempo disponvel,
como est estipulado pela lei, aplicvel a cada situao individual, conforme
consta nas Leis do Estudo da Tor.
, ,
Com isso, seu corao rejubilar; ele ficar contente e agradecer alegremente
por sua parte (sorte), de bom grado,
, ,
: '
Se Dus lhe conceder uma maior abundncia de tempo para o estudo da Tor,
ento Aquele cuja mo pura aumentar seu esforo;7 isto , ele decidir que,
como teve mais tempo disponvel, ele o devotar ao estudo da Tor. Alm disso,
[Dus considera] uma boa inteno [como uma ao efetuada].8
Portanto, mesmo que seu tempo de estudo da Tor seja limitado a uma pequena
parte do dia e da noite, considerado como se tivesse estudado o dia inteiro,
uma vez que ele teria devotado todo esse tempo ao estudo da Tor, se o tivesse
disponvel. Em virtude de sua boa inteno, ele se torna, assim, uma morada para
449
a Divindade no somente durante o tempo efetivamente despendido no estudo
da Tor, como tambm durante todo o dia.9
, ,
,
Mesmo durante o restante do dia, quando est ocupado com negcios, ele ser
uma morada para Dus dando caridade dos lucros do seu empreendimento.
,"' " - --
." " :
Por mais que a pessoa distribua como caridade no mais que um quinto dos seus
lucros, que o mximo requerido para caridade; ento, como ele se torna uma
morada para a Divindade enquanto est ocupado ganhando os outros quatro
quintos?
, ,' -
no entanto, aquele um quinto eleva a Dus, com ele, todos os outros quatro
quintos, de modo que eles tambm se tornam uma morada para Ele.
, "
, '
.'" "
E assim como no caso dos sacrifcios, em que todas as criaturas vivas eram
elevadas a Dus atravs da oferenda de um animal, e todas as plantas, atravs da
oferenda da oblao, que consistia meramente de um dcimo de uma medida da
mais fina farinha misturada com leo, e assim por diante.
450
De forma semelhante, todos os lucros de uma pessoa so elevados quando ela
d um quinto para caridade.
' ,
. ,
Alm disso, como explicado abaixo, tudo que algum comeu, bebeu e desfrutou,
de modo geral, para sua sade corporal, dos outros quatro quintos dos seus
lucros elevado a Dus durante seu estudo de Tor e sua reza.
Assim, mesmo o tempo despendido em ganhar aquele lucro que ele no distribui
para a caridade tambm se torna uma morada para a Divindade atravs do estudo
da Tor e da reza.
***
- ,
, - ," " ,""
, - '
-
.] [
451
enquanto sua alegria sentida por causa da sua alma Divina, e da centelha da
Divindade investida dentro dela que lhe d vida, como mencionado acima (no
captulo 31).
, :
:
Rabi Elazar exclamou essas palavras ao ouvir de seu pai, Rabi Shimon, uma
exposio esotrica sobre a destruio do Templo. Por um lado, ele agora sentia
com mais intensidade a enormidade da tragdia; por outro lado, ele estava
repleto de alegria pelos segredos da Tor que lhe tinham sido revelados.
2. Zhar III, 232a; comentrio de Rabi David Lria em Shemot Rab, final do
cap. 3.
3. Shabat 88b.
5. Cap. 53.
6. Menachot 99b.
7. Yiov 17:9.
8. Kidushin 40a.
452
Dus lhe concede...). Pareceria, no entanto, que essas palavras meramente
continuam a proposio feita anteriormente: uma pessoa deve se rejubilar ao
saber que ela se torna um santurio para a Divindade durante o tempo que ela
dedica, cada dia, ao estudo da Tor, e deve decidir aumentar este tempo, se surgir
a oportunidade para isso. Por que a interrupo entre as duas sentenas?
Baseado no que foi dito acima, que se algum resolve aumentar a extenso do
seu estudo de Tor quando o tempo para isso lhe disponvel, isto lhe d o
status de santurio por todo o tempo que ele dedicaria ao estudo de Tor (o
que significa, de fato, o dia inteiro), isso pode ser explicado da seguinte forma:
453
Captulo 35
454
Antes de iniciar o captulo 35, vale a
pena, mais uma vez, chamar a ateno
para o fato de que o Tanya est
baseado sobre o versculo Pois esta
coisa (a observncia da Tor e das
mitsvot) est muito prxima de ti, em
tua boca e em teu corao, para que tu
possas faz-la [Devarim 30:14, ver
Pgina de Ttulo].
Com referncia a esta ltima afirmao, o Alter Rebe assinala (no captulo 17)
que essa alegao parece ser contrria nossa experincia; de fato, no um
assunto fcil para ns adquirir o amor e o temor a Dus.
O Alter Rebe ento continuou para dizer que mesmo aquele que no est
capacitado para tal contemplao intelectual pode tambm alcanar um amor e
455
temor a Dus atravs da revelao do amor natural oculto no corao de todo
judeu. Este amor tambm contm um elemento de temor, o temor da separao
da Divindade. Assim realmente est muito prximo e fcil servir a Dus no
corao da pessoa, isto , a partir de ambos, o amor e o temor a Dus.
Contudo, pelas palavras do versculo (Est muito prxima de ti... em tua boca,
e... corao, para que tu possas faz-la) evidente que por mais necessrios que
o amor e o temor a Dus possam ser, a efetiva e prtica observncia das mitsvot
suprema. Nos captulos seguintes, o Alter Rebe explica a superioridade dos
aspectos prticos das mitsvot sobre esse aspecto aparentemente mais
espiritual.
O mal interior de sua alma animal, no entanto, retm sua fora natural, e capaz
de despertar desejos proibidos em seu corao; somente pela constante vigilncia
o beinoni evita que esses desejos se manifestem em suas aes, palavras e
pensamentos (conscientes).
," ",
Iremos elucidar ainda mais a expresso para que tu possas faz-la, no versculo
Pois esta coisa (a observncia da Tor e das mitsvot) est muito prxima de ti,
em tua boca e em teu corao, para que tu possas faz-la, onde, conforme
mencionado, o clmax do versculo a sua nfase na ao.
,
,
tambm, [o propsito da] descida de suas almas [dos beinonim] a este mundo,
sendo investidas em uma alma animal derivada da kelip e sitr achar,
exatamente o oposto da alma (Divina).
456
,
,
? ,
Por que, ento, suas almas desceram para este mundo, para esforar-se em vo,
que Dus no permita; lutando durante toda a vida contra a sua m inclinao,
mas nunca sendo capazes de venc-la?
457
uma luta particular (contra o desejo da alma animal de agir ou falar
maldosamente), ela ento agiria sozinha, sem a participao da alma animal.
Uma vez que a alma Divina est investida dentro da alma animal, o objetivo
obviamente reside no aperfeioamento da prpria alma animal. Por essa
perspectiva, a luta dos beinonim realmente parece ser ftil, pois todos os seus
esforos no tm nenhum efeito sobre a m natureza da alma animal.
' , ,
.
Que esta explicao a seguir seja o consolo deles [dos beinonim], para confort-
los numa dupla medida de ajuda, e para alegrar seus coraes no Dus Que
habita entre eles em sua Tor e servio [Divino]. Isto , a explicao lhes
mostrar como encontrar conforto e jbilo na luz Divina que habita dentro deles
quando estudam Tor e quando esto ocupados no servio de Dus.
" " : ) ( ,
, ,'"
, , :
,
, ,
[Portanto,] todo homem sbio tem seus olhos isto , seu interesse e preocupao
e por conseguinte sua fala, [concentrados] em sua cabea, isto , naquela luz
da Shechin que repousa e paira acima de sua cabea.
, - , ,
458
Assim, quando seus olhos isto , seu interesse e sua preocupao esto l, ele
deve saber que essa luz acesa sobre sua cabea isto , a luz que brilha sobre sua
alma necessita de leo [combustvel para manter acesa a chama].
, ,
, :
, ,
Pois a luz acima de sua cabea precisa de leo, quer dizer, boas aes as boas
aes que o homem realiza so o leo que fornece a luz que ilumina sua alma,
,"& touq;
e por este motivo os olhos do sbio esto em sua cabea para assegurar que
nunca lhe falte o leo (boas aes) para esta luz.
Por natureza, o fogo se move para cima; ele no permanecer embaixo a no ser
que seja retido por um pavio ou madeira, por exemplo. Mas com apenas um
pavio rapidamente consumido, e o fogo logo apaga. Alm disso, quando o
pavio queima, produz uma luz enfumaada e turva, pois ele consiste em material
insuficientemente refinado para ser completamente absorvido pela chama. O
459
leo, por outro lado, tem uma combusto completa, transformando-se
inteiramente na chama e absorvido por ela; ardendo constantemente, ele produz
uma luz pura e clara.
,
,
O corpo pode atuar somente como um pavio, no como leo. Ele um corpo
fsico grosseiro, o qual no ser absorvido dentro da luz da Shechin, mas
permanecer sempre separado dela. As boas aes que o homem realiza fornecem
o leo.
, ,
evidente, pelo Zhar, que a alma da pessoa [ver cap. 2], embora sendo uma
parte de Dus acima, insuficiente para servir como leo para o pavio.
Uma pergunta est aqui implicada. Por que deveria a alma, que Divina em si,
e portanto certamente adequada para ser absorvida dentro da luz da Shechin,
necessitar de alguma coisa externa (tal como as boas aes) para servir como
leo para esta luz? Certamente a alma em si deveria constituir o leo!
Mas a razo para isso o Alter Rebe agora conclui a sentena iniciada
anteriormente com as palavras O significado dessa analogia clara e
compreensvel para todo ser humano inteligente.
O Alter Rebe agora prosseguir para explicar por que as boas aes podem
servir como leo para a luz da Shechin, enquanto a alma Divina no pode. A
explicao, em resumo, a seguinte:
460
as formas mais elevadas de amor e temor. Realmente, precisamente o amor a
Dus da alma que enfatiza a sua separao; pois o amor liga duas entidades
separadas: quem ama e quem amado. O mesmo ocorre com o temor: h um que
teme e outro que temido.
' ,
Pois a alma do homem, mesmo se ele um tsadic perfeito que serve a Dus com
temor e amor de deleites, isto , seu amor consiste em deleitar-se na experincia
da Divindade a mais suprema forma de amor,
, ' ---
,
no obstante, no tem sua existncia inteiramente anulada, para que ela possa
ser dissolvida e absorvida dentro da luz de Dus, para ser fundida nela em uma
unio perfeita.
; ' -
Mais propriamente, ela uma entidade separada, que teme a Dus e O ama.
Uma vez que ela no absorvida dentro da Divindade como o leo absorvido
dentro de uma chama, a alma no pode servir como leo para a luz da Shechin.
-
,
461
A diferena entre a Vontade Divina manifestada nas mitsvot e essa mesma
Vontade conforme manifestada na criao est em que esta ltima desceu para
eles atravs de muitas contraes (tsimtsumim), e pela ocultao do Semblante
isto , o aspecto interno da Vontade Suprema, com somente o aspecto externo,
superficial, da Vontade de Dus expressando-se na criao, e atravs de uma
descida de nvel em nvel.
,
,
Todas essas etapas foram necessrias para que fosse possvel que [os mundos e
as criaturas] viessem a existir e fossem criados a partir do nada como entidades
separadas, sem que sua existncia seja anulada, como mencionado acima4. Sem
as formas de ocultao da Divindade enumeradas anteriormente, todos os seres
criados seriam to completamente anulados diante da Vontade Divina que os
criou, que eles no teriam nenhuma identidade independente. Assim, a Vontade
Divina manifestada na criao pode ocorrer somente atravs de sua aparente
contrao, ocultao e descida.
, ,
Algum que entra em um negcio para obter lucro, e com isso sustenta a sua
famlia. Ele deseja que o negcio prospere, ele deseja os lucros e deseja sustentar
sua famlia. No entanto, o verdadeiro desejo, interiormente, o sustento da
famlia. Seu desejo por lucro apenas circunstancial, exterior sua vontade, e
seu desejo pelo negcio ainda mais [exterior].
462
Uma vez que as mitsvot representam a verdade de Dus, a Vontade interior, e
como nas mitsvot no h nenhuma ocultao dessa Vontade (o que no ocorre
na criao), portanto a fora vital [Divina] dentro delas no em absoluto uma
entidade separada,
. ,
mas est unida com a Vontade de Dus e contida dentro dela, e elas (as mitsvot)
esto verdadeiramente reunidas em perfeita unio com a Vontade de Dus.
Fica assim claro por que (na metfora mencionada acima) as mitsvot podem
servir como leo para a luz da Shechin: pois elas so verdadeiramente
absorvidas dentro da luz da Vontade Divina, e nela transformadas, assim como
o leo absorvido dentro da chama. (O Alter Rebe chegar a esta concluso,
depois de uma discusso preliminar sobre o que o Zhar quer dizer quando ele
afirma que a luz da Shechin repousa sobre o homem. Segue-se agora esta
exposio:)
, ,
, - -
, ' ,
Isto significa dizer que esse objeto est compreendido dentro da luz de Dus e
tem sua existncia anulada para Ele (isto , ele no possui nenhuma identidade
separada);
. '
pois [somente] ento pode o Dus nico repousar (sobre o objeto) e revelar-Se
nele.
. ' -
Mas qualquer coisa que no tenha sua existncia completamente anulada para
[a luz Divina] no pode ter a luz de Dus repousando e revelando-se dentro dela.
463
,
Mesmo um tsadic perfeito, que se apega a Ele com abundante amor o nvel
mais sublime de amor e ligao a Dus; contudo, mesmo no caso de tal tsadic
nenhum pensamento pode realmente apreend-Lo de forma nenhuma.
, - " "'
,
, - ,
Assim sendo, essa pessoa isto , o tsadic acima mencionado que ama [Dus] e
que um ser [separado] em sua prpria auto-percepo (como evidente do
prprio fato de que ele ama a Dus) em vez de ser uma no-entidade, nenhum
pensamento dele pode apreend-Lo em absoluto.
, , '
.
Mesmo o tsadic no pode apreender Dus e por isso tornar-se um com Ele atravs
das faculdades de sua prpria alma; portanto, a luz de Dus no reside ou se
manifesta nele, exceto atravs do cumprimento das mitsvot, que constituem Sua
real Vontade e Sabedoria, sem qualquer encobrimento do Semblante*. Uma
vez que o aspecto interior da Vontade Divina permanece revelado somente nas
mitsvot, somente por meio delas que a luz da Shechin repousa sobre o homem;
no atravs da devoo espiritual somente.
*Nota
Com referncia ao que foi afirmado acima, que a luz Ein Sof revela-se somente
dentro do que est totalmente anulado diante de Dus e absorvido dentro dEle,
o Alter Rebe observa:
, :[
- -- ,
464
,
De acordo com o que eu ouvi do meu mestre (o Maguid de Mezritch), que a paz
esteja com ele, sobre o significado e a razo por trs da afirmao do ts Chayim
de que a luz Ein Sof no se une nem com o Mundo de Atsilut (Emanao), a
no ser investindo-se primeiro no atributo de Chochm (Sabedoria).
, , ,- -
[:'
Isto porque o Ein Sof o verdadeiro Um; o que significa que somente Ele
existe, e no h nada alm dEle; e isto, de fato, o nvel de Chochm.
Fim da nota
O Alter Rebe agora retorna ao assunto da luz da Shechin que repousa sobre o
homem somente atravs das mitsvot (as quais somente elas podem servir como
leo para essa luz). Ele indica que o efeito dessa luz sobre a pessoa que realiza a
mitsv varia de uma categoria de mitsv para outra.
465
, , , ,
,
Quando uma pessoa estuda Tor, usando seus poderes de pensamento e fala,
sua Nesham, sua alma Divina com apenas as suas duas vestimentas internas,
que so as faculdades da fala e do pensamento
O pensamento , obviamente, uma vestimenta interna, uma vez que ele est
conectado prpria alma. Isto assim porque o pensamento funciona
incessantemente; ele est intimamente ligado alma, e a presena da alma
constante. A fala tambm interna, quando comparada com a ao, que age
sobre os objetos exteriores alma.
. - - '
" ,
.
Isto constitui o repouso da Shechin sobre sua alma Divina; conforme os nossos
Sbios disseram: Quando uma pessoa se aplica diligentemente ao estudo da
Tor, a Shechin est com ela6, significando, neste caso, que a Shechin repousa
sobre sua alma Divina e sobre suas faculdades de pensamento e fala, que esto
empenhadas no estudo mental e oral da Tor.
,
,
, '
Dessa maneira, o poder efetivo do corpo empenhado nesse ato, por exemplo,
quando algum coloca os tefilin, a fora fsica em seu brao que impele os
movimentos que constituem o cumprimento da mitsv; e, portanto, este poder
466
corpreo absorvido na luz e na Vontade Divinas, e se funde com elas em
perfeita unio.
Pois o [poder da alma animal] que implementa e realiza o ato que constitui a
mitsv.
, ,
,
Pois sem este poder da alma animal a alma Divina no afetaria o corpo de forma
nenhuma, uma vez que ela espiritual, e o corpo fsico e corpreo, de modo
que o corpo e a alma Divina so opostos, como so, geralmente, as dimenses
espirituais e materiais.
467
Pois a natureza da alma animal tal que o nvel mais grosseiro, mais material,
de sua substncia espiritual capaz de investir-se dentro do sangue.
Visto que a alma animal o meio de a alma Divina afetar o corpo, seu poder
ativo tambm absorvido na santidade quando algum realiza uma mitsv.
, ,
,
Como explicado no captulo 12, somente no caso dos tsadikim as prprias midot
so transformadas em santidade. Nos outros [inclusive os beinonim], somente
as vestimentas da alma animal suas faculdades de expresso, por meio das quais
a mitsv realizada so absorvidas na santidade; mas no as midot que
constituem a essncia da alma animal. No obstante, este fato no impede que
a luz da Shechin cubra todo o corpo, como o Alter Rebe concluir depois.
, ,
,
, ,
e as [ms midot] esto, neste momento quando algum exerce o domnio natural
do crebro sobre o corao pela contemplao da grandeza de Dus, num estado
de exlio e sono isto , impotente, como mencionado acima no captulo 13,
468
.
O Alter Rebe agora ir explicar como possvel uma mitsv atrair a Shechin
sobre todo o corpo da pessoa.
, ,
, '
est efetivamente absorvido na luz Divina, e funde com ela em perfeita unio.
, ,
Com isso uma pessoa atrai um raio da luz onde o poder especfico tenha sido
absorvido sobre a totalidade da alma animal por todo o corpo e igualmente
[sobre] todo o corpo.
Esse raio de luz Divina ilumina a alma animal da pessoa e seu corpo em um
modo de rodeando de cima, envolvendo-os da cabea aos ps.
." "
E na mesma linha, a expresso sobre toda [reunio de] dez [judeus] repousa a
Presena Divina [Sanhedrin 39a] significa que a luz da Presena Divina no os
permeia, mas ilumina-os de cima8.
469
Quanto luz da Shechin envolvendo o corpo, neste nvel ns encontramos
novas subdivises: o nvel que o efeito da mitsv; o nvel que rodeia qualquer
reunio de dez judeus, mesmo que no estejam ocupados com uma mitsv; e
talvez possamos distinguir ainda outro nvel aquele que repousa at sobre um
judeu individualmente, mesmo quando ele no est ocupado com uma mitsv.
O Alter Rebe agora ir estabelecer que essa variedade de nveis nos quais se
manifesta a Shechin no indica qualquer mudana ou pluralidade em sua luz
(Dus nos livre). A variedade significa meramente que os diferentes propsitos
da luz (a alma Divina, a alma animal, o corpo, etc.) a recebem de diferentes
maneiras.
-- , ,
-
Dus, o Ein Sof est em toda parte; apenas Ele est oculto de Suas criaturas.
Assim, a singularidade da manifestao da Shechin encontra-se na revelao do
Ein Sof.
, ,
pode ser considerada uma mudana nEle Mesmo, ou como uma pluralidade.
, "
?" ,
,'
470
E Raban Gamliel replicou com uma analogia da luz do sol que entra atravs de
muitas janelas, etc.
2. Cohlet 2:14.
3. Cohlet 9:8.
4. Caps. 21 e 22.
5. O Rebe Shlita nota: Ver adiante, no captulo 37; cf. comentrio do Rabino
Korf.
6. Avot 3:6.
7. O Rebe Shlita nota: Pelo fato de que a proibio de andar com a cabea
descoberta (mencionada no Zhar) constante, aplicada mesmo quando no se
est ocupado com a realizao de uma mitsv, evidente que a razo da
proibio o repouso da Shechin sobre sua cabea tambm constante.
Uma vez que a Shechin repousa sobre o indivduo constantemente,
independentemente de ele estar cumprindo uma mitsv ou no, o significado
do Tanya aqui requer uma anlise mais profunda.
471
8. O Rebe Shlita nota: Isto, tambm, no est relacionado necessariamente
com a realizao de uma mitsv. (Conseqentemente, ns podemos comear a
entender como esta [citao] relevante aqui).
10. 39a.
472
Capitulo 36
O Alter Rebe trata dessa pergunta no captulo 36. Ele explica que o propsito
de Dus na Criao para que Ele tenha um lugar de morada nos domnios
inferiores; especificamente, neste mundo fsico. Neste mundo de dobrada e
redobrada escurido espiritual, Sua luz Ein Sof irradiaria ainda mais
intensamente do que nos mais sublimes domnios espirituais, atravs da ao do
homem transformando a escurido em luz.
Alm do mais, atravs das mitsvot prticas e atravs do seu efeito de elevao
sobre o corpo e a alma animal, o mundo material em sua totalidade se torna uma
moradia para Dus. (Mas isso pertence discusso que ser feita no captulo
37.)
, ",
. --
Ele desejou que a essncia de Sua luz Ein Sof fosse revelada tal como ela , sem
vu ou encobrimento, entre as criaturas inferiores. Nossos Sbios usam a palavra
morada ou moradia para descrever tal revelao. Assim como o lar do homem
serve como uma morada para a sua essncia, assim tambm, este mundo foi
concebido para ser uma morada para a Essncia de Dus.
474
Assim, os termos mais alto e mais baixo devem ser entendidos como um
padro de comparao dentro dos numerosos mundos. Eles indicam a que grau
a Divindade revelada em cada mundo: quanto maior a revelao, mais alto o
mundo; quanto mais obscurecida e oculta, mais baixo o mundo. Por esse ponto
de vista, o nosso mundo fsico realmente o mais baixo, pois aqui a Divindade
est mais velada e oculta.
, ,
.
Mas certamente, diante de Dus (isto , em Sua viso), a distino entre mais
alto e mais baixo no vlida um mundo no mais alto que o outro, pois
Ele permeia todos os mundos igualmente. O que, ento, pretendem nossos
Sbios quando eles dizem que Dus desejou uma morada nos domnios
inferiores?
,
,
Antes de o mundo (qualquer mundo) ter sido criado, havia somente Ele, um e
nico, preenchendo todo espao no qual Ele criou o mundo. Qualquer coisa que
pudesse ser concebida como um espao ou possibilidade para criao estava
preenchida com a luz Ein Sof.
A mudana se aplica somente para os que recebem a Sua fora vivificadora e Sua
luz antes da criao no havia nenhum recipiente para receber a fora vital e a
luz Divinas; a Criao trouxe para a existncia esses recipientes,
475
que recebem [esta luz e fora vital] por meio de numerosas vestimentas que
cobrem e ocultam a luz de Dus pois sem tais vestimentas os recipientes no
poderiam suportar sua intensidade, e deixariam de existir.
," " :
atravs de muitas vestimentas que ocultam a luz e a fora vital que emanam
dEle (quanto maior o encobrimento, mais baixa a descida);
476
Este mundo no somente fsico de modo que a verdade do poder criativo de
Dus no est em evidncia; ele tambm grosseiro, pois a mentira vista como
verdade.
, ,
,
[Este mundo] o mais baixo em grau; no h nada mais inferior que ele em
termos de ocultao de Sua luz e nenhum mundo se compara a ele em sua
escurido dobrada e redobrada; em nenhuma parte a luz de Dus to oculta
como neste mundo.
A tal ponto que ele est cheio de kelipot e sitr achar que efetivamente se
opem a Dus, dizendo: Eu sou, e no existe nada alm de mim. Assim fica
claro que a expresso domnios inferiores refere-se a este mundo fsico, o mais
inferior em grau de revelao Divina.
Uma vez que h somente uma ordem de Hishtalshelut, surge uma pergunta: o
seu propsito supremo est nos mundos mais altos, onde a Divindade revelada
num grau maior, enquanto os mundos mais baixos servem somente para enfatizar
a revelao encontrada naqueles mais altos que eles (uma vez que a luz s
distinguida onde haja escurido)? Ou, ao contrrio, o seu propsito est nos
mundos mais baixos (mas com a finalidade de cri-los necessria uma ordem
de Hishtalshelut, o que implica a criao dos domnios mais altos)?
A proposio de que Dus desejou uma morada nos domnios inferiores mostra
que esta ltima posio a verdadeira; e a morada construda pela revelao
da Sua Presena nos mundos mais baixos em um grau que ultrapassa mesmo
aqueles mais altos. Este, em resumo, o tema dos prximos pargrafos no texto:
- ,
477
O propsito da Hishtalshelut dos mundos, e da descida deles de nvel em nvel,
no por causa dos mundos mais altos,
uma vez que para eles isto constitui uma descida da luz do Seu Semblante.
, ,
,
Assim, o propsito da Hishtalshelut este mundo, pois esta foi a Sua vontade
que Ele encontre satisfao quando a sitr achar subjugada pela santidade,
e a escurido da kelip transformada em luz sagrada,
- '
,
, ,
com maior fora e intensidade, e com a qualidade superior da luz que emerge da
escurido isto , quando a escurido transformada em luz, a luz resultante
superior luz comum; ela, assim, brilhar com maior intensidade que sua
radincia nos mundos mais altos 4.
478
-- ,
-
L nos mundos mais altos ela brilha atravs das vestimentas e [atravs] do
encobrimento do Semblante (um encobrimento do pnimiut isto , o aspecto
interior da luz) que esconde e oculta a luz Ein Sof,
, , --
Para este propsito O Santo, abenoado Ele seja, deu para Israel a Tor, que
chamada poder e fora pois ela nos d fora para receber tal revelao, sem
que sejamos subjugados por ela,
, -- "
e como nossos Rabinos dizem, que Dus d aos tsadikim a fora para receber a
recompensa deles no Mundo Vindouro5,
, ,'
479
para que a existncia deles no se dissolva dentro da luz Divina que se revelar
no futuro sem qualquer vestimenta,
,( , " ):
,"
,"' " :
e tambm est escrito: Pois eles vero olho a olho...8, significando que o olho
humano ver como o olho Divino v, isto , ns veremos claramente a
revelao da luz de Dus;
e est escrito depois: O sol no mais ser sua luz durante o dia... pois Dus ser
tua luz eterna9.
A fora para receber essa luz, que brilhar no Mundo Vindouro sem
vestimenta ou ocultao, ns derivamos do nosso presente estudo da Tor.
, , ,
*. ,
480
na verdade o propsito supremo e o cumprimento da criao deste mundo. Foi
para este (propsito) que (este mundo) foi originalmente criado.*
*Nota
primeira vista, esta afirmao parece estranha: poderamos pensar que a Era
Messinica representa no o propsito da criao, mas a recompensa dos
esforos do homem para cumprir esse propsito.
[: " ", :]
Fim da nota
, ,
como est escrito: Tu (Dus) Te revelaste, para que ns pudssemos saber que
Dus o Senhor; no h nada alm dEle10.
, , "" -
Assim, est escrito: E todo o povo viu o trovo11 Eles viram o que
[normalmente] ouvido isto , os israelitas perceberam a revelao do Sinai com
os prprios olhos.
,' : "
Como os nossos Rabinos explicam: Eles olharam para o leste e ouviram a fala
[Divina] que saa, dizendo: Eu Sou [Dus, o Senhor de vocs],
481
,
.'
, ,
Isto aconteceu assim porque nos Dez Mandamentos Sua abenoada Vontade
foi revelada,
, ,
,
uma vez que os Dez Mandamentos compreendem toda a Tor, que representa o
aspecto ntimo de Sua Vontade e Sabedoria, onde no h qualquer
encobrimento do Semblante,
." " :
como dizemos em nossas preces: Pois com a luz do Teu Semblante nos deste...
a Tor de vida13.
,' " ,
Portanto, eles os judeus que estavam no Sinai tiveram sua existncia anulada,
como nossos Rabinos disseram: A cada pronunciamento [Divino] a alma deles
levantava vo do corpo deles,
, --
mas Dus a restaurava para eles com o orvalho que Ele reviver os mortos no
Mundo Vindouro14.
," "
482
Este o orvalho da Tor, que chamado fora; isto , a Tor prov a fora
que nos permite receber a revelao Divina sem deixar de existir, como explicado
acima sobre a recompensa dos tsadikim no Mundo Vindouro.
A Tor descrita variavelmente como orvalho, chuva, e assim por diante, cada
figura denotando um nvel diferente dentro dela. Da proposio recm-
desenvolvida, ns aprendemos que orvalho refere-se ao poder restaurador da
Tor, e foi com esse orvalho que Dus restaurou as almas dos judeus que
tinham deixado o corpo ao experimentar um grau de revelao Divina similar ao
da Era Messinica.
, ,
Mas depois disso depois que a Tor foi dada o pecado deles [o Bezerro de Ouro]
fez com que ambos, eles e o mundo, se tornassem grosseiros [novamente] at
o Final dos Dias quando a mo direita de Dus (ihnh significando tanto dias
como direita), isto , Sua fora, ser revelada.
,' ,
." "
, -
Atravs da imensa luz que brilhar sobre o povo judeu, a escurido das naes
ser tambm iluminada,
,"' " :
como est escrito: E as naes caminharo por tua (do povo judeu) luz16;
,"' " :
483
e est tambm escrito que as naes diro ao povo judeu: Casa de Jacob, vamos
e caminhemos luz de Dus17;
e: para entrar nas fendas das pedras e nas cavidades das rochas, por temor a
Dus e de Sua glria majestosa19.
Isto se refere s naes, que estaro cobertas de temor de Dus; pois no pode
ser dito de Israel, que ser um com Dus, que eles buscaro refgio nEle.
:"' " :
Assim ns vemos que na Era Messinica a Divindade ser revelada para todas
as naes do mundo e nesse estado est contido o cumprimento do propsito
para o qual este mundo foi criado.
2. Shemot 33:20.
4. O Rebe Shlita explica por que o Alter Rebe acrescenta as palavras que sua
radincia nos mundos mais altos, e no fica satisfeito em simplesmente afirmar
que o propsito final da criao este mundo, pois esta foi a Sua vontade que
Ele encontre satisfao...
Assim, o Alter Rebe responde famosa pergunta. Como ns podemos dizer que
os mundos superiores, que so iluminados com esta revelao da Divindade,
existem para o propsito deste mundo, onde a Divindade est oculta? Uma
pessoa no cria algo importante para servir a algo insignificante. O Alter Rebe,
portanto, explica que atravs da transformao da escurido em luz uma forma
de servio Divino que pode ser alcanado somente neste mundo o mundo se
torna to sagrado que ele iluminado com um grau de Divindade muito superior
ao daquele que manifestado nos mundos superiores.
484
5. Sanhedrin 100b.
6. Yeshaihu 30:20.
8. Yeshaihu 52:8.
9. Yeshaihu 60:19.
15. Ver Ketubot 111b; ver tambm Likutei Sichot, vol. 11, p. 193, nota de rodap.
485
Captulo 37
486
No captulo anterior, o Alter Rebe
explicou que a afirmao dos Sbios,
de que Dus desejou uma morada nos
domnios inferiores refere-se ao
nosso mundo fsico. Este o mais
baixo dos mundos em termos de grau
de revelao do poder criativo Divino:
ele est oculto neste mundo como em
nenhum outro mundo. Dus desejou
precisamente este mundo, impregnado
como ele est com dobrada e
redobrada escurido, como Sua
morada, onde Sua presena
finalmente ser revelada em um grau
maior do que revelada nos mundos
mais altos, sem qualquer vestimenta
ocultadora.
487
, ,
- --
, -
, - --
, ,
,
O Alter Rebe agora ilustra sua frase objetos puros e permissveis com os quais
o ato da mitsv realizado, citando como exemplo um objeto de cada uma das
trs categorias: animal, vegetal e inanimada.
, :
488
Por exemplo, o pergaminho dos tefilin, da mezuz e do Sfer Tor os quais devem
ser feitos da pele de animais casher, permissveis.
:
,
,*
, ,
ou dinheiro dado para caridade que no tenha sido adquirido atravs de roubo,
etc., isto , outros objetos fsicos usados na realizao de uma mitsv, todos que
estavam antes no domnio da kelipat nog, e (como o Alter Rebe concluir)
agora esto fundidos na Vontade Divina ao servir para o propsito de uma
mitsv.
*Nota
Com referncia ao que foi estipulado anteriormente, que um etrog que no seja
orl e que a caridade seja honestamente adquirida, o Alter Rebe observa:
:]
, ,
Pois a orl pertence s trs kelipot totalmente impuras que nunca podem
ascender santidade, como est escrito em ts Chayim; assim, o fruto que orl,
derivando sua vitalidade dessas kelipot, no pode ser elevado ao se realizar uma
mitsv com ele.
[:
Fim da nota
'
,- --
,
***
490
-
,
, ,
.- --
Assim ela ascende da kelip para ser absorvida na santidade da mitsv que Sua
Vontade, e fica anulada dentro da abenoada luz Ein Sof.
O Alter Rebe agora ir dizer que aquelas mitsvot envolvendo somente a fala
igualmente efetuam esta elevao da alma animal, ainda que nesse caso o poder
da alma animal no seja influenciado na realizao de qualquer mitsv.
embora elas no envolvam uma efetiva ao fsica que est sob o domnio da
kelipat nog,
," "
,
," "
Tambm aceito [ver Sanhedrin 65a] que o movimento dos lbios de uma
pessoa constitui ao, como o Rebe Shlita nota, tal ao igualmente deriva
da vitalidade da kelipat nog que alimentada pela alma animal, como faz a
prpria ao fsica anteriormente mencionada.
,
,
491
Pois a alma Divina no pode se expressar com os lbios, a boca, a lngua ou os
dentes fsicos, os instrumentos da fala, exceto por meio da alma animal
vitalizante efetivamente investida nos rgos do corpo.
Da, quanto mais fortemente uma pessoa fala palavras de Tor ou de orao,
mais energia da alma vitalizante ela introduz e veste nessas palavras. Com isso
ela converte mais da energia da kelip para a santidade.
."' " :
- " " :
," - ,
,
,
492
santidade; quando ela absorvida na santidade, no h mais nenhuma causa para
o esquecimento.
Isto alcanado quando uma pessoa enfraquece o poder deles (o poder do corpo
e da alma animal), aplicando toda a fora deles para a santidade da Tor e da
orao.
***
At aqui, o Alter Rebe falou do efeito de uma mitsv sobre o poder da alma
animal da pessoa usada na sua realizao. Ele agora estabelece que no somente
a alma animal da pessoa ascende da kelipat nog para a santidade, quando ela [a
pessoa] cumpre uma mitsv, mas tambm todo alimento e bebida que sustentam
e do fora para a pessoa que realiza a mitsv, so igualmente elevados do
domnio da kelipat nog.
Baseado nesta idia, o Alter Rebe explica como a vitalidade de todos os objetos
fsicos deste mundo que comumente extraem sua vitalidade da kelipat nog
ser elevada ao domnio da santidade.
Para explicar esses dois aspectos de elevao alcanada pelas duas categorias de
mitsvot, o Alter Rebe usa para cada categoria uma analogia extrada do corpo
humano. Os 248 mandamentos positivos correspondem aos 248 rgos do
corpo; e, realmente, a funo dessas mitsvot guarda semelhana com aquela dos
rgos. Cada rgo do corpo um veculo para uma faculdade particular da
alma, e traz essa faculdade para uma expresso ativa. De forma semelhante, toda
493
mitsv (positiva) um veculo para a expresso de um aspecto particular da
Vontade Divina, e produz uma revelao Divina.
Uma [virtude] adicional nas mitsvot que envolvem ao (alm da funo delas
de elevar a alma animal da pessoa, mencionado acima):
, , -
o que significa todo alimento e bebida que algum comeu e bebeu, e que se
tornaram sangue.
, ,
494
Estes estavam sob o domnio da [kelipat nog] e retiraram sua vitalidade dela.
,
, ,
, ,
E agora aquela pessoa que realiza uma mitsv com a energia derivada desse
alimento e dessa bebida essa kelip transformada de mal em bem e absorvida
na santidade por meio da energia da alma vitalizante que cresce dela (isto , a
energia alimentada por aqueles objetos que derivam sua vitalidade dessa kelip),
a qual est agora investida nessas letras de Tor ou orao ou na realizao desta
mitsv, que efetivamente constitui a expresso revelada do aspecto interior da
Vontade Divina.
, - --
,
.
E, atravs disso, toda a kelipat nog, que constitui a vitalidade deste mundo
fsico e corpreo, ascender do mesmo modo. Quando isto ocorrer?
,
: " ,
Quando toda a Nesham, a alma Divina4 de todo Israel, que est dividida em
600 mil ramificaes (o nmero padro para os membros do povo judeu, sendo
as demais almas individuais subdivises dessas 600 mil almas gerais, como
ser posteriormente explicado) cumprir, cada alma individual dessa, as 613
mitsvot da Tor:
," "
495
quando elas se restringirem de transgredir as 365 proibies, para impedir os
365 vasos sangneos da alma animal no corpo,
, ,
, "
Uma vez que tudo que deriva sua vitalidade das trs kelipot completamente
impuras no pode ascender para a santidade, se um judeu transgredir qualquer
proibio, e com isso fazer com que o vaso sangneo associado a essa proibio
receba vitalidade dessas kelipot,
,'
,
a alma vitalizante no mais poder ascender a Dus, tendo sido maculada pela
impureza das trs kelipot impuras.
[Pois] estas [kelipot] nunca podem ser elevadas, mas devem ser anuladas e
inteiramente destrudas,
;" " :
De maneira semelhante, qualquer coisa que deriva sua vitalidade delas nunca
pode ascender santidade. Portanto, somente a observncia de todas as 365
proibies permite alma vitalizante inteira ascender, sem que qualquer parte
dela seja retida pela impureza dessas kelipot.
, - --"
Quando, alm disso, toda alma individual cumprir tambm os 248 mandamentos
positivos, com isso atraindo a abenoada luz Ein Sof para baixo,
, "
,
496
para elevar-se at Ele e para ligar e unir-se com Ele a alma vital inteira, que est
nos 248 rgos do corpo, em perfeita unio, (tal o efeito de uma mitsv na
unio da alma animal vital com Dus), de modo que eles se tornem efetivamente
um [com Ele],
,
.
de acordo com Sua Vontade para que haja uma morada para Ele nos domnios
inferiores, e to grande essa unio que eles (os rgos do corpo com a vitalidade
da alma animal investida neles) tornam-se uma carruagem para Dus, como
foram os Patriarcas [Abrao, Isaac e Jacob] os quais tinham cada rgo em
total submisso Vontade Divina, razo pela qual eles foram designados como
as carruagens [que so totalmente submissas a quem as conduz] de Dus e
assim cada judeu se tornar uma carruagem pela realizao das mitsvot.
- '
Uma vez que a totalidade da alma vital da comunidade de Israel se torne uma
sagrada carruagem para Dus,
, ,
,
ento tambm a vitalidade geral deste mundo, que agora consiste de kelipat
nog, tambm emergir de sua impureza e enfermidade (o termo impureza
refere-se ao mal da kelip; enfermidade refere-se ao elemento de bem que a
kelipat nog contm, que no santidade, mas o bem da kelip) e ascender
santidade
, ,'
para se tornar uma carruagem para Dus, na revelao de Sua glria (no Mundo
Vindouro).
Ento toda carne ver, junta, [a Divindade], e Ele aparecer sobre eles com a
beleza majestosa de Seu poder, e a glria de Dus preencher o mundo inteiro.
497
Israel ver olho a olho o olho humano ver a verdade da Divindade assim
como o olho Supremo a v como [eles viram] na entrega da Tor,
sobre a qual est escrito: Tu tens Te mostrado para que se saiba que Dus o
Senhor (literalmente, o Tetragama Divino Elokim; isto , apesar da ocultao
das Quatro Letras do Nome Divino (que denota Seu ilimitado poder) pelo nome
Elokim (que significa a auto-limitao de Dus), ainda o primeiro nome que
permeia toda a existncia); no h nada alm dEle6.
Atravs dessa ascenso da kelipat nog para a santidade, as trs kelipot impuras
sero inteiramente aniquiladas e anuladas.
Pois a alimentao e a vitalidade que elas agora recebem da santidade, vem para
elas [apenas] por meio da kelipat nog, a intermediria entre elas.
A kelipat nog, contendo o bem e o mal, o meio atravs do qual essas kelipot
que so completamente ms recebem sua vitalidade da Divindade, que o bem
absoluto. Quando a kelipat nog ascende Divindade, as kelipot impuras, no
tendo mais nenhum acesso vitalidade Divina, deixam de existir.
, ,
,
- -- -
, " , "
498
, " ,
. "
Por que essa impregnao da alma vital com a luz Ein Sof e a eliminao das
kelipot impuras da alma vital produzem um efeito paralelo sobre o mundo
inteiro?
, ,
, ,
Cada uma delas contm e tem relao com a vitalidade de uma frao de
1/600 mil do mundo inteiro.
, ' ,
Esta [parte do mundo] depende de sua alma vital para sua elevao a Dus
atravs da prpria elevao [da alma vital].
,'
Isto significa que a pessoa eleva a sua poro do mundo servindo-se desse
mundo, para as necessidades do seu corpo e da sua alma vital no servio de Dus.
Ao usar os objetos deste mundo que o corpo e a alma vital da pessoa necessitam
para o servio de Dus, a pessoa eleva a sua poro do mundo.
. ,
Por exemplo, comer, beber, etc.; a moradia de uma pessoa e todos os seus
utenslios.
499
Mas certamente existem mais de 600 mil almas; alm disso, inteiramente
impossvel para uma pessoa usar 1/600 mil do mundo inteiro.
,
, ,
No entanto, essas 600 mil almas primrias so razes; e, como uma raiz da
qual crescem numerosos ramos, cada alma-raiz se subdivide em 600 mil
centelhas, cada centelha sendo uma Nesham.
.- -- : ,
Cada centelha no desceu a este mundo para aperfeioar-se, mas para aperfeioar
o corpo e a alma vital, como o Alter Rebe logo concluir.
Embora ela seja realmente uma grande descida, um verdadeiro exlio para a alma;
'
pois mesmo se ela se torna neste mundo um tsadic perfeito, servindo a Dus com
temor e deleitando num amor abundante [a Ele],
'
, ,
ela no alcanar a qualidade do seu apego a Dus com temor e amor que a alma
experimentou antes de sua descida a este mundo corpreo, nem mesmo uma
frao de [seu temor e amor anteriores].
