Síntese Desenvolvimento Humano
Síntese Desenvolvimento Humano
Síntese Desenvolvimento Humano
Síntese
Erickson propõe oito estádios de desenvolvimento tendo em conta aspectos biológicos, individuais e sociais.
As etapas são:
Cada estádio é atravessado por uma crise psicossocial:
Erickson prevê três processos:
✓ 1ª idade - Confiança versus Desconfiança (0 - 18 meses): A força que nasce nesta etapa é a esperança.
Vertente Positiva: Se esta identificação for positiva, ou seja, se a mãe corresponder, ele vai criar o seu primeiro e bom conceito de si e do
mundo (representado pela mãe), o que Erikson chama de ritualização da divindade;
Vertente Negativa: Se a identificação for negativa, temos o ritualismo do idolismo, ou seja, o culto a um herói, onde o bebê acha que nunca
vai chegar ao nível de sua mãe, que ela é demasiadamente capaz e boa, e que ele não se identifica assim.
Nesta idade a criança vai aprender o que é ter ou não confiança, esta está muito relacionada com a relação entre o bebê e a mãe.
A confiança é demonstrada pelo bebê na capacidade de dormir de forma pacífica, alimentar-se confortavelmente e de excretar de forma
relaxada.
Devido à confiança do bebê e à familiaridade com mãe, que adquire com situações de conforto por ela proporcionadas, atinge uma
realização social, que consiste na aceitação em que ela pode ausentar-se e na certeza que ela voltará.
A confiança é demonstrada pelo bebê na capacidade de dormir de forma pacífica, alimentar-se confortavelmente e de excretar de forma
relaxada.
Devido à confiança do bebê e à familiaridade com a mãe, que adquire com situações de conforto por ela proporcionadas, atinge uma
realização social, que consiste na aceitação em que ela pode ausentar-se e na certeza que ela voltará.
O bebê ganha experiência no contato com os adultos, aprendendo a confiar e a depender deles, assim como a confiar em si mesmo.
Este estádio é o da ritualização da divindade, na medida que opera o senso do bebê da presença abençoada da mãe, ao o olhar, tocar,
no fundo em reconhecê-lo.
São interações pessoais e culturalmente ritualizadas; a falta do reconhecimento pode trazer alienação na personalidade do bebé, um
senso de abandono e separação.
✓ 2ª idade - Autonomia versus Dúvida e Vergonha (18 meses - 3 anos)
Durante este estádio a criança vai aprender quais os seus privilégios, obrigações e limitações.
Há por ela, uma necessidade de autocontrole e de aceitação do controle por parte das outras pessoas, desenvolvendo-se um senso de
autonomia.
A vertente negativa deste estágio é a vergonha e a dúvida quando perde o senso de autocontrole, os pais contribuem neste processo ao
usarem a vergonha na repressão da teimosia.
A vontade tem origem na própria vontade treinada e no exemplo dado de vontade superior apresentado pelos outros, esta é responsável
pela aceitação progressiva do que é permitido e necessário.
Os elementos desta são progressivamente aumentados pelas experiências ao nível da consciência, manipulação, verbalização e
locomoção.
Fase corresponde ao estágio anal freudiano, a criança já tem algum controle de seus movimentos musculares, então direciona sua energia
às experiências ligadas à atividade exploratória e à conquista da autonomia. É geralmente onde se inicia a educação para a higiene (treino ao
vaso sanitário).
Força desse estádio: vontade;
• Vertente Positiva: A ritualização deste estágio é o discernimento, isso é a criança torna-se judiciosa, julga-se a si e aos outros,
diferenciando o certo do errado e as pessoas ditas diferentes;
• Vertente Negativa: o legalismo, ou seja, quando a criança começa a achar que a punição tem que ser aplicada incondicionalmente
quando uma regra não for respeitada. É quando a punição vence a compaixão; se a criança se mobiliza com a punição do colega que perdeu o
controle de uma regra, ou então se sente aliviado quando é punido por algo.
✓ 3ª idade - Iniciativa versus Culpa (3 - 6 anos)
Nesta fase a criança encontra-se nitidamente mais avançada e mais organizada tanto a nível físico como mental. É a capacidade de
planejar as suas tarefas e metas a atingir que a define como autónoma e por consequência a introduz nesta etapa.
Este estádio é perigoso, pois a criança busca exaustivamente atingir as suas metas que implicam fantasias genitais e o uso de meios
agressivos a manipulativos para alcançar a essas metas.
Durante este período a criança passa a perceber as diferenças sexuais, os papéis desempenhados por mulheres e homens na sua cultura
(conflito edipiano para Freud) entendendo de forma diferente o mundo que a cerca.
