Teoria Das Colisões PDF
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OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
aplicar a teoria das colisões e relacionar com a formação dos produtos; e
identificar os fatores que afetam a formação do complexo ativado.
PRÉ-REQUISITOS
Conhecimento as condições que afetam as velocidades das reações;
saber utilizar as leis da velocidade;
e conhecimento da teoria cinética molecular dos gases.
INTRODUÇÃO
Na aula 13, iniciamos o estudo da cinética química.
Aprendemos os fatores que afetam as velocidades das reações e também
vimos como determinamos a lei da velocidade para as reações químicas.
Nesta aula, estudaremos a teoria das colisões, que se baseia na teoria
cinética molecular, explicando os efeitos no nível molecular. A teoria cinética
molecular, também conhecida como a teoria das moléculas em movimento,
já foi apresentada na aula 09 quando estudamos os gases. Esta teoria explica
tanto a pressão quanto a temperatura em nível molecular. Na teoria cinética
molecular dos gases supõe-se que os átomos ou moléculas que constituem
os gases, são massas pontuais que se movem ao redor com uma energia
cinética média, proporcional à temperatura do gás.
Posteriormente, veremos quais os fatores que afetam a formação do
complexo ativado ou estado de transição, onde se encontra um arranjo
específico dos átomos no topo de uma barreira energética.
A figura acima fornece uma base para o entendimento das implicações do modelo da teoria das
colisões para reações simples de um único passo. (Fonte: w3.ufsm.br)
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Teoria das colisões Aula 14
REAÇÕES QUÍMICAS
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Química I
Para você entender o que estuda esta teoria, vamos imaginar que as
moléculas dos reagentes se comportam como bolas de bilhar quebradiças:
se ocorrer uma colisão entre duas delas a uma velocidade baixa, elas sim-
plesmente irão se separar, mas se elas se chocarem a uma velocidade maior
elas poderão se despedaçar.
Assim, se duas moléculas colidem com uma energia menor do que
uma determinada energia cinética, elas simplesmente se separam. Mas,
se elas se encontrarem com uma energia maior do que a energia cinética
necessária, ligações podem quebrar-se e novas ligações podem se formar,
gerando moléculas novas.
No entanto, para a reação ocorrer, é necessário mais do que uma coli-
são. Para muitas reações, apenas uma quantidade muito pequena de colisões
leva a uma reação.
Um exemplo disto é a mistura dos gases H2 e I2 a temperatura e pres-
são ordinárias. Sob estas condições, cada molécula sofre aproximadamente
1010 colisões por segundo.
Se cada colisão desta resultasse na formação de HI, a reação se com-
pletaria em menos de um segundo.
No entanto, a temperatura ambiente não é isso que acontece, pois a
reação ocorre muito lentamente. Aproximadamente uma em cada 1013
colisões produzirá uma reação.
Mas, então, o que impede da reação ocorrer mais rapidamente?
Uma resposta a esta pergunta é a necessidade de que as moléculas co-
lidam com um arranjo exato para reagirem, o que, muitas vezes, significa
que somente uma fração muito pequena das colisões seja eficaz.
Assim, na maioria das reações, as moléculas devem ser orientadas de certa maneira
durante as colisões para que a reação ocorra.
Estas orientações relativas das moléculas durante suas colisões deter-
minam se os átomos estão orientados de forma apropriada para formar
novas ligações ou não.
Vamos analisar um exemplo, considerando a reação de átomos Cl com
NOCl, segundo a reação abaixo:
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Teoria das colisões Aula 14
Este modelo mostra que, de fato, muitas colisões não levam a uma
reação simplesmente porque as moléculas não estão orientadas da forma
correta.
No entanto, este não é o único fator que determina a ocorrência, ou
não, de uma reação. Um fator normalmente até mais importante para
determinar se as colisões resultam em uma reação é a energia de ativação.
O químico sueco Svante Arrhenius, em 1888, sugeriu que as moléculas
devem possuir certa quantidade mínima de energia para poder reagir.
Mas, de onde vem esta energia?
De acordo com a nossa teoria das colisões, essa energia vem das energias
dos movimentos (cinética) das moléculas ao se colidir.
Durante a colisão, a energia cinética que uma molécula possui pode ser
usada para esticar, dobrar e quebrar ligações, levando a reações químicas.
