O Barroco Colonizador PDF
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diteur
Institut national d'histoire de l'art
dition lectronique
URL : http://perspective.revues.org/5538
ISSN : 2269-7721
Rfrence lectronique
Jens Baumgarten e Andr Tavares, O Barroco colonizador: a produo historiogrco-artstica no
Brasil e suas principais orientaes tericas , Perspective [Online], 2 | 2013, posto online no dia 30
Setembro 2014, consultado o 30 Setembro 2016. URL : http://perspective.revues.org/5538
NOTE DE LDITEUR
Cet article existe en traduction franaise : Le baroque colonisateur : principales
orientations thoriques dans la production historiographique
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O Barroco colonizador: a produo historiogrfico-artstica no Brasil e suas ... 2
perodo conhecido como barroco, situado tradicionalmente entre os sculos XVII e XVIII,
no pode ser visto apenas como um fenmeno histrico; esse termo refere-se
historiografia e, em especial, histria da arte, mas tambm literatura. Nesse contexto,
o barroco foi classificado como degenerescncia (Jacob Burckhardt), como categoria
estilstica (Wlfflin), como alegoria (Walter Benjamin), como projeo do desejo (Germain
Bazin) e foi relacionado poca contempornea por meio do conceito de neobarroco
(Omar Calabrese)3. Nos ltimos anos, o uso do termo barroco passa por uma verdadeira
inflao nas cincias humanas e no apenas no Brasil.
3 Nesse pas, esse conceito foi mais discutido no mbito da teoria e da crtica literria, como
mostra o debate entre Haroldo de Campos e Joo Adolfo Hansen (DE CAMPOS, 1979, 1989;
HANSEN, 1992, 2003) e tambm a reviso crtica de Guilherme Gomes Jnior ( GOMES JNIOR,
1998; sobre as artes plsticas, cf. p. 31-88). Apesar de ter sido aplicado tardiamente, o
termo estilstico wlffliniano, que foi usado em vrias circunstncias como sinnimo de
arte colonial, teve muito sucesso na segunda metade do sculo XX. Enquanto o
desenvolvimento desse conceito suscitou em pases como o Mxico, por exemplo, uma
outra periodizao e uma denominao mais poltica a arte da conquista espanhola, a
arte virreinal etc. , no Brasil, a terminologia formalista domina o cenrio at hoje.
4 O primeiro autor a mencionar esse assunto foi o pai da historiografia da arte brasileira,
Manuel Arajo Porto-Alegre (1806-1879) que, ligado tendncia neoclssica dos pintores
franceses que participaram da Misso Artstica Francesa de 1816, analisou as obras da
poca colonial a partir de uma abordagem formal e poltica. Como ressalta Guilherme
Gomes Jnior, Alm de ser provavelmente, no Brasil, o primeiro a utilizar a palavra
barroca em um sentido estilstico, Porto-Alegre j esboa em suas reflexes uma teoria
pendular da histria da arte, baseada na ideia de um ir e vir entre formas clssicas e
formas amaneiradas (GOMES JNIOR, 1998, p. 41). Nesse sentido, interessante constatar
que o contexto da formao do Estado, a partir de meados do sculo XIX, tambm est
vinculado ao tema estilstico apresentado por Wlfflin a respeito do desenvolvimento dos
conceitos (WARNKE, 1989).
5 As tradues dos textos de Wlfflin exerceram grande influncia sobre a produo
literria e cientfica no Brasil. De acordo com Joo Adolfo Hansen: Desde que Wlfflin
usou o termo como categoria esttica positiva, a extenso dos cinco esquemas
constitutivos de barroco pictrico, viso em profundidade, forma aberta, unificao das
partes a um todo, clareza relativa passou a ser ampliada, (....) para em seguida classificar e
unificar as polticas, as economias, as populaes, as culturas, as mentalidades e,
finalmente, [as] sociedades europeias do sculo XVII, principalmente as ibricas contra-
reformistas, com suas colnias americanas, na forma de essncias: o homem barroco, a
cultura barroca, a sociedade barroca etc. Dedutivas e exteriores, as apropriaes a-
crticas de Wlfflin substancializam a categoria, constituindo barroco como fato e
essncia que existem em si (HANSEN, 2003, p. 172-173).
