Agenda 2025
Agenda 2025
Agenda 2025
E RESPOSTAS
SOBRE O FUTURO
DE MOAMBIQUE
AGENDA 2025
NOTA PRVIA
O Forum MOZEFO: Um Desafio ao Futuro uma plataforma alargada de dilogo
e aco, lanada pelo Grupo Soico e seus parceiros, com a finalidade de agregar
todos aqueles que se interessam pelo presente e futuro de Moambique, na bus-
ca de solues endgenas que impactem todas as camadas da sociedade.
Registo: 8295/RLINLD/2014 A Agenda 2025 preparada por um Comit de Conselheiros, o qual constitu-
Propriedade: Grupo Soico do por 23 personalidades nacionais, provenientes de diferentes sectores da vida
Tiragem: 3.000 exemplares poltica, econmica, social, acadmica, religiosa e cultural do pas, e que, convi-
dados na sua capacidade individual, aceitaram dar o seu contributo num pro-
cesso supra-partidrio, participativo e inclusivo. Nessa perspectiva, o Comit de
Moambique 2014
Conselheiros e a prpria Agenda 2025 apresentam-se como iniciativas cvicas.
www.mozefo.com
i
25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE
AGENDA 2025
Procurando levar ao pblico uma edio que seja, ao mesmo tempo, fiel na sua
Dez anos de paz tambm no tinham sido suficientes para construir uma cul-
substncia ao documento original, a presente edio responde a 25 perguntas
tura de reconciliao entre as partes em conflito, que permitissem ter uma viso
essenciais sobre o contedo temtico fundamental da Agenda 2025, na sua
de Estado, qualquer que fosse o governo do dia. Quer isto dizer que faltava aos
verso de 2013. A estrutura e os destaques temticos da presente edio nem
moambicanos uma reflexo que permitisse delinear linhas constitutivas de uma
sempre coincidem com o formato do documento original, tendo sido concebi-
agenda para a Nao. A constituio do Comit de Conselheiros, fortemente
dos para os propsitos do Frum MOZEFO.
incentivada pelo ento Chefe do Estado, Joaquim Alberto Chissano, e com total
apoio do PNUD, foi o primeiro passo na juno dum paradigma de reconciliao
Apesar de se tratar de um documento de reflexo, disponvel a todos os inte-
de ideias oriundas dos mais diversos sectores da vida poltica, econmica e so-
ressados, o Frum MOZEFO solicitou a orientao tcnica e confirmao de
cial de Moambique, para, em conjunto, pensar a Nao. Era importante verifi-
conformidade junto do Comit de Conselheiros da Agenda 2025, o qual nos foi
car que o conjunto dos 14 Conselheiros representavam um vasto leque da vida
providenciado, com toda a abertura e prontido: pelo gesto,
nacional, acadmicos, partidos polticos, religiosos, economistas, juristas e cida-
dos comuns. Isto permitiu que se discutissem os problemas da Nao partindo
Muito Obrigado ao Comit de Conselheiros da Agenda 2025!
muitas vezes do senso comum e se fosse aprofundando para uma cada vez
maior reflexo terica da viso que queramos ter para a nao moambicana.
ii iii
25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE
AGENDA 2025
Loureno do Rosrio
Presidente da Comisso Executiva da Agenda 2025
Membro da Comisso de Honra do MOZEFO
iv
NDICE
1 Como ser Moambique em 2025? 1
15 Como garantir que a explorao dos recursos naturais seja uma bno? 35
POPULAO E EMPREGO
A populao total, que em 2012 era de 23,7 milhes, est a crescer a uma taxa
mdia de 2,7% por ano. As projeces do Instituto Nacional de Estatstica (INE)
estimam que, no ano 2025, a populao de Moambique atingir cerca de 33,2
milhes. Prev-se que:
34,9%
Populao Zonas Populao
por zona Urbanas por sexo
48,5% 51,5%
65,1% Homens Mulheres
Zonas
Rurais
Populao Populao
por faixa com idade
etria activa
54,1% 45,9% 50,0% 50,0%
Cidados Cidados
Mais de 0-14 anos
com idade com idade
14 anos
no activa activa
1
25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE 1 COMO SER MOAMBIQUE EM 2025?
AGENDA 2025
Do projectado aumento de habitantes at 2025, cerca de 2,8 milhes habitaro INFNCIA E CRESCIMENTO POPULACIONAL
nas zonas urbanas. Segundo um estudo recente, o rpido crescimento popula-
cional tem implicaes nos seguintes aspectos: Segundo o relatrio sobre o recenseamento da populao de 2007, o nmero de
crianas de idades 5-14 anos crescer de 6,6 milhes em 2012, para 8,9 milhes
- crescimento menos acelerado do PIB per capita; em 2025. Esta presso adicional sobre o sistema educacional nos prximos
- presso na procura de alimentos; 12 anos constituir uma dificuldade acrescida para a melhoria da qualidade
- crescimento urbano acelerado; da educao.
- aumento do sector informal;
- maior demanda de servios pblicos (educao, sade, transportes);
- possibilidade de agravamento da pobreza e do nmero de pessoas pobres; NMERO DE CRIANAS
COM 5-14 ANOS
- degradao do meio ambiente;
- desigualdade de rendimentos.
2012 2025
Estes constituem alguns dos grandes desafios a superar. 6,6 8,9
milhes milhes
O emprego fundamental para a gerao do rendimento sustentvel do tra-
balhador e de seus dependentes. O censo da populao de 2007 verificou que
+2,3 milhes
a populao activa, que abrange os cidados entre os 15 e 65 anos, constituiu
51,3% da populao. O sector formal da economia empregava menos de 850 mil
pessoas, ou seja, apenas cerca de 8% da populao activa. Destes, cerca de 245
mil pessoas trabalhavam na administrao pblica. O tecido empresarial empre- O papel da mulher fundamental para a reduo substancial dos ndices de
gava cerca de 532 mil trabalhadores. analfabetismo no seio das mulheres, reduzir os ndices de mortalidade materna,
mortalidade neonatal e infantil com adolescentes que se tornam mes aos 15 ou
Do ponto de vista econmico, a disponibilidade de empregos oferece maior 16 anos. A promoo da mulher assume um papel fundamental, principalmente
emancipao e oportunidades, particularmente para as mulheres e para os para o desenvolvimento integral da primeira infncia, com incidncia no desen-
jovens. Tanto na perspectiva do desenvolvimento humano, como na perspectiva volvimento da criana moambicana desde a gestao, por forma a que a crian-
empresarial, a produtividade do trabalho influencia a competitividade empresa- a nasa e cresa saudvel e potenciando as capacidades motoras, cognitivas e
rial e do pas. expressivas para afirmar a sua identidade e individualidade nas relaes com a
famlia e na sociedade.
