Freemind
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Freemind
2015
Material de Leitura
Nmero 06
Adaptao e Edio
Aparecida Cristina Pereira Cardoso
Cristina Herold Constantino
Dbora Azevedo Malentachi
Apoio e Reviso
Aline Ferrari
Fabiana Sesmilo de Camargo Caetano
Rogerio Borgo
Direo Geral
Valdecir Antnio Simo
Pr-Reitoria Acadmica
Ser lder :
Gerir pessoas :
1. Libert-las, e no control-las.
2. Motivar e enriquecer as pessoas e no domin-
las.
3. Ter prazer em trabalhar em equipe e construir
pontes de relacionamentos.
4. Abrir o leque da inteligncia dos liderados e explorar sua criatividade.
5. Desenvolver a arte do carisma para surpreender.
6. Corrigir conquistando primeiro o territrio da emoo e depois o da razo.
7. Aprender a se colocar no lugar dos outros para olh-los com os olhos deles.
Um grande lder pode no ser um grande gestor de pessoas. Um excelente lder sabe pensar antes
de reagir, mas pode no saber se colocar no lugar dos outros para compreend-los num nvel mais
profundo e geri-los em tempos estressantes. Um brilhante lder dosado e, ao mesmo tempo,
sabe que quem vence sem riscos sobe no pdio sem glrias, mas pode ser um vencedor solitrio,
no ser carismtico o suficiente para encantar pessoas e traz-las para o epicentro dos seus
projetos. Um grande lder conhece as ferramentas bsicas para gerenciar seus pensamentos e
emoes, mas pode no conhecer as ferramentas prticas para motivar e enriquecer seus
liderados e explorar sua criatividade.
Por incrvel que parea, nem os pais e professores so equipados e treinados para encantar seus
filhos e alunos, resolver seus conflitos. Eles tropeam no bsico. Muitos expem publicamente o
erro dos seus educandos sem entender que esse comportamento pode formar janelas Killer duplo
P, que tm o poder de encarcerar o Eu e o poder de deslocar
doentiamente a formao da personalidade. Devemos
corrigir em particular e elogiar em pblico. Quem inverte Devemos corrigir em
essa ferramenta causa acidentes graves na educao. particular e elogiar em
pblico.
No estamos formando lderes equipados para fazer a
orao dos sbios, o silncio proativo, nos focos de tenso,
que saibam pensar antes de reagir. Quantas vezes voc reagiu drasticamente, sem pensar,
simplesmente porque no aprendeu a fazer a orao dos sbios? Quantas vezes voc precisava
abraar, mas levantou a voz?
Os alunos brasileiros no apenas eles, mas tambm europeus, chineses, americanos raramente
conhecem, como estamos aprendendo aqui no Programa Freemind, as ferramentas bsicas para
proteger a emoo, gerenciar os pensamentos e superar os efeitos nefastos da sndrome do
pensamento acelerado. No sabem utilizar em sua prtica existencial a tcnica do D.C.D. (duvidar,
criticar, determinar) para reeditar o filme do inconsciente e superar a Sndrome do Circuito
Fechado da Memria (CiFe).
Estamos despreparados para ser lideres de ns mesmos para depois sermos lideres dos outros.
Estamos ocupados demais em aprender frmulas da matemtica, foras da fsica, partculas
atmicas, regras da gramtica, mas no em estudar, penetrar e compreender a mente humana. O
que importante se tornou excessivo. Provavelmente 99% das informaes que recebemos e
assimilamos na esfera educacional, da pr-escola universidade, so sobre o Universo fsico e
menos de 1% so sobre o universo psquico, muito mais complexo que o fsico.
Veja o exemplo de Einstein. Ele internou um filho portador de uma psicose num manicmio e
nunca mais o visitou. O homem que mais conhecia as foras do Universo fsico foi derrotado pelas
foras de um mundo mais complexo, a mente humana. O ambiente ttrico de um manicmio, a
impotncia diante das reaes patrocinadas pelos delrios e alucinaes do seu filho e as
dificuldades de lidar com fenmenos intangveis, que ultrapassam os limites da lgica, fizeram
Einstein falhar.
Como preparar o Eu para ser autor da prpria histria se no o nutrimos para pensar antes de
reagir, expor e no impor as ideias, colocar-se no lugar dos outros, proteger a psique, superar as
armadilhas da mente? Isso praticamente impossvel. No toa que a violncia insiste em
preservar-se na era digital, a insatisfao intensa na era da indstria do lazer, os transtornos
psquicos afloram na era da medicina, o uso de drogas e o crcere psquico se intensificam na era
da democracia e da liberdade exterior.
Uma pessoa que usa drogas deve saber que o maior risco do uso, como j vimos, a produo de
janelas Killer duplo P, ou zonas de conflito com alto poder de encarceramento. A formao dessas
janelas traumticas depende do tipo de personalidade do usurio, da sua biologia, do tipo de
droga usada, da quantidade usada e do estado emocional/social no momento do uso. O prazer,
em alguns momentos, cobra um preo altssimo. Conhecer esses fenmenos fundamental para
prevenir o uso. insuficiente falar dos prejuzos das drogas sem mostrar as graves armadilhas
mentais que elas podem produzir.
