Centro Cultural Multissensorial - MONOGRAFIA TFG
Centro Cultural Multissensorial - MONOGRAFIA TFG
Centro Cultural Multissensorial - MONOGRAFIA TFG
CASCAVEL/PR
2015
1
BRUNO MIRANDA SILVA
CASCAVEL/PR
2015
2
FOLHA DE APROVAÇÃO
BANCA EXAMINADORA
————————————————
Prof.ª Orientadora Karen Solek
————————————————
Prof. Dr. Flávio H. da Rosa Uren
————————————————
Arquiteto João Turmina
3
Dedico este trabalho a todos aqueles que, de
alguma forma, me ajudaram e me apoiaram na
conclusão do mesmo. Em especial, dedico aos
meus pais e minha irmã por me apoiarem em
toda a minha vida. Dedico também aos meus
amigos que se sensibilizaram com meu tema e
me ajudaram a melhor alcançar meus
objetivos.
4
AGRADECIMENTOS
5
“A emoção da ciência traduzida em técnica pelo homem é a mesma
comunicada pela obra de arte. Equilíbrio, estrutura, rigor, aquele mundo
outro que o homem não conhece, que a arte sugere, do qual o homem tem
nostalgia.”
Lina Bo Bardi
6
RESUMO
Esta pesquisa tem como objetivo servir como fundamentação teórica para a concepção de um
projeto arquitetônico de um Centro Cultural Multissensorial para a cidade de Cascavel – PR.
Primeiramente, a partir de pesquisas realizadas, foi possível conhecer a história do movimento
para a inclusão de pessoas com deficiências sensoriais nos espaços públicos através da
acessibilidade, assim como, a necessidade de espaços de lazer e cultura que atendam todos os
públicos na cidade. Através da pesquisa de análises sobre a percepção humana pelos cinco
sentidos e de obras correlatas, foi estabelecido um programa de necessidades que possa vir
suprir essa carência, trazendo um espaço inovador em relação a outros espaços culturais
alcançando os diferentes públicos, independente de sua condição físico-sensorial. A
preocupação ambiental da obra, com o meio no qual será inserida, é uma das diretrizes que
irão nortear o desenho arquitetônico, sendo este adequado às normas da Certificação LEED,
além de incorporar novas tecnologias de redução do impacto edificação/solo. A volumetria do
projeto segue a estilística dos segmentos da arquitetura pós-moderna Hi-tech e
Desconstrutivista, tendo como referencial o arquiteto Santiago Calatrava.
7
ABSTRACT
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Amostra 01 - Heloisa, 23 anos. “Achei que fosse azul, não percebi uma aba mais
larga que a outra”, ..................................................................................................................... 22
Figura 2 - Amostra 02 - Ana Regina, 54 anos. “Cinza.” .......................................................... 22
Figura 3 - Amostra 03 - Carlos Alfredo, 54 anos. "Com o tato percebo a forma aproximada do
objeto, porém não tenho como saber a cor." ............................................................................ 22
Figura 4 - Centro Cultural Gilberto Mayer ............................................................................... 24
Figura 5 - Teatro Municipal de Cascavel ................................................................................. 24
Figura 6 – Interiores do Teatro de Cascavel ............................................................................. 25
Figura 7 - Problemas de Ergonomia – Pessoa com altura superior a 1,90m. ........................... 25
Figura 8 – Exemplo de funcionamento da áudio-descrição em cinemas e teatros. .................. 27
Figura 9 - Pavilhão da Alemanha na Expo 67 em Montreal. ................................................... 28
Figura 10 – Norman Foster - Torre Hearst ............................................................................... 29
Figura 11 - Desconstrução do Plano Horizontal....................................................................... 30
Figura 12- Desconstrução do Ponto de Vista ........................................................................... 31
Figura 13 - Quebra dos Eixos Ortogonais ................................................................................ 32
Figura 14 - Quebra dos Eixos Ortogonais ................................................................................ 32
Figura 15 - Casa da Cascata - Frank Lloyd Wright .................................................................. 34
Figura 16 - Casa da Cascata ..................................................................................................... 35
Figura 17 - Casa da Cascata Vista Interna ................................................................................ 35
Figura 18 - Mapa Cobertura Vegetal Nativa do Paraná ........................................................... 35
Figura 19 - Sistema de Tratamento dos Efluentes .................................................................... 39
Figura 20 - Sistema de Reuso de Águas Cinza. ........................................................................ 40
Figura 21 - Esquema Poço de Infiltração ................................................................................. 41
Figura 22 - Painel Fotovoltaico ................................................................................................ 43
Figura 23 - Jardim Aromático ................................................................................................. 44
Figura 24 - Acessibilidade em Jardim ...................................................................................... 45
Figura 25 - Ponte Estaiada ........................................................................................................ 46
Figura 26 - Planetário de Valencia ........................................................................................... 47
Figura 27 - Palácio das Artes da Rainha Sofia ......................................................................... 49
Figura 28 - Palácio das Artes da Rainha Sofia ......................................................................... 50
Figura 29 - Plantas Palácio das Artes ....................................................................................... 51
Figura 30 - Asas Fechadas ........................................................................................................ 52
9
Figura 31 - Asas Abertas .......................................................................................................... 52
Figura 32 - Interior Fechado ..................................................................................................... 53
Figura 33 - Interior Aberto ....................................................................................................... 53
Figura 34- Interior Auditório .................................................................................................... 54
Figura 35 - Auditório de Tenerife ............................................................................................ 55
Figura 36 - Guggenheim de Nova York ................................................................................... 56
Figura 37 - Rampas Guggenheim NY ...................................................................................... 57
Figura 38- Esquema Rampa em Espiral ................................................................................... 57
Figura 39 - Performance Arts Exterior ..................................................................................... 58
Figura 40 - Performance Arts Interior ...................................................................................... 58
Figura 41 - Interior do Auditório Principal .............................................................................. 59
Figura 42 - Jardim dos Cinco Sentidos Nova Delhi ................................................................. 60
Figura 43 - Fonte de Elefantes .................................................................................................. 61
Figura 44 - Esculturas em Aço ................................................................................................. 61
Figura 45 - Planta Baixa Proposta ............................................................................................ 62
Figura 46 – Perspectiva Projeto ................................................................................................ 63
Figura 47 - Movimentação de Terra ......................................................................................... 63
Figura 48 – Localização ........................................................................................................... 64
Figura 49 - Consulta Prévia ...................................................................................................... 65
Figura 50- Vista do Terreno - Esquina ..................................................................................... 66
Figura 51 - Situação Atual do Terreno ..................................................................................... 66
Figura 52- Situação Atual do Terreno ...................................................................................... 66
Figura 53- Vista para o Lago Municipal .................................................................................. 66
Figura 54 - Begônia cucullata .................................................................................................. 68
10
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 13
1.1 Delimitações do tema .................................................................................................... 14
2.0 PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS ........................................................................... 15
2.1 Problema ....................................................................................................................... 15
2.2 Hipótese ......................................................................................................................... 15
2.3 Justificativa ................................................................................................................... 15
2.4 Objetivos ........................................................................................................................ 16
2.4.1 Objetivos Gerais: ..................................................................................................... 16
2.4.2 Objetivos Específicos: ............................................................................................. 17
2.5 Metodologia ................................................................................................................... 17
CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................. 18
3.0 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 18
3.1 Das Raízes da Segregação à Inclusão Social .............................................................. 18
3.2 Da Inclusão das Pessoas com Deficiência no Brasil. .................................................. 19
3.3 Arte e Cultura ............................................................................................................... 20