500
,' , ,
, ,
mas sua descida a este mundo, para ser investida em um corpo e alma vital,
a fim de aperfeio-los;
" ,
,
para separ-los do mal das trs kelipot impuras, mediante a observncia das 365
mitsvot proibitivas e suas ramificaes isto , pela observncia das proibies
Bblicas e Rabnicas,
e para elevar a sua alma vital, juntamente com a poro do mundo em geral
relacionada a ela,
,- --
, "
ligando-as e unindo-as com a luz Ein Sof que a pessoa atrai para elas ao realizar
todas as 248 mitsvot positivas atravs da ao da alma vital,
uma vez que [a alma vital] quem realiza todas as mitsvot envolvendo ao,
conforme explanado acima, no captulo 36, que a alma Divina pode ativar o
corpo na realizao das mitsvot apenas por meio da alma vital.
,' :[ ]
501
Conforme est escrito (em ts Chayim, Portal 26), que a prpria alma [Divina]
no precisa de nenhum aperfeioamento;
,' ,'
.' ,
A criao e a descida da alma para o corpo foram ambas com o intuito de elevar
o corpo e a alma vital, e com isso o mundo inteiro; alm disso, este objetivo
alcanado principalmente atravs das mitsvot envolvendo ao, uma vez que
essas mitsvot so executadas pelo corpo e pela alma vital; portanto, essas
mitsvot so de importncia primordial.
,
," "
Diante do que foi dito acima, onde foi explicado que a vantagem das mitsvot
ativas est no efeito de elevao que causam sobre o corpo e a alma vital, ns
podemos entender por que nossos Sbios exaltaram bastante a virtude da
caridade8, declarando que ela igual a todas as outras mitsvot juntas.
, ""
, ""
, ,
502
, ,'
Pois o propsito de todas essas mitsvot somente para elevar a alma vital da
pessoa para Dus, uma vez que essa alma vital que as realiza e se veste nelas,
, - -
Pois em todas as outras mitsvot apenas uma faculdade da alma vital est
investida (por exemplo, a faculdade de ao na mo que coloca o tefilin ou segura
um etrog); e mesmo essa faculdade est investida na mitsv somente enquanto
a mitsv est sendo realizada.
certamente toda a fora da sua alma vital est investida (isto , aplicada) no
esforo do seu trabalho, ou em qualquer outra ocupao pela qual ela ganhou o
seu dinheiro que agora distribui para caridade.
.'
Assim, quando ela d para caridade esse dinheiro para o qual aplicou toda a
fora da sua alma vital, toda a sua alma vital ascende a Dus. Da a superioridade
da caridade sobre as outras mitsvot.
Mas isso parece implicar que se algum no investe toda a sua fora no ganho
do seu sustento, sua caridade carecer dessa qualidade. A isso o Alter Rebe
responde:
503
, ,
.' -
," "
Por isso nossos Sbios disseram9 que a caridade apressa a redeno messinica:
,
.
pois com um ato de caridade uma pessoa eleva muito da alma vital; mais de suas
faculdades e foras do que ela pode de fato elevar atravs de muitas outras
mitsvot de ao [combinadas]. Conforme mencionado antes neste captulo, a Era
Messinica um resultado de nossos esforos para purificar e elevar a alma vital;
a caridade, que efetua essa elevao em grande medida, desse modo apressa a
redeno.
," "
,
.
--
.
504
Alm disso, a verdadeira substncia e essncia das faculdades intelectuais de
ChaBaD (Chochm, Bin, e Dat) da kelipat nog na alma vital so
efetivamente absorvidas na santidade quando algum estuda Tor com
concentrao e inteligncia.
- ' :
- ,
, -- -
: "- , -
isto acontece porque o mal da kelip mais forte nas midot que [em ChaBaD]:
as faculdades intelectuais, uma vez que no nvel delas (das midot), elas [as
kelipot] atraem mais vitalidade da santidade do que aquelas que esto no nvel
de ChaBaD, como sabido pelos estudantes de Cabal.
, - , - -
,
505
Alm disso, h outro aspecto ainda mais importante para a superioridade do
estudo da Tor sobre todas as outras mitsvot,
" "- , -
- ,
", ,
: ,
- --
Todo rgo do corpo est, obviamente, ligado alma, que lhe d a vida porm
eles so duas entidades separadas que foram unidas. No entanto, diferente o
relacionamento entre o intelecto de uma pessoa e sua alma. O intelecto uma
extenso e uma parte da prpria alma: assim, sua unio com a alma no aquela
de duas entidades separadas que foram reunidas, mas de dois componentes de
um todo.
-- - , ,
-- -
. , --
506
euq me adidem aN .roT ad osneerpmoc aus e aossep adac ed otceletni od
levn oa lanoicroporp oanimuli amu ,roT ad airodebas an ]osremi mugla
ed[ dabahC ed sedadlucaf san ]aditsevni[ foS niE zul ad oanimuli a moc
adarapmoc ,oa ed tovstim san aditsevni foS niE zul ad oanimuli
aicnrefer moC .suarg ed atinifni edaditnauq amun etnatsid avitcepsrep me
ratse eved soniviD e sonamuh sotcepsa ertne oarapmoc adot euq ,adan siam
ed setna ,odnatieca onamuh res o maicneulfni euq soniviD sotcepsa
odnarapmoc aigolana amu -es-raf ,mbmat ,missa ,onamuh res mu ed
setnerefid sotcepsa odnarapmoc aigolana amu atief iof omoc missA
- - -
Embora uma pessoa apreenda [a Tor] somente tal como ela est investida em
termos fsicos (por exemplo, a lei que trata de Dois homens que seguram um
talit... [cada um alega ser o dono do mesmo] ou Aquele que negocia a troca de
uma vaca por um jumento... [ou seja, partes da Tor que tratam de assuntos
mundanos]); como pode ser dito, ento, que atravs do estudo de tais leis a
pessoa alcana este nvel to elevado de unio com a Divindade?
. - ,' ,
e no entanto a Tor tem sido comparada gua que desce de um lugar alto...
[Baba Kama 17a] A gua que est no nvel mais baixo exatamente a mesma
que estava no nvel mais alto. De forma semelhante, as leis da Tor, embora
tenham descido para lidar com situaes fsicas comuns, elas ainda consistem
da Vontade e Sabedoria de Dus. Assim, no estudo da Tor, a pessoa est unida
com a Vontade e Sabedoria de Dus e, com isso, com o Prprio Dus, como
discutido acima (captulo 4).
" : - --- -
,"
- , " - "-
,
507
Est tambm escrito: Este dia isto , durante a nossa vida neste mundo, a coisa
mais importante faz-las12 (as mitsvot). E a halach determina que a pessoa
deve interromper o estudo da Tor para cumprir uma mitsv de ao quando
esta no pode ser cumprida por outras pessoas.
, - - -
, - ,
para que Dus possa ter uma morada precisamente nos domnios mais baixos,
para transformar a escurido deste mundo na luz da santidade,
para que a glria de Dus permeie especificamente todo o mundo fsico, e toda
carne ver, junta [a Divindade], como foi discutido acima (captulo 36).
Assim, a meta de fazer deste mundo uma morada para Dus alcanada
principalmente atravs das mitsvot de ao. Portanto, quando se apresentar a
oportunidade de realizar uma mitsv que outros no podem cumprir, uma pessoa
deve cumprir esta mitsv mesmo ao custo de interromper seus estudos de Tor,
para que o desejo de Dus por uma morada nos domnios mais baixos seja
realizado.
Se, no entanto, a mitsv que conflita com o estudo de Tor da pessoa pode ser
cumprida por outros, a escolha no mais entre respeitar ou ignorar o desejo de
Dus por uma morada... uma vez que, se ela suspender o estudo de Tor para
realizar a mitsv, ou continuar o estudo da Tor e deixar a mitsv para os outros,
de qualquer maneira ser cumprido aquele objetivo. A escolha agora entre
estudar Tor e cumprir ativamente uma mitsv; e a o estudo da Tor prevalece
devido ao nvel superior de unio que o estudo de Tor provoca entre as almas
dos eruditos de Tor e Dus.
, -
,
508
Por outro lado, se a [mitsv] pode ser realizada por outros, a pessoa no
interrompe o estudo de Tor para cumpri-la, muito embora toda a Tor seja,
apesar de tudo, somente uma explicao das mitsvot de ao.
,- - -- - ,
- -- -
. -
Isto porque a Tor o nvel de ChaBaD do abenoado Ein Sof, e quando algum
est empenhado no [estudo] ele atrai sobre si uma iluminao infinitamente
maior do abenoado Ein Sof maior tanto no seu poder de iluminao quanto
em sua mais alta qualidade que a iluminao e influncia que ele atrai sobre
sua alma atravs das mitsvot, que so [meramente] rgos do Rei.
O que surge desta discusso que o efeito das mitsvot consiste principalmente
na elevao do corpo da pessoa e do mundo fsico em geral; o efeito do estudo
da Tor, por outro lado, consiste em unir a alma com Dus. Assim, o Alter Rebe
explica a seguinte declarao talmdica:
- ," , " : -
Isto o que Rav Sheshet quis dizer: Rejubila, minha alma! Para ti eu estudo as
Escrituras; para ti eu estudo Mishn13,
Para a alma, a unio com Dus alcanada atravs da Tor (Escritura e Mishn)
maior que aquela alcanada atravs das mitsvot; Rav Sheshet, portanto,
endereou essas palavras para ela: Por tua considerao eu estudo,
509
Alm disso: como meio de chamar a Dus, o estudo da Tor superior at
prece. Por esta razo, no versculo Dus est prximo de todos que chamam por
Ele, de todos os que chamam por Ele, de verdade [Tehilim 145:18], a primeira
parte do versculo refere-se prece, e a segunda parte [de verdade] refere-se
Tor.
A diferena entre as duas formas de chamar a Dus que a prece causa uma
mudana nas questes materiais: sade, prosperidade, etc., enquanto o efeito da
Tor na alma, no plano espiritual.
-- , , -
, , -
Essa influncia e iluminao gerada pelo estudo de Tor, que o homem atrai da
radincia da luz Ein Sof sobre sua alma e sobre as almas de todo Israel,
, , ,
(significa, como ser explicado depois [no captulo 52], que a luz atrada para
o nvel espiritual conhecido como a Shechin, Kenesset Yisrael a fonte de
todas as almas de Israel e com isso a luz Ein Sof alcana no somente a alma
de quem estuda a Tor, mas tambm a de todo judeu)
," "- -
Esta iluminao que a pessoa atrai atravs do seu estudo de Tor referida como
chamar [como na expresso talmdica] (referente ao estudioso de Tor) vru,c
true (cor baTor) (usualmente traduzida como Aquele que l (estuda) a Tor,
mas reinterpretada aqui como Aquele que chama [Dus] atravs da Tor).
Assim como chamar, em seu sentido comum, significa que aquele que chama faz
a pessoa chamada vir ao seu encontro, virar-se para ele com todo o seu ser,
igualmente assim no contexto de chamar atravs da Tor:
-- - ," " -
, ,
Esta [frase] significa que no estudo da Tor algum chama a Dus para que venha
at ele, por assim dizer,
,
. - ,
510
como um homem chama seu amigo para que venha at ele, ou como uma criana
chama o seu pai para juntar-se a ela e no se afastar dela, deixanda-o sozinha,
Dus nos livre.
Este o significado do versculo15 Dus est prximo de (a) todos que chamam
por Ele, (b) todos os que chamam por Ele, de verdade16, e No h nenhuma
outra verdade a no ser a Tor17, indicando que [aquele que chama Dus com
verdade] em oposio a simplesmente chamar a Dus, somente chamando
Dus atravs do estudo da Tor,
: , -
Isto se refere ao servio da orao, na qual algum chama a Dus por amor a Ele,
dizendo Pai...! Tal chamado no considerado chamar com verdade, e assim
a iluminao da luz da Divindade gerada por esse chamado no pode se comparar
com aquela gerada pela Tor, como explicado acima.
. - ,' " : -
Sobre aquele que assim chama Dus [sem a verdade a Tor], o profeta lamenta:
No h ningum que chame por Teu Nome18, como est escrito em outro
lugar.
Uma vez que ele no diz simplesmente: No h ningum que chame por Ti,
sua inteno deve ser que embora haja aqueles que chamam a Dus, no entanto
eles no o fazem pelo Seu Nome, o que significa atravs da Tor, cujas
palavras so inteiramente os Nomes de Dus (Ramban, Introduo ao seu
comentrio sobre a Tor, baseado no Zhar).
, ,
:( )
511
Refletindo sobre essa matria, a pessoa inteligente derivar meios de atrair sobre
si um grande temor [de Dus] quando ela se empenha no estudo da Tor,
conforme explicado acima (no captulo 23)19.
Ali est declarado que aquele que estuda Tor deve estar impregnado do temor
a Dus (a despeito da aparente incompatibilidade entre o destemor intelectual
que caracteriza o estudo, e a restrio gerada pelo temor); este temor, alm disso,
a meta do estudo da Tor, enquanto o estudo em si apenas a porta de
entrada.
O pensamento de que no estudo da Tor uma pessoa chama a Dus para si,
assim como algum que chama seu amigo para que venha at ele, certamente
despertar no estudioso um sentimento de intenso temor a Dus.
2. Tehilim 35:10.
3. Eruvin 54a.
Assim sendo, por que o Alter Rebe insere a frase Quando toda a Nesham, a
alma Divina de todo Israel, quando na realidade estamos falando da alma
vitalizante?
O Rebe Shlita diz que a resposta pode estar, possivelmente, no fato de que um
certo nmero dos 613 mandamentos seja executado atravs de um processo do
pensamento da pessoa. O efeito da alma vitalizante, no entanto, sentido,
principalmente, naquelas matrias relacionadas fala e ao, uma vez que a
alma vitalizante est ligada com os membros e os rgos corporais. Estes so
utilizados por aqueles mandamentos que so realizados atravs da ao ou da
fala. De modo oposto, os mandamentos realizados atravs do pensamento da
512
pessoa so, em sua maior parte, cumpridos pela alma Divina sem a intermediao
da alma vitalizante. O termo alma Divina portanto usado aqui, pois a
suprema fonte de poder que permite uma pessoa realizar todos os mandamentos
a alma Divina.
5. Zechari 13:2.
6. Devarim 4:35.
Numa viso superficial, a descida da alma para este mundo, e seu sofrimento
concomitante, verdadeiramente inexplicvel. A alma uma entidade que
verdadeiramente uma parte de Dus Acima, procedendo da Suprema Sabedoria
que totalmente uma com o Prprio Dus.
Passa dos limites da credulidade, portanto, que um ser to santo deva descer a
este mundo meramente para retificar a alma vitalizante e o corpo cuja fonte est
na kelipat nog. Pois mesmo depois que a alma Divina os retifica completamente
como no servio Divino de um tsadic consumado , o corpo ainda incapaz de
abrigar o mesmo amor a Dus que a alma sentia antes de sua descida. Por que,
ento, a alma desceu a este mundo?
O Alter Rebe trata esta questo, escreve o Rebe Shlita, declarando que a descida
da alma um paralelo exato do mistrio do exlio da Shechin, cujo propsito
refinar as centelhas da santidade que caram nas kelipot. Em seguida ns
estudaremos que a Shechin a fonte da alma Divina. Alm do mais, todas as
coisas encontradas neste mundo foram criadas das centelhas da santidade,
incluindo o corpo e a alma vitalizante. Da o paralelo. A alma, cuja fonte a
Shechin, desce a este mundo para refinar o corpo e a alma vitalizante, cuja fonte
so as centelhas sagradas. E assim como o exlio da Shechin chamado de
mistrio, porque a sua descida desafia a lgica, assim tambm a descida da alma
para o corpo e para a alma vitalizante um mistrio que desafia a razo mortal.
10. Pe 1:1.
14. O Rebe Shlita nota: Possivelmente isto se refere ao discurso em Tor Or,
comeo da Parshat Mishpatim.
16. A diviso em (a) e (b) do Rebe Shlita, que nota que isto est de acordo com
a explicao dada em Sanhedrin 39b, e no Sidur [com comentrio chassdico]
sobre este versculo.
19. O Rebe Shlita faz a seguinte pergunta: Qual a razo para o Alter Rebe
remeter o leitor de volta ao captulo 23, quando o despertar de grande reverncia
alcanado somente pela meditao sobre o que declarado neste presente
captulo, e no no captulo 23? Pois neste captulo o Alter Rebe enfatiza que
atravs do seu estudo da Tor uma pessoa capaz de atrair para baixo o Prprio
Dus, por assim dizer, como uma pessoa chamando seu amigo para vir at ela.
No captulo 23, no entanto, ns somente encontramos que o estudo da Tor
permite a uma pessoa atrair para baixo a Vontade e a Luz Supremas; ele nada
menciona de atrair para baixo o Prprio Dus. Por que, ento, o Alter Rebe liga
o captulo 23 ao que est sendo discutido aqui?
Ns devemos dizer, escreve o Rebe Shlita, que o Alter Rebe faz isso com a
finalidade de enfatizar que grande reverncia indispensvel durante o estudo
da Tor. Como o temor uma emoo que leva a um retraimento e contrao,
isto pareceria ser desfavorvel ao estudo da Tor, que requer abertura e
expansividade. Por isso o Alter Rebe cita o captulo 23, onde ele explicou que
grande reverncia deve ser feita durante o estudo de Tor da pessoa. Alm disso,
citando o captulo acima mencionado, o Alter Rebe indica que a pessoa deve
refletir sobre a afirmao ali feita que o estudo da Tor secundrio
reverncia, servindo para despert-la.
514
nos ordenou com a finalidade de temer a Dus; b) a Tor chamada uma
porta de entrada para a morada do temor. Portanto, a Tor, em relao ao
temor, uma matria de importncia secundria, uma mera porta de entrada
para a casa em si.
Tudo acima discutido no captulo 23, e foi isso que o Alter Rebe pretendeu
transmitir quando ele citou aquele captulo.
515
Captulo 38
516
Nos captulos anteriores, o Alter
Rebe analisou o mrito especial das
mitsvot realizadas pela fala e pela
ao, pois por meio delas a alma
vitalizante elevada santidade. As
mitsvot possuem esta capacidade, pois
elas so praticadas com o poder da
alma vitalizante, que d vida aos
rgos fsicos que as executam, e com
a lngua, os lbios, etc., que
pronunciam as palavras da Tor e da
orao.
- , ,
," "
luz de tudo o que foi dito acima referente virtude particular das mitsvot
realizadas com ao e com fala, na elevao que elas provocam da alma vital para
a santidade, claramente se entender a deciso halchica, expressamente
estabelecida no Talmud e nos Cdigos1, que a meditao no vlida quando
usada no lugar da articulao verbal.
- - -
, - ,
- , -
517
embora a Tor no declare com referncia ao agradecimento aps as refeies,
como ela ordena no Shem: E falars delas, contudo no se pode cumprir essa
obrigao apenas com o pensamento.
; - , -
, , - - .
Se, por outro lado, uma pessoa fala as palavras (do Shem, da orao, etc.), mas
no concentrou seu pensamento, ela cumpriu sua obrigao a posteriori (embora
inicialmente tivesse sido requerido que ela se concentrasse), e ela no necessita
repeti-las com concentrao,
, ,
- " :( ) -
."'
Assim, est escrito (Tratado Berachot, incio do captulo 2): At aqui isto ,
at o final do primeiro versculo do Shem, a mitsv a concentrao da pessoa,
e da em diante a mitsv consiste na recitao...8, e a pessoa cumpriu sua
obrigao mesmo que no tenha se concentrado.
518
Como, ento, podemos conciliar essas duas halachot? Por que o pensamento sem
a fala no aceitvel como o a fala sem o pensamento? A resposta est na
discusso da qualidade nica das mitsvot realizadas com ao e com fala, como
explicado no captulo anterior.
, ,
, - -
mais propriamente, o propsito das mitsvot atrair para baixo a luz [Divina]
para aperfeioar a alma vital e o corpo.
- , ' -
- :
Isto se consegue por meio das letras da fala, que a alma expressa por meio dos
cinco rgos da articulao verbal, e atravs das mitsvot de ao, que a alma
realiza por meio dos outros rgos do corpo.
As mitsvot que envolvem fala e ao, que utilizam o poder da alma vital e os
rgos do corpo, servem para elev-los. Uma vez que o objetivo principal a
perfeio da alma vital e do corpo, o pensamento por si s, estando no domnio
da alma Divina, no pode satisfazer as demandas das mitsvot de fala; estas
requerem articulao verbal. Apenas a fala, no entanto, sem o pensamento,
suficiente, pois a alma vital e o corpo so elevados atravs dela.
***
Este objetivo ser logrado quando a energia da alma vital e o corpo de todo judeu
ascenderem da kelipat nog para a santidade. Atravs disso, toda a kelipat nog,
519
significando a vitalidade do mundo inteiro, ascender santidade, e
automaticamente as trs kelipot totalmente impuras deixaro de existir. Assim,
no haver nenhuma ocultao da Divindade neste mundo; a Divindade irradiar
por toda parte; o mundo ser a morada de Dus.
Visto que todo o processo depende da elevao do corpo do judeu e de sua alma
vital, e uma vez que a elevao deles alcanada somente por meio das mitsvot
de ao, que requerem o poder deles para a realizao das mitsvot, e portanto as
mitsvot de ao so, conforme j foi dito, de importncia suprema.
Na discusso que agora segue, o Alter Rebe examinar o outro lado da moeda.
Ele ir explicar a importncia da cavan a concentrao com devoo ou
inteno na realizao das mitsvot. Conforme usado nesse contexto, cavan
refere-se inteno motivadora de que, ao cumprir uma mitsv, a pessoa se une
a Dus, Cuja ordem e Vontade cada mitsv representa.
, : ---
Assim como todas as criaturas deste mundo possuem um corpo e uma alma,
ou seja, a Nfesh de todo ser vivo, o Rach de toda carne humana [Yiov 12:10],
e a Nesham de tudo que possui um sopro de vida em suas narinas [Bereshit
7:22] entre todas as criaturas vivas
- , ' -
520
Dus anima a todas elas, e as cria constantemente do nada pela luz e vitalidade
que Ele confere sobre eles isto , sobre a alma e o corpo; e sustentando a sua
alegao de que tambm o corpo possui uma fora vital Divina (alm da alma),
o Alter Rebe acrescenta, intercalando:
- - ,
, - ,
(Adiante, no Tanya, o Alter Rebe explica que todo ser existente reverteria
instantaneamente ao nada absoluto, se no fosse pela fora vital Divina que o
cria constantemente e o mantm existindo. Assim, mesmo os seres inanimados
contm uma fora vital, e certamente tambm os corpos das criaturas vivas.)
--- -
. ,
(O Alter Rebe agora conclui a sentena iniciada antes:) Assim como todas as
criaturas deste mundo possuem um corpo e uma alma, no obstante, isto , a
despeito do fato de que corpo e alma so iguais por ambos conterem uma fora
vital Divina, no obstante no h nenhuma comparao ou semelhana entre a
qualidade da luz e da fora vital irradiando no corpo e a luz e a fora vital
irradiando na Nesham, que a alma de todo ser vivo.
521
assim a alma das criaturas vivas encobre o fato de que suas propriedades
vitalizantes sejam Divinas. Assim, a fora vital Divina est igualmente oculta
em ambos, no corpo e na alma. A diferena entre eles reside, mais propriamente,
na intensidade da fora vital Divina que cada um contm: no corpo, a fora vital
est contrada, para que o corpo seja uma entidade fsica; na alma, a fora vital
est livremente concedida, e por isso a alma uma entidade espiritual vitalizante.
- - , - -
, ,
- - , - -
,
Pois ambos [corpo e alma] so deste mundo onde, por toda parte do mundo e
por todas as suas criaturas (tanto espirituais como fsicas), a luz e a fora vital
emitidas do sopro da boca [de Dus] esto igualmente ocultas,
, - -
, -
O Alter Rebe aqui descreveu o processo pelo qual a fora vital Divina desce de
sua sublime origem Divina at o ponto onde ela cria e d vida matria fsica;
522
isto , do sopro da boca de Dus uma referncia a Malchut do Mundo de
Atsilut para o mundo material de Assi.
Ele define vrias etapas neste processo: (1) descida de nvel em nvel; (2)
numerosos tsimtsumim; (3) tsimtsumim poderosos; (4) investindo-se na
kelipat nog.
(1) Descida de nvel em nvel: Para descer at o nvel de Assi, a fora vital
deve primeiro descer do Mundo de Atsilut para o Mundo de Beri, da para
Yetsir, e finalmente Assi. Dentro de cada um desses Mundos existem muitos
nveis, e a fora vital deve descer por todos eles antes de chegar ao prximo
Mundo mais baixo.
(4) A fora vital... investe-se na kelipat nog (e atravs disso tambm nas
outras kelipot, como ser logo explicado). Conforme definido no primeiro
captulo do Tanya, a kelipat nog uma mistura de bem e de mal. Portanto,
tudo que recebe sua fora vital Divina atravs do vu da kelipat nog (no qual
a fora vital est investida) pode ser utilizado para um propsito sagrado,
servindo Vontade de Dus atravs da realizao de uma mitsv, ou para um
propsito no sagrado, violando Sua Vontade atravs de um ato pecaminoso.
523
Em resumo: Atravs de muitas descidas e poderosos tsimtsumim, a fora vital
Divina investe-se na kelipat nog, e com isso d vida a todas as criaturas deste
mundo.
- - , -
- - - - ,
Isto significa: (1) todas as coisas deste mundo que so permitidas e puras que
recebem sua vitalidade diretamente por meio da kelipat nog; e dela e atravs
dela [a kelipat nog] evoluem (2) todas as coisas proibidas impuras que derivam
sua vitalidade das trs kelipot impuras; contudo, a vitalidade delas tambm
deriva da nog, uma vez que ela o nvel intermedirio entre a santidade (onde
toda a vida se origina) e as trs kelipot impuras, conforme mencionado acima.
' , ---
,
. -
no a mesma para todos eles, e a diferena entre a fora vital das vrias
criaturas em termos de contrao e expanso. Em algumas criaturas a fora
vital contrada e limitada, enquanto em outras ela encontra mais plena
expresso.
524
A diferena entre ocultao (hster) da fora vital e sua contrao (tsimtsum)
pode ser expressa como segue:
Vamos supor que algum pendura uma grossa cortina em uma janela para tapar
a luz do sol. A luz que entra no quarto atravs da cortina ser de uma qualidade
inteiramente diferente; de fato, ela deve ser descrita como um mero reflexo da
luz original. Isso uma ocultao.
Por outro lado, se algum coloca uma tbua em frente janela, deixando apenas
um pequeno orifcio pelo qual a luz possa passar, o brilho da luz, embora ela seja
muito restrita, ser o mesmo, qualitativamente, que o da luz original. isso o
que significa contrao.
- - -
, , -
To diminuta a fora vital dentro desses seres inanimados que lhes falta at o
poder de crescimento.
. -
- , , , : - -
525
. ,- ' "
, -
- ,
- , - -
Embora em todas [as quatro categorias] a luz [animadora Divina] seja a mesma
em termos de encobrimento do Semblante isto , em todas as quatro categorias
o aspecto interior da luz Divina est igualmente oculto, e em todas [as quatro
categorias a luz] est investida na mesma vestimenta, que (o vu) da nog.
Portanto, em nenhuma dessas categorias aparente que a vitalidade delas
efetivamente Divina no entanto, apesar dessa igualdade, a vitalidade dos seres
inanimados e das plantas incomparvel com a dos animais e do homem;
,- -- -
,
,
, - ,
que irradia e est investido dentro das mitsvot quem consistem de ao seja
ao efetiva, ou mitsvot realizadas atravs da fala e da articulao verbal, que
526
so consideradas como ao efetiva, como mencionado acima [cap. 37] quando
so realizadas sem cavan,
- -- -
,
,
.
,
. -
-
,
pois como ser explicado posteriormente [cap. 46] sobre a unio com Dus
alcanada pela realizao das mitsvot, que descrita nos mesmos termos que a
unio do marido com a mulher Kidushin, como dizemos nas bnos que
precedem o cumprimento de uma mitsv: ...Dus... Que nos santificou (ubase)
com Seus mandamentos Naturalmente, o homem no pode alcanar este grau
de unio com Dus por seus prprios esforos. somente pela benevolncia de
Dus, encarregando-nos das mitsvot, que com isso nos tornamos unidos com Ele.
O Alter Rebe continua agora para dizer que, tal como as mitsvot em si, a cavan
do homem ao realiz-las expressa a Vontade de Dus. a iluminao da
Vontade Divina contida na cavan que superior.
, -
, , -
.
- , , -
- - , ,
528
Mesmo que ambas, a mitsv e sua cavan contenham a mesma Vontade
[Suprema], que totalmente simples, isto , imutvel e indivisvel, de modo que
no pode ser dito que a cavan contm mais da Vontade de Dus, e a realizao
da mitsv contm menos, e [esta Vontade] est unida com a essncia de Dus
em unio perfeita,
. - --- -
*Nota
Na nota a seguir, o Alter Rebe traa a diferena entre as mitsvot e sua cavan
na fonte delas, nas Supremas Sefirot.
Cada Sefir consiste em uma or, ou luz, e um kel, ou recipiente para a or.
Os kelim das Sefirot possuem um carter bem definido: um Chochm, outro
Bin, e assim por diante. As luzes orot , contudo, so a energia Divina,
simples, no sentido de que elas so desprovidas de definio, ilimitadas, e no
restritas a qualquer carter especfico.
, :]
, ,
, ,
529
Esses [recipientes] representam contrao, pois atravs da contrao da luz
que os recipientes so criados,
[: "
Fim da nota
, -
, -
Pois o corpo das mitsvot em si compreende dois nveis, a saber, mitsvot que
consistem em ao real (em oposio fala, que meramente considerada
ao),
, - -
; -
- , - - , -
530
A cavan das mitsvot, isto , a inteno de algum se apegar a Dus pela
realizao da mitsv, esta (a cavan) sendo como uma alma para o corpo da
mitsv,
, ,
. :
O Alter Rebe agora ir analisar os dois nveis na cavan, o mais alto deles sendo
comparvel alma do homem, e o mais baixo, alma dos animais.
, ' -
, '
,'
de modo que sua alma tenha sede de Dus [buscando] apegar-se a Ele
-- ,
, - -
Em outras palavras, o desejo dessa pessoa de se apegar a Dus atravs dos nicos
meios de faz-lo, que so a Tor e as mitsvot, deriva de um amor e temor a Dus
criados pela apreciao intelectual de Sua grandeza. A cavan da pessoa nas
mitsvot (isto , seu desejo de se apegar a Dus atravs das mitsvot) tem, assim,
uma base intelectual.
531
Quando algum estuda [Tor] e cumpre as mitsvot [] com essa cavan, e
igualmente quando ele reza e recita bnos [] com essa cavan de apegar-se a
Dus, Cuja grandeza ele vem a entender.
, , , -
.
,- -
, ' ,
Uma vez que a observncia das mitsvot de uma pessoa depende do amor a Dus,
e a absteno do pecado depende do temor a Dus, como algum que no pode
evocar essas emoes em virtude de seu entendimento limitado poder cumprir
a Tor e as mitsvot? O que o motivar?
Tal pessoa, o Alter Rebe dir, motivada por seu despertar do amor oculto, o
amor a Dus (que tambm compreende um aspecto de temor) oculto no corao
de todo judeu.
Nesse caso, a sua cavan no estudo da Tor e nas mitsvot (isto , seu desejo de
se apegar a Dus) est baseada no instinto, isto , no amor inato a Dus
532
encontrado em seu corao. Este nvel de cavan, portanto, assemelha-se alma
de um animal, cujas aes so instintivas, no racionais.
De modo que a sua vontade em sua mente e nos recessos de seu corao aprova
e consente, com total disposio e perfeita sinceridade,
,'
, ,
; ,
Como o martrio que algum sofre por amor a Dus, o estudo da Tor e a
realizao das mitsvot une a alma com Dus. Portanto, o despertar do amor
natural de uma pessoa a Dus (a ponto de ela estar preparada a oferecer sua vida
pela unio de Dus) tambm a motivar a cumprir a Tor e as mitsvot.
; ,
533
Este [amor natural] tambm compreende o temor [a Dus]: a aceitao do Seu
reinado, para no se rebelar contra Ele, Dus nos livre, atravs do pecado.
Quando motivada por esta cavan (que nasce do amor e temor a Dus inatos na
pessoa), ela afasta-se do mal (abstendo-se de pecar) e faz o bem (observando
as mitsvot), e estuda, reza e recita as bnos,
,
; ,
e cujas emoes seu temor das coisas que lhe causam dano, e seu amor pelas
coisas lhe agradam so meramente naturais nele, e no um produto de sua
inteligncia ou seu entendimento.
Assim, tambm, por exemplo, esto o amor e o temor ocultos no corao de cada
judeu; eles tambm no so um produto da inteligncia ou do livre-arbtrio,
, ,
O Alter Rebe explicou ali que os Patriarcas legaram aos seus descendentes,
como uma herana eterna, uma alma Divina com um intrnseco amor (e temor)
534
a Dus. Porque este amor meramente instintivo e natural, sua funo como
motivao (cavan) para o cumprimento da Tor e das mitsvot comparada
alma de um animal.
5. Ibid. 101:2.
7. Ibid. 101:1.
8. 13b.
535
Captulo 39
536
No captulo anterior, o Alter Rebe explicou por que nossos Sbios comparam a
realizao de uma mitsv a um corpo, e a cavan de algum que est cumprindo
uma mitsv eles comparam a uma alma.
537
O Alter Rebe agora abre o captulo 39 afirmando que, por este motivo, os anjos,
que temem e amam a Dus por sua prpria natureza, so chamados, de forma
metafrica, de animais.
": ,
,' ' "
, ,
." "
,
. ,
Portanto, os tsadikim esto num nvel superior ao deles (os anjos)2: a morada
das almas dos tsadikim est no Mundo de Beri (Criao), enquanto a morada
dos anjos se encontra no Mundo de Yetsir (Formao).*
*Nota
, :]
,
Isto assim [somente] no caso dos anjos comuns. No entanto, existem anjos
superiores no Mundo de Beri, cujo servio [a Dus] realizado com temor e
amor intelectuais.
: , " "
[: ,
538
Fim da nota
, - -
,'
. ] [
Pois assim est escrito (em Tikunei Zhar2a e em ts Chayim2b) que as seis
Sefirot (isto , as seis midot, de Chssed at Yessod) se aninham (isto ,
impregnam) no Mundo de Yetsir.
Esses partsufim so: (a) Chochm (Sabedoria); (b) Bin (Entendimento); (c) Zeer
Anpin (literalmente, A Pequena Imagem; isto , as seis midot); (d) Malchut
(Soberania).
539
Em Beri (tambm chamado de Mundo do Trono), Bin o partsuf dominante.
Portanto, Beri um Mundo de intelecto; as almas e os anjos de Beri so
reconhecidos pela apreciao superior intelectual da Divindade.
Yetsir dominada pelas seis midot (que juntas constituem o partsuf de Zeer
Anpin). Este , portanto, um Mundo de emoo; as criaturas de Yetsir servem
a Dus com grande intensidade emocional.
, , ,
,'
Portanto, este o servio dos anjos cuja morada fica em Yetsir, conforme
mencionado acima, constantemente, dia e noite, nunca deixando de permanecer
em temor e medo [de Dus].
Isto se refere a toda a hoste de [anjos sob] Gavriel, que se situa esquerda.
Esquerda representa a mid de Guevur, que evoca temor e medo. Assim,
todos esses anjos permanecem em constante temor a Dus.
.'
O servio da hoste de [anjos sob] Michael, por outro lado, o amor [a Dus];
eles permanecem em constante adorao da Divindade, correspondendo mid
de Chssed, e assim por diante.
-
, ,-
540
Mas no Mundo de Beri irradia Chochm, Bin e Dat do abenoado Ein Sof
(isto , as trs Sefirot superiores ChaBaD de Atsilut), as quais so a fonte
das midot, e sua me e raiz [ver cap. 3].
,
.
Pois assim est escrito em Tikunei Zhar2c, que Ima Ila (literalmente, A Me
Supernal; isto , a Sefir de Bin, descrita como me do Mundo de Atsilut)
aninha (irradia) no Trono, ou seja, o Mundo de Beri, com trs Sefirot de
Atsilut: Chochm, Bin e Dat.
, ' ,
,- -
Uma vez que essas trs Sefirot ChaBaD do Ein Sof irradiam no Mundo de
Beri, ele a morada das almas daqueles tsadikim que servem a Dus com temor
e amor que derivam do entendimento e conhecimento da grandeza de Dus,
; ," "
este amor sendo chamado reuta deliba (literalmente, o desejo do corao, isto
, um desejo criado pelo intelecto, em oposio ao desejo que transcende o
intelecto), conforme mencionado acima [cap. 38].
, ," "
. ,
Dessa reuta deliba formada uma vestimenta para a alma no Mundo de Beri,
que o Jardim do den Superior, conforme ser discutido depois, e como est
escrito no Zhar, Parshat VaYakhel. O Jardim do den Inferior est em Yetsir,
e o Jardim do den Superior est em Beri.
Finalmente, as almas daqueles que servem a Dus com amor e temor intelectuais
tm o privilgio de habitar no Jardim do den Superior Beri. Pois a recompensa
dada no Jardim do den [Paraso] que as almas deleitam-se na radinia da
Shechin, isto , elas se deleitam na sua percepo da glria de Dus. Como a
recompensa proporcional ao nvel do servio Divino, o deleite na percepo
intelectual da Divindade reservado para as almas daqueles que serviram a Dus
com amor e temor intelectuais durante sua vida sobre a terra.
Neste ponto, o Alter Rebe qualifica a sua afirmao anterior: somente aqueles
tsadikim cujas almas esto no nvel de Nesham (isto , o mais elevado dos trs
541
nveis da alma Nfesh, Rach e Nesham) habitam em Beri. A Nesham
representa Mochin deGadlut uma compreenso intelectual superior da
Divindade; aqueles que esto no nvel de Nesham entendem a Divindade
diretamente como ela , sem o recurso de analogias ou termos de semelhana
com as formas humanas. O amor e o temor se originam deste entendimento
direto da Divindade como suas extenses naturais; eles no so um produto do
intelecto. Neste caso, de fato, as emoes podem ser consideradas uma parte de
um processo intelectual, em vez de emoo prpria.
Contudo, esta afirmao, de que a morada dos tsadikim que servem a Dus com
amor e temor intelectuais est no Mundo de Beri, aplica-se somente quelas
almas que esto efetivamente no nvel de Nesham o nvel de Nesham sendo
o do intelecto, como o versculo declara: A Nesham Divina dar discernimento
a eles3
,- -
'
e, de forma semelhante, todas as outras almas de Israel que serviram a Dus com
o temor e amor naturais ocultos no corao de todo Israel, no com o amor e o
temor nascidos do intelecto,
, - ,
,
,
542
por meio do pilar que se estende do Jardim do den Inferior (Yetsir) ao Jardim
do den Superior, isto , o Mundo de Beri, que chamado o Jardim do den
Superior. 4
, '
Por meio desse pilar, essas almas sobem para l para se deleitar em Dus e
desfrutar da radincia da Shechin.
Este prazer o privilgio das almas em Beri, pois o deleite da alma vem de seu
entendimento e sua apreciao da Divindade na medida em que uma alma
capaz de tal entendimento.
O intelecto de uma criatura deleita-se e tem prazer somente daquilo que ele
concebe, entende, conhece ( correspondendo a ChaBaD) e apreende com seu
intelecto e entendimento,
,- --
.
tanto quanto ele pode apreender da luz do abenoado Ein Sof, atravs de Sua
sabedoria e Seu entendimento que irradiam ali (em Beri), permitindo que a alma
perceba a Divindade. Pois, como mencionado anteriormente, ChaBaD de
Atsilut (ao qual o Alter Rebe se refere como Sua sabedoria, Seu
entendimento) irradiam em Beri, motivo pelo qual Beri o Mundo do
Entendimento.
Com isso, o Alter Rebe conclui a sua afirmao de que as almas dos outros
judeus (que no serviram a Dus com amor e temor intelectuais) ascendem
Beri no Shabat e em Rosh Chodesh.
,
,
Essas almas (que serviram a Dus com amor e temor naturais) so privilegiadas
para ascender, ocasionalmente, Beri, mais alto que os anjos, cuja morada est
em Yetsir, como mencionado acima, nunca subindo para Beri, embora elas
tambm, como os anjos, serviram a Dus somente com temor e amor naturais;
por que, ento, o servio delas a Dus considerado superior ao dos anjos?
543
,
,
porque atravs do temor e amor delas, a sitr achar investida no corpo delas
subjugada,
, " "
, " "
ou seja (no caso do amor) subjugando a sitr achar no aspecto de fazer o bem,
como mencionado acima [cap. 25], isto , perseguindo ativamente a observncia
das mitsvot por amor a Dus, a despeito do desejo contrrio da alma animal, que
est enraizada na sitr achar.
,
. ,' ,' -
e no entanto elas escolheram o bem para subjugar a sitr achar, para que a
glria de Dus fosse elevada... [em todos os Mundos], com uma elevao
semelhante superioridade da luz... [emergindo da escurido] sobre a luz normal,
como mencionado acima [caps. 12, 27 e 33]. Dissipando a escurido da sitr
achar, essas almas acrescentaram luz da santidade.
Assim, embora essas almas tivessem servido a Dus como fazem os anjos, com
amor e temor que so naturais, no intelectuais, no entanto o servio delas ocupa
um nvel superior ao dos anjos; pois a alma age por livre arbtrio, enquanto o
anjo uma criatura de instinto compulsivo (embora um instinto sagrado).
Portanto, ocasionalmente permitido alma, o que no ocorre com o anjo,
elevar-se ao Jardim do den Superior, em Beri.
544
Nos prximos pargrafos, o Alter Rebe diferenciar entre as respectivas
posies das almas, de um lado, e, de outro lado, o servio Divino delas (isto ,
a Tor e as mitsvot que a almas estuda e cumpre). Porm, antes de examinar suas
palavras, convm a seguinte introduo:
Embora falssemos antes sobre as Sefirot de cada um dos Quatro Mundos, deve
ser entendido, no entanto, que as Sefirot de cada Mundo no constituem aquele
Mundo em si. As Sefirot representam, melhor dizendo, a Divindade inerente em
cada Mundo a sua fora vital Divina. O Mundo em si, por outro lado, um
ysh, uma existncia separada, que surge atravs das Sefirot.
O servio da alma Divina, por outro lado, ascende s Sefirot (do Mundo
apropriado); isto significa que ele absorvido no Ein Sof.
, ,
Tudo o que foi mencionado diz respeito morada e lugar das almas,
, , '
; --
545
Sof se une em perfeita unio isto , a luz Ein Sof que irradia em cada Mundo
est completamente unificada com as Sefirot daquele Mundo.
' , '
;
, '
Assim sendo, dentro delas (dentro das Sefirot de Beri e de Yetsir) esto
investidas as Dez Sefirot do Mundo da Emanao Atsilut, e elas ficam
completamente unificadas com elas: as Sefirot de Atsilut esto investidas e
completamente unidas com as Sefirot de Beri e Yetsir.
.- -'
Por outro lado, as Dez Sefirot de Atsilut esto perfeitamente unidas com o seu
Emanador, o abenoado Ein Sof. Da resulta, ento, que ao ascender s Sefirot
de Beri ou Yetsir, a Tor e o servio Divino das almas efetivamente se unem
com o Ein Sof.