O uso de drogas, inclusive as socialmente aceitas e comercialmente livres sem prescrio mdica
como moderadores de apetite base de anfetaminas, antitussgenos que tm codena,
tranquilizantes pode nos aprisionar no nico lugar que deveramos ser sempre livres: dentro de
ns mesmos. A dependncia de drogas, uma vez instalada, dilacera a capacidade do Eu de ser lder
de si mesmo. Muitos tm grande potencial para reciclar a sua histria, mas o seu Eu fica
embotado, asfixiado. No poucos negam sua dependncia, mentem para si mesmos, traem seu
projeto de ter sade psquica e construir relaes saudveis, dilaceram sua disciplina e seu nimo
de mudar a sua histria.
Coragem para caminhar e humildade para corrigir rotas so fundamentais para quem quer
aprender a gerir pessoas. Voc tem essas caractersticas? O preo da omisso mais caro do que o
da ao. Mas, infelizmente, muitos no se arriscam a dizer palavras nunca ditas. Milhes de
pessoas jamais perguntaram a seu parceiro(a), filhos, pais, alunos: Em que posso contribuir para
tornar voc mais feliz?, Onde eu errei e no soube?, Quais so os fantasmas que assombram
sua mente?. Quem quer liderar e gerir
pessoas tem de aprender a falar o essencial
e economizar o trivial. Mas, num mundo de
parcos lderes, falamos o trivial e negamos o
essencial.
Um lder luta pelos seus liderados, mesmo que sejam uma fonte de decepes, em especial
quando h laos afetivos. Os pais jamais deveriam desistir de um filho que usa drogas ainda que
tenha recado 100 vezes e mentido mil vezes. Eles devem saber que ningum muda ningum, que
a ansiedade de mudar o outro refora suas janelas
doentias. Deveriam gerenciar seu estresse e deixar de A ansiedade de mudar o outro
lado momentaneamente as drogas e usar outras refora suas janelas doentias.
estratgias. Como? Elogiar o filho, descobrir suas
habilidades, dizer que aposta neles, trocar experincias
existenciais, sonhar juntos. Tais estratgias devem ser usadas por socioeducadores nas casas de
acolhida.
Notem que o Programa Freemind tem dado uma ateno especial no s drogas, mas ao
funcionamento da mente, s ferramentas para produzir uma mente livre e formao do Eu como
lder do teatro psquico. Um dia os usurios, mesmo tendo tratamento e ressocializao
adequados, enfrentaro o caos (perdas importantes, crises financeiras, rejeies sociais, conflitos
afetivos). Nesse momento estaro ss. E eles tero que decidir entre ser mais uma vez vtimas das
drogas ou protagonistas da sua histria. E ningum poder fazer isso por eles. Ser nesse
momento que eles decidiro ser autodestrutivos ou ter um romance com sua vida. Torcemos para
que considerem sua liberdade mais importante que todo o ouro do mundo, mais relevante que as
mais duras perdas, mais nobre que os mais angustiantes fracassos. Sim! Torcemos para que
tenham FREEMIND, uma MENTE LIVRE.
Por tudo isso, os verdadeiros lderes abrem caminhos, enxergam o que no est diante dos olhos,
previnem falhas, motivam pessoas, trazem solues sociais e profissionais. Voc um lder?
Gostaria de s-lo?
melhor prevenir. Perceba rapidamente as pequenas mudanas e procure tomar atitudes antes
das intempries chegarem: a) No espere o amor morrer para depois tentar ressuscit-lo. b) No
espere os filhos ficarem doentes para depois trat-los. c) No espere estar superado
profissionalmente para depois tentar, com desespero, se reciclar. d) No espere recair para
recomear. sempre possvel recomear, mas bom sempre se lembrar de que os riscos e o custo
emocional so mais altos.
Alguns lidam com as finanas de maneira inadequada. No percebem que o dinheiro no eterno.
Desconhecem os invernos sociais que atravessaro. Gastam mais do que ganham, tratam seu
dinheiro como se viesse de uma fonte inesgotvel. No percebem que o estresse financeiro uma
das grandes causas da ansiedade moderna. O dinheiro no traz felicidade, mas a falta dele traz
infelicidade, estressa o crebro, desfaz relacionamentos, produz doenas psicossomticas.
Reconhecer nossos erros, imaturidade, reaes impulsivas, enfim, nossos conflitos o primeiro
passo para contribuir conosco e com os outros. Jamais deveramos ter vergonha de dizer: Eu
errei!, Desculpe- me, D-me uma nova chance!, Eu te amo!, Eu preciso de voc!. Se
precisarmos de ajuda, devemos ter a coragem de falar: Ensine-me.
Ele convidou pessoalmente um pequeno grupo de jovens a segui-lo de perto. Sua escolha foi
estranha, pois as caractersticas de personalidade que eles possuam no eram recomendveis.
Eram tensos, irritados, impulsivos, inseguros, exclusivistas, egostas, individualistas.
Provavelmente, nenhum deles passaria no teste de psicologia para trabalhar em uma empresa,
para dirigir pessoas, a no ser Judas, que, aparentemente, era o mais moderado, culto (da tribo
dos zelotes) e com maior vocao social, embora tenha sido o que mais o frustrou. Como
excelente lder, ele fez muito do pouco. Era um grande gestor de pessoas, sabia trabalhar em
equipe, expor e no impor seus pensamentos, motivar pessoas e explorar a criatividade delas.
Sabia como transformar seus sonhos em realidade. Para o Mestre dos mestres o destino no era
inevitvel, mas uma questo de escolha.
