76 - Kiriku e A Feiticeira
76 - Kiriku e A Feiticeira
76 - Kiriku e A Feiticeira
https://www.youtube.com/watch?v=n4JYa-e3rPI
Um nascimento milagroso
Fabricio Fonseca Moraes (CRP 16/1257) - Psiclogo Clnico de Orientao Junguiana, Especialista
em Teoria e Prtica Junguiana(UVA/RJ), Especialista em Psicologia Clnica e da Famlia (Saberes,
ES). Membro da International Association for Jungian Studies(IAJS) Coordenador do Grupo Aion
Estudos Junguianos Atua em consultrio particular em Vitria desde 2003.
Contato: 27 9316-6985. /e-mail: fabriciomoraes@psicologiaanalitica.com
www.psicologiaanalitica.com
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No caso de Kiriku temos um aspecto importante, ele era uma criana, nascida
antes da hora, mas, que dialoga com a me esta, apresenta a misso de Kiriku
falando sobre as dificuldades passadas pela aldeia e devido o poder de Karab.
Assim, devemos considerar que Kiriku, o heri-criana, est intrinsecamente
relacionado com a me, no apenas a me-genitora, mas, a me terra que sofre
com a seca.
Primeiras faanhas
A primeira faanha de Kiriku foi salvar o tio, diante da feiticeira Karab, ele se
escondeu no chapu, e, este foi pensado como um objeto mgico. Que foi
trocado com Karab. Por no ser mgico, Karab exigi o ouro das mulheres. A
segunda foi, mesmo sendo rejeitado, ter salvado as crianas por duas vezes
da canoa e da rvore. O terceiro feito ocorre pouco antes das mulheres
censurarem a me de Kiriku pelas suas aes, posterioremente, foi at a fonte
e entrou na mesma e encontrou o animal que drenava toda a gua, restituindo
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a gua da aldeia, para tanto ele quase que morre afogado ele levado ao
seio da me e da aldeia que finalmente o aceita.
A Jornada de Kiriku
Com a ajuda da me Kiriku inicia sua jornada pelo mundo subterrneo, onde,
pelo seu tamanho se sente a vontade, ele encontra com animais, se v em meio
a um labirinto de possibilidades. Podemos pensar nesse enfrentamento dos
animais o gamb, os esquilos, o pssaro e o javali como um enfrentamento da
prpria natureza instintiva. Com sua ingenuidade, Kiriku conquista todos
animais, o que o torna digno de entrar no cupinzeiro. Onde encontra com seu
av, que logo o reconhece. Deve-se notar que o av, o sbio, se coloca para
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alm do problema, para alm das terras da feiticeira. Ele traz a ancestralidade,
o conhecimento antigo e, sem julgamentos, compartilha com Kiriku.
Segue o dialogo entre o Av e Kiriku, onde ele revela que o que era atribudo a
Karab no tinha sido obra dela, mas, o medo das pessoas que deu a fama a
Karab O Sbio revela que Karab era m porque sofria dia e noite, pois, havia
sido violentada por homens que colocaram o espinho em sua coluna, esse
espinho dava poderes a ela. Kiriku afirmar retiraria o espinho das costas de
Karab, Kiriku pede para se aconchegar no colo do av, fala de sua solido, ao
que o av responde que estaria sempre com ele.
Nesse ponto, Kiriku igual a Karab, ambos so solitrios. Kiriku uma criana
ou seja, nem homem nem mulher que luta sozinho, por isso, se coloca fora
desse poder devorador do masculino.
Kiriku cria uma estratgia para retirar o espinho de Karab, ele rouba as joias
dela, enterra e enquanto Karab se abaixa para cavar, ele ataca e retira o
espinho. A natureza volta a florescer. Karab e Kiriku conversam e ele se torna
um adulto, com um beijo de Karab.
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fertilidade. Kiriku pede para que Karab se case com ela, ela rebate dizendo que
ele era uma criana e que mesmo que no fosse ela no seria empregada de
ningum, no se submeteria, como na verdade foi submetida a fora no passado.
importante pensarmos como o feminino
ferido, se constela em sua forma sombria (a
feiticeira) mediante a violncia do masculino.
O abuso contra o feminino um abuso contra
toda a natureza. Como dissemos antes,
Kiriku no era homem, nem mulher, era uma
criana, ainda intimamente ligado ao
feminino materno. Quando Karab o beija,
Kiriku deixa de ser criana, se torna um homem, mas, no perde a sua essncia
feminina que capaz de curar as feridas de Karaba.
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Ao longo do texto tentei evitar de usar conceitos para no ser (ainda mais)
reducionista. Acredito que essa narrativa fala da individuao em diferentes
nveis, seja ele como um confronto tanto com a sombra quanto com a anima ou
como um processo de integrao.
Mas, confesso que a fora do feminino no filme foi o que mais me tocou. O
Feminino nas mulheres da aldeia, a grandeza do feminino materno da me de
Kiriku, a altivez do feminino ferido de Karab, a inocncia do feminino em Kiriku
e o feminino no Sbio da Montanha. Estamos to acostumados com um
masculino flico, solar e conquistador que chega ser difcil compreendermos
essa dinmica do feminino num heri. Jung chamou de Anima dimenso
feminina da psique que o homem precisa integrar essa integrao, permite ao
homem viver tanto sua masculinidade quanto sua feminilidade de forma
saudvel, como dizia Pepeu Gomes ser um homem feminino, no fere meu lado
masculino. E, de fato, vejo na minha prtica clnica necessrio ser um homem
materno para acolher e cuidar do feminino ferido tanto em mulheres quanto
homens.
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