, ' ,
As almas, por outro lado, (em contraste com a Tor e o servio Divino delas)
no so absorvidas na Divindade das Dez Sefirot,
- -- ,
,'
546
L [as almas] se deleitam na radincia da Shechin, que a abenoada luz Ein
Sof [que est] unificada com a Dez Sefirot de Beri ou Yetsir;
,( )
: -
Um raio emitido das mitsvot que elas realizaram e que se tornaram unidas com
o Ein Sof brilha sobre os tsadikim no Jardim do den; a revelao deste raio
que deleita a alma.
547
Tendo explicado que Beri a morada das almas que serviram a Dus com amor
e temor intelectuais, e Yetsir a morada das almas que O servem com amor e
temor naturais, o Alter Rebe agora analisar o servio Divino daquelas almas
que moram no Mundo de Atsilut. Ele explica que a qualidade do servio Divino
delas ultrapassa at mesmo aquele de amor e temor intelectuais. Este o nvel
daqueles tsadikim que se tornam verdadeiras carruagens para Dus; eles no
possuem nenhuma vontade, a no ser a Vontade de Dus, e todos os atos deles
testemunham a sua completa auto-anulao perante Ele.
, - -
Pois Chochm, Bin e Dat do Ein Sof esto unidos com Ele l (em Atsilut) em
perfeita unio,
. ,
,' ,--
,- --
de modo a permitir que o intelecto dos seres criados (ou seja, os anjos e as almas
de Beri) recebam ChaBaD sabedoria, entendimento e conhecimento [dessas
Sefirot de Atsilut], para que eles possam conhecer Dus, e para que possam
entender e compreender algo da luz Ein Sof,
548
, ,
at onde o intelecto dos finitos e limitados seres criados seja capaz de entender.
, ,
.
-- ,
, - -
,
,
Em to grande grau pois o simples fato delas serem Sefirot (isto , categorias
definidas, individuais) indica que ChaBaD est meramente contrado, sendo
manifestaes limitadas do indefinvel Ein Sof; o grau de contrao, no entanto,
muito menor que o de Beri, e, portanto, as criaturas de Beri no podem
receber iluminao intelectual de ChaBaD de Atsilut.
549
.
,- -
, , ,
," " :
.
Nossos Sbios aplicaram esta descrio aos Patriarcas, dizendo que eles mesmos
constituam a carruagem Divina6, pois este era o nvel de servio dos Patriarcas
durante toda a vida deles.
550
atingem o mais alto grau de auto-anulao diante de Dus, neles mesmos e em
todos os seus assuntos. A morada de suas almas, portanto, igualmente em um
Mundo permeado desse esprito de auto-anulao, ou seja, o Mundo de Atsilut.
Mas aquele cuja raiz da alma de to limitada capacidade para este servio
perfeito no nvel de uma carruagem,
de modo que, atravs de seu servio de Tor e mitsvot, ele esteja constantemente
anulado diante da luz de Dus e nela absorvido,
,
,()
, ,
551
No caso daquele que pode alcanar o nvel de uma carruagem somente em tais
momentos propcios, mesmo em tais momentos a morada principal de sua alma
est no Mundo de Beri (pois ns estamos lidando aqui com uma alma associada
ao Mundo de Beri),
,") "
:( "
Tendo discutido as vrias moradas das almas os trs Mundos nos quais as
almas recebem a recompensa proporcional ao nvel de seu servio Divino durante
sua vida na terra , o Alter Rebe retorna agora ao tema iniciado no captulo 38.
Ali ele mencionou que a cavan nas mitsvot (que a alma das mitsvot) pode
ser classificada em vrias categorias, correspondendo aos diferentes nveis da
alma encontrada nos seres vivos as almas dos animais, do homem, etc. A cavan
que consiste em amor e temor intelectuais como a alma de arbtrio do homem;
uma cavan consistindo em amor e temor naturais, como a alma instintiva de
um animal.
Retornando agora ao seu tema original, o Alter Rebe assinala que, dos vrios
nveis de recompensa, ns podemos deduzir os respectivos nveis de servio
Divino motivados pelos diferentes nveis de cavan.
," - " ,
552
Isto significa que ns podemos conhecer a natureza essencial e o nvel [da mitsv]
por sua recompensa (pela natureza da luz gerada pela mitsv, e revelada para a
alma como sua recompensa).
, ,
ou seja, dos grandes tsadikim que esto no nvel de uma carruagem, cujo
servio Divino tem o ttulo de questes ocultas porque ele transcende o
entendimento,
, ,
mas somente com aquelas questes reveladas para ns, s quais todo homem
deve aspirar isto , somente com aqueles nveis de servio Divino que podem
e devem ser alcanados por todo judeu; como segue:
, '
A pessoa deve saber com certeza que a natureza essencial e o nvel do servio
Divino com temor e amor revelados no corao,
- -
, '
dessa recompensa ns sabemos que seu lugar isto , o nvel deste servio das
mitsvot realizadas com tais motivaes est nas Dez Sefirot de Beri;
.'
553
dessa recompensa ns sabemos que seu lugar est nas Dez Sefirot de Yetsir.
Mas o servio Divino realizado sem despertar o amor e o temor para um estado
revelado, mesmo na mente da pessoa,
ou seja, que o servio feito sem despertar o amor natural oculto no corao de
algum, para que ele possa emergir dos recessos ocultos do corao,
, ,
para ser revelado pelo menos na mente consciente e no estado latente do seu
corao, para que ele pode evocar (se no um fervor apaixonado, ento pelo
menos) uma resoluo mental de se ligar a Dus pelo cumprimento das mitsvot;
se em vez disso, o amor permanece oculto no corao como no seu estado inato,
como era antes do servio Divino quando ele estava certamente oculto, no se
expressando no servio Divino; se o amor permanece igualmente oculto quando
a pessoa se ocupa no servio Divino, e as mitsvot que ela faz no so de forma
alguma afetadas pelo amor, ento
," " ,
, ,
, -
.'
554
como est escrito em Tikunei Zhar, que Sem temor e amor no se voa para o
alto, nem se pode ascender para ficar diante de Dus.
, ,
," " :
Isto tambm se aplica mesmo se, conforme descreve o versculo: O temor deles
por Mim era como os mandamentos dos homens feitos de modo automtico10,
. '
tendo sido acostumado e ensinado por seu pai e seu mestre a temer a Dus e a
servi-Lo,
mas ele no faz isso realmente por sua prpria [da Tor] considerao [lishm].
555
extraindo-os da ocultao do corao para a revelao, pelo menos na mente e
no estado latente do corao.
Se, no entanto, a pessoa no produz nem mesmo esse nvel mnimo de despertar,
o amor, embora naturalmente encontrado em seu corao, no tem influncia
sobre o seu servio Divino, e ela no pode, portanto, fazer este servio lishm
(por sua prpria considerao).
Pois assim como algum no faz algo por seu semelhante, para realizar a sua
vontade [do amigo], a menos que ele o ame ou o tema,
a menos que ele lembre e desperte seu amor e temor a Dus, em algum grau em
sua mente, em seu pensamento e no nvel latente de seu corao, pelo menos, se
ele no pode despertar essas emoes abertamente em seu corao.
, ," "
. ,
556
Alm disso, apenas [o despertar do] amor, sem [o despertar do] pelo menos mais
baixo nvel de temor a Dus oculto em cada corao judeu, no chamado
servio, como ser explicado mais adiante [cap. 41].
, ,
ento esse motivo, que derivado da kelipat nog, investe-se em seu estudo de
Tor,
e a Tor estudada por esse motivo est num estado de exlio dentro da kelip;
, , ,
. - '
Pois quando ele retorna para Dus, sua Tor retorna com ele da kelip para a
santidade.
" ' :
, "
557
,
pois certamente ele por fim alcanar o arrependimento, seja nesta encarnao
ou em outra,
porque Ningum banido por Ele por seus pecados permanecer banido14, mas
finalmente se arrepender.
O Alter Rebe percebe assim dois novos conceitos na declarao de que uma
pessoa sempre deve se ocupar de Tor e mitsvot mesmo shelo lishm, etc.:
O que foi dito acima se aplica quele que se ocupa com um servio Divino com
outro interesse, estritamente shelo lishm.
, - ,
Mas se algum age de forma neutra, nem lishm, nem shelo lishm, ento o
assunto no depende do arrependimento.
, ,
,
Mais propriamente, to logo ele reveja o assunto lishm, ento mesmo aquilo
que ele estudou de forma neutra ascende ao alto, ligando-se e unindo-se ao seu
estudo presente,
uma vez que nenhuma kelipat nog investiu-se em [seu estudo anterior].
Porque seu estudo anterior no foi motivado por razes egostas, a Tor
estudada no est em um exlio dentro da kelip; ela meramente carece da
qualidade de lishm. Esta falta remediada pela reviso do assunto lishm.
558
."' "
Portanto, Um homem deve sempre se ocupar [com Tor... mesmo shelo lishm,
pois de shelo lishm ele chegar a lishm] a Tor que ele estudou ser elevada
ao nvel de lishm. Neste caso, o lishm vem automaticamente quando ele rev
o seu estudo; e isto no depende do arrependimento (como no caso da Tor
estudada por motivos pessoais).
: ,
Quando algum recita a orao novamente, dessa vez com cavan, sua reza
anterior tambm ascende. Mais tarde, no Tanya, o Alter Rebe afirma que mesmo
se de todas as preces proferidas por algum durante o ano, somente uma reza
completa com cavan pode ser reunida de trechos (uma parte da orao dita com
cavan num dia, outra parte em outro dia, e assim por diante), esta nica orao
suficiente para elevar todas as rezas do ano inteiro. Pois mesmo onde esteja
faltando uma cavan especfica, a orao dotada da cavan abrangente da
pessoa que est rezando a Dus.
1. Yechezkel 1:10.
2. O Rebe Shlita assinala que o servio Divino dos anjos pareceria estar fora do
contexto no Tanya, cujo propsito servir de guia aos beinonim um guia para
o servio a Dus de todo judeu [e no de seres celestiais].
Alm disso, uma vez que este um livro escrito para os beinonim, o Alter Rebe
procura deixar perfeitamente claro que est muito prximo porque inato
a cada judeu cumprir a Tor e as mitsvot com amor e temor a Dus
experimentados no corao. A pessoa que alcana este nvel de amor e temor a
Dus naturais, mas lhe falta amor e temor intelectuais, que no se engane
pensando que seu amor e temor carecem de intensidade e, conseqentemente,
suas aes so igualmente deficientes. Na verdade, este nvel de amor e temor
tambm de intensidade extraordinria.
O Alter Rebe sustenta esta idia enfatizando que tanto os anjos quanto as
criaturas da Carruagem Divina servem a Dus com amor e temor a Ele naturais.
559
Ns podemos agora entender como verdadeiramente grande esta maneira de
servir. Ela deficiente somente no fato de que ela uma forma emocional de
servio, em vez de ser intelectual.
No entanto, com respeito ao servio a Dus ser muito prximo em teu corao,
o amor e o temor naturais preenchem esta funo admiravelmente. Assim, todo
judeu est bem capacitado para revelar seu amor e temor a Dus latentes, de
modo que eles possam exteriorizar-se vigorosamente, pois seu amor e temor so
semelhantes ao amor e temor experimentados pelos anjos e outros seres
celestiais. Isto garante que as aes de um judeu, que resultam de seus
sentimentos a Dus, tambm sejam realizadas de forma vigorosa, de modo que
todo judeu cumpra a Tor e as mitsvot com a energia interior e a vitalidade que
surgem de seu amor e temor a Dus.
2a. Tikun 7.
2c. Tikun 6.
3. Yiov 32:8.
Como possvel que haja uma ascenso do nvel de animal, o nvel mais baixo
do Jardim do den, para o nvel de homem, o mais alto nvel do Jardim do
den? Isto possvel, diz o Alter Rebe, por meio do pilar. Isto tambm serve
para demonstrar que, embora os nveis mais alto e mais baixo do Jardim do den
sejam duas categorias distintas, no obstante possvel ascender de um para o
outro.
5. Avot 4:17.
8. Nota do Rebe Shlita: Ver mais adiante, no incio do captulo 40: tambm
pode ser no Mundo de Yetsir. Isto precisa ser entendido, uma vez que o Alter
Rebe diz aqui permanece abaixo. Ver tambm Kuntres Acharon.
560
9. O Rebe Shlita observa: Conseqentemente, a palavra Mundos no plural
agora entendida, [referindo-se aos Mundos de] Assi e Yetsir.
11. O Rebe Shlita explica que o Alter Rebe usa a palavra juventude
criteriosamente. Se ele se referisse a um hbito adquirido na fase adulta
(conforme descrito no captulo 15), ento poderia muito bem ser dito que lishm
no comeo do seu servio (antes de se tornar um hbito) tambm elevou seu
servio presente. Isto seria semelhante a reunir trechos de todas as oraes
durante o ano em uma reza completa com cavan, que seria o suficiente para
elevar todas as oraes do ano inteiro. (Ver o final do presente captulo.)
O Rebe Shlita, portanto, oferece uma razo alternativa. No curso normal dos
eventos, os pais educam seus filhos para a observncia da Tor e das mitsvot.
Esta educao (diferente do hbito rotineiro de um adulto realizar boas aes)
louvvel, pois a Tor nos ordena: E tu ensinars aos teus filhos...
15. O Rebe Shlita nota: Parece que a referncia ao Zhar II, 245b.
561
Captulo 40
562
No captulo 39 o Alter Rebe explicou
que a ascenso da Tor e das mitsvot
da pessoa proporcional ao nvel de
cavan que ela investe no estudo da
Tor e na realizao das mitsvot. Se a
cavan deriva do amor e do temor a
Dus criados pelo entendimento de
Sua grandeza, sua Tor e mitsvot
ascendem s Sefirot de Beri, um
Mundo do intelecto. Se a cavan
deriva do amor e do temor naturais,
sua Tor e mitsvot ascendem s
Sefirot de Yetsir, um Mundo da
emoo.
No entanto, se o estudo e a
observncia da pessoa no so lishm
(por sua prpria considerao),
porque ela no sente amor ou temor a
Dus, sua Tor e mitsvot no podem ascender de modo algum para permanecer
diante de Dus, ao serem absorvidas nas Sefirot. Isto verdadeiro mesmo onde
sua observncia das mitsvot no seja inteiramente shelo lishm (no por sua
prpria considerao), isto , por algum motivo egosta, mas mesmo quando ela
age por hbito. No entanto, no caso da Tor estudada por hbito, a Tor ascende
diante de Dus quando a pessoa rev o assunto lishm, unindo-o ao seu estudo
presente.
Porm, enquanto a pessoa no rev este assunto [o assunto que foi estudado por
interesse prprio shel lishm] lishm,
, '
seu estudo no ascende s Dez Sefirot que irradiam nos Mundos de Yetsir e
Assi (para no mencionar as Sefirot de Beri).
-- ,
, -
563
Pois as Sefirot so um nvel de Divindade, e a luz do abenoado Ein Sof est
investida nelas e unida com elas; e, portanto, se a Tor dessa pessoa ascende s
Sefirot, ela efetivamente ascende luz Ein Sof,
, ,'
e sem temor e amor [a Tor] no pode se elevar para permanecer diante de Dus
a luz Ein Sof como est escrito no Tikunei Zhar.
, "
,
,
Isto indica que a Tor e as mitsvot sem cavan no so absorvidas nas Sefirot,
mas se elevam somente ao nvel de anjos, que so seres criados e que esto,
assim, no nvel da exterioridade dos Mundos.
564
que no possuam apenas a qualidade de lishm podemos argumentar na
verdade podem ascender para serem absorvidas nas Sefirot.
Assim, qualquer mitsv da qual um anjo criado deve consistir em mais que
mera ao mecnica, que a matria de uma mitsv; ela tambm deve conter
algum pensamento (como um entendimento das palavras da Tor recitadas pela
pessoa, ou a compreenso de que ela est cumprindo uma mitsv); e este
pensamento a forma da mitsv.
Tudo o que foi mencionado acima diz respeito a Tor e mitsvot que carecem da
inteno de lishm, mas que no foram realizadas expressamente por motivos
pessoais.
Mas Tor [estudada] estritamente shelo lishm, por razes pessoais, por
exemplo, para o propsito de se tornar um erudito, ou algo semelhante,
565
;
mas permanece abaixo, neste mundo fsico, que a morada das kelipot.* Uma
vez que o motivo pessoal deriva da kelip, o estudo da Tor que ele produz
permanece na morada das kelipot.
*Nota
: , :]
Veja Zhar, Parte III, p. 31b e 121b, onde est escrito de forma semelhante,
'
Que esta palavra [falada] ascende aos cus e penetra neles... e evoca o que ela
evoca:
,'
;' : ;
Note-se ali, e tambm na pgina 105a: De uma palavra de Tor uma voz
formada que ascende...;
[' :
Fim da nota
" " :
566
Nossos Sbios assinalam que s o trabalho do homem sob o sol, isto , a labuta
em assuntos mundanos, no resulta em nenhum lucro; o trabalho de Tor, no
entanto, est acima do sol e de fato beneficia o homem. O Zhar, no entanto,
declara:
.' ,
Mesmo com a labuta de Tor, se ela feita por sua prpria glria... ela pertence
categoria de trabalho sob o sol e no h nenhum lucro nele.
," " :
Este tambm o significado do que dizem [os nossos Sbios]: Feliz aquele que
chega aqui no alto com seu estudo de Tor em sua mo3,
Assim esta declarao significa: Feliz aquele que estuda Tor lishm, para que
sua Tor ascenda ao alto. Se ele no tivesse estudado Tor lishm, sua Tor
no estaria com ele (em sua mo) quando sua alma ascendesse, mas teria
permanecido neste mundo.
Foi demonstrado acima que a Tor estudada por hbito, sem motivo pessoal,
somente faltando qualquer inteno de lishm, no pode ascender ao alto para
ser absorvida nas Sefirot. O Alter Rebe agora prossegue para explicar por que
isto assim.
, -
Embora a Tor e o Santo, abenoado Ele seja, sejam inteiramente um, pois Ele e
Sua Vontade so um, e a Tor representa a Sua Vontade, no obstante a Tor
no ascender ao alto sem a cavan.
567
As palavras de Tor que algum fala so fsicas, como so todas as coisas neste
mundo material. Em verdade, elas so palavras santas; a fora vital Divina dentro
delas no est ocultada e velada, como est em outros seres materiais. Contudo,
sendo fsicas, as palavras de Tor partilham com toda existncia fsica uma fora
vital Divina que est enormemente contrada e limitada.
, -
;
: ' ,
A diferena [entre um mundo e outro] em virtude dos receptores [da fora vital
Divina], e de dois aspectos:
; ,'
; ,
: '
, ,
Pois (a) a iluminao [da fora vital Divina] dentro dele est enormemente
contrada, ao grau mais alto; portanto ele fsico e material.
, ,
568
Alm disso, (b) mesmo essa [iluminao contrada] est investida em muitas
vestimentas e vus,
,
;
at ser investida na kelipat nog, para dar vida a todas as coisas puras permitidas
deste mundo, incluindo a alma vitalizante inteligente no homem.
, ,
Portanto, quando a alma vitalizante fala palavras de Tor ou reza sem cavan, a
caracterstica ocultao deste mundo fica ausente, ainda assim a contrao se
aplica, da seguinte maneira:
,
,
Embora essas sejam letras sagradas e assim, neste caso, a kelipat nog da alma
vitalizante no constitui um vu de separao, ocultando ou encobrindo a
santidade Divina investida naquelas letras,
Contudo, apesar de que nenhum lugar est vazio dEle4, e Sua presena
encontrada na alma vitalizante do homem, mesmo quando ele se ocupa de uma
conversa ftil, e na alma de todas as criaturas vivas
569
," " ,
Assim, o segundo dos dois aspectos acima mencionados que fazem deste mundo
o mais baixo dos mundos ou seja, a completa ocultao da fora vital Divina
na vestimenta da kelipat nog est ausente nas palavras de Tor e orao. Mas
o primeiro aspecto, o Alter Rebe ir agora estabelecer, est presente mesmo
nessas palavras sagradas: elas so fsicas, como todas as coisas deste mundo, de
modo que a contrao da fora vital Divina que caracteriza a matria fsica em
geral aplica-se tambm a essas palavras.
,
. ,
570
Portanto, embora a Tor seja um com Dus, as palavras de Tor no ascendero
s Sefirot sem cavan, uma vez que a Divindade dentro delas est enormemente
contrada.
Mas no caso da orao [proferida] com cavan e a Tor [estudada] com cavan
lishm,
, ,
a cavan est investida nas (isto , permeia) letras da fala, pois ela fonte e raiz
delas,
pois aquele que fala essas palavras, o faz em virtude dessa cavan.
,'
. ,'
,- --
, ,-
, ,
571
A cavan da pessoa tambm expressa a Vontade Divina, pois Dus deseja que
o homem se apegue a Ele com amor e temor.
,
,
Esta luz Ein Sof da Vontade Divina irradia nas Sefirot com um brilho
infinitamente grande que no pode, de maneira nenhuma, irradiar e ser revelado,
enquanto as letras de Tor e orao e a mitsv esto ainda neste mundo fsico.
nem a prpria radincia que brilha nas Sefirot nem qualquer parte dela pode ser
revelada neste mundo fsico.
Nessa poca, a Vontade Divina contida na Tor e nas mitsvot deste mundo
brilhar em todo o seu esplendor. At que isto acontea, porm, esta radincia
incomparvel com a radincia da Vontade Divina contida na Tor e nas
mitsvot quando elas ascendem s Sefirot.
*Nota
572
Este efeito das midot sentido principalmente na fuso das midot de Atsilut.
, :]
L nos Mundos mais altos tambm brilha e revelada a unio Suprema efetuada
por cada mitsv e pelo estudo de Tor,
, ,
,- -
,
,
.- -
Mas a principal unio causada pela Tor e pelas mitsvot ocorre bem mais alto,
no Mundo de Atsilut,
,- - ,
onde o ncleo e a essncia das midot de Dus esto unidos com o Emanador
delas, o Ein Sof, abenoado Ele seja,
,- -
573
e ali so encontrados o ncleo e essncia da Vontade Suprema do abenoado Ein
Sof,
. ,
,
,
no entanto ela capaz de efetuar a unio nas midot de Atsilut por causa da
Vontade Suprema, que est investida nessa mitsv, e no caso da Tor, a
Vontade Suprema no est meramente investida nela, mas, alm disso ela
realmente a Tor e a halach que ele est estudando ,
, , - --
esta Vontade Suprema a Divindade, e a luz Ein Sof do Emanador [das Sefirot
de Atsilut], uma vez que Ele e Sua Vontade so um;
e esta Vontade Suprema efetivamente a fonte das midot, pois foi por Sua
Vontade que Ele emanou as Suas midot, que esto unidas com Ele Prprio.
Portanto, por meio da revelao de Sua Vontade causada por aquele que se
ocupa com a Tor ou uma mitsv particular, as midot se fundem umas com as
outras,
(: ,
: , "" ,
""
) " (
;'
," ",
Tambm est explicado em Tikunei Zhar, que aqueles que se ocupam com a
Tor e as mitsvot por amor e temor so chamados de filhos;
. ," "
*Nota
, ", ":]
575
Sua cabea a letra yud do Nome Divino (yud-hei-vav-hei), o yud
representando Chochm; seu corpo o vav, as seis midot; e suas duas asas so
as duas letras hei, representando Bin e Malchut, respectivamente.
, "
Vav, o corpo de Metatron, representa o corpo das leis na Mishn (uma vez
que a Mishn est no nvel de Yetsir, como ser logo explicado), pois o corpo
das leis , isto , as prprias regras que determinam o que permitido ou proibido,
quem culpado ou inocente, so relacionadas s midot, que so representadas
pela letra vav.
,
,
, , '
, ,' ,'
Tal temor externo e revelado, e portanto aludido ao nvel mais baixo (isto ,
a letra) do Nome Divino.
576
O temor de nvel superior, no entanto, significando o medo que consiste da
vergonha diante da grandeza de Dus, uma daquelas matrias ocultas
pertencentes a Dus, nosso Senhor.
(: ,- " "
Ela est no nvel da Vontade Suprema, aludida pela letra yud das Quatro letras
do Nome Divino, abenoado Ele seja, como est escrito em Raaya Mehemna.
Fim da nota
, ,
," - " :
Pois, como a Mishn implica, um pssaro cujas asas foram removidas casher
13.
,
;
, ,
,
. , - --
577
*Nota
, , ' :]
Ou mesmo [no mundo inferior] em Assi, nas dez Sefirot sagradas [daquele
Mundo], a morada das mitsvot que consistem de ao.
, - --
578
No caso do Talmud [a unio e a luz Ein Sof so reveladas] em Beri14 pois o
Talmud procura a lgica que sustenta as leis da Mishn; assim, o Talmud est
relacionado a ChaBaD, que se manifestam em Beri.
Isto no significa, no entanto, que a unio efetuada pelo estudo da Mishn, por
exemplo, realiza-se somente em Yetsir, e aquela unio efetuada pelo estudo das
Escrituras, somente em Assi, etc. Se esta fosse a inteno, surgiria uma
dificuldade bvia: as Escrituras so mais sagradas que a Mishn (conforme
indicado pela lei que se pode colocar as Escrituras sobre um volume da Mishn,
porm no o contrrio), e a Mishn mais sagrada que o Talmud. Por que, ento,
a revelao da luz Ein Sof, criada por seus (respectivos) estudos, fica numa ordem
inversa, o Talmud, o menos sagrado dos trs causando uma revelao em Beri,
o mais elevado dos trs Mundos?
- -- ,
,
Isto significa que pelo estudo das Escrituras a unio e [revelao da] abenoada
luz Ein Sof se estende de Atsilut para baixo, at o Mundo de Assi;
, ,
pois todos eles (as Escrituras, a Mishn e o Talmud) esto em Atsilut, e efetuam
a unio e a revelao ali. A diferena entre eles reside somente em quo longe
de Atsilut alcana o impacto do estudo.
,
(:
Fim da nota
579
O Alter Rebe anteriormente comparou o amor e o temor a Dus s asas de um
pssaro; as asas no so as partes essenciais do pssaro, mas simplesmente o
servem, ajudando-o a voar; de forma semelhante, o amor e o temor meramente
servem as mitsvot, que so o objetivo essencial, elevando-as a um nvel onde a
unio efetuada por elas pode ser revelada.
O Alter Rebe agora levanta uma questo: o amor e o temor a Dus esto
enumerados entre as 613 mitsvot; por que, ento, se atribui a eles um status
secundrio?
, " ,
," "
mesmo assim eles so descritos como [meras] asas para outras mitsvot,
Seu propsito no reside nele em si, mas em seu papel como motivao para
servir a Dus atravs das mitsvot. Por esta razo ele comparado s asas, que
so secundrias ao prprio pssaro.
Mas est escrito [Devarim 7:11]: Hoje para faz-los (isto , hoje, esta vida
na poca da ao e do servio), e amanh (no Mundo Vindouro) para receber a
580
recompensa deles15. Assim, nesta vida, na poca do servio, o amor que leva ao
servio o amor mais valorizado.
, ,
, '
mas cuja alma ainda anseia e tem sede de Dus e desvela-se por Ele o dia inteiro,
: -
," "
e ele no sacia sua sede pela Divindade com a gua da Tor que est diante
dele tal pessoa comparvel a algum que est diante de um rio e grita: gua,
gua para beber!.
," " :
Assim, o Profeta lamenta sobre ele: Ai, todos vocs que tm sede, vo para as
guas!16, sobre isto nossos Sbios comentam17 que a gua se refere Tor.
, ,
aquele que tem sede e deseja estudar [Tor] certamente far isto por sua prpria
iniciativa.
?" "
581
Por que o Profeta deve gritar a ele: Ai? Certamente, ento, o versculo refere-
se quele que ama a Dus e anseia por Ele.
2. Cohlet 1:3.
3. Pessachim 50a.
5. Ibid., Introduo.
6. Yeshaihu 45:15.
8. Yeshaihu 40:5.
9. Cap. 36.
12. O Rebe Shlita nota que parece haver um erro tipogrfico: ucu em vez de utu
(o modo de soletrar a letra hebraica vav). Conseqentemente, muitas das
dificuldades nesta nota so resolvidas. Alm disso, o texto que se segue fica mais
fcil de ser entendido: A letra vav representa o corpo das leis na Mishn; e,
depois, sua cabea representa inteligncia..., etc.
582
13. O Rebe Shlita nota: O termo preciso com que a Mishn se expressa se
elas foram quebradas (Chulin 3:4). No entanto, da ns aprendemos que a
mesma lei se aplica a um caso onde as asas tenham sido removidas. (Ver Taz,
incio do captulo 53.)
14. Nota do Rebe Shlita: primeira vista difcil entender, pois as Escrituras
so mais sagradas que a Mishn (e por isso um Chumash pode ser colocado
sobre uma Mishn, mas no o inverso); assim tambm a Mishn [ mais sagrada]
que o Talmud. No obstante, com respeito revelao deles, ns encontramos
o oposto, conforme mencionado [no Tanya]. Isto , as Escrituras so reveladas
dentro do mais baixo de todos os mundos, o Mundo de Assi, a Mishn [
revelada em Yetsir], e assim por diante.
583
Captulo 41
584
Conforme mencionado na pgina de
ttulo do Tanya, esta obra est baseada
sobre o versculo Pois esta coisa est
muito prxima de ti, em tua boca e em
teu corao para que tu possas faz-la.
Isto significa que uma pessoa que cumpre
a Tor e as mitsvot com seu corao, com
amor e temor a Dus, [ uma coisa muito
prxima] de fcil alcance.
585
entusiasticamente ele deve estar imbudo de um amor a Dus e um desejo de
apegar-se a Ele, pois a realizao dessas mitsvot o possibilitar apegar-se a Dus.
Nos ltimos dois captulos, o Alter Rebe continuou a explicar que o amor e o
temor so as asas que elevam as mitsvot da pessoa, fazendo-as ascenderem s
Sefirot dos Mundos superiores. De modo inverso, as mitsvot realizadas sem a
inteno espiritual fortalecida pelo amor e temor a Dus so comparadas a um
corpo destitudo de sua alma.
No captulo 41, o Alter Rebe continua para dizer que o temor a Dus o incio
e a base do servio Divino. Isto assim no somente com referncia aos preceitos
negativos, mas tambm com referncia aos preceitos positivos. Embora seja
verdade que o amor a Dus motiva a observncia dos mandamentos positivos,
no obstante, a observncia desses mandamentos tambm deve ser impelida por
alguma medida de temor. Pois avod (servio Divino) implica uma semelhana
com a maneira pela qual um ved (escravo) serve seu senhor um servio
motivado pelo temor. Portanto, o temor a Dus o incio e a base do servio
espiritual.
. ,
Portanto, uma pessoa deve sempre ter em mente qual o incio do servio
[Divino], bem como seu ncleo e sua raiz.
Isto significa: Embora o temor seja a raiz de afastar-se do mal e o amor [seja a
raiz de] fazer o bem,
isto , o temor a Dus o que basicamente impele uma pessoa para se abster do
mal e no transgredir os preceitos negativos, enquanto o amor a Dus o que
basicamente motiva uma pessoa a realizar boas aes e mandamentos positivos,
," "
,
, ,--
586
mas, pelo menos, antes de realizar um mandamento positivo, a pessoa deve
primeiro despertar o temor inato que est oculto no corao de todo judeu, para
no se rebelar contra o Supremo Rei dos reis, o Santo, abenoado Ele seja, como
foi declarado acima [cap. 38],
de modo que [esse temor] se manifeste em seu corao, ou, pelo menos, em sua
mente.
Este temor inato pode ser despertado seja (a) a um nvel tal que ele seja
efetivamente sentido em seu corao, ou (b) se o indivduo incapaz de evocar
um temor palpvel em seu corao, ele pelo menos ser capaz de evocar seu
temor inato em sua mente, de modo que ele ser capaz de apreender e
experimentar o temor a Dus intelectualmente.
,- -
Isto significa que para despertar dentro de si mesmo esta segunda categoria de
temor, ele deve ao menos contemplar em sua mente a grandeza do abenoado
Ein Sof e de Seu Reino.
, - " "
" "
587
e que ele considere depois que Ele preenche todos os mundos, animando-os
com uma fora vital interior que seres criados podem experimentar e
compreender,
,""
e envolve todos os mundos, isto , Ele tambm os anima com uma fora vital
que transcende a experincia e a compreenso dos seres criados,
," " :
Contudo, Ele deixa de lado [as criaturas dos mundos] superiores e [as criaturas
dos mundos] inferiores,
: , ,
,
Ele de forma nica confere Seu Reinado sobre Seu povo Israel, em geral, pois
Dus conhecido como Rei de Israel e sobre ele [o judeu] em particular, pois
um homem obrigado a dizer: O mundo foi criado para mim2.
De forma similar, com respeito Soberania de Dus que Ele confere sobre todo
Israel: se um judeu sozinho se encontra deficiente nessa matria, isto afetar todo
o conjunto do povo judeu.
588
, ,
,
E, por sua parte, ele [o judeu] aceita Seu Reino sobre si, que Ele seja Rei sobre
ele, para servi-Lo e fazer Sua Vontade em todo tipo de trabalho servil.
O Rebe Shlita assinala que o Alter Rebe prosseguir para dizer que a meditao
acima intencionada para despertar um temor inato na mente da pessoa no
suficiente: um indivduo deve tambm se conscientizar de que Dus no somente
confere Seu Reino sobre ele de uma maneira geral, mas que tambm Ele o faz
(por assim dizer) de uma maneira pessoal. Nas palavras do Alter Rebe:
E eis que Dus [Mesmo] permanece diante dele3 e o mundo inteiro est cheio
somente com Sua Glria, e no somente sendo onipresente Ele v tudo, porm,
mais que isso, Ele o examina particularmente,
e examina seus rins e corao isto , seus pensamentos e emoes mais ntimas
[para ver] se ele O est servindo de forma adequada.
. ,
Portanto, ele deve servir em Sua Presena com reverncia e temor (isto , assinala
o Rebe Shlita, no meramente como algum que esteja no domnio do Rei,
porm, mais que isso) como algum que esteja diante do Rei.
, ,
. , ,
589
Esta meditao ento lhe possibilitar servir a Dus com reverncia.
" " ,- -- ,
, ,""
Ele deve tambm refletir como a luz do abenoado Ein Sof, que envolve todos os
mundos e permeia todos os mundos, e que idntica Vontade Superior,
Conseqentemente, antes de uma pessoa iniciar o seu estudo de Tor, ela deve
considerar como a luz Ein Sof a Vontade Divina est investida nas letras e
na sabedoria da Tor que ser estudada,
ou, se a meditao da pessoa ocorre antes de ela colocar seu talit e seu tefilin,
ela deve refletir sobre como a Vontade Divina est investida nesses tsitsit e
tefilin, sendo a Vontade de Dus que um judeu os use,
590
, " " ,
o judeu atrai sobre si a Sua luz abenoada, isto , sobre a parte de Dus Acima
[ver captulo 2] sua alma que habita em seu corpo e o anima.
O judeu faz isso com a inteno de que ela [a alma] possa ser absorvida e anulada
em Sua luz abenoada.
,
,- -
," " ," ":
, ' ,
Isto quer dizer que o judeu deve usar a sabedoria e o entendimento que esto em
sua alma para Dus apenas somente se ocupando de Tor e mitsvot, e para o
entendimento da Divindade.
, ,
,
De maneira similar, [ele deve querer que] o atributo de Dat (o terceiro dos trs
componentes do schel) em sua alma, que inclui tanto Chssed (Benevolncia)
como Guevur (Severidade), isto , amor e temor em seu corao,
591
O atributo de Dat compreende benevolncia e severidade, visto que estes
atributos existem em um nvel intelectual. Alm disso, conforme explicado ao
final do captulo 3 [que o assunto concebido em Chochm e desenvolvido em
Bin absorvido na mente pela concentrao, Dat], a profunda e envolvente
meditao que caracteriza o nvel de Dat efetivamente cria amor e temor,
porquanto eles existem independentes em um nvel emocional. Esta faculdade de
Dat, ento,
," ": ,
,""
' :
Isto concorda com o que est escrito no Shulchan Aruch [que, enquanto se
coloca os tefilin, o indivduo deve ter a inteno de] tornar seu corao e crebro
subservientes a Dus5.
, : ,
E, enquanto coloca os tsitsit, a pessoa deve ter em mente o que est escrito no
Zhar, isto , que ela deve atrair sobre si Seu abenoado Reino,
." "
O Rebe Shlita assinala: Este versculo implica8 que antes de algum indicar um
rei sobre si mesmo ele no tinha nenhum rei, e agora ele quem indica um rei
sobre si mesmo.
592
, ,
Neste caso isto , refletindo sobre este assunto, ento: mesmo depois de toda
esta [meditao], nenhum temor ou reverncia descer sobre ele de uma maneira
evidente em seu corao,
,
,
contudo, uma vez que ele aceita o Reino Celestial sobre ele e atrai sobre si o
temor dEle em seu pensamento consciente e sua vontade racional,
e esta submisso a Dus e seu temor a Ele sincera, fora de qualquer dvida
pois da natureza de toda alma judaica no se rebelar contra o abenoado Santo
Rei
," " ,
ento, a Tor que ele estuda ou o mandamento que ele cumpre por causa de sua
submisso ao jugo celestial, e por causa do temor que ele atraiu sobre sua mente,
so chamados de servio completo, do tipo que pode resultar somente de um
temor a Dus, como o Alter Rebe logo dir,
como todo servio [realizado] por um escravo para seu senhor ou rei, o qual ,
naturalmente, motivado por temor e reverncia.
Tudo isso pode ser alcanado despertando mesmo que seja somente em sua
mente pelo menos um mnimo nvel de temor, e o utilizando no estudo de Tor
e na realizao dos mandamentos.
,
, -
Por outro lado, se algum estuda [Tor] e realiza um mandamento somente com
amor, com a finalidade de se apegar a Ele atravs [do estudo da] Sua Tor e [o
do cumprimento dos] Seus mandamentos, ento isto no chamado servio de
um servo,
593
;"' " ,"' " ' :
uma vez que a Tor declarou: Vocs serviro (vaavadetem) Hashem, o Dus de
vocs... 9. Este verbo tem a raiz do nome ved (servo ou escravo) e significa
servio motivado por temor e reverncia a Dus; e igualmente est escrito: A
Ele vocs serviro (taavodu)... 10
" :( )
,'
;"' - ,'
Como explicado no Zhar (Parshat Behar): Assim como o boi sobre o qual se
coloca pela primeira vez uma canga com a finalidade de torn-lo til ao mundo...
assim tambm deve um ser humano primeiro se submeter ao jugo do Reino
Celestial... e s depois ele se envolve com o servio Divino; e se esta [submisso]
no encontrada nele, a santidade no pode repousar sobre ele...
) (
,
E (em Raaya Mehemna 111b) est escrito que todo homem deve em seu servio
Divino pertencer a duas categorias e nveis,
isto , a categoria de um servo, que serve seu senhor com temor, e a categoria de
um filho, que serve ao seu pai com amor.
E embora uma pessoa possa encontrar um filho que tambm seja um servo,
impossvel alcanar este grau sem o pr-requisito do nvel mais elevado de temor
e reverncia conhecido como yir ila, como conhecido pelo iniciado.
De tudo o que foi dito acima, fica claro que mesmo se algum ama a Dus, mas
carece do temor a Ele, seus trabalhos espirituais no sero da categoria que a
Tor chama de avod, servio Divino. E se ele falha em sua tentativa de despertar
um temor a Dus em seu corao, ele deve pelo menos despertar um sentimento
de temor e reverncia em sua mente.
Mas o que ser daquele que acha impossvel despertar at mesmo um sentimento
de temor intelectual a Dus? O Alter Rebe prosseguir agora para dizer que,
594
como esse indivduo tambm medita sobre os conceitos acima mencionados e,
alm disso, sua inteno durante o estudo de Tor e a realizao das mitsvot
de servir a Dus, estas atividades so tambm consideradas uma forma
completamente vlida de servio.
, ,
, ' ,
por causa do grau limitado de sua alma , originria dos nveis inferiores das Dez
Sefirot de Assi,
A alma desse indivduo deriva de Assi, o mais baixo dos Quatro Mundos.
Ainda mais, dentro deste Mundo ela se origina dos graus mais inferiores das
Dez Sefirot que a ultrapassam. Uma vez que sua alma deriva de um nvel to
baixo, ele acha impossvel revelar dentro de si mesmo uma sensibilidade pela
Divindade, para experimentar at um temor intelectual a Dus.
, ,
no obstante, uma vez que ele procure em seu servio servir ao Rei, isto sem
dvida um servio completo.
. , "
595
Depois de dizer tudo isso, o Alter Rebe agora dir que, embora esta pessoa falhe
em experimentar o temor at mesmo em sua mente, contudo, uma vez que ela
pensa sobre essas idias que devem despertar temor, ela est cumprindo o
mandamento de temer a Dus.
, ,
,
, ,
pois nessa hora e nesse momento, de qualquer forma, repousa sobre ela o temor
do Cu, pelo menos como o temor de uma pessoa na presena de um mortal
comum, mesmo no sendo um rei, que o esteja observando,
quando ela se abstm de fazer qualquer coisa imprpria aos olhos do outro.
" : ,
,'
Isto mesmo esta simples expresso de temor chamado temor; como Rabi
Yochanan ben Zakai disse a seus discpulos: Que seja a Vontade de Dus que
o temor do Cu esteja sobre vocs como o temor a um ser humano11.
."'
Ele respondeu que a prova de ser esta uma verdadeira forma de temor a
seguinte: ... Pois vocs sabem que uma pessoa, quando comete um pecado, diz
[para si prpria]: Tomara que ningum me veja!...
Tal temor, afirma Rabi Yochanan, asseguraria a eles que se abstenham de pecar.
596
Conseqentemente, alcanar este nvel de temor atravs da meditao equivale
a cumprir apropriadamente o mandamento de temer a Dus.
.'
,
,
597
Porm, sem qualquer temor em absoluto, o cumprimento da Tor e das mitsvot
pela pessoa no voa para o alto para as Sefirot supremas atravs somente do
amor, assim como um pssaro no pode voar com apenas uma asa16,
.( )
, ,
.""
," "
pois tambm deve existir [o servio caracterstico de] um filho, isto , servio
motivado pelo amor,
,
,
com a finalidade de despertar pelo menos o amor natural por Dus, que est
oculto no corao do indivduo, de modo que, pelo menos, ele se torne consciente
disso em sua mente
. , '
para recordar seu amor ao Dus nico em seu pensamento, e em seu desejo de
se apegar a Ele. Esta recordao de seu amor oculto por Dus deve despertar
dentro dele um desejo de se apegar a Ele.
Esta deve ser a sua inteno quando se ocupar com a Tor ou com um
mandamento especfico que ele est prestes a cumprir,
598
. ,
que sua alma Divina, bem como sua alma vitalizante, junto com suas
vestimentas, iro se apegar a Ele, como explicado acima.
O Alter Rebe afirmou antes que a inteno de uma pessoa, enquanto estiver
cumprindo Tor e mitsvot, deve ser que sua alma se apegue a Dus.
Ele agora prossegue para dizer que o servio espiritual de um judeu tambm
inclui o objetivo de se tornar um com todo o povo judeu. Por este motivo suas
intenes no devem ser limitadas a que somente sua prpria alma se apegue a
Dus, mas tambm que a fonte de sua alma e a fonte de todas as almas de Israel
se apeguem a Ele.
