AGROB - EBOOK - Rede E-Tec Brasil - Processamento de Leite
AGROB - EBOOK - Rede E-Tec Brasil - Processamento de Leite
AGROB - EBOOK - Rede E-Tec Brasil - Processamento de Leite
Gilvan Silva
Argélia Maria Araújo Dias Silva
Maria Presciliana de Brito Ferreira
Processamento de leite
ISBN 978-85-7946-123-1
9 788579 461231
Processamento de leite
Gilvan Silva
Argélia Maria Araújo Dias Silva
Maria Presciliana de Brito Ferreira
UFRPE/CODAI
2012
Presidência da República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Secretaria de Educação a Distância
© Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas (CODAI), órgão vinculado a Universidade Federal Rural
de Pernambuco (UFRPE)
Este Caderno foi elaborado em parceria entre o Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas (CODAI)
da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN) para a Rede e-Tec Brasil.
Reitora da UFRPE Equipe de Produção
Profa. Maria José de Sena Secretaria de Educação a Distância / UFRN
Diagramação
Ana Paula Resende
Arte e Ilustração
Anderson Gomes do Nascimento
Carolina Costa de Oliveira
Projeto Gráfico
e-Tec/MEC
Ficha catalográfica
Setor de Processos Técnicos da Biblioteca Central - UFRPE
978-85-7946-123-1
CDD 637.1
Apresentação e-Tec Brasil
Prezado estudante,
Você faz parte de uma rede nacional de ensino, que por sua vez constitui uma das
ações do Pronatec - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. O
Pronatec, instituído pela Lei nº 12.513/2011, tem como objetivo principal expandir, in-
teriorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação Profissional e Tecnológica (EPT)
para a população brasileira propiciando caminho de acesso mais rápido ao emprego.
É neste âmbito que as ações da Rede e-Tec Brasil promovem a parceria entre a Secre-
taria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) e as instâncias promotoras de
ensino técnico como os Institutos Federais, as Secretarias de Educação dos Estados, as
Universidades, as Escolas e Colégios Tecnológicos e o Sistema S.
A Rede e-Tec Brasil leva diversos cursos técnicos a todas as regiões do país, incenti-
vando os estudantes a concluir o ensino médio e realizar uma formação e atualização
contínuas. Os cursos são ofertados pelas instituições de educação profissional e o
atendimento ao estudante é realizado tanto nas sedes das instituições quanto em suas
unidades remotas, os polos.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Nosso contato: etecbrasil@mec.gov.br
e-Tec Brasil
Indicação de ícones
e-Tec Brasil
Sumário
Palavra do professor-autor 9
Apresentação da disciplina 11
Projeto instrucional 13
Aula 5 – Queijos 75
5.1. História do queijo 75
5.2. Produção de queijo no mundo e no Brasil 76
5.3 Definição 77
5.4 Ingredientes utilizados 78
5.5 Classificação 79
e-Tec Brasil
Aula 6 – Queijo coalho 83
6.1 Conhecendo o passado 83
Referências 165
e-Tec Brasil
Palavra do professor-autor
Olá, tudo bem? Nossa disciplina tem algumas questões chave: Quem nunca
tomou leite? Ou conhece alguém que gosta muito de leite e o consome dia-
riamente? Então, que produto é esse tão presente em nossas mesas?
Para responder a essas e outras questões sobre o leite, você deverá empre-
ender uma “caminhada” ao longo deste livro. Compreenderemos um pouco
sobre os fatores relacionados à evolução da cadeia produtiva do leite e de
que forma o Brasil avança no cenário nacional e internacional quando o as-
sunto é esse alimento e os seus derivados como o queijo, doce de leite etc.
Vamos lá!
9 e-Tec Brasil
Apresentação da disciplina
Na Aula 1, você irá estudar a cadeia produtiva do leite, seus dados dos índi-
ces produtivos e a qualidade desse alimento produzido no Brasil.
Já na Aula 4, você irá observar o leite no laticínio, ou seja, essa aula uma
continuação da Aula 3 com informações de todo o percurso que o leite faz,
desde sua obtenção até os diversos tratamentos ocorridos na indústria de
processamento.
Por fim, nas Aulas 10 e 11, você irá observar a elaboração do doce de leite
cremoso e o processo de fabricação do iogurte e, consequentemente, desco-
brirá que esses gostosos alimentos são muito fáceis de fazer e melhor ainda
de consumir.
