A Teoria Critica Do Processo Penal
A Teoria Critica Do Processo Penal
A Teoria Critica Do Processo Penal
Rio de Janeiro
2016
2
Alessandro Baratta.
4
SUMRIO
Introduo..............................................................................................06
INTRODUO
1
So as palavras de Vera Malaguti Batista referindo-se aos estudos de Loc Wacquant. BATISTA, Vera
Malaguti. Depois do Grande Encarceramento. Organizao Pedro Vieira Abramovay/Vera Malaguti
Batista. Rio de Janeiro: Revan, 2010, p. 34.
2
Geraldo Prado sintetiza a questo: sem os instrumentos da crtica, a iniciao ao Processo Penal levaria
o estudioso a ficar perdido em um mundo de teorias desencontradas da prtica. PRADO, Geraldo.
Sistema Acusatrio. A conformidade das leis processuais penais. 4 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2006, p. 03.
3
Com Rubens Casara, construmos a anlise de uma teoria do processo penal brasileiro a partir de uma
perspectiva crtica. Para uma investigao aprofundada, sugere-se conferir a obra CASARA, Rubens
R.R, MELCHIOR, Antonio Pedro. Teoria do Processo Brasileiro. Dogmtica e Crtica. Conceitos
Fundamentais. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013. A formulao dos problemas envolvendo uma teoria
crtica do e para o processo penal brasileiro se deve conversaes com Salo de Carvalho no mbito do
Grupo de Pesquisa Teoria Crtica e Crtica da Racionalidade Punitiva na Faculdade Nacional de Direito
(FND-UFRJ).
4
Trabalharemos neste ensaio com as consideraes de Geraldo Prado a respeito do mtodo crtico na
tenso estabelecida com o mtodo tradicional, herana de uma dogmtica jurdica forjada no seio da
modernidade (por sua vez, fruto da radicalidade do capitalismo). Conferir especialmente o trabalho:
PRADO, Geraldo. Transao Penal. (O tempo e o modo). Coimbra: Almedina, 2015.
5
NOBRE, Marcos. A Teoria Crtica. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. Conferir, igualmente, a obra
organizada pelo mesmo autor. NOBRE, Marcos. Curso Livre de Teoria Crtica. Campinas SP:
Papiros, 2013.
6
HORKHEIMER, Max. Teoria Tradicional e Teoria Crtica. (1937) In: Textos Escolhidos. Walter
Benjamin, Max Horkheimer, Theodor W. Adorno, Jurgen Habermas. Traduo de Jos Lino Grunnewald
(et al). So Paulo: Abril Cultural, 1980. pp. 117/161.
7
A teoria crtica vivencia a prxis como algo que lhe interior e, desta forma,
encontra-se ancorada na realidade poltica e social, com o objetivo de emancipar os
sujeitos ou, no caso do processo penal, eliminar os obstculos que impedem esta
emancipao. A ideia de prxis, especialmente explorada por Karl Marx7 na primeira
fase do seu pensamento , portanto, um conceito fora que devemos trabalhar.
Uma teoria crtica que opere na dogmtica pressupe, ainda, um saber
sociologicamente referido no caso do saber penal, criminologicamente referido. a
criminologia crtica que permitir esta ancoragem da prxis na realidade.8 Disso resulta
um questo entre a teoria crtica do processo penal e o garantismo penal que precisar
ser esclarecida.
Em suma: a teoria crtica do processo criminal , ou pretende ser, uma proposta
dogmtica (ou crtico-dogmtico) e, ao mesmo tempo, uma ao poltica. Esta teoria
pressupe um saber radicado na criminologia crtica e, por tanto, encerra uma
determinada proposta hermenutica do saber processual penal. 9
Esta perspectiva produz, portanto, um saber que melhor se apresenta como
mecanismo de controle das respostas violentas do Estado aos desvios criminalizados, s
pessoas criminalizadas e como instrumento jurdico de afirmao das garantias
fundamentais em face do poder estatal. As decises judiciais dogmaticamente fundadas
na teoria crtica do processo criminal so, ainda, mais igualitrias, seguras e, finalmente,
produzem uma soluo mais justa e legtima do caso penal.
7
A pedra de toque da dialtica marxista, segundo Michael Lwi, precisamente esta: a categoria da
prxis como esforo de superao da oposio abstrata entre fatos e valores, pensamento e ao, teoria e
prtica. LWY, Michael. A Teoria da Revoluo no Jovem Marx. So Paulo: Boitempo, 2012, p. 40.
8
So as palavras de Salo de Carvalho a respeito dos inconvenientes em se trabalhar apenas com o
conceito de transdisciplinaridade, vulgarizado pelo uso indiscriminado. Ancorar o saber processual penal
crtico na criminologia crtica , portanto, determinar o sentido da anlise.
9
Articularemos a perspectiva crtica do processo penal com a hermenutica processual penal defendida
por Alberto Binder.
