Alfred Gell - Arte e Agência PDF
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antropologia da arte
Alfred Gell*
A expresso teoria antropolgica da arte visual provavelmente evoca uma teoria que lide
com a produo de arte nas sociedades coloniais e ps-coloniais tipicamente estudadas pe-
los antroplogos, mais a chamada arte primitiva agora normalmente denominada arte
etnogrfica nos acervos dos museus. A expresso teoria antropolgica da arte seria
igual teoria da arte aplicada arte antropolgica. Mas no isso que tenho em mente.
A arte das margens coloniais e ps-coloniais, na medida em que arte, pode ser abordada
atravs de qualquer uma das teorias da arte existentes, ou de todas elas, at onde essas
abordagens so teis. Os crticos, filsofos e estetas vm trabalhando h muito tempo; as
teorias da arte constituem um campo vasto e bem estabelecido. Aqueles cuja profisso
descrever e compreender a arte de Picasso e Brancusi podem escrever sobre as mscaras af-
ricanas enquanto arte, e de fato precisam faz-lo por causa das relaes fundamentais entre
arte da frica e a arte ocidental do sculo vinte. No faria sentido desenvolver uma teoria da
arte para a nossa prpria arte e uma outra teoria, claramente diferente, para a arte daquelas
culturas que por acaso, no passado, estiveram sob o domnio colonialista. Se as teorias da
arte ocidentais (estticas) se aplicam nossa arte, ento elas se aplicam arte de todos, e
devem ser utilizadas para tal.
Sally Price (1989) queixa-se com razo da essencializao e a consequente guetificao da
chamada arte primitiva. Argumenta ela que essa arte merece ser avaliada pelos espectadores
*Alfred Gell (1945-1997), antroplogo britnico, lecionou na London School of Economics and Political Science. Publicou os livros
Metamorphosis of the Cassowaries (1975), The Anthropology of Time (1992) e Wrapping in Images: Tattooing in Polynesia (1993). Art
and Agency foi finalizado um pouco antes de sua morte.
ocidentais de acordo com os mesmos padres crticos que aplicamos nossa prpria arte. A
arte das culturas no-ocidentais no essencialmente diferente da nossa, na medida em que
produzida por artistas individuais, talentosos e imaginosos, que merecem o mesmo grau de
reconhecimento que os artistas ocidentais, no devendo ser vistos nem como filhos da na-
tureza instintivos, exprimindo espontaneamente seus impulsos primitivos, nem tampouco
como expoentes subservientes de algum estilo tribal rgido. Como outros autores contem-
porneos que escrevem sobre artes etnogrficas (Coote 1992, 1996; Morphy 1994, 1996),
Price acredita que cada cultura tem uma esttica especfica, e a tarefa da antropologia da arte
definir as caractersticas da esttica inerente de cada cultura, de modo que as contribuies
estticas de artistas no-ocidentais especficos possam ser avaliadas corretamente, isto ,
em relao a suas intenes estticas culturalmente especficas. Eis o credo dessa autora:
O xis do problema, tal como o vejo, que a apreciao da arte primitiva quase sempre ex-
pressa em termos de uma escolha falaciosa: uma opo deixar que o olho esteticamente
discriminador seja nosso guia com base em algum conceito de beleza universal jamais definido.
A outra mergulhar em - material tribal - para descobrir a funo utilitria ou ritualstica dos
objetos em questo. Essas duas rotas so geralmente encaradas como antagnicas e incom-
patveis. [...] Eu proporia a possibilidade de uma terceira conceitualizao situada mais ou me-
nos entre esses dois extremos. [...] Ela requer a aceitao de dois princpios que ainda no so
muito aceitos pelas pessoas cultas nas sociedades ocidentais.
O segundo princpio que muitos primitivos (includos tantos artistas quanto crticos) tambm
so dotados de um - olho - discriminador - o qual tambm v atravs de um dispositivo ptico
que reflete sua prpria formao cultural.
