Virus Zika em Gestantes e Microcefalia
Virus Zika em Gestantes e Microcefalia
Virus Zika em Gestantes e Microcefalia
1. Introduo
Por vrias dcadas os vrus causadores da dengue (DENV) acometeram
severamente a populao brasileira, mas no houve resposta social, poltica ou
sanitria equivalente para fazer frente aos agravos derivados destas infeces. No
houve a criao de estratgias efetivas nos moldes do que ocorreu para o controle
da febre amarela no incio do sculo passado. Esta relativa inrcia sanitria junto s
constantes adaptaes dos mosquitos do gnero Aedes fazendo deste inseto um
temido inimigo capaz de driblar todas as macrointervenes para o seu controle,
criou uma atmosfera de passividade e assistimos a repetio de picos epidmicos de
arboviroses cada vez mais ampliados. Aliado a estas variveis, a globalizao nos
presenteou com doenas com as quais no tnhamos contato previamente, a
exemplo da infeco pelos vrus Zika (ZIKV) e Chincungunya (CHICV), veiculadas
por pessoas ou animais. No entanto, frente s crescentes evidncias apontando a
associao do ZIKV com a ocorrncia de microcefalia1-5 e a elevada probabilidade
de um surto epidmico desta infeco, criou-se uma demanda legtima para unio de
foras de profissionais de todas as reas da sade para cuidar das pessoas
atingidas, sejam as mes, seus filhos ou suas famlias.
Indubitavelmente, a probabilidade da associao entre a infeco pelo ZIKV e
microcefalia foi a mola propulsora para a demanda de uma ateno diferenciada s
gestantes portadoras desta infeco6,7. No entanto, ainda persiste a indefinio se
esta dualidade diagnstica deriva de uma associao causal pura, acidental ou
incidental8. O que no se discute mais a sua responsabilidade neste processo,
posio claramente assumida pelos Centers for Disease Control and Prevention em
publicao de Rasmussen et al (2016)5. As evidncias clnicas e laboratoriais
permitiram que estes autores afirmassem que sua presena necessria para a
ocorrncia deste agravo. Enquanto durou a indefinio sobre esta associao,
observou-se a induo de considervel nmero de pesquisas dirigidas para a busca
desta resposta9, publicaes pedaggicas sobre o tema10 e a criao de vrios
protocolos assistenciais e de vigilncia epidemiolgica11-17.
1
Preocupada com o cuidado assistencial das gestantes portadoras da infeco
ZIKV e com a educao continuada e suporte para seus associados, a FEBRASGO
criou a Comisso Nacional Especializada Provisria (CNE-P) Vrus Zika Gravidez e
Microcefalia, cuja tarefa primeira foi elaborar o presente documento, luz dos
conhecimentos atuais. Assertivamente, este protocolo dever ser continuamente
atualizado medida que a evoluo do conhecimento cientfico pertinente assim o
permitir. Nada definitivo alm da disposio objetiva de informar sobre o cuidado
adequado das mes eventualmente acometidas por esta infeco e instrumentalizar
o encaminhamento correto das crianas eventualmente acometidas por este
infeco. Ser um documento com a marca de contnua reavaliao e atualizao.
2. Agente etiolgico
Do ponto de vista filogentico, o ZIKV um arbovrus pertencente ao gnero
Flavivirus da famlia Flaviviridae, transmitido por mosquitos do gnero Aedes, dentre
eles o Aedes aegypti (o mais comum no Brasil). Como os outros Flavivirus, seu
genoma composto de RNA de cadeia simples, contendo 10794 Kb. Inclui cadeia
aberta de leitura que, em seu processo de replicao, codifica uma poliprotena e
duas regies flanqueadoras no codificantes. Em seguida, a poliprotena clivada
nas protenas do capsdio (C), precursor da membrana (prM), envelope (E) e em
sete protenas no estruturais (NS) denominadas NS1, NS2a, NS2b, NS3, NS4a,
NS4b e NS518,19. Este elevado nmero de estruturas celulares comuns a todos os
arbovrus justifica a dificuldade na elaborao de testes diagnsticos que no
apresentem reaes cruzadas.
3. Particularidades do ZIKV
2
alcance das pacientes, de suas famlias e de suas comunidades.
De acordo com as informaes oficiais a entrada do ZIKV no Brasil parece ter
ocorrido a partir dos estados do Nordeste e sua disperso coincide com o aumento
da incidncia dos casos de microcefalia em comunidades infestadas pelo Aedes
aegypti11,26,.
4. Transmisso do ZIKV
Sem dvidas, o modo mais importante de transmisso do ZIKV por meio da
picada do mosquito do gnero Aedes, o mesmo transmissor dos vrus da dengue
(DENV) e CHIKV, entre outros. Apesar de haver vrias espcies deste gnero o
Aedes aegypti o principal vetor urbano destas trs doenas27. O combate ao vetor
e sua proliferao considerado a nica forma realmente efetiva de controle destas
doenas, mesmo considerando as enormes dificuldades e as limitaes para efetivar
estas estratgias.
