Manejo de Cultivos Transgênico
Manejo de Cultivos Transgênico
Manejo de Cultivos Transgênico
ISBN 978-8588924-13-0
9 788588 924130
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN - UFPR
Manejo de Cultivos
Transgnicos
Editores
Leandro Paiola Albrecht
Robson Fernando Missio
PALOTINA PR
2013
2013 by Leandro Paiola Albrecht e Robson Fernando Missio
Capa
Alexandre Claus e Juliano Rodrigo Boff
Reviso gramatical
Prof. Nlson Hendges
Impresso
Imprensa da UFPR
CDU 631.528.1
Bibliotecria: Neide O. S. Paula CRB 9-1477
Distribuio gratuita
Professores: Leandro Paiola Albrecht (lpalbrecht@yahoo.com.br) e
Robson Fernando Missio (rfmissio@ufpr.br)
UFPR Setor Palotina (http://www.campuspalotina.ufpr.br)
Rua Pioneiro, 2153, Jardim Dallas, 85950-000, Palotina, PR.
Fone: (44) 3211 8500; (44) 3211 8503
SUMRIO
Prefcio 05
1 Melhoramento Gentico e a Transgenia 07
Robson Fernando Missio e Luciana Grange
2 Soja RR e o Glyphosate 25
Leandro Paiola Albrecht, Alfredo Junior Paiola Albrecht e Ricardo
Victoria Filho
3 Manejo do Milho Bt 46
Leandro Paiola Albrecht, Fbio Henrique Krenchinski, Danilo
Morilha Rodrigues, Henrique Fabricio Placido, Ruan Carlos Navarro
Furtado, Renato Rodrigo Bieler e Alexandre Claus
Reitor
Zaki Akel Sobrinho
Vice-Reitor
Rogrio Mulinari
Coordenadora de Extenso
Nadia Gaiofatto Gonalves
Coordenadores do Projeto
Leandro Paiola Albrecht (Coordenador)
Robson Fernando Missio (Vice-Coordenador)
Prefcio
Melhoramento gentico e a
transgenia
Robson Fernando Missio1 e Luciana Grange2
Introduo
C
omeamos este captulo com uma pergunta simples:
As culturas de importncia econmica, que
conhecemos hoje, sempre tiveram esta forma ou
aparncia? A resposta a esta pergunta No. O grande responsvel
pela alterao das caractersticas das plantas e animais foi, e ainda
continua sendo, o homem. A domesticao e, principalmente, a
seleo de plantas com caractersticas de interesse econmico ou
alimentar foram a base para o melhoramento e tiveram incio h
milhares de anos atrs. O homem vem, repetidamente realizando
selees em plantas e animais para benefcio prprio, e isto tornou as
1
Professor Adjunto da Universidade Federal do Paran Setor Palotina, Curso de
Agronomia, Palotina, PR. E-mail: rfmissio@ufpr.br
2
Professora Adjunta da Universidade Federal do Paran Setor Palotina, Curso
Superior de Tecnologia em Biotecnologia, Palotina, PR.E-mail: lgrange@ufpr.br
Melhoramento gentico e a transgenia 8
Entomologia Direito
Biometria
Gentica Bioqumica
Sementes
Fitotecnia
Fisiologia
Transgenia Melhoramento
gentico
Biologia Solos
Molecular
Estatsitica Agronomia
Climatologia Economia
Fitoatologia
140 3500
Y = 869,26 + 61,98X
rea Produtividade R = 0,95
120 3000
100 2500
rea (hectares em milhes)
80 2000
40 1000
20 500
0 0
2011/12
1976/77
1978/79
1979/80
1980/81
1981/82
1982/83
1983/84
1984/85
1985/86
1986/87
1987/88
1988/89
1989/90
1990/91
1991/92
1992/93
1993/94
1994/95
1995/96
1996/97
1997/98
1998/99
1999/00
2000/01
2001/02
2002/03
2003/04
2004/05
2005/06
2006/07
2007/08
2008/09
2009/10
2010/11
1977/78
Anos Aumento em
Cultura
1976/77 2010/11 produtividade (%)
Algodo 430 3705 11,6
Amendoim 1413 2674 52,8
Arroz 1501 4827 31,1
Aveia 940 2464 38,1
Cevada 1018 3230 31,5
Feijo 488 935 52,2
Mamona 806 644 125,2
Milho 1632 4158 39,2
Soja 1748 3115 56,1
Sorgo 2450 2831 86,5
Trigo 655 2736 23,9
Mdia 49,8
Fonte: Conab (2012).