Esta viso perfeitamente coerente com a relao estreita entre histria da arte e teoria da
arte que vigora no Ocidente. H uma analogia bvia entre esttica especfica de uma cultura
e esttica especfica de um perodo. Tericos da arte como Baxendall (1972) demonstraram
que a recepo da arte de perodos especficos na histria da arte ocidental dependeu do
modo com a arte era vista no perodo, e que as maneiras de ver mudam ao longo do
tempo. Para apreciar a arte de um perodo especfico, devemos tentar redescobrir a maneira
de ver que os artistas desse perodo implicitamente supunham que seu pblico utilizaria para
apreciar suas obras. Uma das tarefas do historiador da arte ajudar nesse processo, forne-
cendo o contexto histrico. A antropologia da arte, seria razovel concluir, tem um objetivo
de arte especficos em meios sociais especficos. De fato, como j argumentei em outro lugar
(Gell 1995), no estou de modo algum convencido de que toda cultura tem um componente
de seu sistema ideacional comparvel nossa esttica. Creio que o desejo de ver a arte de
outras culturas esteticamente nos diz mais a respeito da nossa prpria ideologia e a venerao
quase religiosa de objetos de arte como talisms estticos, do que a respeito dessas outras
culturas. O projeto de uma esttica indgena est essencialmente voltado para o refinamento
e a expanso das sensibilidades estticas do pblico de arte ocidental, fornecendo o contexto
cultural dentro do qual os objetos de arte no-ocidentais possam ser assimilados s categorias
da apreciao de arte da esttica ocidental. No h nada de mau nisso, porm est longe de
ser uma teoria antropolgica da produo e da circulao da arte.
Se digo isso, por motivos diferentes do fato de que eu possua ideias corretas ou incorretas
a respeito da impossibilidade de se usar esttica como um parmetro universal para a de-
scrio e comparao de culturas. Mesmo se como supem Price, Coote, Morphy e outros
todas as culturas tm uma esttica, os relatos descritivos das estticas de outras culturas
no constituiriam uma teoria antropolgica. As teorias que so nitidamente antropolgicas
tm certas caractersticas definidoras ausentes nesses relatos de esquemas de avaliao
que, qualquer que seja a sua natureza, so apenas de interesse antropolgico por desempen-
harem um papel dentro de processos sociais de interao, atravs dos quais so gerados e
mantidos. A antropologia do direito, por exemplo, no o estudo de princpios ticos e legais
os conceitos de certo e errado que tm as outras pessoas e sim de disputas e sua res-
oluo, no decorrer das quais os litigantes costumam apelar para tais princpios. Do mesmo
modo, a antropologia da arte no pode ser o estudo dos princpios estticos desta ou daquela
cultura, e sim a mobilizao de princpios estticos (ou algo semelhante) no decorrer da inte-
rao social. A teoria esttica da arte simplesmente no se assemelha, sob qualquer aspecto
importante, a qualquer teoria antropolgica referente a processos sociais. Ela se assemelha,
sim, a teorias da arte ocidentais o que precisamente ela , sem dvida, embora no mais
247 - Definio do problema: a necessidade de...
Garrafo antropomrfico
Objeto utilitrio
Tlatilco, Mxico
c. 1.200-800 d.c.
Bell, J. (2008). Uma nova
histria da arte. So Paulo:
Martins Fontes.
aplicada arte ocidental, e sim a uma arte extica ou popular. Para desenvolver uma teoria
da arte nitidamente antropolgica, no basta tomar emprestada uma teoria da arte exis-
tente e aplic-la a um novo objeto; necessrio desenvolver uma nova variante das teor-
ias antropolgicas existentes e aplic-la arte. No estou tentando ser mais original do que
os meus colegas que aplicaram teorias da arte existentes a objetos exticos; estou apenas
querendo ser no-original de uma maneira nova. As teorias antropolgicas existentes no
dizem respeito arte; elas tratam de assuntos como parentesco, economia de subsistncia,
gnero, religio, e coisas semelhantes. Assim, o objetivo criar uma teoria sobre a arte que
seja antropolgica porque se assemelha a essas outras teorias que podem tranquilamente ser
caracterizadas como antropolgicas. Naturalmente, essa estratgia imitativa depende muito
do que se considere ser a antropologia, e de como se veja a diferena entre a antropologia e
as disciplinas vizinhas.
Maria Jos
Noivinha
Escultura em Cermica
Origem: Serra Branca, BA
Fotografia: Luciano Vinhosa
O que constitui a caracterstica definidora das teorias antropolgicas enquanto classe, e
que base tenho eu para afirmar que esquemas de codificao por avaliao esttica no se
enquadrariam nessa categoria? A meu ver, na medida em que a antropologia tem um objeto
prprio, esse objeto so as relaes sociais relaes entre participantes de sistemas so-
ciais de diversos tipos. Reconheo que muitos antroplogos que seguem a tradio de Boas
Isso levanta de imediato a questo da definio de objeto de arte, e tambm, alis, de arte.