Do ponto de vista da ginecologia e obstetrcia a preocupao maior com a
transmisso do ZIKV a transmisso vertical e a transmisso sexual. Sobre a
transmisso vertical, o risco de microcefalia domina o cenrio das preocupaes16,28,
seguido das leses cerebrais e oculares graves29,30. Preocupao adicional veio
com a confirmao da transmisso sexual do vrus31. Este fato vem trazendo
dificuldades objetivas para os casais que programaram suas gestaes para os
tempos atuais e para os servios de reproduo assistida.
J foi confirmada a presena do ZIKV na urina, leite materno, saliva e smen,
mas ainda no possvel qualificar estes fludos como veculos efetivos na
transmisso da infeco, no havendo forma de quantificar objetivamente este risco
at o momento10. Apesar da presena do vrus no leite materno de mulheres com
infeco aguda, a orientao geral que a amamentao no deve ser suspensa
em casos de purperas infectadas pelo ZIKV6. Embora rara, a transmisso por
transfuso de sangue tambm j foi relatada em algumas ocasies32,33.
At o momento no existem informaes indicando que a imunidade conferida
pela infeco natural do ZIKV seja permanente e possa evitar novas infeces. No
entanto, a preocupao maior deve considerar que este vrus no teve circulao
prvia no pas, ento considera-se que a maior parte da populao brasileira seja
suscetvel a esta infeco e no possua nenhum tipo de imunidade contra ele 10.
Estejamos preparados para o cuidado de um grande nmero de gestantes
infectadas por este vrus.
3
tentando esclarecer a trajetria da gestante em termos de viagens e convivncia
com pessoas doentes ou que tenham visitado reas de elevada endemicidade da
infeco pelo ZIKV. Finalmente, o diagnstico laboratorial tambm ser abordado
neste item.
4
Intensidade da Leve Leve/Moderada Moderada/Intensa
dor articular
Edema da Raro Frequente e leve Frequente e de
articulao intensidade moderada a
intenso
Conjuntivite Raro 50-90% dos casos 30%
Cefaleia +++ ++ ++
(Frequncia e
intensidade)
Prurido Leve Moderada/Intensa Leve
Hipertrofia Leve Intensa Moderada
ganglionar
(frequncia)
Discrasia Moderada Ausente Leve
hemorrgica
(frequncia)
Acometimento Raro Mais frequente que Raro
neurolgico DENV e CHIKV (Predominante
em neonatos)
Modificado de Duffy et al (2009)35 e Brito C. (Universidade Federal de Pernambuco, atualizao
em dezembro/2015)11
5
a infeco. Realce especial dispensado s informaes sobre contato com
pessoas diagnosticadas como portadoras de infeco por DENGV, CHIKV e/ou
ZIKV; contato com pessoas portadoras de outras doenas exantemticas; uso de
medicamentos/lcool/droga durante a gravidez; deslocamento para reas de
circulao de ZIKV durante a gestao; e residncia em rea de circulao de ZIKV.
Considerando que o exantema ser o marcador clnico de entrada da
gestante nos fluxos diagnsticos e de cuidados, havendo a presena deste sinal a
gestante dever ser notificada para a Vigilncia Epidemiolgica (VE) municipal que
dever comunicar o Grupo de Vigilncia Epidemiolgica (GVE) de referncia, aps
preenchimento da ficha prpria7,13. Com estas medidas espera-se que pelo menos
os casos sintomticos sejam notificados (ver quadro 1). Para este importante passo
do atendimento sugere-se estreito relacionamento com o pessoal da vigilncia
epidemiolgica dos hospitais e municpios para auxlio no preenchimento destes
documentos. De forma geral eles possuem treinamento especfico para estas
tarefas.
6
5.4. Diagnstico laboratorial da infeco pelo ZIKV
Para o diagnstico da causa do exantema sero solicitadas amostras
sanguneas para o hemograma, o NS-1 e para confirmar a presena do RNA do
ZIKV. O hemograma ajuda na diferenciao da infeco virtica com a infeco
bacteriana e a contagem de plaquetas informa sobre risco de episdios
hemorrgicos. O NS-1 faz o diagnstico diferencial com a infeco pelos DENV.
Frente ao risco do desenvolvimento de microcefalia em algumas infeces, solicita-
se sorologia para sfilis, toxoplasmose, herpes tipo 2, rubola e citomegalovrus
(para saber se estas doenas so as causas do exantema). A pertinncia destas
sorologias dever ser avaliada em breve, at que se tenha um exame sorolgico
para dosagem de IgM especfica contra o ZIKV. No momento, em caso de exantema
materno que no seja derivado de intoxicaes exgenas, uso de medicaes, ou
outras causas no infecciosas, orienta-se sua realizao.
Para confirmao da infeco pelo ZIKV em gestantes com exantema, at o
momento, o exame de eleio a reao em cadeia da polimerase via transcriptase
reversa (RT-PCR) do RNA do ZIKV38. Face curta durao do perodo virmico a
deteco do RNA viral ser possvel por um perodo de apenas sete dias aps o
incio dos sintomas. Entretanto, visando maior efetividade da tcnica, recomenda-se
7
que o exame do material seja realizado at o 5 dia aps o aparecimento das
manifestaes clnicas (ver esquema na figura 1)39. Por sua vez, este exame na
urina pode ser realizado at o 11 dia aps o incio dos sintomas.