Agindo assim, o indivduo provoca a unio (yichud) dos nveis mais alto e mais
baixo da Divindade, conhecidos respectivamente como Kudsh Berich Hu (O
Santo, abenoado Ele seja) e Sua Shechin (a Divina Presena), pois a primeira
a fonte da Tor e das mitsvot, e a segunda a fonte de todas as almas judias.
Isto explica a frase que conclui a frmula recitada antes de desempenhar certas
mitsvot: Pela unio de Kudsh Berich Hu com Sua Shechin... em nome de todo
Israel. Como o Rebe Shlita assinala: Em nome de todo Israel implica que a
unio alcanada atravs do desempenho da mitsv por considerao a e em
nome de todo Israel. Pois com a Shechin que Kudsh Berich Hu est unido
e a Shechin a fonte de todas as almas judias.
," " :
, -
,
Portanto, ele deve ter a inteno de se unir e se apegar a Ele, abenoado Ele seja,
a fonte de sua alma Divina alm da fonte das almas de todo Israel.
599
," ", -
, -
[Esta fonte] sendo o esprito de Sua boca, chamado pelo nome de Shechin,
porque ele reside (shochenet) e se veste em todos os mundos, animando-os e
dando-lhes existncia,
, - -
.
e a Shechin que o imbui [o homem] com o poder da fala para expressar as suas
correntes palavras de Tor, ou com o poder de ao para executar o mandamento
especfico desta ocasio.
Assim, a pessoa deve ter a inteno de se tornar unida com a infinita luz Ein Sof
atravs do pronunciamento de palavras de Tor ou realizando um mandamento.
Pois a Shechin que a fonte do seu poder de fala e de ao, assim como a
fonte de sua alma Divina e das almas de todo Israel.
, - -- - , -
. -
Esta unio da fonte das almas judias com Dus alcanada por meio da atrao
da luz do abenoado Ein Sof para aqui embaixo, ao se ocupar com a Tor e os
mandamentos, onde ela (a luz do Ein Sof) est investida.
- , -
E ele deve ter a inteno de atrair a Sua abenoada luz sobre a fonte de sua alma
e das almas de todo Israel, de modo a uni-las com Ele.
. ,
- ." -- "
Isto quer dizer, a observncia dos mandamentos pela pessoa une Kedush Brich
Hu (a fonte da Tor e das mitsvot) com a Shechin em nome de todo o povo
judeu, pois a Shechin a fonte das almas de todos eles.
600
*Nota
O Alter Rebe agora observa que muito mais que a unio das almas Divinas e
Dus realizado pelo estudo da Tor e o cumprimento das mitsvot. Estas
atividades tambm provocam hamtacat hadinim, o temperamento [literalmente,
adoamento] do julgamento severo e Guevurot, e sua transformao em
benevolncia e Chassadim.
Esta luz a Vontade Suprema atrada para baixo sobre aqueles dois atributos
[de Chssed e Guevur] atravs do desempenho da Tor e das mitsvot, pois
como a Tor e as mitsvot so expresses da Vontade Divina, a espiritualidade
delas excede por demais a espiritualidade das Sefirot de Chssed e Guevur.
, - - :]
- , -
, ,-
- ; - - -
ou seja, sua revelao aqui embaixo na ocupao de uma pessoa com a Tor e os
mandamentos, pois eles so a Sua Vontade abenoada.
601
Assim, quando um judeu revela e atrai a Vontade de Dus para este mundo
embaixo, como resultado de suas atividades espirituais, a Vontade Divina
tambm ser revelada nas Sefirot Supremas, resultando na unificao e fuso das
midot. Desse modo, as Guevurot so adoadas e transformadas em Chassadim.
Fim da nota
De fato, h uma total diferena entre essas duas intenes. O desejo pessoal de
um judeu de se apegar a Dus por causa de seu amor por Ele certamente uma
inteno totalmente verdadeira: uma vez que seu amor por Dus sincero, seu
desejo de se apegar a Ele tambm sincero.
Assim, nos constantemente ensinado que uma pessoa deve ser cautelosa com
intenes espirituais que ultrapassam o seu ritmo espiritual corrente: a
602
espiritualidade deve ser adquirida em um ambiente de honestidade. Como,
ento, esperamos que todo judeu estude Tor e cumpra mitsvot com a inteno
de unir todo Israel com Dus, quando ela mesma sabe que ela sinceramente no
tem essa pretenso?
O Alter Rebe, portanto, continua para explicar que, embora um indivduo possa
no ser inteiramente sincero nessa inteno, a sua integridade no
comprometida por isso. Pois cada judeu deseja cumprir a Vontade de Dus e a
unio dos judeus com Dus , certamente, a Sua Vontade.
, -
- , ' - ,
Contudo, com a finalidade de tornar sincera essa inteno em seu corao, para
que seu corao deseje de verdade essa Unio Suprema, unindo todas as almas
judias com a sua fonte na Divindade, seu corao deve abrigar um grande amor
(ahav rab) por Dus somente,
Muitas vezes o amor ao prximo resultado do amor prprio: uma pessoa ama
o que bom para ela. O mesmo verdade sobre o amor a Dus e o desejo de se
apegar a Ele atravs do estudo da Tor e da realizao das mitsvot: o indivduo
deseja o seu prprio bem-estar, e aquilo que beneficiar a sua prpria alma e
no h melhor forma de alcanar isso do que pelo apego a Dus.
,' - - ,
para fazer o que gratifica a Ele somente, e no com o propsito de saciar a sede
de sua alma por Dus.
' -
,( - )
603
Mas o indivduo deve ser como um filho que se esfora por considerao a seu
pai e sua me, a quem ele ama mais do que seu prprio corpo e sua alma...,
(conforme explicado acima no captulo 10, citando Raaya Mehemna).
Conforme explicado acima, este nvel de amor foi experimentado por Moiss,
que se sacrificou inteiramente com a finalidade de assegurar a unificao do povo
judeu com Dus. Seu amor era semelhante ao de uma criana que est pronta
para dar a sua prpria vida pelos seus pais. Como, ento, pode-se esperar que
cada judeu crie este nvel elevado de amor, que uma condio prvia para o
desejo de unir todas as almas judias com a fonte Divina delas?.
Pois embora esta inteno possa no estar em seu corao em perfeita e completa
verdade, para que a pessoa anseie por ela com todo o seu corao, pois, com a
finalidade de verdadeiramente faz-lo, a pessoa precisa alcanar um amor
totalmente abnegado a Dus,
, - -
,- -
, - -
E esta unio a unio da fonte de todas as almas judias com a infinita luz Ein
Sof Seu verdadeiro desejo,
- , , -
, '
- , - , -
604
de modo que eles a alma Divina e Dus se tornem verdadeiramente Um, como
foi explicado acima [caps. 5 e 23]. E assim a pessoa provoca a unio no Mundo
de Atsilut.
,-- ,
," ",
Em resumo: Uma vez que todos os judeus desejam realizar a Vontade de Dus,
e Ele deseja que as almas de todos eles se unam com a fonte delas, h uma medida
de verdade na inteno do judeu de provocar essa unio, mesmo que seu amor a
Dus no seja completamente abnegado.
O Alter Rebe prosseguir agora para dizer que o desejo de um judeu de que sua
prpria alma se una sua fonte inteiramente honesto, pois todo judeu possui
um amor inato a Dus.
, - - '
Mas a unio da prpria alma da pessoa com a luz de Dus, e sua absoro nela,
tornando-as um,
o que todo membro de Israel deseja em absoluta e total verdade, com todo o
seu corao e com toda a sua alma,
,' ,
,
.
por causa do amor natural que est oculto no corao de todo judeu para apegar-
se a Dus, e no para ser partido ou dividido ou separado, Dus nos livre, em
605
nenhuma circunstncia, de Sua abenoada Unidade e Unicidade, mesmo ao
custo de sua prpria vida.
Esta disposio para o auto-sacrifcio, por exemplo, vem tona quando um judeu
forado por idlatras a prostrar-se para um dolo. Mesmo que isso seja feito
meramente atravs de movimentos que satisfaam os idlatras, e eles no
imponham sua crena sobre o judeu, este se dispe a literalmente sacrificar sua
vida para no ser separado de sua unio com Dus.
, - -
, - -
, -
, - , ' ,
pois ento ela no pensa em necessidades corporais, mas seu pensamento est
unido e investido nas letras da Tor e da orao, que so a palavra e o
pensamento de Dus, e elas (a alma e as letras da Tor e da prece o pensamento
e a fala de Dus) verdadeiramente se tornam um.
, - ,
Esta [tambm] toda a ocupao das almas no Jardim do den, como afirmado
na Guemar [Berachot 17a] e no Zhar,
.' - - -
exceto que l, isto , quando as almas no Jardim do den esto imersas nas letras
da Tor e da orao, elas se deleitam na apreenso da luz de Dus e em sua
absoro nela.
606
Embora este deleite esteja ausente neste mundo, a maneira de servir permanece
a mesma.
' , ": - -
,"' '
Por isso foi ordenado pelos Homens da Grande Assemblia que se recite o
seguinte ao incio das bnos matutinas, antes das oraes: Meu Dus, a alma
[que Tu me deste dentro de mim pura]... Tu a sopraste [em mim]... E Tu
finalmente a tomars de mim...
," - "-
,
como est escrito: A Ti, Dus, elevo minha alma18, com a finalidade de uni-la
com Dus,
, - -
- ,
,' , -
Com esta disposio de entregar sua alma a Dus, isto , atravs da ocupao
em Tor e orao com o mesmo esprito no qual um homem entrega a sua alma
a Dus antes de sua morte,
."' " , - -
607
.
De forma semelhante, com essa mesma disposio deve-se tambm comear uma
sesso regular de estudo imediatamente aps as oraes.
, , ,
, - -
, - - , -
," " - -
.' - " "- " "- -
- -
- ,
- ,
608
Pois em cada hora h um diferente fluxo dos mundos mais altos para animar
aqueles que habitam aqui embaixo, enquanto o fluxo da vitalidade do alto das
horas anteriores retorna sua fonte,
, -
junto com toda a Tor e as boas aes daqueles que habitam aqui embaixo.
Pois em cada uma das doze horas do dia governa uma das doze combinaes das
[letras que formam] as Quatro Letras do Nome de Dus19, enquanto as
combinaes das [letras que compreendem] o Nome Divino A-D-N-I governa
noite, conforme sabido.
Falando da forma de servio que foi antes considerado como a entrega da alma,
o Alter Rebe agora prosseguir para dizer que este deve ser empreendido no
pelo interesse de retornar a alma sua fonte original, mas somente para causar
prazer a Dus.
, ' ,
- -
Agora, toda a inteno da pessoa de entregar sua alma a Dus atravs da Tor e
da orao, para elevar a centelha da Divindade que est dentro dela na alma
de volta sua fonte,
- ,
. , ,
Contudo, o Alter Rebe explicou antes que, a fim de alcanar esse nvel de amor
abnegado, a pessoa deve chegar a um grau extremamente elevado de
espiritualidade, um nvel possudo somente pelos tsadikim. Como, ento,
esper-lo de cada judeu?
, , - , -
,
Assim sendo, esta inteno de somente trazer gratificao a Dus pelo retorno
de sua prpria alma a Dus genuna e verdadeiramente e completamente sincera
na alma de todos os judeus em todos os momentos e em cada hora,
. -
em virtude do amor natural, que uma herana que nos foi legada por nossos
ancestrais.
, ,' -
: ,' -
e com tudo isso, talvez [ela possa ter sucesso] em alcanar tal temor e amor,
como foi declarado anteriormente [ver cap. 14].
610
Assim, embora algum j possua um amor oculto a Dus que lhe permite estudar
Tor e rezar devido a uma disposio de entregar sua prpria alma, ele ainda
deve procurar alcanar aquele nvel de temor e amor a Dus que nasce de seu
prprio esforo intelectual.
1. Yirmihu 23:24.
2. Sanhedrin 4:5.
3. Bereshit 28:13.
7. Devarim 17:15.
9. Shemot 23:25.
15. Ver incio do captulo 43, onde este assunto tratado em maiores detalhes.
611
No h nenhuma contradio, porque o Midrash conclui com as palavras (ela
voa com uma) e descansa com uma; o pssaro possui ambas as asas. Aqui, no
entanto, o Alter Rebe est descrevendo uma situao onde o indivduo possui
somente um amor a Dus e lhe falta o temor a Ele; ele, portanto, carece da
segunda asa.
19. O Tetragrama composto de quatro letras: yud, hei, vav e outro hei. Uma
vez que duas das letras so semelhantes, ficamos com trs letras diferentes, que
podem formar um total de 12 combinaes ou assim deveria ser.
O Rebe Shlita, portanto, explica que o Alter Rebe est dizendo aqui que 12 das
24 permutaes possveis do Tetragrama regem durante as 12 horas do dia
(enquanto as outras 12 no possuem nenhuma conexo com o tempo). O mesmo
princpio se aplica s 12 costuras dos tefilin da mo, que de acordo com a
Mishnat Chassidim correspondem s 12 permutaes de A-D-N-I. Ali, tambm,
12 das 24 permutaes possveis esto relacionadas a estas costuras, enquanto
as outras 12 no esto relacionadas, em absoluto, com os tefilin.
612
Captulo 42
613
No captulo anterior, o Alter Rebe
explicou que o temor a Dus uma
condio prvia para o servio Divino.
Todo judeu capaz de alcanar este
nvel, contemplando como Dus
permanece diante dele e examina
seus rins e corao [para ver] se ele O
est servindo de forma adequada.
Este pensamento o levar a produzir,
pelo menos, alguma medida de temor
em sua mente. Por sua vez, isto o
possibilitar a estudar a Tor de forma
apropriada, bem como cumprir tanto
os mandamentos positivos como os
negativos.
, ,
luz do que j foi dito sobre o temor de nvel inferior, como resumido acima,
" ' :
:? " : " '
.' ,
Superficialmente, a resposta parece ser que isso foi dito por Moiss para o povo
judeu, e para ele o temor a Dus realmente uma coisa simples.
614
. " " ,
,
,
," ", ,
que fazem fluir a vitalidade e a Divindade para a comunidade das almas de Israel,
razo pela qual so chamados de pastores.
Assim como um pastor prov alimento para seu rebanho, com isso suprindo-o
de vitalidade, assim tambm os sete pastores sustentam as almas judias com
vitalidade e Divindade, cada um deles de seu prprio nvel espiritual. Abrao
supre os judeus com a faculdade espiritual de Chssed e amor, e assim por diante.
Os chassidim contam que o Alter Rebe refletiu por um bom nmero de semanas
se deveria escrever que os sete pastores provem vitalidade Divina (,uekt
,uhj), ou se deveria escrever vitalidade e Divindade (,uektu ,uhj). Ele
finalmente resolveu escrever o ltimo vitalidade e Divindade. Pois
vitalidade refere-se ao amor e ao temor a Dus, uma vez que so eles que
vitalizam o cumprimento da Tor e das mitsvot da pessoa; Divindade refere-
615
se auto-anulao diante de Dus. Os sete pastores, ento, fazem vitalidade
e Divindade fluir para as almas judias.
,' '' , - ,
,' ,
Nosso mestre Moiss, que a paz esteja com ele, compreende [aspectos de] todos
eles, e ele chamado de o pastor fiel3a. Isto significa que ele atrai para baixo
a qualidade de Dat para a comunidade de Israel, para que eles possam conhecer
e ficar conscientes de Hashem, de modo que para eles a Divindade ser auto-
evidente, e experimentada por cada judeu,
- , - , -
cada um de acordo com a capacidade intelectual de sua alma e sua raiz acima
isto , de acordo com a altura da fonte da alma, conforme ela existe acima,
- ,
, - ,'
e tambm de acordo com [o grau de] sua nutrio da raiz da alma do nosso mestre
Moiss, que a paz esteja com ele, que est enraizada em Dat Elion
(Conhecimento Supremo) das Dez Sefirot de Atsilut, que esto unidas com o
seu Emanador,
Assim como Dus chamado de Criador dos seres criados, assim tambm Ele
chamado de Emanador daquelas entidades encontradas no Mundo de Atsilut,
um Mundo que, junto com seus seres, uma emanao do Ein Sof,
.' ,
Quando um judeu recebe a capacidade para Dat da alma de Moiss, ele pode
perceber a Divindade de uma forma verdadeiramente consciente e internalizada,
de modo que ele efetivamente O experimenta. A utilizao desta capacidade
616
permite a cada judeu conhecer e sentir como Dus permanece diante dele... e
examina Suas aes. Portanto, fcil para o judeu criar dentro de si um temor
a Dus.
No entanto, tudo o que foi dito acima se refere ao aspecto iluminador de Moiss,
que recebido por cada judeu. O Alter Rebe agora ir dizer que h ainda um
nvel mais elevado de Moiss uma centelha da alma de Moiss, que
conferida sobre os lderes espirituais e sbios de cada gerao. (Uma centelha
uma parte efetiva da chama, diferentemente dos raios da iluminao, que no
so verdadeiramente parte da luminria. Assim tambm as centelhas da alma de
Moiss encontradas dentro dos lderes e eruditos atravs de todas as geraes
so uma parte da alma de Moiss.) A tarefa desses lderes ensinar a grandeza
de Dus ao povo judeu, para que eles sirvam a Dus com todo o seu corao.
,
," "
, ,' ,
, " : ,
,"
Pois o servio do corao isto , o amor e o temor a Dus de acordo com o Dat
conforme o grau de conhecimento e entendimento que a pessoa tem da grandeza
de Dus como est escrito: Conhece o Dus do teu pai , e sirva-O com todo o
teu corao e com uma alma ansiosa6.
617
Assim, com a finalidade de servi-lo com todo o teu corao e com uma alma
ansiosa, necessrio conhecer o Dus do teu pai conhecer e compreender
Sua grandeza. Isto ensinado ao povo judeu pelos eruditos de cada gerao,
dentro de quem as centelhas de Moiss esto investidas.
" ' :
."'
Somente com referncia ao futuro [era Messinica] est escrito: E eles no mais
ensinaro, cada homem ao seu prximo, e cada homem ao seu irmo, dizendo:
Conhece Hashem, pois todos eles Me conhecero...7
, ' ,
Contudo a essncia do conhecimento que leva algum a servir a Dus com toda
a sua alma e todo o seu corao no s o mero conhecimento, que faz as pessoas
conhecerem a grandeza de Dus por meio de autores (isto , sbios e guias
espirituais) e livros,
' ,
,
mas o essencial a pessoa aprofundar a sua prpria mente nas coisas que
explicam a grandeza de Dus, e fixar seu pensamento em Dus com a fora e o
vigor do corao e da mente,
, '
,
at que seu pensamento fique ligado a Dus com uma forte e poderosa ligao,
como ele fica ligado a algo material que a pessoa v com seus olhos fsicos e
sobre o qual ela concentra o seu pensamento.
Quando algum faz isso, ele fica poderosamente ligado com o objeto de seus
pensamentos e incapaz de se livrar deles. Pensar sobre Dus e Sua grandeza
deve ser feito exatamente da mesma maneira totalmente absorvente e com isso
aquele que pensa se ligar verdadeiramente com Ele.
618
."' " : ," "
Pois sabido que Dat implica unio, como no versculo E Ado iad
(literalmente, conheceu) Eva...8 A palavra gsh iad neste versculo significa
unio. Assim, Dat implica em conhecer algo a ponto de a pessoa estar
completamente unida com ele. O mesmo verdade com referncia ao
conhecimento da Divindade. Quando algum apenas conhece a Divindade,
apesar de ele j estar cumprindo uma mitsv, isto ainda no o suficiente;
necessrio que ele alcance a unio de Dat ao meditar profundamente sobre a
grandeza de Dus.
, ,'
.
Esta capacidade e esta qualidade de algum ligar o Dat a Dus, de modo que
ele no somente entenda, mas tambm sinta a Divindade e assim se torne
inteiramente unido com Ele, est presente em cada alma da Casa de Israel em
virtude de sua nutrio (ienic, literalmente, mamar) da alma de nosso mestre
Moiss, que a paz esteja com ele.
. ,
Somente que, uma vez que a alma investiu-se no corpo, ela necessita de um
grande e poderoso esforo, duplicado e redobrado, com a finalidade de sentir
Dus e se apegar a Ele.
Enquanto verdade que a alma tem esta capacidade pelo fato de ser nutrida pela
alma de Moiss (pois se a alma no tivesse esta capacidade, ento mesmo o
maior dos esforos de nada valeria, pois como pode um ser criado ter a
possibilidade de compreender e sentir seu Criador? Como pode uma alma
investida em um corpo sentir e ser ligada Divindade?). No obstante, mesmo
depois de possuir esta capacidade, ela requer um esforo prodigioso para
efetivamente compreender e sentir a Divindade.
, ,
Em primeiro lugar est o esforo da carne para livrar-se dos grilhes corporais
para triturar o corpo, isto , para enfraquecer a sua corporalidade e ganhar sua
submisso, de modo que ele no obscurea a luz da alma, assim tornando possvel
algum entender e sentir a Divindade.
"
, ,"
619
Conforme foi mencionado acima9 em nome do Zhar, que um corpo no qual a
luz da alma no penetra deve ser esmagado, isto sendo alcanado por meio de
pensamentos de arrependimento das profundezas do corao, como est
explicado ali.
, - , -
. '
,' - ' ,
" :'
," " ,--
."' -
Como est escrito no Shulchan Aruch, Orach Chayim, sec. I, que quando um
homem reflete que o grande Rei o Supremo Rei dos reis, O Santo, abenoado
Ele seja, que preenche o mundo inteiro com Cuja glria permanece diante dele
e examina suas aes, ele imediatamente tomado pelo temor...
,
,'
620
Ento h uma alma que de natureza e origem inferior, vinda dos graus inferiores
das Dez Sefirot de Assi,
, ,
' - , -
.()
, ,
' ,
- , -
certamente vir para ele, pelo menos, temor de nvel inferior, acima referido
[cap. 41] isto , o suficiente para impedir que ele faa algo que oposto
Vontade de Dus.
621
(Com referncia ao Alter Rebe assegurar acima que, no importa quo inferior
seja a alma, e apesar de seus pecados anteriores, com intensa concentrao sobre
grandeza de Dus ela ainda assim ir alcanar, com certeza, o temor de nvel
inferior, o Rebe Shlita comenta: Ns tambm entendemos disso que, mesmo
antes [de alcanar] este [nvel de temor], a pessoa certamente conseguir eliminar
a sua separao [de Dus] que foi provocada por seus pecados; isto , ela
[lamentar seus pecados e] se arrepender12.)
,"' - , " :
Tambm est escrito com referncia ao sucesso que algum alcana quando ele
se esfora para chegar ao temor a Dus: Se voc o procura como dinheiro e o
busca como tesouros ocultos, ento voc entender o temor a Dus14.
, ,
,
assim ela deve cavar com inquebrantvel energia com o objetivo de revelar o
tesouro do temor do Cu, que jaz enterrado e oculto no entendimento do corao
de cada judeu,
622
Uma vez que esse tesouro est certamente oculto dentro do corao de cada
judeu, tudo o que precisa ser feito cavar para que ele aparea.
, -
. -
" " - , ,
,
,
,
,
[Isto significa,] aprofundar seu pensamento nele por um longo tempo, at que
seu efeito emergir do potencial para o efetivo, de modo que ele afetar a alma
e o corpo do homem,
623
de modo que ele se afastar do mal e far o bem no pensamento, na fala e na
ao, por causa de Dus que olha e v, escuta e ouve, e percebe todas as suas
aes, e examina seus rins e corao.
Como, ento, possvel dizer que Dus possui olho e ouvido, rgos que so
parte de um corpo fsico?
,
,
, ,
, , "
624
de si mesmo tudo o que acontece e experimentado por cada um dos seus 248
rgos, como frio e calor,
, , ,
sentindo at o calor em suas unhas dos dedos do p, por exemplo, quando ele
chamuscado pelo fogo;
Isto , no somente uma pessoa est consciente de tudo o que est acontecendo
aos seus rgos, mas ela tambm sente os prprios rgos.
, , ,
e tudo o que afetado16 neles [ou: por eles] conhecido pela pessoa e sentido
em seu crebro.
A pessoa no precisa usar seus olhos ou ouvidos para ver ou ouvir o que
aconteceu com um membro de seu corpo, tal como a dor de uma queimadura da
mo ou do p, pois ela conhece e sente isto em sua mente.
-- , ,
, , - ,
," " :
De uma forma similar de conhecimento, por meio de uma analogia, Dus sabe
tudo o que ocorre com todos os seres criados, tanto dos mundos superiores como
dos inferiores, porque todos eles recebem seu fluxo de vida dEle, como est
escrito: Pois tudo vem de Ti17.
Assim como o crebro, que a fonte de vida para todo o corpo, sabe o que se
passa dentro dele, assim tambm Dus, a Fonte de toda vida, conhece o que
ocorre com toda criao.
," " : : -
( " , " )
625
E como Maimnides falando como um filsofo disse (e isso foi aceito pelos
eruditos da Cabal, como Rabi Mosh Cordovero escreve em Pardes)11,
.' , ,
que pelo conhecimento de Si Prprio, por assim dizer, Ele conhece todas as
criaturas, cuja fonte de existncia Sua verdadeira existncia.
No entanto, Dus prov vida criao de uma maneira diferente da forma pela
qual a alma proporciona vida ao corpo. A alma deve investir-se no corpo para
lhe dar vida. Ao fazer isso ela afetada pelo corpo (pois investir implica que
o objeto investido sofre uma mudana). Dus, entretanto, obviamente no est
sujeito a mudana quando Ele concede vida criao. Da:
,
, ,
, ,
, ,
, , , --
,
. , -
626
nenhum deles efetua qualquer mudana nEle, Dus nos livre, nem em Sua unio
absoluta; assim como Ele era Um e nico antes de Ele t-los criado, assim
tambm Ele permanece Um e nico depois da criao deles.
, - , ,
Com a finalidade de nos ajudar a entender isto bem com a nossa inteligncia, os
Eruditos da Verdade (isto , os cabalistas) j trataram disso extensamente em
seus livros e l ser encontrada uma explicao.
,
,"' " :
- , , ,
, -- ,
, " " - ,
Portanto, cada judeu, seja quem for isto , qualquer que seja seu estado
espiritual, quando ele reflete sobre isso por um tempo considervel a cada dia
como Dus realmente onipresente nos [mundos] superiores e inferiores, e os
prprios cu e terra (isto , no somente o cu e a terra espirituais, as Sefirot
Supremas, mas o prprio cu e a prpria terra em si) esto permeados com a Sua
glria,
e que Ele olha, examina e investiga seus rins e corao (isto , seus
pensamentos e emoes ntimos) e todas as suas aes e palavras, e conta cada
passo dele
627
, ,
,
ento o temor ser implantado em seu corao por todo o dia, mesmo quando
ele estiver ocupado com outros assuntos e no possa meditar nisso, quando ele
novamente meditar sobre isso, mesmo com uma reflexo superficial que no
exige um esforo particular e um tempo estabelecido;
, " " ,
," " ,
a qualquer momento21 ou hora, ento ele se afastar do mal e far o bem (isto
, ele se abster de transgredir mandamentos negativos e cumprir mandamentos
positivos) em pensamento, fala e ao, de modo a no se rebelar, Dus nos livre,
em plena vista de Sua glria, com a qual o mundo inteiro est permeado.
Isto est de acordo com a declarao22 de Rabi Yochanan ben Zakai a seus
discpulos, mencionada acima [cap. 41], ou seja, Que seja a Vontade de Dus
que o temor do Cu esteja sobre vocs [e os proteja do pecado] como o temor a
um ser humano [que, ao observar as aes de vocs, os impedir de pecar].
," ' :
Este, ento, o significado do versculo [Dus requer de ti] apenas que tu temas
Hashem teu Dus, para andar em todos os Seus caminhos23.
Surge a seguinte pergunta: Alcanar o temor a Dus uma coisa assim to fcil,
que o versculo diz, apenas que tu temas Hashem? A resposta dada (Para
Moiss algo pequeno) difcil de entender, pois o versculo fala do que Dus
requer de voc de cada judeu. A explicao a seguinte: o versculo refere-se
aqui ao nvel de temor que realmente simples para todo judeu alcanar, sendo
este nvel o temor que leva uma pessoa a andar em todos os Seus caminhos.
," "
,
Pois este o temor que leva uma pessoa a cumprir os mandamentos de Dus, os
quais envolvem afastar-se do mal e fazer o bem. Este o temor de nvel inferior
que foi analisado anteriormente.
628
Portanto, a resposta da Guemar (Para Moiss algo pequeno) agora
compreendida. Isto significa:
, ,
,
Que ela se aplica a Moiss, o que quer dizer, em relao qualidade de Dat
que est na alma Divina de todo judeu, esta qualidade sendo a qualidade de
Moiss encontrada dentro de voc, dentro de cada alma judaica, isto na
verdade uma coisa pequena, como foi declarado acima que um judeu, quando
reflete com seu Dat sobre as questes que despertam o temor a Dus,
certamente ter sucesso em alcan-lo,
,)
(
***
Surge ento uma pergunta: Quando algum est diante de um rei, ele no est
apenas sendo visto pelo rei, mas ele tambm est vendo o rei, e isto o ajuda a
permanecer com temor perante o rei. Mas no este o caso na comparao com
Dus: embora Dus, o Rei, o esteja vendo, ele no pode ver Dus.
O Alter Rebe agora responder a esta questo dizendo que existe ainda uma
outra maneira pela qual um indivduo pode despertar dentro de si mesmo o temor
a Dus quando ele capaz de ver o Rei. Pois ao observar o cu e a terra e
todos os seres criados que neles habitam, e conscientizando-se de que todos eles
derivam suas vidas de Dus, ele ter temor a Ele.
629
, , ,
, , , ,
Alm disso, deve ser lembrado que, como no caso de um rei mortal, o temor ao
rei est relacionado principalmente sua essncia e vitalidade interiores, e no
ao seu corpo pois quando ele est adormecido, embora seu corpo no mude,
no h nenhum temor dele,
Isto porque enquanto ele dorme sua essncia e vitalidade interiores esto em um
estado de ocultao. Claramente, ento, elas so a principal razo para se temer
um rei enquanto ele est desperto.
, ,
, ,
atravs dos olhos fsicos que observam seu corpo e suas roupas, e sabendo que
sua vitalidade est investida neles.
,'
. - - ,
ele deve igualmente temer a Dus quando observa com seus olhos fsicos os cus
e a terra e todas as suas hostes, nos quais est investida a [infinita] luz do
abenoado Ein Sof, que os anima.*
*Nota
O Alter Rebe agora dir que a pessoa olhando o cu e a terra no fica apenas
consciente da fora vitalizante Divina deles, mas tambm percebe como o mundo
e todos os seus habitantes esto anulados para a fora vital Divina. Isto pode ser
percebido ao se observar as estrelas e os planetas, os quais todos se deslocam na
630
direo do oeste. Fazendo assim, eles expressam a sua anulao para a Shechin,
a Presena Divina, que est no oeste.
, :]
E tambm visto em um simples relance que eles esto anulados Sua abenoada
luz, pelo fato de eles se prostrarem todos os dias direcionados para o oeste, no
momento em que eles se pem. Como os Rabinos, de abenoada memria,
comentaram sobre o versculo ...e as hostes dos cus se inclinam diante de Ti24,
que a Shechin habita no oeste.
, , ,
L o rei no est nada revelado: ali no o lugar do seu trono real, etc. (Na
analogia isto se refere ao mundo fsico, no qual vrias provas so necessrias
para produzir a auto-anulao diante do Rei) Nota do Rebe Shlita.
631
A pessoa que entra e olha superficialmente incapaz de perceber uma diferena
entre o rei e os outros homens presentes Nota do Rebe Shlita.
[:
Fim da nota
No entanto, uma pergunta pode ser feita: Quando algum observa o corpo de
um rei fsico, ele v, sem qualquer sombra de dvida, o prprio rei. Portanto ele
pode extrapolar intelectualmente sobre a essncia e a vitalidade interiores do rei
e vir a tem-lo. Mas isto no assim, com respeito s criaturas fsicas. A fora
vital Divina est to oculta dentro delas atravs de tantas vestimentas de
ocultao, que bem possvel algum mir-las e no se conscientizar de que seus
corpos so apenas vestimentas para a fora vital Divina que eles contm.
O Alter Rebe continua para dizer que por isso importante que uma pessoa
que observa criaturas fsicas cultive o hbito de imediatamente lembrar que,
dentro da ocultao de seus adornos e vestimentas exteriores, deve ser
encontrada a Divindade que anima essas criaturas. Ao agir assim, a pessoa
capaz de perceber a fora vital Divina que se encontra dentro do mundo.
E embora muitas vestimentas estejam envolvidas nessa vestimenta, uma vez que,
quando algum observa os seres criados, no percebe que eles so apenas
vestimentas para a fora vital Divina deles,
, ,
. ,
a conscientizao de que o rei est dentro das vestimentas que cria o temor a
ele. E o mesmo, concluir o Alter Rebe, verdadeiro aqui. Quando uma pessoa
se acostuma a lembrar de que, sempre que v as criaturas, ela est realmente
olhando as vestimentas do Rei, ela ento vir a tem-Lo.
632
, ,
, , ,
,--
O Rebe Shlita explica que o que segue agora responde uma pergunta: Como
possvel dizer aqui que a anulao do mundo diante de Dus um conceito que
pode ser percebido intelectualmente, quando no captulo 33 o Alter Rebe
explicou que isto era uma questo de f? Neste captulo tambm, ns
aprendemos que isto uma questo de f todos os judeus so crentes, [por
ser] descendentes de crentes, e assim por diante. A f e o intelecto no so
apenas entidades distintas, eles so opostos; por exemplo, quando algo
entendido, a f no necessria.
O Alter Rebe, portanto, continua agora para explicar que esta percepo
intelectual est tambm indicada na palavra emun (f). Pois esta palavra em
sua origem contm sua raiz na palavra uman (arteso). Para que um arteso
com talento para a pintura, ou para moldar vasos, ou qualquer outra coisa, tenha
sucesso em sua profisso, ele deve habituar e treinar as suas mos; somente ento
ele revelar os talentos artsticos latentes em sua alma.
633
," "," "
.' ,
Isto tambm est implcito na palavra emun (f), que um termo que indica
treinamento, para o qual uma pessoa se habitua, como um arteso que treina
suas mos, e assim por diante.
O Rebe Shlita assinala que aquele que treina suas mos significa: Ele
conhecedor da arte em sua alma; ele tem um talento natural para isso, mas
precisa apenas treinar as suas mos, de modo que [esse talento] encontrar real
expresso em suas aes (seja atravs da arte, ou moldando vasos, ou coisas
semelhantes).
***
O Rebe Shlita observa que o motivo pelo qual o Alter Rebe agora ir dizer
Tambm deve haver uma lembrana constante... que at agora foi explicado
como um judeu gera o temor do cu atravs da contemplao intelectual. O grau
de temor que ele desperta corresponder exatamente ao nvel de sua
contemplao; quanto mais profunda a contemplao, maior o seu temor. Isto
tambm depende da medida em que cada indivduo governado por seu
intelecto. Alm disso, demais esperar que todas as pessoas constantemente
alcancem um estado de percepo intelectual no entanto, todas as pessoas so
obrigadas a permanecer em constante temor do Cu. O Alter Rebe, portanto,
continua agora para elaborar sobre um estado de esprito que deve existir
constantemente a aceitao do jugo do Reino Celestial. Isto no alcanado
atravs da contemplao. Mais propriamente, isto vem como resultado da f
somente e este estado pode existir constantemente em todos os indivduos.
634
,'
Isto tambm o que o Alter Rebe diz antes no Tanya (no comeo do captulo
41): Ainda que depois de toda esta [meditao], nenhum temor ou reverncia
descer sobre ele de uma maneira evidente em seu corao, ele ainda dever
aceitar sobre si Dus como seu rei, e aceitar sobre si o jugo do Reino Celestial.
Como o Alter Rebe explica l, este atributo encontrado dentro de cada judeu
de uma maneira sincera, pela natureza das almas judias de no se rebelar contra
Dus, o Rei dos reis. Este nvel de temor pode, portanto, estar sempre presente.
--
- ,' ,'
Pois Dus, abenoado Ele seja, deixa de lado as criaturas dos mundos inferiores
e superiores, isto , elas no so a inteno suprema da criao, e unicamente
confere Seu reinado sobre ns... e ns aceitamos [o jugo celestial].
, "
,
: ,'
1. Berachot 33b.
2. Devarim 10:12.
3. Abrao, Isaac, Jacob, Aaro, Jos, David; ver Suc 52 b, sobre Mich
[Miquias] 5:4.
4. Shabat 101b.
635
5. Explicando por que o Alter Rebe diz aqui que as centelhas da alma de Moiss
esto investidas no corpo e na alma dos sbios de cada gerao, o Rebe Shlita
acentua: Tudo indica que a ordem deveria ser invertida as centelhas investem-
se no somente na alma do sbio, mas tambm em seu corpo.
Isto nos ajuda a entender mais profundamente por que os sbios so conhecidos
como Moiss, conforme mencionado anteriormente, pois mesmo dentro de seus
corpos est investida uma centelha de Moiss.
7. Yirmihu 31:33.
636
Isto complementa a afirmao do Shulchan Aruch e da primeira edio do
Shulchan Aruch do Alter Rebe (como mencionado acima no Tanya), de que
quando o homem refletir... imediatamente ser tomado pelo temor...
Assim, na segunda edio do seu Shulchan Aruch, o Alter Rebe trata do tema
sobre o que deve ser feito se o temor no imediatamente alcanado. A situao
pode ser remediada por: (a) concentrando-se mais profundamente, etc.., e por
b) pleno arrependimento, etc..
16. O Rebe Shlita indica em uma nota de rodap que incorreto traduzir tudo
o que feito para eles, isto , o efeito do calor ou do frio sobre os rgos. Pois
se fosse assim: a) isto j foi mencionado anteriormente; por que repeti-lo?; b) o
texto hebraico deveria dizer nifal bahem, que seria traduzido como feito para
eles, e no mitpael bahem, que literalmente traduzido como que afetado
neles. Por este motivo a expresso foi traduzida e tudo o que afetado neles.
Alm disso, diz o Rebe Shlita, possvel que haja um erro tipogrfico, e que a
expresso deva ser lida ovn e tudo o que afetado por eles, isto , tudo o
que, ao homem como um todo, afetado pelos rgos. Por isso a traduo foi
feita de forma alternativa como e tudo o que afetado neles.
Esta emenda se compara com aquilo que declarado um pouco mais tarde, que
a analogia do conhecimento do homem de seus rgos no semelhante, em
absoluto, com a analogia do conhecimento de Dus, pois uma pessoa afetada
pelo seu corpo; mas Dus no de modo algum afetado pelas mudanas no
mundo. Portanto razovel considerar que a analogia aqui a de uma pessoa
que est sendo afetada por seus rgos corporais, pois a esse respeito que o
objeto da analogia no similar a esta comparao com Dus.
19. Nota do Rebe Shlita: Em consonncia com a analogia (fim do lado (a) no
texto em hebraico). A criao no absolutamente parte da analogia, pois a
637
alma no cria o corpo. O Alter Rebe, portanto, no fala dela, nem a nega na
analogia.
638
Captulo 43
O Alter Rebe tambm explica neste captulo que assim como h dois nveis
gerais de temor a Dus, tambm h dois nveis gerais de amor a Dus.
,
,""
Com respeito a este nvel de yir tata, sobre o qual foi dito no captulo anterior
que ele est ao alcance de cada judeu, que [necessrio] para o cumprimento de
Seus mandamentos, em ambas as reas de Afastar-se do mal e fazer o bem,
isto , no desempenho dos mandamentos proibitivos e positivos,
." " - : -
,' ,
640
Isto significa isto , o temor tem a qualidade de grandeza quando esta categoria
de temor de nvel inferior um resultado da contemplao sobre a grandeza de
Dus como ele percebido atravs de Seu provimento de vida criao
Dus prov vitalidade a todos os mundos investindo-Se neles. Esta fora vital
sintonizada para a espiritualidade inata de um determinado mundo ou ser criado
no qual ela est investida; quanto mais elevado o mundo ou o ser criado, mais
elevada a sua fora vital.
,"'
[e] os ps isto , o nvel mais baixo dos anjos chamados chaiot corresponde a
todos eles...
Ou seja, o nvel mais baixo dos chaiot transcende a todos os outros nveis.
O Alter Rebe responde a esta pergunta explicando que, uma vez que seu temor
deriva da contemplao da Divindade, de como a Divindade preenche todos os
mundos e assim est em estreita ligao com eles, necessariamente um temor
de nvel inferior. Pois esta fora vital est oculta nos mundos de tal maneira que
eles at so capazes de perceber a sua prpria existncia. Neste nvel, os mundos
meramente anulam sua existncia em considerao fora vital deles. Isto
641
chamado bitul haysh, a auto-anulao de um ser que est consciente de sua
prpria existncia.
, ,
,--
.'
pois eles so vestimentas do Rei, o Santo, abenoado Ele seja, que Se esconde,
Se oculta e Se investe neles, nesses mundos, para anim-los e dar-lhes existncia,
para que eles possam vir a existir do nada...,
Somente que esse temor serve como porto e entrada para o cumprimento de
Tor e mitsvot.
642
,
," " :
Com referncia a este nvel de temor, foi dito por nossos Sbios: Se no h
sabedoria, no h temor. Este nvel de temor deve ser precedido pela sabedoria.
" "
643
Pois [em hebraico] Chochm4 cach m, o nvel de anulao que chamado
m (o qu?), como diz o versculo: ... e ns somos m5 uma expresso que
denota a completa e total anulao que denominada bitul bemetsiut,
,""
e Chochm vem de yin6 (nada), por cuja razo Chochm yin e nulidade.
,""
." " : , ' ,
E alm disso, nossos Sbios disseram: Quem sbio? Aquele que v aquilo que
nasceu [e foi criado]7. Isto quer dizer, que a pessoa sbia aquela que v como
tudo nasceu e foi criado da no-existncia para algo por intermdio da Palavra
de Dus e o sopro de Sua boca, como est escrito: ... e pelo sopro de Sua boca
todas as hostes [foram criadas]8.
' ,
, ,
,
Portanto, os cus e a terra e todas as suas hostes, isto , toda a criao, tm sua
existncia verdadeiramente anulada dentro da Palavra de Dus e o sopro de Sua
boca o nvel de anulao deles, portanto, no o de bitul haysh, mas de bitul
bemetsiut e so considerados como nada absoluto, verdadeiramente como
nulidade e inexistncia, assim como a luz e o brilho do sol esto anulados dentro
do corpo do prprio sol.
Uma vez que a luz do sol deixa o sol, possvel perceber seus raios e iluminao.
No entanto, quando a luz do sol se encontra em sua fonte, que o corpo do
prprio sol, ela fica completamente anulada e no existe em um estado luminoso;
tudo o que existe ali a fonte da luz, o sol em si.
Assim, tambm, todos os seres criados esto anulados em sua fonte, a Palavra
de Dus, que os cria do nada. Quando uma pessoa reflete sobre este assunto, isto
a afetar de tal maneira que sua anulao para Dus ser do nvel de bitul
bemetsiut.
