Astrologia Cármica - Vol. IV - o Carma Do Agora - Martin Schulman
Astrologia Cármica - Vol. IV - o Carma Do Agora - Martin Schulman
Astrologia Cármica - Vol. IV - o Carma Do Agora - Martin Schulman
Sobre o Tradutor
Joseph Saltoun, Rabino e Cabalista; é um dos poucos privilegiados a serem
ordenados como Rabino por um dos maiores sábios e líderes da Cabalá em
nossa geração — Rabino P. S. (Shraga Feivel) Berg, fundador do Centro
Internacional para os Estudos da Cabalá e reitor de Ieshivá Kol-Iehudá
(Jerusalém-1922).
Autor, tradutor e comentarista de livros da Cabalá - Joseph Saltoun,
começou a sua carreira como estudante e professor da Cabalá em 1982,
aos 22 anos.
Participou na tradução de muitos livros modernos e antigos da Cabalá.
Traduziu (do hebraico para o inglês) o livro Portal das Reencarnações (da
autoria do sábio Cabalista Isaac Luria, século 16).
Entre os anos 1994 e 1996 participou do projeto de tradução (do
hebraico/aramaico para o inglês) do Zôhar - uma obra divina da Cabalá do
primeiro século que foi revelada por Rabino Shimon Bar-Iochai.
Como presidente do Centro dos Estudos da Cabalá, nos anos 1997-2004 em
São Paulo, contribuiu em estabelecer, difundir e disseminar os estudos da
Cabalá no Brasil.
Da sua autoria são os livros; Árvore da Vida (2012); As Chaves Secretas do
Universo (2013); o Hagadá (Livro de orações para a festa de Pêssach)
escrito em hebraico com texto traduzido ao português e transliterado, e o
livro Orações Cabalistas (2014).
Atualmente, Joseph Saltoun dirige o Instituto Meron/Dinâmica Cultural, e
oferece seminários de Cabalá no Brasil, no Canadá, em Israel e em outros
países, com a ideologia de transcender as barreiras entre os povos através
do resgate de sua cultura original.
Comentários do Tradutor
Tentei ser o mais fiel possível ao texto original escrito por Chaim Vital,
discípulo do Rabino Isaac Luria, que pus em escrito os ensinamentos
recebidos oralmente dele.
Estes ensinamentos depois foram passados para o filho do Rabi Chaim Vital,
Shemuel Vital.
Ele juntamente a seu pai, se encarregaram de organizar e compilar todos
estes ensinamentos no que hoje se conhece como 'Escritos do Ari' (heb.
Kitvê Ha'Ari).
Na minha tentativa de preservar a maneira original de falar do Rabino Isaac
Luria, e a maneira de escrever do Rabi Chaim Vital, conforme apresentado
por seu filho, o Rabino Shemuel, em alguns casos eu não mudei a estrutura
das frases, embora nem sempre elas estejam gramaticalmente perfeitas.
Existem alguns trechos do livro que exigem conhecimento prévio e um
entendimento profundo de Cabalá.
Meu conselho para quem está iniciando no estudo, ou para aqueles que
talvez não entendam o que está escrito nestas partes, é que leiam estes
trechos assim mesmo, sem pulá-los.
Isso porque este livro contém conhecimento e sabedoria que penetram no
subconsciente e, eventualmente, chegam à nossa mente consciente.
Então, a simples leitura destes trechos, mesmo sem o seu imediato
entendimento intelectual, aumenta a compreensão espiritual da mente e
purifica a alma.
Isso ajuda quem os lê a se elevar e ter insights espirituais.
Deixei meus comentários em chaves quadradas no transcorrer do texto
para facilitar a leitura e fazer com que o leitor leia fluentemente com o
mínimo de interrupções.
Prólogo
Infelizmente, a reencarnação é um dos assuntos que fora banido de nossa
civilização por muitos séculos.
É por isso que hoje se torna difícil acreditar que ela realmente exista.
No entanto, uma vez que procuramos nas Sagradas Escrituras e nos
comentários de nossos Sábios, ficamos surpreendidos com a importância e
centralidade desse assunto e do seu papel integral em nossa vida.
Eu sei que é difícil, para não dizer impossível, provar que a reencarnação
existe e que já estivemos aqui antes, em outro corpo, em outro local, em
outra época, com outro nome ou identidade.
Mas entre nós há aqueles que passaram por uma experiência espiritual que
lhes permitiu se lembrar de suas vidas passadas.
Pode ter sido um evento de quase morte (do qual a pessoa se recuperou,
obviamente), do qual a pessoa tem a possibilidade de contar sobre sua
experiência fora do corpo.
Para estas pessoas não há necessidade de provas, a experiência em si
basta.
Para o resto de nós, elas podem servir de prova viva do que estamos
buscando.
O assunto da reencarnação explica as leis universais que governam o
destino de toda a humanidade, sem diferenciação de raça ou nacionalidade.
Então, não importa onde vivemos ou que lei humana nós seguimos, as leis
divinas sempre prevalecerão.
Não importa se acreditamos em reencarnação ou não — todos nós
reencarnamos e estamos sujeitos às mesmas leis da ordem divina.
A reencarnação é outra maneira de explicar como Deus é Universal, pois
por meio dela nós chegamos ao profundo entendimento de que todos
vivemos sob o mesmo guarda-chuva da Divina Providência e de Seu poder
regente!
Aceitar as leis da reencarnação pode nos ajudar a aceitar o fato de que
nosso destino está entrelaçado com o destino de outras pessoas, e, mais
importante, é que o nosso bem-estar depende do bem-estar do outro, e não
do seu extermínio.
Que este estudo e os ensinamentos de nossos Mestres e Mentores possam
servir como um facho de Luz para iluminar nossa alma — Amém!
Introdução 1
Agora precisamos explicar uma diferença que existe entre a Néfesh de Assiá
e as outras partes da alma (Neshamá), que são de Ietsirá, Beriá e Atsilut.
Com isso também explicaremos a difícil questão: Como uma pessoa cuja
raiz está em Malchut de Assiá consegue subir para Kéter de Assiá?
Porque se é verdade que todo ser humano deve reencarnar até que todo o
NaRaNCHaI ((’') esteja completo, temos que concluir que todo mundo
deve subir até Kéter de Assiá, depois Kéter de Ietsirá e, por fim, Kéter de
Beriá.
E se fosse assim, todos os outros níveis não teriam sentido de existir!
Isso é impossível, porque é um fato bem conhecido entre nós, que dentro
dos Filhos de Israel [a principal referência do Ari é aos Filhos de Israel, mas
os mesmos princípios podem ser aplicados a todas as nações] existem
aqueles que vêm do nível de Malchut, outras do nível de Iessód, etc., como
mencionado no começo do Sêfer HaTicunim: "Existem 'líderes de milhares
de Israel' do lado de Kéter, 'Sábios' do lado de Chochmá (Sabedoria), e
'homens de entendimento' do lado de Biná (Entendimento)..."
Portanto, é à luz disso que explicamos o seguinte: existe uma diferença
entre Assiá e todos os outros três mundos.
Isso é conforme o seguinte: Saiba que apenas no mundo de Assiá é dessa
forma: a pessoa que tem raiz de alma em Malchut de Assiá é um caso
simples, porque sua Néfesh vem de Malchut de Assiá, obviamente.
Mesmo assim, ao corrigir suas ações ela consegue purificar sua Néfesh,
nível após nível, até atingir e chegar a Kéter de Assiá, onde ela
praticamente se integra àquele nível de fato.
No entanto, a pessoa deve se refinar antes de poder ascender de fato para
Kéter de Assiá, ainda que lá só se possa dizer que ela está no aspecto de
Malchut de Kéter de Assiá, porque sua raiz é de Malchut.
Isso vale para todos os outros níveis de Assiá: sempre se diz que a pessoa
só estará de fato no aspecto de Malchut daquele nível.
Como a Néfesh é aderida e fortemente ligada ao corpo, então ela é menos
flexível e menos transiente do que o Rúach.
Como a Néfesh se relaciona com um certo nível (ou Sefirá) no Mundo de
Ação, ela é obrigada, por si só, e não outra Néfesh, a subir de um nível (ou
Sefirá) para o outro no Mundo da Ação e corrigir cada um deles.
Este não é o caso uma vez que o Rúach é alcançado.
O nível de Rúach é mais flexível e transitório, já que ele não está tão ligado
ao corpo como a Néfesh.
Assim, uma pessoa pode adquirir diferentes Ruchot, cada um relativo a um
grau diferente (ou Sefirá) no Mundo de Ietsirá (Formação).
Mesmo assim, é a Néfesh e suas obras que determinam o destino e o nível
de evolução de uma pessoa.
Assim, mesmo que uma pessoa suba para o nível de Rúach, a Néfesh
continua ativa, e determina a culpa ou mérito dessa pessoa.
No entanto, nos mundos de Ietsirá, Beriá e Atsilut, a situação não é essa.
A pessoa que tem a raiz de seu Rúach em Malchut de Ietsirá e que corrigiu
e completou este nível, indo para Iessód de Ietsirá, receberá também um
Rúach do lessód de Ietsirá em si.
O primeiro Rúach que essa pessoa tem de Malchut de Ietsirá permanece
abaixo, em Malchut de Ietsirá, já que esse é o seu local.
Do mesmo modo, quando a pessoa completa o Hod de Ietsirá, ela deixa o
segundo Rúach que ela tinha de Iessód em Iessód de Ietsirá e, em seu
lugar, recebe outro Rúach, de Hod de Ietsirá.
E isso continua até Kéter de Ietsirá.
E isso é assim porque a pessoa corrigiu sua Néfesh em todos os níveis de
Assiá, então ela consegue receber o Rúach de todos os níveis de Ietsirá.
O mesmo vai se dar com respeito à Neshamá, que é de Beriá.
[O fato de que uma pessoa tenha corrigido todos os níveis da Néfesh no
Mundo de Assiá (Ação), permite que ela continue a evoluir e alcance
diferentes Ruchot no mundo de Ietsirá (Formação).
E assim por diante, até as Neshamot no Mundo de Beriá (Criação)]
É preciso que expliquemos o motivo do que foi dito, que é o seguinte: o fato
de que Assiá é o mais baixo dos mundos, fica no meio das Klipot e é
rodeado por elas.
Consequentemente, mesmo que a pessoa já tenha corrigido a sua Néfesh
conforme o local da raiz dela em Assiá, se a Néfesh for deixada ali, existe o
receio de que as Klipot a segurem.
É por isso que a pessoa deve constantemente refinar seus atos até que
chegue o mais alto possível, até o local da sua raiz, em Kéter de Assiá.
No entanto, no Mundo de Ietsirá, e ainda mais nos outros mundos, que são
superiores a ele, não há nenhum receio de que as Klipot a segurem, como
ocorria em Assiá.
[Klipot literalmente: "Cascas". As Forças Negativas.]
Sendo assim, quando uma pessoa corrige a raiz do seu Rúach em Ietsirá, se
ela continuar se corrigindo, o seu primeiro Rúach pode ficar no seu local, na
sua raiz, e a pessoa consegue receber um segundo Rúach, de um local mais
alto.
Isso ocorre sem ter que elevar o primeiro Rúach para um lugar superior,
pois o receio [de que as Klipot a segurem] não existe.
[Como resultado da Néfesh ser fortemente ligada ao corpo e aos desejos
corporais, há sempre um risco de que, apesar de ter se corrigido, ela seja
alvo de desejos negativos e fique presa nas Klipót]
Esse é o segredo do versículo: "Elohim não favorecerá [literalmente:
elevará] nenhuma Néfesh (...) cogitará pensamentos, para que não se
desterre Dele." (2 Samuel 14:14).
Isso significa que todo pensamento que Ele cogita é apenas direcionado ao
aspecto da Néfesh, por estar em Assiá.
Então, existe o receio de deixá-la para trás, pois ela ficaria vulnerável às
Klipot que ali existem.
Sendo assim, o Ticun que Ele proporciona para a Néfesh, por causa deste
receio é que Elohim não elevará nenhuma Néfesh.
Quer dizer: O Santíssimo não 'eleva a pessoa' para dar a ela outra Néfesh
mais elevada e mais exaltada do que aquela da sua raiz.
Porque se fizesse assim, a primeira Néfesh teria que ficar no seu local
inferior e estaria sujeita às Klipot dali.
Então, em vez de dar uma nova Néfesh mais elevada, é a própria primeira
Néfesh que se eleva, de acordo com os seus atos, até Kéter de Assiá.
A pessoa jamais recebe outra Néfesh.
["Para que não se desterre" é um versículo que se refere ao filho do rei Davi
(hebraico:. David), Absalão (hebraico: Avshalom), que fugiu de seu pai
depois de matar seu meio-irmão, Amnom (hebraico: Amnon), em vingança
por violar sua irmã, Tamar.
Portanto, este versículo chama pelo rei David, pedindo-lhe para perdoar a
Avshalom e permitir que ele volte para casa.
O raciocínio por trás deste episódio é que, de qualquer modo, o Santíssimo
não vai permitir que a Néfesh suba e atinja o seu Rúach, a menos que expie
seus pecados.
Mas se abandonada, será sobrepujada e pega pelas Klipot, se perdendo.
Então o rei David está sendo solicitado a não negar a Avshalom esta
oportunidade, e permitir-lhe que salve a sua Néfesh.
Outra explicação é que a Néfesh do Rei David e a Néfesh de Avshalom vêm
da mesma raiz da alma, e, portanto, uma parte da Néfesh do Rei David
estaria perdida entre as Klipot e não subiria - "Elohim não favorecerá
nenhuma Néfesh (...) cogitará pensamentos, para que não se desterre
Dele."]
No entanto, não é esse o caso em Ietsirá e nos outros mundos, em que o
Rúach, ou sua Neshamá, etc., permanecem abaixo, no nível da raiz e a
pessoa ganha um Rúach adicional e mais elevado, condizente com a
perfeição dos seus atos, como dissemos antes.
Esse é o significado secreto do famoso adágio: "Qualquer pessoa pode ser
como Moshé".
Para isso basta que a pessoa esteja disposta a aperfeiçoar seus atos, pois
ao fazer isso ela pode adquirir outro Rúach mais elevado, do alto de Ietsirá.
De modo similar, uma Neshamá, da parte mais alta de Beriá, etc.
[Aqui o Ari explica como uma pessoa é capaz de mudar o seu destino
predeterminado, já que o conceito da dívida cósmica que a deixa presa ao
passado se aplica principalmente ao nível da Néfesh.
Seguindo esse principio, quando a pessoa refina e purifica a sua Néfesh ela
se toma capaz de se desconectar do passado para assumir um novo futuro.
Mas com o novo futuro aparecem mais responsibilidades, conforme a ajuda
que ela merece receber dos outros níveis mais elevados de alma.
Assim, uma pessoa 'simples' pode receber um Rúach de um grande líder e
incorporar as características e as habilidades dessa nova alma para vencer
desafios e resolver problemas.
Isso é algo que a primeira pessoa jamais seria capaz de fazer.]
Com isso em mente, também é possível entender outro famoso conceito
dos nossos Sábios: o Rúach ou a Neshamá dos justos podem descer e
serem gestados por uma pessoa, de acordo com o segredo do que se
chama Ibur (gravidez espiritual, ou gestação).
E isso é feito para ajudar a pessoa no seu serviço ao Santíssimo.
Isso está conforme o que está escrito no Midrash Neelám, na versão
manuscrita, de que "Quando a pessoa vem se purificar, lhe ajudam".
O Rabi Nathan disse: Isso quer dizer que as almas dos justos vêm e ajudam
a pessoa.
O mesmo tema aparece na Introdução ao Zôhar, sobre a Porção Semanal
de Bereshit, quando o Rav Hamnuna Saba aparece para o Rabi Elazar e o
Rabi Aba na forma de um condutor de jumentos.
Mas, que não haja dúvidas: o Rúach e a Neshamá dos justos estão
"amarrados" e guardados na Árvore da Vida, cada um na sua raiz
respectiva, juntamente com o Santíssimo, o Elohim deles, e eles não
descem de lá de modo algum.
No entanto, os primeiros Ruchot (plural de Rúach) destes Sábios, que
ficaram abaixo em todos os níveis e aspectos de Ietsirá e que, portanto,
não subiram - como dissemos anteriormente, são os que descem e entram
por Ibur na pessoa, para lhe ajudar.
O nível mais alto de Rúach que uma pessoa adquiriu por conta dos seus
atos, que é o seu Rúach principal, fica ligado e amarrado para sempre na
Árvore da Vida, sem se mover dali.
Isso também é válido para a Neshamá, a Chaiá e a Iechidá.
[Como entendemos a partir do acima exposto, a Néfesh tem de se elevar de
um nível para o outro em Assiá, para não ficar abaixo, devido ao perigo das
Klipot e a possibilidade de pecar novamente.
Este não é o caso com os níveis de Rúach e os acima dele.
Eles permanecem no nível relacionado com a sua raiz, uma vez que não há
perigo das Klipot no mundo de Ietsirá para cima.
Assim, o Rúach ou Neshamá original do Tsadic que está ligado à sua raiz,
seja no mundo de Assiá ou Ietsirá, e que foram adquiridos através do
mérito da sua Néfesh em Assiá, não descem para passar pelo Ibur.
Aqueles que de fato descem são apenas os outros Ruchot ou Neshamot que
não necessariamente pertencem a sua raiz, mas que foram utilizados para
ajudar na elevação da alma.]
Existe um segundo motivo para Assiá ser diferente dos outros mundos.
Como é sabido, todos os mundos possuem dez Sefirot.
Mas Assiá, em sua totalidade, tem apenas uma Sefirá, que é Malchut.
Sendo assim, a Néfesh que é dali só pode subir até Kéter de Assiá, pois
tudo está em apenas uma Sefirá.
No entanto, Ietsirá corresponde a seis Sefirot: Chéssed (Misericórdia),
Guevurá (Julgamento), Tiferet (Beleza), Nétsach (Vitória), Hod (Glória) e
Iessód (Fundação), cada uma delas sendo um nível separado.
Portanto, se a raiz de alguém é de Malchut de Ietsirá e esta raiz é corrigida,
ela não pode subir e se tomar parte de Iessód de Ietsirá.
Então esta Néfesh deve permanecer abaixo e a pessoa precisa adquirir um
novo Rúach de Iessód de Ietsirá se quiser subir mais através das suas boas
ações.
Isso é válido para o resto das Seis Extremidades de Ietsirá.
Saiba que, como foi explicado por nós, em todos os mundos existem cinco
Partsufim: Arich Anpin, Aba, Ima, Zachar (Zeir Anpin) e Nucvá.
Correspondentes a eles, existem os cinco níveis da alma de uma pessoa,
que são - de baixo para cima: Néfesh, Rúach, Neshamá, Chaiá e Iechidá.
A Néfesh é de Nucvá de Zeir Anpin, enquanto o Rúach é do próprio Zeir
Anpin.
A Neshamá é de Ima, e Chaiá é de Aba, que é chamado de Chochmá, pois
esta é a fonte da vida, como o significado secreto do versículo: "O valor da
Sabedoria (Chochmá) preserva a vida de quem a possui"
lechidá é de Arich Anpin, chamado de Kéter, porque ele é um e único,'
isolado do resto das Sefirot, pois ele não tem sua contraparte feminina,
como se sabe do versículo: "Vede, agora, que Eu sou o único, Eu mesmo, e
que não há outro Elohim Comigo.", e conforme elucidado no Zôhar, na
Porção Semanal de Bereshit.
[O termo "Eu", que representa certo nível de consciência, não é fixo, ele
tem vários níveis: Quando ele aparece nos textos bíblicos e outras
Escrituras Sagradas, o nível de consciência do "Eu" muda de acordo com o
que ele representa segundo o que corresponde aos níveis específicos da
alma.
Há casos em que o "Eu" representa o nível da consciência da Néfesh da
Sefirá de Malchut, e em outros, o da consciência do Rúach de Ietsirá, etc.
Uma característica muito particular que distingue entre os níveis divinos e
mundanos da existência é o aspecto da dualidade e dos opostos,
principalmente o do masculino e do feminino.
Quanto mais mundano, maior é a dualidade, e vice versa.
O nível da consciência humana, mais próximo do divino, aparece no nível de
Arich Anpin, onde não há dualidade - não há Masculino ou Feminino, apenas
um ser único onde os opostos estão unidos.
Neste caso, o "Eu" alude ao nível de consciência da luz de lechidá —
Unidade.]
Saiba, que se uma pessoa merece receber sua Néfesh, seu Rúach e sua
Neshamá e depois as macula através de um pecado, ela precisará voltar e
reencarnar para retificar o estrago feito.
Quando ela volta em uma encarnação, a Néfesh entra na pessoa, e mesmo
que ela já tenha corrigido sua Néfesh, o seu Rúach não vem e não se une a
ela, porque o Rúach ainda não foi corrigido e continua maculado.
Como ele poderia ficar sobre uma Néfesh que está sendo corrigida?
Portanto, este Rúach vai ser reencarnado em outra pessoa, se unindo à
Néfesh de um convertido.
O mesmo se dará com a Neshamá.
E a Néfesh que ficou corrigida totalmente receberá um Rúach corrigido, de
um justo que se assimilava à pessoa em algumas boas ações específicas
que fazia.
Na verdade, esse Rúach recebido substituirá o próprio Rúach da pessoa.
O assunto do prosélito ou do convertido (em hebraico guêr) é realmente um
muito profundo.
Nada acontece sem motivo e orientação divina.
Portanto, a Néfesh do convertido tem que ter alguma ligação com o Rúach
da outra pessoa que se junta a ela, caso contrário, não haveria nenhuma
afinidade entre eles em relação ao seu Ticun para atraí-los a ponto de
estarem juntos.
[A conversão, do aspecto da reencarnação, está relacionada com a essência
de uma pessoa e não pode ser feito de modo superficial, por motivos ou
interesses externos.
É sabido que uma pessoa que se converte para a Nação Hebreia já teve
uma Néfesh hebraica, mas essa Néfesh estava "perdida" e agora está
voltando a suas origens.
A razão para a Néfesh estar perdida tem a ver com um comportamento
pecaminoso da pessoa em vidas passadas, que podem ter feito com que
uma pequena parte de sua consciência de alma, ou seja, a Néfesh seja
separada da maior parte da Néfesh e vague entre outras nações.
Ao todo, há 70 Nações.
A conversão de uma nação para a outra não se aplica aqui.
Cada nação tem o seu próprio Ticun coletivo.
Os indivíduos de cada uma das nações têm sua própria consciência de alma
específica que pertence ao específico Ticun coletivo da nação à qual aquele
indivíduo pertence.
Portanto, a conversão neste caso realmente não serve para nada e não tem
significado espiritual.
O termo hebraico gói não se refere às 70 nações.
Assim, no caso da conversão hebraica, o Gói é uma pessoa cuja Néfesh não
está ligada a qualquer uma dessas nações.
É por isso que um prosélito em "potencial", ou seja, um Gói se sentirá
deslocado e como se não pertencesse à nação na qual nasceu.
No caso. de conversão de volta para a nação hebraica, o Gói se toma um
Guêr (um prosélito hebraico ou convertido).
Neste caso há uma "vantagem" para a Néfesh do Guêr, que merece o nível
do Rúach graças à sua conversão.
O processo de conversão adequada acelera a entrada do Rúach ou da
Neshamá no mundo, já que a Néfesh do guer está isenta de ter que ir se
aperfeiçoando, passando pelo longo processo de realização de Mitsvot.
De qualquer modo, a pessoa convertida que ganhou o Rúach tem que
cumprir os preceitos, sendo esta uma obrigação do Rúach para se
aperfeiçoar.
Outra vantagem é que como o Rúach imperfeito não pode se unir à Néfesh
aperfeiçoada, a pessoa tem que morrer imediatamente e reencarnar outra
vez a fim de permitir que o Rúach encarne; no caso da conversão, essa
pessoa não precisa morrer e pode continuar a viver, já que seu Rúach
encarnou.
E isso pode explicar por que a Torá adverte (Êxodo 23:9): "E não oprimirás
ao peregrino (ou estrangeiro — guêr, referindo-se ao convertido ou
prosélito), pois vós conhecestes a alma do peregrino (guêr), porque fostes
peregrinos (guerim) na terra do Egito".
É obvio, que o guêr serve como uma salvação para o Rúach.]
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 2
Introdução 2
O que acontece com a Néfesh que já foi corrigida, mas que está sem o
Rúach, pois não pode recebê-lo?
Esse é o segredo do assunto: de acordo com o nível de pureza e a extensão
da correção atingida pela Néfesh, reencarnará no corpo dessa pessoa,
enquanto ela ainda está viva, a Néfesh de um justo que já completou o ciclo
de encarnações e de correções, e que, na verdade, não precisaria
reencarnar aqui.
Ao entrar nesse corpo, a Néfesh desse justo ocupa o lugar do Rúach
daquela pessoa.
Às vezes, é possível que até mesmo Nefashot [plural de Néfesh] dos
primeiros justos, como a Néfesh do nosso patriarca Abrahão (hebraico.
Avraham), ou Nefashot similares, venham a reencarnar deste modo.
Tudo depende da correção a ser feita e da purificação atingida pela Néfesh
da pessoa.
[O assunto do Ibur é muito profundo.
Muitas pessoas podem vivenciá-lo.
Uma expressão do Ibur é quando a pessoa experimenta uma intervenção
divina em sua vida.
Alguns casos de Ibur são tão fortes que a nova entidade pode assumir o
papel da original.
O oposto do Ibur é o Dibuc, conhecido como uma pessoa possuída por um
espírito maligno.
Isso pode acontecer se parte de uma alma de uma pessoa negativa entra
no corpo de outra pessoa e se liga a sua Néfesh.
Isso não acontece por acaso ou aleatoriamente; nossas ações determinam o
tipo de alma que entra, seja por Ibur, seja por Dibuc.
Ações no mundo físico são consideradas uma língua, ou sinais, para o
mundo espiritual.
Eles atraem almas positivas ou negativas, dependendo de sua natureza.
Consequentemente, podemos aprender com isso que as Mitsvot podem
atrair para uma pessoa a alma dos Tsadikim, enquanto que as
transgressões podem chamar espíritos de natureza negativa pertencentes a
pessoas más.]
Então a regra que se deriva é que pode ocorrer de uma pessoa cumprir um
preceito de grande importância e por isso merecer o Ibur da Néfesh de um
justo de uma geração anterior.
É possível que essa pessoa se retifique e se purifique a ponto de sua Néfesh
ser transposta ao mesmo nível da daquele justo.
Depois disso, a pessoa terá que corrigir o seu Rúach e a sua Neshamá a tal
grau de pureza que estas partes tenham mérito de serem revestidas na sua
Néfesh purificada.
Então a pessoa vai ser transposta ao nível do justo e será considerada como
ele, tendo se elevado além do nível-raiz original da sua alma, de onde veio.
Tudo isso por causa da ajuda e assistência daquele justo.
No entanto, você deve saber que quando nós dizemos que às vezes a
NaRaN é de Ietsirá ou de Beriá, isso não significa que a pessoa não tem
uma Néfesh de Assiá!
Afinal de contas, é sabido que até mesmo a Shechiná é chamada de Malchut
e "reside" em Assiá [embora a origem da Shechiná seja Malchut de Atsilut.
Mas já que ela inclui em seu interior todos os graus mais baixos, ela
também pode residir em Malchut de Assiá].
Ainda mais no caso da Néfesh de uma pessoa então!
O que queremos dizer é que a Néfesh de uma pessoa que vem de Assiá,
pode se tornar tão purificada, que não pode mais ser sentida [como uma
entidade separada] em comparação com a luz de Néfesh de Ietsirá, que
está dentro dela.
Por isso que chamamos as duas como Néfesh de Ietsirá.
O mesmo vale para todas as outras divisões: mesmo quando dizemos que
uma pessoa teria Néfesh, Rúach e Neshamá (NaRaN) de Atsilut, isso
significa que [estas partes] se encontram dentro do Néfesh, Rúach e
Neshamá de Assiá, Ietsirá e Beriá.
Só que, no entanto, elas não são mencionadas por seus nomes
[separadamente], e todas se cancelam e são chamadas como Atsilut.
Você pode aplicar este conceito a qualquer outro caso particular que
mencionamos.
[A seguir, o Ari explica o preceito de Ibum, conhecido como casamento por
levirato.
O preceito de Ibum - Este preceito está relacionado a um dos temas mais
profundos, e que só pode ser explicado através da reencarnação.
Na Bíblia vemos que se uma pessoa casada morre sem filhos, é considerado
um preceito e um ato divino o irmão do falecido se casar com sua esposa.
Pois de acordo com a Halachá (código da lei judaica), uma mulher casada é
considerada divorciada com a morte de seu marido.
Por isso, ela está autorizada a se casar novamente.
Mas por que com o irmão de seu falecido marido?
Qual é o motivo para isso?
E o que ocorre se o irmão do falecido não quiser se casar com ela?
O objetivo espiritual deste preceito é compensar a ausência do falecido, que
partiu deste mundo sem deixar filhos, e engravidar a viúva.
A criança que nasce desta união deve receber o nome do falecido irmão, a
fim de estabelecer a continuidade de sua semente neste mundo.
Portanto, é obrigatória que o irmão, que é o mais próximo dos parentes,
realize esse ato divino por causa de seu falecido irmão.
Realizado corretamente, com a consciência e a intenção corretas, o que
ocorrerá é que a mesma alma do falecido irmão é a que vai reencarnar.
Portanto, neste caso, o filho nascido é, na verdade, o falecido marido; e seu
pai biológico é seu "irmão".
Este é o objetivo essencial do preceito de Ibum.
No caso em que o irmão se recusa a realizar este preceito, isso é
considerado uma grande vergonha para a família e para seu falecido irmão.
Um ritual especial era realizado em tais casos, para indicar a sua recusa.
A história de Judá e Tamar na Bíblia (Gênesis, capítulo 38) é a mais
clássica, que descreve este preceito em suas diferentes perspectivas.
Nos tempos atuais este preceito foi anulado devido ao declínio da
consciência espiritual.]
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 3
Introdução 3
Saiba que quando Adão pecou, ele maculou todas as centelhas de sua
Néfesh, Rúach e Neshamá.
Isso ocorreu pelo que é sabido, de que o corpo de uma pessoa é composto
de muitas centelhas divididas em 248 órgãos e 365 tendões — e,
consequentemente, há diversas centelhas na cabeça, nos olhos, e em cada
um dos órgãos — o mesmo se aplica àquela Néfesh [de Adão].
Isso é o que o Midrash Tanchuma e o Midrash Rabá, ao tratar da porção
semanal de Nassô, explicam sobre o versículo: "Onde estavas quando
construí as fundações da terra?"
Isso ensina que [depois do pecado] Adão ficou como uma matéria inerte, e
com a culpa sobre sua cabeça. [Em hebraico, golem, sem vida ou sem
consciência, o significado literal refere-se à matéria-prima bruta da qual
Adão foi criado].
O seu Rúach também estava dessa maneira, bem como sua Neshamá.
Quando ele pecou, no entanto, ele maculou a maioria das centelhas de sua
Néfesh, Rúach e Neshamá, fazendo com que elas ficassem imersas nas
Klipot.
Esse é o segredo do que está escrito no Sêfer HaTicunim na introdução
sobre o versículo "Como um pássaro que peregrina deixando o seu ninho”.
Quando a Shechiná ficou exilada entre as Klipot, os justos aceitaram a
diáspora e foram atrás Dela, vagando de um local para o outro, a fim de
poderem ficar juntos a Ela.
O local ao qual as centelhas foram exiladas no mundo das Klipot é definido
de acordo com o aspecto de onde elas vieram.
Se elas vieram da cabeça, elas se exilaram para a cabeça das Klipot.
Se vieram dos olhos, foram para os olhos, etc.
Esse é o segredo da ideia do "exílio das almas" que se menciona lá.
Em seguida, Cáin e Hével, filhos de Adão, cometeram seu próprio pecado,
além daquele que seu pai havia cometido, e assim fizeram com que suas
centelhas também se imergissem nas Klipot.
No entanto, em cada geração, algumas dessas centelhas encarnam no
mundo para serem corrigidas.
Tudo depende do nível das almas daquela geração.
As almas de uma geração podem vir das centelhas da cabeça, ou dos olhos,
etc.
Alguns reencarnam para serem corrigidos, mas não são cuidadosos e
pecam.
A centelha que faz isso se afunda ainda mais nas Klipot, com todas as
centelhas que derivam e dependem dela.
E este é um caso intermediário, que inclui e se relaciona tanto com a
reencarnação como com o Ibur.
Isso é porque todas as centelhas da Néfesh, mesmo aquelas já corrigidas,
voltam em uma encarnação completa desde o momento do nascimento
junto com a centelha individual que foi danificada.
Elas não se separam até o dia da morte.
[Isto é assim, porque a elevação dos diferentes níveis da Néfesh, a saber,
as Nitsotsot (centelhas), dependem umas das outras.
É por isso que todas elas têm de reencarnar juntas, desde o começo até o
fim da vida de uma pessoa].
Essa é a diferença entre alguém que morreu sem ter filhos e que deve
voltar pelo segredo do Ibum e alguém que morreu por conta de diversas
transgressões da Torá e que precisa vir por reencarnação, e não por Ibum.
Todos os detalhes que explicamos referentes às centelhas da Néfesh
também se aplicam ao Rúach e à Neshamá.
Existe outra diferença entre o Ibum e a reencarnação, relacionado ao que
foi mencionado no início desta Introdução.
Se uma pessoa reencarnar pelo segredo do Ibum, o seu primeiro corpo é
considerado como se jamais tivesse existido.
Por esse motivo, toda a Néfesh, em todas as suas partes, volta como uma
nova estrutura [considera-se como se fosse a primeira encarnação, na qual
é possível atingir todos os níveis da alma numa só vida].
É possível, portanto, que o Rúach e a Neshamá reencarnem juntos com a
Néfesh, embora não todos ao mesmo tempo.
Só quando a pessoa tem o mérito e cumpre preceitos adequados [para
atrair] o Rúach, é que ele entra nela; e o mesmo vale para a Neshamá.
Isso está conforme o que explicamos no início de todo este ensinamento,
sobre uma pessoa que veio ao mundo pela primeira vez, e sobre quem o
Saba de Mishpatim diz: "Se a pessoa merecer mais, lhe trazem um Rúach;
se ela merecer mais, lhe trazem uma Neshamá etc".
Esse não é o caso, como explicaremos, para alguém que reencarna.
Podemos concluir que quem vem pelo segredo do Ibum, que é similar a
uma 'nova estrutura', é capaz de atingir os três níveis — NaRaN — ”]
juntos naquela vez [vida], conforme as suas ações, como mencionado.
Esse é o segredo do versículo: "Se for a intenção do coração dele, de fato
acolherá o seu espírito [Rúach] e a sua alma [Neshamá] a ele", que foi
explicado no Saba DeMishpatim em relação a quem vem [para esse mundo]
pelo segredo do Ibum.
E sua explicação é a seguinte: Do mesmo jeito que quem cumpre o preceito
do Ibum (casamento levirato) tem a força de devolver a parte da Néfesh do
seu irmão para esse mundo através do Ibum, similarmente, quem vem por
Ibum tem força para devolver e acolher toda aquela Néfesh, junto com seu
Rúach e sua Neshamá.
Tudo isso é possível somente por boas ações, como é dito: "Se for a
intenção do coração dele, etc."
[Esse versículo do Livro de Jó se refere ao segredo do Ibum, como o Ari
explica.
O significado do preceito do Ibum é um dos mais profundos da Torá.
Trata-se do caso de um homem que morre sem ter filhos.
Para salvar a alma dele e não deixá-la perder-se, e sem participar na
ressurreição dos mortos, por não ter cumprido o preceito de procriação, que
é obrigatório e não se pode deixar de cumprir, então, resgatá-lo torna-se a
missão do seu irmão ou de uma pessoa mais próxima a ele.
A Torá nos ensina que o irmão que está vivo tem que se casar com a
esposa do seu irmão falecido.
Na união marital, o irmão tem que meditar com a "intenção do coração
dele" para "acolher o Rúach e a Neshamá" do seu irmão falecido.
O filho que nasce dessa união tem de fato o Rúach do falecido.
No sentido espiritual, ele é o 'irmão' do seu pai biológico.]
Portanto, numa reencarnação que não seja por Ibum, a pessoa não tem a
força de atrair os três níveis da alma juntos, somente um por um.
Por isso, no começo, a Néfesh reencarna sozinha, até que seja totalmente
corrigida, e a pessoa morre.
Em seguida, o Rúach reencarnará sozinho em outro corpo até que seja
corrigida.
Contudo, a Néfesh reencarna junto com ele, mas só de acordo com o
segredo do Ibur, pois ela é corrigida.
Então, por ela vir somente para ajudar a pessoa e fazer o bem para ela e
não o mal, ela participa nas boas ações do Rúach, e não nas más.
É igual ao caso quando a Néfesh, em seu total, reencarna junto com uma
parte particular dela, e fica com ela pelo segredo do Ibur, etc.
(Veja anteriormente).
[Nessa explicação fica claro como as reencarnações da Néfesh têm um fim,
e ela pode ser corrigida por não fazer parte das transgressões do Rúach,
como foi mencionado.]
[Voltando ao assunto] — Depois, a pessoa morre e a Neshamá reencarnará
para se corrigir, então a Néfesh e o Rúach vêm nela somente pelo segredo
do Ibur, até que [a Neshamá] seja corrigida.
Aí não há mais necessidade para essa pessoa reencarnar mais nesse mundo
para servir a se mesma, portanto, ela pode vir pelo segredo do Ibur,
enquanto a outra pessoa esteja viva, para ajudá-la e aumentar os seus
méritos, como foi explicado.
E agora vamos esclarecer o que aprendemos do que foi explicado no
começo da Introdução, que é: mesmo sendo pelo segredo da reencarnação,
com um esforço tremendo é possível para [uma Néfesh] 'um pouco nova'
receber o três [níveis] — NaRaN — ” juntos, numa só vez e no mesmo
corpo e não precisará de muitos encarnações.
E a pessoa completa a correção dos três numa só encarnação.
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 4
Introdução 4
Agora, temos de saber que, se uma pessoa mereceu sua Néfesh, Rúach e
Neshamá, mas depois as maculou, conforme foi explicado; quando ela
voltar a reencarnar, as três não voltam juntas.
Cada uma deve retornar em uma reencarnação separada.
Mas quais são as leis que regem a correção de cada uma delas?
Saiba, que quando uma Néfesh reencarna em um corpo para se corrigir e
de fato se corrige, então o Rúach não consegue se unir a ela, como nós já
mencionamos, porque, como um Rúach maculado pode se unir a uma
Néfesh já corrigida?
E certamente um Rúach maculado não pode se unir à Néfesh antes que ela
esteja corrigida, porque o Rúach só pode entrar no corpo depois de a
Néfesh estar completa ali, pois ela é de um nível inferior.
Sendo assim, o Rúach deve reencarnar sozinho com a Néfesh de um
convertido em vez de com a sua própria Néfesh, e lá ele se corrigirá.
Do mesmo modo, a Neshamá entrará sozinha em outro corpo, junto com a
Néfesh de um convertido.
Esse é o segredo do que está escrito no Saba de Mishpatim: "A Neshamá
que encontra a Néfesh dos convertidos... e possui méritos por conta delas".
Um Rúach sozinho, ou uma Neshamá sozinha, só podem entrar em um
corpo se houver uma Néfesh lá.
No lugar da sua própria Néfesh, eles pegam a Néfesh de um convertido, e
através dela atingem a correção.
[No que se segue o Ari explica que a alma (Néfesh, Rúach e Neshamá) de
uma pessoa pode reencarnar ao mesmo tempo em diferentes organismos.
Neste caso, as partes separadas da alma podem "convidar" sobre si outras
partes da alma dos Tsadikim, como auxiliares.]
Tendo dito isso, podemos responder a um tópico importante.
A maioria das pessoas só merece receber a sua Néfesh.
E só uma pequena parcela dessas últimas gerações consegue ter o mérito
para receber seu Rúach e Neshamá.
Mas, ainda assim, nós sabemos que o filho de David [o Messias, ou o
Salvador] não virá até que todos os Ruchot e Neshamot sejam corrigidos.
Do que foi dito, podemos concluir que o Rúach e a Neshamá podem
reencarnar em outros corpos, com a Néfesh de um convertido, e eles
também se corrigem no processo.
E ainda mais do que isso, quando a Néfesh original eventualmente atinge
sua correção, ela pode receber no lugar do seu próprio Rúach, o Rúach de
um justo, cujos atos foram similares ao da pessoa.
Ele entrará no lugar do próprio Rúach dela.
E assim ele se completa.
De modo similar, a pessoa pode ganhar a Neshamá de um justo.
Se a Néfesh deixar esse mundo antes que o seu Rúach original tenha
terminado sua correção, então ela pode, nesse meio tempo, acompanhar o
Rúach do justo ao Mundo Vindouro e, através dele, receber a recompensa
que lhe cabe.
Uma vez que o seu próprio Rúach completar sua correção pela sua própria
reencarnação em outro corpo, como explicado acima, a Néfesh diz "Eu vou
retornar ao meu primeiro marido", e ela se vai para se reunir com o seu
Rúach.
De modo similar, uma vez que a Neshamá se corrige, sua Néfesh e seu
Rúach retornam para se tornarem um só com ela.
[Devemos entender que a reencarnação não é necessariamente um castigo,
mas sim uma oportunidade de crescer, evoluir e aperfeiçoar a consciência
da nossa alma.
Dessa maneira, recebemos mais luz e aproximamo-nos do Criador.
Embora para os ímpios possa ser que as coisas não pareçam assim, porque
o ímpio sente que ele é forçado a reencarnar e suportar o peso da vida.
Já os justos reencarnam de bom grado e seguindo seu livre-arbítrio, eles
não sentem nenhuma obrigação.
É a consciência espiritual que separa os maus e os justos.
Por conseguinte, é a ignorância dos ímpios que é a principal causa do
sofrimento e da dor.]
Ele sabia que a Néfesh só reencarnou nele uma segunda vez para corrigir
uma pequena parcela de algo que tinha ficado incompleto.
Isso fez o corpo do Rav Sheshet se entristecer, porque significava que todos
os seus esforços eram para sua Néfesh que, no final, iria retornar ao
primeiro corpo, o do Baba ben Buta, na época da Ressurreição.
Todo mérito pela Torá que ele estudava e por todo preceito que ele cumpria
era para sua Néfesh, e não para o seu corpo em si.
Por isso era a Néfesh que tinha que se regozijar, e não o corpo.
Assim, ele dizia "Regozije-se minha Néfesh" e não só "Regozije-se".
Ele ainda falava: "Por você eu leio... por você eu aprendo", isto é, para o
seu beneficio, e não para o meu próprio.
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 5
Introdução 5
[Neste capítulo, o Ari elabora ainda mais sobre o caso de uma reencarnação
dupla (em hebraico, Guilgul Caful), quando duas Nefashot reencarnam
juntas no mesmo corpo; e do caso de Ibur, bem como sobre a questão da
diferença de se a alma do Ibur vem por si ou por causa da alma da pessoa
já encarnada.
O Ari explica o número de reencarnações pelas quais uma pessoa pode
passar e o que acontece se outras Nefashot se juntam a ela.
E como as Neshamot maiores chegam para ajudar as inferiores a levantar a
Shechiná das profundezas do exílio.]
O versículo diz "Cobro a iniquidade dos pais nos filhos, sobre terceiras e
sobre quartas gerações."'
Isso significa que até três Nefashot antigas podem reencarnar juntas com
uma nova Néfesh, tudo em um mesmo corpo, no momento do nascimento.
Isso totaliza quatro Nefashot de uma vez.
Esse é o segredo da palavra "quartas".
Também é esse o segredo do versículo "Vê que Elohim pratica tudo isto
duas, e mesmo três, vezes para com o ser humano."
Três Nefashot conseguem reencarnar em um ser humano, que é a Néfesh
nova.
No entanto, não é possível que mais do que isso reencarne junto de uma
vez só.
Menos do que esse número é possível.
É possível que uma Néfesh reencarne sozinha em um corpo; ou que venha
uma Néfesh reencarnada com uma Néfesh nova.
Ou, duas Nefashot reencarnadas podem vir a um corpo; ou duas Nefashot
reencarnadas com uma Néfesh nova; ou três Nefashot reencarnadas entre
si; ou três Nefashot reencarnadas com uma Néfesh nova.
Porém, mais do que isso não é possível em um só corpo.
Saiba, que aqueles que reencarnam juntos em um mesmo corpo devem ser
todos de uma única raiz.
Esse é o significado secreto do versículo "virá e remirá a venda de seu
irmão."
O resultado disso é que mesmo que esta pessoa [com Néfesh] recém-
reencarnada não tenha cometido nenhum dos pecados das encarnações
anteriores, [das outras Nefashot que vieram com ela], ela terá que limpar
as máculas e manchas resultantes dos pecados passados delas, caso a
pessoa seja de um nível mais interno do que as outras.
Por exemplo, se ela for dos tendões daquele órgão de Adão, e as outras da
carne, que é inferior aos tendões.
Isso tem que ser feito para que a essência da vida possa nutrir toda a raiz.
[Quanto mais profunda a raiz da alma esteja, mais responsabilidade ela tem
com as outras almas, cujas raízes são mais externas.]
O Ibur tem limitações similares, pois até três Nefashot podem vir ajudar a
Néfesh de uma pessoa.
O total, portanto, será de quatro.
Mais do que isso não é possível; menos, sim.
No entanto, aqueles que vieram pelo segredo da encarnação só vieram para
ajudar a si mesmos, corrigir os seus pecados, ou cumprir um preceito que
ainda tinham que cumprir.
Ampliando a discussão sobre Ibur, eis um exemplo: Imagine uma pessoa
que reencarnou em um corpo para se corrigir.
Digamos que ela tem na sua raiz espiritual dez Nefashot que são maiores
do que ela própria.
Se ela tiver mérito, a décima e mais baixa Néfesh — que ainda assim é
mais elevada que a pessoa — entrará nela como Ibur e a ajudará a atingir
sua correção.
Se a pessoa ampliar o seu merecimento, ela vai receber a nona Néfesh
como Ibur, e se merecer mais ainda, a oitava Néfesh entra nela.
Desse modo, ela terá recebido três Nefashot e, contando com a sua própria,
a pessoa está com quatro.
Mais do que isso não é possível receber.
Porém, se a pessoa continuar a ampliar o seu mérito, ela pode até chegar a
receber a sétima Néfesh também, fazendo, então, com que a décima
Néfesh ceda seu espaço e sua luz para os três Iburim superiores.
É assim que continua o processo, até que a pessoa pode adquirir as três
Nefashot mais elevadas das dez: a primeira, a segunda e a terceira.
A luz dessas três será revelada em Ibur para ajudar a pessoa.
As outras sete vão ceder sua luz para elas; isso é, quando contrastadas com
a luz das três Nefashot superiores, parecerá que elas jamais existiram.
Isso porque somente três Nefashot, além da Néfesh da própria pessoa,
podem coexistir em um mesmo corpo.
O versículo diz "Vê que Elohim pratica tudo isto duas, e mesmo três, vezes
para com o homem."
Isso significa que nas três primeiras encarnações, a Néfesh da pessoa
reencarna sozinha no corpo, sem nenhuma parceria.
No entanto, se depois dessas três vezes a Néfesh ainda não tiver se
corrigido, ela deve voltar mais três vezes, mas já não mais sozinha, pois
ficou claro que ela não tem a capacidade de se corrigir a si mesma.
Então ela volta "com o homem", que é um justo que virá como Ibur para
ajudar a Néfesh e direcioná-la ao caminho correto.
É por isso que o versículo não diz apenas "três vezes", o que pareceria se
referir às três primeiras vezes, mas sim "duas, e mesmo três, vezes...".
(O termo "vezes" está sintaticamente ligado a "duas" e não a "três".)