3.4 O Sistema Sensorial ...................................................................................................... 20
3.4.1 O Tato e a Percepção da Forma ............................................................................... 21
4.0 CASCAVEL - CULTURA E ACESSIBILIDADE. ....................................................... 23
4.1 Centro Cultural Gilberto Mayer ................................................................................. 23
4.2 Teatro Municipal de Cascavel ..................................................................................... 24
5.0 REFERÊNCIAS PROJETUAIS ..................................................................................... 26
5.1 Um Breve Histórico sobre Acessibilidade .................................................................. 26
5.2 Arquitetura Contemporânea ....................................................................................... 27
5.2.1 Arquitetura Hi-Tech ................................................................................................ 28
5.2.2 Arquitetura Desconstrutivista .................................................................................. 29
5.3 Arquitetura e ambiente – Uma arquitetura sustentável – Bio-arquitetura ............ 32
5.4 Aspectos ambientais da Cidade. .................................................................................. 35
5.5 Liderança em design ambiental e energético (LEED)............................................... 36
5.6 Dispositivos para um Projeto Sustentável e Ecologicamente Correto. .................... 37
5.6.1 Uso e reuso de água ................................................................................................. 37
5.6.2 Sistema de Tratamento da água cinza...................................................................... 38
5.6.3 Poços de Infiltração de Águas Pluviais ................................................................... 40
11
5.6.4 Eficiência Energética ............................................................................................... 42
5.7 Paisagismo em Jardins Sensoriais ............................................................................... 43
6.0 ARQUITETO DE REFERÊNCIA .................................................................................. 46
6.1 Arquitetura de Santiago Calatrava ............................................................................ 46
6.2 Análise Obras Correlatas ................................................................................................. 48
6.2.1 Palácio das Artes da Rainha Sofia – Santiago Calatrava............................................. 48
6.2.2 Museu de Arte de Milwaukee – Santiago Calatrava ................................................... 52
6.3.3 Auditório Adam Martim de Tenerife – Santiago Calatrava ........................................ 53
7.0 ANÁLISE OBRAS DE REFERÊNCIA ............................................................................. 55
7.1 Museu Guggenheim de Nova York – Frank Lloyd Wright ...................................... 55
7.2 Abu Dahbi Performing Arts Centre – Zaha Hadid ................................................... 57
7.3 Jardim dos Cinco Sentidos de Nova Delhi – Corporação de Desenvolvimento de
Transporte e Turismo de Nova Delhi. .............................................................................. 60
8.0 PAISAGISMO DE REFERÊNCIA ................................................................................ 61
8.1 Paisagista de Referência - Fernando Chacel .............................................................. 61
8.1.1 Parque de Educação Ambiental Professor Mello Barreto ....................................... 62
9.0 PROJETO ......................................................................................................................... 64
9.1 Localização: ................................................................................................................... 64
9.2 Partido Arquitetônico e Implantação: ........................................................................ 67
9.3 Proposta Volumétrica – Simbologia ........................................................................... 67
9.4 Funcionamento: ............................................................................................................ 68
9.5 Espaços e Pré-Dimensionamento: ............................................................................... 69
9.5.1 Tour principal: ......................................................................................................... 69
9.5.2 Setor Social:............................................................................................................. 70
9.5.3 Programa Auditório principal: ................................................................................. 71
9.5.4 Administrativo: ........................................................................................................ 71
9.5.5 Setor de Serviço: ...................................................................................................... 72
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO ............................................................ 73
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 75
ANEXOS................................................................................................................................ 78
12
1. INTRODUÇÃO
1
Disponível em: <http://conceito.de/centro-cultural> Acesso em: 25 de setembro de 2015.
13
1.1 Delimitações do tema
Pela busca de atender a demanda por espaços acessíveis para as práticas culturais. Um
Centro Cultural Multissensorial para a cidade de Cascavel – PR, o qual deverá ser um espaço
de utilização do público em geral, com proposta arquitetônica voltada para acessibilidade,
sustentabilidade e ecologia, proporcionando acesso a bens e atividades culturais, através da
estimulação perceptiva dos cinco sentidos, favorecendo a todos os usuários de maneira
igualitária.
14
2.0 PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS
2.1 Problema
Cascavel é uma cidade que aos 63 anos de idade, que cresce e se desenvolve num
ritmo acelerado, destacando a qualidade na geração de empregos e educação, mas que ainda
possui poucos investimentos no setor cultural, principalmente quando se trata em atender as
necessidades de lazer e cultura de seus habitantes com algum tipo de deficiência sensorial.
Com aproximadamente 11 mil habitantes com alguma deficiência visual e/ou auditiva,
a cidade não oferece espaços com atividades inclusivas para essas pessoas quanto à cultura e o
lazer, além dos espaços culturais existentes serem pouco atrativos para a população em geral.
Ao analisar a situação descrita acima, indaga-se: De que forma a arquitetura pode
contribuir ao acesso à cultura e ao lazer para pessoas com deficiência sensorial,
conjuntamente ao público geral, na cidade de Cascavel?
2.2 Hipótese
2.3 Justificativa
A criação de espaços culturais na cidade se faz necessária devido ao fato de que todas as artes
desempenham um importante papel na educação do homem e no seu enriquecimento
intelectual, além de estarem diretamente ligadas à perpetuação e propagação da cultura de um
povo, segundo Helena (2010):
O ser humano é essencialmente cultural. Ele nasce, vive e morre imerso em uma
determinada cultura, com seus modos de vida, língua, rituais, instituições,
conhecimento e valores próprios. Por isso, ele vê o mundo a partir de sua própria
cultura. Dentro desse tecido cultural em que vivemos e nos desenvolvemos, podemos
fazer um recorte específico da cultura, igualmente importante para que nos tornemos
seres humanos completos: as artes. (HELENA, 2010, p.)
2.4 Objetivos
2.5 Metodologia
Para a elaboração de projeto de um Centro Cultural Multissensorial voltado para a
acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência sensorial, se faz necessário o
entendimento sobre o que é um espaço multissensorial, questões de percepção espacial, e de
que maneira trabalhar para melhor atender às expectativas do público.
Será necessária, também, a pesquisa sobre normas de acessibilidade, desenho
universal, estudos de percepção espacial, assim como obras de referência e correlatas de
Centros Culturais ou com propostas semelhantes.
A pesquisa acontecerá nos seguintes pontos:
Através de levantamento de dados em órgãos públicos sobre a quantidade de entidades
que prestam serviços aos deficientes sensoriais.
Entrevista na Secretaria da Cultura sobre os espaços culturais de uso público na
Cidade, e o estado atual de suas estruturas física.
Entrevistas com pessoas do público alvo sobre questões de acessibilidade e interesse, a
fim de procurar atender, através de propostas de arquitetura mais eficazes, suas
expectativas quanto a um centro cultural.
Através de pesquisa bibliográfica em livros, periódicos e artigos na internet, de
assuntos condizentes à proposta, para compreensão e elaboração de um programa de
necessidades que seja satisfatório.
17
CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A história nos mostra que o descaso e a segregação das pessoas deficientes são algo
que acompanha a humanidade desde o princípio do seu desenvolvimento. Como mostra
Garcia (2011) em sua tese de doutorado, a maneira como os deficientes eram vistos variava de
sociedade para sociedade e nos diferentes períodos.
Há também grandes diferenças de tratamento em relação a quando uma pessoa nascia
com uma deformidade ou incapacidade e quando esta era adquirida durante sua vida, como
ocorria nos primórdios da civilização Grega e Romana. Em referência a isto, Garcia (2011)
relata:
Outro tipo de tratamento era destinado aos demais. Segundo Garcia (2011) o
encaminhamento dado às crianças nascidas com alguma deficiência era diferenciado. Devido
pertencer a uma sociedade militarista, estas crianças não conseguiriam cumprir com sua
função, então, condenadas à morte, eram destinadas aos chamados “depósitos”, um tipo de
abismo onde eram jogadas.
A falta de compreensão sobre cegueira e surdez, também causou a discriminação e
segregação dessas pessoas com deficiência por parte da sociedade, Motta (2008), faz um
breve relato sobre as raízes históricas do preconceito quanto aos deficientes visuais:
Pode-se dizer que quase o mesmo acontecia com os deficientes auditivos, que devido a
sua limitação na comunicação eram incompreendidos. Silva (2009) diz que a condição da
pessoa surda era a mais miserável de todas, considerados pela sociedade como imbecis,
anormais e incompetentes, tendo seus direitos garantidos apenas se aprendessem a falar.
18
Conforme Garcia (2008), ao se pensar na sociedade num período mais atual como no
século XX, os países que participaram das Guerras Mundiais, olhavam seus soldados,
mutilados ou não, como heróis de guerra. Esse fato fez com que iniciasse uma atenção
especial em relação às pessoas com deficiência, aumentado o número de programas
destinados e reabilitação das mesmas, assim como a preocupação com acessibilidade.
