Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos
Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos
Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos
Engenharia Civil
Dezembro de 2008
Agradecimentos
Este trabalho no estaria devidamente concludo sem que nele expressasse os meus
mais sinceros agradecimentos e enorme reconhecimento queles que de alguma forma
colaboraram no decurso da sua elaborao.
O presente trabalho foi orientado pelo Professor Jos Neves, Professor Auxiliar do
Instituto Superior Tcnico.
Pretendo agradecer a:
Agradeo ao Capito Eng. Lus Santos, ao Alferes Eng. Jorge Lopes e a todo o
Grupo de Engenharia da Academia da Fora Area (G.E.A.F.A.) pelas facilidades
criadas na utilizao do equipamento necessrio e pela preciosa ajuda na parte
experimental.
Aos meus amigos e colegas de trabalho, que acreditaram em mim e que me apoiaram.
Espero poder retribuir a amizade com a mesma intensidade. Muito obrigado.
Rita Silva, sem a ternura, o amor e carinho, teria sido mais difcil cumprir esta tarefa.
Obrigado pela preciosa compreenso e apoio constante que permitiram que atingisse o
final do presente trabalho.
Por fim os que so primeiros, a minha famlia. Aos meus pais e irm, obrigado por tudo.
Obrigado pelo vosso incentivo incessante, pelo apoio, pela compreenso, e acima de
tudo, pelo vosso amor.
I
Resumo
Este trabalho tem como objectivo principal dimensionar um catlogo de PBB, bem
como mostrar a evoluo tecnolgica e o estado do conhecimento sobre o assunto. Foram
realizados ensaios no destrutivos com um deflectmetro de impacto num pavimento
experimental, com o intuito de verificar o seu comportamento e validar o catlogo proposto.
Alm da parte experimental, tambm foram resumidos os principais mtodos de
dimensionamento existentes no mundo e da concluiu-se que estes tm um comportamento
estrutural semelhante aos pavimentos flexveis, devido ao seu travamento. Analisa-se, ainda,
os parmetros de deformabilidade a atribuir camada de desgaste constituda pelos BB e pela
areia. Foi tambm abordada a norma internacional em vigor para os BB, a norma EN
1338:2003, assim como a marcao CE dos BB.
Palavras-Chave
Infra-estruturas
Pavimentos
Blocos de Beto
Dimensionamento
II
Abstract
Since the 1980s, the industry of concrete block pavements CBP has been growing
around the world, including in Portugal. This material was firstly used for architectural or
landscape purposes. Nowadays, it is being a unique and extremely versatile material capable,
to harmonize any type of pavement, including industrial and roads pavements, both esthetically
and structurally. Precast concrete blocks for pavements CB appear in standard shapes and
sizes, requiring high control in the manufacturing process. However, their application is quite
simple, not demanding qualified labor.
The purpose of this work is to design a CBP catalogue, as well as to demonstrate the
technological evolution and the current knowledge on this kind of pavements. Non-destructive
tests were made with the falling weight deflectometer in an experimental pavement in order to
obtain mechanical properties of pavement layers and to validate the proposed catalog. Besides
the experimental work, the main design methods were described and analyzed, and it was
concluded that the structural behavior of the CBP is similar to flexible pavements, due to its
interlock. This dissertation still discusses the stiffness that should be used in the surface course
formed by the CB and the laying course. The international standard currently in use for the CB,
EN 1338:2003, was also presented, as well as the CE marking of the CBs.
Key-works
Infrastructure
Pavement
Concrete Blocks
Design
III
Lista de abreviaturas
Mr Mdulo Resiliente
IV
ndice
1. INTRODUO ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 1
1.1 ENQUADRAMENTO DO TEMA ----------------------------------------------------------------------------------------------- 1
1.2 OBJECTIVOS DO TRABALHO ------------------------------------------------------------------------------------------------- 2
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAO ---------------------------------------------------------------------------------------------- 3
V
4. ESTUDO E MODELAO DE UM PAVIMENTO EXPERIMENTAL ---------------------------------------------- 50
4.1 GENERALIDADES----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 50
4.2 DESCRIO DO PAVIMENTO ---------------------------------------------------------------------------------------------- 50
4.3 ENSAIOS DE CARGA NO PAVIMENTO ------------------------------------------------------------------------------------- 52
4.4 ANLISE DOS RESULTADOS DE CARGA ----------------------------------------------------------------------------------- 55
4.5 MODELAO NUMRICA DO PAVIMENTO EXPERIMENTAL -------------------------------------------------------------- 56
4.5.1 Modelos de comportamento dos materiais ------------------------------------------------------------ 56
4.5.2 Modelos de resposta ----------------------------------------------------------------------------------------- 57
4.6 MODELAO DO COMPORTAMENTO NOS ENSAIOS DE CARGA -------------------------------------------------------- 59
4.7 CONSIDERAES FINAIS --------------------------------------------------------------------------------------------------- 61
5. CATLOGO DE PAVIMENTOS------------------------------------------------------------------------------------------ 62
5.1 GENERALIDADES----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 62
5.2 CLASSIFICAO DO TRFEGO --------------------------------------------------------------------------------------------- 62
5.3 CARACTERSTICAS DOS MATERIAIS --------------------------------------------------------------------------------------- 64
5.3.1 Fundao do pavimento------------------------------------------------------------------------------------- 64
5.3.2 Materiais granulares ----------------------------------------------------------------------------------------- 65
5.3.3 Blocos de Beto ------------------------------------------------------------------------------------------------ 66
5.4 CRITRIOS DE DIMENSIONAMENTO -------------------------------------------------------------------------------------- 67
