Mitraísmo
Mitraísmo
Mitraísmo
1 Histria
1.2 O mitrasmo no Alto Imprio Romano
1.1 Origens do mitrasmo
possvel que os responsveis pela introduo do culto
Mitra era uma divindade indo-iraniana cuja referncia de Mitra no Imprio Romano tenham sido os legion-
mais antiga remonta ao segundo milnio a.C.. O culto rios que serviam o imprio nas suas fronteiras orientais.
surgiu na ndia tendo se difundido pela Prsia e mais tardeAs primeiras provas materiais do culto de Mitra datam
pelo Mdio Oriente. de 71 ou 72 d.C.: trata-se de inscries feitas por solda-
dos romanos que procediam da guarnio de Carnunto
Num tratado entre os Hititas e os Mitnios assinado no
(atual Petronell-Carnuntum, na ustria), na provncia da
sculo XV a.C., Mitra apresentado como deus dos con- Pannia Superior e que possivelmente tinha estado no ori-
tratos. Na ndia, surge nos hinos vdicos como um deus
ente, na luta contra os partos e no combate ao levanta-
da luz, associado a Varuna. mento em Jerusalm.
Julga-se ter sido Dario I a reconhecer pela primeira vez o Por volta do ano 80 d.C. o autor Estcio refere a cena da
zoroastrismo como religio ocial do Imprio Aquem- tauroctonia na sua obra Tebaida.
nida.
Em nais do sculo II, o mitrasmo j estava amplamente
O zoroastrismo uma religio monotesta, que postula a popularizado no exrcito romano, bem como entre co-
existncia de um nico Deus ao qual atribui o nome de merciantes, funcionrios e escravos. A maior parte dos
Ahura Mazda. O fundador, Zaratustra, opunha-se ao sa- achados referem-se s fronteiras germnicas do imprio.
crifcio dos bois, elemento que se encontra no mitrasmo. Pequenos objectos de culto associados a Mitra tm sido
Dario I e os sucessores no pretenderam erradicar as an- encontrados em locais que vo da Romnia Muralha de
tigas crenas pags, uma vez que essa poltica poderia Adriano.
1
2 2 RITUAL, PRTICAS E DIAS SAGRADOS DO MITRASMO
1.3 O mitrasmo no Baixo Imprio (379 - 395). O imperador Juliano tentou revitalizar o
culto de Mitra, bem como o usurpador Eugnio, nos dois
Os imperadores do sculo III foram em geral protectores casos com pouco xito. O mitrasmo foi abolido formal-
do mitrasmo, porque a sua estrutura fortemente hierar- mente em 391, sendo provvel que a sua prtica tenha
quizada permitia-lhes reforar o seu poder. Assim, Mitra continuado vrias dcadas.
converteu-se no smbolo da autoridade e triunfo dos im- Em algumas regies dos Alpes, o mitrasmo sobreviveu
peradores. Desde a poca de Cmodo, que foi iniciado at ao sculo V, bem como no Oriente, onde teve um re-
nos seus mistrios, os adeptos do culto eram oriundos de nascimento breve. Acredita-se que o mitrasmo teve um
todas as classes sociais. importante papel no desenvolvimento do maniquesmo,
Numerosos templos foram encontrados nas guarni- outra doutrina que seria concorrencial ao cristianismo.
es militares situadas nas fronteiras do imprio. Na
Inglaterra foram identicados pelo menos trs ao longo
da Muralha de Adriano, em Housesteads, Carrawburgh 2 Ritual, prticas e dias sagrados
e Rudchester. Em Londres, tambm foram encontradas
as runas de um mitreu. Outros templos de Mitra data- do mitrasmo
dos desta poca podem ser encontrados na provncia da
Dcia, (onde em 2003 foi encontrado um mitreu em Alba O ritual do mitrasmo era complicado e signicativo. In-
Tulia) e na Numdia, no norte de frica. clua uma complexa cerimnia de iniciao em sete es-
tgios ou graus, o ltimo dos quais rmava uma amizade
No entanto, a maior concentrao de mitreus se encontra
mstica com o deus. Longas provas de abnegao e mor-
em Roma e perto da cidade de stia, com um total de
ticao da carne constituam complementos necessrios
doze templos identicados, sendo provvel que tenham
ao processo de iniciao. A admisso completa partici-
existido centenas. A importncia do mitrasmo em Roma
pao no culto habilitava uma pessoa a participar dos sa-
pode ser avaliada a partir dos achados: mais de setenta e
cramentos, sendo o mais importante o batismo e uma re-
cinco peas de escultura, uma centena de inscries e ru-
feio sagrado de po, gua e, possivelmente, vinho. Ou-
nas de templos e santurios em toda a cidade e subrbios.
