SPT
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Para obter estes tipos de informao o teste mais econmico e elucidativo o ensaio SPT. A partir dele o projetista de
fundaes poder solicitar exames mais especficos, caso ache necessrio.
Equipamentos utilizados
Como feito
O ensaio consiste em fazer uma perfurao vertical com dimetro normal 2,5" (63,5mm). A profundidade varia com o tipo
de obra e o tipo de terreno, ficando em geral entre 10 a 20 m. Enquanto no se encontra gua, o avano da perfurao
feita, em geral, com um trado espiral (helicoidal).
O avano com trado feito at atingir o nvel de gua ou ento algum material resistente. Da em diante, a perfurao
continua com o uso de trpano e circulao de gua, processo denominado de lavagem. O trpano uma ferramenta da
largura do furo e com terminao em bisel cortante, usado para desagregar o material do fundo do furo.
O trpano vai sendo cravado no fundo do furo por repetidas quedas da coluna de perfurao (trpano e hastes). O
martelo cai de uma altura de 30 cm, e a queda seguida por um pequeno movimento de rotao, acionado manualmente
da superfcie, com uma cruzeta acoplada ao topo da coluna de perfurao. Injeta-se gua sob presso pelos canais
existentes nas hastes, esta gua circula pelo furo arrastando os detritos de perfurao at a superfcie. Para evitar o
desmoronamento das paredes nas zonas em que o solo apresenta-se pouco coeso instalado um revestimento metlico
de proteo (tubos de revestimento).
A sondagem prossegue assim at a profundidade especificada pelo projetista (que se baseia na norma), ou ento at que
a percusso atinja material duro como, por exemplo, rocha, mataces, seixos ou cascalhos de dimetro grande.
Durante a perfurao, a cada metro de avano feito um ensaio de cravao do amostrador no fundo do furo, para medir
a resistncia do solo e coletar amostras. Esse ensaio, denominado ensaio de penetrao ou ensaio SPT, feito com
equipamento e procedimento padronizados no mundo todo, para permitir a correlao de seu resultado com a experincia
consolidada de muitos estudos feitos no Brasil e no exterior.
Amostrador padro para ensaio SPT. A padronizao internacional permite comparaes entre estudos feitos
em diversas parte do mundo.
O amostrador (figura ao lado) cravado atravs do impacto de uma massa metlica de 65 kg caindo em queda livre de 75
cm de altura. O resultado do teste SPT ser a quantidade de golpes necessrios para fazer penetrar os ltimos 30 cm do
amostrador no fundo do furo. Se o solo for muito mole, anota-se a penetrao do amostrador, em centmetros, quando a
massa simplesmente apoiada sobre o ressalto. A medida correspondente penetrao obtida por simples apoio, ou zero
golpes, pode ser expressiva em solos moles. Na penetrao por batida da massa conta-se o nmero de golpes aplicados,
para cada 15 cm de penetrao do amostrador.
As diretrizes para a execuo de sondagens so regidas pela NBR 6484, "Execuo de Sondagens de simples
reconhecimento", a qual recomenda que, em cada teste, deve ser feita a penetrao total dos 45 cm do amostrador ou at
que a penetrao seja inferior a 5 cm para cada 10 golpes sucessivos. A cada ensaio de SPT prossegue-se a perfurao
(com o trado ou o trpano) at a profundidade do novo ensaio.
No Brasil, as empresas de sondagem esto adquirindo equipamentos com sistema hidrulico e movidos por motor a
combusto, para execuo do ensaio SPT, cujo amostrador cravado no terreno por meio de martelo mecnico.
O processo de perfurao, por trado ou lavagem, associado aos ensaios penetromtricos, ser realizado at onde se
obtiver nesses ensaios uma das seguintes condies:
1 -- Quando em 3 m sucessivos se obtiver ndices de penetrao maiores do que 45/15;
2 -- Quando em 4 m sucessivos forem obtidos ndices de penetrao entre 45/15 e 45/30;
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3 -- Quando, em 5 m sucessivos, forem obtidos ndices de penetrao entre 45/30 e 45/45 (nmero de golpes/espao
penetrado pelo amostrador).
Caso a penetrao seja nula dentro da preciso da medida na seqncia de 5 impactos do martelo o ensaio ser
interrompido, no havendo necessidade de obedecer o critrio estabelecido acima.
Entretanto, ocorrendo essa situao antes de 8,00 m, a sondagem ser deslocada at o mximo de quatro vezes em
posies diametralmente opostas, distantes 2,00 m da sondagem inicial.