O Brasil foi um dos primeiros países da América latina que já no século XIX, logo
após sua independência, começou a se preocupar com a educação e habilitação ao trabalho de
pessoas cegas e surdas.
Em 1979 foi a primeira vez que pessoas deficientes de diferentes estados se reuniram
para organizar uma luta em prol de seus direitos. Lanna Júnior (2010) relata que era uma luta
contra o caráter de caridade que marcaram as ações voltadas a estes até então, passando a ser
considerados como protagonistas de suas próprias vidas e poder falar de seus problemas sem
intermediários.
O interesse público em relação aos direitos das pessoas com deficiência foi
reconhecido na estrutura do Estado brasileiro com a criação da Coordenadoria
Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE), em 1986, e
da Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, em 1989[...]
(Lanna Júnior, 2010, pág. 71).
19
3.3 Arte e Cultura
A palavra arte vem do latim “ars”, que por sua vez corresponde ao termo grego
“tékne”, que significa meios de se fazer ou produzir algo, também é a “capacidade humana de
sentir, pensar, interpretar e recriar o seu mundo com sensibilidade e criatividade” (Araújo,
s.d.).
Dentre as diversas funções da arte quanto a entreter, encantar, recriar e representar o
mundo pelo ponto de vista do artista, a arte segundo Araújo (s.d.), representa também uma
forma de perpetuação e propagação da cultura de um povo:
[...] A cultura de um povo é preservada através da sua arte, seja ela popular ou erudita,
pois possibilita estudar e compreender aquelas civilizações que não mais existem e
cria um sentido para as que ainda hoje fazem a sua história. Há no mundo, atualmente,
diversos povos que são conhecidos pelo resgate de seus objetos artísticos, como:
cerâmicas, esculturas, pinturas, entre outros. [...]
(ARAÚJO, s.d., s.p.)
A cultura de um povo pode ser compreendida com uma análise de seus bens
remanescentes, sejam eles arquitetônicos, artísticos, escriturais, entre outros. A arte vem
acompanhando o homem e sua evolução histórica, sendo um dos primeiros métodos de
expressão. Quanto à importância da arte na sociedade, Faria (2013) diz:
É através da pele que obtemos diversos tipos de informações que nos ajudam na
compreensão das coisas, um bebê, por exemplo, tem seu primeiro contato com o mundo
pegando objetos e colocando-os na boca até conseguir subordinar o tato ao mundo visual, é
através da pele que percebemos diferentes texturas e formatos, explica Hall (1966).
O tato é um sentido basicamente universal para a compreensão da forma, segundo Hall
(1966) qualquer pessoa, tendo ou não deficiência visual, consegue através do tato distinguir
objetos diferentes através de sua forma, porém o tato não é capaz de identificar cores,
sombras, e outras características exclusivas do sentido visual.
21
Figura 1 - Amostra 01 - Heloisa, 23 anos. “Achei que fosse azul, não percebi uma aba mais larga que a outra”,
Fonte: Autor
Figura 3 - Amostra 03 - Carlos Alfredo, 54 anos. "Com o tato percebo a forma aproximada do objeto, porém
não tenho como saber sua cor."
O estudo acima foi feito de maneira a tentar comprovar a percepção através do tato,
elucidando o fato de que as cores são uma característica percebida exclusivamente pelo
sentido visual.
22
CAPÍTULO II – A CIDADE DE CASCAVEL
Cascavel é uma metrópole regional, formada pelo município sede e mais 22 cidades
(GAZETA DO POVO), com população aproximada de 310 mil habitantes (IBGE 2014), que
possui uma parcela relevante de sua população, com deficiência sensorial seja ela auditiva ou
visual. De acordo com dados do IBGE 2010, na cidade, área urbana e rural, residem
aproximadamente 11 mil pessoas com alguma dessas características, porém, nota-se que
poucos dos espaços públicos atendem de maneira satisfatória esse público, principalmente nas
áreas de acesso à cultura e ao lazer.
A cidade conta com entidades que trabalham com pessoas deficientes sensoriais e que
ajudam a defender e exigir seus direitos quanto aos programas do governo. São elas:
Associação Cascavelense de Amigos Surdos (ACAS), Associação Cascavelense de Pessoas
com Deficiência Visual (ACADEVI), Associação de Surdos de Cascavel (SURDOVEL),
Centro de Atendimento Especializado para Pessoas com Deficiência Visual (CAEDVS).
Essas entidades são importantes, pois ajudam fiscalizando as propostas arquitetônicas para
órgãos públicos e projetos do governo garantido que sejam atendidas de melhor forma as
expectativas quanto à acessibilidade por parte do povo de Cascavel.
O Centro Cultural Gilberto Mayer está localizado na Rua Duque de Caxias, 379. Com
mais de 30 anos de funcionamento, foi fundado no ano de 1982, é onde funciona o auditório
“Cine Teatro Coliseu”, com 330 cadeiras, que servia como palco principal para os eventos
teatrais e artísticos da cidade até a finalização do novo teatro. Possui também as salas onde
acontecem exposições mensais, além de abrigar o “Museu Histórico Celso Formighiere
Sperança” e o “Museu de Imagem e Som – MIS”, que contam a história da cidade.
Apesar de oferecer diversos espaços para exposições, sua estrutura interna ainda não
se encontra em boas condições de utilização, mesmo com as reformas estéticas externas.
23
Figura 4 - Centro Cultural Gilberto Mayer
Fonte: http://artessemfronteiras.blogspot.com.br/2010/09/centro-cultural-gilberto-mayer.html.
Inaugurado neste ano de 2015, está localizado na Rua Rio de Janeiro, esquina com a
Rua General Osório no centro, diretamente ao lado do Centro Cultural Gilberto Mayer. O
teatro tem a capacidade para 840 pessoas na sala principal, e mais auditórios auxiliares
totalizando 1.368 lugares, sendo considerado o segundo maior teatro do Paraná, menor apenas
que o teatro Guaíra em Curitiba.
24
O projeto é datado de 1991, e foi alterado para cumprir as normas vigentes atuais. Sua
estrutura, apesar de acomodar muitas pessoas, não cumpre seu papel quanto ao conforto de
seus usuários, sendo as fileiras de cadeiras muito próximas umas das outras, o que além de
causar desconforto para quem tem estatura maior que 1,90m de altura, não possibilita a
passagem dos espectadores na entrada ou saída se já houver algum outro sentado.
Demais ao problema citado, o edifício possui cinco pavimentos, com salas de apoios
que podem ser usadas como salas de aulas, além de bar, bilheteria, elevadores, administração
e, no ultimo andar, uma galeria de exposições.
25
CAPÍTULO III – ARQUITETURA
Áudio-descrição:
Áudio-descrição é uma tecnologia que foi criada com o propósito de melhorar o
acesso por deficientes visuais aos meios de comunicação como também ao diversos espaços
2
NBR 9050
26
arquitetônicos e atividades de lazer como cinema, teatros, mostras de museus, de arte entre
outros.
O recurso consiste na descrição clara e objetiva de todas as informações que
compreendemos visualmente e que não estão contidas nos diálogos, como, por exemplo,
expressões faciais e corporais que comuniquem algo, informações sobre o ambiente,
figurinos, efeitos especiais, mudanças de tempo e espaço, além da leitura de créditos, títulos e
qualquer informação escrita na tela3.
3
Disponivel em : http://audiodescricao.com.br/ad/o-que-e-audiodescricao/. Acessado em:
27
Regionalismo;
Desconstrutivimo;
Ecletismo;
A arquitetura Hi-tech teve seu início junto com a Revolução Industrial, com
descobertas de novos materiais como o ferro para a construção civil, além de produtos que a
partir de então poderiam ser industrializados. Um dos primeiros exemplos dessa arquitetura,
segundo Cejka (1993) foi o famoso Palácio de Cristal de Joseph Paxton para a Exposição
Universal em Londres no ano 1951, a qual sua construção somente foi possível através da
padronização e pré-fabricação de suas partes.
Outro pioneiro segundo Cejka (1993) foi o arquiteto Frei Otto, que no Pavilhão
Alemão na exposição de Montreal de 1967 separou uma membrana têxtil pendurada nas
pontas e tensionada em cabos de aço, o que facilitou a execução da obra em vista do curto
prazo até o inicio do evento.
28
Técnica Doméstica: Tubulações, unidades sanitárias, escadas rolantes, elevadores e
elementos similares aparentes.