Os ensaios sorolgicos comerciais disponveis no Brasil apresentam baixa
especificidade para a deteco de anticorpos especficos para o ZIKV e requerem
cuidado na avaliao de seus resultados. As reaes cruzadas com as infeces
causadas pelas outras arboviroses (dengue, chikungunya e febre amarela, entre
outras), alm de aumentar drasticamente os custos, faz com que o diagnstico da
infeco pelo ZIKV acabe sendo por excluso. No momento, o mtodo utilizado para
aferio de anticorpos em larga escala, recomendado pelo Ministrio da Sade,
baseia-se em tcnicas de ELISA in house, protocolo estabelecido pelos Centers for
Disease Control and Prevention (CDC, 2016)40. Ele j se encontra padronizado em
alguns laboratrios estatais, mas com disponibilidade limitada para o pblico e
atenderiam, prioritariamente, gestantes com histrico de doena exantemtica,
porm fora do perodo ideal de coleta para o exame de RT-PCR para ZIKV, ou
aquelas que apresentarem diagnstico de microcefalia fetal durante a gestao, sem
diagnstico prvio de infeco pelo ZIKV. No entanto, nem para estes grupos
especficos os laboratrios conseguem atender a demanda. Na prtica, no temos
ainda exame sorolgico disponvel para a nossa populao do Sistema nico de
Sade (SUS).
A coleta e estocagem de amostras para aferio futura de anticorpos quando
houver exames sorolgicos disponveis opcional e deve ser acordada com as
instituies de sade da comunidade. Caso se detecte positividade para ZIKV estas
gestantes sero encaminhadas para servios de referncia em gravidez de alto risco
de acordo com o fluxo usual daquela determinada comunidade, bem como para a
realizao de exames ultrassonogrficos.
Em nosso meio ainda no foi confirmada a viragem sorolgica em gestante
assintomtica, resposta que vir s aps a elaborao de tcnica sorolgica
diagnstica confivel, o que poder ocorrer nos prximos meses.
Importante apontar que no h necessidade de alterar a rotina laboratorial
habitual de cada servio de pr-natal (cada municpio tem a suas prioridades
laboratoriais no pr-natal). No se sabe ainda se haver necessidade de incluir
qualquer outro exame no rol dos exames laboratoriais rotineiros da assistncia pr-
natal10.
8
Figura 1. Esquema temporal das oportunidades para o diagnstico da
infeco pelo ZIKV segundo a tcnica laboratorial utilizada (RT-PCR
ou sorologia dosando IgM/IgG)
9
Uso de repelente ambiental aplicados em forma de spray ou os que se
espalham com uso de fumaa ou eletricidade so pouco eficazes, pois no atuam em
mosquitos que no esto voando. De forma geral so mais eficazes para outros
mosquitos que no o Aedes.
Com o uso do repelente de uso na pele completam-se as medidas de profilaxia
contra a picada o Aedes aegypti. O repelente deve ser aplicado em toda rea exposta
da pele, podendo ser aplicado aps o uso dos cremes habitualmente utilizados pela
grvida, cuidando-se que o repelente deve ser a ltima camada de produtos a ser
aplicado. Caso a gestante opte pelo uso de roupa confeccionada com tecido de trama
larga, prefere-se utilizar o repelente por baixo do tecido, pois existem dvidas sobre a
real eficcia quando o repelente utilizado por cima do tecido. Normalmente, os
repelentes trazem a informao se podem ou no serem usados em gestantes em
suas embalagens, bem como o intervalo de uso preconizado17. Os mais indicados so
base de Icaridina, o DEET e o IR3535. Em comunidades com temperaturas
mais elevadas a icaridina deve ser utilizada em perodos menores que o preconizado
(normalmente 4-6 horas). Para o DEET, como a concentrao menor que aquela
verificada em outros pases, orienta-se tambm o uso em intervalos menores
(normalmente de 1-2 horas). Em relao loo drmica do IR3535, o intervalo de
uso mais adequado em torno de 4-5 horas. Recomenda-se cuidado para evitar o
contato com olhos, boca e nariz. A ingesto de tiamina (vitamina B1) no apresenta
eficcia comprovada como repelente e esta indicao de uso no aprovada pela
Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa).
10
6.1. Conceito e prognstico da microcefalia
11
Fonte: Cunninghan et al., Obstetrcia-Williams. 24 Edio, 201649
12
Tabela 2. Causas mais frequentes de microcefalia (congnita e ps-natal)
CONGNITA PS-NATAL
ADQUIRIDA ADQUIRIDA
Sfilis Meningites
Toxoplasmose Encefalites
Rubola
Citomegalovrus
Herpes simples
13
Parvovrus B19
Zika vrus
Outros vrus
Deprivao Deprivao
14
medidas da circunferncia craniana com o comprimento fetal, o que pode melhorar a
performance do ultrassom53.
