Dissert - Armando Tanimoto - Simbiose Industrial

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA POLITCNICA
DEPT DE ENGENHARIA AMBIENTAL - DEA
MESTRADO PROFISSIONAL EM
GERENCIAMENTO E TECNOLOGIAS
AMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVO
ARMANDO HIROHUMI TANIMOTO
PROPOSTA DE SIMBIOSE INDUSTRIAL PARA

MINIMIZAR OS RESDUOS SLIDOS NO PLO
PETROQUMICO DE CAMAARI
2004
PROPOSTA DE SIMBIOSE INDUSTRIAL PARA MINIMIZAR OS

RESDUOS SLIDOS NO PLO PETROQUMICO DE
CAMAARI
Dissertao apresentada ao curso de Mestrado Profissional

em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo
Produtivo, Escola Politcnica, Universidade Federal da
Bahia, como requisito parcial para obteno do grau de
Mestre.
Orientador: Prof. Dr. Asher Kiperstok
Salvador
2004
Proposta de Simbiose Industrial para minimizar os resduos slidos no Plo de Camaari 4
T1649p Tanimoto, Armando Hirohumi

Proposta de simbiose industrial para minimizar os resduos
slidos no Plo Petroqumico de Camaari / Armando Hirohumi
Tanimoto --- Salvador-Ba, 2004.
151p. il.
Orientador: Prof. Dr. Asher Kiperstok

Dissertao (Mestrado em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais
no Processo Produtivo) Departamento de Engenharia Ambiental,
Universidade Federal da Bahia, 2004.
Referncias, Apndices e Anexos.
1. Resduos Industriais 2. Indstrias Petroqumicas Aspectos

Ambientais 3. Poluio Ambiental I.Universidade Federal da
Bahia. Escola Politcnica. II. Kiperstok, Asher III. Plo
Petroqumico de Camaari. IV.Ttulo.
TERMO DE APROVAO
PROPOSTA DE SIMBIOSE INDUSTRIAL PARA MINIMIZAR OS

RESDUOS SLIDOS NO PLO PETROQUMICO DE CAMAARI
Dissertao aprovada como requisito parcial para obteno do grau de mestre em

Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo nfase em
Produo Limpa, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora:
Asher Kiperstok _____________________________________________________

PhD em Engenharia Qumica, Tecnologias Limpas
University of Manchester, Institute of Science and Technology, Reino Unido
Armando de Azevedo Caldeira Pires _____________________________________

Doutor em Engenharia Mecnica
Universidade Tcnica de Lisboa, Portugal
Francisco Lima Cruz Teixeira ___________________________________________

Doutor em Poltica de Cincia e Tecnologia
University of Sussex, Inglaterra
Lus Felipe Machado do Nascimento _____________________________________

Doutor em Economia e Meio Ambiente
Universitat Gesamthochschule Kassel, GHK, Alemanha
Salvador, 19 de janeiro de 2004

Dedico esta dissertao minha esposa

ngela, eterna companheira e incentivadora
do meu trabalho, e aos meus filhos Hideo e
Akemi para que eles vejam o mundo de uma
forma positiva e salutar, motivando assim
seus crescimentos pessoais e profissionais.
Agradecimentos
Agradeo em primeiro lugar aos meus pais Hiroyasu e Nahomi Tanimoto, pela
oportunidade que me proporcionaram em mostrar o caminho dos bancos escolares
como fator de independncia, e pelos ensinamentos de perseverana e honestidade
como princpios de vida;
minha querida esposa ngela pela pacincia e compreenso nesses ltimos anos
em que o lazer em famlia foi dividido com esse trabalho acadmico;
Ao meu filho Hideo pelos momentos incontveis em que lhe foi negado mais ateno
para um jogo de bola, praia, cinema ...
minha filha Akemi que mesmo no ventre da me, no teve toda a ateno
merecida;
Ao Centro Federal de Educao Tecnolgica da Bahia CEFET-BA pela

oportunidade de crescimento acadmico e profissional;
Ao prof. Asher Kiperstok pelas suas eternas palavras de incentivo e orientao,

contribuindo para a qualidade final dessa dissertao;
Aos meus colegas e representantes das empresas do Plo Petroqumico de

Camaari, em especial ao Mrio Pino/Braskem com seu otimismo contagiante, Joo
Severiano/Braskem com suas ponderaes instigantes e ao Pricles Jnior/Caraba
Metais com seu eterno bom humor e solicitude;
No poderia deixar de agradecer tambm a equipe do TECLIM, aqui representada

pela Lgia Cardoso e profa. Mrcia Marinho pelas contribuies de incentivo e
orientaes acadmicas;
E a todos aqueles, annimos alunos e colegas de trabalho, que de alguma forma me

deram palavras de apoio nessa jornada sem fim que a busca pelo conhecimento.
RESUMO
Esta dissertao apresenta uma proposta para minimizar os impactos ambientais
causados pela gerao de resduos slidos baseado nas prticas de Simbiose
Industrial, no Plo Petroqumico de Camaari - Ba. Para isso, inicia-se com a
discusso do conceito de Ecologia Industrial, apresentando algumas ferramentas
usadas para a sua prtica, dentre elas a prpria Simbiose Industrial, que a
otimizao dos fluxos mssicos residuais visando seu reaproveitamento como
matria prima ou insumos em outro processo produtivo.
Prticas da Simbiose Industrial com potencial de replicabilidade no Plo foram
selecionadas e analisadas. Instrumentos da legislao federal e estadual foram
pesquisados para identific-los como agentes incentivadores ou restritores, a
exemplo das Resolues CONAMA que tratam de resduos perigosos, e do decreto
Estadual 7.967/2001 que promulga e detalha a Lei da Poltica Estadual de
Administrao dos Recursos Ambientais do Estado da Bahia.
Em seguida, anlises da estrutura fsica do Plo com sua diversidade de indstrias,
de casos de simbiose industrial j praticados nesse complexo, e do plano de
gerenciamento de resduos slidos de algumas empresas, proporcionaram uma
viso crtica desse sistema produtivo visando a implantao da Simbiose Industrial
entre as empresas da regio.
Procurou-se ainda levar a discusso para o meio produtivo atravs de reunies com
representantes das empresas estudadas, alm das instituies acadmicas e o
rgo ambiental do estado.
Finalmente so propostas aes para que a Simbiose Industrial com os resduos
slidos seja praticada de forma estruturada, com o envolvimento das diversas partes
interessadas (rgos governamentais, instituies privadas, academias e ONG),
otimizando assim os ganhos econmicos, sociais e ambientais.
Palavras-chaves: Simbiose Industrial, Ecologia Industrial, Resduos Slidos

Industriais, Gesto de Resduos, Sinergia com Subprodutos, Reciclagem de
Resduos.
ABSTRACT
This dissertation introduces a proposal for solid waste minimization based on

Industrial Symbiosis practices, in the Petrochemical Industrial District of Camaari,
Bahia, Brazil.
It begins with a discussion about Industrial Ecology, showing some practical tools,
among which the Industrial Symbiosis, an optimization of residual mass flow to
recycle as row material or inputs to other processes.
Some industrial symbiosis practices with potential replicability in Camaari Complex
were selected and analyzed. Federal and State laws were identified as restringent or
incentiving instruments, e.g. National Environmental Council (CONAMA) Acts about
industrial solid waste, and Bahia State Act #7.969/2001 about Environmental
Resources Administration. The physical structure of Camaari Complex was
analyzed considering the diversity of industries. Besides, cases of industrial
symbiosis already practiced by local companies and some solid waste management
plans allowed a critical view about how this productive system could implant an
industrial symbiosis program. This subject was discussed with industry, academic
and environmental agency representants.
Finally, some proposals were presented so that industrial symbiosis for solid waste
minimization be practiced in a consistent way, including the stakeholders
(governmental, private and academic institution, together with Non Governmental
Organizations) to obtain the best economic, social and environmental results.
Key words: Industrial Symbiosis, Industrial Ecology, Industrial Solid Waste, Waste
Management, By Product Synergy, Waste Recycling
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 reas de abrangncia da Ecologia Industrial 28

Figura 2.2 Fluxos dos subprodutos em um bio-sistema integrado Fiji 45
Figura 3.1 A viso de Nossa Empresa 78
Figura 3.2 Formas de participao dos parceiros em sistemas de
Simbiose Industrial 82
Figura 5.1 Grfico da gerao de resduos na Caraba 104
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 Barreiras e oportunidades na implantao

da Simbiose Industrial 64
Tabela 3.1 Principais empresas de Kalundborg 68
Tabela 3.2 Intercmbio de massa em Kalundborg 68
Tabela 5.1 Composio qumica da escria do cobre 102
Tabela 5.2 Gerao de resduos no Plo de Camaari (mensal) 112
Tabela 5.3 Perfil das empresas parceiras 113
Tabela 5.4 Embalagens com potencial de reaproveitamento externo 114
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABIQUIM Associao Brasileira das Indstrias Qumicas e Produtos Derivados

ACV Anlise do Ciclo de vida
AT&T American Telephone and Telegraph
CDS/UnB Centro de Desenvolvimento Sustentvel / Universidade de Braslia
CEE Comunidade Econmica Europia
CEMAN Central de Manuteno
CEPEL Centro de Pesquisa de Energia Eltrica
CETEA Centro de Tecnologias e Embalagens
CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CETREL Empresa de Proteo Ambiental
CFC Cloro Flor Carbono
CMA Chemical Manufacture Association
CNTL Centro Nacional de Tecnologias Limpas
COFIC Comit de Fomento Industrial de Camaari
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONFINS Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social
CRA Centro de Recursos Ambientais do Estado da Bahia
DfE Design for Environment
DIET Designing Industrial Ecosystem Tool
DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem
EI Ecologia Industrial
EIA Estudo de Impacto ambiental
FaST Facility Synergy Tool
FCA Ferrovia Centro Atlntica
GIS Geografic Information System
ICMS Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios
INES Projeto de Ecossistema Industrial (em holands)
IOA Input and Output Analysis
IPI Imposto sobre Produtos Industrializados
ISIE International Society for Industrial Ecology
ISO International Standardization Organization
LIMPEC Empresa de Limpeza Pblica de Camaari

MFA Material Flow Analysis
NAFTA North America Free Trade Area
NIMBY Not In My Back yard
OECD Organization for Economic Cooperation and Development
ONG Organizao No Governamental
PGRS Plano de Gerenciamento de Resduos Slidos
PIS Programa de Integrao Social
PL Produo Limpa
P+L Produo mais Limpa
PNQ Programa Nacional da Qualidade
PNUD Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento
ReaLiTy Regulatory Economic and Logistic Tool
RLAM Refinaria Landulfo Alves - Mataripe
SEARA Sistema Estadual de Administrao dos Recursos Ambientais
SETAC Society for Environmental Technology and Chemistry
SFA Substance Flow Analysis
SIC CODE Substance Industrial Control Code
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
TECLIM Programa de Tecnologias Limpas e Minimizao de Resduos do
Estado da Bahia
TEMADRE Terminal Madre de Deus
TPM Total Productivity Management
TRI Toxic Release Inventory
UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UNEP United Nation Environmental Program
UNDP United Nation Development Program
USEPA United State Environmental Protection Agency
WBCSD World Business Council for Sustainable Development
SUMRIO
1 - INTRODUO 16
1.1 ESTRUTURA DA DISSERTAO 18
1.2 METODOLOGIA 20
2 - REFERENCIAL TERICO DA ECOLOGIA INDUSTRIAL

2.1 HISTRICO 24
2.2 DEFINIES 26
2.3 REAS DE ABRANGNCIA 28
2.4 FERRAMENTAS UTILIZADAS 28
2.4.1 Preveno da Poluio 28
2.4.2 Produo Limpa 29
2.4.3 Produo mais Limpa 31
2.4.4 Projetos para o Meio Ambiente (Design for Environment DfE) 32
2.4.5 Contabilidade Verde 34
2.4.6 Qumica Verde 35
2.4.7 Anlise do Ciclo de Vida ACV 38
2.4.8 Atuao Responsvel 39
2.4.9 Anlise de Fluxo de Massa (ou Substncia)/MFA (ou SFA) 40
2.4.10 Simbiose Industrial 43
2.4.11 Eco Parque Industrial 47
2.5 A INTEGRAO DA SIMBIOSE INDUSTRIAL S ATIVIDADES EM UM
ECO PARQUE INDUSTRIAL 51
2.5.1 Vantagens para os parceiros 52
2.5.2 Barreiras a serem trabalhadas pelos parceiros 55
2.6 BANCO DE DADOS USADOS NA SIMBIOSE INDUSTRIAL 58
2.7 ESCOLHA DA SIMBIOSE INDUSTRIAL COMO INSTRUMENTO DE
MINIMIZAO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS 61
2.8 FASES PREVISTAS DURANTE A IMPLANTAO DE UM SISTEMA DE
SIMBIOSE INDUSTRIAL 61
2.9 ANLISE DOS PARMETROS DECISIVOS PARA A IMPLANTAO DA
SIMBIOSE INDUSTRIAL 64
3. ESTUDOS DE CASOS DA LITERATURA MUNDIAL

3.1 KALUNDBORG, DINAMARCA 67
3.2 PORTO DE ROTTERDAM, HOLANDA INES PROJECT 70
3.3 TRIANGLE J. / CAROLINA DO NORTE, USA 71
3.4 PRIME PROJECT, FILIPINAS 73
3.5 TAMPICO, MXICO 74
3.6 ALBERTA, CANAD 75
3.7 NORTE DO TEXAS, USA 77
3.8 MONTREAL, CANAD 79
3.9 GOLDEN HORSESHOE, CANAD 80
3.10 ANLISE COMPARATIVA ENTRE OS ESTUDOS DE CASOS 81
4. INSTRUMENTOS NORMATIVOS QUE FACILITARO A IMPLANTAO

DA SIMBIOSE INDUSTRIAL 87
4.1 ANLISE CRTICA DA RESOLUO CONAMA 313/2002 E DO TERMO
DE REFERNCIA DO PGRS EMITIDO PELO CRA 95
5. IMPLANTAO DA SIMBIOSE INDUSTRIAL NO PLO PETROQUMICO

DE CAMAARI
5.1 CASO DE SIMBIOSE INDUSTRIAL EM RESDUOS SLIDOS J
PRATICADO NO PLO PETROQUMICO DE CAMAARI 101
5.1.1 Escria do Cobre 101
5.2 O PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESDUOS SLIDOS DO PLO 110
5.3 EMPRESAS PARTICIPANTES DO PROJETO 112
5.4 IDENTIFICAO DE OPORTUNIDADES USANDO O BANCO DE DADOS 113
5.5 ANLISE CRTICA DO SISTEMA EXISTENTE DE GERENCIAMENTO DE
RESDUOS PARA A IMPLANTAO DE UMA PROPOSTA DE S. I. 117
6. PROPOSIES 119
7. CONCLUSES 124
8. SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS 130
REFERNCIAS 131
APNDICES 145
A - Banco de dados com foco na Simbiose Industrial

B Formulrio de pesquisa do estudo de caso
C Estudo de caso resumido: Aproveitamento da corrente bruta de sulfato de
amnio para a produo de fertilizante
ANEXOS 162
A Fluxograma do processo de Simbiose Industrial em Triangle J. / Carolina do

Norte EUA
B - Fluxograma do processo de Simbiose Industrial em Kalundborg
C Termo de referncia CRA / Tabela I Identificao do Gerador
D Termo de referncia CRA / Tabela II Resduos Gerados
E Termo de referncia CRA / Tabela III Plano de Movimentao de Resduos
1. INTRODUO
O gerenciamento de resduos slidos industriais tem sido alvo de preocupao em

todo o mundo. O grande potencial de contaminao do meio ambiente pelo homem
levou a elaborao de acordos internacionais, sendo o mais conhecido na rea de
resduos a Conveno da Basilia, emitido em 1989. Esse acordo traa diretrizes
para o controle de movimentao transfronteirias de resduos slidos perigosos e
sua disposio.
Ao no se resolver os problemas ambientais na sua origem, torna-se difcil a
compactuao dos procedimentos e prticas ambientalmente aceitos, com o
conceito de desenvolvimento sustentvel.
Diante da grande escassez de recursos naturais que se vislumbra para um futuro
prximo, necessrio um aprimoramento de tcnicas conhecidas como Tecnologias
Limpas, alm de uma mudana na forma de consumo e comportamento do homem.
Para se evoluir das prticas chamadas de Fim-de-Tubo1, torna-se necessrio a
formao de redes de intercmbio tcnico entre consumidores, universidades,
centros de pesquisas, organizaes governamentais e no governamentais e
principalmente do prprio setor produtivo, gerador do resduo.
Como melhoria ao que fazer com o resduo quando os fatores culturais, tcnicos e
econmicos no so favorveis a sua eliminao na fonte, tem surgido em diversos
pases redes usando o conceito de Ecologia Industrial. A busca de consumidores
fora dos limites da empresa ou a troca de informaes com outras instituies,
mesmo de outro ramo de atividade, tem levado a mudanas nas caractersticas
desses resduos, transformando-os em subprodutos e reinserindo-os como matria
prima em outra cadeia produtiva.
A gerao de resduos slidos perigosos no Brasil estimada em 3 milhes de t/ano
(FURTADO, apud SILVEIRA, 2003). Na Bahia no se tem estatstica sobre a sua
gerao. Recentemente, Fonseca (2003) pesquisou a gerao e contabilizou 36.480
t/ano de resduos perigosos nas empresas localizadas no Plo Petroqumico de
Camaari BA. O passivo estocado em ptios internos e em locais de
1
Fim de tubo (end-of-pipe) = Assumir como inevitvel a gerao de resduos para depois se buscar um destino
ambientalmente seguro.
armazenamento temporrio na CETREL2 S.A., foi estimado em 60.000 t. Esses

continuam aguardando ser incinerados ou sofrer outro tipo de tratamento.
Os resultados alcanados pelas empresas geradoras de resduos em relao ao seu
impacto ambiental, no so os desejados pelas partes interessadas stakeholders.
As tecnologias apropriadas e desenvolvidas por empresas multinacionais em seus
pases de origem, nem sempre so aplicadas de imediato pelas suas filiais em
Camaari, muito menos pelas empresas de capital nacional, usurias das
tecnologias muitas vezes defasadas dessas primeiras. Grande quantidade de
resduos slidos, efluentes lquidos e emisses atmosfricas continua sendo gerado
para depois ser tratado e disposto com tcnicas Fim de Tubo. A antecipao do
tempo da vida til dos valos de resduos classe III (inertes) da LIMPEC3, dos aterros
para resduos classe II (no inertes) na CETREL e o grande acmulo de lodo
resultante do tratamento biolgico do efluente lquido do Plo so indicadores
dessas prticas.
A busca por uma ferramenta que auxilie na gesto ambiental, que alm de priorizar
o controle na fonte, faa uso do conceito de ecologia industrial abrangendo todo o
complexo petroqumico citado e demais setores produtivos, torna-se primordial para
a sustentabilidade empresarial e ambiental da regio em questo.
O Mestrado profissional tem como premissa a aplicabilidade do conhecimento
gerado, quer seja cientfico ou tecnolgico. Desta forma, pretende-se que os
conceitos aqui estudados contribuam de forma ativa para a melhoria do setor
produtivo baiano. O Plo de Camaari um complexo industrial que abriga
empresas nacionais e multinacionais, planejado desde a sua concepo, abriga
diversas empresas certificadas pela ISO 14.000, TPM4, e empresas ganhadoras de
prmios tais como o PNQ5, entre outras.
2
CETREL S.A. = Empresa de proteo ambiental iniciou suas atividades em 1978 junto com as empresas do
Plo Petroqumico de Camaari.
3
LIMPEC = Empresa de Limpeza Pblica de Camaari
4
TPM (Total Productivity Management) = Gerenciamento Total da Produo um modelo de gesto
empresarial japons que busca a otimizao dos seus processos (produo, manuteno, atividades
administrativas, meio ambiente, sade e segurana entre outras).
5
PNQ = Prmio Nacional da Qualidade, prmio concedido anualmente a empresas que se destacam nos seus
ramos de atividades e passam por um rigoroso processo de avaliao.
Este trabalho tem o objetivo geral de propor a prtica da Simbiose Industrial como
uma forma de minimizar os impactos causados pela gerao de resduos slidos no
Plo Petroqumico de Camaari.
A Simbiose Industrial busca atribuir valores s correntes de resduos em funo dos
componentes presentes, com potencial de reaproveitamento em empresas que
possam absorv-las como matrias-primas ou insumos, inserindo-as novamente em
outro ciclo produtivo. Outras caractersticas dessa ferramenta sero discutidas no
item 2.4.10.
Como objetivos especficos deste trabalho, temos:

a) Avaliar o uso do Plano de Gerenciamento de Resduos Slidos - PGRS das
empresas do complexo, como documento bsico para a elaborao de um
banco de dados com informaes tcnicas para proporcionar a sinergia de
comercializao das correntes de resduos;
b) Avaliar a divulgao das caractersticas dos resduos slidos gerados,
fomentando um intercmbio tcnico e comercial entre os geradores e
potenciais consumidores para a sua minimizao e reaproveitamento;
c) Analisar os instrumentos normativos que facilitam ou dificultam a prtica da
simbiose industrial;
d) Propor arranjos institucionais para desenvolver aes entre os diversos
segmentos produtivos da regio.
1.1 Estrutura da dissertao

No Captulo 2 apresenta-se um breve retrospecto da Ecologia Industrial,
abordando a origem do conceito, sua divulgao pelas diversas instituies
praticantes, assim como as ferramentas mais utilizadas nas suas aplicaes
como, por exemplo, a Preveno da Poluio, Produo Limpa, Produo mais
Limpa, Projeto para o Meio Ambiente, Contabilidade Verde, Qumica Verde,
Anlise do Ciclo de Vida, Atuao Responsvel, Anlise de Fluxo Material,
Simbiose Industrial e Ecoparque Industrial.
Comenta-se a integrao da Simbiose Industrial nos chamados Ecoparques, com
as suas vantagens ambientais e econmicas, e barreiras a serem vencidas pelos
parceiros.
Em seguida justifica-se a escolha da Simbiose Industrial como instrumento de

minimizao dos impactos ambientais, as fases previstas para a sua
implantao, e concluindo, uma anlise dos principais pontos a serem
considerados na implantao de um projeto de Simbiose Industrial.
No Captulo 3 apresenta-se exemplos envolvendo no somente empresas, mas
empresas e municipalidades. Para concentrar o foco no processo produtivo,
foram resumidos estudos que tivessem alguma similaridade ou que
apresentassem aspectos que pudessem servir de experincia para a realidade
do Plo Petroqumico de Camaari. Nove casos foram discutidos usando-se uma
estrutura padro de apresentao. Em seguida foi feita uma anlise comparativa
entre os casos estudados, tendo como foco principal a forma de coordenao de
programas de Simbiose Industrial.
No Captulo 4 so abordadas algumas normas diretivas da Unio Europia
relativas a resduos, as resolues do CONAMA 06 que tratam de resduos
perigosos e os instrumentos normativos do estado da Bahia (Decreto Estadual
7.967/2001 que promulga e detalha a Lei 7.799/2001, que trata da Poltica
Estadual de Administrao dos Recursos Ambientais) com foco nas suas
contribuies para a implantao da Simbiose Industrial.
O Captulo 5 apresenta um breve histrico do Plo de Camaari de forma a situ-
lo no contexto regional e nacional. O seu planejamento que data da dcada de
70, considerou a implantao de centrais de utilidades, matrias-primas,
manuteno e tratamento de efluentes. A partir de 1989, com a duplicao da
capacidade instalada sujeita a um licenciamento ambiental, que demandou um
Estudo de Impacto Ambiental EIA e a introduo de programas da qualidade,
ocorreram sensveis melhorias nas polticas ambientais das empresas. Em
seguida apresenta-se exemplos de Simbiose Industrial j praticados em
Camaari, e uma anlise no Plano de Gerenciamento de Resduos Slidos
PGRS das empresas que participaram deste projeto. Identifica-se ainda
oportunidades usando um banco de dados alimentados com o PGRS dessas
empresas. Concluindo, apresenta-se uma anlise crtica do sistema atual de
resduos do Plo, visando a implantao de proposta de Simbiose Industrial.
No Captulo 6 so feitas proposies para a implantao de uma proposta de

Simbiose Industrial no Plo de Camaari, atravs da formao de grupos de
trabalhos tcnico, normativo e de comunicao, para identificar barreiras e
sugerir atividades que viabilizem essa prtica.
Finalmente apresenta-se as concluses dessa pesquisa no Captulo 7 e
sugestes para trabalhos futuros no Captulo 8.
1.2 Metodologia
Apresenta-se a metodologia utilizada na elaborao da pesquisa dando nfase
s reunies com os representantes das empresas, no sentido de enriquecer as
discusses em torno da Simbiose Industrial para os resduos slidos.
Trs formas de levantamento de dados foram implementadas. A primeira (a)
consta de uma reviso bibliogrfica sobre o referencial terico da Ecologia
Industrial, incluindo a avaliao dos estudos de casos da literatura; a segunda
(b), um levantamento das caractersticas do Plo de Camaari, para a
implantao da Simbiose Industrial, baseado no Plano de Gerenciamento de
Resduos Slidos - PGRS, com o intuito de identificar potenciais intercmbios
entre empresas geradoras e consumidoras; e na terceira e ltima (c), a
realizao de reunies com representantes das empresas do Plo, onde se
discutiram os objetivos, potenciais sinergias existentes entre empresas, barreiras
e possveis solues para tornar exeqvel a implantao de um intercmbio
(Simbiose Industrial) de subprodutos na regio. Essas reunies ocorreram em
eventos convocados com essa finalidade e em encontros formais com
profissionais das empresas.
a) Pesquisa bibliogrfica sobre o referencial terico da Ecologia

Industrial
Foi realizada uma ampla busca em livros, peridicos especializados, anais de
seminrios internacionais, trabalhos universitrios e internet para identificar
documentos tcnicos, considerando que o assunto faz parte de uma rea
nova do conhecimento. Alm da participao em associao tcnica
(International Society for Industrial Ecology ISIE) e lista de discusso em
meio eletrnico, foram contatados via e-mail pesquisadores em instituies de
pesquisa internacionais para obteno de artigos especficos que

complementassem o conhecimento desejado.
Esses pesquisadores eram contatados em uma das trs formas: Ou atravs
do endereo eletrnico contido em seus artigos, ou atravs da lista de
participantes do seminrio onde apresentou trabalho, ou sabendo-se da
instituio a qual ele est vinculado, foi acessada a lista de contatos/e-mail
disponibilizado em sua homepage. De um total aproximado de 40
pesquisadores contatados o percentual de resposta foi na ordem de 80%,
bastante satisfatrio uma vez que o tema Simbiose Industrial est a cada dia
sendo mais pesquisado no meio cientfico, tecnolgico e governamental.
Das diversas ferramentas de aplicao da Ecologia Industrial, direcionou-se a
busca para as experincias na implantao de Simbiose Industrial baseada
nos conceitos dos Ecoparques, com o objetivo de assimilar as caractersticas
de cada caso. Essas experincias foram comparadas com a realidade do Plo
de Camaari. Esse referencial ser utilizado para avaliar a utilidade da
implantao de um sistema de Simbiose Industrial na regio e na minimizao
do impacto ambiental decorrente dos processos produtivos.
O resultado dessa comparao encontra-se no Captulo 3 onde analisa-se as
diversas iniciativas realizadas em outros pases com as possibilidades de
implantao no plo.
b) Levantamento regional para a implantao da Simbiose Industrial

baseado no PGRS
Foram selecionadas 15 empresas e para isso valeu-se da experincia
profissional do pesquisador adquirido ao longo da sua vida profissional no
Plo Petroqumico de Camaari. As empresas foram contactadas informando-
as sobre o objetivo do projeto.
Das 15 empresas, nove concordaram em participar do projeto fornecendo o
Plano de Gerenciamento de Resduos Slidos PGRS, documento elaborado
para atender a legislao ambiental do estado da Bahia e j em poder do
Centro de Recursos Ambientais CRA. Algumas empresas j eram parceiras
do Programa de Tecnologias Limpas e Minimizao de Resduos TECLIM6.