Isso nos ensina que durante um segundo grupo de três encarnações a
Néfesh terá um "homem" como parceiro.
Um conceito fascinante está explicado no Saba de Mishpatim com relação a
um reencarnado que encarnou várias vezes: Em que corpo essa alma virá
na época da Ressurreição?
Nós já explicamos isso antes ao mencionar o que a Introdução aos Ticunim
diz com relação ao versículo "Como um pássaro que peregrina deixando seu
ninho."
E nós discutimos o que o Zôhar diz na Porção Semanal de Pecudê com
relação à Shechiná, sobre como ela fica exilada entre as Klipot até o ponto
de suas pernas ficarem imersas na impureza.
Também falamos sobre como as almas dos justos também se exilam com a
Shechiná nas Klipot.
Antigamente, as almas que se exilavam com Ela eram centelhas e partes
dos mesmos níveis nos quais a Shechiná então se encontrava.
O mesmo valia para todas as gerações.
Então agora, nesse momento da história, a Shechiná já desceu até o nível
das pernas, e as almas dessas gerações são do nível das pernas.
Como no começo todas as almas foram exiladas nas Klipot junto com a
Shechiná, agora essas primeiras almas que já se corrigiram e se elevaram
voltam a descer para ajudar e corrigir as almas inferiores, isto é, para
retificá-las.
[Estas almas mais elevadas que vêm dos tendões e dos Mochin pertencem à
mesma raiz, das almas mais externas dos ossos e da pele, portanto, elas
aparecem para ajudá-los.]
E, sendo assim, acabamos vendo que cada alma tem diversas partes e
centelhas, mas todas são chamadas de uma única alma, e isso vale para
todas as almas.
Portanto, quando chegar a hora da Ressurreição, cada corpo ficará com sua
parte de alma, de acordo com o nível que foi corrigido na sua época.
Pode até ocorrer de apesar de uma pessoa ter uma Néfesh elevada, pura e
única, encarnada consigo, de ter certa vez em que ela se irrite, então essa
Néfesh sairá dela, e uma Néfesh inferior entrará em seu lugar.
Ou pode acontecer que a pessoa fique terrivelmente doente, e sua Néfesh
seja trocada por outra Néfesh.
Ou ainda a pessoa pode contrair uma doença que a deixe debilitada e a sua
Néfesh pode ser trocada; ela vai para outra pessoa, enquanto uma Néfesh
diferente entra nela.
Esse é o segredo do que foi dito: "Uma pessoa se mantém justa durante
toda a sua vida só para se tornar perversa no final."
Ou ainda pode ser que aconteça justamente o contrário.
Por ser assim, é possível que aconteça outro caso, que é o seguinte: Se até
aquele momento específico a alma-gêmea foi destinada para aquela pessoa,
por ter trocado a Néfesh dela e passada a outra pessoa, é esta outra pessoa
que vai recebê-la.
Saiba, que tanto a Néfesh como o Rúach ou a Neshamá de uma pessoa
conseguem elevar as suas centelhas que estão imersas nas profundezas das
Klipot.
Elas serão corrigidas por meio da pessoa, como será explicado a respeito do
por que os Dez Mártires foram mortos.
[Historicamente, o evento dos Dez Mártires do Reino ocorreu na época da
destruição do Segundo Templo.
Os Dez Mártires foram cruelmente torturados e assassinados.
Os dois primeiros a serem executados foram o Raban Shimon ben Gamliel e
o Rabino Ishmael Cohen Gadol.
O Raban Shimon ben Gamliel foi decapitado e enquanto o Rabino Ishmael
chorava, a filha do governador romano desejou a Ishmael sua beleza fisica.
Quando lhe disseram que ele teria que ser executado, ela pediu que a pele
do seu rosto fosse tirada enquanto ele ainda estava vivo, para que ela
pudesse guardar a pele e olhar para seu rosto.
O mártir mais conhecido é o Rabi Akiva, que teve a pele arrancada com
pentes de ferro.
Apesar da dor que o consumia, ele ainda foi capaz de recitar a oração do
Shemá, até a última palavra - Echad - "Um" - e, finalmente, devolver sua
alma ao seu Criador.
Outro sábio martirizado foi o Rabino Hanina ben Teradion, que foi enrolado
em um rolo da Torá e queimado vivo.
Uma lã úmida foi posta em seu peito para garantir que ele não morreria
rapidamente.
Enquanto ele era queimado, ele disse a seus alunos que podia ver as letras
da Sagrada Torá "voando" para o céu.
Os outros são o Rabino Hutspit Haturgueman (o Tradutor -assim chamado
porque ele interpretava as palavras do diretor da ieshivá para as massas,
que não conseguia acompanhar todas as suas palavras); o Rabino Elazar
ben Shamua; o Rabino Hanina ben Hakinai, o Rabino Iesheivav Hasofer, o
Rabino Iehudá ben Dama; e o Rabino Iehudá ben Baba.
Como resultado da extrema opressão do Império Romano, toda a esperança
de recuperar a liberdade espiritual foi perdida e o desespero tomou conta de
toda a população.
Isso levou as pessoas a perder a capacidade de distinguir entre o bem e o
mal.
O comportamento imoral, pecador e transgressor, além da corrupção,
tomou-se a ordem do dia.
Ninguém parecia se importar com santidade e todos haviam perdido o
contato com o divino.
Como resultado deste declínio 'espiritual, a morte dos Dez Mártires expiou
as ações pecaminosas daquela geração.
Ao morrerem, suas almas se elevaram e libertaram as almas que estavam
afundadas no fundo das Klipot, devido a seus pecados.
Lamentavelmente, é um exemplo real e extremo de sacrifício de vida,
intencionado a elevar e libertar centelhas de almas dos colmilhos das Klipot.
Elas não consegueriam fazer isso por sua própria conta e iriam ficar presas
nos meios das Klipot.]
Existe uma diferença entre alguém que reencarna porque não teve filhos e
não cumpriu o preceito de procriação e alguém que reencarna por qualquer
outra transgressão que possa ter cometido, para se corrigir.
Aquele que reencarna por não ter procriado não poderá voltar sozinho, mas
só em parceria com alguém.
Esse será o caso ainda que a pessoa seja como Shimon ben Azai, que não
precisou reencarnar para ter filhos [porque ele já havia cumprido este
preceito em sua vida anterior].
Ainda assim, quando uma pessoa reencarna já no nascimento por causa de
um pecado diferente, ou para ajudar a alguém, ou quando vem como Ibur
durante a vida de alguém, não será possível voltar sozinho, mas somente
em parceria com alguém.
Como se trata de "metade de um corpo"; não há como vir sozinho.
Isso poderia ser um caso do que chamamos de "Encarnação Dupla", e,
conforme discutimos em capítulos anteriores, essa encarnação não se dá
por causa do Ibum.
Essa é a apreciação de acordo com a minha humilde opinião, eu, Chaim!
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 6
Introdução 6
Esse é o segredo do que está escrito no Zôhar: "Desde que o Templo foi
destruído, as Neshamot não entraram no Santuário do Amor".
Isso quer dizer que as novas almas que nascem da Unificação Face a Face
de Atsilut não entraram ali [no Santuário do Amor].
No entanto, é possível para as novas almas dos mundos de Beriá, Ietsirá e
Assiá virem [ao mundo físico] até mesmo depois da destruição do Templo.
[O pecado de Adão afetou os mundos de BIA e não o mundo de Atsilut.
Durante a época do Templo Sagrado, os rituais de correção realizados pelos
sacerdotes, levitas e pelo povo de Israel permitiu que essas novas
Neshamot aparecessem no mundo, já que o pecado de Adão foi, em parte,
expiado e conseguiram alcançar o mundo de Atsilut.]
Todas as outras almas que vêm ao mundo são as que estavam incluídas em
Adão, depois que ele foi criado no aspecto de Costas a Costas, e então o
Santíssimo o 'serrou' [o dividiu no processo espiritual chamado Serramento'
(hebraico, Nessirá)] e o retornou para o aspecto de Face a Face.
De fato, todas as almas antigas vêm de Adão.
[Para descrever o que acontece no mundo espiritual, temos que perceber
que existem duas dimensões paralelas que funcionam ao mesmo tempo.
Então, enquanto as almas velhas descem ao mundo e passam pelas
reencarnações para se corrigirem, Adão, no mundo paralelo, passa pelo
processo de ‘Serramento'.
É um processo de ser 'serrado' e divido em dois, para separar o lado
Masculino do Feminino, que estão de Costas a Costas, e os reunir pelo
aspecto de Face a Face.
Assim nascem as almas verdadeiramente novas que são consideradas como
se não tivessem pecado.
Em princípio, as chamadas almas antigas participaram do pecado de Adão
no Jardim do Éden; as novas, não.]
Nós já explicamos que a maior parte das almas provém de Cáin e Hével,
filhos de Adão.
Daquele momento em diante, elas se dividiram entre todas as pessoas que
viriam a nascer.
Apesar de que não vamos explicar este conceito em detalhes agora, já que
este não é o lugar para isso, daremos um exemplo do que isso significa.
Por exemplo, suponha que Hével é o aspecto da cabeça de todas as almas.
Então Hével seria a raiz de todas as centelhas individuais das almas
humanas que são do aspecto da cabeça.
De modo similar, se nosso patriarca Avraham fosse do braço direito de
Adão, então todas as centelhas individuais humanas que pertencessem ao
braço direito de Adão estariam incluídas em Avraham.
Ele seria considerado a raiz de todas elas.
E o mesmo vale para cada órgão e pelo do corpo de Adão.
No entanto, esse não é o lugar para discutir isso.
Suponha que uma pessoa, por exemplo, reencarnou vinte ou trinta vezes
antes.
Ela precisará saber se na primeira encarnação, por exemplo, tinha NaRaN —
[”] de BIA — [ "] e se houve mácula ali.
Se esse for o caso, então todas as próximas trinta encarnações, mesmo que
só a Néfesh tenha entrado em cada uma delas, terão que promover
correções como se a mácula fosse em todo BIA, pois a primeira encarnação,
que precedeu a todas elas, tinha a Néfesh recebendo a luz da Neshamá de
Beriá.
Sendo assim, para completar sua correção, a pessoa agora terá que
devolver a Luz inicial que sua Néfesh tinha.
Esse é o significado secreto do versículo "ela pegou da Mão do Altíssimo o
dobro por seus pecados".
Às vezes a pessoa comete um pecado relativamente leve, mas serão muito
severos com ela, punindo-a como se ela tivesse cometido um pecado grave,
como se fosse o "dobro" do que realmente cometeu.
É por isso que se diz que é proibido duvidar das intenções do Santíssimo.
Isso é dito quando vemos uma pessoa nessa situação.
De fato uma pessoa não entende isso, mas ela deve confiar que o
Santíssimo está fazendo o que é certo, e tudo é feito com justiça e de
acordo com a lei.
No entanto, suponha que da primeira encarnação até a nona, das trinta
mencionadas, a pessoa só mereceu Néfesh e Rúach.
E na décima encarnação a pessoa mereceu também a Neshamá, e aí pecou
e a maculou.
Quaisquer pecados que foram originados nas nove primeiras encarnações
macularam somente Rúach e, obviamente, Néfesh.
No entanto, da décima em diante, até a trigésima, a mácula e a correção
estarão afetando o nível de Neshamá também.
Baseado nisso você deve ser capaz de entender qualquer outro caso.
Assim, vemos que uma pessoa não consegue completar seu arrependimento
totalmente, da maneira como deveria ser, até que ela saiba a Raiz de sua
alma e os níveis das encarnações ligados a sua alma, que a precederam.
Por esse motivo, o Zohar, quando vai discutir o versículo "Dize-me, ó Tu, a
quem a minha alma ama", é inflexível nisso.
Lá é argumentado em grande extensão que uma pessoa precisa saber a
identidade de sua alma, por que ela veio ao mundo e o que ela precisa
corrigir.
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 7
Introdução 7
Vamos discutir mais sobre o assunto das almas novas e velhas e quem são
elas.
Nós já explicamos que existem algumas almas que não faziam parte da
alma de Adão quando ele foi criado.
[Com o termo "criado", refere-se ao mundo da Criação (Beriá), mas há
almas que pertencem ao mundo da Emanação (Atsilut) - o pecado de Adão
foi cometido no mundo da criação e afetou a esse mundo e os abaixo dele
apenas].
Essas são as almas verdadeiramente e completamente novas, enquanto as
almas que já estavam incluídas em Adão são chamadas de "almas antigas",
por oposição.
E destas existem dois tipos.
Portanto, no total existem três tipos de almas.
O primeiro é daquelas almas que não estavam incluídas em Adão [e não
faziam parte do pecado], e são completamente novas.
O segundo tipo de alma é resultante do pecado de Adão, pois depois desse
fato seus órgãos caíram dele e ele foi reduzido a não mais do que 100
cúbitos de altura.
Esse é o segredo do versículo "sobre mim estendes Tua mão protetora."
[No Tratado de Chaguigá 12a diz-se que como resultado do pecado de Adão
o Santíssimo, bendito seja, colocou a Sua mão sobre ele e encolheu sua
altura a 100 Ama (=50 metros).
A palavra 'mão' em hebraico é Caf - 12, que tem o valor numérico de 100.
Antes de pecar, sua altura era de 500 Amot (=250 metros)].
O mesmo que aconteceu com o seu corpo aconteceu com sua alma.
As centelhas de alma que permaneceram com ele depois do pecado ficaram
ali, pois eram necessárias ao próprio Adão.
Depois do pecado, ele se tomou pai de Cáin e Hével e, como os Sábios e o
Zôhar dizem, foi dessas centelhas que eles nasceram.
Esse é o segundo tipo de alma.
O terceiro tipo é das centelhas de sua alma que partiram dele no momento
em que ele pecou e caíram nas profundezas das Klipot.
Essas foram chamadas pelos Sábios de "os órgãos que caíram".
E saiba, que foi deste terceiro tipo de alma que a alma de Seth, filho de
Adão, surgiu.
Sendo assim, a alma do primeiro tipo é chamada 'uma alma completamente
nova'.
É sobre essa alma, quando ela desce ao mundo e encarna em um corpo,
que os Sábios disseram "Venha e veja: Quando uma pessoa nasce ela
ganha uma Néfesh, e se ela merecer mais...".
Como essa é sua primeira vez em que vem ao mundo, a pessoa consegue
atingir da Néfesh de Assiá até a Neshamá da Neshamá de Atsilut, nível após
nível, como está dito: "e se ela merecer mais".
E isso tudo pode ser feito com grande facilidade e sem muito esforço.
Nós já explicamos esse primeiro tipo antes.
No entanto, se durante esse período a pessoa peca, causa uma mácula e
morre, e seria necessário para ela voltar a este mundo.
Neste momento ela será chamada de "reencarnada" e de "antiga".
Como já explicamos antes, a Néfesh vem para a pessoa ao nascimento,
mas o Rúach não pode vir até que a pessoa tenha treze anos de idade e
mais um dia.
A Neshamá não pode vir até a pessoa ter vinte anos ou mais.
Desse modo a pessoa avança e vai ganhando os níveis de acordo com seus
atos, até atingir NaRaN ["]de Atsilut, tudo conforme a sua idade.
O segundo tipo de almas consiste das centelhas de alma que ficaram em
Adão depois do pecado, e que ele passou para Cáin e Hével quando eles
nasceram.
Elas são consideradas novas até certo ponto, mas não totalmente novas.
Quando elas são corrigidas, elas ficam mais elevadas que todas as outras
almas que saíram de Adão, pois elas tiveram a capacidade de ficar nele e
não cair nas Klipot.
Elas têm essa virtude em particular: Quando os filhos dele, Cáin e Hével, as
herdaram, isso não foi considerado uma encarnação de fato, como se elas
tivessem vindo de um primeiro corpo que morreu.
Tudo ocorreu durante o período de vida de Adão, quando ele passou as
centelhas para os seus filhos, ao nascerem.
Portanto, todas as centelhas que foram incluídas em Cáin e Hével são
consideradas como se ainda fossem partes de Adão ele mesmo, como se
sequer tivessem saído dele.
Podemos concluir, que quando essas centelhas vieram como partes de
Adão, elas não vieram para corrigir a correção de si mesmas, porque não
pertenciam a ele, e apenas estavam incluídas nele.
Por isso que elas são consideradas como se nunca tivessem vindo ao mundo
antes.
E, portanto, posteriormente, quando elas vieram incluídas em Cáin e Hével
durante a vida de Adão, isso não deve ser considerado uma encarnação de
fato.
Elas novamente não vieram para si mesmas, mas apenas porque ainda não
foram divididas em centelhas individuais em seus próprios corpos.
O que houve apenas é que elas foram incluídas nos corpos de Cáin e Hével.
Isso também, de qualquer modo, não se considera ainda como uma
encarnação.
Sendo assim, só depois deles, quando essas centelhas são divididas e
alocadas em um corpo de uma pessoa, é que se considera que passaram
pela primeira encarnação.
Esta é uma alma nova, até certo ponto, mas não totalmente nova, porque
elas já estavam em Adão, Cáin e Hével antes.
Se a pessoa que receber este tipo de alma pecar e maculá-la nesta primeira
vez, morrendo e reencarnando depois, aí ela será chamada de 'encarnada' e
'antiga'.
Mas durante a sua primeira vez no mundo elas são consideradas almas
'quase novas', como explicamos.
Então, até ela, nesta primeira vez, pode alcançar a Néfesh de Assiá, o
Rúach de Ietsirá, a Neshamá de Beriá e a Néfesh de Atsilut, dependendo
das suas ações.
No entanto, elas não conseguem atingir mais do que isso, igual à alma
nova.
É isso que constitui a diferença entre esse segundo tipo de alma e as almas
do primeiro tipo, que podem chegar até a Neshamá da Neshamá de Atsilut.
Esta é uma diferença entre o primeiro e o segundo tipo de alma.
A razão para essa diferença é que quando Adão pecou ele perdeu a Zihará
Ilaá (Esplendor Supernal), que são os níveis de NaRaNCHaI ["] do
mundo de Atsilut, como é mencionado no Zóhar.
Elas são chamadas de Zihará Ilaá e não caíram nas Klipot, que só afetam os
três mundos de BIA ["].
E todos os níveis de Atsilut, chamados de Zihará Ilaá, subiram às alturas, e
só a Néfesh de Atsilut permaneceu nele.
Assim, quando essas centelhas que foram incluídas em Cáin e Hével vieram
ao mundo pela primeira vez, elas só podem atingir, através de seus atos,
até o nível de Néfesh de Atsilut e não mais.
É o que elas tinham originalmente.
No entanto, as almas completamente novas, do primeiro tipo, podem atingir
da Néfesh de Assiá até as alturas de Atsilut chamadas de Zihará Ilaá, na
sua totalidade.
Essa é uma vantagem do primeiro tipo de alma em relação ao segundo.
Existe outra vantagem de uma alma nova, que foi chamada do primeiro
tipo: Quando ela vem ao mundo pela primeira vez ela consegue facilmente,
no mesmo corpo, atingir da Néfesh de Assiá até a Neshamá de Neshamá de
Atsilut como mencionamos.
A Néfesh se torná o "tabernáculo" e o "trono" do Rúach; o Rúach da
Neshamá, e assim por diante.
No entanto, este não é o caso com as almas do segundo tipo, que são as
centelhas que foram incluídas em Cáin e Hével.
Apesar de elas conseguirem chegar até a Néfesh de Atsilut em uma vida,
como explicado, isso não se dá de maneira tão fácil como no primeiro tipo,
mas com muita dificuldade e grande esforço.
É sobre isso que falamos (veja Introdução 3) quando nos referimos ao
segredo do Ibum noturno e o versículo "Minha Néfesh Te tem buscado a
cada noite; meu Rúach Te tem buscado veementemente."
Depois que a Néfesh se corrigiu completamente, ela deixa o corpo da
pessoa durante a noite, enquanto a pessoa dorme, e a Néfesh de um
convertido entra no seu lugar, pela manhã, junto com o Rúach da própria
pessoa.
O Rúach será revestido nessa Néfesh até ter se corrigido completamente.
Nesse momento a primeira Néfesh vai voltar ao corpo, e eles vão ficar
juntos.
A Néfesh será um "trono" do seu próprio Rúach.
Se a pessoa tiver ainda mais méritos, então sua Néfesh e seu Rúach sairão
dela durante a noite e, pela manhã, sua Neshamá entrará no corpo, ficando
lá até ter se corrigido completamente.
Depois disso, sua Néfesh e seu Rúach voltam a entrar na pessoa e os três
permanecem juntos.
No entanto, tudo isso só acontece com grande esforço e muita dificuldade, e
depois de uma meditação intensa.
Esse é o segredo do versículo "Se Ele voltasse Seu coração contra alguém,
simplesmente recolheria seu Rúach e sua Neshamá."
Isso significa que se a pessoa for sábia e se souber como fazer a meditação
do Ibum Noturno, da qual falamos, e se ela prestar atenção a isso e
concentrar o seu coração, ela será capaz de unir em si, em seu corpo, o
Rúach e a Neshamá sem a necessidade de novas encarnações.
Pode acontecer de uma pessoa corrigir completamente a sua Néfesh, mas
não saber como meditar e usar a 'intenção do seu coração' para atrair o seu
Rúach e começar a corrigi-lo, como foi explicado anteriormente: deixando a
Néfesh partir de noite por meio da meditação no versículo "Minha Néfesh Te
tem buscado a cada noite".
Nesse caso, essa pessoa terá que morrer primeiro para depois poder corrigir
o seu Rúach em um segundo corpo.
Quando ele for corrigido, a Néfesh se unirá a ele.
[Se nesse momento essa pessoa ainda não souber como mandar o Rúach
embora de noite para pegar sua Neshamá e corrigi-la de acordo com a
meditação mencionada, então ela terá que morrer uma segunda vez para
que sua Neshamá possa entrar em um terceiro corpo para se corrigir.
Ao terminar a correção desse corpo, a Néfesh e o Rúach vão voltar a entrar
juntos nele para se unir à Neshamá, como discutido anteriormente.
Podemos nos perguntar, por vezes, sobre pessoas que aparentemente são
boas e às quais esperamos que fossem recompensadas com uma vida
longa.
Mas pode ser que isso não ocorra, como seria de esperar, e elas morrem
relativamente jovens.
Então começamos a nos questionar a respeito da justiça divina e de como
ela funciona.
O parágrafo seguinte explica esse fenômeno.]
O mesmo vale para os verdadeiros justos que mereceram sua Néfesh e seu
Rúach, corrigindo-os, mas que não sabem como mandá-los embora para
pegar a Neshamá.
Esse é o significado secreto do versículo "e morrem sem sabedoria."
Isso significa que, às vezes, as pessoas morrem por falta de sabedoria, isto
é, sabedoria de como atrair seu Rúach ou sua Neshamá.
No entanto, saiba que isso só se aplica para uma pessoa que corrigiu sua
Néfesh, mas cujo Rúach e Neshamá permanecem maculados de uma
primeira vez.
Mas, no caso de uma pessoa cujo Rúach e Neshamá já foram corrigidos [na
primeira aparição da pessoa ao mundo, apenas a Néfesh surgiu e pecou,
enquanto o Rúach e a Neshamá não encarnaram e, por isso, são
consideradas 'já aperfeiçoadas' ou corrigidas] — quando ela completar a
correção de sua Néfesh, o Rúach e a Neshamá poderão entrar no corpo
revestidos na Néfesh já que eles já foram corrigidos como ela.
E com isso as duas vantagens do primeiro tipo de alma foram explicadas.
[Resumo:
1. As almas do primeiro tipo, que são 'almas verdadeiramente novas'
podem, de uma só vez, obter desde a extremidade de Assiá até o ponto
mais alto de Atsilut, ou seja, desde a Néfesh de Assiá até a Neshamá da
Neshamá (Chaiá) de Atsilut.
Enquanto as do segundo tipo somente podem chegar até a Néfesh de Atsilut
e não mais do que isso.
2. A Néfesh das almas do primeiro tipo pode obter o Rúach e a Neshamá
sem ter que morrer, somente pelos méritos dos seus atos.
A Néfesh do segundo nível pode obter o Rúach e a Neshamá, mas apenas
por meio de privações e dificuldades, e pelos meios mencionados acima.
Isso exige da pessoa realizar a profunda meditação de depositar sua Néfesh
à noite para receber no seu lugar o seu Rúach, e em seguida depositar sua
Néfesh e seu Rúach para receber sua Neshamá.]
Sabendo disso, é possível entender o que afligia o Rei David quando ele
disse "Muitos são os que dizem de mim (literalmente. de minha Néfesh):
Para ele não há salvação do Eterno."
É estranho que as pessoas falassem assim tão mal sobre uma pessoa tão
grande quanto o Rei David.
No entanto, para entender isso, nós precisamos nos atentar com precisão
ao que está escrito.
Está dito "Para ele", quando deveria estar escrito "Para ela", se a referência
fosse à "Néfesh" [que é feminina em hebraico].
Isso será entendido agora com base no que foi dito.
Saiba que a Néfesh do Rei David era muito elevada, mas por causa do
pecado primordial de Adão, ela desceu às profundezas das Klipot, ficando
na Nucvá das Klipot.
Quando David nasceu foi a primeira vez que sua Néfesh saía do mundo das
Klipot.
Portanto, ela começou a sua correção a partir do nível de Assiá, que é
chamado de Néfesh.
Isso aconteceu porque a sua alma era do terceiro tipo.
Esse é o segredo do que foi mencionado no Saba de Mishpatim, e muitos
outros lugares, de que David era do "lado feminino" e não do "lado
masculino".
Sua alma tinha origem no "Mundo da Morte", que é chamado de Nucvá.
Entenda bem isso.
[A alma do Rei David veio de um local extremamente elevado no corpo de
Adão e, por causa disso, ele caiu em níveis mais profundos da impureza e
das Klipot.
Ele é a carruagem da Sefirá de Malchut (Reino Espiritual), que, em
essência, é o aspecto feminino da Árvore da Vida.
Mas, como se diz, por causa do pecado de Adão - "Seus pés descem à
morte".
Por isso, a alma do Rei David não tinha vida neste mundo e Adão
emprestou 70 anos de sua vida para ele poder encarnar.
Esta é a profundidade que ele estava nas Klipot - totalmente sem vida.
Assim, lá foi perguntado, "Por que ele foi chamado de Oved [o pai de Ishai;
que significa o trabalhador]?"
Porque "a árvore tinha falhas, e ele a capinou e a corrigiu."]
Par. 179.
Este Oved (trabalhador) foi corrigido e saiu do campo mau de
espíritos maus.
Seu filho, Ishai, então veio e capinou ainda mais e estabeleceu a
Árvore. Quando o Rei David veio, ele ficou na Árvore Feminina
inferior, que é Malchut, e que se refere à árvore do conhecimento do
bem e do mal, cujos 'pés descem à morte', e ele teve que receber a
vida de outro local, porque dele mesmo não havia nada.
Sua alma estava imersa na profundeza das Klipot, na Nucvá.
Já que era esse o caso, David só era capaz de adquirir sua Néfesh, e então
o seu Rúach viria no corpo de outra pessoa que viesse nascer.
Quando David pecou com Bat-Shéva, ele maculou sua Néfesh e, como
resultado disso, a pessoa que tinha o seu Rúach agora possuía a chance de
completar a sua correção antes que David retificasse sua Néfesh.
E se isso ocorresse, na época da Ressurreição dos Mortos não haveria
salvação para o corpo de David.
O outro corpo, da pessoa que tinha o seu Rúach ia receber tanto a Néfesh
como o Rúach.
No entanto, neste processo, a Néfesh em si não sofreria nada, apenas o
corpo.
É por isso, então, que foi dito "Para ele não há salvação" e não "Para ela [a
Néfesh]", pois o versículo fala do corpo, e não da Néfesh.
É isso que significa o versículo. "Muitos são os que dizem" que já que só há
a Néfesh em mim, ela não tem expectativas nem esperanças de vir no
corpo de David na época da Ressurreição dos Mortos.
Ainda existe outra explicação para o versículo mencionado acima — "Faz o
mal dos ímpios causar-lhes seu fim, e dá firmeza ao justo."
Às vezes pode ocorrer da Néfesh de uma pessoa não entrar no corpo de
maneira completa e total, ficando com uma boa parte de bem e um pouco
de mal, mas com uma pequena parte do bem e a maior parte do mal no
corpo de outra pessoa.
Essas duas pessoas, então, se tornam amigas.
Aquela, que ficou com a maior parte do bem, tem a capacidade de atrair
todo o bem, para si mesma.
Toda porção do mal é transmitida para a pessoa cuja maioria é má.
Sobre a segunda pessoa se diz "Faz o mal dos ímpios causar-lhes seu fim",
o que significa que o ímpio, no final, fica com a parte ruim.
Sobre a primeira pessoa se diz "Dá firmeza ao justo", já que o Justo recebe
a parte boa, no seu conjunto, de modo similar ao que foi dito na primeira
explicação.
Também pode ser que ambos estejam equilibrados.
Se o primeiro cometer um pecado, e, definitivamente, se o segundo ainda
fizer uma boa ação, então este supera aquele, seu amigo.
Aí ele começa a atrair para si todo o bem e pouco a pouco ele fica com o
bem, sendo que o mal vai todo para a outra pessoa.
Com isso é possível entender o que os Sábios queriam dizer quando
escreveram "Achav era equilibrado" e quando o texto diz "e todo o exército
do céu estava junto a Ele, à Sua direita e à Sua esquerda", se referindo ao
Rei Achav.
Isso é surpreendente!
Pois se diz que os pecados mais leves de Achav eram como os piores
pecados de Jeroboão.
[O Rei Jeroboão (hebraico. Ierov'am) era um pecador, e ele também fez
com que toda a nação de Israel pecasse.
Foi ele que construiu os bezerros de ouro em Bet-El e Dan, e que
eventualmente causaram o exílio e o desaparecimento das Dez Tribos de
Israel.]
Como, então, os Sábios podiam chamá-lo de "equilibrado", [o que significa
que os seus méritos e seus pecados eram equilibrados]?
O que acontece é o seguinte:
Com relação a seus atos, estes não eram equilibrados, mas se inclinavam
na direção da culpa.
No entanto, no aspecto de sua Néfesh, esta era equilibrada, sendo metade
boa e metade má.
Apesar [de o mal] do aspecto do seu Rúach, às vezes, o dominava e
venerava ídolos, ainda assim a Néfesh em si era metade boa e metade má.
É por isso que o Santíssimo não o rejeitou completamente, mas, pelo
contrário, queria que ele se arrependesse, pois ele poderia fazer o bem.
E é por isso que Elias (hebraico. Eliahu), o Profeta, ia atrás dele, para fazer
com que ele se arrependesse e se corrigisse.
Isso ocorreu até o incidente de Navot, o Izreelita.
[O Rei Acabe (heb. Achav) foi o sétimo rei do Reino do Norte de Israel.
Sua esposa, a rainha Jezabel, era a bela filha de Etbaal, o rei-sacerdote de
Tiro (Tiro é uma cidade costeira no atual Líbano).
A cultura de Tiro, de onde ela veio, era de adorar ídolos, ou múltiplas
divindades, representadas por imagens físicas.
Foi ele quem levou os israelitas à idolatria, apesar de todas as tentativas do
profeta Eliahu de detê-lo.
O Talmud, no Tratado de San'hedrin, ensina que o Tribunal Celestial se
reuniu para decidir o que fazer com o Rei Achav.
Os anjos que estavam à esquerda foram os promotores exigindo punição.
Os anjos que estavam à direita foram defensores, lembrando seus méritos.
O Ari traz o ensinamento do Talmud de que o Rei Achav era equilibrado
(metade bom metade mau) e que ele tinha a capacidade de se arrepender e
retificar todos os seus pecados, até o momento em que ele assassinou
Navot Haizraeli (o Izreelita) quando ele se recusou a vender ao rei a sua
vinha, que ficava ao lado do palácio real de inverno (1 Reis 21).
Foi o espírito de Navot que fez pender a balança de julgamento contra
Achav, e o que o levou à sua queda. (Ibid. 22)]
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 8
Introdução 8
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 9
Introdução 9
Esta introdução tem a ver com uma das quatrocentas perguntas que Doeg e
Achitofel fizeram sobre a Torre flutuando no ar.
[No Talmud, este conceito tomou-se um símbolo de perguntas ligadas a
temas provocativos que podem estar fora de contexto ou que não tem uma
"base factível".
Doeg e Achitofel eram gênios em seus estudos bíblicos, mas nem sempre
eles usavam sua sabedoria de forma ética, especialmente quando eles
tentaram provar que a descendência do Rei David tinha sido "contaminada"
por uma semente estranha e impura, referindo-se a Rute, a Moabita.]
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 10
Introdução 10
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 11
Introdução 11
O mesmo se aplica para cada uma das 613 Centelhas de cada uma das 613
Raízes Principais.
Cada Centelha Principal se divide em um número de Centelhas Menores.
Existe uma Centelha Principal que se divide em milhares de Centelhas
Menores e existem aquelas que se dividem em apenas algumas centenas.
No entanto, todas as 613 Centelhas Principais, em sua totalidade, não
podem se dividir em mais do que 600.000 Centelhas Menores.
Além disso, você precisa saber que todas as 613 Raízes Principais de Nucvá
de Assiá se fragmentam em partes particulares da seguinte maneira:
Primeiro, existe uma alma, Adão, que é o progenitor de todas as outras e
que inclui todas as outras.
Depois disso, todas elas se incluem nos 3 Patriarcas — Avraham, Itschac e
Iaacov.
Depois disso, todas elas se incluem nas 12 Tribos.
E depois disso, elas se dividem em 70 almas.
Depois disso, essas 70 almas se dividem em até 600.000 Centelhas
Principais.
Do mesmo modo, cada uma das 613 Raízes Principais se agrupa em um
partsuf que é composto de 613 Raízes Menores e que se dividem, como foi
explicado, até chegar ao número de 600.000 Centelhas Menores.
[Adão 1 Alma = 613 Raízes Grandes de Nucvá de Assiá
Uma Grande Raiz de Adão (Cáin - Partsuf do ombro esquerdo com 613
órgãos e tendões, que se divide em 12 tribos.
12 tribos se dividem em 70 raízes pequenas ou Néfesh.
Todas as 70 pequenas raízes contêm 613 órgãos e tendões do Partsuf.
Todas as 70 pequenas raízes dividem-se em 600.000 pequenas centelhas.]
Por exemplo, Adão continha todas as 613 Raízes Principais de todo o partsuf
de Nucvá de Assiá.
O ombro esquerdo de Adão é uma Raiz Principal e é um partsuf completo
que se divide em até 70 Raízes Menores e não mais.
Essas 70 Raízes Menores compõe os 613 órgãos e tendões que existem
neste partsuf.
Todas essas 70 Raízes Menores se dividem em 600.000 Centelhas Menores.
Cáin, por exemplo, consiste dessa Raiz Principal que inclui as 70 Raízes
Menores que é composta de 600.000 Centelhas Menores.
Ele é como Adão: essa Raiz Principal possui três patriarcas que incluem a
tudo, e depois 12 Tribos e depois 70 almas.
Depois disso, elas se agrupam em 600.000 Centelhas Menores.
[Devemos ter em mente que a separação espiritual não é como a física.
O exemplo mais próximo a isso é o de retirar o fogo da chama de uma vela
- embora uma nova chama apareça, e ela seja um "resultado" da primeira,
a chama original não tem o seu tamanho diminuído.
Portanto, esta divisão pode ser considerada uma multiplicação.]
Você também deve saber que todo órgão é composto de Carne, Tendões e
Ossos.
Esses Tendões dos órgãos não são os mesmos que os 365 tendões.
Consequentemente, as 613 Centelhas que são Estudiosos da Sabedoria
[literalmente, os estudiosos da Bíblia], deste Calcanhar (Da Perna Esquerda
do Ombro Esquerdo) consistem de três divisões, como mencionado: a
Carne, os Tendões e os Ossos.
A ordem de importância deles é a seguinte: primeiro vem a Carne.
Acima dela vêm os Tendões.
Por cima de tudo vêm os Ossos, por causa da medula que fica dentro deles,
por oposição à substância dura que compõe os ossos propriamente ditos.
[As Centelhas dos sábios são a 'medula e a essência' que sustentam o
resto, e que é a razão pela qual eles estão 'acima' de todos eles].
Assim, o Partsuf de Nucvá de Assiá foi explicado, e ele estava inteiramente
incluso em Adão.
Dele você pode deduzir todos os outros casos particulares, até mesmo Arich
Anpin de Atsilut.
Agora vamos explicar as uniões da alma de uma pessoa com todos os
Mundos, e isso está conforme o que disseram nossos Sábios sobre o
versículo: "Onde estavas quando construí as fundações da terra?"
[O Santíssimo, bendito seja, mostrou a Adão cada Justo que estava
destinado a surgir dele; os que viriam da cabeça de Adão, do seu cabelo, da
sua testa, etc.
E saiba que quando Jó quis discutir com o Santíssimo, bendito seja, e disse
(Jó 23): “Como eu gostaria de poder alcançar o conhecimento para
encontrá-Lo, e preparar o meu caso no tribunal diante d'Ele”.
O Santíssimo, bendito seja, respondeu-lhe: "Você pretende discutir comigo!
Onde (hebraico: Eifo) você estava quando eu estabeleci a terra?”
O que "onde" quer dizer?
O Rabi Shimon ben Lakish disse: O Santíssimo, bendito seja, disse: Jó, me
diga onde estava a sua Eifá (similar a Eifo - aludindo à sua raiz da alma) e a
que ela estava unida? Ela estava ligada à cabeça (de Adão), à testa, ou a
algum outro dos membros de seu corpo? Como você pretende discutir
comigo...]
Existe uma alma que é uma centelha de uma das centelhas do Calcanhar
Esquerdo, que é uma Raiz Menor das 70 Raízes Menores da Raiz Principal
que é o Ombro Esquerdo do Partsuf de Adão de Nucvá de Assiá.
A alma da pessoa que é deste local da Nucvá de Assiá também estará ligada
ao mesmo local no Partsuf de Zeir Anpin de Assiá, e em Ima de Assiá, e
assim por diante.
Isso segue até o ponto mais alto de todos, que é o Calcanhar Esquerdo da
Perna Esquerda, uma das Raízes Menores das 70 Raízes Menores da Raiz
Principal que é o Ombro Esquerdo de Arich Anpin de Atsilut.
Todas essas partes são chamadas de "uma alma".
Essa pessoa ascende espiritualmente e vai recebendo todas as suas partes
de todos estes mundos, dos pés à cabeça.
Primeiro ela pega sua porção — do Calcanhar — de Nucvá de Assiá, que é
chamado Néfesh de Néfesh.
Depois ela ascende e pega a próxima porção até chegar à sua porção em
Arich Anpin de Assiá, no aspecto do Calcanhar etc.
Então todas as partes de sua Néfesh do Mundo de Assiá ficam completas.
O mesmo vale para o Rúach, que é de Ietsirá, e assim por diante, até que
esta pessoa ascende para pegar sua porção do Calcanhar de Arich Anpin de
Atsilut.
Neste momento, a sua lechidá do mundo de Atsilut está completa e todas
as partes de sua alma estão terminadas.
Este é o detalhe e o pormenor da união da alma da pessoa com os mundos.
No entanto, existe outro aspecto que é geral.
Foi explicado que a alma de uma pessoa é um detalhe específico, chamado
de Néfesh.
No entanto, de modo geral, todas as centelhas de alma individuais que
constituem o Calcanhar do Partsuf da Raiz Principal chamada Cáin, que é o
Ombro Esquerdo de Adão, todas juntas são chamadas de uma Raiz Principal
inteira.
Como mencionado anteriormente, existem 613 almas principais em cada
Raiz Principal, e este Calcanhar como um todo é uma das 613 almas
principais na Raiz do Ombro Esquerdo, que é uma Raiz Principal, [que se
tomou uma Neshamá perfeita em todas as suas partes, veja acima].
A vantagem de especificar isso será explicada agora.
Agora que o assunto das almas e de suas posições foi explicado, vamos
explicar a lei que diz respeito a eles.
Foi dito anteriormente que uma pessoa não está completa até ter se
corrigido e até ter o mérito de receber a Iechidá de Arich Anpin de Atsilut.
No entanto, se a pessoa só teve mérito suficiente para pegar o aspecto de
Assiá, isso significa que essa pessoa merece pegar toda Néfesh de todo o
mundo de Assiá, em geral.
O mesmo vale para todos os outros níveis, até que a pessoa finalmente
completa todos eles.
A correção de uma pessoa depende de muitas coisas, como o cumprimento
de todos os preceitos positivos e a ocupação com a Torá.
À medida que incrementa isso em sua vida, a sua correção se torna mais e
mais completa e ela merece receber todas as partes de sua alma.
Quando a pessoa peca, Deus nos livre, e transgride qualquer um dos 365
preceitos negativos, ela macula partes de sua alma correspondentes,
mesmo que ela tenha cumprido muitos preceitos positivos.
[Fazer o bem pode nos levar a achar que podemos negligenciar o ato de se
abster de fazer o mal.
Um exemplo é a má língua, por isso, embora uma pessoa possa realizar o
preceito positivo de rezar diariamente, isto não lhe dá direito de fofocar ou
falar mal sobre os outros.
Assim como nós tentamos realizar boas ações e ganhar muitos méritos, isso
não nos dá o direito de fazer o mal e nem nos protege de cair na armadilha
de fazê-lo.
Nem fazer o bem compensa o mal que foi feito.]
A regra geral que demos aqui se aplica a cada uma das Raízes Menores de
um órgão que é a Raiz Principal entre as 613 Raízes Principais do Partsuf de
Adão.
Cada uma dessas Raízes Menores é chamada de "uma alma principal", e
elas se ajudam entre si.
No entanto, um defeito não macula todos os níveis em todos os mundos.
Existem máculas que atingem somente a Néfesh do Mundo de Assiá, e
existem máculas que atingem somente o Rúach de Ietsirá etc.
Se a centelha individual macular algo em Assiá, então todas as centelhas
deste Calcanhar, [a saber, Néfesh, Rúach, Neshamá, Chaia e Iechidá], em
Assiá ficam maculadas como ela.
O mesmo vale para todos os mundos.
Finalmente, é óbvio que a principal recompensa ou punição por um ato vai
para a centelha individual que provocou a retificação ou a mácula; mesmo
que a iluminação que é atraída para as centelhas deste Calcanhar seja
diminuída por conta de uma mácula de uma centelha individual.
Agora vamos explicar a correção e a mácula em detalhes.
Mais do que isso, deve-se saber que existem 613 preceitos distribuídos
entre os 613 órgãos e tendões de Adão.
Essas são as 613 Raízes Principais.
Cada órgão tem preceitos em particular que lhe pertencem.
Assim, no Ombro Esquerdo, por exemplo, existem 11 preceitos positivos e
15 preceitos negativos que lhe pertencem.
Todos que são desse Ombro são obrigados a cumprir mais estes preceitos
do que todos os outros 613.
Não é totalmente claro para mim, Chaim Vital, o que significa ter essa
obrigação especial com estes preceitos específicos de um órgão por
oposição a todos os 613, já que é sabido que todo mundo está obrigado a
cumprir todos os 613 preceitos.
[O que podemos dizer é que além dos preceitos que devem ser realizados
de acordo com a explicação acima, cada pessoa tem que saber a raiz
particular de sua Neshamá a fim de concentrar-se nos preceitos específicos
que se relacionam com ela.
Desta forma a pessoa pode ajudar outras almas que têm uma menor
obrigação em relação àqueles preceitos, e até podem ter uma menor
capacidade de executá-los corretamente e perfeitamente, como ele, já que,
obviamente, eles pertencem a Raiz de Alma de diferentes órgãos.]
Mais do que isso, eu ouvi do meu Mestre, que descanse em paz, que há
centelhas que foram antecedidas por outras centelhas da mesma Raiz de
sua alma que já cumpriram todos os preceitos.
Por outro lado, há centelhas que foram precedidas por centelhas que não
cumpriram os preceitos que as próprias centelhas atuais também ainda não
cumpriram.
E há uma diferença entre elas, no entanto, eu não sei qual é a diferença
entre ambas.
O cumprimento dos preceitos positivos agora foi explicado.
Agora vamos explicar os preceitos negativos.
E saiba, que se uma pessoa faz outra pessoa transgredir um pecado que
requer reencarnação, mas se ela mesma, a pessoa, não pecou, deverá
haver uma volta por Ibur por parte da segunda pessoa, que ficará com a
primeira e que, por sua vez, precisará reencarnar até o pecado ser
corrigido.
Neste momento a pessoa que causou o pecado pode sair dali.
Não basta que uma pessoa corrija o local específico ao qual sua alma está
ligada nas alturas.
Ela deve corrigir todas as partes de Assiá, e Ietsirá etc.
Isso ajuda a elucidar o que questionei aqui: Apesar de haver preceitos
particulares que se relacionam com cada órgão, todos os 613 preceitos
devem ser cumpridos.
Agora me parece, em minha humilde opinião, que a explicação é diferente
do que foi dada anteriormente, como se segue.
Se uma pessoa tem a Néfesh de Assiá, não basta que essa pessoa corrija
somente esta parte para poder permitir que o Rúach de Nucvá de Ietsirá
entre nela.
Ela terá que corrigir todas as partes da Néfesh que são da sua parte de
Assiá: a Néfesh de Malchut de Zeir Anpin que é de Assiá, por exemplo, e a
Malchut de Ima, Aba e Arkh Anpin de Assiá.
Todas essas são partes da sua Néfesh.
Elas são o NaRaNCHaI de Assiá e todas juntas são chamadas de uma
Néfesh completa de Assiá.
Só então a pessoa pode começar a ganhar sua parte da Néfesh que está em
Rúach de Assiá.
Por isso dissemos que uma pessoa precisa corrigir todo Mundo de Assiá,
pois neste Mundo não existe só uma Néfesh isolada.
Isso é prova de que a pessoa não precisa corrigir só a Raiz à qual sua alma
está ligada.
Apesar da questão do Rúach e da Neshamá já ter sido discutida
anteriormente, agora vamos explicá-la melhor.
Aquele que se ocupa com a Torá no nível de Fala adquire uma vantagem
para o Rúach, que vem de Ietsirá.
Cumprir os preceitos no nível das Ações é uma vantagem para a Néfesh,
que vem de Assiá.
Esse é especialmente o caso quando se trata daqueles preceitos que
dependem de usar as pernas para andar, como visitar um doente,
acompanhar as visitas ou escoltar os falecidos.
O escritor Chaim disse: Isso é verdade, segundo o que me parece, pela
minha humilde opinião, em relação ao assunto da Reencarnação.
Para que a Néfesh se tome completa e possa subir ao seu lugar, existem
duas condições.
A primeira é chamada correção pela completude da Néfesh, que é o
cumprimento de todos os 248 preceitos positivos.
A segunda é a correção da mácula da Néfesh se houve transgressões de
qualquer um dos 365 preceitos negativos.
É sabido que o Rúach não entra num corpo, a não ser que a Néfesh seja
completa nas duas condições mencionadas acima.
Então o primeiro caso é assim: Se esta Néfesh, que é uma única centelha
particular que não pode mais se dividir, já que com menos disso ela não
pode ser chamada de "Néfesh inteira", se ela se tornar completa nas duas
condições mencionadas, ela passa a ser chamada de Néfesh Completa e
está pronta para receber o Rúach.
Depois disso, se a pessoa pecar, a mácula não estraga a Néfesh, mas
apenas no Rúach.
O segundo: Apesar de ter completado todos os 248 preceitos — se ela fizer
uma transgressão, daquelas que impedem a ressurreição daquele corpo,
esta Néfesh reencarnará num segundo corpo sozinha, e ali corrigirá o dano
da transgressão mencionada, porque os preceitos ela já tinha completado.
Depois, na época da Ressurreição dos Mortos, ela vai entrar nesse segundo
corpo, enquanto o primeiro corpo será varrido desse mundo.
