Apostila 08 - ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE LONGO PRAZO
Apostila 08 - ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE LONGO PRAZO
Apostila 08 - ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE LONGO PRAZO
1.1 Ações
As ações representam a menor parte do Capital Social de uma empresa,
compondo a parcela de recursos próprios da organização. Quando uma empresa adquire
determinado porte e passa a necessitar de mais recursos para o desenvolvimento de seus
negócios, tendo esgotado suas opções de financiamento bancário, reflete sobre a
possibilidade de abrir se capital através da emissão de novas ações. A decisão de
abertura de capital implica em compromissos que a empresa assume com os seus
acionistas (proprietários).
Quando toma recursos bancários, uma organização se compromete a pagar um
custo por estes recursos na forma de juros, com prazo e forma de pagamento pré-
definidos. Quando capta recursos através da emissão de ações, a organização assume o
compromisso de remunerar os seus acionistas através da distribuição de resultados.
Por outro lado, se o acionista quiser recuperar o valor investido na compra das
ações, deve procurar negocia-las com terceiros. Ou seja, a empresa emissora não tem o
compromisso de recomprar as ações que emitiu de seus acionistas. Para isto, o acionista
deve procurar negocias estes títulos num foro apropriado que se chama mercado
secundário e é representado pelas bolsas de valores.
Para a organização, a tomada de decisão quanto à emissão de ações passa pela
discussão dos custos envolvidos com a operação e do custo de captação destes recursos,
a ser pago ao acionista.
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• FINAME: operações destinadas à aquisição de máquinas e equipamentos novos,
de fabricação nacional, podendo ser realizadas através das instituições
financeiras credenciadas;
• FINAME Agrícola: operações destinadas à aquisição de máquinas e
implementos agrícolas novos, de fabricação nacional, podendo ser realizadas
através das instituições financeiras credenciadas.
Há varias outras linhas e programas disponíveis, que podem ser consultados no
site do BNDES – www.bndes.gov.br.
Além do BNDES, tanto o Banco do Nordeste do Brasil – BNB, quanto o Banco
da Amazônia – BASA, também oferecem recursos de longo prazo. Maiores detalhes
podem ser obtidos nos respectivos sites das instituições: www.bnb.gov.br e
www.basa.com.br.
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• Arrendador: fecha o contrato com o arrendatário e paga o fornecedor;
• Fornecedor: recebe o pagamento do arrendador e entrega o bem ao arrendatário.
• Seguradora: recebe o pagamento do prêmio de seguro do arrendatário, com
cláusula beneficiária para o arrendador.
Durante o período de vigência do contrato, o arrendatário faz o pagamento das
parcelas do contrato ao arrendador.
As principais vantagens do arrendamento mercantil são:
• Financiamento total do bem, com a liberação de recursos para o capital de giro;
• Prazo de amortização compatível com a amortização econômica do bem;
• Aceleração da depreciação.
As operações de arrendamento mercantil podem ser:
• Leasing Operacional: operação realizada entre o arrendatário e o próprio
fornecedor do bem, que pode ficar responsável pela manutenção ou por algum
tipo de assistência técnica;
• Leasing Financeiro: operação realizada entre o arrendatário e um banco com
carteira de arrendamento mercantil ou uma empresa de arrendamento mercantil,
na qual a manutenção do bem é de responsabilidade exclusiva do arrendatário.
Ao final do contrato, o arrendatário pode exercer a opção de compra do bem,
através do pagamento de um valor residual (VR) estabelecido em contrato.
• Sale and Lease Back: operação que envolve um bem de propriedade do
arrendatário. Este bem é vendido ao arrendador e posteriormente arrendado à
arrendatária. É uma forma de liberação de capital de giro para arrendatária, a
partir de algum bem do imobilizado;
• Leasing Imobiliário: operação semelhante a um financiamento imobiliário, em
que o arrendador tem a posse do imóvel, em contrapartida à hipoteca do mesmo
(caso da operação de financiamento).
