SÁVIO E DENISE NasTrilhasdaInterculturalidade-Repositorio
SÁVIO E DENISE NasTrilhasdaInterculturalidade-Repositorio
SÁVIO E DENISE NasTrilhasdaInterculturalidade-Repositorio
INTERCULTURALIDADE:
RELATOS DE
PRTICA E PESQUISA
Denise Scheyerl
Svio Siqueira
(Org.)
Nas trilhas da
interculturalidade
relatos de prtica e pesquisa
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Reitor
Joo Carlos Salles Pires da Silva
Vice-reitor
Paulo Csar Miguez de Oliveira
Assessor do Reitor
Paulo Costa Lima
Coordenao Geral
Denise Chaves de Menezes Scheyerl
Coordenao Adjunta
Carla Dameane
Nas trilhas da
interculturalidade
relatos de prtica e pesquisa
Denise Scheyerl
Svio Siqueira
(Org.)
Projeto Grfico
Gabriela Nascimento
Editorao
Leonardo Mota Lorenzo
Capa
Fbio Ramon Rego da Silva
Reviso
Letcia Rodrigues
Normalizao
Sandra Batista
ISBN 978-85-8292-085-5
CDD - 418
No aspire ser centro de nada.
A importncia aqui muito
mortal. Veja, por exemplo,
essas avezitas que pousam
no dorso dos hipoptamos.
Sua grandeza o seu tamanho
mnimo. essa a nossa
arte, nossa maneira de nos
fazermos maiores
Mia Couto, O ltimo voo do flamingo, 2005
Aos nossos alunos de graduao, ps-graduao e da
extenso, hoje representada pelo Ncleo Permanente
de Extenso em Letras/Instituto de Letras da UFBA.
13 Apresentao
21 Prefcio
309 Os organizadores
311 Os autores
Apresentao
apresentao 13
de conhecimento e nos dando o privilgio, no s de contribuir para a
qualificao de educadores lingusticos da Bahia, do Brasil e, ainda em
menor parte, de outros pases, mas tambm de, no engajamento de um
perfil mais crtico, estabelecermos dilogos extremamente profcuos
com colegas da LA nos mbitos nacional e internacional, alm de outros
cientistas sociais de fronteira como socilogos, cientistas polticos,
tericos culturais, filsofos, entre outros, que atuam fora do eixo eu-
ro-estadunidense de produo de conhecimentos. (KLEIMAN, 2013)3
Em outras palavras, temos, ao longo desse perodo, o orgulho de
assumir que nosso trabalho junto aos grupos de pesquisa Educao,
linguagem e interculturalidade e Ingls como Lngua Franca: crtica,
atitude e identidade, por ns coordenados, tem contribudo de manei-
ra slida e inconteste para o que Paulo Freire, na viso de Streck e Adams
(2012), 4 alcunhou de o suleamento de nossa atividade acadmica.
Como j se pode depreender dessa explanao inicial, este novo
livro que ora trazemos a pblico cria espaos de entrelaamento entre
diferentes temticas de trabalho vinculadas a linhas de pesquisa da
LA que, interessantemente, dialogam com a perspectiva intercultural
e vm sendo investigadas por nossos orientandos, sejam em nvel de
Iniciao Cientfica, mestrado ou doutorado. Nessa interlocuo, nos
vimos diante de uma tarefa rdua, para no dizer delicada, de selecionar
um nmero bastante reduzido de alunos e ex-alunos que pudessem re-
presentar com seus relatos o escopo de um trabalho maior feito a mui-
tas mos durante um significativo espao de tempo no mbito de nos-
so Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia. Com isso em
mente, e sem deixar de lembrar daqueles que ficaram fora da triagem
final, selecionamos 12 estudos que focalizam oito subreas da LA cuja
apresentao 15
des e tomadas de deciso diante da lngua estudada, levando-os a uma
maior compreenso desse processo.
J Camilla Guimares Santero, doutoranda do PPGLINC e cole-
ga do Setor de Espanhol do Departamento de Letras Romnicas, em
Reflexes acerca do ensino de espanhol como lngua estrangeira: no-
tcias de sala de aula, discute prticas interculturais no ensino de es-
panhol, argumentando que elas promovem a libertao de ideias e um
constante processo de transformao mediante a alteridade cultural.
Kelly Santos Barros, no ltimo texto da trade, O dilogo intercultural
nas aulas de ingls como lngua franca,elege a cultura local como ponta
de partida para o estabelecimento de um dilogo intercultural efetivo.
A doutoranda nos convida a estarmos atentos ao respeito diversidade
cultural, uma premissa importante no reconhecimento do ingls como
lngua franca como lngua cada vez mais usada em encontros intercul-
turais em nvel global.
Traduo e interculturalidade o tema da terceira seo e traz o
escrito da doutoranda do PPGLINC, Tatiany Sabaini Pertel, intitulado
A traduo como processo comunicativo intercultural na aula de in-
gls como lngua estrangeira, onde so apresentados caminhos peda-
ggicos para o trabalho com a traduo em sala de aula, sem medo de
erros metodolgicos, considerando que podemos retirar das estrat-
gias tradutrias sugeridas sua importncia comunicativa intercultural e
potencialidade dialgica no mundo contemporneo.
Na quarta seo, a Formao docente tematizada por Polyanna
Castro Rocha Alves, mestre pelo PPGLINC e professora da Universidade
do Estado da Bahia (Caetit), em A dimenso intercultural da lngua
inglesa na prtica de professores formadores. Partindo de discusses
acerca de conceitos cruciais para uma configurao mais esclarecedora
do que representa a formao de indivduos interculturalmente com-
petentes, a autora investiga de que forma uma abordagem intercultural
compreendida e materializada por esses professores formadores, uma
apresentao 17
Silva, tambm doutoranda, ressalta um outro esforo de resistncia:
a invisibilizao de alunos de alunos de identidade diferente da nor-
ma em sala de aula, uma realidade que refora a perpetuao da he-
teronormatividade. Partindo dos fundamentos da Teoria Queer e da
Interculturalidade Crtica, a autora vem, atravs das problematizaes
realizadas, propor uma atuao do professor de lngua inglesa que seja
receptiva aos alunos no heterossexuais, atravs do empreendimento
de aes que visem a incluir e visibilizar esses aprendizes no contexto
instrucional e, ao mesmo tempo, lhes assegure a possibilidade de usu-
fruir dos momentos de prtica da lngua. A autora discute ainda o pa-
pel do livro didtico que tem se mostrado indiferente, empobrecido ou
nulo no tocante representao de personagens com diferentes orien-
taes sexuais, diferentes composies familiares e abordagem temas
que digam respeito diversidade sexual nas atividades propostas nas
lies e atividades.