11 e-Tec Brasil
Projeto instrucional
CARGA
AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM HORÁRIA
(horas)
13 e-Tec Brasil
Identificar um pouco da história do queijo.
Listar os principais países produtores de queijo no mundo e descrever um breve
5. Queijos histórico da produção no Brasil.
Distinguir as formas de classificação dos queijos.
Reconhecer as etapas de fabricação de alguns tipos de queijos.
Definir iogurte.
Diferenciar os tipos de iogurtes produzidos e comercializados.
11. Processo de
Descrever as etapas de fabricação do iogurte em escala industrial.
Fabricação do Iogurte
Saber a ação benéfica do consumo de iogurte para pessoas intolerantes a lactose
e-Tec Brasil 14
Aula 1 – Estudo da cadeia produtiva do
leite, dados dos índices produtivos e a
qualidade do leite produzido no Brasil
Objetivos
Leite em pó 3,3 18
Outro exemplo típico é com relação à grande procura (constatada pelo au-
mento no consumo) de alimentos de melhor qualidade como do leite longa
vida (Quadro 2), que pode ser atribuída, dentre outros aspectos, à praticida-
de de utilização desse produto.
Fonte: Associação Brasileira do Leite Longa Vida – ABLV, MDIC - Atualizado em maio/2008.
Obviamente que essa revolução na cadeia produtiva láctea só foi possível de-
vido ao apoio governamental através do Ministério da Agricultura e das Uni-
versidades, que apresentaram ao final da década de noventa um termo de
cooperação técnica a todos os profissionais envolvidos no ramo de laticínios,
criando naquela ocasião o Programa Nacional de Melhoria da Qualidade de
Leite (PNQL), que teve como objetivo principal “Promover a melhoria da qua-
lidade do leite e derivados, garantir a saúde da população e aumentar a com-
petitividade dos produtos lácteos em novos mercados”. Até que, em 18 de
setembro de 2002, o PNQL foi regulamentado com a publicação da Instrução
Normativa N° 51 (BRASIL, 2002). Isso provocou um ajuste não formal, mas
sim legal, no processo produtivo da cadeia do leite. Outra importante coope-
ração do Ministério da Agricultura foi destinar programas de linhas de créditos
rurais para que os pequenos e médios produtores tivessem a possibilidade de
ajustar-se ao novo sistema produtivo, ora regido pela IN51, o qual só entrou
em vigor para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul a partir de 1 de julho de
2005 e, para as regiões Nordeste e Norte a partir de julho de 2007.
Com base nesses fatores, nosso país vem contabilizando nos últimos anos
índices crescentes de produção, com surgimento de novas microrregiões
apresentando expressiva produção leiteira, o que outrora não representava
uma posição de destaque nessa atividade.
Fonte: IBGE (PPM) / Elaborado por R. Zoccal - Embrapa Gado de Leite / Atualização: dezembro/2008.
(*) Estimativa Embrapa Gado de Leite.
Vários são os fatores que levam o leite produzido no Brasil (sobretudo nas
regiões menos favorecidas) a ostentar a condição de má qualidade, princi-
palmente com relação à contaminação por microrganismos. Veja a seguir
esses fatores.
Resumo
Bom pessoal, com essas informações está finalizada nossa aula 1. Com ela,
você conheceu um pouco da história da evolução da cadeia produtiva do lei-
te, entendeu por que houve a necessidade de se criar o PNQL (Programa Na-
cional da Qualidade do Leite), percebeu que o Brasil cresce a cada ano com
a atividade leiteira, viu que conquistamos posições importantes no ranking
de produção em escala mundial. Mas, compreendeu que existe muito por
fazer para superarmos nossos obstáculos na melhoria da qualidade do leite.
Agora, é só responder as atividades de fixação de aprendizado e seguir com-
preendendo a respeito do leite nas aulas seguintes. Até a próxima!
Atividades de aprendizagem
Objetivos
Leite
Água (87,5%) Gordura (3,5%)
Proteína (3,5%) – principal Caseína
Lactose (4,7%) – açúcar – carboidrato
Minerais (0,8%).
_________________
= 12.5% - Extrato Seco Total (EST).