5.4.1 Modelo do pavimento --------------------------------------------------------------------------------------- 67
5.4.2 Estados limites de runa ------------------------------------------------------------------------------------- 67
5.5 PROPOSTA DE ESTRUTURAS TIPO PARA PBB ---------------------------------------------------------------------------- 69
5.6 CONSIDERAES FINAIS -------------------------------------------------------------------------------------------------- 71
VI
ndice de Figuras
VII
ndice de Quadros
QUADRO 2.1 - RECOMENDAES DA GRANULOMETRIA DOS AGREGADOS A USAR NAS CAMADAS DE BASE E SUB-BASE [ABCP;
2001] ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 12
QUADRO 2.2 RECOMENDAES PARA A GRANULOMETRIA DA AREIA A UTILIZAR NO COLCHO DE AREIA [CRUZ; 2003] -- 13
QUADRO 2.3 - CARACTERSTICAS FSICAS DOS BLOCOS PARA PAVIMENTOS ------------------------------------------------------- 15
QUADRO 2.4 - REQUISITOS DE PROJECTO DA NORMA EN 1338:2003 [CEN; 2003] ------------------------------------------ 20
QUADRO 3.1 - NDICE DE CLASSIFICAO DE CARGA (LCI) PARA PAVIMENTOS INDUSTRIAIS DE GRANDES CARGAS [CRUZ;
2003] ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 37
QUADRO 3.2 - MDULO DOS BB DETERMINADOS ATRAVS DO FWD E EM ENSAIOS DE LABORATRIO [SHACHEL; 2000] 42
QUADRO 3.3 - FACTORES DE DRENAGEM CONSIDERADOS NO MTODO DE DIMENSIONAMENTO DO PROGRAMA DA
LOCKPAVE [SHACHEL; 2000] -------------------------------------------------------------------------------------------- 42
QUADRO 3.4 - CATEGORIAS DE TRFEGO PARA PAVIMENTOS [ADAH; 2004] -------------------------------------------------- 47
QUADRO 4.1 DEFLEXES NORMALIZADAS E ANLISE ESTATSTICA -------------------------------------------------------------- 54
QUADRO 4.2 - VALORES PARA OS MDULOS DE DEFORMABILIDADE DOS VRIOS MATERIAIS EMPREGUES EM PAVIMENTOS-- 57
NO QUADRO 4.3 ENCONTRA-SE OS VALORES TPICOS PARA O COEFICIENTE DE POISSON, CONSIDERADOS PARA CADA TIPO DE
MATERIAL. [DOMINGOS; 2007] ------------------------------------------------------------------------------------------ 57
QUADRO 4.4 - VALORES TPICOS PARA O COEFICIENTE DE POISSON --------------------------------------------------------------- 57
QUADRO 4.5 - DADOS E RESULTADOS DA 1 ITERAO ---------------------------------------------------------------------------- 60
QUADRO 4.6 - MDULOS DE DEFORMABILIDADE ESTIMADOS PARA AS VRIAS CAMADAS -------------------------------------- 60
QUADRO 5.1 ELEMENTOS RELATIVOS AO TRFEGO ------------------------------------------------------------------------------ 64
QUADRO 5.2 - CLASSES DE FUNDAO [JAE; 1995] ------------------------------------------------------------------------------ 65
QUADRO 5.3 - CARACTERSTICAS MECNICAS ADOPTADAS PARA OS MATERIAIS [JAE; 1995] ---------------------------------- 66
QUADRO 5.4 - CARACTERSTICAS DO TRFEGO ------------------------------------------------------------------------------------- 70
QUADRO 5.5 - EXTENSES VERTICAIS DE COMPRESSO ADMISSVEIS NO TOPO DA FUNDAO --------------------------------- 71
QUADRO 5.6 - CLCULO DA TENSO HORIZONTAL DE TRACO NA BASE DA CAMADA DE SC ----------------------------------- 71
VIII
1. Introduo
Uma das primeiras formas de pavimentao em Portugal foi a calada romana, grande
obra de engenharia, que permitiu que vrios troos tenham resistido durante sculos e se
encontrem ainda hoje em funcionamento (Figura 1.1).
SMITH, (2003) refere que, nos Estados Unidos, a cada cinco anos a rea de pavimentos
em blocos de beto pr-fabricados (que doravante sero designados por PBB) quase duplica.
O que era 4 milhes de metros quadrados em 1980, em 2000 j ultrapassava a marca de 40
milhes de metros quadrados aplicados. Para 2010, o mesmo autor prev que sero utilizados
mais de 100 milhes de metros quadrados. Os mesmos crescimentos tm sido registados na
Blgica, Alemanha, Austrlia, Nova Zelndia e frica do Sul. Em Portugal no existem dados
estatsticos sobre a rea pavimentada em BB.
1
A aplicao de PBB est geralmente associada a passeios e acessos a zonas
residenciais. No menos frequente a sua utilizao em estaes de servio das gasolineiras,
a parques de estacionamento, (Figura 1.2) e, por vezes a zonas de paragem de autocarros, em
que o primeiro objectivo visado a resistncia da camada de desgaste aco corrosiva de
derrames de carburantes.
Estes pavimentos possuem ainda grande poder de difuso da luz solar ou artificial
(iluminao pblica), apresentando menor temperatura superficial durante o dia (at 4C) e
melhor condio de visibilidade noite (at 30%). Alm disso, destaca-se pela grande
facilidade e velocidade de execuo. Os servios de manuteno so simples, bastando a
remoo localizada das peas e recuperao da zona danificada. [BLOCAUS; 2007]
2
Sntese dos conhecimentos relativos ao projecto e construo dos PBB,
recorrendo a bibliografia nacional e estrangeira.
Analisar aspectos relacionados com o contributo para o melhor conhecimento
estrutural da camada de desgaste constituda por BB, nomeadamente atravs da
realizao de ensaios de carga num pavimento experimental.
Apresentar um catlogo que rena vrias classes de trfego e de fundao,
adequado realidade nacional.
3
2. Pavimentos em blocos
2.1 Generalidades
Existe uma vasta gama de possibilidades de aplicaes em que se pode usar PBB.
Quando os PBB so usados pela primeira vez, so as aplicaes arquitectnicas que
predominam, mas depois, de acordo com o crescente conhecimento sobre os mesmos, estes
so empregados em reas sujeitas a trfego rodovirio ligeiro ou pesado.
4
Com certa frequncia os PBB utilizam-se para harmonizar ou unificar zonas interiores
de edifcios com jardins privados e ptios. Como se mostra na Figura 2.1, os PBB devem ser
colocados sobre uma camada de areia com 3 a 5 cm de espessura ou ento sobre uma
camada de colagem (resina epxi ou cimento cola). As juntas devero ser inferiores a 3mm
estando correctamente preenchidas com areia seca e fina. [ADAH; 2004]
Nestes casos e como se mostra na Figura 2.2 os BB devem ser colocados sobre uma
camada de areia com 3 a 4 cm de espessura com granulometria de 2 a 6 mm, debaixo do qual
se situa um isolante rgido (opcional) e uma membrana impermeabilizante (Tipo 1). Tambm
possvel colocar uma camada de brita bem graduada, usada como camada drenante (Tipo 2).