Ele sabia que h duas maneiras de se aquecer nos invernos existenciais: usando madeira seca ou
sementes. Ele no estava preocupado com resultados imediatos. No usou a madeira, pois sabia
que logo ela se esgotaria e o frio retornaria. Usou as pequenas sementes. Plantou as sementes da
tolerncia, da generosidade, da capacidade de pensar antes de reagir, da habilidade de se colocar
no lugar do outro nos solos do psiquismo de seus alunos. Quando morreu, parecia que seu sonho
seria sepultado. Mas o maior favor que se faz s sementes enterr-las. Elas germinam e se
tornam uma grande floresta.
Seus conflitantes alunos foram transformados numa casta de pensadores. O resultado? Obteve
uma grande floresta. Hoje, mais de 2 bilhes de pessoas o seguem, pertencentes a inmeras
religies. E o resto da humanidade que no o segue admira-o profundamente. Muitas das suas
ideias permeiam o Budismo. No Alcoro, Maom o exalta em prosa e verso. Jesus conquistou a
humanidade sem derramar uma gota de sangue, discursando sobre o fenmeno do amor, da
pacincia, do perdo, da solidariedade, da incluso social.
O Mestre dos mestres, como arteso da personalidade, usou notveis ferramentas para produzir
uma mente livre (freemind) em seus alunos. Eles aprenderam a ser pensadores autnomos, fazer
escolhas, contemplar pequenas coisas como momentos inigualveis, libertar a criatividade, liderar
os pensamentos, governar suas emoes, proteger a memria, dialogar sem medo, fazer a mesa
redonda do Eu. Aprenderam em especial a superar a discriminao, a respeitar prostitutas,
abraar leprosos, investir nos miserveis que
encontravam pelo caminho. Voc respeita os
diferentes? Aposta nos que o frustram?
Do ponto de vista psiquitrico, era impossvel para um mutilado ter um raciocnio lcido, quanto
mais afetivo e altrusta. Foi lder de si mesmo em situaes inumanas. Como possvel perdoar os
soldados romanos que tinham prazer na dor do outro? Que tolerncia era essa que exalava
pacincia com seus carrascos? Que habilidade emocional era essa que no o deixava ser invadido
pelos ofensores? Que mente brilhante era essa, capaz de ver o intangvel?
Sob as raias da liderana da sua prpria mente, este homem expressou que seus carrascos no
eram seus inimigos, mas inimigos de si mesmos. Eram escravos do sistema social, cumpriam
ordens sem refletir sobre elas. Eram livres por fora, mas algemados por dentro. Com lbios
trmulos, desculpou-os sem que eles lhe pedissem desculpas, compreendeu-os sem que eles
merecessem. Perdoou homens imperdoveis. Que inteligncia essa que deixa extasiada a
sociologia e a psicologia?
O Mestre dos mestres o ser humano mais famoso da histria, mas um dos menos conhecidos
nas magnficas reas do seu psiquismo. Espero que neste projeto ele tenha sido um pouco mais
desvendado. Ele foi o maior educador da emoo, socioterapeuta, pacifista, orador, vendedor de
sonhos, construtor de amigos e promotor da qualidade de vida de todos os tempos.
PAINEL DE DEBATE
1. Ser lder liderar primeiro a si mesmo e depois aos outros. Voc lidera a si
mesmo? Administra sua emoo? Gerencia a sua ansiedade? Gerencia suas finanas?
Tem compulso de comprar?
2. Voc tem aprendido a gerenciar seus pensamentos? Sofre por antecipao? Algum
tipo de ideia fixa ou perturbadora o controla? hiperpreocupado com o que os
outros pensam e falam de voc?
3. Ser lder perceber os pequenos problemas antes que eles se agigantem. Voc percebe os
pequenos problemas no seu trabalho, na relao com os filhos, parceiro(a), ou s os descobre
quando o mundo est desabando?
4. Debata esta tese: quem tem sucesso sem riscos sobe no pdio sem glrias. Voc corre riscos
para conquistar quem ama ou vive atolado na mesmice? Voc encanta as pessoas?
5. Voc expe ou impe suas ideias? Sabe trabalhar em equipe ou tem a necessidade neurtica de
evidncia social?
6. Voc age antes de reagir? Quando corrige algum, voc primeiro conquista o territrio da
emoo (elogia, valoriza, surpreende) para depois conquistar o da razo ou primeiro expe o erro
das pessoas? Por que esse fenmeno importante para gerir pessoas?
Inteligncia Existencial :
Resilincia
Resilincia um termo da fsica que tomamos de emprstimo na psicologia para falar de uma
importantssima caracterstica da personalidade. Do ponto de vista da fsica, resilincia a
capacidade de um material de suportar tenses, presses, intempries, adversidades. a
capacidade de se esticar, assumir formas e contornos para manter sua integridade, preservar sua
autonomia, manter sua essncia.
O fenmeno da psicoadaptao gera o cdigo da resilincia. Tenho estudado e escrito sobre esse
fenmeno h mais de 20 anos, ao passo que o termo resilincia comeou a ser adotado
sistematicamente 10 anos depois, a partir de 1998. O grau de resilincia depende, portanto, do
grau de adaptabilidade e superabilidade de um ser humano aos eventos adversos que encontra
em seu traado existencial ou sua jornada de vida.
Uma pessoa que tem baixo grau de resilincia suporta inadequadamente suas adversidades,
podendo desencadear depresso, pnico, ansiedade, sintomas psicossomticos. Quando o cdigo
da resilincia inadequadamente decifrado e desenvolvido, as dores e perdas podem levar ao
autoabandono e, em alguns casos, gerar ideias de suicdio. H o suicdio imaginrio (desejo de
sumir, desejo de dormir e no acordar mais), o suicdio fsico (atentar contra o corpo) e o suicdio
psquico, que, s vezes, pode estar refletido no alcoolismo, na dependncia de outras drogas e em
outros comportamentos autodestrutivos.
