Artigo de Opinião Sobre A Redução Da Maioridade Penal
Artigo de Opinião Sobre A Redução Da Maioridade Penal
Artigo de Opinião Sobre A Redução Da Maioridade Penal
O Brasil está a um passo de tomar mais uma daquelas decisões que pouco mudarão sua história. Trata-se
da redução da maioridade penal. O povo, movido por um sentimento costumeiramente temporário,
promove mais um debate político e um tanto quanto sensacionalista esperando, com isso, possíveis
medidas solucionáveis. O que o povo e muito menos os políticos os quais ele elegeu não vêem é que,
simplesmente, a questão não é redução da maioridade, e sim a qualidade do sistema prisional brasileiro.
O que a Constituição Brasileira chama de Centro ou Casa de Recuperação, mais parece um CT militar. As
medidas socio-educativas, que ultimamente ouve-se falar tanto, não passam de instruções e aulas sobre
qual o valor mínimo que um seqüestrador deve exigir para se pagar um resgate, ou como assaltar um
edifício inteiro sem ser captado pelas câmeras de segurança.
Nessa situação, com a redução da idade mínima dos detentos, o caos aumentará ainda mais. Isso porque
as celas ficarão cada vez mais superlotadas, dando mais motivos para se realizarem rebeliões e,
conseqüentemente, fuga de inúmeros – sendo que destes, poucos são recapturados.
Em meados do ano de 2006 viu-se um considerável investimento do Governo Federal nesse setor. A
construção de penitenciárias com padrão norte-americano (câmeras de segurança em todos os corredores
e bloqueadores de celulares) foi um passo dado à frente. Porém, elas são exclusivas de presos
considerados perigosos e que no Brasil, curiosamente, são poucos. E os gastos para manter esses
elementos são absurdos, suficientes para reformar algumas prisões nas regiões Sudeste e Nordeste, as
mais precárias.
Tentar limitar a faixa etária mínima dos criminosos é um erro. O que mais se espera disso, do jeito que as
coisas vão, é um grande número de pré-adolescentes e até crianças atrás das grades, culpadas por crimes
que qualquer adulto faria. Se jovens de 15 ou 16 anos são presos, passam 3 anos e conseguem liberdade
e voltam a fazer o que faziam antes, é porque o defeito não é a idade, e sim a tal “Casa de Recuperação”.
O povo e os políticos precisam rever seus debates e controlar suas emoções.
“Todo mundo sabe que é urgente e essencial reduzir para menos de 18 anos a idade em que se
pode prender, julgar, condenar um assassino feroz, reincidente, cruel e confesso” (Ilustração::
Atômica Studio)
Artigo publicado em edição impressa de VEJA
A BANALIZAÇÃO DA VIDA
http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/lya-luft-a-banalizacao-da-vida/
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Reprodução
Dois crimes violentos cometidos por menores de idade no Brasil em 2013
reacenderam uma antiga discussão que volta à tona a cada vez que um novo
crime grave é praticado por um menor: o país deve reduzir a maioridade penal,
hoje em 18 anos, para 16? Ou, as penas devem ser mais rígidas no caso de
crimes graves?
Código Civil: O que mudou na vida dos brasileiros com a lei de 2003
O outro caso ocorreu poucos dias depois em São Bernardo do Campo, em São
Paulo, quando uma dentista teve seu consultório invadido por três homens que
roubaram e a queimaram. Foram presos um rapaz de 24 anos, um de 21 e um
menor de 17 anos. A responsabilidade por atear fogo na dentista foi atribuída
ao menor, que pela idade, teria a pena amenizada, mesmo se tratando de um
crime grave.
Como é hoje
A maioridade penal aos 18 anos foi estabelecida na legislação brasileira em
1940. A norma foi regulamentada pelo ECA (Estatuto da Criança e do
Adolescente), criado em 1990. Com o estatuto, os menores infratores
cumprem penas em unidades de internação – como a Fundação Casa, antiga
Febem, em São Paulo --, e não no sistema penitenciário comum, e são
submetidos, quando possível, a medidas socioeducativas, como advertência,
obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade e liberdade
assistida. Os menores também não têm os crimes inclusos em sua ficha
criminal.
