Apostila I Teoria Comportamental
Apostila I Teoria Comportamental
Apostila I Teoria Comportamental
Comportamental*
*Pág. 324 do livro de Chiavenato
Introdução
ENFOQUE
COMPORTAMENTAL
Estudo das Pessoas como Indivíduos. Estudo das pessoas como membros de
grupos.
Desenvolvimento
Alcançar suas
pessoal, vencer Fracasso, barreiras ao
AUTO- metas, crescimento
5 SER MAIS desafios, ter crescimento pessoal e
REALIZAÇÃO como pessoa,
responsabilidades, ter profissional
desenvolvimento
prazer no trabalho
Desprestígio, tarefas
Promoções,
sem sentido, não
Auto-estima, reconhecimento de
poder utilizar suas
4 ESTIMA orgulho, amor- ORGULHO esforços, status, salário
capacidades,
próprio alto, cargos de direção,
sentimento de
diferenciar-se dos outros
inutilidade
Ambiente de trabalho
turbulento, intrigas,
Bom ambiente de
Pertencer à autoritarismo,
relacionamento no
sociedade, problemas de
3 SOCIAIS PERTENCER trabalho, amizade,
respeito, amizade, relacionamento,
respeito da gerência e
ser considerado panelinhas, fofocas,
dos colegas
segregação,
preconceito.
Imprevisibilidade da
Estabilidade,
gerência, insegurança,
Casa, emprego, compromissos,
ameaças de demissão
2 SEGURANÇA integridade física e SOBREVIVER previsibilidade nas
sem critérios,
social políticas de RH e
incertezas quanto ao
gerência
futuro
Exploração, salário
Salário que permita
indigno, condições de
Fome, sono, sede, viver, ambiente físico
1 FISIOLÓGICAS VIVER trabalho inadequadas,
sexo, saúde adequado à saúde,
escalas de trabalho
descansos apropriados
muito desgastantes
Teoria X e Y de McGregor
Posteriormente à idéia da existência de necessidades humanas lançadas por Maslow, Douglas McGregor,
complementa tais afirmações dizendo que essas necessidades encontram satisfação no próprio trabalho.
Assim, a questão de ser X ou Y tanto pode se referir ao “'ser” do próprio indivíduo como ao “ser” do gerente que
o observa e avalia. Em outras palavras, o trabalhador pode não ser X, mas pode ser visto como tal pelo gerente ou
vice-versa.
Esse ângulo de análise do indivíduo no trabalho causa um impacto profundo nos resultados organizacionais, dada
a importância que o “ser” ou o “ver” têm nos relacionamentos intra e interempresariais.
A teoria de McGregor, entre outros esclarecimentos, veio reforçar e instrumentalizar ainda mais a maneira de ver
as pessoas na sociedade industrial: não somente como membros de grupos, mas, principalmente, como
indivíduos.
As pessoas são preguiçosas e indolentes. As pessoas são esforçadas e gostam de ter o que
As pessoas evitam o trabalho fazer.
As pessoas evitam a responsabilidade, a fim de se O trabalho é uma atividade tão natural como brincar
sentirem mais seguras ou descansar.
As pessoas precisam ser controladas e dirigidas As pessoas procuram e aceitam responsabilidades e
As pessoas são ingênuas e sem iniciativa desafios.
As pessoas podem ser automotiva das e
autodirigidas.
As pessoas são criativas e competentes.
Aplicações na Administração
A aplicação das idéias de Herzberg na Administração é clara e evidente. A empresa deve se empenhar em
propiciar um bom ambiente de trabalho, com remuneração digna, ambiente de relacionamento agradável,
gerência capaz e condições de trabalho salubres. Mas não pode encarar essas ações como um programa de
motivação, pois se dirigem apenas a evitar a desmotivação. Para realmente motivar os seus trabalhadores a
empresa deverá organizar o trabalho de forma que as pessoas possam encontrar significados para suas tarefas
que dêem sentido aos seus esforços. As pessoas devem encontrar reconhecimento do que fazem, e de suas
capacidades. Devem ser valorizadas por suas individualidades, pelo que agregam à empresa. Devem ser
estimuladas a crescer, e devem encontrar na empresa um caminho aberto para esse crescimento. Somente assim
poderá se dizer que a empresa realmente está investindo na motivação dos seus funcionários.
