Breves Apontamentos Sobre A Poesia Hermética
Breves Apontamentos Sobre A Poesia Hermética
Breves Apontamentos Sobre A Poesia Hermética
hermtica*
Resumo
O presente artigo visa apresentar, a ttulo de breve introduo, um
priplo histrico relativo gnese de uma efetiva poesia de cunho
hermtico, levando-se em conta alguns pronunciamentos crticos que vo
da Antiguidade clssica at a modernidade e o consequente
esfacelamento da mmesis/imitatio classicistas frente ao surgimento das
chamadas poticas individuais. Entende-se por hermetismo o jogo livre
de palavras e metforas, em mbito potico, responsvel pelo
aparecimento de grandes obras literrias na tradio ocidental,
especialmente a partir da era romntica.
Palavras-chave: Hermetismo; potica; metfora.
Abstract
This article aims to present, as a brief introduction, a historical journey
relative to the birth of an effective hermetical poetry, taking into account
some critical views, spanning since the Classical Age up to Modernity,
and the resulting crash of the classical mimesis/imitatio due to the
emergence of the so-called individual poetries. We think of hermeticism
as a free play of words and metaphors, under a poetical view, whose
specificities are responsible for the appearance of great western literary
works, specially since the Romantic Age.
Key-words: hermetical; poetics; metaphor.
Rsum
Cet article present, au titre de brve introduction, un priple historique
relatif a la naissance dune effective posie hermtique, en regardant
quelques expressions critiques de lAntiquit classique la modernit, et
*
Recebido em 2 de agosto de 2008. Aprovado em 2 de setembro de 2008.
221
lultrieure rupture de la mmesis/imitatio classique face la naissance
des potiques individuelles. On entend pour hermetisme le livre jeu de
mots e mtaphores responsable pour lapparition dimportants ouvres
litraires dans lOccident, notamment ds lAge Romantique.
Mots-cls: hermtisme; potique; mtaphore.
1
E, talvez tambm, fontes primevas que abordaram o discurso filosfico. Lembremos que,
como aponta Maras (2004:30), por seu estilo um tanto sibilino, os gregos apelidaram
Herclito de o Obscuro, alcunha imortalizada em fragmento de Teofrasto, em um
sentido no muito apreciativo, a nosso ver.
222
no que toca s qualidades de estilo: De um modo geral, de enigmas
bem feitos possvel extrair metforas apropriadas, porque as metforas
so enigmas velados e nisso se reconhece que a transposio de sentido
foi bem-sucedida. Em outra passagem da mesma obra, refere-se ao mau
uso e emprego de palavras estranhas e obsoletas, no momento em que
trata da frieza de estilo, a qual seria enformada por trs causas
especficas: o emprego de palavras compostas, o uso de eptetos
demasiado longos e as metforas incovenientes, estas ltimas, no
sentido de imagens obscuras (Aristteles 1998:180). J em certas
passagens da Potica, ao referir-se s qualidades da elocuo, podemos
ver como Aristteles torna explcito o ideal de uma clareza que tambm
ir prescindir de quaisquer hermetismos:
2
Cf. Costa Lima (1984).