Já segundo Brown (s.d.), os arquitetos Hi-Tech afirmavam que o design poderia ser
reduzido puramente à solução de problemas técnicos de estruturas e serviços e que sua
volumetria viria com o modo como eram resolvidos esses problemas, uma versão extrema do
Movimento Moderno funcionalista. “O avanço do ambiente tecnológico providencia um
ambiente flexível e neutro no qual os usuários podem criar seus próprios estilos de vida”
(BROWN, s.d.).
Dentre as características da Arquitetura Hi-Tech citadas por Brown (s.d.) observa-se o
uso de materiais tecnológicos, estruturas e dutos aparentes, alto nível de detalhamento,
grandes fachadas de vidro e de chapas metálicas.
Dentre os arquitetos conhecidos nesse estilo estão: Norman Foster, Renzo Piano, Jean
Nouvel, assim como Santiago Calatrava.
A arquitetura Moderna vinha, desde seu começo, com seus padrões rígidos e soluções
simples para os problemas construtivos que eram resolvidos com puros e precisos espaços
29
cúbicos. Foi na década de 80 que o movimento desconstrutivista surgiu para expandir as
formas fechadas da Arquitetura Moderna.
O desconstrutivismo ficou conhecido como uma reação contraria a modernidade e seu
construtivismo. Colin (2009) em seu artigo “Para Entender o Desconstrutivismo”, faz um
breve relato do que é o estruturalismo e o que pregava na arquitetura:
De uma maneira ampla, podemos falar de estruturalismo toda vez que um objeto de
conhecimento é encarado como uma estrutura. Essa prática foi saudada como um
passo adiante da visão mecanicista do mundo, segundo a qual esse objeto era encarado
como uma máquina. [...] No âmbito da arquitetura, mais recentemente, lembramo-nos
da "máquina de morar" de Le Corbusier. O modelo da máquina foi o principal
orientador do pensamento moderno, e podemos dizer que a ele devemos muito do que
se conseguiu em termos de conhecimento científico. Apesar disso, esse modelo tem
suas limitações, e essas apareceram com muita clareza já no século 19. (COLIN,
2009)
[...] Os eixos ortogonais são uma referência poderosa, e raramente uma planta de
edifício não ostenta esta ortogonalidade, muitas vezes explícita e intencional, mas na
maioria dos casos um conceito estruturante apenas implícito, talvez o mais forte dos
conceitos estruturantes do mundo moderno utilizado nos projetos arquitetônicos.
(COLIN, 2009, s. p.).
31
Figura 14 - Quebra dos Eixos Ortogonais
Figura 13 - Quebra dos Eixos Ortogonais Fonte: www.revistaau.com.br
Fonte: www.revistaau.com.br
Numa época em que tudo está evoluindo tão depressa, tecnologia, urbanização, o
mundo está seguindo num rumo onde o meio construído vem tomando frente ao meio natural
comprometendo a saúde do meio urbano e seus habitantes. Segundo Schenk (2012) “O mundo
atual, que tem como uma de suas pautas a questão da sustentabilidade, mostra conflitos
relacionados ao desenvolvimento social e econômico, crescimento populacional e seus
impactos no meio ambiente”.
A implantação de qualquer estrutura artificial, como um edifício, tende a causar
impactos negativos no ecossistema, sua presença pode causar erosão do solo, alterar a fluência
das águas superficiais, modificar a velocidade e direção do vento e alterar a forma com que o
calor do sol é refletido e absorvido, segundo Yeang (1995, pag.16).
Para diminuir esses impactos Yeang (1995) cita premissas cruciais para a implantação
de um edifício de maneira correta, dentre elas estão:
32
- Do conceito ecológico e do meio ambiente: Contemplar o entorno e incorporar o
conceito ecologista do meio ambiente, analisando todas as características do local antes da
implantação.
- Conservação de energia, materiais e ecossistema mediante projeto: Como a Terra é
um sistema de materiais finito, deve-se pensar dentro desse limite. O pensamento ecológico
impõe o uso racional do ecossistema e dos recursos naturais, utilização de energias renováveis
empregadas na construção, funcionamento e resíduos que vão para o descarte.
- Enfoque contextual de um ecossistema: A implantação de uma edificação produz
influências no ecossistema e no sistema biosférico, necessitando que o projetista faça uma
analise dos impactos e escolha terrenos com permissão dada pelos órgãos competentes.
- A Implantação do Projeto deve ser analisada individualmente: Da mesma maneira
que não existem duas espécies de animais iguais, os terrenos das implantações são
ecologicamente heterogêneos, tendo cada um suas próprias propriedades quanto a elementos
orgânicos e inorgânicos.
- O Ciclo de vida como conceito de projeto: As interações entre os ecossistemas são
processos dinâmicos e sofrem alterações ao longo do tempo, sendo ideal prevenir o impacto e
o rendimento do sistema projetado nos ecossistemas durante todo o ciclo da edificação.
-Toda construção provoca um deslocamento espacial do ecossistema e algumas
adições de energia e materiais novos ao local de implantação
- O “sistema total” o enfoque holístico: O projeto deve ser concebido no contexto
global do ecossistema, operando como um todo, e não com apenas em relação ao solo e
alguns de seus componentes.
- O problema da eliminação dos produtos de descarte: De modo geral, os ecossistemas
possuem a capacidade de assimilar certa quantidade de intervenção humana. Deve se procurar
diminuir a quantidade de resíduos provindos das atividades ocorridas na edificação.
- Estratégia de projeto baseada na sensibilidade e na previsão: O objetivo do projeto
ecológico não é manter a biosfera e os ecossistemas fora do alcance das atividades humanas,
mas relacionar as atividades humanas com os ecossistemas da maneira menos destrutiva
possível, de modo mais vantajoso e compatível com as limitações inerentes ao ecossistema.
Frank Lloyd Wright (1867-1959) foi um arquiteto exemplar na questão de respeito à
natureza, a arquitetura ecológica. Sua arquitetura possui um conceito organicista, sua obra se
relaciona muito bem com o meio em que esta inserida, geralmente em meio à natureza,
aproveitando os recursos naturais locais e suas potencialidades.
33
Personalidade explosiva, desmedidamente egocêntrico, entusiasta de uma
filosofia de vida fundada no culto a personalidade, Wright preferia a pradaria à cidade,
pela qual nutria uma relação conflituosa de amor e ódio. Evitava a cidade
contemporânea, pois a julgava a máquina destruidora do indivíduo, que, segundo o
arquiteto, seria resgatado somente se perseguisse uma relação nova com a natureza.
Por esse motivo seu principal terreno de confronto e enraizamento foi frequentemente
representado pelo interior americano vasto e sem limites. (GELMINI, 2011)
Além de conceber um projeto que se preocupe com o meio ambiente, aliando natureza
e espaço construído, mostrando que é possível edificar junto com o preservar, sem gerar
grandes impactos ao meio ambiente, incentivando o pensamento da sustentabilidade nos
projetos arquitetônicos numa cidade que está em constante crescimento. Ao mesmo tempo,
procura-se aproveitar o máximo das vistas e potencialidades da região, insolação, vento, para
causar encantamento nos usuários, tornando o Centro Cultural possivelmente mais
interessante para um estabelecimento que tenha sucesso quanto ao seu uso contínuo.
34
Figura 16 - Casa da Cascata
Fonte: vitruivius.com
Figura 17 - Casa da Cascata Vista Interna
Fonte: casadacascataequipe.blogspot.com
Cascavel está localizada numa faixa do Paraná onde sua mata é especificamente a
Ombrófila Mista, a qual se caracteriza por mesclar elementos de duas floras de origens
distintas, a tropical Afro-brasileira e temperada Austro-brasileira. A Araucária, vulgo pinheiro
do Paraná, é umas das espécies predominantes na região, sendo a floresta das Araucárias
35
típica de regiões com altitudes próximas ou acima de 800m. A altitude média de Cascavel é
de 785m em relação ao nível do mar, suas coordenadas são: 24° 57' 21" S 53° 27' 18" O.