Teoria das Necessidades de McClelland
Assim como Maslow, David McClelland propôs uma teoria de motivação que se embasa no estudo das
necessidades. Mas diferentemente de Maslow e sua hierarquia de necessidades, para McClelland as necessidades
não estão organizadas em forma seqüencial e hierárquica, e nem tampouco são as mesmas dos cinco níveis de
Maslow.
Influência Cultural
A teoria de McClelland propõe que as forças motivacionais das pessoas refletem elementos da cultura na qual
estas pessoas cresceram. As pessoas adquirem ou aprendem a certas necessidades com base na influência da sua
família, grupos de amigos, colegas de trabalho, mensagens publicitárias e outros elementos culturais. Estes
agentes culturais estão a todo momento agindo e impulsionando as pessoas para a busca da satisfação de
diferentes necessidades.
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McClelland organiza as necessidades em três tipos, necessidade de realização, necessidade de poder, e
necessidade de afiliação. Dependendo das influências culturais e do momento da pessoa uma destas
necessidades será mais importante, e servirá de base para o comportamento do sujeito. Mas, embora as
necessidades variem de um momento a outro para uma mesma pessoa, também é verdadeiro que as pessoas
desenvolvem uma tendência a seguirem um certo perfil motivacional, dando preferência a um destes tipos de
necessidades com mais frequência que aos outros. Assim temos pessoas que são prioritariamente motivadas
pelas necessidades de realização, outras motivadas basicamente pela busca do poder, e outras ainda motivadas
antes de tudo pelas necessidades de afiliação. O porquê da importância maior de uma necessidade sobre as
outras é devido às influências culturais no desenvolvimento da pessoa. Uma pessoa que tenha crescido em um
ambiente em que o poder seja muito valorizado, terá maior necessidade deste que outra pessoa cujo ambiente
cultural dá mais importância à afiliação.
Um exemplo das diferenças culturais e sua influência na motivação está no perfil motivacional do brasileiro em
comparação com o trabalhador americano. Para o brasileiro as necessidades de afiliação são preponderantes,
seguidas pelas de realização. Já para o americano, as necessidades de realização são seguidas de perto pelas de
poder, e as necessidades de afiliação são as menos importantes. Isso explica o fato deles serem muito mais
competitivos que os brasileiros, para os quais estar bem com o grupo pode muitas vezes ser mais importante que
vencer. E explica também o porquê do ambiente de trabalho ser mais descontraído e amistoso aqui do que lá.
Necessidade de Realização
A necessidade de realização é o desejo de conseguir algo difícil por seus próprios méritos. É uma força que
impulsiona algumas pessoas para vencer desafios na busca por seus objetivos. Uma pessoa com esse tipo de
impulso deseja desenvolver-se, crescer e progredir na escalada do sucesso. A realização é importante por si
mesma, independente das recompensas que possam acompanhá-la. As recompensas são consideradas mais
como feedback do quão bem estão se saindo em suas atividades do que como objetivos em si mesmas.
As pessoas motivadas por realização gostam de estabelecer metas desafiadoras para si mesmas. Preocupam-se
em saber como podem desenvolver-se e progredir em suas carreiras. Procuram assumir responsabilidades no
trabalho, assumem riscos calculados e desejam feedback frequente sobre seu desempenho. Trabalham com mais
afinco quando percebem que irão receber crédito pessoal por seus esforços. Enquanto administradores, tendem
a confiar em seus subordinados, receber e compartilhar abertamente as idéias, propor objetivos mais
desafiadores e esperam que seus subordinados também se orientem para a realização. Esta é a necessidade típica
dos empreendedores, sujeitos que criam seus próprios negócios e os desenvolvem. Também é a necessidade-
base das pessoas da Teoria Y de McGregor.
Necessidade de Poder
A necessidade de poder é o desejo de controlar outras pessoas para influenciar seu comportamento e ser
responsável por elas. Uma pessoa motivada por esta necessidade passa o tempo pensando em como influenciar e
controlar os outros e em como ganhar uma posição de autoridade e status.
Pessoas motivadas pelo poder querem criar um impacto em suas organizações e assumem riscos ao fazê-lo. Uma
vez obtido esse poder ele pode ser utilizado tanto construtivamente quanto destrutivamente. As pessoas
motivadas pelo poder se tornam excelentes administradores caso suas necessidades sejam de poder institucional
em lugar de poder pessoal (poder institucional é a necessidade de influenciar o comportamento dos outros para o
bem de toda a organização).