223
de 14-13 a.C., Horcio (1988:55) ir afirmar, j nas primeiras linhas de
sua Epstola aos Pises:
224
literrios propriamente ditos, o compromisso com a clareza parece ter
sido uma constante nos diversos tratados poticos da Antigidade, como
tambm exemplo o Do sublime, de Longino, ou Pseudo Dionsio. Em
determinados momentos de seu tratado, tendo em vista minimizar os
vcios que impurificam o sublime, ele puxa s rdeas inclusive a nomes
consagrados, como Plato e Herdoto. Do primeiro, a quem tambm
chama de divino, cita a excessiva liberdade no uso das metforas que
acontece de quando em quando, como, por exemplo, na ocasio em que,
referindo-se a tbuas votivas, registra: escrevero e depositaro nos
templos memrias de cipreste, ou quanto a muralhas, Megilo, eu
concordaria com Esparta em deixar os muros deitados no cho a dormir,
sem os levantar (grifos meus). E explica tais liberdades da seguinte
forma:
3
interessante notar como Ibn Khaldun, em seu grande livro sobre a histria universal,
mostra-se influenciado no apenas pela Metafsica aristotlica, como tambm, pelos
tratados poticos. Num dos captulos da referida obra, que trata especificamente da
criao literria, Khaldun (1977:1066) escreve: [El poeta] debe emplear en sus poemas
una fraseologa perfectamente correcta y exenta de las (licencias de construccin
llamadas) exigencias del lenguage. Evitar esas expresiones (irregulares), porque rebajan la
alocucin de la categora de la elocuencia. Los paladines del arte vedaron al poeta
musulmn (mowallad) el uso de esas licencias, porque fcilmente se poda prescindir
de ellas y seguir la va ideal, que debe observarse en (el ejercicio de) la facultad (potica).
Evitar asimismo en cuanto posible el uso de frases embrolladas; slo deben procurarse
aquellas cuyos sentidos compiten con las palabras por ganar la delantera hacia el
entendimiento. No es necesario recargar las ideas em un solo verso, pues ello implica
confusin para la inteligencia. Las frases de preferencia son aquellas cuyas palabras
concuerden con las ideas (que se quieren expresar) y las representen clara y
ampliamente.
225
aristotlicas (no normativas) para endossar os seus prprios critrios de
estratificao de normas artsticas e ditar o bom gosto de suas pocas, em
no raras ocasies, engessando a prtica literria criativa de maneira
inconsciente.4 Ou, nas palavras de Oliveira Brando (2005:8), tomaram
o acidental (as solues dadas) pelo essencial (a busca de solues
adequadas a novas necessidades). Como sabido de todos, tais acepes
chegariam s portas do Romantismo, na obra de Boileau (1648-1704),
que em sua Arte potica sentencia: ame a razo: que todos os escritos
procurem sempre o brilho e o valor apenas na razo (1979:16) e se o
sentido dos versos que o senhor comps tarda em fazer-se entender, logo
meu esprito comea a distrair-se e, pronto a desprender-se de palavras
vazias, no mais segue (Boileau 1979:19). Para Boileau a clareza um
atributo inato inteligncia e quaisquer dificuldades interpretativas so
prontamente associadas incapacidade de formulao e talento de um
determinado autor. De Aristteles a Boileau, pode-se dizer que a histria
das poticas ocidentais est quase totalmente embasada numa postura
mimtica e realista que prescinde de quaisquer interferncias de gosto
pessoal, endossada tambm por certos preceitos judaico-cristos de
valorizao do silncio inconseqncia das palavras: As palavras do
sbio favorecem a ele mesmo, mas as palavras do insensato provocam
sua prpria runa. Se o incio das palavras do insensato j insensatez, o
fim do seu discurso ser tolice perversa (Eclesiastes, 10, 12-13).5
Mas, paralelamente a todas as exegeses terico-literrias dessas
pocas (que, afinal, eram acessveis apenas aos estratos mais
privilegiados) fato hoje que, ainda em mbito medieval, pode-se
encontrar os pioneiros vestgios de uma poesia de feitio hermtico, que
vinha sendo gestada, de incio, anonimamente entre os trovadores, mas
depois constituiu a escola provenal autoconsciente do trobar clus, entre
os estratos eruditos dos sculos XII e XIII. O trobar clus, ou escur, ou
ainda cobert e ric, configurou-se especialmente na obra de alguns poetas
provenais, em oposio ao chamado trobar lur, espcie de poetar
ligeiro comum a grande maioria dos trovadores. Segundo Henri
Davenson, o trobar clus, e sua variante ou decorrncia, o trobar ric, o
estilo artista, provm de uma esttica de tipo mallarmeano e no la
Rimbaud: a obscuridade conquistada voluntariamente, laboriosamente
e serve para revestir de ornamentos esplndidos ou inesperados uma
4
No queremos afirmar que apenas ao veto ao ficcional se circunscreveram tais
importantssimas obras tericas, mas, antes, que este constituiu boa parte de suas
essncias.