6 No Brasil, o estilo barroco ganhou a partir da dcada de 1920, com o modernismo, uma
importncia predominante na construo de uma identidade cultural e esttica prpria
a chamada brasilidade. O termo barroco provocou uma controvrsia, discutida at
hoje, no somente por historiadores e crticos de arte. Assim como muitos outros artistas
e crticos modernistas dos anos 1930, Mrio de Andrade e seu aluno Luiz Saia viajaram a
Minas Gerais e desenvolveram o conceito de uma arte brasileira nacional autctone
construda com base no barroco de Minas (barroco mineiro ; ANDRADE, 1928; GOMES
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JNIOR, 1998, p. 50-63; CHIARELLI, 2007, p. 69-96 et p. 247-248). A obra de Antnio Francisco
Lisboa, o Aleijadinho, arquiteto e escultor da era colonial, serviu de evidncia principal
dessa arte, ainda que sua prpria existncia seja posta em dvida por alguns crticos (
CHIARELLI, 2007, p. 173-175). Aleijadinho era o tema ideal para a apotese brasileira, uma
vez que representava, por meio de sua prpria personalidade, a mestiagem por
excelncia. Apresentado como um artista autctone que trabalhava no centro do Brasil,
ele serviu de ncleo para o nascimento da nao brasileira e de sua representao
artstica, especialmente para os modernistas, mas tambm, principalmente na
arquitetura, para os representantes do movimento neocolonial (movimento do final do
sculo XX que deve ser diferenciado do movimento neobarroco da segunda metade do
sculo XX, caracterizado por abordagens transculturais e trans-histricas).
7 Por meio de suas interpretaes podemos compreender o discurso renovador e emocional
sobre a identidade nacional desenvolvido por Mrio de Andrade em um artigo publicado
em 1921 na crtica revista Ilustrao Brasileira: Mas o que h de mais glorioso para ns o
novo estylo no-colonial, que um grupo de architectos nacionaes e portuguezes, com o Sr.
Ricardo Severo frente procura lanar () No me consta que j tenha havido no Brasil
uma tentativa de nacionalizar a architectura, estylizando e aproveitando os motivos que
nos apresenta o nosso pequeno passado artstico, e formando construes mais adaptados
ao meio. () O no-colonial que por aqui se discute infinitamente mais audaz e de maior
alcance. Si o pblico, bastante educado, ajudar a interessante iniciativa, teremos ao
menos para a edificao particular (e o que importa) um estylo nosso, bem mais grato ao
nosso olhar, hereditariamene saudoso de linhas ancis e proprio ao nosso clima a ao
nosso passado (ANDRADE, 1921). Nesse contexto, temos que distinguir, juntamente com
Maria Lcia Bressan, que estudou o modernismo e a proteo do patrimnio nos debates
culturais da dcada de 1920 (BRESSAN, 1997, 2011), o entusiasmo de Mrio de Andrade e
sua busca de razes nacionais, que caracterizaram o movimento modernista brasileiro, do
conservadorismo de Ricardo Severo, que aderiu ao neobarroco e defendeu a reavaliao
da ideia de ptria como reao ao cosmopolitismo destrutivo que, em seu ponto de vista,
ameaava a sociedade paulista nas primeiras dcadas do sculo XX (AMARAL, 1994,
p. 150-152). Nesse sentido, a elite paulista defendia a ideia de que o neobarroco ou o
neocolonial poderia funcionar como um apelo afirmativo com seu carter de bastio dos
valores nacionais que evitaria a ameaa representada pelo grande fluxo de imigrantes
europeus, principalmente italianos, que se estabeleceram na regio nesse perodo. Houve,
assim, uma mescla e uma justaposio de discursos ideolgico-polticos e estticos com
relao ideia de nao e o desejo de uma reafirmao social: os paulistas
quatrocentes contra os novos ricos sem ptria.