GUIA DE ESTUDOS
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Hoje, pela lei, podem ser internados jovens entre 12 e 18 anos de idade. A
permanência máxima em uma unidade de internação é de três anos.
DIRETO AO PONTO
Dois crimes graves cometidos no Estado de São Paulo no primeiro semestre deste ano colocaram uma discussão em
pauta: o Brasil deve reduzir a maioridade penal dos atuais 18 anos para 16?
No Brasil, as penas contra menores infratores são aplicadas de acordo com o ECA (Estatuto da Criança e do
Adolescente), que normatizou o envio desses adolescentes a unidades de internação e a aplicação de medidas
socioeducativas. Jovens entre 12 e 18 anos de idade que cometem crimes são levados às unidades de internação – em
São Paulo, elas são chamadas de Fundação Casa--, onde podem ficar por até três anos.
Em todo o mundo, os países têm autonomia para definir a maioridade penal e as medidas que para penalizar os
menores de idade. A única regra existente em pactos internacionais é a proibição da aplicação da pena de morte para
menores de idade.
Dados do Unicef revelam a experiência mal sucedida dos EUA. O país, que assinou a
Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, aplicou em seus adolescentes,
penas previstas para os adultos. Os jovens que cumpriram pena em penitenciárias
voltaram a delinquir e de forma mais violenta. O resultado concreto para a sociedade foi o
agravamento da violência.
Reduzir a maioridade é transferir o problema. Para o Estado é mais fácil prender do que
educar.
A Organização Mundial de Saúde diz que o Brasil ocupa a 4° posição entre 92 países do
mundo analisados em pesquisa. Aqui são 13 homicídios para cada 100 mil crianças e
adolescentes; de 50 a 150 vezes maior que países como Inglaterra, Portugal, Espanha,
Irlanda, Itália, Egito cujas taxas mal chegam a 0,2 homicídios para a mesma quantidade de
crianças e adolescentes.
14°. Porque reduzir a maioridade penal não afasta crianças e adolescentes do crime
Se reduzida a idade penal, estes serão recrutados cada vez mais cedo.
O problema da marginalidade é causado por uma série de fatores. Vivemos em um país
onde há má gestão de programas sociais/educacionais, escassez das ações de
planejamento familiar, pouca oferta de lazer nas periferias, lentidão de urbanização de
favelas, pouco policiamento comunitário, e assim por diante.
A redução da maioridade penal não visa a resolver o problema da violência. Apenas fingir
que há “justiça”. Um autoengano coletivo quando, na verdade, é apenas uma forma de
massacrar quem já é massacrado.
Medidas como essa têm caráter de vingança, não de solução dos graves problemas do
Brasil que são de fundo econômico, social, político. O debate sobre o aumento das
punições a criminosos juvenis envolve um grave problema: a lei do menor esforço. Esta
seduz políticos prontos para oferecer soluções fáceis e rápidas diante do clamor popular.
Nesse momento, diante de um crime odioso, é mais fácil mandar quebrar o termômetro do
que falar em enfrentar com seriedade a infecção que gera a febre.
Vai contra a Doutrina da Proteção Integral do Direito Brasileiro que exige que os direitos
humanos de crianças e adolescentes sejam respeitados e garantidos de forma integral e
integrada às políticas de natureza universal, protetiva e socioeducativa.
Vai contra parâmetros internacionais de leis especiais para os casos que envolvem
pessoas abaixo dos dezoito anos autoras de infrações penais.
Vai contra a Convenção sobre os Direitos da Criança e do Adolescente da Organização
das Nações Unidas (ONU) e a Declaração Internacional dos Direitos da Criança
compromissos assinados pelo Brasil.