644
,'
] [ ,'
.' ,
e Sua Palavra est unida com Seu pensamento... e o pensamento de Dus, por
sua vez, um com o Prprio Dus. Assim, a anulao no somente para a
Palavra de Dus, mas uma total anulao para o Prprio Dus, como foi
explicado acima detalhadamente (caps. 20 e 219), pela analogia com a alma do
homem, de quem as expresses da fala e do pensamento so como nada... quando
comparadas com o poder da fala, que ilimitado.
Agora fica ainda mais claro que a Palavra de Dus, a fonte da criao, est
totalmente anulada para Dus e unificada com Ele. Assim, toda a criao est
completamente anulada para Dus.
, ,
." " : , -
645
Contudo, no se pode alcanar esse temor e sabedoria a no ser pelo
cumprimento da Tor e das mitsvot atravs de yir tata, que um temor
externo. E isto o que significa a declarao Se no h temor, no h sabedoria.
***
O Alter Rebe agora explica que h tambm dois nveis gerais no amor a Dus.
O nvel superior chamado ahav rab (grande amor). Ele uma ddiva que
vem de cima, conferida ao indivduo depois que ele alcanou o nvel de yir ila.
Este amor to elevado que no se pode esperar alcan-lo sem ajuda.
Assim sendo, no amor tambm existem dois nveis: ahav rab e ahavat olam.
Ahav rab o amor de deleite [e arrebatamento], um amor a Dus com deleites
nEle. No h outro desejo ou objetivo presentes, tais como o desejo de se apegar
a Ele ou de morrer de ansiedade por Ele. O amor em si constitudo puramente
de deleite nEle e apego a Ele,
e ele uma chama abrasadora que se eleva por si mesma. O homem no cria ou
acende esse amor dentro de si mesmo; ao contrrio, ele brota de forma
espontnea,
,
" "," " : "
," - ": ,""
e ele vem do alto como uma ddiva para aquele que perfeito no temor, como
conhecido sobre o dito dos Rabinos, de abenoada memria: A natureza do
646
homem procurar pela mulher11. E em termos espirituais: O amor chamado
homem ou macho, como est escrito: Ele recordou Sua Benevolncia12.
; ,"' - "
A conexo entre a mulher e o temor a Dus est aludida no versculo que diz
Uma mulher temente a Dus13. Este, ento, o significado espiritual da
afirmao dos Sbios: A natureza do homem procurar pela mulher: o nvel
do amor (homem) revelado do alto (procurar pela), onde o nvel do temor
(mulher) j est presente e completo.
,
. ,
Ahavat olam, no entanto, o segundo e menor nvel de amor, aquele que deriva
do entendimento e do conhecimento da grandeza de Dus, o abenoado Ein Sof,
Que preenche todos os mundos, animando-os com uma penetrante forma de
vitalidade, que limitada e ajustada capacidade de cada criatura, e envolve
todos os mundos, animando-os com uma vitalidade que os transcende, uma vez
que ela no limitada pelos mundos e os seres criados que ela anima,
,
,
647
e diante de Quem tudo considerado como absolutamente nada, como a
nulidade de uma expresso dentro da alma inteligente, enquanto essa expresso
ainda est em seu pensamento ou no desejo do corao, como foi explicado
anteriormente14.
Como resultado de tal contemplao, o atributo de amor que est na alma ser
naturalmente despojado de suas vestimentas, que antes tinha investido.
Isto implica dizer que o indivduo cessar de amar as coisas que ele antes amava
(esse amor o levou anteriormente a investir-se naquelas coisas), e todo o seu
amor ser dirigido somente a Dus.
, ' , ,
,
,
, ,
Ao refletir sobre este assunto, a pessoa ser levada a desejar somente a Dus, e
no desejar quaisquer prazeres mundanos, em absoluto, procurando a Fonte de
todos os prazeres, que Dus.
, , " :
Como est escrito: Quem eu tenho no Cu [para amar outro a no ser Dus]?
E o versculo continua: E no h nada sobre a terra que eu deseje Contigo15.
Isto significa dizer que qualquer coisa Contigo que est subjugada e anulada
para Dus tambm no desejada.
. ,"' ,
648
O prximo versculo continua: Minha carne e meu corao anseiam por Ti,
Rocha do meu corao..., como os vrios nveis de amor que um judeu pode
alcanar ao contemplar a grandeza de Dus sero explicados mais tarde16.
Tudo o que foi dito acima se refere a algum que possui um amor por assuntos
mundanos, e se despoja desse amor por causa de sua contemplao da grandeza
de Dus. Seu amor por Dus ser sentido, em vez das coisas mundanas.
,
. ,
Antes foi observado que o mais alto nvel de amor pode acontecer somente
depois que o temor a Dus da pessoa total. No entanto, o nvel inferior de amor
pode algumas vezes acontecer, como ser logo explicado, mesmo que no seja
precedido pelo temor a Dus.
, , ,
, , ) ,
Esta [ltima] categoria de amor algumas vezes precede o temor, de acordo com
a qualidade de Dat que o origina, como se sabe. (9Pois Dat incorpora tanto
Chassadim como Guevurot, que so amor e temor; Chssed amor, e Guevur
temor. Dat revela essas duas emoes. Assim, ligando Dat intensamente
com a grandeza de Dus produz ambos os sentimentos, temor e amor,
,(
649
Os Chassadim podem, algumas vezes, preceder as Guevurot; isto significa que
Dat pode algumas vezes despertar o amor antes do temor.
,
. '
, ,
, ,
.
, ,' ,
.
Esta foi uma regra de emergncia requerida para aquela ocasio. Pois est
escrito18 que Rabi Elazar ben Durdaia foi um guilgul a alma reencarnada do
Grande Sacerdote Yochanan, que serviu nesse cargo por 80 anos e depois
tornou-se um saduceu19. Toda a Tor e as mitsvot cumpridas por Yochanan
foram elevadas atravs da transmigrao de sua alma para o corpo de Rabi Elazar
ben Durdaia, cuja vida seguiu um curso inverso, o de um pecador, para
finalmente arrepender-se a partir do seu amor a Dus20.
650
-
, ,
,""
de modo a iluminar sua alma Divina com a luz da Tor e seus mandamentos,
Assim, primeiro deve vir a iluminao que obtida pelo cumprimento da Tor
e das mitsvot; somente ento pode ser conferida pessoa a iluminao de
experimentar um amor a Dus.
1. Avot 3:17.
5. Shemot 16:7.
6. Yiov 28:12.
7. Tamid 32a.
8. Tehilim 33:6.
651
9. Parnteses como no original.
652
Captulo 44
No captulo anterior, o Alter Rebe explicou que existem duas grandes categorias
no amor a Dus: ahav rab e ahavat olam. O homem no pode alcanar ahav
rab sem ajuda. Isto recebido como uma ddiva do alto quando um indivduo
653
o merece; s a reflexo sobre a grandeza de Dus no pode gerar este nvel de
amor. No entanto, ahavat olam resulta de uma intensa e prolongada meditao
sobre a grandeza de Dus.
Cada um dos dois nveis de amor ahav rab e ahavat olam est subdividido
em tonalidades e gradaes ilimitadas em cada indivduo de acordo com sua
capacidade [espiritual].
."' ,--
Como est escrito no sagrado Zhar1 sobre o versculo Seu marido conhecido
nos portes2, que Isto se refere ao Santo, abenoado Ele seja, assim chamado
porque Ele o marido da Congregao de Israel, que Se faz conhecer e Se
liga a cada um conforme o grau que cada um mede em seu corao...
Assim, dois indivduos podem ter o mesmo nvel geral de amor a Dus, porm
seus nveis particulares de amor sero diferentes,
,"' " -
, ,
pois ns todos temos uma Tor e uma lei, no que tange ao efetivo cumprimento
de toda Tor e das mitsvot. Todos os judeus realizam as mitsvot da mesma
maneira; o maior dos judeus, assim como o menor, ambos colocam os mesmos
tefilin.
, '
654
O que no o caso, no que se refere ao temor e amor a Dus, que variam de
acordo com o conhecimento de Dus na mente e no corao,
O Alter Rebe explicou no captulo anterior que ahav rab no pode ser
alcanado sozinho, enquanto ahavat olam pode. Ele agora continua para explicar
que h uma maneira de amor a Dus que incorpora as qualidades de ambos, ahav
rab e ahavat olam. Ela possui as qualidades do primeiro, pois vem de cima, e
existe na alma de cada judeu na forma de uma herana dos Patriarcas. No
entanto, para este amor ser revelado necessrio que o indivduo contemple e
compreenda a Divindade, como ocorre com ahavat olam, que revelado atravs
do servio do homem.
"' " : ,
E isso o que o Zhar diz sobre o versculo Minha alma, eu Te desejo noite4.
O Zhar nota que o verbo gramaticalmente anormal. Ele deveria dizer: Minha
alma Te deseja, ou, alternativamente: Eu Te desejo. Por isso, o Zhar explica
que Minha alma refere-se a Dus, a Alma de todos os seres. De fato, o judeu
diz a Dus: Tu s minha Alma, e portanto eu Te desejo. E o Zhar5 continua
para dizer:
"
," " : ."'
," ",' ""
, ,
655
Deve-se amar a Dus com um amor da alma e do esprito, visto que eles esto
apegados ao corpo, e o corpo os ama.... Esta a interpretao do versculo
Minha alma, eu Te desejo, que significa Uma vez que Tu, Dus, s minha
verdadeira alma e vida, portanto eu Te desejo. Isto quer dizer: Eu desejo e anseio
por Ti como um homem que almeja a vida da sua alma, e quando ele est fraco
e exausto, deseja e anseia que sua alma reviva nele (literalmente, retorne a ele).
- -
, ,- -
,
, --
Da mesma forma, quando um homem dorme, momento no qual sua fora vital
est em um estado de ocultao, pois O sono a sexagsima parte da morte6,
ele deseja e anseia para que sua alma lhe seja restaurada quando ele acordar do
seu sono. Assim eu desejo e anseio atrair para dentro de mim a luz infinita do
abenoado Ein Sof, a Vida da verdadeira vida, atravs da ocupao no [estudo
da] Tor quando desperto do meu sono durante a noite; pois a Tor e o Santo,
abenoado Ele seja, so um e o mesmo.
Assim, o amor a Dus do indivduo lhe dar coragem para o seu estudo da Tor,
uma vez que Ele se conscientiza de que isto o permitir atrair para baixo a luz
infinita do Ein Sof e torn-lo unido a Dus. Assim como a criao renovada
continuamente (Em Sua bondade Ele renova a cada dia, permanentemente, a
obra da Criao7), tambm a Tor deve ser vista a cada dia como se fosse
nova8. Assim, tambm, com referncia ao amor e anseio por Dus produzidos
atravs do estudo da Tor: ele deve experimentar isto assim como algum anseia
e deseja a plena restaurao de sua vitalidade um desejo que tanto revelado
como poderoso.
-- " :
."' ,
Assim diz o Zhar (ibid.): Por amor ao Santo, abenoado Ele seja, um homem
deve levantar-se a cada noite e empenhar-se em Seu servio at a manh...
656
Este o amor expresso na frase Minha alma, eu Te desejo, o amor inato que
um judeu sente quando ele concebe que Dus sua verdadeira alma e Fonte de
vida. Este amor deve ser revelado pela reflexo profunda e freqente sobre como
Dus a Fonte de toda vida, como ser explicado mais tarde neste captulo.
,
" : , ,
,"' ,
Um amor maior e mais intenso que este (isto , que o amor resultante da
conscincia de que Dus a verdadeira alma e vida da pessoa), um amor que est
igualmente oculto em cada alma de Israel como uma herana de nossos
ancestrais, o que est definido em Raaya Mehemna9 na descrio do servio
Divino de Moiss: Como um filho que se esfora por considerao a seu pai e
sua me, a quem ele ama ainda mais que a seu prprio corpo, alma e esprito...
sacrificando sua vida por seu pai e sua me para redimi-los do cativeiro.
Este modo de servir no est limitado somente a Moiss: ele est dentro do
alcance de cada judeu,
Assim como Moiss possua este amor porque Dus seu Pai, assim tambm
cada judeu pode possuir este amor, pois Dus igualmente nosso Pai.
Este nvel de amor mais abnegado que aquele descrito pela frase Minha alma,
eu Te desejo. Pois o amor que resulta da conscientizao de que Dus a
verdadeira vida da pessoa ser somente to intenso quanto o desejo da pessoa
pela vida em si. Ele no exigir um total auto-sacrifcio, que o oposto da vida.
O amor de um filho por seus pais, no entanto, no est limitado por seu amor
vida; a vida de seus pais tem precedncia sobre a sua prpria vida, e ele est
pronto a entregar a sua prpria vida para salvar a deles.
," "
E embora algum possa perguntar quem o homem e onde ele est, quem ousaria
supor em seu corao aproximar-se e alcanar at uma milsima parte do grau
de amor sentido por Moiss, O Pastor Fiel,
657
como, ento, ns dizemos que cada judeu pode sentir o mesmo amor por Dus
sentido por Moiss?
, ,
.'
No entanto, uma mnima poro e partcula dessa grande bondade e luz ilumina
a comunidade de Israel em cada gerao, como est afirmado em Tikunim11, que
uma emanao dele Moiss est presente em cada gerao...12 Para ilumin-
los.
Uma vez que esta partcula luminosa encontrada em todos os judeus em todas
as geraes, torna-se assim possvel para cada judeu atravs da bondade e da
luz de Moiss sentir o amor que ele possui como uma herana dos Patriarcas
de uma maneira semelhante a de Moiss13.
,
,
. , ,
Apenas que o brilho da alma de Moiss est presente nas almas de todo Israel
em um modo de grande obscuridade e ocultao. Mas para tirar este amor oculto
de seu estado latente e ocultao para um estado de revelao, de modo que ele
se manifeste em seu corao e mente, no est fora do alcance, nem est longe,
mas est muito prxima de ti, em tua boca e em teu corao14.
, ,
Isto quer dizer, uma pessoa deve acostumar sua lngua e sua voz para despertar
a inteno de seu corao e sua mente, pois o som da voz da pessoa desperta a
concentrao sincera15 do corao e da mente,
,- -
. ,
. -
658
Mesmo que isso lhe parea, primeira vista, uma iluso, e que em verdade ele
no possui esse amor por Dus, e que ele pense que aquilo que est fazendo nada
mais que estar se iludindo quanto ao seu verdadeiro status espiritual,
." " - ,
,
.
Isto significa estar ocupado com a Tor e as mitsvot, as quais ele estuda e realiza
como resultado dele isto , como resultado da revelao desse amor, com a
inteno de causar gratificao a Dus, como um filho servindo o seu pai que age
assim com a finalidade de satisfazer o seu pai.
- ," -- - "
.
Sobre isso foi dito que um bom pensamento unido pelo Santo, abenoado Ele
seja, a uma ao16, proporcionando-lhe asas para voar em direo ao alto,
como explicado anteriormente no captulo 16.
659
pensamento considerado por Dus como uma ao efetiva. Mais
propriamente, o termo unido a indica que a ao foi efetivamente feita, mas
que o pensamento e a ao no foram conectados. Portanto, Dus, em Sua
bondade, liga o pensamento e a ao.
,
,
A gratificao que ele causa a Dus similar, por meio da ilustrao usada
antes17, a da alegria de um rei cujo filho retorna a ele depois de libertado do
cativeiro;
Quando a alma, a filha de Dus, est investida no corpo e na alma animal, ela
est em um estado de confinamento. Atravs da Tor e das mitsvot ela
libertada desse cativeiro e unida a Dus. Isso causa a Ele uma alegria similar
quela que experimentada pelo rei mortal na analogia.
. -
ou a gratificao de Dus pode ser do fato de que tornou-se possvel para Ele ter
uma morada entre os mortais, conforme j mencionado.
Assim, o amor que como um filho que se esfora em considerao ao seu pai
pode ser revelado pelo fato de a pessoa habituar-se (com sua lngua e sua voz) a
despertar a inteno do seu corao e da sua mente. O Alter Rebe logo explicar
que o amor de Minha alma, eu Te desejo tambm pode ser revelado e
despertado falando-se habitualmente sobre ele, quando se faz isso de uma forma
660
em que o corao sentir que Dus a verdadeira vida da pessoa, a Vida da
vida.
- " " ,
. ,
,
, ,
:"' -- " -
Portanto, possvel que sua Tor e mitsvot sejam elevadas s Sefirot Supremas
como se a pessoa as tivesse cumprido com um amor revelado em seu corao.
O Alter Rebe agora continua para dizer que, embora os dois amores
mencionados acima (Meu amor... e Como um filho...) so naturalmente
encontrados na alma do judeu, derivados dos Patriarcas, quando esto em um
estado revelado no corao da pessoa, eles so capazes de elevar a Tor e as
mitsvot que resultam deles para o Mundo de Beri. Somente quando o amor
661
natural permanece oculto na mente, ele se restringe a elevar a Tor e as mitsvot
no mais alto que Mundo de Yetsir. Quando, no entanto, ele est em um estado
revelado, elas so elevadas ao Mundo de Beri.
Pois enquanto verdade que aqueles amores so naturais, contudo, para que
sejam ali revelados deve existir uma profunda reflexo sobre o tema de Dus
como nosso verdadeiro Pai e Fonte da vida. Tal reflexo d a esse amor natural
o carter qualitativo adicional alcanado pelo amor intelectual, de modo que a
Tor e as mitsvot resultantes desse amor so elevadas ao Mundo de Beri, o
Mundo do conhecimento. Isto ser agora analisado:
- , ' , -
Essas duas categorias de amor a de Minha alma..., o amor que um judeu sente
por Dus ao se conscientizar de que Ele a sua verdadeira vida, e a categoria de
Como um filho..., amar a Dus como um verdadeiro pai ,
, ,
- -
embora eles sejam para ns uma herana dos Patriarcas, e como um instinto
natural em nossas almas (e assim, tambm, como um instinto natural, o temor
compreendido neles, isto , o temor de ser separado, que Dus no permita, da
Fonte da nossa vida e nosso verdadeiro Pai, abenoado Ele seja),
Quando algum sente que Dus a verdadeira Fonte de Sua vida, ele ter medo
de transgredir, para no se separar da sua fonte da vida. O sentimento de Dus
ser seu verdadeiro pai igualmente o impedir de pecar, pois ele no deseja
separar-se de seu pai.
662
Esses nveis de amor so a causa do cumprimento de Tor e mitsvot da pessoa,
pois elas resultam da representao desse amor em sua mente.
, " " -
Mas quando eles (os dois nveis de amor) esto em um estado revelado no
corao, como resultado de sua reflexo, eles so chamados no Zhar de reuta
deliba (o desejo do corao um amor mais exaltado que o amor natural),
- , ' -
- ,
e o lugar deles nas Dez Sefirot de Beri, onde eles elevam com eles a Tor e as
mitsvot das quais eles foram a causa isto , as quais foram realizadas com o ardor
deste amor.
. - -
:
,- - -- - ,
." - "- :
663
Uma vez que a contemplao da Divindade est relacionada com o Mundo de
Beri, o Mundo que iluminado pela Bin de Atsilut, conclui-se que as vrias
formas de amor que so reveladas atravs de tal contemplao tm seu lugar
naquele Mundo de Beri tambm, e l que elas elevam a Tor e as mitsvot da
pessoa.
O Alter Rebe agora ir dizer que os dois tipos de amor Minha alma... e
Como um filho... no somente possuem a qualidade do amor que resulta
dessa contemplao, mas que eles tambm possuem a qualidade de ahav rab,
o amor que concedido de cima. Pois eles tambm so concedidos de cima,
embora os judeus os herdem dos Patriarcas, como explicado anteriormente.
Uma vez que esses dois tipos de amor possuem todas essas qualidades, pode
parecer que eles so suficientes, e o amor que nasce inteiramente do intelecto
seja suprfluo. No entanto, o Alter Rebe conclui que um judeu deve tambm
empenhar-se para alcanar o amor que resulta inteiramente da contemplao da
grandeza de Dus, devido aos motivos que ele dar logo em seguida.
- ' - ,
," " ," "
." " -
Alm disso, essas duas categorias de amor que foram referidas acima, o amor de
Minha alma... e o amor de Como um filho..., incorporam uma qualidade de
amor que maior e mais sublime que o amor e o temor inteligentes, o tipo que
resulta da contemplao da grandeza de Dus, o amor que foi denominado acima
ahavat olam; essas duas espcies de amor tambm partilham da qualidade de
ahav rab, o qual mais elevado que o ahavat olam
O Rebe Shlita explica que ahav rab est enraizado em Atsilut, o qual , de
longe, superior Beri, onde ahavat olam est enraizado. O Alter Rebe alude a
isso dizendo Alm disso: isto , esses amores no s possuem as qualidades do
amor natural e do amor intelectual, encontrados nos Mundos de Yetsir e
Beri respectivamente, mas eles tambm tm a qualidade do amor de ahav rab
encontrado no Mundo de Atsilut. No obstante esta extraordinria qualidade,
o Alter Rebe conclui que necessrio alcanar o amor produzido inteiramente
atravs da contemplao, pois este amor nico em sua paixo e ansiedade pela
Divindade.
"
,' ,"
664
A despeito de tudo isso, uma pessoa deve forar o seu intelecto a apreender e
alcanar tambm o acima mencionado21 nvel de ahavat olam, que deriva de um
entendimento e conhecimento da grandeza de Dus,
Como tal, ele difere dos amores de Minha alma... e Como o filho..., os quais
essencialmente so herdados, e so somente revelados atravs da contemplao,
-
."' " ' ,
,'
- , -
,'
. ,' -
No s o ouro vale mais que a prata, ona por ona [28,7g], em cujo caso uma
preponderncia de prata valeria mais, porm o ouro intrinsecamente de maior
valor pelo fato de que ele possui um brilho nico que as pessoas acham altamente
atrativo.
665
de cima e que denominado ahav rab, grande amor, a forma mais alta de
amor. A superioridade do amor que resulta inteiramente da contemplao est
em sua paixo ardente e ansiedade da alma. Esta uma razo pela qual os dois
tipos de amor anteriormente mencionados, e que os judeus herdam, no bastam;
eles carecem de paixo quando comparados com o amor emanado inteiramente
do intelecto da pessoa.
O Alter Rebe agora oferece ainda outra razo pela qual o amor inteiramente
contemplativo necessrio: importante alcanar o amor contemplativo no
somente por causa da superioridade da paixo resultante, mas porque a
contemplao um fim em si mesmo. Ao contemplar a grandeza de Dus, a
pessoa cumpre o total propsito da criao que os seres criados venham a
conhecer e entender a grandeza de Dus.
- ,
- , , '
: ,"' " :
para que algum possa conhecer a glria de Dus e o esplendor majestoso da Sua
grandeza, cada um de acordo com o limite de sua capacidade, como est escrito
em Raaya Mehemna, Parshat Bo: Para que eles possam conhec-Lo, e assim
por diante, como sabido.
Como resultado, a inteno Divina para que eles possam conhec-Lo para
que os seres criados venham a conhecer a Divindade realizada em uma maior
medida atravs do amor inteiramente contemplativo. Esta a razo adicional
666
pela qual as categorias de amor herdadas dos Patriarcas no bastam, e
necessrio se esforar para alcanar um amor a Dus que derive inteiramente da
contemplao de Sua grandeza.
1. Zhar I, 103b.
2. Mishlei 31:23.
3. Devarim 29:28.
4. Yeshaihu 26:9.
6. Berachot 57b.
13. O Rebe Shlita responde a uma questo que poderia muito bem surgir: Foi
antes explicado que o amor que cada judeu tem por Dus uma herana dos
Patriarcas. No entanto, ns aqui aprendemos que porque Moiss possua tal
amor por Dus, e h uma emanao dele presente em cada judeu, em cada
gerao.
A discrepncia no pode ser explicada afirmando que, uma vez que esse amor
est oculto no corao, ele uma emanao de Moiss que permite a um judeu
revel-lo, pois a revelao do amor (do qual se est falando) no est ligada
com a emanao de Moiss.
O Rebe Shlita explica: embora seja verdade que este amor uma herana dos
Patriarcas, contudo a maneira e a intensidade desse amor so recebidas de
Moiss. Ns precisamos da emanao de Moiss com a finalidade de assegurar
667
que o amor seja como o amor de um filho por seus pais, um amor to forte que
o filho fica totalmente anulado para eles e est pronto a sacrificar sua prpria
vida por eles. Pois esta era a maneira do servio Divino e o amor de Moiss, e
uma mnima partcula desse amor foi transmitida por ele para todos judeus.
Moiss, cuja essncia era Dat e auto-anulao, amava a Dus com esses
traos de carter. E como um pastor fiel ele emanava esses traos igualmente
para todos os judeus.
Por isso, diz o Rebe Shlita, o Alter Rebe tambm menciona o incio do texto
em Zhar, isto : Como um filho que se esfora por considerao a seu pai e
sua me, o que descreve a maneira de servio, em vez de comear apenas pela
continuao da frase no Zhar, que fala do amor em si a quem ele ama ainda
mais... Pois ele no pretende dizer que uma diminuta poro do amor de
Moiss se torna o amor de cada judeu; ele pretende dizer que o modo de
servio de Moiss, que resultou desse amor, emana para cada e todo judeu.
18. Anteriormente, quando o Alter Rebe falou sobre os dois tipos de amor
Minha alma... e Como um filho... ele primeiro explicou a primeira forma
de amor e depois a segunda. Aqui, no entanto, quando ele fala da revelao
dessas categorias de amor atravs da voz a despertar a inteno do seu corao
e da sua mente, ele os analisa na ordem inversa.
Ele comea analisando em detalhe que uma pessoa deve habituar-se (com sua
lngua e sua voz...) pois Ele literalmente nosso verdadeiro Pai. Somente
depois ele afirmou, de forma breve, que mesmo com referncia ao... amor... de
668
Minha alma... , possvel facilmente tir-lo de sua ocultao.... atravs da
prtica constante, com a boca e o corao em total acordo. Alm disso, o
Alter Rebe imediatamente continua, No entanto, mesmo se ela no pode
traz-lo (o amor) para um estado revelado em seu corao...
Tudo o que foi dito acima parece indicar que a voz despertando a inteno do
seu corao e da sua mente mais aplicvel para o amor de Como um
filho... que para o amor de Minha alma... O Rebe Shlita explica por que isso
assim:
19. Tikun 6.
669
judeu da proximidade de Dus. Este amor conhecido como amor semelhante
gua.
670
Captulo 45
Nos captulos precedentes, o Alter Rebe explicou como um judeu pode cumprir
a Tor e as mitsvot em teu corao com amor e temor a Dus. Quando um
judeu motivado pelo amor e por um desejo de se apegar ao Todo-Poderoso,
sua Tor e suas mitsvot sero certamente lishm, isto , com as intenes
direcionadas da forma mais pura. Isto, por sua vez, adicionar vitalidade aos seus
esforos. tambm possvel, conforme explicado nos captulos anteriores, que o
seu amor por Dus seja tanto, que ele seja motivado em sua Tor e suas mitsvot
pelo desejo de causar satisfao a Dus, assim como um filho se esfora para
fazer tudo o que ele pode por seu pai, para que seu pai possa ter satisfao de
suas aes.
671
No captulo a seguir, o Alter Rebe descreve ainda uma outra maneira de alcanar
o nvel de lishm, que cumprir a Tor e as mitsvot com os mais ntimos
sentimentos da alma. Essa maneira consiste na utilizao da terceira das emoes
espirituais primrias, isto , a compaixo o atributo de Tifret (literalmente,
beleza), que a caracterstica que distingue o nosso ancestral Jacob da
seguinte maneira: antes de se ocupar na Tor e nas mitsvot, o judeu deve
despertar em sua mente o atributo de compaixo pela centelha Divina de sua
alma. Pois a alma teve de descer de sua fonte, da mais elevada das alturas
espirituais, para o mais baixo nvel, com a finalidade de se investir em um corpo
cuja fora vital deriva das kelipot, e est o mais distante possvel de Dus. Ainda
mais se o indivduo causou o Exlio da Shechin atravs de pensamentos, falas
ou aes imprprias. Com este senso de compaixo espiritual, ele deve estudar
Tor e cumprir mitsvot, pois eles permitem alma, com a centelha Divina que
a anima, retornar sua fonte no abenoado Ein Sof.
, ,
, ,
atravs do atributo de nosso ancestral Jacob, que a paz esteja com ele, este sendo
o atributo de misericrdia.
'
- ,
,-
pois a centelha Divina que anima a sua alma Divina que desceu de sua fonte, a
Vida da vida, o abenoado Ein Sof,
, ,
que permeia todos os mundos e os anima com uma vitalidade que est investida
e em compatibilidade com os seres criados e envolve todos os mundos e os anima
com uma vitalidade que transcende os seres criados e os afeta de fora, assim por
dizer,
672
,
," "
O corpo referido como uma pele, pois ele serve como uma vestimenta para a
alma, como o versculo afirma (Yiov 10:11): Tu me vestiste com pele e carne.
Isto mais que a pele de uma serpente, uma vez que o corpo no seu estado
no-refinado repugnante, como explicado no captulo 31. A centelha Divina
deve entrar em tal corpo3,
que est muito afastado da luz do semblante do Rei, na maior distncia possvel.
porque este mundo o ponto mais baixo das kelipot grosseiras isto , este mundo
mais grosseiro que a mais grosseira das kelipot encontradas nos mundos
espirituais,
,'
etc. O Rebe Shlita assinala que esta palavra se refere ao captulo 36, onde o
Alter Rebe conclui que este mundo o mais baixo em grau; no h nada mais
inferior que ele em termos de ocultao da Sua luz; [um mundo de] dobrada e
redobrada escurido, de tal maneira que ele est cheio de kelipot e sitr achar,
as quais efetivamente se opem a Dus.
Uma vez que a centelha Divina da alma est investida em um corpo que
animado pela kelipat nog deste mundo, ele est o mais distante possvel
afastado de Dus. Esta descida em si bastaria para despertar a compaixo pela
centelha Divina da alma, mesmo quando a pessoa no transgrediu nem em ao,
fala, e nem mesmo em pensamento.
, ,
,
673
E especialmente a pessoa sentir grande compaixo por sua alma quando ela
recordar todas as suas aes e seus pronunciamentos e pensamentos desde o dia
em que ela passou a existir, repugnantes como eles eram,
"" "
e o Rei do mundo com isso preso pelas tranas4, isto , pelos impetuosos
pensamentos do crebro5; Dus , por assim dizer, preso por seus pensamentos
impetuosos,
" "
pois Jacob uma denominao para o povo judeu a corda da Sua herana6,
,'
e assim por diante. O Rebe Shlita nota que esta frase pode se referir ao Iguret
HaTeshuv, cap. 5, onde esse assunto extensamente explicado.
O pecado de um judeu faz sua alma ser exilada dentro do domnio das kelipot.
Isto, por sua vez, (por assim dizer) tambm exila a Shechin, a fonte de sua alma.
A reflexo sobre este assunto despertar no interior de um judeu um profundo
sentimento de compaixo por sua alma e por sua fonte. Esta compaixo,
conforme ressaltar agora o Alter Rebe, deve ser utilizada pela pessoa no estudo
674
de Tor e no cumprimento das mitsvot. Isto elevar a sua alma, permitindo-a se
reunir com sua fonte, o abenoado Ein Sof.
Com relao a este assunto, que a compaixo ainda maior, pois a fonte da alma
est em exlio, est escrito: E que ele retorne a Dus e tenha misericrdia sobre
Ele7,
" : , '
."
despertando grande compaixo pelo Nome Divino que habita entre ns, como
est escrito: Quem mora entre eles no meio da impureza deles8.
O Alter Rebe continua para explicar que foi nosso ancestral Jacob quem, com
suas splicas, assegurou uma abundncia de compaixo Divina por todos os
judeus por todas as geraes. Mesmo quando os seus erros os atiram no exlio,
eles so capazes, atravs de seu estudo de Tor e cumprimento das mitsvot, de
se erguerem desse estado e se reunirem com o Ein Sof.
," , " :
, ,
, ,
,
675
," "
E ele ergueu sua voz para o alto, para a fonte das Misericrdias Superiores,
para a fonte dos Treze Atributos Divinos de Misericrdia.
, " "
""
,
,- -- ,
,
para ergu-los de seu exlio11 e para uni-los no Yichud Elion (a Unio Superior)
da luz do abenoado Ein Sof, ao nvel de beijos,
," " : ,
que a unio de esprito com esprito, como est escrito: Que Ele me beije
com beijos de Sua boca12,
676
A comunidade de Israel implora ao Todo-Poderoso que Ele una com eles na
maneira de beijos. No caso de beijos da boca no h s uma unio externa
de boca com boca, mas tambm uma unio mais interna, a de esprito (sopro)
com esprito (sopro). E assim considerada essa maneira de unio dos judeus
com Dus, que ocasionada pela Tor e pelas mitsvot.
o que significa a unio da palavra do homem que estuda Tor com a palavra de
Dus, isto , a Halach13, que a palavra de Dus. Esta unio se assemelha aos
beijos da boca. Assim, tambm, ao refletir sobre pensamentos de Tor, o
pensamento mortal fica unido com o pensamento Divino,
, ,
e assim tambm a ao mortal fica unida com a ao Divina, por meio da ativa
observncia dos mandamentos,
Assim como, em termos fsicos, um abrao manifesta o amor de algum por seu
amado, assim tambm, por assim dizer, a benevolncia de Dus abraa o judeu
que realiza atos de caridade e benevolncia16.
," " :
677
A unio entre o judeu e Dus alcanada atravs da fala e do pensamento da
Tor beijos efetivos de duas maneiras: o nvel externo de beijos, boca a
boca, alcanado atravs das palavras da Tor, enquanto o nvel interno de
beijos, esprito com esprito, alcanado atravs de pensamento concentrado nos
estudos da Tor.
Desse modo, mediante o despertar da compaixo profunda por sua alma, que
realiza o estudo de Tor e o cumprimento das mitsvot,
, " "
," "
678
O Rebe Shlita diz que ilgico supor que este o motivo pelo qual o Alter
Rebe, usando esta expresso, est se referindo aqui ao corpo. Pois uma vez que
aqui ele est enfatizando a inferioridade do corpo, no seria apropriado se
referir somente pele da serpente, e no prpria serpente. O Rebe, portanto,
interpreta pele da serpente conforme explicado no texto.
6. Devarim 32:9.
7. Yeshaihu 55:7.
8. Vayicr 16:16.
9. Bereshit 29:11.
11. O Rebe Shlita observa que nas interpretaes do Tsemach Tsdec sobre
Eich [Lamentaes] (p. 23), ele cita este texto afirmando para ergu-los de
sua descida (em vez de de seu exlio). Isto quer dizer que atravs da Tor e
das mitsvot as almas judias so erguidas de sua descida.
15. O Rebe Shlita cita o Iguret HaCdesh, Epstola 32, onde o Alter Rebe
diz: e todo o corpo est includo no lado direito. Isto serve como uma
explicao, diz o Rebe, da razo pela qual o Alter Rebe diz em particular, a
prtica da caridade e da benevolncia. Elas so enfatizadas porque todo o
corpo est includo no lado direito.
16. O Rebe Shlita explica que, usando o termo abrao efetivo o Alter Rebe
antecipa a resposta para a seguinte pergunta: Foi ensinado no captulo 4 que o
estudo da Tor tambm comparado a um abrao de Dus; qual , ento, o
mrito que distingue a tsedac? O Alter Rebe, portanto, escreve que a tsedac
no meramente comparada a um abrao: ela um abrao efetivo.
679
17. Shir HaShirim 2:6.
18. O Rebe Shlita explica que, ao usar o termo beijos efetivos, o Alter Rebe
antecipa a seguinte pergunta: O cumprimento das mitsvot tambm muitas
vezes comparado a um beijo, como foi mencionado antes. Portanto, ele escreve
beijos efetivos: O estudo da Tor no meramente comparado a beijos, mas
ele beijos efetivos.
680
Captulo 46
681
Neste captulo, o Alter Rebe continua para explicar como est muito prximo
de cada judeu revelar seu amor oculto a Dus. A abordagem explicada neste
captulo nova (conforme o Rebe Shlita esclarece), visto que ela utiliza a prpria
natureza do judeu, remediando, com isso, a necessidade de uma maneira
especfica de contemplao; uma forma relativamente geral e palpvel de
contemplao ser feita, como logo ser explicado. Realmente, quanto mais
inferior for o nvel espiritual do indivduo, mais fcil para ele despertar esse
amor oculto um paradoxo que ser explicado neste captulo.
Essa maneira de contemplar permite a um judeu servir a Dus com amor ardente
e apaixonado, levando-o a distinguir-se no estudo da Tor e no cumprimento
das mitsvot. Ela tambm o habilita a superar todos os obstculos, sejam eles
internos ou externos pessoa, que procuram impedir o seu servio a Dus.
Que um homem pense sobre o que foi dito ao longo dessas linhas: faz parte da
natureza do ser humano que, ao sentir uma forte demonstrao de amor vinda
de seu semelhante, ele responder de modo anlogo. E se a manifestao de amor
extravasada por uma personalidade ilustre sobre um indivduo muito inferior,
o tom correspondente do amor da pessoa inferior ser o mais vibrante.
Uma forma semelhante, porm infinitamente mais que isto, ser obtida quando
o ser humano envolvido pelo amor ilimitado de Dus por ele. Este o caso com
o povo judeu. Dus mostrou Seu amor sem limites por Seu povo escolhendo-o
dentre todos os seres criados, do mais alto nvel at o mais baixo. Este amor se
manifestou quando Ele os tirou do Egito e outorgou a Tor e as mitsvot somente
a eles. E assim tambm Dus mostra este amor para cada judeu em todas as
pocas e em todos os lugares.
, , ,
682
,
para despertar e acender a luz do amor que est implantado e oculto em seu
corao,
- , -
que possa brilhar com intensa luz, como um fogo flamejante, na conscincia do
corao e da mente,
'
para finalmente habilitar a pessoa a entregar a sua alma a Dus juntamente com
o seu corpo e as posses [materiais],
sendo isto feito com todo o seu corao, e com toda a sua alma e todo o seu
poder com a devoo ilimitada da essncia de sua alma,
, -
. ,
e especialmente isto , um tempo mais propcio para a pessoa acender esse amor
em tal maneira no momento da recitao do Shem e suas bnos, como ser
explicado mais tarde, sobre a ligao particular do Shem e suas bnos com o
despertar desse amor.
, " :
;"
sentir o significado do versculo Assim como a gua reflete a face para a face,
assim o corao do homem [reflete] para o homem1.
683
, ,
Isto significa2 que como [no caso da] imagem e feies fisionmicas da face que
um homem exibe para a gua, a face idntica refletida para ele da gua,
assim tambm o corao de um homem que leal em sua afeio por outra
pessoa,
pois esse amor que ele tem pelo outro desperta tambm uma resposta amorosa
para ele no corao de seu amigo, de modo que eles chegam a amar um ao outro
lealmente,
. , ,
Tal a natureza comum no carter de todo homem, mesmo quando eles possuem
o mesmo status.
,
,
Quanto mais ainda o caso se um grande e poderoso rei que governa muitas
terras exibe seu grande e intenso amor por um plebeu que desprezado e inferior
entre os homens, uma criatura desgraada jogada em um lugar imundo.
684
O rei aqui retratado no governa sobre uma terra, mas sobre muitas; seu amor
pela pessoa no reside apenas em seu corao, mas manifestado; o modo de
amar no o comum, mas grande e intenso; e o amor mostrado no por
uma pessoa comum, mas por algum verdadeiramente de carter desprezvel. O
Alter Rebe continua para estabelecer como o amor do rei demonstrado:
No entanto, ele o rei desce do lugar de sua glria at ele, junto com todo o seu
cortejo,
, , ,
,
e o ergue e o exalta de seu monturo e o leva para seu palcio o palcio real, e
dentro do palcio o rei o conduz ao mais interior dos seus aposentos, um lugar
que nenhum servo e nenhum nobre entra,
e l compartilha com ele a mais ntima companhia com abraos e beijos mtuos
e ligao de esprito com esprito, com todo o corao e a alma deles,
Quando um poderoso rei exibe tamanha afeio e companhia por tal pessoa
inferior, ento,
,
,
, -
:
Mesmo que o seu corao seja como um corao de pedra, que no facilmente
despertado para sentimentos ternos de amor por outro, contudo, em tal situao,
ele certamente se derreter e se tornar [como] gua, e sua alma se derramar
como gua, com uma paixo consumidora da alma pelo amor do rei.
685
O Alter Rebe continua para explicar que todos os detalhes mencionados na
parbola do rei so infinitamente mais aplicveis com respeito ao objeto da
parbola o relacionamento de Dus com cada e todo judeu. Pois Dus, o Rei
dos reis, mostrou Seu amor sem fim ao povo judeu tirando-o do seu mais baixo
nvel, no Egito, e elevando-o ao mais alto dos nveis mediante a outorga da Tor.
Atravs do estudo da Tor e do cumprimento das mitsvot, os judeus so unidos
com Dus no mximo nvel possvel.
Isto no foi assim apenas na poca em que a Tor foi dada. Mas em todos os
tempos, como logo ser explicado, refletir sobre este tpico despertar dentro de
cada judeu como a gua reflete a face para a face um amor semelhante a
Dus.
, ,
. ,
Assim como Dus infinitamente maior que qualquer rei fsico, assim tambm
Seu reino se estende sobre um territrio infinitamente maior, por assim dizer.
, - , " "
,
686
Assim, a Guemar assinala4: Est escrito: Existe algum nmero para Seus
regimentos de anjos?5 Ainda tambm est escrito: Mil milhares O servem, e
dez mil vezes dez mil esto diante dEle...6
, - - , - "' " -
, ,
,
: ,
Assim tambm com a fala Divina, que cria e anima os anjos, os vrios mundos
e todas as criaturas. A fala Divina est sempre absolutamente unida sua fonte,
e portanto est sempre em um estado de total anulao para ela.
687
Todos esses [anjos] perguntam: Onde o lugar da Sua glria? E eles
respondem: Toda a terra fsica est plena de Sua glria7; isto ou seja, Como
este mundo est pleno de Sua glria? por causa do Seu povo, Israel.
- , -- -
, , ,
,
no escolhendo nenhuma delas, mas apenas Seu povo Israel, que Ele tirou do
Egito a imoralidade da terra8, o lugar de imundcie e impureza
Como o indivduo inferior e deplorvel que foi erguido do monturo pelo rei em
pessoa, os Filhos de Israel foram levados do Egito pelo Prprio Rei:
-- ,'
,
,"' " :
, -
Isto tambm assim com respeito Tor, sobre a qual Dus diz: Eu escrevi e
dei Minha alma* ao povo judeu, outorgando-lhe a Tor. Assim, no s a alma
judaica est verdadeiramente ligada a Dus, mas a alma de Dus, tambm, est
unida com o judeu.
688
, ' - ,
no nvel de beijos de boca a boca, de modo que a boca do judeu seja unida com
a boca e a fala de Dus, expressando a palavra de Dus, isto , a Halach,
Quando um judeu fala e estuda as palavras da Tor, sua fala se une Fala
Suprema na maneira de beijos de boca a boca. Esta unio, no entanto, externa
em comparao profunda e mais ntima unio de esprito com esprito, como
explicado no captulo anterior. Este nvel mais profundo de unio tambm
alcanado atravs do estudo da Tor:
- , - , -
- , -
tambm com uma forma de abrao, pois a Tor e as mitsvot tambm produzem
a unio de um abrao, semelhante ao de uma pessoa abraando o seu amigo
com seu corpo e seus braos,
, "
isto , o cumprimento dos preceitos positivos com os 248 rgos que o ser
humano possui. O cumprimento dos 248 mandamentos positivos produzem um
estado de abrao, onde os 248 rgos de Dus abraam os 248 rgos do
homem,
- , " " -
689
pois os 248 mandamentos so os 248 rgos do Rei, como mencionado
anteriormente no captulo 23.