Alm da habilidade tcnica para obter corretamente as medidas do permetro
craniano (PC), a busca dos padres diagnsticos54 e das curvas de referncia
tambm tem sido motivo de grande preocupao da comunidade cientfica nos
ltimos tempos. Dentre as vrias curvas de referncia para qualificar (direta ou
indiretamente) o crescimento do permetro ceflico ao longo da gravidez55,56,57 a
escolha de vrios colegiados representativos da sade no pas12 e no mundo16 foi
pelas curvas do Intergrowth 2143,44. Todas as curvas existentes apresentam prs e
contras que limitam ou estimulam sua adoo sistemtica e protocolar. Para a
situao em pauta as que reuniram mais fatores positivos foram aquelas do
Intergrowth 21. Os resultados deste projeto permitem avaliar o desenvolvimento da
circunferncia craniana desde as 14 semanas de gravidez e no perodo ps-natal,
alm de possuir recurso eletrnico para ver se determinado feto/recm-nascido pode
ser classificado ecograficamente como portador de microcefalia. A Intergrowth 258
caracteriza-se como uma curva de referncia para o crescimento da circunferncia
craniana de fcil utilizao e bastante representativa, visto que foi elaborada com
amostras de vrios pases, incluindo crianas brasileiras, alm de contemplar a
avaliao de fetos pr-termo.
As tabelas sobre as medidas da circunferncia craniana fetal de fetos pr-
termo extremo, pr-termo e de termo, considerando o sexo fetal, podem ser vistas
no seguinte endereo eletrnico: https://intergrowth21.tghn.org/articles/intergrowth-
21st-fetal-growth-standards/
Neste endereo os arquivos esto em Excell e so facilmente abertos,
inclusive a calculadora que possibilita a introduo das variveis anatmicas fetais
(peso, comprimento femoral, circunferncia craniana). Os resultados obtidos podem
ser em percentis ou desvio padro (z score). Na realidade informam em qual desvio
padro a circunferncia craniana situa-se em relao ao padro esperado para
aquela determinada idade gestacional. Os resultados em percentis podem ser
consultados no:
https://intergrowth21.tghn.org/site_media/media/articles/INTERGROWTH21st_Fetal_
charts_Head_Circumfrance_11062015.pdf
15
A seguir ser fornecido uma srie de endereos eletrnicos que possibilitaro
acesso direto s curvas de referncia para as medidas da circunferncia craniana de
dois grupos de recm-nascidos: a) pr-termo extremo (at 32 semanas gestacionais)
considerando o sexo; e, b) curvas considerando o nascimento aps a 33 semana,
tambm considerando o sexo fetal44.
Recm-nascido/Feminino
http://www.who.int/childgrowth/standards/second_set/hcfa_girls_0_13_zscores.pdf?u
a=1
6.5. Diagnstico da microcefalia
16
Detectando-se alguma anormalidade ao exame ultrassonogrfico de mulheres
sem nenhuma suspeita clnica da infeco pelo ZIKV (pode ser decorrido da
infeco assintomtica) preciso dimensionar o agravo fetal e buscar o diagnstico
diferencial da causa. Caso se confirme alterao no sistema nervoso central,
havendo possibilidade, esta gestante deve ser encaminhada para servios com
maior potencial de recursos assistenciais.
No caso em que a gestante tem o diagnstico de infeco pelo ZIKV o exame
ultrassonogrfico passa a ser mensal. Da mesma forma, detectando-se alguma
alterao fetal, a gestante dever ser encaminhada para servios com melhores
recursos assistenciais.
Ser objetivo de todos os exames ultrassonogrficos identificar o mais
precocemente possvel os marcadores sugestivos de leso fetal associados
infeco pelo ZIKV50. Dentre eles destacam-se: reduo da circunferncia ceflica,
dilatao dos ventrculos cerebrais, calcificaes parenquimatosas, periventriculares
ou no ncleo da base, porencefalia ou leses destrutivas (principalmente em fossa
posterior), alargamento do espao subaracnide e artrogripose.
Dentre os sinais inespecficos, mas que podem ocorrer na vigncia da
infeco ZIKV em gestantes destacam-se: restrio do crescimento fetal
(principalmente aps 32 semanas), oligohidrmnio, calcificaes placentrias e at
bito fetal.
Confirmando-se o diagnstico de microcefalia e havendo disponibilidade,
pode se lanar mo da ressonncia magntica44 na tentativa de diagnosticar
alteraes difceis de serem avaliadas pela ecografia, a exemplo da
encefalomalcia, dimensionamento real da ventriculomegalia, atrofia cortical,
hipoplasia dos hemisfrios cerebelares e atrofia do tronco cerebral, entre outras.
7. Condutas pr-gestacionais
17
Alm das orientaes gerais para o controle do vetor do ZIKV (evocando
barreiras fsicas) e para evitar sua picada (uso de repelentes e roupas que protejam
a pele ao mximo possvel), pelo menos duas situaes precisam da
ao/orientao especializada do tocoginecologista. Estes comentrios sero
divididos em dois grupos. O primeiro deles refere-se discusso sobre o uso
sistemtico do preservativo em todas as relaes sexuais e o segundo, deciso de
engravidar em tempos epidmicos da infeco pelo ZIKV e o que deve ser feito luz
dos conhecimentos atuais.
