Cartilha Leite
Cartilha Leite
Cartilha Leite
COMO PRODUZIR
LEITE DE QUALIDADE
SERVIÇO NACIONAL DE
APRENDIZAGEM RURAL
COLEÇÃO SENAR - 133
1
SERVIÇO NACIONAL DE
APRENDIZAGEM RURAL
ADMINISTRAÇÃO CENTRAL
2
COLEÇÃO SENAR - 133
ISBN 85-8849-725-5
Reimpressão
BRASÍLIA – 2007
3
Copyright 2007 by SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
COORDENAÇÃO EDITORIAL
Fundação Arthur Bernardes – FUNARBE
IMPRESSO NO BRASIL
4
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ....................................................................7
6
APRESENTAÇÃO
7
Com a melhoria da qualidade
do leite, a população consumirá
produtos lácteos mais seguros
8
PROGRAMA NACIONAL
DE MELHORIA DA
QUALIDADE DO LEITE
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10
COMO PRODUZIR
LEITE DE QUALIDADE
11
um tanque comunitário ou no próprio laticínio, desde
que seja entregue, no máximo, 2 horas após a ordenha.
Complementando as orientações, os produtores deverão
enviar, mensalmente, amostras de leite aos laboratórios
credenciados na Rede Brasileira de Laboratórios de Con-
trole de Qualidade do Leite (RBQL).
Seguindo essas recomendações, os produtores
poderão melhorar a qualidade do seu leite e aumentar
a sua renda familiar.
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ADOTE MEDIDAS DE
I HIGIENE NA ORDENHA
As bactérias estão em todos os lugares, por isso
o produtor deve adotar medidas para que o leite não
seja contaminado:
• Manter a sala ou local de ordenha sempre limpos
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foto ordenha mecanica
14
• Lavar os tanques de
refrigeração, usando
água aquecida e de-
tergentes adequa-
dos cada vez que o
leite for recolhido
pelo transportador
1 CONHEÇA A MASTITE
A mastite é a inflamação do úbere da vaca e deve
ser reconhecida e tratada para não afetar a produtividade
do rebanho. Existem dois tipos de mastite:
• CLÍNICA: é fácil de perceber, pois a vaca pode
parar de comer, ter febre e reduzir muito a
produção de leite, o úbere fica inchado e aver-
melhado, e o leite apresenta grumos, pus e
outras alterações.
Deve ser tratada, pois a vaca pode transmitir a in-
fecção a outros animais
ou, mesmo, correr risco
de morte.
Esta mastite pode
ser detectada pela elimi-
nação dos primeiros jatos
de leite de cada teta em
caneca de fundo escuro
ou telado.
Se assim mesmo
houver dúvidas, deve ser
feito o teste do CMT, sigla
de “California Mastitis
Test”.
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TESTE DO CMT
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além de afetar o produto oferecido ao consumidor. A
mastite causa prejuízo para todos, desde o produtor rural
até o consumidor.
2 CONTROLE A MASTITE
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• Acoplar as teteiras em tetos limpos e secos
• Ordenhar primeiro as vacas saudáveis (baixas CCS)
e, separadamente, as vacas com mastite clínica e as
tratadas com antimicrobianos
• Imergir imediatamente as tetas em solução bacteri-
cida após a ordenha
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• Descartar vacas com problemas de mastite crônica
(recorrente)
• Fazer o tratamento em todas as tetas de todas as
“vacas secas”
• Assegurar-se que animais compra-
dos não estejam com mastite
• Caso o produtor queira, quando
realizar o controle leiteiro, ele poderá
encaminhar amostras de leite de cada
vaca para análise de contagem de cé-
lulas somáticas (CCS) nos laboratórios
da RBQL
CONHEÇA AS FORMAS DE
II FAZER A REFRIGERAÇÃO
DO LEITE
1 CONHEÇA OS EQUIPAMENTOS DE
REFRIGERAÇÃO
Os produtores rurais deverão utilizar tanques de refri-
geração por expansão direta a 4º C ou por imersão de latões
em água gelada a 7ºC por até, no máximo, 48 horas antes
de ser transportado.
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2 FAÇA A REFRIGERAÇÃO
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TRANSPORTE O LEITE
III
O leite cru refrigerado deverá ser transportado a
granel da propriedade para a indústria, em tanques rodovi-
ários isotérmicos.
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ANALISE O LEITE
IV
A IN 51 estabelece que o leite deverá ser analisado
em laboratórios credenciados para o monitoramento de sua
qualidade.
A indústria deverá enviar, pelo menos uma vez por
mês, amostras do leite de cada produtor para análise em
laboratório credenciado na Rede Brasileira de Laboratórios
de Controle de Qualidade do Leite (RBQL). Os produtores
receberão o resultado de suas análises. Com isso, o MAPA vai
acompanhar a qualidade do leite em cada propriedade rural,
e exigir que os problemas detectados sejam resolvidos.
