PT28 Acacia Mangium
PT28 Acacia Mangium
PT28 Acacia Mangium
Celso Foelkel
www.celso-foelkel.com.br
www.eucalyptus.com.br
www.abtcp.org.br
Junho 2012
1
Agradecimentos
2
Minha intenção com esses capítulos tem sido forçar uma
reflexão pelos nossos engenheiros e técnicos agrônomos e florestais,
bem como pelos empresários do setor e produtores rurais, para que
revisem conceitos e entendam que existem alternativas que podem
ser pelo menos estudadas, pesquisadas e otimizadas com o foco no
futuro, quando as disponibilidades de solos produtivos serão bem
menores que as atuais.
3
de lhes escrever esse texto. Minha gratidão e reconhecimento, pelo
que publicaram e/ou ajudaram a desenvolver conhecimentos sobre a
Acacia mangium, aos competentes amigos e estudiosos:
4
fazer do Eucalyptus Online Book algo muito útil para os técnicos e
interessados por esse nosso setor de celulose e papel.
Celso Foelkel
5
Os Eucaliptos e as Leguminosas:
Parte 03: Acacia mangium
CONTEÚDO DO CAPÍTULO
6
– A Acacia mangium COMO MATÉRIA-PRIMA PARA FABRICAÇÃO DE
CELULOSE E PAPEL NA INDONÉSIA
– CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Os Eucaliptos e as Leguminosas:
Parte 03: Acacia mangium
8
relações, as suas plantas conseguem obter, sem muito esforço, uma
grande parte do nitrogênio e de alguma quantidade do fósforo que
necessitam para seu eficiente metabolismo. São reconhecidamente
plantas fixadoras de nitrogênio e nitrificadoras do solo, pela
excepcional virtude que possuem de obter nitrogênio pela simbiose
com os rizóbios e pela oferta desse nutriente ao solo através da
decomposição de seus restos vegetais (cascas, folhas, galhos, raízes,
etc.). Existem milhares de publicações mostrando essas vantagens
das acácias como plantas nitrificadoras de ecossistemas, sejam
naturais ou modificados pelo homem.
9
Plantas de Acacia mearnsii com os ponteiros queimados pela geada
10
Agricolamente, as acácias costumam ser muito melíferas pelas
suas floradas abundantes e pela eventual presença de nectários
extraflorais, como ocorre com Acacia mangium. Também as folhas
de inúmeras espécies são palatáveis aos animais (bovinos, ovinos,
caprinos), podendo ser oferecidas como alimento, ou usadas na
produção de forragem (pastejamento) ou silagem (fermentação em
silos trincheiras).
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Tropicais: A. mangium, A. auriculiformis e A. crassicarpa;
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APRESENTANDO A Acacia mangium
13
Regiões de origem da Acacia mangium
14
A espécie Acacia mangium é conhecida por ser uma
leguminosa bastante promissora e viável para inúmeras aplicações de
seus produtos obtidos da floresta plantada. No Brasil, ela tem sido
apresentada até como “milagrosa”, sendo que a ela se associam
denominações pomposas como: “ouro verde do cerrado”, “espécie de
reflorestamento inteligente e sustentável”, “espécie para o
reflorestamento do futuro”, etc. Sugiro cautela em relação a esses
possíveis exageros. A espécie tem reconhecidamente muito potencial,
mas para ganhar esse status como apresentada há ainda um longo
caminho a percorrer, seja no melhoramento genético da forma e
produtividade florestal, seja nas interações genótipos e ambientes,
bem como nas técnicas silviculturais de plantio, manejo e colheita.
Entendo o entusiasmo de quem planta e vê crescer uma árvore
vigorosa e rápida, porém a espécie é sensível a algumas pragas e
doenças, sua silvicultura é complicada em função da qualidade e
forma do tronco e da tendência às bifurcações próximas à base das
árvores (abaixo de 1,3 metros de altura). Enfim, para ser rotulada de
“ouro verde” há ainda necessidade de muito esforço de pesquisa, de
novas tecnologias e muita dedicação por parte dos pesquisadores e
plantadores de árvores.