Partindo das informaes de que o ZIKV pode ser transmitido pelo homem nas
relaes sexuais e que o mesmo pode ser eliminado pelo smen por at 62 dias
aps a infeco31, evoca-se a adoo de algumas estratgias no cotidiano das
pacientes sob os cuidados do ginecologista. Uma primeira orientao lgica seria o
uso sistemtico de preservativos por pelo menos 60 dias se o parceiro esteve em
reas de maior risco da infeco, teve sinais e sintomas da infeco pelo ZIKV (sem
diagnstico) ou teve a infeco. No entanto, sabe-se das limitaes desta orientao
para o Brasil, visto que praticamente todo o territrio nacional configura-se como
rea de risco para a infeco pelo ZIKV e, neste caso esta orientao no
encontra respaldo . Como no h relato de transmisso sexual do ZIKV da mulher
para o homem, no se pode falar que a atividade sexual do homem com uma mulher
infectada seja fator de risco para ele se infectar. No entanto, para indivduos com
suspeita de infeco pelo ZIKV ou com doena comprovada recomenda-se o uso de
preservativos durante a fase aguda e por 60 dias, at que novas evidncias
permitam estabelecer este perodo com mais exatido. Esta conduta vlida
principalmente quando a mulher est programando engravidar.
Dados internacionais referem que at 80% das infeces pelo ZIKV podem
ser assintomticas35, informao que logicamente colocaria todas as nossas
mulheres em risco potencial de serem infectadas sexualmente nos tempos atuais.
No entanto, at o momento no existe nenhuma evidncia no Brasil de que estes
dados se repetem aqui. Tambm no h nenhuma informao de que a infeco
assintomtica tenha eliminao viral pelo smen. Segundo Chang et al (2016)60, no
h dados para sustentar a hiptese de que indivduos com a infeco assintomtica
sejam capazes de infectarem diretamente outras pessoas. Frente a estes dados, nos
parece que a indicao de preservativo profiltico para controlar esta situao
inadequada. Parodiando Koenig (2016)61 pergunta-se: onde est a cincia? em tal
recomendao?
Mais do que o uso de preservativos, as mulheres deveriam ser orientadas
para os riscos de engravidarem sem se programarem para isto, por isto enfatiza-se
que, em tempos de ZIKV, faam uso de mtodo contraceptivo eficaz62.
18
7.2. Orientaes para mulher decidida a engravidar naturalmente em perodo
de risco de infeco pelo ZIKV
19
Como medida primria, considerar todas as possibilidades de adiamento da deciso
de engravidar. No entanto, para alguns casais o adiamento no a melhor opo,
mas necessrio que algumas variveis sejam contempladas, na expectativa de
atender os interesses do casal, a segurana do procedimento e afast-la o mximo
possvel do risco de infectar-se pelo ZIKV na vigncia do processo. Aqui o grande
desafio no permitir que a gestante seja exposta ao risco de adquirir a infeco
pelo ZIKV eventualmente veiculada pelo smen do parceiro. Adicionalmente, o casal
deve ser objetivamente orientado e informado (por escrito, obrigatoriamente) dos
limites das tcnicas laboratoriais no diagnstico das infeces assintomticas
causadas por este vrus.
Ponderando o estado atual de conhecimentos e as varias limitaes
laboratoriais referentes infeco pelo ZIKV, a Comisso da Febrasgo constituda
para a elaborao do presente documento decidiu adotar para os casais
matriculados em programas de fertilizao assistida as mesmas recomendaes
acordadas entre as sociedades nacionais que tratam do assunto, incluindo a
Sociedade Brasileira de Reproduo Assistida (SBRA) e a Sociedade Brasileira de
Reproduo Humana (SBRH). Estas, em conjunto com a Comisso Nacional
Especializada em Reproduo Humana da Febrasgo, salientam que:
20
O homem com doena suspeita ou comprovada deve aguardar pelo menos
seis meses antes de programar uma gestao, seja natural ou por reproduo
assistida;
Homens e mulheres com possvel exposio, mas sem apresentar sintomas,
devem aguardar pelo menos dois meses antes de tratamento de reproduo
assistida;
Nos procedimentos que requerem doao de ocitos, as doadoras s estaro
aptas dois meses aps terem sido diagnosticadas com a infeco ZIKV ou
aps elevada probabilidade de exposio ao vrus, seja por exposio ao
mosquito Aedes ou aps relacionamento sexual com homem cuja suspeita da
infeco seja elevada ou tenha tido a infeco comprovada;
Nos procedimentos que requerem doao de smen, os doadores s estaro
aptos seis meses aps terem sido diagnosticados com a infeco ZIKV ou
aps elevada probabilidade de exposio ao vrus (exposio ao mosquito
Aedes);
Ainda no existem informaes na literatura que comprovem a segurana da
criopreservao de ocitos, espermatozoides e embries, assim como o
preparo de smen. Por estes motivos os casais que necessitarem destes
procedimentos devem ser conscientizados dos riscos existentes e
concordarem (por escrito) com o procedimento solicitado.
