Curso Intensivo ECG
Curso Intensivo ECG
Curso Intensivo ECG
Eletrocardiografia Bsica
DE 16/10/2008 A 30/10/2008
PALESTRANTES: DESTAQUES:
Dr. Czar Eumann Mesas ECG e seu papel diagnstico
Dr. Claudio Jos Fuganti ECG normal e suas variantes
Dr. Fernando Amaral Sant`anna ECG nas emergncias
Dr. Larcio Uemura ECG nas cardiopatias congnitas
Dr. Ricardo Jos Rodrigues ECG em pediatria
Dr. Samuel Silva da Silva. ECG X Dispositivos implantveis
APOIO:
NDICE
INTROCUO ............................................................................................... 03
Definio ...................................................................................................... 03
Consideraes anatmicas ........................................................................... 03
Noes bsicas de eletrofisiologia ............................................................... 03
Origem e propagao da atividade eltrica dentro do corao .................... 03
Vetores ......................................................................................................... 04
Consideraes tcnicas ................................................................................ 05
Derivaes eletrocardiogrficas ................................................................... 05
Definio
O eletrocardiograma (ECG) o registro grfico da atividade eltrica produzida
pelo corao. O tamanho e a durao das ondas, bem como o intervalo entre elas,
podem ser alterados por processos patolgicos, porm, deve ficar claro que graves
doenas cardacas podem estar presentes enquanto o ECG permanece normal.
Consideraes anatmicas
O maior eixo anatmico do ventrculo esquerdo tem direo inferior, para a
esquerda e levemente anterior. O corao repousa sobra o diafragma.
O trio direito forma a margem direita do corao e o ventrculo direito forma a
maior parte da face anterior do corao, uma pequena parte da face diafragmtica e
quase toda a margem inferior do corao.
O trio esquerdo forma a maior parte da base do corao, e o ventrculo
esquerdo forma o pice do corao, quase toda sua face e margem esquerdas e a maior
parte da face diafragmtica.
+ + + + - - - -
+ + - -
- - - - + + + +
+ - - + - + + -
- - - - + + + +
+ + - -
-
+ + + + - - - -
CLULA POLARIZADA CLULA DESPOLARIZADA
REPOUSO ATIVA
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A atividade eltrica que produz a contrao dos trios representada
eletrocardiograficamente pela onda P, sendo que a primeira metade dessa onda
produzida pela despolarizao atrial direita, e a segunda metade pela despolarizao
atrial esquerda.
No nodo atrioventricular diminui a velocidade do estmulo eltrico proveniente
dos trios antes de transmiti-lo ao feixe de His (ventricular), sendo a causa principal do
intervalo PR no ECG.
O complexo QRS no eletrocardiograma a representao grfica da
despolarizao dos micitos ventriculares. A posterior repolarizao dessas clulas
inscreve-se no ECG como a onda T.
Vetores
Os vetores so grandezas fsicas que representam um determinado momento
eltrico de um dipolo. Os processos de despolarizao e repolarizao criam foras
eltricas mensurveis atravs desses vetores que so representados, matematicamente,
por flechas.
O dipolo consiste em uma carga negativa e outra positiva adjacente (+ -).
A grandeza de um vetor pode ser ilustrada pelo comprimento da flecha; a
direo refere-se inclinao do vetor no espao; e o sentido simbolizado pela
localizao e orientao da ponta da flecha.
- + - +
DIPOLO
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Consideraes tcnicas
A velocidade do papel de 25 mm/s. O papel impresso com um quadriculado
especial, que permite a medida do espao de tempo necessrio para inscrever um trecho
especfico do traado eletrocardiogrfico.
No eixo horizontal marca-se o tempo. Levando-se em considerao a velocidade
do registro, cada quadradinho menor equivale a 0,04 s. Portanto, cada 5 quadradinhos
(equivalente a um quadrado maior) equivalem a 0,20 s.