Coleta de amostras
Na sondagem a percusso so coletadas amostras obtidas pelo amostrador e aquelas retiradas nos avanos dos furos
entre um e outro ensaio de SPT, por trado ou lavagem. As amostras retiradas do amostrador devem ser acondicionadas
em frascos hermticos para a manuteno da umidade natural e das suas estruturas geolgicas.
As amostras de trado devem ser acondicionadas em sacos plsticos ou ordenadas nas prprias caixas de amostragem.
As amostras retiradas por sedimentao da gua de lavagem ou de circulao tambm devem ser guardadas. Elas so
constitudas principalmente pela frao arenosa do solo original, pois os finos geralmente so levados pela gua de
circulao da sondagem.
O ndice SPT foi definido por Terzaghi-Peck, que nos diz que o ndice de resistncia penetrao (SPT) a soma do
nmero de golpes necessrios penetrao no solo, dos 30 cm finais do amostrador. Despreza-se portanto o
nmero de golpes correspondentes cravao dos 15 cm iniciais do amostrador.
Ainda que o ensaio de resistncia penetrao no possa ser considerado como um mtodo preciso de investigao, os
valores de SPT obtidos do uma indicao preliminar bastante til da consistncia (solos argilosos) ou estado de
compacidade (solos arenosos) das camadas do solo investigadas. Veja a tabela abaixo:
5 - 10 Pouco compacto
11 - 30 Medianamente compacto
31 - 50 Compacto
3-4 Mole
5-8 Mdia
9 - 15 Rija
16 - 30 Muito rija
> 30 dura
Nmero de furos
A NBR 8036/83 (Programao de sondagens de simples reconhecimento dos solos para fundaes de edifcios)
estabelece os nmeros de perfuraes a serem feitas, em funo do tamanho do edifcio, conforme segue:
No mnimo uma perfurao para cada 200m de rea da projeo em planta do edifcio, at 1.200m de rea;
Entre 1.200 m e 2.400m fazer uma perfurao para cada 400 m que excederem aos 1.200 m2 iniciais;
cima de 2.400m o nmero de sondagens ser fixado de acordo com o plano particular da construo.
Em quaisquer circunstncias o nmero mnimo de sondagens deve ser de 2 para a rea da projeo em planta do edifcio
at 200m, e trs para rea entre 200m e 400m.
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Interpretao dos resultados
Na maioria dos casos, a interpretao dos dados SPT visa a escolha do tipo das fundaes, a estimativa das taxas de
tenses admissveis do terreno e uma previso dos recalques das fundaes.
Assim, a empresa encarregada de fazer o ensaio fornece um relatrio dos trabalhos e uma desenho esquemtico de cada
furo. A partir da, cabe ao projetista interpretar os resultados para escolher o tipo de fundao ou, se ainda achar os dados
inconclusivos, pedir algum ensaio mais especfico.
A escolha do tipo de fundao feita analisando os perfis das sondagens, cortes longitudinais do subsolo que passam
pelos pontos sondados. A presso admissvel a ser transmitida por uma fundao direta ao solo depende da importncia
da obra e tambm da experincia acumulada na regio, podendo ser estabelecida em funo de ndice correlacionado
com a consistncia ou compacidade das diversas camadas do subsolo.
O quadro abaixo apresenta uma correlao do mesmo tipo para solos coesivos, igualmente estabelecida por Terzaghi-
Peck. Esta correlao entre o ndice de resistncia penetrao e a resistncia compresso simples ainda menos
precisa que a anterior e tem tambm carter indicativo.
Rija 8 a 15 1a2
Compacta 31 a 50 4a6
Alm das tabelas acima, possvel estimar a carga admissvel em um solo mediante a frmula abaixo:
Assim, por exemplo, um solo com ndice SPT de 20 teria uma tenso admissvel de 3,47 Kg/cm/ e outro com SPT 16 teria
uma tenso admissvel de 3 Kg/cm/. Mas devemos ressaltar que estes valores, tanto das tabelas quanto da frmula
acima, so muito genricos e imprecisos. S mesmo uma anlise criteriosa da sondagem por um tcnico especializado
pode determinar com preciso o melhor valor para a resistncia do solo.
Isto porque alm do tipo de solo e sua resistncia SPT, o projetista deve levar em conta outros fatores inerentes s
fundaes -- forma, dimenses e profundidade -- e ao terreno que servir de apoio, analisando a profundidade, nvel
d'gua e possibilidade de recalques, alm da existncia de camadas mais fracas abaixo da cota de nvel prevista para
assentar as fundaes.
Os dados colhidos na sondagem so mostrados na forma de perfil individual do furo, ou seja, um desenho que traduz o
perfil geolgico do subsolo na posio sondada, baseado na descrio dos testemunhos, aquelas amostras colhidas
durante a perfurao. A descrio dos testemunhos feita a cada manobra e inclui:
1 -- Classificao litolgica Cor, tonalidade e dados sobre formao geolgica, mineralogia, textura e tipo dos materiais.