Observa-se que as mesmas com a aceitao, praticaram um dos princpios
da Produo Limpa O Princpio do Controle Democrtico, ao fornecer seu
inventrio e gerao de resduos para a formatao de um banco de dados
que fosse o mais real possvel. A divulgao desse tipo de informao para a
comunidade acadmica ainda no meio industrial um paradigma a ser
mudado, que aos poucos torna-se transponvel medida que o setor
produtivo veja essa transparncia como uma oportunidade de melhoria nas
relaes iniciativa privada / academia, podendo levar a uma otimizao do
seu processo fabril.
Os PGRS foram analisados e inseridos em um banco de dados (Apndice I).
Foram agrupados os resduos que pudessem ser tratados ou tivessem
alguma reutilizao semelhante e identificados por cdigos (empresas, tipo de
resduos) para melhor manuseio das informaes e avaliao quanto ao
referencial terico da Simbiose Industrial. Posteriormente foi feita a anlise
nos diversos instrumentos legislativos procurando-se aspectos positivos e
negativos para a implantao da Simbiose Industrial.
c) Discusso com os parceiros

Foram realizados dois encontros formais com as empresas participantes
desse projeto.
O primeiro encontro, realizado no dia 28 de maro de 2003 na Braskem
Unidade de Insumos Bsicos, teve durao de 2 horas e teve o objetivo de
equalizar as informaes do projeto quanto ao objetivo, limitaes do estudo,
expectativas das empresas e sugestes para os prximos encontros.
Estiveram presentes professores do Centro de Desenvolvimento Sustentvel -
CDS, da Universidade de Braslia (3), TECLIM/UFBA (4) e mais 13
representantes de empresas.
No segundo e ltimo encontro, realizado em 04 de dezembro de 2003,
estiveram presentes cerca de 25 representantes de empresas do Plo.
6
TECLIM = Rede cooperativa de pesquisa cujo objetivo inserir o conceito de tecnologias
limpas no setor produtivo. Maiores informaes acessar www.teclim.ufba.br
Divulgou-se a pesquisa, o conceito de Simbiose Industrial e foram discutidas

as proposies sugeridas por este trabalho e a sua implantao no Plo.
Considera-se que a discusso em encontros com os representantes das

empresas um aprimoramento das relaes institucionais e que leva ao
enriquecimento da proposta aumentando o potencial de ter as suas
proposies implantadas. Alm disso, medir-se- a disposio e o
amadurecimento das empresas em participar de um projeto envolvendo um
grupo maior de parceiros. Uma das barreiras identificadas e discutidas nesses
encontros foi a questo da abertura da informao. Ainda h um receio de
que a informao do inventrio dos resduos gerados pelas empresas e suas
caractersticas, seja usada de forma indesejvel por terceiros.
2. REFERENCIAL TERICO
Neste captulo apresenta-se uma breve anlise do conceito da Ecologia Industrial,

abordando sua origem, sua divulgao pelas diversas instituies praticantes,
assim como as ferramentas mais utilizadas para sua aplicao como, por
exemplo, a Preveno da Poluio, Produo Limpa, Produo mais Limpa,
Projeto para o Meio Ambiente, Contabilidade Verde, Qumica Verde, Anlise do
Ciclo de Vida, Simbiose Industrial, Atuao Responsvel, Anlise de Fluxo
Material e Ecoparque Industrial. Em seguida feita uma justificativa da escolha da
Simbiose Industrial ser usada como instrumento de minimizao dos impactos
ambientais, suas vantagens obtidas e barreiras a serem vencidas. Concluindo o
captulo, so discutidas experincias da implantao de uma rede de Simbiose
Industrial nos chamados Ecoparques Industriais7 pesquisados.
2.1 Histrico da Ecologia Industrial EI

O desenvolvimento da Ecologia Industrial uma tentativa de prover um novo
conceito para melhor entender os impactos de sistemas produtivos no meio
ambiente. Essa abordagem auxilia na identificao e posteriormente na
implementao de estratgias para a minimizao de impactos ambientais de
produtos e processos, com vistas ao desenvolvimento sustentvel8.
Os problemas ambientais requerem uma abordagem sistmica para que as
atividades humanas e os processos ecolgicos e ambientais possam ser
prontamente reconhecidos. Esta abordagem sistmica deve incluir uma viso
holstica dos problemas ambientais e procurar torn-los mais fceis de serem
identificados e resolvidos. Fundamental para a Ecologia Industrial identificar e
traar fluxos de energia e materiais atravs de vrios sistemas.
Ayres (1989, apud GARNER 1995), definiu o conceito de Metabolismo Industrial
como o Uso de materiais e energia pela indstria e a maneira como estes
materiais fluem pelo sistema industrial, so transformados e ento dissipados
7
Ecoparque Industrial = Uma comunidade de negcios que cooperam entre si e a municiplidade otimizando o
uso dos recursos naturais locais, obtendo ganhos econmicos e qualidade ambiental.
8
Desenvolvimento Sustentvel Desenvolvimento que atende s necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade de futuras geraes atenderem suas prprias necessidades (Comisso Brundtland United
Nations World Commission on Environment and Development, Our Common Future, New York:Oxford
University Press, 1987)
como resduos. Traando-se o fluxo de massa e energia, identifica-se as

ineficincias de um processo que resultam em resduos e em seguida prioriza-se
aes para sua reduo. No mesmo ano, Frosch e Gallopoulos (1989, apud
Garner 1995) desenvolveram o conceito de Ecossistema Industrial, que
contempla que o resduo produzido por uma empresa seja usado como matria
prima ou insumo por outra. Nenhum resduo sairia de um sistema industrial ou
impactaria negativamente um sistema natural. Esse conceito levou ao termo
Ecologia Industrial.
Em 1991, a Academia Nacional de Cincia dos Estados Unidos adotou a ecologia
industrial como um campo de estudo. Desde ento membros da indstria,
academia e governo tm desenvolvido novas ferramentas e aplicado no seu dia a
dia.
No incio de 1994, Allenby e Richards (1994) publicaram atravs da Academia
Nacional de Engenharia (USA), o trabalho intitulado The Greening of Industrial
Ecossystem. Esta publicao reuniu as iniciativas e esforos no uso de anlise
de sistemas para a soluo de problemas ambientais. Foram identificadas
ferramentas da ecologia industrial como a Anlise do Ciclo de Vida, Ecodesign, e
Contabilidade Ambiental. Os autores discutiram tambm as interaes entre a
ecologia industrial e diversas reas como direito, economia e polticas pblicas.
Desde ento tem sido tema de pesquisa nas mais diversas instituies como:
Agncia de Proteo Ambiental Americana (USEPA) que conduziu em 1994
um projeto de ecologia industrial (ECO PARK) em parques industriais
convencionais orado em US$ 300.000.
Universidades: A Universidade de Cornell9 em 1996 inaugurou o Centro de
Iniciativas Ambientais e do Trabalho, que tem como um dos objetivos manter
um frum de discusso no desenvolvimento da Ecologia Industrial, site e
conduo de projetos. A Universidade do Sul da Califrnia10 mantm o
Centro Nacional para o Desenvolvimento da Ecologia Industrial. A
Universidade de Yale11 tambm possui em suas instalaes, grupos de
estudos e a Associao Internacional para a Ecologia Industrial ISIE.
9
Disponvel em: <http:environmental.cornell.edu>. Acesso em mai.2002
10
Disponvel em: <http://www.usc.edu/schools/sppd/research/NCEID/>. Acesso em mai.2002
11
Disponvel em: <http:yale.edu/isie/>. Acesso em mai.2002
Dissemina ainda atravs da sua estrutura acadmica, cursos e disciplinas de

formao de profissionais com essa viso;
Algumas empresas possuem programas corporativos, a AT&T, por exemplo,
distribui anualmente US$ 500.000 de prmios em atividades de pesquisa
acadmica com resultados de minimizao do impacto ambiental;
Programas nacionais em alguns pases como a China e Filipinas, tm sido
desenvolvidos atravs de parcerias entre rgos governamentais,
instituies de fomento a pesquisa e desenvolvimento econmico (LOWE,
2001).
2.2 Definies de Ecologia Industrial (EI)

O temo ECO, vem do grego Oikos, relativo a casa, morada, lar; e LOGIA, de
Logos, o estudo de. Chega-se ao entendimento de que ECOLOGIA o estudo
do sistema que suporta a vida na Terra, incluindo as plantas, animais, seres
unicelulares e o homem, que de forma interdependentes coabitam o planeta Terra
(MARCONDES, 1998). Em termos gerais, o conceito Ecologia Industrial pode ser
entendido como o estudo das interaes entre a indstria e os sistemas
ecolgicos (GARNER et al., 1995).
No foi encontrada uma definio que aborde de forma satisfatria todos os
aspectos pesquisados e praticados na Ecologia Industrial. No entanto a maioria
das definies incorpora alguns princpios bsicos com diferentes nfases, como
por exemplo:
Uma viso sistmica das interaes entre sistemas ecolgicos naturais e
industriais;
O estudo dos fluxos materiais e de energia com suas transformaes;
Uma abordagem multidisciplinar;
Uma mudana de viso do processo linear para o processo cclico;
O esforo para reduzir os impactos ambientais de sistemas industriais;
A tentativa de aproximar os sistemas industriais da lgica dos sistemas
naturais;
O estabelecimento de polticas orientadas para o desenvolvimento do
sistema industrial (EHRENFELD, 1997).
Segundo MARINHO (2001, p. 107) A Ecologia Industrial prope uma viso

sistmica integrada do setor produtivo, e deste com o meio ambiente, como
caminho para a otimizao do uso dos recursos naturais.
ERKMAN et al., (2001) apresenta quatro desafios que deveriam ser vencidos na
Ecologia Industrial:
Valorizao sistemtica dos resduos e subprodutos
Assim como na cadeia alimentar do ecossistema natural, deve-se prever
uma rede de intercmbio de matria no sistema industrial, para que os
resduos se tornem fontes de matria-prima e insumos em outra cadeia
produtiva. A reciclagem somente um dos aspectos que deveria ser
abordada na estratgia de recuperao da matria.
Minimizao das perdas causadas pela disperso
Produtos como fertilizantes, pesticidas, pneus e solventes so parcial ou
inteiramente dispersos no ambiente quando do seu uso. Novos produtos e
servios deveriam ser projetados para minimizar a sua disperso ou pelo
menos eliminar o efeito nocivo da sua presena no meio ambiente.
Desmaterializao da economia
Minimizar o fluxo material para uma mesma unidade de servio ou produto.
possvel, atravs do desenvolvimento tecnolgico, obter mais servio de
uma quantidade menor de matria produzindo produtos mais leves ou com
um melhor reaproveitamento aps o uso. Na contramo deste desafio tem-
se o apelo consumista de se aumentar a produo de bens no durveis
aumentando com isso a gerao de resduos. Mas a desmaterializao no
aplicvel somente para produtos de consumo, mas tambm para infra-
estruturas de sistemas industriais (edificaes, estradas etc).
Descarbonizao da economia
Desde a revoluo industrial, o combustvel fssil (carvo, leo e gs) tem
sido o carro chefe da matriz energtica dos sistemas industriais. No entanto
tem sido tambm a causa raiz de muitos problemas como o efeito estufa,
chuva cida, smog fotoqumico e derramamento de leo. O uso de
hidrocarbonetos deveria se tornar menos nocivo ao meio ambiente atravs
da reduo do seu consumo, tratamento adequado de seus gases de
combusto, e incentivo ao uso de energia de fontes renovveis.
2.3 reas de abrangncia da EI

A Ecologia Industrial permite o desenvolvimento de aes em diferentes nveis de
atuao (CHERTOW , 2000), quer sejam elas dentro da empresa, entre empresas
ou em escala regional.
A nvel interno pode-se citar os programas de Preveno da Poluio, Produo
mais Limpa, Projeto para o Meio Ambiente, Contabilidade Verde, Qumica Verde,
descritas no Item 2.4. Entre empresas, pode-se citar a Anlise de Ciclo de Vida,
Simbiose Industrial, iniciativas setoriais como o Atuao Responsvel, entre
outros. E em escala regional, a Anlise de Fluxo de Substncia e Energia,
Planejamento Estratgico Institucional, Plano de Desenvolvimento Regional.
Ecologia Industrial
Dentro da empresa Entre empresas Regional / global
Preveno da Poluio; Anlise de Ciclo de Vida; Anlise de Fluxo de Substncia;

Produo Limpa Atuao Responsvel; Anlise de Fluxo de Energia;
Produo mais Limpa; Simbiose Industrial; Planejamento estratgico
Projeto para o Meio ambiente; Eco Parque Industrial. Institucional;
Contabilidade verde; Plano de Desenvolvimento
Qumica Verde Regional.
Figura 2.1 reas de abrangncia da Ecologia Industrial

Fonte: Adaptado de CHERTOW (2000), e LOWE (2001).
2.4 Ferramentas utilizadas na EI

Algumas ferramentas da Figura 2.1 sero descritas de forma sucinta para melhor
compreenso dos seus conceitos.
2.4.1 Preveno da Poluio

A EPA define Preveno da Poluio P2 como a prtica, processo, tcnica
ou tecnologia que vise reduo ou eliminao em volume, concentrao
e/ou toxicidade dos resduos na fonte geradora (CETESB, 2002). uma
estratgia de uso de material, processos e gerenciamento que reduz ou
elimina a gerao de poluentes e resduos na fonte. Deixa de ser uma simples
troca do meio onde o poluente se encontra para combater a poluio antes de

ela ser gerada.
A P2 pode ser obtida pela substituio de matria prima, insumos, mudana
de rota tecnolgica, eliminao no uso de insumos txicos, reformulao de
produtos, melhorias nas operaes e manuteno, e reciclagem dos resduos
nos processos. A P2 uma abordagem que pode ser adotada em todos os
setores produtivos, desde uma pequena empresa de servio a um complexo
industrial.
Para se estabelecer um programa como esse, h de se obter desde o
comprometimento da alta direo da empresa at o dos colaboradores,
possuir polticas institucionais declaradas e ter um corpo tcnico competente
para sua conduo (CETESB, 2002).
Os obstculos para implementao de um programa de P2 podem ser
classificados em quatro categorias:
a) Econmica: quando a relao custo benefcio for inicialmente
desfavorvel ou por no darem retorno no prazo esperado ou por no
serem tangveis, fazendo com que o cenrio no seja devidamente
avaliado;
b) Tcnica: dependendo do tamanho da organizao e de suas
capacidades, a busca a certas informaes pode ser limitada, devendo
ser acessadas fontes internas e externas;
c) Legislao: a falta, desconhecimento ou dificuldade ao acesso da
legislao pode dificultar a definio das aes;
d) Institucional: a falta de aceitao e entendimento do programa por parte
dos colaboradores pode gerar a descontinuidade do mesmo.
Em relao ao item d, a principal barreira encontrada a mudana cultural
dos indivduos, que hesitam em alterar um processo ou mtodo j
estabelecido, e em acreditar que realmente o programa trar benefcios alm
dos econmicos, ambientais, no dando prioridade ao programa.
2.4.2 Produo Limpa

No final dos anos 80, o Greenpeace lanou uma campanha para uma
mudana mais profunda no comportamento industrial, propondo os critrios
para a Produo Limpa (Clean Production). Abrangendo elementos tcnicos,

econmicos e incorporando componentes jurdicos, polticos e sociais. Este
conceito representa a viso do sistema global da produo e a aplicao de
quatro princpios fundamentais (GREENPEACE, 2000), que so:
2.4.2.1 Princpio da Precauo

a adoo de uma medida cautelar para a eliminao ou reduo de
descarte na natureza, de materiais gerados pelas atividades humanas,
quando houver indcios de que determinado material ou produto apresente
potencial para causar danos ao ambiente ou ao homem, independente de
confirmao cientfica; (THORPE, 1999). Tem sido aplicado principalmente
por pases europeus com relao ao consumo de produtos transgnicos.
Por esse princpio, o produtor - e no o governo, nem a comunidade - quem
dever assumir a responsabilidade e o nus da prova de que determinado
produto, processo ou material no ir causar danos ao homem e ao ambiente.
2.4.2.2 Princpio da Preveno

O Princpio de Preveno prope a substituio do controle de poluio no
fim de tubo (end-of-pipe) por preveno da gerao dos resduos na fonte, e
dos conseqentes impactos ambientais. A preveno de resduos traz
vantagens sobre o modelo end-of-pipe, que realimenta o mercado de resduos
perigosos e txicos, enquanto o modelo preventivo elimina-os, favorece a
reciclagem, a reutilizao ou reuso de materiais e a conseqente economia
no processo de produo.
Os objetivos do Princpio da Preveno so:
Reduzir o consumo de recursos naturais;
Eliminar ou reduzir as emisses potencialmente poluidoras;
Criar medidas para reorientao da rota de manufatura para produtos;
Reorientar a demanda pelos consumidores;
Estimular padres de consumo de materiais ambientalmente corretos.
A sua aceitao depender de diversos fatores como, por exemplo, a
legislao local, mercado consumidor verde, incentivos fiscais e presso do
terceiro setor.
2.4.2.3 Princpio da Integrao (Holstico)

a aplicao dos princpios da precauo e preveno no somente nas
fases de produo, mas tambm na captao da matria prima (bero),
passando pelo usurio, at o descarte final (tmulo), ou seja a anlise do
ciclo de vida do produto ou servio.
2.4.2.4 Princpio do Controle Democrtico

o direito ao acesso s informaes sobre tecnologias, segurana, nvel de
riscos e danos ao ambiente e sade humana. Isso tem sido cada dia mais
cobrado das empresas quando a comunidade sente-se ameaada pela
presena destes empreendimentos nas suas vizinhanas.
A indstria considera que a revelao de certas informaes afeta suas
vantagens competitivas e seu desempenho econmico no mercado. Para as
organizaes ambientalistas, ser importante ver em prtica o Relatrio
Brundtland, aprovado pela Assemblia Geral das Naes Unidas, em 1987,
contendo os pr-requisitos para o desenvolvimento sustentvel.
2.4.3 Produo mais Limpa

Em 1989, o Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (United
Nation Environmental Program UNEP, 2001) introduziu o conceito de
Produo mais Limpa P+L com a seguinte definio:
Produo mais Limpa a aplicao contnua de uma estratgia ambiental

preventiva e integrada, aplicada aos processos, produtos e servios, para
aumentar a eco-eficincia12 e reduzir os riscos para os seres humanos e o
ambiente.
Tm sua aplicabilidade tanto a processos de produo (conservao de

matria prima e energia, eliminao de material txico e reduo da gerao
12
Definido em 1995 pelo Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentvel
(www.wbcsd.org) como: Fornecimento de mercadorias e bens de servios de forma competitiva, que satisfaa as
necessidades humanas e agregue qualidade de vida, e ao mesmo tempo reduza os impactos ecolgicos e
demanda por recursos, atravs do ciclo de vida, a um nvel suportado pela capacidade estimada de fornecimento
do planeta.
de efluentes slidos, lquidos e gasosos), produtos (reduo dos impactos

negativos ao longo do ciclo de vida do produto desde a sua extrao at a
disposio final) e servios (incorporao de conceitos ambientais no projeto
e na distribuio dos servios). H ainda uma resistncia prtica da
Produo mais Limpa em funo do receio a mudanas, da falta de
informao sobre a metodologia, a no existncia de polticas nacionais que
dem suporte s atividades de pesquisa e barreiras tanto tcnicas como
econmicas.
Foi criada uma metodologia para a realizao de um diagnstico ambiental,
cuja implementao do programa passa pelas etapas de elaborao do
balano de massa (quantificao das correntes de entradas e sadas por
etapas do processo), definio de prioridades, balano detalhado por resduo
priorizado, identificao das tcnicas de P+L a serem implantadas, estudo de
viabilidade econmica, barreiras a serem vencidas, monitoramento ambiental
e econmico, e finalmente a avaliao dos resultados e seus benefcios
econmicos, sociais e ambientais (CNTL, 2000).
Os conceitos de PL e P+L, segundo Furtado (apud MARINHO, 2001),
apresentam diferenas entre os conceitos evidenciados por padres
absolutos na PL (atxicos, reciclado ou reciclveis, no poluidor), enquanto
que a P+L prev processos de melhoria contnua crescente para atingir esses
objetivos; alm disso, o controle democrtico colocado num patamar de
maior importncia na PL do que na P+L.
Os princpios da preveno, abordagem integrada e o uso de indicadores
ambientais para auxiliar no processo de tomada de deciso, so pontos
similares entre esses conceitos. Evidentemente eles no so excludentes,
sendo que a PL pretende uma mudana mais brusca na sua implementao,
enquanto que a P+L um processo contnuo de melhoria.
2.4.4 Projetos para o Meio Ambiente - Design for Environment/DfE

O Projeto para o Meio Ambiente, tambm conhecido como Design for
Environment, a integrao sistemtica das consideraes ambientais aos
projetos de produtos e processos. uma ferramenta capaz de inserir maior
competitividade e trazer inovaes tecnolgicas e responsabilidade ambiental

s empresas.
O Projeto para o Meio Ambiente, como estratgia de longo prazo, tende a
criao de uma estrutura mais sustentvel do ponto de vista do produtor e
consumidor, atravs do:
Incentivo a inovao tecnolgica e gerencial;
Maior competitividade empresarial no atendimento s demandas de
mercados emergentes;
Maior lucratividade com a reduo do custo de produo, e aumento da
qualidade de seus produtos e servios;
Reduo do impacto ambiental do seu processo ou produto;
Viso mais sistmica do empreendimento e produtos finais.
O Conselho Nacional de Pesquisa do Canad (National Research Council

Canada, 2002) cita as estratgias para a implantao de um programa
adaptando-as a cada segmento especfico:
Estratgia 1 = Desenvolvimento de novos conceitos quanto a funo do
produto e anlise do seu uso, desde a fase de manufatura ao
atendimento s necessidades do usurio. Tem como principais
alternativas desmaterializao com a venda de servio em vez de
produto, e uso compartilhado de equipamentos.
Estratgia 2 = Otimizao fsica do produto levando a criao de funes
integradas (TV e vdeo cassete num nico equipamento), otimizao da
funo do produto, aumento da confiabilidade e durabilidade, facilidades
na manuteno e reparo, criao de um produto com estrutura modular
(cmeras fotogrficas que intercambiam lentes, filtros, flash; cartuchos
de impressoras) e mantendo o usurio cativo ao produto.
Estratgia 3 = Otimizao do uso material atravs do uso de
substncias mais limpas com caractersticas menos danosa ao homem
e ao meio ambiente (substitutos ao CFC, halon), materiais de fontes
renovveis (madeira de floresta manejadas), material de baixo consumo
energtico, materiais reciclado e reciclvel (embalagem de um s
composto) e uso racional de material.
Estratgia 4 = Otimizao das tcnicas de produo buscando uma

Produo mais Limpa, exemplificada pela diminuio das etapas de
produo, menor consumo de energia, minimizao da gerao de
resduos e o menor uso de insumos de processo. Alm disso, a adoo
de sistemas certificveis (ISO 14000, TPM) invariavelmente levam a
minimizao dos riscos sade do homem e ao meio ambiente.
Estratgia 5 = Otimizao do sistema de distribuio garantindo que o
transporte entre o produtor, o distribuidor e o usurio final seja o mais
eficiente possvel. As principais medidas adotadas so a minimizao ou
o reuso de material de embalagem, modal de transporte mais eficiente
em termos energticos e ambientais, e logstica eficiente (Kanban, Just-
in-time).
Estratgia 6 = Reduo do impacto ambiental na fase de uso pelo
consumidor. Muitos produtos so mais impactantes durante o seu uso do
que na sua manufatura. Exemplos de medidas so: Reduzir o consumo
energtico e insumos, maximizar o uso de fontes mais limpa de energia,
e trabalhar na reduo do desperdcio.
Estratgia 7 = Otimizao do sistema de descarte, como por exemplo o
reuso do vasilhame usado para o armazenamento do produto (troca dos
tambores metlicos de 200 L por iso-tanques de 1.000 L), projeto de
desmontagem do produto aps uso com reaproveitamento de partes
especficas, remanufatura do produto (programa de reciclagem de
mquinas fotocopiadoras da Xerox), reciclagem de material e
incinerao em instalao regulamentada.
2.4.5 Contabilidade Verde

Tem como objetivo fornecer aos usurios internos e externos informaes
sobre eventos ambientais que causem modificaes na situao patrimonial
da empresa, bem como sua identificao, medio e evidncia (SANTOS et
al., 2002).
As Obrigaes Ambientais podem ser definidas como os passivos ambientais

contrados de forma voluntria ou no, em aes de controle, preservao e
recuperao do meio ambiente e so exemplificadas por:
Emprstimos em instituies financeiras para investimento na gesto
ambiental;
Despesas na compra de equipamentos e insumos para a preveno e o
controle ambiental;
Multas decorrentes da infrao ambiental;
Remunerao de mo de obra especializada em gesto ambiental;
Indenizaes ambientais a terceiros;
Aumento do capital com destinao exclusiva para investimentos em
meio ambiente;
Destinao de parte dos resultados (lucros) em programas ambientais.
H uma tendncia de se classificar os custos ambientais (que formaro as

obrigaes ambientais) em Custos Internos (privados) e Custos Externos
(sociais). Os Custos Internos so aqueles tradicionalmente contabilizados ao
longo do processo produtivo e que servem de base para a determinao do
preo final dos produtos. Exemplo: a matria prima usada, os insumos
consumidos, mo de obra, depreciao dos equipamentos, destinao dos
resduos etc. Os Custos Externos so os gerados pelo impacto da atividade
da empresa no meio ambiente e na sociedade, pelos quais as empresas no
tm se responsabilizado financeiramente. Exemplo: Custos com tratamento
de doenas ocasionadas pela poluio do ar, com o aumento do consumo de
produtos qumicos na estao de tratamento de gua devido a contaminao
do rio etc. (SANTOS et al., 2002).
2.4.6 Qumica Verde

Em virtude de grandes catstrofes envolvendo produtos qumicos, a
preocupao que era quanto a segurana nos locais de trabalho, passou a
extrapolar os limites da fbrica. As emanaes de produtos para a atmosfera
assim como a gerao e destinao de resduos do processo industrial,
foraram as empresas qumicas a adotarem programas que inclussem
conceitos de desenvolvimento sustentvel em suas estratgias empresariais.

Um desses conceitos a Qumica Verde, ou tambm como conhecida
Qumica Sustentvel, Qumica Benigna ou Qumica mais Segura, e tem sido
difundida com o intuito de
[...] desenvolver produtos, processos e servios de modo sustentvel para

melhorar a qualidade de vida, o ambiente natural e a competitividade
industrial. (Green Chemistry Network, Universidade de York, Reino
Unido)13
[...] maximizar a eficincia dos recursos atravs da conservao de energia

e de recursos no renovveis, minimizao dos riscos, [...] dos resduos
em todos os estgios do ciclo de vida do produto [...] (Organizao para o
Desenvolvimento e Cooperao Econmica OECD)14
Qualquer que seja a verso que mais esclarea os objetivos da Qumica

Verde estar incluindo os conceitos de:
Minimizao de resduos e decomposio de produtos em substncias
no txicas e benignas ao meio ambiente;
Rotas de snteses alternativas, principalmente catlise, em vez de
reaes estequiomtricas;
Economia atmica quantos tomos de reagentes so incorporados ao
produto final, em relao aos presentes nos insumos;
Bioenergia;
Biossntese;
Para um melhor entendimento, Anastas e Werner (1998) consolidaram os 12

princpios da Qumica Verde, que so:
Preveno
melhor prevenir a formao de resduos que tratar aps a sua
gerao;
Economia de tomos
Maximizar a incorporao ao produto final de todos os materiais usados
no processo;
Snteses qumicas menos perigosas
13
Disponvel em: <http://www.chemsoc.org/network/gcn/>. Acesso em mai.2002
Usar e gerar substncias que possuam baixas ou nenhuma toxicidade

para a sade humana e o meio ambiente;
Substncias qumicas mais seguras
Produtos qumicos atuando com a funo desejada minimizando efeitos
secundrios txicos;
Solventes e auxiliares mais seguros
Snteses usando o mnimo de solventes e incuos quando possvel;
Eficincia energtica
Maximizar o uso da temperatura e presso ambiente, minimizando seus
impactos ambientais e econmicos;
Suprimentos renovveis
Usar matrias-primas e insumos de forma a no comprometer as
geraes futuras;
Rota de produo mais curta
Minimizar processos fsicos e qumicos secundrios, consumindo menos
reagentes e reduzindo desperdcios;
Sntese cataltica
Usar reagentes catalticos seletivos em vez de reagentes
estequiomtricos;
Produtos degradveis
Otimizar a decomposio em produtos degradveis mesmo que incuos
e no persistentes ao meio ambiente aps o seu uso;
Anlise em tempo real para a preveno da poluio
Utilizar mtodos analticos para deteco em tempo real, monitorao,
controle e otimizao de processo, minimizao da formao de
substncias perigosas;
Qumica inerentemente mais segura para a preveno de acidentes
Adequar o uso e manuseio das substncias para minimizar o potencial
de acidentes qumicos (vazamentos, incndios e exploses).
Estes princpios podem e devem motivar a qumica em todos os nveis:

pesquisa, prtica de reduo de desperdcios, educao, polticas nacionais e
14
Disponvel em: http://www.oecd.org/dataoecd/16/25/29361016.pdf. Acesso em: mai.2002
internacionais e a percepo do pblico. Em um mundo globalizado, a rede de

informaes, a troca de experincias, a divulgao de prticas de sucesso e o
estabelecimento de referncias sero os motivadores da prtica da Qumica
Verde.
2.4.7 Anlise do Ciclo de Vida - ACV

A Anlise do Ciclo de Vida (ACV) uma ferramenta de avaliao do impacto
ambiental associado a um produto ou processo. Compreende etapas que vo
desde a retirada de matrias-primas (bero) disposio do produto final
aps uso (tmulo). Inclui as fases de extrao, processamento da matria-
prima, transporte, distribuio, uso, reuso, manuteno, reciclagem e
disposio final. Permite uma viso abrangente dos impactos provocados,
identificao das medidas mais adequadas do ponto de vista ambiental e
econmico, constituindo-se assim uma tcnica de gerenciamento ambiental e
de desenvolvimento sustentvel (CHEHEBE, 1998; JENSEN, 1997;
GRAEDEL, 1998 apud LIMA, 2001).
Ultrapassando os limites da fbrica ou do servio, esta ferramenta
proporciona uma melhor compreenso dos produtos, processos ou atividades,
e seus reflexos sobre o meio ambiente. Atravs dela, identifica-se o impacto
causado em cada fase do seu ciclo de vida e atualmente vem sendo usada
nos pases da Europa e Estados Unidos. No Brasil iniciou-se com um estudo
realizado pela Mercedes-Benz do Brasil LTDA e o Centro de Tecnologia de
Embalagem CETEA/ITAL. Essas instituies desenvolveram entre 96 e 97,
um projeto de comparao entre almofadas de bancos de carro
confeccionada a partir de fibra de coco e a outra confeccionada de espuma de
poliuretana (LIMA, 2001).
Alguns autores consideram que o primeiro estudo de ACV realizado foi
realizado pela Coca-cola 1969 (CHEHEBE, 1998, HOOF, 2000 e JENSEN,
1997 apud LIMA, 2001), com o objetivo de analisar os diferentes tipos de
embalagens para refrigerantes e qual apresentava menores ndices de
emisses.
A Sociedade para a Qumica e Toxicologia Ambiental (Society for
Environmental Toxicology and Chemistry SETAC) uma das instituies
que mais tem contribudo para a elaborao e divulgao de uma metodologia

de ACV. Muitos conceitos adotados pela SETAC, foram tambm adotados
pela Organizao Internacional de Padronizao (International Organization
for Standardization ISO) CHEHEBE, 1998; HOOF, 2000 apud LIMA, 2001).
Atualmente a ACV tema de uma das normas da srie 14.000
(INTERNATIONAL STANDARDIZATION FOR ORGANIZATION - ISO 1997,
1998, 2000a, 2000b) porm ainda no auditvel, ou seja, faz parte das
normas somente para orientao no sendo obrigatrio ainda o seu
cumprimento.
2.4.8 Atuao Responsvel

O Atuao Responsvel (Responsible Care) uma iniciativa da indstria
qumica mundial, destinada a demonstrar seu comprometimento voluntrio na
melhoria de seu desempenho em sade, segurana e proteo ambiental.
Esta iniciativa teve incio no vale do Srnia, Canad e foi amplamente
difundido pela Associao dos Produtores de Qumicos dos Estados Unidos
CMA. O Responsible Care chegou ao Brasil e foi amplamente divulgado e
adotado como Atuao Responsvel15 pela Associao Brasileira da Indstria
Qumica e de Produtos Derivados ABIQUIM, que coordena a implantao
nas suas associadas. Est estruturado em cinco elementos:
Princpios diretivos;
So linhas mestras de ao que devem ser contempladas em todos os
nveis da empresa;
Cdigo de prticas gerenciais;
Tem o objetivo de estabelecer padres que devem ser atingidos no
gerenciamento dos aspectos relacionados sade ocupacional,
segurana e meio ambiente, associados aos produtos e atividades da
indstria qumica, de modo que sejam cumpridos os Princpios Diretivos
do Processo Atuao Responsvel. O Cdigo dividido em seis pilares:
o Segurana de Processos;
o Sade e Segurana do Trabalhador;
15
Atuao Responsvel uma marca registrada da ABIQUIM, sendo seu uso limitado s empresas que
aderiram ao seu processo de melhoria contnua.
o Transporte e Distribuio;
o Proteo Ambiental;
o Dilogo com a Comunidade e Preparao e Atendimento a
Emergncias;
o Gerenciamento do Produto.
Comisso de lideranas executivas;
o comprometimento da mais alta cpula da empresa que deve
transmitir aos demais nveis hierrquicos atravs das suas lideranas, do
incentivo e do acompanhamento das atividades, a importncia do
processo.
Conselho comunitrio consultivo;
o grupo representativo das partes interessadas, comunidade vizinhas,
municipalidade, associaes de classes etc., que dialogar com a
empresa discutindo os aspectos e impactos do seu processo produtivo.
Auto-avaliao de desempenho
a sistemtica dentro do processo que visa definir os detalhes para sua
efetivao. Cada empresa deve ter o seu prprio planejamento,
verificando seu gerenciamento atual perante as Prticas dos Cdigos.
Sua auto-anlise deve ser comunicada periodicamente para a ABIQUIM
para acompanhamento regional e nacional.
2.4.9 Anlise de Fluxo de Massa (ou Substncia)/MFA ou SFA