Howard Morphy (1994:648-85), numa anlise recente do problema da definio da arte no
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Tendo rejeitado os dois critrios de Morphy para discriminar a classe de objetos de arte para
os fins da antropologia da arte, resta ainda, naturalmente, o problema de propor um critrio
para a atribuio do status de objeto de arte. Felizmente, porm, a teoria antropolgica da
arte no precisa fornecer um critrio para o status de objeto de arte que seja independente
da prpria teoria. O antroplogo no obrigado a definir o objeto de arte antecipadamente de
modo a satisfazer os estetas, ou os filsofos, ou os historiadores da arte, ou quem quer que
seja. A definio do objeto de arte que utilizo no institucional, nem esttica, nem semitica;
uma definio terica. O objeto de arte o que quer que seja inserido no nicho destinado
aos objetos de arte no sistema de termos de relaes esboado pela teoria (a ser apresen-
tada adiante). Nada pode ser decidido antecipadamente a respeito da natureza desse objeto,
porque a teoria baseia-se na ideia de que a natureza dos objetos de arte uma funo da
matriz de relaes sociais na qual ela est inserida. No tem uma natureza intrnseca, inde-
nesse livro
pendente do contexto relacional. A maioria dos objetos de arte que analiso so objetos bem
conhecidos, que no temos nenhuma dificuldade em identificar como arte; por exemplo,
a Mona Lisa. Na medida em que reconhecemos uma categoria pr-terica de objetos de
arte dividida em duas grandes subcategorias de objetos de arte ocidentais e objetos de
arte indgenas ou etnogrficos minha discusso ser calcada em termos dos membros
prototpicos dessas categorias, para simplificar. Mas, na verdade, qualquer coisa poderia ser
tratada como objeto de arte do ponto de vista antropolgico, inclusive pessoas vivas, porque
a teoria da arte antropolgica (que pode ser definida aproximadamente como as relaes
sociais na vizinhana de objetos que atuam como mediadores de agncia social) se encaixa
perfeitamente na antropologia social das pessoas e de seus corpos. Assim, do ponto de vista
da antropologia da arte, um dolo num templo que se acredita ser o corpo da divindade e um
mdium que tambm fornea um corpo temporrio divindade so tratados teoricamente no
mesmo nvel, apesar do primeiro ser um artefato e o segundo, um ser humano.
Sociologia da arte
Acabo de definir de modo provisrio a antropologia da arte como o estudo terico das
relaes sociais na vizinhana dos objetos que atuam como mediadores da agncia social, e
resumo
propus que, para que a antropologia da arte seja especificamente antropolgica, ela tem que
mente sob a forma de estudos do mercado da arte etnogrfica, como a importante obra
recente de Steiner (1994). Morphy (1991), Price (1989), Thomas (1991) e outros escreveram
obras muito esclarecedoras a respeito da recepo da arte no-ocidental pelo pblico de arte
ocidental; esses estudos, porm, esto voltados para o mundo de arte (institucionalizado) da
arte do Ocidente, e tambm para o modo como os povos indgenas respondem recepo
da sua produo artstica neste mundo artstico que lhes alheio. Creio que possvel traar
uma distino entre essas investigaes da recepo e apropriao da arte no-ocidental e o
mbito de uma teoria da arte genuinamente antropolgica, o que no implica de modo algum
denegrir tais estudos. preciso perguntar se uma determinada obra de arte foi de fato pro-
duzida tendo em mente essa recepo ou apropriao. No mundo contemporneo, boa parte
da arte dita etnogrfica na verdade produzida para o mercado da metrpole; neste caso,
impossvel lidar com ela de outro modo que no a partir dessas bases especficas. Porm,
nem por isso deixa de ser verdade que no passado, e ainda hoje, obras de arte eram e so
produzidas para uma circulao muito mais limitada, que no depende de qualquer recepo
que elas possam ter do outro lado das diversas fronteiras culturais e institucionais. Esses
contextos locais, em que a arte produzida no como funo da existncia de instituies de
arte especficas, e sim como subproduto da mediao da vida social e da existncia de in-
stituies de tipo mais genrico, justificam afirmar ao menos uma autonomia relativa de uma
antropologia da arte que no seja circunscrita pela presena de instituies de qualquer tipo
especificamente relacionadas arte.