8
Geraldo Prado.
eles relativos, mas de impedir a sua violao ali onde intervenha a violncia punitiva
institucionalizada.21
O processo penal dever, portanto, resgatar e concretizar estas promessas,
enfrentando como os dispositivos de controle operam e eliminando os obstculos que
impedem a emancipao. Isto significa um compromisso com a crtica prxis
repressiva, o que no se observa nas abordagens tradicionais da teoria.
25
Ibidem, p. 29. Podemos acrescentar neste ponto a observao de Hilton Ferreira Japiassu: "o que a
epistemologia crtica pretende mostrar que, uma vez que o conhecimento cientfico se torna cada vez
mais um poder, este prprio poder que ir constituir, nas sociedades industrializadas, a significao real
da cincia". JAPIASSU, Hilton Ferreira. Introduo ao pensamento epistemolgico. op. cit, p. 77.
26
Esta a concluso a que chega Hilton Japiassu. (op. cit, p. 76).
27
Mito da Verdade Real, Mito da Neutralidade do Julgador, Mito da Imparcialidade do Ministrio
Pblico, Mito do Processo Penal como instrumento de pacificao social, dentre vrios outros . Rubens
Casara trabalha com a ideia de que a produo de mitos uma condio prpria do pensamento cientfico.
Assinala, entretanto, que um processo penal democrtico tem a primordial funo de desconstruir os
mitos autoritrios que reforam o poder de Estado e restringem a fora poltica e jurdica das liberdades
fundamentais. Conhecer a obra fundamental para a consolidao de um pensamento crtico no processo
criminal. Conferir CASARA, Rubens. Mitologia Processual Penal. So Paulo: Saraiva, 2015.
12
Marcos Nobre .
28
Marcos Nobre explica que a "origem da expresso teoria crtica j traz consigo uma grande quantidade
de dados e elementos a serem analisados. V-se, por exemplo, que a teoria crtica est ligada a um
Instituto, a uma revista, a um pensador que estava no centro de ambos (Horkheimer) e a um perodo
histrico marcado pelo nazismo (1933-45), pelo stalinismo (1924-53) e pela segunda guerra mundial
(1939-45)." O autor lembra ainda que o Instituto de Pesquisa Social nasceu da iniciativa do economista e
cientista social Felix Weil, apoiado por Friedrich Pollock e por Horkheimer. Escola de Frankfurt, por sua
vez, designa uma forma de interveno poltica e intelectual no debate pblico alemo do ps guerra,
tanto no mbito acadmico como na esfera pblica. A explicao dada, ipsi literis, por Marcos Nobre
em NOBRE, Marcos. A Teoria Crtica. op. cit, p. 13.
13
29
A referncia ao marxismo no implica em um engessamento nas ideias originais de Marx. frequente a
lembrana de que a teoria crtica, sujeita constantes renovaes de seus pressupostos em razo do tempo
histrico, enfrentou o legado terico de Marx de diversas formas.
30
Estiveram envolvidos com a economia, Friedrich Pollok, Henry Grossmann e Akjadij Gurland. Com a
cincia poltica e o direito, Franz Neumann e Otto Kirchhmeimer; Com a sociologia e histria, Theodor
W. Adorno, Leo Loward e Walter Benjamin; com a filosofia, Max Horkheimer e Hebert Marcuse e,
finalmente, com a psicologia e psicanlise, Erich Fromm. Para um exame mais detalhado das
contribuies atuais destes autores, conferir NOBRE, Marcos (org.). Curso Livre de Teoria Crtica.
Campinas: Papiro, 2013.
31
NOBRE, Marcos. A Teoria Crtica. op. cit, p. 23.
32
NOBRE, Marcos. Introduo. Modelos de Teoria Crtica. In: Curso Livre de Teoria Crtica. op. cit.
p.19
14
33
WACQUANT, Loc. Punir os Pobres: a nova gesto da misria nos Estados Unidos, Rio de Janeiro:
Revan, 2003. p 148
34
PRADO, Geraldo. Transao Penal. op. cit, p.122
35
MARQUES NETO, Agostinho Ramalho. Subsdios para pensar a possibilidade de articular Direito e
Psicanlise. In: Direito e Neoliberalismo: elementos para uma leitura interdisciplinar. Curitiba:
EDIBEJ, 1996.
36
KARAM, Maria Lcia (Org.). Globalizao, Sistema Penal e Ameaas ao estado Democrtico de
Direito, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005, p.1. Ver tambm a obra j referida de Wacquant.
Recomenda-se ainda a leitura de GIORGI, Alessandro de. A misria governada atravs do sistema
penal. Rio de Janeiro: Revan: ICC, 2006.
15
Max Horkheimer.