Sem sombra de dvida, h crises e crises. Algumas so dramticas, imprimem uma dor
indecifrvel. Mas em todas elas pode se aplicar a ferramenta da resilincia, que, por sua vez, est
estreitamente ligada ferramenta do Eu como gestor da emoo e dos pensamentos, em especial
a gesto de pensamentos mrbidos, pessimistas, antecipatrios.
Antes de ser publicado em dezenas de pases e ter textos usados como referncia em teses de
ps-graduao, Augusto Cury teve conta que teve que encarar sua estupidez, reconhecer sua
ignorncia, lidar com rejeies e descrditos, enfrentar suas derrotas. Sem resilincia no teria
sobrevivido. Ele diz que era desconcentrado, alienado, sem projeto de vida. Um pssimo aluno.
Teve que se reinventar.
Aps tornar-se escritor no Brasil, relata que enfrentou diversos outros percalos. Certa vez, conta
que bateu porta de uma das maiores editoras da Europa. Com um livro debaixo do brao, tentou
entrar no enorme edifcio que era a sede da empresa. No foi recebido nem pelo sub do sub
do sub editor. Foi uma decepo. No quiseram sequer analisar seu livro. Era um simples
annimo apaixonado pelo mundo das ideias diante de um grande imprio. Nessa ocasio, Augusto
Cury sentiu-se humilhado e descobriu que publicar em outras naes era uma tarefa dantesca.
Mas ningum digno do xito se no usar como alicerce seus fracassos. Augusto Cury no
desistiu.
O tempo passou. Por incrvel que parea, seis anos depois Augusto Cury recebeu uma ligao do
presidente dessa mesma editora. Ficou surpreso. O presidente disse que queria v-lo
urgentemente e comentou que, se no pudesse ir v-lo, ele viria ao Brasil com sua equipe. Como
Cury no pde ir, pois estava negociando os direitos
Se quisermos desenvolver autorais dos seus livros com uma editora americana, ele
resilincia, devemos valorizar a veio.
vida muito mais do que o No almoo, o executivo mor dessa editora disse a Augusto
sucesso, os aplausos, o Cury que o queria de qualquer maneira no quadro de seus
autores. Com os olhos embebidos em lgrimas, Cury
reconhecimento social.
lembrou-se da rejeio do passado e, mais uma vez,
confirmou com humildade que a vida cclica. Montanhas
e vales, invernos e primaveras se sucedem. A humilhao de hoje pode se converter em glria
amanh e a glria de hoje pode se converter num clido anonimato. Estamos preparados? Voc
est? Nada extremamente seguro na existncia humana. Se quisermos desenvolver resilincia,
devemos valorizar a vida muito mais do que o sucesso, os aplausos, o reconhecimento social. Tudo
efmero e passa to rpido.
Muitos cientistas, antes de descobrirem suas grandes ideias, foram criticados, excludos, tachados
de loucos. Alguns grandes polticos, como Abraham Lincoln, s tiveram xito depois de amargar
inmeros fracassos. Alguns grandes empresrios s atingiram o apogeu depois de visitar os vales
da falncia, da escassez e do vexame pblico. Quem
quer o brilho do sol tem de adquirir habilidade para Quem quer o brilho do sol tem
superar as tempestades. Pois no h cus sem de adquirir habilidade para
intempries. Quem sonhar com a felicidade inteligente
e saudvel tem de ser resiliente para atravessar o breu
superar as tempestades.
da soturna noite. No h milagres. A vida um grande
contrato de riscos, saturado de aventuras e de imprevisibilidades. A nica certeza que no h
certeza.
Muitos dependentes de drogas continuam a usar drogas porque no tm resilincia como a gua
para suportar as intempries da vida. No tm pele ou proteo emocional. Ao passar pelas crises,
angstias, frustraes, disparam imediatamente o gatilho da memria, abrem as janelas Killer que
representam a droga e buscam ansiosamente uma nova dose para tentar se aliviar. Mas de fato se
aliviam? No! Os breves momentos de prazer se alternam com momentos de autopunio, humor
depressivo, sentimento de impotncia. inegvel que drogas como a cocana e o crack do um
prazer momentneo e a sensao de poder, mas incontestvel que produzem depresso de
rebote e um rastro angustiante pelo aprisionamento da liberdade.
Viver conquistar, ter experincias, cultura, amigos, um grande amor; viver tambm perder a
rigidez muscular, o reconhecimento social, a vitalidade social. Viver se encantar com os outros e
ter expectativas correspondidas; viver tambm se desencantar e ter expectativas no atendidas.
O drama e o lrico sempre nos acompanham. Isso torna a vida belssima.
Quem decifra a ferramenta da resilincia vai, ainda que sem ter conscincia, construindo ao longo
de sua vida centenas de janelas Light em seu inconsciente que daro sustentabilidade para sua
lucidez, seu nimo, sua sensibilidade, sua sabedoria, sua tranquilidade. Ainda que se perca a
vitalidade fsica, se preservar a psquica; ainda que os aplausos cessem, a vida continuar sendo
um show no anonimato.
O drama e o lrico
Uns trabalham a argila, outros o mrmore e outros ainda peas para construir aparelhos, mas
poucos aprendem a trabalhar o material dos desapontamentos e frustraes. Fomos treinados
para ganhar, mas no para perder. Nada to belo
quanto ter filhos. Nada mais gostoso do que um
abrao, um beijo, a simples frase: Eu te amo. Mas o
tempo passa, passa a vida e os filhos criam asas e
percorrem outros ares. Entediados, os pais
experimentam a sndrome do ninho vazio. Deram-se,
amaram e se preocuparam tanto com eles, mas eles se
foram. preciso ter resilincia para v-los partir.
