Plauto e o Triunfo Da Tragedia PDF
Plauto e o Triunfo Da Tragedia PDF
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Doutora em Linguística/Estudos Clássicos pela Universidade de Campinas (2014), com está-
gio na Ruprecht-Karls Universität, Heidelberg, Alemanha. Nossa pesquisa contou com apoio do
CNPq (processo nº 140562/2010-9).
**
Artigo recebido em 25.set.2015 e aceito para publicação em 14.dez.2015.
1
Uma célebre passagem da peça Mostelária (Mostellaria) cita os poetas gregos Dífilo e Filemão,
que se dedicaram à Comédia Nova: “Si amicus Diphilo aut Philemoni es, / Dicito is quo pacto
tuus te seruos ludificauerit. / Optumas frustrationes dederis in comoediis” (“Se você é amigo de
Dífilo ou de Filemão, você dirá a eles de que maneira seu escravo enganou você. Você terá dado
excelentes confusões para as comédias”, Most. 1149–52). Para uma discussão sobre essa passagem
(e menções dessa natureza) e a ilusão nas peças plautinas, cf. Cardoso 2010, 95–126.
2
Em Báquides (Bacchides) encontra-se a seguinte brincadeira, em que se menciona o título de outra
comédia plautina: “Etiam Epidicum, quam ego fabulam aeque ac me ipsum amo, / Nullam aeque
inuitus specto, si agit Pellio” (“Mesmo Epídico, uma peça que eu amo como a mim mesmo com razão,
com razão eu dela não gosto e a ela assisto de mau grado se o Pelião estiver atuando”, Bacch. 214 – 5).
3
São várias as referências à plateia, a maioria em prólogos, como ocorre em Os cativos (Captiui):
“Iam hoc tenetis? Optumest. / Negat hercle ille ultimus. Accedito” (“Vocês entenderam? Ótimo.
Por Hércules, aquele ali na última fileira diz que não. Chegue mais perto”, Capt. 10–11).
4
Um exemplo pode ser encontrado em Anfitrião (Amphitruo): “Vt conquistores singula in
subsellia / Eant per totam caueam spectatoribus” (“Que inspetores passem de lugar em lugar por
toda a plateia, fiscalizando os espectadores”, Amph. 65–6).
5
Como em Os cativos: “Nunc certa res est, eodem pacto ut comici serui solent, / Coniciam
in collum pallium, primo ex med hanc rem ut audiat” (“Agora está decidido, do mesmo modo
que costumam fazer os escravos de comédia, jogarei o pálio ao redor do pescoço, para que ouça
primeiro de mim esse caso”, Capt. 778–9).
6
Consideramos, aqui, o termo “metateatral” como aquilo que, no teatro, se refere ao próprio
teatro. Sobre “metatheatre”, termo cunhado por Abel (1963), e seu uso nos estudos plautinos
(Barchiesi 1969, Slater 1985), cf. Cardoso 2005, 21 ss.
7
Os mitos estavam presentes, porém, em produções anteriores, da Comédia Antiga e Média
gregas. Sobre isso, cf., por exemplo, Adriane S. Duarte (Aristófanes 2005, xv–xvi). Para alusões
mitológicas em peças de Plauto, ver Zagagi 1980, 1986.
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É o caso das seguintes peças: Aululária (Aulularia), cujo prologuista é o deus Lar (Lar
familiaris); Cásina (Casina), com a deusa Boa Fé (Fides); Cistelária (Cistellaria), que traz o deus
Auxílio (Auxilium); O cabo (Rudens), que conta com Arturo (Arcturus). Sobre a presença de
divindades em prólogos plautinos, cf. Abel 1955.
9
Uma análise mais completa sobre o trecho, bem como toda a obra Anfitrião, pode ser
encontrada em Costa 2010.
10
A enumeração das referências se baseia no Lexicon Plautinum de G. Lodge (1962) e em
resultados obtidos com a ferramenta de busca da base de dados online Perseus Digital Library;
para termos até a letra “p”, recorremos também ao Thesaurus linguae latinae (ThLL). Algumas
das ocorrências, em Plauto, de termos relacionados a obras e poetas citados neste artigo foram
elencadas por Knapp (1919a, 1919b).