37
Veremos os exemplos de como isto poderia ocorrer na ltima parte deste trabalho. Uma teoria crtica
do processo penal, por exemplo, prope uma reconfigurao da justa causa, retificando e enrijecendo os
critrios admissibilidade de uma acusao.
38
A criminalizao dos movimentos sociais um dos dispositivos utilizados pelo Estado para frear a luta
popular e, assim, frustrar as promessas emancipatrias. A teoria crtica do processo penal exige dos
sujeitos processuais e demais atores um comportamento crtico que impea a utilizao poltica do
sistema de justia criminal. Promotores, Juzes e Advogados crticos, tomados desta conscincia,
encontraro na teoria os fundamentos pelos quais podero agir para evitar esta utilizao.
16
eram. Faz-se teoria para que ela se confirme na prtica transformadora das relaes
polticas, sociais e jurdicas existentes.
A produo de um conhecimento que se oriente emancipao caracteriza um
dos princpios fundamentais da teoria crtica 39 e , por esta via, que o direito processual
penal com ela se relaciona.
39
NOBRE, Marcos. A Teoria Crtica. op. cit, p. 30/31.
40
NOBRE, Marcos. Max Horkheimer. A Teoria Crtica entre o Nazismo e o Capitalismo Tardio. In:
Curso Livre de Teoria Crtica, p. 37.
41
HORKHEIMER, Max. In: Textos Escolhidos. op. cit, p. 113.
42
Foracluso o nome dado por Jacques Lacan para indicar a rejeio de um significante fundamental
para fora do universo simblico do sujeito. Apropriando-se da expresso, o que faz a teoria tradicional
ao separar o fato percebido dos processos subjetivos de quem o percebe e, fundamentalmente, dos
processos sociais reais que o determinam. Na perspectiva tradicional da teoria, os cientistas, embora
atrelados ao aparelho social, veem suas realizaes como uma reproduo contnua do existente. Segundo
Horkheimer, eles tem apenas que se enquadrar ao seu conceito, ou seja, fazer teoria no sentido descrito
acima. Dentro da diviso social do trabalho, o cientista tem que conceber e classificar os fatos em ordens
conceituais e disp-los de tal forma que ele mesmo e todos os que devem utiliz-lo possam dominar os
fatos o mais amplamente possvel. Em suma: o material em fatos, a matria, fornecida de fora. Esta
viso recusada pela teoria crtica: os fatos que os sentidos fornecem so pr-formatados de modo
duplo: pelo carter histrico do objeto percebido e pelo carter histrico do rgo perceptivo. Conferir
HORKHEIMER, Max. In: Textos Escolhidos. op. cit, pp. 121 e 125.
17
contraposio entre Estado democrtico de Direito e Estado autoritrio, ou, neste ltimo
caso, Estado policial. Claro que, em qualquer hiptese, trata-se de configurar uma
espcie de dicotomia no estabelecida em termo absolutos, mas que aponte para a
existncia de pulses cujo direcionamento aponta para os referenciais apropriados a um
ou outro sistema poltico.
Embora no seja difcil encontrar, no interior dos Estados ditos democrticos,
setores, pensamentos, prticas e tendncias autoritrias, para Binder, a verdadeira
contraposio ontolgica no processo penal se estabelece no entre o democrtico e o
autoritrio, mas dentro de uma dinmica instalada no interior do prprio campo
democrtico.46
Por esta razo de base, a antinomia fundamental do processo penal estaria
radicada essencialmente na contraposio entre eficincia repressiva e limites ao poder
punitivo.
Estes limites so entendidos enquanto garantias pensadas para proteger a todos
os cidados dos danos que podem ser ocasionados por uma poltica to forte como a que
organiza o poder punitivo do Estado.47 Segundo Alberto Binder, o estado de tenso
entre estas foras configura todas as instituies processuais e, consequentemente,
impe que as normas processuais sejam analisadas ou como ferramentas de poltica
criminal ou como parte do sistema de garantias, dizer, como ferramentas de proteo
do cidado.48
O reconhecimento de que esta tenso atravessa as normas processuais e a
atuao das agncias repressivas importante. A contraposio entre estas duas foras
no interior do direito processual penal (eficincia versus garantia) expressa, em uma
perspectiva social mais ampla, o conflito estabelecido entre demanda por ordem e tutela
das liberdades fundamentais.
A teoria crtica, por tudo quanto foi dito, exige um saber penal e processual
penal que se dedique, antes de tudo, a construir ferramentas de limites, estabelecendo
contornos muito precisos para o exerccio do poder punitivo.49 A defesa radical destes
dispositivos representa, para uma teoria crtica do processo penal, uma exigncia do
comportamento crtico frente emancipao. Emancipao que no se pode obter sem
a conscincia da importncia das ferramentas concretas de defesa da liberdade,
46
Ibidem, p. 124.
47
Ibidem, p. 111
48
Ibidem, p. 102
49
Ibidem, p. 112.