Isso é ainda mais verdadeiro se ela não cumpriu todos os 248 preceitos
positivos no primeiro corpo.
O terceiro caso: suponha que ela não completou todos os 248 preceitos
positivos no primeiro corpo, mas também não se maculou com nenhuma
transgressão.
Ou suponha que ela foi maculada por uma transgressão, mas não uma
daquelas que causam a decomposição do corpo na época da Ressurreição
dos Mortos.
Então o que acontece é que toda ela vai reencarnar sozinha em um segundo
corpo, por um processo completo de reencarnação.
Depois, na época da Ressurreição dos Mortos, aquela centelha de Néfesh se
dividirá em partes, mesmo que nenhuma delas possa ser chamada, então,
de Néfesh completa, como explicado anteriormente.
As frações [desta Néfesh] que cumpriram os preceitos positivos que lhes
tinham sido incumbidos no primeiro corpo retomarão ali na Ressurreição
dos Mortos, porque foi nesse corpo que estes preceitos foram cumpridos.
No entanto, as frações [desta Néfesh] ainda precisam reencarnar no
segundo corpo.
Como elas não constituem uma Néfesh completa por si sós, elas também
precisam existir no segundo corpo enquanto este está cumprindo os
preceitos que ficaram faltando.
Se a pessoa transgrediu alguma proibição no primeiro corpo, ela fará as
correções agora no segundo corpo.
Ela passará pelos sofrimentos e dores da morte junto com o segundo corpo.
Essas frações que estão no segundo corpo que faz os preceitos que estavam
faltando ressurgirão na época da Ressurreição dos Mortos juntamente com
o segundo corpo, onde tudo foi feito de fato.
Quaisquer transgressões que maculem o segundo corpo não afetam as
primeiras frações da Néfesh.
E se a totalidade dos 248 preceitos positivos for completada no segundo
corpo, e ele não for afetado por nenhuma transgressão, o Rúach inteiro
também vai entrar ali durante a vida.
De modo similar, depois da ressurreição dos Mortos, o Rúach inteiro vai
entrar no segundo corpo junto com aquelas frações da Néfesh que lhe
correspondem.
Quarto caso: Suponha que a Néfesh completou todos os 248 preceitos
positivos no primeiro corpo, mas que ela ficou maculada por uma leve
transgressão.
Ela, então, vai precisar reencarnar com outra Néfesh, mais nova.
Isso é chamado de Encarnação Dupla.
Esta Néfesh recebe as dores e o sofrimento e a morte como castigo pela sua
transgressão passada, mas ela não será punida pelas transgressões
cometidas agora no segundo corpo.
No entanto, ela vai receber recompensas pelos preceitos cumpridos no
segundo corpo.
Na época da Ressurreição dos Mortos ela vai voltar ao primeiro corpo.
A Néfesh mais nova, que é a principal do segundo corpo, vai ficar com este
corpo para si.
Saiba que se esta Néfesh mais nova não fosse da mesma Raiz que a
primeira Néfesh, não poderia reencarnar junto.
Ambas as centelhas de Néfesh devem, então, ser da mesma Raiz.
Saiba também que essa reencarnação da primeira Néfesh [que é
considerada Encarnação Dupla] também pode ser chamada, até certo
ponto, de Ibur, porque ela não recebe punições pelas transgressões do
segundo corpo e, no final das contas, ela volta, na época da Ressurreição
dos Mortos, ao primeiro corpo.
O mesmo se aplica ao terceiro caso que vimos, quando algumas frações da
Néfesh que já estavam corrigidas reencarnam com outras partes dela em
um segundo corpo.
O aspecto da reencarnação das frações corrigidas pode ser chamado de
Ibur, até certo ponto, pelo mesmo motivo.
Parece-me, na minha humilde opinião, que neste quarto caso não temos
uma "encarnação completa" para a primeira Néfesh, porque ela fica lá só o
tempo necessário para remover a mácula do primeiro corpo.
Enquanto isso, ela passa pelo sofrimento e pela angústia do segundo corpo.
Quando ela termina esse período, ela sai [desse corpo], enquanto a pessoa
ainda está viva, e vai para as Alturas.
Porém, se a punição dela não for concluída e ela se completa somente com
a morte, ela ficará lá até sofrer a angústia da morte do segundo corpo.
É por isso que se costuma referir a este caso como "Ibur que se assemelha
a Encarnação".
O mesmo ocorre com o terceiro caso.
As primeiras frações [da Néfesh] ficam ali [no segundo corpo] pelo segredo
da Encarnação Completa até que os preceitos que estavam faltando sejam
cumpridos.
Quando isso ocorre, elas saem de lá enquanto a pessoa ainda está viva.
Se não, ela fica ali até que ela morra.
De outro lugar aparece outra divisão sobre esses casos mencionados:
Se nenhuma centelha das centelhas anteriores jamais cumpriu os preceitos
que faltavam nesta Néfesh, e se elas forem da mesma Raiz, então elas
precisam vir numa Encarnação Completa [e ficar] até o dia da morte.
No entanto, se as centelhas anteriores cumpriram os preceitos, então basta
reencarnar por "Ibur que se assemelha a Encarnação".
Em outro local foi explicado que pela necessidade de cumprir um preceito,
um Ibur é o suficiente.
Shmuel diz: Tudo isso eu tenho recolhido e selecionado das folhas que o
meu pai, meu Mestre, reuniu e empacotou.
O que temos aqui é a farinha mais pura de todos os ensaios sobre
reencarnações — de todos os ensinamentos sobre a reencarnação das
almas, esta é a explicação mais clara!
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 12
Introdução 12
O segundo nível das almas que ficaram em Adão e são chamadas de novas,
mas não totalmente, tem força para permanecer no útero de Malchut por
nove meses apenas, e depois disso, elas vêm ao mundo.
O terceiro nível, das almas de Cáin e Hével, que também são relativamente
novas, mas não como as primeiras ou as segundas, por terem dois tipos de
mácula, eis que essas só conseguem ficar sete meses no útero de Malchut.
[Poderíamos supor, que as almas, que aparecem regularmente, e que
passam por estes períodos de gravidez fisica pertencem a estes dois níveis
de almas.]
E o quarto nível, que é o de todas as outras almas que deixaram Adão e
desceram para as Klipot, mesmo que tenham saído de lá e descido às Klipot
e depois vindo a esse mundo pela primeira vez, mesmo assim, na verdade,
é sabido que elas estão vindo pela segunda vez, e é por isso que todas elas
são chamadas de almas velhas e reencarnadas, como já foi dito.
Portanto, sejam essas do quarto nível que vêm pela primeira vez, ou
daquelas dos primeiros níveis que vêm pela segunda vez ou mais, para
todas elas o tempo máximo de permanência no útero de Malchut é de
apenas 40 dias, que é o tempo que leva para o feto se formar.
Depois disso, elas têm que descer ao mundo.
E o quinto nível, que é das almas dos convertidos, não pode permanecer no
útero de Malchut por mais de três dias, sendo este o tempo mínimo
necessário para a concepção do sêmen.
Depois disso, elas vêm ao mundo.
[Pode-se supor que o quarto e quinto nível de almas permanecem no útero
de Malchut no mundo espiritual por 40 ou por três dias, respectivamente,
enquanto que a gravidez dura o número habitual de meses no mundo físico.
Ou, como será explicado nas introduções seguintes, as almas dos segundo e
terceiro níveis se seguram nestas almas, por sete ou nove meses.]
E saiba que quanto mais se estende o tempo [de incubação ou gestação]
delas pelo segredo da gravidez dentro de Malchut, maior é o brilho delas, e
maior é a purificação da contaminação das Klipot.
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 13
Introdução 13
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 14
Introdução 14
Saiba, que mesmo que se encontre escrito em diversos lugares que tal
pessoa encarnou em tal pessoa e depois em outra pessoa, etc. não se
engane pensando que é a primeira alma em si que fica reencarnado
sempre.
O que se passa de verdade é que existem inúmeras Raízes que foram
divididas nas almas humanas, e em cada uma das Raízes há inúmeras
centelhas de almas, sendo que em cada encarnação algumas poucas
centelhas se corrigem.
E as centelhas que não se corrigiram, voltam a encarnar para se corrigir.
E as que já foram corrigidas não reencarnam, mas sobem e ficam no nível
apropriado para elas.
E com isso é possível entender as mensagens da história de Nadav e Avihú
e quantas vezes reencarnaram, como ficou esclarecido sobre o versículo:
"Peço-te que haja o dobro de teu espírito sobre mim."
As centelhas da alma de Nadav e Avihú estavam, no princípio, em Eliahu, o
profeta, de abençoada memória, e depois passaram para Elishá, além de
outras encarnações.
E a questão é que Nadav e Avihú são de uma mesma raiz, e deles
dependem infinitas centelhas de almas particulares.
E ocorre que em cada encarnação se corrigiam algumas centelhas e partes
dessa raiz, mas aquelas centelhas que ainda não tinham sido corrigidas foi
o que Elishá pediu para pegar de Eliahu.
Isso porque aquelas centelhas e se corrigiram subiram para o grau
adequado a elas e não tinha motivo para pegá-las.
Isso quer dizer que Elishá era uma mistura de dois níveis, porque a
principal centelha da sua alma era da raiz de José (hebraico: Iossef), o
Justo, como já é sabido; no entanto, mesmo assim, ele tinha em si algo da
raiz de Nadav e Avihú, que são do nível de Cáin.
E o próprio nome Elishá nos indica isso, pois sobre Cáin está escrito "mas
para Cáin e sua oferenda [Adonai — o Eterno] não Se voltou", por conta de
seu pecado.
[Gênesis 4:5. Em hebraico, "[Adonai] não Se voltou" se diz "ló shaá", que
vem da mesma palavra raiz do nome Elishá, que neste caso significa
"[Adonai] Se voltou".]
E Elishá corrigiu o pecado de Cáin, por isso foi chamado de Elishá, que pode
ser lido como Eli Shaá (Meu El Se voltou), pois o Santíssimo, bendito seja,
se voltou para ele e o recebeu.
E as letras de “ló shaá” [não Se voltou], se permutadas e trocadas, formam
“Eli shaá” [Meu El Se voltou].
E por isto, por ter a mesma centelha da Raiz de Cáin no começo, ele
também queria que aquelas centelhas de Nadav e Avihú se associassem
com ele, como foi dito no versículo "Peço-te que haja o dobro de teu
espírito sobre mim".
[Isso alude às duas almas de Nadav e Avihu que também aparecem na
palavra - ", que é o acrônimo de Nadav e Avihu, e significa 'por favor' ou
nesse caso — 'Peço-te'.]
E, de fato, ele ganhou estas partes para si por causa da centelha de Cáin
que ele já possuía no início, como foi dito.
E daqui é possível deduzir e entender todas as encarnações do mundo,
sabendo que não é realmente a primeira alma original que reencarna, mas
sim os aspectos de centelhas dela que não se corrigiram antes.
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 15
Introdução 15
Por isso, quando elas, por ventura, se apoderam de uma alma preciosa, não
deixam que ela saia de dentro delas por nada, e tudo que elas tentam fazer
é, por qualquer meio possível à sua disposição, segurá-la e não deixá-la sair
para sempre.
Às vezes, elas temem que algum justo grande cumpra algum preceito
grandioso e que ele tenha em suas mãos a capacidade de tirar aquela alma
dali, atraindo-a pela gota do sêmen na hora de sua união sagrada com sua
mulher.
Portanto, quando elas vêem um perverso totalmente corrompido, elas se
preocupam muito em acusar essa alma perante o Santíssimo, bendito seja,
para fazê-la entrar no sêmen impuro, para que assim essa alma se
corrompa ainda mais do que no começo e fique completamente maculada,
porque dessa forma voltará para elas muito maculada, e não saíra mais de
dentro dali.
No entanto, o Santíssimo, bendito seja, "faz planos para não desterrar
ninguém", especialmente almas puras e elevadas.
O Santíssimo prefere o arrependimento do pior pecador a ver uma alma
destruída.
Ele ouve a voz daquela alma, entra no local do mal, e uma vez que a alma
sai do domínio das Klipot, o Santíssimo a ajuda.
E ela se corrige nos seus atos, como uma pérola que foi limpa e exibida a
todos para verem a pureza dela.
E não só essa alma se corrige, mas também o seu pai, que a gerou.
Ele ganha méritos por meio de seu filho e se arrepende [por seus pecados],
como é explicado na história de Jô (hebraico: Iov), que é a reencarnação de
Térach, pai de Avraham.
Térach se arrependeu por meio de seu filho Avraham.
Assim o Santíssimo, bendito seja, engana as Klipot, pois "faz planos para
não desterrar ninguém".
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 16
Introdução 16
Nessa Introdução será explicado que aquele cuja alma é 'Nova’ tem a
obrigação de cumprir todos os 613 preceitos:
Saiba que todo aquele é uma alma nova precisa cumprir todos os 613
preceitos.
Já sabemos que existem algumas Raízes que se dividem e formam todas as
almas que existem no mundo, e cada uma dessas Raízes é um órgão dos
órgãos que pertenciam às almas de Adão, como será explicado.
E cada uma dessas Raízes se divide, por sua vez, em infinitas Centelhas de
almas, como também será explicado.
E cada uma dessas Centelhas, se for uma Centelha nova, precisa cumprir
todos os 613 preceitos, pois não há órgão que não esteja incluído nos 248
órgãos, como se sabe.
Mas a alma que não é nova, já tendo reencarnado e vindo a este mundo,
não precisa cumpri-los todos, mas só os preceitos que ficaram faltando;
aqueles que não foram cumpridos na primeira encarnação que a precedeu.
E com isso ficará claro o visto no Talmud, quando se diz que um sábio em
particular se esmerava mais com um preceito do que com todos os outros,
e que outro sábio se esmerava mais com outro preceito
Isso também pode ser visto quando um Amora [sábio do Talmud-Guemará]
perguntava ao seu amigo: 'Teu pai, em qual deles [dos preceitos] mais se
empenhava?', e o amigo respondia dizendo que ele mais se empenhava
com o Tsitsit ou com os Filactérios e assim por diante.
Aparentemente, isso vai contra a Mishná, que diz "Cuide dos preceitos leves
como você cuidaria dos severos."
O segredo desse assunto é que cada sábio era mais cuidadoso com o
preceito que estava lhe faltando desde a encarnação passada, seja ele todo
ou uma parte particular e especializada dele.
Também é esse o segredo do que vemos no Talmud de que fulano focava
em tais e tais virtudes, e sicrano focava em tais e tais virtudes.
Conforme está escrito, quando perguntaram a beltrano: "O que te faz ter
uma vida longa?" e ele respondeu: "Jamais violei minhas ética, etc."
Isso mostra que cada um constrói suas virtudes e características de
personalidade de acordo com o aspecto de sua reencarnação.
E, portanto, há diferenças entre a pessoa que não cumpriu os preceitos,
mas cujas centelhas de alma anteriores à dele, e que pertencem a sua alma
raiz, cumpriram todos os 613 preceitos, e aquele cujas centelhas anteriores
também não os cumpriram.
Explicaremos isso adiante.
E saiba que dos preceitos que a pessoa é capaz de cumprir; se a
oportunidade de cumprir um deles se apresentar a ela e ela não o cumpre,
ou se ela tiver a possibilidade de cumpri-lo e ela não o cumpre, então ela
deve [continuar] reencarnar até cumpri-lo.
E se for um preceito que a pessoa não pode cumprir a não ser que o
Santíssimo, bendito seja, crie as condições para ela cumprir [como aparece
em Êxodo 21:13 — 'E Elohim o permitiu, etc.']; como a Redenção do
Primogênito, ou o Ibum, ou a Chalitsá, [escrever] a Carta de Divórcio, etc.,
então aqui tem uma divisão: Se o Santíssimo, bendito seja, faz com que a
oportunidade para cumprir um desses preceitos seja apresentada a pessoa,
e ela não o cumpre, o seu veredicto é igual ao caso anterior, ou seja, ela
deve [continuar] reencarnar para cumpri-lo.
Mas, por outro lado, se a oportunidade não apareceu, a pessoa não precisa
reencarnar por causa destes preceitos.
Porém, ela virá pelo segredo do Ibur em uma pessoa, à qual a oportunidade
se apresentará, para poder cumpri-los.
E depois disso, ela parte e volta ao local que lhe é de direito — assim que
termine de cumpri-los.
Há um terceiro grupo de preceitos; os que estamos impedidos de cumprir
em nossos tempos, como os preceitos dos sacrificios e outros similares.
Agora, segundo o que foi explicado, a pessoa tem que cumprir todos os 613
preceitos, e teria que reencarnar até que os cumpra.
Contudo, em nossos tempos, ela não reencarnará para cumprir estes
preceitos, porque não há como cumpri-los.
Mas depois da vinda do Messias, quando o Templo Sagrado for
reconstruído, e que seja breve em nossos dias, amém, todas essas pessoas
reencarnarão por uma encarnação propriamente dita para cumprir estes
preceitos.
Foi a isso que aludiu o Rabi Ishmael ben Elishá, Sumo Sacerdote6 quando
inclinou a vela na noite de Shabat e disse "Escreverei isso em meu diário
para que quando o Templo Sagrado seja reconstruído eu possa levar
gordura como 'oferta por pecado'.
[A lei formal da Halachá nos ensina que na Shabat não se pode ler usando
uma vela para que a pessoa não a incline.
No Tratado de Shabat, o Rabi Ishmael bem Elishá desafiou esse decreto
dizendo: "Eu vou ler e não vou inclinar".
Com o passar do tempo, ele ficou concentrado em seu livro e se esqueceu
do decreto, e acabou inclinando a vela para ver melhor.
Ao fazer isso, ele alimentou a chama com a gordura da própria vela e
aumentou a sua chama.
Foi assim que ele violou a santidade da Shabat, durante a qual é proibido
acender fogo e nem mexer nele.
Por isso, precisava trazer uma expiação, uma 'oferta por pecado'.
Percebendo que não ia conseguir oferecer o sacrifício até que o Templo
Sagrado fosse construído, ele escreveu no seu diário um voto: "Eu, Ishmael
ben Elishá, li e inclinei a vela na Shabat.
Quando o Templo Sagrado for reconstruído vou levar gordura para oferecê-
la como "oferta por pecado' (Chatat Shamná — sacrifício de 'pecado de
gordura')".
Daqui aprendemos que esse Sábio estava ciente da reencarnação e da
possibilidade de uma encarnação futura na qual ele poderá expiar a sua
transgressão de mexer no fogo da vela na Shabat para ler.
A "Shamná" (gordura) refere-se à gordura que foi utilizada para alimentar a
chama da vela.]
E há uma divisão de opiniões sobre o assunto tratado, que é a respeito do
que acontece com a pessoa que tem preguiça de cumprir um preceito
obrigatório, como a leitura do Shemá, o uso dos filactérios, ou outros
similares; ou um preceito que a pessoa não é obrigada a correr atrás, como
o da Mãe-pássaro, ou quando a pessoa não tem casa e se abstém de
construir o parapeito no telhado, ou ainda similar.
O que acontece se a pessoa não se apressava para ir atrás deles e cumpri-
los?
Essa pessoa é obrigada a reencarnar, como já dissemos, mas ela recebe
uma garantia de que não pecará nessa encarnação.
Mas se a oportunidade apareceu para a pessoa e a pessoa se absteve, não
querendo cumprir o preceito, passa a ser obrigatório reencarnar, e ao
acontecer isso não há garantias de que não pecará, como aconteceu no
primeiro caso.
E quanto a quem reencarnou por ter transgredido alguma proibição, esse
certamente continuará pecando, como foi explicado nas partes anteriores
deste estudo.
[A única maneira de corrigir o pecado e expiar o fato de tê-lo cometido em
uma vida passada é cometê-lo novamente.
Mas na vida seguinte essa pessoa vai sentir o estrago que fez para sua alma
e vai desfazê-lo por meio da Teshuvá.]
Ainda é preciso saber que uma pessoa precisa cumprir todos os 613
preceitos na Ação, na Fala e no Pensamento.
E é essa a explicação dos nossos Sábios sobre o versículo "Esta é a lei para
a oferta de elevação, para a oblação," de que todo aquele que se ocupa com
a porção semanal que trata da oferta de elevação é como se estivesse
fazendo este sacrifício de fato.
Então, eles quiseram dizer que a pessoa deve ter a intenção de cumprir
todos os 613 preceitos na Fala e o mesmo vale para o Pensamento.
[Assim, pelo aspecto da cavaná (intenção meditativa) e da fala, nós somos
obrigados a recitar as passagens das oferendas.
Mas pelo aspecto da ação física destes preceitos, temos que esperar pela
construção do Templo Sagrado.]
E se a pessoa não cumpriu os 613 [preceitos] nos três níveis mencionados
ela precisa reencarnar até que os complete.
Saiba também que a pessoa precisa se ocupar da Torá em 4 níveis, aqueles
indicados no PaRDeS ["], que são, o Peshat, o Remez, o Derash e o
Sod.
E é preciso reencarnar até que isso seja cumprido.
[Em relação a este preceito, nossos sábios deixaram claro que ele é relativo
a cada indivíduo.
Cada pessoa deve dar o melhor de si, e nem todos são iguais em suas
habilidades de compreensão, mas todos são iguais em sua obrigação de se
esforçar e de tentar.
Porque a recompensa não é concedida pelo entendimento, mas sim pelo
esforço investido na tentativa de entender.
É o esforço que leva ao mérito, que, em hebraico, significa purificação -
Zechut.
Por exemplo, uma pessoa que entende menos do que seu colega pode ser
recompensado mais, meramente por ter investido mais esforço e ter
alcançado um elevado nível de purificação.
Desnecessário dizer que o entendimento em si tem sua própria
importância.]
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 17
Introdução 17
Esta Introdução está ligada ao que foi dito sobre o homem precisar se
ocupar com a Torá em seus quatro níveis.
Saiba que o total das almas é 600.000 e não mais do que isso.
E a Torá é a Raiz das almas de Israel, pois dela as almas saíram e nela elas
estão enraizadas.
E, portanto, a Torá tem 600.000 maneiras de ser explicada, e todas elas se
encontram no nível de Peshat (Literal).
Ainda há 600.000 maneiras no nível de Remez (Alusivo), 600.000 no nível
de Derash (Exegético) e 600.000 no nível de Sod (Secreto).
Assim, de cada uma das 600.000 maneiras de explicar a Torá uma alma de
Israel foi criada e, num futuro próximo, cada indivíduo de Israel conseguirá
saber toda a Torá de acordo com a sua explicação, que é relacionada com a
raiz da sua alma.
Isto é, aquela explicação que o criou e lhe deu existência.
E também no Jardim do Éden, depois da morte da pessoa, ela obterá toda
essa elucidação.
E do mesmo modo todas as noites, quando a pessoa dorme e deposita sua
alma nas Alturas.
Quando a alma sai do corpo e sobe, se houver mérito para subir bem alto, a
pessoa recebe ensinamentos sobre aquela interpretação à qual sua alma é
ligada.
E tudo isso depende dos atos daquela pessoa naquele dia, sendo que
podem lhe ensinar um versículo ou uma porção completa em particular.
Então, aquele versículo fica brilhando nessa pessoa mais do que em outros
dias.
Em outra noite outro versículo ficará brilhando na sua alma, conforme os
atos dela daquele dia, e assim por diante até que termine aquele modo de
interpretação ligado àquela raiz de alma.
[Durante o sono, a alma precisa subir e entrar no paraíso para receber o
aprendizado espiritual necessário para se ligar à raiz dela.
Isso ocorre através da interpretação especifica que é ligada a ela.
Isso é necessário para ela saber como cumprir o seu Ticún.
Mas tudo isso depende das ações e da consciência da pessoa durante o dia
anterior.
Não só isso, mas também o que a alma é capaz de aprender e atingir
durante o sono afeta a pessoa no dia seguinte.
É o ciclo da vida que é baseada sobre o principio de 'causa e efeito'.
Então nada acontece a toa, e isso exige a consciência de sermos
responsáveis por nossos atos.]
E o meu mestre, de abençoada memória, todas as noites olhava para os
alunos que estavam diante dele e via na testa deles, do lado em que a alma
estava se manifestando e brilhando, algum versículo que se iluminava mais
naquela pessoa.
E ele explicava para aquele aluno um pouco sobre a interpretação aquele
versículo, sempre de acordo com a explicação que pertencia a sua alma,
como dito acima.
Depois disso, antes que aquela pessoa fosse dormir, ela refletia um pouco
na breve explicação que lhe tinha sido dada e recitava de cor o versículo
para que quando a sua alma subisse durante o sono lhe ensinassem a
interpretação mais completa daquilo.
E desse modo a Néfesh se purifica, e vai subindo níveis elevados enormes
de maneira infinita.
A essa pessoa serão reveladas outros assuntos, mesmo que o aspecto físico
(o cérebro), às vezes não entenda o que aquilo que foi mostrado e ensinado
quer dizer e nem se lembre de nada ao despertar.
E já foi explicado que essas 600.000 interpretações da Torá são do nível
Literal, mas ainda há as Alusivas, as da Cabalá, etc.; aludidas na palavra
PaRDeS.
E isso acontece porque não existe alma de Israel que não esteja incluída em
todos esses quatro níveis.
Mas há algumas almas que compreendem dois tipos de interpretações,
enquanto outras compreendem muitos e muitos mais.
E a alma de Moshé, que a paz esteja com ele, compreendia todas as
600.000 interpretações da Torá, e prova disso é o que os Sábios disseram,
de que ele sabia até o que cada aluno iria eventualmente renovar no ensino
de Torá.
Isso ocorria porque a alma dele envolvia todas as 600.000 almas de Israel.
É por isso também que outros Sábios de Israel conseguiam compreender e
fornecer tantas interpretações para a Torá, porque tudo depende do aspecto
das almas incluídas nas almas deles.
[Esta é a razão, pela qual, todos devem se esforçar no estudo da Torá e no
cumprimento das Mitsvot, segundo suas habilidades pessoais.
É o esforço que reconecta a pessoa com sua alma, não necessariamente o
entendimento intelectual]
Certa vez, uma pessoa se apresentou perante o meu mestre, de abençoada
memória, e meu mestre ficou olhando para ela e disse uma coisa que vou
reproduzir aqui.
Talvez do que foi dito nós possamos aprender algo sobre o cumprimento
dos preceitos.
Foi isso o que se disse: Saiba que todos os preceitos possuem um lado
masculino e um feminino, sejam eles preceitos positivos ou negativos (veja
também Introdução 38).
E não existe um órgão sequer dos 248 órgãos de Adão que não seja
composto de carne, tendões e ossos, como já sabemos.
E a carne e os ossos são os preceitos positivos que estão naquele órgão e
os tendões são os preceitos negativos.
E mais adiante explicaremos, com a ajuda do Santíssimo, bendito seja, que
esses tendões que estão inclusos nos órgãos não são como aqueles tendões
cujo número totaliza 365.
E meu mestre disse a esta pessoa que sabia que a raiz que originou a alma
dela era o órgão do ombro esquerdo de Adão, do aspecto do Partsuf de Lia
(hebtaico: Léa) que fica lá, às suas costas.
E o número de preceitos que existem nesse órgão, chamado de ombro
esquerdo, é de 11 preceitos positivos, divididos em 6 e 5, que são os
valores numéricos das duas últimas letras (") do Tetragrama (").
[As duas últimas letras do Tetragrama são Vav = 6, e Hê = 5]
E na numerologia cabalística, isso é equivalente à palavra "ombro" [Em
hebraico, "catei'] pelo método de "Colisão", que é uma multiplicação.
Multiplique Vav Iud Vav [A forma expandida da letra Vav do Tetragrama] e
Hê Iud [A forma expandida da letra Hê do Tetragrama], isso é, 22 vezes 15,
e eles totalizam 330.
Depois pegue Vav Vav [Outra forma expandida da letra Vav] vezes Hê Iud
[A expansão da letra Hê], e isso dá 180.
Tudo isso totaliza 510.
Subtraia 11, o número de Vav e Hê, e no total ficaremos com 499, mais a
própria unidade [desta combinação de letras que vale 1] e o que sobra é
Tav Cuf [" = 500], igual ao valor numérico de " [= 500] que significa
"ombro".[Que se diz "catei' e se escreve com as letras obtidas
numerologicamente.]
Então fica claro como as energias do ombro provém das duas letras Vav e
Hê do Tetragrama e isso mostra uma relação íntima entre o Vav, o Hê, os
mandamentos positivos, o número 11 e o ombro.
No entanto, existem quinze mandamentos negativos no ombro, como as
duas primeiras letras do Tetragrama, Iud e Hê, conforme ensinaram os
nossos Sábios, de abençoada memória sobre o versículo "Este é o Meu
Nome para sempre, este é o Meu memorial para todas as gerações."
"Meu Nome"["Shmi", em hebraico] somado com Iud e Hê [" = 15],
totaliza 365 e "Meu memorial" [Zichri -" = 237] vai com Vav e Hê
[" =11], totalizando 248. [Este cálculo não é de Luria, ele consta do
Zôhar 1, folha 24a.]
E essas duas letras [Iud, Hê — "] também podem ser vistas na
numerologia cabalística da palavra "ombro" da seguinte maneira:
A letra Iud = Iud Vav Dalet [Expansão da letra lud] [" = 20] vezes a
letra Hê = Hê Iud [Expansão da letra Hê] [" = 15] dá 300, que é
[a letra ] Shin.
Iud Vav Dalet [" = 20] vezes Hê Hé [Outra expansão da letra Hê]
[" = 10] dá 200, que é [a letra ] Resh.
Então temos Tav Cuf [" = 500], igual ao valor numérico de "
[= 500] "ombro".
Assim, os dez preceitos negativos aludidos na letra Iud são masculinos e os
cinco restantes aludidos na primeira letra Hê são femininos.
E os seis preceitos positivos aludidos na letra Vav são masculinos.
E os cinco aludidos na última letra Hê são femininos
Saiba também que a pessoa que não se ocupa de Torá macula a Sefirá de
Tiféret que existe em cada mundo dos 4 mundos de ABIA ["], pois a
Torá fica em Tiféret de todos os mundos.
[A Sefirá de Tiféret cria harmonia e paz por unir dois opostos - Chéssed e
Guevurá. Isso explica o motivo pelo qual a Torá traz paz e harmonia ao
mundo.]
Mas como nela existem quatro níveis indicados pelas letras do PaRDeS,
[que significa pomar], aquele que consegue descer até as profundezas
desses quatro níveis atinge o fim de todos os mundos e sobre essa pessoa
se diz "Ele atuará em favor dos que Nele confiavam."
E, por outro lado, aqueles que não querem se ocupar sequer do nível literal
da Torá maculam a Tiféret de Assiá.
E aquele que não quer trazer prova para os fatos da Torá macula a Tiféret
de Ietsirá.
Aquele que não se ocupa com o nível exegético da Torá macula a Tiféret de
Beriá.
E quem não se ocupa com os Segredos32 da Torá macula a Tiféret de
Atsilut.
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 18
Introdução 18
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 19
Introdução 19
Já explicamos em outro local (no livro Ets Chaim), quando falamos das
raízes das almas dos anjos, de sua criação e quais são as diferenças entre
eles e os homens, que os anjos saem do "Acasalamento [hebraico: Zivug]
dos Beijos" Superior [Literalmente, "Acasalamento dos Beijos" Superior. Se
refere à união de Chochmá e Bina] e os seres humanos saem do Zivug
Inferior de Iessód.[Encontro mais baixo na Árvore da Vida, de lessod e
Malchut]
As almas dos seres humanos são criadas pela passagem da Luz do Criador,
na forma de sêmen, de Iessód - o aspecto masculino - para Malchut - o
aspecto feminino, enquanto os anjos são criados sem esse processo.
E ali foi esclarecido em quantos níveis foram divididos.
E dessa forma sabemos que há diversos níveis nas raízes das almas, de
uma maneira infinita.
E alguns tipos de almas foram criados de um Zivug no Mundo Superior, mas
foram descendo por causa do pecado [literalmente: da mácula - referindo-
se à macula causada pelo pecado original de Adão e Eva].
No entanto, sua descida não foi igual, pois algumas desceram um nível,
outras dois etc.
Ou seja, existem diversos tipos de descida pelas quais uma alma pode
passar por causa do pecado.
E eis que temos duas divisões: A primeira é a dos tipos de alma que
desceram por causa de uma mácula e que ao chegar a esse mundo foram
para o nível de alma ao qual ela desceu.
E a segunda é quando a alma desce a esse mundo, mas sua raiz fica no
mesmo nível ao qual sua raiz estava ligada quando se encontrava nos
mundos superiores.
Por causa dessa diferença, as leis que se aplicam a elas são distintas.
No entanto, a principal correção disso se dá de noite, pelo 'depósito da
Néfesh', quando a pessoa, ao se deitar, recita "Em Tua Mão confiei meu
espírito," para que assim a alma suba em um Zivug mais elevado e volte a
sair daquele local como uma 'nova criação', pelo segredo do "Renova-se a
cada manhà."
É assim que essa alma pode subir de grau em grau até que atinja a sua raiz
de fato e se complete.
Porém, isso também pode acontecer de dia, durante a oração de Nefilat
Apáim [e reza de Tachanun], meditando sobre o versículo "A Ti, ó Adonai,
elevo minha Néfesh."
E fazendo isso a alma pode subir grau após grau conforme seus atos, até
chegar à sua raiz de fato, como mencionamos.
E isso vale para a alma que era de um nível superior e desceu a um inferior
por causa da mácula, como mencionado. Um exemplo disso poderia ser de
uma alma que é do mundo de Atsilut e que por causa da mácula desceu até
o mundo de Assiá, e de lá saiu para vir a esse mundo no corpo de um ser
humano.
Nesse caso, através dos seus atos, ela tem a capacidade de se corrigir e de
subir até atingir Atsilut novamente e fazendo isso ela voltará a vir de lá, do
próprio Zivug de Atsilut.
E isso pode ser feito ao longo da vida da pessoa, quando então ela não
precisa mais reencarnar para se corrigir.
E a sua subida pode se dar de dia, por meio de Nefilat Apáim da oração
matinal [Shacharit], como foi dito, pois nesse momento acontece o Zivug de
Iaacov com Raquel (hebraico: Rachel), [o Acasalamento de Zeir Anpin e
Malchut], que é chamada de "Dona (literalmente: a pessoa principal) da
Casa", porque ela é a décima Sefirá de Atsilut, e a principal Sefirá das dez
de Atsilut, como nos é explicado.
Mas a alma cuja raiz vem de um nível inferior e agora, por meio de seus
bons atos, quer subir acima do local de sua raiz, não atinge uma elevação
tão grande como a alma que já tem uma raiz elevada, que desceu e que
agora volta a subir.
Sendo assim, essa alma só consegue subir de noite, por meio do versículo
"Em Tua Mão confiei meu espírito," como dissemos anteriormente.
Nesse momento ocorre o Acasalamento de Iaacov com Léa, que não faz
parte das dez Sefirot, mas apenas do aspecto das Costas de Malchut de
Tevuná, como é sabido.
Por isso, embora a raiz da alma não seja muito alta, a pessoa pode fazer a
sua alma subir e entrar em reinos mais elevados das Sefirot ao subir e
entrar pela "porta dos fundos".
Léa estava destinada a se casar com Eissav, mas por conta do seu
constante chorar e implorar, ela mudou seu destino e se casou com Iaacov.
Seu casamento com Iaacov alude ao acasalamento de Zeir Anpin com Biná
[ou seja, com Léa], que é um acasalamento maior do que o de Zeir Anpin
com Malchut [ou seja, com Rachel].
É um acasalamento de compaixão e de misericórdia, enquanto o outro é um
acasalamento do Julgamento.
Portanto, um grande esforço é necessário para merecer esta misericórdia e
superar a força de julgamento.
O que há de similar em ambos os casos é que ambos os tipos de almas
conseguem subir através de seus atos grau após grau, de modo infinito.
Para tanto, basta que as pessoas dirijam seu coração a isso e tenham sua
intenção focada nisso.
(Adendo: Shmuel disse: Como eu notei que existe certo interesse no
assunto dos anjos, eu vou escrever uma pequena introdução sobre o
assunto mencionado, que é conforme segue:
Saiba que os anjos de Beriá possuem uma virtude maior do que a da alma
dos justos, que são do mundo de Ietsirá.
E, sendo assim, os anjos de Ietsirá, são mais elevados do que as almas de
Assiá. Mas as almas de Beriá são mais elevadas do que os próprios anjos de
Beriá e ainda mais do que os anjos de Ietsirá.
E o mesmo vale para Ietsirá e Assiá.
Ainda existe um detalhe no assunto que foi tratado que é o seguinte: as
almas de Kéter de Beriá são mais elevadas do que os anjos de Kéter de
Beriá. Mas os anjos de Kéter de Beriá são mais elevados do que as almas de
Chochmá de Beriá. E isso se aplica a todos os outros particulares de modo
infinito).
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 20
Introdução 20
Saiba também que o bem de todas as almas, por causa do pecado de Adão,
se misturou com o mal.
Por conta disso, às vezes pode acontecer de um pouco do bem da alma de
um justo se encontrar no perverso e um pouco do mal do perverso se
encontrar no justo.
E com isso fica fácil entender o que foi dito sobre o fato de que "às vezes,
ao justo acontece o que lhe caberia se malévolas fossem todas as suas
ações."
E por isso vemos (confira a Introdução 27) alguns justos que transgridem
alguma lei específica e falham em um ponto onde nem um perverso
falharia.
E também o oposto: existem algumas pessoas totalmente perversas que
cumprem alguns preceitos específicos e ficam protegidos por todos os dias
de sua vida.
E com isso também fica entendida a divisão de pessoas entre justos
completos, perversos completos e intermediários.
Tudo depende das centelhas boas que há na pessoa e das centelhas más
que há nela.
E mais do que isso, o modo com que a pessoa peca ou cumpre preceitos
varia conforme a qualidade do aspecto das centelhas que houver na pessoa,
bem como de qual órgão é a fonte de sua raiz, se ela é do bem ou do mal.
É isso que faz a pessoa desejar e ansiar o cumprimento dos preceitos ou
dos pecados, dando preferência a um deles e tentando cumpri-los sempre.
[Aqui temos outro exemplo de como o homem nunca deve julgar seu
companheiro, pois nunca sabemos o que está acontecendo em relação à
sua alma. Nós julgamos os outros por aquilo que vemos e percebemos
através de nossos cinco sentidos, enquanto as leis espirituais do universo e
da criação são perfeitamente justas. Isso faz alusão ao versículo em
Deuteronômio 29:28 - "As coisas ocultas pertencem a Adonai, nosso
Elohim..."]
E por isso no Bahir foram tão rigorosos sobre isso, dizendo que o homem
precisa ir atrás dos perversos para fazer com que ganhem méritos, como se
fossem atrás da própria vida, etc.
E isso significa que quando o justo vai atrás do perverso pelo bem desse,
talvez ocorra desse perverso ter aquelas centelhas boas que o justo perdeu,
e as centelhas ruins do justo podem ter vindo daquele perverso.
E por meio da associação dos dois com amor e carinho, o bom que há
naquele [no perverso] será retirado dele e dado ao outro [ao justo].
Assim o primeiro ficará com todo o bem, sendo que o segundo ficará com
todo o mal.
E esse é o segredo do famoso dito que fala que o justo adquire a sua parte
e a parte do seu amigo no Jardim do Éden, enquanto que o perverso
adquire a sua parte e a parte do seu amigo no Guehinóm.
E é esse o significado de: "Se teu inimigo estiver esfomeado, dá-lhe de
comer."[Um bom exemplo disso é Moshé e Balaão (hebraico: Bilám)].
O que os Sábios, de abençoada memória, ensinaram é que o versículo
"Quando vires o asno daquele que tu odeias" se refere justamente ao
perverso, que é um preceito de odiá-lo.
Conforme o que se diz: "Repudio os que Te odeiam."
Aqui se trata do perverso que odeia ao Santíssimo, bendito seja.
E o próprio texto diz: "Se teu inimigo estiver esfomeado, dá-lhe de comer,"
que nossos Sábios explicaram se tratar das centelhas do bem que há nele.
O texto fala fazer o bem, por isso "dá-lhe de comer pão", que é o pão da
Torá e dos Preceitos.
E o mérito do justo que faz isso é que por meio disso as centelhas do mal
que houverem nele são transferidas para o perverso e com ele se associam,
saindo dele próprio.
[O justo remove o mal dele e passa para os ímpios, enquanto o 'alimenta'
com Torá e Mitsvot com a condição de ajudá-lo a realizar Teshuvá.]
Esse é o significado de "E o cabrito levará sobre si todas as suas
iniquidades."
Isto é, as centelhas do bem que saírem dele, o Santíssimo, bendito seja,
colocará em você, te completando, e verá que ficarás completo em bem,
enquanto ele estará completo em mal.
E os Sábios, de abençoada memória, ensinaram que não se deve ler "Ele te
compensará", mas sim "Ele te completará," pois se sabe que o Santíssimo,
bendito seja, é bom e não associa o Seu nome ao mal.
Isso está conforme o que está escrito: "porque se sentirá como se pusesses
brasas sobre sua cabeça."
[o nome do Santíssimo não aparece no versículo].
Mas com o bem Ele associa o Seu nome, como está escrito: "e Adonai te
compensará," como foi dito, que é Ele que faz esse bem.
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 21
Introdução 21
Já foi dito que as quatro letras do Tetragrama são uma alusão aos quatro
mundos de ABIA (veja Tabela 10), e em cada uma dessas letras existe, por
sua vez, um Tetragrama.
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 22
Introdução 22
Já nos foi explicado que todos os mundos foram criados pela purificação
daqueles sete reis que reinavam sobre Edom, morreram e foram
fragmentados.
[A morte desses reis era a única maneira de iniciar o processo de retificação
depois da Quebra dos Receptáculos - Ets Chaim.]
Os reis mais puros foram purificados para criar o mundo de Atsilut; depois
deles foram purificados aqueles para criar o mundo de Beriá; depois deles
aqueles para Ietsirá e ainda depois, Assiá.
Os mais puros de Assiá acabaram formando o ser humano.
Depois dele a pureza começa a decair e temos a criação dos animais, que
não é um ser humano, que não fala, e depois das plantas e vegetais e, por
fim, o mineral (os inanimados).
No entanto, o justo, por meio de seus atos, e por meio dos preceitos que
cumpre até quando come, ou coisas do tipo, possui força para purificar até
mesmo partes do mineral (inanimado), fazendo-o elevar-se ao nível de
vegetal, de animal ou até de humano.
Isso foi explicado no Shaar Hamitsvot, porção semanal de Êkev, quando se
fala do preceito do Bircat Hamazon (Benção recitada ao terminar uma
refeição).
E, por outro lado, o perverso, por meio de seus atos, causa o efeito
contrário, fazendo com que tudo se rebaixe, e não se eleve.
Existem tipos de pecados que fazem com que uma parte do homem se
rebaixe ao nível do inanimado, e há aqueles que o rebaixam ao nível de
vegetal, ou ainda ao nível de animal, que não fala.
Então, existem perversos que depois de morrer reencarnam em uma pedra
inanimada, conforme o pecado que cometeram em vida.
Existem os perversos que reencarnam em vegetais e os que reencarnam
em animais, pois o pecado que cometeram os tornaram iguais a animais.
E os que reencarnam nesse tipo de encarnação ficam ali por um tempo
determinado até que o pecado que os fez encarnar desse modo seja
apagado.
Se a pessoa encarnou, por exemplo, em um vegetal, depois desse tempo
ela passa para o nível do animal, e quando o tempo se completa, ela sobe e
encarna como humano de fato.
A reencarnação em um ser humano pode acontecer em uma de duas
maneiras.
A primeira envolve as almas dos perversos que, depois de morrer, não
tiveram o direito de entrar no Guehinóm.
Elas entram nos corpos dos seres humanos que vivem ainda nesse mundo.
Elas falam e contam tudo que estão passando, que haja misericórdia sobre
elas.[Veja no final do livro o relato de um exorcismo.]
A segunda maneira é quando essas almas entram em um ser humano por
meio do Ibur, conforme foi explicado em seções anteriores.
Nesses casos, a Néfesh se gruda na pessoa de maneira total e discreta, de
modo que o receptor nem chega a saber o que está acontecendo.
Se, neste caso, a pessoa pecar, a Néfesh que veio nela por meio do Ibur
fica fortalecida, começa a influenciá-la e levá-la para o mau caminho,
conforme já foi explicado nas seções anteriores.
No caso da alma de um justo, quando ela entra se une por Ibur em uma
pessoa, ela o faz para bem.
Portanto, no caso do perverso é o oposto e, sendo assim, a Néfesh do
perverso influencia para o mal.
Isso tudo já foi explicado, a saber, de que às vezes a Néfesh que vem por
Ibur vem por beneficio próprio, isto é, vem para corrigir a si mesma, e, às
vezes, o Ibur acontece em beneficio da pessoa, isto é, acontece para que
aquela Néfesh influencie a pessoa para o bem.
Esses dois aspectos também valem para a Néfesh do perverso que vem
como Ibur.
Ou ela vem para beneficio da própria Néfesh que veio por Ibur, por
exemplo, nos casos em que a alma entra em uma pessoa justa, ou nos
casos em que a pessoa já é perversa e o Ibur vem para fortalecer ainda
mais o seu mal e depois exterminar o indivíduo, Chas Veshalom (Deus nos
livre).
E quando a Néfesh que reencarna no ser humano por um dos dois aspectos
mencionados, cumprir o prazo de tempo que lhe foi determinado ficar ali, e
seus pecados forem expiados, então ela poderá vir depois a esse mundo por
meio de uma encarnação completa e verdadeira, nascendo em um corpo
desse mundo físico, como acontece com o resto dos seres humanos.
E vamos voltar ao assunto, porque é importante conhecê-lo bem.
Não é em qualquer época que essas formas de encarnação no inanimado,
vegetal, etc. possuem força suficiente para subir de lá e se corrigir.
Isto é, não é sempre que uma pessoa encarnada consegue subir do seu
nível e se corrigir, pois, [conforme escrito no versículo: "para tudo existe
uma época determinada, e para cada acontecimento há um tempo
apropriado sob os céus."]
Isso significa que sempre há um período de tempo fixo para a subida dessas
pessoas.
Quem encarna em um ser inanimado recebe um prazo de tantos e tantos
anos para ficar ali e, quando chega o momento de se elevar, para encarnar
no nível de vegetal, isso só pode acontecer durante os quatro meses
intermediários dos doze do ano, isto é: Av, Elul, Tishrê e Cheshván.
Se o tempo determinado para que ele se elevasse findou quando chegou o
período desses quatro meses, ele se eleva.
Se não, ele precisa esperar até o ano que vem, isto é, novamente até
chegarem esses quatro meses intermediários que mencionamos.
E o tempo de subida do nível vegetal para o animal é nos quatro primeiros
meses: Nissan, lar, Sivan e Tamuz.
E o tempo de subida do animal para o humano é nos últimos quatro meses:
Kislev, Tevet, Shevat e Adar.
No entanto, apesar da ordem de elevação deles ser conforme mencionado:
do inanimado para o vegetal, do vegetal para o animal e do animal para o
humano, é possível ocorrer de haver elevação de dois níveis de uma vez.
Um exemplo pode ser alguém que encarna na terra, que é inanimada.
Imagine que vem um animal e come o pasto e nesse pasto está misturado
um pouco de terra, na qual, por sua vez, estava a Néfesh encarnada dessa
pessoa.
Nesse caso, a Néfesh dessa pessoa encarna, naquele momento, no animal,
sendo que ela acaba de subir dois níveis de uma vez, isto é, do inanimado
ao animal.
Ou, para citar outro exemplo, a pessoa que encarnou em um vegetal, em
verduras ou frutas de uma árvore, e quando um ser humano as come o que
acontece é que a pessoa encarnada ali subirá do nível vegetal para o nível
humano, ou seja, dois níveis de uma vez só.
