Economia Internacional
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ECONOMIA INTERNACIONAL
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CONCEITOS E APLICAÇÕES
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2018
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
ECONOMIA INTERNACIONAL
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Professor Raphael Bicudo
A teoria das vantagens absolutas no comércio internacional foi postulada por Adam Smith em
seu livro, mundialmente conhecido como “A Riqueza das Nações” de 1776. Nela, Adam Smith
deixará evidente que uma nação deveria especializar-se em produzir as mercadorias que, seja
pela abundância de fatores produtivos, seja pelo conjunto de técnicas desenvolvidas até
então, fossem menos custosas, em termos de fator trabalho, em comparação com outras
nações. Ou seja, partia-se do pressuposto de que cada nação (país) teria uma vantagem
absoluta na produção de certos bens em termos de produtividade, implicando menores
custos na produção desses bens quando em comparação com as demais nações. Sendo
assim, a melhor receita a se seguir era que cada nação dedicar-se à produção dos bens em que
teriam essas “vantagens absolutas”, vendendo o excedente dessa produção aos demais países
para obter dinheiro suficiente para, na troca com o exterior, desfrutar dos demais produtos
em que outros países detinham suas vantagens absolutas. Como resultado haveria a divisão
internacional do trabalho, em que cada país se especializaria em produzir somente
mercadorias nas quais detinham melhores condições econômicas, trocando no mercado
internacional os excedentes das mesmas.
A teoria das vantagens comparativas foi desenvolvida pelo economista inglês David Ricardo,
publicada em 1817 em uma das suas obras. Ricardo lança uma crítica à teoria de Adam Smith
com relação às Vantagens Absolutas insinuando que independente da estrutura de custos da
sua economia, todas as economias sairiam ganhando com o livre comércio. A teoria das
vantagens comparativas dirá que as nações se especializam na produção de determinados
bens independente de terem ou não a vantagem absoluta, em termos de produtividade do
trabalho, de produzirem tais bens. Em vez disso, cada nação identifica, comparando-os,
qual ou quais bens internos dispõe de melhor produtividade ou menor custo, em termos de
trabalho, para a nação. Ou seja, quais são mais facilmente produzidos. Feito isso, cada nação
especializa-se na produção destes produtos mesmo que outras nações disponham da
possibilidade de produzi-los mais facilmente. Isso porque, fazendo isso, cada nação livraria a
outra de transferir seus fatores pra suas tarefas menos produtivas, gerando a possibilidade de
dedicarem-se especialmente às atividades menos dispendiosas e de trocarem os excedentes
dessa produção no mercado exterior para, com a receita adquirida desse ato, se servirem dos
demais produtos demandados pela nação. Com isso, todas as nações, em tese, estariam
obtendo produtos no exterior ao mais baixo custo possível na medida em que especializavam
sua produção, obtendo-a com as atividades menos dispendiosas possíveis, e trocavam seus
excedentes pelas demais mercadorias do mundo.
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Tanto Smith quando Ricardo era adepto ao Livre comércio e possuíam obras que apresentam
suas teorias favoráveis às livres inter-relações comerciais.
1- Ricardo expõe que à medida que haja vantagens comparativas (e não necessariamente
absolutas) diferente na produção de dois bens, o livre comercio entre os dois países levaria a
uma queda no custo de produção de ambos, com a especialização de cada país em cada
produto. Isso permitira um aumento da disponibilidade dos dois bens nos dois países, e,
consequentemente, um maior nível de especialização por parte dos agentes econômicos, logo
isso gerará um crescimento da satisfação da população dos dois países.
3- A concorrência, que aumenta com o livre comércio, trará uma maior disciplina aos ofertantes,
pois com a abertura de produtos novos à economia interna ocasionará uma maior
disponibilidade de opções de produtos aos demandantes, logo, haverá uma estabilidade do
preço e maior exigibilidade de investimentos para garantir a sobrevivência desse produtor no
mercado competitivo.
2- Outro argumento comumente aduzido a favor do protecionismo é direito de qualquer país rea
lizar certas produções estratégicas (mesmoque isso contrarie o princípio das vantagens comp
arativas), com o objetivode garantir um certo grau de independência nacional.
3- Para List, o protecionismo deve ser aplicado quando uma economia industrial está em sua fase
prematura para seu próprio desenvolvimento interno para posteriormente competir com o
mercado externo. Para superação do estado de subdesenvolvimento, as nações devem
adotar um plano político econômico no qual haja implantação de estratégia racional
promovida pelo Estado no sentido de desenvolver seus diversos setores e fortalecer o
mercado interno de modo que esse possa uma vez superado as disparidades lançar-se ao
mercado internacional.
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O estudo da desindustrialização é algo estudado há tempo por diversos autores. Abaixo alguns
serão denotados à cerca do conceito de desindustrialização. Conceitos retirados do artigo:
Doença Holandesa e Desindustrialização no Brasil: De volta a um país primário-exportador?
MAFRA, Rafael Fernandes; SILVA, José Alderir (2017) :
Clarck (1940): Segundo este autor, à medida que o país se desenvolve ocorre
concomitantemente o aumento da renda per capita. Com efeito, inicialmente a demanda por
bens industriais aumenta em relação a demanda por produtos agrícolas para em seguida
diminuir em relação a demanda por serviços no estagio final do desenvolvimento. Portanto, a
industrialização e a desindustrialização são fases pelas quais todos os países que queriam se
desenvolver tem que passar. Portanto, a perda relativa do emprego industrial para o emprego
no setor de serviços é tido como parte do processo natural do desenvolvimento de econômico
de qualquer país.