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2 CONHEÇA OS LIMITES DE
CONTAMINAÇÃO BACTERIANA
A CBT indica a contaminação no leite expressa em
Unidade Formadora de Colônia por mililitro (UFC/ml).
Bactérias são seres conhecidos popularmente como
micróbios que se alimentam dos componentes do leite, cau-
sando prejuízos para produtores, indústrias e consumidores.
As bactérias estão em todos os lugares, como na água,
na poeira, na terra, na palha, no capim, nos corpos e pêlos
das vacas, nas fezes, na urina, nas mãos do ordenhador, nos
insetos e em utensílios de ordenha sujos.
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Para se evitar altas contagens bac-
terianas é preciso trabalhar com higiene
e refrigerar o leite o mais rapidamente
possível após a ordenha, mantendo-o
refrigerado na propriedade por, no má-
ximo, 48 horas até o transporte para a
indústria.
TABELA 1
DECRÉSCIMO NA CONTAGEM BACTERIANA TOTAL MÁXIMA ESPERADO COM O PNQL
A partir de 1/7/2005 A partir de 1/7/2008 A partir de 1/1/2011
nas regiões Centro- nas regiões Centro- nas regiões Centro-
Oeste, Sudeste e Sul e Oeste, Sudeste e Sul e Oeste, Sudeste e Sul e
a partir de 1/7/2007 a partir de 1/7/2010 a partir de 1/7/2012
nas regiões Norte e nas regiões Norte e nas regiões Norte e
Nordeste. Nordeste. Nordeste.
1.000.000 UFC/ml 750.000 UFC/ml 100.000 UFC/ml
3 CONHEÇA OS LIMITES DA
CONTAGEM DE CÉLULAS
SOMÁTICAS
Para sabermos se a vaca está com mastite subclínica,
temos de observar se houve aumento da Contagem de Células
Somáticas (CCS) no leite, por meio da análise laboratorial.
TABELA 2
DECRÉSCIMO NA CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS ESPERADO PELO PNQL
A partir de 1/7/2005 A partir de 1/7/2008 A partir de 1/1/2011
nas regiões Centro- nas regiões Centro- nas regiões Centro-
Oeste, Sudeste e Sul e Oeste, Sudeste e Sul e Oeste, Sudeste e Sul e
a partir de 1/7/2007 a partir de 1/7/2010 a partir de 1/7/2012
nas regiões Norte e nas regiões Norte e nas regiões Norte e
Nordeste. Nordeste. Nordeste.
1.000.000 células/ml 750.000 células/ml 400.000 células/ml
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4 CONHEÇA A ANÁLISE DA
COMPOSIÇÃO DO LEITE
Além de determinar a CBT e a CCS no leite de cada
produtor rural, os laboratórios da RBQL ainda vão analisar
a composição do leite entregue para a indústria.
TABELA 3
COMPOSIÇÃO MÍNIMA DO LEITE CRU REFRIGERADO
Gordura (%) 3,0
Proteína (%) 2,9
Sólidos não gordurosos (%) 8,4
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Alguns fatores que podem interferir na produção e
composição do leite:
• Raça
• Estágio de lactação
• Herança genética
• Porção e intervalo entre as ordenhas
• Estação do ano
• Saúde da vaca
• Mastite
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FORNEÇA A CORRETA
V ALIMENTAÇÃO ÀS VACAS
As vacas devem receber uma dieta equilibrada a base
de alimentos volumosos (pastagens, fenos, silagens) de boa
qualidade e uma suplementação com alimentos concentrados,
de acordo com o seu potencial genético. O produtor rural
deve planejar a produção de alimentos para o ano todo, a
fim de evitar que a produção e a composição do leite sejam
prejudicadas em determinadas épocas.
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EVITE A CONTAMINAÇÃO
VI DO LEITE POR
MEDICAMENTOS
VETERINÁRIOS
Além do PNQL, o Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (MAPA) também implementou o Plano
Nacional de Controle de Resíduos (PNCR) para monitorar
a presença de resíduos de medicamentos veterinários e
outros contaminantes em leite e demais produtos de origem
animal.
Leite com resíduos de medicamentos veterinários
não deve ser comercializado, pois pode:
• Trazer prejuízos à saúde do consumidor (alergias,
anemias, problemas no fígado, problemas nos rins,
problemas reprodutivos)
• Desenvolver resistência em bactérias causadoras de
doenças nos consumidores
• Inibir ou interferir no crescimento dos fermentos
usados na produção de queijos e iogurtes
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• Causar a condenação e o descarte de uma grande
quantidade de leite e produtos lácteos
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Os principais medicamentos utilizados em vacas
leiteiras são os antimicrobianos, os antiparasitários e os an-
tiinflamatórios.
Antimicrobianos são medicamentos extremamente
eficientes para o combate de micróbios causadores de doen-
ças nas vacas, desde que sejam utilizados corretamente,
sob a orientação de um Médico Veterinário. Estes incluem
antibióticos, sulfas e outras bases farmacológicas.Tratamentos
para curar ou prevenir a mastite são os principais responsáveis
pela contaminação do leite por antimicrobianos. Prevenindo
essa doença, o produtor corre menos risco de contaminar o
leite com essas substâncias.