Para além dos jogos físicos com os seus brinquedos ela constrói também os chamados jogos mentais tentando imitar os adultos e
entrando no mundo do faz de conta. O objetivo deste jogo é tentar perceber até que ponto ela pode ser como eles. O poder da imaginação e a
forma desinibida como o faz é fulcral para o desenvolvimento da criança.
Força desse estádio: o propósito;
Vertente Positiva: formação do senso de responsabilidade.
Vertente Negativa: a personificação. Em outras palavras, quando a criança, tentando escapar da frustração de ser incapaz para algumas
coisas, exagera na fantasia de ter outras personalidades, de ser totalmente diferente do que é várias vezes, ela pode se tornar compulsiva por
esconder seu verdadeiro “eu”; nesse caso, pode passar a sua vida desempenhando “papéis”, e afastar-se cada vez mais do contato consigo
mesmo.
✓ 4ª idade - Mestria versus Inferioridade (6 - 12 anos)
Neste período a criança está sendo alfabetizada e frequentando escola(s), o que propicia o convívio com pessoas que não são seus
familiares, o que exigirá maior sociabilização, trabalho em conjunto, aprendizagens escolares, a testar limites, a estabelecer os seus objetivos e
a fazer aprendizagens sociais, e a desenvolver um senso de cooperatividade dentre outras habilidades necessárias em nossa cultura.
O prazer de brincar, o interesse pelos seus brinquedos são gradualmente desviados para interesses por algo mais produtivo utilizando
outro tipo de instrumentos para os seus trabalhos que não são os seus brinquedos
Ao longo deste estádio da diligência desponta a virtude de competência, isto porque os estádios anteriores proporcionaram uma visão,
embora que não muito nítida, mas futura em relação a algumas tarefas. Nesta fase ela sente-se pronta para conhecer e utilizar os instrumentos
e máquinas e métodos para desempenhar o trabalho adulto, trabalho esse que implica responsabilidades como ir à escola, fazer as tarefas de
casa, aprender habilidades, de modo a evitar sentimentos de inferioridade.
Força desse estádio: a competência;
Vertente Positiva: a socialização.
Vertente Negativa: o formalismo, ou seja, a repetição obsessiva de formalidades sem sentido algum para determinadas ocasiões, o que
empobrece a personalidade e prejudica as relações sociais da criança.
✓ 5ª idade - Identidade versus Difusão/Confusão (12 - 18/20 anos)
O jovem experimenta uma série de desafios que envolve suas atitudes para consigo, com seus amigos, com pessoas do sexo oposto,
amores e a busca de uma carreira e de profissionalização.
Este estágio marca o período da adolescência: Ocorre aproximadamente entre os 12 aos 18/20 anos;
Força desse estádio: lealdade/ fidelidade
Vertente Positiva: a socialização.
Vertente Negativa: o fanatismo.
Freud considerou o critério afetivo, que corresponderia ao comportamento do indivíduo frente aos seus objetos de prazer e dividiu esse
desenvolvimento em fases sucessivas, atribuindo a cada uma delas um nome ligado a parte do corpo que parecia dominar o hedonismo naquela
ocasião. Todo o desenvolvimento seria marcado por essas fases. que se caracterizariam. sobretudo pela mudança do que é desejado em cada
uma e pela maneira como esses desejos são atingidos.
As motivações inconscientes, as vivências emocionais ocorridas durante a infância e a evolução psicossexual do sujeito desempenham um papel
fundamental no desenvolvimento humano.
A sexualidade, integrada no desenvolvimento desde o nascimento até à puberdade evolui através de cinco estádios psicossexuais (Tavares,
Pereira, Gomes, Monteiro, & Gomes, 2007). Em cada estádio, o sujeito focaliza-se em zonas erógenas específicas em busca do prazer e
satisfação. A passagem por cada estádio implica um confronto entre a satisfação das pulsões sexuais e as forças que se lhe opõem. A resolução
desses conflitos é alvo de uma dicotomia difícil de gerir e que irá ter influência na formação da personalidade do adulto.
Na teoria psicanalítica. sexualidade não designa apenas as atividades e o prazer decorrem do funcionamento do aparelho genital, mas toda uma
série de excitações e de atividades presentes desde a infância, que proporcionam um prazer irredutível a satisfação de uma necessidade
fisiológica fundamental (respiração, fome, função de excreção, etc) . e que se encontram a título de componentes na chamada forma normal de
amor sexual.
Estádio Oral: 0-12/18 meses: Desde o nascimento, Freud afirma que a primeira fase de desenvolvimento de uma criança se concentra na região
oral. Tendo como exemplo principal foco a amamentação da mãe, a criança obtém prazer no momento da sucção e sente satisfação com a
nutrição proporcionada pelo ato. Caso a amamentação fosse interrompida precocemente, o autor afirmava que a criança teria atitudes suspeitas,
não confiáveis ou sarcásticas, enquanto aquela que for constantemente amamentada terá uma personalidade confiante e ingênua. Com duração
de um ano a um ano e meio, a fase oral termina com na época do desmame.