Nossas trilhas se completam com a ltima seo, Interculturalidade
e recursos didticos, com captulos nos quais os autores discutem e pro-
duzem propostas de recursos didticos mais sensveis intercultural-
mente. Aqui, passeamos por estudos bastante interessantes e promis-
sores, em especial por trazerem experincias prticas com implicao
direta para o fazer pedaggico de qualquer professor de lnguas. Em
Reinventando os livros didticos de italiano: propostas de ativida-
des para a sala de aula, a recm-doutora Cristiane Landulfo apresenta
propostas de atividades didticas realizadas em salas de aula de lnguas
em dois Ncleos de Extenso de Lnguas da UFBA, nesse caso espec-
fico, italiano como lngua estrangeira (ILE). Sob a perspectiva que ela
concebe como sendo vinculada a uma pedagogia intercultural, a autora
adapta e amplia as atividades sugeridas por livros didticos de ILE ado-
tados nos programas, promovendo com essa iniciativa, uma atmosfe-
ra de abertura e dilogo constante entre ensino de lnguas e sociedade.
J Diogo Oliveira do Esprito Santo, em Materiais didticos de ln-
apresentao 19
de ideias para onde sempre nos voltamos com o objetivo de fazermos
uma Lingustica Aplicada comprometida e responsvel. Nesse sentido,
tambm agradecemos aos nossos alunos, parceiros especiais, que nos
inspiram na busca por agendas pedaggicas desafiantes e construtoras
de uma convivncia intercultural produtiva e tica.
21
ser utilizadas na sala de aula de lnguas. Tais questes incluem aspectos
que tratam de lngua e poder, identidade, estudos de gneros, estudos
tnicos, novas tecnologias, traduo, formao docente e recursos di-
dticos, no intuito de formar aprendizes e professores autnomos, cr-
ticos, empoderadores e que sejam capazes de tomar decises importan-
tes frente ao processo educacional de ensino e aprendizagem de uma
lngua, nativa ou adicional.
Nessa perspectiva, percebe-se a grande importncia do papel dos
Programas de Formao de Professor de lnguas, uma vez que so eles
que, supostamente, iro instrumentalizar esses futuros professores
para que sejam culturalmente sensveis e possam lidar com a grande
diversidade tnica, lingustica e cultural nas salas de aula desse mundo
sem fronteiras.
Conscientes da necessidade de gerar e de disseminar o conheci-
mento cientfico, nas mais diversas esferas acadmicas, e tambm fora
delas, Scheyerl e Siqueira nos brindam com esta obra, que considero de
extrema importncia para a rea da LA, principalmente por mostrar re-
sultados de pesquisas de carter trans, inter e multidisciplinar, desen-
volvidas no mbito da ps-graduao e com implicaes pedaggicas
para a sala de aula de ensino e aprendizagem de lnguas.
Alis, no a primeira vez que essa dupla de pesquisadores nos
surpreende com iniciativas dessa natureza. So inmeras as aes aca-
dmico-cientficas que Denise e Svio, ex-orientadora e orientando,
e atualmente colegas, tm nos proporcionado, quer com obras de ta-
manha importncia, quer com apresentao de trabalhos e atividades
outras, em eventos locais, regionais, nacionais e internacionais, contri-
buindo, assim, para o suleamento e a valorizao das pesquisas baia-
nas em LA.
Nas trilhas da interculturalidade: relatos de prtica e pesquisa se
constitui, portanto, em mais uma trajetria percorrida por esses dois
vidos pesquisadores que no medem esforos para romper os muros
prefcio 23
Lngua, identidade
e poder
A au tor ia de si e o emergir da lngua- cult ur a do
apr endiz de ingls: esta lngua me r epr esen ta? 1
I ntrodu o
1 Este texto resultado das discusses realizadas durante a disciplina Tpicos em Lingustica
Aplicada II, cursada no mestrado por uma das autoras, em interao com as reflexes
tecidas no grupo de pesquisa Ingls como lngua franca (ILF): crtica, atitude e identidade
do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia, coordenado pelo prof. Dr. Svio
Siqueira.
2 O termo glocalizao expressa a fuso entre o global e o local e, segundo Robertson (1995),
uma forma de se garantir que o processo de globalizao esteja adequado a realidades e
culturas locais.
27
A lngua, seja LE, seja lngua materna, constri-se carregada de
sentidos culturais que, em uma relao dialtica, do-lhe forma e sig-
nificado. Podemos dizer assim que lngua e cultura andam sempre
juntas e, ao interagir pela lngua, falantes trazem tona toda a carga
cultural que a perpassa. (MENDES, 2011) Nesse sentido, na interao,
processos interculturais acontecem quando sujeitos de culturas dife-
rentes se encontram com disposio para negociar um lugar comum
entre eles, assumindo a presena de um entrelugar, uma terceira cultu-
ra. (KRAMSCH, 1993) Problematizamos, no entanto, a representao
real da cultura do aprendiz no momento das interaes em sala de aula
como ponto de partida para a interculturalidade, pois tanto conceitual-
mente quanto na prtica, a lngua produzida pelo aluno continua sendo
higienizada de sua cultura. Como possvel pensar com outras ln-
guas-culturas de igual para igual, se a criatividade lingustico-cultural
do falante-aprendiz tolhida de valor e legitimidade?
Comeamos este debate a partir da apresentao da viso do sujeito
na construo de seu conhecimento da lngua materna e a contradit-
ria limitao imposta ao mesmo indivduo no processo aprendizagem
de uma LE. Partindo da descentralizao da posse de lnguas de carter
internacional como a lngua inglesa, procuramos pensar na desconstru-
o da viso homognea a respeito da lngua, a partir da qual somente
um padro estabelecido deve ser utilizado como modelo dentro e fora
da sala de aula. Consequentemente, questionamos a ao cerceadora
dos professores sobre a produo dos alunos e apresentamos uma pos-
sibilidade de conceb-los como sujeitos agentes na lngua, falantes com
identidades compartilhadas e flexveis no processo de construo de
sua nova lngua.
O ponto principal de discusso neste captulo, portanto, indagar
e discutir quem seria o sujeito que interage na LE e como ele pode se
inserir no mundo desde o incio do processo de sua aprendizagem. Para
isso, pretendemos apresentar algumas bases de reflexo, visando a (re)
A cons t r u o do s uje i to n a l n g u a
5 Variante padro um termo cujas definies deixam a desejar. Por exemplo, Seidlhofer
(2011, p. 71) questiona a fragilidade do conceito afirmando: Standard English is said to be
a variety and the criterion for defining it that is usually offered is that it is the language of
the educated native speakers but without any explicit indication as to what it means to be
educated. Traduo: Ingls padro pode ser considerado uma variedade e o critrio
geralmente oferecido para defini-lo que a lngua de falantes nativos escolarizados, mas
no h uma indicao explcita do que significa ser escolarizado.
6 Crianas aprendendo a falar e, posteriormente, a escrever.
8 Identidades culturais, segundo Hall (2006), so aspectos de nossas identidades que surgem
de nosso pertencimento a culturas tnicas, raciais, lingusticas, religiosas e, acima de tudo,
nacionais. O autor entende que as condies atuais da sociedade esto fragmentando as
paisagens culturais de classe, gnero, sexualidade, etnia, raa e nacionalidade que, no passado,
nos tinham fornecido slidas localizaes como indivduos sociais. (HALL, 2006, p. 9)
9 O fato de especificarmos a lngua inglesa neste trabalho deve-se s leituras mais especficas
das autoras a respeito dessa lngua e suas implicaes pedaggicas. No entanto, isso no
nos impede de pensar nos pontos em que outras lnguas internacionais se assemelham, tais
como o espanhol ou o portugus.