No eixo vertical, marca-se a voltagem. Cada quadradinho menor equivale a 0,1
mVolt. Portanto, cada 5 quadradinhos menores equivalem a 0,5 mVolt.
5,0 mm = 0,2 s
5,0 mm = 0,5 mV
1 mm = 0,1 mV
1 mm = 0,4 s
Derivaes eletrocardiogrficas
Na superfcie do corpo existem diferenas de potencial, conseqentes aos
fenmenos eltricos gerados durante a excitao cardaca. Estas diferenas podem ser
medidas e registradas tendo-se uma noo satisfatria do tipo e da intensidade das
foras eltricas do corao. Para isto so usados galvanmetros de tipo particular que
constituem as unidades fundamentais dos eletrocardigrafos. Nesse sentido, os pontos
do corpo a serem explorados so ligados ao aparelho de registro por meio de fios
condutores (eletrodos). Dessa forma, obtm-se as chamadas derivaes, que podem ser
bipolares ou unipolares.
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Derivaes unipolares de extremidades de Goldberger
aVR Plo positivo Eletrodo explorador
Plo negativo Terminal central Brao direito potencial zero
aVL Plo positivo Eletrodo explorador
Plo negativo Terminal central Brao esquerdo potencial zero
aVF Plo positivo Eletrodo explorador
Plo negativo Terminal central Perna potencial zero
1 2
3
4 5 6
6
ELETROCARDIOGRAMA NORMAL
1 2 3 4 5 6
300
150
100
75
60
50
- 90
aVF
- 120 D2 D3 60
+/- 180 D1 D1 0
120 D3 D2 60
aVF
90
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A localizao do eixo se d pela determinao das derivaes D1 e aVF. Se D1
apresentar-se com uma deflexo positiva, estamos diante de um eixo entre -90 e +90.
Se em aVF for encontrada uma deflexo positiva, estamos diante de um eixo entre 0 e
180. O intervalo do eixo definido pela sobreposio dos intervalos em D1 e aVF,
sendo normal entre 0 e 90.
-90
D1 +
+180 0
D1 + e
aVF + aVF +
+90
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Segmento ST representa o espao de tempo, aps o trmino do processo de
despolarizao dos ventrculos, em que os micitos permanecem eletricamente inativos
antes do incio do processo de recuperao das cargas eltricas. Dessa forma, o
segmento ST geralmente a linha isoeltrica (linha de base) do ECG.
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Ilustraes de ECG normais
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ECG NA ISQUEMIA E NO INFARTO DO MIOCRDIO
A trade clssica dos transtornos progressivos na circulao coronariana se
compe de isquemia, leso do tecido e infarto ou necrose. Embora a progresso que
respeita essa ordem seja mais comum, cada um desses fenmenos pode apresentar-se de
forma isolada.
Isquemia o termo que traduz a falta de sangue com dficit da perfuso
sangunea no msculo cardaco e pode ser detectada no ECG pelas ondas T patolgicas.
A leso caracteriza a fase aguda do infarto.
O infarto do miocrdio pode ocorrer sem alteraes eletrocardiogrficas,
principalmente em pacientes que apresentam ECG com anormalidades secundrias a
infartos anteriores.
Onda T:
Isquemia subendocrdica no ECG normal h um atraso da repolarizao na
regio subendocrdica. Assim, o vetor de despolarizao e repolarizao tm o mesmo
sentido (complexo QRS e onda T so ambas positivas). Na isquemia subendocrdica,
ocorre uma exacerbao do atraso normal, dessa forma, o complexo QRS e a onda T
ainda so ambos positivos. No entanto, na isquemia, a onda T torna-se apiculada,
simtrica e com grande amplitude.
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Segmento ST: na fase de ativao do corao, a regio no lesada se despolariza
normalmente, mostrando-se negativa em ralao a rea lesada, cuja dificuldade em se
despolarizar a torna positiva em relao regio normal. Como os vetores caminham da
rea negativa (normal) para a positiva (lesada), o vetor de leso aponta para a rea
lesada, fugindo da rea normal.