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Frutos e sementes de Acacia mangium
16
Filódio ou folha modificada de Acacia mangium
17
Plantação de Acacia mangium
18
O fruto é uma vagem ou fava que se retorce todo depois de
seco, com cor marrom escura. As sementes possuem cor preta
lustrosa (ou marrom escuro), com 2,5 a 3,5 mm de dimensão, sendo
extremamente numerosas. O formato das sementes é variado,
mesmo para uma mesma árvore, podendo ser ovais, elípticas ou
oblongas.
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espécie, como qualquer árvore comercial, é plantada para produzir
madeira e para isso ela precisa de uma alimentação bem balanceada,
como qualquer ser vivo. Se nada fizermos, ela vai crescer graças aos
seus dotes de fixadora de nitrogênio e de sua ciclagem de nutrientes,
mas de onde virá o potássio, o boro, o cálcio e tantos outros
nutrientes vitais para ela? Se o solo for pobre, o crescimento será
apenas moderado ou pobre também. Pior, a forma das árvores
poderá ser prejudicada pela falta de micronutrientes, como o boro, o
que causa morte dos ponteiros e afeta a forma das árvores. Se o solo
for pobre, arenoso e ácido, a planta não será capaz de fazer a
“multiplicação dos pães”, mais uma vez. Mesmo no caso do
nitrogênio, a fertilização nitrogenada das mudas é recomendável, pois
alavanca o crescimento inicial no campo e pode-se economizar em
tratos silviculturais, como capinas. Em locais onde a planta será
introduzida pela primeira vez há que se estimular e favorecer as
simbioses, pela inoculação do rizóbio e das micorrizas. Isso se faz
com o uso de terra de áreas plantadas com Acacia mangium para
mistura no substrato de preparação das mudas.
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Acacia mangium é, portanto, atualmente, uma das “10 top
planted forest trees”, ou seja, uma das dez espécies de árvores mais
plantadas no planeta, seja para finalidades comerciais ou de proteção
ambiental.
Etc.
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A Acacia mangium NO BRASIL
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resistência a doenças, interação genótipos e ambientes, etc.) e de
qualidade de madeira (densidade básica e homogeneidade).
23
Encontrar materiais genéticos produtivos e adaptados às
condições tão distintas das diversas regiões brasileiras (biomas
Cerrado, Caatinga, Floresta Amazônica, Mata Atlântica, etc.).
24
interessados em plantar Acacia mangium, em regiões que vão desde
o norte da Amazônia Brasileira, até o cerrado de Minas Gerais e dos
Matos Grossos (ambos – sul e norte). Entretanto, se não houver uma
adequada orientação técnica e fornecimento de material genético
apropriado, teremos mais decepções do que resultados conquistados.
Há que se ter cautela e muitas avaliações prévias, em especial em
regiões sem tradição, onde a espécie nunca tenha sido plantada. Isso
para não se amargar desilusões pela não adaptação do material às
condições regionais e pelas inadequadas tecnologias florestais
empregadas.
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Nas plantações do tipo monocultivo, os espaçamentos mais
comuns têm sido 3x2, 3x3 e 2x2 metros. Já nos SAF’s e ILPF’s,
ocorrem espaçamentos mais amplos, com menores densidades
populacionais de árvores, muitas vezes sendo os plantios realizados
em faixas de árvores, pastagens, outras culturas. As faixas costumam
ser de 3 a 5 fileiras de árvores em espaçamentos nessas faixas que
podem variar entre 3x2, 3x3, 2x2 e até 6x1,5 metros, etc.
26
boro, já que a Acacia mangium mostra o mesmo tipo de problema
que os eucaliptos (seca de ponteiros por deficiência de boro). Essa
deficiência de boro deixa as árvores ainda mais defeituosas e
bifurcadas, reduzindo o valor comercial das toras. Análises foliares
são recomendadas, não sendo difíceis de serem feitas até mesmo
pelos agricultores, com kits especiais para testes preliminares.
27
Uso de sementes melhoradas (obtidas de áreas de produção ou
pomares de sementes);
Podridão da raiz;
28
a ser considerado para mais estudos por parte dos pesquisadores
brasileiros.
29
ficarão mais tardias. Assim, é mais interessante se realizarem duas
ou três podas leves, sendo que tudo isso vai encarecendo o manejo.