Devemos dar o melhor para nossos filhos, mas no podemos querer que se faam nossa imagem
e semelhana. Devemos recolher a pena e o papel e entreg-los a eles para que eles mesmos
escrevam a sua histria. Superproteger os filhos e compens-los com bens materiais para aliviar
seus conflitos promove o consumismo e destri a resilincia. Um pai pode ter pouqussimo tempo
para seus filhos, mas nunca deve tentar compensar sua falta de tempo com a abundncia de
presentes.
Muitos filhos s iro reconhecer a grandeza de seus pais quando os sofrimentos deles diminurem
o seu herosmo, quando baterem asas de encontro s adversidades, quando decifrarem o cdigo
da resilincia.
Ele agradeceu a Augusto Cury por tudo o que escreveu. E Cury o agradeceu por existir e por lhe ter
permitido conhec-lo. Sentiu-se honrado diante de algum que fez da vida um show imperdvel,
mesmo quando o palco desabava sobre ele.
Quem no desenvolve resilincia cobre-se com o manto da ansiedade, tem insnia no melhor dos
leitos, sente-se opaco mesmo cultuado pela mdia, sente-se sem endereo mesmo morando em
residncia confortvel. Quem desenvolve resilincia adocica a vida mesmo que ela lhe tenha sido
amarga, torna-se generoso mesmo que tenha sido excludo, contempla o belo ainda que no
tenha tido motivos para ser feliz. Julga menos e se entrega mais.
Scrates foi condenado a beber cicuta, a morrer envenenado, pelo incmodo que seus
pensamentos causaram na elite governante. Seus jovens discpulos, em meio a lgrimas e dor,
suplicavam que reconsiderasse sua postura e suas ideias, mas, dando-lhes um choque de
resilincia. Ele disse em outras palavras que preferia ser fiel s suas ideias a ter uma dvida
impagvel com sua prpria conscincia. A resilincia, sem que ele soubesse, percorria as artrias
da sua personalidade.
Giordano Bruno, filsofo italiano, andou errante por muitos pases, procurando uma universidade
para expor suas ideias. Foi banido, excludo, tachado de louco. Sem ningum para ouvi-lo,
procurava em seu prprio mundo aconchego para superar sua solido. Experimentou diversos
tipos de perseguio, culminando na sua morte. Mas no desistiu de seu projeto de vida.
Baruch Spinoza, um dos pais da filosofia moderna, de origem judaica, foi banido dramaticamente
pela sua comunidade por causa da convulso que suas ideias causaram. Chegaram a amaldio-lo
com palavras insuportveis de ouvir: Que ele seja maldito durante o dia, e maldito durante a
noite; que seja maldito deitado, e maldito ao se levantar; maldito ao sair, e maldito ao entrar... O
dcil pensador teve de aprender a desenvolver resilincia no mais custico inverno da
discriminao. Immanuel Kant foi tratado como um co pelo incmodo que suas ideias causavam
no clero de seu tempo. Voltaire tambm passou por rejeies e inumerveis riscos.
Ser fiel nossa conscincia tem um preo, ser diferente tem um preo, dizer no tem um preo,
que nem sempre fcil de pagar, mas necessrio para saldar o dbito com nosso prprio Eu.
Muitos recaem no uso das drogas porque no esto dispostos a pagar esse preo. Voc est?
Em qualquer campo da atividade humana, raramente as grandes conquistas so alcanadas sem
grandes batalhas, sem pensarmos em alguns momentos: No d mais!, No tenho fora!,
Estou no limite!. Treinar o D.C.D. e todas as tcnicas que estamos propondo no FREEMIND
importante nessas batalhas. Elas gritam no silncio psquico dizendo que depois da mais drstica
tempestade sempre vem o mais belo amanhecer.
A inteligncia existencial
Por que a Inteligncia Existencial uma ferramenta do Freemind? A resposta est em todo o
programa. Desde os primrdios da vida o ser humano procura as origens da existncia e uma
misso existencial. At as empresas procuram uma misso como razo de ser. Mesmo os mais
ardentes ateus procuram ansiosamente respostas para tentar abrandar o grito inquietante das
clidas perguntas: Quem somos? O que somos? Pelo que vale a pena existir?
Destruir essa insacivel busca destruir a essncia humana. A religio a nica instituio que
nunca foi destruda ao longo da histria. Caem imprios, esfacelam-se governos, morrem heris,
estinguem-se filosofias, dissolvem-se ideologias sociopolticas, mas a busca do sentido existencial
e do autor da existncia nunca se dissipou do teatro psquico e social.
Neste sistema social agitado, no poucas vezes o deus o dinheiro, o templo o consumo e a
ansiedade de consumir o desnecessrio seu ritual. Mas todo sistema social, por mais eficiente
que seja em fomentar a esttica, o status, a evidncia social, a beleza fsica, o entretenimento, no
consegue saciar o esprito humano. preciso muito mais para aliviar nossas inquietaes
existenciais.
Quando a inteligncia existencial no irrigada, alguns partem para o consumismo, outros para o
uso de drogas e outros ainda desenvolvem doenas emocionais, doenas psicossomticas,
comportamento autopunitivo, agressividade, pessimismo existencial, necessidade neurtica de
isolamento ou necessidade neurtica de ser o centro das atenes sociais.