, , :
.' -
," " :
": ,
"
690
como um homem que consagra uma esposa, para que ela fique unida com ele em
perfeita unio, como est escrito: E ele se unir sua esposa, e eles sero uma
s carne11.
,
. - -- ,
, ," "
Por isso Salomo, que a paz esteja com ele, no Cntico dos Cnticos comparou
esta unio de Dus e os judeus atravs da Tor e das mitsvot com a unio do
noivo com a noiva,
. -
esta unio sendo com ligao um nvel externo de unio, com ansiedade um
nvel mais ntimo de unio e desejo um nvel ainda mais interior de unio, com
abrao e beijo.
," " :
691
Esse tambm o significado das bnos referidas acima: Que nos santificou
com Seus mandamentos, o verbo kideshnu (Que nos santificou) significando
aqui
-- ,-
,
que Ele nos elevou s alturas da Santidade Suprema, que a santidade do Prprio
Santo, abenoado Ele seja.
, -- ,
- , - ," "
,- -
, - -
Pois atravs da unio da alma com a luz do Ein Sof, e sua absoro nela, que a
alma alcana a qualidade e o nvel de santidade do Prprio abenoado Ein Sof,
. ,
uma vez que ela se une com Ele, e fica integrada nEle, e eles se tornam
verdadeiramente um.
,' " :
,"
Este o significado do versculo: E vocs sero santos para Mim, pois Eu,
Hashem, sou santo; o versculo nos d a razo para a santidade dos judeus,
ligando-a com a Suprema Santidade de Dus, que os judeus podem alcanar
atravs da Tor e das mitsvot; e Eu os separei dos outros povos para que vocs
692
sejam Meus12. Aqui ns vemos que santidade implica em separao, como
mencionado anteriormente.
, , -
,"' "
Assim com a alma de cada judeu quando ele est ocupado com a Tor e os
mandamentos.
. '
Isto porque Dus habita e investe-se na alma dessa pessoa em tal momento.
Somente que a sua alma est inconsciente dessa santidade que reside dentro dela
no momento do seu cumprimento,
",
,"
por causa da barreira da rudeza corporal dentro da qual a alma habita, que ainda
no foi refinada , e que obscurece os olhos da alma impedindo-a de ver as vises
Divinas,
Esses grandes tsadikim eram capazes de ver neste mundo as vises Divinas que
normalmente so vistas somente no Mundo Vindouro. Isto porque os seus
corpos, tendo sido purificados, no ocultavam a Divindade. Realmente, cada
judeu seria capaz de testemunhar estas vises de santidade durante o
cumprimento de uma mitsv, se no fosse a grosseria de seu corpo.
," , , " -
694
E eu sou tolo e nada sei e nem sinto; eu era como uma besta diante de Ti. [No
entanto] eu estou constantemente Contigo.
Isto significa18 que mesmo eu sendo como uma besta quando estou Contigo,
mesmo quando eu realizo uma mitsv e assim estou unido Contigo, eu ainda
sou como uma besta.
minha alma estando inconsciente dessa unio e insensvel a ela, unio essa
alcanada entre minha alma e Dus atravs do cumprimento de uma mitsv; pois
se eu fosse consciente e sensvel minha alma seria afetada de uma maneira
,
,
Quando os tsadikim cumprem uma mitsv, eles efetivamente sentem como ela
une a alma deles com Dus. Isto, por outro lado, desperta dentro da alma deles
um sentimento de temor e reverncia a Dus, seguido por um sentimento de
intenso amor por Ele. Este, certamente, no o caso daqueles que no sentem.
Pois, como sabido, o termo Dat sugere uma sensibilidade da alma que
compreende Chssed e Guevur.
Chssed faz surgir o amor, e Guevur faz surgir o temor. Somente quando o
indivduo possui o atributo de Dat e sensibilidade espiritual, ele experimentar
as categorias de amor e temor a Dus descritas acima.
-- ," "
, -
695
No obstante, eu estou constantemente Contigo, pois a materialidade do
corpo no impede a unio da alma com a luz do abenoado Ein Sof, Aquele que
preenche todos os mundos.
A corporalidade pode evitar somente que a alma seja consciente de sua unio
com Dus, embora crie um obstculo para a revelao e a conscincia da unio
alcanada durante o cumprimento de uma mitsv. Ela no pode, no entanto,
impedir a unio efetiva objetivamente efetuada,
." " :
como est escrito: Nem mesmo a escurido pode ocultar [algo] de Ti19.
Portanto, uma vez que (como dito acima) concedido a todo judeu que cumpre
uma mitsv unio e santidade da Suprema Santidade, mesmo quando ele no
percebe, como ocorre com um tsadic20,
, -
,
Pois mesmo na alma de uma pessoa sem cultura e completamente iletrada brilha
a luz da santidade do Shabat ou da Festividade; da ela enfrenta a punio capital
de cart por comer po levedado em Pessach e de apedrejamento por executar
uma forma de trabalho proibido no Shabat, pela profanao dessa santidade que
ilumina a sua alma.
696
-
,
pois todos ns temos uma s Tor; as leis da Tor se aplicam igualmente a todos
os judeus.
De tudo o que foi dito acima, fica notadamente claro que, embora uma pessoa
possa no sentir a santidade gerada pelo cumprimento de uma mitsv, em tal
medida que ela igualada a uma besta, no obstante, ao cumprir uma mitsv,
essa besta est unida a Dus no mesmo grau de grandeza que a do maior sbio.
Realmente, esse o significado do versculo: Eu sou como bestas diante de Ti,
[contudo] eu estou constantemente Contigo.
O Alter Rebe continua agora para dizer que h uma razo pela qual a
similaridade a uma besta descrita no plural (eu sou como bestas diante de
Ti). Isto nos diz que o cumprimento de uma mitsv no nvel de uma besta que
no compreende nem sente est relacionado ao nvel espiritual que transcende
a compreenso e o sentimento; este nvel tambm sendo chamado de besta,
uma vez que ele no est no domnio da compreenso, mas transcendendo-o.
Assim, h dois nveis de bestas: aquele que inferior ao domnio da
compreenso, e aquele que est acima dele. Ambos so aludidos pela mesma
palavra, uma vez que os dois esto ligados.
] ""
(21E quanto ao uso da forma plural bestas, que inconsistente com a forma
singular mencionada antes (e eu sou um tolo) e com a forma singular
mencionada depois (e eu estou constantemente...),
, ,
,--
isto indica que, diante dEle, mesmo Dat Elion (Conhecimento Supremo)
que compreende Chssed e Guevur como bestas e uma criao fsica (isto
, o mundo fsico de Assi, e no o seu equivalente espiritual), quando
comparado com a luz do Ein Sof,
697
," " :
, - ," " -
.[ "" ""
Assim ns vemos que mesmo aquele que cumpre mitsvot no nvel de um tolo
ou besta, no compreendendo nem sentindo a unio e a santidade alcanadas
e atradas atravs de suas aes mesmo tal pessoa, tambm, alcana uma unio
com o nvel de besta que transcende mesmo o mais elevado dos nveis Dat
de Atsilut.
1. Mishlei 27:19.
Nem preciso dizer que algumas das exortaes ticas dos Provrbios so mais
fceis de cumprir que outras. Portanto, este versculo no pode servir para
sustentar o que est sendo ensinado aqui no Tanya que o amor de Dus pelos
judeus deve despertar uma resposta semelhante dentro de cada judeu. Por isso o
Alter Rebe no interpreta o versculo como assim deve ser o corao do homem
para o homem, mas como assim o corao do homem [reflete] para o homem.
O Rei Salomo no est exortando: ele est meramente afirmando um fato
698
estabelecido; assim como a natureza da gua refletir uma imagem, assim,
tambm, faz parte da natureza humana refletir a emoo de um para o outro.
Para alcanar isso, a pessoa no precisa fazer nenhum esforo; ela deve apenas
reconhecer e considerar o fato de que seu amigo est lhe demonstrando amor.
Ento, em resposta, ela se encher de amor.
Segundo prope o Rebe Shlita, a lio pode ser a seguinte: uma vez que um
fato que o amor reflete o amor, o ser humano deve fazer um esforo para amar
o seu semelhante intensamente, desse modo assegurando que ele, em resposta,
lhe retribuir esse amor. Mesmo que a outra pessoa o odeie momentaneamente,
mesmo assim, no final das contas, a demonstrao de amor a ele o far perceber
isso; seu dio se dissipar e ser substitudo pelo amor.
Visto que est dentro da natureza do homem refletir o amor, o despertar deste
amor uma abordagem adequada para todos. Isto verdade mesmo quando
ambas as partes esto no mesmo nvel. Alm disso, ela est muito prxima,
pois, na analogia do amor de Dus pelo povo judeu, os dois esto em nveis
completamente diferentes. Seu amor por eles semelhante ao amor que um
grande rei expressa pelo mais grosseiro dos plebeus. Isto d as maiores razes
para o amor do rei despertar uma resposta semelhante no corao do plebeu.
Alm disso, no apenas ela est muito prxima, mas ela est realmente muito
prxima. Pois este amor nico no fato de que quanto mais inferior o nvel da
pessoa para quem o amor revelado, mais ele desperta um amor recproco.
699
Assim, o amor de Dus pelo homem insignificante deve despertar dentro deste
um intenso amor a Dus como resposta.
Isso aludido pelo Alter Rebe quando ele enumera os vrios nveis em sua
analogia. Pois, mesmo quando duas pessoas esto no mesmo plano, amor
refletir amor. Quanto mais ainda quando o amor manifestado por (a) um
rei; alm disso (b) um grande rei; mais ainda, (c) um grande e poderoso rei.
Certamente, ento, aquele que recebe retribuir este amor.
4. Chaguig 13b.
5. Yiov 25:3.
6. Daniel 7:10.
7. Yeshaihu 6:3.
8. Bereshit 42:9.
9. Hagad de Pessach.
700
10. Shemot 3:8.
14. O Rebe Shlita explica que o Alter Rebe cita esses versculos para fornecer
evidncia dos vrios aspectos inerentes ao termo nos santificou. Que esta
santificao semelhante santificao e unio de um casamento, ns
aprendemos das frases ...para o Dus de vocs; Eu Sou Hashem o Dus de vocs.
Isto , Dus nosso Dus na maneira de um homem tomando uma esposa, pela
qual ela se torna sua esposa.
17. Com referncia afirmao de que este tambm o significado do que Assaf
disse, sob inspirao Divina..., o Rebe Shlita destaca que o Alter Rebe no tem
o hbito de identificar a pessoa que o autor de um versculo especfico, nem
tem o hbito de ressaltar que o versculo foi pronunciado sob inspirao Divina.
Uma exceo foi feita aqui, o Rebe explica, porque Assaf se refere a ele mesmo
em relao ao problema de um homem perverso bem-sucedido e um homem
justo que sofre. Assaf est falando sobre ele mesmo ou, pelo menos, sobre
aqueles judeus que viviam no seu tempo, pois no mesmo captulo dos Salmos ele
diz explicitamente ...at que eu entrei nos santurios de Dus. Isto , ele est
se referindo a um perodo em que o Templo existia. Mas naquele tempo a
corporalidade no ocultava a Divindade no mesmo nvel como ocorre agora.
Assim sendo, como as palavras de Assaf se aplicam aos nossos tempos?
701
O Alter Rebe responde a isto dizendo que nesse versculo Assaf no estava
falando sobre ele e sua gerao, mas sobre a comunidade judaica nos tempos de
exlio. Embora ele no fosse nenhum profeta (como Rashi afirma em Meguil
14a), ele era capaz, no obstante, de falar sobre o futuro, pois ele falava sob
inspirao Divina. Daniel igualmente previu e antecipou vrios episdios
futuros, embora (como Rashi menciona em seu comentrio em Daniel) ele
tambm no fosse profeta.
18. O Rebe Shlita nota que com as palavras Isto significa o Alter Rebe est
dizendo que, diferentemente dos versculos anteriores que falam da prpria
poca de Assaf, este versculo se refere comunidade judaica no exlio. A prova
disso est no prprio fato de que depois de dizer E eu sou um tolo e nada sei,
ele continua para dizer Eu era como uma besta diante de Ti. Se Assaf est
falando dele mesmo, suas ltimas palavras so suprfluas.
Ns devemos dizer, portanto, que ele est falando da poca do exlio, quando o
vu da corporalidade to evidente que mesmo quando estou Contigo
mesmo no meio do cumprimento de uma mitsv, momento em que o judeu um
com Dus , ainda eu sou uma besta, incapaz de sentir essa unio com Dus.
Isso tambm explica por que o Alter Rebe menciona o incio do versculo (E eu
sou um tolo e nada sei), quando a mensagem de Assaf se dirige, principalmente,
segunda parte do versculo. Ele assim o faz porque as palavras iniciais do
versculo provam que a frase Eu era como uma besta diante de Ti fala do povo
judeu em tempos de exlio.
20. O Rebe Shlita explica que, com a afirmao do Alter Rebe Portanto, ser
entendida... , vrias questes problemticas so resolvidas. Primeiro: como
possvel uma pessoa iletrada ser submetida mesma punio severa que um
tsadic por transgredir a proibio de trabalhar no Shabat, ou a do po levedado,
em Pessach? A punio resultado da ao do indivduo profanando a santidade
que permeia o Shabat e as Festividades. No entanto, esta santidade no repousa
sobre a pessoa iletrada. Ento, por que ela deve ser to severamente punida?
702
que a punio do iletrado deve ser bem menos severa que a do tsadic, visto que
ele abriga apenas um reflexo da santidade desfrutada pelo tsadic.
O Rebe Shlita acrescenta que esta explicao tambm nos ajuda a entender por
que o Alter Rebe citou a evidncia especificamente da transgresso do Shabat e
dos Festivais. Estas proibies, diz o Rebe, no so intrnsecas aos atos em si,
pois fazer essas mesmas coisas em qualquer outro dia no proibido. Mais
propriamente, essas so proibies que se aplicam ao indivduo: ele no tem a
permisso de realizar tal trabalho no Shabat.
Assim sendo, ns devemos certamente dizer que a luz do Shabat ilumina a alma
da pessoa iletrada assim como ela faz com a alma do tsadic. Se no falssemos
assim, ento a questo de por que a punio no pelo erro inerente ao ato em
si, mas pela realizao desse ato pela pessoa no Shabat. Se a alma da pessoa
iletrada no fosse iluminada no mesmo grau que a do tsadic, seria impensvel
que o castigo fosse o mesmo.
703
Captulo 47
704
O captulo 47 continuar este tema, e ele responde seguinte pergunta (como o
Rebe Shlita nota): Como pode o amor refletido como a gua reflete a face para
a face ser esperado de ns nos dias de hoje, quando o amor Divino nos foi
mostrado milhares de anos atrs, na poca do xodo? A resposta dada pelo Alter
Rebe a seguinte: No somente justo esperar esse amor de um judeu quando
ele lembra o incio do xodo [e a outorga da Tor], quando o Prprio Dus desceu
(assim mostrando o Seu grande amor por ns), mas tambm, em verdade, esse
um evento presente pois o xodo uma ocorrncia diria.
, , ,
.
Este texto citado da Mishn (Pessachim 10:5), exceto que o Alter Rebe
acrescenta as palavras a cada dia. Pois o xodo no somente um evento que
ocorre em cada gerao: ele tambm um evento dirio na vida espiritual do
judeu.
, ,
O corpo uma fonte de confinamento para a alma Divina, uma vez que ele
deriva sua fora vital da kelip. desse exlio que a alma Divina escapa,
, ,- --
para ser absorvida na unio da luz do abenoado Ein Sof, ao se ocupar com Tor
e mitsvot em geral,
,
," "' ' : ,
705
Como j explicado anteriormente no captulo 46 , que a expresso nosso
Dus entendida da mesma maneira que a expresso o Dus de Abrao, e
assim por diante, porque ele se anulou e ficou absorvido na unio da luz do
abenoado Ein Sof.
exceto que Abrao mereceu essa unio em virtude de suas aes e sua ascenso
em santidade de nvel em nvel, at ele ter se elevado a esse grande nvel de
anulao e unificao do seu ser com Dus,
,"' " :
, ,
, ,
e certamente isto como se Ele nos tivesse dado Seu verdadeiro Ser, por assim
dizer. Uma vez que Sua sabedoria e Vontade so um com Ele, atravs do estudo
da Tor e do cumprimento das mitsvot ns somos capazes de tom-Lo, por assim
dizer, e ficarmos unidos com Ele.
Conforme o Zhar2 comenta sobre o versculo: que eles tragam para Mim uma
oferenda3. (4A palavra para Mim, diz o Zhar, efetivamente significa para
Me tomar tomar Dus.
706
O Zhar5 interpreta a palavra vnur, terum (oferenda) como se referindo
Tor, porquanto esta palavra composta da palavra Tor e a letra mem,
indicando que a Tor foi dada aps os 40 dias da permanncia de Moiss na
montanha. (O valor numrico da letra mem 40). O Zhar continua para
explicar que atravs da terum, atravs da Tor, os judeus so capazes de Me
tomar tomar Dus.
," "
Visto que para Mim se refere a Dus, e uma oferenda se refere Tor, seria
mais apropriado para o versculo estabelecer; Vocs tomaro a Mim e uma
oferenda (Tor), uma vez que por meio da Tor que o judeu toma a Mim,
.[
Por causa de Seu grande amor por ns, Ele nos concedeu o presente de ser o
nosso Dus, para que possamos ficar unidos com Ele. Tambm est estabelecido:
Pois com a luz do Teu semblante nos deste, Hashem, nosso Dus..., uma vez
mais enfatizando o presente que Ele nos deu, isto , que Ele nosso Dus.
Portanto
707
Uma vez que essa unio com Ele e o presente que recebemos que Ele nosso
Dus no depende do nosso servio espiritual, ele est dentro do domnio de
cada judeu. Se esse nvel fosse alcanado apenas atravs do servio espiritual da
pessoa, seria correto dizer que nem todos ainda lograram alcanar esse nvel
elevado de unio pelo qual Dus se torna o seu Dus. Porm, uma vez que nos
foi conferido esse nvel como uma herana e uma ddiva, ele se aplica igualmente
a todos os judeus. Pois um legado e um presente nada tm a ver com o status
daquele que o recebe. Se uma pessoa uma herdeira legtima, ela herda, no
importando a sua condio; se um benfeitor decide mostrar a sua benevolncia
em prol de um indivduo, este indivduo um receptor vlido, no importando o
quanto ele possa ser desmerecedor. (Isto no acontece com os salrios, que so
proporcionais ao trabalho da pessoa.) De qualquer maneira, uma vez que essa
unio igualmente alcanvel por todos os judeus, portanto
, ,
,'
nada se interpe no caminho da unio da alma com Dus e Sua luz, exceto a
vontade da pessoa; pois se a pessoa no deseja em absoluto, Dus nos livre,
apegar-se a Ele..., ento essa unio no ser alcanada.
' "'
, , ,"
Mas assim que ela deseja, e aceita e atrai sobre ela a Sua abenoada Divindade,
e declara: Hashem nosso Dus, Hashem Um7, ento certamente a sua alma
naturalmente absorvida na unidade de Dus, pois o anseio do indivduo
esprito chama esprito e desperta do Alto, e atrai e concede esprito8 e
medida adicional de espiritualidade, de modo que a pessoa atrada para Dus e
se liga a Ele.
, -
, , ,
708
Por isso foi estabelecido que o pargrafo referente ao xodo do Egito fosse lido
especificamente durante a recitao do Shem, como um acrscimo a ele, embora
ela (isto , a lembrana e verbalizao do xodo) seja um mandamento em si,
no pertencente ao mandamento de recitar o Shem, como afirmado no Talmud
e nos Cdigos9,
1. Bereshit 12:9.
2. Zhar II 101b.
3. Shemot 25:2.
6. Liturgia.
709
7. Devarim 6:4.
8. Zhar II 162b.
710
Captulo 48
Tendo anteriormente explicado que Dus mostrou Seu amor pelo povo judeu
tirando-o da servido fsica do Egito, o Alter Rebe concluiu o captulo 47
711
descrevendo o amor que Dus mostra ao Seu povo libertando-o da dimenso
espiritual da escravido no Egito. Este xodo espiritual manifestado
diariamente dentro de todas as almas judias. Portanto, natural que os judeus
devam retribuir com amor como a gua reflete a face do observador e com
isso se esforcem para superar todos os obstculos que impedem o seu servio a
Dus.
- ,- - ,
,
A luz e a vitalidade que emanam de Dus para que Ele crie e anime os Mundos
finitos no so de maneira nenhuma semelhantes luz e vitalidade encontradas
dentro dos seres criados.
A luz que emana de um ser criado no est limitada pela capacidade daquele que
a recebe; por outro lado, a luminria no tem nenhum controle sobre o seu poder
de iluminao: tendo sido criada como uma luminria, ela no tem escolha, a no
ser iluminar. A luz Divina, no entanto, enquanto possui todas as qualidades
positivas da iluminao, conforme encontrada nas luminrias criadas, no
partilha de nenhuma de suas deficincias: a luz emana da Luminria somente
quando a Luminria deseja faz-lo.
A vontade dos seres criados igualmente possui foras e fraquezas. Embora ela
escolhe livremente, por sua natureza ela limitada e restritiva. A Vontade de
Dus, ao contrrio, quando mantm os atributos positivos da vontade mortal,
no obstruda por nenhuma de suas limitaes; Sua Vontade (para iluminar,
por exemplo) no limitada, assim como Ele Prprio no tem limites.
Sendo infinita, a luz de Dus no pode produzir seres criados e finitos a menos
que ela primeiro passe por sries de auto-limitaes, contraes auto-
ocultadoras conhecidas como tsimtsumim, como ser agora estabelecido.
712
, - --
Tal o caso com respeito ao pensamento e fala. Aquilo que uma pessoa fala
encontrado primeiro dentro do seu pensamento; o pensamento a causa, e a fala
o efeito. Embora o pensamento seja mais espiritual que a fala, os dois nveis
mantm uma certa proporo entre si, pelo fato (por exemplo) de que ambos so
compostos por letras que formam palavras. E assim como em toda relao de
causa e efeito, o efeito deve partilhar das caractersticas de sua causa; seria
impossvel para uma causa gerar um efeito que seja infinitamente separado
dela.
Uma vez que a luz e a vitalidade o poder criativo que emanam de Dus so
infinitos, enquanto os seres criados so finitos, nem preciso dizer que eles no
poderiam de forma alguma surgir na forma de causa e efeito. Pois se fosse este
o caso,
,
, "
este mundo e tudo o que ele contm no seria criado na sua forma presente, em
uma ordem finita e limitada, [pois]: Da terra ao firmamento h uma distncia
de 500 anos1, 500 anos de jornada sendo uma dimenso finita,
. ,
, ,
, , ,
Mesmo o Mundo Vindouro e o Gan den Superior a morada das almas dos
grandes tsadikim e as prprias almas, e nem preciso dizer, os anjos, esto
todos no domnio de restries e limites,
713
O Rebe Shlita nota: embora tenha sido indicado anteriormente no captulo 39
que as almas se deleitam em Dus e compreendem e derivam prazer da [infinita]
luz do Ein Sof, isto no apresenta nenhuma dificuldade:
,- --
,' --
pois h um limite para a compreenso delas da luz do abenoado Ein Sof, que
brilha sobre elas atravs de estar investida em ChaBaD, e assim por diante,
,'
da, h tambm um limite para a alegria que eles derivam dos raios da Shechin,
e para o prazer deles na luz de Dus;
, -
.
pois eles so incapazes de derivar alegria e deleite de uma ordem infinita sem
terem sua existncia anulada e retornarem sua fonte.
Assim, mesmo as criaturas dos mais altos mundos espirituais so seres finitos,
e, para que sejam criados de uma maneira finita, o processo de contrao deve
ser invocado. Sendo finitos, eles so totalmente diferentes de sua fonte a
infinita luz Divina que existe antes da contrao.
. - , ,
Quanto aos complicados detalhes das contraes, como elas alcanam seus
efeitos e o que efetivamente elas so este no o lugar para sua explicao.
, ,
,
,
714
de modo que [a luz e a vitalidade] iluminem e alcancem as criaturas inferiores de
uma maneira revelada, permeando-as, e as influenciando e animando de tal modo
que elas existam do nada
Se a fora vital fosse revelada dentro delas [criaturas inferiores], elas seriam
infinitas. A contrao assegura que a luz e a vitalidade, que so a sua fora
vital, permanea oculta delas; tudo o que revelado nada mais que um grau
diminuto de luz e vitalidade.
,
, ,
Esta luz e vitalidade que revelada dentro delas depois da contrao constitui
uma iluminao infinitesimal, e verdadeiramente considerada como nada
quando comparada com a qualidade da ilimitada e infinita iluminao, e no h
nenhuma ligao ou comparao entre elas,
,
, ,
,
,
715
,
,
- ,
- ,
,"- ",
,
." " ,
Diferente da luz que permeia todos os mundos (memal col almin), que permeia
e se investe dentro deles (assim como a alma se investe no corpo), a luz
envolvente permanece afastada dos mundos.
,
,
716
O significado disso no que ela circunda e envolve de cima espacialmente, Dus
nos livre, pois, em aspectos espirituais, o aspecto de espao no aplicvel de
forma nenhuma,
mas o significado que ela circunda e envolve de cima, no que diz respeito
revelao de sua influncia,
," "
, ,
pois a sua influncia que est na categoria de revelao nos mundos, referida
como vestimenta, sendo investida dentro dos mundos, pois essa influncia
que eles recebem investida e compreendida por eles isto , eles so capazes de
compreend-la e internaliz-la,
,
. -
,
, , --
,
Para que a criao ocorra, necessariamente deve existir pelo menos algum
vislumbre de iluminao Divina, ainda que em uma forma extremamente
limitada, pois isso permite que a criao seja finita e limitada.
717
," "" "-
. ,
Mas a luz principal que est sem contrao a esse grau chamada de makif
(circundante) e sovv (abrangente), uma vez que sua influncia no revelada
dentro [dos mundos], uma vez que eles pertencem ordem do finito e do
limitado.
Para ilustrar, o Alter Rebe ir agora apresentar uma analogia da terra fsica, que
composta dos mundos inanimado e vegetal. Essas duas categorias so as menos
importantes dentre as quatro categorias homem, animal, o vegetativo e o
inanimado , e a fora vital Divina encontrada dentro deles est contrada a um
grau maior que a fora vital encontrada dentro do homem e do animal. No
entanto, as Escrituras afirmam que o mundo inteiro est cheio da glria de Dus
porque ela envolve essas duas categorias, mas no as permeia.
, , ,
Para elucidar esse ponto, considere este mundo material. Mesmo que o mundo
inteiro est pleno de Sua glria,
" : ,- --
"' ,
,
. ,
, , - --
enquanto toda a luz do abenoado Ein Sof que preenche o mundo em si de uma
maneira oculta descrita como o envolvendo, embora efetivamente ela o
permeia,
, ,
718
uma vez que a sua influncia no mais revelada nele do que revelada dentro
dos mundos inanimado e vegetal, mas o afeta de uma maneira encoberta e oculta;
pois alma deitcssia, o mundo oculto, est em um plano mais elevado que
alma deitglia, o mundo revelado.
A Divindade atrada para baixo em uma maneira oculta (do mundo oculto)
est em um plano mais alto que aquele de onde ela atrada para baixo em uma
maneira revelada (do mundo revelado). Emanando de um nvel mais elevado,
este modo de influncia Divina chamado circundando de cima.
, - ,
Quando uma pessoa forma uma imagem em sua mente de algo que ela viu ou
v,
,
, ,
mesmo que todo o corpo e a essncia daquela coisa, tanto o seu exterior como o
seu interior e seu ncleo interior, estejam completamente refletidos em sua
mente e seu pensamento, pois ela viu a coisa ou a est vendo em sua totalidade,
isto expresso dizendo que sua mente envolve o objeto completamente, e assim
como acontece no referencial da mente, tambm acontece com respeito
perspectiva do objeto visualizado:
719
, -
. ,
,"' " : --
,
. , ,
Seus Pensamentos e Sua Mente, que conhecem todos os seres criados, envolvem
cada e toda coisa criada, de sua cabea isto , de seu mais alto nvel at o seu
extremo isto , seu nvel mais baixo, e seu interior e prprio mago, tudo de
forma efetiva, e no como acontece com o pensamento do homem mortal.
, ,
, ,
Por exemplo, no caso deste globo terrestre, Seu conhecimento envolve todo o
dimetro do globo da terra, juntamente com tudo que est nela e no seu mais
profundo interior, at suas profundidades mais baixas, tudo de forma efetiva.
Toda a terra foi originalmente criada, e continua a ser criada a partir do nada,
como resultado do conhecimento que Dus tem dela.
720
,
, ,
No entanto, ela no viria a existir como ela agora, como algo finito e limitado,
com um grau extremamente diminuto de vitalidade suficiente para as categorias
das matrias inorgnicas e vegetais,
se no fosse pelo mundo ter sido criado atravs de muitas poderosas contraes
que condensaram a luz e a vitalidade investidas no globo terrestre,
. ,
,
,
Mas Seu conhecimento, o qual est unido com Sua essncia e Seu ser, pois Ele
o Conhecimento, o Conhecedor, e o Conhecido,
721
,
e conhecendo a Si Mesmo, por assim dizer, Ele conhece todos os seres criados,
'
e esta coisa no est dentro do poder dos seres humanos para que seja
compreendida claramente...*
*Nota
722
Na introduo de seu Guevurot HaShem, o Maharal levanta vrias objees
tese do Rambam. Um dos seus argumentos mais expressivos: O termo descritivo
conhecimento ou intelecto um termo de limitao. Ao denominar algo
como sendo intelecto, estamos com isso dizendo que ele no outra coisa
como sentimentos, ao, etc. , a no ser intelecto. Contudo, como podemos
dizer que Dus limitado de alguma maneira? Pois Ele o mximo em indivisvel
simplicidade, no uma combinao complexa de atributos distintos e limitados.
O intelecto, ensina o Maharal, somente uma das criaes de Dus. Sob esse
prisma, E Dus conheceu no tem nenhuma diferena de E Dus disse ou E
Dus fez. Assim como a fala e a ao de Dus no so a essncia de Dus, mas
faculdades que Ele criou, o mesmo vlido com respeito ao conhecimento os
atributos do conhecimento e do intelecto so Suas criaes.
O Alter Rebe explica nesta nota que os eruditos da Cabal apoiaram o ponto
de vista de Rambam, de que o conhecimento Divino deve ser considerado em
termos de Conhecimento, Conhecedor, e Conhecido. No entanto, eles
especificam que isso s se aplica depois que a luz do Ein Sof foi contrada nas
dez Sefirot de Atsilut Chochm, Bin e Dat (sabedoria, entendimento e
conhecimento), e assim por diante, isto , depois que a luz se investiu nos
recipientes. Somente depois que a luz de Chochm se investiu no recipiente de
Chochm, a luz da Bin se investiu no recipiente de Bin, e assim por diante
isto , somente depois que essas trs entidade j existem , possvel dizer que
esse conhecimento e intelecto est totalmente unificado com Dus. Contudo,
antes da contrao dentro dessas Sefirot, Dus supremamente transcende o
723
intelecto e a sabedoria, mesmo que eles existam na sua forma mais refinada e
abstrata.
, " ":[
724
Como Rambam, de abenoada memria, escreveu que Dus Conhecimento,
Conhecedor e Conhecido,
. " ",
, " "
Isto est tambm de acordo com a Cabal de nosso mestre, Rabi Isaac Lria, de
abenoada memria.
Foi Rabi Isaac Lria, o AriZal, o primeiro que revelou a doutrina do tsimtsum
(contrao), que ensinou que a exaltada essncia de Dus est ainda mais
removida das Sefirot do que antes se pensava. Seria assim lgico assumir que,
uma vez que ele enfatiza essa infinita distncia das Sefirot (a Sefir de Chochm,
por exemplo), ele seria incapaz de aceitar a declarao de que Ele o
Conhecimento... No entanto, este ensinamento permanece verdadeiro mesmo
de acordo com ele porm com a condio:
[: ,
Fim da nota
725
Esse conhecimento, ento, uma vez que ele de uma ordem infinita, no
descrito como investindo-se no globo terrestre, que finito e limitado, enquanto
o conhecimento de Dus ilimitado, mas como circundando-o e envolvendo-o,
mesmo que esse conhecimento abrange toda a sua densidade e interior de forma
efetiva,
: -
como explicado em outro lugar que a criao a partir do nada pode ocorrer
apenas como um resultado da luz envolvente.
rayI 41
rayI 11
1. Chaguig 13a.
Parece que aqui o Rebe explica por que o Alter Rebe especificamente escolheu
mencionar aqueles dois nmeros: eles so citados na prece que comea com
Nishmat, de acordo com a passagem em Sifrei indicada acima.
3. Yirmihu 23:24.
726
Captulo 49
O Alter Rebe explicou no captulo anterior que, uma vez que a luz e a vida
atradas de Dus para baixo infinita Ein Sof, como o seu nome indica ,
portanto, para que este mundo finito fosse criado, a luz Divina teve de sofrer
727
mltiplas contraes (tsimtsumim). Esta foi a nica maneira pela qual a criao
finita poderia resultar da luz infinita do Ein Sof; se ela tivesse sido atrada para
baixo em uma progresso ordenada, o finito jamais se consumaria.
Como ser explicado mais tarde neste captulo, todas essas contraes foram o
resultado do amor de Dus pelo povo judeu e Seu desejo para que esse povo
tivesse a oportunidade de cumprir a Tor e as mitsvot.
O Alter Rebe descrever agora essas contraes de uma forma geral, e concluir
que assim como Dus superou todos os obstculos por causa de Seu amor pelos
judeus, e criou mundos e criaturas finitos, assim tambm, como a gua reflete
a imagem de uma face, cada judeu deve superar todos os obstculos e chegar a
experimentar um amor a Dus. Alm disso, assim como Dus produziu a Sua luz
neste mundo de uma forma que transcendeu a progresso ordenada e limitada,
do mesmo modo, tambm, cada judeu deve procurar servir a Dus no somente
de uma forma ordenada e limitada, mas de uma forma sem limites, renunciando
a tudo em considerao ao seu amor por Ele. Mesmo as limitaes impostas
sobre cada judeu pela prpria natureza do mundo no devem agir como um
impedimento para o seu servio a Dus.
,- -- ,
,
,
, -
: . ,
, . , ,
728
Uma vez que Atsilut a prpria Divindade, ele no considerado sendo criado
a partir do nada, mas sim chamado de Atsilut, que significa uma emanao e
extenso da Divindade uma iluminao que vem da prpria Divindade.
, ,
, --'
Com a finalidade de criar o Mundo de Beri, que consiste das mais altas almas
e anjos cujo servio a Dus est na esfera das faculdades intelectuais de ChaBaD
que esto investidas neles isto , a Divindade revelada para eles de uma forma
intelectual, atravs das trs faculdades intelectuais de Chochm, Bin e Dat,
. ,
Uma poderosa contrao foi necessria para garantir que a luz da Divindade
manifestada em Atsilut fosse ocultada, e que apenas uma forma contrada de
luz devesse iluminar e criar criaturas do Mundo de Beri, as quais esto no nvel
de criao a partir do nada.
- ,
,
729
pois a diminuta poro de luz (diminuta, isto , em relao luz encontrada
em Atsilut) que se investe no Mundo de Beri est ainda em uma categoria de
infinito em relao ao Mundo de Yetsir, de modo que a luz de Beri teve de
passar por uma poderosa contrao antes que fosse capaz de descer at Yetsir,
,)
.(
(1Uma explicao elaborada dessas trs contraes dada em outro lugar, com
a finalidade de torn-las mais acessveis ao nosso pobre intelecto.)
, ,
, ,
, ,'
quando uma pessoa eleva a sua alma Divina e a sua alma vitalizante (uma alma
que recebe sua nutrio das kelipot, mas atravs do servio de Tor e mitsvot do
homem ela elevada e incorporada na santidade, com isso elevando as almas)
juntamente com suas vestimentas de pensamento, fala e ao, e todos os poderes
do corpo, a Dus somente, como foi discutido antes em detalhes,
730
Divino, de afetar o domnio do mal e a superioridade da luz superando a
escurido.
O Alter Rebe continua agora para dizer que, assim como o amor de Dus pelos
judeus superou todos os obstculos que (assim por dizer) ficaram no caminho
da criao deste mundo fsico, contraindo Sua luz infinita para que os seres
finitos pudessem ser criados, tambm assim deve cada judeu responder
proporcionalmente, superando todos os obstculos que o impedem de servir a
Dus. Alm disso, seu nvel de servio tambm no deve ser finito, mas infinito.
," " ,
Assim como a gua reflete uma rplica exata da face de um homem, assim
tambm, com respeito ao corao do homem para seu semelhante, o amor de
uma pessoa por outra resulta igualmente no amor desta outra pessoa pela
primeira:
, , , ,--
, ' ,
,' - ,
Como Dus (por assim dizer) deixou de lado, figurativamente falando, Sua
grande infinita luz, e a guardou e ocultou por meio de trs diferentes espcies de
contraes e tudo isso por causa de Seu amor pelo homem inferior, para
elev-lo at Dus,
Isto quer dizer que Dus criou um mundo no qual o homem pode servi-lo, e
fazendo assim o homem elevado a Dus. Mas como possvel o amor produzir
contrao, quando amor significa benevolncia e expansividade, enquanto
contrao e ocultao caracterizam severidade? O Alter Rebe responde a esta
pergunta implcita assinalando que ns encontramos aquele amor tambm
quando produzimos contrao, como na Guemar agora mencionada:
" " -
731
, ,
quanto mais ainda, e um nmero infinito de vezes mais, adequado que o homem
tambm deva abandonar e colocar de lado tudo o que ele possui, tanto
espiritualmente como fisicamente, e renunciar a tudo,
,
, , -
com a finalidade de aderir a Ele, com apego, desejo e ansiedade, sem qualquer
obstculo, interno ou externo, nem de corpo nem da alma obstculos internos
, nem dinheiro, nem esposa e filhos obstculos externos. Nenhuma dessas
coisas deve impedi-lo de aderir a Dus. Ao renunciar a tudo isso ele deixa de
lado suas necessidades mais importantes por considerao ao seu amor a Dus.
,
, ,"'"
, "
? " "? -
Por que, ento, elas so chamadas de Bnos do Shem? E por que se ordenou
que elas fossem recitadas especificamente antes dele [do Shem] quando elas no
esto de nenhuma forma aparente conectadas com ele?
O Alter Rebe explica que o propsito daquelas bnos servir como uma
preparao para o Shem. O principal propsito do Shem alcanar um amor
a Dus com as duas inclinaes de modo que no somente a alma Divina, mas
a alma animal e ytser har tambm venham a amar a Dus. E para isso a pessoa
deve primeiro meditar sobre os contedos das bnos do Shem, que descrevem
a auto-anulao dos anjos e das outras criaturas.
732
Assim, as bnos que precedem o Shem realmente se assemelham s outras
bnos. Assim como os Sbios instituram bnos para serem recitadas antes
do cumprimento de qualquer mitsv particular, com a finalidade de tornar a
pessoa um recipiente adequado para o fluxo beneficente que ela recebe de sua
observncia, assim tambm eles instituram as bnos que precedem o Shem
para que a pessoa cumpra aquela mitsv da maneira apropriada.
;'
o que quer dizer, para enfrentar qualquer coisa que impea (a ele) de amar a
Dus.
, ,""
," " - " " :
;" " - ""
Pois teu corao refere-se mulher e aos filhos do indivduo, com os quais o
corao do homem, por sua prpria natureza, est ligado. Assim, os Sbios, de
abenoada memria, comentaram6 sobre o versculo Pois Ele falou e veio a
ser7, que isto se refere mulher do indivduo; Ele ordenou, e perdurou7, isto
se refere aos seus filhos,
, , "" ,""
e por tua alma e teu poder entendido, literalmente, sua vida e seu sustento;
eles tambm no devem agir como um impedimento ao servio espiritual;
.'
733
Assim, nem as coisas que se acham no interior a alma animal e a m
inclinao , e nem aquelas coisas no exterior a mulher, os filhos e o sustento
da pessoa devem impedir algum daquelas coisas que levam ao amor a Dus.
Mas como pode o homem fsico alcanar esse nvel? de amor Divino que no
pode ser obstrudo por nada.
para este fim, portanto, que a bno de Yotsr Or foi introduzida para ser
recitada primeiro, pois nessa bno afirmado reiteradamente em detalhes e
essa meditao deve ser realmente extensa, levando em conta todos os detalhes
especficos a descrio e a ordem dos anjos parados no cume do mundo,
, ,- -
, ,"' ,' ,'"
,
, ,""
;
mas onde Dus est revelado? Toda a terra est plena de Sua glria, a saber,
a Comunidade de Israel no Alto isto , Malchut de Atsilut, a fonte das almas
judias, que chamada terra, e Israel sobre esta terra embaixo, onde os judeus
cumprem Tor e mitsvot, razo pela qual especificamente este mundo est pleno
de Sua glria: aqui que Dus Se investe e Se revela, como foi explicado
anteriormente.
734
Assim, tambm, ns encontramos relatado na9 bno de Yotsr Or, com
referncia s outras categorias de anjos, cujo lugar est em um mundo inferior
ao dos serafim, e que so, portanto, incapazes de compreender como a Divindade
est separada e distante, que os ofanim e os santos chaiot com poderoso som
declaram: Bendita seja a glria de Hashem e que ela seja atrada para baixo de
Seu lugar10, pois eles no conhecem, nem compreendem o Seu lugar o lugar
a partir de onde a Divindade revelada, razo pela qual eles dizem de Seu
lugar, qualquer que seja o lugar,
." " :
, -
Depois vem a segunda bno, que declara o grande amor de Dus pelo povo
judeu.
Hashem nosso Dus, Tu tens nos amado com amor eterno. Isto quer dizer que
Ele colocou de lado todas as supernais e sagradas hostes os anjos celestiais,
pois eles no so o propsito supremo da criao,
e fez Sua Shechin habitar sobre ns, o povo judeu, para que Ele seja chamado
nosso Dus no mesmo sentido que Ele chamado o Dus de Abrao...11, como
explicado antes12.
Abrao era completamente anulado para Dus. No mesmo nvel em que Dus
chamado o Dus de Abrao, Ele tambm chamado nosso Dus. Isto
alcanado, conforme explicado antes, atravs do cumprimento de Tor e mitsvot.
735
, ,
O amor causa ocultao e contrao. Assim, tambm, o amor de Dus por Seu
povo produziu uma certa contrao, pelo fato de que Ele escolheu o servio das
almas judias no estado em que elas so encontradas aqui embaixo investidas
em corpos fsicos e no mundo finito.