5
Porm, no Novo Testamento (Atos, 2, 4), dito que os apstolos ficaram repletos do
Esprito Santo, e comearam a falar em outras lnguas (grifo meu), numa espcie de
delrio ou furor divino que aponta para um discurso proftico inverossmil, porm
respeitado.
226
proposio que se poderia exprimir claramente (apud Campos 1988).
Entre esses poetas que exageravam no uso de metforas (mas tendo em
vista em ltima instncia a carnao de um conceito, idia ou outro
motivo potico especfico, no-aleatrio), cita-se em geral Marcabru
(1130-1150), cujo estilo fulgurante tinha como pano de fundo as
alegorias do universo moral cristo e, especialmente, Arnaut Daniel, que
possuiu, entre seus admiradores, o prprio Dante Alighieri6 (consta que o
famoso dolce stil nuovo, tambm com um qu de alegrico e difcil
penetrao, enformado por Guido Cavalcanti e, principalmente, o Dante
das Rime Petrose, tem suas razes na obra de Daniel). Chama a ateno
nos poemas de Daniel o livre imagismo e associao de idias a partir de
rimas preciosas que tem um sabor todo especial no idioma original
occitnico, um pouco perdido nas tradues. Alm das Rime Petrose,
Dante parece ter em mente esse hermetismo a meu ver mais alegrico
do que particularmente buscado, quando afirma, na Comdia (Inferno,
Canto IX, 2005: 96):7
6
Como o prprio afirma no tratado Da eloqncia vulgar. Dante tambm homenageia
Daniel na Divina comdia (Purgatorio, Canto XXVI), em um verso onde o chama il
miglior fabro del parlar materno.
7
vs que tendes o intelecto so, / vede a doutrina que o velame esconde / destes versos
estranhos que aqui vo (Traduo de Vasco Graa Moura Cf. Bibliografia).
227
outra como se em osso e carne possa
ter sido de esmeralda apenas feita;
dir-se-ia que terceira a neve roa [...]
228
Altera el mar, y al viento que le trata
Imperioso aun obedece apenas.
229
If thou be'st born to strange sights,
Things invisible to see,
Ride ten thousand days and nights,
Till age snow white hairs on thee,
Thou, when thou return'st, wilt tell me,
All strange wonders that befell thee,
And swear,
No where
Lives a woman true, and fair.
8
V e agarra a estrela cadente (Traduo de Jorge de Sena): Agarra a estrela cadente, /
mandrgora v se emprenhas, / encontra o tempo fugente, / quem ao Diabo deu as
manhas, / diz-me como ouvir sereias, / no sofrer de invejas feias / e que brisa / nos avisa
/ dos caminhos que alma pisa. // Se teu destino buscar / que no h quem veja ou mea,
/ noite e dia hs-de trotar / t que a neve te embranquea, / e ao voltar dirs que baste /
maravilhas que passaste / e que no / viste ento / uma mulher sem seno. // Se uma
achaste verdadeira, / valeu-te a pena a cruzada. / Mas eu no caio na asneira / de t-la por
minha amada. / Honesta seria ainda / ao tempo da tua vinda. / Mas agora / j teve hora /
de a dois ou trs ser traidora.
230
aponta para o desaparecimento (parenttico) de um referente
encontrvel, ainda que pelo esforo da erudio.