8 Uma nova reflexo sobre o barroco comeou a ser desenvolvida nos anos 1940 pela
historiadora da arte Hannah Levy4, que introduziu os conceitos do barroco e ajudou
divulg-los por meio do Servio do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (Sphan),
onde trabalhou a convite do diretor Rodrigo Melo Franco de Andrade. Originria da
Alemanha, ela emigrou em 1934 para Paris, onde publicou sua primeira crtica aos
conceitos wlfflinianos baseada na sociologia da arte (LEVY, 1936) e, em seguida, instalou-
se no Rio de Janeiro, onde trabalhou no Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico. Ela
publicou, ento, na revista do Sphan, uma srie de artigos tericos dedicados
principalmente aos estudos da histria do barroco no Brasil (LEVY, 1940, 1941, 1942, 1944,
1945), nos quais props uma releitura com o propsito de estabelecer novas abordagens
para a anlise de obras artsticas da poca colonial5. Ela sintetizou metodologicamente
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como uma simplificao parcial dos fundos. Os gestos expressivos foram minuciosamente
conservados pelo copista. Na opinio de Levy, os painis traduziram perfeitamente o
carter dramtico e agitado das representaes gravadas [...] ou ainda ofereceram at um
efeito mais dramtico de que o das prprias gravuras originais [...]. Por outro lado, a
impresso de agitao suscitada pelas pinturas resulta, tambm, da circunstncia de
haver o pintor, simplificando os fundos, concentrado [....] todo o interesse sobre as figuras
humanas (LEVY, 1944, p. 48-49). Sem aprofundar-me nesse tema nem criticar suas
observaes, entendo que precisamos levar em considerao os pressupostos conceituais
de seu pensamento: Levy aplicou, em suas anlises de obras singulares, o mtodo de
Wlfflin aos exemplos brasileiros, abrindo-o porm a abordagens sociolgicas. Alm disso,
suas anlises do incio a uma ruptura com o esquema dicotmico que distingue uma
cultura produtiva e uma cultura receptiva.
14 Duramente criticados por Lourival Gomes Machado como sendo uma simples vulgarizao
das abordagens de Wlfflin e Leo Balet, por exemplo, (MACHADO, 1969, p. 46)7 os trabalhos
Hannah Levy ultrapassam claramente o mbito de uma simples apresentao e revelam
sua preferncia pelos mtodos sociolgicos na anlise do contexto colonial do Brasil: A
teoria de Balet [...] explica os fenmenos artsticos pelas suas rela[]es [c]om a totalidade
das condies histricas existentes numa poca determinada, [isto] nos parece ser, por
isso mesmo, a [forma] mais apta a resolver tambm os problemas da historia da arte
brasileira (LEVY, 1941, p. 284). Especfica a uma histria da arte brasileira, a metodologia
desenvolvida por Levy emancipou-se das abordagens europeias, sem no entanto
enveredar-se pelo caminho de uma histria da arte nacional ou mesmo nacionalista, em
busca da essncia de uma arte nacional, nos termos defendidos por Mrio de Andrade e
pelos adeptos da brasilidade. Ela no somente questionou o cnone europeu, mas tambm
defendeu a importncia da conceituao terica para uma histria da arte no-
nacionalista e no-eurocentrista. Esse enfoque particularmente interessante por no
rejeitar a princpio as posies de fundadores da disciplina, como Wlfflin ou Max Dvok.
Ao defender as anlises estruturais e formais das obras, ela revela as hierarquizaes e as
pr-valorizaes dessas abordagens formalistas, em uma perspectiva que em dcadas
posteriores recebeu o nome de crtica da ideologia (Ideologiekritik), conceito
desenvolvido pelos neomarxistas e pelos membros da Escola de Frankfurt. Neste sentido,
possvel considerar Levy como uma das predecessoras de uma histria da arte ps-
colonial.