Quem transmite ao leite a cor branca opaca que ele possui é a proteína. Para
os laticínios, esse componente também se apresenta com grande valor de
utilização tecnológica, porque é dela que se origina a formação de uma mas-
sa branca (quando coagulamos o leite) para fabricação dos queijos. Entre
outras funções importantes das proteínas para a indústria, podemos citar:
solubilidade, absorção e retenção de água e de gordura, capacidade emulsi-
ficante e estabilidade das emulsões, geleificação, melhoria nas propriedades
sensoriais e na aceitação dos produtos (MODLER, 2000; WONG et al, 1996
apud VALDEMIRO, 2005). Em seguida conheceremos as diversas maneiras
ou possibilidades técnicas para precipitarmos/coagularmos a caseína presen-
te no leite:
Outro produto derivado lácteo que tem como matéria prima principal a caseí-
na associada a outros componentes do leite é o leite em pó.
b) Acidez do leite
c) Densidade do leite
Resumo
Atividades de aprendizagem
2. Qual a composição (média) do leite para que ele seja aceito pelos laticínios?
Objetivos
1. Defina o que é obtenção higiênica do leite, bem como por que se deve
obter o leite a partir dessa prática.
a) Higiene do ordenhador
b) Equipamentos e utensílios
Cérebro
Núcleo vagal
Alimento ingerido
Nervos vagais
Estômago 3
Liberação de hormônios
do estômago
Medula espinhal
Úbere 1
Nervos sensoriais
a b
Figura 3.12: (a) Lavagem e secagem das tetas; (b) Lavagem e secagem das tetas (úbere)
Fonte: (a) <caprileice.com.br>; (b) <cooper.sitesecia.com.br>. Acesso em: 8 ago. 2011.
Figura 3.14: Teste da caneca de fundo escuro ou telada com presença de grumos,
Rondon do Pará, PA
Fonte: <zootecniae10.blogspot.com>. Acesso em: 8 ago. 2011.
Vermelhidão,
inchaço, irritação
no úbere
A. Mastite clínica
(com sintomas)
Flocos de
sangue ou
coágulos
no leite
B. Mastite subclínica
(frequentemente sem
sintomas)
Diagnosticada
através de exames
laboratoriais ou pela
contagem de células
A partir de 1/7/2007 nas regiões A partir de 1/7/2010 nas regiões A partir de 1/7/2012 nas regiões Norte
Norte e Nordeste. Norte e Nordeste. e Nordeste.
A partir de 01/07/2007 nas regiões A partir de 1/7/2010 nas regiões A partir de 1/7/2012 nas regiões Norte
Norte e Nordeste. Norte e Nordeste. e Nordeste.
Quando nos referimos às instalações, o local deve ser limpo após cada or-
denha, com a remoção de fezes, urina, leite, restos de ração e papel-toalha
usado. Lavar o piso com jatos de água, usando vassoura ou esfregão. Se
necessário, lavar as paredes.
Atenção
É permitida a entrega do leite cru do pequeno produtor que não tem como
preservá-lo à temperatura recomendada de conservação, desde que o pro-
duto chegue ao laticínio transportado em latões hermeticamente fechados e
no tempo máximo de até 2 horas.
3. Comente a frase a seguir e explique por que deve-se ter este cuidado:
a b
Esse serviço terá que ser realizado por funcionários (motorista e colaborador)
treinados para a execução de procedimentos padrões, como: saber operar de
forma higiênica durante a transferência do leite do tanque de expansão para
o tanque do veículo; conhecer os procedimentos necessários para coleta de
amostra do leite de cada propriedade; identificar e registrar as amostras do
leite; controlar a temperatura de resfriamento do tanque do caminhão para
que o leite não sofra variações térmicas até sua chegada ao laticínio; saber
realizar os chamados “testes rápidos” do leite (ex.: teste de acidez) para ava-
liar as condições qualitativas em que se encontra essa matéria-prima antes e
depois do transporte.
1º. Seguir uma rotina de lavagem dos equipamentos e utensílios logo após
o término da ordenha. A demora para execução dessa ação acarretará
maiores dificuldades na remoção dos resíduos, por aumentar a força de
aderência das incrustações nas superfícies de contato. Criando, dessa
forma, focos de proliferação de microrganismos.