11
Adotamos a expressão (“Kreuzung der Gattungen”) de W. Kroll (1924).
12
Cf. discussão em M. Leigh (2004, 78–81).
13
F. Leo, em sua edição do texto plautino (publicada primeiramente em 1896), infere tragicae
sunt em Poen. 1168, opção não adotada por W. M. Lindsay (primeira edição em 1903), nem por A.
Ernout (primeira edição em 1938), que preferem thraecae sunt, alternativa mais próxima da que se
encontra no manuscrito A (thracae); cf. Knapp (1919a, 38).
mente a épica e a lírica, ainda que não sejam tão evidentes, também têm
seu lugar na palliata plautina, que, dessa forma, mais do que “metateatral”,
pode ser considerada, em sentido mais vasto, “metapoética”, i.e. plena de
referências à poesia.
Diferentemente do que ocorre com os termos tragoedia, tragoedus, tra-
gicus, não é tão fácil encontrar, nas peças plautinas, termos latinos referen-
tes aos gêneros épico ou lírico. No caso da épica, não são registrados, na
tradição manuscrita latina anterior a Cícero e Horácio, os vocábulos epicus
(Opt. Gen. 1; cf. ThLL v.2.664) e epos (Sat. 1.10.43; cf. ThLL v.2.697–8). Se houve
registros de tais vocábulos antes dessa época, os textos se perderam.
Como já mencionamos em trabalho anterior,14 as peças plautinas não
apresentam termos como lyricus ou melicus.15 De início, os primeiros regis-
tros que nos chegaram são posteriores à época de Plauto: aparece lyricus em
Horácio (Carm. 1.1.35; cf. ThLL vii.2.1951), e melicus, em Cícero (Opt. Gen. 1; cf.
ThLL viii.615–6). Ademais, não se pode perder de vista o fato de que “lírica”
designa uma produção poética muito ampla, que abarca diversos “subgê-
neros”, e já na Antiguidade não era um tipo de poesia de fácil delimitação.16
Apesar de tais dificuldades, é possível encontrar outras palavras-
-chave que marcam a presença dos referidos gêneros poéticos não dramáti-
cos. No caso da lírica, por exemplo, há o termo elegeum (Merc. 409) na peça O
mercador (Mercator).17 Trata-se da primeira aparição da palavra, designando
“poema amoroso composto em dísticos elegíacos” (cf. OLD e ThLL v.2.339),
de que se tem notícia:
Porque com aquela aparência seria um escândalo se ela servisse de companhia a uma
mãe de família: quando caminhasse pelas ruas, todos contemplariam, olhariam, ace-
14
“A poesia lírica na palliata plautina” (Costa 2012).
15
Quanto ao termo carmen, o Oxford Latin dictionary (OLD, 3b) atesta um sentido específico de
“poesia lírica”, apontando registros a partir de Horácio (Ep. 2.2.59; 2.2.91). Porém, a vastidão de
sentidos que o termo assume dentro de um mesmo campo semântico (a saber, o da música e da poesia),
torna complexa a tarefa de precisar a partir de quando carmen passa a poder designar justamente
“poesia lírica”. O extenso verbete do ThLL, inclusive, traz à tona discussões sobre o uso do vocábulo.
16
O conceito de poesia lírica que preferimos adotar é amplo, e vai ao encontro do de E. Robbins
(Fuhrer et Robbins 2011), para quem, em contexto grego, toda a produção poética do século vii
a.C. até meados do século v a.C., com exceção da poesia em hexâmetro estíquico e do drama, deve
ser considerada “lírica”.
17
Sobre a ocorrência, cf. também Bianco 2003.
Não esperem, espectadores, até que eu proclame minhas batalhas: é com as mãos
que eu costumo proclamar meus combates, não com conversa. Bem sei eu que muitos
soldados relembram mentiras: pode-se relembrar o Homerônidas, e outros mil depois
dele, que foram declarados culpados e condenados por causa de falsas batalhas.
18
Sobre os cânones líricos da Antiguidade greco-romana, cf., por ex., Fuhrer et Robbins 2011.
