Celebracao Do Sexo - Cap1 PDF
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À imagem de Deus
Em Gênesis 1.27 está escrito: E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem
de Deus o criou; homem e mulher os criou (Gn 1.27). Que coisa grandiosa! A
imagem de Deus é refletida tanto na masculinidade quanto na feminilidade e
na maneira como elas se relacionam. À medida que melhor compreendermos o
Criador e a interação da Trindade, obteremos uma visão íntima da natureza do
gênero e da sexualidade: as diferenças e as similaridades dentro de parcerias que
se complementam, as necessidades de obter um relacionamento íntimo, excitação
e cuidado, procriação e recreação.
Ao explorar estes conceitos, devemos ter muito cuidado para não antropomor-
fizar Deus. (Antropomorfizar é uma palavra de seis sílabas que significa “tornar
humano”). Nós, como seres humanos, estamos limitados às nossas experiências,
que não nos dão vocabulário e conceitos suficientes para verdadeiramente com-
preender Deus. Como cristãos que somos, também devemos ter cuidado para
não mantê-lo distante da sexualidade e do casamento, pois, se assim agirmos,
perderemos a perspectiva do Criador com relação à natureza da masculinidade
e feminilidade e ao conceito de tornar-se uma só carne.
Poderemos obter uma compreensão útil das diferenças entre os sexos pela
observação e estudo do relacionamento de Deus com os outros. Deus, o Pai, é
um excelente modelo do papel masculino. Deus desejava ser respeitado pelos
israelitas, ao mesmo tempo que desejava ser-lhes um Pai amoroso, pois liderava e
provia. Deus, o Filho, é um excelente modelo do papel feminino. Jesus disse que
desejava proteger e cuidar como a galinha ajunta os seus filhotinhos debaixo das
asas (Mt 23.37). No episódio da morte de Lázaro, Jesus chorou, demonstrando
suas emoções (Jo 11.35). Jesus nos deu compreensão sobre a feminilidade com
a sua alegria de cuidar, sua relação íntima e a proteção materna das pessoas que
lhe eram importantes. Ele apreciava e valorizava as emoções, revelando-se para
nutrir a integridade da amizade íntima e incorporando o conceito de feminilidade
que ele próprio criou.
Outro aspecto fascinante da criação de Deus é que há nos dois sexos tanta
similaridade quanto há na Trindade. O homem e a mulher têm mais emoções,
necessidades e atributos comuns que diferenças. Cada ser humano possui aspectos
relativos aos dois gêneros. Carl Jung chamou estes dois princípios de anima e
animus. Eu, Doug, sou homem, mas também tenho um lado feminino que posso
compreender e que me beneficia. Posso ser como uma galinha protegendo os
seus pintinhos debaixo de suas asas; algumas vezes segurarei gentilmente a mão
de alguém enquanto choramos juntos. Cada um de nós, não importa se homem
ou mulher, possui, dentro de si, características dos dois gêneros humanos, intera-
gindo de uma maneira que enriquece a nossa personalidade e traz um significado
aos relacionamentos, com uma consciência e aceitação das diferenças.
Claro que esta ideia nos leva a, perplexamente, especular sobre quais são exata-
mente as diferenças entre homem e mulher, entre marido e esposa. As diferenças
físicas são prontamente visíveis. Existem outras diferenças divinamente criadas,
mas é muito fácil confundi-las com preconceitos, estereótipos e lutas pelo poder.
Este não é o plano de Deus, pois em Cristo o homem e a mulher são diferentes,
mas iguais (Gl 3.28; Cl 3.5-13).
Precisamos entender que algumas das diferenças não são distinções dadas
por Deus, mas comportamentos aprendidos. Por exemplo, provavelmente você
já ouviu o ditado popular que diz: “O homem dá carinho e afeição quando quer
sexo e a mulher usa o sexo para conseguir carinho”. Isto não faz parte do plano
de Deus para a união sexual entre o homem e a mulher. Como sociedade, temos
sufocado a sexualidade feminina à medida que permitimos que os homens di-
minuam a importância das emoções e dos sentimentos de um relacionamento
íntimo. Como cristãos, deveríamos lutar para modificar estes falsos conceitos e
atitudes, contrários à vontade do Criador.