Uma outra ferramenta importante associada Ecologia Industrial a Anlise
de Fluxo de Massa ou Substncia. Esse modelo (MFA ou SFA16) baseado
na anlise de entradas e sadas (Input-Output Analysis IOA) desenvolvido
por Leontief (BOUMAN et al., 1999), para a aplicao na economia, e
posteriormente aplicado na rea ambiental por diversos pesquisadores, onde
tem como princpio o balano de massa. Modelos estticos so usados para
identificar a origem dos problemas ambientais e estimar o impacto de certas
modificaes devido aos fluxos econmicos desses materiais. Modelos
16
MFA = Mass Flow Analysis e SFA = Substance Flow Analysis
dinmicos so usados para simular a gerao de resduos e emisses

futuras.
A Anlise de Fluxo de Massa usado para estudar os fluxos de materiais
entre pases, para um pas especfico, setores industriais ou sistemas que
ocupam uma larga extenso territorial. J a Anlise de Fluxo de Substncia
usada para identificar problemas de poluio especficos e identificar formas
de preveni-los.
Uma referncia de aplicao de MFA o trabalho intitulado O Peso das
Naes Fluxo de Material em Economia Industrial (Weight of Nations
Material Flow in Industrial Economies) onde documenta o fluxo material de
naes industrializadas (ustria, Alemanha. Japo, Holanda e Estados
Unidos) e fomenta indicadores de massa versus indicadores financeiros,
mostrando a tendncia da desmaterializao da economia (MATTHEWS et
al., 2000). Outros como a movimentao do cobre na economia europia,
foram estudados por Graedel at al. (2002), Spatari at al. (2002), Bertram at al.
(2002) e Rechberger e Graedel (2002); e o fluxo de clorofluorcarbonos na
ustria por Obernosterer e Brunner (1997).
A aplicao tpica de uma Anlise de Fluxo de Substncia - SFA
demandada pela vertente ambiental. A necessidade de controle de poluentes
tem demandado estudos mais especficos com essa ferramenta, como por
exemplo, o controle do chumbo ps-uso nos Estados Unidos (SOCOLOW &
THOMAS, 1997). Seu uso continua na fabricao de baterias e o processo de
reciclagem do chumbo tem sido fortemente induzido atingindo o ndice de
95%.
Outra aplicao dessa ferramenta foi usada para o Arsnico (REJESKI,
1998). Estudos revelaram uma situao mais delicada nesse mesmo pas. A
mudana no uso dessa substncia fez com que apesar das proibies pela
USEPA no uso como dissecantes e pesticidas, seu consumo permanecesse
constante nos ltimos 30 anos em 20 mil t/ano. A aplicao mudou dos
campos e das lavouras para a indstria da madeira prensada, que usa um
conservante a base de cromo-cobre-arsnico (CCA). Essa aplicao
representa o consumo de 90% do arsnico produzido no mundo e os Estados
Unidos so responsveis por 66% desse consumo. A grande preocupao
com o efeito txico que esse produto vai representar quando do seu descarte
aps uso. Sem uma estratgia de recolhimento ou reciclagem desse material,
seguramente o mesmo terminar nos aterros domsticos, sendo lixiviado por
efluentes cidos contaminando o lenol fretico ou sendo incinerados em
instalaes no qualificadas.
Outros estudos identificaram, para surpresa dos pesquisadores, alto teor de

prata na gua, sedimentos e tecidos dos peixes e mamferos marinhos na
baa de So Francisco. Uma Anlise de Fluxo de Substncia foi realizado por
pesquisadores da Universidade da Califrnia em Los Angeles UCLA e
identificou que 50% do fluxo de prata na economia americana (2 mil t/ano)
estava sendo mobilizada pelos consultrios de dentistas e laboratrios
fotogrficos, sendo drenados atravs das solues de fixao de sais de prata
(REJESKI, 1998).
A aplicao de ferramentas como essa tem direcionado crtica s polticas
ambientais americanas que nos ltimos 25 anos tem atuado em polticas de
emisso e no em polticas para o produto. Isso est influenciando na
discusso dos novos direcionamentos do Inventrio de Resduos Txicos
(Toxic Release Inventory TRI17), considerado por muitos como a estratgia
de maior sucesso da EPA baseada no direito a informao (Right to Know
Act, 1986). Na Fase 1 desse programa, as empresas reportavam anualmente
seu inventrio de emisses (Output) para o ambiente; na Fase 2 a quantidade
adquirida (Input). Isso levava a casos onde uma empresa reportava que
emitia 4 kg de arsnico e incorporava ao seu produto (madeira tratada) 150 t
dessa substncia, sem que se soubesse que destino esse material teria
quando ofertado ao mercado. Espera-se que na Fase 3 essa obrigao de
reportar leve em considerao todas as formas de sada das substncias
txicas manuseadas num empreendimento (REJESKI, 1998).
17
TRI = programa governamental americano que pode ser acessado via internet (www.rtk.org)
2.4.10 Simbiose Industrial - SI18

Ferramenta emergente da Ecologia Industrial que estuda os fluxos de matria
e energia numa economia local, regional e global, onde tradicionalmente as
instituies trabalhavam de forma isolada, e onde a abordagem coletiva, a
colaborao e possibilidades sinrgicas oferecidas pelas proximidades
geogrficas entre essas instituies levaram a vantagens competitivas.
A expresso Simbiose vem da natureza onde dois ou mais seres de
espcies diferentes convivem de forma que a soma de esforos coletivos
supera a soma dos esforos individuais. Este tipo de relacionamento promove
uma interao social entre os participantes que podem se estender
vizinhana de maneira benfica.
A Simbiose Industrial aborda predominantemente as atividades industriais e
comerciais que incluem o intercmbio de matria como sua principal
caracterstica, em detrimento do desenvolvimento econmico, planejamento
ambiental, atendimento das necessidades das comunidades vizinhas ou uso
adequado da terra. A unio dessas outras abordagens leva a implantao do
chamado Parque Eco-Industrial, a ser melhor descrito no Item 2.4.11.
O conceito implcito de Simbiose Industrial a metfora de um ecossistema
industrial que imita um ecossistema natural, discutido no Captulo 2, Sub-tem
2.1, onde Frosch & Gallopoulos apud Garner (1995) definiram um
ecossistema industrial como um sistema onde [...] o consumo de energia e
materiais otimizado e os efluentes de um processo serve como matria
prima para outro [...] . Ela citada na literatura como a evoluo de um
sistema regional de mais alta diversidade e complexidade de circulao de
matria, otimizando o uso dos recursos naturais e minimizando a gerao de
subprodutos.
Iniciando suas atividades em 1963, Kalundborg, na Dinamarca, tem sido o
exemplo (GERTLER, 1997; CHERTOW, 2000) de implantao de um sistema
de intercmbio de matria e energia, entre empresas em uma mesma
localidade. Schwarz e Steininger (1997) apresentam uma rede de reciclagem
industrial mais complexa e de maior complexidade do que Kalundborg, em
18
Iniciativas semelhantes receberam o nome de By-Product Synergy (BPS) e Green Twinning
uma regio da ustria chamada Styria. KORHONEN (2000) apresenta o

exemplo da cidade de Jyvaskyla, Finlndia, como o de uma rede de
suprimento de energia organizada a partir de uma usina de cogerao de
energia eltrica e vapor. Assim como Kalundborg e Styria, esse sistema
desenvolveu-se por razes econmicas e regulatrias, e no por projetos
rotulados de ecologia industrial ou simbiose industrial. Kalundborg pode ser
considerada um pouco diferente das demais por ter entre suas parceiras a
municipalidade de Kalundborg e de certa forma soube capitalizar os
benefcios de uma ao coordenada.
Outro exemplo envolvendo comunidade citado por Bequette (1997), Kane
(1997) e Klee (1999) apud Chertow (2000) como o das Ilhas Fiji Monfort
Boys Town Integrated Biosystem. Esse projeto teve o apoio da universidade
das Naes Unidas com o objetivo de reaproveitar os resduos de uma
cervejaria que eram destinados ao mar, destruindo os recifes de corais das
proximidades.
Conforme mostrado na Figura 2.2, o subproduto da cervejaria usado como
substrato para o desenvolvimento de cogumelos; posteriormente so usados
como alimentos de alto valor nutritivo para a criao de porcos. Os
subprodutos orgnicos gerados pelos porcos so processados em um
biodigestor anaerbico, que geram alm de gases para queima, um
subproduto rico em nutrientes que alimentam tanto a criao de algas como
peixes. Estes geram uma corrente rica em nutrientes para a adubao de solo
para a agricultura. Este tipo de projeto que envolve tanto a indstria como a
agricultura conhecida como um biosistema integrado (CHERTOW, 2000).
Cogumelos
Resduo de Gros usados Fazenda de Mercado
cervejaria cogumelos consumidor
Energia Criao de
Bio Gs Porcos
Trmica / porcos
Cozinha
Biodigestor
Anaerbico gua residual
gua rica em
Criao de nutrientes
Algas Suplemento
alimentar /
Fertilizante
nutrientes
gua rica
Algas e Nutrientes
em
gua rica em
Criatrio de nutrientes Vegetais
peixe Agricultura
Peixe
Figura 2.2 : Fluxos dos subprodutos em um bio-sistema integrado Fiji

Fonte: Chertow (2000).
Hardy (2000) analisa tambm os pontos positivos e negativos da integrao

de biosistemas especificamente a plantao de cogumelos (Integrated
Biosystem: Mushrooming Possibilities), Abuyuan (1999) analisa as interaes
entre empresas de celulose, siderurgia, cimenteira com um arranjo produtivo
agrcola (Waste Equal Foods: Developing a Sustainable Agriculture Support
Cluster19 for a Proposed Resource Recovery Park in Puerto Rico) e Becker
(1997) sugere as atividades necessrias para se implantar um sistema de
Simbiose Industrial a partir de uma termoeltrica e uma indstria de celulose
(AES Thames and Stone Container Corporation: The Montville Eco-
Industrial System).
O Plo de Camaari tem caractersticas para ser abordado como um
biosistema integrado uma vez que possui empresas de celulose, cervejarias,
fbrica de fertilizantes e tem em praticamente todas as empresas gerao de
resduos de podas de rvores, aparas de grama e restos de alimentos. Todo
esse material coletado e enviado para um mesmo destino (aterro sanitrio
da LIMPEC), o que poderia favorecer a sua recuperao.
19
Cluster = Arranjo produtivo
Est em andamento um projeto de classificao do lixo domstico do

municpio de Camaari, com o objetivo de desenvolver a recuperao de
material orgnico para a fabricao de fertilizante atravs da compostagem.
Os refeitrios das indstrias podem ser fonte potenciais de material para esse
tipo de atividade. A interao das atividades industriais assim como as
urbanas foram pesquisadas por Drummond (1998) quando analisa a eficcia
da Simbiose Industrial para o reaproveitamento de resduos de comida,
envolvendo restaurantes, padarias, supermercados, hotis entre outros
(Efficacy of Industrial Symbiosis for Food Residues in the Greater New Haven
Area). Alexander (2001) analisa no s os aspectos ambientais, mas tambm
os aspectos econmicos, sociais e de qualidade de vida para a populao
envolvida (Food Cycling within New Haven, Connecticut: Creating
Opportunities for economic, Civic and Environmental Progress Through
Industrial Symbiosis). Bennett (1998) analisa o projeto de integrao usando o
conceito de simbiose industrial em um plo industrial localizado nas Filipinas
(Clark Special Economic Zone: finding Linkages in na Existing Industrial
Estate), e Johnson (1999) analisa a interao entre cinco empresas com
possibilidades de cenrios futuros (Wallington, Connecticut Eco-Industrial
Park: A Question of Scale). O potencial de envolvimento da comunidade e
academia em projetos dessa natureza tem se tornado atraente do ponto de
vista social atravs de melhorias das condies de vida da populao, que
agrega valor ao material antes descartado no lixo.
Os projetos de biodiesel20 em discusso atualmente, tem diversas fontes de
matria prima. Uma delas o leo comestvel usado em cozinhas industriais.
Nesse aspecto, o Plo de Camaari torna-se um potencial fornecedor desse
subproduto que hoje, salvo raras iniciativas de segregao interna, vai todo
para o sistema de efluente lquido a ser tratado na Cetrel.
Nesta dissertao, a anlise dos estudos de casos foi direcionada para
aqueles que tivessem similaridade com as caractersticas do Plo de
Camaari.
20
Biodiesel: Projetos incentivados pelo governo federal atravs das suas agncias de fomento pesquisa para a
produo em escala de diesel usando como matria prima sementes vegetais (dend, mamona, girassol, babau
etc.)
A prtica da Simbiose Industrial est normalmente estruturada em um sistema

maior denominado de Eco Parque Industrial EPI. Por esse motivo em
determinados momentos, as ferramentas da ecologia industrial (Simbiose
Industrial e EPI) confundem-se. Portanto o conceito de Eco Parque Industrial
ser comentado para em seguida ser feita uma anlise de alguns casos
selecionados.
2.4.11 Eco Parque Industrial

O interesse em repetir o modelo de Kalundborg nos Estados Unidos,
comeou no incio da dcada de 90 atravs dos trabalhos de Engberg (1993
apud Chertow, 2000) e logo depois por Gertler e Ehrenfeld (1995). Nesse
perodo (94) o Conselho Presidencial para o Desenvolvimento Sustentvel21
iniciou um projeto de Eco Parque Industrial associado ao conceito de
Simbiose Industrial. A partir dessa data surgiram inmeras outras iniciativas
como Chattanooga, Tennessee; Baltimore, Maryland; Brownsville, Texas; e
Cape Charles, Virgnia (CHERTOW, 2000).
Na prtica, os Eco Parques ainda esto se consolidando. Duas definies de
Eco Parque so freqentemente citadas:
Uma comunidade de negcios que cooperam entre si e com a comunidade

em seu entorno, para o uso eficiente de seus recursos (materiais, gua,
energia, informaes, infra-estrutura e natural habitat), levando a ganhos
econmicos, qualidade ambiental, melhorias tanto para o homem, a
instituio e comunidade local. (CONSELHO PRESIDENCIAL PARA O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL, 1997, apud CHERTOW,
2000).
Uma comunidade de servios e manufatura em busca de melhorias em

suas performances ambientais e econmicas, atravs da colaborao no
gerenciamento ambiental incluindo energia, gua e materiais. Trabalhando
de forma integrada, a comunidade de negcios busca benefcios coletivos,
que so atingidos de forma mais eficientes do que se fossem feitos de
forma individual (LOWE, 2001).
Um Eco Parque Industrial deve ser caracterizado por um conjunto de aes e

no somente por:
Uma simples rede de troca de subprodutos;

Um arranjo produtivo de negcios de reciclagem;
Um plo de empresas de tecnologias ambientais;
Um plo de empresas de produtos verdes;
Um parque industrial projetado em torno de um nico tema ambiental
(energia solar, por exemplo);
Um parque com infra-estrutura ambientalmente correta;
Um parque multi-propsito (industrial, comercial e residencial).
Portanto o tema meio ambiente nem sempre ser a nica referncia que
definir se um distrito industrial ou no um eco-parque. O Parque de
Tecnologia Sustentvel de Cape Charles, por exemplo, projetou o uso comum
de energia solar para o primeiro prdio de escritrios, um sistema de
reciclagem para a gua, conteno e reuso da gua de chuva, no entanto no
h um sistema de intercmbio de subprodutos, o que poder ser efetivado
posteriormente (CHERTOW, 2000). Um eco-parque no possui uma nica
forma ou padro, e depender da velocidade de implantao, capital para
investimentos disponveis, perfil dos empreendimentos, alm dos aspectos
scios culturais da regio onde est instalado.
Apesar das interferncias destas variveis, a Universidade de Yale aps
examinar 18 potenciais Eco Parques Industriais dividiu-os em 5 modelos para
terem suas performances avaliadas quanto ao intercmbio de materiais
(CHERTOW, 2000):
Tipo 1 - Intercmbio Externo de Resduos: Caracteriza-se pela reciclagem,

doao ou venda de material segregado atravs de um intermedirio.
Exemplos tpicos so as doaes de vidro para instituies filantrpicas e
papel e plsticos para cooperativas de catadores; a venda de sucata metlica
para reaproveitamento ou reprocessamento em siderrgicas. Este tipo visto
como uma oportunidade muito mais para terceiros do que para a instituio
geradora e a escala de negcios normalmente local. Envolve um apelo
muito mais ambiental do que econmico e considerada uma ao fim de
21
The President's Council on Sustainable Development (PCSD) foi criado em junho de 1993 President Clinton
com o objetivo de desenvolver polticas e estratgicas econmicas, ambientais e sociais. Disponvel em
http://clinton2.nara.gov/PCSD/Overview/index.html
tubo, caracterizado pelos programas de reciclagem de plsticos, papel,

papelo e sucata metlica entre outros.
Tipo 2 - Intercmbio Interno de Resduos: Caracteriza-se pela reciclagem

interna dos subprodutos dentro da unidade ou em outras empresas
pertencentes prpria organizao. Ganhos significativos podem ser obtidos
quando for considerado o completo ciclo de vida do produto, processo ou
servio, incluindo atividades a montante da manufatura, como compra e
projeto.
Um exemplo de aplicao do Tipo 2 ocorre na Universidade de Yale
(CAMPBELL, 2002), onde foi criado um sistema de informaes com a
demanda e descarte de equipamentos eletrnicos (computadores), para que
os computadores obsoletos para uma atividade possam ser teis para uma
outra menos exigente.
Tipo 3 Entre Firmas Instaladas em Plos Industriais: Essas empresas

localizadas dentro de um polgono delimitado fisicamente, intercambiam
desde subprodutos, a gua e energia, e podem fazer uso de informaes
compartilhadas e servios de vigilncia patrimonial, transporte e marketing.
Os grandes complexos industriais tm de alguma forma otimizadas aes em
comuns e no Plo Petroqumico de Camaari no difcil observarmos aes
deste tipo no transporte dos seus funcionrios, na distribuio de energia e
utilidades s empresas, entre outras.
Tipo 4 Entre Firmas no Limitadas Fisicamente: Este tipo de intercmbio

considera a simbiose entre firmas j existentes na regio e no potencial de
cada uma no atendimento s demandas recprocas. Kalundborg
considerado o exemplo de Eco Parque Tipo 4, pois tem a cada ano
identificado novos parceiros que possam ser os consumidores dos seus
subprodutos gerados.
Tipo 5 Entre Firmas Organizadas Virtualmente (sem fronteiras): Permite que

os benefcios da simbiose industrial sejam expandidos para a economia
regional, no qual o potencial para a identificao de trocas de subprodutos

aumenta em virtude do nmero de empresas que podem ser associadas.
Outra vantagem a adeso de pequenas empresas que podem ser atendidas
por transporte rodovirio. Trs ecoparques foram identificados nessa
categoria: Brownsville, no Texas, cujo projeto financiado pelo Conselho
Presidencial para o Desenvolvimento Sustentvel foi considerado o estado da
arte em ecoparques virtuais. Abrange a regio de Brownsville e Matamoros,
no Mxico. O Projeto de Triangle J., na Carolina do Norte (KINCAID, 2001),
teve o financiamento da USEPA e envolve 182 empresas espalhadas em 6
municpios, alm do suporte de 4 universidades da regio.
H diversas formas de integrar a questo ambiental a um projeto de Eco

Parque Industrial (LOWE, 2001), por exemplo:
Integrao ao ecossistema natural, adaptando o empreendimento s
caractersticas geolgica e hidrolgica alm de minimizar sua
contribuio ao impacto ambiental global atravs da emisso de gases
de efeito estufa;
Otimizaes energticas, maximizando a eficincia energtica do
empreendimento atravs da cogerao, aproveitamento interno do
calor residual de correntes intermedirias ou entre unidades produtivas,
uso de fontes de energia renovveis;
Gerenciamento do fluxo material, enfatizando os conceitos de
preveno da poluio, principalmente banindo as substncias txicas;
maximizando o reuso e a reciclagem de subprodutos entre empresas
parceiras (Simbiose Industrial), reduzindo o risco de manuseio de
substncias txicas e inflamveis pela substituio de materiais e
integrao do sistema de tratamento de resduos; desenvolvendo o
intercmbio de subprodutos entre os diversos empreendimentos da
regio criando assim uma rede de consumidores virtuais;
Gerenciamento dos efluentes, projetando o consumo e reuso de
correntes lquidas com estratgias semelhantes ao descrito para
energia e materiais;
Gerenciamento do Eco Parque, incentivando a fixao de potenciais

empresas que possam consumir os subprodutos gerados; suporte
performance ambiental das empresas; operao de um sistema de
comunicao comunitrio com o objetivo de divulgar as aes coletivas
e manter o padro de performance ambiental para o conjunto das
empresas;
Integrao com a Comunidade, buscando os benefcios sociais e
econmicos para a regio, atravs de treinamento e programas
educacionais, desenvolvimento de atividades comunitrias e
planejamento urbano.
2.5 A Integrao da Simbiose Industrial s atividades em um Eco Parque

Industrial - As experincias de Martin (1996) e Lowe (2001).
Algumas experincias analisadas de implantao de Eco Parques Industriais
foram diagnosticadas e sero comentadas com focos nos aspectos referentes a
redes de intercmbio de subprodutos.
A aes de planejamento passam necessariamente pelas anlises econmicas,
tcnicas, ambientais e de regulaes.
Na anlise econmica, o crucial determinar o potencial de benefcios
econmicos que os participantes tero para que sejam alocados os recursos
humanos e materiais necessrios. Na anlise tcnica, h a necessidade de se
identificar as tecnologias disponveis e a sua adequao aos parmetros
ambientais desejados. O constante aumento das restries ambientais fomenta o
aprimoramento de inovaes tecnolgicas e gerenciais. J algumas
regulamentaes ambientais e fiscais, dificultam a prtica do intercmbio de
subprodutos ao exigir o mesmo tipo de procedimento que os resduos, no que diz
respeito aos processos burocrticos de licenciamento para transporte e
destinao; alm da incidncia de impostos e taxas como se fossem matrias-
primas.
Alguns fatores so decisivos como, por exemplo, (i) a disposio da comunidade
em trabalhar projetos coletivos atravs do compartilhamento das informaes e o
seu envolvimento na busca de solues que priorizem o conjunto; (ii) o perfil
econmico da regio e a localizao das empresas; e por fim, (iii) a conscincia
poltica e ambiental dos participantes levando flexibilidade na legislao

ambiental e fiscal.
Alm disso, torna-se imprescindvel a criao de um frum de discusso reunindo

empresas, governo, academia e outras instituies interessadas, que capitalizem
as atividades, incluindo:
Identificao contnua e explorao das sinergias entre os diversos
segmentos produtivos;
Reduo na emisso dos gases de efeito estufa atravs de melhoria da
eficincia energtica;
Remoo de barreiras para facilitar a implementao de aes de sinergia.
Essas barreiras podem ser fiscais, normativas, financeiras ou tecnolgicas,
com claro envolvimento de instituies de apoio a micros e pequenas
empresas;
Continuidade e manuteno da aproximao entre as instituies atravs de
seminrios e encontros regulares com o objetivo de fomentar novos
parceiros.
2.5.1 Vantagens para os parceiros

Para as empresas o resultado contribuir para o desenvolvimento sustentvel
atravs da:
Reduo do custo de produo devido ao aumento no faturamento com
subprodutos e diminuio na disposio dos resduos;
Identificao de necessidades e estabelecimento de prioridades para a
pesquisa cientfica e tecnolgica;
Identificao de oportunidades em eficincia energtica;
Incio de anlises econmicas das sinergias;
Encorajamento em manter um forte relacionamento entre as diversas
instituies parceiras (empresas, academias, governo, ONG);
Produo de bens a partir de subprodutos leva a uma melhoria de sua
imagem no mercado.
As organizaes governamentais podem usar o processo de Simbiose

Industrial como uma ferramenta para satisfazer diversos interesses, como:
A expanso da base de impostos, aumentando a receita tributria,
comparando-se um resduo que teria como destino final a incinerao e
agora vai ser reaproveitado como matria prima em outro processo.
Isso gerar mais impostos como o ICMS, IPI, PIS, CONFINS;
A adeso voluntria de empresas a programas de minimizao de
impactos ambientais. Antes de se transformar em leis coercitivas, em
muitos pases h campanhas para torn-las prticas voluntrias antes
da sua entrada em vigor, diminuindo assim seu ndice de rejeio e
descumprimento pelas instituies envolvidas;
Expanso das oportunidades locais com a oferta de novos postos de
trabalhos;
Melhoria da qualidade ambiental, atravs da reduo de poluentes para
o meio ambiente;
Uso de incentivos fiscais para promover a sinergia;
Programas de financiamento para projetos ambientais;
Apoio e reconhecimento s iniciativas de desenvolvimento sustentvel;
Fomento a atrao de novos negcios para correntes existentes;
Melhoria no planejamento estratgico para o desenvolvimento da
regio com atrao de segmentos produtivos e de servios que
complementem as necessidades locais;
Uma rede de Simbiose Industrial torna-se um excelente frum de
melhoria contnua atravs do intercmbio de subprodutos, divulgao
de casos de sucessos e resoluo de problemas ambientais. Vem ao
encontro da otimizao de programas ambientais, ao mudar a
destinao final de subprodutos de aterros ou incineradores (fim de
tubo) para reaproveitamento externo;
Reviso conjunta de instrumentos normativos, com as agncias
normativas mudando o foco do controle de contaminantes nas
emisses externas (emisses atmosfricas, efluentes lquidos e
resduos slidos), para iniciativas baseadas na performance ambiental,
e licenciamento por rea fsica (complexo industrial) e no mais por

pessoa jurdica.
As instituies acadmicas podem realizar atividades de pesquisas cientficas

ou tecnolgicas nos processos e adequao dos subprodutos, alm de:
Identificar projetos de Simbiose Industrial como um meio de agregar
valor ao conhecimento;
Envolver novos parceiros em potencial;
Iniciar novas linhas de pesquisas que se mostrarem prioritrias;
Prospeco de novas fontes de recursos financeiros para futuros
projetos;
Abertura de novos cursos de formao profissional.
Com isso espera-se atender a uma demanda da sociedade no tocante a:

Resposta a presses sociais para melhoria da performance ambiental;
Demonstrao de liderana empresarial para o desenvolvimento
sustentvel;
Atendimento ao relatrio scio ambiental das instituies privadas;
Benefcios indiretos para os fornecedores e consumidores quanto a
preocupao com a anlise do ciclo de vida do produto;
Elaborao de ndices de sustentabilidade empresarial;
Melhoria no ambiente de trabalho com uma maior segurana laboral e
satisfao pessoal;
Desenvolvimento das relaes com empresas, academias, rgos
ambientais e instituies financeiras;
Identificao e criao de novas empresas que possam dar
continuidade ao aproveitamento dos subprodutos gerados na regio
(decompositores finais);
Melhoria da qualidade ambiental da comunidade alm da promoo do
desenvolvimento econmico e revitalizao da economia regional;
Promoo de um intercmbio de oportunidades com empresas de fora
da regio;
Solues ambientais inovativas com a minimizao dos impactos nos

ecossistemas atravs do melhor uso dos recursos naturais.
2.5.2 Barreiras a serem trabalhadas pelos parceiros

Para a implantao de uma rede de Simbiose Industrial, h de se vencer
barreiras, que depois de identificadas precisam ser revistas para o
aprimoramento das prticas desejadas em reas como:
a) Legislao
o A responsabilidade no reuso de subprodutos deve ser compartilhada
entre o produtor e consumidor, no entanto at que ponto, por exemplo,
o produtor de garrafas plsticas deve se sentir responsvel pelo que
feito aps o uso pelo consumidor? Ou qual a responsabilidade do
fabricante de lmpadas de vapor de mercrio durante e aps a
desmontagem dos seus componentes por empresa recicladora? So
questes que precisam ser ainda amadurecidas pelos diversos
segmentos envolvidos.
o Os custos de licenciamento, autorizao para transporte e destinao
de subprodutos podem onerar a tal ponto que desestimule o seu
intercmbio; relatrios redundantes e ineficientes aliados a falta de
anlise dos rgos ambientais leva ao descrdito daquela atividade
pelo gerador, que potencializado quando a quantidade de
subprodutos pequena;
o A classificao do material gerado como subproduto adota os conceitos
para a destinao como resduos, excluindo a considerao de re-uso;
o A disposio e acesso atuais s informaes ambientais, matria prima
e insumos consumidos, alm da gerao de subprodutos por
empresas, restringe a interatividade entre as empresas geradoras,
potenciais consumidores e instituies terceiras que poderiam fomentar
esse intercmbio;
o A falta de diretrizes bsicas que flexibilizem e priorizem o intercmbio
em vez da destinao final em aterros e incineradores, prejudica os
resultados finais nos balanos ambientais na maioria das empresas.
b) Economia e Negcios
o Culturas corporativas vigentes que fazem com que as empresas sejam
vistas apenas como produtores / consumidores, e no como parceiros;
o A centralizao na rea de negcios da empresa leva a no considerar
solues potenciais de reaproveitamento do subproduto, nem fomentar
o seu desenvolvimento por parceiros da regio;
o O custo financeiro leva a prioridades de investimentos com menor
tempo de retorno;
o O custo de disposio de subprodutos em aterros industriais ainda
bastante baixo, o que leva ao seu no reaproveitamento como insumo
ou na forma de energia;
o A falta de ferramentas de contabilidade ambiental leva a no
internalizao dos impactos ambientais causados pelo produto ps-
uso, e com isso o baixssimo interesse em recicl-lo, vide exemplo das
embalagens em geral;
o A ganncia de lucrar mais em pouco tempo inviabiliza atividades de
pouco ganho em muito tempo, com melhores resultados ambientais;
o Recursos naturais (gua e energia) e matrias primas a preos
inferiores ao material reciclado devido a subsdios e tributao
acumulativa;
o Aspectos scios culturais da regio no adequados atividade de
recuperao de subprodutos. Na ndia tem-se um relato de experincia
mal sucedida quando dimensionaram uma unidade recicladora de
papel baseado em ndices de gerao per cpita de uma sociedade
ocidental, quando na verdade deveria ter sido realizado uma pesquisa
com a comunidade local.
o A falta de instalaes e procedimentos adequados para o manuseio de
subprodutos, principalmente os reciclveis pelas cooperativas de
catadores de plsticos, papel e papelo leva ao no reaproveitamento
pelas empresas geradoras;
o A incerteza da taxa de retorno do investimento em projetos de
Simbiose Industrial;
o A falta de financiamento para cobrir custos na etapa de diagnstico,

visitas s empresas, caracterizao dos subprodutos, dificulta o
aprofundamento do potencial de intercmbio;
o A distncia entre parceiros eleva o custo do transporte;
o Inexistncia de um modal de transporte que facilite o intercmbio entre
o gerador e potenciais consumidores.
c) Percepo pblica
o O uso de subproduto como matria prima ou insumo leva a impresso
de que o produto final ser de qualidade inferior a um produto que use
matria prima virgem;
o Repulsa dos consumidores em no aceitar o reaproveitamento de
subprodutos industriais em setores primrios como na agricultura. A
reinsero de determinados subprodutos na base da cadeia produtiva
deve ser devidamente analisada para evitar contaminaes de
magnitude como o mal da vaca louca.
d) Tcnicas e gerenciais
o Falta de parcerias entre empresas e instituies de pesquisa para o
desenvolvimento de novas tecnologias de processos e equipamentos;
o Ausncia de profissionais qualificados nas instituies parceiras
(empresas, academias, rgos governamentais, ONG);
o Ausncia de viso sistmica para coordenar atividades de fechamento
do ciclo produtivo de forma regional;
o A falta de viso dos funcionrios das empresas, que tenham a funo
de minimizar os impactos ambientais atravs do reuso externo dos
seus subprodutos;
o A no valorao da atividade de medio do custo benefcio do gerador
/ consumidor, ao valor social e ambiental para a comunidade, levando
maximizao do fluxo mssico para aterros industriais;
o A falta do envolvimento da diretoria das empresas geradoras em
projetos de ganhos coletivos;
o Processos tecnologicamente defasados com baixos ndices de

ecoeficincia.
Muitos exemplos promissores de Simbiose Industrial tem sido identificados.