Em ambos os tipos, as juntas geralmente so tapadas com areia seca e fina, mas tambm
possvel estas ficarem abertas, de modo a permitir uma drenagem mais rpida da camada
inferior. Este ltimo tem a vantagem de permitir o levantamento dos PBB para a realizao de
trabalhos de limpeza e reparaes na laje. [ADAH; 2004]
5
2.2.3 Pavimentos em zonas pedonais
Figura 2.4 - Exemplo de aplicao dos BB para revestimentos verticais [ADAH; 2004]
6
2.2.5 Pavimentos urbanos sujeitos a trfego rodovirio
Quando temos PBB, pode-se aproveitar para colocar debaixo dos BB detectores de
veculos (p.e. Laos de induo) para a realizao de estudos de trfego. Estes detectores
sero colocados na camada de areia, tendo a vantagem de estarem protegidos ao choque e
facilmente podemos ter acesso a eles para a sua manuteno (Figura 2.5).
7
tipo de pavimento a sua reparao e manuteno, que permite o acesso do trfego
imediatamente depois da finalizao das obras.
(a) (b)
Figura 2.6 - Aplicaes sujeitas a trfego rodovirio: (a) Estao de servio, (b) vias
rurais [ORIGINAL BLOCOS; 2008]
Pavimentos industriais
8
Pavimentos porturios
Pavimentos aeroporturios
9
2.2.7 Pavimentos em zonas especiais
Aplicaes hidrulicas
Zonas mineiras
Zonas agrcolas
10
Figura 2.9 - Estrutura tipo de um PBB
2.3.1 Fundao
A fundao da rea a ser pavimentada dever ser inspeccionada para saber se esta
ser constituda pelo solo natural do local ou proveniente de emprstimo. Deve ser um solo no
expansivo.
A camada de base tem como funo receber as tenses distribudas pela camada de
desgaste. Dever resistir e distribuir os esforos camada de sub-base se esta existir ou ento
para a fundao, evitando assim as deformaes permanentes e a consequente deteriorao
do pavimento. [MLLER; 2005]
11
limpos, livres de lodo, p e sujeira e que estejam bem graduados, ou seja que tenham gros de
diversos tamanhos (at um mximo de 50mm), para que ao serem compactados se obtenha
um bom arranjo entre eles. A falta de uniformidade pode levar a assentamentos irregulares. O
prximo quadro apresenta uma granulometria recomendada para a brita. [ABCP; 2001]
Outro aspecto a ter em conta dever ser a superfcie da camada de base que dever
ser o mais fechada possvel, ou seja com o mnimo de vazios, para no haver perda de areia
do colcho do pavimento.
A camada de base tambm poder ser constituda por beto pobre ou por beto de alta
qualidade, caso o pavimento esteja sujeito a cargas muito elevadas.
12
2.3.3 Colcho de areia do pavimento
A almofada ou colcho ser constituda por areia, com espessuras que variam de 3 a 5
cm.
13
2.3.4 Camada de desgaste
Os BB podem ter espessuras que variam desde os 5,5 cm aos 10 cm, podendo mesmo
chegar aos 12 cm. Estes devero ter as seguintes caractersticas [CETUR; 1998]:
14
Quadro 2.3 - Caractersticas fsicas dos blocos para pavimentos
Dimenses (mm) Massa
Nome dos Unidades
Figura L L1 L2 B e volmica
Blocos por m2
(kg/m2)
11
"UNI-
2, - - 225 100 225 26
COLOC"
5
- - 60 135
22 112,
Uni 39
5 5
80 175
- -
- - 100 225
Rectan- 10 55 130
- - 200 50
gulares 0
- - 80 175
20 60 135
Perfil "I" - - 165 35
0
- - 80 175
e espessura
15
2.4 Controlo de qualidade
Entende-se por norma como sendo uma especificao aprovada por um organismo de
normalizao. As normas so voluntrias, excepto se so impostas pela legislao.
16
Em 1993 foi elaborado pelo CEN o projecto de uma norma dedicada exclusivamente
para BB, identificada como ENV 1338 Concrete Paving Blocks Requirements and Test
Methods, a serem utilizados em reas como: caladas, reas urbanas das cidades, ciclovias,
estacionamentos, estradas principais e secundrias, reas industriais como portos e terminais
de carga, aeroportos, paragens de autocarros e postos de gasolina.
Em 2003 a norma deixou de uma ENV 1338 (pr-norma), passando a ser norma EN
1338:2003
De seguida so apresentados os ttulos dos 9 captulos, bem como dos seus respectivos
12 anexos [CEN; 2003]:
1. Campo de aplicao
2. Referncias normativas
3. Termos e definies
4. Requisitos dos materiais
5. Requisitos dos produtos
6. Avaliao dos critrios de conformidade
7. Marcao, rotulagem e embalagem
8. Relatrio dos ensaios
Os 12 anexos so:
Anexo A (informativo) Sistemas de inspeco;
Anexo B (normativo) Procedimento dos testes para aceitao da remessa no
acto de entrega;
Anexo C (normativo) Medio das dimenses de um bloco simples;
17
Anexo D (normativo) Determinao da resistncia a ciclos de gelo/degelo com
sal de descongelao;
Anexo E (normativo) Determinao da absoro total de gua;
Anexo F (normativo) Medio da fora
Anexo G (normativo) Medio da resistncia ao desgaste por abraso;
Anexo H (normativo) Medio da resistncia abraso, de acordo com o teste
Bhme;
Anexo I (normativo) Medio do valor da resistncia ao escorregamento em
superfcies no polidas (USRV);
Anexo J (normativo) Verificao dos aspectos visuais;
Anexo K (informativo) Exemplo da aplicao do mtodo de controlo da
conformidade por variveis da tenso de rotura;
Anexo ZA (informativo) Seces desta Norma Europeia relativas s disposies
da Directiva EU Produtos de Construo
Figura 2.10 - Esquema do ensaio de traco por compresso diametral [CEN; 2003]
18
Figura 2.11 - Ensaio de traco por compresso - mtodo da norma EN 1338
O ensaio de resistncia ao desgaste por abraso consiste na abraso da face superior
de uma placa com um material abrasivo, em condies normalizadas. O material abrasivo
utilizado neste ensaio o corindo (alumina branca fundida). Este material nunca poder ser
usado mais do que trs vezes.
19
Figura 2.13 - Equipamento pndulo de atrito [CEN; 2003]
Os ensaios especificados na EN 1338:2003 que determinam a conformidade dos BB
esto listados no Quadro 2.4.