15 Um discurso nesses termos contrariava necessariamente os diversos discursos oficias
sobre a arte do sculo XVIII que vinham sendo sedimentados no Brasil desde os anos 1950
por meio da interveno de um outro autor fundamental para a divulgao do assim
chamado barroco brasileiro: Germain Bazin. O trabalho de Bazin, que oferece uma sntese
da produo artstica, sobretudo arquitetnica, inclui um esforo interpretativo mais
amplo e, ao mesmo tempo, uma anlise do patrimnio artstico organizada por estados
brasileiros. O autor valeu-se de investigaes anteriores, como as realizadas por
Raimundo Trindade ou Fernando Pio (PIO, 1957 ; TRINDADE C., 1958), que estavam ligadas
mais ao mbito religioso e histria da Igreja Catlica no Brasil do que ao universo da
histria da arte. Ao dedicar-se a Aleijadinho em 1963, Bazin retornou ao tema do artista
smbolo do barroco nacional brasileiro e estabeleceu, assim, a continuidade das pesquisas
sobre essa temtica, pavimentando o caminho para pesquisadores que ampliaram a
investigao, como caso da imensa contribuio de Myriam Andrade Ribeiro ou de Llia
Coelho Frota (cf., entre outros, FROTA, 1982 ; OLIVEIRA, 2003).
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relevncia para a afirmao dessa corrente. Suas contribuies tm sido capitais para a
reconstruo das mentalidades e da sensibilidade dos sculos XVII e XVIII, ainda que
abordem poesia, histria ou teoria literria, em obras como A Stira e o Engenho ( HANSEN,
1989) e Alegoria ( HANSEN, 1987), Mquina de Gneros ( PCORA, 2001) e Teatro do Sacramento (
PCORA, 1994) ou Poesia e Pintura ou Pintura e Poesia ( MUHANA, 2002, reedio comentada de
um tratado portugus seiscentista de autoria de Manuel Pires de Almeida).
25 O estudo da histria literria, e em particular da figura de Antnio Vieira e de seus
sermes, teve um efeito subsidirio bastante relevante no mbito da investigao
artstica. Personagem de biografia complexa, que se desenvolveu em territrios
geogrfica e simbolicamente diversos, Vieira transitou entre Roma, Lisboa, Maranho e
Salvador. O interesse pela sua trajetria colocou em questo a relevncia da ressonncia
internacional dessa literatura, mas tambm de suas conexes com os meios eruditos
europeus, particularmente com os modelos romanos e com a sua difuso na Pennsula
Ibrica e, da, para as Amricas. Fala-se no apenas da aplicao de modelos artsticos
italianos em Portugal ou, mais tarde, da utilizao de modelos originrios da ustria ou
da Europa central no mundo portugus, mas tambm dos processos de apropriao e
transformao desses modelos e dessas fontes visuais pelo ambiente artstico local assim
como da transferncia de mo de obra artstica qualificada e de obras entre os grandes
centros e o circuito ibrico de modo geral. A fora e o significado do sermo entre os
sculos XVII e XVIII, bem como dos aparatos visuais dispostos em torno do predicador e das
circunstncias da prdica o plpito, o gestual, o concurso de pinturas e de outras
imagens inspiraram trabalhos como o de Marina Massimi acerca dos usos da imagem ou
do conceito de memria nos sermes de Vieira (MASSIMI, 2012). Tambm renovaram o
interesse pela obra de Eusbio de Mattos, recentemente recuperada em edio
contempornea ao menos sua coletnea de sermes Ecce Homo ( MATOS, 2007a; cf.
tambm MATOS, 2007b) por Amrico Miranda, Valria M. P. Ferreira e pela j
mencionada Adma Muhana (MUHANA, 2002).