E para a irrupo dessa poesia de leitura, muito contribuiu,
teoricamente, o pensamento desenvolvido pelo filsofo alemo
Emmanuel Kant (1724-1804) em relao autonomia da obra de arte,
especialmente na chamada terceira crtica (de 1790), onde abre as
portas para a imaginao atravs de seu conceito de gnio, a partir do
qual o processo de apreenso do Belo feito mediante a subjetividade, ou
melhor, cada obra de arte suporia suas prprias fronteiras. Isso um
passo para a relativizao dos parmetros de uma crtica fundada sobre
bases de cunho efetivamente mimtico que, em ltima instncia, abrir
novos espectros para a prtica literria, a ponto de, por exemplo,
Hlderlin (1770-1843) poder afirmar posteriormente a realizao de uma
escritura potica sem o uso de palavras.9 Tudo isso serviu como uma
quebra da doutrina da Naturnachahmung de tratadistas como Gottsched,
inspirada pela imitatio, que, como lembra Dolozel (1990:60-61), facultou
ao cnone normativo neoclssico alemo o seu requisito fundamental: de
que as obras de arte teriam necessariamente de ser cpias da natureza.
Com o gradual aparecimento do Romantismo, j se pode afirmar, como
o fez Rosen (2000:317) que o anseio de o artista romntico expressar
sua personalidade atravs da obra no mais forte que o esforo de fazer
com que sua vida privada se conforme visivelmente personalidade
estilstica da prpria obra. Haver ento um movimento de libertao da
metfora que predispor no apenas o esfacelamento das poticas
tradicionais, mas a irrupo do que a partir de ento convencionou-se
chamar de poticas individuais:
9
Deve-se lembrar tambm, como aponta Dolezel (1990:57-87), para a autonomia das artes
em relao imitatio, a contribuio dos tericos suos Jakob Breitinger (1701-1776) e
Johann Jakob Bodmer (1698-1783), os quais, influenciados pela doutrina dos mundos
possveis de Leibniz, efetivaram o conceito de mundos impossveis que a literatura
poderia criar, independentemente da realidade, mas ainda sob o prisma da racionalidade.
Mas, em relao ao hermetismo e ao aleatrio, decidiram-se contrrios: haveria tambm
os mundos impossveis ditados pelas esferas da irracionalidade. Breitinger, por exemplo,
chamou de ridculas as imagens de cunho fantstico (relativas s artes plsticas, mas
no excludas ao mundo das metforas literrias) como uma frota ancorada numa torre
ou uma rapariga bonita saindo a nado de um vaso de flores. Bodmer, da mesma forma,
exclui da esfera literria o que poderia existir relativo a sonhos durante o sono, febre alta
e delrio, considerados sem simetria, nem correspondncia, nem ordem, nem
associao (apud Dolezel 1990:76). Mesmo assim, ironicamente, suas contribuies
tericas ajudaram a dilatar posteriormente esse mesmo universo de imagens fantsticas.
231
no ser um selvagem ou um louco, pode tomar a metfora
literalmente. Para os crticos clssicos ou augustanos [ingleses], a
metfora um smile condensado: sua base real ou de senso
comum a semelhana, no a identidade, e quando ela oblitera o
senso de semelhana, torna-se brbara. Nas restries de
Johnson metfora de msica e gua do Bard de Grey, podemos
ver que abismos intelectuais se abririam, para ele, se as
metforas alguma vez passassem alm do estgio de semelhana.
Para o crtico romntico, a identificao na metfora ideal:
duas imagens so identificadas dentro da mente do poeta que
cria (Frye, 2000:152).
232
What the hammer? What the chain?
In what furnace was thy brain?
What the anvil? What dread grasp
Dared its deadly terrors clasp?
10
O tigre (Traduo de ngelo Monteiro): Tigre, tigre que flamejas / Nas florestas da
noite. / Que mo que olho imortal / Se atreveu a plasmar tua terrvel simetria? // Em que
longnquo abismo, em que remotos cus / Ardeu o fogo de teus olhos? / Sobre que asas se
atreveu a ascender? / Que mo teve a ousadia de captur-lo? / Que espada, que astcia foi
capaz de urdir / As fibras do teu corao? // E quando teu corao comeou a bater, / Que
mo, que espantosos ps / Puderam arrancar-te da profunda caverna, Para trazer-te aqui?