Amostras de leites coletados nas fazendas são enviadas aos laboratórios creden-
ciados - Devido aos interesses comuns, tanto os produtores como os laticínios
precisam saber oficialmente das reais condições da qualidade do leite negocia-
do. Como é do nosso conhecimento, atualmente a forma de remuneração do
leite ao produtor, estipulada pelo PNQL, tem como base a qualidade na com-
posição físico-química e microbiológica do mesmo. Por isso, regularmente (em
geral uma vez por mês) são enviadas amostras dos leites adquiridos pelas indús-
trias aos laboratórios de sua região que integram o Programa do Leite. Esses la-
boratórios são conhecidos como Rede Brasileira de Qualidade do Leite ou Rede
Brasileira de Laboratórios de Controle de Qualidade do Leite (RBQL). De posse
do resultado das análises do seu leite, o produtor, a indústria e o Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) monitoram em tempo real a qua-
lidade do leite produzido no Brasil, bem como possibilitam rastrear as condições
sanitárias do rebanho leiteiro nacional.
a b
Resumo
Atividades de aprendizagem
4. Com qual objetivo (depois de coado), o leite deverá ser levado imediata-
mente para o tanque de refrigeração ou expansão?
Objetivos
Transporte
Laticínio
Padronização do leite
Setor de envase
Doce de leite, Iogurte, Bebida
láctea, Queijos, Requeijão etc.
Comercialização
Comercialização
É simples a análise!
Padronizado 3,0
Leite em pó
Manteiga
Requeijão
Creme
Sorvete
Creme de leite
Tecnicamente, o procedimento
Após a recepção no tanque de expansão, o leite é bombeado por tubulações de pasteurização só deve
para a desnatadeira (Figura 4.6). Esse equipamento é dotado de duas saídas: ocorrer após o leite ter passado
previamente pelo processo de
por um dos lados sai o leite desnatado, e pelo outro o creme (gordura). Esse desnate, que é a separação/
retirada da gordura (em forma
equipamento funciona com base em um princípio simples: ao ser acionada de creme). Tendo como objetivo
a desnatadeira, o leite é submetido a movimentos de rotação e passa por (do desnate) padronizar, ou
seja, uniformizar a composição
diversos discos internos (Figura 4.9). Por possuírem baixa densidade, os gló- de toda matéria-prima que
bulos de gordura presentes no leite concentram-se na superfície desses dis- será utilizada na elaboração
de vários produtos lácteos com
cos e, devido à gravidade, o creme formado é removido automaticamente, suas devidas especificações de
composição.
conforme demonstrado na Figura 4.6.
4.5.2 Esterilização
Os microrganismos que podem
sobreviver à pasteurização são Já esterilzação pode ser definida como:
principalmente os termodúricos.
Entre eles, encontram-se
as bactérias esporuladas e Entende-se por leite UAT ou UHT (Ultra Alta Temperatura ou Ultra Higt
as bactérias termófilas não Temperature) o leite homogeneizado (veja explicação a seguir) sub-
esporuladas (ex. algumas
espécies de lactobacilos, metido durante 2 a 4 segundos a uma temperatura entre 1300 a 1500C,
Streptoccocus termophilus
etc). mediante processo térmico de fluxo contínuo, imediatamente resfriado a
Agora você já sabe por que o nosso leite de caixinha (UHT) suporta tanto
tempo de vida de prateleira? Sem saber, algumas pessoas leigas atribuem a
eles até adição de formol – imagine só que pensamento errôneo e compro-
metedor! Mas, com base no que você estudou, sabemos que tais condições
de longevidade acontecem devido à associação do tratamento com tempe-
ratura elevada e o acondicionamento em embalagens estéreis hermetica-
mente fechadas, ok!
Aplicação Pouca na indústria Ideal em condições de alta pro- Indústria de grande porte
Viável para pequenos laticínios (queija- dução de leite e produtos deri-
ria e outros produtos artesanais) vados
Resumo
Nesta aula, você conheceu todos os procedimentos que são realizados com
o leite ao chegar à indústria, desde seu recebimento na plataforma de recep-
ção, passando pelo seu acondicionamento em baixas temperaturas, até as
análises físico-químicas a que é submetido para averiguar a qualidade dessa
matéria-prima. Observando o fluxo do leite dentro da indústria, você obteve
informações sobre os processos de tratamentos térmicos aplicados ao leite
para mantê-lo livre de microrganismos patogênicos, garantindo seu controle
de qualidade. Compreendeu ainda as características relacionadas a cada tipo
de tratamento térmico e visualizou os principais equipamentos utilizados nos
laticínios para realizarem esses procedimentos de conservação do leite. Nas
próximas aulas, o convido a conhecer os processos que transformam essa
matéria-prima em vários produtos lácteos de bastante aceitação comercial.
Até lá!