26 Ainda no campo da literatura e da investigao sobre a sensibilidade especfica do
perodo, podemos citar os trabalhos de Ivan Teixeira. Suas pesquisas concentraram-se na
compreenso do mecenato artstico e literrio durante a segunda metade do sculo XVIII,
perodo conhecido como Pombalino, em aluso ao reinado de D. Joo I e ao seu primeiro
ministro, Sebastio Jos de Carvalho e Melo, o Marqus de Pombal. Seu livro Mecenato
Pombalino de Poesia Neoclssica (TEIXEIRA, 1999) no apenas faz uma introduo potica
neo-horaciana que caracteriza a criao literria luso-brasileira do perodo, mas tambm
apresenta uma poca de intensas mudanas no campo poltico e pedaggico. Entre essas
transformaes, que tiveram grande influncia para a produo artstica, esto a
expanso urbana na colnia brasileira e a demarcao efetiva do territrio, aps disputas
com a Espanha, com a assinatura, em 1750, do Tratado de Madri, que definiu as fronteiras
com a Amrica espanhola, assim como a expulso dos Jesutas, em 1759. Nesse campo, os
trabalhos da historiadora estadunidense Roberta Marx so tambm bastante relevantes,
ao lado de obras clssicas nessa rea no Brasil, como as de Paulo Santos ( SANTOS, 2001),
Nestor Goulart Reis Filho (REIS FILHO, 2000, 2001) e Maria Helena Ochi Flexor (FLEXOR, 1974,
2011).
27 Na faculdade de arquitetura da Universidade Federal da Bahia, em Salvador, estabeleceu-
se uma ampla tradio de estudos ligados histria do urbanismo no perodo colonial,
associados aos cursos de restauro do patrimnio imvel, um dos mais importantes do
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Brasil. Eugnio de vila Lins bem como Paulo Ormindo Azevedo esto ligados a esse
grupo. Os trabalhos de Jos Lus da Mota Menezes (MENEZES, 1984, 1988), Fernando Guerra
(GUERRA, 1989), Leonardo Dantas (DANTAS, 2004) e Fernando Ponce de Leon (LEON et al.,
1998), todos de Pernambuco, tambm merecem ser citados. Este ltimo autor de um
valioso guia bibliogrfico da arte luso-brasileira, escrito em colaborao com Lcia Gaspar
(LEON, GASPAR, 1998).
28 Os estudos urbansticos, campo autnomo na tradio historiogrfica e artstica
brasileira, encontram no perodo colonial um amplo campo de investigaes. Textos como
os de Cludia Damasceno Fonseca, Des Terres aux villes de lor (FONSECA, 2003), ampliam as
pesquisas sobre a formao das cidades durante o ciclo da minerao em Minas Gerais e
propem avanos no campo da anlise da cartografia e da iconografia urbanas,
deslocando-as de certa funo ilustrativa para uma posio de protagonismo que
estrutura os argumentos da autora. O tema dos possveis modelos europeus utilizados na
arquitetura da segunda metade do sculo XVIII particularmente sensvel em regies
como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pernambuco foi abordado por Rodrigo Espinha
Baeta, da Universidade Federal da Bahia, em seu livro Barroco, a Arquitetura e a cidade nos
sculos XVII e XVIII (BAETA, 2010).
29 O estudo de Baeta reorganiza, aprofunda e discute ideias presentes em obras anteriores
capitais, como o caso de O Rococ religioso no Brasil e seus antecedentes europeus, de Myriam
R. A. de Oliveira (OLIVEIRA, 2003), ou de Medieval ou Barroco: proposta de leitura da
cidade colonial, um pequeno, mas precioso artigo com ttulo provocador, que rene as
seminais intuies da pesquisadora italiana Giovanna Rosso del Brenna e que foi em
publicado na Revista Barroco, da Universidade Federal de Minas Gerais veculo essencial
para a definio desse campo de estudos no Brasil a partir dos anos 1970 ( BRENNA,
1982-1983). Superando a eterna discusso entre os modos portugueses e espanhis de
planejar a cidade e ocupar o territrio tpico analtico que ganha contornos precisos em
Razes do Brasil, de Srgio Buarque de Holanda (BUARQUE DE HOLANDA, 1936) , Del Brenna
aponta um novo modo de agir sobre o territrio baseado em uma concepo de cenografia
urbana que, sobretudo no sculo XVIII, assume uma funo simblica particular.