É fácil você entender que, se as moléculas se moverem muito lenta-
mente, ou seja, com pouca energia cinética, elas simplesmente se chocarão
sem provocar mudanças em suas estruturas. (lembre-se do exemplo das
bolas de bilhar quebradiças).
Para que as moléculas reajam, elas devem colidir com energia cinética
total igual ou maior a um valor mínimo. Esta energia mínima necessária
para iniciar uma reação é chamada de energia de ativação, Ea.
Para que os reagentes formem os produtos, é necessário que as ligações
sejam quebradas nos reagentes.
Você já aprendeu que, para quebrar uma ligação, é preciso fornecer
energia para a molécula.
Assim, a energia de ativação, Ea, é a energia mínima necessária para
iniciar uma reação química.
É importante que você saiba que, para cada reação, existe uma energia
de ativação apropriada, ou seja, ela não tem um valor fixo para todas as
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Química I
reações. Até porque você já sabe, por exemplo, que a energia necessária para
quebrar uma ligação Carbono-Cloro (C-Cl) é diferente da energia necessária
para quebrar uma ligação Carbono-Carbono (C-C).
Para você entender o que representa realmente a energia de ativação,
Ea, vou dar um exemplo do dia-a-dia.
Imagine que você queira fazer uma bola passar por um pequeno morro.
Para que a bola ultrapasse o pequeno morro, você precisa chutar a bola
com uma energia cinética suficiente para que ela consiga ir para o outro lado.
Se seu chute for fraco (de baixa energia cinética), a bola não ultrapassará o
morro. Ao contrário, ela poderá até chegar ao morro, mas voltará depois.
Da mesma forma acontece com as moléculas em uma reação quími-
ca: elas certamente exigem uma certa quantidade de energia mínima para
quebrar as ligações existentes durante uma reação.
Vamos ver um exemplo real?
A isonitrila de metila (H3C- N≡C) pode se rearran-jar na molécula
acetonitrila (H3C- C≡N).
Neste rearranjo, podemos imaginar a passagem por um estado inter-
mediário onde o grupo N≡C da molécula estaria posicionada lateralmente:
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Teoria das colisões Aula 14
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Química I
Figura 3: Distribuição das energias cinéticas em uma amostra de moléculas de gás a duas tempe-
raturas diferentes (Fonte: Brown, T. L.; et al. Química, a ciência central, 9 ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2005).
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Teoria das colisões Aula 14
Neste gráfico você pode observar que na temperatura mais alta uma
quantidade muito maior de moléculas tem energia cinética maior do que a
Ea, causando um aumento na velocidade da reação.
A quantidade (fração, f) de moléculas que tem energia igual ou maior
que a Ea é dada pela equação:
Ea
−
f =e RT
Vamos supor uma situação para que você tenha uma idéia da ordem
de grandeza de f.
Suponha que a Ea seja 100 kJ/mol e que T seja 300 K.
Usando a equação chegaremos a um valor de f igual a 3,8 x 10-18, um
valor muito pequeno.
À T = 310 K, teremos um valor de f igual a 1,4 x 10-17.
Assim, um aumento de apenas 10 Kelvins na temperatura, temos um
aumento de 3,7 vezes na fração de moléculas que possuem no mínimo 100
kJ/mol de energia.
A EQUAÇÃO DE ARRHENIUS
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Química I
ln k = ln A - Ea
RT
Rearranjando a equação acima, ela torna-se a equação de uma reta que
relaciona k a (1/T), da seguinte forma:
ln k = ln A - Ea 1
Equação de Arrhenius
R T
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Teoria das colisões Aula 14
Assim, temos possibilidade de calcular Ea a partir dos valores experi-
mentais de k em diversas temperaturas.
Neste caso, precisaremos ter os dados experimentais para desenhar um
gráfico. No entanto, além do método gráfico, podemos obter a energia de
ativação, Ea, de forma matemática.