Se o produto final não for valioso para os mercados, o custo alto do
manejo pode inviabilizar a rentabilidade. Em geral, com as podas
tem-se como meta deixar uma altura isenta de nós na base da
árvore, correspondendo a 3 até 8 metros. Portanto, a poda deve ser
seletiva, apenas nas melhores árvores e feita de forma a garantir as
especificações para toras de madeira clear ou clearwood
(http://www.linguee.pt/ingles-portugues/traducao/clearwood.html).
30
Como a Acacia mangium costuma apresentar regeneração
natural, até mesmo essas germinações naturais podem ser
manejadas e conduzidas para o estabelecimento de uma nova
floresta, de pior qualidade silvicultural, mas às vezes, a mais indicada
frente aos recursos disponíveis. Entretanto, a regeneração natural é
irregular, em função da dormência que altera a velocidade de
germinação das sementes (algumas nunca germinam naturalmente).
Entre condução da germinação natural e semeadura direta de
sementes previamente selecionadas e com dormência quebrada, a
segunda opção é mais atrativa. Porém, há que se ter o cuidado de
eliminar as germinações naturais, pois elas passarão a atuar como
ervas daninhas.
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31
Apesar das inúmeras vantagens ambientais e da produtividade
em biomassa florestal, a Acacia mangium está a demandar por um
programa mais amplo e efetivo de melhoramento florestal. Isso
inclusive nas regiões onde ela é mais plantada com fins comerciais
(Indonésia, Malásia, Vietnã, China, etc.). Existem diversos pontos
críticos que podem ser incluídos em programas de melhoramento do
desempenho florestal e industrial dessa espécie, dentre os quais
podemos relacionar:
Galharia e bifurcações;
32
Interação genótipo/ambiente;
Etc.
Seleção precoce;
33
Consumo de álcali efetivo na polpação kraft inferior a 18%;
Etc.
34
Maior eficiência no enraizamento de estacas;
Etc.
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35
SISTEMAS AGROSILVIPASTORIS COM Acacia
mangium
Lenha energética;
Casca energética;
Carvão vegetal;
Mel e própolis;
36
Brotos comestíveis das sementes (tipo “moyashi”);
Cogumelos “shiitake”;
Tanino;
Etc.
Etc.
37
SSP’s. Diversos desses artigos eu procurei selecionar e colocar para
vocês lerem após downloading. Eles estão apresentados na seção
sobre referências da literatura, ao final desse capítulo. Por essa
razão, não discutirei detalhes desses sistemas agora, apenas lhes
relatarei algumas considerações que considero interessantes serem
destacadas. São situações muitas vezes curiosas e até inusitadas.
38
literatura global, que relatam valores entre 12 a 20%. Eu
particularmente acredito que o valor de 41% é alto demais e
necessita de uma revisão e reanálise. Os filódios apresentam
muitas nervuras e a parte do pecíolo não achatada é grossa, o
que aumenta o teor de lignina e de fibras (celulose e
hemiceluloses).
39
O uso de leguminosas arbóreas para pastejamento direto pelos
herbívoros depende de alguns fatores que o agricultor precisa
cuidar:
40
Fica a recomendação aos agricultores que se mantenham
atentos ao manejo desse consórcio silvipastoril, que pode
incluir mais de quatro componentes diversos:
O animal a pastejar:
O solo;
A leguminosa;
41
produção de mel não fica associada apenas à época da floração,
que é intensa, mas que não se constitui na única fonte de
néctar para as abelhas. Os pecíolos dos folíolos possuem
nectários extraflorais e produzem néctar o ano todo, atraindo
vespas e abelhas.
3. Sombreamento de cafezais
42
também deve-se levar em conta: a topografia do terreno, a
face de exposição solar, o quanto se deseja de insolação, etc.
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43
ajudando na melhoria da umidade, micro-vida, estruturação, teor de
carbono orgânico, formação de raízes finas e ciclagem de nutrientes.