2.4.3 Marcao CE
20
acreditada, de que o produto est em conformidade com a legislao. Assim, a marcao CE
apenas indica que o produto avaliado face a um conjunto mnimo de requisitos, definidos,
para o caso dos BB, no anexo informativo ZA (parte harmonizada) da norma EN 1338:2003.
21
Se o terreno de fundao original no possuir as caractersticas de suporte
necessrias, dever proceder-se ao tratamento do mesmo com cimento e/ou cal ou at
substitui-lo por solos mais adequados.
A superfcie acabada no dever variar em mais de 15-20 mm, o que se verifica com
uma rgua de 3 metros aplicada tanto paralela, como normalmente ao eixo da via. Ainda
menos poder haver zonas capazes de reter a gua.
A superfcie acabada no dever baixar do valor terico em nenhum ponto, nem diferir
dele em mais de 1/5 da espessura prevista no caderno de encargos do IEP Instituto de
Estradas de Portugal para a sub-base granular. A superfcie acabada no dever variar mais
de 10 mm, quando verificada com uma rgua de 3 metros aplicada tanto paralela, como
normalmente ao eixo da via.
22
As nicas juntas a realizar sero juntas de trabalho, tanto longitudinais como
transversais. Estas ltimas, no caso de redes virias, dispem-se perpendiculares ao eixo. No
se selar nenhuma junta.
A regularidade superficial de cada lote de beto pobre ter de ser controlada nas 24
horas seguintes sua execuo. A superfcie acabada no dever baixar do valor terico em
nenhum ponto, nem ficar abaixo do mesmo mais de 30 mm. Contudo, no dever variar mais
de 10 mm, quando verificada com uma rgua de 3 metros aplicada tanto paralela, como
normalmente ao eixo da estrada.
Neste caso, antes de construir o lancil, verificar-se- a correcta posio dos blocos,
procedendo-se reconstruo dos mesmos em caso de necessidade.
O lancil deve apoiar-se, no mnimo, 15 cm abaixo do nvel inferior dos blocos, para
poder garantir a fixao desejada. [ADAH; 2004]
23
2.5.5 Espalhamento e nivelamento da camada de areia
No se pode pisar a areia j nivelada, pois a colocao dos blocos realiza-se com a
camada concluda. Tambm no se deve encher de areia intervalos muito grandes de cada
vez, para no se desperdiar tanto material e planeia-se melhor o trabalho com intervalos de 3
ou 4 metros.
(a) (b)
Figura 2.15 - Nivelamento da camada de areia: (a) manualmente [CRUZ; 2003], (b) com
recurso a meios mecnicos [INTERPAVE; 2008]
A espessura final desta camada, uma vez colocados os blocos e vibrado o pavimento,
deve estar compreendida entre 3 e 5 cm (Figura 2.16).
24
Figura 2.16 - Deformao do pavimento segundo a espessura da camada de areia
[ADAH; 2004]
25
(a) (b)
Figura 2.17 - Colocao dos BB manualmente [CRUZ; 2003] e com meios mecnicos
[INTERPAVE; 2008]
Os blocos colocam-se sem nenhum tipo de ligante. As juntas devem preencher-se com
areia, tal como se explica posteriormente. A sua espessura ideal oscila entre 2 e 3mm.
Figura 2.18 - Acerto dos BB junto aos bordos de confinamento [INTERPAVE; 2008]
26
(a) (b)
Figura 2.19 - Construo de valetas: (a) em BB, (b) em beto [INTERPAVE; 2008]
Uma vez terminada a colocao dos blocos numa zona que deva ser utilizada (p. ex.
cargas de obra), ou quando se vai suspender o trabalho, necessrio efectuar a compactao
com compactao da superfcie construda, seja com um vibrador de placa ou mediante o uso
de um pilo, no caso de no se dispor daquele aparelho.
Quando se dispe de vibrador de placa (Figura 2.20), basta passar com a mquina
duas ou trs vezes sobre a zona construda. Quando a compactao se faz com piles,
martela-se cada bloco at que ele penetre aproximadamente 1 cm na camada de areia.
27
2.5.8 Preenchimento das juntas com areia
Posteriormente, com uma escova dura ou com uma vassoura manual (Figura 2.21 (a))
ou mecnica (Figura 2.21 (b)), varre-se para que a areia entre nos espaos deixados entre os
blocos, ao mesmo tempo que se faz uma compactao final que assegure o melhor
enchimento das juntas. A areia que sobra sobre o pavimento deve retirar-se, varrendo, e no
por lavagem com gua. No se deve terminar o dia sem completar a compactao e
preenchimento do pavimento executado, pois a chuva pode danific-lo.
(a) (b)
Figura 2.21 - Preenchimento das juntas: (a) manualmente [ADAH; 2004], (b)
preenchimento e compactao atravs de meios mecnicos [INTERPAVE; 2008]
Uma vez terminado o trabalho de colocao da areia de preenchimento, e se existem
os lancis ou bordos de confinamento necessrios, pode permitir-se a passagem de veculos
imediatamente.
Pode definir-se travamento como sendo a caracterstica que um PBB tem de resistir a
esforos de deslocamentos individuais das peas, sendo estes verticais, horizontais, de
rotao e de girao em torno dos blocos vizinhos. [HALLAC; 1998]
28
Um bom travamento confere aos blocos de beto a capacidade de transmitir as cargas
superficiais aplicadas em pequenas reas, para reas mais extensas nas camadas de base,
mantendo as tenses no leito do pavimento dentro dos limites admissveis. [HALLAC; 1998]
Segundo BURAK, (2002) os PBB devem ter quatro tipos de travamento: horizontal,
vertical, rotacional e de girao, que actuem simultaneamente ao longo de sua vida de servio
sendo estes tipos de travamento descritos a seguir.
Figura 2.22 - Tipos de Travamento: (a) Vertical, (b) Rotacional, (c) Horizontal [BURAK;
2002]
Travamento vertical a capacidade que os blocos adquirem de no se moverem
verticalmente em relao aos blocos vizinhos. conseguido atravs da resistncia ao corte
vertical, absorvido pelas juntas entre os blocos e a capacidade estrutural das camadas
inferiores do pavimento. Os blocos que melhor impedem este tipo de movimento so os de
encaixes reentrantes, pois quando aplicado um carregamento vertical o contacto macho-
fmea distribui os esforos para os blocos vizinhos. A Figura 2.22 (a) representa um esquema
do travamento vertical.