E pode até acontecer de o encarnado subir todos os níveis de uma vez só,
isso é, do inanimado ao humano.
Por exemplo, se um ser humano come um pouco de terra que estava em
um cozido e quando nessa terra havia alguém encarnado, ele sobe do
inanimado ao humano.
E saiba que aquele que encarna na água ou no sal não é considerado como
encarnado no inanimado, mas no vegetal.
Isso porque a água é viva.
Ela "nasce" [nascentes] e "corre" [água corrente], e não é algo inanimado
como a terra.
E o sal é tirado da água, e por isso ele também é considerado vegetal.
E foi isso que os nossos Sábios, de abençoada memória, ensinaram no
Tratado de Shabate , quando disseram que aquele que pega sal de um
minério [durante a Shabat] passa a violar a proibição de "não colherás" [no
dia da Shabat].
É sabido que não existe colheita fora do mundo vegetal.
O assunto dos reencarnados é realmente explicado em diversos locais,
como por exemplo, no versículo "Salva minha Néfesh da espada; minha
vida [literalmente: minha Iechidá, que se refere à luz da alma no nível de
Kéter], das presas dos sabujos."
E também o que disseram os nossos Sábios, de abençoada memória, ao
afirmarem, no Tratado de Pessachim, que aquele que vê um touro preto em
Nissan deve fugir dele e subir em um telhado, pois o Satã [hebraico: Satan]
dança entre os seus chifres.
A explicação disso é que o Touro representa o "julgamento severo", e ele é
mais adequado para a reencarnação da Néfesh do que qualquer outro
animal.
Por isso é preciso fugir dele mais do que de qualquer outro animal.
Sabendo do que vimos anteriormente, de que uma alma não consegue subir
do nível vegetal ao animal a não ser [durante o mês] de Nissan em diante.
Assim, entendemos por que os Sábios falaram do perigo de encontrar o
Touro em Nissan.
Pois é nesse mês que o perverso pode encarnar no animal, e, talvez, por
acréscimo de um Ibur perverso, o touro passe a atacar e machucar as
pessoas.
Mas isso só acontece no primeiro mês da elevação do nível vegetal para o
animal, isto é, o mês de Nissan; pois depois disso o touro já se acostuma
com a alma e não fere mais os outros.
E essa alma pode ter chegado ao touro porque ele comeu pasto e vegetal
no qual havia um perverso encarnado.
E já foi explicado no Shaar Hapessukim [Portão dos Versículos] sobre a
questão de Ionus e Iombrus, filhos de Bilám, o perverso.
Foram eles que fizeram o Bezerro de Ouro no mês de Tamuz, e sobre eles
se diz "Trocaram a glória do Eterno por uma estátua de um animal comedor
de feno."
Aquele que pratica 'má língua' [hebraico: lashon hará][ Conceito que indica
o mau uso da linguagem e da fala, como por exemplo, falar mal dos outros,
fofocar, ou discutir coisas fúteis e vãs.] e coisas similares reencarna em
uma pedra, que fica calada, como explicamos no caso de Naval, sobre quem
se disse "e ficou como pedra", pois a compensação por pecados da fala é
ser mudo.[Em hebraico, inanimado se diz Domem, que também significa ser
mudo.]
Aquele que alimenta alguém [do povo] de Israel com carne de carcaças de
animais [mesmo que sejam de animais permitidos, mas que não foram
abatidos segundo as Leis de Cashrut [Cashrut— é o conjunto de leis que
determina como separar o impuro do puro; nesse caso, a maneira de como
abater um animal segundo a Bíblia.] – hebraico: Nevelá] reencarna na folha
de uma árvore, que é vegetal.
E a sua punição é que o vento bate nesta folha e a empurra de lá para cá,
sem descanso.
E quando termina o seu tempo determinado, essa folha cai da árvore.
Ela murcha e cai no solo.
E isso é realmente igual à morte, quando a pessoa é arrancada e extirpada
do mundo.
E esse é o segredo do versículo "fenecerão (hebraico: novêl) todas as
folhas," pois quem alimenta ao [povo de] Israel com carne de um animal
morto (nevelá) reencarna numa folha que murcha e cai (novêl) na terra.
Também é esse o segredo de "Serão como uma árvore cujas folhas
murcham e caem."
E, às vezes, depois de essa folha murchar e cair, a pessoa volta a encarnar
em outra folha, e também ela cairá, sendo que o processo pode se repetir
algumas vezes, igual ao processo em que a pessoa vem reencarnando
algumas vezes neste mundo, conforme a punição que lhe é merecida.
E há aqueles que encarnam na água, sendo que também são chamados de
vegetais, como dito acima.
Esses são os que derramam sangue nesse mundo.
Estes são os que encarnam na água.
Isso é indicado em "sobre a terra o [o sangue] derramarás como a água," e
também está dito "Aquele que derramar o sangue do homem, pelo homem
terá seu sangue derramado."
O castigo é que essa pessoa fica em baixo de uma cachoeira, e essa água
fica sempre caindo em cima dela, derramando-se sobre ela.
A pessoa fica querendo se levantar e ficar de pé, mas a água a derruba
sempre, sem que ela tenha descanso.
Essa pessoa reencarna sempre em um local próximo a uma cachoeira.
Isso também está aludido no versículo "Porque certamente morreremos, e
seremos como águas derramadas na terra."
Do mesmo modo, aquele que deveria morrer sendo enforcado mas que não
foi punido pela corte terrena reencarna na água, e lá ele fica sendo
asfixiado constantemente.
Aquele que comete adultério com a mulher do outro, e que deveria receber
a pena de estrangulamento, reencarna na pedra de moinho, aonde se joga
o trigo e se mói o produto por meio da água que gira o moinho.
Tanto o homem como aquela mulher adúltera ficam presos ali e lá serão
julgados, pelo segredo do "que procure [literalmente: fique moendo] minha
esposa um outro e que se entregue em braços estranhos."
Também aquele que despreza a ablução das mãos reencarna na água.
E esse é o segredo do versículo "Torrentes impetuosas teriam submergido
nossa Néfesh. Bendito seja o Eterno, que não permitiu sermos nós uma
presa para suas garras e dentes."
Essa alma [ou pessoa] ainda possui um vigia que a castiga com o castigo
que lhe é adequado, ou que a faz encarnar na própria encarnação que ela
merece.
Por exemplo, aquelas que encarnam na água terão sempre um vigia ao seu
lado que fica afundando-as na água, até que expire o tempo determinado
delas.
Além disso, a maioria dos que reencarnam ou que são castigados, dos
modos que falamos acima, passam por um Tribunal que os julgam na hora
de sua reencarnação ou de sua punição.
E seu castigo é mudado a cada momento, de um para outro, de acordo com
o julgamento e a sentença que lhe é cabível.
[É importante dizer que a Teshuvá cancela todos esses graves decretos.]
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 23
Introdução 23
[Nesta introdução o Ari explica uma questão muito particular, que se refere
às pessoas que são espancadas por anjos dentro de seus túmulos.
[Em hebraico, Chibut Hakêver: ser espancado dentro do túmulo.]
A intensidade deste espancamento depende do nível de maldade das
pessoas, uma vez que a intenção é separar a alma das camadas de Klipot
que podem ter se agarrado a elas.
Assim, quanto mais perversa a pessoa foi em vida, mais duro é o
espancamento.
Os justos mal precisam ser espancados, porque eles dedicam suas vidas a
estudar Torá e cumprir Mitsvot que os ajuda a remover a Klipá de sua alma,
enquanto ainda estão vivos.
Mais um assunto explicado é a importância do nome das pessoas: a Klipá
tem um nome que se relaciona com o nome particular de cada pessoa.
O nome também descreve o pecado específico cometido por Adão e se
relaciona com a alma de qualquer pessoa individualmente.
E também a questão de embora haja justos que não merecem morrer por
causa dos seus pecados pessoais, que foram expiados, eles morrem por
causa da Serpente que contaminou a semente de Adão e Eva.
Esta contaminação é muito profunda e só pode ser expiada pela morte.]
Saiba que todas as almas estavam incluídas no corpo de Adão antes que ele
pecasse, como já explicamos algumas vezes.
Quando ele pecou, os seus órgãos caíram dele, sendo que estes órgãos
representam as próprias almas que estavam inclusas nele, e que caíram no
fundo das Klipot.
Em Adão propriamente dito só ficou o equivalente a cem cúbitos [de altura]
de almas, como já foi explicado no devido lugar.
Portanto nem todas as almas são iguais, pois elas não têm o mesmo tipo de
mácula.
Os órgãos que estavam mais envolvidos com o pecado [literalmente: que
estavam segurando mais firmemente no pecado] cometido por Adão caíram
com mais profundidade nas Klipot do que os outros órgãos que estavam
mais distantes dessa mácula.
Certamente, nem todas as almas são iguais.
Basta ver que há almas que se unem ao mal e perseguem mais o pecado e
gostam dele mais do que outras.
E o que se vê, então, é que dependendo da gravidade da mácula da alma,
varia a profundidade da queda dela no fundo das Klipot.
É sabido que ‘Elohim fez tudo um oposto ao outro', tudo em paralelo, e,
portanto, do mesmo modo que há um Adão da Santidade, há também um
Adão das Klipot [Adam Blial].
Ele também possui 248 órgãos e 365 tendões.
O órgão que pecou em Adão caiu no mesmo nível de órgãos no Adão das
Klipot.
Sendo assim, as almas saíram de um dado órgão de Adão e se revestiram
dentro das Klipot no mesmo órgão em que estavam, de modo que a Klipá
ficou servindo como uma vestimenta para o mesmo nível que aquela alma
tinha antes, "porque todos Seus caminhos são justiça."
Isso significa que cada alma caiu de acordo com seu nível em um órgão do
Adão das Klipot, e esse órgão é o oposto do órgão em que ela estava.
E, portanto, todas as almas que caíram de Adão estavam vestidas com
roupagens de santidade antes que ele pecasse.
[Estas roupagens são espirituais, e podem ser entendidas como camadas de
energia espiritual que cobrem a alma.]
E depois que caíram nas Klipot, ficaram despidas de suas vestimentas de
beleza e esplendor para vestir trapos de sombra, que são as Klipot.
[Então, estes trapos podem ser percebidos como camadas de energia
escura que bloqueiam a Luz do Criador para entrar na pessoa e nutrir a
alma; esta Luz sendo a fonte de abundância e de bem-estar.
A partir disso podemos entender a causa raiz para a depressão e para a
depressão crônica, quando uma pessoa pode ser tomada pelas forças das
trevas das Klipot.
Isso pode acontecer se uma pessoa resiste a corrigir a sua parte do pecado
que se relaciona com o pecado de Adão.]
E o que decorre daí é que não há uma alma sequer que não possua um
grau de Klipá correspondente a ela, e que se torna como uma roupagem
para ela.
Tudo ocorre de acordo com o nível e grau do pecado e conforme o local em
que a alma estava inserida em Adão quando pecou, conforme
mencionamos.
E a Klipá correspondente sempre reveste a alma e fica em torno dela todos
os dias de sua vida, pois a alma é santa e espiritual mas fica revestida por
aquela Klipá contaminada.
E esse é o segredo do versículo "Foram vossas iniquidades que vos
separaram."
A Klipá que é criada por causa do pecado fica revestindo a alma e
separando-a do Santíssimo, bendito seja, da onde ela foi tirada.
E a Luz que flui para ela do Santíssimo, bendito seja, não chega mais a ela,
por causa da Klipá que a está rodeando.
E isso foi aludido no que disseram nossos Sábios, de abençoada memória,
quando falaram que a serpente se relacionou com Eva e instilou nela a sua
impureza.
E o mesmo vale para o homem e sua semente até os dias do Messias.
E, sendo assim, não há ser humano que escape da serpente, pois todos já
estavam inclusos em Adão quando ele pecou.
E isso é o que há de igual em todas as almas, todas elas morreram por
causa da serpente, já que em todas as almas se alojou a impureza
mencionada.
No entanto, por outro lado, nem todas as almas são de fato iguais, e há
diferenças entre elas, como foi ensinado, pois cada alma foi maculada
conforme seu grau, nível e proximidade do pecado que Adão cometeu.
E saiba que todos os pecados e todas as violações que o ser humano
comete por sua conta própria, além daquilo cometido por Adão, certamente
atraem para si a Klipá e a impureza da serpente, conforme a extensão do
seu pecado.
Mas por meio do arrependimento a pessoa consegue tirar de si a impureza
que se uniu a ela por conta de seu pecado, mesmo que se trate de pecados
enormes.
Mas, a impureza da Klipá que se aderiu a todas as almas quando Adão
pecou não pode ser eliminada pelo arrependimento, e a pessoa tem que
morrer.
E depois aquela mácula [criada por Adão] é corrigida pela morte.
Apesar de o Santíssimo, bendito seja, ter aceitado o arrependimento de
Adão e ter expiado os seus pecados, mesmo assim a impureza da Klipá que
se aderiu a ele quando ele pecou não foi retirada e nem se separou dele
enquanto ele não morreu.
E isso aconteceu porque o pecado de Adão era sobremaneira grande, por
motivos que não nos cabe explicar agora.
E esse é o segredo daqueles que morreram somente por causa da serpente:
Benjamin, Ishai, Calev, Levi e Josué, filho de Nun.
Este último não estava envolvido no pecado do bezerro de ouro, como
mencionado no Zôhar, Porção Semanal de Tissá.
Isso quer dizer que todos eles, apesar de não terem nenhum pecado,
tiveram que morrer, porque a impureza das Klipot se aderiu a eles por
causa do pecado de Adão e não poderia se separar deles sem que eles
morressem.
Esse é o segredo do que falaram os nossos Sábios a respeito destas
pessoas que morreram por causa da serpente, ou seja, por causa da
contaminação que a serpente instilou em Adão e Eva.
[Isto significa que, embora eles fossem justos e não morreram por causa de
seus próprios pecados, ainda assim, no entanto, eles morreram por causa
da contaminação da serpente que contaminou toda a humanidade.
Isso nos ensina o quanto é importante que toda a humanidade corrija o
pecado original.]
E é preciso explicar por que a morte faz com que a Klipá se separe do
homem.
Saiba que a Santidade é chamada de vida, como está escrito "Vê que pus
diante de ti hoje a vida e o bem," e também "E vós, que vos ligastes a
Adonai, vosso Elohim, estais todos vivos hoje."
Isso ocorre porque o Santíssimo, bendito seja, dá Luz e Sustento para todas
as Suas criaturas.
Mas a Sitrá Achará [literalmente: o Outro Lado, referindo-se ao lado das
Forças das Trevas], que afasta a abundância e a vitalidade das criaturas, é
chamado de Morte, como está escrito "a morte e o mal".
Por isso a pessoa que peca atrai para si a Sitra Achra, que é chamada de
‘morte'.
Por isso essa Klipá não se separa da pessoa antes que ela morra.
É quando ela é enterrada e sua carne é consumida pela terra que a Klipá
que estava colada nela por causa da impureza da serpente, instilada em
Eva e Adão, se separa dela.
[É interessante notar que o homem, tendo que morrer, é purificado da
contaminação da Serpente.
Neste caso, é a própria morte que o purifica da contaminação da Serpente
que fica no seu corpo.
Do ponto de vista da alma, e, em tal caso, a morte é um evento libertador
que a ajuda a se separar da corrupção energética que reside no interior do
corpo.]
É com isso que entenderemos o assunto do "Espancamento no Túmulo",
que é assim:
Mas aqueles que são justos nesse mundo conseguem corrigir tudo que
precisam durante sua vida e existência nesse mundo, como o Rav Achai bar
Ioshia, que não possuía inveja das coisas mundanas, que é a inveja
derivada das Klipot.
Por isso na sua morte nem os vermes conseguiram agir sobre ele e nem as
traças das Forças Externas o afetaram.
E quanto ao Rei David, que a paz esteja com ele, ele disse: "regozija-se
minha alma, descansa seguro meu corpo [literalmente: minha carne]", pois
ele estava incluso naqueles quatro que só morreram por causa da serpente,
como nos foi explicado.
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 24
Introdução 24
Saiba que depois da partida da alma de um justo desse mundo, se não tiver
castigos a receber por ser um justo completo - haverá três grupos que ele
pode se encaixar.
O primeiro grupo é o dos que no exato momento em que partem desse
mundo, e mesmo depois de partirem, ficam sempre se elevando pelo
segredo das Águas Femininas Superiores, para dentro do Iessod da Ima
Superior, Biná, chamada de Mundo Vindouro, como é sabido.
E lá eles despertam o Acasalamento Superior e Aba se une com Ima.
Esse grupo é chamado "filhos" do Mundo Vindouro.
Do mesmo jeito que Zeir-Anpin, que é chamado o filho da Ima Superior,
sobe sozinho pelo segredo de Águas Femininas até Aba e Ima e faz com que
eles se casem.
Este justo também é chamado o 'filho' do Mundo Vindouro, que é Ima
Superior.
E ele sozinho faz com que aquele Acasalamento Superior se manifeste.
O segundo grupo não é tão elevado como este primeiro.
Ele é composto pelos justos que não conseguem subir sozinhos e causar
invocar o Acasalamento entre Aba e Ima.
Para isso eles precisam se associar e se unir com uma alma de outro justo
que é superior a eles, e por meio dela invocar esse Acasalamento Superior.
Foi a esse grupo que os Sábios se referiram quando disseram que todo
Israel tem uma parte no Mundo Vindouro.
Porque todo Israel tem algum mérito, mesmo não sendo completamente
justo.
Ele tem uma parte pequena [do Mundo Vindouro] quando se une às outras
almas e sobe até o Acasalamento do Mundo Vindouro Superior.
Mas as almas deste grupo por si sós não são "filhos" do Mundo Vindouro,
igual a um filho que pode entrar na casa do seu pai sozinho, sem o
acompanhamento do outro, que o leva ao pai.
O terceiro grupo é melhor do que os outros dois mencionados.
Neste grupo estão as pessoas ditas prontas para o Mundo Vindouro.
Essa categoria está falando do Mundo Vindouro Principal, que não é aquele
que existe após a morte do ser humano, mas sim do Mundo Vindouro do
futuro, sobre o qual está escrito "Parecerá a luz da lua com a do sol."
A explicação disso é que Aba e Ima voltarão mais uma vez a subir pelo
segredo da Concepção dentro de Arich Anpin, como ocorreu na criação do
mundo.
E é sabido que toda volta para a Concepção se dá para renovar os Mochin, e
assim haverá força para aumentar a luz da Lua e equipará-la à do Sol,
sendo este Zeir Anpin e aquela Nucvá.
E esse Mochin é chamado de "Vida do Mundo Vindouro", pois ele é a vida
para eles, como é sabido, de que o Mochin é chamado de "Vida do Rei".
Isso é segundo o segredo do que os Sábios tinham dito: "Todo aquele que
usa os filactérios aumenta o número de [literalmente: alonga] seus dias",
pois foi dito; "Ó Santíssimo, por estas coisas vivem os homens.”
Tudo isso se refere à vida que se traz para o Mundo Vindouro, que é Ima.
Portanto, quem tiver o mérito e for decente para subir pelo segredo das
Águas Femininas até Arich Anpin para invocar o Acasalamento Superior que
existe em Arich Anpin, pela necessidade da Concepção do Mochin de Aba e
Ima, é considerado "convidado [de honra ou bem apresentado] para a vida
do Mundo Vindouro".
[O justo que morre desta forma devolve a sua alma ao seu Criador.
Da mesma forma que as almas passam por uma concepção espiritual e
vêem a este mundo, agora o processo é inverso, e a alma retoma para o
ventre da Mãe Celestial e desperta o acasalamento espiritual com o Pai
Celestial.]
E com isso se entenderá a questão de Shmuel, o profeta, que a paz esteja
com ele.
Ele disse "Por que me importunaste, fazendo-me subir?" pois estava
receoso de que tinha chegado o dia do Juízo Final.
Mesmo que ele já soubesse que era um dos filhos do Mundo Vindouro, ainda
estava em dúvida se merecia pertencer ao grupo daqueles 'convidados de
honra' para a Vida no Mundo Vindouro ou não.
Ainda existe um quarto grupo, e a ele pertencem os que são explicitamente
mencionados no Tratado de San'hedrin: 'E estes são os que não têm parte
no Mundo Vindouro; três reis e quatro leigos. Os três reis são Jeroboão
(Ierov'am), Acabe (Ach'av) e Manassés (Menashé).
[Jeroboão, filho de Nevate, que é frenquentemente estigmatizado na Bíblia
por ter pecado e levado Israel a pecar'; Acabe, filho de Omri (1 Reis
21:21); e Manassés, filho de Ezequias, Rei de Judá (2 Reis 21)].
Os três leigos são Balaão (Bilaam), Doegue (Doeg), Aitofel (Achitofel) e
Geazi (Geichazi), etc'.
[Balaão (Núm. 31:8); Doegue, o Edomita, (1 Sam. 22:9); Aitofel (2 Sam.
15: 31); Geazi (2 Reis 5:20)]
[Isto ocorre, como aparece no Talmud, devido à sua negação da
ressurreição dos mortos].
Estes, mesmo que sofram por seus pecados, não pertencem ao segundo
grupo, que é o pior de todos e que é dos que têm parte no Mundo Vindouro
depois de morrer por causa da ajuda de outras almas.
Estes, mesmo assim, não sobem, de modo algum, ao Mundo Vindouro para
invocar as Águas Femininas no Acasalamento de Aba e Ima.
Eles ficam abaixo pelo segredo das Águas Femininas que estão em Malchut,
a Nucvá de Zeir Anpin, e não mais do que isso.
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 25
Introdução 25
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 26
Introdução 26
[Nesta introdução o Ari explica a essência das vestimentas das almas e suas
origens; os diferentes tipos de acasalamentos acima que se correlacionam
com o momento das orações abaixo; o tempo de exílio é a "noite", e a
redenção virá com a "manhã".]
Saiba que não há sequer uma alma no mundo que, que haja clemência
[hebraico: Chas Veshalom], fica despojada de uma vestimenta na qual ela
se reveste [para entrar] nesse mundo.
A questão dessa vestimenta está aludida no Zôhar, na Porção Semanal de
Mishpatim, através das palavras do Rabi Iba Saba, sobre o versículo "Se
tomar outra além dela" e também sobre o versículo "não poderá vendê-la a
outro homem após tê-lo servido." [Êxodo 21:8. "Após tê-lo servido" pode
ser lido como "sua vestimenta".]
E agora explicaremos o que é essa vestimenta que a alma possui.
Tudo que aconteceu para José, o Justo [hebraico: Iossef Hatsadic], neste
mundo, com a mulher do seu senhor, Potifar, quando lhe saíram dez gotas
de sêmen das unhas dos pés, como está escrito no versículo: "e seus braços
foram fortalecidos", também aconteceu nos mundos superiores, em José, o
Justo Supremo [hebraico: Iossef Hatsadic HaElion], que é a Sefirá de
Iessod.
[Em hebraico, no versículo se diz: "e seus braços (Zrôa — que tem as
mesmas letras de Zêra, que significa sêmen) foram fortalecidos
(literalmente foram 'estendidos' ou `espalhados')".
O Ari revela o significado oculto deste versículo em relação ao Iossef
Hatsadic naquele momento em que a mulher do seu senhor tentou seduzi-lo
e ele se recusou.
Mesmo assim, isso teve um efeito sobre ele, fazendo com que as 10 gotas
de sêmen saíssem de seu corpo.
Então o versículo realmente alude a esta historia, e significa "seu sêmen foi
espalhado", no sentido de que foi ejaculado.]
Sendo assim, dez gotas e centelhas de almas sagradas saíram de Iessod, o
Macho Superior, em vão, pois elas não foram recebidas no útero da Fêmea
Superior.
Em vez disso, as Klipot se apoderaram destas almas.
E já te informei dos vários Partsufim que existem no mundo superior e que
dependem de Zeir Anpin e sua Nucvá.
Em todos estes Partsufim há o nível de Iessod correspondente.
E daí se deduz que de todos os aspectos de Iessod que existem acima
saíram centelhas de alma em vão, sendo pegas pelas Klipot, pois todo
Iessod alude a Iossef Hatsadic.
Eis que existem cinco tipos de Acasalamentos lá em cima, e do Iessod de
cada um deles saíram centelhas [de almas], como foi dito.
Acasalamento 2
É o encontro de Iaacov com Rachel, que acontece na reza matinal dos dias
da semana.
Ele se pareia com ela por meio do Iessod verdadeiro dele.
Acasalamento 3
É o encontro de Iaacov com Léa, depois da meia noite.
Nesta hora, os dois crescem e ocupam toda a extensão de Zeir Anpin, por
meio da existência de um Iessod que está nele.
Acasalamento 4
É o encontro de Israel com Léa, na reza vespertina dos dias da semana.
A expansão só se dá até a metade superior dele, quer dizer, até o seu
Tórax.
Nesta hora, ele se pareia com ela pelo Iessod que ele tinha, a princípio,
direcionado para Zeir Anpin, quando estava apenas no aspecto das Seis
Extremidades, como nos foi explicado no assunto das rezas.
Acasalamento 5
É o encontro de Iaacov com Léa, na reza noturna dos dias da semana.
Ele ocorre na metade superior de Zeir Anpin.
E nesta hora se dá por meio de outro aspecto de Iessod.
Sendo assim, temos cinco níveis de Acasalamento, e, portanto cinco tipos
de Iessod.
E de cada um deles saíram gotas de sêmen em vão.
Estas mesmas gotas são o segredo das vestimentas das almas.
E saiba que estas vestimentas ficam sempre grudadas com as almas, sem
se separarem delas para todo o sempre, mesmo depois da Ressurreição.
E saiba que isso também vale para todos os tipos de vestimenta que as
almas pegam para si.
E agora explicaremos cada um desses cinco aspectos de Acasalamento:
E como eles são do aspecto de Chassadim, eles não precisaram ser mortos,
pois as Klipot não se grudaram a eles com tanta força.
No entanto, os três que morreram no Idra Raba Cadisha, que são o Rabi
Iossi bar Iaacov, o Rabi Chizkia e o Rabi Issa, eles eram o aspecto das três
Chassadim reveladas de Ima, que se estendem para dentro de Tiféret,
Nétsach e Hod de Zeir Anpin, pois eles são os que sobem aos níveis
superiores para se iluminar em Zeir Anpin, como foi explicado para nós.
E por isso esses três faleceram naquela hora e subiram.
O Rabi Shimon bar Iochai, que a paz esteja com ele, é do aspecto de Iessod
propriamente dito, de onde saíram essas dez gotas.
Por isso ele precisava ensiná-los Torá e corrigi-los.
Mas a respeito das dez Guevurot, que são os dez Mártires do Reino, não
encontramos um Rabi especial que ensinasse a todos eles.
E isso se explica pelo que nos foi ensinado9 a respeito do segredo dos
filactérios feitos como manda o Rabênu Tam, de abençoada memória,
quando analisa o versículo "aquele que confia no Santíssimo, a benevolência
(hebraico: Chéssed) o envolve."
As Chassadim de Aba não ficam dentro do Iessod de Aba, pois este é um
local estreito e apertado.
Por isso elas saem e circundam o Iessod de Aba pelo lado de fora.
E daí se tem que as Chassadim de Aba, todas elas, ficam dentro do Iessod
de Ima que reveste o Iessod de Aba.
Mas não é o que ocorre com as Guevurot, que são separadas, seja no
Iessod de Aba ou no Iessod de Ima.
Por isso não é possível definir, indicar e determinar para elas um só Rabi só,
ou um só Iessod específico que ensine a elas todas.
E saiba que da reposta que meu mestre me deu um dia, percebi que essa
não é exatamente a resposta.
O que se passa é que eu o questionei sobre o assunto mencionado, dizendo
que poderia haver dois professores, um em cada Iessod.
Mas ele foi evasivo nas palavras, sem querer me responder.
Parece-me que ele não queria revelar tudo que está por trás disso, e eu não
sei o porquê.
E saiba que o fato de esses dez alunos do Rabi Shimon serem do aspecto de
Chassadim e em especial do Acasalamento mais elevado de todos, que é o
de Israel com Rachel, lhes deu o mérito de que lhes fossem explicados e
revelados todos os segredos da Torá, sem precisarem passar por nenhuma
agonia.
Isso não acontecerá novamente até a geração do Rei Messias, como está
explicado no Zôhar, em diversos locais.
Acasalamento 2
Este é o encontro de Iaacov com Rachel, e é sabido que os Dinim não são
tão numerosos em Rachel quanto em Léa, e também que Iaacov provém
somente do brilho de Mochin de Aba, que está dentro de Zeir Anpin.
E por isso, no Iessod dele não há nada mais do que cinco Chassadim e cinco
Guevurot de Aba somente.
E eis que esse aspecto de Iessod é o Rabi Iehudá Hanassí, de abençoada
memória, [que organizou a Mishná], e cujos alunos que estudavam na sua
Academia de Torá são as gotas de Chéssed e Guevurá que saíram dele.
E são eles: o Rabi Chia, o Rabi Oshaia, o Bar Capara, Levi Bar Sissi, o Rabi
Chanina bar Chama, o Rav, e outros similares.
Acasalamento 3
Seguindo a ordem da importância dos encontros, este é o de Iaacov com
Léa, que ocorre depois da meia noite.
Apesar de Léa ter Dinim, por ela ser neste momento do aspecto de 'Léa
depois da meia noite', seus Dinim são abrandados [literalmente: adoçados].
E também, depois da meia noite Iaacov se estende para toda a extensão de
Zeir Anpin, o que não ocorreu no Acasalamento anterior, de Iaacov e
Rachel.
E do Iessod desse Acasalamento saíram dez gotas, que são cinco
Chassadim e cinco Guevurot de Aba.
E, portanto, nesses dois Acasalamentos, isto é, no segundo Acasalamento,
de Rachel e Iaacov, e no terceiro Acasalamento, de Iaacov com Lea depois
da meia noite, não houve a necessidade de que os Sábios fossem mortos,
pois eles eram do Iessod de Iaacov, que vem do Mochin de Aba, e não de
Ima, que são Dinim.
E saiba que nesse terceiro Acasalamento está incluso mais um
Acasalamento, mesmo que não tenhamos falado dele acima.
E esse Acasalamento é conhecido como Cadruta De Tsafra, que significa
"escuridão da manhã", ou seja, o período do amanhecer.
Ele tem mais Misericórdia do que o último Acasalamento, que acontece à
meia noite, pois nesse momento já é um período que quase pode ser
chamado de "dia", quando Iaacov e Léa voltam a se unir, como está dito no
Zôhar, Porção Semanal de Shemot 10a.
E desse Acasalamento saem apenas duas gotas, a primeira contendo cinco
Chassadim e a segunda contendo cinco Guevurot.
E essas duas gotas são mais elevadas do que todas as dez mencionadas
que saíram do Acasalamento que acontece depois da meia noite.
Portanto, pode-se dizer que aqui são 12 gotas.
E saiba que antes da meia noite, Iaacov e Léa se encontram do Tórax de
Zeir Anpin para cima, como será explicado no Acasalamento 5 mais adiante.
Depois da meia noite eles se aproximam e se expandem por toda a
extensão do Zeir Anpin, como já foi dito, e por isso o efeito [literalmente . a
impressão] do primeiro Iessod, que é o de Iaacov antes da meia noite, não
se anula.
Isso porque Iaacov e Léa não voltam, depois da meia noite, no aspecto de
Costa a Costa, para poder dizer que se anulou seu primeiro aspecto.
Como eles estão ainda no estado de Cara a Cara, continua o seu encontro e
o seu comprimento se estende mais ainda, sendo que eles chegam até
embaixo [de Zeir Anpin].
Por isso o que eles tinham no início não se anula.
E, portanto, se vê que há mais dez gotas diferentes que saíram do Iessod
antes da meia noite, mas que, na verdade, só se revelam depois da meia
noite.
E, desse modo, há mais duas gotas diferentes que saem de lá depois, no
momento de Cadruta De Tsafra, e elas são mais elevadas do que essas dez.
E essas 12 gotas do segundo grupo são menos elevadas do que as
primeiras 12.
E pode ser que essas duas do segundo grupo da Cadruta De Tsafra se
juntem ou se incluam nas dez primeiras, pois elas são mais elevadas do que
as dez do segundo grupo.
E se você reparar bem no que dissemos, verá que nesse terceiro encontro
estão inclusos, então, quatro Acasalamentos, e deles saem vinte e quatro
gotas, apesar de que todos esses quatro são chamados de um só
Acasalamento.
E cada um deles tem um Iessod de onde sai tudo: dois Iessodot antes da
meia noite e dois depois da meia noite, sendo que um se inclui no outro, e
tudo é visto como um só Iessod.
E no final dessa Introdução será dito quem são essas vinte e quatro gotas e
quem é o seu Rabino (mestre).
Acasalamento 4
Seguindo a importância da ordem dos encontros, este é o encontro de
Israel com Léa na reza vespertina dos dias comuns.
E como eles ficam do Tórax de Zeir Anpin para cima, não tem espaço para
os Chassadim e as Guevurot se expandirem.
Por isso os Chassadim se agrupam no braço direito e as Guevurot no braço
esquerdo.
Portanto, eles só são chamados de duas gotas e nada mais.
E por causa desse encontro acontecer de tarde, com Léa, que é de Dinim
rígidos, essas gotas são o aspecto dos dois irmãos, Papus e Lulianus, que
são chamados os Mártires de Lod, como é sabido.
A importância deles cresceu por serem do aspecto de Israel.
E eles não possuem um Iessod que pode ser reconhecido.
Por isso eles não têm um Iessod especifico e nem um Rabino (mestre)
especial que se possa atribuir a eles.
Acasalamento 5
Este é o último encontro de todos seguindo a ordem da importância deles, e
ele é o de Iaacov e Léa antes da meia noite.
E aqui se trata de Dinim completos, chamados de "os Mártires de Beitar".
E o Iessod e o Rabino (mestre) deles é o Rabi Elazar Hamudai, que foi
morto lá em Beitar, como é sabido.
E saiba que existe uma divisão ou uma distinção entre essas cinquenta ou
mais gotas inclusas nesses cinco Acasalamentos mencionados e todas as
outras almas.
Essas [gotas] possuem um alto grau e essência, maior do que qualquer
outra alma.
Pois todas as outras almas vêm do Despertar da Fêmea [Aram. Itarutá de-
Nucvá], que se desperta ao Acasalamento primeiro, e deseja se unir com o
Macho.
E só depois disso o Macho também se desperta e a deseja.
E como o desejo do Macho não se despertou por sua conta, e ele foi
incentivado por causa de sua companheira, então essas gotas de Chassadim
e Guevurot que surgem desse encontro não vêm da Daat do macho
propriamente dito, aonde se alocam seu desejo e paixão.
Mas elas vêm de Chassadim e Guevurot que se expandem dentro dele para
baixo, nas suas Seis Extremidades, como é sabido.
E isso ocorre depois que essas gotas se revestem e se alojam lá, por terem
estado lá embaixo nas Seis Extremidades.
Mas as cinquenta gotas dos cinco encontros mencionados se despertam por
conta do macho [Aram. Itarutá de-dechura] por si só, pois elas são gotas
de Sêmen que surgiram em vão [hebraico: Keri — emissão noturna].
Isso indica que a Néfesh do Macho desejou se unir à sua Fêmea e transferir
para dentro dela essas gotas, mas ele não a encontrou.
Isso porque sua Fêmea estava então abaixo, no mundo de Beriá, ou algo do
tipo, e o que acaba ocorrendo é que essas gotas são emitidas em vão.
E com isso fica fácil você entender a razão porque as gotas de sêmen foram
emitidas em vão [hebraico: Keri].
E veremos que, como essas gotas saíram de um despertar voluntário
propriamente dito, este despertar do Acasalamento só pode vir do Moach de
Dáat.
E, portanto, certamente as gotas vêm do Moach de Daat, dos Chassadim e
das Guevurot que estão ali.
E quando elas passaram pelas Seis Extremidades que existem ali, elas não
se alojaram nem se revestirem lá.
Elas só passaram por ali, como se fosse um viaduto.
Isso é o que permitiu que elas permanecessem em seu estado original.
Por isso elas são tão infinitamente elevadas em sua essência se comparadas
às outras almas.
E tudo isso que dissemos se refere ao assunto das vestimentas das almas, e
que delas os 248 órgãos são feitos, e nas quais a alma se reveste.
E saiba que todas as vestimentas são meramente dos primeiros Chassadim,
que vieram do tempo em que Zeir Anpin e Nucvá foram emanados, e não
dos Chassadim posteriores.
E sendo que o aspecto das almas de todas essas vestimentas mencionadas
também é do aspecto de Moach de Daat propriamente dito e não de sua
extensão até embaixo, então foi lhe dado essas vestimentas, que são as
gotas mencionadas, e que, por sua vez, são da própria Daat.
No entanto, mesmo que tenhamos explicado que há uma ligação real e forte
entre todas essas gotas mencionadas, mesmo assim, tudo isso se refere
somente à essência das próprias gotas, que são as vestimentas.
Mas as almas propriamente ditas que se revestem nelas, cada uma dessas
almas vem da própria raiz dela, e não são todas de uma única raiz.
Mesmo assim, o que há de igual nelas é que todas elas são do aspecto de
Moach de Daat superior propriamente dito.
Porém, elas não são juntadas em um só grupo, pois elas não provêm todas
de uma mesma raiz.
Também saiba que nessas gotas, que são o aspecto de vestimentas, existe
um lado interno e um lado externo.
Há gotas que provém do Mochin propriamente dito revestido dentro de
Nétsach, Hod e Iessod de Aba ou de Ima, e existem gotas que provém do
lado de fora, que são as vestimentas do Mochin mencionado, e elas são os
Receptáculos de Nétsach, Hod e Iessod de Aba e Ima.
E esses dois aspectos pertencem ou a Zeir Anpin ou a Iaacov.
E esses dois aspectos vêm do Moach de Daat superior, como mencionado.
E saiba, que todas essas gotas e vestimentas mencionadas acima, que se
encontram nos dez Mártires do Reino (Malchut), nos dez alunos do Rabi
Shimon bar lochai, e nos mortos de Lod e Beitar; todos esses mencionados
acima são do lado interno.
Em paralelo a eles existem as gotas de mesmo número que, no entanto,
são do lado externo.
Porém, o meu mestre, de abençoada memória, não me explicou nada sobre
estas gotas, nem quem são os justos que tomaram para si estas
vestimentas.
E saiba que todos os aspectos das gotas e das vestimentas mencionadas
acima são chamados, nas palavras dos profetas, de "She'erit", isto é o
"Remanescente".
E, sendo assim, aqueles que são do aspecto de Israel são chamados de "o
Remanescente de Israel", como está dito "O remanescente de Israel, não
mais cometerão iniquidades."
E aqueles que são do aspecto de Iaacov são chamados de "Remanescente
de Iaacov", como está escrito "E o remanescente de Iaacov estará entre as
nações."
E como há cinco aspectos nos cinco Acasalamentos mencionados, então,
por paralelismo, nos ditos dos profetas veremos muitas vezes as palavras
"Remanescentes de Iaacov", ou "Remanescentes de Israel", etc.
A palavra she'ar [que também significa remanescente] também é usada
duas vezes no versículo "Sim, o remanescente (She'ar) da habitação
retornará, sim, o remanescente (She'ar) de Iaacov retornará" - que
corresponde ao Remanescente [She'erit] de Israel e ao Remanescente
[She'erit] de Iaacov.
E agora vamos explicar quem são as gotas do terceiro Acasalamento.
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 27
Introdução 27
Saiba que não existe pessoa que não tenha alma do aspecto de Luz
Circundante e de Luz Interna, como foi explicado para nós quando falamos
da Imagem [hebraico: Tsélem] do Mochin de Zeir Anpin.
Quando Nadav e Avihú nasceram e vieram ao mundo, este foi um feito novo
e foi aí que se iniciou a correção da raiz de Cáin, do segundo tipo da raiz de
Adão, que é o mais elevado entre os dois.
E ali vieram inclusas todas as almas que eram dessa raiz mencionada, na
Imagem de Nadav e Avihú, como aspecto de Luz Circundante em cima
deles.
Mas todas essas almas que vieram ainda não estavam todas purificadas,
com exceção das duas centelhas de Nadav e Avihú propriamente ditas.
E todas as outras almas dessa raiz mencionada, que vieram incluídas ali
como Imagem de Luz Circundante de Nadav e Avihú, cada uma delas,
estava misturada dentro da sua Klipá do mal.
Quando ocorre que uma alma daquelas que estavam incluídas na imagem
de Nadav e Avihú nasce e vem a este mundo, isso é uma indicação que ela
se limpou e se purificou da Klipá dela.
Enquanto as demais almas dessa raiz que vieram inclusas na Imagem dessa
alma que se purificou ainda estão no meio da Klipá.
Portanto, depois que uma alma se purifica e reencarna nesse mundo, todas
as outras partes [que são almas] dessa raiz que ainda não se purificaram
vêm inclusas na Imagem pelo segredo de Luz Circundante da alma que já
se purificou e veio a este mundo.
E já foi dito que a purificação dessas almas e sua vinda a esse mundo nada
tem a ver com a ordem de sua altura ou com o seu nível, mas apenas com
os atos do homem neste mundo.
Ou seja, conforme o mérito naquele momento do homem abaixo, quando
atraiu aquela alma para a sua gota de sêmen, como já foi explicado
anteriormente (Introdução 15).
É por isso que, às vezes, as almas que são mais elevadas e mais altas ficam
presas no fundo das Klipot, e não conseguem sair de lá até o momento,
esperado por muito tempo, em que acontece um incidente de um mérito
relacionado a elas e que as faça sair de lá.
E pode ocorrer das almas menos elevadas dentre elas, por acaso, saírem de
lá [das Klipot] e virem a esse mundo antes das outras, por causa de algum
mérito realizado naquele momento, e que é relacionado a elas.
[É mais difícil realizar um ato de mérito para retirar das Klipot as almas
maiores, porque, obviamente, elas exigem atos de maior mérito.]
E às vezes acontece de o homem cometer um pecado nesse mundo, e as
Klipot ficam querendo destruí-lo e enganá-lo, e com isso elas atraem para
ele uma alma da sua raiz que estava imersa bem no fundo das Klipot e bem
misturada com forças externas, tirando-a dali.
Em seguida elas a trazem para ficar como aspecto de Imagem em cima
daquele homem que tinha pecado, e para fazer com que ele peque ainda
mais.
E às vezes acontecerá de essa alma, que foi atraída para ficar em cima
dele, ser uma grande alma, que, no entanto, estava imersa no fundo das
Klipot, e as Klipot pensavam que ela já estava perdida no meio delas e que
não mais voltaria ao seu estado anterior.
Mas o Santíssimo, bendito seja, a ajuda e ela se libera da sua Klipá,
mostrando assim sua força e sua santidade.
E ainda mais do que isso, ela ajuda a este homem para que ele melhore e
faça o bem.
E esse é o segredo do versículo "Vi que, às vezes, o homem (literalmente:
Adão ou Adam em hebraico; que é a quem o verso alude na expressão 'o
homem') governa sobre o outro homem só para seu próprio mal."
[A palavra "homem" no versículo em hebraico é escrita "Adam", que é
também "Adão".]
Isso fala do governo do Adão Blial, da Klipá, sobre o Adão que alude à alma
sagrada.
Mas neste caso o Adão da Klipá errou, pois ele pensou que a saída dessa
alma seria para o bem da Klipá, mas, pelo contrário, isso é para o seu mal,
como foi explicado no Saba de Mishpatim.
E depois, essa alma se limpa e se purifica, e também ela .vem a esse
mundo do modo mencionado anteriormente.
O resumo desse assunto: Saiba que todas as almas, por meio do pecado do
Adão ou de Cáin e Hével, ou de similares, ficaram com o bem e o mal
misturados.
Isso significa que elas caíram no fundo das Klipot, dentro do Adão Blial [da
Impureza], e ali se ocultaram.
E quando chega a hora de qualquer uma dessas almas vir para um corpo
neste mundo, por causa de um mérito de um homem que está neste
mundo, como mencionado, não é possível que ela reencarne em um corpo
desse mundo logo que sai do fundo das Klipot.
É necessário que depois de sua saída dali ela se inclua no aspecto de
Imagem da Luz Circundante três vezes na cabeça de três pessoas, uma
depois da outra, todas de sua raiz.
Só depois disso ela entrará no corpo de um nascido de fato.
Aí ela ficará neste corpo nascido no aspecto de alma de Luz Interna
completa.
E, dessa vez, isso será chamado de sua primeira encarnação.
Dali em diante ela reencarnará outras vezes conforme a necessidade, como
é sabido.
E às vezes acontecerá de que as três pessoas que vieram [ou encarnaram]
antes dela, e nas quais esta alma veio inclusa na Imagem de Luz
Circundante, não se corrigiram totalmente no seu tempo e antes dela,
conforme era necessário.
E aí, quando esta alma vai encarnar numa pessoa na sua primeira
encarnação, estas três reencarnarão com ela, para completarem a sua
correção.
Mas esse corpo é chamado conforme esta pessoa que está reencarnando
por esta primeira vez, e as outras três [almas] ficam sendo apenas
visitantes, ainda que fiquem encarnadas ali até o dia da morte.
Saiba também que essa nova pessoa que veio agora na primeira
encarnação precisa de muito esforço para subjugar seu instinto, mesmo que
sua alma seja muito elevada.
Isso ocorre, pois para ela, aquele é o início de sua limpeza das Klipot.
Pois mesmo na sua existência enquanto era em forma de Imagem, ela
estava misturada com a sua Klipá, como foi mencionado.
É por esse motivo, que essa pessoa ficará triste todos os dias de sua vida e
será ansiosa sempre, mas sem motivo.
O motivo real disso é que as Klipot estão causando essa tristeza, como é
sabido.
E esse é o segredo sobre o que acontecia com o Rei David, que a paz esteja
com ele, e suas amadas.
Vimos que o seu instinto foi mais forte que ele no caso de Bat Shevá e
Abigail, e foi tudo um grande mistério, mas o assunto é entendido do
seguinte modo: era o início de sua saída do fundo das Klipot.
E com isso é possível entender alguns versículos que o Rei David, que a paz
esteja com ele, falava sobre si mesmo: "um turbilhão me arrastou para as
profundezas" e outros do tipo.
E saiba que os pecados dessa nova pessoa não são calculados perante o
Santíssimo, bendito seja, do mesmo modo que ocorre com as outras
pessoas, pois ainda se leva em conta que ela estava no meio das Klipot, e
sabe-se que ele está se esforçando para sair de lá.
E esse é o segredo do que os nossos Sábios, de abençoada memória,
disseram: "a não ser que você fosse David e ele Shaul, Eu preferiria que
muitos 'David' perecessem em vez de Shaul" (Moed Catan, 16b).
E entenda isso bem.
E às vezes se vê que essa pessoa nova terá uma alma muito alta e elevada,
e mesmo assim ela não pode controlar o seu instinto, embora se o fizesse,
com muita facilidade poderia se tornar uma pessoa muito piedosa.
E com isso se explicará um segredo profundo, de que às vezes um pecado
pequeno de uma pessoa traz para ela muitas punições, e um pecado grande
de outra pessoa não lhe traz nenhuma punição.
E esse é o segredo de "Ele é nossa rocha, e as Suas obras são perfeitas,
porque todos Seus caminhos são justiça."
Para os bons entendedores, isso basta.
E por isso não se deve ficar na dúvida em relação ao comportamento do
Santíssimo, bendito seja, para com os justos, ainda que pequem.
Também é preciso saber que quem vem do aspecto de Cáin, daquele que é
o segundo grau em altura, por estar misturado com o bem e o mal, tem o
bem em si muito grande; mas também é misturado com muitas Klipot ruins
e impuras, e o mal nele é maior do que o bem.
O motivo para isso é que toda a raiz de Cáin é do nível de Guevurá, onde as
Klipot e as Forças Externas [ou Negras] se agarram.