19
Outra presença marcante da lírica na obra plautina está em O soldado fanfarrão (Miles
gloriosus), peça em que ocorre uma alusão ao fragmento 31 de Safo (Mil. 1246–7, 1260–2, 1270–
4). Tratamos do tema no artigo “A poesia lírica na palliata plautina” (Costa 2012) supracitado.
Sobre as influências que Plauto teria exercido sobre os poetas líricos que surgiriam em Roma,
especialmente no tocante ao vocabulário amoroso, cf. Bellido 1989, Martin 1905, Roussel 2009,
Yardley 1987. Sobre mesclas de gêneros poéticos em Ovídio, cf. ainda Bem 2011.
20
Para discussão sobre a relação entre épica e mentira em Plauto, cf. Cardoso 2005, 238; Costa
2010b, 32–3.
uma categoria de rapsodos que narravam feitos heroicos nos moldes dos
expostos nos poemas homéricos,21 quer, indiretamente, ao ilustre Homero.
Ainda que não deixe de garantir a presença da épica na obra de
Plauto, essa referência ao epos grego em Truculento não é uma menção ao
gênero tão explícita quanto os exemplos que anteriormente comentamos.
Nem tampouco tão claramente desenvolvida quanto a seguinte alusão a um
tragediógrafo antigo, extraída da comédia O cabo (Rudens):
Pelos deuses imortais! Que tempestade Netuno nos enviou noite passada! O vento
levou o teto de nossa casa de campo! Que necessidade há de ficar falando? Na verdade
não foi vento, mas uma Alcmena de Eurípides, de tal forma arrancou todas as telhas do
telhado, abriu ali janelas e fez com que dali entrasse mais luz.
21
Cf. por exemplo, o termo homerista, que o OLD define como “um declamador de Homero,
rapsodo” (“a reciter of Homer, rhapsode”). Em língua latina, o termo latino Homeronida não é
registrado em outro lugar.
(assim como não o teria sido na Comédia Nova grega). No entanto, há vá-
rias passagens significativas na obra plautina relacionadas à guerra, dentre
elas, destaquemos: o discurso de batalha do escravo Sósia (Sosia), em An-
fitrião (Amph. 186–247, 250–62), e a monodia do escravo Crísalo (Chrysalus),
em Báquides (Bacch. 925–77).22
A longa narrativa de Sósia conta como os tebanos, liderados pelo ge-
neral Anfitrião, venceram os teléboas em campo de batalha. O tom épico-
-trágico do trecho é facilmente perceptível; mas a tentativa de estabelecer
até que ponto o discurso é mais característico de uma epopeia ou de uma
tragédia exige uma observação mais atenta.23 Segundo a argumentação de
R. Oniga, que publicou um detalhado estudo sobre a passagem,24 há ele-
mentos ali que apontariam predominantemente para a épica.
De início, Oniga (1985, 205) estabelece uma relação entre os relatos
de um cantor épico e o discurso de Sósia no que diz respeito à fonte de
conhecimento acerca dos feitos narrados: em ambos os casos a perspectiva
do narrador seria onisciente. Essa onisciência, porém, não é exatamente da
mesma natureza para um e outro; há, conforme aponta o estudioso, dife-
renças a se levar em consideração. Sósia não viu o que se passou durante
a batalha porque preferiu ficar escondido em uma tenda bebendo vinho
(Amph. 199, 425–6, 431), e então, mentiroso (Amph. 198), ele alegadamente
compõe sua narrativa com base no que ouviu falar (Amph. 200). O poeta
épico, por sua vez, seria onisciente por concessão das musas; assim, não
precisaria ter presenciado os feitos para narrá-los com propriedade. Em
suma: o épico recria sua narrativa a partir de uma tradição, o escravo Sósia
inventa a sua em torno de testemunhos alheios.
No entanto, segundo Oniga, ainda que haja essa disparidade quanto
à “inspiração”, ambos se assemelham mais um ao outro que a uma perso-
nagem de tragédia com função relatora similar, o mensageiro. O mensa-
geiro trágico, de acordo com Oniga, conta o que viu com seus próprios olhos
apenas,25 o que de maneira alguma condiz com o que fez Sósia. Quanto a
esse ponto, então, essa passagem da peça Anfitrião em que Sósia ensaia seu
relato a Alcmena seria mais caracterizada pela épica do que pela tragédia.