21
De acordo com o conhecimento atual sobre a infeco pelo ZIKV em
gestantes a estratgia para este grupo de mulheres dar prioridade absoluta
profilaxia, orientando-as como se protegerem contra o mosquito. Para isto dever
ser orientado medidas de barreira (telas nas portas e janelas, mosquiteiros com
tecido fino nas camas), uso de roupas que protejam o mximo possvel da superfcie
corporal e uso de repelentes17 Como dito no item 5.4 deste documento, os mais
indicados so aqueles base de Icaridina, ou DEET ou o IR3535. Orienta-se
cuidado para evitar o contato com olhos, boca e nariz. Reafirma-se aqui que a
ingesto de compostos do complexo B eliminados pelo suor (vitamina B1) no
apresenta eficcia comprovada como repelente e esta indicao de uso no
aprovada pelos rgos oficiais de controle de medicamentos no Brasil (Anvisa).
Aps a confirmao da transmisso sexual do ZIKV e sabendo-se que grande
parte das pessoas que adquirem a infeco assintomtica, deve-se orientar
abstinncia ou uso imperativo de preservativo caso o parceiro apresente sintomas
sugestivos de ZIKA ou tenha doena confirmada. Nestes casos, autores como Oster
et al (2016)31 e Citil-Dogan et al (2016)65 so radicais, orientando o uso do preservativo
at o final da gravidez visto que no se conhece com exatido a durao da eliminao
do ZIKV pelo smen. Ter viajado para regies de maior prevalncia da infeco
perdeu fora frente disperso da infeco pelo ZIKV em todo o territrio nacional.
At o momento, alm da indisponibilidade de exames sorolgicos para o
diagnstico de eventual infeco por ZIKV assintomtica, no existe justificativa para
a triagem universal desta infeco. Portanto, os exames complementares a serem
solicitados sero aqueles adotados na comunidade de atuao do profissional pr-
natalista. Tambm no se modifica a rotina de intervalo de consultas no pr-natal
(retornos) e nem o calendrio vacinal. No entanto, devero ser garantidos pelo
menos trs exames de ultrassonografia obsttrica para ela. O primeiro, em torno da
12a semana de gravidez (entre 10 a 14 semanas); o segundo dever ser
morfolgico, realizado em torno da 22a semana (entre 18 a 24 semanas); e o
terceiro, em torno da 32a semana (entre 28 a 34 semanas). Claro que outros exames
ultrassonogrficos podem ser solicitados, mas com outras indicaes.
Para o parto mantida a orientao obsttrica, no havendo indicao de
parto cesrea nem na fase aguda da infeco10. No puerprio tambm nada se
altera, incluindo a amamentao natural.
23
aps o aparecimento do exantema este exame apresenta aceitveis taxas de
sensibilidade e especificidade.
Como existem outras doenas alm do ZIKV que podem causar microcefalia
e tambm cursarem com exantema preciso organizar um fluxo para reduzir a
ansiedade das gestantes, evitar perda de tempo e otimizar custos. Face limitao
de acesso s tcnicas de biologia molecular para todas elas, orienta-se pesquisar
simultaneamente algumas das doenas que causam exantema por meio de exames
sorolgicos comuns, testes rpidos ou de marcadores especficos (DENV, CHIKG,
rubola, toxoplasmose, citomegalovrus, herpes e parvovrus).
24
8.3.4. Cuidados no pr-natal de gestantes com infeco pelo ZIKV
25
fluxo para diagnstico diferencial com as microcefalias de causas cromossmicas ou
genticas10.
Para o diagnstico da microcefalia sero utilizados os parmetros das curvas
de crescimento do projeto Intergrowh 2144,58 e da WHO41. Para tanto, ser
considerado portador de microcefalia todo feto ou neonato cuja medida do PC
estiver 2 DP abaixo da mdia, considerando a idade gestacional e sexo. Para
neonatos acima de 37 semanas, poder ser utilizada a curva da WHO (PC com 2 DP
abaixo da mdia), tambm considerando sexo e idade gestacional.
Para o atendimento pr-natal dos casos de microcefalia sero utilizados os
fluxos j existentes e o referenciamento para servios que atendam gestantes que
demandam maior complexidade de recursos visando o nascimento e seguimento do
recm-nascido. Durante o pr-natal de mes portadoras de fetos com microcefalia
causada pelo ZIKV, sero seguidos os protocolos de cada servio, no havendo
diferenas ou especificidades. De forma geral, a preocupao nestes casos com a
vitalidade fetal. No entanto, esforos institucionais especficos devem ser dirigidos
para o provimento de apoio psicoterpico no apenas para estas mes, visto que
devem ser estendidos para as famlias envolvidas diretamente com este agravo de
sade. Confirmando-se que existe vulnerabilidade social o profissional da
assistncia social tambm deve ser acionado10.
8.5. Parto
26
De forma geral, o parto da criana com microcefalia tambm no apresenta
particularidade, independente da etiologia. Na dependncia da gravidade do
processo necessrio lanar mo de estratgias para partos considerados de alto
risco, demandando equipe de sade experiente e recursos eletrnicos da vitalidade
fetal. Igualmente, a recepo neonatal deve ser feita por profissional treinado para a
recepo de neonatos de alto risco10.
No caso de diagnstico da microcefalia durante o pr-natal h tempo para o
encaminhamento da gestante para os servios de referncia. No entanto, o parto de
uma criana com microcefalia sem diagnstico, possivelmente ser realizado em
maternidade de risco habitual, eventualmente causando algum transtorno e
dificuldades para estabelecer a estimulao precoce do recm-nascido.