No de cultivares registrados no
Cultura MAPA* % transgnicos
Convencional Transgnica
Algodo 112 14 12,5
Amendoim 25 0 0
Arroz 256 0 0
Aveia 76 0 0
Cevada 42 0 0
Feijo 283 0 0
Mamona 24 0 0
Milho 1425 696 48,8
Soja 524 517 98,7
Sorgo 369 0 0
Trigo 235 0 0
*Fonte: Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento
(http://extranet.agricultura.gov.br/php/snpc/cultivarweb/cultivares_registrad
as.php?). Acessado em 11/12/2012.
Referncias Bibliogrficas
OH, SJ.; KIM, YS.; KWON, CW.; PARK, HK.; JEONG, JS.; KIM,
JK. Overexpression of the transcription factor AP37 in rice
improves grain yield under drought conditions. Plant
Physiology, 150:13681379, 2009.
Melhoramento gentico e a transgenia 24
VOS, P.; HOGERS, R.; BLEEKER, M.; REIJANS, M.; LEE, T.;
HORNES, M.; FRIJTERS, A.; POT, J.; PELMAN, J. KUIPER,
M.; ZABEAU, M. AFLP: A new technique for DNA
fingerprinting. Nucleic Acids Research, 23:4407-4414, 1995.
Soja RR e o Glyphosate
Introduo
1
Professor Adjunto da Universidade Federal do Paran Setor Palotina, Curso de
Agronomia, Palotina, PR. E-mail: lpalbrecht@yahoo.com.br
2
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, USP, Piracicaba, SP. E-mail:
rvictori@usp.br; ajpalbrecht@yahoo.com.br.
Soja RR e o Glyphosate 26
Novos transgnicos
Atualmente, temos inmeros e distintos eventos transgnicos
liberados, que so amplamente cultivados no Brasil e no mundo,
alm da soja e do milho RR. No Brasil, para as culturas da soja,
milho, algodo e feijo, temos 36 eventos liberados pela CTNBio,
para alimentao, rao, e plantio. Com relao a eventos aprovados,
que apresentam tolerncia a herbicidas para as culturas da soja,
milho e algodo, temos 29 (CIB, 2012). Na Tabela 2, podem ser
visualizados todos os eventos aprovados comercialmente no Brasil
pela CTNBio, para a cultura da soja. Tambm podem ser vistas as
caractersticas de cada evento e sua data de aprovao.
Na Tabela 2, pode ser notado que, alm do novo evento
aprovado, pertencente Monsanto, em que se ter soja resistente a
insetos e tolerante ao glyphosate (tecnologia Intacta RR2 PRO),
temos, tambm, outras tecnologias aprovadas, pertencentes a outras
instituies, que conferem tolerncia a distintos herbicidas com
mecanismos de ao diferenciados.
Soja RR e o Glyphosate 38
Consideraes finais
At os dias de hoje h pesquisadores a favor e contra os
transgnicos e consequentemente as culturas RR, que representam
uma grande parcela das reas cultivadas com transgnicos, estando
associadas a outras tecnologias ou no. O fato que o
desenvolvimento de plantas transgnicas no resolveu e nem
resolver o problema da fome no mundo. Porm, ela uma das
tecnologias que podem auxiliar para minimizar esse problema,
contribuindo para o bem-estar da sociedade em geral.