Os executivos que têm edifícios com seu nome, ou que buscam a presidência de clubes esportivos, e todos
aqueles direcionados para obtenção de maior status são em sua maioria motivados pelo poder.
Aplicações na Administração
O conhecimento das forças motivacionais ajuda os administradores a compreenderem as atitudes de cada
empregado no trabalho. Pode então lidar com cada um de maneira específica, levando em consideração o
impulso motivacional mais forte em cada caso. Por exemplo, o empregado orientado para a realização pode ser
colocado em determinado trabalho e receber explicações adicionais que ressaltem os desafios desta atividade. Já
o empregado motivado pela afiliação pode ser um grande elemento de equipe, mas dificilmente se daria bem
como gerente. E uma pessoa fortemente motivada para o poder geralmente não trabalha bem em equipe, pois
está sempre pensando em como subir, em vez de em como colaborar.
Observações
Embora no texto tenhamos falado de "pessoas motivadas por poder", ou "pessoas motivadas por realização", na
verdade todas as pessoas se motivam pelas três necessidades ao mesmo tempo. O que varia é a intensidade, a
ênfase dada a cada necessidade.
Cada pessoa a cada momento está sob a atuação de um conjunto de necessidades e ênfases. Embora geralmente
haja uma necessidade preponderante, as outras necessidades continuam ativas, e influenciam no
comportamento. É um conjunto de influências, e não apenas uma só.
Por exemplo, uma pessoa motivada prioritariamente pelo poder, mas com ênfase também em afiliação, terá a
sua busca pelo poder limitada pelos seus impulsos em direção à afiliação aos grupos nos quais participa. Não fará
qualquer coisa na busca de poder, pois levará em consideração os outros e seus sentimentos. Provavelmente terá
uma escalada social e organizacional mais lenta, mas bem mais consistente, com mais apoios.
Uma pessoa voltada para a realização, e com ênfase secundária no poder será provavelmente um carreirista,
muito preocupado consigo mesmo, com sua carreira e suas oportunidades de crescimento. Busca subir por meio
de seu trabalho, do que realiza. Espera que o reconhecimento de sua capacidade venha por meio de novos cargos
na hierarquia da empresa.
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Por tudo isso, melhor que dizer que o sujeito "é motivado por poder", ou "é
motivado por afiliação", é dizer que ele tem diferentes potenciais de
motivação nas diferentes necessidades. Estes potenciais considerados em
conjunto vão compor o perfil motivacional daquela pessoa especifica.
Teoria do reforço de Skinner
Na estrutura básica da teoria do reforço A idéia de Skinner é de que as
pessoas se motivam pelas conseqüências de seus comportamentos. Os conceitos básicos da teoria do reforço são
reforço positivo, reforço negativo, punição e extinção. Vejamos as características de cada um deles:
Reforço positivo
O comportamento é reforçado positivamente se como conseqüência dele surgirem resultados agradáveis para o
sujeito. Reforço é como uma “recompensa” para uma “boa ação”. Um bom exemplo são os prêmios por
desempenho, mas mesmo o mais simples elogio pode ser considerado um reforço positivo.
Reforço negativo
Quando estamos em uma situação desagradável, tudo que queremos é sair dela. Os comportamentos que nos
levem a acabar com o que nos está incomodando são reforçados negativamente. Como conseqüência deles
acaba uma situação que é ruim para o indivíduo, portanto ele fica melhor que antes. Um exemplo de
reforçamento negativo é o do sujeito sob ameaça de demissão que passa a trabalhar bem melhor que antes.
Trabalhar melhor é reforçado negativamente pelo fim da situação desagradável de insegurança quanto ao
emprego.
Punição
Punição é o inverso do reforço. O sujeito é punido quando ao seu comportamento seguem-se consequências
desagradáveis. Ele sai de uma situação boa ou neutra para uma situação pior que a anterior. Um exemplo é o do
funcionário que chega atrasado ao trabalho e recebe um advertência da gerência. O comportamento de chegar
atrasado foi punido por meio da advertência. As punições visam evitar que o mesmo comportamento aconteça de
novo.
