Tema para Reflexão - Caminhar para Jesus Cristo
Tema para Reflexão - Caminhar para Jesus Cristo
Tema para Reflexão - Caminhar para Jesus Cristo
Dificuldades
Inquietações
Era de noite e não era fácil reconhecê-lo. O facto era, por si só,
surpreendente mas, além disso, eles estavam já assustados e o
medo retira, a quem o padece, a serenidade e a clareza de juízo
sobre os acontecimentos que de algum modo o afectam. Nestas
circunstâncias, é compreensível a sua reacção; começam a gritar.
O Senhor tranquilizou-os: Tende confiança, sou Eu, não temaisvi.
Nesse momento não acalmou o vento e as ondas, mas deu-lhes uma
luz para que o seu coração não naufragasse; sei que estais a
atravessar dificuldades, mas não temais, continuai a lutar, confiai
em que Eu vos não esqueci e continuo a estar perto.
Pedro teve uma reacção impulsiva: Senhor, se és Tu, manda-me
ir até onde estás por sobre as águasvii. Entre os Apóstolos é
quase sempre Pedro quem se lança, para o bem ou para o mal; é ele
que recebe as reprimendas mais fortes do Senhorviii e é também ele
que O confessa com uma audácia que acaba por arrastar os outros
em momentos difíceisix. Mas a sua iniciativa de agora é
surpreendente, inclusivamente no seu carácter impulsivo; Simão
encontrar-se-ia no apuro de ter que descer da barca e apoiar-se
numa superfície agitada, incontrolada, impossível de dominar e de
prever.
À voz do seu Mestre, pôs um pé fora da borda da barca, depois o
outro e foi a caminhar até ao Senhor, queria aproximar-se de Cristo
e estava disposto ao que fosse preciso para o conseguir.
Oxalá os propósitos de maior generosidade que formulamos diante
do Senhor em momentos de inquietação, não se fiquem apenas em
palavras. Oxalá a nossa confiança em Deus seja mais forte do que a
indecisão ou o temor os pôr em prática. Oxalá sejamos capazes de
tirar os nossos pés da borda, ainda que isso suponha apoiá-los numa
base aparentemente nada apta para nos apoiarmos e caminhemos
para Cristo. Porque para ir até Deus há que arriscar, há que perder o
medo às inquietações, há que estar disposto a jogar a vida.
Caminhando sobre as águas, Pedro sentia as ondas e o vento mais
do que os outros; a sua vida dependia da fé, mais do que a vida dos
outros, precisamente porque tinha descido da barca e caminhava
para Jesus Cristo. Não é esta a arriscada situação do cristão? Não
estamos também nós a procurar caminhar para o Senhor numas
circunstâncias – externas, mas também interiores – que, em boa
parte, escapam ao nosso controlo?
Estamos mais expostos às ondas do que aqueles que, temendo
enfrentar a imensidade do sobrenatural, preferem a pobre e
aparente segurança que lhes oferece o pequeno âmbito da sua
barca. É, então, estranho que às vezes notemos que o chão se
move, que tenhamos alguma inquietação? São precisamente esses,
os momentos para tomar consciência, uma vez mais, de que
vivemos de fé; não de uma fé que acalma as ondas, que elimina a
inquietação de caminhar sobre elas; mas antes, de uma fé que
nessa inquietação nos dá uma luz e que dá um sentido a essas
ondas.