29
acelerao e em curvas onde existe um aumento da tenso radial provocada pelo arrasto dos
pneus. A Figura 2.22 (b) representa esquematicamente o travamento rotacional.
Este fenmeno de rara ocorrncia e pode ser evitado com um bom confinamento
lateral da camada e dos blocos pr-fabricados, construindo-se as juntas entre os blocos com
larguras adequadas (2,5 - 3mm) e mantendo-as preenchidas com areia. [HALLAC; 1998]
2.6 Solicitaes
30
As condies de aplicao dessa carga, normalmente caracterizadas pela geometria e
tenso relativas ao contacto de pneu com a superfcie do pavimento.
Em geral, os eixos tm uma nica roda em cada extremidade que se designa por roda
simples. No caso dos veculos pesados, nos eixos traseiros sobretudo, corrente cada
extremidade possuir mais do que uma roda.
A maioria dos modelos de resposta dos pavimentos considera que a aco das rodas
sobre os pavimentos traduzida por cargas estticas uniformemente distribudas por reas
circulares, actuando num determinado local da superfcie dos pavimentos. No entanto h
outros modelos que consideram que as presses transmitidas ao pavimento distribuem-se por
reas de geometria aproximadamente elptica e, por outro lado, as cargas tm carcter mvel
ao longo do pavimento. Acresce, ainda, que existe um efeito dinmico das rodas nos veculos
devido irregularidade superficial dos pavimentos. [NEVES; 2001]
31
Figura 2.24 - Distribuio de tenses no interior de um PBB [HALLAC; 1998]
2.7 Degradaes
Na maior parte dos casos as degradaes nos pavimentos no tm relao directa com
a escolha do material, sendo geralmente consequncia de uma inadequao do material ao
uso, podendo este fenmeno ter origem, entre outros, em defeitos de projecto, drenagem mal
concebida e colocado em obra deficientemente.
32
A ondulao uma deformao transversal que se repete com uma determinada
frequncia ao longo do pavimento, derivando de uma deformao na fundao, originando-se
uma ondulao suave no pavimento.
Uma deformao de outro tipo a que se verifica numa pequena rea do pavimento
denominada de deformao localizada.
Com o objectivo de ficarmos a conhecer melhor os PBB foi apresentado ao longo deste
captulo a sua grande versatilidade de aplicao, os materiais a aplicar em cada camada do
pavimento, bem como as suas funes. Abordou-se ainda os aspectos de concepo, bem
como as solicitaes a que esto sujeitos.
33
3. Mtodos de dimensionamento para PBB
3.1 Generalidades
34
metodologia para utilizao em pavimentos porturios. Esta metodologia desenvolvida pela
BPA foi implementada tambm nos manuais de dimensionamento da AASHTO.
O mtodo apresentado pela ICPI, (2002) para PBB de portos, foi preparado por
KNAPTON, (1992). um mtodo adequado para todos os tipos de pavimentos de portos,
sendo tambm possvel utiliz-lo para projectos de estradas de trfego pesado.
35
axissimtricos), da Universidade de Newcastle. Admite-se uma estrutura de dimetro de 7m e
profundidade de 2,4m e com 63 BB rectangulares. Aplica-se uma carga simples no centro da
malha circular com o raio calculado para que a presso de contacto fosse sempre 0,8 MPa. Os
materiais usados na modelao foram:
D= 3.1
Onde:
36
0,8 - Presso de contacto em N/mm.
37
nas pesquisas de PBB, onde observado que neste tipo de pavimento a transmisso das
cargas para a camada de base menor do que a observada nos pavimentos betuminosos.
3.3 Austrlia
38
Figura 3.1 - Efeito progressivo da rigidez em funo do carregamento inicial [SHACKEL;
1990]
A carga de projecto obtida de uma combinao de cargas, quer para estradas, quer
para reas industriais e aeroportos. A presso de contacto de 0,70 MPa.
3.2
Sendo:
Caso a camada de base seja tratada com um ligante hidrulico, a expresso utilizada
para calcular a fadiga :
3.3
39
Onde:
40
e) A tenso e/ou deformao no pavimento devida ao carregamento do trfego
calculada usando um programa computacional de anlise de tenso,
deformao e deflexo de multi-camadas elsticas do pavimento.
f) O nmero de repeties das cargas do trfego e as tenses e deformaes
calculadas so utilizadas para estimar a vida til do pavimento. As hipteses
utilizadas para esta previso so duas: o nmero de repeties das cargas
para atingir a fadiga em qualquer camada com ligantes hidrulicos, medida
atravs das tenses horizontais de flexo, ou da deformao vertical que cause
afundamento permanente na fundao.
g) Se no passo f), verificar-se que o nmero de repeties das cargas menor
que o previsto pelo projecto (passo d)), ser necessrio aumentar a espessura
da estrutura do pavimento ou adicionar uma ou mais camadas. Repetir os
passos a partir do c) at que sejam satisfeitos os parmetros estabelecidos
para garantir a durabilidade do pavimento nas condies do projecto.
Uma estimativa da rigidez da camada de revestimento pode ser obtida com base em
medies de deflexo atravs de equipamentos FWD, por retroanlise, considerando-se os BB
+ colcho de areia como uma camada equivalente elstica e homognea.
E = 10 x CBR 3.4
0,64
E = 17,6 x CBR 3.5
41
Onde:
E em MPa.
CBR em %.
No Quadro 3.2 apresentam-se valores dos mdulos dos BB medidos com um FWD e
em laboratrio, por vrios autores e o Quadro 3.3 mostra os factores de drenagem que so
considerados.
42
de dimensionamento do projecto. O programa tem em conta a sobreposio de cargas do eixo
dos veculos representado pela Figura 3.2.
Figura 3.2 - Efeitos da sobreposio de tenses originadas pelo eixo dos veculos em
profundidade na estrutura do pavimento [SHACHEL; 2000]
43
3.4 Brasil
So fornecidas quatro equaes para rodado simples (uma roda) e rodado duplo (duas
rodas), onde as variveis de resposta so a tenso mxima na fibra inferior da camada de base
e a deformao vertical no topo da fundao.
44
Distncia entre pneus (para a modelao de rodado duplo).