Nos Estados Unidos, no ano de 2000, foram identificadas mais de 40
comunidades planejando, implementando ou praticando a Simbiose Industrial.
No Canad, outras 40 foram identificadas como potenciais (COTE e COHEN-
ROSENTHAL, 1998). Alm desses, Frana e Japo (COTE e COHEN-
ROSENTHAL, 1998), ustria (SCHWARZ e STEININGER, 1997), Alemanha
(SCHON e KUNZE, 1999), ndia, Austrlia e China (DEPPE, 2000) tm casos
registrados de Simbiose Industrial nos chamados Eco Parques Industriais
EIP, em operao ou em estgios avanados de implantao.
Nas Filipinas, um projeto de Simbiose Industrial para subprodutos foi
expandido para outros cinco distritos industriais (FRIO, 1998). Na ndia,
cresce o interesse pelo assunto e projetos pilotos esto em ampla discusso
pblica. Na Malsia, o Banco de Desenvolvimento Asitico tem aportado
recursos para a elaborao de um manual de implantao de Eco Parque
Industrial (LOWE, 2001).
Na China crescente a necessidade de melhoria no desempenho ambiental,
com o planejamento de casos de Simbiose Industrial em (CHEN et al, 2001):
Zaozhuang, com empresas de amnia, cimento e geradora de energia
a base de carvo;
Quzhou, com plantas qumicas baseadas na soda cloro, fluoroqumica
e do carvo;
Nanhai, tem como foco a implantao de empresas de proteo
ambiental como fabricante de equipamentos de tratamento de gua, de
gases de combusto (denitrificao, desulfurizao), de
monitoramento, plsticos biodegradveis, refrigerante ecolgicos,
educao ambiental etc.
2.6 Bancos de dados usados na Simbiose Industrial

Bancos de dados informatizados tm sido desenvolvidos para auxiliar no

gerenciamento de informaes e facilitar a identificao de potenciais sinergias
entre geradores e consumidores.
Chertow (2000) comenta alguns deles, como o desenvolvido para a USEPA, o
FaST (Facility Synergy Tool) que armazena informaes de entrada e sada de
dados, com especificaes de subprodutos e permite cruzar dados entre os
geradores e potenciais consumidores. O DIET (Designing Industrial Ecosystem
Tool) possui um modelo de programao linear que permite a otimizao
econmica e ambiental, alm do REaLiTy (Regulatory, Economic and Logistics
Tool).
Alm desses, a universidade de Yale produziu um software chamado de
MatchMaker (BROWN, 1997) que procura padronizar a nomenclatura e cdigos,
similar ao sistema usado em Triangle J. (KINCAID, 1997) que usava um sistema
padro de classificao industrial dos subprodutos (SIC Code). O sistema
desenvolvido em Triangle J. permitia tambm localizar pela web usando o sistema
GIS (Geographic Information System), as empresas geradoras e potenciais
consumidores, disponibilizando as diversas rotas (rodovirio e ferrovirio)
possveis entre os parceiros para prever o custo do transporte.
A elaborao de um banco de dados de subprodutos com a quantidade,

freqncia de gerao, classificao, principais componentes que possam
viabilizar ou no o seu reaproveitamento em outra empresa, torna-se fundamental
para a prtica da Simbiose Industrial (KINCAID,1997).
Em pesquisas realizadas internacionalmente, foram identificados alguns
programas cujo objetivo a prtica de Simbiose Industrial com resduos slidos.
Espanha, Chile, Peru, Canad, Estados Unidos entre outros, tem projetos onde
alm de subprodutos disponibilizados, publicam tambm listas de subprodutos
procurados. No projeto PRIME (FRIO, 1998) foi criado um banco de dados virtual
envolvendo cinco distritos industriais filipinos, onde qualquer interessado acessa
livremente via homepage, os subprodutos com as quantidades disponveis.
No Brasil, h iniciativas como estas nas chamadas bolsas de resduos, na sua
maioria instalada nas federaes das indstrias estaduais, como por exemplo, as
dos estados de So Paulo, Paran, Minas Gerais, Par, Amazonas. Essas
instituies relutam em aumentar a qualidade dos seus servios, restringindo-se a

simples divulgao das informaes coletadas com as empresas geradoras, por
receio de que os resduos sejam manipulados ou tenham um tratamento
inadequado e lhes sejam cobradas a co-responsabilidade pelo destino dos
mesmos. As informaes de eficincia desses sistemas, bolsas de resduos, no
so conhecidas dificultando assim a sua disseminao e atrao de novos
parceiros potenciais.
Outra necessidade identificada foi a padronizao no somente da descrio dos
resduos como de usar um mesmo cdigo que aglutinasse-os em famlias. Em
Triangle J., Carolina do Norte/USA, foi usado um cdigo de 4 nmeros (ABCD).
Os dois primeiros referem-se ao processo (qumico, alimentcio, mineral,
comercial etc) e os dois ltimos ao tipo ramo da atividade, por exemplo;
2834 = 28 Processo qumico;
34 Indstria farmacutica
E em seguida a listagem dos subprodutos gerados no ramo em ordem alfabtica.
Na Europa existe a lista de referncia de resduos do Conselho Diretivo da
Comunidade Econmica Europia (2002), que usam 6 algarismos. Os dois
primeiros algarismos referem-se ao segmento produtivo, os dois seguintes a
ramos derivados do segmento e os dois ltimos ao tipo de resduos propriamente
dito, por exemplo:
07 05 03 = 07 Resduo de processo qumico orgnico;
05 Gerado em indstria farmacutica;
03 Solvente orgnico halogenado.
Essa norma tem o objetivo de classificar os resduos perigosos para que o

tratamento de manuseio e destinao seja nico entre os pases que formam a
Unio Europia. Assemelha-se com a NBR-10.004 (Associao Brasileira de
Normas Tcnicas, 1987).
Os bancos de dados pesquisados contm um nmero mnimo de informaes
para funcionar como uma vitrine onde potenciais interessados possam verificar o
que os geradores disponibilizam para reaproveitamento externo. A
responsabilidade pela venda, manuseio, transporte, fins a que se destinam so
exclusivamente do gerador com o consumidor. Assim funcionam todas as bolsas
de resduos no mundo, inclusive as sediadas no sistema das federaes das

indstrias, no Brasil.
Com eficcia desconhecida e eficincia no comprovada devido ao no
acompanhamento em termos comerciais e tcnicos, esse modelo bolsa de
resduo, acaba desacreditado e no cumprindo seus objetivos.
2.7 Escolha da Simbiose Industrial como instrumento de minimizao dos

impactos ambientais
O conceito de Ecologia Industrial bastante amplo, como visto no Item 2.2 e as
suas diversas formas de implantao demandam um longo caminho a ser
percorrido, principalmente em um processo produtivo j existente e do porte do
aqui pretendido Plo Petroqumico de Camaari. Diversas atividades
encontram-se em andamento nas empresas do complexo e em todas elas aes
consideradas Intra-Firmas (CHERTOW, 2000). Consideraes foram feitas para
tornar esta pesquisa exeqvel do ponto de vista temporal e que despertasse o
interesse de algumas empresas quanto a efetiva continuidade. Um trabalho de
discusso conceitual da Simbiose Industrial j havia sido realizado (MARINHO,
2001). A fonte de informao (dados reais) disponvel foi preponderante para a
escolha do tema resduos slidos uma vez que em janeiro de 2002 atravs de
um termo de referncia do Centro de Recursos Ambientais - CRA, rgo
ambiental do Estado da Bahia, todas as empresas do Plo Petroqumico tiveram
que padronizar suas informaes atravs da elaborao de um Plano de
Gerenciamento de Resduos Slidos PGRS, conforme exigido no Art. 138 do
Regulamento da Lei Estadual no 7.799, de 07/02/2001, aprovado pelo Decreto
Estadual no 7.967, de 05/06/2001. Com isso, surgiu a oportunidade de aplicar o
conceito de Ecologia Industrial atravs de uma anlise Inter-Firmas, considerando
o potencial de intercmbio dos rejeitos industriais, como fonte de matria prima e
insumos para outros processos produtivos em empresas da regio.
2.8 Fases previstas durante a implantao de um sistema de Simbiose

Industrial
Martin et al. (1996) cita as diversas fases que passam as empresas at atingirem
a prtica total da Simbiose Industrial, so elas:
Fase 1 Prticas Fim de Tubo

Caracteriza-se pela postura reativa das empresas face aos resduos gerados,
onde a preocupao se d somente na hora da sua destinao. fruto de uma
viso onde predominam os processos de fluxo linear, entendimento de recursos
naturais infinitos e impactos ambientais no reconhecidos pelo segmento
produtivo.
Fase 2 Preveno da Poluio

As empresas passam a se preocupar com os resduos gerados, quer seja pela
fora da legislao ambiental, quer seja por iniciativa empresarial para atender
padres de qualidade ou de desempenho ambiental. Inicia-se uma busca de
conhecimento interno para identificar as fontes geradoras dos resduos assim
como solues para a sua no gerao atravs da inovao tecnolgica ou de
gesto empresarial. A exigncia do mercado consumidor globalizado e a
necessidade de se adaptar s novas posturas ambientais, levaram s instituies
a reverem seus procedimentos e mtodos de trabalho. A busca da eficcia deu
lugar eficincia e transformao integral da matria prima em produtos fator
de sobrevivncia empresarial devido a reduo da margem de lucro por produto
manufaturado.
Fase 3 Preveno da Poluio em sinergia com a Simbiose Industrial

Muitas solues de eliminao ou minimizao da gerao de resduos so
tcnica ou economicamente inviveis, dentro de parmetros de valorao hoje
praticados. Isso gera a necessidade de reuso ou reciclagem desses resduos fora
do seu processo fabril. A Simbiose Industrial pressupe que o processo gerador
se articule para especificar o subproduto para dar condies de reaproveitamento
pelo consumidor, no simplesmente disponibilize um resduo para outro segmento
produtivo. Quanto mais diversificado for, maior ser o grau de varincia para as
possibilidades de intercmbio de subprodutos. Essa a tendncia natural de que
aps a exausto de aes de preveno na fonte, passa-se a buscar solues
fora da fbrica. Normalmente ocorre atravs de iniciativas individuais adotadas
por empresas lderes, ou ento por terceiros intermediando as transaes

comerciais.
Fase 4 Adeso de novos membros para a Simbiose Industrial

Aps a divulgao do conceito de Simbiose Industrial e o resultado alcanado
pelas empresas que a praticam, surge a necessidade de se organizar e
desenvolver parcerias com a adeso de novos membros, que por si s no teriam
condies tcnicas nem econmicas para se incluir nesse processo. Inicialmente
essa busca de parceiros restringe-se a uma regio limitada fisicamente (centros
industriais) e pode ser liderada por uma associao empresarial ou mesmo por
empresas individuais. As oportunidades econmicas para os novos membros
dependero do nvel de interao (troca de informaes) que as mesmas possam
ter. Essa fase caracterizada como a de replicar os conhecimentos e prticas
adquiridas com outras empresas.
Fase 5 Atrao de novos empreendimentos para o parque industrial

Alm dos benefcios econmicos, sociais e ambientais obtidos pelas empresas
existentes, outras oportunidades de reaproveitamento podem ser desenvolvidas
com a atrao de novos empreendimentos (produtos e servios). Para esse
cenrio, importante a participao de rgos governamentais de fomento e
incentivo implantao de empreendimentos na regio.
Nem todas as empresas de um parque industrial trabalharo numa mesma

velocidade de intercmbio de seus produtos. Essa abordagem de fases na
implantao da Simbiose Industrial em um centro industrial envolvendo diversos
parceiros a mesma que observada dentro de uma empresa, quando da
elaborao do Plano de Gerenciamento de Resduos Slidos PGRS. Em uma
mesma empresa identifica-se aes que vo desde o intercmbio de subprodutos,
at a superao de dificuldade de se destinar resduos em aterro industrial. A
comparao de prticas de simbiose entre parques industriais ecolgicos no
simples. Diversos indicadores podem ser adotados para se definir a fase em que
se encontra, como por exemplo:
A quantidade anual intercambiada;
O percentual de subprodutos comercializados em relao ao produzido;

O nmero de parceiros envolvidos;
O tipo de destinao dada aos subprodutos;
A confiabilidade nas negociaes realizadas, entre outros.
2.9 Anlise dos parmetros decisivos para a implantao da Simbiose

Industrial
O conceito de ecologia industrial por demais amplo, permitindo o
desenvolvimento de aes internas, entre empresas e at mesmo de forma
regional. Os programas ambientais na sua quase totalidade limitam as aes
dentro da empresa com a destinao adequada dos resduos gerados, e quando
muito com aes de Preveno da Poluio / Produo Limpa. A prtica da
Simbiose Industrial entre empresas dificultada pela precria circulao de
informaes. H necessidade de se elaborar um banco de dados e que seja
gerenciado por especialistas, que possibilite identificar o potencial de sinergia
entre elas.
Dentro de uma estrutura maior existem os chamados Ecoparque Industriais, onde
alm da prtica da Simbiose Industrial, uma comunidade de negcios coopera
entre si, incluindo a municipalidade, para o uso de forma eficiente dos recursos
naturais, infra-estrutura, servios, levando a ganhos econmicos, ambientais e
sociais. Dentro do modelo sugerido por Chertow (2000), foram identificados para
o Plo de Camaari exemplos que caracterizam os quatro primeiros tipos por ela
definidos no Item 2.4.11. Um deles ser comentado no Captulo 5.
Nos Itens 2.5.1 e 2.5.2 comentou-se as barreiras e oportunidades que sero
resumidas e dispostas de acordo com as partes interessadas na tabela 2.1 e
comentadas logo a seguir.
Tabela 2.1 Barreiras e oportunidades na implantao da Simbiose Industrial.

Barreiras Oportunidades
Instalaes e procedimentos inadequados Projetos cooperativos;
para a recepo e manuseio dos Menos resduos descartados no meio
subprodutos (cooperativas); ambiente;
G er a l
Alto custo financeiro; Diversidade de segmento produtivo e de

Receio no uso de subprodutos substituindo servios, como o caso de Camaari;
matria prima virgem; Possibilidade de fechamento do ciclo
Alto custo do transporte. produtivo de forma regional.
Concorrncia com os recursos humanos e Re du o do c us to d e p rod uo ;

materiais; C r ia o d e u m fr um d e
Ausncia de tecnologia disponvel; d is c us s o n o as s u n to;
Receio na divulgao da informao; Me lhor ia da imag em n o
Empres as
No adeso voluntria a programa de m er c a do ;

minimizao dos impactos ambientais;
Cultura corporativa produtor x
consumidor e no parcerias.
Responsabilidade scio-ambiental
incipiente no prioriza projetos de ganhos
coletivos.
F a lta d e parc er i a c o m as empresas Desenvolvimento de tecnologia local;
Aca demia
e governo; Novas linhas de pesquisas;

ON G /
Ausncia de recursos humanos Ganho de conhecimento para a

especializados no ass unto . formao de alunos (graduao e ps);
Abertura de novos cursos.
Equiparao entre resduo e subproduto Exp ans o d a bas e de impos tos ;

(procedimento e taxas); Atra o de n o vas e mpr esas
Reviso conjunta de instrumentos p ar a a r eg i o .
G ov er no
normativos;
Custo processual de obteno de licenas
e autorizaes;
Restrio ao acesso s informaes
ambientais
Fonte: Martin (1996) e Lowe (2001), elaborado pelo autor
2.9.1 Identificao das Barreiras

As instituies governamentais poderiam padronizar os documentos, taxas e
pagamentos necessrios s licenas e autorizaes do transporte de resduos
e subprodutos (municipais, estaduais e federal). Alm disso, o amplo acesso
s informaes ambientais de posse dos rgos ambientais, resguardando o
sigilo industrial quando for o caso, agilizaria mais a pesquisa de
reaproveitamento de subprodutos.
As ONG e academia teriam que formar seus colaboradores para participar
ativamente desse intercmbio e realizar parcerias com as empresas e rgos
do governo.
Caberia s empresas uma postura mais pr-ativa na divulgao de suas
informaes como, por exemplo, divulgando seus indicadores ambientais em
relatrios institucionais e homepage, a adeso voluntria a programas de
preveno da poluio e na prtica de responsabilidade social priorizando os
projetos de ganhos coletivos.
Outras barreiras que precisam ser vencidas so os segmentos de transportes
(rodovirio, ferrovirio ou aquavirio) devido ao seu alto custo, e o
desenvolvimento de cooperativas com instalaes e procedimentos

adequados ao manuseio de subprodutos.
A sociedade tambm precisa reconhecer as vantagens da substituio de
matria prima virgem por subprodutos assim como o seu receio, sem
fundamento, de que haver perda da qualidade do produto final.
2.9.2 Identificao de oportunidades

Nesses estudos de casos salienta-se como a principal oportunidade para o
governo, a expanso da base tributria com o reaproveitamento mssico dos
subprodutos, podem gerar novos empregos e atratividade de novas empresas
para a regio.
Para a academia, o incremento na pesquisa com desenvolvimento de
tecnologia local, leva a um aumento na capacitao docente com ganhos na
formao acadmica tanto na graduao, com na ps-graduao.
Para as empresas, a reduo no custo de produo vir em virtude de no
gerar despesas de destinao do resduo e tambm do aumento na receita
com a venda do subproduto, sem contar com a melhoria da sua imagem no
mercado com o aumento na sua ecoeficincia.
H ganhos imensurveis para a sociedade ao interagir o setor produtivo,
academia e instituies governamentais em projetos cooperativos, quando
descarta-se menos resduos para o meio ambiente e a possibilidade de
aumentar o grau de fechamento do ciclo produtivo regional.
Para um maior aprofundamentos dos estudos de casos, no captulo seguinte

sero abordados exemplos que ilustram a implantao de sistemas de
Simbiose Industrial em regies semelhantes ao Plo Petroqumico de
Camaari.
3. ESTUDOS DE CASOS DE SIMBIOSE INDUSTRIAL NA

LITERATURA MUNDIAL
O Captulo anterior apresentou uma sntese dos parmetros necessrios para a

implantao de uma rede de Simbiose Industrial, seus benefcios e barreiras
encontradas nos diversos casos registrados. Estudos de casos envolvendo no
somente empresas, mas empresas e municipalidades foram mencionadas. No
entanto, para concentrarmos o foco no processo produtivo, foram selecionados
alguns casos que tivessem similaridade ou que apresentassem aspectos que
pudessem servir de experincia para a realidade do Plo Petroqumico de
Camaari.
Neste Captulo nove estudos de casos so detalhados. Para tanto, foi criada uma
estrutura de apresentao padronizada. Em seguida foi feita uma anlise
comparativa entre os estudos de casos e tendo como foco principal a forma de
coordenao do programa de Simbiose Industrial.
3.1 Kalundborg Dinamarca (GERTLER, 1995; CHERTOW, 2000)
3.1.1 Caractersticas Gerais

Kalundborg o exemplo de Simbiose Industrial mais comentado na literatura
tcnica. Distrito localizado a 135 km de Copenhagen, capital da Dinamarca. O
marco inicial da atividade de simbiose ocorreu em 1972 com o
reaproveitamento de corrente de gs de uma refinaria como gs combustvel
em uma fbrica de placas de gesso, e a participao da comunidade nas
decises empresariais quando da duplicao da refinaria local, o que
demandou maior consumo dos recursos naturais e impactos ambientais. Hoje
as seis principais empresas que formam esse processo de intercmbio de
subprodutos so:
Tabela 3.1 Principais empresas de Kalundborg

Empresa Tipo Produo
Asnaes Geradora de 1.500 MW Maior geradora de
energia energia eltrica da
Dinamarca
Statoil Refinaria de Processamento de Maior processadora
petrleo 4,8 milhes t/ano de petrleo
petrleo
Gyproc Placas de gesso 14 milhes de
m2/ano
Novo Nordisk Biotecnologia 40% da insulina
mundial
A-S Bioteknisk Remediao de
Jordrens solo
Kalundborg Municpio 20.000 habitantes
Fonte: Lowe (2001)
A cada ano h a adeso espontnea de novos parceiros, onde a negociao

ocorre entre as empresas envolvidas, no necessariamente faz parte de um
plano de ao com objetivos definidos.
A estimativa de intercmbio de materiais em Kalundborg de 2,9 milhes de
t/ano, segundo demonstrado na Tabela 3.2
Tabela 3.2 Intercmbio de massa em Kalundborg

Material De Para Incio Qtde
(t/ano)
Gs comb. (v)22 Statoil Gyproc 1972 8.000
Bioslidos (d)23 Novo Nordisk Fazendas 1976 1.100.000
Cinza de caldeira (v) Asnaes Aalborg Portland 1979 200.000
Vapor (v) Asnaes Kalundborg 1981 225.000
Vapor (v) Asnaes Novo Nordisk 1982 215.000
Vapor (v) Asnaes Statoil 1982 140.000
gua de Statoil Asnaes 1987 700.000
resfriamento(v)
gua quente (mar) Asnaes Fazenda de 1989 -
(d) peixe
Enxofre (cido Statoil Kemira 1990 2.800
sulfrico) (v)
gua, biotratada (d) Statoil Asnaes 1991 200.000
Gs combustvel (v) Statoil Asnaes 1992 60.000
Gesso (v) Asnaes Gyproc 1993 85.000
Qtde total anual 2.9
milhes
Fonte: LOWE (2001)
22
v = venda
23
d = doao
3.1.2 Experincia adquirida

Todas as negociaes desta rede so feitas de forma bilateral (gerador x
consumidor), onde o estudo de viabilidade e o acerto comercial so discutidos
amplamente. Cada empresa avalia suas negociaes de subprodutos
independentemente, no h uma avaliao abrangente do sistema. Alm
disso, as oportunidades que desviem os negcios da empresa, independente
dos benefcios ambientais, no tm sido levadas adiante, um exemplo disso
ocorreu quando a Asnaes (termo-eltrica) em 1989, iniciou um criatrio de
peixes usando o calor residual de seus efluentes. A atividade somente
prosperou quando foi transferida para a iniciativa privada que viabilizou o
comrcio com o aumento de escala (57 criatrios de peixes foram
implantados usando calor residual contido na gua de resfriamento, gerado
na termo-eltrica).
A participao de indstrias de ramos diferentes em processo de Simbiose
Industrial aumenta os graus de liberdade dos intercmbios de subprodutos.
No entanto, estudos de anlise de risco no manuseio e transferncia de
poluentes em processos produtivos diferentes devem ser realizados para
minimizar efeitos no desejados. A preocupao no transferir substncias
que estejam em baixas concentraes e por isso so consideradas incuas
em seu segmento produtivo, para outro com potencial de bioacumulao
(metais do segmento industrial para a agricultura, por exemplo).
O tamanho das empresas parceiras, capacidade de gerao e consumo, deve
ser compatvel com a massa negociada. Em alguns casos pode ser
necessria a presena de um terceiro para negociao e distribuio do
subproduto. O custo do transporte pode ser significativo, portanto a
proximidade fsica entre os parceiros torna-se importante para o intercmbio,
assim como a existncia de modais de transportes adequados (ferrovirio,
aquavirio) na regio (GERTLER, 1995).
Negociaes entre parceiros com deciso local so mais efetivas. A
proximidade de objetivos sociais foi determinante em Kalundborg, onde os
funcionrios das empresas, do diretor ao empregado, compartilham o mesmo
ambiente (cidade, escolas, clubes, igrejas, shopping, meios de comunicao)

e as melhorias ambientais locais so usufruidas por todos.
Todos as negociaes tiveram amplo conhecimento e colaborao da agncia
reguladora ambiental. A participao dessas instituies no desenvolvimento
de projetos de Simbiose Industrial torna-se importante em dois aspectos: o
primeiro que a regulamentao pode ser efetiva em forar as empresas a
reconhecer e pagar pelas chamadas externalidades ligadas a seus produtos
(SO2 para atmosfera, lodo e gua quente para os fjords); e o segundo que
as normas devem estabelecer os parmetros e objetivos, e no como atend-
los (GERTLER, 1995).
3.2 Porto de Rotterdam, Holanda Projeto INES24 (BOONS e JANSSEN,

2001) e (BAAS, 1998).

Esse projeto iniciou em 1994 e foi iniciativa de uma associao industrial local
(Europoort / Botlek Interest AEBI). Foram mapeadas 69 empresas nas
seguintes reas: Transporte e armazenamento (15), petroqumica (13),
mercadorias diversas (13), qumica inorgnica (11), servios (10) e refinarias
(7). Duas instituies acadmicas, Delft e Erasmus, participaram do projeto,
sendo coordenado por esta ltima. O projeto foi dividido em trs fases.
A primeira fase teve dois objetivos: Divulgao dos conceitos de ecossistema
industrial e a elaborao de um banco de dados com as informaes das
principais entradas e sadas do processo.
A segunda fase consistiu da escolha de 15 estudos de casos para a
elaborao de projetos bsicos.
Na terceira e ltima, deu-se a escolha e elaborao de trs projetos para
detalhamento e implementao: Reuso de efluentes lquidos, reuso de lodo
biolgico, e otimizao no sistema de ar comprimido coletivo.
24
Iniciais de Projeto de Ecossistema Industrial.
O modelo adotado com as instituies acadmicas identificou as seguintes

barreiras que precisavam ser discutidas:
Conceitual: A ecologia industrial era vista como algo do futuro e no se
adequava empresa atual ou regio;
Conhecimento: Falta de informao do que a ecologia industrial pode
proporcionar para o sistema produtivo e a comunidade;
Organizao: Direcionamento dos esforos de diversos segmentos
(governo, empresas, sociedade) para viabilizar a implantao de um
ecossistema industrial;
Aspectos tcnicos: Os investimentos de infra-estrutura interna da
empresa tm que ser tecnicamente compatveis com o que se pretende
na abordagem de ecologia industrial;
Aspectos econmicos: Investimentos auto-sustentveis devem orientar
as aes a serem adotadas.
Outras variveis, com influencia positiva ou negativa, deveriam ser

analisadas, como a distncia entre os parceiros, empresas competidoras
entre si, conhecimento do processo de empresas parceiras, porte das
empresas, credibilidade da rede e parceiros, garantia de continuidade futura e
flexibilidade organizacional.
Em 1998, foi fundado o Clube de Sustentabilidade de Rotterdam com
participao do governo, empresas, academia e ONG. Reuniam-se
trimestralmente e tinham os seguintes objetivos:
Divulgao das atividades de cada um, atravs de uma rede de
informao;
Discusso sobre as oportunidades de negcios;
Planejamento das aes em conjunto
3.3 Triangle J. / Carolina do Norte, USA (KINCAID e OVERCASH, 2001)25
25
Relatrio completo do projeto pode ser acessado em www.tjcog.dst.nc.us/indeco.htm
Projeto patrocinado pela Agncia de Proteo Ambiental Americana USEPA

em 1998, com o objetivo de identificar potenciais parcerias entre as indstrias
de seis distritos na Carolina do Norte EUA. Reuniu 182 parceiros (indstrias
e prestadoras de servios). As informaes de entradas e sadas de seus
processos foram compiladas e formatadas num sistema de informaes
geogrficas. Teve o apoio de trs universidades (Duke University, North
Caroline State University, University of North Caroline at Chapel Hill) e de
organizaes de desenvolvimento econmico, governamentais e privadas.
Durante os dois anos de projeto, at a sua implantao, foram identificados
possveis intercmbios para 48% dos parceiros, envolvendo os seguintes
subprodutos: Acetona, carvo, dissecante, cido clordrico, metanol, material
de empacotamento, bags de plsticos, p de serra, soda custica e madeira.

Desenvolvimento de uma metodologia de aquisio de informaes para
identificar parceiros em potencial. Isto primordial para a montagem da rede
de intercmbio de materiais, energia e gua. Um sistema de informao
georeferenciado (GIS) auxilia esse processo facilitando assim a identificao
do gerador e sua localizao fsica na regio. O conhecimento da infra-
estrutura local para a identificao e fomento de intercmbio de subprodutos
importante para a minimizao dos custos, principalmente os modais
(ferrovirio e aquavirio) alternativos disponveis na regio.
A realizao de seminrios de discusso com os parceiros (geradores,
consumidores e experts) sobre eventual reuso dos subprodutos pelas
empresas locais, leva a uma maior divulgao e possibilidades de sinergias
entre os parceiros;
As informaes das empresas que alimentaram o banco de dados, foram
obtidas atravs de documentos oficiais (inventrio de resduos slidos,
balano hdrico com sua caracterizao, programa de preveno da poluio)
requeridos pelos diversos rgos ambientais (federal, estadual e municipal) e
disponveis na internet26.
26
Acessado atravs do endereo eletrnico http://www.rtk.gov;
Formou-se um conselho com representantes das entidades envolvidas para

acompanhar a implantao do projeto.
3.4 PRIME Project, Filipinas27 (FRIO, 1998)

O Projeto PRIME, (Private Sector Participation in Managing the Environment)
foi idealizado em 1998 e financiado pelo Programa das Naes Unidas para o
Desenvolvimento PNUD e teve como objetivos a aplicao dos princpios da
Ecologia Industrial atravs de projetos pilotos, desenvolver propostas de
Simbiose Industrial junto aos parques industriais e influenciar nos programas
e polticas governamentais.
Reuniu seis plos industriais Laguna International Industrial Park (Binan,
Laguna); Light Industry Science Park (Cabuyao, Laguna); Laguna Technopark
(Sta Rosa, Laguna); Carmelray Industrial Park (Canlubang, Laguna); Lima
Technology Center (Malvar, Batangas) e Phillippine National Oil Company
(Bataan Province). Os subprodutos leo usado, gua e material de
embalagem foram priorizados na primeira etapa.

Todos os seis plos apresentaram seus planos de ao para a coleta de
dados de gerao de subprodutos, e consumo de insumos e matrias primas.
No ano seguinte, a anlise dos dados e o fluxo de informaes tcnicas e
comerciais, permitiram a elaborao de estratgias para recuperao e reuso
de subprodutos como o leo usado, gua e material de embalagem. Esse
comprometimento das indstrias foi influenciado pelo alto custo de destinao
de resduos e pela presso exercida pelo governo local.
Foi desenvolvida tambm uma incubadora de empresas ambientais com o
objetivo de lidar com a recuperao desses subprodutos, viabilizar o
27
Acessado em Jul.2003 pelo endereo eletrnico http://www.iephil.com/ e
http://members.tripod.com/ieprime/
intercmbio entre geradores e consumidores, consultoria nos princpios da

qumica verde e uma outra de gerenciamento dos impactos ambientais.
Algumas modificaes na legislao ambiental e tarifria foram aprovadas
para que as atividades se tornassem exeqveis (licena de operao tipo
guarda-chuva, reduo de impostos para material reciclvel). O Projeto
PRIME constou de 4 mdulos de atuao: (i) Elaborao da Agenda 21 para
o segmento produtivo; (ii) Desenvolvimento dos conceitos de ecologia
Industrial, (iii) Implantao de sistemas de gerenciamento ambiental nas
empresas e (iv) A criao de incubadora de empreendedorismo ambiental.
Em 2001 a iniciativa foi divulgada num seminrio internacional para outros
seis pases asiticos.
3.5 Tampico, Mxico (YOUNG, 1999)

Em 1997, o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento
Sustentvel (World Business Council for Sustainable Development WBCSD)
- Seo Golfo do Mxico, deu partida a um projeto piloto de Simbiose
Industrial28 com um grupo de 21 indstrias em Tampico, Mxico. O objetivo
era promover a sinergia entre diversos setores produtivos, maximizando o
intercmbio de materiais e com isso provar que ganhos econmicos poderiam
ser obtidos e ao mesmo tempo minimizando os impactos ambientais. As 21
empresas tinham o seguinte perfil: Qumica/petroqumica (7), plsticos (6),
minerais (2), metalrgica (2) e outras (4). Alm do Conselho Empresarial para
o Desenvolvimento Sustentvel Golfo do Mxico, participaram outras ONG:
NAFTAs Commission for Environmental Cooperation CEC, Fundao
AVINA e Fundao Ford.
Membros do WBCSD criaram uma empresa (Applied Sustainability LLC) para
implantar o modelo de Sinergia de Subprodutos em outras regies (Alberta,
Canad e Texas, Estados Unidos), alm de fomentar a participao de
28
Originalmente definido como Projeto de Sinergia de Subprodutos (By-Product Synergy).
instituies acadmicas, de pesquisas tecnolgicas, pblicas e financeiras,

em projetos deste porte.
O projeto foi dividido em 5 etapas: Conscientizao e divulgao; Coleta de
dados; Anlise; Implementao e Avaliao, com durao de 15 meses. Aps
anlise da pesquisa realizada chegou-se a identificao de 199 entradas
(consumo) e 174 sadas (gerao).
Como resultado foram identificadas sinergias para os seguintes subprodutos:
Dixido de carbono, Butadieno, cido clordrico, resinas polimricas, tonis e
bombonas, bigbags de polietileno e polipropileno e cloreto frrico.

importante identificar as barreiras tcnicas, econmicas e empresariais das
oportunidades sugeridas, que possam competir com outros investimentos,
alm disso, a identificao da distncia entre os parceiros e os meios
alternativos de transporte, facilitam os estudos de viabilidade econmica.
As atividades a serem integradas devem levar em conta as restries da
legislao ambiental e tributria, no que diz respeito a movimentao dos
subprodutos. Alm disso, deve-se atentar para as avaliaes dos riscos de
manuseio e acidentes.
Deve-se ter o envolvimento da alta gerncia e a prioridade claramente
definida dentro da organizao no que diz respeito s atividades de Simbiose
Industrial. Para negociaes futuras imprescindvel o fomento
credibilidade entre os parceiros.
3.6 Alberta, Canad (HATCH, 1998)29

Motivados pelo sucesso do projeto de Simbiose Industrial em Tampico -
Mxico, as indstrias e lderes da comunidade de Alberta iniciaram em
setembro de 1998 um projeto de Simbiose Industrial para a sua regio.
29
HATCH = Empresa de engenharia que sucedeu Applied Sustainability LCC na conduo dos projetos de
Simbiose Industrial. Homepage www.hatch.ca
Contaram com a experincia da Applied Sustainability LCC, e de diversas

organizaes de desenvolvimento econmico e ambiental; governamentais e
privadas como a Comisso para Cooperao Ambiental, Instituto de Pesquisa
e Cincias de Alberta entre outras.
A metodologia usada em Tampico foi aperfeioada. Dividiram-se os
subprodutos em famlias: Energticos, sulfurados, inorgnicos, gases
industriais e outros. Analisaram-se os possveis usos e suas limitaes. Aps
a adeso de 14 empresas, identificaram-se 16 oportunidades que foram
posteriormente detalhadas e priorizadas nos seguintes subprodutos: CO2, gs
natural, cinzas, gesso, calor residual e soda custica.