// Que martelo te forjou? Que cadeia? / Que bigorna te bateu? Que poderosa mordaa /
Pde conter teus pavorosos terrores? // Quando os astros lanaram os seus dardos, / E
regaram de lgrimas os cus, / Sorriu Ele ao ver sua criao? / Quem deu vida ao cordeiro
tambm te criou? // Tigre, tigre, que flamejas / Nas florestas da noite. / Que mo, que
olho imortal / Se atreveu a plasmar tua terrvel simetria?
233
distanciamento, a fuso do exame crtico com a elaborao
potica, a idia de que o poeme o espao de uma tenso nunca
resolvida. Tudo isso supe uma concepo do sujeito potico
como distinto do sujeito emprico, uma concepo do poema
como diverso do que nasce do entusiasmo e, acima de tudo, uma
concepo do posicionamento histrico dos tempos modernos
(Costa Lima 1984:98).
234
intencionalidade inicial, claro, existe em toda criao artstica, mas
estar comprometida pelo novo jogo (e quebra) entre potica individual e
recepo:
235
hermticos), preferindo ouvir os silncios da pgina exuberncia das
metforas. J outros, como Lautramont, Rimbaud, Apollinaire, Breton,
Artaud, Max Jacob alm de epgonos como Jean Pellerin, Jacques
Dyssord, Ren Chalupt e Francis Carco , realizaram um verdadeiro
ataque compreenso clssica da metfora, graas ao uso freqente de
expresses e imagens aleatrias que esfacelariam de uma vez as
fronteiras da horaciana Arte Potica.11
O fato principal que, em todos estes poetas, de uma ou outra
forma, a metfora passa a se presentificar como um processo de
suspenso da referncia literal para registrar outro grau de referncia,
desta vez, na tessitura lingstica da obra.12 Para Joo Alexandre Barbosa,
o trabalho com a metfora na poesia moderna estimularia at mesmo o
mais acidental:
11
Cf. Raymondi (1997).
12
Essa noo muito cara aos estudos literrios modernos, especialmente ao Formalismo
russo. Como lembra Todorov (2007:67): [...] Voltaire, por exemplo, dizia que a
metfora, para ser boa, deve ser sempre uma imagem; de tal forma que um pintor possa
represent-la no pincel (Remarques sur Corneille). Esta exigncia ingnua, qual alis
nenhum poeta jamais satisfez, foi contestada desde o sculo XVIII; mas ser preciso
esperar, na Frana pelo menos, Mallarm, para que se comece a tomar as palavras por
palavras, no por suportes imperceptveis das imagens. Na crtica contempornea, foram
os Formalistas russos os primeiros a insistir sobre a intransitividade das imagens
poticas. Chklovski evoca a propsito disto a comparao de Tioutchev da aurora com
demnios surdos-mudos, ou a de Ggol do cu com as casulas de Deus. Concorda-se
hoje [1970] que as imagens poticas no so descritivas, que devem ser lidas ao puro
nvel da cadeia verbal que constituem, em sua literalidade, e no realmente naquele de
sua referncia. A imagem potica uma combinao de palavras, no de coisas, e
intil, melhor: prejudicial, traduzir esta combinao em termos sensoriais.
236
[O poeta da modernidade] se isola da rua para se fechar em si
mesmo ou se refugiar num pequeno clube de confrades [...]. Fala
sozinho de si mesmo, de suas coisas secretas, sem saber para
quem escreve. Sem saber se o que escreve vai cair na
sensibilidade de algum com os mesmos segredos, capaz de
perceb-los. Alis, sabendo que poucos sero capazes de entender
perfeitamente sua linguagem secreta, ele conta tambm com
aqueles que sero capazes de mal-entend-la. Isto , com o leitor
ativo, capaz de deduzir uma mensagem arbitrria do cdigo que
no pode decifrar [...]. Houve pocas, e creio que ningum duvida
disso, em que o entendimento foi possvel [...]. Naquelas pocas,
inspirao e trabalho artstico no se opunham essencialmente.