Onde:
Onde:
3.8
3.9
Onde:
45
3.5 Dimensionamento para trfego ligeiro
Apesar de ser um dos segmentos com mais aplicao em todo o mundo, existe muito
pouco sobre o dimensionamento de PBB em zonas para trfego ligeiro. Estas zonas so as
preferidas por arquitectos e paisagistas, que utilizam a potencialidade de formatos e cores que
este tipo de pavimento oferece. As reas de trfego ligeiro so, geralmente, estacionamentos,
ptios, caladas, praas, ciclovias e ruas secundrias.
COOK, (1996) indica que, na ausncia de ensaios disponveis do solo (o que muitas
vezes se verifica), deve-se realizar um teste prtico, que , caminhando sobre o solo da
fundao e verificar a presena das marcas dos passos no solo. A partir desta observao,
classifica-se a fundao conforme se mostra na Figura 3.4.
46
Quadro 3.4 - Categorias de trfego para pavimentos [ADAH; 2004]
Trfego de Projecto
Categoria Descrio
(Veculos pesados por dia)
Ruas ou artrias principais de elevado trfego;
Paragem de autocarro; Estaes de servio,
C0 50 a 150 paragens de autocarros, reas de armazns,
etc., que no ultrapassem 150 veculos
pesados por dia;
Artrias principais ou estruturais com largura
>6 metros, que no cruzem estradas com
C1 25 a 49
trfego com superior a 49 veculos pesados
por dia;
Ruas de grande actividade comercial; Ruas
C2 15 a 24 com largura >6 metros e com servio regular
de autocarros (mais de 1 autocarro/hora);
Ruas comerciais com largura >6 metros e sem
C3 5 a 14 servio regular de autocarros urbanos (menos
de 1 autocarro/hora);
Arruamentos exclusivamente residenciais com
edifcios j construdos e sem trfego
comercial; Arruamentos com largura <6
C4 0a4
metros, sem trfego comercial; Parques de
veculos ligeiros; Zonas para pees, sem
acesso de veculos pesados;
Figura 3.4 - Fluxo de dimensionamento emprico para trfego ligeiro Pees e carros
ligeiros [COOK; 1996]
47
Figura 3.5 - Fluxograma de dimensionamento emprico de PBB para trfego ligeiro
veculos ligeiros e poucos veculos pesados [COOK; 1996]
48
3.6 Consideraes finais
49
4. Estudo e modelao de um pavimento experimental
4.1 Generalidades
50
Figura 4.1 - Localizao do pavimento em estudo [GOOGLE EARTH; 2008]
A Figura 4.2 mostra um esquema do pavimento em estudo. Este foi construdo h cerca
de 10 anos e constitudo por trs camadas: a camada de desgaste em blocos de beto
hexagonais vermelhos (Figura 4.3) com 5,5 cm, uma camada de base em p de pedra com
cerca de 20 cm e a uma camada de sub-base com 20 cm em tout-venant, sendo que esta
ltima espessura pode variar em algumas zonas do parque de estacionamento.
51
Para o controlo da compactao determinou-se o teor em gua, junto camada de base.
Para tal recorreu-se a um gamadensmetro, da marca Troxler e modelo n 3450 (Figura 4.4).
De acordo com o ensaio realizado, esta camada apresenta uma baridade seca in situ de 17,42
3 3
kN/m , uma baridade hmida de 18,12 kN/m e um teor em gua in situ de 4%.
52
Em cada ensaio, aps o impacto inicial da primeira altura de queda cujo objectivo
ajustar a placa superfcie do pavimento, procedeu-se a 3 impactos correspondentes a 3
escales de carga dados no tempo por ordem crescente da fora de impacto. As alturas de
queda foram definidas de forma a corresponderem aos valores aproximados das foras de
impacto que se indicam seguidamente: impacto da 2 altura de queda para a fora de pico de
40 kN; impacto da 3 altura de queda para a fora de pico de 100 kN; impacto da 4 altura de
queda para a fora de pico de 150 kN. [NEVES; 2001]
A fora de pico imposta ao pavimento pode ser determinada atravs da Equao 4.1.
1/2
F = (2.m.g.h.k.) 4.1
Onde:
F a fora de pico.
m a massa que cai.
g a acelerao da gravidade.
h a altura de queda.
k a constante de mola do sistema amortecedor.
Esta equao acima obtida igualando-se a energia potencial da massa antes da sua
queda e o trabalho desenvolvido pelos amortecedores aps a queda. [MLLER; 2005]
53
No Quadro 4.1 apresentam-se os valores das deflexes normalizadas para as trs foras
de pico medidas na camada de desgaste, bem como a sua anlise estatstica.
Quadro 4.1 Deflexes normalizadas e anlise estatstica
Deflexes (m)
Local (m) Fora (kN) D1 (cm) D0 (cm) D2 (cm) D3 (cm) D4 (cm) D5 (cm) D6 (cm) D7 (cm) D8 (cm)
-30 0 30 45 60 90 120 150 180
C.D. 40,00 125,89 382,74 102,54 64,97 44,67 19,29 9,14 5,08 4,06
C.D. 40,00 171,01 504,35 121,74 81,16 50,24 19,32 8,70 4,83 3,86
C.D. 40,00 203,64 579,74 130,91 90,39 55,06 20,78 9,35 5,19 5,19
C.D. 40,00 216,58 601,04 135,75 90,16 54,92 21,76 9,33 5,18 1,04
C.D. 40,00 238,71 638,71 151,61 95,70 59,14 21,51 9,68 5,38 4,30
Mdia 40,00 191,17 541,32 128,51 84,48 52,81 20,53 9,24 5,13 3,69
Mediana 40,00 203,64 579,74 130,91 90,16 54,92 20,78 9,33 5,18 4,06
Mnimo 40,00 125,89 382,74 102,54 64,97 44,67 19,29 8,70 4,83 1,04
Mximo 40,00 238,71 638,71 151,61 95,70 59,14 21,76 9,68 5,38 5,19
d.p. 0,00 43,96 101,29 18,11 12,09 5,53 1,18 0,36 0,20 1,57
N 5
Deflexes (m)
Local (m) Fora (kN) D1 (cm) D0 (cm) D2 (cm) D3 (cm) D4 (cm) D5 (cm) D6 (cm) D7 (cm) D8 (cm)
-30 0 30 45 60 90 120 150 180
C.D. 100,00 527,41 1405,48 475,43 245,75 145,56 47,26 17,96 8,51 7,56