30 Para alm do mbito especfico do planejamento urbano estrito, o tema da cenografia
urbana, baseado em estudos de caso, superpondo legislao, regulamentao e polticas
urbanas, mas fundamentado tambm na anlise de uma cultura visual para a cidade que
inclui as mltiplas tradies de vedutistas e pintores de paisagem, foi mencionado pelos
historiadores portugueses do urbanismo e da arquitetura Walter Rossa e Paulo Varela
Gomes (GOMES, 1988 ; ROSSA, 2002) em estudos que influenciaram a percepo geral sobre
as cidades do Brasil colonial. Rodrigo Almeida Bastos contribuiu de forma relevante para
a compreenso da retrica aplicada histria do urbanismo colonial no Brasil com o seu
livro A maravilhosa fbrica de virtudes: o decoro na arquitetura religiosa de Vila Rica, Minas
Gerais (1711-1822), que articula elementos de tratadstica, crnica e histria urbana. O autor
oferece uma superposio sensvel da vertente filolgica com certa histria das
mentalidades aplicada s cidades e ornamentao do territrio no sculo XVIII (BASTOS,
2009).
31 A tradio historiogrfica paulista dedicada arquitetura urbana igualmente ampla. Ela
inclui trabalhos de flego sobre a tipologia especfica das residncias e dos edifcios civis
na regio de So Paulo, como o caso dos textos de Lus Saia (SAIA, 1978), Carlos Lemos (
LEMOS, 1979, 1999), Dalton Sala e, em tempos mais recentes, Paulo Garcez ( MARINS, 2001 ;
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Aleijadinho..., 2002). Aracy Amaral nos legou um instigante estudo acerca da produo
arquitetnica paulista e suas possveis conexes com a arquitetura da Amrica espanhola
(AMARAL, 1981). Nele, ela desenvolve o importante tema das rotas comerciais sul-
americanas, dos encontros e dos confrontos entre portugueses e espanhis durante os
anos da colonizao e de seu impacto na produo artstica, o que constitui atualmente
um campo de pesquisa em plena expanso. Ao sul do Brasil, na rea de confronto com a
cultura espanhola, preciso destacar a produo pioneira de Eduardo Etzel, que mapeou o
territrio de expanso urbana e artstica do Brasil meridional em seus textos dos anos
1970 (ETZEL, 1974).
32 O estudo de carter estilstico mais estrito ampliou-se no Brasil igualmente a partir dos
anos 1990. As pesquisas sobre o trnsito de objetos entre Portugal e a Amrica
portuguesa, indicando de modo preciso as trajetrias pelo Atlntico de artefatos, livros,
gravuras e imagens religiosas, encontram-se em ainda em fase de consolidao, mas tm
ganhado crescente complexidade. A identificao de processos de transferncia formal
via gravuras, livros e desenhos, bem como por meio de agentes efetivamente
identificveis, ganha relevncia em estudos como o de Lus Alberto Ribeiro Freire acerca
da renovao da talha decorativa na Bahia entre os sculos XVIII e XIX. O seu livro A Talha
Neoclssica na Bahia (FREIRE, 2006), alm de apresentar uma preciso documental no que
tange identificao das alteraes dos modelos ornamentais e do processo de
organizao das oficinas de artistas e artfices na regio de Salvador, pode ser lido
igualmente como um estudo sobre o gosto e sobre as relaes de mecenato durante o
incio do sculo XIX.
33 No campo das pesquisas sobre arte produzida ou presente em acervos setecentistas no
Brasil, h ainda grandes reas a serem estudadas principalmente em relao ao mobilirio
e ao design. Estudos precursores como Mobilirio Baiano, da j mencionada Maria Helena
Flexor (FLEXOR, 2009), foram retomados em trabalhos como os de ngela Brando,
dedicados investigao da moblia pertencente antiga arquidiocese da cidade de
Mariana, no estado de Minas Gerais. Metodologicamente, a histria do colecionismo de
moblia e da relao entre a moblia e a talha decorativa religiosa parte essencial da
produo dos entalhadores na Amrica portuguesa requer o exame de toda a
documentao de inventrios, testamentos e registros cartoriais, de cartas pastorais e de
registros de encomendas e despesas com esse gnero de aparato luxuoso documentos
conservados em arquivos como o da arquidiocese de Mariana, da Casa Setecentista, na
mesma cidade, ou o da Casa do Pilar, em Ouro Preto, antiga Vila Rica. No caso brasileiro, a
disperso dos acervos e a ausncia de estudos consistentes sobre as suas provenincias
dificultam sobremaneira a recomposio dos conjuntos antes dispostos em um mesmo
ambiente.