A s al a d e a ul a d e i n gl s : um e s p a o d e re con h e c i m e nto
d a a utor i a n a l n gu a
re.co.nhe.cer
(lat recognoscere) vtd 1 Conhecer de novo (o que se tinha co-
nhecido noutro tempo). Vpr 2 Conhecer a prpria imagem,
em fotografia ou no espelho; vtd3 Identificar, distinguir por
qualquer circunstncia, modalidade ou faceta; vtd 4 Admitir,
ter como bom, legtimo ou verdadeiro; vtd 5 Ficar convencido
12 Essa expresso uma metfora originada no modelo de roupa one-size-fits-all, que aquele
chamado de tamanho nico em portugus.
13 Entre as excees podemos citar, como exemplo, aqueles alunos que esto se preparando
para morar em um pas que tem o ingls como lngua materna ou verncula.
R e f le xe s f i n a i s
R e f e r nc i a s
FREIRE, P. A importncia do ato de ler: em trs artigos que se completam. 37. ed.
So Paulo: Cortez, 1999.
SCHMITZ, J. The native speaker and nonnative speaker debate: what are the
issues and what are the outcomes? Calidoscpio, [S.l.], v. 11, n. 2, p. 135-152, maio/
ago. 2013.
I ntrodu o
53
passar a desenvolver aes mais conscientes que o levem a uma maior
compreenso do que seja o aprendizado da lngua inglesa na atualidade.
Dessa maneira, esclarecemos que o trabalho em questo discute
temas que julgamos essenciais para o aprendizado de uma LE: as cren-
as sobre o aprendizado da lngua inglesa, o discurso intercultural e os
possveis conflitos vivenciados pelos sujeitos investigados, inseridos
em um contexto socioculturalmente constitudo diante das suas re-
presentaes. (RILEY, 1989) Essas representaes, segundo Wenden
(1986, p. 5), consistem em crenas geradas na mente dos aprendizes,
por vezes corretas, por vezes equivocadas, mas que, quando pautadas
em experincias educacionais anteriores, podem influenciar fortemen-
te a maneira de agir dos aprendizes em relao ao aprendizado de uma
lngua.
Faz-se necessrio frisarmos que o conceito de interculturalidade
ainda hoje alvo de muitas indagaes, principalmente pelo fato de
que, desde o incio de nossa incurso no tema, percebemos que, quan-
do a cultura tratada em sala de aula, ela serve apenas de pano de fundo
para a abordagem de algum aspecto lingustico.
Seguindo essa linha de raciocnio, h indcios de que encontrare-
mos, no prisma intercultural, ferramentas que podem ajudar o aluno a
reinterpretar suas experincias e a rever as suas prprias crenas a res-
peito do seu processo de aquisio da lngua inglesa. O que implica em
dizer que, atravs da aplicao e da discusso de atividades e de textos
voltados para uma conscincia intercultural, aliada ao ensino dos as-
pectos estruturais da lngua, o aluno ter a possibilidade de construir
um posicionamento crtico diante do seu prprio universo lingustico,
de maneira que sua concepo acerca do aprendizado da lngua inglesa
poder ento ser fortemente influenciada.
Dessa forma, a pesquisa visou a propiciar, a um grupo de alunos co-
tistas da Universidade Federal da Bahia, bolsistas vinculados ao Ncleo
A moti va o
15 No perodo da pesquisa, o Ncleo ainda chamava-se NELG. Mais tarde, no ano de 2012,
todos os ncleos de ensino de lnguas em nvel de extenso foram incorporados ao Ncleo
Permanente de Extenso em Letras (NUPEL) da UFBA.
Ju s t if ica t i va
O ce n r io e os p a r t ic ip a nt e s d a p e sq u i sa
Vale ressaltar que, na medida em que foi acordado que suas iden-
tidades seriam preservadas, os nomes que identificam os participantes
O d isc ur so i nt e rc ul t ura l e s u a s d i m e n s e s
C onsid e ra e s f i n a i s
R e f e rnc i a s
77
rida. Concluo a histria dizendo que essa a postura de um indivduo
intercultural.
Em situao similar, muitos falantes poderiam ter desistido da in-
terao, tentando, talvez, recorrer a outra aeromoa, por acreditar que
a primeira seria mesmo burra, grosseira etc. ou, quem sabe ainda,
tecer qualquer outro juzo de valor sobre aquela profissional. No entan-
to, a professora, sensvel interao, ao momento da troca interpessoal
e a tudo o que implica sua realizao, leu prontamente as pistas contex-
tuais1 do evento comunicativo. Na verdade, ela observa que a aeromoa
portuguesa e, portanto, sabe que esta possui uma linguacultura2 di-
ferente da dela e considera tambm os papis sociais que cada uma de-
sempenhava naquela dada situao os comissrios de voo trabalham
para, dentre outras coisas, zelar pelo bem-estar dos passageiros, logo,
no seria de se esperar que atuassem com intolerncia. Aps analisar
as variveis pragmticas envolvidas na interao, pode-se claramente
inferir que ela notou o mal-entendido e tratou de desfaz-lo a partir de
importantes reformulaes que, como se v, levaram a um desfecho fa-
vorvel para o evento comunicativo.
A reao dos alunos quando conto essa histria sempre a mes-
ma. interessante observar como em nenhum momento eles levantam
a possibilidade de a professora no ter alcanado seu objetivo devido
a uma escolha discursiva no apropriada. Para eles, o problema est
sempre no outro. Nesse sentido, importante ressaltar que entende-
mos inapropriao como o insucesso momentneo de se obter o espe-
rado. Essa postura dos aprendizes marca um distanciamento para com
a lngua de seu interlocutor. Embora a motivao do distanciamento no
exemplo dado se deva a uma memria de suposta rivalidade construda
3 Termo usado para marcar situaes de uso entre falantes de mais de uma lngua, alm de
ressaltar o carter plurilngue das sociedades tidas como monolngues e de contemplar usos
locais do espanhol em pases como o Brasil. (JORDAO, 2014)
4 Bonequinha russa constituda por uma srie de bonecas menores, que so postas uma
dentro da outra.
A i nt e rc ul t ura l i d a d e no e n si no d e e s p a n hol p a ra o
nono a no do e ns i no f un d a m e nt a l
O vaidoso precisa da admirao de todos para comprovar o seu valor. Ele nos
faz lembrar que precisamos reconhecer nossos prprios talentos e capacida-
des e no depender de elogios dos outros para nos autoafirmar. Enumerem
duas qualidades que cada integrante do grupo julgue possuir.
A que est o drama! O planeta de ano em ano gira mais depressa [...].
[...] e ns nos aceleramos junto com o planeta [...], ou ser o planeta que se
acelera tentando acompanhar-nos? As coisas esto modificando, os dias so
mais curtos no quinto planeta e seu habitante no ousou questionar essa mu-
dana, apenas tentou adaptar-se abrindo mo de seu descanso. Como isso se
aplica nossa realidade?
Comentem o que foi dito e encontrem no livro outro exemplo para corroborar
a ideia trazida acima.