Por um lado, Oniga destaca, além desse critério, ainda outros aspectos
que aproximariam a narrativa de batalha de Sósia de um épico, como a pre-
22
Sobre o tema da guerra em Plauto, cf. Costa 2010a.
23
Para considerações mais detalhadas sobre a o caráter trágico e/ou épico do discurso de
batalha de Sósia, cf. Costa 2010b, 31–8.
24
Oniga 1985.
25
“Contrariamente alla prospettiva onnisciente e distaccata del cantore epico (concessagli
dall’onniscienza divina delle Muse), la narrazione tragica è sempre focalizzata su ciò che il nunzio ha
visto personalmente, partecipando in modo umano e appassionato aglì eventi” (Oniga 1985, 123).
26
“(…) gli arcaismi sono infatti un elemento fondamentale dello stile tragico e ancor più di
quello epico” (Oniga 1985, 180).
27
Plautus 2000.
28
Jocelyn 1969.
29
Por exemplo, Achilles, Aegisthus, Aiax mastigophoros, de Lívio Andronico (c. 280–c. 200 a.C.);
Achilles, Aiax, Andromacha, Hectoris lytra, Hecuba, de Ênio (c. 239–169 a.C.); Achilles, Aegisthus,
Agamemnonidae, Astyanax, Clutemestra, Hecuba, Hellenes, Myrmidones, Neoptolemus, Philocteta,
Troades, de Ácio (170–84 a.C.); cf. Albrecht 1997, 113, 130–1, 155–6.
30
Uma peça com tal título é atribuída tanto a Lívio Andronico (Nônio 475.10) quanto a Névio
(Macróbio, Sat. 6.1.38); cf. Jocelyn (1969, 138 n.21) e Albrecht (1997, 113, 120).
31
Outros paralelos podem ser estabelecidos: As fenícias, também de Eurípides (Phoen. 611–3);
Andrômaca (Andromacha), de Ênio (“O pater, o patria, o Priami domus”, Andr. 92); Eneida (Aeneis),
de Virgílio (“O patria, o diuom domus Ilium et incluta bello / moenia Dardanidum”, Aen. 2.241–2).
32
Isso não significa, contudo, que a tragédia não se faça presente na obra de Menandro. Na
peça Epitrepontes, por exemplo, o comediógrafo grego remete, por meio das palavras do escravo
Onesimos, à tragédia Auge, de Eurípides (em ambos os dramas, uma jovem é estuprada em um
festival noturno e dá a luz uma criança, que é posteriormente reconhecida por carregar um anel
do pai). Sobre as semelhanças entre essas duas peças (e para demais aproximações entre as obras
grega e que, de acordo com alguns estudiosos, parecem ter perdurado tam-
bém na Comédia Média e na Nova.33
Em Anfitrião, pouco antes de alegar que a presente peça seria tam-
bém uma tragédia, Mercúrio rechaça o discurso que outras personagens di-
vinas teriam no referido gênero. Nas próximas referências, Mercúrio alega
que o desagrado em relação à tragédia se verificaria também na reação dos
espectadores:
Agora, exporei primeiro o que vim aqui pedir; depois, contarei o argumento desta
tragédia. Por que vocês franziram a testa? Porque eu disse que será uma tragédia? Sou
um deus, vou mudar! Essa mesma, se quiserem, farei com que de tragédia seja comé-
dia, com todos os mesmos versos. Vocês querem que seja assim ou não? Mas eu sou
um bobo, como se não soubesse o que vocês querem, sendo eu um deus. Sei qual é o
pensamento de vocês acerca desse assunto.
Ne uereamini,
Quia bellum Aetolis <esse> dixi cum Aleis.
Foris illic extra scaenam fient proelia.
Nam hoc paene iniquomst, comico choragio
Conari desubito agere nos tragoediam.
de Menandro e Eurípides), ver Anderson 1982; Andrewes 1924, 5; Gutzwiller 2000, 113; Katsouris
1975; Slater 1988, 259 n.35.