De forma objetiva, para o diagnstico da microcefalia aps o nascimento, os
padres de referncia a opo foi pela utilizao das curvas do Intergrowth 21 Ps-
Natal elaborada para avaliar crianas pr-termo e de termo no perodo ps-natal44.
Para crianas de termo pode ser utilizada tambm a curva da WHO (2014)41.
27
controle do mosquito. Considerando os aspectos perinatais comea a luta por
condies de atendimento adequado s crianas filhas desta epidemia, cujos
agravos precisam muito mais do que nossa sade est preparada para oferecer-
lhes!
9. Bibliografia
1. Ministrio da Sade do Brasil (MS). Ministrio da Sade confirma relao entre
vrus Zika e microcefalia, 28 de novembro de 2015. Acessado em 22/12/2015a
no http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-
saude/21014-ministerio-da-saude-confirma-relacao-entre-virus-zika-e-
microcefalia
2. European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC). Rapid risk
assessment: Microcephaly in Brazil potentially linked to the Zika virus
epidemic, 2015. Stockholm: ECDC; 2015.
5. Rasmussen SA, Jamieson DJ, Honein MA, Petersen LR. Zika virus and birth
defects. Reviewing the evidence for causality. N Engl J Med. 2016 Apr 13.
[Epub ahead of print]
28
8. Tetro JA. Zika and microcephaly: causation, correlation, or coincidence?
Microbes Infect 2016. doi: 10.1016/j.micinf.2015.12.010.
9. Schuler-Faccini L, Ribeiro EM, Feitosa IM, Horovitz DD, Cavalcanti DP, Pessoa
A, Doriqui MJ, et al. Brazilian Medical Genetics Society-Zika Embryopathy
Task Force. Possible association between Zika virus infection and
microcephaly - Brazil, 2015. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2016;65(3):59
62.
10. Duarte, G. Infeco pelo vrus Zika durante a gravidez. Femina. 2016;44:26-
48.
14. Olson CK, Iwamoto M, Perkins KM, Polen KN, Hageman J, Meaney-Delman
D, Igbinosa II, et al. PreventingtTransmission of zika virus in labor and
delivery settings through implementation of standard precautions - United
States, 2016. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2016;65(11):290-2.
15. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Zika virus transmission.
Acessado em 18/12/2015 no http://www.cdc.gov/zika/transmission/index.html
17. Duarte G. Cartilha sobre a infeco pelo vrus Zika para orientao das
gestantes. Jornal Eletrnico do Complexo Acadmico de Sade da FMRP-
USP, HCFMRP e FAEPA. N 65, 2016.
18. Kuno G, Chang WJJ, Tsuchiya KR, Karabatsos N, Cropp CB. Phylogeny of the
Genus Flavivirus. J Virol. 1998:72:7383.
29
2015;7:4640-56.
20. Dick GW, Kitchen SF, Haddow AJ. Zika virus isolations and serological
specificity. Trans R Soc Trop Med Hyg. 1952;46:509-20.
21. Imperato PJ. The convergence of a virus, mosquitoes, and human travel in
globalizing the zika epidemic. J Community Health. 2016. [Epub ahead of print]
23. Faria NR, Azevedo RD, Kraemer MU, Souza R, Cunha MS, Hill SC, Thz J,
et al. Zika virus in the Americas: Early epidemiological and genetic findings.
Science. 2016;pii:aaf5036. [Epub ahead of print]
25. Faye O, Freire CCM, Iamarino A, Faye O, Oliveira FV, Diallo M, Zanotto PMA,
et al. Molecular evolution of zika virus during its emergence in the 20th
Century. PLoS Negl Trop Dis. 2014;8:e2636.
28. Vogel G. Infectious disease. Evidence grows for Zika virus as pregnancy
danger. Science. 2016;351(6278):1123-4.
29. Miranda-Filho DB, Martelli CM, Ximenes RA, Arajo TV, Rocha MA, Ramos
RC, Dhalia R, et al. Initial description of the presumed Congenital Zika
Syndrome. Am J Public Health. 2016;106(4):598-600.
30. de Paula Freitas B, de Oliveira Dias JR, Prazeres J, Sacramento GA, Ko AI,
Maia M, Belfort R Jr. Ocular findings in infants with microcephaly associated
with presumed zika virus congenital infection in Salvador, Brazil. JAMA
Ophthalmol. 2016. doi: 10.1001/jamaophthalmol.2016.0267. [Epub ahead of
print]
30
31. Oster AM, Russell K, Stryker JE, Friedman A, Kachur RE, Petersen EE,
Jamieson DJ, et al. Update: Interim guidance for prevention of sexual
transmission of zika virus-United States, 2016. MMWR Morb Mortal Wkly Rep.
2016;65(12):323-5.
32. Musso D, Nhan T, Robin E, Roche C, Bierlaire D, Zisou K, Shan Yan A, Cao-
Lormeau VM, Broult J. Potential for Zika virus transmission through blood
transfusion demonstrated during an outbreak in French Polynesia, November
2013 to February 2014 . Euro Surveill. 2014;19(14).pii:20761.