Isto , no se repeliam como plos de uma mesma natureza.
Nessas pocas, a exigncia da sociedade em relao aos autores
grande. A criao est subordinada comunicao. Como o
importante comunicar-se o autor usa os temas da vida dos
homens, os temas comuns aos homens, que ele escreve na
linguagem comum (1997: 68-69).
237
mesma forma como, em A Gaia Cincia, Nietzsche explicou, certa feita,
como aprendeu a ouvir melodias estranhas:
Referncia Bibliogrfica
238
DOLEZEL, Lubomir. 1990. A potica ocidental: tradio e inovao.
Traduo de Vivina Figueiredo. Lisboa: Calouste Gulbenkian.
DONNE, Jonh. Poema Go and catch a falling star (Traduo de
Jorge de Sena) Disponvel no endereo eletrnico
http://br.geocities.com/jerusalem_13/donne.html (Acessado em setembro
de 2007).
KAYSER, Wolfgang. 1986. O Grotesco. So Paulo: Perspectiva.
FOUCAULT, Michel. 1991. Histria da loucura na idade clssica.
Traduo de Jos Teixeira Coelho Netto. 3 edio. Coleo Estudos. So
Paulo: Editora Perspectiva.
FRYE, Northrop. 2000. Fbulas de identidade: ensaios sobre
mitopotica. Traduo de Sandra Vasconcelos. So Paulo: Nova
Alexandria.
GNGORA, Lus de. Poema De la toma de Larache. Disponvel no
endereo eletrnico http://www.poema-de-amor.com.ar/mostrar-
poema.php?poema=3550 (Acessado em setembro de 2007).
HERMETICISM. 1994. In: Britannica Encyclopaedia. 15a edio. Vol.
5 (p. 875).
KANT, Immanuel. Crtica da faculdade do juzo. Traduo de Valrio
Rohden e Antnio Marques. Rio de Janeiro: Forense Universitria, 1993.
KHALDUN, Ibn. 19077. Sobre el arte de la poesa y el modo de
aprenderlo. In: Introduccin a la historia universal. Traduo para o
espanhol de Juan Feres. Mxico: Fondo de Cultura Econmica, p. 1058-
1113.
LOBO, Luza (org.). 1987. Teorias poticas do romantismo. Rio de
Janeiro: Mercado Aberto.
MARAS, Julan. 2004. Histria da filosofia. Traduo de Cludia
Berliner. So Paulo: Martins Fontes.
MONTEIRO, ngelo. Traduo do poema The tiger, de William
Blake. Disponvel no endereo eletrnico
http://www.casadacultura.org/Literatura/Poesia/g12_traducoes_do_ingles/
Tigre_Angelo_Monteiro.html (Acessado em setembro de 2007).
NETO, Joo Cabral de Melo. 1997. Prosa. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira.
NIETZSCHE, William Friedrich. 2001. A gaia cincia. Traduo de
Paulo Csar de Souza. So Paulo: Companhia das Letras.
NOGUEIRA, Lucila. Ago. 2007. Entrevista concedida a Mariza Pontes
para o Suplemento Literrio Pernambuco. Recife: CEPE/Companhia
Editora de Pernambuco, p. 14-15.
RAYMOND, Marcel. 1997. De Baudelaire ao surrealismo. Traduo
de Flvia Moretto e Guacira Machado. So Paulo: Edusp.
ROSEN, Charles. 2000. A gerao romntica. Traduo de Eduardo
Seicman. So Paulo: Edusp.
239
TODOROV, Tzvetan. 2007. Introduo literatura fantstica.
Traduo de Maria Clara Correa Castello. 1 reimpresso da 3 edio.
So Paulo: Perspectiva.
240