Aparados Da Serra
Aparados Da Serra
Aparados Da Serra
SCHMIGUEL, Karla1
VARGAS, Karine Bueno2
TRATZ, Eliza do Belm3
RESUMO
O presente trabalho tem como recorte espacial os canyons da regio conhecida como Campos
de Cima da Serra, localizada na regio sul do Brasil, na fronteira entre os Estados do Rio
Grande do Sul e Santa Catarina, onde a paisagem configura-se pelo corte abrupto do planalto,
atravs de paredes verticalizados de at 900 m de altura em rochas vulcnicas da Formao
Serra Geral. A escarpa possui uma extenso de quase 250 km, recortada por uma sucesso de
canyons, sendo os mais conhecidos, Fortaleza, Itaimbzinho e Malacara. AbSaber (2003)
explica que a Serra Geral no nordeste do Rio Grande do Sul uma alta borda de planalto,
formando um dos espetculos paisagsticos mais extraordinrios do Brasil Atlntico ao qual
os gachos denominaram Aparados da Serra. Esta regio tm sua histria evolutiva pouco
conhecida o que justifica o objetivo do trabalho de avaliar os processos evolutivos da regio
afim de compreender a configurao atual da paisagem. Deste modo, em um primeiro
momento foi realizada incurso a campo para o reconhecimento da rea e tomadas de pontos
importantes, em um segundo momento foi realizada a reviso terica e conceitual pertinentes
a evoluo da paisagem regional e uma breve reviso bibliogrfica acerca desta temtica.
Dentre os materiais utilizados, lanou-se mo do material cartogrfico j desenvolvido quais
foram associados aos pontos de campo. A partir da anlise do material bibliogrfico e
interpretaes de campo conclumos que o fator preponderante no desenvolvimento dos
canyons a presena de descontinuidades tectnicas, onde a orientao dos principais
canyons coincide com as principais direes de fraturas existentes nas rochas vulcnicas da
regio. Como estas falhas e fraturas so zonas de fraqueza, h maior percolao de gua,
processo que controla a localizao dos cursos de gua facilitando a eroso vertical, admite-se
que estas fendas tenham exercido um papel preponderante na formao e localizao destas
estruturas (Vildner et al,2004). Deste modo, evidente que os canyons tm sua gnese
associada a sistemas de falhas e fraturas provindos de grandes processos de rompimento da
crosta (UMMAN, 2001) e por diclases entalhados pelo sistema de drenagem onde formam
profundos vales em V. Ressalta-se ainda que o sistema de falhas que configura a paisagem
da regio remete ao Evento Serra Geral, qual gerou intensa produo magmtica, em que
lavas se afastaram a partir de linhas tectnicas Torres Posadas, derramando-se sobre uma
superfcie praticamente horizontal pouco modificada com os movimentos posteriores (LEINZ,
1949). Os falhamentos gerados durante o evento e registrados na rea so do tipo escalonado
sendo responsvel pela existncia da escarpa original em diversas cotas topogrficas da
plataforma atlntica e orientando alguns canais, sub-bacias e gargantas ocupadas por rios
como Vildner et al (2004) afirma que a configurao geolgica-geomorfolgica da fachada
atlntica do litoral dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina resultado deste
tectonismo, pois o intenso diastrofismo gerou falhamentos paralelos costa fazendo com que
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Universidade Federal do Paran Brasil
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Universidade Estadual de Maring - Brasil
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Universidade Federal de Santa Catarina - Brasil
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1. INTRODUO
2. LOCALIZAO
gerados durante o evento e registrados na rea so do tipo escalonado sendo responsvel pela
existncia da escarpa original em diversas cotas topogrficas da plataforma atlntica e
orientando alguns canais, sub-bacias e gargantas ocupadas por rios como o caso do Rio
Pavo no canyon do Itambezinho -RS.
Vildner et al (2004) afirma que a configurao geolgica-geomorfolgica da fachada
atlntica do litoral dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina resultado deste
tectonismo, pois o intenso diastrofismo gerou falhamentos paralelos costa fazendo com que
significativas pores da Serra Geral submergissem no Atlntico.