Ontem e hoje somos os mesmos
A mesma ansiedade vital que perturbava os povos primitivos ainda perturba o homem moderno.
Somos os mesmos em nossa essncia ontem e hoje. Os mistrios da vida, a morte, a continuidade
da existncia, questes to antigas e to modernas. No temos respostas cientficas para elas e
provavelmente nunca as teremos. Cada resposta ser o comeo de inumerveis perguntas. Somos
todos meninos brincando no teatro do tempo,
acreditando que sabemos muito, mas no fundo no Somos todos meninos
sabemos quase nada do essencial.
brincando no teatro do tempo,
Por que o ser humano nunca deixou de ter uma religio, acreditando que sabemos
independentemente se era o deus sol, a lua, o raio, as muito, mas no fundo no
rvores, o budismo, o islamismo, o judasmo, o
bramanismo, o cristianismo? Eis a resposta, ou uma
sabemos quase nada do
delas: a conscincia existencial, como o fruto mais essencial.
excelente do processo de construo de pensamentos,
no encara a morte como um ponto final, mas como uma vrgula para que o texto de alguma
forma continue a ser escrito na eternidade... A conscincia existencial jamais atinge pelo
instrumento do pensamento a inexistncia existencial, o nada, o fim, a morte. Todo pensamento
sobre a morte uma homenagem vida, pois s a vida capaz de pensar.
Charles Darwin, quando estava s portas da morte, em meio a nuseas, vmitos e angstias
inexprimveis, clamava: Deus meu, Deus meu! O Eu rejeita o caos ltimo, o nada em si, o vazio
existencial. E tal rejeio iluminadora. E no apenas ocorre no palco da mente humana, mas no
teatro biolgico. H dezenas de trilhes de clulas no corpo humano e nenhuma delas est
programada para morrer. Diante do risco de morte, poderosos mecanismos biolgicos para a luta
ou a fuga so acionados para preservar a qualquer custo a vida. A fuga do fenmeno do fim da
existncia est impregnada diretamente em quase todos os campos da atividade humana. O
sistema policial, a medicina, a enfermagem, a coleta de lixo, o tratamento da gua, o sistema de
vacinao, a tecnologia de preservao dos alimentos, a tecnologia de segurana dos carros tm
ligao estreita com a preservao da vida.
Reciclando alguns conceitos psiquitricos e psicolgicos: todos querem fugir da morte, mesmo
quando pensam em morrer. At as ideias suicidas so inconscientemente um aplauso vida.
Quando se pensa na morte no fundo o que se deseja extinguir a dor, o sofrimento, e no a vida.
Mesmo quando aceitamos a morte, na realidade, estamos rendendo homenagem vida.
Nunca a vida ganhou uma estatura to alta
O fenmeno do fim da existncia e as indagaes do esprito humano por desvendar sua origem
reforam a tese de que procurar pelo Autor da vida, independentemente de religio, no sinal
de fraqueza humana, mas da grandeza da sua inteligncia. Sob o ngulo da filosofia, tal procura
um golpe inteligentssimo do intelecto. Grandes filsofos se embrenharam nessa empreitada:
Scrates, Plato, Santo Agostinho, Spinoza, Descartes,
Procurar pelo Autor da vida, Rousseau. At quando um cientista discute seu atesmo,
ele est procurando compreender e aliviar suas
independentemente de
inquietaes existenciais.
religio, no sinal de
fraqueza humana, mas da A inteligncia existencial, portanto, clama para que
possamos respeitar a vida em seu mais pleno sentido. Mas
grandeza da sua inteligncia.
onde esto as pessoas que tm um romance com sua
qualidade de vida? Os melhores profissionais da
atualidade so timos para a empresa e para o sistema social, mas ao mesmo tempo so carrascos
de si mesmos.
Talvez por isso o Mestre dos mestres tenha se antecipado no tempo e proclamado em prosa e
verso uma simples frase, carregada, porm, de inteligncia existencial, saturada de fenmenos
psicolgicos e sociolgicos relevantes: amai o prximo como a ti mesmo. Nunca algum to
grande falou palavras to simples e fundamentais para tornar os pequenos grandes...
Mas quem pratica essa ferramenta? Que psiquiatra, psiclogo, filsofo, educador, lder espiritual
protege sua sade psquica e tem um romance com sua prpria histria? duvidoso que algum o
realize em seu sentido mais pleno.
Antes de amar filhos, amigos, pais, parceiro(a), precisaramos ter um Eu bastante desenvolvido no
territrio da emoo, capaz de reeditar conflitos, debelar medos, superar o egocentrismo, desatar
as armadilhas da mente, enfim, capaz de ter um caso de amor com a vida e de fazer um brinde
sade psquica.
1. Como ter um estoque de amor para com os outros, se no o temos para ns mesmos?
2. Como valorizar a vida, se nos tornamos mquinas de trabalhar, de atividades e de pensar?
3. Como resgatar a estatura da existncia, se em nome de um prazer imediato de uma droga
muitos a colocam em risco?
4. Como preserv-la, se fazemos seguro de casa, carro, empresa, mas no sabemos fazer seguro
emocional, no sabemos proteger a emoo nem gerenciar o estresse?
5. Como equilibr-la, se sofremos por antecipao, se fazemos o velrio dos fatos antes do
tempo?
6. Como cuidar dela carinhosamente, se no sabemos esquadrinhar os fantasmas que assombram
nossas mentes?
7. Como deix-la respirar, se esgotamos seu oxignio com a necessidade neurtica de poder, de
evidncia social, de estar sempre certo, de controlar os outros?
