Estudo de Caso - o Colapso Da Webvan
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Estudo de Caso - o Colapso Da Webvan
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COM-538 Sistemas de Informação Gerenciais
Estudo de Caso – Capítulo 4
caso ele já tivesse sido reservado anteriormente ou se o local do novo pedido fosse muito distante para que a
entrega pudesse ser realizada dentro do horário.
O pedido era transmitido eletronicamente para o depósito pertinente, onde seria processado. O sistema de
software calculava um plano otimizado de busca de itens, e os engradado eram marcados automaticamente
com um código de barras, ligando-os a um pedido específico. Os engradados tinham um código de cores
para identificar o tipo de produtos que estava dentro deles. O software determinava quantos engradados eram
necessários. A Webvan tinha montado um banco de dados com as características de cada item. Por exemplo,
era preciso saber qual o tamanho do item para determinar se caberia no engradado; conhecer o peso
também era necessário para garantir que o engradado não ficasse tão pesado que o pessoal não
conseguisse levantá-lo. Alguns itens, como as melancias, não podiam ser divididos. Um índice de
‘esmagamento’ era necessário para garantir que itens frágeis, como ovos, ficassem na parte superior do
engradado e itens pesados, como latas grandes, ficassem no fundo. Engradados para itens congelados eram
forrados com material isolante e continham saquinhos de gelo seco. Itens de prateleira eram coletados em
seqüência segundo o plano e, em seguida, o engradado era transportado até a estação-carrossel, onde um
encarregado comparava os produtos com uma lista e completava o engradado com os itens que faltavam
(muitas vezes trabalhando em mais de um pedido por vez). Quando o engradado estava completo, o
encarregado o fechava e o colocava em uma esteira transportadora, que o transportava até a área de
expedição. O sistema calculava até mesmo o tempo de escolha requerido por cada parte do pedido. Com
base na programação de entrega e no peso da carga, o sistema determinava quando iniciar o carregamento
de cada engradado para que chegasse à área de expedição no horário correto. Os engradados eram então
transportados até um caminhão designado para a estação de transferência específica, onde eram passados
para caminhonetes e entregues segundo um rota preparada por um software de otimização. Esse sistema
complexo era algo que não tinha precedentes.
A entrega também era tecnicamente complexa. O software da Webvan otimizava as programações de
entrega para que fossem realizadas a cada trinta minutos. A empresa usava um sofisticado software de
planejamento para determinar a rota de entrega mais eficiente para cada pedido. A localização do motorista
era monitorada em cada viagem com a utilização de um sistema de posicionamento global (Global Positioning
System – GPS) instalado em cada caminhonete. Quando ocorria um atraso inesperado, os entregadores
informavam o cliente por telefone. Este poderia escolher entre aceitar a entrega com atraso ou reprogramá-la.
Os motoristas também usavam o GPS para traçar rotas alternativas e evitar problemas de tráfego e, assim,
cumprir suas programações com maior facilidade. Chegando à casa do cliente, o motorista carregava os
engradados para dentro e os desembalava. Alternativamente, o cliente poderia ficar com os engradados
embalados mediante o pagamento de um pequeno depósito por engradado. Nesse caso, o motorista usava
um equipamento manual sem fio para imprimir um recibo e uma lista do pedido discriminada por item. O
aparelho notificava também à expedição que a entrega estava encerrada.
A Webvan também desenvolveu um sistema para fazer pedidos de produtos a seus fornecedores. A empresa
determinava o que pedir com base nas demandas corrente e esperada. Se não houvesse um dos itens no
depósito no momento em que o cliente o pedia, a Webvan usava uma site Web de comunicação rápida e
segura (harbinger.net) para informar automaticamente aos fornecedores. O software Harbinger formatava e
enviava pedidos a todos os fornecedores. Quando as mercadorias chegavam ao depósito, a recepção abria
as caixas e identificava os produtos com uma leitora óptica. Os itens de prateleira eram colocados em
bandejas e o sistema usava um algoritmo de varredura cíclica muito complexo para atribuir cada bandeja a
um carrossel específico. No entanto, como muitos de seus supermercados rivais, a Webvan pouco fez para
automatizar sua cadeia de suprimentos, porque era uma empresa muito pequena para forçar seus
fornecedores a investir em tecnologia de cadeia de suprimentos.
A Webvan recebeu seus primeiros pedidos em 2 de junho de 1999 na área da Baía de San Francisco e, ao
final de junho, já tinha alcançado aproximadamente 400 mil dólares em vendas. Em 8 de julho, a empresa
assinou um contrato arrasador de 1 bilhão de dólares, com a Bechtel para projetar e construir 26 centrais de
distribuição nos dois anos seguintes, refletindo tanto a enorme quantidade de capital que tinha levantado com
seu plano de rápida expansão. Em outubro, George Shaheen, antigo diretor-presidente da Andersen
Consulting (agora Accenture), tornou-se diretor-presidente da Webvan. A empresa estava voando alto mesmo
sem ter lucro e sem parar de gastar rapidamente o capital dos investidores, grande parte do qual foi alocado
para a construção de depósitos.