20
historicamente construdas para reparar os graves danos que o abuso de poder gerou e,
ainda, tem gerado cotidianamente. 50
50
Sobre a tentativa de estender s vtimas o conceito de garantias, conferir a mesma obra de Alberto
Binder, op. cit, p. 113.
51
Ibidem, p. 157.
52
Ibidem, pp. 148-150.
53
Ibidem, p. 161.
21
teoria crtica do processo penal.54 Ela fundamental para nos prevenir da tradio
inquisitorial, pois adverte que todo conhecimento que se elabore sobre o direito
processual penal se produzir a partir e no apesar dela.
O espao judicial um espao de lutas polticas entre diversas perspectivas
ideolgicas e discursivas (crena na funcionalidade da priso, crena na verdade real,
etc.). Esta luta est para alm do cidado que est juiz, promotor ou defensor,
individualmente isolados. As organizaes exercem um grande poder de configurao
das condutas e respondem pela maior parte das prticas e disseminao da cultura
inquisitiva no processo penal. 55 A concluso a que chega Alberto Binder importante
teoria crtica que nos propusemos refletir.
A justia penal se apresenta como uma multiplicidade de departamentos,
tribunais, fiscais, unidades de investigao e outras dedicadas ao arquivo, a receber
documentos, expedir notificaes, atender ao pblico, administrar pessoal, etc. Todos
estes setores encontram-se conectados por um sem nmero de trmites, mais ou menos
formalizados. Elas so indispensveis pretenso de monoplio da violncia do
Estado.56 Em razo do seu carter indispensvel, a organizao rotinas, regras, cultura,
etc. influi de um modo determinante na reconstruo do sentido das normas. Este o
argumento central de Binder, com o qual no se pode discordar. Todas as prticas que
se desenvolvem na justia penal tem como raiz aquela burocracia e seus trmites. Por
isto, a realidade organizacional e burocrtica constitui uma das mediaes que se deve
ter em conta no processo hermenutico de reconstruo do sentido das normas
processuais penais. 57
Em sntese: a tarefa de construo de um saber sobre a justia penal se encontra
submetida a uma srie de mediaes e regras polticas que constrangem e obrigam a
todo aquele que produz um saber sobre as suas normas. Este saber est orientado por
uma viso restritiva do exerccio do poder penal e, como contrapartida, por uma
interpretao extensiva e progressiva da defesa das garantias.
54
Para uma abordagem do mtodo histrico crtico no direito processual penal, conferir a obra citada de
Geraldo Prado, Transao Penal, op. cit, p. 123.
55
BINDER, Alberto. Derecho Procesal Penal. op. cit, p. 20. El papel de esas organizaciones para
configurar las prcticas individuales es tan grande que todos hemos visto como la uniformizacin del
lenguage, de las vestimentas, de los modos, de las relaciones y finalmente de las perspectivas vitales va
siendo moldeado poco a poco por la estrutura y cultura de cada organizacin.
56
Ibidem, p. 299.
57
Ibidem, p. 300.
22
58
IbiIdem, pp. 169-172.
59
MARX, Karl. Ad Feuerbach (1845), In: K. Marx e F. Engels. A ideologia alem. So Paulo: Boi
Tempo, 2007, p. 534.
60
A Teoria Crtica no se bate nem por uma ao cega (sem levar em conta o conhecimento) nem por
um conhecimento vazio (que ignora que as coisas poderiam ser de outro modo), mas questiona o sentido
de teoria e de prtica e a prpria distino entre esses dois momentos. Caber ideia mesma de
crtica o papel de realizar essa tarefa. NOBRE, Marcos. A Teoria Crtica. op. cit, p. 08.
61
BINDER, Alberto. Derecho Procesal Penal. op. cit, p. 10
62
Idem.
23
configurada por um universo de prticas e sistemas normativos que, lato sensu, tambm
63
devem ser compreendidas enquanto atos processuais.
A normatividade, quando se est em questo esta parcela do poder que
administra a justia criminal, deve considerar diferentes regras e modelos informais de
funcionamento. 64 A constituio de um saber processual penal crtico, com aptido para
produzir novas prticas deve, portanto, dar conta de todas as dimenses do sistema
penal, inclusive e principalmente, do chamado sistema penal subterrneo65. Esta viso
representa uma caracterstica que lhe diferencia radicalmente da teoria tradicional,
concentrada nica e exclusivamente em uma anlise lgico formal das normas e
meramente sequencial do processo.
Em sntese, a teoria crtica do processo penal ratifica a necessidade de
construo de um saber cuja tarefa seja: 1. reconstruir o sentido das normas processuais,
levando em conta o funcionamento concreto da justia criminal (formal e subterrneo);
2. busque a modificao das prticas do poder criminal, consciente de que se trata de
um campo de larga disputa poltica e ideolgica; 3. se ocupe das formas patolgicas de
exerccio do poder no interior do processo penal, admitidas como normais e sem
importncia.