A legislao sobre o salrio mnimo, a proteco do emprego, a carga horria, a
segurana social e os modelos contratuais devem visar, no seu conjunto, a redu-
o da desigualdade, da insegurana e dos conflitos sociais..
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25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE 2 QUE LUGAR OCUPARO OS JOVENS?
AGENDA 2025
2
NMERO DE INSTITUIES NMERO DE ALUNOS INSCRITOS
DE ENSINO SUPERIOR NO ENSINO SUPERIOR
Nas ltimas dcadas, quer como efeito directo da guerra prolongada, quer
como reflexo de polticas de desenvolvimento desequilibradas, penalizando o 2004 2012 2004 2014
45mil
meio r ural, o xodo rural juvenil no tem parado de aumentar, agravando os
impactos da economia informal e do superpovoado urbano.
9 48 32mil
Para poderem desenvolver uma actividade produtiva, sem dependerem de +39 +13mil
outrem ou de actividades de sobrevivncia, instveis ou sazonais, os jovens
devem possuir uma formao de nvel tcnico, e adequada s necessidades
actuais do mercado. Para o alcance deste resultado, impe-se uma reverso
profunda das tendncias do desenvolvimento do sistema de educao do pas, Por seu lado, uma contnua expanso do ensino superior, ministrando cursos
garantindo maior enfoque sobre o ensino tcnico-profissional. Contudo, as es- em larga medida pouco alinhados s necessidades do mercado e, portanto, de
tatsticas das ltimas dcadas mostram tendncias diversas desta, aonde atri pouca empregabilidade, constituir prenncio incontornvel de agravamento
budo maior prevalncia ao ensino superior. Seno vejamos: das taxas de desemprego juvenil nos prximos anos, com nveis de frustrao
to altos, quanto o sero as expectativas de quem possui o grau de licenciatura!
Enquanto o ensino superior evoluiu de 17 instituies em 2004 para 44 em 2012,
e um crescimento da respectiva populao estudantil, de 22.000 para 101.000 Nessa medida, uma alterao profunda desta realidade, no sentido de reforar o
respectivamente, o ensino tcnico e profissional passou de 9 instituies em ensino tcnico e profissional, ao mesmo tempo que se incentive a emergncia e
2004 para 48 em 2014, com uma populao estudantil crescendo de cerca de progresso no ensino superior de elites de jovens de alta qualificao cientfica e
32 mil para 45 mil estudantes actualmente. tcnica, pode garantir a concentrao dos esforos de transformao social nes-
ta camada da sociedade, de quem depende o futuro do pas. No h sociedade
Apesar do aumento do nmero de escolas, o ensino tcnico profissional , moderna sem a plena participao dos jovens, e no h plena participao dos
porm, o sector menos atractivo e menos adequado s necessidades do cresci- jovens sem formao e preparao acadmica e tcnica adequadas, quer para o
mento econmico do pas, clamando por reforma profundas, quer relativamente emprego, quer para o auto-emprego.
aos cursos ministrados, quer no que tange modernizao dos respectivos
equipamentos.
4 5
25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE 3 QUAL O MODELO DE DESENVOLVIMENTO PROPOSTO?
AGENDA 2025
3
- Assegurar a educao bsica de qualidade e relevante para todos, e alcanar
ndices de licenciados e de tcnicos mdios, prximos das mdias africanas;
- Alcanar a igualdade entre sexos, bem como a valorizao da mulher, reflec-
tindo- se na presena da mulher nos centros de deciso poltica e econmi-
QUAL O MODELO DE ca, nas matrculas dos diferentes nveis de ensino e no emprego, assim como
DESENVOLVIMENTO PROPOSTO? nas actividades econmicas e empresariais;
- Prosseguir com as aces que visem maior reduo da mortalidade infantil;
A concepo da Agenda 2025 tem em vista alicerar o desenvolvimento econ- - Melhorar a sade das gestantes, com reduo da mortalidade materna;
mico e social global da sociedade, que seja de longo prazo, contnuo e estvel, - Combater e reduzir os ndices de mortalidade causados pelas principais epi-
que conduza construo de uma sociedade moderna, aberta, democrtica, demias (HIV/SIDA, malria, tuberculose e doenas respiratrias);
livre, socialmente justa e inclusiva, com crescentes nveis de bem-estar dos - Promover o planeamento familiar, por forma a gerar maiores benefcios na
cidados; preconiza-se uma sociedade assente numa economia competitiva e sade das crianas e das mulheres, no empoderamento da mulher e na redu-
crescentemente equitativa, social e territorialmente. o da pobreza;
- Fortalecer o papel da mulher visando a reduo substancial dos ndices de
A Agenda 2025 prope a adopo de polticas econmicas e sociais que asse- analfabetismo no seio das mulheres;
gurem o crescimento susceptvel de valorizar ao mximo os recursos naturais, - Melhorar a qualidade de vida e o respeito pelo ambiente;
com maior criao de emprego, com igualdade de oportunidades, transparncia - Aumentar o emprego formal criando, em especial, oportunidades de trabalho
de processos e crescentes nveis de equidade. para os jovens e recm-graduados de ambos os sexos.
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25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE 4 QUAIS AS CONDIES DE DESENVOLVIMENTO?
AGENDA 2025
4
O desenvolvimento possvel com estabilidade poltica e social, em que os ele-
mentos de conflito so superados atravs de alianas e com graus variados de
compromissos entre as partes, em que o dilogo e as negociaes constituam
uma metodologia de trabalho constante, na busca de convergncias de interes-
QUAIS AS CONDIES DE ses econmicos e sociais, muitas vezes conflituosos. A situao econmica do
DESENVOLVIMENTO? pas requere a constituio de pactos entre as foras polticas e sociais em torno
dos grandes objectivos de desenvolvimento da Nao. Isso implica a convergn-
O crescimento duradouro da economia exige determinados nveis de estabili- cia de esforos na aplicao de estratgias e polticas antecipadamente discuti-
dade macroeconmica, particularmente da inflao, do dfice e da dvida p- das e concertadas entre as foras polticas, econmicas e sociais.
blica, da balana de pagamentos e da taxa de cmbio. As vulnerabilidades da
economia moambicana s flutuaes e crises internacionais tornam prudente
que o pas crie reservas que assegurem a estabilidade em momentos de cho-
ques internos e externos como, por exemplo, na forma de segurana alimentar,
no estabelecimento de fundos soberanos de divisas, fundos de estabilizao de
preos internos de bens essenciais, entre outros.
8 9
25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE 5 QUAIS AS PRINCIPAIS FUNES DO ESTADO?
AGENDA 2025
5 O PAPEL DO ESTADO
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25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE 6 QUE TIPO DE INSTITUIES SO PRECISAS?
AGENDA 2025
6
Prevalecem casos de falta de delimitao entre interesses pblicos e privados.
