12 Mulheres Da Bíblia 42
12 Mulheres Da Bíblia 42
12 Mulheres Da Bíblia 42
Os editores.
ESTER
HEBRAICO: ESTER
“estrela”
Um final feliz
Nessa noite, após o segundo jantar com Amã, Ester revelou sua identidade
judia, depois falou da trama para matar seu povo, apontando Amã como a
pessoa por trás do plano sórdido. Enfurecido, o rei deixou a sala para
pensar num destino apropriado para Amã. Lançando-se aos pés da rainha,
o grão-vizir aterrorizado fez um apelo patético a Ester por sua vida. O rei
voltou para a sala, pensou que Amã estivesse atacando a rainha e ordenou
que o retirassem e enforcassem imediatamente – na mesma forca que ele
construíra para Mardoqueu. O rei recompensou Ester com todos os bens de
Amã, deu o anel com sinete de Amã para Mardoqueu, indicando que ele
substituiria Amã como grão-vizir, podendo publicar editais, e revogou o
edito de Amã contra os judeus.
PURIM
O novo decreto dizia que os judeus podiam ajustar as contas com seus
inimigos no dia 13 do mês 12, o mês de Adar, dia escolhido por Amã para
matar os judeus. O dia seguinte, 14, tornou-se um dia de festa, ainda hoje
celebrado como Purim, em referência irônica à inversão da sorte dos
judeus por ter Amã tirado a sorte (pur, em hebraico).
A história de Ester é das mais conhecidas da Bíblia, em parte porque
tem sido lida em todo o mundo onde os judeus celebram o Purim. Outra
razão é seu estilo narrativo; há muito os especialistas observaram as
diversas técnicas fascinantes usadas na história: cenário exótico, ação
rápida, humor, intriga, suspense, inversões repentinas, ironias divertidas e
um final feliz.
I sabel era a esposa do sacerdote Zacarias e mãe de João Batista. Tanto ela
como o marido eram descendentes de Aarão e, portanto, membros de
uma família sacerdotal. Os dois eram “de idade avançada” (Lc 1,7) e não
tinham filhos, o que os entristecia. Mas certo dia, enquanto Zacarias
queimava incenso no tempo, um anjo apareceu e anunciou que Isabel daria
à luz um filho que “será grande diante do Senhor” (Lc 1,15). Depois que
Isabel concebeu, “se manteve oculta por cinco meses” (Lc 1,24).
Quando Isabel estava no sexto mês de gravidez, sua parente Maria
ouviu do anjo Gabriel que também teria um filho, e a jovem virgem partiu
para visitar a velha senhora. Ao ver Maria, Isabel gritou: “Bendita és tu
entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” (Lc 1,42). Ao ouvir as
palavras de saudação a Maria, a criança estremeceu de alegria no ventre
dela. Quando seu filho nasceu, os parentes e vizinhos de Isabel juntaram-se
a seu regozijo, mas não entendiam por que ela insistia em que o menino se
chamasse João, dizendo: “em tua parentela não há ninguém que tenha este
nome” (Lc 1,61). Zacarias, temporariamente mudo, endossou a escolha por
escrito. Isabel conseguiu o que queria. Nem Isabel nem Zacarias são
mencionados novamente no Novo Testamento. A menção enigmática de
que a criança “habitava nos desertos, até o dia em que se manifestou a
Israel” (Lc 1,80) leva alguns a pensar que João foi entregue a uma seita
religiosa austera para ser criado, talvez os essênios.
JUDITE
HEBRAICO: YEHUDIT
“judia”
A mais velha das duas filhas de Labão, Lia, não tinha a mesma beleza de
sua irmã Raquel. Seus olhos são descritos como ternos, mas nenhum
outro detalhe físico é revelado na Bíblia. Ela se tornou esposa de Jacó
somente por meio do estratagema enganoso de Labão, que a pôs no lugar
de Raquel na noite de núpcias, e sempre soube que seu marido preferia a
segunda mulher, Raquel. Por um lado, quando esta lhe pediu que buscasse
raízes de mandrágora para fertilidade, Lia respondeu-lhe amargamente:
“Não é bastante que me tenhas tomado o marido?” (Gn 30,15). Mas Lia teve
mais sorte do que a irmã mais nova num ponto importante: “O Senhor viu
que Lia não era amada e a tornou fecunda” (Gn 29,31). Ela gerou seis filhos
e uma filha para Jacó, enquanto sua criada Zelfa deu-lhe mais dois filhos
antes que Raquel fosse capaz de ter seus próprios filhos.