O rei o primeiro dos donos do mundo que o pequeno prncipe encontra nas
galxias. Ele pensa que tudo e todos so seus sditos e tem necessidade de
control-los. Mas, com sabedoria, nos ensina que cada um s pode dar aquilo
que tem. interessante notar que mesmo os personagens que aparentemente
representam falhas de carter tm algo a nos ensinar nesse livro assim como
na vida.
Apareciste una noche fra, con olor a tabaco sucio y a ginebra. El miedo ya me
recorra, mientras cruzaba los deditos tras la puerta.11
[...] eres dbil y eres malo y no te pienses mejor que yo ni que nadie [...].12
El machismo nos hace injustos, nos est quitando libertad, nos est aislando
y embruteciendo [...] el machismo es el enemigo comn de todas las personas
que tenemos como valores la justicia, el respeto y la igualdad.14
14 O machismo nos faz injusto, est tirando nossa liberdade, est nos isolando e nos deixando
irracionais [...] o machismo o inimigo comum de todas as pessoas que tm como valores a
justia, o respeito e a igualdade.
15 Sofreu durante anos maus-tratos fsicos e psquicos por parte de seu pai. Agora vive com
sua me, que conseguiu refazer a vida longe do marido. A criana se encontra bem, mas
houve uma poca em que brigava constantemente com professores e colegas da escola.
Ele desenha seu pai como um demnio. Est em um bar, sozinho, porque todos o temem.
Bebe cerveja, est bbado e exala um cheiro forte de lcool. Tambm joga nas mquinas
de caa-nquel. Fernando tem raiva de seu pai, ele mau. Disponvel em: <http://www.
monstresdecanreva.com/pagina.php?Cod_fam=6>. Acesso em: 19 ago. 2015.
19 Ninguns: os filhos de ningum, os donos de nada [...] arruinados, destroados: que no so,
ainda que sejam. [...] Que no aplicam cultura, mas folclore. Que no so seres humanos,
mas recursos humanos [...]. (GALEANO, 1940). Disponvel em <www.losnadies.com/
poem.html>. Acesso em: 19 set. 2015.
Hola, profesora.
Acabo de ver este correo que me envi Neide, alumna del nivel 4 y no
s qu responderle. No me gustara crear este clima de rivalidad en el
grupo, por eso quisiera pedirle una sugerencia de cmo actuar frente
a eso.
Gracias.
Incio da mensagem encaminhada:
Yo he recebido.
Otra cosa, me gustara que, desde hoy, t no me pongas para hablar
nada com la alumna Isabela. Ya he hablado con ella sobre lo que
ocorri en la ultima clase y no me gust su respuesta. Ella ha contesta-
do que solamente yo se senti enojada.
Un abrazo.
Neide Mendona
C on s i d e ra e s f i n a i s
20 Em uma manh, nos presentearam um porquinho - da - ndia, chegou a casa em uma gaiola.
Ao meio-dia abri a porta da gaiola. Voltei casa ao anoitecer e o encontrei exatamente como
o havia deixado, dentro da gaiola, agarrado s grades, tremendo de medo da liberdade.
Disponvel em <www.cancioneros.com/nc/7178/0/el-miedo-eduardo-galeano-augusto-
blanca>. Acesso em: 19 ago. 2015.
JORDAO, C. M. ILA - ILF - ILE - ILG: quem d conta? RBLA, Belo Horizonte, v. 14,
n. 1, p. 13-40, 2014.
I ntrodu o
101
O d i logo i nt e rc ul t ura l p ara o e n si no d e I L F 1
1 Parte desta seo aparece tambm em Siqueira e Barros (2013), artigo igualmente inspirado
no trabalho investigativo de Barros (2012), orientado por Siqueira junto ao Programa de Ps-
Graduao em Lngua e Cultura, da Universidade Federal da Bahia.
2 Segundo Manuela Guilherme, pesquisadora em educao intercultural do Centro de
Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Portugal, interculturalismo o termo
preferido na literatura da rea em lngua inglesa, ao invs de interculturalidade. De acordo
com a autora, talvez isso ocorra pelo fato de interculturalismo poder ser equacionado com
multiculturalismo, sendo o primeiro geralmente tomado como um termo mais atualizado
e mais em voga, e que tende a evitar as conotaes conflitantes e relativistas presentes na
definio do termo interculturalidade (correspondncia pessoal). Por entender que o
ensino de lnguas e o encontro de culturas sero sempre processos desafiadores, geradores
de tensionamentos, assumo ser o termo interculturalidade como o mais apropriado para
a discusso aqui proposta.
3 Firmado em 1975, o Acordo de Helsinque enumerava princpios de coexistncia pacfica
entre 33 naes europeias, os Estados Unidos da Amrica e o Canad. O ento presidente
estadunidense, Jimmy Carter, nomeou uma comisso especial para avaliar o estatuto
do ensino de LE em seu pas e o impacto de tal medida na coeso interna da nao e nas
relaes exteriores. (KRAMSCH, 1993)
4 Tomo aqui a definio de ILF de Seidlhofer (2011, p. 7), quando ela afirma ser qualquer uso
do ingls entre falantes de diferentes backgrounds lingustico-culturais.
5 O termo em ingls utilizado por Bhabha (1996 apud MENDES, 2008) in-between.
6 Kramsch (1993), em muitos de seus escritos, sempre fez uso dos termos terceira cultura
e/ou terceiro lugar. Questionada sobre este ltimo durante a mesa The language/
Culture Nexus in Language Study, no XIX Congresso Brasileiro de Lingustica Aplicada
(julho de 2011, Universidade Federal do Rio de Janeiro), a autora diz ter evoludo junto com
a lingustica e, por isso, concluiu que o termo lugar, na sua viso, parece dar um sentido
muito esttico; por isso, segundo a pesquisadora, decidiu mudar o termo para competncia
simblica.
8 Adaptao da proposta original: (1) What strategies can learners use in order to explore
different cultures and reflect on their own? (2) What do different types of language interaction
tell us about how individuals relate to groups? (3) How do members of different cultures
present, interpret and relate information? (4) How should we encourage learners to engage
with the political and social consequences of language education? (5) How can we encourage
learners to value the opinions and attitudes of others?
9 Aqui, como se pode ver, ironicamente, levanto uma aluso s estratgias utilizadas pelos
portugueses para atrair a ateno dos povos indgenas que habitavam a terra que veio se
chamar Brasil antes de os europeus aqui chegarem para explorar o nosso territrio.
10 Teaching the subject a generation ago was easy, compared with today, because matters
were black and white.
11 McKay (2002) usa nessa obra o termo Ingls como lngua internacional (ILI), o que, para
mim, neste captulo e nos aspectos descritos aqui, se aplicam ao conceito de Ingls como
Lngua Franca (ILF).
13 Msica que virou uma espcie de hino do carnaval baiano, composta pelo publicitrio Nizan
Guanaes (1988). Traduo: Ns somos o carnaval, ns somos a folia; somos o mundo do
carnaval, somos a Bahia.
14 Rajagopalan (2005), terico e professor indiano radicado no Brasil, outro autor que
compartilha dessa viso. muito comum afirmar nas suas palestras e bate-papos que no
devemos ter medo de avacalhar a lngua inglesa. Este, na sua viso, o preo que uma
lngua franca mundial tem que estar pronta para pagar.