Fator preponderante no desenvolvimento dos canyons a presena de
descontinuidades tectnicas, onde a orientao dos principais canyons coincide com as
principais direes de fraturas existentes nas rochas vulcnicas da regio. Como estas falhas e
fraturas so zonas de fraqueza, h maior percolao de gua, processo que controla a
localizao dos cursos de gua facilitando a eroso vertical, admite-se que estas fendas
tenham exercido um papel preponderante na formao e localizao destas estruturas (Vildner
et al ,2004).
Duarte (1995) aponta que a morfologia resultante da disposio dos vales e seuscursos
de gua na rea denominada pela escarpa, evidencia claramente o controle estrutural para o
seu estabelecimento. Preferencialmente h em alguns canais sub-bacias fluviais e gargantas
ocupadas por rios, como o caso do Rio Pavo no canyon do Itambezinho-RS que segue em
direo NE-SE,possuindo uma declividade de 90 e a borda da escarpa marca limite entre o
estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.A borda do escarpamento apresenta altitudes
que crescem de Sul para Norte, chegando ao seu Extremo em Santa Catarina no Morro da
Igreja em Ubirici atingindo a 1828m.
Putzer (1953) apresenta para o sul de Santa Catarina as direes N 50-70 e suas
normais N 140-170, e as direes para o Rio Grande do Sul so N 0-30 e suas normais N
90-120, tal falhamento detectado pela situao dos afloramentos da formao Botucatu e
arenitos e siltitos da Formao Rio do Rastro, esta rea corresponde a um direcionamento
NW-SE ao longo do baixo curso do Rio Mampituba.
Segundo Duarte (1995) alm do controle geolgico exercido pelos sistemas de falha e
litologias, h de se ressaltar a atuao de processos de eroso fluvial atravs dos tempos, os
quais foram esculpindo lentamente a paisagem, resultando na atual morfologia dos Campos de
Cima da Serra.
A tectnica que atingiu as rochas da Bacia do Paran alvo de grandes estudos, dentre
os quais destaca-se o trabalho de Leinz (1949) no qual afirma que no local houve uma zona
de intensa produo magmtica, e que as lavas se afastaram a partir de linhas tectnicas
Torres Posadas, derramando-se sobre uma superfcie praticamente horizontal pouco
modificada com os movimentos posteriores.
Analisando os arenitos da Formao Botucatu com o embasamento basltico, Leinz
(1949) afirma que h falhamentos escalonados o qual posicionam estas litologias cada vez
mais altas para o Norte, registrando dois momentos de tectnicas. Um tipo em que o Arenito
Botucatu apresenta-se falhado e com ressalto, e com ambos os blocos cobertos com o basalto
de um derrame, e outro tipo em que a o preenchimento da falha por dique de diabsio. No
primeiro caso o movimento teria sido anterior ao derrame, seguido deste, e no segundo houve
movimento concomitante ao derrame. Outro fato so as zonas brachadas e milonitizadas nos
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4. CONFIGURAO GEOLGICA
basaltos do Tipo Gramado, magmas classificados por Marques e Ernesto (2004), com baixo
teor de TiO2.
As rochas Palmas podem ter sido originadas por fuso (10 a 20%) de rochas
bsicas do tipo BTi-S, formadas pela solidificao de magmas aprisionados
na interface crostamanto (processo de underplating), por ocasio da
atividade gnea. J com relao s vulcnicas cidas Chapec, parece haver
um consenso de que elas foram originadas por refuso (20 a 30%) de rochas
bsicas ATi, cujos magmas ficaram retidos na base da crosta. /a. Este
modelo crustal corrobora a interpretao de que as rochas Chapec e
Palmas foram originadas por refuso de rochas bsicas com alto e baixo
titnio, respectivamente, cujos magmas ficaram aprisionados na base da
crosta, durante as primeiras fases da atividade gnea ocorrida na
PMP(Marques e Ernesto p.251, 2004).
Segundo Nardy (1995) a idade estimada destes litotipos de 132,4 1,1 M.a. A
partir dos dados radiomtricos de Ar40/Ar39, Nardy delimita o evento magmtico Serra Geral
em um intervalo de at 2 M.a .
4.1 LITOLOGIAS
As rochas de carter bsico que compe a base dos canyons, so basaltos quais
caracterizam-se por apresentar colorao, cinza escura a negra, granulao muito fina a
mdia, hipocristalinos, macios ou vesiculares. O teor dde Sio destas rochas varia de
50,28SiO253,73. Assentam-se sobre os arenitos elicos da Formao Botucatu (NARDY,
1995).