33
Ocorrem também, na obra plautina, críticas a comédias, como em O mercador. Na peça,
a personagem Carino afirma, em seu monólogo de abertura: “Non ego item facio ut alios in
comoediis” (“Eu não faço do mesmo modo que outros em comédias”, Mer. 3). As referências à
comédia – muito mais numerosas que as alusões a outros gêneros (cf. Knapp 1919a, 36 ss.) – não
fazem parte do escopo do presente trabalho.
34
Pode-se encontrar, em Aristófanes (Av. 785–9), um exemplo do tratamento convencional da
tragédia como fonte de angústia ou tédio.
Não fiquem receosos por eu ter falado <haver> uma guerra entre os etólios e os eleus:
lá fora, para além do palco é que vão acontecer os combates. Pois chega a ser quase
injusto isto: tentarmos, de repente, com uma companhia cômica, apresentar uma tra-
gédia. Por esse motivo, se alguém aí espera uma batalha, que arranje umas brigas! Se
houver algum adversário mais forte, eu farei com que observe uma batalha nada boa e,
a partir daí, passará a odiar assistir a qualquer uma.
Nessa passagem, batalhas trágicas (proelia, Capt. 60) são comparadas a “bri-
gas que se arranjam por aí” (litis, Capt. 63),35 rebaixando, de certa forma, o tó-
pos bélico. Ademais, sugere-se que quem já esteve em um combate ruim não
gostaria sequer de ver qualquer outro, encontrando um eventual desprazer
ao assistir a espetáculos que os representassem (Capt. 64–6). Infere-se que a
comédia a ser representada, por outro lado, sem combates em cena, deveria
ser mais aprazível.
Segundo propomos, os últimos exemplos analisados mostram mais
claramente passagens que representam relações de poder entre gêneros na
obra plautina. Nas peças aqui brevemente referidas, apesar de a tragédia
marcar presença de forma mais enfática que o fazem a épica e a lírica, ela
não triunfa sobre a comédia.
Isso porque, segundo o que pretendemos ter indicado, em contextos
de emulação entre o gênero cômico e o trágico, é o primeiro que, rebaixando
o segundo, declaradamente sai vitorioso em termos de efeito (riso cômico
e deleite) junto ao público. Mais especificamente, a suposição é de que, em
Plauto, havendo embate entre gêneros, a tendência ao triunfo é da comédia.
Essa hipótese precisa ser averiguada ao se levar em consideração
não apenas as alusões a gêneros outros na palliata de Plauto, mas também
as referências à própria comédia, o que tencionamos fazer no prossegui-
mento dos estudos sobre o tema específico. Contudo, é possível constatar,
até o presente momento de nossas pesquisas, que as menções a gêneros,
quaisquer que sejam, geram enriquecedores efeitos na apreciação da obra
plautina, evidenciando o poder da metapoesia dentre os recursos poéticos
de que Plauto se valia para compor seu teatro.
35
O termo lis parece se referir a disputas e desavenças (por vezes em caráter de ação judicial)
menores, que não chegam à proporção de uma guerra, cf. OLD.
REFERÊNCIAS
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Title. Plautus and the triumph of tragedy
Abstract. The presence of various tragic, epic and even lyric elements in the comedy of
Titus Maccius Plautus (c. 254–184 a.C.) has been recognized by scholars like Christen-
son (2000), Oniga (1985) and Traill (2005), respectively. However, such miscellany of
poetic genres in the Plautine corpus doesn’t depict them in a peaceful coexistence. On
the contrary: many times the evocation of other poetic genres seems to suggest an at-
mosphere of emulation between those genres and the comic one. Our researches have
been pointing to the preponderance of allusions to tragedy (or intermediated by it). As
we would like to stress though, it is not a mere matter of amount of references: some-
times the dispute (and the tradicional hierarchy) is even thematized, as in Amphitruo,
The captives, Truculentus. In this paper we sought to observe more closely, in certain
Plautine passages, the supposed triumph that the tragedy would have over the com-
edy, in order to determine to what extent this is verifiable in some of the poet’s plays.
Keywords. Plautus; comedy; tragedy; epic; lyric.