Assim, tudo indica que a antropologia da arte pode, ao menos em carter provisrio, ser
separada do estudo das instituies da arte ou do mundo artstico. Isso implica a neces-
sidade de retomar e reconsiderar a proposio afirmada acima. Dizer que os objetos de arte,
para que possam figurar numa teoria da arte antropolgica, tm de ser considerados como
pessoas pode parecer uma ideia estranha. Mas essa estranheza s ocorre se no levar-
mos em conta que toda a tendncia histrica da antropologia vem em direo a uma radical
desfamiliarizao e relativizao do conceito de pessoa. Desde os primrdios da disciplina,
a antropologia tem dado uma ateno toda especial a uma srie de problemas que dizem res-
peito s relaes claramente estranhas entre pessoas e coisas as quais parecem de algum
modo manifestar-se ou atuar como pessoas. Esse tema bsico foi anunciado pela primeira
vez por Tylor em Primitive culture (1875) onde, como os leitores certamente lembram, o au-
tor discute o animismo (ou seja, a atribuio de vida e sensibilidade a coisas inanimadas,
plantas, animais, etc.) como atributo definidor da cultura primitiva, se no da cultura em
geral. Frazer retoma esse mesmo tema em seus volumosos estudos da magia simptica e
A posio a que cheguei a de que uma teoria antropolgica da arte uma teoria que tem
cara de teoria antropolgica, na qual alguns dos relata, cujas relaes so descritas na teo-
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ria, so obras de arte. Mas qual a feio das teorias antropolgicas? Ser mesmo possvel
apresentar uma silhueta identificadora de uma teoria antropolgica que seja diferente da feitio
de uma outra teoria qualquer? Talvez no, na medida em que a antropologia uma disciplina
abrangente, que s se distingue de modo muito ambguo de outras disciplinas tais como a
sociologia, a histria, a geografia social, a psicologia social e cognitiva, etc. Sou obrigado a
reconhecer isso. Por outro lado, examinemos o que os antroplogos fazem melhor, do ponto
de vista das disciplinas vizinhas. A antropologia, para ser franco, considerada boa quando
se trata de apresentar anlises detalhadas de comportamentos, desempenhos, pronuncia-
mentos, etc., que sejam aparentemente irracionais. (O chamado problema do meu irmo
um papagaio verde: Sperber 1985; Hollis 1970.) Como quase todos os comportamentos,
do ponto de vista de algum, so aparentemente irracionais, tudo indica que o futuro da
antropologia est garantido. De que modo os antroplogos resolvem os problemas que dizem
respeito aparente irracionalidade do comportamento humano? O que eles fazem localizar
ou contextualizar o comportamento no exatamente na cultura (que uma abstrao), e
sim na dinmica da interao social, a qual pode sem dvida ser condicionada pela cultura,
mas faz mais sentido ver como um processo ou dialtica real, que se desenrola no tempo. A
viso antropolgica interpretativa do comportamento social compartilhada, evidentemente,
1) com a sociologia e a psicologia social, para no falar em outras disciplinas. A antropologia se
distingue delas na medida em que apresenta uma certa profundidade de foco, que talvez
possa ser caracterizado como biogrfico; ou seja, a viso antropolgica dos agentes sociais
tenta replicar a perspectiva temporal desses agentes sobre eles prprios, enquanto a sociolo-
gia (histrica) muitas vezes, por assim dizer, suprabiogrfica, enquanto a psicologia social e
a psicologia cognitiva so infrabiogrficas. Assim, a antropologia tende a focalizar o ato no
contexto da vida ou, mais precisamente, o estgio da vida do agente. A periodici-
dade fundamental da antropologia o ciclo vital. Essa perspectiva temporal (fidelidade ao bi-
ogrfico) determina a proximidade ou o distanciamento do antroplogo em relao ao sujeito;
se o antroplogo estuda, por exemplo, a cognio na microescala que tpica de boa parte
da psicologia cognitiva de laboratrio, perde-se a perspectiva biogrfica e o antroplogo na
verdade est fazendo apenas psicologia cognitiva; inversamente, se a perspectiva do antrop-
logo se expande ao ponto de o ritmo do ciclo vital biogrfico no mais delimitar o mbito
do discurso, ele est fazendo histria ou sociologia.
Se essas estipulaes esto corretas, ento a silhueta caracterstica de uma teoria antrop-
olgica est comeando a emergir. As teorias antropolgicas podem-se distinguir na medida
em que elas tipicamente dizem respeito a relaes sociais; estas, por sua vez, ocupam um
certo espao biogrfico, no decorrer do qual a cultura recolhida, transformada e passada
adiante atravs de uma srie de etapas de vida. O estudo dos relacionamentos no decorrer
do curso da vida (as relaes atravs da qual a cultura se adquire e se reproduz), e dos proje-
tos de vida que os agentes buscam realizar atravs de suas relaes com os outros, permite
que os antroplogos realizem sua tarefa intelectual, que a de explicar por que motivo as
pessoas se comportam do modo como se comportam, mesmo que esse comportamento
parea irracional, ou cruel, ou extraordinariamente santo e desinteressado, conforme o caso.
O objetivo da teoria antropolgica dar sentido ao comportamento no contexto das relaes
sociais. Assim, o objetivo da teoria da arte antropolgica dar conta da produo e circulao
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Originalmente o primeiro captulo, The problem defined: The need for an anthropology of art, do livro
Art and agency: an anthropological theory. Oxford, Clarendon Press, 1998.
Traduo: Paulo Henriques Britto
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