16°. Porque poder votar não tem a ver com ser preso com adultos
O voto aos 16 anos é opcional e não obrigatório, direito adquirido pela juventude. O voto
não é para a vida toda, e caso o adolescente se arrependa ou se decepcione com sua
escolha, ele pode corrigir seu voto nas eleições seguintes. Ele pode votar aos 16, mas não
pode ser votado.
Nesta idade ele tem maturidade sim para votar, compreender e responsabilizar-se por um
ato infracional.
Em nosso país qualquer adolescente, a partir dos 12 anos, pode ser responsabilizado pelo
cometimento de um ato contra a lei.
O tratamento é diferenciado não porque o adolescente não sabe o que está fazendo. Mas
pela sua condição especial de pessoa em desenvolvimento e, neste sentido, o objetivo da
medida socioeducativa não é fazê-lo sofrer pelos erros que cometeu, e sim prepará-lo para
uma vida adulta e ajuda-lo a recomeçar.
Se o Brasil chama a atenção por algum motivo é pela enorme proporção de jovens vítimas
de crimes e não pela de infratores.
18°. Porque importantes órgãos têm apontado que não é uma boa solução
O UNICEF expressa sua posição contrária à redução da idade penal, assim como à
qualquer alteração desta natureza. Acredita que ela representa um enorme retrocesso no
atual estágio de defesa, promoção e garantia dos direitos da criança e do adolescente no
Brasil. A Organização dos Estados Americanos (OEA) comprovou que há mais jovens
vítimas da criminalidade do que agentes dela.
O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) defende o
debate ampliado para que o Brasil não conduza mudanças em sua legislação sob o
impacto dos acontecimentos e das emoções. O CRP (Conselho Regional de Psicologia)
lança a campanha Dez Razões da Psicologia contra a Redução da idade penal CNBB,
OAB, Fundação Abrinq lamentam publicamente a redução da maioridade penal no país.
Mais de 50 entidades brasileiras aderem ao Movimento 18 Razões para a Não redução da
maioridade penal.”
http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/grupo-lista-18-razoes-contra-a-reducao-da-
maioridade-penal/
A favor da redução da maioridade penal
David Gallo Barouh*
Tags: artigo david gallo barouh maioridade penal justiça
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http://atarde.uol.com.br/opiniao/materias/1498309-a-favor-da-reducao-da-maioridade-penal
Maioridade Penal: sim ou não? Veja a
opinião de especialistas
Após a morte de um estudante em Belém por um adolescente de 17
anos foi reaberto o debate sobre readução da maioridade penal. A
reportagem de O Imparcial traz dois especialistas: um a favor e outro
contra.
Sandra Viana
Publicação: 26/04/2013 08:19 Atualização: 26/04/2013 15:45
No Brasil, a maioridade penal é fixada em 18 anos - definida pelo artigo 228 da Constituição
Federal. É a idade em que, para a lei, um jovem passa a responder inteiramente por seus
atos, como adulto e sofre as sanções na Justiça de acordo com o Código Penal. Um menor,
quando comete ato ilícito é chamado infração e este cumpre medidas socioeducativas, que
incluem atividades e internação de até três anos em unidades de reeducação. As infrações
são julgadas em acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Crianças até 12 anos são inimputáveis, ou seja, não podem ser julgadas nem punidas pelo
Estado. Dos 12 aos 17 anos, o menor infrator é encaminhado à Vara da Infância e da
Juventude onde pode receber sanções (advertência, obrigação de reparar o dano, prestação
de serviços à comunidade, liberdade assistida, inserção em regime de semiliberdade ou
internação em estabelecimento educacional), mas não pode ser levado para penitenciárias. A
legislação brasileira entende que o menor de 18 anos não tem desenvolvimento mental
completo para entender o caráter ilícito de seus atos.
Para avaliar os prós e contras, O Imparcial convidou dois especialistas para discutir a redução
da maioridade penal, a partir de seus pontos de vista.
http://pensartigo.blogspot.com.br/2011/11/artigo-de-opiniao-maioridade-penal.html