Extinção
A extinção de um comportamento ocorre quando não há conseqüências ligadas a ele, sejam elas positivas ou
negativas. Quando o comportamento não é nem reforçado nem punido, ele perde o sentido para o sujeito, que
assim pára de emiti-lo. Um exemplo são as “caixas de sugestões” nas empresas. Se o sujeito colocar sua sugestão
ali e não obtiver nenhuma resposta, nem positiva nem negativa, o comportamento de dar sugestões pode ser
extinto.
ESQUEMAS DE REFORÇAMENTO
O que traz mais motivação: reforçar cada comportamento positivo, ou reforçar somente a cada 5
comportamentos, ou a cada intervalo de tempo, como semana ou mês? A resposta a esta pergunta foge ao senso
comum. A maioria das pessoas diz que reforçar a cada comportamento positivo é mais eficaz, mas na realidade
não é bem assim. Os esquemas de reforçamento em razão fixa ou variável, ou em intervalos fixos ou variáveis
normalmente produzem resultados melhores com menor dispêndio por parte da organização.
Reforçamento por razão fixa
É o caso de quando se estabelece que a cada "n" respostas positivas segue um reforço. Um exemplo é o
pagamento por quantidade produzida. A cada lote de 1000 peças a empresa paga uma determinada quantia. Se a
razão é muito pequena (a cada poucas peças segue um pequeno pagamento), a quantidade de reforço também
será, o que pode prejudicar o efeito motivador. Por outro lado, se a razão é muito grande, com muitas respostas
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para cada reforço, o esforço total pode ser avaliado pelo sujeito como não compensador, e também acaba
perdendo efeito motivador.
Reforçamento por intervalo fixo
É o caso de quando se estabelece que a cada intervalo de tempo definido segue um reforço. Um exemplo é o
salário, pago a cada 30 dias, e que propõe reforçar todas as respostas ocorridas naquele intervalo de tempo. A
quantidade de tempo para cada reforço é definida pela organização, podendo variar por dias, semanas, meses ou
até anos. Diferentes intervalos produzem diferentes efeitos. Um intervalo muito curto (pagar todos os dias) pode
acabar sendo ineficiente pois faz com que o reforço fique dividido em parcelas muito pequenas, perdendo efeito
motivador. O mesmo pode acontecer para semanas, o que faz com que a maioria das empresas prefira pagar por
meses, ou no máximo quinzenas. Têm-se assim uma maior quantidade de respostas naquele intervalo de tempo,
para uma quantidade de reforços.
Reforçamento por razão variável
É o caso de quando não há uma definição de quantas respostas exatamente serão necessárias para produzir um
reforço. O sujeito não sabe quantas vezes terá que ter o comportamento, pois a qualquer momento pode ser
reforçado. É o caso das loterias. Nunca se sabe quantos cartões serão necessários para ganhar o prêmio, pode ser
apenas um, pode ser milhares. Este tipo de reforçamento é típico de jogos de azar, e produz grande motivação,
com grandes quantidades de respostas, mas tem dificuldade no início das atividades, pela própria incerteza
envolvida.
Reforçamento por intervalo variável
É o caso de quando se estabelece o reforço será dado por intervalos de tempo, mas estes intervalos não são fixos,
mas variam aleatoriamente. Pode ser hoje, pode ser semana que vem, não há definição. O que o sujeito sabe é
que não há relação com a quantidade produzida, mas sim com o tempo que se passa produzindo, com a
persistência. Este tipo de reforçamento produz usualmente respostas persistentes, duradouras, embora em
menor quantidade que o esquema de razão fixa. O sujeito sabe que se continuar produzindo, uma hora será
recompensado, e por isso se mantém ativo.
Funcionamento do modelo nas organizações
O funcionamento, em linhas gerais, é simples. Para encorajar as pessoas a terem os comportamentos desejados,
a empresa deve prover reforços, mas estes reforços têm que ser desejados e importantes para as pessoas, caso
contrário não reforçarão o comportamento. É preciso levar em consideração que o que reforça uma pessoa pode
não reforçar outra.