Os transgnicos, como as culturas RR, possibilitam ao
agricultor produzir mais, com maior qualidade, agredindo menos o
meio ambiente, favorecendo assim a sustentabilidade do sistema e o
suprimento da demanda mundial de alimentos. Porm, para que
muitos dos produtos transgnicos disponveis hoje possam continuar
sendo utilizados pelos agricultores, preciso que haja um melhor
posicionamento dessas tecnologias, para que importantes
ferramentas, como as culturas RR, no sejam perdidas.
Soja RR e o Glyphosate 40
Referncias Bibliogrficas
Manejo do Milho Bt
Leandro Paiola Albrecht1, Fbio Henrique Krenchinski2, Danilo
Morilha Rodrigues2, Henrique Fabrcio Placido2, Ruan Carlos
Navarro Furtado2, Renato Rodrigo Bieler2 e Alexandre Claus2
Introduo
1
Professor Adjunto da Universidade Federal do Paran Setor Palotina, Curso de
Agronomia, Palotina, PR. E-mail: lpalbrecht@yahoo.com.br
2
Acadmicos do curso de Agronomia da Universidade Federal do Paran Setor
Palotina, Palotina, PR
Manejo do Milho Bt 47
Consideraes finais
O avano biotecnolgico tem ganhado importante papel na
produo vegetal principalmente por conta dos transgnicos. A
criao de organismos geneticamente modificados facilitou o manejo
e otimizou a produo das grandes culturas agrcolas. Porm, apesar
de todos benefcios trazidos por estes, h a preocupao para que
essa nova tecnologia no se perca e com a sustentabilidade das novas
opes agrcolas.
A regio de Palotina, da mesma forma que outras regies do
Brasil, que utilizam alta tecnologia, apresenta tima aceitao aos
Manejo do Milho Bt 62
Referncias Bibliogrficas
Deteco e Qualificao de
Eventos Transgnicos
Francismar Corra Marcelino Guimaraes1
Introduo
1
Embrapa Soja, Londrina, PR. E-mail: francismar.marcelino@embrapa.br
Deteco e Qualificao de Eventos Transgnicos 65
ELISA
A tcnica de ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay)
um teste imunoenzimtico que permite a deteco de protenas
especficas denominadas antgenos, quando da sua interao com seu
anticorpo correspondente. Para tal, alm do anticorpo especifico para
a protena alvo, tambm deve ser adicionada reao um segundo
anticorpo, normalmente ligado a uma enzima que, na presena de seu
substrato, leva a alterao colorimtrica do meio. A colorao
permite ento a deteco da presena da protena alvo, alm de sua
intensidade ser proporcional quantidade de antgeno existente na
amostra, e o que permite que a tcnica tambm seja usada na
quantificao. As reaes so conduzidas em uma superfcie inerte,
normalmente em placas de 96 poos, onde os antgenos de interesse
so adsorvidos. No caso da deteco de transgenes, a deteco feita
quando o extrato do tecido vegetal adicionado nos poos da placa.
Se a protena transgene estiver presente, ir interagir com o anticorpo
especfico, ligado placa e, aps lavagens seguidas para retirada do
excesso de protenas e adio do segundo anticorpo conjugado, tem-
se a deteco. A quantificao possvel desde que seja preparada
uma curva padro a partir de quantidades conhecidas da protena
alvo.
Para que ocorra o funcionamento adequado do mtodo,
imprescindvel que a protena transgnica de interesse esteja intacta,
para ser capaz de ser reconhecida por seu anticorpo. Nesse sentido, o
ELISA no um mtodo de deteco de transgenes apropriado se as
protenas da amostra tiverem sido degradadas em funo de algum
tipo de processamento, por exemplo, com calor ou tratamento
qumico. Sendo assim, este no o mtodo utilizado para analise de
OGM alimentos rotineiramente e, sim, para gros ou partes vegetais.