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2 -- Estado de alterao das rochas Trata-se de um fator que faz variar extraordinariamente suas caractersticas. As
descries do grau de alterao das rochas, embora muito informativas, so at certo ponto subjetivas por se basearem
normalmente na opinio do autor da classificao.
3 -- Grau de fraturamento Uma das maneiras de avaliar o grau de fraturamento da rocha atravs do nmero de
fragmentos por metro, obtido dividindo-se o nmero de fragmentos recuperados em cada manobra pelo comprimento da
manobra.
O solo varia de regio para regio, dentro do prprio lote podem ocorrer variaes bruscas de composio e resistncia
do solo, da a importncia de seguir os procedimentos normatizados para ter uma representao o mais fiel do subsolo em
estudo.
Apesar desta variao, algumas regies so bem conhecidas dos engenheiros que lidam com fundaes. Vamos analisar
alguns destes casos, para exemplificar como o ensaio SPT pode ser utilizado para indicar o tipo de fundao mais
adequado.
So Paulo - Avenida Paulista -- Localizado no topo de um espigo que corta a capital do Estado de So Paulo,
ou seja, num topo de montanha que, provavelmente, j foi muito mais alta na remota antiguidade. Assim, o solo j
foi compactado pela natureza, sendo relativamente firme e o lenol fretico fica baixo. Assim, construes
menores podem usar fundao direta (sapatas) e os prdios maiores devem utilizar tubulo ou estacas, que
podem ser tanto do tipo Strauss (moldada in loco), pr-moldada de concreto ou ao ou outras, especiais, para
edifcios maiores.
Santos (SP) - Orla da praia -- Este um caso clssico na mecnica dos solos. A cidade de Santos mundialmente
conhecida pelos seus edifcios fora de prumo beira mar. Isto ocorreu porque, na poca de sua construo, utilizou-
se fundaes rasas apoiadas a cerca de 8 m de profundidade, onde se encontra um solo relativamente rgido (SPT
8). Entretanto, cerca de 10 m abaixo, encontra-se uma areia argilosa mutio mole, cujo SPT 1/60, ou seja, o martelo
d uma batida e j penetra 60 cm. Muitos edifcios foram construdos sobre sapatas, isto , com fundao rasa. Em
ambos os casos, ao longo dos anos a argila vai recalcando, o solo vai cedendo e os edifcios afundam. H casos em
que os prdios desceram mais de 1 metro em relao ao nvel original. Os prdios mais novos utilizam estacas mais
profundas, que vo buscar o solo mais duro a mais de 27 metros de profundidade. os edifcios ficaram tortos porque
no afundaram por igual, pois um prdio faz presso sobre a fundao do vizinho, e naquele local ambos afundam
mais pois existe uma presso maior sobre o sub-solo.
Campinas (SP) -- Esta uma grande cidade do interior do Estado de So Paulo e que tem diversos tipos de
solo. Sua regio central j foi bastante estudada, contendo solo ideal para fundao direta ou rasa, para obras
pequenas e mdias, e estaqueamento para prdios maiores. Para estes ltimos, o lenol fretico baixo (-15m)
permite escavao manual sem equipamento especial, permitindo o uso de tubules ao invs de estacas. A
existncia de solo residual indica que a regio j foi coberta por gua em eras remotas.
So Paulo (SP) - Cidade Universitria -- Esta regio fica na margem do Rio Pinheiros, do lado oposto onde
aconteceu o desmoronamento na Linha 4 da obra do Metr no incio de 2007. Trata-se de um solo instvel, tpico
de locais que j estiveram em baixo da gua por muitos milhares de anos. O solo constitudo por uma camada de
aterro que repousa em cima de argila orgnica, tpica de reas pantanosas. Assim, qualquer obra de fundao
nesta regio precisa ser estudada com muita ateno, em geral usa-se-se fundao profunda com estacas pr-
moldadas ou tubules a ar comprimido, devido ao fato do lenol fretico estar praticamente superfcie.
Em suma...
As anlise de perfil acima esto aqui apenas para ilustrar como o ensaio SPT pode ser usado para determinar o tipo de
fundao e que cuidados adicionais precisam ser tomados. No recomendamos a ningum que utilize os parmetros de
clculo sugeridos neste artigo sem consultar um especialista em mecnica dos solos.
Esperamos que esta pequena introduo aos ensaios de penetrao sejam teis para voc, e estamos abertos a
sugestes de como complementar estas informaes. em nosso site, mande sugestes, publique seus artigos, participe !
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