44
As pesquisas publicadas na literatura mostram que somente a
Acacia mangium tem um potencial para depositar anualmente entre 5
a 12 toneladas secas de serapilheira por hectare de solo. Isso permite
que cerca de 150 a 300 kg de nitrogênio sejam colocados nesse
hectare de solo, tendo como origem a fixação do nitrogênio do ar
pelos microrganismos. Esse nitrogênio orgânico, na forma de
proteínas e aminoácidos vai a seguir sofrer mineralização e se
disponibilizará às culturas que estiverem vegetando na área.
Portanto, essa fertilização nitrogenada é uma adubação que não
custa nada ao agricultor como adubo nitrogenado. Além disso, a
serapilheira é rica em potássio, cálcio, magnésio, etc. Cabe ao
produtor rural entender o que será extraído e exportado dos solos
com suas produções e repor com fertilizantes. Lembrem-se, o
sistema precisa estar bem balanceado e as perdas precisam de
reposição para que ele não se esgote.
45
É muito importante que os agricultores estudem e busquem
assistência técnica antes de sair fazendo o que é novidade para eles.
Também, após a implantação, devem monitorar a floresta para
aprender com ela, para outras futuras implantações. Eu sempre digo,
é muito importante se “conversar com as árvores” e saber como elas
estão vivendo como florestas (coletivo de árvores em interação e
competição). Há situações fáceis de serem identificadas: excesso
populacional, inadequação do espaçamento, dominação de uma
espécie sobre a outra, etc. Em situações como essas, cabe ao
agricultor agir com sabedoria em suas intervenções: como aplicar um
desbaste, ou uma fertilização, etc. Tudo fica mais fácil quando se
visita com frequência a floresta (ou sistema agroflorestal) e se
dialoga com os diferentes atores do sistema. Entretanto, o visitante
precisa aprender a conversar com a floresta, não basta ir lá e não
enxergar nada.
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46
QUALIDADE DA MADEIRA DE Acacia mangium
47
densidade básica não prejudique o rendimento da conversão da
madeira em polpa.
48
industrializações como: biomassa energética, carvão vegetal, celulose
e papel, painéis de madeira reconstituída, chapas de fibras, etc.
49
A variabilidade no sentido medula-casca segue a tendência
clássica, com as madeiras de menores densidades próximas à medula
e as mais altas próximas à casca (alburno). Há relatos de baixíssimas
densidades básicas para a medula em si (0,2 g/cm³), mas com
valores mais altos logo depois dessa zona medular (0,35 até 0,40
g/cm³).
Monoglicerídeos e triglicerídeos;
Polifenóis.
50
As madeiras em geral contêm cerca de 70 a 75% de fibras, 10
a 15% de células de parênquima (radial e axial) e 10 a 15% de
elementos de vaso. Dentre os parênquimas, o radial corresponde a
cerca de 5 a 7% do volume da madeira. Já a parede celular
corresponde a 40 a 50% do volume da madeira, sendo o restante
constituído de aberturas de lumens e de poros/vasos. A própria
parede celular contem microfissuras e microporosidade e não é 100%
substância madeira.
51
Anatomia da madeira de Acacia mangium
Corte transversal
Fonte: Sabri, Ibrahim & Shukor, 1993
52
Teor de extrativos em solventes orgânicos;
Tipo/qualidade da lignina;
53
Química da madeira de Acacia mangium (valores característicos)
Celulose 46 - 50
Pentosanas 13 - 16
Xilose 9,5 - 12
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54
USO ENERGÉTICO DA Acacia mangium
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55
A Acacia mangium COMO MATÉRIA-PRIMA PARA
FABRICAÇÃO DE CELULOSE E PAPEL NA INDONÉSIA
Indonésia
Localização entre Austrália, Tailândia, Malásia, Filipinas, Camboja, Papua
Nova Guiné e Vietnã
56
florestal sustentável, conforme determinação do Ministério das
Florestas da Indonésia.
57
desenhadas e construídas de acordo com a melhor tecnologia setorial
disponível.
58
As plantações de Acacia crassicarpa em parte vêm sendo
implantadas em terrenos turfosos, pantanosos e de baixa
produtividade. Já a Acacia mangium preferiria solos não tão
encharcados, mas ela também vem sendo plantada em solos
pantanosos, pois eles são abundantes na geologia e pedologia do
país. A madeira de Acacia crassicarpa é mais densa que a de Acacia
mangium - isso em parte compensa sua menor produtividade
volumétrica em madeira.