Foram identificadas barreiras que podem comprometer a Simbiose Industrial
entre o gerador e consumidor, como por exemplo, o risco de descontinuidade
no suprimento faz com que a empresa receptora torne-se dependente da
geradora, tendo para isso que prever uma fonte alternativa de matria prima,
mantendo assim uma redundncia de sistemas ou equipamentos. Alm disso,
a ausncia de instalaes adequadas para manuseio dos subprodutos por
parte dos consumidores, leva no efetivao do intercmbio.
Os mtodos de valorao do subproduto ainda so deficientes, no
atendendo a expectativa dos usurios (geradores e consumidores). Uma
oportunidade de melhoria identificada foi a necessidade de concentrao dos
subprodutos, principalmente as correntes lquidas que por estarem muito
diludas, provocam alto custo no transporte. Transporte esse que a depender
da localizao fsica das instalaes dos geradores e receptores, pode
inviabilizar a negociao em virtude de suas malhas rodoviria ou ferroviria
serem deficientes.
A falta de escala industrial do receptor em relao ao gerador outra
preocupao, que pode tornar vivel o processo de recuperao do
subproduto. Nesse momento surge a figura do intermedirio que pode agir
como um distribuidor para vrios receptores. Um ponto negativo da figura do
intermedirio que o subproduto termina sendo pulverizado para vrios
receptores, o que dificulta o controle de quem o gera.
A Regulao, ainda com foco em resduo, no adequada para o comrcio

de subprodutos. Estabelece-se impostos e taxas diferenciados por regio
(licenas de transporte, consumo, venda, emisso de relatrios etc.), que
dificultam a negociao.
Outro item tambm importante a falta de um banco de dados com os

subprodutos disponveis na regio, dificultando assim o conhecimento do
potencial de simbiose entre as empresas interessadas.
3.7 Norte do Texas, USA (HATCH, 2001a)

Em julho de 1999, a comunidade e indstrias da regio norte do Texas USA
iniciaram um projeto de Simbiose Industrial, que a exemplo do de Tampico e
Alberta, foram conduzidos pela Applied Sustainability LLC. O projeto contou
com o apoio de organizaes como o Conselho Empresarial Mundial para o
Desenvolvimento Sustentvel Golfo do Mxico, Hatch, USEPA e a comisso
de recursos naturais do Texas e conseguiram reunir nove empresas,
identificando 105 oportunidades de sinergias com 57 diferentes subprodutos.
Foram priorizados: Cinzas, resduos de madeira, solventes, material
reciclvel, produtos de laboratrios qumicos e hidrxido de amnia.
Alm da criao de grupos de trabalhos especficos foi formada uma equipe
de suporte ps-projeto reunindo-se trimestralmente com o objetivo de
estimular novas sinergias e a adeso de novos parceiros, baseando-se no
princpio de nossa empresa em vez de minha empresa.
Viso Nossa Empresa

Entradas
Material
Energia Empresa Produto A Cliente A
Pessoas
Transporte
Barreiras
Produto B Cliente B
Novos
Processos
Tecnologia
Capital Simbiose Sub Disposio
Industrial Produtos
Barreiras
Otros
usos e Viso Minha Empresa
clientes
Figura 3.1 A viso de Nossa Empresa x Minha Empresa

Fonte: HATCH (2001a)
Nesse conceito de Nossa Empresa, os subprodutos devem ser analisados

buscando identificar as substncias que podem ser reaproveitadas para outro
processo produtivo, e caractersticas indesejadas dessas correntes podem ser
modificadas no processo gerador para satisfazer o consumidor.

Neste estudo de caso houve a necessidade de criao de grupos de trabalho
especficos para identificar barreiras e solucionar entraves, desenvolvendo
planos de ao para sinergias distintas, foram eles: energia, reaproveitamento
energtico de subprodutos, qumicos, resduos no perigosos e transporte.
Como o custo do transporte torna-se uma barreira comum para o

aproveitamento dos subprodutos, algumas vezes torna-se necessria a
insero de um processo intermedirio para aumentar a sua concentrao.
Alm disso, alguns instrumentos normativos foram elaborados considerando o

transporte de subprodutos como resduos e, portanto, dificultando a sinergia
entre empresas. No norte do Texas, os rgos ambientais se mostraram
abertos para flexibilizar o transporte de certos materiais para permitir o seu
uso nas propostas desenvolvidas.
3.8 Montreal, Canad (HATCH, 2001b)

Projeto iniciado pela Applied Sustainability LCC em abril de 2000, usando a
mesma metodologia aplicada nos casos anteriores.
Alm da participao de 15 empresas locais teve o envolvimento de
organizaes de desenvolvimento econmico e ambiental, governamentais e
privadas.
Concludo pela empresa de engenharia Hatch, ela comenta as possveis
aplicaes e as barreiras tcnicas, de escala, econmicas, geogrficas,
regulatrias, organizacionais e sociais para o aproveitamento de cada um dos
principais subprodutos. Foram considerados prioritrios: Sulfato de sdio,
soda custica, sais de clcio (CaCO3, CaO, CaSO4), hidrognio, cloreto
frrico, sulfato ferroso, leo usado e lodo biolgico.

Nesse estudo, os subprodutos foram divididos em 3 classes de reuso
potencial, os de curto prazo, cuja implantao seria imediata; os de mdio
prazo, dependendo de outros estudos; e os de longo prazo, cujos estudos
encontravam-se suspensos.
Algumas variveis foram consideradas essenciais para a prtica da Simbiose
Industrial. A existncia de tecnologia e informao para o reprocesso do leo
gasto torna esta oportunidade mais fcil de ser implementada.
H uma forte motivao em implementar sinergias onde o resultado
econmico (lucros) da empresa visvel. O reuso da soda custica um bom
exemplo, quando h custo de destinao, a opo de venda simblica ou

doao pode ser praticada pelo gerador.
A efetiva comunicao entre o gerador, usurio e outros envolvidos como o
rgo ambiental, leva a uma negociao mais segura. Para o
reaproveitamento do lodo biolgico na agricultura torna-se imprescindvel
esse relacionamento entre a indstria, agricultores e rgos reguladores.
Grandes geradores precisam de consumidores do mesmo porte (escala) sob
o risco de ter que utilizar distribuidores para dar vazo quantidade
negociada. J pequenos geradores podem tornar inexeqvel a negociao,
em virtude da pequena quantidade e baixa confiabilidade de fornecimento do
subproduto.
Alm desses, a legislao um dos mais decisivos fatores, pois enquadrar a
empresa a uma lei existente. As restries legais ao seu descarte levaro a
priorizao para a busca de solues. Outro fator a responsabilidade social,
que tem crescido dentro das corporaes e busca a eficincia no
gerenciamento scio-ambiental, uma vez que presses sociais e polticas
levam a busca pelo desenvolvimento sustentvel.
3.9 Golden Horseshoe, Canad (HATCH, 2002)

Coordenadas pela Hatch (mesma empresa que realizou o projeto de
Montreal), as indstrias e comunidades da regio de Golden Horseshoe,
Canad, iniciaram em janeiro de 2001 um projeto de Simbiose Industrial. A
primeira etapa, de divulgao dos conceitos e adeso das empresas levou um
ano e nos diversos seminrios realizados houve a participao de 95
empresas. Ao final desse processo treze empresas aderiram ao projeto, que
teve tambm a participao de organizaes de desenvolvimento econmico
e ambiental, governamentais e privadas.
Na etapa seguinte, estudos originaram aplicaes com reaproveitamento de
xido de ferro, negro de fumo, madeira residual, escria siderrgica, p de
fornos de cimento, soda custica, glicol, leo usado e catalisadores; alm de

otimizao no transporte de material.
A metodologia foi detalhada e aperfeioada em 8 passos: Identificao do
pblico alvo; conscientizao e recrutamento; coleta de dados; anlise de
dados; priorizao das sinergias; implementao; avaliao e a contabilizao
dos ganhos.

Identificado o potencial de reaproveitamento dos subprodutos, foram
estudadas as principais barreiras para a sua implantao como, por exemplo,
a relutncia na compra/uso de subprodutos para uso como matria prima ou
insumos, devido falsa impresso de que o produto final ser de baixa
qualidade. Alm disso, h a concorrncia com os fornecedores da matria
prima virgem que citam a no garantia da continuidade pelo gerador do
subproduto como uma desvantagem.
Uma postura imediatista da rea comercial em transformar o que era custo
(despesa na destinao) em receita (faturamento com a venda) com o
subproduto pode tornar invivel a sinergia. Em muitos casos, esses
subprodutos so vendidos a preos simblicos ao receptor at este ter o
retorno do seu investimento recuperado.
As Polticas governamentais voltadas para o tratamento fim de tubo e as
barreiras regulatrias no tratamento de subproduto como resduos, so outras
variveis que precisam ser analisadas entre as diversas partes interessadas,
assim como a necessidade de inovaes tecnolgicas, incluindo as atividades
gerenciais.
3.10 Anlise comparativa entre os estudos de casos

Os estudos de casos detalhados apresentam diversos fatores que levaram a
sua operacionalizao. Em todos eles a viabilidade econmica foi a varivel
preponderante para a sua implantao. Um resumo das suas caractersticas
mostrado na Figura 3.2.
INTERNA EXTERNA TERCEIROS

coordena Negociaes bi-laterais; Participao de rgos de Atuao de um
Tipo de
o. Ganhos econmicos e classe; intermedirio;

controle de poluentes. Controle de poluentes / Ganhos econmicos /
econmicos. controle de poluentes.
Sociedade civil; Comit gestor. Apoio de associaes
Recursos naturais gua; de classes;
Outros
Valorao dos subprodutos. Instiuties municipais;

WBCSD
Empre Negociaes bilaterais. Empresas de consultoria.
sas
Sustentabilidade econmica e Envolvimento em pesquisas;
Academia
ambiental; Viso mais abrangente;

ONG/
Compartilhamento de Planejamento de mdio alongo

melhorias ambientais locais. prazo
Agncia ambiental Agncia ambiental Agncia ambiental
Governo
Min indstria e comrcio

Programas; governamentais.
Kalundborg Triangle J., PRIME, INES Tampico, Alberta, N.

Texas, Montreal e
Golden Horseshoe
FIGURA 3.2 Formas de participao dos parceiros em sistemas de
Simbiose Industrial
A Simbiose Industrial em Kalundborg apresenta uma caracterstica que difere

das demais, que foi o envolvimento da comunidade civil na discusso do uso
do recurso natural - gua pelas empresas da regio. Isso levou a uma
seqncia de aes onde a oportunidade comercial dos subprodutos foi
sendo valorada e a sua absoro pela empresas vizinhas e municipalidade
tornaram atrativa sua comercializao. A implantao de novos negcios no
decorrer dos ltimos 30 anos transformou-a em exemplo mpar de um
intercmbio conduzido principalmente pelas negociaes comerciais para dar
sustentabilidade econmica e ambiental. Outra caracterstica marcante foi a
proximidade dos objetivos sociais dos parceiros envolvidos. Kalundborg
uma cidade de 20.000 habitantes onde grande parte dos funcionrios das
empresas, do diretor ao empregado menos graduado, compartilha o mesmo
ambiente (escolas, clubes, igrejas, shoppings, meios de comunicao). As
melhorias ambientais locais so tambm compartilhadas por todos.
Triangle J., PRIME e INES apresentam a caracterstica comum de terem sido

projetos desenvolvidos a partir de iniciativas governamentais (Agncia
Ambiental USEPA, Ministrio da Indstria e Comrcio das Filipinas e
governo holands, respectivamente) e apoiado na sua concepo por

instituies acadmicas locais ou pelo Programa das Naes Unidas para o
Desenvolvimento PNUD. A participao das instituies acadmicas, trouxe
um maior planejamento e uma viso mais abrangente do sistema.
Em Kalundborg, as negociaes foram e ainda so feitas de forma bilateral

(gerador e consumidor) onde cada empresa conduz suas negociaes de
subprodutos de forma independente. Nas demais, metodologias foram
desenvolvidas e o acompanhamento das diversas etapas de mdio e longo
prazo tm sido negociadas de forma coletiva. No projeto INES, foi fundado o
Clube da Sustentabilidade de Rotterdam com encontros peridicos para
divulgao dos casos de sucesso, discusso das oportunidades de negcios
e planejamento das aes futuras. No projeto PRIME, h grupos de trabalho
em cada um dos seis plos industriais e mdulos de implantao de projetos
em longo prazo.
Nos estudos de casos analisados, a participao das instituies
governamentais ambientais e alfandegrias tem sido essencial, porque as
primeiras podem:
Forar as empresas a reconhecer e a pagar as externalidades ligadas
a seus subprodutos (SO2 para a atmosfera, gua quente para o corpo
receptor);
Estabelecer parmetros e objetivos finais, deixando a forma de como
atend-los para as empresas optarem caso a caso;
Mudar a definio de resduos por subproduto para um menor controle
burocrtico;
Estabelecer licenas ambientais tipo guarda chuva onde as empresas
possam negociar a reduo das emisses em grupo mercado de
carbono;
As alfandegrias podem atuar de forma a:
Reduzir impostos para os subprodutos que estejam substituindo
matrias primas ou insumos;
Flexibilizar o trnsito de subprodutos entre municpios;
Equalizar os tipos de documentos de controle e impostos incidentes

sobre os subprodutos.
Outra semelhana identificada foi o grande peso dos custos de transporte

entre o gerador e consumidor, que a depender da distncia pode inviabilizar a
negociao. Em reas muito extensas recomendvel a elaborao de um
sistema georeferenciado (GIS) contendo as informaes dos parceiros,
facilitando assim sua identificao e localizao fsica na regio.
Em Triangle J., uma das variveis consideradas na anlise de custo benefcio

foi o balano de emisso de gases de efeito estufa (CO2), podendo fazer parte
de projetos de seqestro do carbono.
Os demais casos estudados tiveram a caracterstica de serem conduzidos por

uma instituio privada (Applied Sustainability LCC e posteriormente pela
HATCH). O primeiro caso foi o de Tampico em 1997, que coordenado pela
Organizao No Governamental Conselho Empresarial Mundial para o
Desenvolvimento Sustentvel WBCSD, desenvolveu uma metodologia e
implantou prticas de sinergia de subprodutos entre as 21 empresas da
regio. Em seguida vieram os casos de Alberta, em 1998; Norte do Texas, em
1999; Montreal, em 2000 e Golden Horseshoe, em 2001.
Independente do tipo de instituio que esteja conduzindo o processo
(privada ou governamental) e na anlise dos estudos de casos acima citados,
observou-se caractersticas predominantes na prtica da Simbiose Industrial.
Essas caractersticas so apresentadas a seguir:
Existncia de banco de dados de subprodutos acessvel ao pblico,
com a quantidade gerada e a especificao de correntes que possam
viabilizar seu reaproveitamento em outra empresa;
Credibilidade e boa vontade entre os parceiros, favorece o intercmbio
de subprodutos;
Canais de comunicao abertos entre as empresas e instituies
parceiras (acadmicas e governamentais);
Realizao de eventos para divulgar os casos de sucesso e incentivar

a busca contnua de novos parceiros;
Flexibilidade na regulamentao ambiental, uma vez que o seu foco
ainda na destinao fim de tubo e no no seu reaproveitamento;
A existncia de uma instituio intermediria (broker) que viabilize a
segregao, envasamento e o fracionamento do subproduto, de acordo
com o perfil do consumidor;
Identificao das barreiras tcnicas, econmicas, culturais e
ambientais;
Viso gerencial e comercial em prol da coletividade (nossa empresa)
em detrimento da individual (minha empresa).
O tipo de coordenao do processo de Simbiose Industrial dos casos

estudados j foi citado por Gertler (1995). O autor estratificou em trs as
formas mais comuns de coordenao encontrada na literatura mundial:
Coordenao interna, onde as aes partem de atitudes isoladas entre

empresas e a principal fora motivadora o aspecto econmico, onde
a primeira onda surge das oportunidades de aproveitamento do uso
econmico de subprodutos, em seguida a necessidade de controle dos
poluentes. A fora da legislao e presso da comunidade tem
evoludo para pressionar pela minimizao dos impactos ambientais.
As polticas pblicas podem direcionar nesse sentido ao estabelecer
padres de desempenho em vez de padres tecnolgicos. Todos os
exemplos documentados de Simbiose Industrial que adotaram este tipo
de coordenao e at hoje evoluram de forma autnoma, mas isto
pode ter sido porque nenhuma poltica pblica ou de instituio privada
tenham efetivamente encorajado o desenvolvimento de simbiose entre
as empresas;
Coordenao externa s empresas com a participao de organismos

setoriais, governamentais, acadmicos ou ONG como principal fora
motivadora a necessidade de controle da poluio. Nesse modo h
uma necessidade de se planejar as atividades interinstitucionais e um

grande esforo para mobilizar os diversos parceiros em torno de uma
nica questo a Simbiose Industrial justificada pela comercializao
dos subprodutos;
Coordenao de terceiros (broker intermedirio): Estudos mostram

que para a devida valorao de determinados subprodutos pode haver
a necessidade de atuao de uma terceira parte (intermedirio) que
poder agregar valor e tornar exeqvel a Simbiose Industrial,
quebrando barreiras comerciais e culturais. Esse terceiro identifica as
oportunidades potenciais de sinergia de subprodutos alm de tornar a
operao exeqvel economicamente, tirando da a sua subsistncia.
Os Resource Recovery Center so exemplos destas iniciativas, foram
criados para selecionar e recuperar principalmente resduos no
perigosos (plsticos, papel, papelo, metais, bombonas, pallets entre
outros) (HATCH, 2002).
4. INSTRUMENTOS NORMATIVOS QUE FACILITARIAM A

IMPLANTAO DA SIMBIOSE INDUSTRIAL
Neste captulo sero abordadas algumas diretivas da Unio Europia relativas a

resduos, resolues do CONAMA que tratam de resduos perigosos e o
instrumento normativo do estado da Bahia (Decreto Estadual 7.967/2001 que
promulga e detalha a Lei 7.799/2001), que trata da Poltica Estadual de
Administrao dos Recursos Ambientais com foco nas suas contribuies para a
implantao da Simbiose Industrial.
A legislao considerada como a principal ferramenta de controle na gesto de

resduos slidos, e como tal deve priorizar os princpios da eliminao,
minimizao e valorao, antes da sua destinao final como fonte energtica ou
disposio em aterros.
A Alemanha foi pioneira na adoo de medidas destinadas a equacionar a

questo dos resduos slidos dentro dessa tica, quando em 1986 emitiu a Lei de
Minimizao e Eliminao de Resduos (JURAS, 2001). Com base nessa lei,
vrios documentos legais foram editados como, por exemplo, o de leos usados
em 1987, o de solventes em 1989 e o de minimizao de vasilhames e
embalagens, em 1991.
Em 1994, foi editada a Lei de Economia de Ciclo Integral e Gesto de Resduos,
que substituiu a norma de 1986. Com isso, ampliou-se a responsabilidade do
fabricante a todo o ciclo de vida de seu produto, desde a fabricao, passando
pela distribuio e uso, at sua eliminao. Um setor que cabe aqui detalhar o
de embalagens. As normas sobre esses resduos obrigaram os fabricantes e os
distribuidores a aceitar a devoluo de vasilhames e embalagens e a conduzi-los
a uma recuperao material independente do sistema pblico de eliminao de
resduos. Com essa finalidade, os fabricantes e os comerciantes criaram uma
sociedade sem fins lucrativos, a Duales System Deutschland GmbH DSD, a
qual se encarrega da organizao da coleta, da seleo e da valorao dos
vasilhames e resduos comerciais. O sistema Dual, como conhecido, tem metas
a cumprir. A partir de 1995, por exemplo, um mnimo de 80% de todos os

vasilhames e embalagens deveria ser coletado e desse total, pelo menos 80%
deveria ser valorado.
Normas diretivas relativas a resduos tem sido difundida a todos os pases que
formam a Unio Europia, como por exemplo:
Diretiva 75/442/CEE, de 1975, relativa a resduos;
Diretiva 75/439/CEE, de 1975, relativa a leos usados;
Diretiva 91/157/CEE, de 1991, relativa a pilhas e acumuladores;
Diretiva 94/62/CE, de 1994, relativa a embalagens e resduos de
embalagens.
O fator preponderante e direcionador para a prtica da Simbiose Industrial tm

sido o fator econmico, aliado a presso da sociedade para o melhor
reaproveitamento dos recursos naturais.
A Conveno da Basilia30, a ECO 92, entre outros eventos de repercusso

internacional, geraram discusses e produziram documentos importantes que
enfatizam as partes interessadas (governos federal, estadual, municipal e
empresas) a implementar uma poltica de gesto de resduos slidos priorizando
a sua minimizao em detrimento da simples destinao final.
No Brasil, a Constituio Federal no art. 225 estabelece que [...] controlar a

produo, comercializao e o emprego de tcnicas, mtodos e substncias que
comportem riscos para a vida, qualidade de vida e o meio ambiente [...] (JURAS,
2000) funo do poder pblico.
O governo federal atravs da resoluo CONAMA No 7/1994, posteriormente

substituda pela CONAMA No 23/1996 estabelece a proibio da importao e
exportao de resduos perigosos, em todo territrio nacional, de qualquer
espcie, de qualquer forma e para qualquer fim. Para os resduos no inertes
30
Conveno da Basilia estabelece direitos e deveres sobre o controle de movimentos
transfronteirios de resduos perigosos e seu depsito, com parmetros de controle que devem ser
(classes II), podero ser importados para a finalidade de reciclagem ou

reaproveitamento, aps autorizao dos rgos competentes.
Algumas resolues foram emitidas para atender famlias ou tipos especficos de

resduos como, por exemplo, as resolues:
CONAMA 09/1993, que trata da gesto do leo lubrificante usado;
CONAMA 05/1993, relativo ao tratamento e destinao final dos resduos
dos servios de sade, e complementada pela resoluo CONAMA
283/2001;
CONAMA 264/1999 trata do licenciamento de fornos rotativos de
produo de clnquer para atividades de co-processamento de resduos;
CONAMA 258/1999 trata da destinao de pneus que deve ser feita pelas
empresas fabricantes, estabelecendo um cronograma crescente que visa
a eliminao do passivo existente hoje;
CONAMA 257/1999 trata da obrigatoriedade dos comerciantes em
receberem pilhas e baterias idnticas s vendidas, assim como dos
fabricantes em destinarem de forma correta, limitar a concentrao dos
poluentes qumicos existente em sua composio, entre outros.
Algumas dessas favorecem a prticas da simbiose industrial como, por exemplo,

as Resolues CONAMA 09/1993 (BRASIL, 1993) e a 258/1999 (BRASIL, 1999)
(leo lubrificante e pneus respectivamente). As produtoras de leo lubrificantes
tm a obrigao de divulgar, em todas as embalagens de leos lubrificantes
produzidos ou importados, bem como em informes tcnicos a destinao imposta
pela lei e a forma de retorno dos leos lubrificantes usados contaminados,
reciclveis ou no; e as fabricantes de pneus tm um cronograma com exigncias
crescentes que as obriga a retirada de cinco pneus a cada quatro produzidos a
partir de janeiro de 2005.
Isso levou ao desenvolvimento de processos industriais e a logstica de coleta
pelas partes envolvidas, que no seria atingido se regidos somente pela lei de
mercado, nesse perodo de tempo.
praticados pelos pases signatrios. O governo brasileiro promulgou sua aplicao atravs do decreto
No 875/1993. Disponvel em http://www.presidencia.gov.br/ccivil_03/decreto/DO875.htm
Uma importante Resoluo do CONAMA para direcionamento da prtica da

Simbiose Industrial a No 313, emitida em 28 de outubro de 2002. Ela dispe
sobre o inventrio nacional de resduos industriais e estabelece entre outras
providncias:
A obrigatoriedade das empresas fabricantes de produtos qumicos a
apresentarem informaes sobre a gerao, caractersticas,
armazenamento, transporte e destinao de seus resduos ao rgo
estadual de meio ambiente at o prazo mximo de dezembro de 2003, ou de
acordo com o estabelecido por este ltimo;
Essas informaes devem estar estruturadas por processos para melhor
identificar os pontos de gerao e inclusive indicar as entradas de matrias
primas e insumos;
Atualizao das informaes constantes dos Anexos I a III desta norma a
cada dois anos;
Anexo I Inventrio nacional de resduos slidos industriais com
informaes e instrues gerais;
Anexo II Cdigo e descrio dos resduos slidos industriais
Anexo III Cdigos para armazenamento, tratamento, reutilizao,
reciclagem e disposio final.
O prazo mximo de outubro de 2004 para os rgos estaduais de meio
ambiente apresentarem ao IBAMA os dados do inventrio estadual de
resduos slidos industriais, e para outubro de 2005, os programas estaduais
de gerenciamento de resduos industriais;
A emisso, por parte do IBAMA, do plano nacional de resduos industriais ao
final de 2006;
A padronizao das informaes fundamental para a avaliao dos dados nos

nveis estadual e nacional, e que algumas informaes como posio geogrfica
da fonte geradora, tipo de acondicionamento, freqncia da gerao e destinao
atual, sero imprescindveis para a implantao de um sistema de Simbiose
Industrial.
A Lei No 10.650, de 16 de abril de 2003, dispe sobre o acesso pblico aos dados
e informaes existentes nos rgos e entidades do Sistema Nacional do Meio
Ambiente SISNAMA. No Art 2o cita que
Os rgos e entidades da Administrao Pblica, direta, indireta e

funcional, integrantes do SISNAMA, ficam obrigados a permitir o
acesso pblico aos documentos, expedientes e processos
administrativos que tratem de matria ambiental e a fornecer todas
as informaes ambientais que estejam sob sua guarda, em meio
escrito, visual, sonoro ou eletrnico, especialmente as relativas a [...]:
V [...] produo de resduos slidos;
Teoricamente facilita o acesso ao inventrio de resduos slidos das empresas

em poder dos rgos estaduais do meio ambiente, fomentando assim o potencial
de intercmbio de subprodutos entre as empresas.
Tramita no congresso nacional projetos de lei que tratam da poltica nacional de

resduos slidos, com a insero de novos conceitos como a anlise de ciclo de
vida, tecnologias limpas, um fundo nacional de resduos slidos, incentivos fiscais
para empresas exclusivamente recicladoras e aquelas com bom desempenho
ambiental na rea de resduos, o que poder alavancar resultados expressivos
em curto prazo.
Na esfera estadual, a Poltica Estadual de Administrao dos Recursos

Ambientais (Lei No 7799/2001) estabelece como princpios que o poder pblico e
a coletividade tm o dever de defender o meio ambiente mediante o
planejamento, administrao e medidas de precauo, preveno, controle e uso
racional dos recursos ambientais. Aliado a esse princpio, uma das diretrizes
orienta o incentivo ao desenvolvimento de pesquisas, tecnologias e aes para o
uso sustentvel dos recursos ambientais, da minimizao, reciclagem e reuso de
resduos e materiais. Nesta lei, aplica-se ainda de forma incipiente, o conceito de
gesto do ciclo de vida quando no Artigo 30, Pargrafo Primeiro, responsabiliza
as empresas instaladas ou que venham a se instalar no estado, pelo
acondicionamento, estocagem, transporte, tratamento e disposio final de seus
resduos, mesmo aps sua transferncia a terceiros.
J no pargrafo segundo, cita que:
A responsabilidade administrativa do gerador pelos incidentes

ocorridos nas instalaes de tratamento, recuperao, reciclagem ou
disposio dos resduos somente cessar nos casos em que a
transferncia dos resduos, queles terceiros, tenha sido autorizada
pelo rgo coordenador da SEARA e realizada na forma e condies
pr-estabelecidas.
Se por um lado, isso pode legalizar o comrcio de um subproduto, por outro no

necessariamente exime o gerador da responsabilidade do manuseio ou uso
incorreto por parte do usurio uma vez que a sua responsabilidade pode ser
estendida at o descarte final do mesmo.
Quando se tratar de indstrias montadoras, manipuladoras ou importadoras, elas

sero consideradas responsveis pela destinao final das embalagens e seus
produtos ps-consumo.
O Decreto Estadual 7.967/01 na Subseo I trata especificamente de resduos

slidos e no Artigo 130 estabelece as diretrizes para a gesto de resduos slidos
como sendo prioritariamente:
I - No gerao, minimizao, reutilizao e reciclagem de
resduos atravs de alterao de padres de produo e de
consumo e desenvolvimento de tecnologias limpas;
II - Desenvolvimento de programas de gerenciamento integrado
de resduos slidos;
III - Uso de embalagens retornveis e sua reutilizao;
IV - Desenvolvimento de tecnologias limpas para a reutilizao,
reciclagem, tratamento e disposio final dos resduos;
V - Estabelecimento de parcerias objetivando otimizar a gesto
dos resduos slidos;
VI - Desenvolvimento de programas de capacitao tcnica na
rea de gerenciamento de resduos slidos; promoo de
campanhas educativas e informativas junto sociedade sobre
a gesto ambientalmente adequada de resduos slidos e
sobre os efeitos na sade e no meio ambiente dos processos
de produo e de eliminao de resduos;
VIII - Incentivo criao de novos mercados e a ampliao dos
j existentes para os produtos reciclados.
No Artigo 138 obriga os geradores a elaborar e apresentar ao CRA um Plano de

Gerenciamento de Resduos Slidos PGRS, uma vez que o mesmo integrar o
processo de licenciamento ambiental. Esse PGRS dever contemplar:
I Inventrio conforme modelo fornecido pelo CRA, contendo
dentre outras informaes: a origem, classificao,
caracterizao quali-quantitativa e freqncia de gerao dos
resduos, formas de acondicionamento, transporte, tratamento
e disposio final;
II - Os procedimentos a serem adotadas na segregao na
origem, coleta interna, armazenamento, reutilizao e
reciclagem;
III - As aes preventivas e corretivas a serem adotadas
objetivando evitar ou reparar as conseqncias resultantes de
manuseio incorreto ou incidentes poluidores;
IV - designao do responsvel tcnico pelo Plano de
Gerenciamento de Resduos Slidos PGRS
O devido cumprimento do Artigo 138 serviria de base para a elaborao de um

banco de dados que identificasse melhor a alternativa de destinao, no entanto a
falta de uma lista de matrias primas e insumos, inviabiliza a identificao de
empresas com o potencial uso como insumo ou matria prima para outro
processo produtivo.
Em outro artigo, o de nmero 137, cita que:

O gerador poder encaminhar o seu resduo s unidades
receptoras, desde que devidamente licenciadas e mediante
autorizao especfica para o transporte de resduos perigosos.
Pargrafo nico Obedecidas s condies estabelecidas no
caput deste artigo, caber unidade receptora a
responsabilidade pela correta e ambientalmente segura gesto
do resduo recebido.
O Artigo 140 estabelece restries Simbiose Industrial para os resduos

perigosos salvo por aprovao do CRA, assim descrito:
[...] proibido [...]