O Mestre dos mestres elevou a estatura da vida a seus patamares mais altos. Para ele o ser
humano que erra era mais importante que seus erros. Para o carpinteiro da existncia a profisso,
o status social, a condio financeira, o poder poltico, eram perifricos. A vida era o centro. Uma
prostituta era to fundamental quanto o mais notvel lder religioso. Um moribundo leproso que
exalava o cheiro ftido de suas feridas era to essencial quanto o governador da Galileia ou da
Judeia. Um escndalo social? Sim! Mas expresso por algum que exalou a inteligncia existencial
em prosa e verso.
Era incrvel observar que seus discpulos, que antes no expressavam minimamente a inteligncia
existencial, pois eram rudes, agressivos, individualistas, tinham a necessidade doentia de estar
acima dos seus pares, no fim da caminhada, exalar diletos sentimentos de tolerncia,
generosidade, altrusmo e agradecimento dirio pelo espetculo da vida.
Aprenderam a no exigir nada dos outros, a doar sem esperar reconhecimento. Descobriram que
o maior ator social aquele que tem prazer em servir. Eram promotores da liberdade,
incentivadores do direito de escolha. Foram complacentes com seus opositores, pacificadores dos
aflitos, compreensivos com a loucura dos errticos, brandos com os que os rejeitavam.
Desenvolveram a inteligncia existencial, uma inteligncia mais profunda que a emocional,
interpessoal, musical, lgica, e tantas outras.
Nunca a dignidade alou voos No eram cultos, mas adquiriram uma cultura fabulosa. As
to altos e a solidariedade cartas que Pedro e Joo escreveram revelam uma
criatividade, uma resilincia e uma inteligncia existencial
ganhou asas to geis.
que deixam pasma a cincia moderna. As sementes e os
sonhos que o maior educador da histria plantou vo ao
encontro dos mais belos sonhos da filosofia, da psicologia, da sociologia, das cincias da educao.
Nos seus lbios a vida ganhou inimaginvel estatura. Nunca a dignidade alou voos to altos e a
solidariedade ganhou asas to geis.
O desenvolvimento da inteligncia existencial nos leva a dois grandes compromissos, dois grandes
romances. Primeiro um romance com a humanidade. Quem desenvolve tal inteligncia tem a
convico de que os fenmenos que constroem cadeias de pensamentos em milsimos de
segundo, sem sabermos o lcus das informaes e sem a participao consciente do Eu, esto
presentes em cada ser humano e, portanto, denunciam que somos mais parecidos do que
imaginamos.
Essa verdade cientfica deveria nos compelir a pensar muito alm de um grupo social, cultural,
acadmico, religioso, mas pensar como espcie. Nenhuma de nossas diferenas depe contra
nossa nica essncia. Pensar como espcie um fruto excelente da inteligncia existencial,
pouqussimo desenvolvido no sistema acadmico mundial. muito fcil formar feudos, ilhas, criar
espaos solitrios. No h como proteger a humanidade e o meio ambiente sem pensar como
espcie e ter um romance com ela.
Se rabes e judeus desenvolvessem a inteligncia existencial, teriam mais habilidade para superar
suas diferenas. Pois na essncia so iguais. Se pensssemos como espcie, seramos menos
brancos e negros, celebridades e annimos, ocidentais e orientais, e mais seres humanos
apaixonados pela famlia humana.
A inteligncia existencial exige tambm um romance com a vida assunto que j cometamos ao
longo do programa Freemind. Por ser vital, vou enfatiz-lo. Por qu? Porque a vida belssima e
brevssima como gotas de orvalho que por instantes aparecem e logo se dissipam aos primeiros
raios solares do tempo. Somos fagulhas vivas que cintilam durante poucos anos no cenrio da
existncia e depois se apagam to misteriosamente quanto acenderam. Nada to fantstico
como a vida, mas nada to efmero e fugaz quanto ela.
Hoje estamos aqui, amanh seremos uma pgina na histria. Um dia, tombaremos na solido de
um tmulo e ali no haver aplausos, dinheiro, bens materiais. No fim deste programa temos de
nos perguntar: que histria estvamos escrevendo? Que histria queremos escrever? Que legado
queremos deixar?
Jamais deveramos esquecer que se a sociedade nos abandona, a solido supervel, mas se ns
mesmos nos abandonamos, ela insuportvel...
PAINEL DE DEBATE
1. Voc uma pessoa resiliente? Quando algum o contraria, qual sua atitude: voc
reflete pacientemente sobre o comportamento dele e procura uma resposta
inteligente ou reage agressiva e ansiosamente?
2. Debata esta questo: no h cus sem tempestades, nem caminhos sem acidentes.
Comente os principais acidentes que enfrentou (perdas, rejeies, crises, ataques de
raiva).
3. O ser humano um pergunta em busca de uma grande resposta. Voc percebe que a vida
belssima e brevssima? A brevidade da existncia o estimula a procurar um sentido mais profundo
para sua vida? Ou voc vive instintivamente, procura o prazer a qualquer custo?
4. A cincia deu saltos espetaculares, mas no extirpou as mazelas psquicas do ser humano. A
violncia social, o terrorismo, a fome, a farmacodependncia, enfim, os problemas da humanidade
o incomodam? Voc preocupado com a humanidade? Pensa como quem parte da
humanidade? Voc procura aliviar a dor dos outros?