Objetivos
Alemanha 1.994
França 1.858
Itália 1.154
Polônia 579
Brasil 495
Egito 462
Argentina 425
Austrália 395
Fonte: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Queijo>. Acesso em: 8 mar. 2011.
Nossa produção, contudo, ainda não nos permitiu galgar posições de desta-
que no cenário mundial com relação ao comércio de exportação desse produ-
to, colocando o Brasil fora das dez primeiras posições internacionais, conforme
demonstrado na Tabela 5.2 do ranking dos maiores países exportadores desse
derivado. Isso demonstra o quanto ainda temos para melhorar nesse setor.
7% 3% queijo
5% leite longa vida
7% leite em pó
34% leite pasteurizado
18% leite condensado
leite fermentado
26%
outros produtos
5.3 Definição
Entende-se por queijo o produto fresco ou maturado que se obtém por se-
paração parcial do soro do leite ou leite reconstituído (integral, parcial ou
totalmente desnatado), ou de soros lácteos, coagulados pela ação física do
coalho, de enzimas específicas, de bactéria específica, de ácidos orgânicos,
isolados ou combinados, todos de qualidade apta para uso alimentar, com
ou sem agregação de substâncias alimentícias e/ou especiarias e/ou con-
dimentos, aditivos especificamente indicados, substâncias aromatizantes e
matérias corantes (BRASIL, 1996). Vejamos algumas definições desta mesma
Portaria (n0 146, de 7 de março de 1996):
Ácido láctico – ácido que vem sendo usado nos lacticínios para substituir
o fermento lácteo e também para precipitar as proteínas e flocular o soro.
5.5 Classificação
Os queijos podem ser classificados de diversas formas. Mas por via de regra,
a legislação os classifica quanto ao teor de gordura e pelo teor de umidade.
Também podem ser classificados quanto ao tratamento aplicado na massa.
A seguir, são descritas várias formas de classificação dos queijos.
Resumo
Atividades de aprendizagem
Objetivos
Esse tipo de queijo (também conhecido por queijo de coalho) era processa-
do inicialmente de forma artesanal em unidades de fabricação caseira nas
fazendas onde era produzido o leite de vaca ou de cabra. O leite para o
preparo do queijo era colocado (sem que antes não tivesse passado por al-
gum tratamento térmico) em recipiente de madeira ou em panela de barro,
usava-se uma parte do estômago dos ruminantes lactantes (abomaso) para
proporcionar a coagulação do leite. As fôrmas para moldagem dos queijos
eram de madeira em formato retangular, chamada de “cinchos”. Para o pro-
cesso de remoção da umidade do queijo, a sua massa era prensada manual-
mente ou através de uma “tampa” de madeira com qualquer tipo de peso
sobre ela. Depois de fabricados, eram colocados ao sol para serem desidra-
tados e, consequentemente, conservados por mais tempo. Embalavam-se os
queijos em folhas de papel madeira sem nenhum controle sanitário e, dessa
forma, a comercialização era efetivada representando potencialmente risco
microbiológico para a saúde do consumidor.
Até agora você viu três etapas de fabricação do queijo, cite cada uma delas
e caracterize-as
O tipo de salga que iremos adotar nesta aula como exemplo é a salga na
massa. A quantidade de sal recomendada a ser adicionada é de 1,2 a 1,5%
de sal sob o volume de leite inicial. Ou seja, 1,2 a 1,5 kg de sal para cada 100
litros de leite processado. O preparo da salga consiste em diluir o sal em uma
parte do soro retirada durante a dessoragem ou em água e depois aquecer
essa mistura a uma temperatura de 75oC. Em seguida, deixa-se a massa em
salga por um período de 15 minutos e após esse tempo retira-se o excesso
de soro para depois realizar a pré-prensagem.
b) Mexedura da coalhada
Normalmente, um leite cru ou mal pasteurizado pode ser a causa; pode ser
também uma pós-contaminação que ocorre na pasteurização, nesse caso,
pode ser o próprio pasteurizador, as tubulações, o tanque de produção e
principalmente o manuseio que esse alimento sofre no procedimento da en-
formagem. Por outro lado, pequenas quantidades de olhaduras em formato
achatado (retangular) se formam ou podem vir a ocorrer no momento da
enformagem do queijo. Caracterizando um defeito de prensagem da mas-
sa, pois se ela estiver fria, não “cola” (não se compacta direito), formando
esses “buracos” que chamamos de olhaduras mecânicas. Segue a seguir as
imagens com as características de um queijo contaminado e outro sem con-
taminação (Figuras 6.14 e 6.15).