63
Ibidem, p. 39.
64
Idem. Nas palavras de Alberto Binder: Los abogados suelen ler los cdigos y normas procesales como
si se tratara solamente de un conjunto de trmites, observanla realidade burocratizada de nuestros
sistemas de justicia penal y observan trmites y, por lo tanto, se adiestran para reproducires los trmites e
expandir-los. As se instala la dinmica essencial de la reconfiguracin inquisitorial de los sistemas
adversariales (...). Ibidem, p. 80
65
Sobre sistema penal subterrneo, conferir ZAFFARONI, Eugenio Raul, et al. Direito Penal brasileiro.
Teoria geral do Direito Penal. Rio de Janeiro: Revan, 2003, p. 52-53.
66
CASARA, Rubens R R. MELCHIOR, Antonio Pedro. Teoria do Processo Penal Brasileiro.
Dogmtica e Crtica. Conceitos Fundamentais. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013, p. 469.
24
Alberto Binder.
67
BINDER, Alberto. Hermeneutica Procesal Penal. op. cit, p. 15-16. Conferir, igualmente, BINDER,
Alberto. Poltica Criminal de la formulacin a la prxis. Buenos Aires: Ad-hoc, 1997, p. 119.
25
68
BARATTA, Alessandro. Prefcio. In: ANDRADE, Vera Regina Pereira de. A iluso de segurana
jurdica. Do controle da violncia violncia do controle penal. 3 ed. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2015.
69
Estas ponderaes devem ser tributadas ipsi litteris Salo de Carvalho no contexto das conversaes
estabelecidas no mbito do grupo de pesquisa j citado nesta obra, Teoria Crtica e Crtica da
Racionalidade Punitiva na Faculdade Nacional de Direito (FND-UFRJ).
70
Conferir a obra j referida de ANDRADE, Vera Regina Pereira de. A iluso da segurana jurdica.
71
BARATTA, Alessandro. Prefcio. In: ANDRADE, Vera Regina Pereira de. A iluso da segurana
jurdica. op. cit.
72
BINDER, Alberto. Derecho Procesal Penal. op. cit, pp.88-89.
26
73
H diferentes perspectivas do que se entende por democracia. Para o modelo crtico de processo
criminal, neste ponto em convergncia com o garantismo penal em Luigi Ferrajoli, a viso substancial
mais adequada para a proteo das liberdades pblicas fundamentais. Isto particularmente importante no
Brasil. Para um aprofundamento da questo, conferir a obra de BAYN, Juan Carlos. Democracia y
derechos: problemas del constitucionalismo. In: El Canon neoconstitucional, org. Miguel Carbonell e
outro, Madrid, Editorial Trotta, 2010, p. 300-301. Assinala-se que, para alguns juristas, a democracia
deve ser entendida simplesmente como um procedimento para determinar o contedo das decises
coletivas, cujo trao distintivo consistiria em que as preferncias dos cidados tenham alguma conexo
formal com o resultado pelo qual cada um conta por igual (isonomia poltica). Embora isto implique em
no introduzir na definio de democracia nenhuma exigncia ou restrio acerca do contedo, uma
concepo como esta admitiria como excees apenas as regras requeridas pela prpria democracia,
enquanto procedimento de tomada de decises.
74
E qualquer poder, por mais democrtico que seja, submetido, pelo paradigma da democracia
constitucional, a limites e vnculos, como so os direitos fundamentais, destinados a impedir a sua
degenerao, segunda a sua intrnseca vocao, em formas absolutas e despticas. FERRAJOLI, Luigi.
Garantismo. Uma discusso sobre Direito e Democracia. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2012, p. 80.
75
FERRAJOLI, Luigi. Garantismo. op. cit ,p. 81
27
76
PRADO, Geraldo. Prova penal e sistema de controles epistmicos. A quebra da cadeia de custdia
das provas obtidas por meios ilcitos. So Paulo: Marcial Pons, 2014, p. 17.
77
RIVERO, Jean. MOUTOUH, Hugues. Liberdades Pblicas. So Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 201.
78
Conferir as obras de Rui Cunha Martins. Em especial: MARTINS, Rui Cunha. A Hora dos Cadveres
Adiados. Corrupo, Expectativa e Processo Penal. So Paulo: Atlas, 2013 e O ponto Cego no Direito.
The Brazilian Lessons. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.
79
Neste sentido, toda evoluo jurdico constitucional das ltimas dcadas orientou-se consolidao
dos direitos fundamentais, direitos humanos positivados, domesticando o poder e sujeitando-os a nexos
de causalidade. PRADO, Geraldo. Prova penal e sistema de controles epistmicos. op. cit, p. 17
28
(...) ela tem claro que todo o poder tende insuportavelmente ao abuso, que
o poder "imbeciliza (Nietzsche), que o poder no suporta a alteridade,
que o poder necessita, em consequncia, de verdade absoluta (Bauman),
que o poder necessariamente mentiroso (Heidegger).