, ," "
," "
. , ,
pelo Seu amor por Seu povo Israel, com a finalidade de traz-lo para perto dEle,
para que eles [os judeus] possam ser absorvidos em Sua abenoada Unidade e
Unicidade atravs da Tor e das mitsvot.
," " -
,""
;
736
E Tu nos escolheste dentre todas as naes e lnguas: isto se refere ao corpo
material, que em seus aspectos corpreos semelhante aos corpos das naes do
mundo.
A verdadeira liberdade de escolha pode surgir apenas quando algum tem duas
opes completamente iguais. Quando duas coisas, no entanto, so desiguais,
no se pode escolher livremente uma em vez da outra as qualidades encontradas
em uma e que faltam na outra acabam determinando a escolha.
,
," " ,
Quando a pessoa inteligente refletir sobre esses assuntos nas profundezas de seu
corao e seu crebro, ento, to certo como a gua reflete a imagem de uma
face,
737
Quando o amor comparado gua que reflete a imagem de uma face afeta
uma pessoa, de modo que o amor manifesto de Dus por Seu povo desperta nela
um amor correspondente a Dus, ento:
," "
,' ,
.
Assim como o beijo envolve no somente a unio de bocas, mas tambm uma
comunho de sopros, assim tambm a unidade espiritual envolve a unio do
esprito do homem com o esprito de Dus: o esprito do homem se torna um
com o esprito de Dus.
Mas como ocorre a unio do esprito com o Esprito? Isto , que medidas devem
ser tomadas se algum busca desejar somente se apegar a Ele?
Para essa finalidade estabelecido, logo depois da frase com todo o teu
corao, e assim por diante: E estas palavras estaro... sobre o teu corao... E
falars delas...14 Como logo ser explicado, isto se refere a algum se
aprofundar no estudo da Tor e falar palavras de Tor.
-- ,
; ,--
, ,
738
enquanto a boca, como a sada do sopro e sua emergncia para um estado
revelado, representa a categoria da fala empenhada em palavras de Tor,
Quando fala palavras de Tor como est escrito: E falars delas , o esprito
emerge para um estado revelado. Assim, a unio do esprito com Esprito
principalmente realizada pela imerso da pessoa no estudo de Tor. A razo para
isso a seguinte:
O Alter Rebe agora se dirige a essa questo e diz que, mesmo sendo verdade
que para o prprio homem isto , a alma Divina a ligao com Dus
alcanada principalmente atravs do entendimento da Tor, no entanto isto
suficiente apenas para a alma Divina. Para que o plano Divino seja realizado,
isto , para que a Divindade seja atrada sobre a alma animal igualmente, e para
o mundo como um todo, o indivduo deve falar palavras de Tor. Isto porque as
palavras fsicas so pronunciadas pela alma animal, que por sua vez ser afetada
pelas palavras pronunciadas.
Uma vez que uma pessoa tem a fora para falar porque ela recebe nutrio fsica,
por conseguinte, quando ela pronuncia palavras de Tor, realizada a suprema
inteno de Dus de atrair a santidade para este mundo fsico, e o mundo inteiro
est pleno de Sua glria.
(Como pode ser facilmente entendido, esta idntica razo se aplica no somente
s palavras faladas de Tor, mas tambm explica por que as mitsvot devem ser
cumpridas com o corpo fsico e utilizando objetos do mundo material, pois
atravs deles que a Divindade expressada na alma animal e no mundo material
como um todo. Aqui, no entanto, o assunto em questo o conhecimento de
Tor. Neste caso, embora nada possa unir a alma Divina com a sua Fonte mais
completamente que a meditao sobre a Tor, no obstante, necessrio que
tambm sejam pronunciadas palavras de Tor, com a finalidade de atrair a
Divindade para a alma animal e, efetivamente, em todo o mundo material.)
739
No entanto, uma pessoa no cumpre a sua obrigao pela meditao e reflexo
somente,
- -- ,
,-- ,
a menos que a pessoa expresse as palavras com seus lbios, a fim de atrair para
baixo a luz [infinita] do abenoado Ein Sof, at para a alma vitalizante que reside
no sangue do homem, que por sua vez produzido pela ingesto de alimento dos
[mundos] mineral, vegetal e animal.
Isto quer dizer: comer e beber produz o sangue no qual a alma vitalizante est
investida, e a Divindade atrada para todos os mundos mencionados acima
quando algum fala palavras de Tor.
, , '
,"' ,' " ,
Com isso a pessoa os eleva, todos eles a alma vitalizante, e os mundos mineral,
vegetal e animal a Dus, junto com todo o universo, e faz com que eles sejam
absorvidos em Sua abenoada Unicidade e luz, a qual iluminar o mundo e seus
habitantes de uma maneira revelada, no esprito do versculo que diz: E a glria
de Dus ser revelada16 em tal medida, que toda carne a ver...
' ,
, ,
.
Pois esse o propsito da descida gradual de todos os mundos para que a glria
de Dus possa permear especialmente este mundo fsico, de uma maneira
revelada, para mudar a escurido das kelipot em luz de santidade, e a amargura
do mundo, cuja fora vital provm da kelipat nog, em doura de bondade e
santidade, como foi explicado detalhadamente no captulo 36.
, - -- ,
740
Portanto, embora o servio espiritual do homem e seu profundo entendimento
da Tor sejam capazes (atravs do pensamento apenas) de cumprir o objetivo do
seu amor aderir a Dus de uma forma da ligao de esprito com Esprito, no
entanto, a inteno de seu servio no deve ser somente por considerao da sua
alma Divina. Ela tambm deve estar de conformidade com o desejo de Dus de
atrair a Divindade para este mundo material. E isto se consegue atravs do
proferimento de palavras de Tor.
Assim, antes de nos ordenar a colocar estas palavras [da Tor] sobre o teu
corao, e em continuao a dizer que falars delas, a Tor diz: Tu amars
Hashem teu Dus com todo o teu corao, e com toda a tua alma, e com toda a
tua fora. Pois antes de a Divindade ser atrada para baixo atravs da Tor, o
homem deve primeiro iniciar, de sua parte, um despertar do amor. Somente ento
a Divindade ser atrada para baixo atravs da Tor e das mitsvot. isto o que
o Alter Rebe dir agora:
," "
entregando a Ele sua alma e tudo o que seu, como foi explicado acima.
Para que a Divindade seja propriamente atrada atravs da Tor e das mitsvot,
necessrio primeiro que haja a elevao de man, emanando do amor do
homem a Dus a uma tal medida que ele esteja pronto para renunciar a tudo por
considerao a Ele.
***
Com isto o Alter Rebe conclui o tema iniciado no captulo 46, sobre o amor
que comparado gua que reflete a imagem de uma face, e com relao ao
que ele disse, que o Shem e suas bnos introdutrias so especialmente
efetivas para despertar esse amor.
741
Mas como ocorre a unio do esprito com o Esprito... enquanto a boca, como
a sada do sopro... No entanto, uma pessoa no cumpre a sua obrigao... pois
este o propsito da descida progressiva dos Mundos...
3) Quando o Alter Rebe cita o versculo Por tudo que sai da boca de Dus o
homem vive, no o explicando de maneira alguma, ele est evidentemente se
referindo ao significado simples do texto (e no, como poderia se dizer, que o
versculo se refere a ChaBaD, a fonte da fala Divina). Que conexo, ento, existe
entre o significado textual simples do versculo e o seu contexto?
5) Como tudo isso est ligado com o que est sendo analisado no final do
captulo 49?
***
Para melhor entender as respostas do Rebe Shlita a todas essas perguntas, uma
breve introduo se faz necessria.
Do que foi dito acima, fica claro que a unio do beijo realizada
principalmente no nvel de ChaBaD; neste nvel ele capaz de revelar aquilo
que est essencialmente alm da revelao. Este tambm o significado da
expresso dos Sbios, que HaCadosh Baruch Hu senta e estuda Tor. Isto
significa que Ele, que essencialmente Cadosh Santo, separado e distante
senta (isto , Se abaixa) ao nvel da Tor. E atravs do estudo da Tor, permite-
se a um indivduo absorver esse nvel dentro dele mesmo.
***
743
At agora foi explicado que, como resultado das bnos precedentes ao Shem,
e do prprio Shem, Quando a pessoa inteligente refletir sobre esses assuntos
nas profundezas de seu corao e seu crebro, e ento sua alma se acender e
ela desejar se apegar a Dus. A direo tomada por essa forma de servio Divino
a elevao de baixo para cima, isto , o indivduo deseja abandonar as amarras
e limitaes do mundo e tornar-se um com Dus.
O Alter Rebe, portanto, inicia essa passagem dizendo: Mas como ocorre a
unio do esprito com o Esprito? No como poderamos esperar, como
descrito acima, mas: Para essa finalidade estabelecido E estas palavras
estaro... sobre o teu corao.*
O Alter Rebe est nos dizendo algo completamente novo: a unio de esprito
com Esprito alcanada no atravs da expirao da alma, mas atravs do
cumprimento do mandamento de que estas palavras estaro... sobre o teu
corao atravs da aplicao do intelecto ao estudo da Tor.
Uma vez que deve existir uma unio do esprito com o Esprito, e o Esprito
Supremo a Sabedoria Suprema, isto , Tor, a concentrao na Tor, portanto,
realiza (como explicado no captulo 5) a unio suprema do ChaBaD do homem
com o ChaBaD de Dus e isto a unio do esprito com o Esprito.
744
Se fosse assim, isto seria uma contradio com o que foi afirmado nos captulos
45 e 46, e tambm uma contradio com o significado do versculo Que Ele me
beije com beijos de Sua boca, o qual, conforme explicado anteriormente,
significa a unio da fala do homem com a fala de Dus, a fala de Dus sendo a
Halach.
O Alter Rebe, portanto, continua para afirmar: enquanto a boca, isto , a boca
Suprema assim como a boca do homem (o beijo sendo de boca a boca), como a
sada do sopro e sua emergncia para um estado revelado. Ele no fornece
qualquer explicao adicional, uma vez que ele fala do significado simples dessas
palavras, isto , que a boca emite o esprito e a sabedoria sobre a qual a pessoa
antes se concentrou. Esta sua revelao, a revelao do esprito, que a
revelao do processo de pensamento e de sua concluso. Tudo isso emitido
pela boca sob forma de revelao.
O Alter Rebe, portanto, diz que se fosse somente uma questo de um desejo
pessoal de ser absorvido em Dus, ento realmente no seria necessrio para o
indivduo falar palavras de Tor; a meditao seria suficiente. No entanto, se ele
no falar palavras de Tor, ele estar se esquivando de uma obrigao. Como o
745
Alter Rebe continua: Contudo, no se cumpre a obrigao somente pela
meditao e a ponderao.
Um judeu obrigado a atrair para baixo a luz infinita do Ein Sof at para a alma
vitalizante e o mundo como um todo. Esta obrigao no pode ser cumprida
atravs de meditao e contemplao, mas somente atravs de palavras faladas
da Tor.
O Alter Rebe, portanto, explica que realmente existe uma conexo entre os dois.
Ao falar palavras de Tor e com isso fazer a Divindade descer sobre sua alma
vitalizante e os mundos mineral, vegetal e animal, atravs disso o indivduo
tambm causar a elevao deles; eles sero todos elevados a Dus e absorvidos
em Sua luz. Assim, a mesma coisa que a pessoa realiza dentro de si prpria
atravs da meditao sobre a Tor, ela tambm realiza em sua alma vitalizante
e no mundo como um todo falando palavras de Tor.
Isto explicado pelo Alter Rebe quando ele continua a dizer: Pois este o
propsito da descida progressiva de todos os Mundos..., e esta a essncia da
inteno do servio do homem. O propsito do homem servir a Dus, e o
propsito de todos os mundos para a glria de Dus perme-los. Este o
contedo geral e a concluso fundamental das bnos que precedem o Shem
(pois o propsito do servio Divino das almas judias e o propsito de todos os
Mundos atrair a Divindade para baixo, como mencionado nos captulos
anteriores com respeito meditao que deve acompanhar a recitao dessas
bnos).
746
Assim, existe uma conexo forte e direta entre o propsito fundamental dessas
bnos e a elevao da alma vitalizante e o mundo inteiro Divindade.
Mas como isso est ligado ao amor de Dus atravs da unio do esprito com o
Esprito? O Alter Rebe explica essa ligao concluindo: Contudo, [a iniciativa
deve vir] entregando a Ele sua alma e tudo o que seu. Isto significa dizer que
a menos que uma pessoa tome primeiro a iniciativa de se entregar a Dus, a
Divindade no ser manifestada neste mundo.
***
A razo para isso que, a fim de alcanar a unio de todos os lados e ngulos
atravs do entendimento da Tor, necessrio que esse conhecimento seja
revelado dentro da alma da pessoa. Essa revelao conseguida especificamente
atravs da deciso final da Halach, e est ausente no debate intelectual que a
precede, como foi explicado antes.
Nos captulos 45 e 46, igualmente, onde o Alter Rebe fala da unio do beijo,
ele enfatiza a Palavra de Dus, isto , a Halach, e no o debate intelectual que
a precede. Pois somente dentro da Palavra de Dus, a regra halchica,
encontrado ali o intenso nvel de revelao que chamado de beijos de Sua
boca. Isto serve tambm para explicar outras sees do Tanya.
747
No entanto, isto ser entendido luz de uma afirmao do Alter Rebe no Likutei
Tor, Shir HaShirim (p. 1d), onde ele explica que o amor descrito no versculo
Que Ele me beije com beijos de Sua boca, que se refere Tor, semelhante
ao amor de um pai por seu filho nico. O amor sentido pelo pai por seu filho
to grande que ele no pode ser expresso de nenhuma maneira espiritual, mas
deve ser contrado, finalmente se expressando na forma de um beijo fsico. O
mesmo verdade com relao Tor.
O conceito aludido ali (em Likutei Tor), e discutido de uma forma mais
elaborada pelo Alter Rebe no maamar sobre Shir HaShirim no Sfer
HaMaamarim: Hanachot HaRap zal (p. 142), nos permite apreciar mais
plenamente o que efetivamente alcanado pelo cumprimento do mandamento
de falars delas. Pois ns vemos dos discursos citados acima que falar palavras
de Tor no mera descrio verbal do que est ocorrendo no ChaBaD da pessoa
(ou seja, que seu ChaBaD est ligado ao ChaBaD de Dus); mais propriamente,
a prpria contrao representada pela descida da Tor para a fala da pessoa o
veculo por meio do qual o intenso amor Divino denominado beijo expresso.
748
explicao dada que beijo resulta do grande amor daquele que d o beijo.
Assim sendo, que ligao isso pode ter com ChaBaD, que , alm de tudo, uma
manifestao do intelecto, no do amor?
Atravs do estudo da Tor, um judeu fica unido com Dus em uma maneira de
beijo, e de unio do esprito com o Esprito. Este amor primeiramente
manifestado nas faculdades intelectuais de ChaBaD, a iluminao descendo
primeiro para o Intelecto Supremo. Os Rabinos o expressam assim: O Santo
senta e estuda Tor Dus que Santo (isto , separado) senta e desce para a
Tor.
O beijo, contudo, ocorre de boca a boca, pois atravs da boca da pessoa que
o esprito ntimo e sopro revelado, e atravs da boca que o amor ntimo
expresso. Assim tambm com relao Tor. Quando algum cumpre o
mandamento de falars delas, isto no s nos diz que seu ChaBad (intelecto)
est unido com o ChaBad e o Intelecto Supremos, mas que tambm ele serve
para revelar a concluso halchica, o esprito, da Tor.
749
Quando o intelecto do indivduo est imerso nas profundezas do debate, o
esprito est em um estado de ocultao. Somente quando o esprito est
plenamente revelado, quando esse algum articula a halach consolidada, o
esprito atinge o seu estado mais completo os beijos da boca.
5. Berachot 54a.
6. Shabat 152a.
7. Tehilim 33:9.
750
Aqui, no entanto, quando os anjos proclamam santo, a inteno justamente
o oposto: eles no conhecem Ele, pois Ele Santo isto , separado, e afastado
deles.
(Isto sem querer faz surgir outra possvel pergunta: uma vez que os anjos esto
em um estado de auto-anulao, como concebvel que eles pronunciam e
declaram? De acordo com o que foi dito acima, no entanto, isto pode ser
entendido: Eles pronunciam e declaram que eles esto anulados para Dus, que
Ele separado e afastado deles, e que eles no possuem nenhuma concepo
dEle.)
11. Na Amid.
13. Captulo 2.
751
Captulo 50
752
O captulo 50 discutir uma forma diferente de amor. Em vez de uma ansiedade
para se tornar unido com Dus, ele uma sede e desejo ardente pelo Divino a
ponto de calot hanfesh, um total arrebatamento que consome a alma at ela
estar prestes a expirar rumo Divindade. O propsito desse amor, ento, que
a alma se separe do corpo, e de qualquer coisa que a ligue ao corpo, e expire na
Divindade.
- , - ,
," "
, , ,
754
os outros tipos de ouro so relacionados a este tipo. A prata, por outro lado,
no possui essa qualidade.
A mesma distino existe entre a forma de amor descrito neste captulo, que tem
a caracterstica de sede e expirao arrebatadora na Divindade, e as outras
formas de amor que no possuem essa qualidade.
," "
. -
,- - ,
, ,
Ele como carves em brasa flamejantes de uma poderosa chama que se lana
para cima (no um amor que atrado para algum objeto, mas aquele que
ascende com o fogo ardente de calot haNfesh),
e ele luta para se separar do pavio e da madeira nos quais ele se sustm.
755
Da mesma forma, a alma procura se separar do corpo, que comparado a um
pavio (captulo 35) e madeira (captulo 29), em relao ao fogo e luz da
alma7.
, ,
Isso resulta do predomnio do elemento do Fogo Divino que est na alma Divina,
diferente de outras formas de amor que derivam do elemento da gua na alma
Divina.
," " : ,
Dali a alma chega a [um estado de] sede. Assim como, no domnio fsico, algum
chega a sentir sede quando o elemento do Fogo predomina, assim tambm no
domnio espiritual: a ascendncia do elemento do Fogo na alma Divina cria uma
sede dentro da alma, como est escrito:8 Minha alma tem sede de Ti9.
," "
Ento ela chega ao nvel de paixo10, onde a alma fica doente por amor a Dus,
assim como uma sede fsica no saciada leva a um estado de enfermidade.
." " : ,
E ento comea uma verdadeira expirao da alma (calot haNfesh), como est
escrito: E minha alma definha11. Se no fosse pela conseqente sensao
contrria de retraimento e auto-conteno (como explicado mais tarde), a alma
literalmente expiraria.
" "- , - ]
,[ - " " :
756
, , ,
O servio a Dus dos Levitas era erguer a voz deles em melodia e agradecimento,
com cntico e msica, melodia e harmonia. A msica, de forma caracterstica,
combina sentimentos variados e at opostos, alguns srios (derivados de
Guevur) e outros alegres (derivados de Chssed).
," "
,
.[]
Tal a natureza desse amor intenso, como uma chama descarregada do bazac,
como mencionado na Guemar (Chaguig, cap. 2)17.
Uma traduo de bazac um cadinho para refinar ouro, no qual a chama lampeja
para fora e imediatamente se retrai. Em Yechezkel 1:14, os anjos chamados santos
chaiot avanam e recuam (rats vashov) como a aparncia do bazac.
Igualmente, o amor a Dus que estamos discutindo neste captulo, primeiro
experimenta rats, um estado no qual a alma se lana para frente como se
estivesse prestes a expirar. Mas depois sobrevm o estado de shov, como est
escrito no Sfer Yetsir: Se teu corao corre, retorna para Um. Em outras
palavras, quando o seu corao busca experimentar o calot hanfesh, expirando
na Divindade, ento voc deve retornar para o Um abstenha-se dessa direo
e retorna, com a finalidade de trazer a revelao da Unicidade de Dus para este
mundo fsico. Neste ponto, a pessoa percebe que o calot hanfesh no o
propsito Divino, o qual, ao contrrio, que a alma permanea no corpo e
cumpra a Tor e as mitsvot, com isso revelando o Um, a unidade de Dus neste
mundo.
, ,
'
: ,
impossvel explicar esse assunto com clareza por escrito. Contudo, todo
indivduo com um corao sensvel (isto , que tenha um corao perfeito), que
possui entendimento (que usa a sua faculdade de Bin), que inteligente para
captar um tema (usando a sua faculdade de Chochm), e se aprofunda para ligar
757
sua mente e entendimento a Dus (usando a sua faculdade de Dat), encontrar
o bem e a luz oculta dentro de sua alma inteligente, cada um conforme a sua
capacidade:
,['] '
(uma pessoa afetada de uma maneira, por um tipo de meditao, ...e outra
afetada de outra maneira, por um diferente tipo de meditao),
",
." '
aps prefaciar esta meditao pelo temor do pecado, o temor de errar pelo
pecado, com a finalidade de ficar totalmente afastado do mal, abstendo-se de
cometer qualquer erro, para evitar suas transgresses se interpem entre vocs
e Dus..., Dus nos livre.
Em outras palavras, qualquer que seja a forma de exaltao que o amor a Dus
tomar, deve-se primeiro ficar totalmente afastado da m ao.
***
O Alter Rebe agora explicar que, uma vez que esse amor a Dus seja de tal
forma que a alma fique prestes a expirar, ele no pode inspirar algum a
imediatamente servir a Dus atravs da Tor e das mitsvot.
, ,
, ""
Conforme est escrito no Sfer Yetsir: Se teu corao se apressa, retorna para
o Um. Se teu corao se apressa refere-se paixo da alma, que est no lado
direito do corao (a morada da alma Divina), quando esta paixo predomina e
se incendeia, e arde em tamanho arrebatamento que a alma consumida com um
758
desejo (calot haNfesh) para lanar-se ao colo de seu Pai, sua Fonte, Aquele que
d vida,
e para deixar o seu confinamento no corpo corpreo e fsico para apegar-se a Ele,
abenoado Ele seja.
" " ,
Ento a pessoa deve profundamente ser tocada pelo ensinamento dos nossos
Sbios, de abenoada memria: contra tua vontade [tu] vives18 a despeito da
sua ansiedade em expirar no calot haNfesh, voc deve, no obstante,
permanecer vivo,
- ,
, ,
nesse corpo, para mant-lo vivo, com o propsito de atrair para baixo a superior
fora vitalizadora da Vida da vida, abenoado Ele seja, atravs da Tor da vida.
Atravs disso, haver um lugar de morada nos mundos inferiores e seres criados,
para a Sua abenoada Unicidade em um estado revelado,
como explicado acima, que este o supremo objetivo Divino que o servio a
Dus do ser humano deve fazer do mundo uma morada para Ele. E este o
significado de retorna para o Um recuar de seu amor a Dus em um estado
de calot haNfesh, por considerao ao Um, pelo propsito de revelar da
Unicidade de Dus no mundo.
," " :
." "
759
E, como explicado no sagrado Zhar: Para que haja Um em um, significando
que a unio que est oculta o Um do nvel ou mundo espiritual mais elevado
se tornar um aspecto do mundo revelado ficando manifesto na Unicidade
de um nvel ou mundo inferior.
."' " :
,"' , " :
Deste ditado, contra tua vontade [tu] vives, ns aprendemos que em nosso
servio a Dus ns devemos, preferencialmente, desejar o oposto de se manter
vivo (calot hanfesh), e que permanecer vivo dentro do corpo tem de ser,
forosamente, contra a nossa vontade. Por outro lado, do segundo ditado,
contra tua vontade [tu] morrers, ns aprendemos que devemos desejar
permanecer vivos, e que o oposto da vida, calot hanfesh, deve ser contra a nossa
vontade. Assim sendo, surge a seguinte pergunta:
? -
Ns podemos entender isto de acordo com o que foi explicado acima: primeiro,
a pessoa deve chegar ao ponto onde ela pode despertar dentro de si um amor to
intenso a Dus que ela deseja calot hanfesh, permanecendo viva contra sua
vontade somente pelo propsito de cumprir a Vontade de Dus para que ela
revele a Divindade e Sua Unicidade no mundo. Este o significado de contra
tua vontade [tu] vives.
Depois disso, quando algum j est em um estado de recuo, ento ele deve
mais uma vez despertar dentro dele o amor a Dus que se lana em calot
hanfesh. Dessa maneira, o indivduo injeta no mundo, neste estado de recuar,
760
uma qualidade espiritual mais elevada. Ainda mais, neste estado de retroceder
para o mundo, ele pode at ser atrado para questes mundanas inferiores. Para
prevenir essa possibilidade, ele deve mais uma vez despertar dentro de si mesmo
a sensao de correr para frente, amando a Dus at o ponto de calot hanfesh.
Este o significado de contra tua vontade [tu] morrer isto , contra a sua
vontade, que agora est em um estado de recuar, o exato oposto de calot
hanfesh, que significa expirar e abandonar o corpo.
," " :
:-
Isto significa que, quando o amor a Dus da pessoa se lana em calot hanfesh,
ela se esfora contra a sua vontade de permanecer vivo dentro do corpo, com a
finalidade de revelar neste mundo aqui embaixo a Vida da vida, esta fora
Divina que d vida ao mundo20.
3. O Rebe Shlita cita II Reis 12:5, que afirma: Toda prata (kssef) doada para
propsitos sagrados deve ser levada para a Casa de Hashem e o versculo
seguinte diz que essa prata deve ser confiada aos Cohanim. Em termos
espirituais, isto significa que a prata sagrada (kssef), cujo termo, conforme
mencionado acima, est etimologicamente relacionado nsia, o domnio dos
Cohanim.
O Rebe tambm cita Tor Or, ao final da poro da Tor de Ki Tiss, onde
feita referncia ao shkel sagrado, que era uma moeda de prata.
4. Bereshit 31:30.
6. O Rebe Shlita comenta que isto parece contradizer uma afirmao do Alter
Rebe no captulo 9. L ele fala de algum que alcanou um amor a Dus,
761
queimando em seu corao como um fogo... [e] sua alma... se consumir por
anseio e desejo... ascendendo para alcanar o nvel de ahav rab (amor
abundante) e este nvel superior de amor deriva do elemento da gua.
Aqui, no entanto, o Alter Rebe diz que a forma superior de amor aquele que
queima em seu corao como um fogo... [e] sua alma... se consumir por anseio
e desejo como o ouro superior prata.
8. Tehilim 63:2.
762
No caso de um penitente, essa ansiedade seria compreensvel. Pois, como
explicado no captulo 7, a alma do penitente tem sede de Dus, como o solo
ressecado do deserto tem sede de gua. Mas aqui ns estamos falando aqui de
um indivduo que transcendeu inclusive o nvel de Tu ansiaste muito pela casa
do teu pai. Como ento podemos dizer que uma pessoa to prxima de Dus
anseia e tem sede por Ele?
O Alter Rebe, portanto, cita o versculo que diz minha alma tem sede de ti.
Isto foi falado pelo Rei David, que estava em um nvel espiritual to superior
que ele tinha subjugado completamente a sua m inclinao e transformado sua
alma animal em santidade. Nossos Sbios atestam isso, quando, ao comentar
sobre o versculo Meu corao est aniquilado dentro de mim, eles assinalam
que o Rei David havia extirpado completamente a sua m inclinao atravs de
jejum. Quando uma pessoa como o Rei David, que estava totalmente livre de
qualquer m inclinao, afirma que sua alma tem sede de Dus, ele est
certamente se referindo sua alma Divina. Assim, ns vemos, a partir desse
versculo, que possvel para a alma Divina de um indivduo totalmente justo
ter sede de Dus.
Isto respondido na parte final do versculo, que estabelece: ...numa terra seca,
exausta e sem gua. Uma vez que o Rei David comps este salmo no Deserto
de Yehud, quando estava exilado de Jerusalm, ele estava em um estado de
anseio. Espiritualmente a mesma coisa: quando uma alma Divina se encontra
neste mundo, ela est em um deserto. Embora ela possa alcanar um nvel
elevado de compreenso da Divindade, assim encontrando-se num deserto de
Yehud, seu presente estado espiritual no pode ser comparado, em absoluto,
com seu estado espiritual anterior, antes de sua descida para este mundo. Da a
sua sede por Dus.
Alm disso, escreve o Rebe Shlita, pode-se dizer que o versculo mencionado
tambm serve para mostrar que a contemplao em si leva a esta sede, pois a
frase Minha alma tem sede de Ti precedida pelas palavras Dus! Tu s meu
Todo-Poderoso, eu Te procuro. Portanto, a meditao sobre a grandeza de Dus,
pela qual a pessoa busca Dus, leva a ter sede dEle.
13. O Rebe Shlita assinala que, ao dizer que os Levitas de hoje sero os Cohanim
no futuro, o Alter Rebe antecipa a seguinte questo:
A resposta est em dizer que o amor dos Levitas realmente superior; o mundo,
no entanto, tem necessidade de elevao. Quando isso ocorrer, os Levitas de hoje
se tornaro os Cohanim do futuro e deixaro de ser subservientes aos Cohanim.
16. O Rebe Shlita observa que o Alter Rebe acrescenta as palavras de hoje
(os Levitas de hoje sero os Cohanim do futuro) com a finalidade de evitar a
seguinte pergunta: a Tor foi dada para ns e nossos filhos para sempre
(Devarim 29:28). O Rambam comenta que ns aprendemos deste versculo que
um dos principais princpios da Tor que ela permanece imutvel (Hilchot
Yessodei HaTor, cap. 9). Como, ento, podemos dizer que uma das leis da Tor
ser mudada (Dus nos livre), de modo que os Levitas se tornaro Cohanim, com
todas as mudanas na lei da Tor que tal transformao exige?
O Alter Rebe, portanto, escreve que isso no significa que aqueles Levitas
nascidos no futuro se tornaro Cohanim. Mais propriamente, isto significa que
aqueles judeus que presentemente so Levitas no futuro nascero em famlias de
Cohanim, com isso tornando-os legalmente Cohanim.
A resposta, diz o Rebe Shlita, est no fato de que os Levitas nascem dessa
maneira (como Levitas) porque a fonte espiritual da alma deles, e portanto o
764
servio Divino deles tanto no Templo como agora de Guevur. Assim,
tambm, com respeito aos Cohanim: a fonte deles Chssed. Uma vez que aps
a vinda de Mashiach o servio motivado por Guevur ir superar o servio
movido por Chssed, aqueles que hoje so Levitas nascero em famlias de
Cohanim para alcanar o nvel espiritual superior deles.
17. 13b.
20. Para uma breve explicao e motivo para tudo o que foi mencionado acima,
ver Torat Chayim, Vayishlach, discurso que comea com Vayicach, cap. 4;
baseado em Tor Or 25b. Ver tambm Acharei Mot 5649, p. 25 em diante. (
Nota do Rebe Shlita.)
765
Captulo 51
A pgina de ttulo do Tanya nos diz que toda a obra baseada sobre o versculo
(Devarim 30:14): Pois esta coisa (a Tor) est muito prxima de ti, em tua boca
766
e em teu corao para que tu possas faz-la. E a frase conclusiva (para que tu
possas faz-la) implica que o objetivo supremo de toda a Tor o cumprimento
das mitsvot na prtica.
Nessa unio da alma com Dus atravs das mitsvot (o captulo 35 continua)
existem dois nveis. Atravs do estudo da Tor, a luz da Shechin revelada
dentro da alma, juntamente com as duas vestimentas interiores da alma
767
pensamento e fala , que se tornam absorvidas na luz de Dus e unidas com ela
em completa unio. Mas para a Shechin repousar sobre o corpo fsico e sobre
a alma animal que o anima, as mitsvot devem ser cumpridas em ao efetiva, no
nvel fsico e isto s pode ocorrer por meio da alma animadora (ou vitalizante),
junto com o corpo.
O captulo 51 agora explica ainda mais o ensinamento da Yenuc que essa luz
(da Shechin) necessita de leo. No Zhar, leo geralmente se refere Sefir
de Chochm (literalmente, sabedoria). Aqui, no entanto, a Yenuc refere-se a
ele como boas aes. Qual a conexo entre as mitsvot prticas e o leo, que
se refere Chochm? Para esclarecer isso, o captulo 51 explicar o significado
do conceito de que a Shechin mora (ou repousa) sobre algo, e como as
mitsvot prticas derivam do nvel Divino de Chochm, razo pela qual elas
podem servir como leo, que permite luz da Shechin permanecer ardendo
sobre o pavio o corpo humano.
, ,
Ento, que ligao as boas aes tm com o leo, que usualmente se refere
Chochm?.
768
? -
e igualmente qualquer outro lugar onde reside a Shechin o que este conceito
significa? O que significa quando ns dizemos que um determinado lugar
reconhecido como sendo um lugar onde a Shechin reside, diferenciando-o de
qualquer outro lugar?
Certamente o mundo inteiro est pleno de Sua glria, e nenhum lugar est
vazio dEle!
O Alter Rebe explicar agora que a moradia da Shechin sobre algo significa a
revelao desse aspecto da Presena de Dus conhecida como Shechin. Embora
Dus exista em toda parte, Sua existncia encoberta. Mas quando a Shechin
reside sobre algo, isto denota uma revelao da Divindade.
," " : ,
, "
Por meio de uma analogia: A alma humana2 permeia todos os 248 rgos do
corpo, desde a cabea (a parte mais alta do corpo) at o p (a parte mais baixa
do corpo);
A alma permeia o corpo a tal ponto que nenhum rgo ou parte dele permanece
desprovido da alma.
,
,
769
a sua vitalidade e quanto a isso todos os rgos so iguais. Este um aspecto
da emanao da alma do crebro para os rgos, e na terminologia chassdica ela
pode ser chamada de luz uma revelao que completamente igual. Um
segundo aspecto da emanao que os rgos derivam da alma que est no crebro
o seguinte:
[alm disso,] cada rgo recebe dela (a alma) uma forma diferente de fora vital
e um poder funcional apropriado para ela de acordo com a composio e a
natureza (dos rgos):
O olho recebe da alma uma fora vital e a capacidade para ver; o poder da viso
de acordo com a natureza suave e transparente do tecido ocular;
, , ,
o ouvido recebe da alma a fora vital e a capacidade para ouvir; a boca, para
falar; e os ps, para andar3 cada rgo no corpo conforme sua composio e
sua natureza, recebe sua fora vital e capacidade da alma que reside e se torna
revelada inicialmente no crebro
. "
A ttulo de introduo: a fora vital da alma que anima o corpo compreende dois
aspectos. Um sua fora vitalizante pelo fato de que todo corpo est vivo e
extrai sua vitalidade da alma. Nesse aspecto no h nenhuma diferena entre um
rgo e outro. A cabea, por exemplo, no est mais viva que o p, assim como
o p no est menos vivo que a cabea. Todo o corpo, com todos os seus rgos,
770
est igualmente vivo em toda a sua extenso. Na terminologia chassdica, este
aspecto da fora vitalizante chamado de luz da alma (pois a luz brilha
igualmente sobre tudo em volta da fonte de luz, independentemente da
qualidade ou natureza dos objetos que recebem a luz).
O segundo aspecto da fora vital da alma o poder funcional especfico que cada
rgo extrai da alma. Este poder nico para cada rgo o olho recebe da alma
o poder da viso; o ouvido, da audio; a boca, o poder da fala; e o p, o poder
de andar.
A maneira pela qual o rgo recebe esta ltima fora vital e poder funcional
pode ser explicada de dois modos.
Primeiro, que a fora vital que emana da alma para o rgo inteiramente
simples e incomposta, no possuindo nenhuma das diversas qualidades e
poderes dos vrios rgos. De acordo com essa explicao, os vrios poderes
funcionais dos rgos seriam diferenciados (com respeito fora vital que emana
para eles da alma) somente depois que a fora vital efetivamente fica investida
dentro dos rgos. Por exemplo, somente depois que a fora vital se investisse
dentro do olho ela se tornaria o poder da viso, e somente depois que ela se
investisse dentro do ouvido ela se tornaria o poder da audio.
Uma analogia para essa explicao seria a gua dentro de um recipiente de vidro
colorido. Embora ela permanea incolor, mas por ela ser vista atravs das paredes
de um recipiente branco ou vermelho, por exemplo, ela parece branca ou
vermelha ao observador. Da mesma maneira, cada rgo recebe da alma uma
fora vital simples, incomposta, e o rgo que d fora vital investida dentro
dele sua capacidade funcional especfica: o olho permite fora vital dar o poder
da viso, e o ouvido possibilita fora vital investida nele dar o poder da audio.
Pode-se argumentar (de acordo com a explicao que o Tanya no aceita) que,
quando um rgo particular produz um poder funcional na fora vital atrada da
alma para ele, essa diferenciao se torna adquirida na fora vital (como um
lingote de prata que, uma vez moldado na forma de um recipiente, permanece
depois nessa forma). De acordo com esse argumento, a diferena causada por
cada rgo na fora vital atrada da alma para ele permanece tambm na sensao
transmitida de volta pelo rgo para o crebro mesmo depois que ela deixa o
rgo. Esta seria a causa para as diferentes mensagens recebidas pelo crebro
para as diferentes ocorrncias e sensaes experimentadas pelo olho e o ouvido,
por exemplo.
Se, no entanto, ns dizemos que a alma, que est baseada no crebro, transcende
inteiramente a qualquer espcie de diferenciao (mesmo uma diferenciao em
potencial, em que os vrios poderes dos rgos esto includos dentro da alma),
ento a alma dentro do crebro no distinguiria entre a sensao do que ocorre
no olho da sensao do que ocorre no ouvido ou em outros rgos, porque a
alma em si (de acordo com essa explicao) inteiramente simples e incomposta.
Portanto, mesmo que as mensagens vindas dos vrios rgos para o crebro
sejam, realmente, diferentes umas das outras, contudo essa diferena no seria
reconhecida pela alma no crebro, que inteiramente transcende todas as
diferenas entre as funes orgnicas.
Portanto, somos obrigados a dizer que uma diferena existe entre os vrios
poderes funcionais mais tarde revelados nos rgos, mesmo antes de a fora vital
ser efetivamente atrada da alma para os rgos. O Tanya ir agora explicar em
que nvel da alma essa diferenciao ocorre.
772
,
" - ,
, ,"
Porque, de acordo com isso, concluiramos que a essncia e ser da alma est
arranjada em um arranjo fsico, e uma forma e estrutura semelhante estrutura
do corpo, Dus nos livre. Assim como os rgos do corpo possuem vrios
aspectos e formas, assim, de acordo com essa perspectiva, os poderes funcionais
so, enquanto ainda esto dentro da alma, diferentes uns dos outros na forma.
Porm, mais uma vez, no podemos aceitar isso:
Ao contrrio, a alma totalmente uma entidade espiritual nica ela (1) uma
entidade simples, (2) uma entidade espiritual. Como uma entidade nica, sua
unicidade simples e incomposta. Como uma entidade espiritual, sua
espiritualidade uma forma que est despida de qualquer estruturao fsica, e
de qualquer tipo de definio de espao, medida ou limitao fsicos.
A alma est livre de todas essas dimenses em virtude de sua essncia e ser
intrnseco. De fato, a alma to simples e livre de todos esses aspectos, que
mesmo quando ela est investida dentro dos rgos, eles no podem causar
qualquer mudana na alma. Portanto, o Alter Rebe continua:
773
,
,
E no vlido dizer, referente essncia e ser da alma, que ela se encontra mais
no crebro da cabea que nos ps, uma vez que sua essncia e ser no est sujeita
ao conceito e dimenso de espao e limitao fsicos. Portanto, impossvel
atribuir alma essa limitao de estar mais na cabea que nos ps.
, "
,
" "
. " " ,
774
" ,
, -
,
sobre esse fluxo [os Sbios] disseram que a principal morada e residncia desse
fluxo e revelao dos poderes e foras previamente ocultos est inteiramente
situado nos crebros da cabea.
,
. --
, ,
,
E no somente isso que os crebros recebem sua prpria fora vital antes que
os outros rgos , mas tambm o fluxo geral de todas as correntes individuais
de vitalidade para os outros rgos, tambm primeiro includo e investido nos
crebros da cabea antes de se tornar revelado nos rgos individuais,
,
,
,
.' , :
Dali, do crebro, irradiam fluxos para todos os outros rgos, cada qual ento
recebe o poder funcional e a fora vital apropriada para ele de acordo com sua
775
composio e seu carter: o poder da viso revelado no olho, o poder da
audio, no ouvido, e assim por diante.
Em outras palavras: em que ponto um poder de viso passa a existir, pronto para
ser revelado no olho, e um poder de audio, no ouvido? Somente depois que a
fora vital geral de todo o corpo atrada para o crebro de uma maneira geral,
ento uma radiao atrada dali para cada rgo, uma radiao que j est
constituda de acordo com o carter particular do rgo individual.
,
,
Mas todos os poderes funcionais fluem do crebro, como sabido4, pois ali, no
crebro, est localizado o principal lugar de morada de toda a alma, de uma
forma revelada,
.
,
.
uma vez que ali, no crebro, a fora vital geral que flui da alma revelada.
Somente as faculdades individuais da fora vital geral que brilha e irradia dali,
do crebro, para todos os rgos do corpo, assim como a luz do sol irradia de l
para os mais interiores aposentos.
.[ , ,]
No captulo 12, foi explicado que o homem criado com uma supremacia natural
do crebro sobre o corao, e o motivo explicado aqui porque o corao,
apesar de sua centralidade, deve, por sua vez, receber a sua prpria fora vital da
alma atravs do crebro.
, - - , ,
776
De um modo verdadeiramente semelhante, figurativamente falando, o
abenoado Ein Sof preenche todos os mundos para anim-los.
Existe uma marcante similaridade entre a alma permeando o corpo e o Ein Sof
permeando todos os mundos. Assim como na analogia a alma se encontra e se
expande dentro do corpo inteiro, de uma maneira paralela o Ein Sof preenche e
encontrado em todos os mundos.
,
,'
.' ,
, - - ,
,
Portanto, o ncleo e essncia do abenoado Ein Sof o mesmo nos mais elevados,
assim como nos mais baixos mundos, como no exemplo da alma mencionado
acima, onde o Alter Rebe explicou que o ncleo e essncia da alma no
divisvel, e assim no se pode dizer que ela encontrada no crebro em maior
medida do que encontrada nos ps,
," " :
como est escrito nos Tikunim que Ele o Oculto acima de todos os ocultos.
777
,
,
Isto quer dizer que mesmo nos mundos mais sublimes e ocultos Ele est oculto
e encoberto dentro deles, assim como Ele est oculto e encoberto nos mundos
inferiores,
Assim, a inteno do Tikunei Zhar no dizer que Dus est mais oculto que
todas as outras coisas ocultas, mas que Ele est oculto at mesmo dos mundos
ocultos. A razo para isso:
, ,
. ,
E Ele encontrado, isto , com respeito aonde Dus encontrado: assim como
Ele encontrado l nos mundos mais elevados , assim Ele encontrado nos
mundos mais baixos.
,
- -
O Alter Rebe logo concluir que essa revelao intencionada com o propsito
de vitalizar os mundos e seus habitantes, pois a vitalidade de todos os mundos
e criaturas deriva da revelao da Divindade dentro deles. Assim, a diferena
entre os mundos superiores e os inferiores est na variedade dos nveis de
revelao Divina dentro deles.
778
"] "
.[
Pois os mundos superiores recebem sua vitalidade e luz de uma forma pouco
mais revelada que os inferiores;
779
revelada dentro dele, e conforme a forma na qual esta vitalidade ser revelada
seja como uma revelao de intelecto e compreenso, ou de uma maneira
emotiva.