[...] VI - emprego de resduos perigosos como matria-
prima e fonte de energia, bem como a sua incorporao em
materiais, substncias ou produtos, sem prvia aprovao do
CRA.
O transporte de resduos perigosos dentro e para fora do estado da Bahia s

poder ocorrer aps autorizao do CRA. Isso se dar atravs de anlise da
caracterizao do resduo, tipo de transporte, rota, veculos adotados, medidas de
controle para emergncias e dados do receptador, que sero verificados atravs
de contato com o rgo ambiental do Estado destinatrio (Artigo 143).
Esse artigo obriga a que todo subproduto que tenha caractersticas de resduo
perigoso seja tratado como tal. Isso dificultar a sua comercializao uma vez que
outros documentos, alm daqueles previstos para a comercializao de
subprodutos, tero que ser obtidos, aumentando o custo da transao. Esse um
dos pontos da legislao que merece uma discusso mais aprofundada.
Os ltimos tpicos que tratam da gesto de resduos (artigos 148 a 150) ratificam
a priorizao de aes para a no gerao, a minimizao, a reutilizao e a
reciclagem de resduos. Alm disso, o emprego de resduos industriais como
adubo, matria prima, fonte de energia ou sua incorporao em outros materiais
precisaro de autorizao do CRA.
O Termo de Referncia do Plano de Gerenciamento de Resduos Slidos, emitido

pelo CRA em fevereiro de 2002, visa subsidiar os diversos empreendimentos
quanto elaborao e apresentao do Plano de Gerenciamento de Resduos
Slidos PGRS, que se constitui num documento integrante do sistema de
gesto ambiental, baseado nos princpios da no gerao e da minimizao da
gerao de resduos. Est conforme exigido no Art. 138 do Regulamento da Lei
Estadual n 7.799, de 07/02/2001, aprovado pelo Decreto Estadual n 7.967, de
05/06/2001.
Consta dos seguintes itens:
a) Identificador do gerador ( Ver Anexo C)
b) Resduos gerados (Ver Anexo D)
c) Plano de movimentao de resduos ( Ver Anexo E)
d) Plano de gerenciamento
e) Acondicionamento
f) Coleta / transporte interno dos resduos
g) Estocagem temporria
h) Pr-tratamento
i) Coleta / transporte externo
j) Tratamento externo
k) Educao ambiental
O PGRS deve ser elaborado pelo gerador dos resduos e submetido anlise do
rgo ambiental para aprovao. Deve minimizar a gerao de resduos na fonte,
adequar a segregao na origem, controlar e reduzir riscos ao meio ambiente e
assegurar o correto manuseio e disposio final, em conformidade com a
legislao vigente.
4.1 Anlise crtica da Resoluo CONAMA 313/2002 e do Termo de

Referncia do PGRS emitido pelo CRA, no que diz respeito a prtica da
Simbiose Industrial
O Termo de referncia para a elaborao do PGRS, em virtude de ter sido emitido

antes da CONAMA 313, no contempla algumas informaes descritas nos
Anexos I a III, como a codificao do resduo conforme a NBR 10.004 e as
coordenadas geogrficas das geradoras dos resduos. A CONAMA 313
estabelece tambm a descrio do processo produtivo em etapas, indicando os
pontos de gerao de resduos slidos, o que facilitaria posteriormente a
identificao de contaminantes e correo no processo para viabilizar o
reaproveitamento do subproduto. Outra informao importante para a formao
de um sistema de Simbiose Industrial a lista de matria prima e insumos
requeridos pela CONAMA 313 e no contemplada no termo do CRA. A lista de
matria prima e insumo to importante quanto a lista de resduo para a
Simbiose Industrial, uma vez que possibilita identificar potenciais consumidores
dos subprodutos gerados por outras empresas. Est em estudo a reviso do
Termo de Referncia do PGRS para atender por completo o CONAMA 313, que
por sua vez vai ao encontro das necessidades de informaes de um sistema de
Simbiose Industrial. O cumprimento dessa resoluo em todas as suas etapas
poder levar os conceitos de reaproveitamento de subprodutos em outros
segmentos produtivos, ao Plano Estadual de Resduos Slidos Industriais a ser
formulado at outubro de 2005 pelo rgo estadual de meio ambiente do estado.

Para isso, ter que haver uma ampla discusso entre os geradores, potenciais
consumidores, organizaes no governamentais e instituies governamentais
ligados a essa questo.
Tanto a Lei 9.977/2001 quanto o Decreto Estadual 7.967/2001 que a regulamenta

e a detalha nos Artigos 30 e 137 respectivamente, delegam unidade receptora a
responsabilidade pela correta e ambientalmente segura gesto do resduo
recebido, desde que tenha sido devidamente licenciada pelo rgo estadual de
meio ambiente, para processar esse tipo de material. Isso pode dar a empresa
geradora uma certa tranqilidade quanto a responsabilidade legal no manuseio e
destinao final do reaproveitamento do seu subproduto.
Por outro lado a responsabilidade do gerador quanto s conseqncias causadas

por seu subproduto vai alm do aspecto legal, o que leva s empresas geradoras
a necessidade de realizar auditorias nas empresas receptoras para verificar o
adequado manuseio e destino dos resduos gerados pela comercializao dos
seus subprodutos. Para o Princpio da Precauo prevalecer, necessrio a
passagem de informaes relativas ao subproduto comercializado.
5. IMPLANTAO DA SIMBIOSE INDUSTRIAL NO PLO

PETROQUMICO DE CAMAARI
Nesse captulo feito um breve histrico do Plo de Camaari para situ-lo no

contexto regional e nacional. Em seguida apresenta-se um caso de Simbiose
Industrial j praticados em Camaari, uma discusso sobre a importncia da
qualidade da informao no inventrio de resduos slidos e como um banco de
dados pode permitir a identificao de oportunidades de Simbiose Industrial. Um
outro caso, mais resumido, encontra-se na forma de apndice ao final do trabalho.
Concluindo o captulo, comenta-se a implantao de um sistema de Simbiose
Industrial para os resduos slidos no plo.
A implantao do Complexo Petroqumico de Camaari, realizado na dcada de

70, incluiu centrais de utilidades, matrias primas, manuteno e tratamento de
efluentes at ento inditos no Brasil. A partir de 1989, com o desenvolvimento
dos esforos para a duplicao da capacidade instalada, a exigncia da
elaborao dos Estudos de Impactos Ambientais e Relatrios de Impactos no
Meio Ambiente (EIA/RIMA), alm da introduo de programas da qualidade,
levaram tambm a melhorias nas polticas ambientais das empresas.
A empresa ncora do plo de Camaari a Companhia Petroqumica do
Nordeste S.A. COPENE31 e levou-se em considerao para sua concepo e
localizao os seguintes aspectos:
Geomorfologia favorvel que possibilitasse a construo integrada do
complexo em rea contnua.
A proximidade da Refinaria Landulpho Alves RLAM / Petrobrs,
fornecedora de nafta petroqumica e outros insumos;
Proximidade dos terminais martimos de Porto de Aratu (principal
escoadouro martimo da regio metropolitana de Salvador) e o terminal de
Madre de Deus - TEMADRE (terminal da Petrobrs especializado na
movimentao de petrleo e seus derivados);
Proximidade da cidade de Salvador, fonte potencial de mo de obra e de

servios diversos necessrios para implantao e operao do complexo;
Localiza-se tambm nas vizinhanas da rea industrial de Camaari, reservas de

leo e gs na bacia sedimentar do recncavo, alm dos aqferos regionais
representarem excelente potencial hdrico, sendo o de So Sebastio um dos
maiores do Brasil.
Para compensar as desvantagens em relao ao Plo Petroqumico de So Paulo
(nico em operao na poca), trabalhou-se a economia de escala para
compensar os custos de transportes para transferir os produtos para as indstrias
de transformao situadas naquela regio. Alm disso, otimizou-se o sistema de
transporte interno no Plo construindo-se sistemas de transportes dutovirios
entre as unidades industriais, e destas para o porto de Aratu, viabilizando a
exportao de produtos para os demais centros consumidores e para outros
pases.
Hoje o complexo de Camaari conta com mais de 60 empresas do segmento

qumico, petroqumico, celulose, metalurgia do cobre, txtil, bebidas, servios e
uma grande montadora de automveis (Complexo Industrial Ford Nordeste),
produzindo mais de 50% dos petroqumicos bsicos gerados pela indstria
brasileira. Com investimento global superior a US$ 10 bilhes, faturamento anual
de cinco bilhes de dlares, emprega 12 mil funcionrios diretos e cerca de 11 mil
indiretos (COFIC, 2003).
Na concepo do complexo existiu um planejamento geral, aspecto at ento

indito no Brasil, sendo definido um plano diretor com ordenamento que
selecionou reas para instalao de indstrias afins, implantao de um cinturo
verde, projeto virio, a criao de uma central de manuteno CEMAN32, e uma
Central de Tratamento de Efluentes Lquidos - CETREL.
31
Com a mudana do controle acionrio a partir de 2001, a Copene faz parte da BRASKEM /
Insumos Bsicos, juntamente com as antigas OPP, Trikem, Nitrocarbono, Polialden e Propet.
32
Posteriormente adquirida pela Asea Brown Bovery - ABB
O arranjo fsico e empresarial do Plo permite a prtica de gerao e distribuio

centralizada de utilidades33 e matria prima34 fornecidas pela Braskem, alm de
outras ligaes via tubulaes entre empresas do complexo. Outra vantagem
tambm contemplada na sua concepo foi ter um nico sistema de coleta,
tratamento e disposio de efluentes lquidos35 - CETREL, e que atualmente
tambm realiza o monitoramento atmosfrico e do lenol fretico da regio36 e
oferece servios de aterro industrial, incinerao e tratamento de resduos no s
gerados no plo como em outras regies do Brasil.
Essas caractersticas de aglomerao, integrao e verticalizao levaram o Plo

de Camaari a produzir 55% da produo nacional de petroqumicos bsicos. Por
outro lado, os efeitos sinrgicos e acumulativos dos poluentes destas indstrias
sobre o ar, terra, gua e solo, potencializaram os impactos ambientais no
ecossistema da regio.
Com a sua capacidade duplicada a partir de 1992, reviu-se a norma ambiental no

que se refere a exigncias de EIA/RIMA, condicionantes das licenas de
operao, tornando-as mais adequadas para lidar com os impactos ambientais.
Foram adotadas novas formas de gesto ambiental pelas empresas, novas
tecnologias em processos de manufatura foram aportadas na regio. Em paralelo,
aumentou a cobrana da comunidade por melhores desempenhos ambientais no
processo produtivo. A participao da comunidade antes limitada s audincias
pblicas, comeou a influir nos processos de deciso empresarial com a criao
do Conselho Comunitrio Consultivo do COFIC (CALHEIRAS, 2003).
Alm do atendimento das novas exigncias ambientais foram introduzidos

programas da qualidade e gesto ambiental nas empresas, visando a obteno
de certificaes internacionais, sobretudo as ISO-9000, ISO-14000 e o Atuao
Responsvel, condies para se atingir os mercados europeus e americanos.
33
guas potvel, clarificada, desmineralizada e de incndio; energia eltrica; vapor de 15 e 42
kgf/cm2; fornecida pela Braskem, e gases industriais - nitrognio e oxignio, pela White Martins
34
Hidrognio, eteno, propeno, butadieno, benzeno, tolueno, xilenos fornecidos pela Braskem/UNIB.
35
Sistema de gua de chuva e no contaminado SN e sistema de gua oleosa - SO
36
Sistema com 8 estaes de monitoramento do ar; e operao e monitoramento da barreira
hidrulica na regio do seu entorno.
Como conseqncia disto, algumas empresas adotaram programas de

preveno, com resultados na minimizao no consumo de gua, energia e
gerao de resduos slidos, refletindo positivamente nas polticas ambientais das
empresas.
A mudana de controle acionrio da Copene, com a aquisio das aes

confiscadas pelo Banco Central aps a falncia do grupo Econmico, o consrcio
Mariani/Odebrecht passou ao controle acionrio e fez surgir a BRASKEM,
integrando sob uma nica gesto a central de matrias-primas e utilidades do
Plo s empresas de segunda gerao (em Camaari representado pela OPP,
Trikem, Polialden, Propet e Nitrocarbono), dotando-a de escala de produo e
aporte tecnolgico para ampliar a sua competitividade mundial.
A fase atual do Plo apresenta como traos marcantes, a expanso e

diversificao. Os maiores empreendimentos implantados no Estado em anos
recentes se localizaram no Plo. A Ford instalou o Complexo Industrial Ford
Nordeste, que o maior e mais recente investimento da montadora, estimado em
US$ 1,2 bilho, para produzir 250 mil veculos por ano. A Monsanto investiu US$
300 milhes para instalar sua primeira indstria de matrias-primas para o
herbicida round up da Amrica do Sul. Alm disso, o governo do estado conta
com o programa Bahia Plsticos, atraindo empresas de produtos finais. Os
municpios de Camaari e Dias Dvila incentivam as implantaes de plos de
servios em regies prximas ao complexo.
Essa diversidade de segmentos produtivos propicia condies que facilitam a
quebra do paradigma da prtica de fim de tubo para os resduos gerados, na
medida que aumenta as possibilidades de reaproveitamento de subprodutos de
um segmento produtivo em outro at ento desconhecido. Isso facilita a
implantao de um sistema de Simbiose Industrial aplicvel a todo o complexo,
primordial para a sustentabilidade empresarial e ambiental da regio de Camaari
e adjacncias.
5.1 Caso de Simbiose Industrial em resduos slidos j praticado no Plo

Petroqumico de Camaari
Algumas prticas de Simbiose Industrial j so realizadas no plo,
independente de serem aes sistmicas para minimizar o impacto ambiental,
todas elas tem uma sustentabilidade econmica atraente para as empresas
envolvidas. Ser comentada a experincia envolvendo a escria do cobre.
Espera-se que com a divulgao de casos de sucesso como esse, sejam
desenvolvidas novas experincias de Simbiose Industrial por outras
empresas. Em seguida ser analisado o Plano de Gerenciamento de
Resduos Slidos de empresas do plo e avaliado as informaes adicionais
necessrias para a elaborao de um banco de dados de Simbiose Industrial.
5.1.1 Escria do cobre (CARAIBA METAIS, 2002)
a) Caracterizao
A Caraba Metais, fundada em 1969 no municpio de Dias Dvila,
atualmente a maior e mais importante empresa do grupo
Paranapanema37. Conta com aproximadamente 900 colaboradores
diretos e 800 indiretos. Tem como matria prima o minrio
concentrado de cobre, oriundo de importao (87%) do Chile, Estados
Unidos entre outros pases, e da Minerao Caraba (13%), localizada
no municpio de Jaguarari - BA. a nica fabricante no Brasil de
cobre eletroltico, com capacidade instalada de 220.000 t/ano e
atende 75% da demanda nacional. Trabalhando com uma matria
prima (minrio concentrado) a base de cobre (+/- 30%), enxofre
(30%), ferro (30%) e slica (10%)38 tem uma grande gerao de
subprodutos e resduos de compostos de enxofre e ferro.
O enxofre transformado em 440 mil t/ano de cido sulfrico, leum e
SO3 lquido, que so consumidos na sua totalidade por empresas da
regio. O ferro sai na forma de escria de cobre (300 mil t/ano),
37
Maior grupo de metais no ferrosos do Brasil com faturamento acima de R$1,9 bilhes anuais
38
Os valores percentuais esto aproximados
formado a partir da sua estabilizao e de outros componentes

contidos no minrio bruto, no aproveitvel no processo.
A escria do cobre gerada nos processos de fuso e refino, do
minrio concentrado de cobre, e o ferro contido no concentrado reage
e se estabiliza em um silicato ferroso, a Faialita, principal constituinte
da escria. Na unidade de granulao, a escria lquida, a alta
temperatura, entra em contato com um jato de gua e se solidifica na
forma de pequenos gros. A escria representa 73% em massa do
resduo gerado pela Caraba. Aps 20 anos de operao a empresa
acumulou cerca de quatro milhes de toneladas dessa escria,
produzindo um impacto visual agressivo e ocupando uma rea nobre
que poderia ser utilizada com outras finalidades produtivas.
Tab. 5.1 Composio qumica da escria do cobre

Faialita (2FeO:SiO2) 85,0 %
xidos e Silicatos de Al, Ca e Mg 11,0 %
Magnetita (Fe3O4) 5,0 %
Cobre (estabilizado como xido, 5,0 %
sulfeto e silicato)
Outros metais 2,0 %
Densidade 3,30 a 3,90 g/cm3
Fonte: CARABA METAIS, 2002.
b) Fatores motivadores que levaram Simbiose Industrial

Em 1991 iniciou-se o processo de Gesto da Qualidade Total na
Caraba, quando foram relacionadas as grandes questes
(ambientais, tecnolgicas, mo de obra etc) que precisavam ser
abordadas pela empresa. A partir das diretrizes definidas pela alta
administrao, a gerao de resduos, mais especificamente a escria
do cobre, desencadeou um processo de repensar e foi discutido o alto
volume de resduo enviado para estocagem interna. Observou-se que
em mdio prazo, o que internamente comeava a chamar a ateno
pela interferncia na paisagem, poderia ser alvo de questionamento
pela comunidade circunvizinha ou at mesmo pelo rgo ambiental.

No ano seguinte, com a elaborao do Plano de Gerenciamento
Ambiental definiu-se como meta o reaproveitamento ou reciclagem
externa da escria do cobre. Para isso formou-se uma equipe de
estudo com tcnicos da rea ambiental e de tecnologia, onde duas
linhas de ao foram trabalhadas: (i) Conhecer as caractersticas da
escria produzida e compar-la com a gerada por outras smelters,
(ii) pesquisar em empresas de mesma tecnologia o destino dado a
esse resduo.
Nesse mesmo perodo, intensificou-se o intercmbio tcnico entre a

Caraba e suas congneres, alm da participao de seus tcnicos
em seminrios internacionais que buscavam prticas e padres de
referncias para balizar os programas institucionais da empresa.
Antecedendo a cada seminrio ou vista tcnica era elaborado um
conjunto de itens (check list) a serem avaliados e a questo ambiental
passou a ter importncia crucial nesses encontros. Foi criado um
clima organizacional favorvel para transformar a Caraba em uma
empresa de classe mundial.
Algumas referncias sobre o uso da escria foram obtidas. Por
exemplo, na Alemanha e Holanda este subproduto era usado para
firmar encostas de barragens. Nos Estados Unidos e Coria o mesmo
era usado para jateamento de superfcies metlicas, e no Japo como
agregado na construo civil. Paralelamente a essa pesquisa externa,
em 1992, foram firmados convnios, primeiro com o Centro de
Pesquisa em Energia Eltrica - CEPEL, e posteriormente com a
Universidade Estadual de Feira de Santana UEFS e Universidade
Federal do Rio Grande do Sul UFRGS, visando caracterizar e definir
aplicaes potenciais onde esse resduo pudesse ser reinserido na
cadeia produtiva agregando valor ao produto manufaturado. Como
resultado das pesquisas foram identificadas as seguintes aplicaes:
- Matria prima para fabricao de cimento;
- Abrasivo para o jateamento de superfcies metlicas;
- Agregado mido para a construo civil, sendo utilizado em

concretos, argamassas, colcho drenante, base para
pavimentao;
- Componente aditivo para asfalto e pisos industriais;
- Leitos drenantes para percolao de lquidos;
- Controle de eroso em encostas e taludes
As duas primeiras aplicaes respondem atualmente por 95% do
reaproveitamento da escria do cobre. As demais no tiveram o
mercado desenvolvido como o esperado.
Em seguida deu-se a ampla divulgao dos resultados obtidos

atravs da dissertao de mestrado (MOURA, 1993), artigos em
peridicos especializados (MOURA, 1994) e tese de doutorado
(MOURA, 2000), que confirmavam os benefcios do uso da escria
como agregado na construo civil e como aditivo ao cimento
Portland.
Em 1993, com a proibio do uso de areia para jateamento de

superfcie metlica no estado do Rio de Janeiro, em virtude do
surgimento de doenas ocupacionais (silicose), a escria do cobre foi
testada como potencial substituto. Aps um ano de experimentos seu
uso foi aprovado. Surgiu ento o primeiro grande mercado
consumidor, uma vez que como agregado da construo civil no
houve aceitao pelo mercado local, apesar dos resultados tcnicos
positivos dos estudos realizados.
Em 2001 surgiu a demanda do segmento cimenteiro, quando foi

firmado um convnio para desenvolver o reaproveitamento da escria
como aditivo misturado com o clnquer, na etapa da moagem do
cimento. Pesquisa conduzida por tcnicos da prpria indstria
cimenteira, chegou a resultados positivos, mas a negociao s foi
concluda aps a incluso de um novo parceiro, a Ferrovia Centro
Atlntica FCA, responsvel pelo transporte da escria at a
cimenteira, utilizando os vages vazios de retorno de minrio

transportado. Como resultado, a indstria cimenteira responsvel
hoje pelo reaproveitamento de 75% da escria comercializada.
A legislao ambiental (BAHIA, 2001) estabelece um rgido controle

sobre a transferncia e destinao dos resduos classificados como
Classe I (perigosos) e II (no inerte) (ASSOCIAO BRASILEIRA DE
NORMAS TCNICAS, 1987). A comercializao da escria, pelo fato
de ser classificada pela NBR-10.004 como classe III no necessita
desse tipo de controle do rgo ambiental, portanto livre para ser
comercializada, dependendo somente da sua incluso como
substncia produzida no processo de licena de operao. A
pesquisa realizada foi financiada pela prpria empresa que
vislumbrou um investimento necessrio para se antecipar a uma
demanda ambiental em outros pases. Ao encontro dessa demanda
veio a indstria cimenteira que tem buscado sua sobrevivncia no
mercado atravs de alternativas energticas, vide a queima de
resduos como combustvel alternativo, e outras fontes de insumos
que minimizem a exausto dos recursos naturais. Como
conseqncia desses reaproveitamentos, a comercializao da
escria tem cobertos todos os custos de transporte, manuseio, sua
especificao de umidade e granulometria para atender ao mercado
consumidor, sendo hoje considerado um subproduto constante do
portflio comercial da empresa.
Esse projeto de simbiose industrial foi premiado com o Prmio de
Desempenho Ambiental da FIEB no ano de 2002, na categoria de
grande empresa.
c) Barreiras implantao das melhorias identificadas

No segmento metalrgico, os programas da qualidade levaram algum
tempo a se institucionalizar. Isso aconteceu mais rapidamente com a
metalurgia do cobre e do alumnio em virtude do alto valor agregado
dos seus produtos e a exigncia do mercado consumidor. O
desenvolvimento do mercado para a aceitao de novos produtos

precisa ser tratado com estratgias comerciais que permita a sua
viabilidade econmica, principalmente quando o produto a ser
substitudo tem um baixo custo. Apesar de conhecida a aplicao da
escria em jateamento de superfcies metlicas, somente ocorreu
depois da proibio do uso da areia em virtude desta provocar doena
ocupacional (silicose).
Comenta-se que mesmo havendo o retorno do uso da areia para
atividade de jateamento no estado do Rio de Janeiro, a indstria naval
no voltar a us-la em virtude da qualidade agora reconhecida da
superfcie jateada com a escria. Alm disso, h uma maior
preocupao e fiscalizao das jazidas de areia pelos rgos
ambientais estaduais, inibindo a sua explorao ilegal. Outro fator
positivo a possibilidade de reuso da prpria escria em outros
jateamentos. Uma limitao ao desenvolvimento de opes
destinao da escria, o fato de ser considerado um resduo inerte,
o que no leva a priorizao da sua minimizao por parte do
gerador. Sem a exigncia legal de rpida destinao, a mesma fica
estocada em ptios abertos sem grandes conseqncias. Um outro
fator limitante sua comercializao o seu transporte. Devido ao
seu alto peso especfico, 3,3 a 3,9 t/m3, no se pode usar o volume
til da carroceria uma vez que normas do DNER limitam um peso
mximo permitido por eixo do caminho, no transporte rodovirio.
d) Identificao dos segmentos beneficiados

reconhecido o benefcio econmico direto para a empresa
geradora, uma vez que so eliminadas no s despesas de custos
variveis (mo de obra, transporte interno, limpeza de rea) como
tambm melhor utilizadas as reas que seriam destinadas para
estocagem de grandes volumes do resduo.
Alm disso, outras atividades produtivas se beneficiaro, como por
exemplo:
O trabalhador que manuseia o produto diretamente nos servios

de jateamento;
Setor de construo civil e de cimenteiras, pela oferta de matrias
primas de qualidade garantida, como alternativa para os materiais
tradicionalmente utilizados neste segmento, minimizando o
consumo dos recursos naturais e o impacto ambiental provocado
pela sua explorao;
Empresas prestadoras de servios de recuperao de superfcies
metlicas, principalmente a naval que utiliza o resduo como
abrasivo no jateamento de superfcies metlicas, oferecendo um
melhor rendimento e resultando num aumento da produtividade.
Empresas que trabalham com recuperao de reas degradadas
poderiam utilizar a escria como material de preenchimento de
reas erodidas e conteno de encostas devido s suas
caractersticas de permeabilidade, porosidade e alto peso
especfico;
O meio ambiente, que com a utilizao da escria granulada de
cobre como substituto da areia e da argila pozolnica, esta ltima,
na indstria cimenteira, reduz o processo de exausto dos
recursos naturais;
Observa-se que a minerao de areia provocadora de impactos

ambientais principalmente relacionados eroso e assoreamento de
corpos dgua. Quanto argila pozolnica, normalmente obtida nos
sedimentos de lagos e lagoas sendo que sua remoo traz alteraes
qualidade destes mananciais.
e) Resultados alcanados
Foram identificadas melhorias relacionadas ao desempenho
ambiental, produtividade e competitividade da empresa em virtude
dos resultados do reaproveitamento da escria de cobre.
Em relao ao desempenho ambiental

Aumento da eco-eficincia do processo produtivo da Caraba

Metais, onde 84.700 t de material em 2002 deixaram de ser
resduos e foram vendidos como subprodutos. A meta para 2003
de 120 mil t;
Eliminao da necessidade de ampliar a rea de estocagem de
resduos;
Reduo da velocidade de crescimento da montanha de escria
granulada de cobre a ser armazenado, com conseqente melhoria
no impacto visual da localidade;
Reduo no consumo de recursos naturais, atravs da
substituio do uso de:
o Areia nos servios de limpeza de superfcies metlicas (30 mil
t/ano em 2001) como abrasivo para jateamento de superfcies
metlicas;
o Argila pozolnica na fabricao do cimento (60 mil t/ano);
Melhoria no ambiente de trabalho no setor de jateamento (sade
ocupacional) em virtude da substituio da areia pela escria
como abrasivo para jateamento, uma vez que elimina o potencial
do trabalhador adquirir a silicose;
Melhoria da imagem da empresa atravs de atividades pr-ativas
para a minimizao do impacto ambiental perante as partes
interessadas, incluindo os rgos de controle ambiental.
Em relao produtividade e competitividade

Aumento da receita da empresa, com melhoria do resultado
financeiro, atravs da sua comercializao;
Comercializao de um novo produto (copper slag) com valor
agregado, com custo de produo relativamente baixo;
Conquista de novos mercados: construo civil, naval (pintura de
chapas metlicas) por apresentar excelente rendimento na
aplicao como abrasivo, devido ao elevado poder de abraso,
proporcionando melhor controle da pintura e bom acabamento
superficial;
Conquista de novos mercados na indstria cimenteira ao

proporcionar caractersticas pozolnicas ao produto final com um
custo reduzido.
Fazendo-se uma comparao da expressividade do projeto e sua

relao com os aspectos de produtividade e competitividade da
empresa, observa-se que a receita bruta com o reaproveitamento
comercial da escria em 2001, foi equivalente aos gastos da empresa
com os programas de monitoramento do ar, gerenciamento de guas
subterrneas, e o tratamento e disposio de efluentes lquidos na
Cetrel.
Para um futuro prximo, est previsto o consumo de mais escria do
cobre por outra cimenteira do mesmo grupo, sendo reaproveitada
toda a escria produzida.
f) Experincia adquirida (lies) e como isso est sendo replicado para

outros projetos
A segunda maior gerao de

Gerao de Resduos
resduo na Caraba da lama de
gesso. Convnios foram 80% 73%
60%
firmados com a UFBA para
40% 23%
melhor caracteriz-la e identificar 20% 4%
potenciais reaproveitamentos em 0%
Escria de Lama de gesso Outros
outros segmentos produtivos, a cobre
exemplo do que ocorreu com a

Fig. 5.1 Grfico da Gerao de resduos na
escria. Inclusive os testes esto Caraba
Fonte: CARABA METAIS (2002)
sendo feitos pela mesma
cimenteira que hoje reaproveita a escria do cobre.
A insero da rea comercial para desenvolver novos mercados tem
sido de extrema importncia, pois os resduos passam a ser vistos
como oportunidades de negcios e incrementos de receitas. Pela
caracterstica peculiar de uma metalrgica do cobre que transforma
em produto final somente 30% da sua matria prima, a necessidade

de identificar potenciais consumidores de seus subprodutos,
praticando assim a simbiose industrial, tem sido de extrema
importncia para a melhoria dos seus ndices de ecoeficincia.
O amadurecimento nas relaes entre potenciais geradores e

consumidores, passa pelo compartilhamento de informaes tcnicas
e flexibilidade nas negociaes comerciais. importante que se
discuta tecnicamente as possibilidades de modificaes no processo
gerador para reduzir um determinado poluente, para que uma
corrente possa servir como matria prima para outro processo
consumidor. No caso da escria do cobre foram implantada duas
etapas de processamento, uma de peneiramento e outra de secagem,
para adequar a granulometria e teor de umidade dos subprodutos
finais, adequando-se s especificaes dos clientes.
Kincaid (2001) comenta que oportunidades de reaproveitamento de
subprodutos no estudo de caso em Triangle J. foram identificadas
durante visitas tcnicas feitas por potenciais consumidores s
instalaes do gerador. Alm disso, necessrio a quebra da relao
cliente x fornecedor tradicional, onde o fornecedor estabelecia o
valor de venda aps determinar a sua margem de lucro, o que pode
no atender s necessidades do cliente, ficando as duas partes sem
negociao. A viso de minha empresa para nossa empresa
(HATCH, 2001a) precisa ser praticada como forma de implantar os
conceitos de parcerias onde o gerador pode reduzir o seu valor de
venda ou at mesmo investir nas instalaes do parceiro. Aps o
retorno do investimento ter sido recuperado, haver uma nova
negociao no preo do subproduto.
5.2 Os Planos de Gerenciamento de Resduos Slidos (PGRS) das

empresas do Plo
Todos os empreendimentos com potencial de impacto ambiental devem
elaborar o inventrio de resduos slidos durante o seu processo de
licenciamento (BRASIL, 2002). Um banco de dados com as principais

entradas e sadas do processo produtivo foi usado por Kincaid (1999), e
Kincaid & Overcash (2001) para a implantao do sistema de Simbiose
Industrial em Kalundborg. Analisou-se a possibilidade de se usar o Plano de
Gerenciamento de Resduos Slidos PGRS das empresas do plo
apresentado ao CRA39 em fevereiro de 2002.
A forma como essas informaes foram enviadas ao rgo ambiental no

permite uma melhor anlise em conjunto devido a sua heterogeneidade. Na
medida que forem priorizados os princpios da no gerao e da minimizao,
devem apontar e descrever as aes relativas ao manejo do resduo,
contemplando os aspectos referentes minimizao na gerao, segregao,
acondicionamento, identificao, coleta e transporte interno, armazenamento
temporrio, tratamento interno, armazenamento externo, coleta e transporte
externo, tratamento externo e disposio final.
O PGRS deve ser elaborado pelo gerador dos resduos e submetido anlise
do CRA para aprovao. No mesmo, devem constar as trs tabelas que
identificam o gerador, seus resduos e o plano de movimentao. Alm disso,
devem ser contemplados um programa de reduo na fonte geradora,
descrio do acondicionamento, coleta, estocagem, transporte, tratamento e
um programa de educao ambiental para os colaboradores da empresa e
terceirizados (Anexos C, D e E).
Analisando os PGRS de 24 empresas do plo, Fonseca (2003) identificou a

gerao mdia mensal de resduos slidos perigosos no plo em 3.040 t, e
55.926 t estocados temporariamente na Cetrel. Alm disso, contabilizou a
seguinte gerao mensal:
39
Conforme exigido no Art. 138 do Regulamento da Lei Estadual n 7.799, de 07/02/2001, aprovado
pelo Decreto Estadual n 7.967, de 05/06/2001
Tab. 5.2 Gerao de resduos no Plo de Camaari (mensal)