Os filhos de Lia eram Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zabulon,
ancestrais da metade das tribos de Israel. Os filhos de Zelfa foram Gad e
Aser. A rivalidade deles para com José, filho de Raquel e favorito de Jacó,
teve consequências extraordinárias para a história de Israel. Levi e Judá –
apesar do rompante de barbárie por parte de Levi – tornaram-se
ancestrais, respectivamente, do sacerdócio e da monarquia que viria sob
Davi.
Quando Jacó resolveu deixar os 20 anos de servidão a Labão, tanto Lia
quanto Raquel encorajaram-no, dizendo: “Temos nós ainda uma parte e
uma herança na casa de nosso pai? Não nos considera como estrangeiras,
pois nos vendeu e em seguida consumiu nosso dinheiro?” (Gn 31,14-15) –
referindo-se ao dinheiro ganho pelos serviços de Jacó, que possibilitaram
que Labão enriquecesse. Esse azedume contra um pai que não era amoroso
certamente ajudou as irmãs a abandonar a casa paterna para sempre.
Quando Lia morreu, alguns anos após a irmã, Jacó sepultou-a na gruta
de Macpela, que Abraão comprara para Sara e onde Isaac e Rebeca também
tinham sido enterrados. Raquel e Lia são louvadas como mulheres “que
formaram a casa de Israel” (Rt 4,11).
MARIA
GREGO: MARIA, MARIAM HEBRAICO: MIRYAM
Possivelmente “vidente” ou “senhora”
A INFÂNCIA DE MARIA
A braão não queria que seu filho Isaac se casasse com uma cananeia e
enviou seu servo mais fiel, possivelmente Eliezer, à Mesopotâmia, para
procurar entre seus parentes uma nora. Com dez camelos carregados com
valiosos presentes, ele chegou à cidade em que morava Nacor, o irmão de
Abraão.
Estava ele descansando os camelos junto ao poço fora da cidade,
esperando o sinal para saber qual seria a escolhida. Ela não só deveria
concordar em lhe dar de beber, mas também deveria se oferecer para dar
de beber aos camelos. Então veio Rebeca, que fez as duas coisas. Quando
ela se apresentou como a filha de Batuel, sobrinho de Abraão, o servo teve
certeza de que ela era a esposa certa para Isaac. O servo era um estranho
na região, que buscava uma esposa para o filho de 40 anos de seu senhor.
Ao perguntar a Rebeca, ela se prontificou a cumprir seu pedido. Ela “ainda
não era casada e era muito bonita” (Gn 24,16).
Tanto o pai de Rebeca como seu irmão Labão prontamente
concordaram com o casamento, dizendo para o servo: “toma-a e parte, que
ela seja a mulher do filho do teu senhor, conforme o Senhor disse” (Gn
24,51). A família queria que Rebeca ainda ficasse dez dias para se despedir
e para os preparativos da partida, mas o servo insistiu em que eles
deveriam partir na manhã seguinte.
Quando Rebeca viu Isaac pela primeira vez, cobriu o rosto com o véu,
como devia fazer uma moça daquela época. Ele a introduziu na tenda de
sua mãe “e ela se tornou sua mulher e ele a amou” (Gn 24,67).
Maternidade tardia
Durante a fome que houve na região, o casal mudou-se temporariamente
para território filisteu, na parte ocidental de Canaã, aproximadamente 30
km do Mar Mediterrâneo. Rebeca era “tão bonita” (Gn 26,7), que Isaac teve
medo que os homens pudessem querer matá-lo para se casar com ela.