C.D. 100,00 537,74 1342,03 469,71 249,77 150,98 51,26 20,50 11,18 8,39
C.D. 100,00 600,00 1441,18 512,75 269,61 162,75 53,92 21,57 11,76 8,82
C.D. 100,00 622,81 1450,29 532,16 270,96 160,82 53,61 20,47 11,70 9,75
C.D. 100,00 673,49 1541,45 585,47 290,69 168,88 57,32 21,49 12,28 10,24
Mdia 100,00 592,29 1436,09 515,10 265,35 157,80 52,67 20,40 11,09 8,95
Mediana 100,00 600,00 1441,18 512,75 269,61 160,82 53,61 20,50 11,70 8,82
Mnimo 100,00 527,41 1342,03 469,71 245,75 145,56 47,26 17,96 8,51 7,56
Mximo 100,00 673,49 1541,45 585,47 290,69 168,88 57,32 21,57 12,28 10,24
d.p. 0,00 60,76 72,65 47,12 18,16 9,39 3,72 1,46 1,49 1,07
N 5
Deflexes (m)
Local (m) Fora (kN) D1 (cm) D0 (cm) D2 (cm) D3 (cm) D4 (cm) D5 (cm) D6 (cm) D7 (cm) D8 (cm)
-30 0 30 45 60 90 120 150 180
C.D. 150,00 826,03 2240,75 807,53 387,33 229,11 71,92 23,63 12,33 12,33
C.D. 150,00 890,33 2190,61 824,11 400,49 240,71 79,89 31,53 16,82 13,67
C.D. 150,00 900,82 2128,00 826,70 402,54 238,85 79,27 31,91 17,50 14,41
C.D. 150,00 993,02 2263,78 908,16 433,14 257,90 85,97 34,17 19,84 15,43
C.D. 150,00 953,50 2141,96 881,12 415,38 245,45 81,82 32,52 18,88 14,69
Mdia 150,00 912,74 2193,02 849,52 407,78 242,40 79,77 30,75 17,07 14,10
Mediana 150,00 900,82 2190,61 826,70 402,54 240,71 79,89 31,91 17,50 14,41
Mnimo 150,00 826,03 2128,00 807,53 387,33 229,11 71,92 23,63 12,33 12,33
Mximo 150,00 993,02 2263,78 908,16 433,14 257,90 85,97 34,17 19,84 15,43
d.p. 0,00 63,78 59,43 42,91 17,32 10,51 5,11 4,11 2,90 1,18
N 5
54
4.4 Anlise dos Resultados de carga
Da anlise estatstica dos resultados das deflexes medidas com o FWD na camada de
desgaste podemos concluir que h uma boa homogeneidade do comportamento estrutural em
cada camada, com excepo de um ou outro resultado.
Na Figura 4.7 esto representados graficamente os valores das deflexes para valores
normalizados de 40kN, 100kN e 150kN. De referir que as linhas coloridas so os valores
mdios para cada fora de pico.
F=40 kN
500
1000
F=100 kN
1500
2000 F=150 kN
Figura 4.7 - Ensaio FWD (para valores normalizados de 40, 100 e 150 kN)
55
4.5 Modelao numrica do pavimento experimental
56
Quadro 4.2 - Valores para os mdulos de deformabilidade dos vrios materiais
empregues em pavimentos
Tipo de material Mdulo de deformabilidade (MPa) Observaes
Misturas betuminosas 3000 15000 -
Materiais granulares 50 1500 Materiais no ligados
Solos 5 300 -
Beto de cimento 30000 70000 Sem fendilhamento
Materiais tratados com cimento 1000 40000 Sem fendilhamento
BB 300 - 5000 -
57
horizontais (sobrepostas), contnuas, homogneas, isotrpicas e elsticas, assentes num meio
semi-infinito, em que na superfcie actua uma carga vertical uniformemente distribuda numa
rea circular de raio r (Figura 4.8). As camadas so consideradas como infinitas na direco
horizontal, e a camada inferior como tendo uma espessura infinita. As superfcies planas que
separam as camadas so designadas de interfaces, sendo habitual considerar dois tipos de
interface: [NEVES; 2001]
58
contnuo, fazendo com que a resposta de um pavimento rgido, obtida com este modelo, na
vizinhana das descontinuidades deixe de ter significado. No caso dos pavimentos flexveis,
este modelo de resposta no permite considerar variaes das propriedades dos materiais
constituintes das camadas no plano horizontal, como acontece com camadas granulares em
que o mdulo de deformabilidade varia em funo do estado de tenso. [NEVES; 2001;
DOMINGOS; 2007]
4.2
Sendo:
59
Quadro 4.5 - Dados e resultados da 1 iterao
DADOS RESULTADOS
Deflexes Deflexes
E Distncia
Camada mdias para calculadas Erro
(MPa) (cm)
F=40kN (m) (m)
BB (5,5 cm) 1000 0,30 -30 1,912E+02 2,715E+02 42,02%
Base em P de Pedra (20 cm) 680 0,25 0 5,413E+02 4,047E+02 25,24%
Sub-base granular (20 cm) 120 0,35 30 1,285E+02 2,715E+02 111,27%
Solo de Fundao 120 0,35 45 8,448E+01 2,088E+02 147,17%
60 5,281E+01 1,647E+02 211,89%
90 2,053E+01 1,095E+02 433,32%
120 9,237E+00 7,968E+01 762,58%
150 5,132E+00 6,241E+01 1116,12%
180 3,692E+00 5,148E+01 1294,53%
Mdia 460,46%
60
Teve-se muita ateno com a escolha do local da colocao da placa de carga e dos
geofones, uma vez que, se estes estivessem assentes sobre um BB solto, poderia
influenciar negativamente os resultados, aumentando significativamente a deflexo.
No se colocou a placa de carga nem os geofones sobre as juntas dos BB, pois, caso
existisse uma pequena movimentao, o resultado do ensaio poderia ser adulterado.
Por ltimo refere-se que os valores dos mdulos de deformabilidade foram estimados
atravs de um FWD, por retroanlise, tendo, portanto, um grau de incerteza.
61
5. Catlogo de pavimentos
5.1 Generalidades
Para o dimensionamento dos PBB apenas ser considerado o efeito do trfego mdio
dirio anual de veculos pesados no ano de abertura, por sentido de circulao, na via mais
solicitada por esses veculos (TMDA)p e o seu valor dever ser obtido a partir de um estudo de
trfego.
Considera-se veiculo pesado aquele cujo peso bruto igual ou superior a 3 tf, o que
inclui uma larga gama de veculos, compreendendo autocarros, camies com ou sem reboque
ou semi-reboque.