80
No caso, Amilton Bueno de Carvalho se referia Defensoria Pblica que, em uma Teoria Crtica do
Processo Penal, tem a sua mxima relevncia reconhecida.
81
Cf.FERRAJOLI, Luigi. Derecho y razn: teora del garantismo penal. 6 ed. Madrid: Trotta, 2004.
82
MALAN, Diogo. Ideologia poltica de Francisco Campos: influncia na legislao processual penal
brasileira (1937-1941) In: MELCHIOR, Antonio Pedro, MALAN, Diogo, SULOCKI, Victoria-Amalia de
Barros Carvalho Gozdawa de. Autoritarismo e Processo Penal Brasileiro. Coleo Matrizes
Autoritrias do Processo Penal Brasileiro/ Geraldo Prado e Diogo Malan (organizadores) Vol.1. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2015.
83
Sobre a relao entre o sistema penal brasileiro e o modelo nazista, conferir a obra de FRAGOSO,
Christiano Falk. Autoritarismo e Sistema Penal. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2015.
29
os limites do poder por ele exercido e, ao fim, modifica-se a forma com que se pensa a
misso do processo penal na era do grande encarceramento.
O princpio da irregularidade dos atos dos poderes, expresso no absoluto
pessimismo em relao ao agir persecutrio88 gera repercusses prticas de grande
envergadura. A desconfiana no apenas redefine as posturas dos sujeitos processuais89,
questiona a pretenso de busca da verdade real, como altera radicalmente o regime
probatrio.
Toda fala sobre justia penal est impregnada de uma forte influncia das
crenas que esta pessoa possui a respeito das funes da priso e do castigo, de uma
forma geral. O processo penal, como caminho irredutvel aplicao da pena,
evidentemente, tem suas regras voltadas a cumprir os objetivos atribudos pelas teorias
tradicionais: retribuio e preveno especial ou geral (positiva ou negativa). Os
reflexos da poltica criminal adotada, ou seja, a opo relativa ao trato do poder penal
vai assim construindo as bases de um determinado modelo de processo criminal. 90
Por isso, com Rubens Casara, temos ressaltado a necessidade de entender o
processo penal democrtico em consonncia com a crtica trazida pela teoria agnstica.
O processo penal se articularia com os instrumentos de reduo dos danos causados
tanto pelo desvio quanto pela reao a ele, afastando-se dos discursos retricos
centrados nas mais diversas teorias justificacionistas da pena. 91
Conforme apontado por Maria Lucia Karam, a pena s se explica em sua
funo simblica de manuteno de poder e em sua finalidade no explicitada de
manuteno e reproduo deste poder. 92
88
CARVALHO, Salo de. Antimanual de criminologia. op. cit., p.75.
89
Idem.
90
CASARA, Rubens R R, MELCHIOR, Antonio Pedro. Teoria do Processo Penal Brasileiro. op. cit,
p. 26.
91
Idem.
92
KARAM, Maria Lucia. Utopia transformadora e abolio do sistema penal. In: Conversaes
abolicionistas: uma critica do sistema penal e da sociedade punitiva / Organizadores Edson Passetti,
Roberto Baptista Dias da Silva; Carmen Junqueira (et al)
So Paulo: Instituto Brasileiro de Cincias Criminais, 1997, pp. 67-84.
31
93
CARVALHO, Salo. Antimanual de Criminologia. op. cit, p.140
94
Como alerta Geraldo Prado, se reconhecemos a existncia de uma categoria jurdica, a que chamamos
de sistema acusatrio, no h como, pura e simplesmente, justap-lo com exclusividade a um preciso
princpio acusatrio, pois a identidade entre um e outro resultaria, por exigncia lgica, na excluso de
uma das duas categorias. O princpio acusatrio no se confunde, portanto, com o sistema acusatrio,
embora o integre com a funo de dar coerncia aos seus diversos elementos. A este respeito, ver o
trabalho de Geraldo Prado, Sistema Acusatrio. op. cit, p. 103 e, ainda, CASARA, Rubens R R.
MELCHIOR, Antonio Pedro. Teoria do Processo Penal Brasileiro. op. cit, p. 67. Adota-se o
entendimento de Jacinto Nelson de Miranda Coutinho, segundo o qual sistema pode ser de entendido
como o conjunto de temas colocados em relao por um princpio unificador, que formam um todo
pretensamente orgnico, destinado a uma determinada banalidade. COUTINHO, Jacinto Nelson de
Miranda. Introduo aos princpios gerais do direito processual penal brasileiro. Revista de Estudos
Criminais do ITEC, Sapucaia do Sul, Notadez Informaes, no 1, p. 28-200
95
CASARA, Rubens R R. MELCHIOR, Antonio Pedro. Teoria do Processo Penal Brasileiro. op. cit, p.