(Mas isto no quer dizer que a natureza oculta a revelao; ao contrrio, ela
a infunde e a ilumina Nota do Rebe Shlita.)
- -
;
que a natureza e forma do fluxo particular com o qual o abenoado Ein Sof a
infunde e a ilumina.
, , ,
- -
.
mas somente por meio de muitas vestimentas, nas quais o abenoado Ein Sof
investe a vitalidade e a luz que Ele faz fluir e brilhar sobre eles para anim-los.
-
,
Essas vestimentas onde o abenoado Ein Sof investe e oculta a luz e a vitalidade,
so to fortes e poderosas,
780
isto , as vestimentas no so apenas numerosas em quantidade, mas elas so
tambm de tal gnero que a habilidade delas para ocultar maior que a das
vestimentas comuns,
que com isso, com essa fora vital e luz, Ele criou este mundo que
verdadeiramente fsico e corpreo6,
e [Dus] o cria e o anima pela vitalidade e luz que Ele atrai para baixo e brilha
sobre ele.
,
,
Observar as coisas corpreas, tal como a esfera fsica da Terra, pode fazer uma
pessoa imaginar que elas so inteiramente inanimadas totalmente destitudas
de qualquer vitalidade espiritual.
,
,
Porm elas contm luz e vitalidade que constantemente as criam a partir do nada,
de modo que elas no revertam para a no-existncia, como eram antes de serem
criadas.
A criao a partir do nada deve ser constante: o fato de que o mundo e suas
criaturas j foram uma vez criados durante os Seis Dias da Criao no
suficiente. Pelo contrrio, deve haver uma constante renovao da criao a
partir de sua fonte. Assim, a luz e vitalidade Divina que responsvel pela
criao constantemente encontrada dentro dos seres criados, embora de uma
forma oculta.
781
, ,- -
Essa luz vem do abenoado Ein Sof, exceto que ela est investida em muitas
vestimentas,
, ,
,
como est escrito em ts Chayim, que a luz e vitalidade da esfera fsica da Terra,
que vista pelos olhos mortais, derivada de Malchut de Malchut de Assi,
,'
'
:- -
Assim, mesmo a esfera fsica da Terra contm a luz e a vitalidade Divina. Isto
resulta do fato de a luz passar atravs das Sefirot dos vrios mundos as Sefirot
sendo a Divindade de cada mundo , bem como atravs de numerosas e
poderosamente densas vestimentas que servem para ocultar essa vitalidade.
782
inferiores; Ele est igualmente oculto de todos eles e Ele igualmente encontrado
em todos eles.
1. Yiov 19:26.
6. O Rebe Shlita comenta que o Alter Rebe escreve este mundo que
verdadeiramente fsico e corpreo porque este mundo tambm existe em um
plano espiritual, e o Alter Rebe est se referindo ao aspecto inanimado deste
mundo no qual nenhuma vitalidade revelada. No entanto, aqueles aspectos
deste mundo, como o vegetativo e o animal, nos quais alguma medida de
vitalidade revelada, extraem sua fora vital de uma forma diferente e mais
revelada. Isto assim apesar do fato de que aqueles nveis tambm recebem a
vitalidade deles de Malchut de Malchut de Assi, como afirmado antes, em
Iguret HaCdesh, Epstola 70 (p. 264 na edio padro do Tanya, Vilna,
1899).
783
de ter afirmado anteriormente que a referncia feita aqui a este mundo
corpreo e fsico um mundo cuja criao necessariamente deve ser a partir do
nada; (b) a expresso que vista pelos olhos mortais; e (c) um nmero de
outras frases intencionalmente especficas.
O motivo para tudo isso acima que o Alter Rebe est falando
particularmente do aspecto inanimado deste mundo. Com relao a isso, ele
em seguida menciona o ts Chayim, que diz que essa vitalidade emana de
Malchut de Malchut de Assi. No entanto, com respeito ao Mundo de Assi
como um todo, que tambm inclui o Mundo de Assi espiritual, o Alter Rebe
dir nos captulos 52 e 53 que eles extraem a sua fora vital de Malchut de
Assi, e no de Malchut de Malchut de Assi.
784
Captulo 52
785
lugares. Ele perguntou: O mundo inteiro no est pleno de Sua glria? Como
no h nenhum lugar vazio dEle, o que significa quando dizemos que Dus
escolheu um lugar especfico para a Shechin pairar?
Ele explicou isto de acordo com o texto: E da minha carne eu vejo Dus, usando
a analogia da alma, que permeia todos os 248 rgos do corpo, embora sua
principal habitao seja no crebro. Isto no pode se aplicar essncia da alma,
pois esta igualmente encontrada em todos os 248 rgos, desde o mais elevado,
o crebro, ao mais baixo, nos ps. Ao contrrio, isto se refere ao fluxo geral da
vitalidade da alma para o corpo e sua revelao ali, antes de ela ser atrada para
baixo e difundida em todos os rgos do corpo, cada um de acordo com a sua
capacidade particular.
Com referncia a esse aspecto geral, ns dizemos que sua principal regio e
morada est no crebro; dali, um mero vislumbre dessa vitalidade atrado para
baixo e revelado em outros rgos do corpo.
,
,
786
, , ,
-
," ",
As Sefirot de Kter (Vontade), Chochm, Bin e Dat, tal como elas existem
Acima, so coletivamente chamadas de inteligncia. Dentro delas est
investida a corrente de vitalidade no difundida, que a primeira revelao do
Ein Sof nos Mundos.
. ,
,
787
os Mundos e suas criaturas, cada um de acordo com seu nvel particular. O
brilho difuso que emitido :
,
.
de uma forma similar luz que irradia do sol, como exemplo, onde os raios so
apenas um vislumbre difuso da essncia do sol, ou como as faculdades dos rgos
do corpo derivam do crebro, como discutido acima no captulo anterior.
," "
essa fonte (essa fonte sendo uma revelao da corrente geral de vitalidade
encontrada dentro da inteligncia) que chamada na Cabal de mundo da
manifestao, porque como o Alter Rebe logo dir aqui que a Divindade
primeiramente se manifesta nos Mundos.
,""
,""
e chamada a Shechin, da frase da Tor2 ...e Eu morarei entre eles, pois sua
raiz hebraica significa morar e ser revelado3.
,--
Ela chamada de rainha porque esse nvel que se estende para os Mundos e
os ilumina de maneira revelada semelhante uma rainha, pois atravs dela os
desejos do rei so revelados.
Assim, a fonte da vida, isto , a primeira revelao da luz do Ein Sof se manifesta
primeiro na rainha.
e ela (a luz) habita e se investe neles (nos Mundos e suas respectivas criaturas),
com isso animando-os.
Uma vez que ela habita, anima e se investe em cada Mundo e criatura, ela
chamada Shechin, que significa, como previamente explicado, morada
At agora o Alter Rebe esclareceu como a luz a fonte dos Mundos e das
criaturas, em geral. Ele agora ir explicar como ela tambm a fonte das almas
judias.
," "
789
de uma forma semelhante irradiao da luz do sol, sendo essa irradiao apenas
um raio de sua fonte.
- - , ,
,
[]
(4toda a vitalidade deles no sendo mais que a luz que difundida dela, como a
luz irradiada do sol),
,
, ,
,
. , ,
Assim, tambm, uma vez que a Shechin a fonte de vitalidade de toda a criao,
que recebe apenas um raio da Shechin, ento, se a prpria Shechin a fonte
efetiva se manifestasse, todos os seres criados seriam anulados naquela fonte.
A situao deles seria exatamente similar aos raios do sol que se encontram
dentro da esfera do sol, onde eles esto completamente anulados.
Para a Shechin habitar dentro dos Mundos e de suas criaturas, deve existir,
portanto, uma vestimenta que sirva para ocultar sua luz. Somente ento a
criao pode receber a Shechin e no ter sua existncia anulada.
790
anulada? Uma vez que a Shechin a fonte de toda a criao, obviamente ela
tambm a fonte da vestimenta de ocultao.
O Alter Rebe responde a isso, diz o Rebe Shlita, quando ele afirma somente
isto assim porque ela desceu por meio de obscurecimentos gradativos. Isto
implica dizer: uma vez que a Vontade e a sabedoria de Dus conforme so
encontradas na Tor e nas mitsvot desceram segundo as gradaes dos
Mundos, sendo capazes de se investirem at nas coisas materiais, elas podem,
portanto, servir como uma vestimenta para ocultar a luz da Shechin.
? ,
, , '
791
Por que a Vontade e a sabedoria de Dus, e assim por diante, so capazes de agir
como uma vestimenta de ocultao para a luz da Shechin sem que sejam
anuladas por ela?
, ,
,'
pois Ele sbio, com a sabedoria de Chochm de Atsilut, mas no com uma
sabedoria conhecvel, e assim por diante.
- -- ,
. ,
E como foi previamente explicado, a luz [infinita] do abenoado Ein Sof est
investida e unida com a Sabedoria Suprema e Ele e Sua sabedoria so Um.
Assim, Chochm, bem como os outros nveis da inteligncia Divina (tais como
Bin e Dat) so muito superiores ao nvel da luz da Shechin. Eles so capazes,
portanto, de servir como uma vestimenta que oculta a Shechin, sem ser
anulados por sua luz. Mas como pode a inteligncia Divina servir como uma
vestimenta, e como podem seres criados aceitar essa vestimenta, quando ela,
de fato, superior prpria Shechin? O Alter Rebe responde agora a essa
pergunta.
. " , ,
Somente isto assim porque ela (a Sabedoria Suprema e a Tor5) desceu por
meio de obscurecimentos gradativos, de um grau mais alto para um grau mais
baixo, com a descida dos Mundos, at que ela (a Tor) vestiu-se em coisas
materiais, isto , os 613 mandamentos da Tor.
792
-
,
Isto , a Shechin reside com a Santidade das Santidades de cada Mundo, esta
sendo a inteligncia Divina investida na Tor de cada Mundo particular.
],
, - --
," " '" "
,
[
como no caso de uma pessoa, por exemplo, a fala revela aos ouvintes o
pensamento secreto e oculto do orador),
-- -
- ,
.
793
investe-se no santurio da Santidade das Santidades de Beri, isto , Chochm,
Bin, e Dat de Beri. Pelo fato de [as ltimas Sefirot] investirem-se em Malchut
de Beri, as almas e os anjos que existem no Mundo de Beri foram criados.
,
, - -
, --
,-- ,
,-- ,
794
: ,- -
, , , ,'
,
. - -
Quando, mais tarde, este ltimo (Malchut de Atsilut, juntamente com as Sefirot
nas quais ele est investido em Malchut de Beri e em ChaBaD de Yetsir)
so investidos em Malchut de Yetsir, as almas que so chamadas Ruchot so
criadas,
Pois os trs nveis das almas, Nfesh, Rach (singular de Ruchot) e Nesham,
correspondem aos trs Mundos inferiores: Nfesh origina-se em Assi; Rach,
em Yetsir; e Nesham, em Beri. Com respeito s Neshamot, o Alter Rebe
disse previamente que elas so criadas de Malchut de Beri. Discutindo agora o
nvel de Malchut de Yetsir, ele escreve que as almas do nvel de Rach so
criadas,
, ,
.- - --
795
Dali tambm, de Malchut de Yetsir, provm a Mishn que ns possumos, que
compreende as decises legais que so igualmente derivadas de ChaBaD do
abenoado Ein Sof9.
, --
. ,
-
, -
,
,
Assim, foi explicado acima, em nome do Tikunim, que seis Sefirot se aninham
em Yetsir. Elas as seis Sefirot ou midot compreendem, em geral, duas extenses
direita e esquerda, a direita representando a benevolncia, e a esquerda
representando a severidade,
,'
796
Pois somente aquilo que permitido a um judeu pode ascender a Dus. Assim,
quando uma regra leniente e o objeto em questo permitido para uso, a regra
permite ao indivduo, atravs da utilizao do objeto no cumprimento de uma
mitsv, fazer o objeto ascender a Dus. Naturalmente, este um ato de
benevolncia.
;'
, , ,
E tudo isso, tanto a Mishn como o Talmud, est de acordo com a Chochm
Suprema de Atsilut, e Bin e Dat esto compreendidos nela (isto , em
Chochm),
-- ,- -
. - -- ,
, '
,
797
E cada um desses trs Mundos, Beri, Yetsir e Assi, est subdividido em
mirades de gradaes, que so tambm chamadas de mundos particulares,
. -- ,
*Nota
[:" " : :]
Fim da nota
, ,
, ,
,'
A expresso e assim por diante acima se refere aos demais seres de cada
Mundo, tais como os hechalot; todos eles recebem luz e vitalidade da Shechin,
798
conforme ela est investida no santurio da Santidade das Santidades daquele
Mundo particular.
" '" ,
:" "
pois todos eles foram criados pelas dez expresses Divinas da Criao11, sendo
estes a fala de Dus, que chamada de Shechin.
A fala Divina revelou o que antes estava oculto. Este tambm o propsito da
Shechin revelar ao mundo uma luz que essencialmente mais elevada que o
mundo. Portanto, Malchut de Atsilut (que chamado de Shechin, e que a
fala de Dus conforme revelada nas dez expresses Divinas da criao) o nvel
do qual a vida e a vitalidade so atradas para baixo e reveladas para todos os
Mundos e seres criados.
2. Shemot 25:8.
3. Nota do Rebe Shlita: Em tudo o que foi dito acima, no se fez nenhuma
meno de que esse o nvel de Malchut de Atsilut e fala Divina. Somente
mais tarde, como uma introduo ao conceito de Santidade das Santidades e
Tor, e maneira pela qual eles descem de Mundo para Mundo, o Alter Rebe
usa os termos Malchut de Atsilut..., Malchut de Beri..., e assim por diante.
Pois, uma vez que ele encontra sustentao para isso em ts Chayim, ele usa a
terminologia do ts Chayim Malchut (e no Shechin, e termos anlogos). O
Tanya, no entanto, no adota o estilo dos escritos cabalsticos.
799
7. O Rebe Shlita explica por que o Alter Rebe acrescentou que ns possumos,
isto , o Talmud que ns possumos aqui, neste mundo. Talvez, ele diz, isto foi
acrescentado com a finalidade de antecipar a pergunta que poderia surgir do
captulo 23 acima. L o Alter Rebe diz que a Tor a iluminao do abenoado
Ein Sof, pois Ele o Conhecedor.... Isso indica que a Tor inteiramente um
com o Prprio Dus. Como, ento, pode-se dizer que o Talmud emana de um
nvel e Sefir que no superior ao Mundo de Beri?
O Alter Rebe, portanto, explica que isso se refere somente ao Talmud que ns
possumos, que o homem estuda neste mundo. Este conceito condiz com a
afirmao feita no captulo 23, que as leis so expresses especficas fluindo da
Vontade Divina mais profunda uma emanao da Vontade Suprema. O Rebe
Shlita tambm cita a segunda nota do Alter Rebe no captulo 40, que diz que o
ncleo e essncia da Vontade Suprema est em Atsilut, e somente um brilho
irradia de l para cada Mundo de acordo com seu grau.
8. O Rebe Shlita trata da questo de por que o Alter Rebe repete Em virtude
de Malchut de Atsilut investir-se em Malchut de Beri, quando j tinha sido
afirmado Pelo fato de [as Sefirot] investirem-se em Malchut de Beri...
Ele responde: a vestimenta mencionada antes muito mais leve, e oculta pouco.
Dela, portanto, somente surgem entidades do Mundo de Beri, como as almas
e os anjos daquele Mundo, ou a parte da Tor conectada com aquele Mundo,
uma vez que o Mundo de Beri est no nvel de mundo de ocultao.
A vestimenta sobre a qual o Alter Rebe fala aqui muito mais forte e oculta
muito mais, de modo que atravs dessa ocultao as criaturas do Mundo de
Yetsir passam a existir o Mundo de Yetsir sendo de um nvel muito inferior
ao do mundo da manifestao.
O Rebe Shlita fornece uma resposta adicional, mas que ser resumida devido
sua complexidade.
800
Em tal situao, a vestio anterior em ChaBaD indispensvel, tal como na
analogia de corpo e alma, a vitalidade de todas as partes do corpo deriva do
crebro ChaBaD.
Mesmo se fosse discutido que neste caso tambm seja necessrio haver alguma
forma de vestio anterior em ChaBaD daquele Mundo, ainda assim, na vestio
subseqente da Shechin em Malchut, no sentido nenhum efeito real da
vestio anterior em ChaBaD. De qualquer forma, este menor efeito est
presente apenas at o grau necessrio para permitir que a Shechin se invista em
Malchut do Mundo inferior.
Por isso, quando o Alter Rebe comea a discutir o Mundo de Yetsir, ele diz
primeiro Em virtude de Malchut de Atsilut investir-se em Malchut de Beri.
Ele faz isso para enfatizar que a vestio da Shechin em Malchut de Beri
uma vestio direta (ou pelo menos mais direta), uma vez que no por
considerao a Beri em si, mas por considerao a Yetsir.
9. Nota do Rebe Shlita: Pois toda a Tor a sabedoria do abenoado Ein Sof,
razo pela qual a Tor e Dus so verdadeiramente um. por isso que a
qualidade distintiva da Tor supera at mesmo a das mitsvot, como explicado
em muitos lugares no Tanya.
10. A diviso de estgios em (a), (b) e (c) feita pelo Rebe Shlita; assim tambm
a repetio de Malchut de Atsilut em cada estgio. Parece que o Rebe est
indicando com isso que a vestio na Santidade das Santidades de cada Mundo
se relaciona com Malchut de Atsilut, e no com Malchut dos Mundos
inferiores, nos quais Malchut de Atsilut se investe. Isto corresponde ao que o
Alter Rebe diz depois: ...e da Shechin que est investida no santurio da
Santidade das Santidades...
11. Nota do Rebe Shlita: Pois antes disso no havia Mundos (sendo este o
significado de no incio no ponto inicial da Criao da no-existncia para
a existncia.
801
Captulo 52
802
lugares. Ele perguntou: O mundo inteiro no est pleno de Sua glria? Como
no h nenhum lugar vazio dEle, o que significa quando dizemos que Dus
escolheu um lugar especfico para a Shechin pairar?
Ele explicou isto de acordo com o texto: E da minha carne eu vejo Dus, usando
a analogia da alma, que permeia todos os 248 rgos do corpo, embora sua
principal habitao seja no crebro. Isto no pode se aplicar essncia da alma,
pois esta igualmente encontrada em todos os 248 rgos, desde o mais elevado,
o crebro, ao mais baixo, nos ps. Ao contrrio, isto se refere ao fluxo geral da
vitalidade da alma para o corpo e sua revelao ali, antes de ela ser atrada para
baixo e difundida em todos os rgos do corpo, cada um de acordo com a sua
capacidade particular.
Com referncia a esse aspecto geral, ns dizemos que sua principal regio e
morada est no crebro; dali, um mero vislumbre dessa vitalidade atrado para
baixo e revelado em outros rgos do corpo.
,
,
803
, , ,
-
," ",
As Sefirot de Kter (Vontade), Chochm, Bin e Dat, tal como elas existem
Acima, so coletivamente chamadas de inteligncia. Dentro delas est
investida a corrente de vitalidade no difundida, que a primeira revelao do
Ein Sof nos Mundos.
. ,
,
804
os Mundos e suas criaturas, cada um de acordo com seu nvel particular. O
brilho difuso que emitido :
,
.
de uma forma similar luz que irradia do sol, como exemplo, onde os raios so
apenas um vislumbre difuso da essncia do sol, ou como as faculdades dos rgos
do corpo derivam do crebro, como discutido acima no captulo anterior.
," "
essa fonte (essa fonte sendo uma revelao da corrente geral de vitalidade
encontrada dentro da inteligncia) que chamada na Cabal de mundo da
manifestao, porque como o Alter Rebe logo dir aqui que a Divindade
primeiramente se manifesta nos Mundos.
,""
,""
e chamada a Shechin, da frase da Tor2 ...e Eu morarei entre eles, pois sua
raiz hebraica significa morar e ser revelado3.
,--
Ela chamada de rainha porque esse nvel que se estende para os Mundos e
os ilumina de maneira revelada semelhante uma rainha, pois atravs dela os
desejos do rei so revelados.
Assim, a fonte da vida, isto , a primeira revelao da luz do Ein Sof se manifesta
primeiro na rainha.
e ela (a luz) habita e se investe neles (nos Mundos e suas respectivas criaturas),
com isso animando-os.
Uma vez que ela habita, anima e se investe em cada Mundo e criatura, ela
chamada Shechin, que significa, como previamente explicado, morada
At agora o Alter Rebe esclareceu como a luz a fonte dos Mundos e das
criaturas, em geral. Ele agora ir explicar como ela tambm a fonte das almas
judias.
," "
806
de uma forma semelhante irradiao da luz do sol, sendo essa irradiao apenas
um raio de sua fonte.
- - , ,
,
[]
(4toda a vitalidade deles no sendo mais que a luz que difundida dela, como a
luz irradiada do sol),
,
, ,
,
. , ,
Assim, tambm, uma vez que a Shechin a fonte de vitalidade de toda a criao,
que recebe apenas um raio da Shechin, ento, se a prpria Shechin a fonte
efetiva se manifestasse, todos os seres criados seriam anulados naquela fonte.
A situao deles seria exatamente similar aos raios do sol que se encontram
dentro da esfera do sol, onde eles esto completamente anulados.
Para a Shechin habitar dentro dos Mundos e de suas criaturas, deve existir,
portanto, uma vestimenta que sirva para ocultar sua luz. Somente ento a
criao pode receber a Shechin e no ter sua existncia anulada.
807
anulada? Uma vez que a Shechin a fonte de toda a criao, obviamente ela
tambm a fonte da vestimenta de ocultao.
O Alter Rebe responde a isso, diz o Rebe Shlita, quando ele afirma somente
isto assim porque ela desceu por meio de obscurecimentos gradativos. Isto
implica dizer: uma vez que a Vontade e a sabedoria de Dus conforme so
encontradas na Tor e nas mitsvot desceram segundo as gradaes dos
Mundos, sendo capazes de se investirem at nas coisas materiais, elas podem,
portanto, servir como uma vestimenta para ocultar a luz da Shechin.
? ,
, , '
808
Por que a Vontade e a sabedoria de Dus, e assim por diante, so capazes de agir
como uma vestimenta de ocultao para a luz da Shechin sem que sejam
anuladas por ela?
, ,
,'
pois Ele sbio, com a sabedoria de Chochm de Atsilut, mas no com uma
sabedoria conhecvel, e assim por diante.
- -- ,
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E como foi previamente explicado, a luz [infinita] do abenoado Ein Sof est
investida e unida com a Sabedoria Suprema e Ele e Sua sabedoria so Um.
Assim, Chochm, bem como os outros nveis da inteligncia Divina (tais como
Bin e Dat) so muito superiores ao nvel da luz da Shechin. Eles so capazes,
portanto, de servir como uma vestimenta que oculta a Shechin, sem ser
anulados por sua luz. Mas como pode a inteligncia Divina servir como uma
vestimenta, e como podem seres criados aceitar essa vestimenta, quando ela,
de fato, superior prpria Shechin? O Alter Rebe responde agora a essa
pergunta.
. " , ,
Somente isto assim porque ela (a Sabedoria Suprema e a Tor5) desceu por
meio de obscurecimentos gradativos, de um grau mais alto para um grau mais
baixo, com a descida dos Mundos, at que ela (a Tor) vestiu-se em coisas
materiais, isto , os 613 mandamentos da Tor.
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-
,
Isto , a Shechin reside com a Santidade das Santidades de cada Mundo, esta
sendo a inteligncia Divina investida na Tor de cada Mundo particular.
],
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," " '" "
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[
como no caso de uma pessoa, por exemplo, a fala revela aos ouvintes o
pensamento secreto e oculto do orador),
-- -
- ,
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810
investe-se no santurio da Santidade das Santidades de Beri, isto , Chochm,
Bin, e Dat de Beri. Pelo fato de [as ltimas Sefirot] investirem-se em Malchut
de Beri, as almas e os anjos que existem no Mundo de Beri foram criados.
,
, - -
, --
,-- ,
,-- ,
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: ,- -
, , , ,'
,
. - -
Quando, mais tarde, este ltimo (Malchut de Atsilut, juntamente com as Sefirot
nas quais ele est investido em Malchut de Beri e em ChaBaD de Yetsir)
so investidos em Malchut de Yetsir, as almas que so chamadas Ruchot so
criadas,
Pois os trs nveis das almas, Nfesh, Rach (singular de Ruchot) e Nesham,
correspondem aos trs Mundos inferiores: Nfesh origina-se em Assi; Rach,
em Yetsir; e Nesham, em Beri. Com respeito s Neshamot, o Alter Rebe
disse previamente que elas so criadas de Malchut de Beri. Discutindo agora o
nvel de Malchut de Yetsir, ele escreve que as almas do nvel de Rach so
criadas,
, ,
.- - --
812
Dali tambm, de Malchut de Yetsir, provm a Mishn que ns possumos, que
compreende as decises legais que so igualmente derivadas de ChaBaD do
abenoado Ein Sof9.
, --
. ,
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,
Assim, foi explicado acima, em nome do Tikunim, que seis Sefirot se aninham
em Yetsir. Elas as seis Sefirot ou midot compreendem, em geral, duas extenses
direita e esquerda, a direita representando a benevolncia, e a esquerda
representando a severidade,
,'
813
Pois somente aquilo que permitido a um judeu pode ascender a Dus. Assim,
quando uma regra leniente e o objeto em questo permitido para uso, a regra
permite ao indivduo, atravs da utilizao do objeto no cumprimento de uma
mitsv, fazer o objeto ascender a Dus. Naturalmente, este um ato de
benevolncia.
;'
, , ,
E tudo isso, tanto a Mishn como o Talmud, est de acordo com a Chochm
Suprema de Atsilut, e Bin e Dat esto compreendidos nela (isto , em
Chochm),
-- ,- -
. - -- ,
, '
,
814
E cada um desses trs Mundos, Beri, Yetsir e Assi, est subdividido em
mirades de gradaes, que so tambm chamadas de mundos particulares,
. -- ,
*Nota
[:" " : :]
Fim da nota
, ,
, ,
,'
A expresso e assim por diante acima se refere aos demais seres de cada
Mundo, tais como os hechalot; todos eles recebem luz e vitalidade da Shechin,
815
conforme ela est investida no santurio da Santidade das Santidades daquele
Mundo particular.
" '" ,
:" "
pois todos eles foram criados pelas dez expresses Divinas da Criao11, sendo
estes a fala de Dus, que chamada de Shechin.
A fala Divina revelou o que antes estava oculto. Este tambm o propsito da
Shechin revelar ao mundo uma luz que essencialmente mais elevada que o
mundo. Portanto, Malchut de Atsilut (que chamado de Shechin, e que a
fala de Dus conforme revelada nas dez expresses Divinas da criao) o nvel
do qual a vida e a vitalidade so atradas para baixo e reveladas para todos os
Mundos e seres criados.
2. Shemot 25:8.
3. Nota do Rebe Shlita: Em tudo o que foi dito acima, no se fez nenhuma
meno de que esse o nvel de Malchut de Atsilut e fala Divina. Somente
mais tarde, como uma introduo ao conceito de Santidade das Santidades e
Tor, e maneira pela qual eles descem de Mundo para Mundo, o Alter Rebe
usa os termos Malchut de Atsilut..., Malchut de Beri..., e assim por diante.
Pois, uma vez que ele encontra sustentao para isso em ts Chayim, ele usa a
terminologia do ts Chayim Malchut (e no Shechin, e termos anlogos). O
Tanya, no entanto, no adota o estilo dos escritos cabalsticos.
816
7. O Rebe Shlita explica por que o Alter Rebe acrescentou que ns possumos,
isto , o Talmud que ns possumos aqui, neste mundo. Talvez, ele diz, isto foi
acrescentado com a finalidade de antecipar a pergunta que poderia surgir do
captulo 23 acima. L o Alter Rebe diz que a Tor a iluminao do abenoado
Ein Sof, pois Ele o Conhecedor.... Isso indica que a Tor inteiramente um
com o Prprio Dus. Como, ento, pode-se dizer que o Talmud emana de um
nvel e Sefir que no superior ao Mundo de Beri?
O Alter Rebe, portanto, explica que isso se refere somente ao Talmud que ns
possumos, que o homem estuda neste mundo. Este conceito condiz com a
afirmao feita no captulo 23, que as leis so expresses especficas fluindo da
Vontade Divina mais profunda uma emanao da Vontade Suprema. O Rebe
Shlita tambm cita a segunda nota do Alter Rebe no captulo 40, que diz que o
ncleo e essncia da Vontade Suprema est em Atsilut, e somente um brilho
irradia de l para cada Mundo de acordo com seu grau.
8. O Rebe Shlita trata da questo de por que o Alter Rebe repete Em virtude
de Malchut de Atsilut investir-se em Malchut de Beri, quando j tinha sido
afirmado Pelo fato de [as Sefirot] investirem-se em Malchut de Beri...
Ele responde: a vestimenta mencionada antes muito mais leve, e oculta pouco.
Dela, portanto, somente surgem entidades do Mundo de Beri, como as almas
e os anjos daquele Mundo, ou a parte da Tor conectada com aquele Mundo,
uma vez que o Mundo de Beri est no nvel de mundo de ocultao.
A vestimenta sobre a qual o Alter Rebe fala aqui muito mais forte e oculta
muito mais, de modo que atravs dessa ocultao as criaturas do Mundo de
Yetsir passam a existir o Mundo de Yetsir sendo de um nvel muito inferior
ao do mundo da manifestao.
O Rebe Shlita fornece uma resposta adicional, mas que ser resumida devido
sua complexidade.
817
Em tal situao, a vestio anterior em ChaBaD indispensvel, tal como na
analogia de corpo e alma, a vitalidade de todas as partes do corpo deriva do
crebro ChaBaD.
Mesmo se fosse discutido que neste caso tambm seja necessrio haver alguma
forma de vestio anterior em ChaBaD daquele Mundo, ainda assim, na vestio
subseqente da Shechin em Malchut, no sentido nenhum efeito real da
vestio anterior em ChaBaD. De qualquer forma, este menor efeito est
presente apenas at o grau necessrio para permitir que a Shechin se invista em
Malchut do Mundo inferior.
Por isso, quando o Alter Rebe comea a discutir o Mundo de Yetsir, ele diz
primeiro Em virtude de Malchut de Atsilut investir-se em Malchut de Beri.
Ele faz isso para enfatizar que a vestio da Shechin em Malchut de Beri
uma vestio direta (ou pelo menos mais direta), uma vez que no por
considerao a Beri em si, mas por considerao a Yetsir.
9. Nota do Rebe Shlita: Pois toda a Tor a sabedoria do abenoado Ein Sof,
razo pela qual a Tor e Dus so verdadeiramente um. por isso que a
qualidade distintiva da Tor supera at mesmo a das mitsvot, como explicado
em muitos lugares no Tanya.
10. A diviso de estgios em (a), (b) e (c) feita pelo Rebe Shlita; assim tambm
a repetio de Malchut de Atsilut em cada estgio. Parece que o Rebe est
indicando com isso que a vestio na Santidade das Santidades de cada Mundo
se relaciona com Malchut de Atsilut, e no com Malchut dos Mundos
inferiores, nos quais Malchut de Atsilut se investe. Isto corresponde ao que o
Alter Rebe diz depois: ...e da Shechin que est investida no santurio da
Santidade das Santidades...
11. Nota do Rebe Shlita: Pois antes disso no havia Mundos (sendo este o
significado de no incio no ponto inicial da Criao da no-existncia para
a existncia.
818
Captulo 53
819
Ao investir-se em Malchut, alm disso, a luz da Shechin ento capaz de descer
para o santurio da Santidade das Santidades do prximo Mundo mais baixo. O
Alter Rebe explicou como esse processo se aplica a todos os Mundos abaixo,
incluindo o Mundo espiritual de Assi.
No captulo 53, ele agora explicar como a luz da Shechin desce e ilumina este
mundo fsico. Durante as pocas do Primeiro e Segundo Templos, a Shechin
residia na Santidade das Santidades. Hoje ela encontra sua morada no estudo da
Tor e cumprimento das mitsvot de cada judeu.
, , ,
-- , ,
,-
, ,
morava ali e estava investida nos Dez Mandamentos que foram gravados sobre
as Tbuas encontradas na Arca na Santidade das Santidades,
,
.
bem mais intensamente, e com maior e mais poderosa revelao que sua
revelao nos santurios das Santidades das Santidades nos Mundos superiores.
Isto se refere aos Mundos de Assi e Yetsir1. Pois mesmo no Mundo de Yetsir
a Shechin ilumina somente na medida em que ela previamente se investiu no
santurio da Santidade das Santidades do Mundo de Beri. O nvel da Shechin
manifestado no Primeiro Templo, contudo, embora ele tivesse tambm sido
manifestado somente depois de ter se investido primeiro em Malchut de Beri,
foi menos completamente ocultado. Mesmo depois dessa ocultao, portanto, a
iluminao no Primeiro Templo ainda estava no nvel do Mundo de Beri, e no
de Yetsir.
820
O Alter Rebe agora responde seguinte pergunta: Uma vez que o Templo
estava localizado neste mundo fsico, como foi possvel a Shechin encontrar-se
em um nvel mais elevado que nos Mundos superiores? Ele responde:
, ,
Ela bem mais elevada que Malchut de Atsilut, que chamado de mundo de
manifestao, porque ela revela a luz do Ein Sof para os Mundos.
Como explicado anteriormente, por esse motivo a Tor capaz de agir como
uma vestimenta que no se torna anulada na luz da Shechin que se veste nela
uma vez que sua fonte superior Shechin. No entanto, para que a Tor
possa agir como uma vestimenta de ocultao, ela precisa descer mais baixo
que o nvel da Shechin, permitindo assim que a luz da Shechin seja recebida
pelas criaturas.
, -
,
Geralmente, para que um fluxo da luz Divina alcance este mundo fsico, ela deve
primeiro descer de Mundo para Mundo, descendo atravs dos Mundos de
821
Yetsir e Assi espirituais, que so mais elevados que o seu destino final, que
este mundo fsico. No entanto, no foi este o caso com as Tbuas.
,"
,"
,
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,
, ' ,
,
--
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'
822
so mencionados como a Shechin que repousava na Santidade das Santidades
do Primeiro Templo, atravs de sua vestio nos Dez Mandamentos, que
estavam gravados por meios milagrosos nas Tbuas que repousavam na Arca.
Como os Sbios nos dizem3, as letras mem e samach, letras circulares talhadas
atravs de toda a espessura da pedra, permaneceram em seus lugares
milagrosamente.
[ , ,"] "
(4isto sendo, em termos das Sefirot, Bin de Atsilut, que conhecida como o
mundo oculto que se aninha no Mundo de Beri, como conhecido por aqueles
familiarizados com a Disciplina Esotrica).
,
,
Foi esse nvel de Shechin que no habitou no Segundo Templo, mas apenas um
nvel bem menor.
823
, ,
,
,
.
. ,
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A nica coisa que HaCadosh Baruch Hu (o Santo, abenoado Ele seja) tem no
Seu mundo so os quatro cbitos da Halach6.
," - "
" " ,
E mesmo um judeu que senta e se ocupa com o estudo da Tor, a Shechin est
com ele, como afirmado no primeiro captulo de Berachot7. A frase a Shechin
est com ele significa que embora ele seja um ser deste mundo material, no
obstante a Shechin est com ele.
824
O nvel de Shechin que est com ele :
Ela difere da atrao para baixo da Shechin para o mundo em geral, em cujo
caso ocorre a idntica descida progressiva, em que a Shechin que reside no
mundo passa atravs da vestimenta adicional de kelipat nog, o que no
acontece com a Tor e as mitsvot.
A razo para que ela deva passar atravs de Malchut de Assi que a
esmagadora maioria das mitsvot da Tor envolve ao fsica. Portanto, a
Shechin desce ao nvel da ao Assi, como ser agora explicado.
, , "
,
," "
,
pois foi estabelecido que a meditao no tem a validade da fala, e que uma
pessoa no cumpre a sua obrigao pela meditao [em uma forma de hirhur] e
cavan apenas, mesmo quando sua maneira de meditar est prxima da fala,
como no caso de algum que pensa na forma que pronunciar certas palavras, o
que chamado de hirhur, at que ele pronuncia as palavras com seus lbios;
" "
825
alm do mais, foi determinado que o movimento dos lbios quando algum est
falando considerado uma ao em cujo caso todas essas mitsvot envolvem
uma forma de ao.
O Rebe Shlita explica que o Alter Rebe antecipar agora a seguinte pergunta:
ainda resta entender por que especificamente os quatro cbitos da Halach
assumem o lugar da Santidade das Santidades; por que isto no assim quando
um judeu estuda um assunto da Tor que no Halach, pois ali tambm a
Shechin no est com ele? O Alter Rebe, portanto, explica que a Halach
possui o mrito especial de expressar a Vontade Divina (conforme explicado
extensamente em Iguret HaCdesh, Epstola 29).
,"" "
A vontade chamada de coroa, pois, como uma coroa, ela envolve a cabea e o
crebro; Iguret HaCdesh, em local j citado, onde isso discutido em detalhes.
Assim, alm do fato de que a Tor a sabedoria de Dus, a qual em sua descida
progressiva dos Mundos ela se torna o santurio da Santidade das Santidades
para a Shechin, h a qualidade adicional de ela ser a Vontade Suprema, que
ainda mais elevada que a sabedoria. Isto encontrado unicamente na Halach e
nas mitsvot, pois elas so as expresses da Vontade Suprema.
. - --
, - ""'
." "
826
Dus fundamentou a terra com sabedoria8. Isto se refere Lei Oral, que
derivada da Sabedoria Suprema, como est escrito no Zhar: O pai (Chochm)
gerou a filha (isto , Malchut, a Lei Oral; conforme est escrito: Malchut a
boca, que ns chamamos de Lei Oral).
***
O Alter Rebe agora conclui o que ele comeou a esclarecer (no captulo 51)
referente afirmao da Yenuc no Zhar que a luz da Shechin que brilha
acima da cabea de uma pessoa necessita de leo. A Yenuc conclui: ...e essas
so as boas aes o leo o cumprimento das mitsvot.
O Alter Rebe explica que a luz da Shechin deve investir-se em sabedoria, que
leo. Pois (como previamente explicado) a sabedoria, ou intelecto, o
recipiente e a vestimenta para a luz da Shechin, que a Chochm investida
na Tor.
No entanto, com a finalidade de atrair para baixo a luz da Shechin para que ela
brilhe sobre a alma Divina do judeu, mais leo necessrio; tambm deve haver
um pavio. O leo transformado em luz por meio de um pavio. o prprio
pavio que queimado que impede a extino do fogo.
Por esse motivo o leo deve tambm consistir de boas aes, mitsvot, que tm
sua fonte na sabedoria de Dus; a Tor somente (embora ela mesma seja
sabedoria) no suficiente. Pois somente atravs da ao requerida pelas mitsvot
a luz da Shechin ser atrada para baixo at o pavio a alma vitalizante. Isto
realizado quando a alma vitalizante queimada totalmente na luz da Shechin
que brilha sobre a cabea da pessoa.
- - " " :
,""
827
E isto o que a Yenuc em Zhar, citado no captulo 35, quis dizer quando ele
afirma que a luz Suprema que est acesa sobre sua cabea (do judeu), isto , a
Shechin, requer leo,
," " ,
Assim, a luz da Shechin que est sobre a cabea da pessoa tem a necessidade
de leo, isto , ela precisa ser investida em Chochm, pois este o recipiente
para a luz da Shechin. O Zhar ento menciona a concluso da afirmao da
Yenuc:
, ,
.
-
828
ou, pelo menos, atravs da destruio de suas vestimentas, que so pensamento,
fala e ao que previamente eram vestimentas da alma vitalizante, que uma
alma de kelip,
- - - '
. , "
e sua transformao da escurido das kelipot para a luz Divina do Ein Sof, que
est investida e unida em pensamento, fala e ao dos 613 mandamentos da Tor,
no caso dos beinonim.
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,- -- ,
.
para atrair para baixo a luz da Shechin (no somente como o leo de Chochm
e Tor, que apenas um receptculo para receber a luz da Shechin, mas
efetivamente atrair para baixo a luz da Shechin), isto , a luz revelada do Ein
Sof, sobre a alma Divina da pessoa principalmente habitando no crebro da
cabea.
Por isso, a Yenuc diz: A luz Suprema que est acesa sobre a cabea da pessoa
requer leo, pois a luz que est sobre a cabea e inteligncia de uma pessoa
tem a necessidade do leo das boas aes.
829
Assim como o fogo pode tomar conta de um objeto somente quando esse objeto
est sendo consumido por ele, assim tambm, com referncia luz da Shechin.
Para que Dus seja teu Dus, iluminando a alma do judeu, precisa haver
consumo pelo fogo queimando e extinguindo o pavio da alma vitalizante, de
modo que essa alma de kelip seja transformada no fogo da santidade.
'
Se realmente esse fosse o caso, seria muito difcil entender por que o Alter Rebe
assinala que os Dez Mandamentos so os princpios abrangentes de toda a
Tor, e assim por diante. Ainda mais, por que a longa explanao ainda antes
disso que a Shechin residia no Templo Sagrado bem mais intensamente, e
com maior e mais poderosa revelao que nos Mundos superiores? Como isso
bem mais intensamente, etc., quando a nica diferena se a Shechin estava
investida ou no em Yetsir?
O Rebe Shlita, portanto, entende que o Alter Rebe fala de duas qualidades
distintas encontradas no Templo Sagrado. A primeira que a revelao no
Templo Sagrado era maior que em todos os Mundos, porque ali se achavam os
Dez Mandamentos, que so os princpios abrangentes de toda a Tor. Por
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causa disso, a revelao da Shechin era a iluminao de Chochm de Atsilut,
depois de ela ter se investido em Malchut de Atsilut e Malchut de Beri.
Assim, a maneira pela qual a Shechin foi atrada para baixo supera somente o
Mundo de Yetsir, mas quanto efetiva iluminao que brilhava l, esta era
uma luz mais elevada que aquela em todos os Mundos superiores.
A qualidade especial que ela possua: (a) no Templo era revelada a essncia da
luz do Ein Sof, uma vez que as Tbuas estavam l, como mencionado antes; (b)
no Templo havia uma compreenso da essncia, e no apenas conhecimento
da manifestao; (c) o Templo era iluminado por uma revelao que transcendia
as manifestaes imanentes e transcendentes [que ultrapassam a nossa
capacidade de cohecimento] da Divindade. Isto era devido ao Deleite Supremo
(oneg haelion) que l era encontrado.
Isso era porque O lugar da Arca no ocupava espao ao mesmo tempo ela
tinha dimenses e, no entanto, no ocupava lugar. O espao deriva da imanncia
da Divindade. Aquilo que transcende espao deriva da transcendncia de
Divindade. Aquilo que transcende a ambos esses nveis encontra expresso no
fato de que h lugar e ao mesmo tempo esse lugar no ocupa espao algum.
2. Shemot 32:16.
3. Meguil 2b.
5. Yom 9b.
6. Berachot 8a.
7. Berachot 6a.
8. Mishlei 3:19.
9. Devarim 4:24.
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10. Nota do Rebe Shlita: Isto possivelmente se refere ao que aparece em Likutei
Tor, incio de Acharei.
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