15 Apesar de vrias fontes na internet usarem o termo coconut water.
16 They feel they have somehow made the English language their own. I suspect such projects
also add greatly to their linguistic confidence and self-esteem. Besides, they can take pride
in the fact that they have added their own small piece to the global jigsaw-puzzle that
comprises English language. Brazilian English is one of those awaiting global recognition.
17 por conta disso que valem as palavras de Widdowson (1997, p. 144) quando ele afirma que
se voc um falante nativo da lngua ou no, irrelevante. O que importa o que voc e
no de onde voc vem.
C oncl u s o
R e f e r nc i a s
WIDDOWSON, H. G. EIL, ESL, EFL: global issues and local interests. World
Englishes, Oxford, v. 16, n. 1, p.135-146, 1997.
I ntrodu o
133
com a alteridade e com as mais novas caractersticas da prpria cultura
que florescem durante a comunicao intercultural.
Ao compreender a traduo como processo comunicativo inter-
cultural onde palavras, gestos, figuras, pinturas e silncios interpretam
e produzem significados, a leitura do outro se d quando construmos
ntimas conexes que podem se estabelecer entre palavras e contextos,
identidades, idiossincrasias.
Portanto, h muito em comum entre a traduo e a comunicao
intercultural, pois, em primeiro lugar, a traduo sempre foi conheci-
da como uma prtica entre-fronteiras, uma atividade que envolve e (re)
estabelece significados lingusticos e culturais. Assim, as informaes
atravs dela (re)construdas so fruto da busca pelo estabelecimento da
comunicao, da compreenso, da possibilidade de leituras do mundo.
Em segundo lugar, ambas as prticas traduo e comunicao inter-
cultural buscam responder mesma pergunta: como as pessoas con-
seguem se compreender quando no compartilham as mesmas lnguas
e culturas?
Entretanto, embora a associao entre traduo e comunicao
intercultural parea bvia, diversos aspectos e definies devem ser
esclarecidos, uma vez que cada uma pode ser compreendida de varia-
das formas. vista disso, faremos, em primeiro lugar, uma discusso
envolvendo conceitualizaes acerca da traduo e da comunicao in-
tercultural e, por fim, como esses dois aspectos se encontram na sala de
aula de lnguas estrangeiras.
1 [...] anywhere from 80 to 90 percent of the information we receive is not only communicated
nonverbally but occurs outside our awareness.
2 [...] inside or between languages, human communication equals translation.
3 [...] any act of communication, any effort at understanding, is translation.
5 Culture and language are highly interrelated. Our cultures influence the languages we
speak, and how we use our languages influences our cultures.
6 The word must communicate something (other than itself).
7 Translation passes through continua of transformation, not abstract areas of identity and
similarity.
A tra d u o e a CCI n a a p re n d i z a ge m d e L E
i. Superao do etnocentrismo;
at i v i d a d e s d e t r a d u o i n t e r l i n g u a l :
at i v i d a d e s d e t r a d u o i n t e r l i n g u a l , i n t r a l i n g u a l o u
intersemitica:
j. Traduo de canes;
k. Traduo de poesias;
C on s i d e ra e s f i n a i s
R e f e r nc i a s
I ntrodu o
155
com diferentes experincias culturais; logo, a relao entre o ingls e
a cultura se torna problemtica, pois no h cultura-alvo nem contex-
to cultural para a lngua. O que h a necessidade de compreenso das
conexes entre as lnguas e os enredos socioculturais em que elas so
aprendidas e utilizadas que levem em conta a fluidez, diversidade e
adaptao. (BAKER, 2009)
Dado que o ingls representa uma multiplicidade de culturas,
torna-se necessria a incorporao de uma abordagem intercultural ao
ensino de LI, uma vez que tal abordagem intenta promover o desenvol-
vimento da Competncia Comunicativa Intercultural (CCI)3 dos apren-
dizes, levando-os a respeitar a cultura do outro e, simultaneamente, a
valorizar a sua prpria cultura. (MENDES, 2007) Por conseguinte, o
ensino intercultural do ingls prepara os aprendizes a serem sensveis
ao fato de que pessoas de diferentes culturas utilizam o ingls diferen-
temente e que lidar com as diferenas responsabilidade de todos que
fazem parte da comunidade global.
Assim que este captulo busca investigar de que forma as ques-
tes concernentes adoo de uma abordagem intercultural de ensino
so compreendidas e materializadas pelos professores formadores do
curso de Letras/Ingls da Universidade do Estado da Bahia (UNEB),
campus VI, em Caetit/BA, na medida em que so eles que impulsio-
nam as mudanas nos cursos de formao e que influenciam as decises
de futuros professores, com implicaes diretas para a sala de aula.
O captulo parte de discusses em torno dos conceitos de
Competncia Comunicativa Intercultural, conscincia cultural e cons-
cincia intercultural, que so to caros s abordagens de ensino de LI
que visam formao de indivduos interculturalmente competentes;
e segue em direo descrio, anlise e interpretao dos registros co-
letados para a realizao desta pesquisa.
4 More recently the notion of intercultural awareness (ICA) has been put forward as an
approach which builds on CA [cultural awareness] but takes a more dynamic intercultural
perspective. While CA explores the manner in which national conceptions of culture frame
intercultural communication, ICA focuses on the INTER or TRANS cultural dimension
where there is no clear language-culture-nation correlation, particularly in global uses of
English.
11. Conscincia de que a interao inicial na comunicao intercultural pode ser baseada
em esteretipos culturais e generalizaes;
A forma pela qual interagimos com culturas distintas, percebendo suas parti-
cularidades em relao cultura que convivemos, sem consider-la melhor ou
pior, partindo sempre do respeito s diferenas. (Anastcia)
Eu busco ter uma prtica regular. Tento no cometer falhas que vo contra
minhas crenas e conhecimentos para o ILF, por outro lado, no sou obcecado
por ensinar cultura em minhas aulas. (Joo)
Eu sempre converso com meus alunos sobre questes de cultura sob um vis
crtico. Muitas vezes deixo de lado o livro didtico e tento discutir com meus
alunos questes geopolticas das lnguas [...]. (Marcos)
O grande desafio apenas desejar fazer isto. Estudar a lngua inglesa nos per-
mite naturalmente trabalhar sob uma perspectiva intercultural, pois se tra-
ta de uma lngua que faz parte da realidade de inmeras culturas diferentes.
(Hermione)
6 Pases que, segundo a teorizao de Kachru (1985), possuem o ingls como lngua nativa ou
materna.
C on s i d e ra e s f i n a i s
R e f e r nc i a s
I ntrodu o
177
Dessa forma, o meu objetivo com este captulo trazer tona
essas temticas, fazendo uma correlao com os resultados de minha
pesquisa de mestrado intitulada Monitor Educacional (TV Pendrive):
a tecnologia nas aulas de lngua inglesa da escola pblica. (PEIXOTO,
2013) Neste trabalho investigativo, tive como objetivo principal descre-
ver e analisar como o projeto Monitor Educacional (ME) da Secretaria
da Educao do Estado da Bahia foi inserido em aulas de Lngua Inglesa
(LI) de escolas pblicas estaduais. Ancorada em uma abordagem quali-
tativa, de cunho etnogrfico e interpretativista, a gerao de dados do
trabalho foi realizada em trs etapas, culminando com o processo de
triangulao na fase da anlise. (CANADO, 1994)
Com base nos dados coletados durante o estudo mencionado, al-
gumas das concluses foram que o ME foi uma iniciativa significativa
para a escola pblica, que possvel a desconstruo do discurso cada
vez mais comum nos ambientes educacionais de que o fracasso do ELI
est diretamente relacionado carncia de estrutura dos estabeleci-
mentos escolares e que o uso das NTIC, nesse ambiente, emerge no
apenas para entreter e motivar alunos e professores para o ensino for-
mal da lngua, mas, sobretudo, para levar s salas de aula o mundo real.