5. O desenvolvimento da Inteligncia Existencial aquieta o pensamento, tranquiliza a emoo, traz
consolo nas perdas, coragem nas injustias, esperana no caos. Voc tem apaziguado as guas da
sua emoo? O seu futuro e o futuro da sociedade so um sonho prazeroso ou um pesadelo para
voc?
6. Voc respeita as pessoas que tm opinies, ideologias e religies diferentes?
Essas ferramentas demandaram um longo tempo para serem elaboradas: mais de 20 anos. E nos
ltimos tempos foram lapidadas e aplicadas para atingir as metas do Freemind. Enquanto as
elaborava durante o dia, noite e nos fins de semana, dentro de avies, nos aeroportos, eu s
vezes era tomado por um grande cansao, mas me motivava o prazer de contribuir com tantas
pessoas que no conheo e que talvez nunca conhecerei.
A paixo por contribuir para aliviar a dor dos outros move todas as pessoas que participaram deste
programa, e esperamos que possa mover voc. Lembre-se de que a melhor maneira de investir em
nossa sade emocional e nossa felicidade irrigar o bem estar dos outros. Sonhamos que voc
possa se tornar um multiplicador deste programa.
Nunca se esquea de que o dilogo est morrendo nas sociedades modernas. A solido atingiu
nossas casas, escolas e empresas. Falamos cada vez mais do mundo em que estamos, mas nos
calamos sobre o mundo que somos. Estamos cada vez mais prximos fisicamente dos nossos
filhos, parceiro(a), amigos, colegas e, paradoxalmente, mais distantes interiormente. Os pais
escondem suas lgrimas dos filhos, os filhos ocultam seus pesadelos dos pais. Os professores
escondem sua histria atrs da matria que ensinam. Os jovens escondem seus mais clidos
sentimentos atrs das redes sociais. Conhecem inmeras pessoas, mas no conhecem
profundamente ningum. E, o que pior, raramente conhecem a si mesmos. Escondemo-nos atrs
do status, da cultura e do dinheiro. E nos esquecemos de ser gente, seres humanos, e, como tais,
eternos aprendizes.
Muitos sabem lidar com questes lgicas, mas no sabem lidar com suas lgrimas, extrair riquezas
das suas perdas, lies das suas frustraes, experincias das suas crises. A cincia nos levou a
conquistar o imenso espao e o pequeno tomo, mas no a conquistar os intangveis espaos da
nossa psique. Ter sade emocional e uma mente livre est se tornando uma miragem no deserto:
bela, mas inalcanvel.
O grande objetivo do Freemind dar uma contribuio para reverter esse processo. Trabalhamos
12 ferramentas maiores e inmeras outras menores, porm no menos importantes. Cada
ferramenta envolve a psicologia social, educacional e organizacional. Envolve ainda a filosofia, a
sociologia e a pedagogia. Neste programa nossas habilidades de lderes foram postas prova,
nossa fragilidade e nossos conflitos foram expostos. Viajamos para dentro de ns mesmos, pelo
menos um pouco. Foi uma importante viagem. Talvez tenhamos descoberto que no somos to
bons, saudveis e maduros quanto pensvamos. Talvez tenhamos visto que somos meninos no
teatro da existncia.
Durante toda a vida precisamos proteger a emoo, gerenciar o estresse, contemplar o belo, ser
lderes primeiramente de ns mesmos antes de s-lo no teatro social. Enfim, ningum se diploma
nas ferramentas do Freemind. Elas so universais e atemporais. Assim como o corpo no se
diploma dos alimentos, nosso Eu no pode se diplomar nas habilidades para ser gestor da sua
histria.
Provavelmente, a grande maioria das pessoas aparentemente saudveis tem no mximo duas
ou trs das ferramentas que estudamos bem trabalhadas na sua personalidade. Deviam ter sido
estudadas e incorporadas desde os primeiros anos de vida.
Ter uma mente livre ter conscincia de que cada ser humano um mundo a ser conhecido e
uma histria a ser explorada. Todas as pessoas tm riquezas escondidas dentro de si, mesmo as
mais difceis e complicadas, mesmo as que erram e fracassam continuamente. Garimpe ouro nos
solos de quem voc ama e debaixo dos seus escombros.
Ter uma mente livre no ter medo dos prprios sentimentos. ter maturidade para falar: Eu
errei. Ter coragem para dizer: Perdoe-me. ter coragem para ouvir um no, maturidade para
receber crticas, resilincia para suportar as perdas. Ter segurana para receber uma crtica, ainda
que injusta. recomear tudo de novo tantas vezes quantas forem necessrias...
Ter uma mente livre ser um navegante nas guas da emoo. Beijar os filhos prolongadamente,
abraar os pais afetivamente e olhar nos olhos de quem especial para voc e dizer com vibrao:
Eu te amo!, Eu preciso de voc, Desculpe-me, O que posso fazer para tornar voc mais
feliz? extrair lucidez em nossas loucuras, ganhos nas perdas, sade no perdo, autodomnio nos
solos da ansiedade, segurana nos vales do medo, alegria na terra das mais clidas angstias.
Acima de tudo, ter uma mente livre ter a convico de que, apesar das nossas falhas, da nossa
estupidez, dos nossos defeitos e fragilidades a vida ... Uma vida um espetculo nico e
imperdvel no teatro da existncia... Vale a pena encen-la, pois ningum digno da sade
psquica se no usar suas crises e seus conflitos para nutri-la, ningum digno da maturidade se
no usar suas lgrimas para irrig-la...
Referncias bibliogrficas
CURY, Augusto. Freemind: mente livre e emoo saudvel. Rio de Janeiro: Sextante, 2013.