Kits para deteco de patgenos, micotoxinas, gravidez, entre
outros baseados na tcnica ELISA, esto disponveis comercialmente
e so aceitos mundialmente h varias dcadas. No caso da deteco
Deteco e Qualificao de Eventos Transgnicos 77
A B
Figura 5. Teste de Tira de Fluxo Lateral. A Representao
esquemtica da tira de Fluxo Lateral com detalhes da
interao entre protena-alvo presente na amostra e o
anticorpo de deteco. B Interpretao dos resultados
do teste de tira; em 1 amostra negativa e 2 amostra
positiva.
Deteco e Qualificao de Eventos Transgnicos 79
Referncias Bibliogrficas
DING J.; JIA J.; YANG L.; WEN H.; ZHANG C.; LIU W.; ZHANG
D. Validation of a rice specific gene, sucrose phosphate
synthase, used as the endogenous reference gene for
qualitative and real-time quantitative PCR detection of
transgenes. J. Agric. Food Chem., 52:3372-3377. 2004.
Biotecnologia,
Biossegurana e Biotica
Luciana Grange1, Olivia Mrcia Nagy Arantes2, Andressa Caroline
Patera3 e Angelica Luana Kehl da Silva3
Biotecnologia na agricultura
1
Professora Adjunta da Universidade Federal do Paran Setor Palotina, Curso
Superior de Tecnologia em Biotecnologia, Palotina, PR.E-mail: lgrange@ufpr.br
2
Consultora no projeto Biossegurana de OGM - LAC BIOSAFETY.
3
Acadmicas do Curso Superior em Tecnologia em Biotecnologia da Universidade
Federal do Paran Setor Palotina, Palotina, PR.
Biotecnologia, Biossegurana e Biotica 82
4
Em 29 de Janeiro de 2000, a Conferncia das Partes para a Conveno sobre
Diversidade Biolgica (CBD) adotou uma complementao Conveno que ficou
conhecida como Protocolo de Cartagena sobre Biossegurana. O protocolo visa
proteo da diversidade biolgica frente aos riscos potenciais que os organismos
vivos modificados resultantes da moderna biotecnologia (ou transgnicos como
ficaram popularmente conhecidos no Brasil). Esse protocolo prev um procedimento
de troca de informao anterior a qualquer introduo desses organismos em um
novo pas; tal procedimento prover informaes necessrias para que decises
sejam tomadas antes da autorizao da importao (CAPALPO et al., 2009). O texto
do Protocolo e outros detalhes podem ser encontrados no site
http://www.cbd.int/biosafety/protocol.shtm.
Biotecnologia, Biossegurana e Biotica 84
5
O TCLE um documento que informa e esclarece o sujeito da pesquisa de
maneira que ele possa tomar sua deciso de forma justa e sem constrangimentos
sobre a sua participao em um projeto de pesquisa. uma proteo legal e moral
do pesquisador e do pesquisado, visto ambos estarem assumindo responsabilidades.
Deve conter, de forma didtica e bem resumida, as informaes mais importantes do
protocolo de pesquisa. Deve estar escrito em forma de convite e em linguagem
acessvel aos sujeitos daquela pesquisa. O pesquisador deve se garantir que o sujeito
da pesquisa realmente consiga entender o que est escrito. No tente esconder
possveis riscos e desconfortos. Outros detalhes podem ser encontrados no site
http://www.cep.ufam.edu.br/index.php/tcle.
Biotecnologia, Biossegurana e Biotica 97
6
O princpio da precauo teve a sua gnese nos anos 70, no Direito Alemo, que j
o adotava como fundamento das polticas ambientais nessa poca. Posteriormente, a
Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em
Estocolmo, em 1972 e a criao do Programa das Naes Unidas para o Meio
Ambiente PNUMA, impulsionaram a introduo do referido princpio nos debates
internacionais sobre a proteo do meio ambiente. (CEZAR E ABRANTES, 2003).
Biotecnologia, Biossegurana e Biotica 100
Consideraes finais
Nos ltimos 20 anos, a biotecnologia moderna vem
tornando-se essencial para a agricultura, bem como para vrias reas
da cincia. O Brasil, pas rico em biodiversidade, grande player no
mercado mundial de produtos agrcolas, tem garantido cada vez mais
espao no cenrio internacional atravs de pesquisas no campo da
gentica e da genmica.