Então ele disse a todos que Rebeca era sua irmã. Certo dia, porém, o rei o
flagrou acariciando-a e repreendeu-o pela mentira, mas depois deu ordens
para que ninguém os tocasse.
Durante 20 anos de casamento Rebeca permaneceu estéril. Sob este
aspecto, ela era igual a outras mulheres estéreis da Bíblia, que já mais
velhas geraram filhos que foram destinados a grandes feitos: a mãe do
próprio Isaac, Sara; Raquel, a mãe de José; Ana, mãe de Samuel; e Isabel, a
mãe de João Batista. Rebeca gerou os gêmeos Esaú e Jacó somente depois
de Isaac, aos 60 anos, ter rezado para que ela concebes-se. Isaac preferia
Esaú, o caçador, e Rebeca preferia Jacó. Quando Isaac ficou mais velho,
Rebeca planejou enganá-lo para que ele abençoasse Jacó e não Esaú, o filho
mais velho. A benção transferia a chefia do clã e não podia ser desfeita após
ter sido ministrada. Então, para poupar Jacó da ira do irmão, ela
convenceu-o a fugir para Harã e ficar lá por algum tempo.
Não existem registros de que Rebeca tenha voltado a se encontrar com
ele. No entanto, mãe e filho voltaram a se reunir no túmulo próximo ao
campo de Efron, “na gruta do campo de Macpela” (Gn 49,30).
RUTE
HEBRAICO: RUT
“companheira/amiga”
R ute, bisavó do rei Davi, é lembrada como uma doce heroína, apesar de
ter corajosamente abordado o homem com quem queria se casar. Sua
história, registrada no livro bíblico que leva seu nome, é a de uma viúva
indigente que mais tarde voltou a se casar e gerou uma família de reis. O
livro, de quatro capítulos, é um dos mais ricamente elaborados da
literatura hebraica, passando de um suspense a outro antes de chegar a
uma surpreendente conclusão. É bastante interessante o fato de que Rute
não era hebreia. Numa nação que se orgulhava de ser a escolhida por Deus
e de ser espiritualmente distinta das outras, ela era uma estrangeira
natural de Moab, país vizinho da Judeia, na região leste do Mar Morto.
A história, que a maioria dos biblistas afirma ter sido contada, de
geração em geração, de boca em boca, antes de ser escrita, passou-se “no
tempo em que os Juízes governavam” (Rt 1,1). A fome que se abateu sobre a
Judeia fez com que um morador de Belém chamado Elimelec fosse para
Moab em busca de alimentos. Ele levou consigo sua mulher, Noemi, e seus
filhos, Maalon e Quelion. Depois que a família se estabeleceu em Moab, os
filhos tomaram por esposas mulheres locais. Maalon casou-se com Rute e
Quelion desposou Orfa. Mas em menos de dez anos os três homens
morreram, deixando as viúvas sem filhos. Numa sociedade dominada por
homens, mulheres sem pai, um marido ou filhos para cuidar delas
poderiam passar necessidades rapidamente, pois tinham poucos direitos.
Lealdade e amor
Ao ouvir dizer que a fome na Judeia terminara, Noemi decidiu voltar para
sua terra natal. Talvez tivesse pensado que seus parentes lhe dariam um
lugar para viver. Mas certamente não acolheriam as três mulheres. Além
disso, Noemi ressaltou que era muito velha para ter outros filhos, ainda que
suas noras quisessem esperá-los crescer para se casarem com eles.
Portanto, Noemi insistiu que Rute e Orfa voltassem para a casa de suas
mães e procurassem outros maridos. A princípio as duas rejeitaram a ideia,
mas depois que Noemi voltou a expor seus argumentos, Orfa concordou e
se despediu chorando. Rute, porém, recusou-se terminantemente a deixar
Noemi sozinha. “Para onde fores, irei também, onde for tua moradia, será
também a minha; teu povo será meu povo e teu Deus será meu Deus” (Rt
1,16).