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 28
Introdução 28
Saiba que Zeir Anpin, [mini réplica das Dez Sefirot], tem três mochin, que
são Chochmá, Biná e entre elas, o terceiro, chamado de Daat, uma síntese
de Chassadim e Guevurot, dos dois lados.
[A Sefirá de Daat não aparece na estrutura original da Árvore da Vida.
Ela aparece devido às ações de virtude dos seres inferiores, quando eles
unem as duas extremidades, Chéssed e Guevurá.
Essas ações geram harmonia e paz no mundo, que estabelece a Sefirá de
Daat - conhecimento espiritual e iluminação.]
E quando Adão pecou, ele fez com que o Moach de Daat descesse para
entre os dois ombros de Zeir Anpin, na terça parte superior de Tiféret, que
chega até o Tórax, e lá se separaram as Chassadim no ombro direito e as
Guevurot no ombro esquerdo.
[Essa separação causou conflitos e contenda.]
E é sabido que Cáin e Hével nasceram depois que Adão pecou, e eis que
Cáin é das Guevurot que estão no ombro esquerdo, depois dessa descida
mencionada.
E ali eles não têm tanto brilho como ocorria em sua existência lá em cima,
no nível de Moach propriamente dito, e isso é um déficit.
Um segundo déficit é que se Daat estivesse lá em cima, no local da cabeça,
ela seria externa à alma, do osso e da carne da própria cabeça, pois é
sabido que não existe alma que não tenha em si o interno e o externo, que
é a sua vestimenta.
E se vê que o interno que vem das Guevurot do Moach de Daat teria sido
relacionado com o seu aspecto externo, que é o osso e a carne da cabeça
do lado esquerdo.
Mas como o Moach de Daat desceu para um nível inferior, o que aconteceu
é que a internalidade da alma da raiz de Cáin ficou sendo do Moach das
Guevurot que está em Daat; e a externalidade é do ombro esquerdo, sendo
que os dois não se relacionam um ao outro mais.
E por isso eles têm um déficit do aspecto de sua internalidade, pois não há
tanta Luz como se estivessem em cima, no seu lugar, na cabeça.
E há um segundo déficit do aspecto da sua externalidade, que vem de um
lugar abaixo, no ombro, que não é o seu local superior que lhe era de
direito, no crânio [Aramaico: Gulgoltá].
E saiba que mesmo que nesse mundo o homem não tenha poder de corrigir
esses déficits, mesmo com os seus bons atos, ainda assim, se o homem se
aperfeiçoar e melhorar suas ações nesse mundo, ele tem o mérito de, no
futuro, nos dias do Messias, que seja breve em nossos tempos, corrigir
essas máculas.
E se a correção for feita, a Daat subirá para o seu lugar na cabeça.
Assim se iluminarão as internalidades das almas mencionadas, como era no
início de sua existência em cima, na cabeça.
E também as externalidades serão de um lugar superior, que lhe é de
direito, que é o crânio.
E saiba que tenho dúvidas sobre o assunto das extemalidades que tratamos
agora, em especial as que vêm do ombro esquerdo.
Eu não lembro se o meu mestre, de abençoada memória, me disse que elas
também permanecerão nos dias do Messias, junto com as internalidades da
alma mencionadas, já que agora e nesse mundo, elas estão unidas, ou se é
o oposto.
E saiba também que do mesmo modo que a Daat desceu para o meio dos
ombros com o pecado de Adão, o aspecto do Partsuf de Léa desceu e ficou
nas Costas de Daat de Zeir Anpin, pois lá era o seu lugar de início.
E agora, depois do pecado de Adão, também ela desceu para um nível
inferior, atrás dos ombros, como é sabido, pois Leá sai da Malchut de Ima
que fica no Moach de Daat de Zeir Anpin, que é revestido dentro do Iessod
de Ima, como é sabido.
E saiba que todas essas almas que mencionamos nas nossas explicações,
como a do Rabi Akiva e outras desse tipo, que são da raiz de Cáin, todas
são de Guevurá de Hod que está em Daat, que é a quinta Guevurá.
E também todas as almas que saem da Guevurá de Hod que está na Daat
de Léa, todas elas são próximas da raiz do Rabi Akiva, como mencionado.
E todas elas são chamadas de uma raiz.
E seguindo desse modo você pode deduzir tudo em relação à raiz de Hével,
que é dos Chassadim que estão em Daat.
Agora vamos tratar do assunto da raiz de Cáin e daqui você pode deduzir a
raiz de Hével.
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 29
Introdução 29
Quando Adão pecou, na véspera do sábado, ele deu força à serpente para
que injetasse contaminação em Eva, sua mulher, e por isso Cáin e Hével
nasceram misturados, no bem e no mal.
Mas havia uma diferença entre eles, pois Cáin era em sua maioria mal e em
sua minoria bom; e Hével era o inverso.
E apesar desse assunto ser mencionado em diversos locais, é preciso
explicá-lo, esclarecendo o que significa essa maioria e essa minoria em cada
um deles.
Saiba que Cáin tinha em si NaRaN [’’] de BIA [’’] da Santidade, e
essas três partes se misturaram com as Klipot do mal no nível de NaRaN
[’’].
Hével tinha em si NaRaN da Santidade, como acontecia com Cáin, só que no
caso dele a parte que estava misturada na Klipá atingia somente a Néfesh e
o Rúach dele.
Sendo assim, a Neshamá dele era toda boa, sem estar misturada ao mal.
E é isso que se quer dizer quando se fala que 'sua maioria era boa e sua
minoria má' [referindo-se a Hével], pois ele não tinha equivalência entre as
suas três partes de alma.
Mas Cáin tinha as suas três partes misturadas, o bem no mal.
E agora vamos parar de falar um pouco da reencarnação de Cáin, e vamos
explicar a reencarnação de Hével, seu irmão.
Já nos foi explicado que o Rúach não reencarna antes que a Néfesh
reencarne primeiro e se complete e se corrija.
Depois disso, o Rúach vem e reencarna para se corrigir.
E depois da correção do Rúach, quem encarna é a Neshamá.
E em Hével havia, então, a Néfesh e o Rúach impuros e misturados, o bem
e no mal, mas a Neshamá estava totalmente boa.
E quando começaram as suas reencarnações para se corrigir, a Néfesh
começou a reencarnar na ordem mencionada, e foi dada para Seth, filho de
Adão.
Desse modo o mal que estava nela partiu dela e foi dado a Bilám, o
perverso.
E eis que esses dois aspectos, do bem o do mal da Néfesh que estavam em
Hével, estão indicados em seu nome.
O bem que estava nele é a letra Hê - do nome hebraico de Hével — ’’,
e essa parte foi dada para Seth [ — hebraico, Shet], como foi dito.
[Em hebraico, Abel se diz "Hevel", com Hê no começo]
Esse é o segredo de "tudo puseste [] a seus pés," sendo que as letras
da palavra "puseste" [ - Shata], em hebraico, podem ser lidas como
Seth Hê — -.
E já se sabe que esse cântico é sobre Moshé, sobre quem se diz
"Entretanto, pouco menos que os anjos o fizeste."
Isso ocorre porque Moshé era o próprio Seth, como será explicado.
E o mal que havia na alma de Hével [’’ - Hével, com as letras Hê, Beit e
Lamed] é representado pelas duas letras Beit e Lamed [’’] do fim do seu
nome em hebraico.
E esse é o segredo de "Seus preceitos elas desconhecem — [’’]”,
[Salmos 147:20. A palavra "desconhecem" é escrita com Beit e Lamed.]
pois as duas letras Beit e Lamed aludem às Klipot, e essas duas letras
foram dadas à Bilam, que se escreve com Beit e Lamed []
[Bilam se escreve com Beit, Lamed, Áin, Mem. As duas primeiras letras são
as duas finais do nome Abel e, segundo o Ari, aludem às Klipot que se
prenderam nesta alma.]
E já lhes informei que mesmo o aspecto do mal, quando passa a ser
purificado e separado do bem, necessariamente terá nele um pouco de
centelhas da santidade.
E esse é o segredo de Bilám, que era um profeta por causa das forças
dessas centelhas boas.
Esse também é o segredo do que nossos Sábios disseram, de que ele era
considerado tão grande como Moshé, por ambos serem do mesmo aspecto.
A saber, também Moshé veio de Seth [do aspecto da sua alma
reencarnada], porém do lado bom que havia nele, como será explicado.
E depois, a ‘minoria' do bem que existia em Bilám reencarnou e foi dada a
Naval [’’], o Carmelita, e lá começou a se corrigir.
E como Bilám não tinha força na boca a não ser para falar maldades e
maldições, então, quando ele foi morto por Finéias [hebraico, Pinchás]
acabou encarnando em uma pedra do nível inanimado [literalmente dito:
pedra muda], para corrigir a má língua que estava na sua boca.
Isso porque o objeto inanimado é o oposto de algo que fala.
E isso foi explicado quando falamos que o homem pode encarnar nos níveis
do inanimado, do vegetal, do animal e do humano [que em hebraico é
chamado de 'o falante'].
E quando Naval ficou teimoso e seguiu o caminho de Bilám, ele se maculou
ainda mais com sua má língua, falando sobre o Rei David, que a paz esteja
com ele, ao dizer "Quem é David, e quem é o filho de Ishai?"
Ao dizer isso, ele voltou ao caminho das maldições, como no início.
E não só ele não se corrigiu, ele acabou repetindo o mesmo erro.
Por isso está escrito "e ele ficou como uma pedra."
O seu Eu Superior tinha a visão da sua encarnação anterior, que ocorreu em
uma pedra inanimada (literalmente, muda). [Inanimado em hebraico é—
—Domém, que significa também mudo.]
Assim, ele se deu conta de que tinha piorado a sua mácula, e por isso "seu
coração morreu dentro dele."
E, portanto, ficou explicado que a Néfesh do bem de Hével foi dada para
Seth e lá ela se corrigiu totalmente.
E a Néfesh do mal de Hével, que ainda tinha em si algumas centelhas da
santidade, reencarnou em Bilám, e depois em Naval, o Carmelita.
Por isso no nome de Naval [’’] vemos as letras Beit e Lamed, que
também estão presentes em Bilam e Hével.
E depois que a Néfesh se corrigiu totalmente, o Rúach já podia se corrigir.
E sabemos que o Rúach vem das Seis Extremidades, ou seja, de Chéssed,
Guevurá, Tiféret, Nétsach, Hod e Iessód.
Estas extremidades, em sua totalidade, se dividem em três colunas: direita,
esquerda e centro.
E esse Rúach encarnou em Nôach, o justo, que é o aspecto da expansão
das Seis Extremidades da [Sefirá] de Tiféret.
E depois, quando ele teve os seus três filhos, esse Rúach, que abrangia
todas as três colunas, encarnou neles três: Jafé [hebraico, Iefet], que
corresponde a Chéssed; Cham, a Guevurá e Shem a Tiferet.
E esse aspecto de Tiféret de Shem é a própria Sefirá de Tiferet, que
também tem em si todas as Seis Extremidades.
No entanto, este Rúach de que estamos falando não se corrigiu e o mal dele
não foi totalmente extinto, como aconteceu com a Néfesh em Shet.
E, portanto, como ainda havia mistura de bem e de mal neste Rúach, de
Cham, filho de Nôach, saiu Tavi, o servo do Raban Gamliel.
É por isso mesmo que ele se chamava Tavi, pois ele era do aspecto do bom
que estava misturado com o mal, e que agora fora colocado nele.
[O nome "Tavi" é muito próximo da palavra "Tov", que quer dizer "Bom",
em hebraico.]
Depois a Neshamá reencarnou em Moshé, nosso mestre, que a paz esteja
com ele.
Como nela não havia mistura alguma de Klipá do mal, e ela era totalmente
boa, é por isso que se diz "e a mulher concebeu e deu à luz um filho; e
vendo que ele era bom," ao contrário da Néfesh e do Rúach que estavam
misturados com o bem e o mal, como já mencionamos.
E eu já te informei que enquanto a Néfesh não se corrige totalmente o
Rúach não pode vir, e, do mesmo modo, a Neshamá não pode vir antes que
o Rúach se corrija.
Mas, depois que o Rúach já foi corrigido, a Néfesh, que já estava corrigida
de início, agora pode vir para se unir ao Rúach corrigido.
E depois que a Neshamá se corrige, a Néfesh e o Rúach, que já se
corrigiram antes, podem vir e se unir com a Neshamá corrigida.
E, por isso, Moshé, que já tinha a Neshamá corrigida, pôde receber em si a
Néfesh e o Rúach que já tinham sido corrigidos anteriormente.
E por isso todos os aspectos da reencarnação da Néfesh e do Rúach
estavam indicados em Moshé [’’], do seguinte modo:
O Shin [] do nome de Seth [ — Shet] em hebraico está incluso no nome
de Moshé; e as duas letras de Shem [] também estão no nome de
Moshé; e o Hê [] de Hével [] também aparece no nome de Moshé
[’’].
E com isso é possível entender o versículo "Olha, Tu me dizes e Tu disseste:
"Te conheci por nome [hebraico, BeShem — ]"
E esse modo de falar não é visto em nenhum outro versículo, mas está
aludido no que está escrito, que Shem reencarnou em Moshé.
["Nome", em hebraico, se diz "Shem", portanto o versículo deve ser lido
como 'Te conheci como Shem (a pessoa)']
E sobre ele, (e também sobre Nôach), há uma referência quando se diz "Tu
disseste: "Te conheci por nome (beShem)".
E como Nôach também reencarnou em Moshé sobre ele também há uma
alusão, quando se diz: "porque achaste graças aos Meus olhos," sendo que
a palavra "graça" [hebraico, [’’] — Chen] são as letras de "Nôach"
[hebraico: ’’ Noach] ao contrário.
De tudo isso, como o nome de Shem [’’] aparece claramente nas letras
do nome de Moshé [[’’]], foi mencionado a respeito dele — "te conheci"
e o nome de Shem é revelado pelas próprias letras de Moshé, sendo que o
nome daquele está incluso neste, de forma clara e revelada.
Mas no caso de Nôach, cujo nome não está aludido no nome de Moshé, não
foi mencionado em relação a ele `o conhecer' somente o 'achar' —
[conforme expressado]: "porque achaste graças aos meus olhos".
Tudo se passou como alguém que ‘acha' algo escondido e oculto.
Por isso ele [Moshé] repetiu a frase e disse: "E agora, rogo, se achei graça
aos Teus olhos, faze-me, rogo, conhecer Teus caminhos."
Repare que não está escrito "se Tu me reconheces por nome, e se achei
graças aos Teus olhos", pois o aspecto [da encarnação] de Shem já era bem
conhecida para ele, já que estava aludida e revelada em seu próprio nome.
O que Moshé teria pensado foi: 'O aspecto [da reencarnação] de Nôach, eu
não sabia se estava incluso em mim, pois ele não está aludido no meu
nome. Portanto, se Nôach também estiver incluso em mim, e se assim eu
tiver achado 'graças aos Teus olhos', pelo mérito de Nôach, 'eu Te rogo, me
faz conhecer os Teus caminhos'. Isso para que também em relação ao
aspecto de Nôach eu tenha um conhecimento claro de que achei 'graças aos
Teus olhos', e para que isso seja incluído em mim '
Shmuel disse: Eu encontrei ainda outras explicações dispersas aqui e ali
sobre os ensaios que mencionam Adão e eu decidi colocá-las aqui, ainda
que elas não pertençam a este local.
Inicio da citação:
Saiba que antes de Adão pecar, ele tinha incluso em si todos os quatro
mundos de ABIA (Atsilut, Beriá, Ietsirá e Assiá — ’’), com todos os
cinco aspectos que existem em cada um dos mundos, a saber: Iechidá,
Chaiá, Neshamá, Rúach e Néfesh.
E depois que ele pecou, uma parte deles partiu dele e voltou ao seu local de
santidade.
Esse é o primeiro grau.
Mas alguns poucos níveis ainda permaneceram nele, e neles as Klipot não
governavam, sendo que este é o segundo grau.
Mas alguns se soltaram dele e caíram dentro das Klipot, sendo elas almas
masculinas que estavam em Adão, que caíram na Klipá Masculina
[Aramaico: de Dechura], e as almas femininas, que estavam em Eva e
caíram na Klipá Feminina [de Nucvá].
Esse é o terceiro grau.
E saiba que o segundo grau é divido em dois: o primeiro é das almas que
ficaram em Adão por causa da necessidade do seu próprio corpo.
E o segundo é das almas que ficaram nele, mas que quando nasceram Cáin
e Hével foram dadas a eles e herdadas por eles.
E agora vamos explicar a totalidade dos três níveis mencionados, em
resumo.
E antes é preciso que ofereçamos algumas introduções.
É sabido que os quatro mundos de ABIA são chamados alternativamente de
Aba e Ima (Pai e Mãe) e de Zachar e Nucvá (Macho e Fêmea).
E é sabido que em Aba não existe nenhuma Klipá aderida a ele, assim como
em Ima, nas três primeiras Sefirot dela, bem como nas Ketarim [Plural de
Kéter] de Zachar e Nucvá.
E em todos os outros aspectos existem Klipot aderidas cada vez que o ser
humano peca.
E vamos avançar na explicação:
Cada uma das partes mencionadas que não possuem Klipot aderidas a si
são chamadas de Zihará Ilaá de Adão, com exceção do aspecto de Néfesh
de cada uma delas.
O aspecto de Iechidá, Chaiá, Neshamá e Rúach de todo o mundo de Atsilut,
é chamado de Aba, como se sabe.
O aspecto de Aba e Ima do mundo de Beriá, é chamado de Ima, como é
sabido.
O aspecto das vinte Ketarim que estão em Zachar e Nucvá do mundo de
Beriá.
E também as oitenta Ketarim que estão em Aba e Ima e Zachar e Nucvá de
Ietsirá e Aba e Ima e Zachar e Nucvá de Assiá.
No total, temos Dez Partsufim.
[Aparentemente, o Ari está contando cinco Partsufim (incluindo o de Arich
Anpin, em cada um dos quatro mundos 5 x 4 = 20. A razão pela qual ele
não mencionou isso aqui é que Enoque (hebraico: Chanoch) tomou a Zihará
Ilaá de Arich, e não Adão (veja acima).]
Uma vez eu ouvi dele que esse segundo grau se divide em duas [partes]: a
primeira que é a superior e que é composta por almas que permaneceram
sempre em Adão, no seu próprio corpo.
E a segunda que é a inferior e que consiste de almas mais baixas, que ele
tinha passado a Cáin e Hével quando eles nasceram.
É possível que a mencionada comparação de ser superior e inferior, se
refira apenas a esse aspecto, mas em relação a outros aspectos pode ser
que esta segunda parte seja mais elevada do que a primeira.
Eu também tenho dúvidas sobre quais são as almas que ficaram em Adão, e
quais foram as almas que ele tinha passado a Cáin e Hével, e como essa
segunda parte se divide em dois segmentos, além da ordem da sua divisão.
Mesmo sendo assim, você já sabe o que escrevi, de que Cáin e Hével
tinham em si dois aspectos: um das próprias almas de Cáin e Hével, que
são dos três mundos de BIA [’’] apenas, como qualquer outra alma dos
seres humanos que não são deste segundo grau mencionado; e outro que é
da segunda parte do segundo grau mencionado, que foi herdado por Cáin e
Hével, de seu pai, Adão.
E nessa parte existe uma inclusão de toda a extensão dos quatro mundos
de ABIA [’’], do fim da Néfesh do mundo de Assiá até o início da
Néfesh do mundo de Atsilut, e esse é um aspecto muito, muito elevado.
Também escrevemos que as duas partes deste segundo grau se equivalem,
com exceção apenas do assunto do primeiro aspecto [que se refere ao fato
de que as almas da primeira parte desse segundo grau são aquelas que
permaneceram em Adão e não foram passadas a Cáin e Hével], como
mencionado.
Também escrevemos que Cáin e Hével pegaram uma Néfesh de Atsilut.
Portanto, me parece que a segunda parte do segundo grau que pertence a
Cáin e Hével é mais alta e elevada se comparada às almas que ficaram em
Adão por ele ter precisado delas para si.
Também escrevemos que a Néfesh de Atsilut não ficou em Adão
propriamente dito, e também não saiu dele totalmente.
Ela ficou acima dele, pairando sobre sua cabeça, até que nasceram Cáin e
Hével e a tomaram para si, junto com sua parte, que é ados três mundos
de BIA [’’].
Também escrevemos que depois que Adão pecou, Chanoch pegou a Zihará
de Arich, Adão a Zihará de Aba, Eva a Zihará de Ima, Hével a de Zeir Anpin
e Cáin a de Nucvá.
E não sei se tudo isso foi nas partes de Atsilut ou nas partes de BIA [’’].
Precisaríamos estudar mais profundamente o tema.
Também no assunto das três primeiras Sefirot, que são Arich Anpin, e Aba e
Ima de Beriá, como mencionado acima, não ouvi da boca do meu mestre,
de abençoada memória, quem as pegou, se foi Adão, se foi Cáin e Hével,
seus filhos, ou outra pessoa.
E em outro lugar escrevi que Moshé, nosso mestre, de abençoada memória,
que é uma encarnação de Hével a pegou.
Mas é preciso estudar mais isso.
Ainda escrevi que a Daat de Zeir Anpin é composta das duas junções dos
dois braços de Arich Anpin, as junções que se ligam aos dois ombros de
Arich.
E eles são chamados de "herança", pois Aba e Ima passaram isso de
herança para seus filhos, Zachar e Nucvá.
E as outras 4 junções que estão nos dois braços ficaram para eles e são
chamados de "herança" de Aba e Ima.
E é sabido que Cáin e Hével saíram desta Daat de Zeir Anpin, e daí se tem
que Adão e Eva, que são chamados de Aba e Ima, pegaram para si mesmos
o aspecto das 4 junções mencionadas, das quais foram feitos Chochma e
Biná dobradas para os dois.
E as duas junções que eles deram de herança a seus filhos são chamadas
de Daat de Zeir Anpin, como foi dito.
E é isso que vemos explicitamente em outro lugar.
O resto do Mochin, Adão manteve para si mesmo e foi só a Daat sozinha
que ele passou de herança para Cáin e Hével, seus filhos.
Por isso se pode dizer que todas as partes de Daat foram dadas de herança
a Cáin e Hével; desde a Daat de Néfesh de Atsilut, até a Daat de Nucvá de
Assiá.
E o que ficou em Adão propriamente dito é o resto das partes do Mochin de
Chochmá e Biná que já estavam nele, e que se expandem para todas as
Dez Sefirot do seu corpo.
Da mesma forma que as Chassadim e as Guevurot da Daat que ele passou
como herança para Cáin e Hével, elas também se expandem para todo o
corpo de Zeir Anpin nas Dez Sefirot que há nele, como é sabido.
E isso é bem evidente.
E com isso será entendido a inferioridade da alma de Cáin e Hével com
relação às almas que ficaram no próprio Adão.
Isso ocorre porque o principal ponto ao qual as Klipot seguram está em
Daat, pelo segredo da "Árvore do Conhecimento (Daat) do Bem e do Mal",
como nos foi explicado.
Mas no seu próprio aspecto, as almas que veem de Daat são mais
iluminadas do que as almas que vêem dos dois Mochin de Chochmá e Biná,
pois elas têm várias vestimentas e véus.
Isso tudo pode ser sabido pela superioridade de Nadav e Avihú quando
comparados a Elazar e Itamar
Tudo isso está escrito em outro local e lá foi mais bem explicado o assunto
de Cáin e Hével com todas essas dúvidas que eu formulei aqui.
Lá também foi abordado como as Guevurot, que são Atará de Nucvá
[literalmente: a Coroa da Fêmea], produziram Cáin e suas centelhas
masculinas.
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 30
Introdução 30
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 31
Introdução 31
Saiba que toda Neshamá, Rúach e Néfesh que está nas criaturas desse
mundo estavam inclusas em Adão e ligadas a ele, pois Adão tinha em si
todas as cinco partes mencionadas anteriormente, que, de cima para baixo,
são chamadas de NaRaNCHaI [acrônimo de Néfesh, Rúach, Neshamá, Chaiá
e lechidá].
Todas elas derivam dos cinco Partsufim, das Dez Sefirot, chamados, de
cima para baixo, Arich Anpin, Aba e Ima, Zachar e Nucvá.
E vamos começar explicando o aspecto da Néfesh e com isso entenderemos
o Rúach e a Neshamá, etc.
Saiba que a Néfesh de Adão tinha 248 órgãos e 365 tendões, e juntos eles
somam 613.
E, portanto, a Néfesh de Adão tinha em si 613 raízes.
Mas cada um dos 248 órgãos e cada um dos 365 tendões tem um partsuf
completo, contendo, por sua vez o total de 613 órgãos e tendões também.
E, portanto, cada órgão ou tendão deles é chamado de uma raiz, grande e
completa.
Mas, às vezes, por conta dos pecados e das máculas, faz-se com que essas
613 grandes raízes se dividam em até 600.000 raízes menores.
Essas partes também são chamadas de raízes, de fato, mas a diferença é
que elas são menores e não tão grandes quanto as primeiras.
Mas é impossível que elas se dividam em mais do que 600.000 partes
menores, pois não existe reencarnação para um número maior do que
600.000, como foi dito no Sêfer Haticunim, Ticun 69.
E o mesmo ocorre com cada um dos órgãos e cada um dos tendões de
Adão, chamado de raiz grande, como foi dito', que se divide em 613
centelhas de alma e cada uma delas é chamada de uma centelha grande e
tudo isso é uma raiz.
E, às vezes, por conta das máculas, elas também se dividem em até
600.000 centelhas pequenas em cada uma das 613 raízes grandes, mas
nunca mais do que isso.
Porém, é possível que elas se dividam em menos de 600.000 centelhas
pequenas.
E assim, em cada raiz das 613 grandes, existem centelhas grandes segundo
o número de 613, mas não menos do que isso.
Contudo, elas podem se dividir em no máximo 600.000 centelhas pequenas.
[Por exemplo] até 10.000 ou outro número até o máximo de 600.000, e
não mais.
E saiba que tudo isso se refere à Néfesh.
E dessa forma é possível que se divida até 1.000, e outra até 2.000 — tudo
na parte do Rúach.
E isso ainda vale para a Neshamá.
E o que define se essa divisão será muita ou pouca é a mácula e os
pecados.
Saiba que Cáin e Hével são os dois ombros de Adão.
Cáin é o esquerdo e Hével é o direito.
E esse aspecto do ombro é a mesma junção e o mesmo órgão que une o
braço com o corpo.
E ele, de fato, está conectado e ligado ao corpo.
Ele se mexe relativamente pouco em relação ao corpo, sem ir muito para
trás ou para cima do corpo.
E por ser assim, vemos que Cáin e Hével, cada um deles, tiveram seus
órgãos divididos em até 600.000 centelhas pequenas.
E tudo isso foi causado pelo pecado conhecido que eles cometeram.
Esse é o segredo do que está escrito nos Ticunim, Ticun 692, onde se diz
que Moshé, nosso mestre, de abençoada memória, era Hével na 'sua
frente', e se 'estendeu' até 600.000 centelhas.
E suas centelhas reencarnam em todas as gerações, pelo segredo de "Vai-
se uma geração e vem outra."
Entenda bem isso.
E existe uma vantagem para esses dois ombros, aonde Cáin e Hével se
conectam: O cérebro [hebraico: Moach], chamado de Daat, se estende pelo
corpo por meio da medula espinhal.
No início, ele se estende e passa por esses dois ombros, e de lá ela vai
descendo mais e se expandindo até Iessód, o órgão sexual, de onde sai a
gota de sêmen.
E quando a gota de sêmen chega do ombro ao Iessód, ela é chamada de
"palmas [" — Capot] de palmeira" que, em hebraico, é escrito com as
mesmas letras da palavra "ombro." — " - Catéf.
["Ombro" se diz "catef'. "Palmas" se diz "capot". Ambos usam as letras caf,
pê e tav.]
Como os dois ombros se unem para aparecer em Iessód, ou seja, como a
gota desce dos dois ombros até Iessód, está escrito "Terá 2 suspensórios
[literalmente: ombros] juntos em suas 2 extremidades, para que seja
unido."
Isso mostra a união dos ombros em Iessód.
Também sobre o Iessód está dito "Salomão teve um vinhedo em Báal-
Hamon; entregou este vinhedo a uns guardas e cada um lhe trazia, pelo
seu fruto, 1.000 peças de prata."
Salomão, que é Iessód, é chamado de "Minha aliança de paz."
Isso significa que ele sobe para o encontro com as 1.000 peças de prata,
que, na numerologia cabalística, é o valor dobrado da palavra "ombro".
Mas cada ombro sozinho, na numerologia cabalística, possui valor de 500,
como o da soma das letras que preenchem o nome Shadai, como é sabido.
Ou seja:
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 32
Introdução 32
Quando ele teve Cáin e Hével, seus filhos, foram eles que pegaram o
aspecto de NaRaN ["], que lhes foi dado a partir de Assiá, Ietsirá e Beriá.
Eles também pegaram o aspecto da Néfesh de Atsilut de Adão, seu pai.
E é sabido que toda alma tem em si o aspecto de Luz Circundante e o de
Luz Interna, e eis que essa Néfesh também possuía, portanto, o aspecto de
Luz Circundante e de Luz Interna.
Depois, quando Jetro (hebraico: Itro), sogro de Moshé, se converteu, ele
mereceu a parte da Néfesh de Atsilut que foi dada para Cáin, como
mencionado.
Porém, ele pegou apenas o aspecto da Luz Interna, e por isso está escrito
"E Héver, o Keneu, tinha se separado do resto dos filhos de Cáin," como
será explicado no devido momento.
E Nadav e Avihú pegaram a Luz Circundante da Néfesh de Atsilut de Adão,
dada para Cáin, seu filho, como mencionado.
E quando Pinchás nasceu está escrito "E Elazar ben Aharon casou-se com
uma das filhas de Putiel, que lhe deu à luz Pinchás."
E os Sábios, de abençoada memória, disseram que Putiel é Iossef, que
"provocou [hebraico: Pitpét] a sua má inclinação por fofoca”.
[Putiel tem dois sentidos que indicam as duas raízes da alma de Pinchas —
uma vem de José e a outra de Jetro.]
E também é Itro, que "fazia engordar [hebraico: Pitem]" bezerros para usá-
los em rituais de idolatria.
[Os Sábios oferecem duas possibilides em relação à descendência de
Pinchás: Guemará - Se a mãe do seu pai era descendente de Iossef, então
a mãe da sua mãe era descendente de Itro; e se a mãe da sua mãe era
descendente de Iossef então a mãe de seu pai era descendente de Itro.
Isso é afirmado como uma conclusão do que está escrito: 'das filhas de
Putiel' — Putiel está escrito em plural, referindo-se aos dois, Iossef e Itro].
E o segredo do assunto é que quando Pinchás nasceu, ele tinha em si duas
centelhas de almas, e que é o segredo do nome Putiel, que vem de Tipin
(`gotas' em hebraico) — porque ele veio de duas 'gotas' de alma: uma
centelha era da Raiz de Alma de Iossef, o justo, e a segunda da Raiz de
Alma de Itro.
E o aspecto dessas duas almas é chamado de Pinchás.
E não se espante com o fato de a centelha de Itro ter se unido à centelha
de Iossef, pois você já sabe que Iossef é de Iessód, aonde se reúnem todas
as gotas que vêm de Chéssed e Guevurá.
Ali elas se misturam e por isso não há que se espantar com o fato de que
houve uma mistura da centelha de alma de Itro, que é de outra raiz, com a
centelha da raiz de Iossef.
Eis que vemos como Pinchás pegou uma centelha da raiz de Itro, que é do
aspecto da Luz Interna da Néfesh de Adão de Atsilut.
Depois, quando Nadav e Avihú morreram por causa do que fizeram com o
incenso, pecando com ele, houve o acontecimento de que Pinchás matou
Zimri, merecendo, assim, que entrasse nele o aspecto das Nefashot de
Nadav e Avihú, que eram do aspecto da Luz Circundante da Néfesh de Adão
de Atsilut.
E esse aspecto passou a existir nele junto com a centelha da raiz de Itro
que já estava ali, e que é da Luz Interna da Néfesh de Atsilut.
Sendo assim, em Pinchás se completou a Néfesh de Atsilut, com a junção
de sua Luz Interna e sua Luz Circundante.
Só que a Luz Interna entrou nele pelo segredo da reencarnação de fato
quando ele nasceu e a Luz Circundante entrou nele somente pelo segredo
do Ibur, depois que ele já tinha nascido e crescido.
E como nele havia essa divisão, há outro aspecto que é preciso discutir
agora.
É preciso que você saiba que a alma que vem para um homem pelo segredo
da encarnação no momento em que ele nasce, mesmo que esteja misturada
e entremeada com duas centelhas, como no caso de Pinchás — que tinha
em si centelhas de Iossef e de Itro — é chamada de uma alma apenas, e
ela não precisa de outro aspecto [de alma] que se associe a ela.
Mas a alma que vem pelo segredo do Ibur depois que a pessoa já nasceu,
como a Néfesh de Nadav e Avihú que entraram em Pinchás, eis que esta
alma precisa que venha com ela outra centelha de alma, nova.
Isso quer dizer que esta alma nova precisa estar na primeira vinda ao
mundo, e ela não pode ser velha e reencarnada.
E no caso dele, esta nova alma fez a união entre a Néfesh de Nadav e
Avihú, que veio pelo segredo do Ibur com a Néfesh de Pinchás, que veio
pela reencarnação de fato.
Portanto, no caso de Pinchás, era preciso outra Néfesh nova entrar nele por
Ibur.
E ela é chamada de Eliahu, o Tishbita, um morador de Guilad.
E esta alma é da raiz de Gad, sendo uma alma nova, como mencionado.
Ela veio agora nele para permitir a ligação e união da Néfesh de Nadav e
Avihú com a Néfesh de Pinchás propriamente dito, que estava reencamada
nele desde o dia em que ele nasceu.
E, na verdade, ainda é preciso outra alma, também nova, para unir e
associar a alma nova, chamada de Eliahu, o Tishbita, com as outras almas
antigas, que são a Néfesh de Pinchás e a Néfesh de Nadav e Avihú.
Ou seja, foi preciso que viesse ainda mais uma alma nova em Pinchás, e ela
é chamada também de Eliahu, da raiz de Benjamin, mencionado em
Crônicas no versículo "Iaareshiáh, Zichri e Eliáh [Eliahu] — estes foram
filhos de Ierocham."
E isso está conforme o que o próprio Eliahu, de abençoada memória, falou
para os Sábios: "Eu sou descendente dos filhos dos filhos de Rachel."
Isso será explicado no fim deste capítulo.
E depois disso nasceu Chiel, de Beit Ha-Eli (Casa de Eli), que construiu
Jericó, e essa alma [a centelha da gota de Itro] entrou nele por uma
reencarnação completa, como será explicado.
E a questão é que o Ibur de Nadav e Avihú, e também o de Eliahu da tribo
de Gad, e de Eliahu de Benjamin, como mencionado, não estavam em
Pinchás, propriamente dito, mas apenas por meio do segredo do Ibur, como
um "empréstimo".
Isso significa que estas almas não eram o principal naquele corpo.
Portanto, esse pecado da filha de Iftách não causou mácula neles.
E o mesmo vale para a centelha da gota de Iossef, que não teve parte no
pecado.
Esse pecado é da centelha de Itro.
Isso porque a centelha de Itro veio de Cáin, e quando ela entrou em Itro,
ela ficou como um sacerdote que fazia os bezerros engordar para usá-los na
idolatria.
Por isso o princípio do pecado foi atribuído à centelha de Itro e por isso esta
alma saiu dele e reencarnou em Chiel, de Beit Ha-Eli.
Olhe e observe que as letras em hebraico de Chiel — " — são as
mesmas de Eliáh - " — se trocarmos o Hê pelo Chet segundo as letras
de " . [São letras guturais: uma forma de Guemátria (Numerologia
Cabalística) é trocar essas letras entre si, pois todas elas pertencem a uma
mesma família.]
E também a expressão "Ha-Eli — "”possui as mesmas letras de "Eliáh
— "”.
E esse é o segredo de "Beit Ha-Eli" (Casa de Eli), que é a "Casa de Eliáh".
A explicação é que essa era a casa de moradia de Eliahu, de abençoada
memória, porque a 'moradia' de Eliahu estava no corpo de Pinchás, que
veio da centelha da gota de Itro, como mencionado.
E se vê que a parte principal do corpo pertencia a Pinchás, e não a Eliahu.
Então ele é chamado apenas de a "moradia de Eliahu".
E os nossos Sábios, de abençoada memória, falaram que Chiel era uma
pessoa importante [Aramaico: Gavrá Rabá] [Um título dado às pessoas
sábias na Torá.], sendo que até o Rei Achav e Eliahu iam à sua casa.
Mas, um pecado que ele cometeu, no caso da filha de Iftách, fez com que
ele cometesse esse pecado de construir Jericó, pois eles são similares.
A razão por trás disso é que o caso da filha de Iftách envolvia um voto,
como é sabido.
E o outro pecado consistiu em violar o voto que Josué estabeleceu quando
fez o voto da proibição de que se construísse Jericó.
E como Jericó se apoia na raiz de Cáin, — como está escrito "Também os
filhos do Keneu (Itro), o sogro de Moshé, subiram da cidade das
tamareiras", que é Jericó — por isso Chiel, que é da raiz de Cáin, pediu para
construir Jericó. [Keneu — hebraico (Keni) possui as mesmas letras de
(Kain), referindo-se a Cáin.]
E depois disso seu nome foi mudado e ele foi chamado de Eliahu, o Tishbita,
pois Nadav e Avihú ainda não tinham se corrigido [ou se estabelecido] nele
na época, como mencionado.
E também, o aspecto de Pinchás propriamente dito, descendente de Itro,
tinha pecado no caso da filha de Iftách.
E, além disso, Eliahu, da tribo de Benjamin, também não estava por meio
do Ibur nele, a não ser para juntar as outras almas a ele, como mencionado
acima.
Eis que neste momento, então, o principal é Eliahu, da raiz de Gad.
Portanto, agora ele não é mais chamado de Pinchás, mas de Eliahu, o
Tishbita, que alude à alma da tribo de Gad.
E depois disso, quando o dom da profecia voltou para ele, na época em que
foi chamado de Eliahu, o Tishbita - depois de Shmuel ter morrido - Nadav e
Avihú também voltaram a entrar nele por Ibur.
E a correção deles se completou no ocorrido no Monte Carmel, quando todo
povo se prostrou e disse "Adonai é o Elohim."
Naquele momento o pecado deles foi apagado, e a mácula da Shechiná foi
corrigida quando o povo disse "Adonai é o Elohim", e entenda bem isso.
[No Monte Carmel foi Eliahu, o Tishbita, que mostrou ao povo o engano e a
mentira que pertencem à idolatria e aos idólatras. E foi graças a ele que o
povo voltou a adorar o Santíssimo. Naquele momento as almas de Nadav e
Avihú entraram nele por Ibur e foram corrigidas. O pecado deles foi feito no
deserto, no Tabernáculo, quando eles separaram a Shechiná (Elohim — o
aspecto feminino do Divino, conhecido também pelo nome de Sefirá de
Malchut, Reino) de Adonai (o Tetragrama — o aspecto masculino do Divino,
conhecido como Zeir Anpin). Quando o povo se prostrou e clamou que
Adonai é o Elohim', essa separação ficou corrigida através da unificação e
seu re-acasalamento.]
Como no passado eles também pecaram por terem vislumbrado a Shechiná
no monte Sinai, como foi dito "e eles visionaram o Elohim de Israel," agora
esse pecado ficou corrigido quando fizeram a todos se prostrarem e não
olhar o fogo que descia dos Céus.
E por isso também que ele é chamado de Eliahu e não de Pinchás, pois por
causa desse trabalho ele mereceu a mudança de nome.
E isso será explicado adiante, quando falarmos do assunto de Eliseu
(hebraico: Elishá), o profeta, que a paz esteja com ele.
Depois que eles — Nadav e Avihú —se corrigiram, eles não precisavam mais
ficar ali e, portanto, partiram.
E eis que Izével, mulher de Acabe (hebraico: Achav), era uma grande
bruxa, como é dito em alguns lugares [dos livros de 1 e 2 Reis], de que ela
controlava o povo de Israel com feitiçaria.
E através da feitiçaria ela sabia que Nadav e Avihú tinham saído de Eliahu
[em quem estavam encarnados], e por causa deles Pinchás recebeu a
noticia: "Diga-lhe, pois, que estabeleço com ele a minha aliança de paz" —
que significa que ele vivia para sempre.
E então ela disse a ele: "Que os deuses me castiguem, e em dobro, se
amanhã, nesta hora, eu não fizer à tua vida [literalmente: Néfesh] como
fizeste à [Néfesh] deles."
Ela disse isso pois já tinha saído dele a promessa da vida e da paz.
Também há aí uma alusão a Nadav e Avihú que se queimaram pelo fogo do
incenso.
E esse é o segredo de "como fizeste à [Néfesh] deles."
E como Eliahu sentiu que tinha perdido esse presente, ele temeu e fugiu
para o monte Horeb.
E por isso está escrito "Vendo-se em perigo, ele se levantou e fugiu, para
salvar a sua Néfesh."
Isso quer dizer: Sendo que sua Néfesh ficou sozinha, então ele ficou
temendo Izével.
E depois disso ele mereceu de recebê-la [a Néfesh de Nadav e Avihú] de
volta na caverna do Monte Horeb, até subir com uma tempestade até os
Céus.
Foi assim que Eliahu, o Tishbita, da tribo de Gad, subiu aos Céus e ficou lá.
Depois disso ele não voltou a descer.
E Eliahu, da tribo de Benjamin, reencarnou depois como mencionado no
livro de Crônicas, e por isso está escrito: "Iaareshiáh, Eliáh [Eliahu] e Zichri
— estes foram filhos de Ierocham."
E depois, quando eles morreram, [Eliahu, da tribo de Benjamin] subiu e se
uniu com aquele Eliahu, o Tishbita, que subiu aos Céus e ficou lá.
Esse Eliahu da tribo de Benjamin é quem sobe e desce sempre para fazer
milagres para os justos e falar com eles.
E é preciso dizer que os Sábios sabiam que Eliahu tinha em si quatro
aspectos, mas eles não sabiam qual deles descia e subia para falar com
eles.
Por isso eles discutiam e se dividiam em suas opiniões sobre isso, até que
Eliahu propriamente dito lhes falou: "Sábios, por que discutem a meu
respeito? Eu sou dos filhos dos filhos de Rachel", pois está escrito
"Iaareshiáh, Eliáh, etc."
Então ele os informou que esse era o aspecto que falava com eles.
E esse aspecto que é chamado de Eliahu de Benjamin se uniu com o
aspecto chamado de 'gota de firo' dada para Chiei, de Beit Ha-Eli.
E quando morreu, Eliahu o pegou para si e ficou com ele.
O compilador, Shmuel, disse: Parece-me, na minha humilde opinião, que
ambos reencarnaram em Eliahu [da tribo] de Benjamin.
E aquele aspecto chamado de gota de Iossef foi dado por Eliahu para Jonas,
filho de Amitai, filho de Tsarfit, quando ele o ressuscitou.
E esse é o segredo do que está escrito no Zôhar, na Porção Semanal de
Vaiachel, folha 197a: "Aprendemos que Jonas retira sua força de Eliahu... É
por isso que Jonas é chamado de 'filho de Amitai’; [que vem de Emet, e que
significa verdade], como diz o versículo 'e que a palavra de Adonai que está
em tua boca é verdadeira'".
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 33
Introdução 33
E depois disso, nasceu Reuben, primogênito de Iaacov e por isso ele deveria
merecer a parte da primogenitura de Cáin, que era o primogênito de Adão.
Mas, por causa do que ele fez com Bilá ele perdeu essa primogenitura,
como nos indica a tradução em aramaico do versículo "Ruben, tu és meu
primogênito, minha força de suporte e princípio de minha potência.”
Essas três menções são a primogenitura, o sacerdócio e o reino.
O segredo de "minha força de suporte" mencionada no versículo é o
sacerdócio, aludido em Cáin, de quem se diz "Se puderes suportar isto
bem." [Gênesis 4:7. Em hebraico, Suportar - Seét; aparece igualmente nos
dois versículos.]
Como ele pecou, ele perdeu o sacerdócio, chamado de "minha força de
suporte".
[O pecado de Reuben não é claro e nem descrito explicitamente nos
versículos da Bíblia. Os Sábios dizem que Reuben tirou a cama de Bilá para
fora da tenda do seu pai, Iaacov. Esta foi uma ação motivada por raiva ou
inveja, porque depois da morte da Rachel, Iaacov tirara sua cama da tenda
de Leá. O mero fato que Reuben tocou na cama do seu pai, foi considerado
uma desecração das suas relações intimas. É um ato que um filho não
deveria fazer por respeito e reverencia aos seus pais]
E depois que Reuben se arrependeu, ele mereceu 'encontrar algumas
mandrágoras’ [Gênesis 30:14; são-lhes atribuídas propriedades
afrodisíacas] e as trouxe a Lea, sua mãe, e por isso teve Issachar, que é do
lado do bem de Cáin, o primogênito.
E foi isso o que disse Eva quando do nascimento de Cáin: "Adquiri [em
hebraico: Caniti alude a Cáin] um homem com a ajuda do Santissimo."
Isso é para indicar que tanto Eva como Leá são do aspecto de Biná,
chamada de Mãe Superior, como é sabido.
E ao dizer isso, ela [Eva] também estava dizendo que a correção total de
Cáin ia ocorrer em Issachar, que nasceu por meio desta mesma aquisição
que Leá teve quando 'comprou' [" - comprar — tem as mesmas letras
de — ", Cáin] Iaacov de Rachel, por meio das mandrágoras.
Por isso está dito: "Por isto ele se deitará contigo esta noite, pelas
mandrágoras de teu filho."
E foi assim que nasceu este filho, e era uma parte do divino, do lado do
bem, chamado Issachar.
E sendo do aspecto de Néfesh, chamada Assiá, ele está sujeito às Klipot e
às impurezas da serpente, como é sabido.
E por isso Eissav, que é a serpente, apega se a elas [às Klipot].
E por isso também temos uma referência ao calcanhar [Akev] de Eissav,
pois [as Klipot] ficam em Assiá, que é chamada de "calcanhar".
[Em hebraico, o mundo de Assiá (Ação) e Eissav vêm da mesma raiz].
E Iaacov tirou [essa Néfesh] de Eissav pelo segredo de "e sua mão agarrava
o calcanhar de Eissav."
E por conseguinte, nasceu Issachar, do aspecto desta Néfesh.
E depois ainda, do aspecto deste calcanhar, nasceu o Rabi Akiva ben Iossef,
de abençoada memória, chamado pelo nome desse calcanhar.
E isso está conforme o que mostramos em explicações anteriores e
conforme o que está no Midrash de Rut no Zôhar, onde se diz que Issachar
é o Rabi Akiva.
Posteriormente, vieram Nadav e Avihú do lado do bem de Cáin, e esse é o
segredo de "E estes são os nomes dos filhos de Aharon: Nadav — o
primogênito —, Avihú, Elazar e Itamar."
E o Zôhar, na Porção Semanal de Acharei Mota apresenta uma dúvida
ligada a isso, dizendo que seria preciso adicionar um 'e' antes do nome de
Elazar.
Mas a intenção é aludir a Cáin, o primogênito de Adão.
Então, este primogênito, que era o primeiro primogênito que apareceu no
mundo, e que não tinha outro antes dele, era Cáin.
E eis que este primogênito encarnou em Nadav e Avihú, mas Elazar e
Itamar são de outra Raiz.
E por isso Elazar não foi mencionado com 'e', para que ele não fosse
associado a Nadav e Avihú.
No caso de Nadav, apenas o seu Rúach era do aspecto de Cáin, e esse é o
segredo do versículo "renova a integridade no interior de meu espírito
(Rúach)."