33. Cunha MS, Esposito DL, Rocco IM, Maeda AY, Vasami FG, Nogueira JS, de
Souza RP, et al. First complete genome sequence of Zika virus (Flaviviridae,
Flavivirus) from an autochthonous transmission in Brazil. Genome Announc.
2016;4(2).pii:e00032-16.
34. Cardoso CW, Paploski IA, Kikuti M, Rodrigues MS, Silva MM, Campos GS.
Outbreak of exanthematous illness associated with Zika, Chikungunya, and
Dengue viruses, Salvador, Brazil. Emerg Infect Dis. 2015;21:2274-6.
35. Duffy MR, Chen TH, Hancock WT, Powers AM, Kool JL, Lanciotti RS, et al.
Zika virus outbreak on Yap Island, Federated States of Micronesia. N Engl J
Med. 2009;360:2536-43.
36.Piersen TC, Diamond MS. Flaviviruses. In: Knipe DM, Howley PM, eds. Fields
Virology. Philadelphia, PA: Wolters Kluver/Lippincott/Williams & Wilkins, 2013:
747-95.
38. Balm MND, Lee CK, Lee HK, Chiu L, Koay ESC, Tang JW. A diagnostic
polymerase chain reaction assay for Zika virus. J Med Virol. 2012;84:1501-5.
39. Sullivan Nicolaides Pathology 2015. Chikungunya virus & Zika viruses.
Acessado em 20/12/2015 no
http://protocols.sonichealthcare.com/shared/IP625.pdf
40. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Diagnostic testing.
Acessado em 22/03/2016 no http://www.cdc.gov/zika/hc-
providers/diagnostic.html
31
42. World Health Organization (WHO/OMS), Centers for Disease Control and
Prevention (CDC), International Clearinghouse for Birth Defects Surveillance
and Research (ICBDSR). Birth Defects Surveillance: A Manual for Programme
Managers. Geneva: World Health Organization. 2014:1-116.
43. Papageorghiou AT, Ohuma EO, Altman DG, Todros T, Cheikh Ismail L,
Lambert A, Jaffer YA, et al. International standards for fetal growth based on
serial ultrasound measurements: the Fetal Growth Longitudinal Study of the
INTERGROWTH-21st Project. Lancet. 2014;384(9946):869-79.
48. Qian X, Nguyen HN, Song MM, Hadiono C, Ogden SC, Hammack C, Yao B,
et al.Brain region specific rrganoids using mini-bioreactors for modeling ZIKV
exposure. Cell. 2016 Apr 21. pii:S0092-8674(16)30467-6.[Epub ahead of
print]
49. Cunningham FG, Leveno KJ, Bloom SL, Hauth JC, Rouse DJ, Spong CY.
Obstetrcia Williams. Porto Alegre: Artmed, 2016.
50. Oliveira Melo AS, Malinger G, Ximenes R, Szejnfeld PO, Alves Sampaio S,
Bispo de Filippis AM. Zika virus intrauterine infection causes fetal brain
abnormality and microcephaly: tip of the iceberg? Ultrasound Obstet
Gynecol. 2016;47:6-7.
52. Bailo LA, Osborne NG, Rizzi MC, Bonilla-Musoles F, Duarte G, Bailo TC.
Ultrasound markers of fetal infection part 1: viral infections. Ultrasound Q.
2005;21:295-308.
32
53. Papageorghiou AT, Kemp B, Stones W, Ohuma EO, Kennedy SH, Purwar M,
Salomon LJ, et al. Ultrasound based gestational age estimation in late
pregnancy. Ultrasound Obstet Gynecol. 2016 Feb 29. doi:
10.1002/uog.15894.
55. Fenton TR, Kim JH. A systematic review and meta-analysis to revise the
Fenton growth chart for preterm infants. BMC Pediatric. 2013;13:59.
59. Villar J, Giuliani F, Bhutta ZA, Bertino E, Ohuma EO, Ismail LC, Barros FC,
International Fetal and Newborn Growth Consortium for the 21(st) Century
(INTERGROWTH-21(st)). Postnatal growth standards for preterm infants: the
Preterm Postnatal Follow-up Study of the INTERGROWTH-21(st) Project.
Lancet Glob Health. 2015;3(11):e681-91.
60. Chang C, Ortiz K, Ansari A, Gershwin ME. The Zika outbreak of the 21st
century. J Autoimmun. 2016;68:1-13.
61. Koenig KL. Quarantine for Zika Virus? Where is the Science? Disaster Med
Public Health Prep. 2016 Apr 1:1-3. [Epub ahead of print]
62. Petersen EE, Polen KN, Meaney-Delman D, Ellington SR, Oduyebo T, Cohn
A, Oster AM, et al. Update: Interim guidance for health care providers caring
for women of reproductive age with possible zika virus exposure - United
States, 2016. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2016;65(12):315-22.
63. McCarthy M. Couples at risk from exposure to Zika virus should consider
delaying pregnancy, says CDC. BMJ. 2016;352:i1813.
33
ftp://ftp.saude.sp.gov.br/ftpsessp/bibliote/informe_eletronico/2016/iels.abr.16/
Iels60/U_RS-MS-ANVISA-RDC-72_300316.pdf
34