Esse produto deve ser conduzido para a câmara fria e mantido a uma
Para produzir um 1 kg de queijo
temperatura de 7 a 10ºC por 24 horas, tempo necessário para maturação. coalho, é necessário utilizar
Passado esse período de maturação, o queijo já pode ser distribuído ao co- entre 8 a 10 litros de leite. Essa
variação está em função da
mércio, onde terá uma vida de prateleira de 25 a 30 dias sob temperatura quantidade de EST – extrato
seco total do leite.
de 7 a 10ºC.
Resumo
Bem pessoal, chegamos ao final da nossa aula sobre queijo coalho. Com
ela, aprendemos um pouco sobre a origem desse produto genuinamente
brasileiro e conhecemos de forma simplificada como se deu a evolução na
qualidade da produção tecnicamente segura desse alimento. Você também
obteve conhecimentos práticos e de fácil entendimento sobre cada etapa do
processo de elaboração desse queijo, que é certamente bastante apreciado
por todos nós. Um grande abraço e até a próxima aula!
Atividades de aprendizagem
Objetivos
Recepção da matéria-prima
Desnate
Coagulação
Aquecimento e dessoragem
Enformagem
Embalagem / rotulagem
Atenção
Resumo
Objetivos
5.1 Definição
Vamos começar definindo esse tipo de queijo. Ricota fresca é o produto
obtido da albumina do soro de queijos, adicionado de leite até 20% do seu
volume. Tratado convenientemente, ele deve apresentar:
• formato: cilíndrico;
Por ser rico das proteínas anteriormente citadas, ter baixo ter de gordura,
pouca ou ausência de sal e apresentar outros componentes importantes na
sua composição, o queijo ricota confere a qualidade de um alimento de alto
valor nutritivo e de fácil digestibilidade. Devido a essas características, esse
produto é indicado para pessoas em regime de dieta alimentar.
a b
3. Adição do leite
4. Aquecimento
5 Acidificação
6. Aquecimento
7. Interrupção do aquecimento/floculação
9. Embalagem
Exemplo:
Figura 8.3 Medindo ácido láctico, cítrico ou acético para adicionar ao soro
Fonte: <http://www.kakuri.com.br/laticinios-fabricacao.php>. Acesso em: 19 jan. 2012.
a b
Figura 8.6: (a) Retirada dos flósculos da ricota com uma escumadeira (b) Ricota sendo
enformada
Fonte: Autoria própria.
a b
Figura 8.7: (a) Enformagem; (b) processo de dessoramento e envio para a câmara fria
Fonte: Autoria própria.
Nesta etapa, coloca-se sobre as formas cheias uma prensa com peso equi-
valente a 10 vezes o peso da unidade da ricota. Esse processo deve ser re-
alizado em ambientes frios a 7 – 100C por um período de 12 a 14 horas. A
prensagem tem por objetivo reduzir o teor de umidade desse queijo, deixar
o produto mais compacto e evitar seu esfarelamento.
a) Rendimento
Parabéns, agora que você já sabe produzir esse queijo, convido você a pros-
seguir estudando com nosso livro as tecnologias de fabricação de outros
produtos originados do leite. Até breve!
Resumo
Atividades de aprendizagem
1. Quais as proteínas que fazem parte da composição do leite envolvida no
processo de elaboração do queijo ricota?
Objetivos
• 58 - 60% de água;
• 24 - 27% de gordura;
• 9 - 11% de proteína;
• 1 - 2% de carboidratos;
• 1 - 1,5% de NaCl.
2. Coagulação do leite
4. Fermentação da massa
5. Pesagem da massa
7. Fundição da massa
8. Envase do requeijão
Resumo
Objetivos
10.1 Definição
Vamos iniciar a nossa aula com a definição do que entendemos tecnicamen-
te por doce de leite:
10.3 Classificação
Após você ter compreendido os aspectos da composição básica do doce de
leite e seu conceito, vamos conhecer sua classificação.
* O uso desses estabilizantes/espessastes quando utilizado em mistura não pode ser superior a 20.000 mg/Kg do produto final.
Fonte: Adaptado de <http://www.ufrgs.br/alimentus/laticinios/legislacao/354_01.pdf>. Acesso em: 6 fev. 2012.