• A boca é a zona de prazer e satisfação predominante;
• É o meio directo e principal de contacto com a realidade; todos os objectos que o bebé encontra são sugados e, posteriormente são mordidos;
• A altura do desmame, fase em que a criança é mais activa e agressiva corresponde a uma experiência da frustração que se não for ultrapassada
positivamente poderá originar comportamentos de gratificação oral (ex: fumar, beber, beijar, mascar pastilhas);
• Estruturam-se já os contornos bipolares da personalidade: optimismo/pessimismo, admiração/inveja, credulidade/desconfiança.
Na fase oral, grande parte da energia sexual é direcionada para os lábios e a língua, tornando-a portanto, a primeira zona erotogênica, uma vez
que é esta a primeira parte a ser dominada pela criança. Nela o prazer está associado, inicialmente, ao processo de se alimentar.
Estádio Anal :18 meses aos 2/3 anos. Após receber orientações sobre higiene íntima, a criança desenvolve uma obsessão para
com a região anal e o ato de brincar com as próprias fezes. Freud afirmava que a criança vê esta fase como uma forma de se
orgulhar das suas "criações", o que levaria à personalidade "anal expulsiva". A criança poderia também propositadamente reter
seu sistema digestivo como forma de confrontar os pais, o que levaria à personalidade "anal retentiva". Esta fase tem duração de
um a dois anos.
• A zona erógena é a região anal;
• A criança sente prazer a expulsar/reter as fezes;
• Neste período, os pais tendem a introduzir os hábitos de higiene, mas se forem demasiado rígidos ou demasiado tolerantes nesta aprendizagem,
poderão produzir reacções quer de retenção, quer de descontrolo das fezes.
A energia é grandemente direcionada para o ânus, que passa a ser a nova zona de prazer: o ato de defecar ou reter as fezes passa a provocar
prazer sexual.
Estádio Fálico:3-5/6 anos. a fase fálica é a mais crucial para o desenvolvimento sexual na vida de uma criança. Ela se concentra nos órgãos
genitais - ou a falta deles, se a criança for do sexo feminino - e os complexos de Édipo surgiriam. Para um homem, a energia sexual é canalizada
no amor por sua mãe, levando a sentimentos de inveja (às vezes violentos) contra o pai. Geralmente, no entanto, o menino aprenderá a se
identificar com o pai, em termos de órgãos genitais correspondentes, reprimindo assim o complexo de Édipo. Esta fase dura de três a quatro
anos.
• A zona erógena é a genital;
• A criança toca a explora o seu corpo e o dos outros;
• É neste estádio que ocorre o Complexo de Édipo/Electra;
• Estruturam-se contornos bipolares de personalidade: orgulho/humildade, sedução/timidez, castidade/promiscuidade.
Estádio de Latência: 5/6 anos à puberdade. Freud dizia que o período de latência no desenvolvimento da criança não é um período
psicossexual, mas sim uma fase de desejos inconscientes reprimidos. Neste período, a criança já superou o complexo da fase fálica e, embora
desejos e impulsos sexuais possam ainda existir, eles são expressos de forma assexuada em atividades como amizades, estudos ou esportes,
até o começo da puberdade.
• Ausência de interesses sexuais;
• Curiosidade intelectual e criação de relações sociais;
• Aprendizagem social, desenvolvimento da consciência moral.
O período de latência ocorre quando a sexualidade pré-genital se extingue. O jovem em maturação apresenta uma vida sexual quase que
exclusivamente limitada as suas fantasias e passa a dedicar-se mais as atividades culturais. O retardo da maturação sexual é, de certo modo,
uma garantia contra o incesto, pois esta só deverá ocorrer quando a criança tiver condições de respeitar o tabu cultural defendido pela sociedade.
Estádio Genital: A partir da puberdade. Segundo Freud, na fase genital, a criança mais uma vez volta a sua energia sexual para seus órgãos
genitais e, portanto, em direção às relações amorosas. Ele diz que esta é a primeira vez que uma criança quer agir de acordo com seu instinto
de procriar. Os conflitos internos típicos das fases anteriores atingem aqui uma relativa estabilidade conduzindo a pessoa a uma estrutura do ego
que lhe permite enfrentar os desafios da idade adulta. Neste momento, meninos e meninas estão ambos conscientes de suas identidades sexuais
distintas e começam a buscar formas de satisfazer suas necessidades eróticas e interpessoais.