Porém sua Néfesh era da raiz de seu avô, Aminadav [", pai de
Elishéva, sua mãe. E por isso ele pegou dele as cinco últimas letras de seu
nome, Nadav "].
Já no caso de Avihú, tanto sua Néfesh como seu Rúach eram de Cáin, e por
isso ele tinha esse nome, para indicar que todos os seus aspectos [de alma]
eram de Cáin, pois ele pegou a Néfesh do próprio Adão, que é considerado
o pai de toda a humanidade.
[Em hebraico, Av, que são as iniciais do nome Avihú.]
E isso está indicado no nome de Avihú [ — que significa: ele é o meu
pai], já que ele mesmo é do aspecto de Adão, pai de toda a humanidade.
E esse é o segredo de "Nós estamos impuros pelo corpo de um homem,"
[literalmente: pela Néfesh de Adão] pois Nadav e Avihú são a Néfesh de
Adão de fato. [Em hebraico, Adam pode aludir a "homem" ou a "Adão".
Portanto, o Ari explica que temos que entender que eles estavam
literalmente impuros "pela Néfesh de Adão"].
Então, como Nadav não tinha o aspecto da Néfesh de Adão, só a parte do
seu Rúach - que não era o caso de Avihú, que tinha todas as suas partes
oriundas da Néfesh de Adão - por isso eles falaram de Néfesh, no singular,
e não Nefashot no plural, pois a principal parte da Néfesh de Adão estava
apenas em Avihú.
E Avihú veio da raiz de Nachshon, irmão de sua mãe, pois ele também era
da raiz de Cáin chamada de Néfesh.
E como o principal ponto de adesão às Impurezas da Serpente
[hebraico: ’’ — Nachash] em Adão se dá na Néfesh de Assiá, ele foi
nomeado Nachshon, aludindo à Serpente - Nachash.
E a questão é que a Serpente Superior afasta e remove os dois Mochin de
Nucvá, que são as duas vezes que a palavra "Luz" é mencionada, como nos
foi explicado sobre a meditação do versículo "E amarás a Adonai, teu
Elohim."
E isso, na numerologia cabalística, tem o mesmo valor numérico
(Guemátria) que "Nachshon" [’’ + ’’ = ’’], para indicar que
Nachshon, por meio de suas boas ações, conseguiu devolvê-las [essas duas
"Luzes"] para Nucvá.
E quando [esta Néfesh] reencarnou em Ishai, pai de David, o aspecto de
Cáin ficou corrigido completamente, e por isso ele é chamado de "Nachash",
[que significa "Serpente"], como se pode ver no versículo "o qual veio a
Abigail bat (filha de) Nachash."
E os Sábios explicaram que isso significa que ela era filha de 'quem morreu
por causa da Serpente'.
E isso para indicar que Ishai terminou de corrigir todas as impurezas da
Serpente que estavam misturadas nesta Néfesh de Cáin.
Mesmo tendo feito isso, ele morreu 'por causa da Serpente', por causa do
pecado de Adão.
Portanto, em Ishai houve a completude total, mais do que em Nachshon.
Vamos voltar para o assunto de Nadav e Avihú.
Pelo fato de Nadav e Avihú terem as mesmas letras iniciais que formam a
expressão "eu te peço" [ou 'por favor'] —’’, e pelo fato de eles serem da
raiz de Cáin - ’’, que está aludido na palavra "inocente" — ’’, eles não
pereceram, porque entraram como Ibur em Pinchás, que também é de
Cáin.
E quando Pinchás pecou no caso da filha de Iftách, como foi dito
anteriormente [de que Pinchás e Eliahu são a mesma pessoa em uma
reencarnação diferente], o Ibur de Nadav e Avihú partiu dele e foi para
Shmuel, o profeta.
E saiba que Côrach ben Itshár é do aspecto de Rúach de Cáin do lado do
mal que havia nele, como é explicado a respeito do versículo "E Corá filho
de Isar (hebraico: Côrach ben Its'har), neto de Coate (Kehat), bisneto de
Levi, e Datã (Datan) e Abirão (Aviram), filhos de Eliabe (Eliav), e Om filho
de Pelete (On ben Pélet), os quais eram da tribo de Rúben (Reuven),
separaram-se da congregação, de que se revestiu nele este Rúach do mal
de Cáin.
E por isso ele brigava com Hével, seu irmão, que era [naquele tempo]
Moshé, de abençoada memória.
E este não é o caso de Itro, embora ele também seja de Cáin, como está
escrito: "E Chéver, o Keneu, tinha se separado do resto dos filhos de Cáin.",
por ser do aspecto do bem de Cáin.
E por isso ele deu Tsipora, sua filha, para Moshé, e foi generoso com ele, e
lhe ofereceu pão para comer.
Esse não foi o caso com Côrach que era do lado do mal de Cáin, como já foi
dito.
E Côrach achava que nele ia se corrigir Cáin, o primogênito.
Por isso ele se levantou contra Moshé, que é Hével.
E ele errou nisso, porque a correção de Cáin não ia acontecer em Côrach,
pois ele é do lado do mal que havia nele.
A correção ia se dar em sua descendência, que é Shmuel, o profeta, que é
do lado do bem de Cáin.
E é isso que os nossos Sábios disseram, que Côrach 'chegou a profetizar,
mas não conseguiu saber', pois viu um fogo saindo de si — e entenda isso.
[Quando ele viu o fogo saindo de si ele achou que o lado do mal ia se
corrigir nele, mas o fogo aludia a Shmuel. Foi isso que ele não conseguiu
saber].
E esse é o segredo de "E vendo o Keneu," em que "Keneu" [hebraico:’’]
é uma alusão a Cáin [’’], e Shmuel é de Cáin.
E isso está aludido em "Ai, quem poderá viver na destruição de El!", em que
"destruição de El", que em hebraico é Shamo El, pode ser lido como
Shemuel (Shmuel).
A explicação está no que foi dito antes disso, "E ele viu a Amalec," que é do
lado do mal de Cáin, como será explicado no seu devido momento.
Por isso ele disse "Ai", se referindo ao que aconteceria com Amalec quando
Shmuel viesse, pois foi ele que incentivou Shaul a sair para a guerra contra
Amalec, pois está escrito: "e Shmuel decapitou Agag [o Rei de Amalec]."
E esse é o segredo do que está no Zôhar, Porção Semanal de Vaietsê,
quando se diz que "e tocou-lhe na juntura de sua coxa."
Saiba que aqui está se falando de Nadav e Avihú.
Também está dito no Saba de Mishpatim, p.111, que Shmuel pegou de
Samael a coxa que ele tinha pegado de Iaacov.
E isso significa que Nadav e Avihú são as duas pernas [ou coxas], Nétsach e
Hod, onde estão as raízes dos profetas.
E foi ali onde Samael [sinônimo de Nachash — Serpente, e também
parecido ao nome de Shmuel] se apegou, como foi dito.
E quando Shmuel apareceu, ele pegou de Samael esta coxa, que é Nadav e
Avihú, e assim ele mereceu o dom da profecia, pois é desta parte que saem
os profetas.
E antes de Shmuel, quando esta parte estava nas mãos de Samael, a visão
parou de aparecer, e a profecia deixou de existir, como disseram nossos
Sábios.
E esse é o segredo do que nossos Sábios disseram no Tratado de Berachot,
no capítulo 5 sobre o versículo "Se olhares para a aflição da Tua serva," dito
por Ana; vou me esconder para beber a 'água de Sotá' (mulher infiel a seu
marido), e assim com certeza terei filhos [pois ela sabia que era pura!].
E isso será entendido com o que está escrito no Saba de Mishpatim, que
Shmuel tomou de Samael a coxa e que a esta coxa de Sotá ele ofereceu em
troca.
Por isso Ana disse "aflição", pois ela estava se referindo ao fato de não
poder dar à luz Shmuel, que pegaria esta parte de Samael.
E quando ele nasceu, Samael perdeu duas coxas, a de Iaacov, pega por
Shmuel, e a da mulher pura, sobre quem ele não podia exercer influência.
[Este episódio de Ana pode ter dois significados, que são realmente um.
A Sotá é uma mulher infiel que traiu o marido e é levada diante do
sacerdote para beber da água sagrada. Para provar que ela é culpada, o
Santíssimo faz sua coxa ceder e sua barriga distender (Números 5:21).
Este é o elo com o apelo de Ana.
Ele pode ser visto como um ato de desespero, ou como um ato para corrigir
o aspecto da coxa, que era a Raiz de Alma de Shmuel, seu futuro filho.
Assim, sendo pura, ao beber a água sagrada ela iria anular o efeito de
"flacidez da coxa" e iria privar Sama-el de retirá-la dela.
Recuperando assim, ambas as coxas e também engravidando.
Como está escrito: Mas se a mulher não se contaminou e é pura, ela deve
estar limpa (pois —’’ = ’’) e ter sementes (Ibid.28).
De fato, o que aconteceu foi que ela engravidou sem precisar tomar daquela
água. E quando Shmuel nasceu, foi ele quem pegou a coxa de Samael.]
Saiba também que do mesmo modo que Elishá pegou as três letras Eli de
Eliahu, como foi dito anteriormente, Shmuel também pegou as duas letras
"El" de Eliahu, para indicar que ele pegou Nadav e Avihú, que estavam, de
início, em Eliahu, como já foi dito.
E agora precisamos explicar o assunto de Shmuel, portanto, vamos começar
com Nadav e Avihú:
Saiba que por conta do pecado do incenso cometido por Nadav e Avihú, e
por conta do pecado do bezerro de ouro cometido pelo povo de Israel, os
dois tiveram que ser queimados, como está mencionado em "e vossos
irmãos, toda a Casa de Israel, chorarão pelo que o Eterno queimou."
E Aharon também causou a morte deles, pois foi ele quem fez o bezerro e
assim fez com que eles morressem.
Isso está aludido em "E Adonai Se irritou muito contra Aharon, para destruí-
lo."
Isso incluía destruir a seus filhos.
Aharon, o sacerdote, é da raiz de Hével, filho de Adão, como foi explicado,
de que a raiz de Hével se divide em algumas raízes.
E eis que existem duas raízes nas raízes de Hével, que são a de Harã
(hebraico:Harán), irmão de Avraham, e a de Naor (hebraico: Nachor).
Nachor reencarnou em Chur, filho de Miriam.
E Harán reencarnou em Aharon, o sacerdote.
E já te informei que Chur — ’’ pegou as três letras de seu nome de
Nachor — ’’.
A letra Nun do nome Nachor ficou para a raiz de Achav, rei de Israel, como
explicado na Introdução 36.
E Aharon — ’’ possui as três letras de Harán, às quais foi acrescentada
a letra — (Alef)
Lo (hebraico: Lot), filho de Harán, também era da raiz de Hével, e por isso
as iniciais de:
formam a palavra Hével — ’’ (Hevel) ao contrário, pois tanto Lot quanto
Harán eram da raiz de Hével.
,E de Lot saiu o rei Roboão (hebraico: Rehavam), como foi explicado.
Portanto, vemos que Moshé, que a paz esteja com ele, Aharon, seu irmão,
Chur, filho de Miriam, Lot e Achav - todos eles são da raiz de Hével, filho de
Adão, só que são de raízes que se dividiram e se separaram umas das
outras.
Vamos voltar ao assunto de Aharon, que era Harán, filho do irmão de
Avraham.
Porém ele se enganou, pois achava que bastava o fato de Chur ter sido
morto antes [pelo Erev Rav], já que ele também era da raiz de Hével.
E esse é o segredo de "e edificou um altar diante dele."
Nossos Sábios disseram que isso significa que ele construiu um altar de
quem foi sacrificado diante dele, que era Chur.
E por isso ele evitou se oferecer para morrer e pecou ao agir assim.
E esse pecado ficou pendendo, e só se corrigiu com Urias [hebraico: Uriáh],
o sacerdote, como explicaremos adiante.
Antes disso, no entanto, ele reencarnou em Jabez [hebraico: Iabéts], o juiz,
que também pecou, pois sempre estava fazendo juramentos, como foi dito"
sobre o versículo "Jabez (Iabéts) invocou o Elohim de Israel", em que ele
disse: "Se me abençoares."
Por isso ele reencarnou depois em Tolá ben Puá, o juiz.
E ele chamava Tolá porque isso alude à minhoca cuja única força está na
boca.
E isso está indicado no fato de que ele veio para corrigir o assunto dos
juramentos que saíam de sua boca.
E aqui ele pecou de outro modo, como disseram nossos Sábios, de
abençoada memória, sobre o versículo:" "que morava em Shamir, na região
montanhosa de Efráim."
Ou seja, ele morava em apenas uma cidade, sem sair dela e ir aos locais
cercanos para julgar o povo.
E desse modo também o povo não conseguia vir atrás dele buscando um
julgamento, pois ele habitava em região montanhosa.
Por isso ele reencarnou depois em Shmuel, o profeta, onde este pecado foi
corrigido e por isso ele ia a todos os lugares para julgar o povo de Israel,
como é dito nos textos.
Aí entraram nele, por meio do Ibur, Nadav e Avihú, que são chamados de
'coxas (ou pernas) autênticas,' da onde vêem os profetas.
E ele mereceu a profecia graças a eles, como foi dito.
E quando ele teve seu filho, Abias [Aviáh — ’’], ele lhe passou [a alma
de] Abiú [Avihú — ’’], que reencarnou nele, por isso ambos têm um
nome similar.
Mas Nadav permaneceu em Shmuel, e esse é o segredo de "E os filhos de
Shmuel; Io'el (Joel), seu primogênito, e Aviáh, seu segundo [literalmente:
seu substituto]."
A explicação é que Nadav permaneceu em Shmuel, e 'quem o substituiu'
[que é seu segundo filho] Avihú, ou seja, 'o substituto' de Shmuel,
reencarnou em seu filho e foi chamado Aviáh.
Depois Shmuel morreu e reencarnou em Abias (hebraico: Aviáh) filho de
Jeroboão [hebraico: Ierovám].
Do mesmo jeito que sobre Shmuel está dito "e todo Israel havia
pranteado-o," sobre Aviáh, filho de Ierovám, está dito "e todo o Israel o
pranteará" e "porquanto se achou nele coisa boa."
E no Midrash Echá, do Zôhar, está dito que a 'coisa boa' encontrada nele foi
o Messias filho de Iossef [hebraico: Mashiach Ben Iossef], que sairá dele.
E tudo se explica, pois ele é a reencarnação de Shmuel, como dito.
E depois disso Aharon voltou e reencarnou mais uma vez, agora em Uriá, o
sacerdote, de Kiriat-Iearim.
E ele foi morto pelo rei Jeoaquim [hebraico: Iehoiakim].
Só assim ele foi absolvido da morte que ele ficou devendo desde o incidente
do bezerro.
Por isso Nadav e Avihú também reencarnaram nele, em Uriá, o sacerdote,
pelo segredo de uma própria reencarnação, pois eles morreram por causa
dele [de Aharon], como foi dito sobre o versículo "E Adonai Se irritou muito
contra Aharon."
Portanto ele se chamou Uriá para ter um nome similar ao de Aharon.
Além disso, ambos eram sacerdotes.
Apesar de ele ter sido corrigido em Uriá quando ele foi morto, foi necessário
que Nadav e Avihú, seus filhos, reencarnassem com ele ali e fossem mortos
por causa dele, para depois poderem reencarnar de novo em Zacarias
[hebraico: Zechariáhu], o profeta e o sacerdote, amigo de Ageu
[hebraico: Chagai] e Malaquias [hebraico: Malachi].
E ali também Nadav e Avihú, seus filhos, reencarnaram junto à ele, em uma
própria reencarnação.
Por isso Uriá, o sacerdote, que veio corrigir o pecado de Aharon foi chamado
de "sacerdote", para implicar que ali existia algo de Aharon, o primeiro
sacerdote.
Mas Zechariáhu, que veio por causa de Nadav e Avihú, não foi chamado de
'sacerdote', embora o fosse, como está escrito: "Buscarei para mim
testemunhas confiáveis: Urias (Uriá), o sacerdote, e Zakarias (Zechariáhu)
filho de Jeberequias [hebraico: Ieverechiáhu]."
Outra alusão a isso é o fato de Uriá não ser referido como filho de alguém,
mas Zechariáhu aparece como filho de alguém.
Portanto, isso indica que Uriáh é 'o pai' e Zechariáhu é 'o filho', ou seja, é
uma referência aos filhos, Nadav e Avihú, filhos de Aharon, e eles fazem
parte do principal de Zechariáhu.
Por outro lado, Aharon, o sacerdote, é o pai deles, e estava encarnado
principalmente em Uriá.
Por isso ambos são chamados de "testemunhas confiáveis", pois ambos são
uma só Néfesh, como mencionado.
E em cada um deles estavam reencarnadas agora duas testemunhas: um
aspecto de Aharon e o outro de seus dois filhos.
É por isso também que Uriá falava de censuras, pois ele ainda precisava ser
morto.
Mas Zechariáhu falava palavras de consolo, e sobre a construção do
segundo Templo, como está registrado em seu livro.
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 34
Introdução 34
Esta Introdução trata do assunto das raízes das almas de Cáin e Hével:
Saiba, que Hével é o ombro direito de Adão, e ele é o aspecto da Coroa de
Chéssed que ficou em Zeir Anpin.
E ele é do segredo de Dáat.
E já havia te informado que que Dáat é uma espécie de contrapeso de
Chochmá e Biná, e por isso a própria Dáat precisa ter em si três partes, que
são Chéssed, Guevurá e Tiféret.
Moshé, no início, era Hével, filho de Adão, e depois ele reencarnou em Seth
[hebraico: Shet], depois em Nôach [hebraico: "] e depois em Shem, filho
de Nôach.
E esse é o segredo de "Te conheci por teu grande nome," que alude à
encarnação em Shem [ou seja, aqui Moshé conversa com o Santíssimo
citando as suas palavras, e dizendo que Ele o conhecia quando era a
encarnação de Shem]. ["Nome" se diz "shem", em hebraico, o mesmo
nome do filho de Noé.]
E o versículo continua: "e achei graça aos Teus olhos," o que alude à sua
encarnação em Nôach — ", seu pai.
Isso porque o nome " Nôach [em hebraico] tem as mesmas letras de
"graça" que é " — Chen, segundo o segredo de "Mas Nôach ["] achou
graça ["] aos olhos de Adonai."
Já foi dito em outro lugar que o assunto dessas encarnações seguem o
segredo de NaRaN (Néfesh, Rúach e Neshamá).
Por isso não se espante com o fato de como Nôach e Shem eram
contemporâneos sendo ambos de um aspecto só.
Também já foi visto que o nome de Shem ["] está aludido nas duas
letras iniciais do nome de Moshé ["].
Portanto, Shem, Nôach e Moshé são todos de uma mesma raiz, e mais
especificamente, do aspecto de Chéssed, que é Hével, filho de Adão.
E esse é o segredo do que se diz sobre Moshé, "Porque das águas o tirei."
Isto se refere às águas da Chéssed mencionada.
E quando Moshé recebeu a Torá no Monte Sinai ele ficou com os três níveis
mencionados em si, e ele se elevou pelo segredo da Daat que é um
contrapeso, de onde vem a Torá Escrita.
Esse também é o segredo de "escrita com Sua mão direita, deu-lhes Lei do
meio do fogo," pois a Torá foi dada pelo lado de Guevurá, e [Moshé] é do
lado de Guevurá da Dáat mencionada.
Também já havia te informado que até a visão da sarça Moshé ainda não
estava corrigido [ou estabelecido] pelas letras de Hével e Seth, mas apenas
pela letra Shin — de Seth — ", e pela letra Hê — de Hével — ",
aludidas no próprio nome de Moshé — ".
E as três letras de Hével ainda não estavam corrigidas nele.
E esse é o segredo de porque Guershom e Menashê [deve ser Eliezer],
filhos de Moshé, que nasceram antes que ele visse a sarça ardente, não
eram tão justos, e não eram dignos.
Adendo: Shmuel disse: Não sei de onde surgiu o nome de Menashê aqui,
pois os únicos filhos de Moshé eram Guershom e Eliezer, mencionados na
Porção Semanal de Itro (Jetro).
Além disso, todo o povo de Israel era seu filho e era composto de centelhas
de sua alma, pois este é o segredo do que se diz, de que Moshé equivale a
todo Israel.
Isso ocorre porque ele é igual a Adão, que tinha em si todas as almas.
Por isso não é preciso focar apenas em Guershom e Menashe como não
sendo dignos, pois, na verdade, todo Israel era seu filho.
E voltaremos ao assunto de que na sarça Moshé se corrigiu também pelas
letras - ", Hê, Bet e Lamed, de Hével, e por isso está dito "E um anjo de
Adonai apareceu-lhe numa chama de fogo."
Isso é para indicar que, no início, as letras da palavra "chama" — ", não
estavam corrigidas, e estas letras são: lamed, bet e tav.
Por isso se fala de "chama de fogo", porque ela é do lado de Din, e para
mostrar que [as letras] não estavam corrigidas.
Mas agora, [no incidente] da sarça, elas se corrigiram.
E para mostrar que houve esta correção está dito "Moshé, Moshé," duas
vezes.
Isso é para mostrar que desta vez Moshé está corrigido, por oposição ao
chamamento com um nome só de Moshé, que foi antes [do incidente] da
sarça.
Isso também serve para mostrar que no início a mácula não era tão grande.
Por isso não há pausa entre eles [os dois nomes de Moshé], como está
mencionado no Idrat Nassá, para indicar que não havia mácula muito
grande ali.
O Rabi Akiva é da raiz de Cáin, como já foi dito, e ele é do lado da Coroa de
Guevurá, como já é sabido.
E ele cancelou [literalmente: adoçou] a Guevurá e a transformou em
Chéssed e começou a criar as Nefashot de prosélitos.
Isso ocorreu naqueles vinte e quatro anos em que ele se isolou de sua
esposa, Calba bat Savôa, e foi estudar a Torá.
E como consequência ele trouxe consigo 24.000 alunos, como é sabido.
No entanto, a raiz da Néfesh do próprio Rabi Akiva era do Interno [ou, da
essência] da Santidade.
Porém, por causa do pecado de Adão, ela saiu para as Khpot.
Depois ela voltou à Santidade.
E apesar de ele ser chamado de "convertido", não se trata de fato de uma
pessoa convertida.
Mas, no caso das demais Nefashot dos convertidos, não é isso que ocorre,
pois o princípio de sua existência e de sua essência vem daquela Klipá
chamada de Klipat Noga.
Esta Klipá às vezes vai para a impureza e às vezes volta para a Santidade,
como é dito na Porção Semanal de Vaiac'hel no livro do Zôhar.
E esse é o segredo do que os nossos Sábios disseram: "Os prosélitos são
tão difíceis para Israel como uma chaga."
A questão é que a pessoa que no início é um Goi [gentio], quando se
aproxima para se converter, recebe uma nova Néfesh, que entra nele.
Ela é da geração das Nefashot dos justos quando existiam no Jardim do
Éden terreno, como está mencionado na Porção Semanal de Shelach Lechá.
Depois que a pessoa se converteu, ela merece que entre nela uma Néfesh
realmente santa, igual às outras Nefashot dos Filhos de Israel.
E então essa pessoa é chamada de "prosélito de justiça", pois ela tem, de
fato, uma santa Néfesh de Malchut, que é chamada de "Justiça", como é
sabido.
E essa Néfesh que agora fica com a pessoa — que é aquela que estava nela
quando ela era gentia e que é chamada de "Néfesh do prosélito", e que a
fez voltar ao bem — é indispensável para ela não ter apego à Klipá.
Por isso, na sua existência atual neste corpo do prosélito, depois da
conversão, é inevitável para ela não fazer com que a outra Néfesh sagrada,
que [também] está nesse prosélito, peque um pouco.
E esse é o segredo de "Os prosélitos são tão difíceis para Israel como uma
chaga", (veja Introdução 36) - pois a primeira Néfesh do prosélito faz com
que a segunda Néfesh, chamada de Israel, peque.
E com isso se pode entender o segredo do Rabi Akiva, de abençoada
memória, que no começo era um ignorante, e odiava estudantes da Torá
por quarenta anos, e disse: "Quem vai me dar um Sábio da Torá para que
eu possa mordê-lo como burro"?
E isso foi assim porque ele estava sob a influência que vinha do lado da
primeira Néfesh do prosélito.
Mas a sua Néfesh verdadeira era completamente santa.
Vamos voltar ao assunto de que Ben Azai e o Rabi Akiva criaram Nefashot
de prosélitos quando se separaram de suas esposas [através do estudo da
Torá em santidade e com a intenção de unir com a Shechiná, os sábios
justos liberam Nefashot presas nas Klipot, que são as de prosélitos, para
elas conseguirem reencarnar]. [A separação aqui não foi por divórcio, mas
por optar por uma vida de celibato, às vezes temporariamente, às vezes
permanentemente.]
De todas estas pessoas que mencionamos como sendo da raiz de Cáin, não
há uma delas sequer cuja Néfesh, Rúach e Neshamá, as três partes juntas,
sejam da raiz de Cáin, a não ser Abaiê.
E isso é algo surpreendente, pois ele mereceu que nele não houvesse
qualquer outra mistura, sendo que todas as três partes de sua alma eram
de uma mesma raiz, e especificamente, da raiz de Cáin.
Este é o segredo do local das Nefashot dos prosélitos.
É por isso que ele tinha em si a força e a habilidade de criar estas Nefashot,
mesmo sem jamais ter se separado de sua esposa.
Mas, o Rabi Akiva, que tinha apenas a Néfesh da raiz de Cáin e o Rúach de
outra raiz, teve que se separar de sua mulher.
Ben Azai, que era da Guevurá de Hével, precisava ainda mais do que isso,
por isso ele sequer casou.
E com isso é possível entender o que Abaiê disse sobre 'ser como ben Azai
nas ruas de Tiberíades', enquanto se precisava dizer 'ser como o Rabi
Akiva', já que ambos eram da raiz de Cáin.
O que acontece é que no assunto da criação das Nefashot dos prosélitos, a
altura de ben Azai era superior à do Rabi Akiva, já que ben Azai não tinha
casado.
E Abaiê, por ter sua Néfesh, seu Rúach e sua Neshamá vindos de Cáin,
tinha, de fato, o mesmo nível de ben Azai, mesmo sem ter se separado de
sua mulher.
Este não foi o caso do Rabi Akiva.
E como todas as partes de alma de Abaiê eram de Cáin, a Halachá [o
decreto final da lei bíblica] não era segundo ele, mas segundo o Raba, seu
colega, que era de Hével, como será explicado.
E é por isso que Abaiê era órfão (Kidushin 31b), e não viu nem seu pai e em
sua mãe, como está aludido no versículo:
E a questão é que sua Néfesh, Rúach e Neshamá eram de uma mesma raiz,
de Cáin.
E já foi dito anteriormente que toda a raiz de Cáin é chamada apenas
conforme o aspecto de Néfesh, pois ela é do lado de Malchut, que é
chamada Néfesh, pelo segredo da Néfesh de Adão.
E por isso ele também é chamado de "órfão", pois como ele é apenas do
nível de Néfesh, é como se fosse um órfão, como foi mostrado no Sêfer
HaTicunim, Ticun 11, no final do livro, quando se fala sobre a recuperação
dos pertences dos órfãos.
Com a partida da Neshamá, a Néfesh e o Rúach ficam órfãos.
E como Abaiê era órfão, já que todas suas partes eram de Cáin, ele tinha
em si a capacidade de criar Nefashot de prosélitos mesmo sem ter se
separado da mulher.
Os prosélitos também são considerados órfãos, de pai e de mãe, como se
sabe pelo sentido óbvio do assunto.
E o segredo é que a mistura de Cáin em todas as centelhas das outras
Neshamot se dá sem pai e mãe, e todas elas são chamadas de órfãs.
Isso vale para os prosélitos que são órfãos, pois eles não têm um pai e uma
mãe de Israel, que lhes concede sua Néfesh de nascença.
E não se espante pelo fato de na geração de ben Azai não se encontrar uma
pessoa sequer que criasse Nefashot de prosélitos.
Nem mesmo o Rabi Ishmael ben Elishá, o sumo-sacerdote, que sabemos
ser uma centelha da Neshamá de Iossef, o Justo, tinha essa capacidade.
Por quê?
Isso acontece pelo que já foi explicado, de que aqueles Dez Mártires do
Reino são as dez Gotas de Sêmen que saíram de Iossef.
E como Iossef é o próprio Rabi Ishmael, sendo que ele pecou, por ter
emitido estas centelhas que foram para o fundo das Klipot, ele não tinha a
capacidade de criar Nefashot de prosélitos.
Por isso, vemos que o castigo do Rabi Ishmael foi o mais difícil de todos os
Dez Mártires, pois foi ele a causa de tudo quando [em sua reencarnação em
Iossef] emitiu as Gotas de Sêmen mencionadas.
E similar ao que está escrito sobre Iossef, "tiraram de Iossef sua túnica,"
também tiraram a pele do rosto do Rabi Ishmael.
O Rabi Ishmael também se parecia com Iossef no fato de ser bonito como
ele, como está mencionado no Pirkê Hechalot.
E do mesmo modo que Iossef foi prisioneiro entre estrangeiros no Egito, o
mesmo ocorreu com o Rabi Ishmael, como foi mencionado, de que o Rabi
Iehoshúa ben Chananiá lhe perguntou: "Quem entregou Iaacov para ser
despojado?"
E ele respondeu: "Acaso não foi Adonai, contra quem temos pecado?"
Assim, ele deu a alusão de que isso estava ocorrendo por conta do pecado
das centelhas das Gotas de Sêmen de Iossef, que desceram para as Klipot,
no local dos pés, que é o local de despojo.
Por isso ele foi prisioneiro entre os estrangeiros, e por isso foi perguntado
"Quem entregou Iaacov para ser despojado?" - pois aqui se está falando
destas gotas [de sêmen].
E à essa pergunta ele respondeu "Acaso não foi Adonai, contra quem temos
pecado?"
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 35
Introdução 35
É sabido que todos os mundos estão ligados uns aos outros, e depois que
uma pessoa completa a correção de sua parte no mundo de Assiá, ela pode
subir até o mundo de Ietsirá.
Isso continua desse modo, e ela vai subindo até o mundo de Atsilut.
Tudo isso está mencionado no Zôhar, começo da Porção Semanal de
Mishpatim — Se for merecer mais, lhe darão etc.
Já foi explicado anteriormente que isso só ocorre com uma alma nova, pois
então ela pode subir mundo após mundo do modo mencionado.
E vê-se que um mundo é ligado ao outro e serve de trono ao outro.
Existem almas que jamais conseguiram corrigir tudo que precisavam, mas
apenas a parte da Néfesh de Assiá.
E tem aquelas que mereceram até o mundo de Ietsirá.
Tem as que mereceram até Beriá, e as que mereceram corrigir até Atsilut.
Entre as raízes das almas há poucas que são de raízes que tiveram mérito
de corrigir tudo até o mundo de Atsilut.
Na verdade, esta virtude só é encontrada nas raízes de Cáin e Hével, pois a
sua existência era de ‘uma alma nova', de certo modo, como nos foi
explicado.
Por isso eles conseguiram retificar e tiveram o mérito de alcançar até a
Néfesh de Atsilut, mas não mais do que isso.
Mas todas as outras raízes, chamadas de almas velhas, como nos foi
explicado, não tiveram o mérito de alcançar a Néfesh de Atsilut.
Tomara que consigam merecer alcançar [pelo menos] até a Neshamá de
Beriá.
E saiba que nas próprias raízes de Cáin e Hével existem dois níveis.
O primeiro é o da própria alma de Cáin e Hével apenas.
São almas que caíram e vêm somente dos mundos de Beriá, Ietsirá e Assiá
- BIA.
E o segundo nível é mais elevado, sendo composto daquela parte do próprio
Adão que foi herdada por Cáin e Hével, seus filhos.
E parece-me que essa é uma centelha da Néfesh do pai propriamente dito,
que a passa para a Néfesh do filho para guiá-lo.
E neste segundo nível existe uma extensão de todos os mundos; desde a
Néfesh do mundo de Assiá até a Néfesh do mundo de Atsilut.
E todo aquele que tem sua alma deste segundo nível é muito elevado, pois
a pessoa possui o potencial e a capacidade de corrigir tudo o que precisa na
sua primeira vinda ao mundo, desde a Néfesh de Assiá até a Néfesh de
Atsilut.
E por meio dos seus atos a pessoa merecerá receber a Néfesh de Atsilut,
mas perceba que ela não consegue pegar o Rúach, ou a Neshamá de
Atsilut, pois elas não são consideradas almas totalmente novas, como foi
explicado anteriormente.
E já expliquei que neste segundo nível, herdado por Cáin e Hével de Adão,
também há outros dois níveis, que são o da Luz Circundante e o da Luz
Interna.
E todas as almas deste segundo nível que mencionamos anteriormente,
como a de Issachar, do Rabi Akiva, de Chizkiáhu, todas elas vêm da Luz
Interna deste nível.
Até mesmo Eliahu, o profeta, de abençoada memória, era da Luz Interna
deste segundo nível.
E depois entrou nele, por meio do Ibur, Nadav e Avihú, porque eram da Luz
Circundante da Néfesh de Atsilut deste segundo nível.
E agora vamos explicar a raiz de Cáin e Hével e sua relação com a alma de
Adão.
Saiba que Cáin é o membro do ombro esquerdo de Adão, como foi explicado
anteriormente.
E neste membro existem três aspectos: carne, tendões e ossos.
Em todos os cinco Partsufim de todos os três mundos [Beriá, Ietsirá e
Assiá] existe uma raiz de Cáin no braço esquerdo do membro do ombro
esquerdo, mas não há o aspecto de asa.
Mas nos cinco Partsufim de Atsilut, existe o aspecto de ombro, com a carne,
tendões e ossos, e também o aspecto de asa.
E vê-se que as raízes da alma que são deste segundo aspecto de Cáin
possuem, portanto, o aspecto do ombro propriamente dito, composto de
carne, tendões e ossos, e também o aspecto da asa que deriva dali.
[Esse aspecto é o] das centelhas que saem deste membro mencionado, se
for no nível de Atsilut.
Mas em Beriá, Ietsirá e Assiá não há o aspecto de asa, apenas o de ombro,
como foi dito.
Já foi explicada anteriormente a questão deste ombro esquerdo.
Agora vamos explicar o assunto da asa.
Não se espante pelo fato de que, segundo o Zôhar, Cáin parece ser um
grande perverso e Hével um justo.
Saiba que necessariamente o primogênito possui uma vantagem sobre o
resto dos filhos.
Isso foi dito no Sêfer HaTicunim, Ticun 69, sobre o versículo "Se puderes
suportar isto bem."
E não é só essa vantagem, pois vemos que o seu discurso era íntegro e ele
teve o dom da profecia, como está escrito: "E Adonai disse a Cáin.”
Além disso, sabemos que ele era o primogênito de Adão, criação direta do
Santíssimo, bendito seja.
E se Adão, a própria criação do Santíssimo, pecou de maneira
surpreendente, como disseram os nossos Sábios, de abençoada memória,
no Tratado de San 'hedrin 38, não há que se espantar pelo fato de Cáin, seu
filho, fruto de uma mulher, ter pecado.
A questão por trás disso é que Cáin e Hével, cada um deles, estava
misturado no bem e no mal.
O bem vinha do lado de Adão e o mal vinha do lado da impureza da
Serpente que foi instilado em Eva.
Mas, como Cáin era de Guevurá, o mal se grudou nele mais do que em
Hével, que era de Chéssed.
Vamos voltar ao nosso assunto, que Cáin é do lado de Guevurá e Hével do
lado de Chéssed.
É sabido que Nétsach, Hod e Iessód de Ima se revestem em Zeir Anpin até
o Tórax, onde ficam os Mochin de Ima.
Lá existe uma só vestimenta e cobertura, e as luzes que saem dali são
muito grandes e fortes.
Portanto, a luz das almas que saem de lá é grande e revelada.
Mas a luz das almas que vêm de Aba é fraca, já que os Mochin de Aba que
ficam em Zeir Anpin ficam revestidos em duas coberturas, até o local do
Tórax de Zeir Anpin.
Uma cobertura é a de Nétsach, Hod e Iessód de Aba propriamente dito e a
outra é de Nétsach, Hod e Iessód de Ima, que fica por cima do Nétsach,
Hod e Iessód de Aba, como é sabido.
Sendo assim, do Tórax de Zeir Anpin para baixo, os Mochin de Ima são
totalmente revelados, e os de Aba são ocultos por uma cobertura, que é do
Iessód de Aba, como é sabido.
Portanto, as almas que são de Chassadim revelados ou de Guevurot
reveladas são mais elevadas do que as almas que são do local coberto,
ainda que sejam de um local mais alto no que diz respeito ao seu local.
E esse é o segredo do que está escrito na Guemará: "Vi um mundo do
avesso. Os superiores estavam embaixo e os inferiores estavam em cima".
[Esta citação refere-se a um rabino que estava prestes a deixar este
mundo, os seus discípulos e colegas o visitaram em seu leito de morte.
Nesse meio tempo, ele parecia ter ido embora, mas depois de alguns
momentos voltou - e lhe perguntaram intrigados o que ele tinha visto no
Mundo Vindouro! O verso acima foi sua resposta.]
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 36.1
Introdução 36
Quando Iaacov teve Issachar, ele lhe passou por herança esta parte do bem
da Primogenitura de Cáin que ele tinha pegado de Eissav, como foi dito.
Por isso o texto diz "E ele esteve com ela naquela noite," se referindo à
concepção de Issachar.
Repare que o versículo usa o pronome "ele" para reforçar e indicar que se
trata do próprio Iaacov, chamado assim por conta do calcanhar, que deu
esta parte para Lea ao se deitar com ela.
E foi dessa parte que saiu Issachar.
Esse é o segredo do que está escrito no Midrash de Rute do Zôhar, de que
de Issachar saiu o Rabi Akiva.
Tudo isso ocorreu pelo segredo do calcanhar mencionado, e como será
explicado.
E depois ele [Issachar] reencarnou em Nadav e Avihú, sendo que ambos
eram um só, como foi dito no Zôhar, na Porção Semanal de Acharei Mots e
na Porção Semanal de Pinchás, de que os dois são duas metades do mesmo
corpo.
Posteriormente, eles entraram pelo segredo do Ibur em Pinchás, que é
Eliahu, o profeta, de abençoada memória, e ali ficaram até o incidente da
filha de Iftáh, quando então partiram.
E quando ele foi à caverna do Monte Horeb, ele os pegou novamente, como
foi dito no Zôhar.
E quando eles saíram dele, eles reencarnaram por meio de uma encarnação
completa em Shmuel, o profeta.
Depois eles voltaram e entraram por meio do Ibur em Eliahu, o profeta,
como foi dito.
E depois eles voltaram e entraram por Ibur em Elishá, o profeta.
Depois eles reencarnaram em Chizkiáhu, o rei de Judá, e, posteriormente,
reencarnaram em Matitiáhu ben Iochanan, o hashmoneu e Sumo Sacerdote.
Depois eles reencarnaram em Akaviá ben Mahalalel, e no Rabi Iochanan ben
Zacai, o sacerdote e, depois, no Rabi Akiva ben Iossef.
Esse é o segredo do que foi dito, de que três pessoas viveram por 120
anos: Moshé, o Raban Iochanan ben Zacai e o Rabi Akiva.
Moshé passou quarenta anos na corte do Faraó, quarenta anos em Midiã e
quarenta anos sustentando [o povo de] Israel.
O Raban Iochanan ben Zacai passou quarenta anos trabalhando como
sapateiro, quarenta anos estudando Torá e quarenta anos ensinando.
O Rabi Akiva passou quarenta anos como um ignoramus, quarenta anos
estudando e quarenta anos ensinando.
Isso ocorre porque a raiz destas almas possui uma ligação e uma
proximidade com Moshé, nosso mestre, de abençoada memória, porque
todas as almas estão inclusas nele, em especial as almas dos justos.
Já explicamos em outro local que tudo o que falamos sobre esta raiz se
refere somente ao aspecto da Néfesh, que reencarnou neles.
Mas em relação à parte do Rúach ou à da Neshamá das pessoas
mencionadas, existem algumas delas que não são desta raiz.
Depois ainda ocorreu a reencarnação no Rabi Iba Saba, mencionado no
Zôhar, na Porção Semanal de Mishpatim, e depois em Abaiê.
Por isso os nossos Sábios, de abençoada memória, disseram (Tratado Sucá
28a) que o Raban Iochanan ben Zacai não deixou de estudar nem uma
passagem das Escrituras, da Mishná, etc, e das opiniões do Abaiê e do
Raba.
Depois eles vieram por Ibur em um dos Sábios Saboraítas, chamado Rav
Ahai, aquele mencionado no Talmud dizendo "Rabi Ahai retorquiu."
Depois eles vieram por Ibur no Rav Acha de Shabcha, um Gaon, autor das
Sheiltot.
E o meu mestre, de abençoada memória, me disse que ele tinha a
impressão de que esse Rav Ahai era a mesma pessoa que o Rav Acha de
Shabcha.
Depois houve a reencarnação no Rav Dustai, um Gaon, e no Rabi Aharon
Halevi, o Rabino de Maguid Mishná, que é neto do Rabenu Zarchiá Halevi,
autor do Sêfer Hameorot.
Depois eles reencarnaram em Don Vidal de Tolosa, autor do livro Maguid
Mishná.
Depois no Rabi Shaul Trishti, e no Rabi Iehoshúa Soriano.
Depois em um rapaz chamado Avraham.
Saiba que o Rav do Maguid Mishná tinha raízes comuns e uma proximidade
com o Rambam, de abençoada memória, e por isso ele criou e compôs o
livro Maguid Mishná, que é uma explicação do livro escrito pelo Rambam, de
abençoada memória.
Em relação ao assunto que tanto o Rabi Iochanan ben Zacai como o Rabi
Akiva foram ignorantes durante seus primeiros quarenta anos de vida,
como mencionado; a razão disso é que a Néfesh de ambos era do aspecto
de uma das Gotas de Sêmen daquelas Dez mencionadas que saíram dos
dez dedos de Iossef, o Justo.
Por isso eles ficaram quarenta anos ignorantes, a saber, seus primeiros
quarenta anos, e neste período as Klipot se aderiram a eles um pouco, em
especial ao Rabi Akiva, que disse no Tratado de Pessachim 49b: "Me dê um
aluno sábio e eu vou mordê-lo como um burro".
E com isso entenderemos outras questões, contadas sobre a sua vida neste
mundo, em especial na Guemará, apesar de lá estar dito que a filha de
Calbá Savoa reconheceu nele um homem modesto e nobre.
Inevitavelmente, tanto o Raban Iochanan ben Zacai como o Rabi Akiva
cometeram pecados em sua juventude, e por causa disso precisaram
reencarnar, posteriormente, em todas essas encarnações que mencionamos
anteriormente.
É por esse motivo também que uma Néfesh santa e elevada entrou no Rabi
Akiva sendo descendente de prosélitos e não de descendência de Israel,
pois sua origem é de uma gota de sêmen desperdiçada por Iossef, quando
pensava na mulher do seu senhor, que era gentia.
Na verdade, a Néfesh do Rabi Akiva não é como o resto das Nefashot dos
prosélitos criadas pelo acasalamento feito pelos justos no Jardim do Éden,
como dito no Zôhar, na Porção Semanal de Shelach Lecha.
A Néfesh dele é santa e muito elevada, só que no pecado de Adão e de
Cáin, seu filho, ela saiu daquele corpo e caiu no fundo das Klipot.
E depois houve o incidente que dissemos, de sair de uma gota de sêmen de
Iossef.
Por conta disso foi determinado que na hora de entrar neste mundo e de
entrar em um corpo esta alma deveria vir no corpo de um prosélito.
E já foi explicado anteriormente (Introdução 34) que esta Néfesh que entra
no corpo de um prosélito depois de ter passado pelo processo de conversão
se reveste dentro de outra Néfesh criada pelo acasalamento dos justos no
Jardim do Éden.
Esta é chamada a primeira Néfesh de fato, como é mencionado no Saba de
Mishpatim.
E foi esta Néfesh do prosélito que fez com que ele fosse um ignoramus por
seus primeiros quarenta anos, pelo segredo do que nos foi explicado pelos
nossos mestres de que "os prosélitos são incômodos como uma chaga para
Israel".
Como o Rabi Akiva era filho de prosélitos, sendo que seu pai se chama
Iossef, como é sabido, os Sábios disseram no Tratado de San'hedrin 94:
"Perante um prosélito, até a terceira geração, não insulte um arameu".
Isso significa que a impureza daquela Néfesh permanece por até três
gerações.
Consequentemente, como o Rabi Akiva era filho de convertidos,
obrigatoriamente as Klipot e as Externalidades se aderiram a ele durante
aqueles quarenta anos em que ele era um ignoramus.
Ele [o Ari] inclusive me disse que na raiz de Cáin, o Raban Iochanan ben
Zacai e o Rabi Akiva eram o aspecto dos dois braços, direito e esquerdo, de
Moshé, nosso mestre, de abençoada memória - todos misturados na Raiz de
Cáin.
Por isso que Moshé, nosso mestre, o Rabi Iochanan ben Zacai e o Rabi
Akiva, tinham uma similaridade em seus 120 anos de vida.
Por isso ainda que Moshé pediu ao Santíssimo, bendito seja, que a Torá
fosse dada ao Rabi Akiva, como é mencionado no Tratado de Shabat, no
Capítulo Rabi Akiva.
Isso também foi mencionado no "Alfabeto do Rabi Akiva".
E também me disse que Moshé matou Og, rei de Bashan, e nele, ou seja,
nessa Klipá, estava inclusa uma centelha da alma do Rabi Shimon ben
Netanael, que temia pecar.
Por isso as iniciais de seu nome em hebraico formam a palavra
Bashan — ’’, [terra da qual Og era rei].
E por causa dessa centelha de santidade que estava misturada em Og, que
é chamada de temer pecar, Moshé temeu matá-lo.
E o Santíssimo, bendito seja, lhe disse: "Não o temas".
Essa centelha posteriormente reencarnou em um aluno do Raban Iochanan
ben Zacai.
Meu mestre, de abençoada memória, também me disse que três pessoas
erraram no que diz respeito ao fim dos tempos.
O primeiro foi Iaacov, o patriarca, de abençoada memória, quando chamou
os seus filhos e disse: "Juntai-vos e vos anunciarei o que vos acontecerá no
fim dos dias."
Neste momento ele não conseguiu ver o que ia acontecer.
O segundo foi Shmuel, o profeta, de abençoada memória, que errou na
questão de Eliav e disse: "Certamente o Seu ungido está perante Adonai!"
Ele disse isso porque achava que dele sairia o Messias.
O terceiro foi o Rabi Akiva, que se enganou e achou que Ben Coziva era o
Messias de Adonai.
Por isso as letras de Iaacov [Iaakov]— , são as mesmas de
Akiva - , para indicar que o seu engano é o mesmo.
Os três reencarnaram, então, para corrigir este erro.
Meu mestre, de abençoada memória, também me disse que as centelhas
das almas da Raiz de Cáin estavam dentro da Klipá de Sisrá, como nos é
explicado no trecho correspondente.
Depois, Iael cravou-lhe a estaca em sua têmpora, pois este é o local do
Moach de Daat de Chassadim e Guevurot, de onde sai a raiz de Cáin, como
mencionado anteriormente.
E eis que a centelha do Rabi Akiva também estava ali e por isso ele nasceu
dos descendentes de Sisrá, como os nossos Sábios disseram.
Meu mestre, de abençoada memória, ainda me disse que o Abaiê é o Rav
Iba Saba de Mishpatim, e que o nome Abaiê — ’’ está aludido nas
iniciais em hebraico do versículo "Somente contra mim voltava a Sua mão"
E foi usado o termo "voltava" para indicar que Abaiê - ’’ é obtido
"voltando" [ou seja, invertendo a ordem das letras do nome] Iba — ’’,
isto é, lendo-o de trás para frente.