Fluxograma
Adição do leite
Neutralização da acidez
Adição de açúcar
Adição de ingredientes
Resfriamento
Envase e rotulagem
a b
Figura 10.2: Transferência do leite do tanque para o latão e, em seguida, para o tacho
Fonte: Autoria própria.
Suponha que nossa matéria-prima esteja com uma acidez inicial de 15°D e
teremos que reduzir para 13°D. Considerando que 1°D equivale 0,1g ácido
láctico/litro de leite. Iniciando nossos cálculos, temos:
X ------------- 100%
Que tal? Gostou de saber como poderemos utilizar o bicarbonato para cor-
rigir a acidez do leite na fabricação do doce leite?
Reação de Maillard
Figura 10.3: Adição de bicarbonato de sódio A reação de Maillard foi
Fonte: Autoria própria.
descrita em 1912 por Louis-
Camille Maillard. Trata-se de
uma reação que ocorre entre
Além disso, o bicarbonato tem a função de auxiliar na padronização da colo- os aminoácidos ou proteínas
ração do produto final, promovendo uma ligeira elevação do pH, o que tem e os açúcares (carboidratos)
redutores. Nesse contexto,
influência direta na intensificação da reação de Maillard, tornando o doce quando o alimento é aquecido
com uma cor mais escura na proporção em que aumenta sua concentração (cozido), o grupo carbonila
(=O) do carboidrato interage
no alimento produzido. com o grupo amino (-NH2) do
aminoácido ou proteína e, após
várias etapas, produz melanoidi-
Quando tentamos fazer, em nossa casa, de forma artesanal o doce de leite nas, que dão a cor e o aspecto
característicos dos alimentos
a partir de um leite que não conseguimos identificar sua acidez, mas pelas cozidos ou assados. No leite
suas características organolépticas podemos observar que se encontra com reagem as proteínas caseína,
lactoalbumina e lactoglobulina
uma acidez elevada. Não optando pela adição do bicarbonato de sódio para e o açúcar lactose.
Suponha que iremos utilizar 80 litros de leite para produzir o nosso doce de leite
e, que nossa matéria-prima esteja com uma acidez inicial de 16°D e teremos que
reduzir para 13°D. Considerando que 1°D equivale 0,1g ácido láctico/litro de
leite, que quantidade de bicarbonato de sódio (NaHCO3) será utilizada?
O açúcar deve ser de boa qualidade, sendo preferido o do tipo cristal e isento
de impurezas, utilizado na proporção entre 18 a 20% para o doce de leite
pastoso e, de 30% para o doce de leite em tablete. Vale salientar que esses
valores são em relação ao total de leite a ser utilizado. Considerando o nosso
• Carboximetilcelulose (CMC)
• Glicose
• Outros ingredientes
a b
Figura 10.9: (a) Colocação do doce de leite no refratômetro (b) Leitura do grau Brix
no refratômetro
Fonte: Autoria própria.
Figura 10.10: Quando há formação de pingos é o momento ideal para o doce ser retirado
Fonte: Autoria própria.
10.5.7 Resfriamento
Após a verificação do momento ideal para retirada do doce de leite do aque-
cimento, deve-se fazer o desligamento do equipamento industrial (tacho) da
seguinte maneira:
a b
c d
Leite: 150 litros x 12,5% ST (média de sólidos totais do leite) = 18,75 0kg
Açúcar: 30 kg (20%)
CMC: 4 kg (2,7%)
X ---------- 100% ST
X ≈ 81 kg doce de leite
Açúcar: 16 kg (20%)
Acontece pelo uso de leite com acidez elevada e excesso de açúcar. Esse
defeito se corrige selecionando a matéria-prima e utilizando corretores de
acidez, como bicarbonatos e fosfatos. Recomenda-se também a utilização
de citrato de sódio em substituição ao bicarbonato, porque além de redutor,
ele atua como estabilizante, impedindo a desnaturação de proteínas em ex-
posição ao calor durante o processamento.
c) Textura açucarada
d) Doce decantado
f) Cristalização
Assim, finalizamos nossa Aula 10! Agora, proponho que você leia próxima
aula com objetivo de aprender a produzir outros produtos lácteos tão bons
quanto o que demonstramos aqui. Até breve!
Resumo
Atividades de aprendizagem
Objetivos
Definir iogurte.