• Predomínio da sexualidade genital, através de contatos sexuais com parceiros.
Na fase adulta ou genital do desenvolvimento os impulsos sexuais são despertados pelas mudanças hormonais que ocorrem no organismo do
púbere. “Nesse estágio, idealmente, a sexualidade. abrangendo as três zonas pré-genitais e a afeição podem ser combinada”. Esta fase atinge a
sua plenitude por volta dos dezessete e dezoito anos.
Piaget leva em conta a atuação de dois elementos básicos ao desenvolvimento humano: os fatores invariantes e os fatores variantes.
(a) Os fatores invariantes: Piaget postula que, ao nascer, o indivíduo recebe como herança uma série de estruturas biológicas - sensoriais e
neurológicas - que permanecem constantes ao longo da sua vida. São essas estruturas biológicas que irão predispor o surgimento de certas
estruturas mentais. Em vista disso, na linha piagetiana, considera-se que o indivíduo carrega consigo duas marcas inatas que são a tendência
natural à organização e à adaptação, significando entender, portanto, que, em última instância, o 'motor' do comportamento do homem é inerente
ao ser.
(b) Os fatores variantes: são representados pelo conceito de esquema que constitui a unidade básica de pensamento e ação estrutural do
modelo piagetiano, sendo um elemento que se transforma no processo de interação com o meio, visando à adaptação do indivíduo ao real que o
circunda. Com isso, a teoria psicogenética deixa à mostra que a inteligência não é herdada, mas sim que ela é construída no processo interativo
entre o homem e o meio ambiente (físico e social) em que ele estiver inserido.
A busca do organismo por novas formas de adaptação envolvem dois mecanismos que apesar de distintos são indissociáveis e que se
complementam: a assimilação e a acomodação.
(a) A assimilação consiste na tentativa do indivíduo em solucionar uma determinada situação a partir da estrutura cognitiva que ele possui
naquele momento específico da sua existência. Representa um processo contínuo na medida em que o indivíduo está em constante atividade de
interpretação da realidade que o rodeia e, consequentemente, tendo que se adaptar a ela. Como o processo de assimilação representa sempre
uma tentativa de integração de aspectos experienciais aos esquemas previamente estruturados, ao entrar em contato com o objeto do
conhecimento o indivíduo busca retirar dele as informações que lhe interessam deixando outras que não lhe são tão importantes (La Taille, vídeo),
visando sempre a restabelecer a equilibração do organismo.
(b) A acomodação, por sua vez, consiste na capacidade de modificação da estrutura mental antiga para dar conta de dominar um novo objeto
do conhecimento. Quer dizer, a acomodação representa "o momento da ação do objeto sobre o sujeito" (Freitas, op.cit.:65) emergindo, portanto,
como o elemento complementar das interações sujeito-objeto. Em síntese, toda experiência é assimilada a uma estrutura de ideias já existentes
(esquemas) podendo provocar uma transformação nesses esquemas, ou seja, gerando um processo de acomodação. Como observa Rappaport
(1981:56), os processos de assimilação e acomodação são complementares e acham-se presentes durante toda a vida do indivíduo e permitem
um estado de adaptação intelectual (...) É muito difícil, se não impossível, imaginar uma situação em que possa ocorrer assimilação sem
acomodação, pois dificilmente um objeto é igual a outro já conhecido, ou uma situação é exatamente igual a outra.
Neste estágio a criança, ampliando as capacidades conquistadas na fase anterior, já consegue raciocinar sobre hipóteses na medida em que ela
é capaz de formar esquemas conceituais abstratos e através deles executar operações mentais dentro de princípios da lógica formal. Com isso,
conforme aponta Rappaport (op.cit.:74) a criança adquire "capacidade de criticar os sistemas sociais e propor novos códigos de conduta: discute
valores morais de seus pais e constrói os seus próprios (adquirindo, portanto, autonomia)".
De acordo com a tese piagetiana, ao atingir esta fase, o indivíduo adquire a sua forma final de equilíbrio, ou seja, ele consegue alcançar o padrão
intelectual que persistirá durante a idade adulta. Isso não quer dizer que ocorra uma estagnação das funções cognitivas, a partir do ápice adquirido
na adolescência, como enfatiza Rappaport (op.cit.:63), "esta será a forma predominante de raciocínio utilizada pelo adulto. Seu desenvolvimento
posterior consistirá numa ampliação de conhecimentos tanto em extensão como em profundidade, mas não na aquisição de novos modos de
funcionamento mental".