O crescimento demogrfico um dos principais responsveis
por uma demanda cada vez maior de alimentos, espao e recursos.
Essa expanso demogrfica, aliada preservao ambiental e
capacidade de suporte do planeta, no oferece alternativa a no ser a
melhoria da produo agrcola dentro de um sistema sustentvel.
Biotecnologia, Biossegurana e Biotica 101
Referncias Bibliogrficas
Perspectivas Sobre as
Variedades Transgnicas
Wellington Silva Gomes1 e Aluzio Borm2
Introduo
1
Bilogo, M.S. e D.S. e Pesquisador da Universidade Federal de Viosa. E-mail:
wellington.gomes@ufv.br
2
Engenheiro-Agrnomo, M.S., Ph.D. e Professor da Universidade Federal de
Viosa. E-mail: borem@ufv.br
Perspectivas Sobre as Variedades Transgnicas 109
B. Algodo
C. Soja
D. Feijo
Alface
A Embrapa Recursos Genticos e Biotecnologia est
investindo na produo de alface transgnica, com quantidade de
Perspectivas Sobre as Variedades Transgnicas 127
Batata
A Embrapa Recursos Genticos e Biotecnologia, em parceria
com a Embrapa Hortalias, Universidade Federal de Pelotas, o
Instituto de Ingeniera Gentica Y Biotecnologia (Ingeb, da
Argentina), e o Centro Brasileiro-Argentino de Biotecnologia,
desenvolveram variedades transgnicas resistentes aos vrus de
PLRV (Potato leafroll virus) e PVY (Potato vrus Y), ou vrus do
Perspectivas Sobre as Variedades Transgnicas 128
Mamo
A Embrapa Recursos Genticos e Biotecnologia, em parceria
com a Embrapa Mandioca e Fruticultura, desenvolveu plantas
transgnicas de mamo resistentes ao vrus da mancha anelar
(Papaya ringspot virus - PRSV). O vrus considerado o pior
inimigo da cultura de mamo a nvel mundial. Alm de reduzir o
tamanho das folhas, diminui tambm a capacidade de fotossntese
das plantas, levando reduo de seu crescimento e,
consequentemente, a perdas significativas na produo.
A primeira planta de mamo resistente ao vrus da mancha
anelar surgiu no incio da dcada de 90, no Hava. A diferena entre
o mamo transgnico havaiano e o da Embrapa, que o primeiro s
resistente ao vrus encontrado no Hava. Assim, estratgia utilizada
foi transformar os mamoeiros com um gene da prpria estirpe
encontrada no Brasil (SOUZA JNIOR et al., 2005).
Tomate
Empresas brasileiras esto iniciando pesquisas de
transformao gentica para tornar o tomate resistente ao grupo dos
geminivrus, uma das piores pragas dessa cultura que tem
inviabilizado o seu cultivo em vrias regies brasileiras. O gene j
foi isolado e a pesquisa encontra-se na fase de construo de vetores.
Perspectivas Sobre as Variedades Transgnicas 129
Soja
Alm das variedades de soja transgnica para resistncia a
herbicidas, atualmente comercializadas sob parceria com a iniciativa
privada, a Embrapa Recursos Genticos e Biotecnologia, em parceria
com a Embrapa Soja, vem desenvolvendo outras pesquisas para o
desenvolvimento de variedades para vrias caractersticas
importantes.
Tolerncia a insetos
A Embrapa Soja construiu novos espaos que permitem
pesquisas com at trs tipos de transgnicos no-desregulamentados
(ainda em fase de pesquisa), simultaneamente. Uma dessas pesquisas
da Embrapa envolve trabalhos com os genes RR2 e Bt, pertencentes
Monsanto, e que conferem soja resistncia a herbicida (Glifosato)
e tambm a insetos.