Não podemos negar que existem diferenças, porém podemos aprender um
com o outro para incorporarmos o melhor dos dois mundos. Qual a implicação
de os homens serem sexualmente mais rápidos e as mulheres darem mais valor
ao romance? Qual a implicação de os homens apreciarem enfrentar desafios,
enquanto as mulheres desejam a segurança? Portanto, o nosso objetivo deve-
ria ser combinar o melhor dos dois sexos, com os homens tornando-se mais
sensualmente românticos e as mulheres tornando-se mais agressivas e menos
passivas sexualmente.
Algumas diferenças entre o homem e a mulher permanecerão um mistério,
tanto quanto a imagem do nosso maravilhoso e complexo Deus. Entretanto, é
muito importante reconhecer as diferenças básicas, porque elas afetam direta-
mente a sua compreensão e habilidade para satisfazer o seu cônjuge, criar um
casamento íntimo e ser um grande amante. Aqui estão algumas das generaliza-
ções mais comuns, que podem ou não se aplicar à sua situação; portanto, seja
cuidadoso para não considerar as características de seu cônjuge meros conceitos
universais de masculinidade e feminilidade. Muitas pessoas apresentam carac-
terísticas das duas listas.
Características do homem:
Características da mulher:
1 UMA SÓ CARNE
Deus afirmou no princípio da criação: Não é bom que o homem esteja só; eu
lhe farei uma ajudadora que lhe seja adequada (Gn 2.18). Deus não somente
criou os gêneros masculino e feminino, mas também projetou um especial e
singular relacionamento conjugal. A Bíblia nos fornece mais detalhes: Portanto,
o homem deixará seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só
carne. E os dois estavam nus, o homem e sua mulher; e não se envergonhavam
(Gn 2.24,25).
É tremendamente emocionante pensar no conceito de uma só carne, o com-
panheirismo original de Deus. Adão e Eva, antes da queda no Éden, tinham a
maravilhosa capacidade de estarem nus, física e emocionalmente, sem sentirem
vergonha ou medo. Mostravam-se com uma confiança e curiosidade inocente
e pueril, rindo, explorando, dando e recebendo amor. O sexo era uma gloriosa
e inocente celebração vivida com instintiva honestidade, respeito e deleite pela
vida. Eles estavam nus e sem culpas e não havia lugar para ansiedades, inibições,
dor ou falta de habilidades. Que relacionamento e vida sexual eram capazes de
desfrutar por verdadeiramente se “conhecerem”, por dentro e por fora!
Ser uma criação especial de Deus dá-nos o poder de controlar a natureza
e fazer escolhas de uma maneira diferente da selvagem sexualidade animal.
Podemos decidir quando ter filhos ou quantos seremos capazes de suprir
amorosamente. Podemos amar e apreciar nossos filhos e famílias em benefício
de uma vida de propósitos e intimidade. Podemos escolher ter brincadeiras
amorosas e romance na relação sexual para promover a união íntima e o prazer.
Podemos apreciar todo o processo sexual, visando à diversão, ao prazer e ao
fortalecimento da intimidade. Infelizmente, em nossos dias, o sexo não tem sido
tão positivamente considerado.
No cristianismo, frequentemente, o sexo tem sido retratado como pecaminoso
ou nocivo. Não muito tempo atrás, era considerado somente como um meio de
procriação. Deus era visto como distante e contrário ao prazer sexual no casa-
mento. Alguns desses pensamentos remontam aos tempos de santo Agostinho,
devido à sua conversão de uma vida sexual completamente indisciplinada e las-
civa. Ele e outros religiosos criaram uma restritiva e legalística abstinência sexual
em função de suas próprias lutas internas e, assim, introduziram uma teologia
totalmente desviada do conceito encontrado nas Escrituras. As proibições e leis
da Igreja impediram os casais, e especialmente as mulheres, de desfrutar o prazer
sexual concebido por Deus.