Cano (2014): Este autor acredita que a “desindustrialização normal ou positiva”, seria uma
consequência do amadurecimento do processo industrial dos países desenvolvidos entre as
décadas de 1960 e 1970. E que o setor de serviços teve forte expansão proveniente da
maturidade dessas indústrias e das respectivas urbanizações. No entanto, o setor de serviços
passou a crescer mais rápido que a indústria, que aos poucos foi perdendo o peso relativo no
PIB. Porém, a indústria, nos países desenvolvidos, continuou a crescer e a manter sua
competitividade nos mercados internos e externos.
Os argumentos teóricos que explicam os canais pelos quais a Doença Holancesa pode afetar
uma economia se relacionam primordialmente ao encolhimento do setor de bens
comercializáveis. A apreciação cambial decorrente da exportação dos recursos naturais com
base em rendas econômicas dificulta ou, no limite, torna impossível a produção de bens
comercializáveis agrícolas e, especialmente, manufaturados que teriam maior potencial de
inovações tecnológicas e ganhos de produtividade (Bresser-Pereira 2007). O setor de recursos
naturais ocupa o espaço da produção agrícola e de manufaturas num processo de “crowding
out”. Capital e trabalho são deslocados para a extração de recursos naturais e produção de
não comercializáveis. A indústria do país volta-se para dentro, especializando-se na produção
de bens não comercializáveis que apresentam maior rentabilidade por conta da apreciação
cambial. Dependendo da intensidade do processo, a economia se torna excessivamente
“inward-looking”, o que também acaba prejudicando seu nível de eficiência devido à ausência
da competição que seria encontrada no mercado mundial (Bresser-Pereira 2007).
Para Bresser-Pereira (2008) a doença holandesa consiste em uma falha de mercado
proveniente da existência da abundância de recursos naturais que são compatíveis com um
câmbio mais apreciado3 do que aquele necessário para tornar as demais atividades da
economia competitivas. Essa falha de mercado se deve ao setor produtor de bens intensivos
em recursos naturais gerar uma externalidade negativa sobre os demais setores da economia.
Uma vez que a taxa de câmbio que equilibra a conta corrente e a taxa que viabiliza setores
eficientes da economia são diferentes. Se essa falha não for neutralizada, dada a importância
da indústria, pode constituir um grande obstáculo ao crescimento econômico no médio e
longo prazo. Portanto, a ocorrência da doença holandesa é proveniente do setor produtor de
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recursos naturais de um país, ser mais produtivo que os demais países, o que proporciona
rendas ricardianas, ou seja, o preço é determinado no mercado pelo produtor menos eficiente.
Entretanto, a diferença entre o modelo de Ricardo e a doença holandesa é que nas rendas
ricardianas os beneficiados eram apenas os proprietários dos fatores, terras mais produtivas,
já no caso da doença holandesa, no curto prazo, os consumidores são beneficiados por
adquirirem bens comercializáveis a preços menores. Como a intensidade da doença holandesa
pode variar de acordo com o produto que a provoca, o imposto deverá ser proporcional ao
produto. Portanto, seria mais adequado usar a relação preço de mercado e o preço necessário
de cada bem, para estipular o valor do imposto a ser cobrado. Outra questão é quanto às
variações do preço internacional do bem. De acordo com o autor, o imposto sobre o bem
causador da doença holandesa, deve ainda variar no tempo de acordo com a intensidade da
doença. Atingido o objetivo da neutralização através da criação do fundo internacional, a taxa
de câmbio de equilíbrio corrente e de equilíbrio industrial, torna-se aproximadamente as
mesmas. Contudo, apesar da neutralização as rendas ricardianas, estas ainda existem, mas
agora são transformadas em receita do Estado.
Os produtos industrializados apresentam uma forte rigidez à baixa de preços, isso porque,
esses itens apresentam um maior valor agregado. Porém, a oferta de produtos básicos está
estruturada em um mercado altamente competitivo (commodities), o que explica a maior
flutuação destes preços, sobretudo em períodos de retração econômica e de demanda
internacional (Ex. Crise do café). No LP essa diferença de preços se deteriora, obrigando os
países periféricos a exportar uma quantidade maior de primários para que possam importar a
mesma quantidade de manufaturados. Ou seja, em períodos de crescimento do nível de
atividade econômica, sustentam um forte crescimento na demanda por bens industrializados
(importados dos países centrais). No entanto, este crescimento na demanda por importações
não poderia ser financiado pela entrada de divisas advindas das exportações de produtos
básicos, dada a baixa elasticidade-renda destes últimos. Uma solução de curto prazo seria
financiar o excesso de gastos com o exterior através do endividamento externo, solução que
no longo prazo demonstrava-se insustentável, tendo em vista as pressões que os serviços da
dívida externa geram sobre o BP e que as condições de liquidez internacional para os países
emergentes alteravam-se constantemente. Ou seja, períodos de expansão das economias
periféricas geram desequilíbrios insustentáveis no LP. Para que se supere o
subdesenvolvimento, é necessário que se promova a industrialização, para assim, promover o
desenvolvimento.
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Bibliografia
Livro Economia Internacional: Teoria e Política; KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice – Edição 8,
Editora Makron Books, 2001.
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