H acesso privilegiado informao, trfico de influncias, uso desproporcio-
nado da fora policial e casos de violao dos direitos humanos. Reconhece-se,
porm, a existncia de importantes avanos, sobretudo na liberdade de expres-
QUE TIPO DE INSTITUIES so oral e escrita e na liberdade de associao.
SO PRECISAS?
Segundo uma literatura recente, os pases que atingiram patamares de desen-
volvimento elevados nas ltimas trs ou quatro dcadas, conseguiram-no, em Compete s instituies e dirigentes polticos educar o povo em redor de
grande parte, devido existncia de um Estado orientado para o desenvolvi- valores ticos, defender e difundir os valores da democracia, da justia, da
mento. Esses estados apresentavam como caractersticas comuns a promoo tica profissional, dos elementos de identidade nacional. Neste contexto,
dum desenvolvimento econmico que favorece explicitamente determinados importa mencionar que persistem discursos, atitudes e formas de organi-
sectores, uma administrao pblica forte e competente, a colocao de insti- zao de negcios que conduzem ao racismo e ao tribalismo, assim como
tuies pblicas competentes no centro das estratgias de desenvolvimento, a apropriao ilcita de bens do Estado. Ao contrrio do que deveria ser,
uma clara articulao entre os objectivos sociais e econmicos e a legitimidade no raras vezes o interesse individual tem prevalecido sobre o interesse
poltica, validada pelos resultados alcanados no domnio do desenvolvimento. geral e sobre o interesse pblico.
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25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE
AGENDA 2025
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Deseja-se que os funcionrios e dirigentes do Estado respeitem e sirvam os
cidados atravs de sistemas e processos administrativos abertos e eficazes.
necessrio superar o abuso do poder, o mau atendimento ao pblico e uso das
funes do Estado para obteno de benefcios pessoais. fundamental que as
agendas polticas sejam cada vez mais inclusivas, reforando a capacidade dos
QUAL O PAPEL
excludos de participarem na economia de mercado, na vida democrtica e no DA SOCIEDADE CIVIL?
espao pblico, com naturalidade e em condies mais equitativas. Essas agen-
das devem reposicionar os excludos no mbito dos processos de produo, A Agenda 2025 revista constata a emergncia de uma sociedade civil cada vez
distribuio e governao. mais informada e formada, que requer espaos de concertao, dilogo e de-
bate, e o desenvolvimento de organizaes, com capacidade de interveno de
O sector privado fundamental para o desenvolvimento econmico e humano. forma fundamentada e substanciada, em estudos que atribuem consistncia e
Tem emergido recentemente entre as instituies de desenvolvimento um novo coerncia s intervenes. Sugere-se que se abram espaos de consultas regu-
quadro conceptual sobre o papel do sector privado no desenvolvimento, que lares com os partidos polticos e as organizaes da sociedade civil, em ambien-
reconhece o papel dos mercados no alargamento de escolhas e oportunidades te de liberdade democrtica.
para as pessoas e famlias pobres, nas suas qualidades de produtores, consumi-
dores e assalariados. (Pags. 79-80). Com efeito, a sociedade civil formal tem o potencial de contribuir para o
desenvolvimento de um espao pblico vibrante, entendido como um espao
de interaco, aberto e acessvel a todos os cidados, em que o pblico se rene
em liberdade, para formular a sua opinio sobre qualquer assunto com impacto
nas suas vidas e que envolve a interveno do Estado. Trata-se de um espao
simblico onde, de forma democrtica, se colocam e debatem os discursos,
polticos, sociais, econmicos, religiosos, culturais ou de qualquer natureza, con-
tribuindo para a formao na sociedade de um vocabulrio e valores comuns,
conducentes construo de consensos em torno de questes centrais do
desenvolvimento.
Uma das implicaes deste desiderato consiste na sociedade civil aceitar como
seu desafio e privilgio, contribuir para o desenvolvimento do sentimento de
cidadania dos moambicanos, assente no cumprimento voluntrio do dever e
no pleno exerccio dos seus legtimos direitos consagrados na Constituio e na
lei. A educao cvica contnua dos cidados deve ter em vista proporcionar um
debate nacional de qualidade sobre as opes de desenvolvimento do pas, no-
meadamente atravs da preparao social das comunidades situadas em zonas
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25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE
AGENDA 2025
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mais remotas, alm de prestaes de assistncia humanitria e de solidariedade
social.
Por seu lado, cabe ao Estado - bem como aos partidos polticos - criar condi-
es institucionais adequadas formao e expanso desse espao pblico, no
COMO SE CONSTRI
qual se faam discursos pedaggicos para induzir a construo de uma socieda- A UNIDADE NACIONAL?
de aberta, assente nos valores da liberdade, igualdade, justia, responsabilizao
e mrito. A unidade nacional deve ser o lao solidrio especial que une os moambicanos
pela pertena mesma Nao, pela comunidade da tradio histrica e pela
construo e subordinao a uma ordem constitucional e jurdica comum, com
smbolos nacionais comuns, no obstante a diversidade de identidades de base
racial, cultural e lingustica.
16 17
25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE
AGENDA 2025
A democracia e o desenvolvimento intelectual do Homem devem cada vez No so somente de natureza de justia e solidariedade. So tambm condi-
mais aceitar verses diversas sobre a realidade presente e passada, desde que es para que o crescimento econmico se traduza num processo de desen-
fundamentadas. Os moambicanos no podem conhecer apenas as verses da volvimento contnuo, sustentado e duradouro. H vrios vectores que podem,
histria elaboradas pelos vencedores mas, principalmente, por cientistas que a eventualmente, dar maior e mais rpido contributo para a reduo da pobreza.
estudam, com distanciamento, e libertos de condicionalidades normativas de Apresentam-se a seguir os oito principais.
posicionamentos polticos ou de outra natureza.
1. O meio mais eficaz e duradouro de combater a pobreza, elevando os rendi-
A unidade nacional construda pensando, sobretudo, no futuro, com objectivos mentos dos mais pobres, assegurar um modelo de crescimento que inclua os
que mobilizem os moambicanos, atravs de projectos de construo de uma pequenos produtores do meio rural e os pobres das cidades.
sociedade e de um pas, que ultrapassem conjunturas polticas, econmicas e
sociais ou de lutas partidrias. A grande misso do actual sistema poltico a No primeiro caso pode ser atravs:
construo de uma sociedade mais coesa, mais solidria e mais justa. A unidade - do aumento da produtividade e da transformao estrutural dos pequenos
nacional s plenamente verdadeira, quando o Homem se sentir livre nas suas produtores agrcolas, com incidncia na produo alimentar;
opes e, com elas, poder viver sem algum tipo de discriminao e/ou excluso. - do aumento de oportunidades de negcios em outros sectores; e
- da gerao de emprego.