(PENNYCOOK, 2001)
Para tanto, o captulo est organizado da seguinte forma: a seo
seguinte traz uma breve discusso sobre o ingls como lngua do mun-
do e sua relao com as NTIC no processo de ensino e aprendizagem de
uma Lngua Estrangeira (LE); depois, sero apresentados dados sobre
como o ME chegou s unidades de ensino da rede estadual da Bahia e
como utilizado pelos professores de ingls; posteriormente, reflexes
abordaro se a incluso de NTIC no ensino de lnguas suficiente para
a formao do indivduo para, por fim, discutir exemplos de como en-
sinar ingls para a vida mediante a incluso das NTIC no cotidiano da
sala de aula.
A s N T I C che ga ra m s s a l a s d e a u l a d a re d e e s t a d u a l
bai a n a
3 Homi Bhabha, pensador cultural, distingue uma postura crtica interdisciplinar de uma
postura crtica transdisciplinar. Na primeira, ocorre a busca de subsdios em outras
disciplinas visando ao entendimento/explicao de fenmenos na disciplina de origem,
sem que ocorra alterao de seus princpios e da identidade do crtico. Na postura
transdisciplinar, a busca dos subsdios busca a transformao da disciplina de origem a fim
de gerar novos conhecimentos, posturas e objetos de estudo. (BARBOSA, 2010)
S t e c nologi a s uf ic ie nt e?
Figura 1 Fan pages da autora elaboradas para proporcionar aos alunos contato
com a lngua inglesa fora da sala de aula
Day 1
Day 2
In groups of five, students will work on a video about the topics from the ads. The video
will be presented to the group and shared in the Fanpage of the school.
7 Traduo da atividade:
Dia 1 Os alunos assistem aos comerciais MTV Anti-Bullying e An Advertisement on
Racism, respondem a algumas questes sobre compreenso, discutem o tpico (impres-
ses, mensagens, estratgias utilizadas etc.) e debatem at que ponto o vdeo poderia (ou
no) estimular o preconceito, a discriminao ou o bullying.
Dia 2 Em grupos de cinco, os alunos criaro um vdeo baseado nos tpicos abordados nos
comerciais. O vdeo ser apresentado turma e compartilhado na fanpage da escola.
8 Vdeos disponveis nos links: MTV Anti-Bullying (www.youtube.com/watch?v=D3KsGTIeO7)
e An Advertisement on Racism (www.youtube.com/watch?v=htEtTra7rdw).
Fonte: sites.google.com/site/lablesagainstwomen
C onsid e ra e s f i n a i s
Joelma Santos
I ntrodu o
199
Tambm, importa lembrar que a ideologia racista emerge da crena
na inferioridade de um determinado outro, fundada a partir da ideali-
zao de si como padro, notadamente as elites dominantes tidas como
brancas, e da negao das origens, caractersticas biolgicas e constru-
tos culturais de outros grupos humanos. Dessa lgica ocidental, con-
cebem-se os povos no europeus como no civilizados, portadores
de formas e comportamentos estranhos, supersticiosos, repugnantes,
logo, pertencentes a raas supostamente inferiores. Houve tempos em
que estas ideias justificaram a invaso de territrios e subjugao de
povos.
Outro sustentculo para a discusso aqui proposta se instala jus-
tamente no entendimento da categoria raa. No aquele difundido
no incio do sculo XIX, orientado pelo conceito de raa biolgica, isto
, legitimador da existncia de raas superiores e inferiores ou povos
aptos a dominar e outros aptos a obedecer. (COELHO, 2006) Essa con-
cepo engendrou o racismo cientfico e o escravismo africano funda-
dores de estigmas e representaes negativas do negro, logo, ope-se
completamente aos parmetros conceituais deste trabalho.
Os sentidos atribudos raa so construdos, manipulados,
transitam pelos discursos segundo a intencionalidade de determinados
grupos. So significados que, ora evidenciam-se nas inmeras formas
de discriminao racial e subordinao social do negro, por exemplo,
ora se dissipam como na mitigao da importncia das polticas afir-
mativas sob o estandarte da mtica democracia racial brasileira.
A compreenso do conceito de raa pertinente aos objetivos
deste captulo deve ser carregada da dimenso social e poltica do termo
e est associada s relaes de poder e dominao entre negros e no ne-
gros no Brasil, onde pensar em raa remonta ao racismo, escravido,
ainda, cor da pele.
Note-se o quanto vital o entendimento antiessencialista dos con-
ceitos no campo racial, refletir sobre negritude requer a apropriao das
2 Dado do estudo Projeo da populao das unidades da federao por sexo e idade para o
perodo 2000/2030, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), realizado em
2014.
3 A obra apresenta artigos com reflexes e relatos fundados em estudos sobre a formao de
professores de lnguas para o trabalho com questes etnicorraciais desenvolvidos por cinco
professores, estudantes de mestrado da Universidade Estadual do Oeste do Paran. Este,
tambm, o tema central do meu projeto de pesquisa de doutorado (Universidade Federal
da Bahia), em fase de concepo.
De s coloni z a n do o e ns i no d e i n g l s
4 Esses dados e anlises so parte da pesquisa de mestrado desenvolvida por Joelma Santos,
autora deste artigo. Esta investigao resultou na dissertao de mestrado intitulada Raa/
Professor: Voc acha que muita gente tem esta resistncia? Por esta mes-
ma razo?
Estudante: Sim, eu acredito que algumas pessoas que tentam forjar uma
identidade social... e buscam entender suas razes atravs do processo his-
trico tenham essa mesma impresso...quando pensam em colonizao a
nvel estadunidense e afins... mas a necessidade acadmica e mercadol-
gica nos foram a ter de saber a lngua.
Estudante 4: Foi uma porta aberta para ns termos o contato com a ln-
gua inglesa, a qual eu via como uma barreira [...]
For m a s d e v i r a s a b e r : um q u a d ro d e re f e r nc i a s
poss v e i s
5 Definies: (1) Associated to forms humans can be divided into according their physical
differences, eyes, skin color, hair etc.; (2) A political system in which only white people had full
rights and black people were forced to live away from them; (3) The unfair treatment of people
who belong to a different race; (4) Connected with or belonging to a nation, race or tribe that
shares a cultural tradition; (5) Unreasonable dislike or preference for a person, group, custom,
culture etc; (6) Practice of treating somebody or a particular group in society less fairly than
others.
6 O texto Linguagem: ensinar novas paisagens/novas linguagens, de bell hooks, item das
referncias deste trabalho.