A unidade de uma só carne é um conceito excitante, repleto de união sexual e
satisfação. De fato, isto é plano de Deus, e nós, como cristãos, precisamos resgatar,
santificar e celebrar a maravilha e o prazer da sexualidade. A intenção de Deus
era que o homem e a mulher usufruíssem a diversão e a recreação possíveis no
ato sexual. Precisamos resgatar nosso direito ao prazer e à intimidade sexual.
1 UM POÇO DE ÁGUA
Com frequência a Bíblia usa a água como uma poderosa metáfora significando
limpeza, cura e rejuvenescimento. Há lindas imagens como “ribeiros no deserto”,
“água da vida” e “águas tranquilas”. Que retrato fantástico da natureza dinâmica
da relação amorosa é a comparação com uma cisterna, um poço, um ribeiro e
um manancial de água. É como se fosse um reservatório de águas saciadoras e
refrescantes, garantindo-lhe um suprimento seguro para o resto de sua vida.
De um lado, a sua vida sexual é como uma cisterna na qual você armazena
muitas lembranças amorosas e um elenco de atividades sensuais de atração.
Você pode mergulhar nessa cisterna repetidas vezes em suas fantasias amoro-
sas, em busca de estímulo e prazer. De outro lado, o relacionamento sexual é
como um rio ou uma fonte de água. O sexo no casamento possui a qualidade de
renovação e constante mudança. Assim como o antigo filósofo grego Heráclito
atentamente olhou para o rio e percebeu que a vida era um processo dinâmico
e mutável, que se modificava constantemente, você também pode fazer do seu
relacionamento conjugal uma atividade a dois em que sempre haverá espaço
para novidades e renovações.
Uma vida sexual rotineira e enfadonha não é plano de Deus. Leia este livro,
renove a sua mente e as suas atitudes e procure ser sensual e descontraidamente
brincalhão. Dessa forma, você poderá ter relações sexuais quatro vezes por semana
pelos próximos quinze anos e ainda assim nunca esquadrinhará as surpreendentes
facetas deste misterioso “ribeiro” sexual, que é o tornar-se uma só carne.
Gosto muito dos verbos alegrar-se, saciar-se e embriagar-se, presentes na
passagem de Provérbios. Prazer e satisfação fazem parte dos objetivos a serem
alcançados no relacionamento conjugal. É muito importante que os cônjuges se
alegrem em estarem juntos no ato sexual. Podemos regozijar-nos com o cônjuge
da nossa mocidade. Nossa criatividade, imaginação e amor nos permitem perma-
necer sempre atraídos sexualmente pelo amante da nossa juventude. Estaremos
sempre satisfeitos e inteiramente cativos.
Também aprecio muito de um ditado do Talmude, os ensinos judaicos a res-
peito dos chamados livros mosaicos, ou seja, os cinco primeiros livros da Bíblia:
“Deus nos responsabilizará de cada prazer que nos seja possível usufruir e que
negligenciarmos”. Como casais e indivíduos cristãos que somos, talvez precisemos
modificar nossas atitudes com relação ao regozijar, a estar satisfeito e atraído e
principalmente a apreciar o prazer sexual. Você poderá sentir alegria, excitação
e satisfação imensas quando permitir que Deus abençoe o seu relacionamento
e ainda seguir o plano dele a fim de que você seja como um manancial de águas
refrescantes para o seu cônjuge.
Quando eu era mais jovem, antes de ter ouvido sobre tantas decepções, desencontros
e tragédias sexuais, costumava pensar que a ênfase cristã sobre sexo ser uma união
emocional e espiritual era exagerada e fora da realidade. Eu estava cansado de ouvir
sobre a importância de ter um relacionamento com compromisso e de construir boas
cercas de proteção. Desejava obter informações mais sólidas e discutir abertamente
a respeito do sexo. Com frequência imaginava que espiritualizávamos o sexo porque
na realidade sentíamos receio e medo de conversar a respeito de partes do corpo,
posições sexuais, fantasias eróticas e do prazer possível na relação sexual. Tínhamos
medo de encarar os conceitos do prazer, as técnicas sexuais e a atração erótica.