34 Outros estudos, como Espao domstico, devoo e arte: a construo histrica do acervo de
oratrios brasileiro, sculos XVIII e XIX, de Silveli Toledo Russo, seguem o mesmo caminho (
RUSSO, 2010). Dedicado aos oratorios domsticos presentes em casas e fazendas de
provncias de So Paulo, o trabalho procura no apenas reconstruir a gestao formal dos
oratrios, mas tambm identificar as autorizaes formais concedidas pelo poder
religioso para a instalao desses objetos em ambiente privado. Trata-se, portanto, de
uma articulao entre elementos da antropologia, da histria social e das religies e da
histria dos objetos de arte e de devoo. Um grupo de investigadores que compartilham
do mesmo esprito formou-se na Universidade Federal de Minas Gerais em torno de
Adalgisa Arantes Campos, autora de A Terceira devoo do setecentos mineiro: o culto a So
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Miguel e Almas, um significativo estudo acerca dos rituais e das prticas relacionadas
morte bem como da organizao das irmandades religiosas (CAMPOS, 1994)11. Sobre esse
mesmo assunto, destacamos tambm trabalhos recentes como A boa Morte e o bem morrer:
culto, doutrina e icoonografia nas irmandades mineiras, de Sabrina Santanna (SANTANNA,
2006) e a tese de doutorado de Maria Regina Emery Quites sobre as imagens de vestir.
Intitulada Imagem de vestir : reviso de conceitos atravs de estudo comparativo entre as Ordens
Terceiras Franciscanas no Brasil (QUITES, 2006), essa pesquisa apresenta uma nova
compreenso sobre esse gnero de escultura religiosa e sobre as atitudes a ele ligadas,
expondo igualmente a necessidade da recuperao de uma histria dos txteis no Brasil e
de sua integrao ao processo de criao artstica do barroco brasileiro.
35 A histria da circulao de artistas e artfices entre o reino portugus e as colnias avana
graas a investigaes pontuais e estudos de caso. Esse foi o tema do quinto Colquio
Luso-Brasileiro de Histria da Arte, discutido em um volume organizado por Fausto
Sanches Martins, Artistas e Artfices e a sua mobilidade no mundo de expresso portuguesa (
SANCHES MARTINS, 2007). Em trabalho recente, Andre L. Tavares Pereira cuidou de ampliar
a compreenso da trajetria de artistas como Manoel Dias de Oliveira artista prximo de
Domingos Antnio Sequeira, o principal pintor portugus de seu tempo entre o Rio de
Janeiro, Lisboa e Roma, bem como de suas articulaes com o ambiente portugus no final
do sculo XVIII (TAVARES, 2012). Estabelecida em Portugal, a pesquisadora Patrcia D.
Telles, da Universidade de vora, desenvolve uma pesquisa pioneira sobre a retratstica
portuguesa do final dos setecentos, recuperando assim um contexto no apenas pouco
divulgado no mbito brasileiro como tambm negligenciado com freqncia em Portugal
(TELLES, 2013).