Pallets 73 t Lmpadas fluorescentes 2.867 Unid
Bombonas 1.235 Unid leo lubrificante 32 m3
Tambores 724 Resduo ambulatorial 1,1 t
Fonte: Fonseca (2003)
Baseado nesse documento de conhecimento pblico, foi elaborado pelo

mestrando um banco de dados preliminar que pudesse concentrar as
informaes necessrias para identificar os potenciais de troca de
subprodutos entre empresas geradoras e possveis consumidoras. Uma das
principais informaes que precisam ser trabalhadas a sua caracterizao.
Da forma como ela feita hoje, procura-se identificar quais os contaminantes
que podem impactar o ambiente quando for descartado. Na Simbiose
Industrial, alm da importncia dessa informao, procura-se identificar quais
as substncias contidas no subproduto que tem potencial de
reaproveitamento.
5.3 Empresas participantes

O critrio de escolha das empresas participantes de projeto foi pelo
envolvimento destas em projetos semelhantes, seu reconhecido desempenho
ambiental e tambm pelo conhecimento pessoal do autor desta dissertao
com os responsveis da rea ambiental. Das 15 empresas contactadas, 09
decidiram aderir fornecendo seus Planos de Gerenciamento de Resduos
Slidos PGRS. Manteve-se os antigos nomes (entre parnteses) das
empresas que hoje so unidades da BRASKEM, pois os documentos refletem
a antiga pessoa jurdica, conforme considerado pelo rgo executivo
ambiental do estado CRA. So elas40:
40
Informaes de capacidade instalada de produo obtida em www.coficpolo.com.br acessado em jul de 2003
Tab. 5.3 Perfil das empresas parceiras

Empresa Capacidade instalada de Aplicao da produo
produo
Braskem / Trs milhes de t/ano de Matria prima para as empresas de
Insumos petroqumicos bsicos; segunda gerao;
Bsicos Utilidades (gua, energia, vapor, Fornecimento para o Plo de Camaari.
(Copene) ar comprimido)
Braskem / 195.000 e 160.000 t/ano Fabricao de embalagens, tubos para
(OPP e respectivamente de resinas gs, gua e telecomunicaes, roupas
Polialden) termoplsticas polietileno (PE) e hospitalares, seringas e fraldas
polipropileno (PP) descartveis, mveis infantis, utenslios
domsticos e eletroeletrnicos.
Braskem / 240.000 t/ano de monmeros e o Tubos e conexes, brinquedos, calados,
(Trikem policloreto de vinila (MVC e PVC) fios e cabos, esquadrias, forros, pisos e
CPC) piscinas, entre outras.
Braskem / 65.000 t/ano de cloro ; Produo de PVC, frmacos, defensivos
(Trikem agrcolas, produtos de limpeza domstica e
CQR); hospitalar;
Fabricao de sabo, detergentes, metais
73.000 t/ano de soda e papel e celulose.
Braskem / 60.000 t/ano de polietileno Fabricao de embalagens para
(Propet) tereftalato (PET); refrigerantes e medicamentos;
Produto intermedirio utilizado na indstria
80.000 t/ano de DMT txtil.
Braskem / 56.500 t/ano de Caprolactama; Utilizada na fabricao de fio txtil (nylon-
(Nitrocar- 66);
bono) 97.000 t/ano de sulfato de Utilizado como fertilizante;
amnio;
Usada como solvente para tintas,
52.400 t/ano de ciclohexanona pesticidas, resinas naturais, leos e
borracha.
Caraba 220.000 t/ano de cobre Usado no segmento eletro-eletrnico;
Metais eletroltico;
440.000 t/ano de cido sulfrico Insumos em indstrias em geral.
Politeno 140.000 t/ano de polietileno de Caixas para garrafas de refrigerante, fios e
baixa densidade cabos para televiso e telefone, sacaria
industrial, tubos de irrigao, mangueiras,
embalagens.
Acrinor 88.000 t/ano de Acrilonitrila Fibras acrlicas utilizadas na indstria txtil,
resinas ABS, luvas resistentes a solventes
5.4 Identificao de oportunidades usando o banco de dados de

subprodutos
Com o objetivo de saber se as informaes necessrias para alimentar um
banco de dados de Simbiose Industrial j esto disponveis, foi elaborado um,
baseado no PGRS emitido pelas empresas, em alinhamento legislao. O
Banco de dados aqui elaborado contm no apenas as informaes bsicas,
mas uma caracterizao dos subprodutos indicando os componentes
potenciais de reaproveitamento, principais contaminantes que podero

inviabilizar o seu uso como insumo ou matria prima e o processo que o
gerou.
Uma anlise simplificada desse banco de dados construdo (Apndice I)

mostrou alguns tipos de resduos com potencial imediato de reaproveitamento
externo. So eles:
Embalagens
Tab.5.4 Embalagens com potencial41 de reaproveitamento externo
Tipo Vol (L) Qtde No Produto
gerada empresas
contido
(ano) geradoras
Barrica de papelo 50 325 1 PQ
Barrica plstica 50 87 1 PQ
Bombonas plsticas Diversos 21.567 3 PQ
Contenedores 1.000 32 1 PQ
Tambores metlicos 200 1.920 3 PQ
Vidraria 1 diversos 2.000 1 PQ
Vidraria 2 2.700 kg 4
PQ = Produtos qumicos diversos
Para cada reuso dever ser analisado a compatibilidade do produto contido

com a nova funo a que se destina. Adequa-se de uma forma geral ao
armazenamento temporrio de resduos perigosos ou ao transporte de
pequenas quantidades para aterro industrial ou mesmo incinerao. A
contabilizao dos resduos feita de forma no padronizada pelas empresas
por isso o item vidraria informado em quilogramas por umas e em unidade
de frascos por outras.
Papel e Papelo
Foi contabilizada por uma empresa a gerao de 1.380 m3/ano, cuja
destinao no foi relatada, e em outras duas, informada a quantidade de 31
toneladas com reciclagem externa. Em todas elas esse tipo de resduo gerado
41
Considerado como potencial de reaproveitamento a prtica de reuso ou reciclagem do material na regio.
est classificado como classe II No inerte, quando o esperado seria classe

III - inerte.
Lixo orgnico
gerado nos refeitrios e foi contabilizado por cinco empresas, totalizando
1.400 m3/ano. Em todas elas o destino final o aterro sanitrio da LIMPEC.
Formado por quatro origens: Restos da panela, sobras de pratos, materiais
no aproveitados durante a produo das refeies e embalagens de
alimentos adquiridos.
Um trabalho de minimizao na fonte, com melhor planejamento, diminuiria o

resto gerado na panela; uma maior conscientizao do consumidor em
colocar no prato somente aquilo que ir ingerir reduziria as sobras do prato; a
aquisio de alimentos de melhor qualidade refletiria num menor desperdcio
na hora da preparao; e finalmente uma melhor logstica de compras dos
alimentos a granel reduziria a quantidade de embalagens. Somente aps
essa etapas de minimizao que teramos a quantidade potencial para a
prtica da compostagem.
Borras orgnicas
So geradas principalmente em limpezas de tanques e separadores de gua
e leo. Contabilizaram 1.269 m3/ano em quatro empresas. O motivo da sua
gerao deveria ser alvo de estudos antes da sua destinao final. Em alguns
casos o material particulado arrastado pela gua de chuva e varrio das
reas, quando misturadas com emulso de gua e leo, levam a precipitao
da borra em sistemas separadores.
Catalisadores
Compostos dos mais diversos tipos (cobalto-molibdmio, cromo, nquel,
paldio, vandio) so gerados por quatro empresas e totalizaram 93 m3/ano.
A reativao dos seus stios ou recuperao do metal nele contido no tem
sido praticada em virtude do alto custo operacional (transporte e reativao /
recuperao), pois a maioria importada. Algumas empresas tm
condicionado a compra com a garantia de recebimento ao final da sua vida

til para no ter custo de destinao final.
Lmpadas fluorescentes
Contabilizado por cinco empresas, totalizaram 14.837. Fonseca (2003)
identificou a gerao de 34.400 lmpadas anuais no plo, o que viabiliza a
formao de um pool para otimizar o seu transporte para recuperao.
No grupamento de Lamas chamou a ateno a gerao de 97.000

m3/ano de lama de gesso42 e cerca de 4.735 m3/ano de lama de
clarificadores e torres de resfriamento. Lamas de bacias de emergncia e
contaminadas com hidrocarbonetos totalizaram 603 e 820 t
respectivamente em trs empresas.
Outros resduos gerados anualmente com potencial de reaproveitamento,

aps estudos especficos, poderiam ser:
o Alumina 1.296 t (trixido de alumina a 99%);
o Ciclohexano 123 m3 (a 84% de concentrao);
o Cinza de caldeira 30 m3;
o Coque de pirlise 120 m3;
o Escria granulada 304.000 t;
o Resduo com hidrocarbonetos 1.113 t;
o Resduo de quench 168 t;
o Slica gel + peneira molecular 68 t (80% de dixido de silcio);
o Percloroetileno 24 m3
O fato das unidades de medidas e nomes dados aos resduos no serem

padronizados pelas empresas geradoras, dificulta a anlise do banco de
dados, sendo necessria maiores informaes com os tcnicos das empresas
para promover uma melhor interpretao. Outro ponto de melhoria
identificado seria ter um maior cuidado na hora de classificar os resduos, pois
comum encontrar a indicao como classe II e com o cdigo NBR de classe
42
Projeto de recuperao da Lama de Gesso sendo executado em parceria com a UFBA, CETEM, FINEP.
III. Algumas empresas j indicam os principais contaminantes do resduo o

que poder facilitar o seu reaproveitamento em outro processo produtivo.
Outra deficincia a ser trabalhada no futuro seria a incluso da lista de
entradas (matria prima e insumos) nos processos de manufatura das
empresas. Isso no s auxiliaria a reconciliao dos dados de balano
mssico, como identificaria potenciais consumidores de subprodutos de
outras empresas (KINCAID, 1999).
5.5 Anlise crtica do sistema existente de gerenciamento de resduos para

a implantao de uma proposta de Simbiose Industrial
O Plo de Camaari tem diversificado bastante suas atividades. Alm do
segmento petroqumico e qumico, conta hoje com indstrias de bebidas,
celulose, automotivas, autopeas, txtil, metalrgicas e agroqumicas. Essa
diversidade aumenta o potencial de reaproveitamento de subprodutos entre
diferentes cadeias produtivas. O caso de simbiose praticado pela Caraba
um claro exemplo de como o processo de Gesto da Qualidade Total
permeou o gerenciamento ambiental, priorizando a busca de solues para
um problema crnico de gerao de resduo, ainda que classificado como
inerte. Conforme visto no item 5.1.1, os investimentos em pesquisa e
intercmbio com outras empresas de referncia internacional, direcionaram
para o uso da escria como aditivo na indstria cimenteira e como abrasivo
na limpeza de superfcies metlicas. Para atender as especificaes dos
clientes, houve a necessidade de novas operaes internas de peneiramento
e desumidificao da escria do cobre, alm de melhoria nos sistemas de
transporte rodovirio e ferrovirio.
O Plano de Gerenciamento de Resduos Slidos PGRS elaborado por todas

as empresas do plo e enviado ao CRA um ponto de partida para alimentar
um banco de dados, e com ele identificar o potencial de intercmbio de
subproduto. A sua utilizao requer trabalho especializado no sentido de
analisar as informaes para aproveitamento dos subprodutos e no para
descarte dos resduos, como a inteno hoje.
Mesmo assim, na amostragem realizada com os PGRS de algumas

empresas, observou-se erros de classificao de resduos, necessidades de
padronizao das unidades de medidas utilizadas, cdigo e descritivo do
resduo. A no utilizao de um cdigo padro que permita, por exemplo,
agrupar os subprodutos por famlia dificultar o seu reaproveitamento. Outra
deficincia a ser trabalhada no futuro seria a identificao da coordenada
geogrfica da fonte geradora para incluso num sistema georeferenciado, o
que permitiria uma melhor anlise do custo do transporte entre o gerador e o
consumidor.
A incluso da lista de entradas (matria prima e insumos) nos processos de
manufatura, no s auxiliaria a reconciliao dos dados de balano mssico,
como identificaria potenciais consumidores de subprodutos por parte de
outras empresas, objetivo final de um sistema de Simbiose Industrial.
No Plo de Camaari identificaram-se prticas, discutidas no tem 2.4.11, que

na sua maioria so caracterizadas como sendo do TIPO 1 da classificao
proposta por Chertow (2000) (Prticas Fim de Tubo), algumas com programas
institucionais que do suporte ao TIPO 2 (Preveno da Poluio) e umas
poucas no TIPO 3 (Preveno da Poluio com Simbiose Industrial). Esse
baixo desenvolvimento de Simbiose Industrial deve-se ao total
desconhecimento dos ganhos potenciais com a sua prtica e a inexistncia de
um frum de discusso onde os participantes pudessem trocar informaes
entre si. Outra barreira identificada a forma sigilosa como que as empresas
lidam com esse tipo de informao (gerao de resduos), com receio de
prejudicar a sua imagem.
6 PROPOSIES
Para o planejamento de uma rede de Simbiose Industrial no Plo de Camaari,

anlises econmicas, tcnicas, ambientais e de regulamentaes devem ser
discutidas entre os diversos segmentos interessados.
importante determinar o potencial de benefcios econmicos que os

participantes tero para que sejam alocados os recursos humanos e materiais
necessrios. H necessidade de se realizar uma anlise tcnica para se
identificar as tecnologias ambientais disponveis e a sua adequao aos
parmetros ambientais desejados. Alm disso, o constante aumento das
restries ambientais fomenta o aprimoramento de inovaes tecnolgicas e
gerenciais. As regulamentaes ambientais e fiscais geram dificuldades prtica
do intercmbio de subprodutos ao exigir o mesmo tipo de procedimento que os
resduos, no que diz respeito aos processos burocrticos de licenciamento
(transporte e destinao); alm da incidncia de impostos e taxas como se
matria prima fossem.
Alguns fatores so decisivos para a implantao de um projeto de Simbiose

Industrial, como:
A disposio da comunidade industrial em trabalhar projetos coletivos
atravs do compartilhamento das informaes e o seu envolvimento na
busca de solues que priorizem o conjunto;
O perfil econmico da regio e a localizao das empresas;
E a viso poltica e ambiental dos participantes levando flexibilidade na
legislao ambiental e fiscal.
Para desenvolver o processo de discusso em torno da Simbiose Industrial,

sugere-se a formao de um comit gestor para conduzir o processo e um frum
reunindo empresas, governo, academia e outras instituies parceiras. Podero
ser formados grupos de trabalho com os seguintes objetivos:
Grupo Tcnico = Ter como principal objetivo a identificao contnua das

sinergias entre as diversas empresas parceiras e desta com outros
segmentos produtivos;
Grupo Normativo = Tem por objetivo identificar as barreiras legais que
dificultam a implementao de sinergias, podendo ser fiscais, normativas
ou financeiras, com claro envolvimento de instituies executivas
ambientais e tributrias, alm de criar os mecanismos de segurana
necessria prtica da Simbiose Industrial;
Grupo de Comunicao = Dever promover seminrios e encontros
regulares com o objetivo de identificar e atrair novos parceiros.
Detalhando as atividades do comit gestor e dos grupos de trabalho, temos:
Ao Comit Gestor caber a escolha do tipo de coordenao executiva que

o processo adotar. Gertler (1995) exemplificou os trs tipos mais comuns
adotados em experincias bem sucedidas mundo afora e j visto no tem
3.10.
O tipo Coordenao interna praticada por algumas empresas ou entre

unidades pertencentes ao mesmo grupo de negcios. Isso foi possvel
devido ao fluxo de informaes tcnicas e a busca mais pelo
reaproveitamento econmico do subproduto do que pelo controle dos
poluentes. Retorno de correntes residurias de etileno ao prprio gerador,
reuso de correntes cidas para neutralizao de corrente alcalina em outra
unidade do mesmo grupo, so exemplos de Simbiose Industrial j
praticados, porm de pouca magnitude diante do potencial que se
vislumbra para o complexo em estudo.
O que parece ser mais factvel realidade do plo o definido como

Coordenao externa, onde ou o Comit de Fomento Industrial de
Camaari COFIC ou a Cetrel poderia assumir esse papel, respaldado
pelo Grupo Tcnico com representantes no s das empresas, mas
tambm do CRA e instituies de pesquisa. Esse modelo seria o de menor
esforo coletivo uma vez que grande parte das informaes de alguma
forma j so de conhecimento do COFIC ou da Cetrel.
O Tipo Coordenao de terceiros (BROKER) pode tambm ser a soluo

desde que tenha em seu quadro de colaboradores no s representantes
comerciais, mas tambm especialistas no tema em questo. De certo modo
ela j praticada de forma pontual, como exemplos, temos o
reaproveitamento de sucata ferrosa feito por diversos sucateiros e o leo
lubrificante coletado pela empresa de re-refino Lwuart. Empresas com esse
perfil poderiam ser desenvolvidas entre as existentes na regio ou criadas
dentro de programas de incubadoras tecnolgicas.
leo comestvel usado, madeira, bombonas plsticas entre outros, so
subprodutos potenciais de serem negociados.
Ao Grupo Tcnico, sugere-se algumas aes que viabilizariam a Simbiose

Industrial em outras experincias, so elas:
o Elaborar um sistema de informaes de subprodutos de forma
transparente, com a quantidade gerada e a especificao de correntes
que possam viabilizar seu reaproveitamento em outra empresa. Para
isso necessrio conhecer:
A fronteira do sistema e os participantes;
O fluxo material e energtico das empresas;
Qualidade e confiabilidade na especificao das correntes;
Normas e legislaes a que esto submetidas;
o Desenvolver a credibilidade e boa vontade entre os parceiros,
favorecendo o intercmbio de subprodutos;
o Criar canais de comunicao abertos entre as empresas e instituies
parceiras (acadmicas e governamentais);
o Incentivar parcerias com instituies intermedirias (brokers) que
viabilize a segregao, envasamento e o fracionamento do subproduto,
de acordo com o perfil do consumidor;
o Desenvolver a viso gerencial e comercial em prol da coletividade
(nossa empresa) em detrimento da individual (minha empresa);
o Elaborar um mapa georeferenciado (SIG) contendo as informaes dos

parceiros, estradas rodo-ferrovirias, facilitando assim sua identificao
e localizao fsica na regio;
o Atrair fontes de recursos atravs de projetos cooperativos envolvendo
agncias de fomento a pesquisa, empresas e instituies acadmicas;
Ao grupo Normativo
o Pesquisar ferramentas de valorao dos impactos ambientais que levem
as empresas a reconhecerem as externalidades ligadas a seus resduos;
o Propor modelos de licenas ambientais tipo guarda-chuva onde um
grupo de empresas pode negociar a reduo das emisses
coletivamente;
o Propor formas de reduo de impostos para os subprodutos que estejam
substituindo matria prima ou insumos nos processos produtivos;
o Estudar a flexibilidade no trnsito de subprodutos entre municpios,
assim como na uniformizao de documentos de controle e impostos
incidentes sobre os mesmos;
o Sugerir a incluso de dados que se refiram a informaes estruturadas
por processo para melhor identificar os pontos de gerao de resduos
incluindo as entradas de matrias primas e insumos. Essas informaes
so consideradas no CONAMA 313/2002 e no aparecem nos PGRS
enviados ao CRA;
o Atuar junto ao CRA na elaborao do Inventrio Estadual de Resduos
Slidos Industriais cujo prazo encerra-se em outubro de 2004;
o Participar junto ao CRA na elaborao do Programa Estadual de
Gerenciamento de Resduos Slidos, onde alm da nfase de
preveno na fonte, seria fomentada a Simbiose Industrial de forma
regional.
Ao Grupo de Comunicao
o Realizar eventos para divulgar os casos de sucesso e incentivar a busca
contnua de novos parceiros;
o Elaborar um plano de marketing para o plo de Camaari, contemplando

a estrutura de um ecoparque industrial com nfase na Simbiose
Industrial para os resduos slidos, a exemplo do realizado no estado do
Rio de Janeiro;
Alm dessas sugestes aos grupos de trabalho, foram identificadas as formas

como o setor pblico pode alavancar a prtica da Simbiose Industrial:
Desenvolver mecanismos de incentivo financeiro. a forma de apoio mais
comum, atravs da destinao de recursos para a formao de
cooperativas, grupos de trabalho com o objetivo de alavancar as
oportunidades de mercado e competitividade. O programa de criao da
rede do estado do Oregon/EUA analisa projetos que envolvem mais de trs
empresas, oferecendo oito horas de consultoria para a formao do projeto
(LOWE, 2001);
Formar cadastros de consultores de rede. A Dinamarca formou 40
consultores para implementar redes de intercmbio em todo o pas
(LOWE, 2001);
Identificar arranjos produtivos (cluster) que possa alavancar a formao de
um ecoparque industrial com nfase na Simbiose Industrial para resduos
slidos, ou instituies (associaes de classe, federaes setoriais) que
consigam aglutinar empresas em torno desse conceito.
7 CONCLUSES
O tema final desta dissertao teve algumas mudanas de rumo para adequar
realidade das informaes obtidas nas pesquisas. A no incluso das correntes
lquidas no estudo de Simbiose Industrial, inicialmente prevista, deveu-se a falta de
qualidade e padronizao das informaes disponveis nos balanos hdricos das
empresas. Apenas 09 das 15 empresas contactadas, concordaram em fornecer os
dados de gerao de resduos para a formatao do banco de dados. Uma maior
abertura por parte das empresas precisa ser trabalhada no sentido da plena
divulgao de informaes ambientais. Mas, ao mesmo tempo importante que a
imprensa divulgue no somente notcias de emergncias e degradao ambiental,
mas tambm casos de sucesso, entre eles os que retratem experincias de
Simbiose Industrial. Espera-se que o setor produtivo juntamente com as instituies
de pesquisa, passem a ver os problemas de gerao de resduos, como
oportunidades de melhoria levando a uma reduo nos seus custos de produo e
impactos ambientais. A boa receptividade dos profissionais das empresas
participantes e do rgo ambiental, assim como os acadmicos envolvidos, ao
longo desta pesquisa, levaram a um processo de aprimoramento das relaes
institucionais e a uma divulgao das idias aqui contidas, o que potencializa a
implantao das medidas recomendadas em programas interinstitucionais, base
para a insero da S.I. entre empresas.
A Simbiose Industrial uma ferramenta til para a minimizao dos impactos

ambientais causados pelas correntes residuais, uma vez que se destina a reinser-
las em outros processos produtivos e com isso, eliminar os custos de adequao,
destinao final ou temporria, como aterros domsticos e industriais.
Para tanto h necessidade de se organizar um banco de dados com as informaes
de gerao, especificao de resduos, consumo de matria prima e insumos,
processos de origem dos contaminantes, localizao das empresas, entre outras; e
um corpo tcnico competente para identificar sinergias entre geradores e
consumidores na regio.
A gesto dessas informaes ainda um dos principais pontos a serem trabalhados

nas empresas. O livre acesso s informaes ambientais ainda uma questo que
gera controvrsias. Uma das preocupaes externadas pelos representantes das
empresas no ltimo encontro realizado no COFIC era de que haveria uma
necessidade de amadurecimento das instituies privadas para que as informaes
flussem aos interessados de forma natural, e das instituies de pesquisa em trat-
las de forma tcnica, evitando assim que elas fossem usadas indevidamente pela
mdia com o intuito de prejudicar a imagem dos geradores.
Os geradores que adotam a prtica da S.I. so aqueles que visam o ganhos

coletivos em detrimento do exclusivo ganho individual (viso de nossa empresa em
vez de minha empresa (HATCH, 2001a)). Isso requer muitas vezes investimentos
para a adequao de algum parmetro poluente da corrente residual para a
aceitao pelo consumidor. Parcerias deste tipo tm levado a formao de
estruturas de negcios onde a varivel econmica e legal so preponderantes para
a sua consolidao, tanto para viabilizar a comercializao (Custo x Benefcio),
como para legalizar o intercmbio (licenas ambientais).
Os instrumentos legislativos tm importante papel nessa jornada, uma vez que as

informaes sobre gerao de resduos, matrias primas e insumos consumidos
pelas empresas, na prtica ainda no esto disponveis ao pblico. A Lei No 10.650,
de abril de 2003, que dispe sobre o acesso pblico aos dados e informaes
existentes nos rgos e entidades do Sistema Nacional do Meio Ambiente
SISNAMA, visa atender a essa demanda. Para isso, procedimentos administrativos
que garantam o objeto dessa lei precisam ser implantados pelos rgos Estaduais
de Meio Ambiente.
O CRA tambm dever rever os Termos de Referncia para a elaborao dos

PGRS, passando a contemplar as informaes solicitadas na resoluo CONAMA
313/2002, que estabelece prazos para cada estado elaborar seu Inventrio de
Resduos Industriais at o final de 2004, e os Programas Estaduais de
Gerenciamento de Resduos Industriais em 2005. Finalmente, o Plano Nacional de
Resduos Industriais dever ficar pronto em 2006. Para a elaborao do PGRS,
cada empresa deve listar no somente os resduos gerados como tambm as

matrias primas e insumos consumidos por processo produtivo, alm das
coordenadas geogrficas das fontes geradoras.
O CONAMA 313/2002 torna-se uma importante ferramenta para a elaborao de um

sistema de informao com o foco em Simbiose Industrial, potencializando o
reaproveitamento de subprodutos em outros processos produtivos.
Outro instrumento normativo importante para a prtica da Simbiose Industrial o
Decreto Estadual 7.967/2001. Se por um lado, esse decreto limita o emprego de
resduo perigoso como matria prima e fonte de energia, bem como a sua
incorporao em materiais, substncias ou produtos, aprovao do CRA (artigo
140), estabelece que caber unidade receptora a responsabilidade pela correta e
ambientalmente segura gesto do resduo recebido (artigo 137), desde que
devidamente licenciada para isto. Portanto a prtica da Simbiose Industrial j est
sendo contemplada pelas mais recentes leis emitidas a nvel federal e estadual.
A existncia de diferentes ramos de empresas (petroqumica, qumica, metalrgica,

txtil, bebidas, fertilizante, servios, entre outras) na regio, facilita o
desenvolvimento de parcerias entre os geradores e consumidores de resduos. A
proximidade entre as empresas tambm um fator preponderante que poder
otimizar o fluxo de massa entre os parceiros, assim como a formao de recursos
humanos especializados no aproveitamento de resduos slidos industriais.
A S.I. tem sido praticada de diversas maneiras pelas empresas, porm de forma
isolada. Varia do simples recolhimento de materiais reciclveis (papel, plstico,
papelo, metais ferrosos) at o desenvolvimento de processos consumindo
correntes residuais. Um exemplo o reaproveitamento da escria do cobre gerada
pela Caraba Metais. Atravs de parcerias com centros de pesquisa nacional, foi
desenvolvida a aplicao da mesma nas indstrias cimenteira e naval, destinando
assim cento e vinte mil toneladas em 2003. Outro exemplo identificado foi a
produo de dez mil toneladas/ano de sulfato de amnio, pela Proquigel. O seu uso
como fertilizante evita que essa quantidade de matria seja incinerada, eliminando
assim a emisso de gases precursores da chuva cida (xidos de enxofre e
nitrognio) para a atmosfera. Ambos os casos foram desenvolvidos com os recursos

humanos da regio.
Algumas experincias bem sucedidas na prtica da S.I. apontam para a

necessidade de se criar uma instituio, sem fins lucrativos, para gerenciar esse
processo. Foi assim em Triangle J. / EUA (KINCAID e OVERCASH, 2001;) e nas
Filipinas (FRIO, 1998), onde o aporte de recursos governamentais foi decisivo para a
sua implantao.
Outra forma identificada foi atravs de um broker, empresa que intermediasse
tcnica e comercialmente o intercmbio do subproduto at a sua implantao
(YOUNG, 1999; HATCH, 1998; HATCH 2001a; HATCH 2001b; HATCH 2002).
Nesse caso identifica-se as experincias do Mxico, EUA e Canad, onde a
participao de rgos de classes alavancou a participao de empresas
conveniadas, criando um grupo de empresas que mantivesse a sustentabilidade
econmica do broker.
O Plo de Camaari conta com uma instituio que representa os interesses das
empresas do Plo (Comit de Fomento Industrial de Camaari COFIC) e uma
empresa de competncia reconhecida nacionalmente na rea de gesto de resduos
(Cetrel Empresa de Proteo Ambiental), isso facilita a implantao de uma
coordenao de programas de S.I., qualquer que seja a forma a ser adotada. Outro
fator importante a se ressaltar a existncia de incubadoras de empresas
tecnolgicas na regio, o que poder agilizar a insero de novos empreendedores
que desejem atuar no reprocessamento de correntes residuais.
A proposta apresentada nesse trabalho sugere a formao de um comit gestor para

conduzir o processo de S.I. na regio do Plo, juntamente com grupos de discusso
formados pelas partes interessadas envolvendo as empresas, instituies
acadmicas, de pesquisas, governamentais estaduais e municipais, com focos em
temas especficos (tcnicos, econmicos, normativos e de comunicao).
Esse comit gestor atuaria como articulador para incrementar sinergias entre os
parceiros, na identificao de aes internas geradora, entre empresas da regio,
e at mesmo identificando oportunidades para que a academia e empresas de
consultoria viabilizassem atravs da pesquisa e comercializao, o reaproveitamento

dessas correntes residuais.
Torna-se imprescindvel, conforme citado no Item 2.5, uma anlise tcnico-
econmica para dimensionar os ganhos e os recursos humanos e materiais
necessrios, assim como a tecnologia disponvel e os parmetros ambientais
desejados. Alm disso, o acompanhamento da legislao ambiental, cada vez mais
restringente e a ampla divulgao de casos bem sucedidos tm atrado a adeso de
outros parceiros, contribuindo assim para a disseminao dos conceitos da Simbiose
Industrial.
O grande desafio ser mobilizar as partes interessadas visando no somente os

ganhos individuais, mas ganhos para a coletividade. O CRA ter importante papel
dentro desse comit, como incentivador de programas de minimizao de impacto
ambiental causado pela gerao de resduos slidos, e incluindo os conceitos de
Simbiose Industrial quando da elaborao do Programa Estadual de Gerenciamento
de Resduos Industriais previsto para outubro de 2005 (BRASIL, 2002). A viso
desses rgos governamentais deveria mudar de fiscalizadores para
incentivadores de melhoria e inovao ambiental.
A academia apoiaria a pesquisa, adotando o reaproveitamento das correntes
residuais como tema em estudos de viabilidade econmica, tcnica e ambiental, e
capacitando tambm seus recursos humanos para a aplicao desses
conhecimentos em outros setores produtivos.
As empresas geradoras e consumidoras seriam as partes mais importantes e
interessadas nesse processo de Simbiose Industrial uma vez que todas as
informaes partiriam delas, atravs dos seus inventrios de resduos slidos
industriais.
O Inventrio de Resduos ser parte fundamental nesse processo pois a partir dele
se definir as prioridades e estratgias para a comercializao dos subprodutos
identificados.
A velocidade de implantao de um S.I., quer seja ela coordenada por uma

organizao com ou sem fins lucrativos, dever ser diretamente proporcional com a
cobrana da sociedade na minimizao dos impactos ambientais. Sociedades mais
organizadas com representantes ativos nas esferas governamentais possuem

instrumentos legislativos que demandam uma atuao mais efetiva na gesto dos
resduos industriais.
8 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS
Durante o perodo dessa dissertao outras sugestes foram surgindo, e para

no desviar do objetivo desse trabalho, foram sendo armazenadas e agora
discutidos como temas para outras monografias e dissertaes do mestrado
profissional, so elas:
8.1 Replicar os conhecimentos adquiridos de um sistema de Simbiose