59
casca/hectare de produtividade florestal aos 7 anos. Tudo é muito
grandioso e desafiador.
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60
pastas mecânicas clássicas com a mesma. Certamente, existem
tecnologias e formas de superar essas barreiras, mas acabam
custando mais para a produção. Pastas mecânicas do tipo mais
convencionais, como as de rebolo ou de refino (processos mecânicos,
termomecânicos e quimotermomecânicos) são muito sensíveis à
qualidade da matéria-prima. Já as pastas de alto rendimento obtidas
pelo processo APMP – “Alkaline Peroxide Mechanical Pulping” têm
mostrado melhores potenciais para produção e comercialização. Além
do excelente rendimento, se tem obtido boas propriedades físico-
mecânicas e óticas, tais como:
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61
POLPAÇÃO KRAFT DE Acacia mangium
62
por hectare.ano. Esses valores podem ser piores, caso as perdas de
madeira sejam altas, seja na floresta como nas fábricas.
63
disso, os produtos fabricados perdem qualidade (na limpeza e na
reversão de alvura).
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64
FIBRAS E POLPAS CELULÓSICAS DE Acacia mangium
65
mercado de eucalipto. Essas polpas de acácia vêm sendo produzidas
em fábricas modernas e estado-da-arte, são de baixo custo e
possuem características de qualidade singulares, o que as torna
atrativas aos seus clientes. Os papéis fabricados com ela na
Indonésia também são de excelente qualidade e muito competitivos
nos mercados. Sem dúvidas, o crescimento dessa indústria na
Indonésia se justifica tanto pela efetividade da produção industrial
como pela qualidade dos produtos.
66
Porém, isso só se justifica em situações de excepcionalidade, pois
essas florestas produzirão toras finas e demandarão mais custos para
implantação e para a colheita das árvores.
67
Acacia mangium que tem menor comprimento médio de fibras que os
eucaliptos brasileiros.
68
Para se permitir um melhor entendimento dessas diferenças,
ofereço a vocês o quadro a seguir:
69
Para a situação presente, nesse ano de 2012 em que escrevo
esse capítulo, as diferenças apontadas expressam a realidade dos
fatos. Entretanto, existe um amplo programa de melhoramento
genético florestal na Indonésia, que envolve produtividade das
florestas e qualidade da madeira. Dentre os inúmeros objetivos desse
melhoramento está o aumento da densidade básica da madeira, com
a finalidade de reduções no consumo específico de madeira por
tonelada de celulose produzida. Caso isso venha a acontecer, as
madeiras da Acacia mangium do futuro deverão ter paredes mais
espessas e maiores frações parede e “fiber coarseness”. Com isso, as
populações fibrosas diminuirão - o desempenho das polpas se
aproximará ainda mais ao das polpas de eucaliptos. Por essa razão,
nada posso garantir em relação a como serão as qualidades das
polpas BAKP (“Acacia pulps”) da Indonésia em um futuro não muito
distante (não mais que uma década).
70
Tanto as celuloses de Acacia mangium com as dos eucaliptos
estão enquadradas como polpas de fibras curtas (BHKP – “Bleached
Hardwood Kraft Pulps”). Entretanto, como muito bem esclarece nosso
estimado amigo Dave Hillman, um dos maiores “experts” mundiais
em polpas de mercado, essas duas qualidades de polpas não são
intercambiáveis. O papeleiro não pode sair trocando um tipo pelo
outro, sem que tenha que fazer inúmeros ajustes em suas receitas e
procedimentos operacionais.
71
As principais propriedades que os papeleiros buscam com
essas fibras são:
Formação;
Lisura superficial;
Resistência superficial;
Opacidade;
Porosidade;
Maciez;
Suavidade ao tato;
72
“Fiber coarseness” (maior para as polpas de eucalipto);
73
Talvez se deva ter uma atenção maior com as polpas com
grandes populações fibrosas, porque elas são mais difíceis de drenar
e desaguar nas máquinas de papel. Isso pode reduzir a velocidade
das máquinas e causar alguns pesadelos para o papeleiro. Tanto isso
é verdadeiro que existe uma forte correlação positiva entre o número
de fibras por grama na polpa e o grau de drenagem da polpa sem
refino, expresso como grau Schopper Riegler. Polpas muito populosas
drenam mal no testador de Schopper Riegler.