Isso que significa "voltava a Sua mão," pois as duas letras lud foram
invertidas e postas no fim do nome. [A letra ‘Iud’ tem íntima relação com a
palavra ‘Iad’, que significa "Mão" e é mencionada no versículo.]
O meu mestre, no entanto, não quis me revelar qual é o significado dessa
inversão.
Depois disso o meu mestre, de abençoada memória, me citou
extensivamente várias pessoas que eram desta raiz de Cáin, sendo que
ainda existem outras, obviamente, que ele não mencionou.
E estes foram os nomes que ouvi dele, dos mencionados nos vinte e quatro
livros [conhecidos pelo nome o Tanach — acrónimo de: Torá, Neviím e
Ketuvim]: Cáin; Cainan; Mahalalel; Ioval; Iuval; Lémech; Issachar; Shelá,
filho de Judá; Itro; Nadav; Avihú; Nachshón ben Aminadav; Natanael ben
Tsoár; Kórach; Datan; Aviram; Pinchás; Otniel ben Kenaz; Carmi, pai de
Achán; Shamgar ben Anat; Sansão (Shimshon); Elcaná; Shmuel, o profeta;
Aviá ben Shmuel; Héver, o Keneu; Iael, mulher de Héver, o Keneu; Eflal;
Sismi chever Avi Sucho; Ishbah, pai de Ishtemôa; Iashuv; Léchem; Ishai,
pai de David; Avishai ben Tseruiá; Shimá, irmão de David; Doeg; Ahitofel;
Aviá ben Rechavám; Eliahu, o profeta; Elishá, o profeta; Ioná ben Amitai;
Hiel, de Beit-HaEli; Navot, o Izreelita; Michá, o Morashtita; Nachum, o
Elcoshita; Chizkiáh, rei de Judá; Menashê ben Chizkiáhu; Uriáh, o
sacerdote; Zechariáh ben Ievarchiáhu; Iechezkel, o profeta; Elihú ben
Barchel, o Buzita; Chananiáh, amigo de Daniel; Nedaviáh, filho do rei
Iochniáh; Anani ben Elioenai.
E esses são os do grupo dos tanaítas: Matitiáhu ben Iochanan, o
hashmoneu e Sumo Sacerdote; Iossi ben Iochanan, de Jerusalém; Natai, o
Arbelita; Akabia ben Mahalalel; Raban Iochanan ben Zacai; Rabi Akiva ben
Iossef; Rabi Iossi, o Galileu; Ionatan ben Horkenus; Hanania ben Hizkiáh
ben Gurion; Aba Shaul; Rabi Ishmael ben Elishá, Sumo Sacerdote; Raban
Gamliel; Rabi Nehorai Sava, da Porção Semanal de Tetsavê do Zôhar; Rav
Iba Saba de Mishpatim; Rabi Hutspit Haturgueman; Rabi Iehudá ben Ilai;
Rabi Iossi ben Meshulam Kahala Kadisha; Rabi Ahai bar Ieshaiá; e um dos
amigos de Rabi Shimon bar Iochai que é mencionado no Idra Raba de
Nassô, mas que o meu mestre, de abençoada memória, não quis revelar
seu nome, e eu nunca descobri por quê.
Existem ainda outros tanaítas que têm uma ligação com a Raiz de Cáin,
mas não ficou claro para mim a questão dessa ligação, e estes são os
Sábios: Rabi Shimaiá Hassidá, da Porção Semanal de Balac; o mestre
Rabino daquele Ienuca; Rabi Tsadoc, o sacerdote; Rabi Casmá, pai do Rabi
Iossi ben Casmá; Rabi Crospedai Chamid Liba, da Porção Semanal de
Shelach Lecha no Zôhar e no Sêfer Haticunim.
E estes são os Amoraítas: Rav Huna, líder da Diáspora na Babilônia na
época do nosso Santo Mestre [referindo-se a Iehudá Hanassí], que teve o
seu caixão trazido para Israel depois de sua morte e que foi posto na
caverna do Rabi Chia, em Tiberíades.
Iehudá e Chizkiá, filhos do Rabi Chia; Rabi Levi bar Sissi; Rabi Shimon ben
Iehotsadac; Rabi Tsadoc, aluno do Rabenu Hacadosh; Rabi leremia bar Aba
da época do Rav; Ula bar Coshav da época do Rabi Iehoshúa ben Levi; Rabi
Shilo, que vivenciou o milagre narrado no capítulo "Quem vê" do tratado de
Berachot; o Rav Iba Saba, o Amoraíta, aluno do Rav, pai do Rav Huna e
sogro de Ashian ben Nidbach; Pinchás, irmão de Shmuel; Rabi Miesha, da
época do Rabi Iochanan; Rabi Issa, o amoraíta, que é o Rabi Assi, o
sacerdote; Rabi Chilkia bar Aba; Rabi Shemen bar Aba; Rabi Akiva, o
Amoraíta; Mar Ucba; Rabi Zerica; Rabi Sechora; Abaiê; Rabi Bibi bar Abaiê;
Rami bar Chama; Rami bar Iechezkel; Rav Dimi de Nehardêa; Rav Nahumi;
Rav Meshorshia; Natan Detsutsita, líder da Diáspora; Rav Shmuel bar
Shilat; Rav; Imar; Rav Avin Nigra; Rav Tanchum Demin Noi; Rav Iba, pai
do Rav Sarna; Rav Safra da época do Ravina; Rami bar Tamari; Rafram bar
Papa; Rabi Zeira bar Hilel; Rav Zeiri de Dahavat; Ravin e o Rav Dimi que
partiram da Terra de Israel para a Babilônia; Rav China Bagdateá; Rav Chia
de Difti; Rav Sheisha, filho do Rav Idi; Io; Avdimi Beelach; Rav Iehudá
Hanedua; Rav Malchaio; Rav Chama bar Bozi; Iehoshúa bar Zarnuqui,
chamado erroneamente de Chiá bar Zamuqui na Guemará; Shivchat, filho
do Ravina; Rav Taviomi; Shabtai Otsar Piri, que é uma das Klipot que está
na raiz de Cáin.
E estes são os Sábios Savoraítas: Rav Achai e o Raba, de Pumbedita.
E estes são os Gueonim [literalmente significa os Génios]: Rabi Acha
Meshibcha Gaon; Rabi Dustai Gaon; o primeiro Rabi Tsemach Gaon, filho do
Rav Platoi Gaon; o primeiro Rav Nehilai Gaon.
Estes são os Possquim [os sábios que escreveram os decretos da Halachá],
o Rav Shlomo ben Avraham ben Adrat; Rabeinu Aharon, neto do Rabi
Zarchia Halevi; Don Vidal de Tolosa, que escreveu o "Maguid Mishná" ; Rabi
Iossef Caro, autor do livro "Beit Iossef' e do "Shulchan Aruch".
E saiba que todos estes que mencionamos são da Raiz de Cáin, do segundo
aspecto mencionado, e isso diz respeito somente à sua Néfesh.
O Rúach ou a Neshamá deles era de outra raiz, com exceção do Abaiê,
chamado de Nahmani, cuja Néfesh, Rúach e Neshamá eram da Raiz de
Cáin, do segundo aspecto mencionado.
Mas todos os outros tinham apenas a Néfesh oriunda desta raiz
mencionada, e eles não pegaram o Rúach e a Neshamá que adequados para
eles, conforme sua Néfesh da Raiz de Cáin, como já foi explicado.
Isso porque por causa do pecado de Adão o aspecto de Rúach da raiz de
Adão se misturou com a Néfesh da raiz de Cáin ou com a de Hével, e vice
versa; e o Rúach de Hével se misturou com a Néfesh de Cáin, e vice versa.
Este nome vem do aspecto de Aba e Ima, chamados de — " (Iáh), como
é sabido. [A sequência das letras — ", se refere às primeiras letras do
Tetragrama — " — que são duas Sefirot, Biná e Chochmá, ou seja Aba
e Ima (Pai e Mãe Superiores). Isso é conhecido como Cabeça.]
Também é sabido que do nome — " (Iáh) sai o acréscimo do Shabat e daí
temos que o Rav Mesharshiáh é o segredo do acréscimo [oração adicional]
do Shabat completo.
Então nessa raiz de Cáin mencionada ficaram quatro letras - ".
E eis a explicação delas:
Os dois Shin - são os dois Nomes divinos — " " " (Mem-
Tsadic-Pê-Tsadic, Mem-Tsadic-Pê-Tsadic), que na numerologia cabalística
dão 300 e 300, o valor de Shin - e Shin - .
Estes são os dois nomes do acréscimo do Shabat, mencionados no Livro do
Zôhar, Porção Semanal de Itro, a respeito do versículo "Lembra-te do dia do
Shabat" e em relação aos sete Nomes mencionados ali, na questão do
acréscimo do Shabat.
E sobram as duas letras — ", que têm o mesmo valor numérico dos cinco
outros nomes escritos lá, que são: ", ", ", ", ", que
somam o valor de 234.
Se a isso somarmos o próprio valor de sete nomes, ficamos com 241.
Daqui vemos que o Rav Mesharshiáh é o aspecto do acréscimo do Shabat
que está na raiz das Centelhas de Cáin mencionada, que é a inclusão dos
sete Nomes do Shabat com a sua fonte, que é o nome — Iáh - ".
Adendo:
Shmuel disse: Isso com a unidade somada.
Shmuel ainda disse: Me parece, na minha humilde opinião, que é melhor se
fizermos a conta dos cinco nomes com a unidade totalizar 240, já que dois
Nomes Mem-Tsadic-Pê-Tsadic, Mem-Tsadic-Pê-Tsadic foram excluídos [da
contagem].
O rei Chizkiáh — ", é o aspecto da cabeça desta Raiz de Cáin, como
foi dito pelos nossos Sábios, de que o Santíssimo, bendito seja, deixou Cáin
pendendo [entre os céus e a terra] e sem força nos dias do Dilúvio.
Ele se corrigiu e se fortaleceu na encarnação de Chizkiáh.
É por isso que seu nome é Chizkiáh, [que pode ser dividido em]
Chizek — ", Iáh — ", significando, "fortaleceu" o Nome — ", que é o
aspecto da cabeça [da Raiz de Cáin], onde estão Aba e Ima.
E quando Isaías disse para ele "pois não vai continuar tua vida; vais
morrer," ele achou que ainda não tinha corrigido o aspecto da cabeça,
chamado de — " (Iáh), e por isso [está escrito a seguir]: "Eu [Chizkiáh]
não poderei mais ver [o Nome] - ", (Iáh).”
Daí se vê que Chizkiáh começou a corrigir o aspecto da cabeça da raiz
mencionada, e por isso nele está aludido o Nome de — ", (Iáh), nas duas
letras finais de seu nome.
E inclusive com o Rav Mesharshiáh se completou a correção do aspecto da
cabeça, e por isso em seu nome aparecem as letras — "" [que
formam a palavra] Shoresh - "Raiz" e "Iáh".
Isso porque a cabeça, chamada de Iáh é a raiz de tudo.
E vê-se que tanto Chizkiáh como o Rav Mesharshiáh ficam na cabeça da
Raiz de Cáin.
E em Iechezquel, o profeta, Cáin se fortaleceu no aspecto dos pés.
Esse é o segredo do versículo "Ó filho de Adão, põe-te de pé e Eu te
falarei."
E saiba que Shimon ben Azai e Shimon ben Zomá são dois nomes paralelos
aos dois Shin do nome do Rav Mesharshiáh.
Por isso Ben Azai casou com a filha do Rabi Akiva, pois apesar de eles não
serem da mesma raiz, existe uma proximidade muito grande entre eles.
E o mesmo ocorreu com Eliahu, o profeta, de abençoada memória, pois ele
veio das filhas de Putiel, que é, na verdade, Itro, que veio de Cáin.
E foi por esse motivo que nele entraram por Ibur, posteriormente, a Néfesh
de Nadav e Avihú, que também são de Cáin.
O mesmo se passou com Elishá, o profeta e com Jonas (lona) ben Amitai,
que possuem uma proximidade enorme com esta raiz.
No entanto, o meu mestre, de abençoada memória, não me explicou mais
sobre a proximidade entre eles e esta raiz.
Chizkiá disse "No apogeu de meus dias, devo ir-me embora"; porque apesar
de terem sido adicionados quinze anos à sua vida, estes anos foram lhe
dados do que já pertencia a ele [dos anos da sua própria vida], como
disseram nossos Sábios, de que ele não completou os anos que lhe foram
proporcionados, e faltaram anos da vida dele.
[Apogeu em hebraico é - - Bidmê (literalmente: ‘no sangue’); consta
das mesmas letras de Be Dimi— em Dimi, que se refere ao Rav Dimi.]
O resto dos anos proporcionados para ele foi completado no Rav Dimi de
Nehardea, que era uma reencarnação de Chizkiá, sem mistura de nenhuma
outra centelha de alma — só ele mesmo.
Por isso Chizkiá disse "Privado estou do resto de meus anos," pois foi para o
Rav Dimi que estes anos foram e foi ali que se completaram seus dias.
Ele foi privado dos anos que não se completaram em si no início.
O meu mestre, de abençoada memória, me disse que um dos preceitos no
qual o Rav Dimi se empenhava era o de escoltar as visitas e os falecidos.
Sobre o Rabi Akiva, o meu mestre, de abençoada memória, também me
disse que as letras finais em hebraico do versículo: "Luz eterna foi semeada
para os justos e alegria para os de coração puro" formam o nome do Rabi
Akiva — "’ , pois este versículo fala dele.
Só que aqui Akiva — ", está escrito com Hê no final e não com
Alef — ".
Adendo:
Shmuel disse: Isso foi o que escrevi em meu livro — Chochmot Nashim
(Sabedoria das mulheres), e o que estabeleci na 'Ordem do Divórcio' que, o
que parece mais lógico, é que o nome Akiva seja escrito com Hê no final.
Na questão de Chéver, o Keneu, meu mestre, de abençoada memória, me
disse que este é o segredo do versículo "E Chéver, o Keneu, tinha se
separado do resto dos filhos de Cáin."
Itro era da raiz de Cáin, e Chéver, o Keneu, é descendente dos netos de
Itro, sendo que ele também era de Cáin.
Por isso ele é chamado de Chéver, o Keneu [ — Keini], que é um nome
que alude a Cáin.
Cáin tinha o bem e o mal misturados em si, e em Itro isso foi corrigido; a
essência foi selecionada do lixo, e o bem se separou do mal.
O mal ficou nas Klipot e o bem ficou com Itro.
Por isso sobre ele está dito "tinha se separado do resto dos filhos de Cáin".
No assunto de Sansão (Shimshon), o meu mestre, de abençoada memória,
também me disse que este é o segredo do versículo "E Adonai enviou
Ierubaal, Bedan."
Os nossos Sábios, de abençoada memória, disseram que Bedan é
Shimshon, pois ele veio de Dan.
A questão é que Shimshon é encarnação de Nadav, filho de Aharon, o
Sacerdote, e por isso ele é chamado de Bedan — ", que são as mesmas
letras que formam o nome de Nadav — ", mas ao contrário.
E como Nadav morreu e não quis se casar, porque achava que não havia
uma filha decente de Israel que lhe fosse adequada, como dizem nossos
Sábios, por isso Shimshon foi punido e teve relações com mulheres filisteias
na prisão.
E como os filhos de Aharon entraram no Tabernáculo bêbados, Shimshon
era Nazir [quem se abstém de vinho] desde o seu nascimento, para corrigir
a falta que eles tinham cometido.
No assunto de Eliahu, de abençoada memória, o meu mestre, de abençoada
memória, também me disse que isso está aludido no versículo hebraico:
"Se alguém se alia aos zombadores receberá ironias, mas se busca a
companhia dos humildes receberá graça," cujas iniciais, em hebraico,
formam a expressão — "Eliahu está vivo".
E a questão é como foi dito no Zôhar, no Raia Mehemna, que Moshé, nosso
mestre, de abençoada memória, era Mestre de todo povo de Israel, e o seu
intérprete era Aharon, o Sacerdote, como está dito "E ele falará por ti ao
povo e servirá para ti por boca."
Moshé tinha problemas de fala e problemas de dicção, e no fim dos tempos,
na geração do Messias, Moshé voltará encarnado e ensinará Torá para o
povo de Israel.
Mas ainda assim ele será "incircunciso em seus lábios" [Essa descrição é
usada para se referir a uma pessoa que gagueja ao falar.], e o seu
intérprete será Eliahu, de abençoada memória, que está vivo.
E esse é o segredo do versículo "Pinchás ben Elazar, o neto de Aharon, o
sacerdote," e por isso está escrito "Se alguém se alia aos zombadores
receberá ironias," pois quando Moshé precisar de um intérprete, Eliahu, que
está vivo, 'advogará' em seu nome, e será seu intérprete.
No assunto do Abaiê e do Rav Bibi, seu filho, o meu mestre, de abençoada
memória, também me disse que é neste sentido que está dito: "Olha para
Tsión, a cidade de nossas reuniões."
Se você trocar a primeira letra em hebraico da palavra - -
"reuniões", que é a letra — (Mem), seguindo a regra do Atbash [Sistema
de numerologia cabalística no qual se troca a primeira letra do alfabeto com
a última; a segunda com a penúltima, e assim por diante.], ficamos com a
letra — (Iud), e desse modo temos as iniciais de — " (Itschac -
Isaac).
E meu mestre já me explicou quem é este Isaac mencionado aqui.
Shmuel disse: Apesar de meu pai e meu mestre, de abençoada memória,
ter ocultado suas palavras neste local, eu me lembro de que certa vez ele
me disse, boca a boca, que neste versículo a proximidade da sua alma com
a alma do grande Rav, nosso mentor, Isaac Luria, estava aludida.
E ele me disse que este Isaac se refere ao grande Rav [Isaac Luria — o Ari
Ha-Cadosh], de abençoada memória.
E mais, nossos Sábios, de abençoada memória, aludiram ao nome do meu
pai e mestre, no versículo:
Na questão do Rami bar Chama, ele [o Ari] me disse que ele está aludido
nas iniciais do versículo:
E esta, por sua vez, é a filha de "Rav Tuvchá" [Imensa é Tua bondade], que
é "Rav Chéssed" e que, por fim, é o Rav Chisda [o termo Rav significa
imensa ou cheia, mas também rabino].
E ela é destinada "àqueles que Te temem" — que são Rami e Raba, que são
Dáat e Iessód, como será explicado.
Meu mestre também me disse que Cáin era um homem de ação, que sabia
desenhar, e que tinha trabalhos manuais como profissão.
Isso pode ser visto por Iuval e Ioval, seus descendentes.
Mas Hével tem domínio do discurso e da fala, pelo segredo de "Vapor da
boca".
Por isso, todo aquele que é da Raiz de Hével é um bom orador e um falante
nato, e quem é da Raiz de Cáin não tem tanto poder assim no discurso, mas
tem bastante destreza no desenho, na prática do artesanato e nos trabalhos
manuais.
Toda a raiz de Cáin que mencionamos que vem do lado das Cinco Guevurot
de Ima, que também é chamada de Guevurot, teve as Klipot aderidas a si.
E todas as centelhas desta raiz desceram para o fundo das Klipot pelo
segredo da Dáat de Adão Blial [da impureza], que é Sisrá - o segredo de
Dáat, como mostrado.
Por isso o Rabi Akiva, que é da raiz de Cáin, está nesta Klipá.
Depois ele saiu dela e nasceu como descendente de Sisrá, como é sabido.
Sobre o assunto dos dez Mártires do Reino, do Rabi Akiva e.de seus
colegas, ouvi do meu Mestre, de abençoada memória que, já que eles
morreram santificando o nome do Santíssimo, bendito seja, eles tiveram o
mérito de recolher e purificar todas as centelhas de almas que estavam
abaixo de seu nível; as que estavam no fundo das Klipot.
Foi por meio deles que elas foram retiradas de lá e limpas
E foram eles que as elevaram para a Santidade, para que se completassem
e se corrigissem.
Ainda existe outro ponto que é o de que, até aquele momento, havia força
suficiente nas almas que estavam dentro das Klipot para saírem dali e se
elevarem pelo segredo das Águas Femininas, e chegar até Malchut.
Porém, dali em diante não havia mais força nem possibilidade deste
procedimento ocorrer.
Por isso eles precisaram ser mortos, para se elevarem pelo segredo das
Águas Femininas e servirem no seu local adequado, de acordo , com o
aspecto de Águas Femininas para Malchut.
E ainda há nisso outro beneficio, que é o de por causa deles estarem com
ela [Malchut] no alto, pelo segredo das Águas Femininas, as centelhas que
estavam abaixo deles receberam a esperança de serem corrigidas.
A explicação disso é conforme foi esclarecido, que estes dez são a
totalidade de todo o [povo de] Israel, pois eles são o aspecto das Dez Tribos
e das Dez Gotas de Sêmen que saíram de Iossef, o Justo, como já foi
explicado anteriormente.
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 36.2
Introdução 36 - continuação
Adendo:
Shmuel disse: "Anteriormente, ao discutir a raiz de Cáin, ele incluiu Uriá, o
Sacerdote, com Zechariáhu ben Ievarchiáhu, e aqui ele o incluiu com a raiz
de Hével. É possível explicar que nem todas as raízes são iguais, pois há
aquelas que são de Néfesh e outras de Rúach".
Iov (Jó) reencarnou no Rabi Ivo, o amoraíta e por isso ambos os nomes se
escrevem com as mesmas letras em hebraico.
Meu mestre também me disse que o Rabi Chanina ben Teradion em
hebraico:
Em relação a Iossef, o Justo está escrito "e fez-lhe uma túnica listrada
[”] com mangas compridas."
As letras da palavra - ” "listrada" - são uma acróstico das palavras:
Isso porque, como foi dito, Iossef e Metatron são da raiz de Zihará Ilaá da
alma de Adão.
Estes dois outros nomes são dois nomes dos setenta nomes do Anjo
Ministro (Sar Hapnim).
Em relação ao Rabi Tarfon — ”; saiba que ele é das 288 centelhas
conhecidas, que é o valor numérico de — ” "Teref”, [palavra ligada ao
seu nome] — ”.
É sabido que estas são as cinco Guevurot das letras — ”: Mem, Nun,
Tsadic, Pê e Chaf, que são as Águas Femininas, e que possuem valor
numérico de — ”, 280.
Quando elas são divididas em cinco partes [porque são 5 letras], cada uma
fica com um valor de 56, que são as duas letras — Vav e Nun do nome
Tarfon (”).
Sendo assim, vemos que o nome Tarfon é composto do valor numérico 56
— ”, das Cinco Guevurot, que, por sua vez, no valor numérico possuem
289 — ” centelhas.
A reunião de tudo isso se chama Tarfon — ”.
Meu mestre, de abençoada memória, também me disse que ele viu com os
próprios olhos o Rabi Iehoshúa ben Karcha e o Rabi Iehoshúa, filho do Rabi
Akiva, e eles não eram a mesma pessoa.
Isso contraria o que disse o Rashi, de abençoada memória, ao falar da
Bacheret (doença cutânea), afirmando que eles eram a mesma pessoa.
O Rambam, que escreveu o manuscrito chamado de Mishnê Torá, e o
Ramban, de abençoada memória; possuem a raiz nas duas laterais do
cabelo de Zeir Anpin, no nível da Barba, em certo aspecto do Tikun
chamado de El (”).
Já foi ensinado que a costeleta é chamada de El, e este é o segredo de El
Shadai (””), que, pelo valor numérico resulta no mesmo valor de —
”, Moshé.
Por isso ambos se chamavam Moshé.
No entanto, o Rambam [Rabino Moshé Ben Maimon — Maimônides] é da
costeleta esquerda e por isso ele não teve mérito suficiente para apreender
a sabedoria do Zôhar.
Já o Ramban [Rabino Moshé Ben Nachman] é da costeleta direita, e por isso
ele conseguiu este mérito, como é sabido.
E, como sabemos, este El mencionado é ligado aos "grossos espinhos" que
estão ali, e que são do aspecto de Malchut, que, por sua vez, é a fonte do
Severo Julgamento [hebraico: Dinim].
Isso é assim, pois eles são do aspecto dos pelos e dos grossos espinhos, e
mais ainda porque são do aspecto de Malchut.
E é em referencia a eles que está escrito "El se irrita todos os dias contra os
impios."
Por isso, até mesmo o Ramban, que é da costeleta direita, não atingiu esta
sabedoria a não ser em sua velhice, como está mencionado em seus
escritos, de que em sua juventude ele não acreditava nisso, até que o seu
mestre, Rabi Azriel, motivou-o a estudar isso, quando apareceu diante dele
[milagrosamente], por Kefitsat Hadérech [um termo cabalístico que se
refere à capacidade dos cabalistas de transcender as limitações fisicas do
espaço e do tempo, e de instantaneamente aparecer em um lugar diferente
- pode ser entendido como um salto quântico realizado fisicamente].
Além disso, saiba que a meretriz Rachav era uma alma muito santa, e não
foi à toa que ela se casou com Iehoshúa Ben [Josué, filho de] Nun.
Isso é sabido do que nossos Sábios disseram, de que o dom da profecia
veio a ela quando ela disse: "por três dias ficareis escondidos".
Isso também pode ser visto no Zôhar sobre o versículo "que me dareis um
sinal verdadeiro [literalmente: uma letra da verdade]," onde se fala muito
da sabedoria dela e na intenção dela quando fez este pedido a eles.
Isso se explica porque a meretriz Raabe (hebraico: Rachav) era da Raiz de
Cáin e por isso ela pediu deles o 'sinal (literalmente: a letra) da verdade'.
Isso corresponde ao que foi dito a ele [Cáin]: "E Adonai pôs em Cáin um
sinal [literalmente: uma letra]."
Os nossos Sábios disseram que a letra posta em Cáin era a letra Vav do
Tetragrama, que representa Tiféret, chamada de "Verdade".
A explicação desse assunto é que todas as Nefashot dos prosélitos são de
Malchut, que é feminina, pelo segredo do 'Prosélito pela Justiça' [que se
refere a Malchut].
E o que ela de fato pediu a eles é que a elevassem até Tiféret, o masculino,
chamado de Verdade, de onde as almas dos filhos de Israel saem.
E eles lhe responderam "Quando o Eterno nos entregar a terra, usaremos
para contigo de misericórdia de verdade"
A terra é o aspecto de Malchut.
Além disso, Moshé, que é de Tiféret, como é sabido, morreu no deserto e
não pôde entrar na terra, que é Malchut, pois seus filhos não tinham força
para elevá-lo.
No entanto, [eles disseram]: Nós podemos te elevar até o 'Palácio do
Desejo Feminino', sobre o qual está escrito "como as linhas vermelhas dos
teus lábios," como mencionado no Zôhar, na Porção Semanal de Pecudê" .
Por isso está escrito: "e a esperança deste fio vermelho".
Mas o que ela queria mesmo era subir para o Palácio Superior Masculino,
chamado de Tiféret, onde a Neshamá de Moshé, nosso mestre, ficou
reservada, como está mostrado na Porção Semanal de Pecudê.
A questão deste fio é o que está escrito no Zôhar sobre o versículo: "que
nem um fio nem um cadarço de sapato, tomarei, etc."
Este é o fio de Chéssed de Avraham, por meio do qual as almas dos
prosélitos se despertam, pelo segredo de "Avraham passou duas vezes pelo
Outro Lado", como mencionado na Porção Semanal de Terumá sobre o
versículo "couros de Táhash," chamado de "fio vermelho", pois está
localizado no [aspecto do] feminino.
E isso está conforme o que está escrito "seus lábios são como um fio
vermelho", aludindo a Din, de existência no [aspecto do] feminino também.
Então, quando ficou claro para ela que ela não poderia subir até Tiféret, ela
não quis amarrar [na janela] a 'um pedaço de fio', que é Malchut, chamada
de "esperança".
E nem o fio em si, que é Iessód, pelo segredo de "O fio de Avraham que
desperta as Nefashot dos prosélitos".
Mas ela colocou o fio vermelho [em hebraico, a palavra também pode ser
lida como "dois"] na janela, que é uma referência à Nétsach e Hod.
E depois ela reencarnou em um homem, que é Chéver, o Keneu.
Assim, Rachav — ” se tomou Chéver — ”.
E ele também é da raiz de Cáin.
Depois disso, Chéver, o Keneu, reencarnou em Chaná, mãe de Shmuel, o
profeta.
Agora, como ela tinha amarrado o 'fio vermelho', aludindo a Nétsach e Hod,
como mencionado, ela conseguiu dar à luz Shmuel, que tinha seu dom
profético vindo de Nétsach e Hod.
Foi a isso que Chaná, a profetisa, aludiu em seu cântico: "a minha boca se
dilatou (rachav) sobre os meus inimigos."
Ela também disse "eu sou uma mulher teimosa [literalmente: de espírito
bravo]."
Isso quer dizer que no início, na sua encarnação em Rachav, a meretriz, ela
tinha um 'espirito bravo' por estar ligada ao Outro Lado [da impureza].
Iael, a mulher de Chéver, o Keneu, também teve mérito e reencarnou em
um homem, a saber: Eli, o Sacerdote, cujo nome contém as mesmas letras
de Iael, ao inverso: ” — ”.
E ele servia na tenda de Shiló, como é sabido.
E é uma tenda, não uma casa.
Por isso está dito: "bendita seja sobre as mulheres que vivem em tendas"
pois Iael foi abençoada mais do que as outras mulheres.
E esse é o significado de: "Bendita mais que todas as mulheres seja Iael."
E perguntou-se porque esta benção foi dada para ela e não para todas as
mulheres.
E se disse: "bendita seja sobre as mulheres que vivem em tendas", pois sua
vida, no início, era do nível das mulheres, e depois passou a ser do
masculino, quando servia como sacerdote na tenda de Shiló, como
mencionado.
Adendo:
Shmuel disse: Parece-me, segundo a minha humilde opinião, de que é
correto dizer que Chéver, o Keneu, reencarnou em Chaná, mãe de Shmuel,
por isso ela era estéril, pois sua alma era masculina.
Então ela não engravidou até que Eli, o sacerdote, rezou por ela.
E ele era a reencarnação de uma mulher, a saber, Iael, mulher de Chéver.
Então foi por ele que Chaná engravidou.
Para mim tudo isso se encaixa muito bem, em minha humilde opinião.
Vamos falar da geração de Cáin, de Iuval e Ioval.
Já foi explicado que do mesmo modo que existe o aspecto de Zeir Anpin no
mundo de Atsilut, chamado de Israel, existe um Partsuf chamado Iaacov,
que é o aspecto de Costas de Aba.
Este aspecto caiu no momento da morte dos Reis de Edom.
Do mesmo modo que o aspecto de Zeir Anpin, chamado de Israel, tem em
si o todo [o aspecto] de Cáin e Hével, que são Chéssed e Guevurá deles e
todas as raízes de Adão, também o Partsuf de Iaacov mencionado tem em
si dois aspectos, chamados de Cáin e Hével, e todas as raízes de Adão.
O aspecto de Cáin que está em Zeir Anpin é Cáin propriamente dito, o filho
de Adão.
E o aspecto de Cáin que está no Partsuf de Iaacov é Iuval, um dos
descendentes de Cáin, como está escrito "E Adá deu à luz Iuval."
Por isso este filho fabricava instrumentos de cobre e ferro, por ser do nível
de Guevurá de Cáin.
Sabemos que a Guevurá é do lado de Ima, chamada Iuval (jubileu), que é o
quinquagéssimo ano.
Por isso seu nome era Iuval.
E este nível está aludido no versículo "que estende as suas raízes à margem
dos arroios [hebraico: Iuval]," pois nele também há todas as raízes que
estão ligadas à Cáin, que é Zeir Anpin.
Este Iuval precisa se retificar antes da vinda do Messias, que venha breve
em nossos dias, amém!
Este é o segredo de "trarão [hebraico: Iovilu] oferendas ao Temível."
[Salmos 76:12. O verbo "irar-se" pode ser lido como "entrou o Ibur"]
Este Iuval será retificado no futuro por Moshé, nosso mestre, de abençoada
memória, por meio do segredo do Ibur que virá nele.
Isso porque em Moshé também há um pouco de centelhas da raiz de Cáin,
mesmo sendo a sua raiz de Hével.
Isso acontecerá, em particular, na geração que antecede a vinda do
Messias; essa geração é chamada de "A Casa de Iaacov", como foi
explicado em seu devido lugar, sobre o motivo para esta geração ser
chamada de "A Casa de Iaacov".
Por isso este Iuval que está no Partsuf de Iaacov será corrigido neste
momento, e isso se dará por meio de Moshé, nosso mestre.
E esse é o segredo de: "E Adonai irou-Se [hebraico: Vaitabér] contra mim
por vossa causa," cujas inicias, em hebraico, formam a palavra - -
Iuval.
E entenda bem isso.
Sobre Lot, filho de Harán, já foi dito anteriormente que ele é uma das raízes
de Hével, filho de Adão.
Agora vamos completar este assunto.
Saiba que Lot, filho de Harán, é do aspecto do polegar da mão direita de
Adão, e esse polegar se estende do segredo de Biná.
Por isso a palavra - ”, Bohen - "polegar" em hebraico tem letras iguais a
Biná, com a diferença que Biná tem um Iud a mais quando Bohen se
escreve sem Vav.
Isso porque ” - Biná são as iniciais de:
Sendo que este polegar é o local de Dinim [Severo Julgamento], como nos
foi explicado no início do Idrat Nassô, quando se falou do assunto do Mundo
de Separação de Zeir Anpin e Nucvá, que tem o mesmo valor numérico da
palavra: "polegar".
Por isso, quando Adão pecou e depois teve Hével, suas centelhas se
misturaram com as Klipot do mal das centelhas de Cáin e Hével.
E ao longo das reencarnações tudo se revela, e em um momento tudo
voltará à sua raiz, como foi explicado.
E foi então que esse polegar, cuja raiz e cujo local estão em Adão, ficou
controlado pela mistura do lado do mal de Hével, que o pegou para si, e se
misturou com ele.
E é deste aspecto que nós dissemos que Lot, filho de Harán, saiu, da raiz de
Hével.
Mas, se formos falar a verdade, ele não é só do polegar de Adão que se
misturou em Hével.
E por isso está aludido o nome: ” - “Hével” nas inicias de:
- "Lot, filho de Harán".
E pelo fato de Lot ter uma deficiência, e por ser misturado nas Klipot do
polegar, nas quais os demônios do polegar conhecidos pela sabedoria da
feitiçaria se revelam através das unhas, então Avraham lhe disse: "Separa-
te de mim"; pois apesar do patriarca Avraham e de Lot serem ambos da
raiz de Adão propriamente dito, mesmo assim, como agora eles estavam
separados de Adão e havia esta mistura nas Klipot do mal de Hével, sem ter
se corrigido ainda, então ele pediu para que se separasse dele também.
E por isso ele o chamava de irmão, como se vê em "nós somos irmãos",
pois ambos são da mesma raiz de Adão propriamente dito.
Este Lot possuía em si duas centelhas de almas boas distintas: Rut e
Naamá.
Ambas se misturaram em Hével, como mencionado.
Depois saíram dele, foram abençoadas e corrigidas.
E como esse polegar é do segredo de Biná, chamada de Naomi, como é
sabido, Naamá, a amonita, saiu dali.
Por isso seu nome é similar ao de Naomi.
Shimon ben Zomá também é desta raiz mencionada e neste polegar
existem 600.000 centelhas de almas, como já foi dito; pois não há um
órgão de Adão que não se divida em até 600.000 centelhas, conforme o
pecado cometido.
Às vezes, pode ser uma divisão menor do que essa, mas nunca maior.
E ben Zomá, que era desta raiz do polegar, precisava passar pelo Ibur e
pela reencarnação com cada uma dessas 600.000 centelhas desta raiz, que
são suas centelhas.
Tudo isso para corrigi-las.
Este é o segredo do que os Sábios disseram, de que ben Zomá viu uma
multidão no Monte do Templo e disse: "Bendito seja quem criou todos esses
para me servir".
A questão é que todos eles eram centelhas que dependiam dele, e ele tinha
passado por Ibur e por reencarnações para corrigi-las.
Já foi explicado que todo o justo que reencarna com uma Néfesh para
ajudá-la a se corrigir tem uma parte dos preceitos [boas ações] que ela
cumpre.
Então, todas estas 600.000 [centelhas] que eram suas centelhas foram
criadas para servi-lo, pois elas se esforçavam e cumpriam preceitos e ele
recebia a sua porção juntamente com elas, sem fazer esforço algum.
No assunto das raízes de almas, falamos acima de uma raiz específica de
Hével que começou com Lavan, filho de Nachor e incluía também o Rabi
Chutspit Haturgueman.
Saiba que esta raiz, por ser de Hével, é do aspecto de Aba.
Já expliquei, em relação a Balac e Bilám, como todas as luzes do lado de
Aba emanam e saem ao mundo passando pelos receptáculos de Ima onde,
por sua vez, Aba fica oculto, como é sabido.
E dela elas saem para as Costas de Dáat de Zeir Anpin, para a Léa que está
ali.
Depois, dali elas se revelam e saem ao mundo.
Por isso, invariavelmente quando as luzes de Aba passam por meio de Ima
elas se misturam.
E esta é a raiz mencionada que incluía Bilám, que posteriormente foi
engolida para dentro dos calcanhares de Léa, que desaparecem dentro de
Kéter de Rachel.
Então eles passam pelo caminho da primeira raiz de Cáin, que é aquela raiz
que inclui o Rabi Altiva e o Rabi Iochanan ben Zacai, e ali se unem.
E elas possuem um pouco de proximidade entre si, pelo motivo
mencionado.
E esta raiz mencionada de Hével fica inclusa dentro da primeira raiz de
Cáin, chamada pelo nome de Cáin.
Por isso é considerado que ela pertence a ele.
Este é o segredo de por que ele o Rabi Chutspit (audacioso), o Turgueman é
chamado assim; pois ele era audacioso e forte para sair de Aba; fazendo a
ruptura e passando por meio das luzes de Biná, que são de Cáin, como é
sabido, para depois sair ao mundo.
Adendo:
Shmuel disse: Agora está tudo certo, por isso que sobre Benaiáhu ben
Iehoiáda ben Ish Chai [filho de homem vivo] se diz na Guemará: todos os
outros são, então, filhos de homens mortos?
E explica-se ali que isso significa que era filho de um justo, que é chamado
de vivo mesmo depois de morrer.
E é preciso entender o que essa declaração quis ensinar e qual é a inovação
disso que foi dito sobre Benaiáhu ben Iehoiadá, mais do que de outros
justos.
Observe o que o meu mestre me disse e agora tudo se encaixa, porque
Benaiáhu era a encarnação de Calev, e Calev tinha revestido em si a alma
de Iehudá.
Por isso temos três vezes a palavra — " "ben".
Em Benaiáhu a primeira vez, em Calev ben Iefuné a segunda vez e em
Iehudá a terceira vez.
E estas três vezes estão aludidas neste versículo: "E Benaiáhu ben
Iehoiadá, ben Ish Chai [filho de homem vivo]."
O termo Ben aparece no nome dele, e depois em "filho de".
O termo „Chai' alude a Iehudá, que é o terceiro Ben.
O nome Iehudá ficou aludido na palavra „Chai' (vivo) para indicar a
encarnação de Iehudá em Calev, cuja vitalidade permaneceu em si e não
partiu dele [ou seja, o Ibur de Iehudá ficou nele].
E depois Benaiáhu mereceu a ambos.
Por isso ele é chamado de "ben"; Benaiáhu ben Iehoiadá ben Ish Chai.
Vamos falar de Iaacov, que é a luz que sai das paredes de Iessód de Aba
revestido em Zeir Anpin.
Sua luz, então, sai de Zeir Anpin, mas a luz de Iessód de Aba que está
dentro do espaço vazio do corpo e da barriga de Zeir Anpin é chamada de
Moshé.
E ali existem cinco aspectos: O primeiro estando acima, em Dáat de Zeir
Anpin, porque Iessód de Aba também se reveste ali.
O segundo fica no terço superior de Tiféret de Zeir Anpin, que é o local
coberto dentro de Iessód de Ima.
Sobre este local está dito "E Moshé escondeu sua face."
O terceiro está nos dois terços inferiores de Tiféret, que é o local revelado.
É dali que se revelava a profecia de Moshé.
O quarto está em Iessód de Zeir Anpin, onde se reveste a Coroa do Iessód
de Aba.
Este é o aspecto de Shet, filho de Adão e este é o segredo de "deportados
da Etiópia [literalmente: os expostos de Shet]."
O quinto é o vapor [hebraico: Hevel, que também é o nome de Hével] que
sai da boca de Iessód de Zeir Anpin para fora.
E este é o aspecto de Hével, filho de Adão, pois todos são de uma raiz.
E a 'geração do deserto' são as luzes que saem de Dáat de Iaacov, pelo
lado das Costas nele, que é chamado de Léa, a mulher de Iaacov.
Por isso é comum chamar esta geração de "Geração de Conhecimento"
(Dáat).
No entanto, lá a explicação dada é outra, de que a 'impressão' feita pelas
luzes mencionadas entre o corpo de Zeir e o corpo de Iaacov é chamada de
"Geração, de Conhecimento".
Nadav e Avihú são o Rúach e a Néfesh da Zihará Ilaá de Atsilut que, no
início, estavam inclusas em Adão e que depois foram herdadas por Cáin,
seu filho.
O Rabi Shimon bar Iochai, de abençoada memória, tinha a Neshamá do
aspecto da Luz Circundante.
Nadav e Avihú eram Nétsach e Hod e reencarnaram em Shmuel.
A Zihará Ilaá de Atsilut foi pega por Chanoch (Enoque).
Existe outra erva que é curta, sendo o seu caule, onde nascem as
sementes, curto também.
O conjunto todo parece pequenas tacinhas coladas umas às outras.
Estas tacinhas ficam em volta do caule.
O suco desta erva ajuda os males dos olhos.
Se o olho já for saudável, o suco ajuda a ampliar a visão.
Existe outra erva de uma polegada de altura.
E quando ela produz suas sementes elas surgem em forma de caule.
E dos dois lados dali saem pequenas folhinhas que se parecem com as
folhas da planta fina da mostarda.
As flores também se parecem com as flores da mostarda, e sua cor é
amarela, igual a da flor da mostarda.
Essa erva também é boa para os olhos.
Existe outra erva cujas folhas parecem as da cebola, mas elas são curtas,
medindo uma polegada.
Esta erva só cresce em locais montanhosos e secos, em geral em grandes
altitudes.
Mas as que nascem exatamente na pedra não são boas, só as que nascem
acima da pedra são boas e ajudam a iluminar os olhos fracos que não
enxergam bem.
Ela precisa ser preparada como uma pasta e é preciso adicionar uma avelã
que tenha apenas três nervuras, junto com dez uvas-passas pretas e mel
de abelhas.
Depois disso, ela deve ser comida pela manhã, todos os dias, em jejum.
Existe outra erva cujas folhas são muito largas na base, no local em que se
unem ao caule, sendo que vão se afinando à medida que vão chegando à
ponta.
A sua forma é como a do cardo vermelho.
Elas ajudam na cura da lepra.
Por fim, existe outra erva que é pequena e cuja raiz se parece com
cebolinhas pequenas, do tamanho de azeitonas.
Na ponta ela tem uma flor amarela. [Flor não identificada.]
Se isso for amassado junto com mel de abelhas, temos um remédio bom
para melhorar a visão e os olhos.
Isso é tudo que aprendi sobre as ervas com meu mestre, de abençoada
memória.
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 37
Introdução 37
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 38
Introdução 38
Ele me disse que apesar de no Zôhar estar escrito que Caim vem da
impureza da Serpente e Abel vem do lado de Adão, a explicação do assunto
é a seguinte: por causa do pecado de Adão, o bem se misturou com o mal,
e por isso Caim e Abel nasceram ambos com o bem e o mal, misturados.
Só que a maior parte de Caim era má porque vinha da impureza da
Serpente.
E a maior parte de Abel era boa pois vinha do lado de Adão, sendo apenas
uma pequena parte sua má, aquela que vinha da impureza da Serpente.
Mas a parte boa de Caim é muito, mas muito elevada, pois ele era o
primogênito e pegou a primogenitura da parte do bem, como mencionado
no Zôhar, na Porção Semanal de Bereshit, folha 36b, sobre o segredo de "tu
lhe ferirás o calcanhar."
Depois Caim começou a se corrigir em Cainan e Mahalalel, como
mencionado no Zôhar, Porção Semanal de Terumá.
Posteriormente, quando surgiram Iaacov (Jacó) e Eissav (Esaú), eles eram
o segredo de Abel e Caim.
Quando eles nasceram, Iaacov nasceu segurando o calcanhar de Esav.
Isso significa que ele ficou segurando a parte boa da primogenitura que
Eissav pegou, e que, na verdade, era o bom de Caim que se misturou com
o mal, como foi mencionado.
Isso é pelo segredo de "tu lhe ferirás o calcanhar."
Por causa deste calcanhar [hebraico Akév] que ele ficou segurando ele foi
chamado de Iaacov.
Depois, quando ele teve Issachar, ele lhe deu por herança esta parte boa
que tinha pegado de Eissav, que era do lado do bem de Caim.
Este é o segredo de "E ele esteve com ela naquela noite", referindo-se
justamente a Iaacov, chamado assim por causa do calcanhar que
mencionamos.
E ele deu esta parte à Leá pelo segredo de sua união com ela.
E desta união saiu Issachar.
É isso que está dito no Midrash Haneelam de Rute, quando se diz que de
Issachar saiu o Rabi Akiva, que também é o calcanhar mencionado.
Depois a reencarnação se deu em Nadav e Avihú, que são duas partes do
mesmo corpo, como mencionado no Zôhar, Porção Semanal de Acharei Mot,
57b.
Posteriormente, eles entraram por meio do Ibur em Pinchás, que é Elias, o
profeta, até o momento em que ele foi para a caverna.
E ele os perdeu por causa do que fez com a filha de Iftáh, quando também
perdeu o dom da profecia.
Depois ele os pegou de volta na caverna do Monte Horeb, como mencionado
no Zôhar.
No mesmo instante eles saíram de Elias, e reencarnaram por meio da
encarnação de fato em Samuel, o profeta.
E o meu mestre, de abençoada memória, me disse que lhe mostraram em
sonho de que o meu local é o calcanhar, no local de Samuel, o profeta.
E meu mestre, de abençoada memória, me disse que foi por este motivo
que mostraram a ele em um sonho que meu local era do Calcanhar — o
mesmo local de Samuel, o profeta.
Depois eles voltaram e entraram por meio de Ibur em Elias.
Depois voltaram e entraram por meio de Ibur em Elishá, o profeta.
Depois reencarnaram em Chizkiáhu, rei de Judá.
Depois ainda reencarnaram em Matitiáhu ben Chashmonaí, o sumo
sacerdote.
Depois eles reencarnaram em Akaviá ben Mahalalel, depois no Rabi
Iochanan ben Zacai, no Rabi Akiva ben Iossef, e no Rav Iba Saba da Porção
Semanal de Mishpatim.
Depois no Abaiê, no Rabi Achai mencionado na Guemará — "O Rabi Achai
perguntou" — no Rav Acha de Shavcha, o Gaon que fazia perguntas.
Depois, no Rabi Dostai Gaon, e no Rabi Aharon Halevi, neto do Rabi Zarchia
Halevi, autor do "Hamaor", e no Don Vidal de Tolosa, autor do Maguid
Mishná, e no Rabi Shaul Trishti.
Depois, no Rabi Iehoshúa Soriano, no garoto chamado Avraham e, por fim,
em mim, o jovem Chaim.
Depois ele me contou detalhadamente sobre diversas pessoas que eram da
raiz de minha alma.
E todas eram do aspecto da minha Néfesh.