62
Para a avaliao da taxa de crescimento anual do trfego pesado deve ser realizada
com base em estudo especfico, onde sejam ponderados os diversos aspectos condicionantes
da sua evoluo ao longo do perodo de dimensionamento. Visto no haver estudos
especficos para os PBB, ser considerada uma taxa de crescimento de 1% para as classes de
trfego baixa e mdia e 3% para a classe de trfego alta.
Tendo em conta os valores admitidos para a taxa mdia de crescimento anual e para o
factor de agressividade, o trfego acumulado de eixos padro durante o perodo de
dimensionamento, correspondente s trs classes de trfego dado por:
dim
N80 = 365 x (TMDA)p x C x x p 5.1
p
(1 t) 1
Com: C 5.2
p t
em que:
63
Quadro 5.1 Elementos relativos ao trfego
Taxa de PBB
Classe (TMDA)p crescimento Factor de N80 dim
mdio (%) agressividade () (20 anos)
Parques de veculos ligeiros;
Baixa 5
Zonas para pees; Ruas < 15 1 2 2,4x10
T3
comerciais com largura < 6 m;
Artrias principais ou estruturais
com largura >6 m, que no
Mdia 5
cruzem estradas com trfego com 15 49 1 2 7,9x10
T2
superior a 49 veculos pesados
por dia;
Ruas ou artrias principais de
elevado trfego; Paragem de
Alta autocarro; Estaes de servio, 6
49 150 3 2 2,9x10
T1 paragens de autocarros, etc., que
no ultrapassem 150 veculos
pesados por dia;
(TMDA)p trfego mdio dirio anual de veculos pesados no ano de abertura, por sentido e na via mais solicitada.
N80 dim nmero acumulado de eixos padro de 80 kN.
64
Sero ento consideradas trs classes de fundao do pavimento, tal como indicado
no Quadro 5.2. Para cada classe admitem-se valores para os mdulos de deformabilidade da
fundao do pavimento.
A compacidade.
O teor em gua.
O estado de tenso (funo da estrutura de pavimento e das condies de
fundao).
65
apoio da camada de BB+areia. A aplicao em obra deste tipo de misturas pode ser realizada
utilizando cilindros compactadores ou atravs de agulhas vibradoras.
66
Para o dimensionamento do catlogo ser usado para o conjunto BB+ colcho de areia
um mdulo de deformabilidade de 1000 MPa e coeficiente de Poisson, de 0,30. Estes valores
foram obtidos recorrendo a um caso prtico abordado no captulo anterior.
O pavimento foi modelado, recorrendo mais uma vez ao programa BISAR, como sendo
uma estrutura de multi-camadas (Figura 5.1), com um eixo padro de 80 kN, uma carga em
cada roda de 20 kN e 500 kPa de presso de contacto como modelo base. Sups-se que cada
camada homognea, elstica e isotrpica e caracterizada por E mdulo de
deformabilidade e de coeficiente de Poisson.
As estruturas tpicas de PBB foram dimensionadas para trs tipos de fundao e para
trs tipos de trfego.
Para os PBB h dois estados limites de runa principais presentes, o fendilhamento por
fadiga (tenso horizontal de traco) na base das misturas de materiais com ligantes
hidrulicos e as deformaes permanentes (extenso vertical de compresso) no topo do solo
da fundao (Figura 5.2).
67
Figura 5.2 - Estados limites de Runa nos PBB [NEVES; 2007 a]
b
z,adm =aN 5.4
Em que:
68
Para o clculo da tenso mxima de traco admissvel utiliza-se a expresso da JAE
apresentada no manual de concepo de pavimentos para a rede rodoviria nacional:
t dim
1 a x log N80 5.6 [JAE; 1995]
r
Em que:
t valor mximo ds tenso de traco induzida pelo eixo padro.
r resistncia traco em flexo (Rflexo).
dim
N80 nmero admissvel de passagens do eixo padro (80 kN).
a constante, que depende da composio e propriedades da mistura, para a
qual se admitam valores de -0,06 a -0,1 (adoptou-se -0,08).
Em que:
Rf resistncia traco em flexo.
Rcd resistncia traco em compresso diamentral, em Rcd toma o valor de 1
MPa no caso de AGEC e 0,3 MPa no caso de Sc.
Definio de estruturas tipo para PB, tendo por base a associao de diversos
tipos de materiais para as camadas constituintes.
Considerao das condies extremas mais desfavorveis das classes de
trfego e de fundao, para a determinao das espessuras propostas, pelo
que, em face das condies reais a definir em fase de projecto de execuo, as
propostas devero ser ajustadas.
69
Variao das espessuras das camadas de base sub-base de acordo com a
classe de trfego e fundao (T1, T2, T3, F1, F2 e F3).
A Figura 5.3 mostra, sob forma de catlogo as seces tipo propostas para os PBB.
70
Consequentemente, usando as equaes apresentadas obteve-se os resultados
referentes extenso vertical mxima admissvel devido s deformaes permanentes, que
so mostrados no Quadro 5.5.
z 7,05E-04 6,04E-04
-6 -6
z,apl = 243 x 10 < z,adm = 604 x 10 (verifica critrio das deformaes permanentes)
y,apl = 232,9 kPa < y,adm = 237,73 kPa (verifica critrio da fadiga)
71
Nas caractersticas mecnicas dos materiais de pavimentao, tendo em ateno
os materiais efectivamente disponveis.
72
6. Sntese e concluses
Para alm das concluses que foram sendo referidas no final de cada capitulo,
apresenta-se em seguida uma sntese geral das principais concluses, consideradas como as
mais importantes do trabalho realizado:
Indubitavelmente, pode-se afirmar que os PBB podem ser uma melhor escolha em
termos de custos mais baixos ou melhor comportamento quando:
73
Vo suportar cargas elevadas concentradas em zonas de passagem de
equipamentos ou em zonas onde se prevem cargas elevadas pontuais.
As intensidades de trfego so elevadas.
O solo de fundao tem fraca capacidade de suporte.
O pavimento ir suportar variaes de temperatura, derrames de carburantes e
onde se prevem assentamentos locais do terreno.
O aspecto e as caractersticas estticas do pavimento so uma das exigncias
principais do projecto.
Necessidade de futuras intervenes em infra-estruturas enterradas, no caso de
pavimentos urbanos.
74
Caracterizao do estado hbrido nas camadas com materiais granulares, factor que
influncia o comportamento do pavimento.
75
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