Antiparasitários são produtos veterinários usados no
combate a carrapatos, moscas-dos-chifres, berne e também
às verminoses. Ao contrário do que muitos pensam, esses
medicamentos também causam resíduos no leite, que deve
ser descartado durante o prazo de eliminação informado na
bula.
Antiinflamatórios podem ser usados para reduzir os
efeitos de uma inflamação, além de diminuírem a dor que
o animal possa estar sentindo. Estes medicamentos também
deixam resíduos no leite e devem ser usados sob a orientação
do Médico Veterinário.
Quando um medicamento é aplicado em uma vaca
para combater uma infecção, o leite que ela produz passa a
conter resíduos desse produto por um determinado tempo.
Durante esse período, o leite não deve ser aproveitado ou
comercializado, sendo muito importante verificar e seguir as
informações do fabricante do medicamento.
Existem no mercado medicamentos com menor
período de carência. O Médico Veterinário poderá orien-
tá-lo na aquisição desses produtos.
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FAÇA O CADASTRO
VII NA INDÚSTRIA DE
LATICÍNIOS
O MAPA criou o Cadastro Nacional de Produtores de
Leite, no qual as indústrias de laticínios deverão cadastrar
todos os produtores rurais que lhes fornecem leite. Uma
vez cadastrado, cada produtor será monitorado pelo MAPA
enquanto ele produzir leite no Brasil, mesmo que passe a
vender para outra empresa. Com isso, o MAPA vai fiscalizar
a qualidade do leite em cada propriedade rural do país, ga-
rantindo alimentos lácteos seguros à população.
CONHEÇA O
VIII CONTROLE DE
QUALIDADE FEITO
PELA INDÚSTRIA
Cada indústria deverá ter seu próprio programa de
controle de qualidade do leite cru refrigerado, onde estará
definido quem vai coletar as amostras de leite para envio aos
laboratórios da RBQL. Após a análise do leite, os resultados
serão enviados ao MAPA e também para as indústrias, que
deverão apresentá-los a cada produtor.
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Num primeiro momento, os produtores serão orien-
tados quando um resultado isolado estiver fora dos limites
estabelecidos.
O MAPA vai sempre avaliar as “médias geométricas”
da CCS e da UFC dos últimos três meses de análise, o que
dá bastante tempo para produtores e indústrias tomarem as
devidas providências para evitar problemas com a qualidade
do leite.
Veja os exemplos na Tabela 4, onde fica claro que,
mesmo após contagens elevadas, o produtor pode evitar
que a média geométrica trimestral esteja acima do máximo
estabelecido (1 milhão de UFC/ml):
TABELA 4
VANTAGEM DE SE FAZER A MÉDIA GEOMÉTRICA TRIMESTRAL
EXEMPLO 1 EXEMPLO 2 EXEMPLO 3
CBT no 1o mês 1.200.000 3.000.000 10.000.000
CBT no 2o mês 1.400.000 600.000 390.000
CBT no 3o mês 590.000 500.000 250.000
Média Aritmética 1.063.333 1.366.666 3.546.666
Média Geométrica 997.058 965.489 991.596
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CONHEÇA AS PRÁTICAS
IX DE MANEJO PARA
OBTENÇÃO DO LEITE
Todas as práticas de manejo que garantem a obtenção
de leite de alta qualidade na fazenda aumentam a rentabili-
dade da propriedade rural:
• Leite com baixa CBT indica que o leite foi obtido
com higiene e bem conservado, o que evita perdas
por leite ácido
• Leite com baixa CCS indica que as vacas não têm
mastite, o que evita quedas na produção e melhora
o rendimento industrial do leite
• Leite com altos teores de sólidos indica que as vacas
estão sendo bem alimentadas, o que aumenta a
produção individual e total do rebanho
• Leite sem resíduos de antimicrobianos indica uma
boa prevenção de doenças e um bom controle do
descarte de leite contaminado, o que reduz as chan-
ces de penalidades por parte da indústria
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As indústrias de laticínios estão começando a pagar
mais pelo leite de melhor qualidade, premiando aqueles pro-
dutores que investem na melhoria da qualidade do leite.
Melhorar a qualidade do leite não é uma opção, é
um compromisso de quem produz.
Produzir alimentos seguros é garantir saúde à popu-
lação.
Cada um de nós deve fazer a sua parte!
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ELABORADOR
COLABORADORES
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REDE BRASILEIRA DE LABORATÓRIOS
DE CONTROLE DA QUALIDADE DO LEITE
Clínica do Leite
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
Universidade de São Paulo - Piracicaba - SP
Fone: (19) 3429-4278 e (19) 3422-3980 - E-mail: cleite@esalq.usp.br
COMO PRODUZIR
LEITE DE QUALIDADE
SERVIÇO NACIONAL DE
APRENDIZAGEM RURAL