2. Captação internacional
Existem três possibilidades principais de captação de recursos no exterior, cada
uma realizada através de um instrumento específico:
• Emissão de Bônus ou Eurobônus: as empresas que têm acesso ao mercado
internacional podem emitir títulos de dívida e negocia-los, através de
intermediários financeiros, com investidores de outros países. Quando os títulos
são emitidos na moeda do próprio país de negociação são chamados de Bônus,
Quando emitidos em moeda diferente da moeda do país de negociação são
chamados de Eurobônus;
• Lei Nº 4131: instrumento através do qual uma empresa, com sede no Brasil,
pode tomar recursos emprestados diretamente de um banco no exterior;
• Resolução Nº 63: modalidade em que um banco, com carteira comercial ou de
investimento, capta recursos no exterior e os repassa às empresas sediadas no
Brasil.
Existem, ainda, as organizações multilaterais de crédito, que fornecem recursos
diretamente ou através de instituições credenciadas às empresas sediadas no Brasil:
• Grupo Banco Mundial (www.bancomundial.org.br), formado por:
• IRBD – International Bank for Reconstruction and Development
• IFC – International Finance Corporation
• IDA – International Development Association
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• Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID (www.iadb.org)
• Japanese Bank for International Corporation – JBIC (www.jbic.org.br)
3. Política de dividendos
Dividendo é o nome que se dá à parcela de lucros de uma empresa que é
distribuída aos seus acionistas. Logo, uma política de dividendos se refere à pratica ou
norma que a empresa adota para distribuir aos seus acionistas uma parte dos lucros
realizados.
O Conselho de Administração se vê diante de duas possibilidades, acerca do
lucro realizado pela empresa:
• Retenção: a parcela do lucro que ficar retida na empresa destinar-se-á a
reinvestimentos, funcionando como uma forma de financiamento da empresa;
• Distribuição: a parcela do lucro que for distribuída, na forma de dividendos,
funcionará como remuneração do capital investido pelo acionista.
4. Custo de Capital
O custo de capital de uma empresa é composto pelo custo do capital próprio e
pelo custo de capital de terceiros.
• Custo de capital próprio: pode ser determinado a partir do que define o
proprietário, no caso de pequenas empresas; ou pode ser determinado através do
CAPM – Capital Asset Pricing Model, para empresas com capital pulverizado,
quando se torna difícil ou praticamente impossível dirigir esta pergunta aos
acionistas. A equação básica do CAPM é a seguinte:
Ke = Rf + β x (Rm – Rf) + αBr, onde:
ke = custo do capital próprio
Rf = taxa de remuneração de um ativo livre de risco. Geralmente, adotam-se os títulos
do Tesouro Americano de 10, 20 ou 30 anos
Rm = Rentabilidade oferecida como um todo representada por uma carteira de mercado
β = coeficiente beta, medida do risco não diversificável do ativo
αBr = prêmio pelo Risco Brasil*.
* usualmente, adota-se como prêmio pelo Risco Brasil, o EMBI – Emerging
Markets Bond Index, Índice de Títulos de Mercados Emergentes, metodologia de
cálculo dos títulos de dívida soberana de países emergentes, desenvolvida pelo banco
norte-americano JP Morgan.
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• Custo do capital de terceiros: mais fácil de ser determinado, é o próprio custo da
divida da empresa, estabelecido em contrato. Entretanto, faz-se necessário um
ajuste em função do benefício fiscal do endividamento. Quando uma empresa
reconhece o pagamento de juros, esta parcela de juros reduz a base de cálculo do
Imposto de Renda, gerando um benefício fiscal à empresa. Logo, o custo líquido
da dívida é menor do que o estabelecido em contrato, dado este benefício:
kil = kib x (1 – IR), onde:
kil = custo líquido da dívida
kib = custo bruto da dívida (estabelecido em contrato)
IR = alíquota de Imposto de Renda
A partir da identificação do custo do capital próprio e do custo do capital de
terceiros, podemos calcular o custo total de capital da empresa, conhecido como WACC
– Weighted Average Cost of Capital ou CMPC – Custo Médio Ponderado de Capital:
CMPC = kil x ( P
P + PL )+ ke x (PL
P + PL )
, onde:
5. Estrutura de capital
A estrutura de uma empresa refere-se à relação entre capital de terceiros e o
capital próprio. Como visto anteriormente, somos capazes de determinar o custo do
capital próprio (Patrimônio Líquido) e o custo do capital de terceiros (Passivo
Financeiro) e, posteriormente o custo total de capital de uma empresa. O objetivo,
portanto, é identificar a estrutura de capital que minimize o custo total de capital da
empresa.