tras observncias incluam a puricao lustral (abluo
Um dos mitreus mais destacados, que conserva o altar e
cerimonial com gua santicada), a queima de incenso,
os bancos de pedra, foi construdo por debaixo de uma
os cnticos sagrados e a guarda dos dias santos. Destes
casa romana e sobrevive na cripta sobre a qual se cons-
ltimos, eram exemplos tpicos o domingo e o dia 25 de
truiu a Baslica de So Clemente em Roma.
dezembro, festividade associada ao suposto nascimento
de Mitra. Imitando a religio astral dos caldeus, cada dia
da semana era dedicado a um corpo celeste. Uma vez
1.4 Fim do mitrasmo que o sol, como fonte de luz e el aliado de Mitra, era o
mais importante desses corpos, seu dia era, naturalmente,
Em nais do sculo III gerou-se um sincretismo entre a o mais sagrado. O dia 25 de dezembro possua, tambm,
religio de Mitra e certos cultos solares de procedncia signicao solar: sendo a data aproximada do solstcio
oriental, que se cristalizaram na religio do Sol Invictus. do inverno, marcava a volta do sol de sua longa viagem
Esta religio foi estabelecida como ocial no Imprio Ro- ao sul do Equador. Era, em certo sentido, o dia do nas-
mano em 274 pelo imperador Aureliano, que mandou cimento do sol, uma vez que assinalava a renovao de
construir em Roma um templo dedicado ao deus e criou suas foras vivicadoras para benefcio do homem.[1]
um corpo estatal de sacerdotes para prestar-lhe culto. O
mximo dirigente deste culto levava o ttulo de pontifex
solis invicti. Aureliano atribuiu a Sol Invictus as suas vit- 2.1 Mitreu
rias no Oriente. Contudo, este sincretismo no implicou o
desaparecimento do mitrasmo, que continuou existindo Ver artigo principal: Mitreu
como culto no ocial. Muitos dos senadores da poca O culto de Mitra era realizado em templos denominados
professaram ao mesmo tempo o mitrasmo e a religio mitreu (palavra em latim cujo plural mithraea). Estes
do Sol Invictus. espaos comearam por ser cavernas naturais; mais tarde,
No entanto, este perodo representou o comeo do m optou-se por construes escuras e sem janelas que imi-
do mitrasmo, provocado pelas perdas territoriais que o tavam as cavernas naturais. Os templos eram de capaci-
imprio sofreu em consequncia da invaso dos povos dade limitada; a maior parte deles no podia receber mais
brbaros e que afectariam os territrios fronteirios onde do que trinta ou quarenta pessoas.
o culto estava muito arreigado. A concorrncia do cristi- No mitreu podiam distinguir-se as seguintes partes:
anismo, apoiado por Constantino, tiraria adeptos ao mi-
trasmo. Importa realar o facto do mitrasmo excluir as A antecmara;
mulheres, situao que no se vericava no cristianismo.
O cristianismo substitui o mitrasmo durante o sculo IV O spelaeum ou spelunca (caverna), uma sala rectan-
at se converter na nica religio permitida com Teodsio gular decorada com pinturas e com dois bancos po-
2.2 Mitologia e iconograa 3
2. Iconograa.
Mitreu em stia, Itlia
4.2 Imagens
Ficheiro:Fresque_Mithraeum_Marino.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8e/Fresque_Mithraeum_
Marino.jpg Licena: Public domain Contribuidores: ? Artista original: ?
Ficheiro:Magnifying_glass_01.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3a/Magnifying_glass_01.svg Licena:
CC0 Contribuidores: ? Artista original: ?
Ficheiro:Ostia_Antica_Mithraeum.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/18/Ostia_Antica_Mithraeum.jpg
Licena: Public domain Contribuidores: Obra do prprio Artista original: Michelle Touton (Ailurophyle)
Ficheiro:Text_document_with_red_question_mark.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a4/Text_
document_with_red_question_mark.svg Licena: Public domain Contribuidores: Created by bdesham with Inkscape; based upon
Text-x-generic.svg from the Tango project. Artista original: Benjamin D. Esham (bdesham)
4.3 Licena
Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0