A educao da cidadania deve assentar, sobretudo, nos ideais do futuro e no
na chamada persistente aos conflitos passados e recentes, internos e/ou exter- Estes elementos supem um aumento da economia formal e uma gradual trans-
nos. A interpretao do pas e do mundo deve ser compreendida pelas verda- formao das economias informais em formais.
deiras causas e motivaes polticas, militares e econmicas, que ultrapassem as
anlises dicotmicas e maniquestas. No segundo caso, pode ser atravs de incentivos para a criao de pequenos
negcios formais, com criao de emprego, dando prioridade, por exemplo, s
A construo da unidade nacional, nestes moldes, exige polticos e homens e zonas verdes em redor das cidades para a criao de hortcolas, frutas e peque-
mulheres de Estado que coloquem os objectivos de um futuro longnquo da nos animais.
Nao e dos cidados acima das lutas partidrias, de defesa da preservao
do poder - e das ambies pessoais ou de grupos. 2. Um outro vector de reduo da pobreza pode ser atravs da incluso das
comunidades e dos pequenos produtores nos grandes projectos (sobretudo os
agrrios), o que se pode processar de vrias formas como, por exemplo:
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25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE 9 COMO REDUZIR A POBREZA?
AGENDA 2025
- extenso de novas tecnologias para aumentar a produtividade com e sem 8. Finalmente, o Estado e as organizaes humanitrias deveriam prestar maior
regime de subcontratao; ateno aos grupos sociais desamparados, como os rfos, as crianas de
- criao de emprego; famlias pobres, os idosos sem famlia e as crianas de rua, sobretudo nos cen-
- aces de extenso rural privadas. tros urbanos e nas vilas de dimenso mdia. Seriam necessrios investimentos
e a manuteno de lares, com assistncia sanitria e medicamentosa, e a edu-
cao das crianas. O crescimento econmico deve estar acompanhado pela
3. A criao de emprego uma das formas de reduo da pobreza. ne- reduo da pobreza, nas suas variadas manifestaes, do nmero de pobres
cessrio criar emprego formal a um ritmo superior ao volume de pessoas e das desigualdades sociais. Estes podem ser considerados os objectivos
que entram anualmente no mercado de trabalho (idade activa). Seria im- centrais para a economia e sociedade moambicanas. No so somente de
portante que a economia assegurasse uma taxa de crescimento do empre- natureza de justia e solidariedade. So tambm condies para que o cres-
go formal de, pelo menos, 6% por ano. cimento econmico se traduza num processo de desenvolvimento contnuo,
sustentado e duradouro.
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25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE 10 QUAIS OS SECTORES PRIORITRIOS?
AGENDA 2025
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25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE
AGENDA 2025
11
as suas obrigaes fiscais e laborais, entre outras. Devem, igualmente, assumir
o seu papel no desenvolvimento da economia e da sociedade moambicanas, e
contribuir para a responsabilidade social, ambiental e corporativa.
QUAL A IMPORTNCIA
Os cidados e as comunidades nacionais, numa perspectiva inclusiva e de DA PRODUO ALIMENTAR?
coeso nacional, devem ser envolvidos. O acesso aos recursos naturais no
deve ser individualizado, nem cada um deve correr sozinho para ter a sua A agricultura a principal ocupao da populao rural, ou seja, de 70% da
riqueza. populao moambicana. Entre 1992 e 1996, o sector agrrio cresceu a uma taxa
mdia anual de 6%, e entre 1996 e 2004 a 6.6% (FMI, 2005). De 2000 a 2010 a
contribuio da agricultura ao PIB variou entre 22% e 24% (INE).
As novas concesses mineiras e de hidrocarbonetos devem ser cedidas s
empresas pblicas, que podero associar-se a empresas estrangeiras, sendo
que, a prazo, devem abrir uma parte do seu capital para cidados nacionais e
empresas cuja maioria do capital social seja moambicana. Para assegurar trans- 22-24%
parncia, a venda a privados nacionais poderia ser efectuada atravs da bolsa Agricultura
de valores. Ocupao da Contribuio
30,0% Populao 70,0% 78-76% ao PIB
Populao Populao Outros 2000-2010
com outras cuja principal Sectores
SECTORES DE SERVIOS ocupaes ocupao
agricultura
- transportes (caminhos-de-ferro) e portos; Infelizmente, ao longo de dcadas, a agricultura tem sido caracterizada por pro-
- transportes rodovirios (supondo o investimento em estradas e portagens); dutividade e rendimentos agrcolas baixos.
- comrcio;
- educao; Segundo a FAO (Organizao das Naes Unidas para a Agricultura e
- investigao; Alimentao), a produo por habitante tem decado durante as ltimas cinco
- sade. dcadas. Esta instituio refere que, em Moambique, ainda se produz uma
mdia inferior a 700 quilos de cereais por hectare, enquanto que, no Malawi e na
Zmbia, j se produz acima de 2,000 quilos por hectare. Na Nigria, produz-se
5,000 quilos de milho por hectare.
PRODUO DE CEREAIS
(kg/hectar)
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25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE 11 QUAL A IMPORTNCIA DA PRODUO ALIMENTAR?
AGENDA 2025
De acordo com os censos agropecurios, entre 2000 e 2010 verificou-se um agrcola na produo de alimentos, o sector familiar utiliza muito poucos insu-
aumento de produo bruta da agricultura, assente no aumento dos factores mos agrcolas: sementes melhoradas, fertilizantes e agro-qumicos. Das 51.400
trabalho e terra, isto , atravs da extenso da produo. O consumo de insumos toneladas de fertilizantes consumidas em Moambique, em 2010/11, cerca de
diminuiu (sementes melhoradas, fertilizantes e pesticidas), bem como a quanti- 91,3% foram utilizados na produo empresarial do tabaco e do acar e ape-
dade de equipamentos (nmero de tractores, motobombas e electrobombas). nas 5.000 toneladas, ou seja 9,7%, foram usadas por todos os outros sectores,
incluindo o sector familiar, que conta com cerca de trs milhes de produtores.
Apesar da baixa produtividade, segundo a FAO, a produo de milho aumentou
significativamente nos ltimos anos, podendo Moambique considerar-se exce- A situao prevalecente de baixa produtividade e rendimentos agrcolas cons-
dentrio deste produto. Porm, por razes de qualidade, estabilidade da oferta titui o maior desafio de Moambique, e est indissoluvelmente ligada questo
e dos preos, a indstria moageira e de raes continua a importar este cereal. da pobreza e do emprego. Constitui a razo principal para o afluxo desordenado
Tem havido aumentos significativos da produo e exportao de tabaco, a- das populaes rurais para as zonas urbanas, onde exercem uma presso sobre
car e algodo. Culturas tradicionalmente importantes como o caju, a copra e o equipamento urbano e engrossam os nveis de desemprego, com o conse-
o ch permanecem com grandes dificuldades de recuperao, devido a vrios quente incremento de tenses sociais urbanas.
factores (envelhecimento das plantas e doenas, pouco investimento na recu-
perao industrial e nas plantaes, mercados distorcidos, pouco interesse dos
investidores, flutuaes dos preos nos mercados internacionais).