Nas regiões Oeste e Noroeste do Estado do Paraná o vento predomina na direção NE e
na região Nordeste a direção SE. Para o Estado do Paraná a direção predominante do vento é
NE com 23,9% de frequência (Obladenet al., 1983).4 Clima Subtropical Cfb. - Clima
temperado, com verão ameno. Chuvas uniformemente distribuídas, sem estação seca e a
temperatura média do mês mais quente não chega a 22ºC. Precipitação de 1.100 a 2.000 mm
anual. Geadas severas e frequentes, num período médio de ocorrência de dez a 25 dias
anualmente. Esse tipo de clima predomina no planalto do Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Paraná5.
4
Disponível em: http://www.iapar.br/arquivos/File/zip_pdf/IP67.pdf
5
Fonte: (http://www.cnpf.embrapa.br/pesquisa/efb/clima.htm).
6
Certificação Leed. Disponível em: http://gbcbrasil.org.br/sobre-certificado.php
36
- Materiais e recursos: Uso de materiais de baixo impacto ambiental, ou de rápida
renovação, redução na geração de resíduos, e incentivo à coleta consciente de materiais
recicláveis, reduzindo o montante de lixo destinado aos aterros sanitários (14 pontos).
- Qualidade Ambiental Interna: Promove a qualidade interna do ar, escolha de
materiais com baixa emissão de compostos orgânicos voláteis, como tintas e vernizes,
conforto térmico e priorização das vistas para o exterior e iluminação natural (15 pontos).
- Inovação em design e operação: Incentiva a busca de conhecimento sobre Green
Building, assim como a criação de medidas projetais não descritas nas categorias do LEED (6
pontos).
- Créditos de Prioridade Regional: Incentiva os créditos definidos como prioridade
regional para cada país, de acordo com as diferenças ambientais, sociais e econômicas
existentes em cada local (4 pontos).
Pretende-se, através do projeto, atender às exigências do programa para obter o
mínimo da certificação (40 a 59 pontos).
37
Águas Cinza: são as águas servidas, oriundas de pontos de consumo como os
lavatórios, chuveiros, banheiras, pias de cozinha, máquinas de lavar roupas e tanques.
Sendo esta última, ainda, subdividida em outras duas classificações segundo
Fernandes (s. d.):
Água Cinza Clara: tem origem em banheiras, chuveiros, lavatórios e máquinas de
lavar roupas.
Água Cinza Escura: inclui ainda a água proveniente da pia da cozinha e máquina de
lavar pratos.
O produto resultante da reciclagem dessas águas e da água da chuva pode ser utilizado
para finalidades não nobres, como: descarga sanitária, descarga de mictórios, limpeza de
pátios e veículos e irrigação de jardins, desde que devidamente tratadas.
Quanto aos tipos de reuso, podem ocorrer tanto de maneira direta, que é quando o
efluente tratado é utilizado diretamente no mesmo local que recolhido, quanto indireto,
quando o efluente tratado é despejado em um curso natural de água e depois recolhido para
nova utilização. Este segundo é mais amplamente utilizado pelas concessionárias de
abastecimento de água como a SANEPAR.
De acordo com Giacchini (2011), nas áreas urbanas, o reuso está mais frequentemente
associado à reciclagem da água nas edificações, sejam elas residenciais ou industriais,
destacando-se a utilização da água cinza clara, cujo emprego se aplica para fins não potáveis.
Porém, mesmo para usos de águas não potáveis a qualidade sanitária precisa ser garantida por
meio de tratamento adequado.
Para a separação dos tipos de esgotos a serem tratados, segundo Silva et al.(s.d.), é
necessário que os ramais sejam independentes entre si, um para a água negra e outro para
água cinza clara. Esse procedimento reduz os custos de todo o processo, pois separam de
maneira efetiva os efluentes com mais poluentes daqueles com menos carga poluidora.
As águas para reuso são então transportadas para um sistema de tratamento que
retiram os resíduos da água e a desinfetam para que não haja o risco de contaminação
biológica pelos usuários. O sistema precisa estar em constante avaliação para que se garanta o
padrão de qualidade necessário para essa água.
38
Segundo Silva et al. (s.d.), o sistema de tratamento se baseia em um filtro com
múltiplas camadas por onde passa o efluente a ser tratado. Dentre estas, encontram-se
camadas de lascas de madeira, pedregulho médio, areia grossa, areia fina, brita e pedregulho.
Após a filtragem dos resíduos sólidos é necessário ser feita a desinfecção microbiana através
da cloração ou de um filtro com aplicação de radiação ultravioleta. O sistema de tratamento é
dimensionado com base na quantidade e frequência de despejo dos efluentes.
Após o tratamento, essa agua é levada até um reservatório apropriado para, então, ser
bombeada para um reservatório superior e possibilitar a distribuição desta para instalações
como em banheiros nas bacias sanitárias, e torneiras de limpeza externa e irrigação. É de
extrema importância que as tubulações hidráulicas sejam totalmente independentes umas das
outras para que não haja contaminação da água potável provinda da concessionária local7.
7
SILVA et al. Avaliação Da Reutilização De Águas Cinza Em Edificações, Construções Verdes E
Sustentáveis. Disponível em: <
http://www.conhecer.org.br/enciclop/2010c/avaliacao%20da%20reutilizacao.pdf>
39
Figura 20 - Sistema de Reuso de Águas Cinza.
Fonte: Silva et al. apud Oliveira et al. (2007)
40
urina de rato, contaminando o sistema fluvial com consequentes riscos à saúde do meio
ambiente e da população abastecida com essa água.
No Estado de São Paulo, devido a inúmeras enchentes que param a capital do estado a
cada chuva, foi criada em 2002 a Lei 13.276 que obriga a criação de reservatórios de água
pluvial, para qualquer edificação onde a área de impermeabilização ultrapasse 500m² para
41
acumular essa água. Porém, ao contrario da ideia dos poços de infiltração, esses reservatórios
são impermeáveis, servindo apenas para reter parte da água por um determinado período de
tempo antes de jogá-la para a rede pública.
Não basta defender uma bandeira de luta. É preciso incorpora-la, de corpo e alma. Foi
com esse propósito que o prefeito de Assis Chateaubriand e presidente da Amop,
Marcel Henrique Micheletto, não mediram esforços para que a sustentabilidade
fizesse parte da rotina da maior e mais respeitada entidade municipalista paranaense.
Pois o que era um sonho se tornou realidade: na entidade está funcionando, desde o
inicio do ano, painéis com energia solar, e quase 70% das necessidades energéticas
passam a ser supridas por essa fonte sustentável 9.
8
Disponível em: www.mma.gov.br/clima/energia/eficiencia-energetica
9
REVISTA DA AMOP
42
Figura 22 - Painel Fotovoltaico
Fonte: www.neosolar.com.br
O jardim sensorial tem como principal objetivo trazer sensações e reviver lembranças
nos usuários a partir de cheiros, texturas, sabores, cores, e também sons. O projeto contará em
seu interior com um jardim para a contemplação, completando as experiências sensoriais
junto com o conceito de natureza.
De acordo com Chimenthi (2008), a maioria dos jardins, tanto residenciais quanto
públicos não são adaptados para as pessoas com deficiência nem mesmo aos idosos, que já
perderam parte da sua capacidade motora e sensorial. Para amenizar esse problema os jardins
10
Disponível em: http://www.neosolar.com.br/aprenda/saiba-mais/painel-solar-fotovoltaico
43
devem ser projetados com sua entrada em nível paralelo para que não haja rebaixos nem
degraus em seu acesso.
Esse estilo de jardim tem grande influência da cultura oriental e tem como objetivo
alcançar os cinco sentidos humanos:
- Olfato: Através dos aromas das espécies de flores e folhagens.
- Visão: Através de cores exuberantes, formas, e tipos de composição.
- Audição: Com o movimento de águas.
- Tato: Textura das folhas, caminhos de pedras.
- Paladar: Arvores frutífera.
Chimenthi (2008), explica que as plantas possuem deferentes texturas de acordo com
sua espécie trazendo diferentes sensações, os repuxos de água criam um ambiente com uma
sonorização relaxante, é possível criar esse efeito com bombas de aquário e fontes
ornamentais. Ervas aromáticas e diferentes flores mexem com o sistema olfativo dos usuários,
as ervas aromáticas possuem efeitos terapêuticos, ativam as células sensíveis que cobrem as
passagens nasais, chegando direto para o cérebro. Desta forma tais ervas afetam as emoções.