Se conhecermos k em duas temperaturas diferentes, podemos escrever
uma equação para cada uma dessas condições:
ln k1 = ln A - Ea
RT1
ou ln k2 = ln A - Ea
RT2
k2 Ea 1 1
ln k2 - ln k1 = ln
k1
= - R T2
- T1
Resolução:
Como temos os valores de k1, T1, k2 e T2, podemos usar a equação
abaixo para calcular a Energia de ativação, Ea.
k2 Ea 1 1
ln k2 - ln k1 = ln
k1
= - R T2
- T1
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Química I
Ea = 182,4 kJ/mol
Lembre-se: 103 é igual a 1000, portanto, pode ser representado por k (quilo).
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Teoria das colisões Aula 14
que promovem reações indesejáveis, tais como as reações envolvidas na
corrosão de metais.
Existem dois tipos de catalisadores:
a) homogêneo e
b) heterogêneo.
CATÁLISE HOMOGÊNEA
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Química I
Figura 5: Perfil de energia para a decomposição do H2O2 não-catalisada e para a reação catalisada
por Br-.
(Fonte: Brown, T. L.; LeMay Jr, H. E.; Bursten, B. E.; Burdge, J. R. Química, a ciência central, 9 ed.
São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005).
CATÁLISE HETEROGÊNEA
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Teoria das colisões Aula 14
Quando se tem este tipo de catálise, os catalisadores são preparados
de modo que eles tenham áreas superficiais grandes, pois a reação ocorre
na superfície destes catalisadores, que são geralmente compostos de metais
ou óxidos metálicos.
Neste tipo de catálise, a primeira etapa, normalmente, é a adsorção
dos reagentes. Ver glossário no
Você pode imaginar o que significa a adsorção? final da Aula
A adsorção refere-se às ligações das moléculas à superfície do catalisa-
dor. Ela ocorre porque os átomos ou íons na superfície de um sólido são
muito reativos.
As moléculas são adsorvidas nos sítios ativos na superfície do catalisa-
dor. A quantidade de sítios ativos depende da natureza do catalisador, da
forma como ele foi preparado e do seu tratamento antes do uso.
Um exemplo de reação onde ocorre uma catálise heterogênea é a hi-
drogenação de alcenos para formar alcanos.
A hidrogenação envolve a reação do alceno com o gás H2 na presença
de um catalisador.
Vamos analisar a hidrogenação do gás etileno (C2H4) formando etano.
Abaixo vemos a equação química que representa esta reação:
Mesmo sendo uma reação exotérmica (que libera energia), ela ocorre
muito lentamente sem a presença do catalisador.
No entanto, na presença dos metais níquel (Ni), paládio (Pd) ou platina
(Pt) finamente divididos, a reação ocorre muito mais facilmente à tempe-
ratura ambiente.
Figura 6: Mecanismo da hidrogenação do etileno em uma superfície catalítica (Fonte: Brown, T. L.;
et al. Química, a ciência central, 9 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005).
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Química I
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Teoria das colisões Aula 14
CONCLUSÃO
Finalizando o estudo da cinética química nesta aula, podemos agora
entender como as reações químicas ocorrem em nível atômico, o que nos
leva à essência da química.
A partir deste nosso aprendizado, podemos estabelecer um modelo
para entender os efeitos prejudiciais dos poluentes, bem como os processos
naturais que influenciam nosso clima.
A cinética química se faz importante na biologia e na medicina porque
a saúde representa um balanço entre um grande número de reações que
ocorrem em nosso organismo.
Vários outros problemas do nosso dia-a-dia podem ser resolvidos
pelo estudo da cinética química. O desenvolvimento de catalisadores, por
exemplo, é um deles. Desenvolvendo catalisadores, que são substâncias
que fazem com que as reações ocorram mais rapidamente, podemos solu-
cionar problemas como a fome do mundo e o desenvolvimento de novos
combustíveis.
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Química I
RESUMO
ATIVIDADES
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Teoria das colisões Aula 14
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
Assim:
Ea 1,60 x 105 J/mol mol. K
= = - 38,489 = - 38,5
RT 500 K 8,314 J
Assim:
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Química I
ATIVIDADES
REFERÊNCIAS
Brown, T. L.; et al. Química, a ciência central. 9 ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2005.
Kotz, J. C.; Treichel Jr, P. M. Química Geral 1 e reações Químicas. 5 ed.
São Paulo: Pioneira Thomson Learning, Trad., 2005.
Atkins, P.; Jones, L. Princípios de Química. Porto Alegre: Bookman, 2001.
GLÓSSARIO
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