67.
32
98
MARTINS, Rui Cunha. A hora dos cadveres adiados. op. cit, p.86.
99
Ibidem, p.4
34
100
Idem.
101
Ibidem, p. 2.
102
Do ponto de vista da circularidade sistmica, a democraticidade deve ser, a partir de Rui Cunha
Martins, concebida como o princpio unificador. Enquanto tal, a democraticidade o que nos permite
realizar um controle de compaginalidade entre determinado mecanismo ou prtica, com o cenrio
democrtico constitucional. Ibidem, p. 3
103
Ibidem, p. 09
35
Com Binder104, podemos afirmar que todo saber se inscreve em uma tradio
que projeta luz sobre o presente (...). Se isto condiciona o conhecimento emprico,
quanto mais ir condicionar o conhecimento das regras e prticas jurdicas, construdas
a partir de largas tradies polticas e intelectuais.
Em outros termos, disso que fala Nilo Batista105, quando diz de uma matriz
ibrica que responde pelo dogmatismo legal, pela inquisitoriedade, reinado da
confisso, do combate ao crime e do homomorfismo penal.
No caso do direito processo penal, a densidade cultural que o conforma
constri e transmite com muito mais intensidade este condicionamento ao patrimnio
inquisitorial (autoritrio). Este condicionamento sobrevive, segundo o professor
argentino106, atravs do hbito: universo de aes que no so resultado de uma reao
mecnica, mas se encontram totalmente determinadas com maior ou menor grau. O
hbito se constitui em um esquema organizador, tanto das prticas sociais, como das
percepes destas prprias prticas.
H ainda outros problemas que, estando para alm da tradio, encontram-se
associados economia subjetiva prpria do capitalismo. Trata-se, em suma, dos efeitos
produzidos pela cultura do narcisismo: perda do valor do outro (crise de alteridade);
incremento do desamparo; servido voluntria ao punitivismo. Tudo isto conduz, ao fim
e ao cabo, quilo que a professora Vera Malaguti Batista chamou de adeso subjetiva
barbrie. Em se tratando de limitao ao poder, isto pssimo: o cidado se v
dependente da eleio de figuras e de instituies supostamente poderosas, capazes de
proteg-los das diferentes modalidades de relaes sociais.
Essas instituies so as agncias encarregadas do controle penal (Polcia,
Ministrio Pblico e o prprio Judicirio) quando no so pessoas de carne e osso,
aladas com o auxlio da mdia, figura do grande protetor da sociedade. E assim que
este grande protetor, violenta e goza com a fragilidade do outro, alimentando com isso a
sua prpria imagem narcsica. 107
104
BINDER, Alberto, Derecho Procesal Penal, op. cit, p. 80. Para o professor argentino especialmente
relevante o apego ao escriturismo . (op. cit, p.84).
105
BATISTA, Nilo. Matrizes Ibricas do Direito Penal brasileiro. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2000,
p. 26.
106
BINDER, Alberto M., Derecho procesal penal. op. cit. p. 85
107
BIRMAN, Joel. Arquivos do mal-estar e da resistncia. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2006.
36
108
H uma aposta do Estado em concentrar esforos na polcia de segurana e no na polcia judiciria.
Trata-se de executar uma poltica criminal de enfrentamento da microcriminalidade de rua, o que
repercute nos altos ndices de seletividade e de instaurao de inqurito provenientes do Auto de Priso
37
em Flagrante. Pesquisas do Estudo de Ncleo de Violncia da USP apresenta que 59% dos inquritos da
cidade de So Paulo so instaurados automaticamente aps a lavratura do APF. A leitura dos dados
permite concluir, portanto, que o propsito de investigao ampla e eficiente substitudo pela atuao
emergencial e paliativa do policiamento ostensivo. a concluso de Anderson Lobo da Fonseca In:
FONSECA, Anderson Lobo da. A Fora da Palavra Repressiva. In: Le Monde Diplomatique Brasil,
ano 8, n. 93, Abril. 2015, p. 32-33.
109
Idem.
110
Uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurana e Cidadania (CESeC) analisou a
situao jurdica de todos os 1330 presos por trfico de drogas em 2013 na cidade do Rio de Janeiro, com
processo concludo at maro de 2015. Em 95% do casos, policiais militares foram responsveis pela
priso em flagrante e, em 88,4% foram as nicas testemunhas de acusao. Em nenhum dos 242 casos
(priso em flagrante em 2013) os rus foram vistos vendendo drogas. Todos foram presos por estarem
portando ou guardando substncias ilcitas. Salienta-se na pesquisa que a alegao de trfico foi quase na
totalidade das vezes feita por policiais e sancionado por juzes com base no enunciado n 70 da Smula
do TJRJ. Os resultados completos esto disponveis em ucamcesec.com.br. . Acesso em 06.07.16
111
Pesquisa disponvel em http://fgvnoticias.fgv.br/pt-br/noticia/pesquisa-do-icjbrasil-avalia-confianca-
nas-instituicoes-do-estado, acesso em dia 09 de abril de 2015.