26 27
25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE 12 QUE QUADRO LEGAL PARA A GESTO DE TERRA?
AGENDA 2025
12
- Um amplo e srio debate sobre a propriedade estatal da terra em toda a
extenso do territrio nacional, no qual se poderia considerar a existncia de
zonas de propriedade estatal (para fins militares e de segurana, reservas e
parques naturais), zonas comunitrias e zonas para explorao econmica;
QUE QUADRO LEGAL - Importncia do planeamento fsico e da zonificao do territrio, segundo as
PARA A GESTO DA TERRA? finalidades;
- Estabelecimento de critrios e mtodos de clculo do preo da terra, e/ou o
Enquanto factor de produo, a terra um bem com valor econmico e patri- funcionamento dos mercados fundirios e/ou a transmissibilidade do DUAT,
monial. A terra tem uma relao intrnseca com a agricultura, a agro-indstria e sem perda de propriedade;
os recursos energticos. ainda um factor de poder, tanto do Estado como ao - Estabelecimento de critrios e mtodos de clculo do preo dos melhora-
nvel dos seus usurios. Nas comunidades, a terra tambm um elemento que mentos fundirios e investimentos realizados, para considerao no eventual
influencia as relaes sociais e o estabelecimento das hierarquias das socieda- acto de compra e venda e respectivas taxaes sobre as mais-valias;
des. ainda um elemento de prestgio. - Definio dos mtodos de auscultao e negociao entre compradores e
vendedores/ comunidades;
A Lei de Terras reitera o princpio constitucional de que a terra pertence ao - Estabelecimento de contratos-tipo para assinatura de propriedade/DUAT ou
Estado e no transmissvel, embora as melhorias fundirias possam ser tran- outras formas de transmissibilidade;
saccionadas. a interpretao abusiva desta ressalva que faz com que, na prti- - Aperfeioamento da legislao, em vigor, sobre os direitos consuetudinrios;
ca, exista efectivamente um mercado de terra no pas. - Definio dos mecanismos de proteco das famlias/comunidades com
direitos adquiridos, nos processos de negociao, por exemplo, atravs de
Os licenciamentos conferidos pelo Direito de Uso e Aproveitamento da Terra assessoria jurdica realizada por organizaes independentes dos interessa-
(DUAT) so comercializados de diferentes formas, sobretudo nas zonas urbanas, dos e do governo.
peri-urbanas e de expanso urbana, e nas zonas com investimento (principal-
mente na agricultura, florestas, minas e turismo). So conhecidos casos de
obteno de DUAT para efeitos especulativos como, por exemplo, em reas onde
esto previstos investimentos. Existem evidncias da utilizao no eficiente da
terra. A posse do DUAT pressupe uma maior segurana dos direitos do uso
da terra. Porm, menos de 5% das pequenas exploraes possuem o DUAT, o que
aumenta a vulnerabilidade dos donos de terra tradicionais ou consuetudinrios.
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25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE 13 COMO GERIR OS RECURSOS HDRICOS?
AGENDA 2025
13 POTENCIAL DE APROVEITAMENTO
DA BACIA DO ZAMBEZE
Alguns analistas prenunciam que podero gerar-se srios conflitos volta da gua,
inclusive entre pases vizinhos. Para alguns pases, a deciso de importar alimentos No horizonte da Agenda 2025, so previsveis alocaes significativas de
far-se- no em funo da sua incapacidade efectiva de os produzir, mas da quan- gua produo de energia, agricultura, minerao, indstria e consumo
tidade de gua que, para isso, necessitam, ou que economizam no o fazendo. domstico. Os acrscimos no consumo esto basicamente condiciona-
dos por falta de infraestruturas. Porm, a problemtica da gesto racio-
Os principais recursos hdricos de Moambique so compartilhados com os pa- nal integrada dos recursos hdricos e a acomodao dos interesses de
ses vizinhos e o pas localiza-se na parte final das bacias hidrogrficas. Cerca de Moambique e dos pases da regio precisam de subir de prioridade na
50% destes recursos esto concentrados, sendo a regio Sul a menos favorecida. agenda governamental, no curto prazo.
Apesar do imenso potencial do pas, muita da gua que corre nos nossos rios vai
para o oceano sem ser utilizada, nem na irrigao de terras para agricultura, nem
na produo de energia. A gesto das bacias de Maputo, Umbelzi, Incomti e Limpopo (415.000 quilme-
tros quadrados, 14 milhes de pessoas, densidade populacional de 25-50 pessoas
O desenvolvimento de Moambique passa necessariamente pela bacia do por km2, uma das maiores de frica, e com potencial para conflito) estrategi-
Zambeze, no s pelos recursos minerais j identificados ou por identificar mas, camente importante para a produo de alimentos e gerao de emprego para a
sobretudo, porque esto ali: maior concentrao populacional do pas a cidade de Maputo.
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25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE 14 QUAIS SO OS PRINCIPAIS DESAFIOS EM TORNO DOS MEGA PROJECTOS?
AGENDA 2025
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Isto significa uma explorao no sustentvel deste recurso. Apesar do cancela-
mento de licenas de explorao, existe a percepo de que a fiscalizao no
tem sido plenamente eficaz na aplicao da lei.
QUAIS SO OS PRINCIPAIS DESAFIOS O mesmo pode ser observado no processo de concesso da terra, em geral,
EM TORNO DOS MEGA PROJECTOS? por um perodo de at 50 anos. Refere-se que 88% da terra cedida aos grandes
investidores agrcolas entre 2007 e 2009, cerca de 5 mil quilmetros quadrados,
Nos ltimos anos, os mega projectos tm merecido grande ateno da aco foi destinada a actividades directamente extractivas: produo florestal, fauna
governativa, na poltica econmica e no discurso poltico. So os grandes pro- bravia e biocombustveis.