E por fim, as cores da vegetação conseguem criar uma harmonia na conotação visual.
44
Figura 24 - Acessibilidade em Jardim
Fonte:www.jornalagora.com.br
Os jardins em espaços públicos devem ser projetados para que a maior parte das
pessoas possa ter acesso de maneira independente a todas as suas áreas.
45
CAPÍTULO IV – REFERÊNCIAS ARQUITETÔNICAS
Boa parte de suas obras ora estão localizadas próximas a montante de águas naturais
como rios, lagos e mares, ora ele mesmo projeta espelhos d’água utilizando o reflexo gerado
pela proximidade com o elemento para completar a estética dos projetos.
Em relação ao emprego de materiais, em suas construções percebe-se o uso de
diversos revestimentos diferentes entre si numa mesma obra, podendo-se encontrar pedra,
concreto aparente, aço, chapa perfurada, vidro e madeira juntos.
Considerações:
A escolha desse arquiteto de referência deve-se, em base, de que seu trabalho é de
grande importância para as comunidades, geralmente se tornando marcos para a cidade de
suas implantações.
De suas características projetuais, se sobressai a utilização da cor branca nas fachadas
que, além de ressaltar o desenho da forma contribuí para o sentido do conceito do projeto do
Centro Cultural Multissensorial de que as cores são um privilégio apenas do sentido visual.
47
Outra característica de Calatrava a ser utilizada como referência para a volumetria é o
conceito de mimese11, muito frequente em suas obras.
A seguinte análise sobre obras correlatas e de referência para basear o posterior projeto
arquitetônico de um Centro Cultural Multissensorial, como correlatas foram escolhidas dentre
os diversos projetos com relação à espaços de arte e cultura do arquiteto de referência
Santiago Calatrava, já na parte das obras de referência serão dispostas obras de outros
arquitetos também relacionados ao tema.
O Palácio das Artes é uma obra do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, e está
localizada na Cidade de Valência na Espanha. Faz parte do complexo cultural “Cidade das
Artes e Ciências de Valência”, que foi construído no antigo leito do rio Turia, que cortava a
cidade, no qual após seu desvio se tornou uma grande praça.
Localizado ao lado do prédio principal do complexo cultural, o prédio também
chamado de “Opera House” possui além de auditório, galerias para exposição de quadros
artísticos e elementos decorativos. O palácio é a ultima peça do complexo a ser projetada e
construída, tornando o Complexo Cultural o mais importante espaço artístico da cidade de
Valência na Espanha12.
11
Do gr. mímesis, “imitação” (imitatio, em latim), designa a ação ou faculdade de imitar; cópia, reprodução ou
representação da natureza, o que constitui, na filosofia aristotélica, o fundamento de toda a arte. (CEIA, sem
data)
12
Disponível em: http://www.calatrava.com/projects/palau-de-las-artes-valencia.html
48
Figura 27 - Palácio das Artes da Rainha Sofia
Fonte: au. pini.com.br
Desde sua inauguração chama atenção das pessoas pela sua monumentalidade, com
seus 75 metros de altura e 163 metros de comprimento. De acordo com Figuerola (2007), sua
forma é geralmente associada à forma dos barcos que ali existiam antes do deslocamento do
caminho do rio, ou, a uma pena, representada pela cobertura, repousando sobre a edificação.
Apesar disso, Calatrava afirma que concebeu o palácio como um "objeto escultural
autônomo", sem ligação com os temas anteriormente mencionados. "Todos os meus
projetos, incluindo o Palácio das Artes, começam com um desenho ou aquarela que
partem de um gesto. Pode ser o gesto de uma criatura viva ou de minha mão se
movendo pela página", revela, sem deixar claro o que, exatamente, o fez chegar a essa
forma. (FIGUEROLA, 2007, sem página)
A edificação conta com um auditório principal para 1.700 pessoas, com o terceiro
maior fosso de orquestra do mundo com 180m²; uma sala auxiliar para 400 pessoas para
pequenas apresentações musicais e conferencias; um anfiteatro para 1.500 pessoas e um teatro
de câmara para 400 expectadores.
49
Figura 28 - Palácio das Artes da Rainha Sofia
Fonte:www.skyscrapercity.com
O palácio conta com espaços que privilegiam vistas panorâmicas do complexo das artes onde
possui outros projetos. Escadas helicoidais por entre as cascas e o volume do auditório levam
os visitantes a diferentes níveis onde podem encontrar cafés, jardins e os terraços.
13
Disponível em: http://www.via-arquitectura.net/15/15-138.htm
50
Figura 29 - Plantas Palácio das Artes
Fonte: www.via-arquitectura.net/15/15-138
Os materiais utilizados na obra para as duas cascas e a cobertura em pena formam uma
estrutura metálica espacial com fechamento de laminas de aço na cor branca. A estrutura do
edifício se baseia, em quase sua totalidade, em concreto armado.
Considerações:
51
6.2.2 Museu de Arte de Milwaukee – Santiago Calatrava
O museu de arte foi uma obra que foi conjugada parcialmente a um prédio já existente,
um memorial de guerra projetado por Eero Saarinen de 1957. Este projeto consistia num
grande retângulo de concreto ligado a uma ponte e que, apesar de sua importância para a
cidade, a edificação tinha uma falta de identidade arquitetônica, a claridade natural.
Calatrava propôs a criação de um pavilhão independente contrastando com a
volumetria original utilizando de aço e concreto na cor branca, com sua forma lembrando um
navio. A estrutura do pavilhão possui uma espetacular característica, um brise-soleil em forma
de persiana metálica que abre como as asas de um grande pássaro trazendo iluminação natural
para o centro da galeria de exposições.
O novo prédio adicionou à construção original 13.200m², possui uma galeria de
exposições temporária de 1.500m², um centro educacional com capacidade para 300 pessoas,
um espaço de leitura, uma loja de presentes e um restaurante que atende 100 pessoas com a
melhor vista para o Lago Michigan.
52
Figura 32 - Interior Fechado Figura 33 - Interior Aberto
Fonte: Fonte:
http://www.galinsky.com/buildings/milwaukeeart/ http://www.galinsky.com/buildings/milwaukeeart/
Considerações:
A obra foi escolhida como referência, devido também, à forma surpreendente que
foram projetados os brises. O arquiteto se utiliza de elementos mecânicos para fazer essa
movimentação com graça e leveza. Da mesma forma, pretende-se buscar no projeto
arquitetônico, utilizar tecnologia baseada nesse exemplo para buscar um meio de conforto
termolumínico para o Centro Cultural Multissensorial.
53
Sua estrutura funcional conta com um auditório para 1.800 pessoas, e uma câmara
music hall para 400 pessoas. O acesso público ao auditório está localizado logo abaixo da
enorme curva esculpida em concreto. O setor de serviços e de administração são servidos por
ar condicionado, já nas partes sociais, o arquiteto optou pela utilização dos ventos naturais das
marinas para o conforto térmico do edifício e seus usuários, o ar flui através das áreas
envidraçadas e por entre as conchas de concreto.
A acústica foi pensada com painéis de madeira dispostos num formato meio que
cristalino e pintados na cor branca, que ajuda na dramaticidade do espaço interno. A reflexão
sonora foi testada com lasers para ajudar no dimensionamento da abóboda do auditório. Em
vez de possuir cortinas no palco, o auditório possui uma tela sanfonada de alumínio vertical
que, quando aberto, se ergue para dentro do auditório para agir como um refletor de som
sobre o fosso da orquestra14.
14
Disponível em: www.calatrava.com/projects/adan-martin-auditorio-de-tenerife-santa-cruz-de-
tenerife.html?image=1&image=7&view_mode=overview
54
Figura 35 - Auditório de Tenerife
Fonte: www.calatrava.com
Considerações:
Desta obra, como referência, será utilizado seu partido volumétrico de formas curvas,
e principalmente o modo com que conseguiu, de maneira inovadora, projetar uma “cortina”
metálica de dupla função, fechar o palco e amplificar a ressonância do som da orquestra.
O museu de Nova York teve sua construção terminada no ano de 1959 e foi desenhado
pelo arquiteto renomado Frank Lloyd Wright que, infelizmente, morreu antes da conclusão de
sua ultima e maior obra de sua carreira. A obra está localizada no 1071 5th Ave, New York,
NY 10128, Estados Unidos, em frente ao famoso Central Park.