Outra coisa a considerar é o esquema de reforçamento utilizado, que tem que ser coerente com os objetivos e
com as expectativas do sujeito. Deve-se usar razão ou intervalos, fixos ou variáveis, conforme o que se deseja
obter. Se é produtividade, razão variável é o que mais apresenta respostas, mas traz consigo certa incerteza que
afasta pessoas preocupadas com segurança. Razão fixa tem resultados um pouco abaixo, mas não traz
insegurança. Se a empresa deseja persistência, o esquema de intervalo variável é o mais adequado, embora assim
como o esquema de razão variável traga consigo certa dose de incerteza. E o esquema de intervalo fixo é o mais
tradicional, ao qual as pessoas estão mais acostumadas, agrega boa confiabilidade com produção média.
Além dos reforços, para fazer com que as pessoas deixem de ter comportamentos inadequados a empresa conta
com as punições e com a possibilidade de extinção do comportamento. Entretanto, essas duas alternativas
apresentam problemas que afetam a sua eficácia.
A extinção é um processo lento e gradual, em que o comportamento não reforçado vai progressivamente
deixando de ser emitido. Entretanto, para funcionar ela ainda depende do fato do comportamento não ter
qualquer tipo de reforço. E muitos comportamentos são reforçados internamente nas pessoas, ou reforçados por
outras pessoas que não a gerência. São muitos os exemplos. O gerente que quiser extinguir o comportamento de
seus funcionários de jogar nos computadores (ou acessar a internet para diversão durante o trabalho) vai
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esbarrar no fato de que estes comportamentos são reforçados internamente, pelo prazer que o sujeito tem ao
fazê-los. Não depende de reforços organizacionais. Um outro exemplo é o de usar os equipamentos da empresa
para fins pessoais ou de amigos. É reforçado internamente (atingir seus objetivos) ou pelo grupo de relação do
sujeito (os amigos aos quais favorece), e independe de reforços organizacionais ou da ausência deles para se
manter.
Já os problemas do uso de punições são outros. Embora seu uso seja comum e disseminado, é fato que as
punições não são muito eficientes como forma de controle do comportamento. A intenção das punições é
associar a determinado comportamento uma conseqüência desagradável. Mas o que acontece com muita
freqüência é que o sujeito punido não associa a punição ao seu comportamento, mas sim à pessoa que o puniu.
Considera-se perseguido, ou injustiçado. E ao invés de parar de emitir o comportamento, que era o objetivo de
quem puniu, ele apenas evita emitir o comportamento quando está na presença do agente punidor. Quando este
se afasta o comportamento volta a ser emitido. É um sistema pouco eficaz, pois passa a depender de controle
constante por parte da gerência. Além disso, ainda há que se considerar que gera um sentimento desagradável
nas relações entre gerente e funcionários, que pode afetar o clima organizacional como um todo.
Embora pouco eficaz, muitas vezes a punição é a única alternativa do administrador, principalmente nos casos em
que a extinção não é possível pelo comportamento ser reforçado internamente ou por outros agentes. Cabe
considerar então alguns detalhes que podem fazer com que as punições sejam mais eficazes:
- Sempre que possível a punição deve ser imediatamente contingente ao comportamento punido, ou seja,
ela deve acontecer imediatamente após o comportamento indevido;
- Sempre que possível a punição deve ser desassociada da mera vontade dos gerentes (deve ser uma
punição do sistema), de modo que o sujeito punido faça a correta associação entre o que fez e o que
obteve;
- Deve ser previsível e coerente. Precisa seguir o mesmo critério para todos, e evitar a impressão de
impunidade.
TEORIA DAS EXPECTATIVAS DE VICTOR VROOM
Na proposta da teoria das expectativas, a idéia central é a de que as pessoas se motivam para atingir resultados
que lhes interessem. Essa teoria vai introduzir alguns detalhes importantes nesse processo, em relação ao
relacionamento entre o comportamento, suas consequências e a energia motivacional gerada.
A proposta da teoria das expectativas é de que as pessoas só se sentirão motivadas por determinado objetivo se
tiverem uma expectativa positiva de que conseguirão alcançá-lo. Caso considerem impossível alcançar o objetivo
proposto por meio de seu esforço, não se sentirão motivadas a tentar.
Os conceitos básicos da teoria das expectativas são expectativas, valência e instrumentalidade.
Expectativa
DuBrini define expectativa como “uma estimativa subjetiva da pessoa sobre a probabilidade de que um
determinado nível de desempenho ocorrerá”. É a crença da pessoa de que pode atingir o nível de desempenho
necessário para chegar ao objetivo proposto. Se o sujeito não acredita que pode atingir o desempenho, se não
acredita que tem a habilidade para realizar a tarefa, poderá não ter motivação nem para tentar.