jectos que tm contribudo para os resultados positivos que se reflectem nal-
guns indicadores macroeconmicos importantes, principalmente a balana de As grandes dificuldades e os desafios associados implantao dos grandes
pagamentos e o PIB, apesar da crise internacional. Embora sejam elevados os projectos so:
riscos que podero ressaltar da situao da economia internacional desde 2008,
o aumento da extraco e exportao do carvo poder liderar o crescimento - Reassentamento de populaes em zonas com terras menos frteis, mais
econmico nos prximos anos. distantes dos mercados e servios pblicos e com menores oportunidades
de negcios;
Assumindo um cenrio de estabilidade poltica e social, as projeces apontam - Negociaes no formais entre governo, multinacionais e comunidades,
para um crescimento da economia da ordem de 8,4% no trinio 2013 a 2015, resultando em desentendimentos relativamente aos graus de cumprimento
resultante do crescimento mdio previsto na indstria extractiva: o crescimento dos compromissos, e provocando situaes de reclamao e de insatisfao
acelerado da produo e exportao do carvo e a crescente contribuio das por parte da populao abrangida;
areias pesadas, da energia e do sector do gs. - Insuficientes ligaes entre pequenas e mdias empresas e os grandes
projectos;
Os mega projectos tm induzido a criao de infraestruturas associadas cons- - Efeitos ambientais negativos: contaminao do ar, da gua e dos solos;
truo civil (reabilitao e ampliao de linhas frreas, de terminais porturias e - Sobrecarga das infraestruturas como estradas e pontes, parque imobilirio e
a abertura de novas estradas e pontes), assim como o planeamento de centrais demais elementos do urbanismo (escolas, centros de sade) e a consequente
elctricas. Comeam a surgir, embora de forma incipiente, algumas actividades acelerao da sua deteriorao, agravada por deficiente manuteno;
econmicas associadas, tais como o fornecimento de bens e servios. No entan- - Imigrao numa escala que ultrapassa a capacidade de absoro e de ge-
to, conforme j foi referido, as empresas nacionais so caracterizadas por capital rao de emprego; os problemas sociais agravam-se nos centros urbanos e
incipiente, fracos recursos humanos, pouca especializao e grandes carncias nas periferias dos plos onde se implantam as unidades produtivas; Inflao,
de gesto, planificao e de eficcia operativa. No so, por isso, competitivas. provocada por nova e maior procura local de bens e servios, para a qual o
As empresas estrangeiras continuam sendo os principais fornecedores de bens tecido produtivo no possui capacidade de resposta.
e servios aos mega projectos.
A inflao penaliza, principalmente, os grupos sociais de menor rendimento. As
Na ltima dcada, 80% a 90% de todo o investimento privado em Moambique situaes de conflito j verificadas requerem um tratamento mais aprofundado,
(principalmente nos sectores de alumnio, gs, minas, pesca e florestas) foi apli- envolvendo as partes interessadas: Governo, multinacionais, comunidades, orga-
cado na extraco de recursos naturais e sua exportao, sem processamento nizaes da sociedade civil e o sector privado local.
industrial que lhes acrescente valor. No obstante haver uma legislao proi-
bindo a exportao de madeira em toros, foram devastadas extensas reas de A questo central permanece na necessidade de captar mais recursos dos gran-
florestas com rvores exticas protegidas, que foram cortadas e exportadas em des projectos para a economia, nomeadamente, receitas para o Oramento do
bruto. A replantao da floresta muito limitada e existem indicaes de que o Estado, e de reter o valor no pas, por diversos mecanismos como a gerao
volume de corte superior ao da capacidade regenerativa natural da floresta. de emprego, extenso e melhoria dos servios sociais, desenvolvimento de
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25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE
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aglomerados econmicos e capacitao do Aparelho de Estado para o desem-
penho das suas funes. A falta de transparncia acerca dos contratos e das
negociaes bem como o difcil e virtualmente impossvel acesso informao
relacionada com os mega projectos facilitam a criao de um clima de descon-
COMO GARANTIR QUE A EXPLORAO
fiana sobre eventuais actos ilcitos, corrupo e conflitos de interesse entre
negcios e governao.
DOS RECURSOS NATURAIS SEJA UMA BNO?
Por outro lado, muitos pases, praticamente sem recursos naturais mas dotados
de conhecimento de sentido de envolvimento e de partilha, vivem em ambiente
de tranquilidade e prosperidade para toda a sua populao1.
1 Cabo Verde tem sido mencionado como exemplo deste tipo de casos em frica.
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25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE 15 COMO GARANTIR QUE A GESTO DOS RECURSOS NATURAIS SEJA UMA BENO?
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25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE
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25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE 16 FUNDO SOBERANO - SIM OU NO?
AGENDA 2025
A Agenda 2025 sugere assim que as receitas extraordinrias resultantes da - Uma parte para eliminar assimetrias regionais e assegurar equilbrios entre as
explorao de recursos no-renovveis devem ser canalizadas prioritariamente vrias regies de Moambique;
para:
- Outra parte ainda, deve permitir a constituio de fundos para a estabiliza-
- Superar os grandes obstculos ao crescimento e desenvolvimento, que nun- o dos preos, em particular para sustentar e reduzir a excessiva volatilida-
ca se conseguiu resolver precisamente porque faltavam recursos ou, quando de dos preos de bens e servios;
os havia, estavam condicionados aos critrios e exigncias dos doadores ou
financiadores. Em particular: Uma parte importante, cada vez mais crescente, deve ser canalizada para um
Fundo Soberano de modo a preservar uma parte da riqueza para as geraes
a promoo de programas transversais para a formao integral dos futuras. A constituio do fundo soberano e a sua gesto por uma entidade es-
oambicanos e para se atingir o mximo do seu potencial do capital huma-
m tatal especializada, deve ser regulada por legislao especfica.
no, incluindo forte investimento no desenvolvimento da criana moambica-
na, desde a sua gestao, para um pleno desenvolvimento fsico e intelectual; Os fundos sob responsabilidade do fundo soberano devem permanecer sob
a elevao geral das competncias especficas de moambicanos, com custdia do Banco de Moambique, que actuar em estrita obedincia Lei.
prioridade para o saber fazer, o ensino tcnico e a formao profissional, Para alm de auditorias internas e externas e da superviso do banco central, a
a investigao cientfica e a inovao; Assembleia da Repblica pode exercer fiscalizao competente do fundo sobe-
a promoo do empreendedorismo; rano. A consistncia de um Fundo Soberano facilita a execuo de uma poltica
a promoo da mulher e do jovem como alicerces de uma sociedade as- fiscal, monetria e cambial mais eficiente.
sente no fcil e rpido acesso informao, e ao domnio da cincia e
tecnologia; A aco de um banco de desenvolvimento gerido profissionalmente e sem
ingerncias externas complementa e potencia a actuao de bancos comerciais
- Outra parte para superar os constrangimentos infraestruturais e elevar a com- e de outros agentes financeiros, atravs de linhas de crdito em condies con-
petitividade das empresas e da economia nacional, entre outras, atravs de: cessionais (juros mais favorveis e prazos mais dilatados), em apoio a projectos
nacionais, contribuindo assim para a elevar a competitividade da economia, com
desenvolvimento de infraestruturas estruturantes para fazer crescer a pro- destaque para as pequenas e mdias empresas moambicanas.
duo, reduzir os custos de transao;
assegurar o rpido e efectivo crescimento da produo e da produtividade
nos sectores prioritrios da economia, com foco na produo agrria, na
indstria transformadora que acrescente valor matria prima nacional;
alavancagem das micro, pequenas e mdias empresas moambicanas
(MPMEs), contribuindo para a sua melhor organizao e gesto empresa-
rial, com competncias necessrias para se tornarem elegveis ao crdito;
concesso de linhas de crdito concessionais para o crescimento dos secto-
res prioritrios, a serem implementadas por um banco de desenvolvimento,
devidamente articulado com os bancos comerciais e de outros agentes
financeiros;
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25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE 17 QUE INCENTIVO DEVE SER DADO S EMPRESAS?