A mãe “boa o bastante”, propiciará o meio ambiente facilitador para a integração dos fragmentos de realidade apresentados por ela, condizentes
com o desenvolvimento e, portanto, capacitando o bebê de poder lidar com eles. Será importante, portanto, a forma como a mãe vivencia a sua
identificação com a realidade do bebê, e como esses fragmentos serão apresentados para o bebê na relação com ela, para que este processo
de integração possa ocorrer satisfatoriamente. Na falta de um meio ambiente “bom o bastante”, e no caso, por exemplo, da mãe estar tensa,
ansiosa ou deprimida, este meio ambiente criado, na relação mãe-bebê será sentido como inóspito por invadir e dificultar a linha de continuidade
de ser do bebê.
No estado de não-integração e dependência em que o bebê se encontra, existe o predomínio de potenciais hereditários e inatos, assim como a
tendência à integração e independência, que somados a uma série de experiências físicas e emocionais proporcionadas pelo meio ambiente
maternante bom o bastante e facilitador, vai abrindo espaço para a experiência ilusória, dando origem à área de ilusão. Essa área de ilusão, fruto
do desenvolvimento da criança, inserida neste meio ambiente, abrirá caminho para a relação gradativamente maior com a realidade externa
apresentada, aos poucos, pela mãe.
Nesta primeira fase, as falhas naturais da mãe fazem com que surja a angústia de separação e a criança 27 lance mão de um objeto, a princípio:
o polegar, a fralda, um brinquedo, para preencher estas lacunas. Esses objetos intermediadores servirão de ponte entre o mundo interno e o
externo, ajudando na transição do bebê, do estado de dependência absoluta, a dependência relativa e rumo a futura independência. Ajudam a
poder vir a distinguir aquilo que é “ele”, separado do “outro”. Estes objetos transicionais (1975), sob o controle, ainda, onipotente da criança,
ajudam no processo da separação gradativa da mãe, mitigando a angústia e resultando no estabelecimento de um “eu” diferenciado do “não-eu”.
Aos poucos esse interagir vai capacitando a criança a se separar da mãe sem sentir angústia, lidando melhor com a realidade externa que
paulatinamente vai se construindo. O balbucio do bebê, o dedo, assim como o uso de um objeto incide na área intermediária enquanto fenômenos
transicionais.
No processo de integração, o bebê reconhece-se como “eu sou” ou “rei do castelo”, neste momento há um reforço mútuo entre o funcionamento
do corpo e o desenvolvimento do ego. “Na posição ‘eu sou’ ou ‘rei do castelo’ , o indivíduo pode ou não, por razões internas ou externas ( e o
bebê ainda é altamente dependente), conseguir lidar com a rivalidade que isto engendra ( ‘você é o patife sujo’). Na saúde, a rivalidade se torna
um estímulo adicional ao crescimento e ao sabor de viver.” (1994, p. 89)
A psique encontrará, aos poucos, a sua morada no corpo. A psique se incumbe da elaboração imaginativa das funções somáticas e vai se
desenvolvendo, resultando no processo de “personificação” que é fruto da ligação psique-soma. Desta forma, teremos o surgimento do Self como
unidade, levando ao gradual reconhecimento da mãe como um “outro”. Este Self constituído, será então chamado de Self verdadeiro, sendo deste
modo o núcleo da personalidade, o núcleo do ego que permanecerá oculto e integrado.
Dos zero aos seis anos, a criança sofre profundas transformações, até certo ponto bastante evidentes, como pelo crescimento ou o aprendizado
do caminhar e da fala. Porém, um olhar mais apurado pode identificar outros aspectos menos óbvios, que variam em cada momento da vida da
criança, e atentando para essas diferenças que Winnicott classificou o amadurecimento por estágios. Winnicott mostra como o amadurecimento
ocorre cheio de idas e vindas, a criança muitas vezes oscilando entre uma maturidade relativa e uma imaturidade típica dos primeiros estágios
de dependência.
Winnicott distingue os estágios em dois grupos maiores: estágios primitivos, que comportam desde o estágio pré-natal ao estágio da primeira
mamada teórica – podendo ocupar os primeiros três a quatro meses de vida do bebê – e são caracterizados pela dependência absoluta do bebê
para com os cuidados pessoais e ambientais; estágios de dependência e independência relativas, que comportam desde o estágio da desilusão
a terceira idade.
I) Estágios primitivos (estágio pré-natal ao estágio da primeira mamada teórica) – Estágio da primeira mamada teórica. Essa fase se situa por
volta dos primeiro quatro meses de vida do bebê. A amamentação possui importância central, como sugere o nome, porém, não somente por seu
caráter de alimentação, mas pelo sentido da relação estabelecida entre a mãe e o bebê. Esta representa, para Winnicott, o inicio das relações
com a realidade externa, ainda que de uma forma bastante específica, pois ela não é compreendida pelo bebê, a priori, como sendo externa.