“O museu Guggenheim representa a apoteose dos conceitos de Wright relativo à
arquitetura orgânica”, afirma Pfeiffer (1997).
A natureza não somente providenciou ao museu uma pausa das distrações de Nova
York, mas também o inclinou a sua inspiração. O museu de Guggenheim é uma
personificação de Wright das tentativas de tornar a herança da plasticidade das formas
orgânica da arquitetura. [...]. (DRUTT, s.d.)
55
Figura 36 - Guggenheim de Nova York
Fonte: guggenheim.org
[...] Seu zigurate invertido assim como um templo da Babilônia faz o design do
museu, o que leva os visitantes através de uma série de salas interconectadas
forçando-os a retrocedes seus próprios passos na saída. Ao contrario, Wright leva as
pessoas até o topo do edifício através de um elevador, e os guia para baixo pelo
espaço de lazer numa contínua e suave rampa helicoidal. As galerias são divididas
como as membranas de uma fruta cítrica, com seções interdependentes entre si. O
ambiente aberto no centro proporcionou aos visitantes a única possibilidade de ver
várias alas de trabalhos em diferentes níveis simultaneamente. O design em espiral
relembrou as conchas marinhas, com espaços contínuos se juntando livremente com
os outros. (DRUTT, s.d.)
56
Figura 37 - Rampas Guggenheim NY Figura 38- Esquema Rampa em Espiral
Fonte:www.redesignrevolution.com Fonte: guggenheim.org
Os métodos construtivos utilizados para a realização de tal obra foram em especial aço
e concreto. “O Guggenheim é um estrutura plástica em que o concreto se molda em formas
curvilíneas com o reforço do aço”, relata Pfeiffer.
Aqui, pela primeira vez, a arquitetura se faz plástica, com cada nível fluido sobre o
outro (como na escultura) no lugar da habitual sobreposição estratificada sobrepondo-
se a partir de um sistema construtivo de pilar e viga. O edifício inteiro, em concreto, é
como uma casca de ovo de grande simplicidade formal, mas que uma estrutura
reticulada. A carne suave do concreto se faz forte mediante a inserção de filamento de
aço, tanto separados como (reticulado/ intercruzado). (PFEIFFER, 2007, pág.142)
Considerações:
Dessa obra será utilizada como referência sua grande rampa em forma de espiral, o
ponto principal do museu, que consegue integrar os diferentes níveis de exposições
transmitindo aos usuários uma sensação de fluidez e de espaços mais amplos. O grande vão
gerado em conjunto com uma cúpula, distribui a iluminação provinda do exterior para o
interior da galeria de maneira, permitindo uma iluminação natural a todo o complexo sem que
estrague as obras expostas.
Da mesma forma que as rampas em espiral criam uma sensação de integração do
indivíduo com o ambiente arquitetônico, também possibilita o acesso igualitários de todos os
usuários, independente de suas limitações motoras, o acesso a todos os diferentes níveis e
espaços do projeto, no caso, do Centro Cultural Multissensorial.
57
uma sala de concertos, uma casa de óperas, teatro dramático e um multiuso, gerando um total
de 6.300 lugares. Zaha Hadid descreve sobre o design:
Uma escultura que emerge de uma interseção linear do passeio dos pedestres por
dentro do distrito cultural, gradualmente se desenvolvendo em um organismo que
cresce brotando uma rede sucessiva de ramificações. Pelo fato de ventar no local, a
arquitetura aumenta a sua complexidade, construindo em altura e profundidade
proporcionando múltiplos níveis que abrigam os espaços performáticos, relembrando
frutas no vinho que seguem para o oeste em direção ao mar. 15
15
SITE ZAHA HADID. Abu Dhabi Performing Arts Centre. Disponível em:
< http://www.zaha-hadid.com/architecture/abu-dhabi-performing-arts-centre/>
58
A arquitetura se aproveita de materiais transparentes que permeiam a visão exterior do
mar para o interior dos ambientes, gerando uma sensação de amplitude e integrando a
natureza. Um dos seus ambientes performáticos esta voltado para o mar utilizando da
paisagem natural para a composição do cenário.
Zeballos (2012) ao analisar o projeto da Zaha Hadid, relata que um dos aspectos para a
alta iluminação foi sua utilização de grandes janelas nos halls, permitindo a entrada de luz e a
apreciação das vistas da cidade retomando o espírito dos antigos teatros gregos.
Levando em conta que em Abu Dhabi faz um calor perto dos 50 graus durante o dia,
seria necessário um ótimo sistema de refrigeração de ar para compensar os grandes panos de
vidro que trazem o calor para dentro, sendo assim a solução utilizada pela arquiteta segundo
Zeballos (2012) foi pela utilização de vidros especiais que refletem a maior parte do calor de
volta, não agravando o conforto térmico da obra.
Considerações:
O motivo principal para a escolha dessa obra da Zaha Hadid como referência foi da
valorização das vistas externas da edificação como complemento da ambientação dos espaços
externos, principalmente como cenário e fundo do auditório principal. Através da
incorporação dessa relação interior e exterior, o projeto do Centro Cultural Multissensorial,
59
buscará trazer o usuário a sensação de estar no meio da natureza, e também trazer uma visão
mais encantadora para os espectadores visuais no auditório principal.
7.3 Jardim dos Cinco Sentidos de Nova Delhi – Corporação de Desenvolvimento de Transporte e
Turismo de Nova Delhi.
Segundo o site do governo da Índia16, o jardim dos cincos sentidos não é somente um
parque, é um amplo espaço para apreciação de novas experiências. A proposta foi criar um
espaço que dialogasse a criação do homem com o meio natural convidando os usuários à
interação e exploração. No mesmo tempo que o projeto supre as necessidades do público
quanto a espaços de lazer, também estimula a percepção humana dos espaços.
16
Disponível em: http://www.vigyanprasar.gov.in/5senses/develop71a.htm
60
Figura 43 - Fonte de Elefantes
Fonte: khurki.net Figura 44 - Esculturas em Aço
Fonte: khurki.net
Considerações:
62
Figura 46 – Perspectiva Projeto Figura 47 - Movimentação de Terra
Fonte: CHACEL, Fernando. Paisagismo e Fonte: CHACEL, Fernando. Paisagismo e
Ecogênese. Pág. 71. Ecogênese. Pág. 71.
A solução encontrada pelo arquiteto e paisagista foi reimplantar uma cobertura vegetal
destinando um uso àquela área que fosse condizente com o futuro da região. Foi considerada
no traçado do projeto a existência de espécies exóticas plantadas pelos próprios moradores.
O conjunto de plantas utilizadas assim como a sua associação uma com as outras
remetem em, até certo ponto, a fisionomia das restingas destruídas da região. Dentro do
parque foi reimplantado um arvoredo da Mata Atlântica, para que a comunidade pudesse
visitar e conhecer algumas das espécies nativas desse ecossistema, junto com os manguezais e
as restingas que fazem parte do sistema Vegetal Atlântico.
Considerações:
63
CAPÍTULO V – PROPOSTA DE UM CENTRO CULTURAL MULTISSENSORIAL
9.0 PROJETO
9.1 Localização:
Figura 48 – Localização
Fonte: Google Earth (2015)
64
O terreno escolhido para sua implantação se localiza a Avenida Rocha Pombo esquina
com a Rua Waldemar Casagrande que se liga à BR-277. Situa-se próximo à reserva ecológica
da cidade, onde se encontram o Parque Danilo Galafassi, o Zoológico Municipal, e também o
lago da municipal (Parque Ecológico Paulo Gorski) muito popular para caminhadas e passeios
familiares, e o kartódromo de Cascavel - Delci Damian. Localiza-se, também, nas
proximidades, a Instituição de Ensino Superior Anhanguera, que possui o curso de artes
visuais, o qual poderia usufruir do espaço do Centro Cultural para expor seus trabalhos
acadêmicos, divulgando a arte.
Estima-se que o espaço em questão terá, aproximadamente, 12.323m². O terreno
escolhido possuí uma inclinação considerável, sendo a do menor dos lados (56 metros) com
um desnível de 5,7 metros de uma ponta a outra, e do maior (151 metros) com desnível de
12,4 metros. O terreno encontra-se com sua flora nativa parcialmente degradada, restando
algumas árvores de pequeno porte e principalmente com predomínio de forração baixa e erva
daninha.