Leso subendocrdica infra-desnivelamento do segmento ST
Ondas Q profundas
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A evoluo do infarto e as alteraes do traado do ECG
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SOBRECARGA DE CMARAS CARDACAS
Dizemos que uma cmara est sobrecarregada quando realiza um trabalho acima
do normal, seja para mobilizar uma quantidade maior de sangue (sobrecarga de
volume), seja para vencer uma maior resistncia (sobrecarga de presso).
As sobrecargas geralmente so decorrentes da hipertrofia com crescimento e
desvio do vetor mdio de despolarizao das cmaras cardacas.
Sobrecargas atriais.
Nesse momento importante lembrar que a despolarizao dos trios
representada no ECG pela onda P, sendo que a primeira metade da onda corresponde
despolarizao do trio direito (AD) e a segunda metade da onda corresponde
despolarizao do trio esquerdo (AE).
Sobrecarga atrial direita com o crescimento do trio direito, o vetor mdio
da despolarizao do AD ter sua amplitude aumentada em relao ao vetor mdio da
despolarizao do AE. Sendo assim, o vetor mdio da onda P (vetor mdio de AD +
AE) estar mais inclinado para frente e para direita.
Dessa forma, encontraremos uma onda P com amplitude maior que 2,5mm em
D2 e V1, apiculada em D2, D3 e aVF e pode ser difsica com maior componente de AD
em V1 e/ou V2.
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Sobrecarga atrial esquerda com o crescimento do trio esquerdo, ocorre
aumento na durao da onda P devido ao maior componente vetorial do AE, deslocando
o vetor mdio da onda P para cima e mais para a esquerda que o habitual.
Dessa forma, encontraremos uma onda P longa, com presena de entalhes
principalmente em D1 e D2 e podendo ocorrer bimodal (mitrale) com predomnio do
componente negativo em V1.
0,3 mm
0,13 s
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Sobrecargas ventriculares
Sobrecarga ventricular direita na sobrecarga (hipertrofia) do ventrculo
direito (VD) temos uma grande onda R em V1 que se caracteriza por ser maior que a
onda S, e no o contrrio como deveria ser.
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Sobrecargas biventriculares na sobrecarga biventricular, as foras opostas
dos ventrculos direito e esquerdo podem ser equivalentes ou ocorrer predomnio de um
deles.
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ARRITMIAS CARDACAS
A arritmia cardaca usual no complexa, sendo comumente identificada no
ECG de rotina de 12 derivaes. Em arritmias mais complexas, til obter um ECG de
12 derivaes e uma fita longa de registro da derivao D2.
Em condies normais, o marcapasso dominante o n sinusal, disparando com
freqncia de 60 a 100 bpm. Com a falha do marcapasso original, outras estruturas
cardacas assumem esse papel, disparando com freqncias inferiores do n sinusal.
So elas:
- N sinusal 60 a 100 bpm com onda P precedendo cada QRS
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Taquicardia sinusal taquicardia com QRS geralmente estreito, precedido por
onda P com freqncia acima de 100 bpm. Ondas T freqentemente de menor
amplitude, PR encurtado
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Ritmos de escape ou substituio aparecem na presena de depresso no
automatismo do n sinusal.
A) Juncionais: ritmo regular com freqncia inferior a 60 bpm e complexo QRS
estreito no precedido por onda P.
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Ventriculares: complexos QRS precoces, alargados e com morfologias
diversas. As extra-sstoles ventriculares podem ser classificadas, segundo a morfologia
em monomrficas, dimrficas e polimrficas (3 ou mais morfologias distintas), segundo
a proximidade em acopladas (duas extra-sstoles juntas) e taquicrdicas (3 ou mais
juntas) e segundo a freqncia em que aparecem em isoladas ou bigeminadas (um
batimento normal seguido de uma extra-sstole).
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D) Bigeminadas: cada complexo QRS normal seguido por uma extra-
sstole ventricular.