Valência
A valência é o valor que a pessoa atribui aos resultados que pode atingir. Os resultados não têm todos o mesmo
valor, para todas as pessoas. Esse valor é algo subjetivo, é atribuído pelo sujeito com base em múltiplos fatores,
muitos dos quais não estão sob influência da organização. Um exemplo seria o de uma prova, que tem seu valor
em pontos atribuído pelo professor. Entretanto, aquela matéria específica pode não ser considerada importante
por um aluno, ou este pode já estar aprovado nela. Nestes casos o valor da prova não depende somente da
Sistema 4: Participativo - Ambiente de completa confiança aos subordinados se sentem livres, para agir, as idéias
tem uso construtivo, envolvimento grupal, as pessoas se sentem responsáveis.
Como se trata de sistemas, para a organização passar de um sistema para outro deve haver uma transição que
deve ser feita mantendo a integridade do sistema e das suas partes para que assim trabalhe com eficiência.
Pois para Likert “os maiores ativos de uma empresa são seus funcionários e é
essencial que haja um bom relacionamento entre superior e subordinado para
se obter um sistema administrativo altamente eficaz”.
Organização como um sistema social cooperativo
Para Barnard, as pessoas não atuam isoladamente, mas por meio de interações
com outras pessoas para poderem alcançar os seus objetivos. Nas interações
humanas, as pessoas influenciam-se mutuamente: são as relações sociais.
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Graças às diferenças individuais, cada pessoa tem suas próprias características pessoais, suas capacidades e
limitações. Para poderem sobrepujar suas limitações e ampliar suas capacidades, as pessoas precisam cooperar
entre si para melhor alcançar seus objetivos. É por meio da participação pessoal e da cooperação entre as pessoas
que surgem as organizações. Na verdade as organizações são sistemas sociais baseados na cooperação entre as
pessoas. Uma organização somente existe quando ocorrem conjuntamente três condições:
• Interação entre duas ou mais pessoas;
• Desejo e disposição para a cooperação;
• Finalidade de alcançar um objetivo comum.
A função do administrador na organização é criar e manter um sistema de esforços cooperativos. Como a
cooperação é essencial para sobrevivência da organização, a função básica do executivo consiste em criar
condições capazes de incentivar a coordenação da atividade organizada.
Então, um conceito: Comportamento Organizacional
Comportamento organizacional é o estudo da dinâmica das organizações e como os grupos e indivíduos se
comportam dentro delas. É uma ciência interdisciplinar. Por ser um sistema cooperativo racional, a organização
somente pode alcançar seus objetivos se as pessoas que a compõem coordenarem seus esforços a fim de
alcançar algo que individualmente jamais conseguiram. Por essa razão, a organização caracteriza-se por uma
racional divisão do trabalho e hierarquia. As pessoas ingressam e fazem parte da organização para obter
satisfação de suas necessidades pessoais por meio de sua participação nela. Para obter essas satisfações, as
pessoas estão dispostas a fazer investimentos pessoais na organização ou a incorrer em certos custos. As pessoas
estão dispostas a cooperar desde que as suas atividades na organização contribuam diretamente para o alcance
de seus próprios objetivos pessoais.
Equilíbrio organizacional
Incentivos. São ‘pagamentos’ feitos pela organização aos seus participantes
como salários, benefícios, prêmios de produção, gratificações, elogios e
oportunidades de crescimento etc.
Utilidade dos incentivos. Cada incentivo possui um valor de utilidade que varia
de indivíduo para individuo: é a função utilidade, subjetiva para cada
indivíduo em função de suas necessidades pessoais.
Contribuições. São os ‘pagamentos’ que cada participante efetua a sua organização como o trabalho em si, a
dedicação, esforço e desempenho, assiduidade, pontualidade, lealdade e reconhecimento.