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sua organizao interna. empresa de sucesso exige-se uma orgnica interna
dinmica e competente, uma gesto rigorosa e austera, com as contas em dia e
contabilidade estruturada, disponvel para auditoria externa. S estando devida-
mente estruturadas, que as empresas podem beneficiar dos recursos naturais
QUE INCENTIVO DEVE de que o pas dispe, tornar-se relevantes no mercado interno e, eventualmente,
SER DADO S EMPRESAS? realizar negcios no plano internacional.
A elevao da competitividade geral da economia dever ser feita atravs de A empresa de sucesso opera apenas em negcios lcitos, rejeita participar em
apoio consistente s empresas nacionais, dado o seu potencial enorme para negcios ilcitos, de lucro fcil, obedece legislao e aos regulamentos do pas,
criar riqueza e gerar rendimentos e emprego, incluindo: tem os impostos devidamente pagos nos prazos regulamentares. Os critrios de
boa governao devem espelhar as recomendaes do cdigo do Instituto dos
- A promoo extensiva do empreendorismo e do autoemprego e a tomada Directores.
de medidas e incentivos para minimizar o peso do sector informal;
- A regulamentao do mercado fundirio para permitir transacionar legal- Na execuo do seu modelo de negcio, as empresas devem procurar vantagem
mente os ttulos que conferem o Direito de Uso e Aproveitamento da Terra competitiva, em perfeita sintonia com o mercado interno e internacional. As
(DUAT); empresas de sucesso so geis em resposta s dinmicas do mercado, sabem
- A adopo de uma poltica tributria que incentive o aumento da produo adaptar-se s suas variaes, quer do ponto de vista das taxas de juro, quer de
e da competitividade das empresas, simplificando e reduzindo as taxas relati- cmbio, e sabem tirar vantagens das oportunidades que a legislao cria, tendo
vas produo e circulao de mercadorias; competncia para analisar a concorrncia, e encontrando vantagens com vista a
- Uma maior sintonizao da poltica fiscal com a poltica monetria e cambial, gerar lucro para os seus accionistas.
assim como as polticas sectoriais, com vista a se superarem as distores e a
incentivar as empresas a serem produtivas e competitivas; A concorrncia empresarial deve ser equacionada no quadro de mercados que
- A formao intensiva de gestores e sua capacitao na gesto empresarial, valorizam a eficincia, permite adequada competio preo-qualidade, que
aos vrios nveis; favorece o consumidor e promove a competitividade da economia.
- A capacitao dos servios pblicos empresariais, de modo a contribuir para
elevar a qualidade e as competncias gerenciais, de organizao e da gesto As taxas de juro, as taxas de cmbio, a poltica salarial e os demais preos na
das empresas. economia devem estar harmonizadas com as polticas financeira e industrial,
entre outras, direccionadas para o fomento da produo e produtividade, para
A autorizao dos grandes projectos dever incorporar e especificar os bene- gerar impactos positivos nas empresas, e assegurar maior competitividade da
fcios quantificveis para a economia local, designadamente: a construo de economia.
escolas tcnicas, a execuo de programas de formao especfica, a promoo
de pequenas e mdias empresas que produzem e fornecem produtos agrcolas Nos contratos a assinar com os grandes projectos, devem ser estabelecidas
e pecurios, e a criao de capacidades de fornecimento de bens e servios quotas mnimas, periodicamente crescentes, para o processamento industrial de
locais para o projecto. matrias primas nacionais, a incorporao de quotas mnimas de bens e servios
de origem nacional, para os abastecer, e quotas de emprego de mo de obra
As empresas moambicanas, para serem competitivas, devem funcionar com nacional. Devem tornar obrigatrios programas intensivos de formao de mo-
elevada qualidade de gesto profissional, grande rigor e disciplina financeira. -obra e de desenvolvimento das comunidades.
A empresa precisa do apoio indirecto dos servios pblicos do Estado para,
na fase inicial, contribuir para a reduo dos custos de transaco. Mas o es- Para fortalecer o empoderamento dos moambicanos, os cidados, as comu-
sencial do esforo e do sucesso provm da liderana e da competncia espe- nidades e os empresrios devem ser parte integrante dos grandes projectos.
cfica dos gestores da empresa, da sua viso e conhecimento do mercado, da semelhana do que sucedeu nos vrios pases cujos governos contriburam
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25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE
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Devem ser consideradas empresas moambicanas as empresas registadas - Incentivos fiscais destinados a jovens empresrios, com prioridade para os
no pas, em que os moambicanos detenham pelo menos 51% do seu capital que tm formao tcnica mdia e superior;
social, aos quais esto associados direitos especiais. Estas empresas devem - Linhas de crdito com taxas de juro bonificadas para as actividades conside-
ser apoiadas pelo Estado, de forma consistente, para assegurar uma partici- radas prioritrias;
pao multiforme e relevante, nas diversas fases dos grandes projectos. Estas - Comparticipao do Estado em investimentos para a constituio de empre-
empresas devem comprometer-se a, num determinado prazo, abrirem os seus sas nos clusters, aplicando recursos obtidos atravs dos grandes projectos.
capitais para subscrio de outros moambicanos, atravs da bolsa de valores Estes e outros incentivos poderiam ter como requisito que os beneficirios
de Moambique. Casos especficos devidamente fundamentados podero bene- fossem jovens empresrios com razes rurais, e que investissem nas respecti-
ficiar de um perodo maior. Esta uma questo importante das opes a tomar vas zonas de origem.
na alocao dos recursos naturais do pas. De forma transparente, os cidados e
as comunidades moambicanas devem ser envolvidos numa perspectiva inclu Consideram-se prioritrias, entre outras, as seguintes reas:
siva, assegurando a coeso nacional.
- Produo de sumos, frutas e vegetais embalados, concentrados alimentares,
Os pontos de partida dos moambicanos no acesso aos recursos naturais so transformao de cereais, aproveitamento integral de soja, entre outras;
diferentes. - Matadouros e redes de frio;
O conhecimento de cada um exguo e fragmentado. As competncias tcnicas - Produtos qumicos para a agricultura (fertilizantes e misturas de pesticidas);
e humanas so dspares e insuficientes. O acesso informao desigual, por - Indstria txtil e de confeces;
isso cresce a percepo, na sociedade, de que so sempre os mesmos e os seus - Indstria associada construo civil;
familiares e amigos que se constituem parceiros dos investidores estrangeiros - Prestao de servios de preparao da terra e importao de peas sobres-
nos grandes projectos. Por esta razo, a alocao destes recursos, por parte do salentes para mquinas agrcolas e meios de transporte pesado (camies);
Estado, num contexto de igualdade de oportunidades, deve ser feita com equi- - Indstria do vidro e de embalagens de carto e plstico;
dade, transparncia, rigor e prestao de contas. - Transportes de passageiros e de bens especficos;
- Servios de assistncia tcnica aos equipamentos.