Segundo as leis de uso do solo da Prefeitura de Cascavel, conclui-se que o terreno está
apto a receber uma edificação de teor público dentro dos seguintes limitantes:
17
A percolação traduz o movimento subterrâneo da água através do solo, especialmente nos solos saturados ou
próximos da saturação. (Infopédia) http://www.infopedia.pt/$percolacao-e-perdas-de-agua
65
água no solo tanto quanto estava antes de edificado. Também busca reconstituir, através do
projeto paisagístico, a mata nativa do local na área restante da implantação do edifício.
66
9.2 Partido Arquitetônico e Implantação:
67
Para a composição formal foi escolhido uma das espécies de flor que pertence ao
ecossistema nativo da região de Cascavel, a Begônia cucullata.
9.4 Funcionamento:
Dos espaços:
o Galerias: Uma série de galerias trazem elementos que trabalham a estimulação
de cada um dos sentidos de maneira (separada) nos usuários, permitindo o
aprimoramento dos mesmos em cada etapa, com o objetivo de que no fim do
trajeto possam desfrutar de um jardim sensorial com a plenitude de seus
sentidos.
o Oficinas: Tem como objetivo estimular a criatividade e a produção de bens
artísticos.
Da inclusão e acessibilidade: Ferramentas tecnológicas possibilitam a utilização de
maneira independente por parte dos deficientes visuais a todas as instalações, assim
68
como a áudio-descrição e painéis digitais informativos. A ideia de rampas na sua
concepção permite a todos os usuários, assim como os de mobilidade reduzida, a
transitar pelos níveis da edificação livremente. Instrumentos tecnológicos ajudariam
na comunicação entre as pessoas.
- Câmaras aromáticas: Área de 150 m², espaço onde estarão dispostas diversas câmaras com
diferentes aromas.
- Livraria/Cafeteria: Espaço para adquirir livros e objetos diversos além de apreciar uma
refeição leve desfrutando de um ambiente agradável, atentando ao sentido do paladar e olfato.
Contendo:
- Cozinha
69
- Despensa
- Atendimento
- Jardim Sensorial: Fim do tour sensorial. Área de 1023m², um jardim fechado por guarda
corpo de vidro delimitando os sentidos, por fora apenas à contemplação estética visual, por
dentro olhos vendados para apreciar a textura e sentir os aromas.
-Guarda Volumes: Área de 14,64 m². Para que os usuários possam guardar seus calçados e
pertences antes de entrar no jardim.
- Biblioteca: Área de 152 m², contendo arquivos digitais e físicos de livros que podem ser
lidos pelos os usuários, entre outras funções.
- Auditório multifuncional: 212 pessoas. Auditório para pequenas apresentações, com tela de
projeção, também, para cinema com mecanismos para a exploração de todos os sentidos
(vento, chuva, etc.), como referência, um cinema 4D, parecido com o que já foi referido como
Cinema 6D, por um curto período de tempo na cidade, conforme reportagem da Gazeta do
Povo (2011):
70
Uma cabine no Cascavel JL Shopping, região oeste do Paraná, irá exibir seis curtas
com a nova técnica até o dia 30 de outubro.
Além de efeitos visuais e sistema de áudio 7.2, o público do 6D tem movimentos nos
assentos, sente cheiro, vento no rosto e toma um pequeno banho por conta dos efeitos
de água.
“Tudo para você se sentir como parte da trama.”.
- Bilheteria: Área de 6.88 m², venda de ingressos para apresentações de peças teatrais e
exposições.
9.5.4 Administrativo:
71
- Sala de reuniões: Área de 55 m².
- Acervo: 104 m²
- Almoxarifado: 8.85 m²
72
CAPÍTULO VI
Cascavel é uma cidade que vem se desenvolvendo num ritmo acelerado, com
qualidade nas áreas de geração de empregos e educação, mas que ainda possui poucos
investimentos no setor cultural, principalmente quando se trata em atender as necessidades de
lazer e cultura de seus habitantes com algum tipo de deficiência sensorial.
Justifica-se nisso, o pensar a possibilidade de criação de um espaço cultural que
trabalhe através dos cinco sentidos, possibilitando inserção também dessas pessoas ao meio
artístico/cultural, culminando, então, com a ideia de um Centro Cultural Multissensorial.
Na Introdução, apresentou-se um pouco sobre assunto proposto, a delimitação do
tema, problema e hipóteses iniciais da pesquisa. Usou-se como justificativa da proposta a
necessidade de espaços mais acessíveis e inclusivos, sendo que acessibilidade por si não gera
inclusão, mas sim, a criação de espaços e programas diferenciados. Apresentou-se, como
marco teórico, a acessibilidade e a sustentabilidade, que deram embasamento e sustentação à
pesquisa. Introduzidos os elementos que estruturaram a pesquisa, o desenvolvimento da
mesma dividiu-se em duas partes: resultados e discussão dos resultados. Resgatando-se o
problema da pesquisa, indagou-se: De que forma a arquitetura pode contribuir ao acesso à
cultura e lazer para pessoas com deficiência sensorial, conjuntamente ao público geral, na
cidade de Cascavel? Pressupôs-se, como hipóteses, que a criação de um espaço destinado à
cultura pode vir a contribuir com a disponibilidade de locais para apreciação artística na
cidade, e que a partir da criação de ambientes diferenciados quanto ao seu uso possa criar a
inclusão. Definiu-se como objetivo geral a criação de um Centro Cultural Multissensorial,
pensado na acessibilidade e inclusão. Para que tal objetivo fosse atingido, elegeu-se os
seguintes objetivos específicos: pesquisar quantitativo de público alvo deficiente sensorial e o
seu acesso nos locais já existentes, assim como a função dos diversos sentidos na percepção, e
novas tecnologias de acessibilidade.
No subtítulo Cascavel, Cultura e Acessibilidade, o trabalho abordou a apresentação de
dados sobre a condição atual do acesso à cultura na cidade e seu respectivo público alvo geral
contabilizando, também, os com alguma deficiência sensorial. Também foi relatada a
presença de entidades voltadas ao atendimento desse público que possui algum tipo de
deficiência, auxiliando na luta de seus direitos na sociedade. Foi através de entrevistas com
73
alguns deficientes sensoriais, que se comprovou a necessidade de espaços inclusivos, além de
acessíveis, no âmbito da cultura e do lazer. Dessa forma foram respondidos o primeiro e o
ultimo objetivos específicos. Quanto ao segundo objetivo específico, o mesmo foi atingido no
subtítulo Acessibilidade. No que diz respeito ao terceiro objetivo específico, considera-se que
o mesmo foi atingido pelo subtítulo O Sistema Sensorial, que explicou de que maneira os
sentidos influenciam na nossa percepção dos espaços e objetos.
Depois de verificados, analisados e considerados atingidos os objetivos específicos no
decorrer da pesquisa e tendo como aceito o fato de que estes foram desenvolvidos para
atender o objetivo geral, considera-se como atingido este objetivo, estando o tema proposto
apto para ser desenvolvido em outras áreas de sua atuação, como na realização do projeto
arquitetônico, e utilizado seu referencial teórico.
No decorrer do trabalho, ao se analisar o embasamento teórico obtido, percebeu-se que
a realização de um breve estudo sobre a origem da segregação de pessoas com deficiência
sensorial e a atual busca de sua eliminação (pelo menos atenuação), através da criação de leis
e mudanças no padrão arquitetônico de acessibilidade em edifícios de uso público, levou à
melhor compreensão sobre o assunto, possibilitando a escolha de melhores soluções para o
projeto.
Foi a partir de um pensamento ecológico que foi escolhido o terreno mais adequado
para a implantação. A escolha foi fundamental para destacar a importância da preservação dos
ecossistemas de nossas cidades, trazendo um novo pensamento sobre sustentabilidade nos
espaços construídos, evocando a preocupação com a redução dos impactos ambientais no
entorno imediato.
A proposta volumétrica serve ao seu propósito de demonstrar uma Cascavel em
direção ao futuro, com elementos de alta tecnologia e de forma inovadora para o padrão
arquitetônico da cidade, remetendo sua plasticidade orgânica inspiradas nas formas da
natureza relembrando o lado ecológico.
74
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