Geoquimicamente classificados por Maruques e Ernesto (2004) correspondem a
basaltos de (BTi) 1 (BTi-S: TiO2 # 2%; 140 < Sr < 400 ppm; Ti/Y < 300),tipo gramado.
4.2 ESTRUTURA
Nardy (1995) afirma que as rochas cidas Palmas apresenta-se sob a forma de
corpos tabulares, onde o acamamento gneo desenvolvido por fluxo laminar assentando-se
sobre os basaltos (contato concordante abrupto). Nardy ainda explica que medida que
ocorre o afastamento da zona basal estas rochas tornam-se macias, observa-se nesta zona
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Figura 3: Imagem Landsat (1999) onde possvel observar as principais falhas e fraturas que
responsveis pelo desenvolvimento de vales em V, comum regio dos canyons. desenvolvimento
de vales em V.
Fonte: CRPM, 2008
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5. CONFIGURAO GEOMORFOLGICA
Figura 4 :Canyon
Fortaleza
Foto: Joo Paulo Lucena
nesta regio que se encontram as pores mais elevadas do Estado do Rio Grande
do Sul e Santa Catarina sendo no Rio Grande do Sul o ponto culminante o Pico Monte Negro
com 1.410 metros no municpio de So Jos dos Ausentes e Morro da Igreja com altitude de
1828 m. em Santa Catarina.
Os canyons tm sua gnese associada a sistemas de falhas e fraturas provindos de
grandes processos de rompimento da crosta (UMMAN, 2001) e por diclases entalhados pelo
sistema de drenagem onde formam profundos vales em V. Segundo Penteado (1980):
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5.1 SOLOS
Os solos da regio, por se tratar de um relevo em patamares, nas reas mais declivosas
so menos desenvolvidos devido ao escoamento superficial da gua, que favorece a remoo
do material edafisado (PALMIERI & LARACH, 1966), apresentando seqncia de horizontes
A-R ou A-C-R, classificados como Neossolos Litlicos. Os solos derivados do basalto ou sob
influncia desse material de origem so predominantemente eutrficos, os originrios de
riolitos e riodacitos tendem a ser distrficos. Nas reas menos declivosas os solos
predominantes so os mais desenvolvidos, com seqncias de horizontes A-B-C-R
(VALLADARES et al, 2005).
Devido ao relevo, baixas temperaturas e altas pluviosidades verifica-se a acumulao
de grandes quantidades de matria orgnica no horizonte superficial de solos pouco
desenvolvidos (Cambissolos Hsticos ou Neossolos Regolticos Hmicos), exemplos nas
figuras 5.
6. CONSIDERAES FINAIS
A histria evolutiva dos canyon dos Campos de Cima da serra est atrelada num
primeiro momento subdiviso da Pangea em Eursia e Gondwana durante o Permiano.
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Seguida de um intenso diastrofismo no mesosico, que foi responsvel pelo maior evento
magmtico registrado no planeta terra (Bigarella et. Al., 1985).Tal evento deu origem a Serra
Geral, gerando falhamentos paralelos sobre a costa, fazendo com que significativas pores
submergissem no Atlntico nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Vildner et.
Al., 2004).No entanto os falhamentos do tipo escalonados deram origem a escarpa original da
plataforma Atlntica ,a qual orientada por canais,sub bacias e gargantas ocupadas por rios.
Segundo Vildner (2004), o desenvolvimento dos canyons teve como fator principal a
descontinuidade tectnica, onde a orientao dos principaIs canyons coincide com as
principais direes de fraturas existentes nas rochas vulcnicas,as quais so zonas de
fraqueza, havendo maior percolao da gua e por conseqncia a eroso vertical.
A regio dos Campos de Cima da Serra portando deve manter-se em estado
preservado, pois alm de abrigar um precioso ecossitema, guarda vestgios evolutivos de sua
formao que ainda so pouco conhecidos, merecendo uma maior ateno.
7. REFERNCIAS
Leinz, V. Contribuio geologia dos derrames baslticos do sul do Brasil. Bol. Geol.
So Paulo: Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras,n.s,p.1-61,1949.
UMANN L.V; LIMA , E.F ., Sommer, C.A., Liz, J.D. 2001.Vulcanismo cido da regio de
Cambar do Sul-RS: Litoqumica e discusso sobre a origem dos depsitos. Revista
Brasileira de Geocincias 31, 357-364.