Quando as duas mulheres chegaram a Belém, toda a cidade mostrou-se
solidária a Noemi, e, sem dúvida, admirada com a inabalável lealdade de
Rute para com a sogra. Mas ninguém se ofereceu para acolhê-las.
Entretanto, de acordo com a lei mosaica, os pobres podiam coletar as
sobras da colheita feita pelos ceifadores. A colheita da cevada estava no
começo e Rute, então, decidiu ir atrás dos ceifadores, e acabou indo para o
campo de Booz. O homem ouvira falar que Rute se recusara a abandonar
Noemi, e imediatamente gostou dela. Ele até ordenou que os trabalhadores
deixassem espigas extras para ela, e que ela não fosse molestada pelos
homens. Quando Rute voltou para Noemi com quase um almude de cevada
e contou o que acontecera, a sogra ficou radiante. Booz não era apenas um
vizinho simpático. Noemi lhe disse: “esse homem é nosso parente próximo,
é um dos que tem sobre nós direito de resgate” (Rt 2,2). A Lei obrigava os
homens a se casarem com a viúva de seu irmão, para ter filhos a fim de
perpetuar o nome da família – e incidentalmente – reivindicar o patrimônio
do falecido. Aparentemente, a regra poderia também ser estendida para
outros parentes.
Tendo notado o interesse de Booz pela jovem viúva, Noemi aconselhou
Rute a agir com rapidez. Rute deveria lavar-se, perfumar-se e vestir sua
melhor roupa. Então deveria descer à eira onde Booz e os trabalhadores
estavam joeirando a cevada. “Não te deixes reconhecer por ele, até que
tenha acabado de comer e beber”, instruiu Noemi. “Quando ele for dormir,
observa o lugar em que está deitado; então entra, descobre seus pés e
deita-te; e ele te dirá o que fazer” (Rt 3,3-4).
Por mais audaciosa e incomum que tenha parecido a atitude de Rute,
aparentemente Booz não se sentiu pressionado. Quando acordou no meio
da noite e Rute lhe propôs: “Estende teu manto sobre tua serva, pois tens o
direito de resgate” (Rt 3,9), Booz respondeu com compaixão. Ele lhe disse
que a resgataria e que passasse a noite a seus pés e se levantasse antes do
amanhecer para ninguém saber que ela estivera na eira. Mas durante essa
conversa, Booz acrescentou um novo elemento de suspense. Ele disse a
Rute que ele não era o parente mais próximo e que apenas a resgataria caso
o outro parente decidisse não fazê-lo. Embora esse homem não identificado
tivesse direito de resgate sobre ela, ele decidiu não exercer tal direito.
Booz casou-se com Rute e juntos tiveram um filho, Obed, pai de Jessé e
avô de Davi. Numa das últimas cenas do livro, Noemi segura o neto no colo
e lhe serve de ama. E as mulheres do povoado exaltam Rute porque amava
Noemi e valia para ela mais do que sete filhos, um número simbólico da
perfeição. Essas mesmas mulheres deram à criança o nome de “consolador
de Noemi” (Rt 4,15). Mil anos mais tarde, Jesus, um descendente de Obed,
nasceu em Belém, conforme o primeiro capítulo do Evangelho de Mateus.
Ele cita apenas quatro mulheres na genealogia. Rute é uma delas.
Estudiosos da Bíblia não sabem ao certo quem é o autor do livro de
Rute. Tampouco sabem quando e porque ele foi escrito. Uma hipótese
difundida é que o livro tenha sido compilado entre os séculos X a.C. e VIII
a.C., logo após o tempo de Davi, e que tenha sido escrito com o objetivo de
rastrear sua linhagem. Entretanto, provavelmente a história foi preservada
por diversas razões. Uma delas pode ter sido permitir que as futuras
gerações aprendessem com o exemplo inspirador do amor de Rute por
Noemi. Os judeus atualmente ainda honram Rute ao reler sua história na
Festa das Semanas, que todos os anos marca o fim da colheita de trigo.
SARA
HEBRAICO: SARA
“princesa”
MULHERES ESTÉREIS