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25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE 24 QUE PAPEL PARA OS MEDIA?
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Para que haja livre circulao de ideias e opinies, que habilitem os cidados
a exercer uma cidadania activa e informada, os rgos de comunicao social
devero ter acesso informao objectiva e isenta, limitada, apenas, por legti-
mos segredos do Estado, cruciais para a soberania e segurana do pas.
QUE PAPEL PARA
OS MEDIA? O Estado deve legislar sobre informao classificada e o segredo de Estado.
O exerccio do direito informao constitui uma das pedras basilares para a A Lei deve regulamentar o livre acesso s fontes oficiais de informao, excepto
materializao da cidadania e da identidade moambicanas. O acesso infor- a classificada, a observncia da tica e deontologia dos profissionais da comu-
mao assegura a voz e a participao dos cidados de ambos os sexos, neces- nicao social, assegurando respeito e a defesa do bom-nome das instituies e
sria para a construo de um Estado Democrtico. dos cidados e a prevalncia do interesse geral sobre o individual.
A comunicao social presta um papel importante, trazendo e transmitindo Os rgos de comunicao devero, por seu lado, velar pelo uso responsvel
a actividade poltica, econmica e social, para o povo. Na aco governativa, da informao, de modo a promover e apoiar o desenvolvimento da paz, demo-
contribui para a preveno de conflitos, criando um espao para a participao cracia, boa governao, unidade nacional e prosperidade da Nao e dos seus
popular nos processos nacionais. cidados. O sucesso do desenvolvimento econmico e social exige a massifica-
o da rede de informao e comunicao, tanto na cidade, como no campo,
A contribuio dos meios de comunicao social, no processo da democrati- com recurso s novas tecnologias.
zao, pressupe a gerao de interesse, conscincia, conhecimento e entendi-
mento o que, por sua vez, pressupe a aquisio de capacidades e tcnicas de
utilizao da comunicao para apoiar o desenvolvimento sociocultural, poltico
e econmico.
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25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE 25 QUAL O LUGAR DE MOAMBIQUE NO MUNDO?
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- A diviso do Sudo, com o precedente de criao de 2 pases, deixando para
trs a doutrina e as deliberaes da OUA, de indiscutibilidade e indivisibili
dade das fronteiras coloniais;
- A desestabilizao no Mali, no Nger e na Nigria;
QUAL O LUGAR DE - As disputas territoriais entre o Malawi e a Tanznia, a instabilidade na
MOAMBIQUE NO MUNDO? Repblica Democrtica do Congo, os golpes de Estado e as mudanas vio-
lentas de mregime, como nos casos da Guin-Bissau, Costa do Marfim e Mali;
A economia moambicana insere-se crescentemente na economia mundial glo- - O surgimento da Tailndia, Malsia, Indonsia, Vietname, Coreia do Sul e
balizada, tendo registado, nas ltimas duas dcadas, taxas significativas de cres- Taiwan como slidos investidores no plano internacional;
cimento mdio anual, com relativo equilbrio macroeconmico, com melhorias - A tendncia dos pases que dominam o grupo regional da SADC de ence-
relativas registadas ao nvel da logstica e no fornecimento de servios. tarem negociao directa com os parceiros do grupo extrarregional, o que
condiciona o dilogo no quadro da cooperao internacional e, ainda, a
A ascenso econmica dos pases emergentes como o Brasil, Rssia, ndia, China ameaa ao prprio conceito de integrao regional, resumindo-o, na prtica,
e frica do Sul (BRICS), assim como de novos actores, sobretudo asiticos, fize- circulao de bens e de pessoas.
ram crescer a procura de recursos naturais, viabilizando projectos de explorao - Os interesses ou posies pontuais divergentes e, por vezes, antagnicos,
de recursos minerais e energticos da frica Austral. A importncia dos recursos no seio da SADC, sobre a questo essencial: interdependncia regional ou
naturais de Moambique cresceu. Moambique surge, assim, como um destino dependncia em relao frica do Sul, no modelo similar Constelao de
promissor para os grandes investimentos nos sectores de gs, carvo e outros Estados do tempo do apartheid.
minrios, na agricultura, florestas e nas infraestruturas.
Ao nvel nacional e local, importante ponderar-se sobre os seguintes par-
Desenvolveu-se, assim, um espao em que, em Moambique, se assiste a uma metros novos que implicam novos desafios, novas oportunidades e tambm
forte influncia de vrios pases, designadamente China, ndia, Austrlia, Brasil, ameaas:
Coreia do Sul, frica do Sul e Itlia, assim como, num segundo plano, Malsia,
Indonsia e Vietname. - A perspectiva de melhor explorao do potencial hidroelctrico do pas; a
construo de represas, para armazenamento de gua e preservao do cur-
Estas mudanas tm influncia sobre o presente e o futuro do pas. Ao se pers- so de guas torrenciais peridicas;
pectivar o futuro, essencial determinar-se como essas mudanas criam novas - A descoberta de depsitos de hidrocarbonetos na plataforma continental e
oportunidades e desafios. essencial acolher as novas oportunidades, sem alie- a crescente conscincia da necessidade de defesa das nossas guas territo-
nar os parceiros tradicionais. riais, face ao recrudescimento do fenmeno da pirataria;
- A riqueza em recursos minerais como fonte de atraco de imigrao
Outros fenmenos mundiais com grande influncia sobre o presente e o futuro clandestina,de garimpo ilegal e de contrabando;
de Moambique so: - A utilizao do nosso pas como importante ponto do trfico internacional
de droga;
- A imploso do mercado imobilirio, o colapso de bancos e agncias de segu- - O desejo do Malawi, Botswana e, de modo mais geral, dos pases do inter-
ros e a subsequente recesso econmica americana, seguida da crise finan- land, de aceder ao mar via Moambique;
ceira escala internacional; - O interesse crescente dos mercados asitico, do mdio oriente e brasileiro,
- A crise das dvidas soberanas de Portugal, Itlia, Grcia, Espanha e Irlanda, e nos recursos naturais (minerais, hidrocarbonetos, madeira, terras propcias
consequente instabilidade social e econmica, em particular nesses pases e, para a agricultura, etc.).
em geral, na Europa;
- As transformaes e a instabilidade em importantes regies do mundo rabe
e no Mdio Oriente, em particular na Tunsia, Egipto, Lbia, Turquia e Imen,
assim como a grave situao actual na Sria;
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25 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O FUTURO DE MOAMBIQUE
AGENDA 2025
A reflexo sobre estas matrias deve ser norteada pelo imperativo de se assegu-
rar a paz, o interesse nacional, o desenvolvimento e a estabilidade interna, tendo
em conta:
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