74
Em geral, os papeleiros costumam misturar polpas em suas
receitas. Até mesmo os usos de polpas de eucaliptos e de acácia em
uma mesma receita são comuns. O papeleiro que conhece bem cada
tipo de matéria-prima busca otimizar suas qualidades, custos e
desempenho das máquinas. Muitas vezes, um item superior em um
tipo de polpa é adaptado e colocado junto a outro item superior
encontrado em outra polpa. São coisas da arte papeleira, muito
comum para a fabricação de papéis de impressão e escrita.
Maior “coarseness”.
75
Entretanto, essas diferenças são apenas leves, nada que
realmente faça uma diferenciação significativa e deixe a polpa do
híbrido equivalente às dos eucaliptos. Entretanto, na medida em que
ocorrerem maiores participações do híbrido e de clones melhorados
de Acacia mangium no “mix” de madeira, poderão ocorrer alterações
na qualidade do atual padrão de polpa BAKP da Indonésia.
========================================
76
colapso das fibras, sem, no entanto, estar ocorrendo desfibrilação.
Por essa razão, as polpas padrão acácia da Indonésia são referidas
como tendo pior drenagem na tela e por serem inferiores aos
eucaliptos para desenvolverem resistência com o refino. O ºSR cresce
rapidamente com a refinação, porém as resistências não o fazem na
mesma velocidade.
77
Conforme o refino evolui, aumenta-se o IRA, da mesma forma
que se diminui o volume específico aparente (“bulk”). Por isso, outros
autores preferem fazer comparações entre polpas tomando como
base valores pré-fixados de IRA ou de “bulk”.
78
Essa incapacidade de ter uma ligação entre fibras mais acentuada
explica as mais elevadas opacidades, com as fibras formando redes
com multicamadas com inúmeras mudanças entre meios (fibra/ar)
para atrapalhar e difratar o trânsito da luz no interior da direção Z da
folha de papel.
79
em nosso livro digital exatamente para lhes informar mais sobre as
inúmeras polpas de mercado existentes. Chamaremos essa série de
capítulos de “Multi-pulps” – aguardem.
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80
papéis: impressão, escrita, sanitários (“tissue”), especiais (envelopes,
bíblia, maculatura, rótulos, cigarros), capa branca de cartões
multicamadas, etc. Já havia lhes dito algo sobre isso, mas sempre é
bom recordar – afinal, são os mesmos nichos nos quais se vendem as
polpas de eucalipto – logo, elas concorrem pelos mesmos mercados.
Formação;
Resistência superficial;
Lisura superficial;
Brilho superficial;
Opacidade;
81
Para essas propriedades acima, as polpas de Acacia mangium
são oferecidas pelos fabricantes da Indonésia como sendo superiores
aos eucaliptos. Isso também tem sido relatado por diversos estudos
tecnológicos encontrados na literatura global.
Porosidade da folha;
Teor de extrativos;
82
resistências ligeiramente elevadas pelo refino, sem perderem de
forma significativa as propriedades de maciez e de suavidade ao tato.
83
A rigidez e a capacidade de dobramento do cartão não podem
ser prejudicadas, sendo que o vinco deve ser perfeito;
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84
CONSIDERAÇÕES FINAIS
85
mesma para produção de plantações florestais em regiões tropicais e
semitropicais do País, tendo sido também direcionada para os
sistemas que visam à Integração Lavoura, Pecuária e Floresta - ILPF.
========================================
86
REFERÊNCIAS DA LITERATURA E SUGESTÕES PARA
LEITURA
87
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BR&source=hp&biw=1280&bih=521&q=%22acacia+mangium%22&gbv=2&oq=%2
2acacia+mangium%22&aq=f&aqi=&aql=&gs_l=img.3...236.4181.0.4526.16.2.0.14
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http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp141621.pdf
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phocadownload%26view%3Dcategory%26download%3D279%253Abulk-and-surface-chemical-composition-of-ecf-
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