Utilidade das contribuições. É o valor que o esforço de um indivíduo tem para a organização, a fim de que esta
alcance seus objetivos. Os behavioristas incluem como participantes da organização todos os elementos que dela
recebem incentivos e que trazem contribuições para sua existência. Há quatro classes de participantes:
empregados, investidores, fornecedores e clientes. Alguns desses participantes podem assumir papel dominante
para o equilíbrio da organização em determinadas circunstâncias. Nem todos os participantes atuam dentro das
organizações. E o importante é que todos eles mantêm relações de reciprocidade com a organização:
proporcionam suas contribuições em troca de incentivos úteis, enquanto a organização lhes proporciona
incentivos em troca de contribuições úteis.
Aceitação de autoridade
Barnard desenvolveu uma teoria a respeito da autoridade que se contrapõe aos ensinamentos da Teoria Clássica.
Verificou que algumas vezes, a autoridade é inefetiva, as ordens não são cumpridas e a desobediência e violação
são reveladas pelos que detém autoridade. Chegou a conclusão de que a autoridade não repousa no poder de
quem a possui: ela não flui de cima para baixo, conforme acreditavam os autores clássicos. Pelo contrário, a
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autoridade repousa na aceitação ou consentimento dos subordinados. A pessoa obedece, não pela legitimação da
autoridade, mas decidindo entre as alternativas de obedecer ou não: se a obediência lhe traz vantagens que
deseja obter ou se a desobediência lhe traz desvantagens que deseja evitar.
Dentro dessa visão, a autoridade é um fenômeno psicológico por meio do qual as pessoas aceitam as ordens e
decisões dos superiores sob certas condições. A teoria da aceitação da autoridade parte do pressuposto de que
um subordinado pode aceitar e aceita uma ordem como autoritária quando quatro condições ocorrem
simultaneamente:
Quando o subordinado pode entender ou compreender a ordem;
A importância das
Quando não a julga incompatível com os objetivos da organização; comunicações
Quando não a julga incompatível com seus objetivos pessoais; Desse novo conceito de
Quando é mental e suficientemente capaz de cumpri-la. autoridade decorre a
importância das comunicações,
A autoridade depende não de superior, mas da decisão do subordinado de pois se elas não forem
aceitá-la ou não. A decisão sobre a autoridade é da pessoa a quem a ordem é compreendidas não gerarão
autoridade. Alem disso, o
dirigida e não de quem a emite. É o receptor da comunicação da ordem quem
administrador não deve emitir
pode decidir se vai encará-la como uma ordem ou não. A desobediência a uma ordens que não poderão ser
ordem contribui a própria negação da autoridade. obedecidas, pois isso destrói a
autoridade, a disciplina e a
Sobre conflitos moral da organização. As
Os behavioristas também opinaram a respeito dos conflitos organizacionais. relações de autoridade
dependem dos motivos pelos
Argyris, conclui que para equalizar os conflitos é possível a integração das quais as pessoas aceitam as
necessidades individuais de auto-expressão com os requisitos de produção de decisões e as ordens dos
uma organização; As organizações que apresentem alto grau de integração superiores.
entre objetivos individuais e organizacionais são mais produtivas do que as
demais; em vez de reprimir o desenvolvimento e o potencial do indivíduo, as organizações podem contribuir para
sua melhoria e aplicação.
Sobre as habilidades de negociação
Para conduzir negociações, o administrador precisa ter habilidade de planejamento, conhecimento do assunto a
ser negociado, capacidade para pensar clara e objetivamente sob pressão e incerteza, capacidade de expressar
verbalmente as ideias, habilidade de ouvir, habilidade de julgamento, inteligência geral, integridade, habilidade
de argumentação e de persuadir as pessoas e muita paciência. Negociar é, acima de tudo, saber fazer conquistas
e concessões, para que no todo, todos saiam ganhando. Principalmente a sua parte.
Novas proposições sobre liderança
Warren Bennis declara que a liderança é uma habilidade que pode ser compreendida e
desenvolvida. Ao pesquisar o comportamento de uma amostra de 90 líderes, Bennis
concluiu que os líderes têm em comum quatro competências vitais.
Gerência da atenção. A visão dos líderes desperta a atenção e o comprometimento das
pessoas que trabalham com eles e que passam a tentar a mesma visão.
Gerência de significado. Os líderes são hábeis comunicadores, capazes de reduzir a
complexidade e comunicar problemas por meio de imagens e linguagem simples.
Gerência de confiança. A confiança não é essencial em todas as organizações. Para os líderes, a confiança
reflete-se na consistência de propósito e no tratamento concedido aos colegas e todas as pessoas.