Como terapeuta sexual, agora percebo que a maioria dos conflitos tem sua
origem em deficiências espirituais e da alma (por exemplo, falta de honestida-
de, baixa aceitação do corpo ou incapacidade de dar ou sentir prazer). Agora,
compreendo melhor a necessidade de desenvolver habilidades que facilitem o
oral reduz importância que a penetração sexual propriamente dita tem no plano
de Deus do “tornar-se uma só carne”. Quando a Bíblia não trata diretamente de
um assunto, entretanto, devemos voltar-nos para outros valores das Escrituras
que nos auxiliem a orientar o nosso comportamento. À luz de outras proibições,
o sexo oral pode ser utilizado como uma das muitas maneiras de tornar mais
prazerosa a relação sexual, embora alguns casais escolham não utilizar esta
expressão de amor.
Na Bíblia, somos chamados a ser atenciosos e gentis. Isto significa que jamais
devemos fazer qualquer coisa ou praticar qualquer ato que viole a sensibilidade
do nosso cônjuge ou ofenda-o sexualmente. O nosso corpo é o templo de Deus e
deve ser tratado respeitosamente e não danificado. (Para uma pequena porcen-
tagem de mulheres, o sexo oral talvez aumente o risco de infecções. Portanto,
essas mulheres deveriam evitá-lo.) Somos exortados a ter autodisciplina e
equilíbrio, seja com respeito ao sexo oral ou a qualquer outro meio de estimu-
lação erótica, nunca desviando o objetivo da relação amorosa ou da comunhão
íntima. A relação sexual é uma celebração do nosso companheirismo de uma
só carne e nunca deveria estar simplesmente associado ao orgasmo, à relação
sexual ou ao prazer sexual. Como amantes, devemos confiar as nossas áreas
íntimas somente ao nosso cônjuge, porém, de fato “a vinha que me pertence
está ao meu dispor”, e devemos aprender a não ter vergonha ou inibições com
relação às nossas áreas genitais.
Com relação aos comportamentos não abordados claramente pelas Escrituras,
como o sexo oral, com certeza sempre haverá discórdias entre os cristãos quanto a
serem ou não benéficos para o relacionamento amoroso conjugal. Tudo bem. Deus
promete em Filipenses 3.15,16 que, se agirmos em verdade, realmente compreen-
deremos. Ele nos ajudará a sermos maduros e a chegarmos a uma compreensão
da sua vontade. Um dos propósitos deste livro é o de encorajar cada um de nós a
pensar cuidadosamente a respeito da sexualidade e do relacionamento sexual e
agir em conformidade com a verdade e o plano divinos. Este livro é baseado na
verdade de Deus com todo o temor e respeito. Juntos, nós, cristãos, precisamos
resgatar dos valores distorcidos deste mundo, o verdadeiro dom de Deus que é
a sexualidade. Vamos criar uma teologia sexual precisa e prática e utilizá-la no
dia a dia do nosso casamento.
Relacionar-se sexualmente é uma ligação íntima e o ato de derrubar as muralhas
de defesa, de tal modo que O meu amado é meu, e eu sou dele. Voluntariamente
vocês estão nus e vulneráveis. Os amantes são capazes de sentir liberdade e des-
prendimento juntos, baseados no amor, na confiança e no compromisso. É um
sentimento de companheirismo único e é muito excitante estar nu e não sentir
vergonha alguma, quando você celebra o sexo no casamento. É um ciclo que você
pode repetir intensamente através, porque ele é fundamentado em seu companhei-
rismo íntimo. No capítulo seguinte, vamos desenvolver ainda mais a importância
deste companheirismo amoroso e a necessidade de sermos amantes maduros.