11.1 Definição
Vamos iniciar a nossa aula com a definição do que entendemos tecnicamen-
te por fabricação de iogurte:
Homogeneização
Tratamento
térmico
Resfriamento
a 40-45º C
Cultura láctica
(fermento)
Inoculação do
fermento
Fluxograma
Recepção do leite
Etapa de formulação
Homogeneização/tratamento térmico
Fermentação
Resfriamento
Quebra do gel
Adição de aromas
Envase
Armazenamento
2a Etapa – Formulação
Após a recepção do leite e o mesmo sendo aprovado, esse segue por tubula-
ções para tanques de inox dotados de paredes simples presentes na sala de
formulação, como mostra a Figura 11.6 (B). Nessa etapa, são adicionados
ao leite os aditivos necessários para a elaboração do iogurte, conforme espe-
cificações na Tabela1 a seguir. Antes da adição, é realizada uma pré-mistura,
Figura 11.6 (A), objetivando facilitar a homogeneização de todos os aditivos
adicionados ao leite.
Figura 11.6: (A) Pré-mistura dos aditivos (B) Sala de formulação para utilização de
aditivos ao leite
Fontes: autoria própria.
800C 30 minutos
Pasteurização 850C 8 minutos e 30 segundos
900C 3 minutos e 30 segundos
950C 1 minuto e 30 segundos
30
S. thermophillus
L. bulgaricus
20
10
0
1 2 3 4 horas
a b
O fermento lácteo pode
ser preparado na própria
fábrica a partir de leite
de excelente qualidade,
esterilizado e adicionado de
culturas puras. No entanto,
os laticínios, atualmente,
utilizam-se dos fermentos
comerciais conhecidos como
“culturas lácteas concentradas
liofilizadas”, que possuem
alta concentração de bactérias
e podem ser inoculados
diretamente na fermenteira
dispensando todas as etapas de
preparo em nível de indústria,
e tendo como principais Figura 11.9: Fermentos lácticos
Fonte: autoria própria.
vantagens: redução de mão de
obra, menor possibilidade de
contaminação e garantia de
uma qualidade melhor e mais 5a Etapa – Resfriamento
uniforme dos produtos.
Essa etapa é considerada um dos pontos mais críticos e difíceis de ser con-
trolado na produção do iogurte. Tem como função reduzir a atividade me-
tabólica dos microrganismos controlando a acidez do produto, ou seja,
evitar a contínua formação de ácido láctico e, consequentemente, aumento
da acidez do produto acabado. A falta dos cuidados necessários nessa etapa
poderá resultar em alterações indesejáveis ao produto elaborado como aro-
ma e acidez muito elevadas.
a b
8a Etapa – Envase
Após adição dos diferentes aromas e sabores, o produto desce, por gravi-
dade, por meio de tubulações para o setor de envase que é realizado em
equipamentos automáticos específicos para diferentes tipos de produtos e
embalagens.
c d
a b
Figura 11.13: (a) Câmara de resfriamento (b) Caminhões de transporte dos produtos
Fonte: autoria própria.
Pessoal, finalizamos nossa aula 11. Por isso, desde já convido vocês para, nas
próximas disciplinas, elaborarmos juntos outros alimentos também bacanas
com o leite. Até breve!
Resumo
Atividades de aprendizagem
BEZERRA, Andreza Maiara Silva et al. Proposta de fabricação de queijo de manteiga a partir de
leite pasteurizado. In: CONGRESSO DE PESQUISA E INOVAÇÃO DA REDE NORTE NORDESTE
DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, 4., 2009, Belém. Anais... Belém, 2009.
CNA. Confederação Nacional da Agricultura. Indicadores Rurais, ano 11, n. 85, abr. 2008.
DUQUE, P. V. T.; BORGES, K. E.; PICCININ, A. Mastite Bovina: Descrição da Doença e seus
Impactos na Economia Brasileira. In: SEMANA DE PATOLOGIA VETERINÁRIA, 3., 2006, Garça,
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GARRUTI, Débora dos Santos et al. Desenvolvimento do perfil sensorial e aceitação de requeijão
cremoso. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, v. 23, n. 3, p. 434-440, set./dez. 2003.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cta/v23n3/18851.pdf>. Acesso em: 29 abr. 2011.
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VENTURINI, Katiani Silva; SARCINELLI, Miryelle Freire; SILVA, Luís César da. Características do
leite. Boletim Técnico, PIE-UFES, n. 01007, Ed. 26 ago. 2007. Disponível em: <http://www.
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ZOOTECNI
Gilvan Silva
Colaboração técnica
Processamento de leite
ISBN 978-85-7946-123-1
9 788579 461231