Ilusão de onipotência: a característica do bebê, de não conceber as coisas separadas daquilo que é seu mundo subjetivo e criatividade primária:
está relacionado à capacidade, inata ao bebê, de ‘criar’ aquilo que vem de fora. Essas duas características do bebê, porém, dependem de um
ambiente confiável, gerado por uma mãe suficientemente boa (aquela que se adapta suficientemente bem às necessidades do bebê). Confiança,
aqui, encarada como previsibilidade, um ambiente que seja estável o bastante para permitir uma continuidade do ser por parte do bebê, que
constitua assim o ambiente facilitador.
II) Estágio da desilusão, desmame e início das funções mentais Aqui ocorre um passo crucial no amadurecimento do indivíduo será iniciado,
agora, um processo de desilusão. É durante esse período que o funcionamento mental e os processos intelectuais começam a ser exercidos em
sua especificidade, ajudando o bebê a lidar com a lacuna existente entre a adaptação completa e incompleta [da mãe]. São as falhas do cuidado
materno que impulsionam o uso da mente; é por meio da incipiente compreensão intelectual que as falhas do meio ambiente começam a ser
levadas em conta, tornando-se compreensíveis, toleráveis e mesmo previsíveis. (Dias, 2003, p.229)
III) Transicionalidade: além de estar intimamente ligada ao inicio da capacidade de simbolizar, é o processo pelo qual o bebê passa a se
relacionar com a exterioridade através da possessão de determinados objetos, que para ele ainda não são externos, como para nós que
observamos, mas tampouco são encarados como internos, originários de sua onipotência e capacidade de criar objetos. Por isso são chamados
de objetos transicionais, ou a primeira possessão não-eu, pois pertencem à uma nova instância da realidade, uma terceira área, entre a realidade
psíquica interna e a realidade externa. Quanto às referencias cronológicas, a sugestão é de que a transicionalidade ocorre por volta dos oito, dez
meses, e que, quando ocorre, o processo de desilusão já está em andamento, o que pode apontar para os seis, sete meses de vida.
IV)Estágio do uso do objeto. Após um período de experimentação de objetos através da área intermediária – os chamados fenômenos
transicionais – e de uma diminuição de sua ilusão de onipotência, o bebê que se encontra nesse estágio é capaz de se relacionar com objetos,
só agora, externos. Aqui, o entendimento de que há um mundo externo é uma conquista obtida pelo bebê através da ampliação da área
intermediária, que separa realidade psíquica interna e realidade externa, ao mesmo tempo que às mantém inter-relacionadas. Logo, sua relação
com os objetos passa de um controle mágico – com objetos subjetivos e, parcialmente, com objetos transicionais – para um controle manipulativo,
que envolve o prazer do manuseio do objeto e da coordenação motora, com objetos externos. Um fator importante nesse estágio de
amadurecimento se refere à idéia de destrutividade, que está relacionada à agressividade natural do ser humano.
V)Estágio do EU SOU Nesse estágio, no qual Winnicott sugere como se iniciando, aproximadamente, com ano, um ano e meio de vida, o bebê
alcança uma unidade integrada que pode ser chamada de eu. A criança primeiro deixou de ser o objeto para usar o objeto, e agora é capaz de
deixar de ser o ambiente, para nele estar, como uma identidade unitária. Os problemas referentes a esse estágio dizem respeito a essa novidade,
que é reconhecer-se como um ser particular, separado e diferente da realidade externa, com limites e contornos bem delimitados por um corpo,
detentor de uma identidade. Tudo aquilo que é um não-eu é hostilizado pela criança, que se vê ameaçada por tudo o que é externo.
VI) Estágio do concernimento Após alcançar uma integração em um EU unitário, nesse estágio a criança irá integrar seus impulsos e instintos
à personalidade total. Isso quer dizer que, até então, a criança não só não se reconhecia como um único EU, nos momentos em que se encontrava
tranquila ou excitada, como não reconhecia que os impulsos e toda sua carga destrutiva e agressiva proviessem de seu EU, e fossem, portanto,
de sua responsabilidade, tanto os atos agressivos em si quanto as suas conseqüências externas; são justamente essas as conquistas dessa fase
de concernimento. Winnicott sugere que esse estágio ocorre por volta dos dois anos e meio de vida do bebê, mas isso depende totalmente das
aquisições realizadas nos estágios anteriores, e logo, esse momento pode variar bastante. O ponto central, destacado pelo autor, é o da
responsabilização, por parte do bebê, pela sua própria agressividade, que leva à culpa e à necessidade de reparação dos estragos feitos por ele
mesmo. Isso ocorre na relação com a mãe, que é alvo tanto de seu amor, nos momentos tranqüilos, quanto de seu ódio, nos momentos excitados.