Tolerncia seca
O desenvolvimento de soja transgnica tolerante seca
outro foco das pesquisas que a Embrapa conduz com o Japan
International Research Center for Agricultural Sciences (Jircas),
empresa de pesquisa vinculada ao governo japons. O gene BREB,
patenteado pelo Jircas, foi transferido para a Embrapa que o
introduziu em uma cultivar de soja brasileira sensvel seca, a qual
obteve 10% de aumento na tolerncia seca (GLOBO RURAL,
2010). O objetivo produzir plantas que resistam ao perodo de
durao da chamada seca verde, entre trs e quatro meses. O gene
j foi testado em tabaco (que uma planta-teste nas pesquisas de
transformao gentica) e mostrou excelentes resultados, fazendo
com que a planta se desenvolvesse normalmente durante quatro
meses sem gua.
Perspectivas Sobre as Variedades Transgnicas 130
Cana-de-acar
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria (Embrapa),
em parceria com o Ministrio da Agricultura, Pecuria e
Abastecimento (MAPA), busca desenvolver variedades
geneticamente modificadas de cana-de-acar, com maior tolerncia
a seca. A descoberta importante para o setor, j que as perdas nos
canaviais podem variar entre 10% e 50% em decorrncia da seca,
dependendo da regio e da poca de plantio. A Embrapa Agroenergia
(Braslia/DF) obteve as primeiras plantas transgnicas confirmadas
de cana-de-acar tolerante seca com o gene DREB2A. O objetivo
desenvolver cultivares comerciais com maior tolerncia seca, o
que poder potencializar o setor sucroalcooleiro nas reas
tradicionais e de expanso da cultura. Em geral, as reas de expanso
tm como caractersticas solos com baixa fertilidade, altas
temperaturas e baixa precipitao pluviomtrica (MAPA, 2011).
Algodo
Pesquisadores brasileiros esto desenvolvendo plantas
transgnicas de algodo com resistncia a herbicidas, insetos (com o
gene Bt - Bacillus thuringiensis e outros), doenas fngicas e
bacterianas. As unidades j dominam a tcnica de transformao de
plantas de algodo e tm genes isolados para resistncia ao bicudo do
Perspectivas Sobre as Variedades Transgnicas 132
Eucalipto
Em parceria com a Companhia Suzano de Papel e Celulose e
com financiamento da Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de
So Paulo (Fapesp), pesquisadores da ESALQ/USP (Escola Superior
de Agricultura Luiz de Queiroz) esto estudando uma variedade
geneticamente modificada de eucalipto, que teve um gene de ervilha
inserido em seu cdigo gentico e, como consequncia, poder
produzir mais biomassa, levando a uma maior produo de celulose.
Os cientistas acreditam que, no futuro, o eucalipto geneticamente
modificado poder reduzir o desmatamento, a partir do momento em
que as plantaes podero gerar mais celulose para a indstria de
papel (TUNES, 2001).
Consideraes Finais
O paradigma fome e aumento da produo de alimentos ser
um grande desafio para todas as naes neste sculo. Segundo a
Royal Society da Inglaterra, at 2030, estima-se que 8 bilhes de
pessoas estaro povoando o mundo, um aumento de 2 bilhes, se
comparado populao atual. Para superar esses desafios, novos
conhecimentos, tecnologias e aes pblicas devero ser
desenvolvidos e estar focados na tentativa de amenizar/erradicar
problemas de produo e distribuio dos alimentos.
Mesmo reconhecendo que o problema da segurana
alimentar poder ser minorado, em parte, com uma melhor
distribuio dos alimentos, importante salientar que para atender as
necessidades futuras e permitir um crescimento sustentvel, a
pesquisa agrcola dever utilizar todas as tecnologias, incluindo-se as
modernas biotecnologias, que vm apresentando um
desenvolvimento vertiginoso para a produo de alimentos. Nesse
sentido, a engenharia gentica, que envolve a produo de plantas
transgnicas, dever ser incentivada.
Perspectivas Sobre as Variedades Transgnicas 134
Referncias Bibliogrficas