C onclu s o
R e f e rnc i a s
Comentrios livres:
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
*Questionrio elaborado por Joelma Santos para coleta de dados de pesquisa de mestrado em
abril de 2010.
1) Voc j havia feito um curso de ingls? Se j, teve momentos de discusso sobre raa/
etnia ou cultura neste curso?
2) Voc acredita que seja relevante a discusso desses temas nas aulas? Por qu?
3) Voc j ouviu falar na Lei n 10639/03? Se j, voc acha que ela foi atendida nas aulas de
ingls do CEAO?
4) Voc acha que essas aulas do CEAO tornaram o ensino de ingls mais significativo?
5) Voc pde observar diferenas entre a histria do negro brasileiro e negros de outras
localidades atravs das aulas? Aponte algumas.
6) Em algum momento as discusses sobre raa e etnia lhe incomodou? Por qu?
8) Quanto ao material didtico utilizado (mdulo, material avulso), pode falar um pouco
a respeito?
9) Voc achou suas intervenes parciais/imparciais? assim que voc acha que deveria
ter sido?
10) Voc acha que a raa/etnia do professor relevante para os seus posicionamentos
em sala?
* Questionrio elaborado por Joelma Santos para coleta de dados de pesquisa de mestrado em
agosto de 2010.
Name: _________________________________________________________
Biography
Barack Obama
His mother and father met at the University of Hawaii and got
married on February 2, 1961. When Barack was a little boy, his parents
got divorced.
Natasha was born in 2001. Barack Obama wrote two books. They
are called Dreams from My Father and The Audacity of Hope.
Barack Obama worked hard for his community and helped a lot
of people. He traveled to many countries. He became a senator for
Illinois in 2005. He decided to run for president of the United States in
2007. After the 2008 elections, the people decided that Barack Obama
was the best person to be president.
Barack Obama
Answer the following questions using the information in the Barack
Obama biography. Write your answers in complete sentences.
Material
Material extrado
extrado de:de: WWW.superteacherworksheets.com Acesso
<www.superteacherworksheets.com>. em 20/05/2009
Acesso em 20/05/2009
Black Or White
Michael Jackson
Composio : Michael Jackson
Song lyrics extracted from: http://letras.terra.com.br/michael-jackson/63735. Acesso em: 10 abr. 2010. Atividade
elaborada por Joelma Santos.
Lauryn Hill
Songlyrics
Song lyricsextracted
extractedfrom:
from:http://www.vagalume.com.br/lauryn-hill/so-much-things-to-say.html
http:// <www.vagalume.com.br/lauryn-hill/so-much-things-to-say.html>
Acesso em Acesso
26 Abr. em:
201026 abr. 2010
Atividade
Atividadeelaborada
elaboradapor
porJoelma
JoelmaSantos
Santos
I ntrodu o
235
que so fundamentais para o sucesso na aprendizagem de uma lngua
estrangeira.
A proposta deste captulo, portanto, problematizar a atuao do
professor diante de situaes corriqueiras de discriminao e invisibi-
lizao de alunos de identidade sexual diferente da norma no contexto
da aula de lngua inglesa, assim como discutir o papel do livro didtico,
que pelo que se tem observado, exclui esse pblico das atividades des-
tinadas prtica da lngua. A partir dos fundamentos da Teoria Queer
e da Interculturalidade Crtica, o que propomos aqui uma reflexo
quanto importncia de uma atuao diretiva, problematizadora e de
receptividade s diferenas por parte do professor de lngua inglesa.
A in v i s i b il i d a d e e m x eq ue
Cena A
Cena B
Cena C
O l i v ro d i d t ico
Figura 1
Figura 2
Na Figura 3, por sua vez, observa-se uma atividade com foco nas
habilidades de fala, leitura e escrita sobre uma das obras mais impor-
tantes do escritor Oscar Wilde: The picture of Dorian Gray (O retrato
de Dorian Gray). O texto apresenta a obra de Wilde de forma insufi-
C onsid e ra e s f i n a i s
R e f e r nc i a s
LANZ, L. Breve introduo teoria queer. [S.l.], [ 200-]. Disponvel em: <www.
leticialanz.org/breve-introducao-a-teoria-queer>. Acesso em: 9 maio 2015.
OXENDEN, C.; KOEING, C.; SELIGSON, P. American English file student book
starter. New York: Oxford, 2010.
Cristiane Landulfo
I ntrodu o
255
dizes em uma atmosfera intercultural, promovendo em sala de aula,
exatamente, o dilogo entre culturas e trabalhando o que chamamos de
contedos significativos ou materiais de dentro. (SCHEYERL, 2012)
Todavia, em termos prticos, a matemtica teoria + didtica e metodo-
logia1 nem sempre gera bons resultados ou, em alguns casos, nenhum
resultado. Diante dessa constatao, ainda que restrita aos contextos
em que transito, nasce este artigo como fruto de prticas pedaggicas
desenvolvidas nas aulas de italiano do Ncleo Permanente de Extenso
em Letras (NUPEL) da Universidade Federal da Bahia e do antigo e ex-
tinto Curso de Extenso de Italiano (CEI) da mesma universidade.
O propsito aqui apresentar, bem como refletir, algumas ativida-
des sensveis aos aprendizes, sob o vis de uma pedagogia intercultural,
que tiveram como ponto de partida os livros didticos de lngua italiana
como LE, que foram adotados, ao longo do tempo, por ambos os pro-
gramas de extenso supracitados. Desse modo, sero, aqui, discutidos
o conceito de interculturalidade e pedagogia intercultural, a funo ou
a (des)funo do livro didtico (LD) na sala de aula e o papel do profes-
sor de lnguas nesse trip essencial para a concretizao do processo de
ensino/aprendizagem de lnguas, seja ela qual for.
Vale ressaltar, contudo, que no pretendo fornecer prescries,
mas compartilhar e demostrar que o professor de lnguas no deve e
no pode ficar aprisionado ao LD de suas instituies, desconsiderando
a realidade dos aprendizes, os seus anseios e toda a complexidade que
envolve o processo de aprender e ensinar lnguas. preciso mais sensi-
bilidade e menos comodidade.
L i vro d i d t ico n a s a l a d e a ul a : q u a l a su a f u n o ?
C onsid e ra e s f i n a i s
R e f e rnc i a s
BALI, M.; RIZZO, G. Espresso 2 corso di italiano. Firenze: Alma Edizioni, 2008
I ntrodu o
269
tem sido foco de muitas pesquisas dentro da instituio e, por isso, o
objetivo deste captulo apresentar um desses estudos que foi realizado
em um projeto de iniciao cientfica, Programa Institucional de Bolsas
de Iniciao Cientfica e Tecnolgica (PIBIC), intitulado Materiais di-
dticos na contemporaneidade: contestaes e proposies.1
Buscamos, ento, trazer um breve panorama do projeto, enfati-
zando seus principais objetivos, metodologia utilizada, os sujeitos par-
ticipantes e os resultados alcanados. Dedicaremos, ainda, uma seo
especfica para a apresentao de atividades didticas sugeridas para
que pudessem ser utilizadas pelos prprios professores em formao
em suas salas de aula. Assim, este captulo destinado para todos que
se preocupam com uma formao crtica de professores de lnguas e que
buscam, cotidianamente, recursos didticos que reflitam essa preocu-
pao e que deem espao para a construo de uma sala de aula mais
inclusiva e respeitadora das diferenas. 2
O PI B I C no NUPE L: d i logos i nt e r c ut u ra i s n a
for m a o doce nt e
1 O estudo leva o mesmo ttulo do projeto de pesquisa coordenado por Denise Scheyerl
e Svio Siqueira e contou com a orientao da coordenadora do Ncleo, prof.a Denise
Scheyerl, e a tutoria da doutoranda Kelly Santos Barros.