Em fevereiro de 2000, a Webvan anunciou que o tamanho de seu pedido médio tinha subido de 72 para 80
dólares. Em junho já tinha se expandido até Atlanta, Georgia e Sacramento, Califórnia. Comprou, na mesma
época, a rival HomeGrocer.com, o que permitiu que partisse para Dallas, Los Angeles, San Diego, Seattle,
Portland e Orange County, Califórnia, a um custo muito baixo, eliminando, ao mesmo tempo, a necessidade
de concorrer com a HomeGrocer pelos clientes.
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Entretanto, a situação da Webvan começou a piorar. Em 21 de fevereiro, a empresa encerrou sua operação
em Dallas. Atlanta estava recebendo apenas metade do número de pedidos que necessitava para atingir o
ponto de equilíbrio e nenhum dos sites tinha se tornado lucrativo. Sem se atemorizar e confiante no sucesso
futuro, a Webvan abriu uma unidade em Chicago, em agosto. A unidade da área de San Francisco não
conseguiu atingir o ponto de equilíbrio, conforme tinha sido previsto, e a empresa abreviou seus planos de
crescimento para preservar o caixa, retardando a expansão para Washington, DC, Baltimore e Nova Jersey
(mesmo que cada uma delas já tivesse um depósito de 35 milhões de dólares). Em novembro, a empresa
anunciou que seu pedido médio tinha subido até apenas 91 dólares. Além dos mantimentos, ela estava
vendendo itens de drogaria e de animais de estimação, livros e CDs, equipamentos eletrônicos, jogos e
brinquedos. O valor das ações da empresa estava caindo vertiginosamente.
A Webvan foi forçada a fazer um corte brutal nos custos. Mais centrais foram fechadas – Dallas em 21 de
fevereiro de 2001, Sacramento e Atlanta em abril do mesmo ano. A empresa reduziu despesas de marketing
e começou a cobrar pelas entregas. Borders tinha sido substituído por Shaheen no cargo de vice-presidente,
e este renunciou em 16 de abril, sendo substituído pelo CEO de operações Robert Swann. A empresa notou
que apenas 6,5 por cento das residências de San Francisco tinham feito pedidos com a Webvan e menos da
metade fez um segundo pedido.
Em 9 de julho de 2001, a empresa cessou todas as operações, demitiu 2 mil funcionários e anunciou que
planejava solicitar a proteção contra falência prevista no Capítulo 11 (reestruturação financeira). Durante sua
curta vida, a Webvan tinha queimado 1,2 bilhão de dólares em capital de investidores e se transformado em
um dos mais espetaculares fracassos ponto.com de que se tem notícia. Desde então, a empresa vem
liquidando seus ativos.
A derrocada da Webvan significa que o varejo on-line de mantimentos chegou a um beco sem saída? Ou o
problema da empresa era seu ambicioso modelo de negócios? Uma das poucas empresas desse tipo que
gerou lucro é a Tesco.com, o braço on-line da cadeia de supermercados britânica Tesco. A Tesco.com
atende aproximadamente 1 milhão de clientes registrados no Reino Unido e manuseia 70 mil pedidos por
semana. Está registrando vendas anuais de 420 milhões de dólares. Ela entrou de maneira cautelosa no
varejo on-line com produtos pré-embalados que ficavam à espera dos clientes em uma loja da Tesco já
existente. Os clientes poupavam tempo, por não terem de percorrer os corredores do supermercado
procurando os produtos que queriam, e a Tesco podia usar sua infra-estrutura já existente para fornecer as
mercadorias. A empresa começou recentemente a entregar os mantimentos em domicílios próximos as suas
lojas, mas cobra taxas de entrega. Na verdade, os pedidos até aumentaram de tamanho, porque as
residências querem aumentar ao máximo a taxa de quilometragem que pagam pela entrega. Os clientes on-
line da Tesco aumentaram as compras em suas lojas e as pessoas que costumavam comprar nas lojas
aumentara suas compras pela Web. A Tesco utilizou a tecnologia para tornar mais eficiente o processo de
compra existente em vez de tentar criar um processo de compra inteiramente novo, com o qual as pessoas
não estavam familiarizadas. Mas a empresa também se beneficia das margens mais altas do varejo de
mantimentos no Reino Unido, que chegam a aproximadamente 8 por cento. Isso significa que ela poderia
perder 6 por cento com suas operações on-line e ainda assim arrecadar a mesmo porcentagem de lucro que
os varejistas de mantimentos norte-americanos.
Fontes: Christopher T. Heun, “Delivery, anyone?”, Information Week, 16 jul. 2001; “What Webvan could have
learned from Tesco”, Knowledge@Wharton, 10-23 out.2001;
3. Critique a estratégia da Webvan e apresente seus pontos de vista quanto à viabilidade ou não dessa
estratégia. Justifique sua resposta.
4. Quais fatores de administração, organização e tecnologia foram responsáveis pelo fracasso da Webvan?
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