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Taquicardia supraventricular taquicardia com QRS estreito, sem onda P
precedente.
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Fibrilao ventricular ritmo com ausncia de onda P e de complexos QRS.
Apresenta apenas um ondulado irregular na linha de base.
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Flutter atrial taquicardia com intervalos RR regulares, ondas F de flutter
negativas nas derivaes D2, D3 e aVF (linha de base em dentes de serra) com
freqncia atrial de 300 bpm e freqncia ventricular tipicamente em 150 bpm.
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BAV de segundo grau Mobitz II ocorre ritmo sinusal regular com onda P
seguida por complexo QRS sem prolongamento do intervalo QT, at que uma onda P
subitamente bloqueada, no sendo seguida por QRS.
BAV de segundo grau 2:1 presena de ritmo sinusal sendo que uma onda P
seguida por um complexo QRS e outra onda P bloqueada.
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Sndrome de Pr-excitao ventricular Wolf-Parkinson-White
caracteriza-se pela persistncia de vias anatmicas anormais responsveis pela
modificao da ativao eltrica do trio para os ventrculos (conexes anmalas trio-
ventriculares). Presena de ondas Delta positivas ou negativas (pr-excitao pela via
anmala) e complexo QRS (estmulo pelo NAV).
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BLOQUEIOS NA CONDUO INTRAVENTRICULAR
Nesse momento importante relembrar que a conduo do impulso eltrico
responsvel pela despolarizao (contrao) ventricular inscreve-se no ECG atravs do
complexo QRS, desde o incio da despolarizao septal (incio da onda Q) at o final da
despolarizao das pores basais do septo e ventrculos (final da onda S). A durao
normal do complexo QRS varia entre 0,08 a 0,09 s em adultos.
Onda Q: primeira deflexo negativa e representa a ativao septal. Deve ter
durao menor que 0,04 s e amplitude inferior a 25% da onda R.
Onda R: primeira deflexo positiva e representa a ativao das paredes livres dos
ventrculos.
Onda S: segunda deflexo negativa e representa a ativao das pores basais
dos ventrculos.
V1 V2 V3
V4 V5 V6
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Bloqueio de ramo esquerdo (BRE) o atraso na conduo pelo ramo esquerdo
resulta na ativao precoce do lado direito do septo interventricular (onda Q), pice e
parede livre de VD (onda R). A ativao do VD se feita clula a clula atravs do septo
interventricular da direita para a esquerda, percorrendo toda a parede livre do VE.
Caracteristicamente encontramos complexos QRS alargados, ondas R alargadas
geralmente com entalhes em D1, V5 e V6, ausncia de onda Q em D1, V5 e V6,
complexos QRS polifsicos e de pequena magnitude em D2, D3 e aVF e deslocamento
do segmento ST e onda T na direo oposta maior deflexo do QRS.
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BLOQUEIOS DIVISIONAIS
Em condies normais, os dois ventrculos despolarizam-se simultaneamente. O
bloqueio de ramo produz um retardo de transmisso unilateral de forma que um
ventrculo estimulado depois do outro (retardo de despolarizao no ventrculo
afetado). O alargamento do QRS ocorre porque a despolarizao ventricular no
simultnea, distinguindo-se duas ondas R identificadas como R e R.
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Bloqueio da diviso pstero-inferior esquerda quando a DPI do ramo
esquerdo encontra-se bloqueada, o processo de ativao ventricular ir gerar pequenas
ondas R em D1 e aVL e uma pequena onda Q em D2, D3 e aVF (juntos formam o
padro da onda S I-Q III com onda S predominante em D1 e onda Q predominante em
D3). Na despolarizao ventricular ser gerado um grande vetor responsvel pelas
ondas S em D1 e aVL e pela onda R em D2, D3 e aVF.
Nesse bloqueio, encontramos o eixo do ECG desviado para a esquerda e um
QRS predominantemente positivo em aVR (normal predominantemente negativo).
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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
9- http://www.learntheecg.com/basicsandconcepts.htm
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