O início das atividades de uma empresa se dá com a constituição do capital
social que é o capital inicial dos sócios, ou capital próprio. Na medida em que a
empresa vai funcionando, tanto ela pode aumentar o volume de capital próprio através
da realização de lucros ou de novos aportes dos sócios. Por outro lado, a empresa
também pode captar recursos de terceiros, de forma onerosa, a fim de financiar suas
atividades de investimento. Quanto mais capitalizada a empresa, com maior volume de
capital próprio, menor tende a ser o custo de capital de terceiro, dada uma percepção do
mercado de baixo risco da empresa. Na medida em que a empresa se endivida, reduz a
participação do capital próprio, aumentando a percepção de risco do mercado.
Conseqüentemente, em novas captações de recursos de terceiros, muito provavelmente a
empresa arcará com um custo maior.
O ideal é que toda empresa acompanhe estes movimentos de modo a estabelecer
a relação apropriada entre capital próprio e de terceiros, visando a minimizar o custo
total de capital.
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6. Alavancagem
A alavancagem de uma organização pode ser financeira ou operacional.
6.1 Operacional
A alavancagem operacional está ligada aos custos e despesas fixas da empresa e
pode ser medida pelo Grau de Alavancagem Operacional – GAO:
Ә%LO
GAO = , onde
Ә%VA
Ә%LO = variação percentual do Lucro Operacional
Ә%VA = variação percentual do Volume de Atividade
Quanto maior o GAO significa que a empresa consegue crescer um volume de
atividade com a mesma estrutura de custos e despesas fixas.
6.2 Financeira
Uma empresa financeiramente alavancada é uma empresa que possui capital de
terceiros na sua estrutura de capital. Quanto mais endividada uma empresa, maior sua
alavancagem financeira.
A organização vai querer se endividar sempre que tiver uma oportunidade de
aplicação do recurso que produza um retorno superior ao custo do endividamento,
Quando isso ocorre, existe uma elevação nos resultados líquidos dos proprietários mais
do que proporcional à diferença entre este retorno do investimento e o custo do capital
emprestado.
A alavancagem financeira pode ser medida pelo Grau de Alavancagem
Financeira – GAF:
Ә%LL
GAF = , onde
Ә%LO
Ә%LL = variação percentual do Lucro Líquido
Ә%LO = variação percentual do Lucro Operacional
Devemos entender o Lucro Líquido como Lucro Operacional – Despesas
Financeiras. Assim, quanto maior o GAF, maior a capacidade de o endividamento
alavancar os resultados da organização.
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7. Securitização
O termo securitização nos remete, erroneamente, a alguma associação com a
atividade de seguros. Ocorre que, na língua inglesa, security quer dizer título
(certificado de posse de valores). Então, o processo de transformação de instrumentos
representativos de crédito/ débito em títulos (securitization) passou a ser denominado,
no Brasil, de securitização. Alguns autores utilizam o termo titularização, o que parece
mais adequado.
Uma empresa que possua, por exemplo, um montante significativo de recebíveis
(duplicatas, cheques, boletos bancários etc.) de clientes pode vender estes recebíveis,
com algum deságio, a uma empresa criada especificamente para este propósito,
conhecida como SPE – Sociedade de Propósito Específico. A SPE emite títulos de
longo prazo – debêntures – lastreados nos recebíveis e os vendem a investidores
interessados neste tipo de aplicação. O diferencial deste tipo de operação,
comparativamente a uma operação convencional de crédito, reside na segregação do
risco de crédito. Caso a empresa detentora dos recebíveis venha a se tornar insolvente,
os recebíveis não mais farão parte dos ativos da empresa.
O quadro abaixo ilustra o fluxo de uma operação de securitização de recebíveis:
ORIGINADOR
ATIVOS
R$
VERIFICAÇÃO
SPE CONTROLES
TÍTULOS
AUDITORIA TRUSTEE
R$
RELATÓRIOS
INVESTIDORES