36 Outros pintores atuantes no final do sculo XVIII, particularmente na passagem ao sculo
XIX, como Joo Francisco Muzzi, Leandro Joaquim ou o italiano Manoel Julio, tm
recebido a ateno de pesquisadores como Valria Piccoli e Luciano Migliaccio ( MIGLIACCIO
, 2007 ; PICCOLI, 2013). Enquanto este ultimo interessa-se pelo tema da criao da pintura
de histria no Brasil no incio do sculo XIX, Jaelson Bitran Trindade (TRINDADE J., 1998) se
dedica ao tema da formao e da profissionalizao dos artistas no contexto colonial na
mesma poca. Aproveitamos para mencionar tambm o trabalho pioneiro realizado por
Judith Martins, para a regio de Minas Gerais (MARTINS J., 1974), Marieta Alves, para a
Bahia (ALVES, 1976), e, mais recentemente, Vera Acioli, para Pernambuco (ACIOLY, 2008),
na elaborao de dicionrios de artistas atuantes entre os sculos XVII e XIX. O esforo
enciclopdico de Carlos del Negro (DEL NEGRO, 1958), essencial para a compreenso do
desenvolvimento da pintura em Minas Gerais, merece ser destacado, alm de Carlos Ott (
OTT, 1982) e Clarival do Prado Valladares (VALLADARES, 1982-1991), nomes capitais na
definio da historiografia sobre a produo artstica baiana do sculo XVII ao sculo XIX.
37 A histria dos meios, das tcnicas e dos materiais um campo amplamente difundido
entre os investigadores ligados aos principais centros de restauro, como o caso do
Centro de Conservao e Restaurao da Universidade Federal de Minas Gerais. O trabalho
de Renata Almeida Martins em Tintas da terra tintas do reino: arquitetura e arte nas Misses
Jesuticas do Gro-Par ( MARTINS R., 2009) oferece uma viso ampla sobre os meios de
execuo da obra de arte e sobre a adaptao de modelos visuais no mbito dos colgios
jesutas do norte do Brasil entre os sculos XVII e XIX, no que era ento o estado do Gro-
Par e Maranho, uma das provncias aministrativas da Amrica portuguesa. Seguindo
sua investigao, a autora desenvolve uma nova pesquisa sobre o naturalista e
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NOTES
1. A vasta produo das universidades, sobretudo brasileiras, de teses de doutorado e
dissertaes de mestrado no foi considerada aqui devido ao acesso restrito a esses textos.
2. Cornelius Gurlitt, Geschichte des Barockstiles, des Rococo und des Klassicismus in Belgien, Holland,
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(1888) 1961, citao no 2 ; BAZIN, 1956-1958 ; Walter Benjamin, Ursprung des deutschen Trauerspiels,
Berlin 1928 ; Omar Calabrese, Let neobarocca, Bari, 1987.
4. A partir de seu artigo de 1941 (LEVY, 1941), Hannah Levy passou a escrever o seu nome com um
h no final.
5. Esses artigos podem ser vistos como uma tese de livre-docncia.
6. Neste contexto, gostaria de lembrar a proeminente obra de Carl Einstein, Die Negerplastik
(Leipzig, 1915) que prope uma anlise da arte africana livre de exotismos, encaixando-se assim
nos padres de uma nova interpretao.
7. Machado no considerou os desdobramentos da teoria de Levy que culminaram na publicao
de Bedeutung und Ausdruck, de Hanna Deinhard (DEINHARD, 1967).
8. Edward Said, Orientalismo: o oriente como inveno do ocidente, So Paulo, 1990 [ed. orig.:
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, Londres, 1990; Homi Bhabha, O Local da Cultura, Belo Horizonte, 1998 [ed. orig. : The Location of
Culture, Londres/New York, 1994].
9. Jaynie Anderson E., Crossing Cultures: Conflict, Migration and Convergence, (colquio, Melbourne,
2008), Carlton, 2009.
10. David Summers, Real Spaces: World Art and the Rise of Western Modernism, Londres/New York,
2003; Thomas DaCosta Kaufmann, Toward a Geography of Art, Chicago/Londres, 2004.
11. Recentemente, a autora organizou a publicao de um dossi sobre Manoel da Costa Atade
que se tornou o estudo mais completo sobre a obra do pintor mineiro, ampliando as investigaes
anteriores, como as de Llia Coelho Frota (FROTA, 1982 ; CAMPOS, 2005).
12. Disponvel em: http://ufpa.br/forumlandi (Acesso em: 10 novembro 2013).
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