2 Os primeiros resultados da etapa inicial do projeto foram publicados pela Editora da UFBA
com o ttulo de O intercultural e a sala de aula de lnguas: atividades e pontos de partida
(2015).
3 Alguns exemplos de trabalhos mais recentes so: Corbett, (2010); Lilova (2010); Matos
(2010); Mendes, (2010, 2012); Oliveira (2012) e Siqueira (2008).
4 Apesar de essa autenticidade ser relativa, uma vez que deslocamos esses materiais de seus
ambientes reais de utilizao, acreditamos que um ensino que contemple o uso deles possa
minimizar os efeitos de uma aula descontextualizada e pouco representativa.
Professor 2: Todas.
Professor 2: Fazer com que a partir do que o aluno j traz para a sala de
bagagem cultural, dialogar com a cultura da lngua-alvo.
Su ge s t o d e m a t e r i a i s
Tema: Famlia
Nvel: Bsico
Lngua: Ingls
Durao: 20-25 minutos
Tema: Relacionamentos
Nvel: Bsico
Pal a v ra s ( i n) concl u s i va s
R e f e r nc i a s
MENDES, E. Por que ensinar lngua como cultura? In: SANTOS, P.; ALVAREZ,
M. L. O. (Org.). Lngua e cultura no contexto de portugus lngua estrangeira.
Campinas: Pontes, 2010. p. 53-77.
I ntrodu o
1 Dissertao intitulada O livro de ingls chegou escola pblica: e agora, professor?, defendida
em 2014 junto ao Programa de Ps-Graduao em Lngua e Cultura da Universidade Federal
da Bahia (UFBA) sob a orientao do professor doutor Domingos Svio Pimentel Siqueira
(Departamento de Letras Germnicas/UFBA).
285
pblica efetiva e organizada, estimula a democratizao do acesso a no-
vas lnguas no Brasil, pois falar e conhecer outras lnguas pode ser para
a maioria da populao, principalmente para os alunos que frequen-
tam a escola pblica, uma oportunidade mpar de intercmbio cultural
e alargamento das vrias possibilidades de expresso e comunicao,
alm de, em ltima escala, a abertura de novas janelas para o mundo.
A p e s q ui s a sob re o l i v ro d e i n g l s q u e ch e ga e scol a
Letras com
habilitao
P3 M 13 anos Sim -------
Portugus/
Ingls
Letras com
habilitao
P4 F 26 anos Sim -------
Portugus/
Ingls
1. questionrio;
3. entrevista semiestruturada.
Uma vez recolhidos os dados, a partir das trs diferentes fontes, ti-
vemos, em primeiro lugar, que operacionalizar a transcrio dos pontos
mais relevantes para o trabalho das entrevistas. Durante os registros et-
nogrficos, anotaes pessoais tambm foram consideradas e usadas no
momento da anlise e interpretao dos dados. De posse das fontes de-
vidamente organizadas, passamos para a fase de tratamento dos dados.
Adotamos a tarefa de ler cuidadosamente os registros com o objetivo de
obter um panorama global do material coletado. Alm disso, buscando
aprimorar o foco da pesquisa, levantamos o mximo de regularidades
possveis, fizemos anotaes relevantes, indexamos e categorizamos
dados, cruzamos as informaes e verificamos semelhanas e diferen-
as de opinies, sempre luz dos objetivos e das perguntas norteadoras
do nosso trabalho.
3 www.fnde.gov.br.
g ui s a d e concl u s o
R e f e r nc i a s
MARQUES, A.; SANTOS, D. Links English for teens: 6 ano. So Paulo: tica,
2009a.
MARQUES, A.; SANTOS, D. Links English for teens: 7 ano. So Paulo: tica,
2009b.
MARQUES, A.; SANTOS, D. Links English for teens: 8 ano. So Paulo: tica,
2009c.
MARQUES, A.; SANTOS, D. Links English for teens: 9 ano. So Paulo: tica,
2009d.
Denise Scheyerl
E-mail: dscheyerl@hotmail.com
Svio Siqueira
os organizadores 309
de ILI/ILF, sociolingustica da lngua inglesa, imperialismo lingusti-
co, estudos ps-coloniais de lngua inglesa, pedagogia crtica aplicada
ao ensino de lnguas, inter(trans)culturalidade e lngua estrangeira,
alm de prticas reflexivas no ensino e na aprendizagem de lnguas.
lder do grupo de pesquisa Ingls como Lngua Franca: crtica, atitu-
de e identidade, ex-coordenador do Programa de Ps-Graduao em
Lngua e Cultura da UFBA e orientador acadmico de lngua inglesa do
Ncleo Permanente de Extenso em Letras do Instituto de Letras da
UFBA (NUPEL). Fez estudos de ps-doutorado junto ao Departamento
de Estudos de Segunda Lngua da Universidade do Hava, Manoa,
Honolulu, Hava, Estados Unidos, como bolsista CAPES-Fulbright
(2015-2016). Com Denise Scheyerl, alm de diversas parcerias em tra-
balhos acadmicos, organizou o volume Materiais didticos para o
ensino de lnguas na contemporaneidade: contestaes e proposies
(EDUFBA, 2012).
E-mail: savio_siqueira@hotmail.com
E-mail: andrea@acbeubahia.org.br
E-mail: camillasantero_6@hotmail.com
os autores 311
Cristiane Landulfo
E-mail: kristamma@hotmail.com
E-mail: digho_oliveira@hotmail.com
E-mail: fortunatoiris@gmail.com
Joelma Santos
E-mail: joelma.wx@gmail.com
os autores 313
fessores. Atua ainda no ensino a distncia do curso de Licenciatura em
Letras com Ingls da UNEB, onde exerce a funo de professora pes-
quisadora das disciplinas Novas Tecnologias Aplicadas ao ensino de
Lngua e Literatura Inglesa, Laboratrio Instrumental de Lngua Inglesa
e Educao a Distncia. Estudos relacionados interculturalidade, pe-
dagogia crtica, lingustica aplicada crtica, estudos queer e a contribui-
o desses temas para o ensino/aprendizagem de ingls como lngua
estrangeira constituem o interesse atual desta pesquisadora.
E-mail: ludy35@hotmail.com
E-mail: juls8410@gmail.com
E-mail: brunette12@gmail.com
Lucielen Porfirio
E-mail: lucielenporfirio@hotmail.com
os autores 315
Polyanna Castro Rocha Alves
E-mail: polyannarocha@hotmail.com
E-mail: robertappeixoto@gmail.com
E-mail: tatianypertel@yahoo.com.br
os autores 317
Colofo
Formato 170 x 240 mm
Impresso Edufba