Industrial com foco em resduos slidos, para efluentes lquidos,
principalmente com correntes cidas e alcalinas;
8.2 Identificar os instrumentos normativos governamentais (Federal, Estadual e
Municipal) que podem incentivar o desenvolvimento e gerenciamento de
um ecoparque com nfase em Simbiose Industrial;
8.3 Identificar os tipos de arranjos produtivos e de servios necessrios para a
implantao de um plano de ao regional para fomentar a simbiose
industrial entre essas empresas, e destas com as comunidades
circunvizinhas ao Plo;
8.4 Desenvolver um sistema informativo de gerenciamento de resduos
adequando para a realidade local, baseado nos softwares em teste nos
Estados Unidos.
8.5 Identificar no efluente final do Plo o poluente que prioritariamente deve ter
sua rota monitorada e para isso aplicar a metodologia de Anlise de Fluxo
de Substncia - SFA;
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APNDICES
A - Banco de dados com foco na simbiose industrial

Estado
Cont Fsico Frequncia Qtde Qtde
Cod interno Origem [Processo / (S, B, (E, A, M, Destinao Destinao Principais gerada estocada Observa
NBR Descrio do Resduo Unid Classe residuo rea] L, G) S, D) (Atual) (Potencial) Contaminantes por ano (2001) o
3 0
F030 leo lubrificante com hidrocarb. m CO101 Selagem L M RE
I 70,0
3 2
U220 Silicone contaminado com DMF m CO102 Butadieno B E I
I 6,2
3 2,6
K022 Resduo de Alcatro m CO103 Butadieno B M CPFC
I 4,4
3 39
U019 Resduo de Quench m CO104 Pirlise B M CPFC
I 167,8
3 12
U019 Coque de Pirlise m CO105 Pirlise S M CPFC
I 120,4
3 70,2
U019 Resduo de limpeza de caixas m CO106 SO B E CPFC/B
I 77,0
3 0
U099 Soda Castica Gasta m CO107 Pirlise B M AIE
I 0,2
3 813
U019 Borra Oleosa ADs do SAO-II m CO108 SAO II B M CPFC/B
I 183,5
3 21
U019 Borra Oleosa do Silo do SAO-II m CO109 SAO II B E CPFC/B
I 111,6
3 12,0
U019 Oxdo de Ferro c/ HC m CO110 Tancagem B E B
I 121,6
3 0
U099 Borra de Fundo de Tanques m CO111 Tancagem B E CPFC/B
I 848,5
3
K022 Resduo de Alcatro com Tolueno m CO112 Butadieno B CPFC/B
I
3
U099 Resduo de Nalco 2265 m I CO113 Pirlise B I 0,8
3
U043 Cloroetano m I CO114 Oficinas / dutovias L I
U077 DCE (Di-Cloro-Etano) m
3
CO115 Reforma Cataltica L E I 0,8
I
3 0,6
D001 Plimero de Butadieno m CO116 Butadieno B E CPFC
I 27,2
3
U099 Polibutene m I CO117 Butadieno L I
3
U099 Vidraria contaminada m I CO118 Laboratrios S RE
U099 Bombonas contaminadas un CO119 Diversos S E RE

I 3,0
0
U099 Tambores Contaminado un CO120 Diversos S M RE
I 1.820,0
U099 Borra Diluente do rasf m
3
CO121 Tancagem B E CPFC 93
I
U099 Slido centrifug. AD-1054 m
3
CO122 SAO II B E CPFC/B 0
I
3 0
U099 Fase lquida centrif. AD-1054(***) m CO123 SAO II L E RI
I
3
U099 Lixo contaminado m II CO124 Diversos S AIE
3
U099 Polmero de Isopreno m CO125 Isopreno S E CPFC
I 1,0
3 2,2
D006 Peneira a base de brio m CO126 P-Xileno S E AIE
I 8,4
F099 Lmpada com vapor de Hg Um CO127 Diversos S D RE Vapor de Hg 0
I
D004 Lixo ambulatorial L I CO128 Diversos S D L
3
3,2
A099 leo Combustvel c/ gua e ou Areia m CO201 Tancagem B M L
II 1,0
3 0
A099 Argila Tonsil/Filtrol m CO202 Aromticos A AIE
II 69,4
3 0
A099 Peneira Molecular m CO203 Diversos S A AIE
II 68,8
3 0
A099 Cinzas de Caldeiras (*) m CO204 Caldeiras S E AIE
II 30,3
Lama com Metais da Lavagem das 3
0
A099 m CO205 Caldeiras B E AIE
Caldeiras II
3
2,2
A099 Areia contminada c/HC (escavaes) m CO206 Diversos S E AIE
II 1.353,0
3 0
A099 Lama dos Clarificadores m CO207 UTA B M AS
II 4.605,0
3 0
A099 Lama da Torre de Refrigerao m CO208 Diversos B E AIE
II 130,4
3 0
A099 Catalizador de Co-Mo m CO209 DPG / Reforma S E AIE
II 55,5
A099 Catalisador gasto de Pd m
3
CO210 DPG S E AIE 0
II
3 0
A099 Peneira Molecular(Monmeros) m CO211 Isopreno S AIE
II
3 0
A099 Alumina m CO212 Isopreno S AIE
II 43,2
A099 Lixo Contaminado m
3
CO213 Diversos S E AIE 23,5
II
A099 Estrados de Madeira m
3
CO214 Diversos S E AIE 0
II
A004 Sucata metlica t II CO215 Diversos S RE
3 0
A001 Restos de Alimentos m CO301 Refeitrio S D AS
III 1.399,0
3 0
A002 Lixo Ordinrio m CO302 Diversos S D AS
III 3.263,0
3
0
A099 Resduos slidos no contaminados m CO303 Diversos S D AS
III 5.899,0
3 0
A099 Entulho de obra cvil m CO304 Diversos S D AS
III 448,0
3 0
A099 EPI's Usados m CO305 Diversos S E AIE
III 26,0
A099 Estrados de Madeira Limpo m
3
CO306 Diversos S M AS 0
III
3
Lama de gesso m II CM01 UTE B D AII Cermica 97.090
3
Pisos / plsticos contaminados m II CM02 Man S E AII 2.052
Reutilizao
/ Fornos
recuperao Conversore
3
Catalisador - pentxido Va m II CM03 Ac. Sulf. S E RI do metal 18 36 s
Fornos
Lama cprica t II CM04 Eletrlise B M RI 304 2.100 Flash
3
A017 Finos de escria m III CM05 Forno Eltrrico S D AII 3.285
metais (As, Cu, Ni, Zu,
3
A025 L de vidro m III CM06 Man S E AII Pb) ppm
304.04 Cimenteira
A017 Escria granulada t III CM07 Forno Eltrrico S D V/AII 5 4.000.000 / Estaleiros
Lixo Ordinrio 3
D002 m III CM08 Diversos S D RE/AS 1.351
D004
Lixo ambulatorial L I CM09 Posto Mdico S D L 1.825
Poeira - limpeza equip. t I CM10 Diversos S D RI 730

3
Lama de sulafato de brio m II CM11 ? B E AII 15
Fagus
Sucata tijolo refrat. t II CM12 Diversos S M RI/RE 700 refratrios
A004 Sucata ferrosa t II CM13 Diversos S M RE 480

Processo
3
Borra oleosa m II CM14 Diversos B M RI 36 Fundio
3
A001 Lixo refeitrio - Orgnicos m III CM15 Refeitrio S D AS 2.044
leo mineral = 95% e T2
D001 Trietilaluminio t I OP01 L = 5% 7
A006 Papel e papelo t II OP02 Diversos S RE 1,1
A007 Plsticos t II OP03 Diversos S RE 0,75
A099 Vidros t III OP04 Diversos S RE 1,5
3
A009 Madeira m II OP05 S RE 203
A004 Metais t II OP06 S RE 4,9
F099 Lmpadas Fluorescentes Un I OP07 Diversos S RE 1.012

F099 leo Lubrificante e mineral m3 I OP08 Diversos L RE 12
A001 Lixo Orgnico kg II OP09 Refeitrio S AS 158
3
A003 Lixo Domstico m II OP10 Diversos S AS 280
3
A002 Entulho m II OP11 Diversos S AS 506
D004 Lixo ambulatorial kg OP12 Ambulatrio S L 3,7
D002 Catalizador t I OP13 L Silica = 98% e Cr+6 = 2% 11,1
D004 Lama da bacia de emergncia t I OP14 L 91,8
A099 Peneira molecular t II OP15 S 17,2
A005 Papel e papelo t II TR01 Diversos S D RE 30
A217 Plsticos t II TR02 Diversos S D RE 12
A009 Madeira t II TR03 Diversos S D RE 92,4
A004 Metais t II TR04 Diversos S D RE 163,2
F099 Lmpadas fluorescentes Um I TR05 Diversos M RE 1185 296
leo lubrificante ou leo isolante I TR06 Man L D RE
usado
F099 m3 8,8 2200
A001 Lixo orgnico t II TR07 Refeitrio S D AS 3,84
Lixo domsticos 3 II TR08 Diversos S D AS
D002 m 41
Entulhos 3 TR09 Diversos S D AS 70
m II
TR10 Ambulatrio S D L 24
D004 Resduos do servio de sade kg I
Resduos slidos contaminados (lama I TR11 Diversos S D AIE
de catalisador, coque, aneis de
cermica, diversos do laboratrio,etc
t 72
Areia de jateamento t I TR12 Forno Destilao S A AIE 0,0294
Lama da bacia de emergncia t I TR13 B E AIE 511
Lama do tanque de HCS t I TR14 Monmero B E AIE 820
HCS (hidrocarboneto seco) t I TR15 Monmero D AIE 609 541
HCU (hidrocarboneto mido) t I TR16 Monmero B D AIE 504
A217 Bombonas plsticas Um I TR17 Polmero S D RE 7164
A117 Vidros t III TR18 Diversos S D RE 0,72
D004 Lixo Hospitalar I PD01
Resduos slidos de Catalisador PD02
I
Lmpadas Fluorescentes Queimadas PD03

F099 I
Elementos Filtrantes II PD04
Recheio de Torres II PD05
Vidraria de Laboratrio II PD06
Vasilhame de STADIS II PD07
F099 leo Lubrificante Exausto II PD08
D002 Lixo Industrial III PD09
D002 Lixo Domstico III PD10
A006 Papelo e Barricas de Papelo III PD11
A009 Madeira Inservvel III PD12
A004 Tambor de Recheio III PD13

Bota Fora de |Construo III PD14
A217 Sacaria/Big Bag/Lona Preta III PD15

Frascos de Cromo PD16
Ciclohexano = 74%,
A-400; separador P- Polmero = 13 H2O=
D001 Greese + Ciclohexano m3 I PT01 46-0; E-5401 L M 13% 6,804
PEL / PEBD (A-300; Aditivo = 80% e

D001 Aditivos qumicos m3 I PT02 TQ4801) B M ciclohexano = 20% 2,4
Perclo = 1%, baixos

Borra de Polietileno contaminado com polmeros = 98% e SH =
K030 percloroetileno t I PT03 P-01-12/62 S E 1% 0,167
Lmpadas Florescentes, Mistas e 15 a 20 mg Hg por
K071 ? Vapor de Mercrio Um I PT04 Diversos S M lmpada 2400
K082 Baterias Um I PT05 Diversos S A Cd, Cu, Li, Pb 6
F002 Cloreto de Metileno t I PT06 A-200; AC-46-01 L M Diclorometano = 100% 0,3

cido pelargnico = 80%,
TiCl4 + VOCl3 +
Isobutanol + leo min =
D003 Catalisador + Co-Catalisador t I PT07 A-100; TQ-4401 a 10 L E 20% 0,996
D001 Areia Contaminada c/ leo t I PT08 PEL / PEBD S M Ciclohexano + leo 2,4
Difenil = 48%, xido de

fenila = 48%, H2O e
3
F100 Fludo Trmico m I PT09 A-200 L E impurezas = 4% 0,204
Ciclohexano = 84%,
A-100; V-4104; B- carbonila = 1% H2O =
3
D001 Ciclohexano m I PT10 4401/05 L M 15% 123,36
A005 Vidraria t II PT11 Laboratrio S M 0,24
A004 Tambores t II PT12 Diversos S M 0,384
A007 Bombonas Um II PT13 Diversos S M 14400
Trixido de alumina =
A099 Alumina Usada t II PT14 A-100; V-4301 A/B S M 99% 1296
Dixido de silcio = 80%,
Trixido de alumnio =
A099 Slica Gel + Peneira Molecular t II PT15 A-100; V-4102 A/B S M 20% 66
A005 Sucatas t II PT16 Diversos S M 6,864
3
A006 Papel/Papelo m II PT17 Diversos S D 1380
A001 Restos de Alimentos t II PT18 Refeitrio S D 3,72
A099 Lixo Ambulatorial t II PT19 Ambulatrio S D 0,024
D003 Borra de Pit de Separao t I PT20 P M Ciclohexano = 105 ppm 120

D001 Paletes de madeira contaminado Um I PT21 Diversos S M 182,4
3
K030 Resduo de Percloroetileno Lquido m I PT22 L M 24
Catalisador (ZnO) I NT01 U-6000 S E Zn 9 t/10 ano
Carvo Ativo do X5210 A/B t III NT02 U-5200 S E 0,2 3
Recheio de colunas C-5401/2/5501 III NT03 U-5000 S E 24,75 10 t/3 anos
Borra de Oxidao t II NT04 U-5000 B A 0,8
Recheio de colunas C-5602 II NT05 U-5000 S E
Recheio de colunas C-5803 III NT06 U-5000 S E
Catalisador (CuSiO2) II NT07 U-5000 S A Cu 7 t/1,5 ano
Borra de Oximao I NT10 U-6000 B E
Recheio de coluna C-6501 III NT11 U-6000 S E
Velas de Hyam t III NT12 U-6000 S A 0,8
Recheios de coluna C-6401/2 III NT13 U-6000 S E
Catalisador (telas Pt/Rh) t III NT14 U-6000 S M Pt/Rh 0,012
Catalisador Pd/Al2O3 III NT15 U-6000 S E Pd 0.25 m3/7
anos
Catalisador Pd/C t II NT16 U-6000 S A Pd 2

Borra do V-6204 t II NT17 U-6000 B M 0,9
Borra de Oxima t III NT18 U-6000 B A 0,005
Resinas Aninicas II NT23 U-7000 S E 4,4 5,5 t/2 anos
Resinas Catinicas II NT24 U-7000 S E 3,9 6,5 t/4 anos
Catalisador Ni/Raney t I NT25 U-7000 S M Ni 1,2 1,1
Borra de nitrol/nitrleo I NT26 U-5000/200 B E 2,85
Borra de H2SO4/leum II NT27 U-300 B E 5
Embalagens plsticas ((NH4)2SO4 ou
caprolactama) III NT28 U-8000/7800 S E
Embalagens plsticas (resinas de
troca inica) III NT29 U-7000 S E
Embalagens plsticas (Pd/C) II NT30 U-7000 S E
Tambor metlico III NT31 U-7000/5000 S E
Sucata metlica III NT32 Diversos S E
Sucata de ao inox III NT33 Diversos S E
Sucata de cobre III NT34 Diversos S E
Sucata de alumnio III NT35 Diversos S E
Frasco de vidro Um II NT36 Laboratrio S A 2000
Resduo de servio mdico kg I NT37 Ambulatrio S M 24
Resduos de Refeitrio II NT38 Refeitrio S E
Lixo de varrio III NT39 Diversos S E
Lixo civil III NT40 Diversos S E 0,6
Resduo de madeira III NT41 Diversos S E
Resduos de derramamento de leo I NT42 Diversos S E
Borra do flare I NT43 Vaso de selagem B E
Bora do API I NT44 X-0204 B E 3
EPI usados II NT45 Diversos S E 1,2
Filtros, isolantes,l de vidro, estopa III NT46 Diversos S E
Resduo plstico de escritrio III NT47 Diversos S E
Resduos de papel / papelo III NT48 Diversos S E

Refratrios de fornos III NT49 F-0101/5901 S E 6,5
Baterias e pilhas usadas I NT50 Diversos S E
Lmpadas fluorescentes I NT51 Diversos S E
Latas de solventes e tintas II NT52 Diversos S E
Resduo de carbonato de sdio t II NT53 U-0100 S M 50,4 24,5
Terra contaminada II NT54 Diversos S E 12
gerado em
parada de
manuten
Refratrio de revestimento interno do Cianeto livre, Acetonitrila, o do
A017 incinerador de lquidos t II AC1 S E Acrilonitrila 6 incinerador
gerado em
parada de
manuten
Refratrio de revestimento interno do Cianeto livre, Acetonitrila, o do
A017 incinerador de lquidos t I AC2 S E Acrilonitrila 2 incinerador
Basicament
e areia do
Resduo slido retirado do sistema Slica (areia), polmeros MF435 A/B
A099 DAC (MF 435 A/B) m3 II AC3 S E (traos) 5 - nov.02
Basicament
e areia do
Slica (areia), polmeros MT 428 -
A099 Resduo slido retirado do MT 428 m3 II AC4 S E (traos) 5 dez.02
estoque em
K071 Lmpadas fluorescentes usadas unid I AC5 S E Hg 240 3400 jan.03
A099 Vidraria utilizada no Laboratrio t II AC6 S E 0,24
Lixo ordinrio, restos de papel toalha,

A001, sacos com folhas secas, restos de
A003, papel higinico, copos descartveis
A006 danificados t III AC7 S E AS 192
Sucata, pedaos de ferro, parafusos, estoque em

A004 tubos etc. t II AC8 S E RE 8,4 10 jan.03
A099 Resduos de servios de sade t II AC9 S M L 0,072

Polmero de nitrila AC0x faz

filtros, vasos, e slidos parte de
decantados no uma outra
I AC01 sistema DAC AIE lista
Polmero de nitrila
decantador de
t I AC02 catalizador (MF 303). AIE 70
Refratrio do Incinerador I AC03 AIE
Cinzas do Incinerador II AC04 AIE
Resduos de Catalizador I AC05 AIE
Lmpadas unid I AC06 2000
Lixo Comum III AC07 L
Sucata Metlica II AC08 RE
Resduos Serv. Sude II AC09 L
Catalisador III AC10
Molibdnio III AC11
Ac. Actico III AC12 RI
SO2 III AC13
Carbonato de sdio III AC14 I
Anti-espum.(Petroflow) III AC15
HQ III AC16 I
MEHQ III AC17 I
Biocida-GT412 (NX1101) III AC18
Inibidor - GV (PAS2170) III AC19
Dispers-GT412 (DN2300) III AC20
Inibidor-GT412(OP8440) III AC21
Inibidor-GT412(OP8446) III AC22
Cloro III AC23
cido clordrico(KleenAC9505) III AC24 I
cido ctrico(KleenAC9505) III AC25 I
Perxido de hidrognio III AC26
Hipoclorito de sdio III AC27

Kurizet L-104 III AC28 I
Kurizet A-491 III AC29 I
Freon R22 III AC30
Toner III AC31
Bateria celulares I AC32
Tambores de leo III AC33
Isolamento trmico AC34
Trapo (manuteno) AC35
Tambor metlico Unid AC36 RE Catalisador 100 200 kg
Barrica metlica AC37 RE Molibdnio 30 100 kg
Contentor AC38 F Ac. Actico 6 1000 kg
Cilindro metlico AC39 F SO2 36 100 kg
Sacos plsticos AC40 I Carbonato de sdio 2.160 50 kg
Contentor metlico AC41 F Anti-espum.(Petroflow) 12 1000 kg
Barrica papelo AC42 I HQ 324 50 kg
Barrica papelo AC43 I MEHQ 24 25 kg
Barrica plstica AC44 F Biocida-GT412 (NX1101) 24 50 kg
Barrica plstica AC45 F Inibidor - GV (PAS2170) 24 50 kg
Barrica plstica AC46 F Dispers-GT412 (DN2300) 24 50 kg
Contentor polietileno AC47 F Inibidor-GT412(OP8440) 4 1000 kg
Contentor polietileno AC48 F Inibidor-GT412(OP8446) 4 1000 kg
Cilindro metlico AC49 F Cloro 36 100 kg

cido
Barrica plstica AC50 I clordrico(KleenAC9505) <1 50 kg
cido
Barrica plstica AC51 I ctrico(KleenAC9505) <1 50 kg
Contentor polietileno AC52 F Perxido de hidrognio 6 1000 kg

Contentor polietileno AC53 F Hipoclorito de sdio 100 kg
Barrica plstica AC54 I Kurizet L-104 3 50 kg
Barrica plstica AC55 I Kurizet A-491 12 50 kg
Cilindro AC56 RE Freon R22 24 13,6 kg
OBS: Dvida quanto a informao de AC36 em diante. A quantidade gerada de 100 em unidades de tambores ou em kg de produto (catalisador)??
Os demais produtos contidos nas embalagens estavam em kg
Cdigos de Destinao ACX = Lista de resduos para Res CONAMA 006/80

Lista de "Controle de
AII Aterro Industrial Interno AC0X = Resduos"
AIE Aterro Industrial Externo
RI Reciclagem Interna
RE Reciclagem Externa
V Venda
AS Aterro Sanitrio
I Incinerao
CPFC Coprocessamento forno cimento
B Biolavagem
LF Land Farming
F Fornecedor
L Limpec
Origem (processo / rea)

UTE Unid. Tratamento de Efluente
Man Manuteno
Frequncia (E, A, M, D)
E Eventual
A Anual
M Mensal
D Diria
B Formulrio de pesquisa de estudo de caso
1 Empresa: Breve descrio da empresa situando-a no contexto do plo

/ Brasil
2 Subproduto: caractersticas, o que ela representa no inventrio da
empresa
3 Processo de gerao: Por que gerada
4 Fatores motivadores que levaram a soluo do problema:
Presso do rgo ambiental
Legislao especfica
Presso dos acionistas
Partes interessadas
Gesto interna
Clima organizacional favorvel
Certificaes, prmios (ISO, PNQ, poltica ambiental)
Presso econmica
Incentivos financeiros
Programas institucionais
Formao dos funcionrios
Inovao tecnolgica
Demanda de outras empresas
5 Barreiras que impediram que isso acontecesse antes:
Ausncia de tecnologia
Desconhecimento do mercado
Logstica deficiente
Poucos recursos para investimento
Falta de conhecimento (pesquisa)
Legislao
6 Perodo de surgimento da idia, desenvolvimento e implantao
7 Identificao dos segmentos beneficiados
8 Resultados alcanados
Econmico
Ambiental
Social
Satisfao interna dos empregados
Melhoria nos ndices de ecoeficincia
Novos parceiros para outros projetos
9 Experincia adquirida (lies) e como isso est sendo replicado
para outros projetos
10 Outros
C Estudo de caso resumido
Aproveitamento da corrente bruta de sulfato de amnio para a produo de

fertilizante
1. Caracterizao
Empresas envolvidas: Acrinor e Metacril, localizadas nos municpios de Camaari e
Candeias respectivamente.
O reaproveitamento da corrente bruta de sulfato de amnia que tinha como destino a
oxidao trmica (incinerao) na Acrinor, havia sido estudado no passado.
Algumas dificuldades j tinham sido identificadas, como por exemplo, o receio de se
manusear/transportar correntes lquidas tendo o cianeto como contaminante, a
pequena escala de produo (10 mil t/a), o baixo preo do fertilizante no mercado
(80 US$/t), representavam barreiras tcnicas e econmicas difceis de serem
solucionadas.
2. Desenvolvendo a Simbiose Industrial.

O grupo Unigel, aps obter o controle acionrio da duas empresas, passou a investir
no potencial do reaproveitamento da corrente residual de sulfato de amnia nas
instalaes disponveis da Metacril, como objetivo de us-la como matria prima
para a fabricao do fertilizante. Para a operacionalizao desta sinergia foram
feitas modificaes nas instalaes j existentes na Metacril, o que diminuiu o valor
do investimento necessrio, melhorias no processo reduzindo o teor de cianeto na
corrente bruta de sulfato e pesquisa sobre a aceitao no mercado de fertilizante do
novo produto fabricado pela agora Proquigel (incluir nota explicando o que ). Entre
pesquisas (11%), modificaes na planta (87%) e despesas administrativas (2%),
investiu-se em torno de US$ 275 mil.
3. O porqu de no se praticar a Simbiose Industrial antes da juno.

Analisando-se a situao antes e depois da juno das empresas Acrinor e Metacril
em uma s (Proquigel), deduz-se que para a Acrinor, o alto investimento em uma
planta de pequena escala de produo (10 mil t/ano) aliada ao baixo preo do
fertilizante no mercado tornou o projeto invivel economicamente.
Para a Metacril, que possua instalaes que poderiam ser adaptadas a produo do
fertilizante, faltou o aprofundamento nas negociaes tcnicas, para reduzir o teor
de cianeto na corrente e quebrar o paradigma de manusear e transportar correntes
lquidas com esse contaminante; e nas negociaes comerciais, discutir um preo
compatvel para viabilizar o investimento necessrio e manter a durabilidade do
projeto.
4. Benefcios Econmicos e Ambientais

Como benefcios econmicos tem-se a eliminao do custo da incinerao e do gs
natural usado na queima, reduo no rateio do custo do monitoramento do ar
realizado pela Cetrel, aumento na receita pela venda do fertilizante, totalizando
ganhos de US$ 900 mil por ano. Como benefcios ambientais cita-se a no
emanao de 5 mil t/ano de SO2 para atmosfera, reduo de CO2, contribuindo para
a reduo tanto do efeito da chuva cida na regio a jusante do plo quanto para o
aumento do efeito estufa.
5. Anlise Final
Aps a juno das empresas, o processo de comunicao ficou mais fcil pois o que
era um embate de negociaes de duas empresas buscando cada uma seus lucros,
reduo nos investimentos e mais um projeto competindo com os j escassos
recursos humanos, transformou-se numa discusso interna organizao com um
nico objetivo, o de tornar exeqvel do ponto de vista econmico e obtendo assim
os benefcios ambientais desejados.
ANEXO A - Fluxograma do processo de Simbiose Industrial em Triangle J. / Carolina do Norte - USA
Granja Ovos Fabricao de Fibra de

unhatched alimentos Fbrica de Polister
desidratados baterias
Mangans MP do
Secador
Resduo
orgnico P de Serra Serraria P de Serra Fbrica de
Tijolos
Indstria Fibras de Compostagem
Txtil algodo
Pedreira Termo
Finos eltrica
Aparas de Papel
Cinza
Lodo
Fabricao
Cervejaria Gros de Material Resduos Fbrica de Cimenteira
gastos Absorvente Revesti Trailler
mento
Tratamento de
Aterro Metano Amino Efluentes
Municipal cido Municipal
Amino cido cido Actico

Animal cido Actico Indstria
Alimentao Farmacutica
ANEXO B - Fluxograma do processo de Simbiose Industrial em Kalundborg / Dinamarca (Base 1995)
gua Refinaria Estatoil Enxofre Fbrica de

1961 1990
1961 H2SO4
Kemira
Gs comb.
1992
Municpio de
Lago Tisso Kalundborg
gua tratada Vapor 20.000 hab
1991 Vapor 1981 Gesso
1982 (Espanha e
gua Gs comb. Alemanha)
1973 Termoeltrica Asnaes 1972
AGR 1959 FGD Gesso
1993
Fbrica de Placas
de Gesso
Condensado Gyproc 1970
Vapor
1982 Cinza 1979
Cimenteira
Mar Aalborg
AGR 1989 Piscicultura
(Calor residual) Asnaes Resduo
Carvo / orgnico
Orimulsion
gua Fbrica de Insulina +_1000
1989 Lodo 1976
Fluxo real ---- Fluxo em estudo Novo Nordisk Fazendas
gua usada e
Orimulsion = Emulso venezuelana da bacia do Orinoco (fertilizante)
tratada
Fonte: KINCAID, 1999
ANEXO C Tabela de identificao do gerador
Tabela I Identificao do Gerador
Razo Social: CNPJ:

Nome Fantasia
Endereo: Municpio UF
CEP: Telefone: Fax: e-mail:
rea total: Nmero de funcionrios:

Prprios: Terceirizados:
Responsvel pelo PGRS:
Responsvel legal:
Descrio da atividade:
ANEXO D Tabela de resduos gerados
Tabela II Resduos Gerados
Nome da empresa: Folha n:

Item Resduo: Classe Unidade/Eq. Acondicion/ Tratamento Frequencia Estoque (t)
Gerador Armazen. adotado de gerao Interno Externo
Responsvel pelo empreendimento: Assinatura:

ANEXO E Plano de movimentao de resduos
Tabela III Plano de Movimentao de Resduos

Nome da empresa: Folha n:
Item Resduo: Classe: Estocagem Temporria Destinao final Observaes
Data de Quant. Local Data de Quant. Destino

entrada Sada final
Responsvel pelo PGRS: Assinatura:

UFBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA POLITCNICA
DEPT DE ENGENHARIA AMBIENTAL - DEA
MESTRADO PROFISSIONAL EM GERENCIAMENTO E

TECNOLOGIAS
AMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVO
Rua Aristides Novis, 02, 4 andar, Federao, Salvador BA

CEP: 40.210-630
Tels: (71) 235-4436 / 203-9798
Fax: (71) 203-9892
E-mail: cteclim@ufba.br
Home page: http://www.teclim.ufba.br

Dissert - Armando Tanimoto - Simbiose Industrial

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ARMANDO HIROHUMI TANIMOTO

PROPOSTA DE SIMBIOSE INDUSTRIAL PARA

PROPOSTA DE SIMBIOSE INDUSTRIAL PARA MINIMIZAR OS

Dissertao apresentada ao curso de Mestrado Profissional

Orientador: Prof. Dr. Asher Kiperstok

T1649p Tanimoto, Armando Hirohumi

Orientador: Prof. Dr. Asher Kiperstok

1. Resduos Industriais 2. Indstrias Petroqumicas Aspectos

ARMANDO HIROHUMI TANIMOTO

PROPOSTA DE SIMBIOSE INDUSTRIAL PARA MINIMIZAR OS

Dissertao aprovada como requisito parcial para obteno do grau de mestre em

Asher Kiperstok _____________________________________________________

Armando de Azevedo Caldeira Pires _____________________________________

Francisco Lima Cruz Teixeira ___________________________________________

Lus Felipe Machado do Nascimento _____________________________________

Salvador, 19 de janeiro de 2004

Dedico esta dissertao minha esposa

Ao Centro Federal de Educao Tecnolgica da Bahia CEFET-BA pela

Ao prof. Asher Kiperstok pelas suas eternas palavras de incentivo e orientao,

Aos meus colegas e representantes das empresas do Plo Petroqumico de

No poderia deixar de agradecer tambm a equipe do TECLIM, aqui representada

E a todos aqueles, annimos alunos e colegas de trabalho, que de alguma forma me

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b) Levantamento regional para a implantao da Simbiose Industrial

do Programa de Tecnologias Limpas e Minimizao de Resduos TECLIM6.

c) Discusso com os parceiros

Divulgou-se a pesquisa, o conceito de Simbiose Industrial e foram discutidas

Considera-se que a discusso em encontros com os representantes das

Neste captulo apresenta-se uma breve anlise do conceito da Ecologia Industrial,

2.1 Histrico da Ecologia Industrial EI

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2.2 Definies de Ecologia Industrial (EI)

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2.3 reas de abrangncia da EI