38
112
Conferir a obra de LOPES JR. Aury, GLOECKNER, Ricardo Jacobsen. Investigao preliminar no
processo penal. So Paulo: Saraiva, 2014.
39
Ainda nesta fase, por pressuposto, a teoria crtica do processo penal toma como
inadmissvel a regra do in dubio pro societate. O apelo ao significante sociedade
constri a ideia artificial de um interesso comum, supostamente consensual, de que, na
dvida, vale mais a submisso do indivduo ao processo penal do que a limitao ao
poder de perseguir do Estado. Este deslizamento a senha para reduzir o cidado
engrenagem da mquina repressiva do poder estatal.113
Para uma teoria crtica do processo penal, a dvida jamais produzir
consequncias contrrias ao interesse do indivduo em face do Estado, por serem
interesses protegidas em razo da prpria relao de poder que se coloca, vertical e de
sujeio. Em nenhuma fase do processo penal, portanto, como disse Aury Lopes Jr., o
cidado perde a proteo constitucional.114 A regra do in dubio pro societate ou,
melhor, in dubio contra reum (Geraldo Prado) est fora de circulao em um novo
modelo de funcionamento da justia criminal.
Podemos igualmente produzir novos parmetros na fase do Julgamento
Antecipado da Causa Penal (art.397/art.399 do Cdigo de Processo Penal). Este o
momento em que devemos excluir da justia criminal todas as condutas que, ofendendo
o princpio da ofensividade, da adequao social e da interveno mnima, por ex., no
deviam ingressar no sistema.
O dispositivo que autoriza a absolvio sumria por manifesta atipicidade da
conduta ganha, desta forma, outros contornos. Na medida em que assume a funo
poltica de limitar o poder, o processo penal crtico torna a possibilidade de julgamento
antecipado uma ferramenta importante para obstruir que condutas insignificantes
ingressem na administrao de justia criminal e, consequentemente, atua para
constranger a criminalizao da misria e o grande encarceramento.
Partindo da premissa de que a forma processual foi instituda pelo Estado com o
objetivo de regular ele prprio (em uma atuao que poder terminar com algum
encarcerado), a teoria crtica do processo penal no pode admitir que a prtica de um ato
irregular produza qualquer efeito.
113
CASARA, Rubens R R. MELCHIOR, Antonio Pedro. Teoria do Processo Penal Brasileiro, p. 420
114
LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal e sua conformidade constitucional. 4. Ed. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, p. 534, v. 1
40
115
GLOECKNER, Ricardo Jacobsen. Nulidades no Processo Penal. Introduo principiolgica teoria
do ato processual irregular. Salvador: JusPODVIM, 2013, p. 266
116
CARVALHO, Salo de. Consideraes sobre as incongruncias da Justia Penal Consensual: retrica
garantista, prtica abolicionista. In: Escritos de direito e processo penal. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2002, p. 263.
117
SANTOS, Juarez Cirino dos. A criminologia radical. Rio de Janeiro: Lumen Iuris. ICPC, 2013, p. 43
118
Idem.
41
119
A noticia est disponvel consulta na internet: A Justia autorizou a Polcia Civil a entrar nas casas
de moradores do Complexo da Mar, amanh, durante a ocupao do conjunto de favelas. O mandado
coletivo de busca e apreenso foi expedido pelo juiz da 39 Vara Criminal da capital, Ricardo Coronha
Pinheiro, e vlido para todas as residncias das favelas Nova Holanda e Parque Unio, ocupadas pela
mesma faco que controla o trfico no Complexo do Alemo. Nas outras favelas, a polcia ainda no tem
mandados para poder revistar imveis Notcia disponvel em http://extra.globo.com/casos-de-
policia/justica-expede-mandado-coletivo-policia-pode-fazer-buscas-em-todas-as-casas-do-parque-uniao-
da-nova-holanda-12026896.html Acesso em 02.06.16
120
E temos: Por todos, Rubens Casara, Simone Nacif, Marcos Peixoto, Marcelo Semer, Andra Pach,
Alexandre Morais da Rosa, Kenarik Boujikian, Alexandre Bizoto, Paulo de Oliveira Baldez, Gisele
Bondin, Gerivaldo Neiva, Srgio Verani e Geraldo Prado (os dois ltimos, atualmente aposentados), etc.
42
CONCLUSES PARCIAIS
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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jurdica. Do controle da violncia violncia do controle penal. 3 ed. Porto Alegre:
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_________. O ponto Cego no Direito. The Brazilian Lessons. Rio de Janeiro: Lumen
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