Essa ambivalência de sentimentos, que representa algo bastante pesado para as condições psicológicas do bebê, é importantíssima para o
estabelecimento de uma vida psíquica habitada por conflitos internos, que só agora se estabelece de fato no indivíduo.
VII) Estágio Edípico são aspectos centrais: o princípio de uma rivalização com um dos pais, início da função paterna e da fase exibicionista
(chamada de Fase Fálica, por Freud), com o princípio da genitalidade – uma concentração da excitação nos órgãos genitais, acompanhadas por
fantasias sexuais – e da diferenciação mais clara entre meninos e meninas. As dificuldades, aqui, são próprias à vida e às relações interpessoais,
sendo inevitáveis e fundamentais para o amadurecimento. Só é possível viver esse estágio caso o processo de integração com os impulsos
instintuais tenha alcançado um nível mínimo onde seja possível viver a instintualidade e a sexualidade, expressa no desejo sexual por um dos
pais. As mudanças repentinas de humor, de gostos e opiniões são muito comuns durante essa fase.
- As funções psicológicas têm um suporte biológico e são moldadas ao longo da história da espécie e do indivíduo (biogênese e ontogênese)
- As sociedades criam sistemas de signos ao longo da história que modificam e influenciam seu desenvolvimento social e cultural.
- Para Vygotsky é pela interiorização de sistemas de signos, produzidos culturalmente, que se dá o desenvolvimento cognitivo.
O desenvolvimento se dá pela aprendizagem em um processo que Vygotsky convencionou chamar zona de desenvolvimento proximal (ZDP)
(às vezes, denominada de zona potencial de desenvolvimento).
A ZDP é a amplitude de capacidade observável (desempenho) de uma criança e a capacidade latente (competência) da criança.
Vygotsky divide o desenvolvimento humano em competências de linguagem e sua relação com o pensamento. São tipos de linguagem:
Linguagem social; Linguagem egocêntrica; Linguagem interior.
A primeira é a linguagem social: sua função inicial é a comunicação, expressão e compreensão. Essa função comunicativa está
estreitamente combinada com o pensamento. A comunicação é uma espécie de função básica porque permite a interação social e, ao mesmo
tempo, organiza o pensamento. A linguagem social, que seria esta que tem por função denominar e comunicar, e seria a primeira linguagem
que surge.
A segunda linguagem egocêntrica: progressão da fala social para a fala interna, ou seja, o processamento de perguntas e respostas
dentro de nós mesmos – o que estaria bem próximo do pensamento, representa a transição da função comunicativa para a função intelectual.
Trata-se da fala que a criança emite para si mesma, em voz baixa, enquanto está concentrada em alguma atividade. Esta fala, além de
acompanhar a atividade infantil, é um instrumento para pensar em sentido estrito, isto é, planejar uma resolução para a tarefa durante a atividade
na qual a criança está entretida. A fala egocêntrica constitui uma linguagem para a pessoa mesma, e não uma linguagem social, com funções de
comunicação e interação. Esse “falar sozinho” é essencial porque ajuda a organizar melhor as ideias e a planejar melhor as ações. É como se a
criança precisasse de falar para resolver um problema que, nós adultos, resolveríamos apenas no plano do pensamento / raciocínio.
E a terceira e última linguagem interior, intimamente ligada ao pensamento. O discurso interior é uma fase posterior em relação à fala
egocêntrica. É quando as palavras passam a ser pensadas, sem que necessariamente sejam faladas. É um pensamento expresso em palavras. O
pensamento é um plano mais profundo do discurso interior, que tem por função criar conexões e resolver problemas, o que não é,
necessariamente, feito com palavras.
O pensamento não coincide de forma exata com os significados das palavras. O pensamento vai além, porque capta as relações entre
as palavras de uma forma mais complexa e completa que a gramática faz na linguagem escrita e falada. Para a expressão verbal do pensamento,
às vezes é preciso um esforço grande para concentrar todo o conteúdo de uma reflexão numa frase ou num discurso.
O pensamento não se reflete na palavra; realiza-se nela, a medida em que é a linguagem que permite a transmissão do seu pensamento
às outras pessoas.
[...] o desenvolvimento mental da criança caracteriza-se por dois processos, que embora conexos, são de natureza diferente e
condicionam-se reciprocamente. Por um lado está a maturação, que depende diretamente do desenvolvimento do sistema nervoso, e por outro
lado a aprendizagem que segundo Koffka, é em si mesma o aprendizado. (VYGOTSKY, 2010, p. 106).
Vygotsky defende que o conteúdo do pensamento é renovado e reestruturado devido à formação de conceitos. A relação entre o conteúdo
e a forma de pensamento, conteúdo e a forma estão indissoluvelmente ligados, eles são reciprocamente condicionados. Se entendermos pelo
conteúdo do pensamento não apenas os dados externos que constituem o objeto de pensamento em cada momento dado, mas seu verdadeiro
conteúdo, veremos como ele passa constantemente ao processo de desenvolvimento da criança, como ela se torna parte integrante e orgânica,
de sua própria personalidade e os vários sistemas de seu comportamento.
O autor demonstra que tudo o que estava no início fora do pensamento como: convicções, interesses, concepção do mundo, regras
éticas, regras de conduta, inclinação, ideais, certos esquemas de pensamento, torna-se interior porque o adolescente, devido ao seu
desenvolvimento, maturação e mudança. Por outro lado, a tarefa de dominar um novo conteúdo surge, novos estímulos nascem nele, que o
impelem ao desenvolvimento e aos mecanismos formais de seu pensamento.
Vygotsky (1993) defende a mesma concepção de Blonski ao dizer que a participação maciça do adolescente na atividade social e,
portanto, sua total autodeterminação com uma classe, é um evento decisivo em sua vida. Os anos da adolescência são, antes de tudo, anos de
formação da concepção do mundo sócio-político, anos em que se formam, no fundamental, suas concepções sobre a vida, a sociedade, as
pessoas, quando algumas simpatias sociais e antipatias nascem. Os problemas colocados pela própria vida, bem como a sua incorporação
decisiva na vida como um participante ativo, requerem para sua solução o desenvolvimento de formas superiores de pensamento.
Para Vygotsky (1993) as peculiaridades do temperamento adolescente é consequência dominar os novos modos de atividade intelectual.
E é após a manifestação do pensamento dialético, que é o estágio mais alto no desenvolvimento do pensamento maduro que o adolescente, com
a formação de conceitos, entra em um caminho de desenvolvimento que levam ao pensamento mais refinado. Nesta perspectiva, a personalidade
se desenvolve com a ajuda da compreensão de outras pessoas, com a compreensão das pessoas ao seu redor, com a compreensão da
experiência social. A linguagem é inseparável do entendimento. A indivisibilidade da linguagem e da compreensão se manifesta tanto no uso
social da linguagem como meio de comunicação, quanto como meio de pensamento.
Somente com a progressiva socialização do pensamento infantil é que ocorre a intelectualização. Tornando-se consciente do curso de
seus próprios pensamentos e dos outros no processo de comunicação verbal, a criança começa a se tornar consciente de seus próprios
pensamentos e a direcionar seu curso. A progressiva socialização da linguagem interna, a socialização progressiva do pensamento é o fator
decisivo para o desenvolvimento do pensamento lógico na era da transição, elemento fundamental e central de todas as mudanças que ocorrem
no intelecto do adolescente.
O principal progresso no desenvolvimento do pensamento é alcançado na adolescência, através do desenvolvimento cultural do
pensamento.
Inicialmente a criança percebe relações relativamente complexas, dadas de maneira direta-visual às coisas, aos significados, às ações. A
idade de transição permite-lhe apenas correlacionar racionalmente os conceitos abstratos e o conteúdo geral. Para Vygotsky, o ambiente social
da criança exerce uma influência decisiva no desenvolvimento desse pensamento. Seu pensamento nunca ultrapassa a esfera do visual-direto,
nunca atinge o pensamento especificamente lógico e suas formas abstratas. Já o adolescente, ao terminar a escola, entra em um meio em que
não domina as formas superiores de pensamento, tampouco, alcança o pensamento dialético. É impossível encontrar uma prova melhor de que
a formação de conceitos é um produto do desenvolvimento cultural do intelecto e que depende, no final, do meio ambiente.
O desenvolvimento do pensamento na era da transição tem um significado central, básico e decisivo para todas as funções e processos
remanescentes. Para expressar a personalidade adolescente e todas as suas funções mentais, dizemos que a aquisição da função de formação
de conceitos é o elo básico, principal, de todos as mudanças que ocorrem na psicologia adolescente. Os elos remanescentes dessa cadeia, todas
as outras funções parciais são intelectualizadas, transformadas e reestruturadas pela influência dos sucessos decisivos alcançados pelo
pensamento do adolescente.
Formas de funcionamento cultural que definem o funcionamento psicológico. A cultura funciona como alargador das potencialidades
humanas, cada cultura organiza as fases do desenvolvimento de forma diferente. O objeto me remete a construções simbólicas, representações
do mundo. Os signos e símbolos são os intermediadores entre eu e o mundo.
Ao nascer, o ser humano possui apenas as funções psicológicas elementares. Na convivência com o meio social e cultural a criança vai
aprendendo e, consequentemente, desenvolvendo as funções psicológicas superiores.