Existem ainda outras, também da minha Néfesh — e estas são as
mencionadas aqui: Caim; Cainan; Iuval; Mahalalel; Issachar; Shilo ben
Iehudá; Nadav e Avihú; Ioval; Lemech, seu pai; Nachshon ben Aminadav;
Natanael ben Tsoar; Korach; Datan e Aviram; Itro; Pinchás ; Ataniel ben
Ceinaz; Carmi, pai de Achan; Shamgar ben Anat; Shimshon (Samsão);
Elcaná; Shemuel, o profeta; Avia ben Shemuel; Chéver, o Keneu; Iael, a
mulher de Chéver, o Keneu; Rachav, a meretriz; Eli, o sacerdote; Afiai;
Sismi, amigo de Avi Shochoa; Ishbách, pai de Ishtamoa; Ieshuvi Lechem;
Ishai, pai de David; Avishai ben Tseruiá; Shamá, irmão de David; Doeg e
Achitofel; Aviá ben Rechav'am (Rehoboám); Elias, o profeta; Elishá, o
profeta; Ioná ben Amitai; Chiel de Beit Há'Eli; Navot, o Izreelita; Micha, o
Morashita; Nachum, o Alcushita; o rei Chizkiáhu; Menashe ben Chizkiáhu;
Uriá, o sacerdote; Zachariahu ben Ievarchiahu; Iechezkel; Eliahu ben
Barche'el, o buzita; Chanania, amigo de Daniel; Nadavia ben Iochniáh, o
rei; Anani ben Elio'ani.
Estes são da época dos Tanaítas: Matitiáhu ben Chashmonai, sumo
sacerdote; Iossi ben Iochanan, Ish Ierushalaim (de Jerusalém); Natai, o
Arbelita; Akaviá ben Mahalalel; Rabi Iochanan ben Zacai; Rabi Akiva ben
Iossef; Rabi Iossi, o Galileu; Rabi Nehorai Savá (o ancião), do Zôhar, no
final da Porção Semanal de Tetsavê; Rav Iba Saba de Mishpatim; Ionatan
ben Hurkenos; Chanina ben Chizkiáhu; Ben Gurion; Aba Shaul; Rabi
Ishmael ben Elisha, sumo sacerdote; Rabi Chutspit Haturgueman; Rabi Iossi
ben Meshulam Kahala Kadisha; Rabi Iehuda bar Elai; Rabi Acha bar Ioshaia;
Raban Gamliel.
Meu mestre ainda me disse que um dos amigos do Rabi Shimon bar Iochai
mencionado no Idra Raba é da raiz da minha Néfesh, mas ele não quis me
dizer quem era e nem explicar o assunto.
Existem ainda alguns outros Tanaítas que tem relação comigo, mas não sei
em que sentido.
São eles: Rav Shamaia Chassida, o mestre do lenuca na Porção Semanal de
Balác.
Rabi Tsadoc, o sacerdote; Rabi Kismá, pai do Rabi Iossi ben Kismá e o Rabi
Crospedai, mencionado no Zôhar, Porção Semanal de Shelach Lechá.
Estes são os Amoraítas: Rav Huna, que era Líder da Diáspora na Babilônia
na época do Rabeinu HaCadosh, e cujo caixão foi levado para Israel na
época do Rabi Chia; Iehudá e Chizkiá, filhos dó Rabi Chia; Levi bar Sissi;
Rabi Shimon ben Iehotsadac; Rav Iba Saba, o Amoraíta, aluno do Rav e pai
do Rav Hana, além de ser sogro do Ashian Ben Nidbach; Pinchás, irmão de
Shemuel; Rabi Miasha da época do Rabi Iochanan; Rabi Shila, do tratado de
Berachot, a quem ocorre um milagre; Rav Issa, o Amoraíta, que é o Rav
Assi, o sacerdote; Rabi Tsadoc, discípulo do Rabenu HaCadosh; Rabi Iermiá
bar Aba, da época do Rav; Rabi Chilkiá bar Aba; Rav Shemen bar Aba; Mar
Ucba; Rabi Zerica; Rabi Sechora; Rabi Akiva, o Amoraíta; Ula bar Cushev,
da época do Rabi Iehoshúa ben Levi; Abaiê, chamado de Nachmani; Rami
bar Chama; Rav Bibi bar Abaiê; Rav Dimi de Nehardea; Rav Nachumi; Rabi
Mesharshiá; Rami bar Iechezkél; Rabi Imar; Rabi Shemuel bar Shilat; Rabi
Abin Nagra; Natan de Tsutsita, Líder da Diáspora; Rabi Tanchum de Min
Noi; Rav Ivá, pai do Rav Sama; Rabi Safra, da época do Ravina; Rami bar
Tamari; Rafram bar Pepa; Rabi Zeira bar Hilel; Rabi Zeiri de Dahavat, Ravin
e Rav Dimi que emigraram da Babilônia para a terra de Israel; Rabi Chaná
Bagdateá; Shivchat, filho do Ravina; Rabi Chama bar Buzi; Rabi Sheisha,
filho do Rav Idi; Rabi Chia de Daftai; Iehoshúa bar Zarnuqui, chamado na
Guemará de Chiá bar Zarnuqui, o que é um engano; Aiu; Avdimi; Bali; Rabi
Iehuda Hindua; Rav Taviomi; Rabi Malchaio.
Estes são os Sábios Savoraítas: Rabi Achai e Raba de Pumbedita.
Estes são os Gaonim: Rabi Acha de Shavchá; Rabi Dustai Gaon; Rabi
Tsemach, o primeiro Gaon, filho do Rav Paltoi Gaon e o Rabi Nehilai, o
primeiro Gaon.
Estes são os Posquim: Rabi Shlomó bem Adêret (Rashba), de abençoada
memória; Rabeinu Aharon, neto do Rabi Zarchiá Halevi; Don Vidal de
Tolosa, autor do Maguid Mishná; Rabi Iossef Caro, autor do livro Beit Iossef
(Shulchan Aruch); meu irmão, o honrado Rabino Moshé Vital e eu, o jovem
Chaim.
E saiba que todos estes são apenas da raiz do aspecto de Néfesh, e existem
muitos deles cujo aspecto de Rúach é de outra raiz, até mesmo o Rabi
Akiva — cujo Rúach era de outra raiz.
A única exceção é o Abaiê, cuja Néfesh, Rúach e Neshamá inteiros eram da
mesma raiz que a minha Néfesh.
Portanto, todas estas encarnações que mencionei, desde Caim até chegar a
mim, são apenas relacionadas ao aspecto da Néfesh.
Shabtai, o revendedor de frutas, é uma das Klipot da raiz de minha Néfesh.
Ele também me disse que o Rav Iba Saba, de abençoada memória, é mais
ligado ao Rabi Iehoshúa Soriano, que comeu a gordura [proibida do
animal], como já foi dito.
Se eu corrigisse isso, ele se ligaria a mim mais do que os outros.
O Rabi Iochanan ben Zacai está ligado ao autor do livro Maguid Mishná por
causa da questão da mulher menstruada.
O Rabi Akiva está mais ligado ao Rabi Shaul Trishti, por causa da questão
do derramamento de sangue que mencionamos.
A questão do Rabi Akiva se deu porque ele também errou em algo similar,
colocando em volta do seu ombro o corpo de um falecido e andando alguns
quilômetros com ele.
E os Sábios disseram para ele que a cada passo que ele dava era como se
ele estivesse derramando o sangue do falecido [porque ele parou de
estudar a Tora que é considerado um preceito mais importante].
Por isso que ele é unido ao Rabi Shaul.
Mas sobre os outros dois o meu mestre não quis revelar nada, já que os
Sábios não falaram nada sobre isso.
No entanto, sobre o Rabi Akiva os sábios já tinham revelado e, por isso, ele
podia falar do assunto abertamente.
Ele também me disse que via escrito na minha testa o versículo:
Certa vez eu fui com o meu mestre ao local em que os amigos do Rabi
Shimon bar Iochai se reuniam quando compunham o Idra Raba de Nassô.
E ali, a leste do caminho, existe uma pedra com duas protuberâncias
enormes.
Na protuberância do lado norte se sentava o Rabi Shimon bar Iochai na
época do Idra Raba.
Na protuberância do lado sul se sentava o Rabi Aba.
Ao lado da árvore que se encontra do outro lado destas protuberâncias, a
oeste delas, se sentava o Rabi Elazar.
O meu mestre se sentou, então, na protuberância norte, no local em que
ficava o Rabi Shimon bar Iochai.
E eu me sentei na protuberância do lado sul, no local do Rabi Aba, mas sem
o saber.
Só depois de ficarmos ali é que meu mestre me explicou tudo isso, sendo
que eu não sabia de nada daquilo de antemão.
Portanto, fiquei sabendo que um dos amigos que compôs o Idra Raba era
da minha raiz de alma, ou seja, o Rabi Aba.
Isso se fez saber pelo fato de eu ter sentado no seu local sem saber.
Só devo dizer que quanto a este fato de nos sentarmos nestas
protuberâncias, eu tenho dúvidas se foi nesta posição que sentamos ou
invertido.
Meu mestre me disse que uma vez, quando ainda era pequeno, eu
amaldiçoei a minha mãe e por isso ele me pediu que eu me penitenciasse
por três dias seguidos, dia e noite; e meditasse que isso eram 72 horas,
que são paralelas às duas coroas de Chassadim e Guevurot de Aba e Ima,
ocultas nas três patriarcas, Chéssed, Guevurá e Tiféret — que são 72, como
é sabido, já que o nome de 72 letras se localiza em Chéssed, Guevurá e
Tiféret.
Como o que eu fiz foi separar estas duas coroas do Filho Superior, eu
deveria meditar em retorná-las ao seu local por meio destas 72 horas que
existem nessas três penitencias [dos três dias].
Ele me disse que eu deveria fazer isso nos três dias antes dos dias de
Shavuot, meditando também no segredo do versículo "Preparem-se para o
terceiro dia" que se refere ao terceiro dia [de Shavuot], quando se cancelou
a impureza de Israel.
Por meio deste período de jejum também se separaria de mim a impureza
que estava em mim, para que assim eu recebesse força para entender os
segredos da Torá na noite de Shavuot juntamente com ele.
E na noite de Shavuot eu fiquei estudando com ele a noite toda os segredos
da Torá.
E eu não dormi nada durante toda aquela noite.
Ele também me disse que esses três dias de jejum ajudaram a anular o
decreto de 44 anos que estavam faltando da vida do Rav autor do livro
Maguid Mishná, como mencionamos anteriormente.
Estes 330 mais 180 resultam em 510; tirando 11 que é o valor numérico de
— " (Vav e Hê - 6+5) ficaremos com 499 (+1 — a unidade) que é o valor
da palavra hebraica de "ombro".
Os preceitos negativos são 15, em alusão às duas letras iniciais - " [Iud e
Hê — 10+5], do Tetragrama — ".
E como nossos Sábios, de abençoada memória, disseram de que — [Iud e
Hê - 15] com — " [Shemi - Meu Nome - 350] somam - 365, e que —
" [Vav e Hê — 11] com — " [Zichri — Minha Memória — 237] somam
248.
O Rabi Alzin, de abençoada memória, me disse que uma vez ele foi até a
casa do Mestre na noite de Shabat [sexta à noite], depois da meia noite,
por causa de tanta inveja que tinha em seu coração; porque ele era mais
velho do que eu, porém precisava ouvir a lição dada por mim.
Então, ele tinha ido chorar perante meu mestre por causa dessa questão.
O que ele respondeu é que ele, de abençoada memória, tinha vindo ao
mundo para passar os ensinamentos somente à mim!
E que os outros amigos nossos não podiam aprender sequer uma letra dele,
mas que deveriam estudar comigo.
Eu também já tinha ouvido isso diretamente da boca do meu mestre, de
abençoada memória.
Este aluno ainda lhe perguntou que se havia outras pessoas maiores do que
a raiz da minha Néfesh, por que ele deveria se sujeitar a mim?
Querendo dizer que ele deveria se sujeitar a almas mais elevadas, e não a
mim.
Meu mestre lhe respondeu que o assunto não funciona assim, mas sim
depende da Néfesh da própria pessoa, que deve ser de um local elevado.
O Rabi Iehudá Baguiliair também me disse que o meu mestre lhe contou
sobre a proximidade que meu mestre tinha comigo.
Isso porque as três letras: '' - Alef, Bet e Iud estavam aludidas no nome
de: '' — Akiva, de trás para frente.
Ele não quis me explicar mais do que isso, mas também me disse que sobre
mim foi dito: "O que já foi voltará a ser,"8 cujas iniciais em hebraico
formam o nome: '' - "Moshé - Moisés" .
A questão é que do mesmo modo que o Rabi Akiva ensinou Torá para seus
24.000 alunos e para todo o mundo, eu faria o mesmo, com a ajuda do
Santíssimo, bendito seja.
] formam a expressão:
"Eliahu vive [ou é vivo]".
O assunto é conforme o que está dito em relação a Moisés:
Ele era o mestre de todo o povo de Israel, e seu porta-voz era Aharon, o
sacerdote, como está escrito: "servirá para ti por boca", porque Moisés era
gago e tinha dificuldades de falar.
E no futuro, na geração do Messias, Moisés virá por meio de uma
reencarnação e ensinará Torá para todo [o povo de] Israel.
Ele também terá dificuldade no falar e o seu porta-voz será Eliahu Hanavi
[Elias, o profeta] de abençoada memória, que está vivo constantemente.
Sabemos que ele é Pinchás ben Elazar, filho de Aharon, o sacerdote, irmão
de Moisés.
Por isso está escrito "Ele zombará [em hebraico pode significar também
advogará] dos zombadores [também para quem precisar de advocacia] e
oferecerá a graça aos humildes, etc".
Quer dizer: "Quem precisar de advocacia" [o que aparece no versículo como
zombadores] se refere a quando Moisés precisar de um advogado e de um
porta-voz [ou tradutor], então Eliahu, que está vivo, advogará para ele, e
será seu porta-voz. Porém, ele [meu mestre] não quis explicar mais; como
relacionar esse assunto com a primeira questão que estávamos discutindo.
Um dia ele me contou que lhe tinham dito, durante suas orações, que num
futuro próximo eu veria um anjo face a face e que ele falaria comigo.
Eu o instei a me dizer qual seria o seu nome, e ele me disse que seria Elias,
de abençoada memória.
Um dia ele me disse que a parte do meu Rúach tinha começado a brilhar
em mim, por meio da alma extra que recebo em particular toda sexta-feira
à noite, [e vai continuar assim] até se completarem os dois anos e meio,
mencionados acima.
Eles começam no início do mês de Iyar de 5331 [= 1571]e iria até o início
do mês de Tishrê de 5334 [=1573].
Depois disso eu teria em mim aquela parte do Rúach por inteiro e então
receberei a completa Inspiração Divina.
O que se passa é que a Néfesh consegue cumprir os preceitos apenas na
ação, mas para completar o nível de entendimento da Torá e de alcance do
Espírito da Santidade, é preciso ter a parte do Rúach.
Portanto, a questão do meu alcance fica pendendo até eu receber esta
minha parte do Rúach de maneira definitiva e completa, com a ajuda do
Santíssimo, bendito seja.
Ele ainda me disse que esta centelha da parte do meu Rúach que estava
entrando em mim, vinha acompanhada com a centelha do Rúach do Rabino
Akiva, que estava revestida nela.
Isso ocorreu, pois minha Néfesh também estava acompanhada com a
Néfesh do Rabino Akiva pela própria encarnação, como será explicado
posteriormente, e por isso, parte do meu Rúach estava vindo acompanhada
justamente com o Rúach do Rabino Akiva.
Quando eu recebesse, portanto, o meu Rúach de maneira completa, em
mim haveria também o Rúach do Rabino Akiva.
Mas, antes disso, eu precisava completar a minha Néfesh, nos dois anos e
meio mencionados.
Depois de completá-la perfeitamente eu mereceria receber o meu Rúach,
que viria juntamente com o do Rabino Akiva, pois é sabido que o Rúach não
pode entrar na pessoa antes que se termine a correção da Néfesh por
completo.
A não ser que aconteça em particular, pela 'alma adicional' [que entra na
pessoa] na sexta-feira à noite.
E isso não é feito, senão por meio de arrependimento e bons atos.
Ele ainda me disse que não haveria nenhuma outra pessoa da minha raiz de
alma que ficaria comigo pelo segredo da reencarnação, mas apenas o
Rabino Akiva.
Este realmente ficaria comigo por meio da própria encarnação; os outros, se
por acaso viessem unir-se a mim, seria apenas por meio do segredo do
Ibur, mas nunca por uma encarnação de fato.
Um dia ele me disse que a raiz da minha Néfesh era uma das Dez Gotas de
Sêmen de Iosséf, que saíram das unhas dele; uma daquelas dez gotas,
como é sabido (Introdução 26 e 39).
Ele também me disse que a Néfesh adicional que me veio pelo segredo dos
acréscimos do Shabat era muito elevada e pura, quase do nível de Atsilut.
Neste mesmo dia ele me disse que eu ainda não tinha merecido receber em
mim esta Néfesh, apenas uma ou duas vezes.
Quanto à minha Néfesh, ele me disse que quando Cáin pecou, todas as
centelhas desta raiz, todas elas estavam incluídas nela e vêm dela — até as
centelhas que virão na Vinda do Messias.
Inclusive, a centelha da minha Néfesh estava incluída nela.
E por causa do seu pecado, todas as centelhas se misturaram nas Klipot.
E todas as centelhas elevadas e importantes desceram mais do que as
outras, no fundo das Klipot, pois o pecado de Cáin foi cometido no
Pensamento Superior [hebraico: Machshavá Elioná], como mencionado nos
Ticunim.
E eis que o Rabino Akiva tem o seu local nos braços, pelo segredo de "e sua
mão agarrava o calcanhar de Eissav," como explicado anteriormente, de
que ele era o calcanhar da mão esquerda de Zeir Anpin.
A mão é um membro que o homem pode rebaixar até o calcanhar ou, às
vezes, pode elevar até a altura da cabeça.
Portanto, estes braços caíram até o nível do calcanhar e depois, quando o
Rabino Akiva foi assassinado, ele se elevou e subiu até o nível do
Pensamento Superior.
É por isso que o Santíssmo, bendito seja, disse para Moisés: "Assim subiu
ao Pensamento (Machshavá)", para que ele corrigisse o que estava
maculado.
Por isso meu mestre me disse que eu e todos que se parecem comigo
temos a capacidade de nos elevar através de nossos atos, pois somos do
nível de braços; e de que podemos subir e chegar ao nível elevado e
sublime indefinidamente, e com mais facilidade do que muitas pessoas que
nos antecederam nos tempos passados.
No entanto, o local da centelha da minha Néfesh está nos ombros dos
braços.
Ele me deu um sinal para provar isso, que é o fato de eu ter neste local
pelos longos.
Além disso, o que se vê é que eu estou incluído de Chéssed e Guevurá, por
eu ser do segredo dos ombros.
E eis que a centelha particular de minha Néfesh ainda não tinha
reencarnado e, portanto, ainda não tinha vindo ao mundo, sozinha — só
agora!
Nesse sentido eu sou 'novo' (veja Introdução 12).
Mas no sentido que eu tinha saído incluído da Néfesh de Cáin, como
mencionado, eu preciso completar os meus Néfesh, Rúach e Neshamá
(NaRaN) que foram maculados.
Pois estou ali por causa do pecado de Cáin.
Isso quer dizer que eu preciso corrigir a minha parte que está ali.
E também, a centelha da minha Néfesh está próxima e adjacente à do
Rabino Akiva, mais do que qualquer outra.
É por isso que ele vem reencarnando comigo mais do que os outros.
Meu mestre me disse que existem três pessoas que erraram sobre o fim dos
tempos.
Uma delas é Iaakóv, quando chamou seus filhos e lhe foi retirada a visão do
que ia suceder.
Outro é o Rabino Akiva, que contém em si as letras de Iaakóv, para mostrar
que seus erros eram similares.
Em seu caso, o que se passou é que ele achou que Ben Coziva era o
Messias.
E o outro é Samuel, que enganou-se no assunto de Eliav, de quem ele
pensou que iria sair o Messias, como está escrito: "Certamente o Seu
ungido está perante Adonair”
Por causa disso, estes três reencarnaram, para corrigir este erro.
Meu mestre, de abençoada memória, me disse que a Néfesh do Rabino
Akiva não era como a Néfesh dos outros prosélitos, criadas pela união das
almas dos justos no Jardim do Éden da terra, conforme mencionado na
Porção Semanal de Shlách Lechá.
A Néfesh dele era muito elevada, mas por causa do pecado de Adão e Cáin
ela foi parar no meio das Klipot e foi obrigada a entrar no corpo de um
prosélito.
Por conta disso, ela veio revestida em outra Néfesh, chamada de Néfesh do
prosélito [hebraico: Guér], conforme mencionado no Saba de Mishpatim.
Foi esta Néfesh do prosélito que fez com que ele fosse um ignorante
durante quarenta anos, pelo segredo de "Os prosélitos são tão duros para
Israel como uma chaga".
O mesmo ocorreu com o Rabino lochanan ben Zacai, que foi ignorante por
quarenta anos.
Isso se deu porque a raiz da Néfesh de ambos era da Gota de Sêmen de
Iosséf, como já foi dito.
Por isso eu também passei por este pecado em minha vida, quando fiquei
amarrado por nove meses, como mencionado anteriormente.
Ele também me disse que o Rabino Iochanan ben Zacai e o Rabino Akiva
eram os dois braços, direito e esquerdo, de Moisés, misturados com Cáin.
Portanto, os três tiveram iguais anos de vida, cada um vivendo 120 anos.
E é por isso que Moisés queria que a Torá fosse dada pelo Rabino Akiva,
como mencionado no texto "Alfabeto do Rabino Akiva".
Além disso, Moisés matou Og, rei de Bashan.
Nesta época estava misturada nele uma centelha de alma do Rabino
Shimon ben Natanael, cujas iniciais - [em hebraico],
formam o nome: ’’ - Bashan, para aludir a Og, rei de Bashan.
Por isso Moisés tinha medo de matar Og, porque ele tinha em si uma
centelha da santidade e que o fazia temer o pecado.
Depois, esta centelha veio se tornar um discípulo do Rabino Iochanan ben
Zacai.
Em outro Shabat ele me disse que via escrito na minha testa o Tetragrama
— ’’, de um modo bem brilhante.
Isso indicava que o nome do Santíssimo estava me chamando.
Ele me disse, então, que todas as centelhas que existiam na raiz de minha
Néfesh, de Chizkiáhu até a minha, tinham vindo em mim pelo segredo dos
Acréscimos daquele Shabat.
Isso tinha ocorrido então, até mesmo com o lado interno do Rúach de
Chizkiáhu quando veio em mim.
No primeiro dia [hebraico: Rosh Chodesh] do mês de Tamuz ele me disse
que estava vendo a Néfesh do Rav Dimi de Nehardeá pronta para entrar em
mim por meio do Ibur, já que ela era da mesma raiz de minha Néfesh.
Isso se deu porque naquele dia eu tinha cumprido um preceito de
acompanhar o morto e o Rav Dimi tinha uma conexão especial com este
preceito, sendo que ele se preocupava sempre com os preceitos
relacionados a acompanhar os hóspedes e os mortos.
Era por causa disso que ele queria entrar em mim como Ibur.
Ele ainda me disse que Chizkiáhu, o rei, não tinha vivido todos os seus anos
de vida que devia.
E que mesmo que tenham lhe acrescentado quinze anos de vida, foram
acrescentados a ele dos anos que pertenciam a ele, e ainda ele ficou com
alguns anos faltando.
O resto de seus anos foi completado pelo Rav Dimi que mencionamos, pois
ele era a reencarnação do próprio rei Chizkiáhu, sem ter em si mistura de
nenhuma outra centelha.
Era só ele mesmo.
Por isso Chizkiáhu disse "No apogeu de meus dias partirei" e "Privado estou
do resto de meus anos," pois no Rav Dimi estavam o resto de seus anos e
de seus dias de vida. [Em hebraico: "No apogeu" é — Bidemei, que alude a
Rav Dimi.]
E eu, Chaim, vi duas vezes o Raba, o Amoraita, de abençoada memória, me
cumprimentar duas vezes.
Uma quando estava rezando e outra num sonho.
E o meu mestre, de abençoada memória, me disse que o Raba estava
querendo fazer as pazes com o Rav Dimi, que estava me acompanhando.
Isso porque ambos tinham uma rixa por conta do que o discípulo Rav Ada
bar Ahavá fez no caso da maçã que trouxe ao Rav Dimi no navio, como é
mencionado no Talmud.
No início ele achou que este aspecto da cabeça de Cáin ainda não tinha se
corrigido e se completado no Rav Mesharshiáh, pois seu nome pode ser lido
como: ’’ — Shoresh Iáh - "Raiz de Iáh", sendo que a raiz é a Cabeça
e também o nome correspondente é o Iáh.
Por isso temos que o rei Chizkiáhu e o Rav Mesharshiáh são, ambos, da
cabeça de Cáin.
No entanto, em Ezequiel, o profeta, se fortaleceu Cáin, do aspecto das
pernas.
Este é o segredo de: "Filho do homem, levante-se e fique sobre suas
pernas", pois ele era do aspecto de Filho de Adão' e por isso lhe foi dito
para 'ficar sobre suas pernas', para ele as fortaler e as corrigir pois dali ele
tinha vindo.
Por isso ele se chamava Ezequiel — - Iechezkêl, pois no seu nome
em hebraico está a mesma raiz da palavra "força" - Chazák.
[De onde veio esse texto?: Kéter (Coroa), e, curiosamente, o Rei Chizkiáhu
(Ezequias) que era um rei sábio e justo, foi capaz de prever que o seu filho
não nascido ainda seria um rei perverso e que iria corromper os cidadãos de
Judá, levando-os à idolatria. Por esta razão ele se recusou a ter um filho
como esse. O profeta Isaías é enviado para lhe contar sobre sua futura
morte por conta de sua recusa de cumprir o preceito de procriação. Como
está dito no Tratado de Chaguigá: E eles morrem, mas não em sabedoria -
refere-se àqueles que não se casam e morrem sem filhos. Ele, então,
mudou de ideia e recebeu mais 15 anos para viver, já que ele viveu por seu
nome: aquele que deu a força de — ’’ (15).]
Shimon ben Azai e Shimon ben Zomá são os dois Shin do nome
Mesharshiáh.
Por isso Ben Azai se casou com a filha do Rabino Akiva, pois mesmo que
ambos não sejam da mesma raiz minha eles têm uma proximidade muito
grande à minha raiz.
E o mesmo ocorreu com Elias, o profeta, quando entraram nele por meio do
Ibur as almas de Nadav e Avihú, que são de Cáin.
Repare que ele vinha das filhas de Putiel, que é Jetró que, por sua vez, veio
de Cáin, como os nossos sábios disseram.
Além disso, o mesmo ocorre com Elishá e Jonas (Iona), que possuem uma
proximidade muito grande com a raiz de minha Néfesh, mas o meu mestre
não quis dizer mais do que isso.
- "Olha para Tsión (Zião), a cidade de nossas reuniões solenes... uma tenda
que jamais será desmontada, cujas estacas jamais serão removidas."
O meu mestre está aludido neste mesmo versículo, nas iniciais de:
- "uma tenda que jamais será desmontada, cujas estacas jamais serão
removidas".
No entanto, ele não quis me ensinar qual é a finalidade de todas estas
coisas.
Quanto à minha esposa, ele me disse que dentre todas as centelhas da raiz
de minha alma não existe uma mais próxima do que a centelha do Rabino
Akiva.
E que ele fica por perto de mim, e tudo que tinha ocorrido a ele, ocorreu.
Ele me disse, então, que a minha mulher, Chána, é a encarnação de Calvá
Savôa, o sogro do Rabino Akiva.
Repare que ele nasceu em um corpo feminino, vindo como mulher por meio
da reencarnação, pois ele tinha sido uma Rebetsin [Rabino mulher, ou a
esposa de um rabino] do Abaiê.
Repare que ele também era da raiz do Rabino Akiva, como é sabido.
Por isso sobre ele está escrito no Talmud: "Abaiê disse: 'Ela me ensinou.'"
Depois esta alma reencarnou em minha mulher, Chána.
Repare que ela é uma reencarnação de um masculino e por causa disso eu
não conseguirei ter filhos homens com ela, mas apenas mulheres.
E até filhas ela não vai dar à Luz sem uma alma de outra mulher se juntar a
ela, por meio do Ibur.
Meu mestre me disse que entrou nela, por meio do Ibur, a Néfesh da
mulher de Tornseropus, o perverso, que posteriormente se casou com o
Rabino Akiva, como é sabido.
Isto aconteceu devido à proximidade que o Rabino Akiva tem com a minha
mulher, que era a encarnação do seu sogro, como foi dito.
Depois disto ela engravidou de minha filha Angela.
Quando ela nasceu, esta alma entrou nela por meio da encarnação e deixou
o corpo de minha mulher.
Depois que minha filha Angela faleceu, esta alma precisava voltar a entrar
por meio de Ibur pela segunda vez em minha mulher.
Por isso ela voltou a dar à luz outra menina, que era a própria reencarnação
da mulher de Tornseropus, o perverso, conforme mencionado.
Se esta menina sobreviver, é preciso que uma Néfesh de outra mulher
entre pelo Ibur em minha mulher antes que ela possa dar à luz outra
menina e esta Néfesh reencarnaria nesta segunda menina.
Mas, se esta Néfesh que vier permanecesse em minha esposa como Ibur e
não se separar dela para entrar na criança, será possível que a criança a
nascer, seja um menino [porque nesse caso, ela seria considerada como
mulher, já que a Néfesh da outra mulher, do Ibur, ficou nela].
E meu mestre disse que minha esposa morrerá, e que depois eu me casarei
com outra mulher, que terá riqueza enorme, nos moldes do Rabino Akiva
com a mulher de Tornseropus.
E assim eu terei riqueza também por causa do casamento, como ele.
Shemuel disse:
O meu mestre [que era seu pai também] me contou que sua alma-gêmea
verdadeira era a senhora minha mãe.
Na véspera do início do mês [hebraico: Êrev Rosh Chodesh] de Elul de 5331
o meu mestre me mandou para a caverna de Abaiê e Rabá.
Lá eu me prostrei sobre o túmulo do Abaiê, de abençoada memória, e fiz
um Ichud ,na primeira vez, envolvendo a 'Boca e o Nariz de Atica Cadisha'.
Ocorreu então, que veio um sono sobre mim e acabei adormecendo, sem
ver mais nada.
Mais tarde, eu voltei e me prostrei mais uma vez sobre o túmulo do Abaiê e
fiz um Ichud escrito a mão pelo meu mestre.
Adendo:
Shemuel disse:
Eu já escrevi no Sháar Rúach Hacódesh, página 110, esse Ichud [Ichud A'].
E ao eu combinar e permutar as letras do Tetragrama — ’’, com o nome
Adonai — ’’ meu pensamento ficou confuso e eu não conseguia
combiná-los.
Por isso, eu parei de pensar na união destes dois nomes.
Naquele momento eu imaginava que tinha aparecido na minha mente uma
voz me dizendo "Volte, volte" várias vezes.
E algo me fez pensar que aquela voz e jeito de falar eram de Akavia ben
Mahalalel com seu filho, como é sabido.
Por causa disso eu voltei a me concentrar naquela permutação e terminei a
união dos dois nomes.
Aí eu imaginava na minha mente como se estivessem me dizendo "Elohim
proverá para Si o cordeiro para a oferta de elevação, meu filho" e junto com
isso me explicou o seu sentido, que foi assim: Eu não deveria me preocupar
por não ter conseguido fazer o primeiro Ichud que tentei, pois perante o
Santíssimo, bendito seja, foi bem feito e aceito; e por isso "Elohim proverá
para Si o cordeiro".
E apareceu na imaginação da minha mente, como se estivessem me
explicando que neste versículo estava aludido todo o primeiro Ichud que eu
fiz, já que as iniciais dele [em hebraico]:
- possuem o valor numérico 46, como a união do Tetragrama — ’’ (26)
com — ’’ (Eheiê - 21).
Adendo:
Shemuel disse:
Com o acréscimo da unidade [+1, que é a própria palavra].
E as iniciais de:
- "o cordeiro para a oferta de elevação, meu filho" formam o nome:
’’ (Hével) - que é o segredo do ‘sopro' da boca superior em que meditei
com o meu Ichud. [Hével, o nome de Abel em hebraico, significa sopro que
sai da boca.]
E me pareceu como se estivessem me dizendo que nas inicias de:
- estava aludido o nome de: ’’ - Hilel, o ancião.
Porém, não entendi esse assunto.
E eis que tudo isso apareceu na minha mente, e depois me veio um medo e
uma ansiedade muito grandes que tomaram conta de todos os membros do
meu corpo.
As minhas mãos começaram a tremer bem como os meus lábios que se
mexiam exageradamente, e se moviam com rapidez.
E como se uma voz estivesse na minha língua, entre os meus lábios.
Esta voz falava de alta rapidez, repetindo mais de cem vezes.
Ela dizia: "O que falar? O que falar?".
Eu me segurava e tentava controlar os meus lábios, para que não se
movessem, mas não conseguia pará-los de falar de modo algum.
Depois me ocorreu de perguntar sobre a Sabedoria, e eis que a voz
explodiu na minha boca e na minha língua, dizendo: "A Sabedoria, a
Sabedoria", mais de vinte vezes.
Depois a voz voltou e disse: "A sabedoria e o conhecimento (ou a ciência)
— a sabedoria e o conhecimento" — muitas vezes.
E depois voltou e disse: "A sabedoria e o conhecimento te são dados."
Depois ela voltou e disse "A sabedoria e o conhecimento te são dados pelos
céus, o mesmo conhecimento que tinha o Rabino Akiva."
Ela repetia a dizer: "E ainda mais do que o que tinha o Rabino Altiva."
Ela ainda disse: "Como o Rav Iba Saba" e "E ainda mais do que o Rav Iba
Saba".
Por fim, ela ainda disse: "A paz esteja convosco" e "Dos céus estendem paz
a vós".
E tudo isso se deu em uma velocidade muito grande.
Realmente foi algo milagroso que se repetia muitas vezes enquanto estava
acordado e me prostrava dentro do nicho de Abaiê.
Depois eu fui ao meu mestre e ele me disse que eu tinha me elevado muito
por conta dos dois Ichudim mencionados, que eu tinha feito um após o
outro.
E que devem ser feitos nessa ordem.
Porém, o fato de eu não ter recebido alguma resposta do primeiro Ichud se
deve ao fato de que estavam esperando até que eu procedesse ao segundo
deles.
O meu mestre ainda me disse que ao sair de lá e entrar em sua casa ele viu
a Néfesh de Ben Iehoiadá andando comigo.
No entanto, ele me disse que ela não era da mesma raiz que a minha.
Isso se deve ao fato de que ele se revela a toda pessoa que faz esse Ichud
superior.
Porque este é o seu costume na sua vida, como nos é dito em outro local.
Meu mestre me disse que naquela hora, que foi a hora da reza vespertina,
lhe disseram que se eu merecer, naquele próximo Shabat, que Rav Iba
Saba ficasse comigo para sempre e não mais se afastasse em outras
reencarnações minhas, então com a sua ajuda eu alcançará iluminações
muito elevadas, em especial durante a reza da Amidá, quando se faz a
'benção dos anos' e a benção de "Escuta nossas preces".
Isso se deve ao fato de que o Rav Iba Saba também se revela aos justos
como Benaiáhu ben Iehoiadá, como explicado em outro local.
Acrescenta-se a isso o fato de ele ser da minha raiz, por isso, se eu tivesse
o mérito de que ele encarnasse em mim, ele me revelaria milagres
grandiosos, que o Santíssimo quer que aconteça!
No término daquele Shabat, à noite, portanto, eu fiz um Ichud, após a meia
noite, assim que me levantei da cama.
E aconteceu o que foi descrito acima, o Rav Iba Saba me avisou que
através do Ichud escrito à mão pelo meu mestre, eu compreenderei tudo
que eu queria na Sabedoria; e de que eu o precisava fazer três vezes todo
dia, da seguinte maneira: na reza de Tachanun da manhã, na reza de
Tachanun da tarde e na leitura do Shemá da noite.
Com isso eu conseguirei compreender tudo o que eu deseje.
Na noite de segunda-feira, eu voltei a fazer o Ichud depois da meia noite, e
o Rav Iba Saba me disse: "Por que você não fez o Ichud como eu te mandei
fazê-lo, três vezes todo dia? Com isso você alcançaria um grau
infinitamente elevado de compreensão. Vá ao seu mestre, o Rabino Itschac
Ashkenazi, e diga para ele te ensinar como fazer este Ichud nos três tempos
mencionados anteriormente. Diga para ele falar comigo e eu lhe ensinarei.
Depois ele te ensinará. Você não sabe o quão grande você é perante o
Santíssimo, bendito seja. Você é um homem muito grande, como o Rabino
Akiva e seus amigos. Você conseguirá chegar a um nível de compreensão
ao qual nenhum outro homem de sua geração chegará, nem sequer o Ari,
seu mestre. No seu futuro está marcado que você terá uma conversa com o
anjo Elias, de abençoada memória, boca a boca. Portanto, quando você for
fazer este Ichud, eleve-o pelo segredo (das Águas Femininas) de Elias, que
é o nome de 52 letras [52 = ’’] e o segredo das Águas Femininas de
fato. Eleve-o ainda pelo segredo de Nadáv e Avihú, que são o segredo da
Néfesh, e eleve-me também com eles. Com isso você fará com que Elias, o
profeta, venha falar com você, bem como o resto dos anjos. Você não tem
ideia da grandeza de sua alma quando comparada ao resto das pessoas de
sua geração. O Santíssimo, bendito seja, te dará filhos e riqueza, para que
não dependas de nenhum outro homem".
Em outra ocasião o meu mestre disse que Eliahu ben Barcha'el, o buzita, da
família Ram estava no terço superior oculto de Tiféret, e por isso ele era
identificado como sendo da família Ram [que significa elevado].
Elcaná e Samuel, o profeta, seu filho, são de Ramataim, que fica em Dáat
propriamente dita.
Este é o nível superior [heb. Ramá] que envolve os outros dois.
E para mim, o jovem [Chaim], ele me disse, certa vez, que eu era a
Guevurá de Hod Superior, que fica em Dáat.
O Rabino Iossi, o Galileu, é da costeleta esquerda da cabeça, do aspecto de
El Shadai, que fica no Partsuf do ombro esquerdo do partsuf da raiz de
minha Néfesh.
lonatan ben Hurkenus é de Guevurá de Guevurá das cinco Guevurót que
estão em Dáat.
O Rabino Akiva é de Guevurá de Hod de Dáat.
E eu sou da Guevurá de Hod de Dáat de Lea exterior.
O profeta Ezequiel é da gota do sêmen de Adão, antes de Cáin ter nascido,
similar ao que te informei sobre Micha, o morashita e Nachum, o alcoshita.
O Rabino Chutspit Hameturgueman é da Guevurá de Hod de Dáat do lado
de Aba, cuja Luz perfura e passa até chegar a Dáat de Lea exterior.
Da Luz que fica ali, vem a raiz de minha Néfesh.
Parece-me, na minha humilde opinião, que meu mestre tinha me dito que é
preciso que na passagem dela por Dáat de Ima passasse também pela
Guevurá de Hod de Dáat de Zeir do lado de Ima, pois o Aba está escondido
dentro da Ima.
O que fica em Dáat de Hod de Zeir Anpin do lado de Ima é o que tem uma
grande proximidade a mim.
E assim ocorre com todas as outras raízes do meu mestre, o Rabino
Alsheich, que vêm e passam por este caminho mencionado, sendo que eu
tenho uma proximidade com elas.
Meu mestre ainda me disse que, por Ionatan ben Hurkenos sendo da
Guevurá de Guevurá de Dáat e o Rabino Akiva da Guevurá de Hod de Dáat,
Ionatan ben Hurkenos era mais arguto do que ele, como mencionado no
Tratado Ievamót do Talmud de Jerusalém, 16a.
O que se vê é que as 613 raízes estão em Adão, e cada uma delas possui
em si 613 centelhas de almas, sendo que cada uma destas centelhas é
chamada de uma alma.
E tudo isso se refere ao lado externo da Néfesh, como será explicado mais
adiante, pois este é o princípio e a real essência desse assunto.
No entanto, por causa das transgressões e máculas causadas pelos seres
inferiores [seres humanos], estes dois aspectos mencionados se dividem
em algumas partes. Isso significa que as 613 raízes maiores podem se
separar e se dividir em até 600.000 raízes menores.
O mesmo vale para as 613 centelhas grandes que existem em cada raiz das
613 raízes grandes.
Elas também podem se separar em até 600.000 centelhas menores.
No entanto, saiba que não é obrigatório que elas se dividam em 613
[centelhas grandes] ou 600.000 centelhas [menores].
O princípio é que é possível acontecer de elas se dividirem em menos de
613 raízes grandes ou em menos de 613 centelhas grandes que existe em
cada uma das 613 raízes.
Mas, dividir-se em mais de 600.000 raízes menores ou em mais de 600.000
centelhas menores é impossível acontecer.
Portanto, isso significa que a divisão pode se dar em qualquer número
intermediário, porque é possível acontecer que se dividam em um mil, dez
mil ou cem mil e assim por diante.
Tudo isso depende do grau de transgressão cometido.
O assunto todo está abordado no Sefer Ticunim, Ticun 69: Não há
reencarnação maior do que 600.000, mas menor do que 600.000 é possível
até 613 é possível acontecer — tudo segundo a pequenez da transgressão e
seu grau.
Cáin e Hével são os dois ombros de Adão, sendo que Hével é o ombro
direito e Cáin o ombro esquerdo.
Refere-se ao aspecto da articulação do ombro; o que junta o braço ao
corpo.
Por conta do pecado que eles ambos cometeram, conforme mencionado no
Sefer Ticunim, Ticun 69, eles causaram uma mácula nas alturas e toda a
raiz deles dois, sendo uma raiz de 613 grandes almas, se dividiu em
600.000 centelhas, sendo que cada uma destas centelhas passou a ser uma
alma.
Por isso, neste mesmo livro está escrito que Moisés se expandiu em até
600.000 partes, pois ele era da raiz de Hével.
A raiz de Dáat que desce pela coluna vertebral, primeiro desce para os dois
ombros mencionados e depois chega até Iessód, para fazer a gota de
Sêmen aparecer.
Ao chegar a gota de sêmen do ombro em Iessód, é denominada de "palma
de palmeira, , [Capát Temarim], pois as letras de (Capát)
"palma" e as de — (Catéf) "ombro" são as mesmas.
E quando ela desce dos dois ombros ao mesmo tempo para Iessód está
escrito: "Terá 2 suspensórios [hebraico: — literalmente: dois
ombros] juntos em suas 2 extremidades, para que seja unido," o que indica
sua união em Iessód.
E então está escrito "o mil [em hebraico, o Alef] (Shecalim) é para Ti,
Salomão (Shlomó)" pois Iessód é chamado de "Shlomó".
Ainda está escrito "Minha aliança de paz [Shalom]."
Assim o Iessód é o segredo do número mil [hebraico: Alef], porque duas
vezes - (ombro = 500) = 1000 (Alef).
Mas um ombro só possui valor numérico de 500, igual ao valor das letras do
preenchimento (ou complementares) que ficam ocultas, do nome — ”
Shadai, que fica em Iessód.
E ao somar o valor delas chegamos a um mil:
E agora, vou explicar a raiz de Cáin por si só, a onde é vinculada a centelha
de minha Néfesh, eu Chaim.
A raiz de Cáin é a articulação do ombro esquerdo; o que une o braço ao
corpo e que possui carne, tendões e ossos.
Pois, já ficou sabido, que [um órgão] não é chamado de `membro' a não
ser que tenha carne, tendões e ossos.
Já foi explicado anteriormente que estes tendões são as pequenas veias que
não fazem parte dos 365 tendões.
Estas três partes deste membro se dividem em até 600.000 centelhas
pequenas.
E cada membro deste ombro é um Partsuf completo.
Sendo assim, a raiz de minha Néfesh está na articulação do calcanhar
esquerdo deste Partsuf que é o ombro esquerdo de Adão — do segundo
aspecto.
E neste calcanhar esquerdo deste Partsuf de Cáin existem mais de 613
centelhas pequenas.
Elas são as Nefashot já mencionadas em detalhes, todas fazendo parte da
raiz de minha Néfesh - desde Cáin até chegar a minha Néfesh, eu Cáin
(Chaim).
Existem mais outras fora das mencionadas, mas o meu mestre não me
disse quais são todas as centelhas deste calcanhar.
Agora vamos explicar a questão deste calcanhar esquerdo que está no
Partsuf de Cáin, que, por sua vez, é todo o membro do ombro esquerdo de
Adão, como já foi dito (veja Introdução 31).
Saiba que a gota de sêmen que sai deste calcanhar para chegar em Iessód
de Zeir Anpin às vezes forma Iaacov [ - Jacó], às vezes Akiva []
e às vezes Akavia [], ou similares.
Não precisamos nos estender nestes detalhes.
E saiba que o segredo do calcanhar é sempre o segredo de Malchut.
Por isso existe uma força em cada centelha deste calcanhar de se elevar até
chegar ao Pensamento, pelo segredo de "uma mulher que cortejará um
homem!"
Foi por este lado que o Rabino Akiva conseguiu subir até o Pensamento.
A minha Néfesh, eu o jovem Chaim, é deste calcanhar mencionado, do
Partsuf do ombro esquerdo de Adão.
Por isso eu tenho pelos compridos no meu ombro esquerdo, como
mencionado anteriormente, que meu mestre me deu como um sinal que
aparece no ombro esquerdo da pessoa.
A verdade é que eu também tenho pelos longos no ombro direito, mas no
esquerdo eles são em maior quantidade.
O que acontece é que quando o lado direito fica maculado, como por
exemplo, no pecado de Hével, quando o ombro direito se maculou, então o
sinal aparece somente no lado direito.
Mas quando a mácula causada atinge o lado esquerdo, como, por exemplo,
no caso do pecado de Cáin, que maculou o ombro esquerdo, a mácula
também atinge o ombro direito.
Por isso eu também tenho pelos no ombro direito, mas no ombro esquerdo
eles são mais numerosos, pois ali é o seu local principal.
E quando a mácula está somente no direito, então o sinal aparece somente
no direito — e entenda bem isso.
E saiba que uma pessoa não precisa corrigir todas as máculas que existem
em sua raiz.
Por exemplo, uma pessoa que é do ombro esquerdo de Adão, que é
chamado de raiz de Cáin, porém, está de um órgão específico que existe
neste Partsuf — por exemplo, do calcanhar que mencionamos.
Então, não existe uma centelha deste calcanhar que precisa completar e
corrigir toda a mácula deste Partsuf completo, mas apenas a do calcanhar.
E veremos que todas as centelhas deste calcanhar esquerdo deste Partsuf
do ombro esquerdo de Adão são responsáveis uma pela outra, sendo que
cada uma corrige para todas, e todas corrigem para cada uma.
Quando este calcanhar fica corrigido não existe mais necessidade de ele
reencarnar de qualquer modo, mesmo que o resto do ombro ainda não
esteja retificado.
E saiba que se uma das centelhas componentes deste calcanhar pecar e
cometer uma transgressão, e precisar reencarnar para corrigir o que fez,
ela então reencarnará com uma centelha deste mesmo calcanhar, e se
corrigirá juntamente com ela.
No entanto, se o pecado for muito grave, daqueles que maculam o corpo
todo e banem a pessoa da ressureição [na era messiânica], que haja
misericórdia e isso não aconteça, ela reencarna sozinha, sendo que o seu
primeiro corpo se perde para sempre.
Se a centelha reencamar para completar o cumprimento de algum preceito
que ficou lhe faltando, e não para corrigir uma mácula causada por um
pecado, ela então também reencarnará sozinha, e por quantas vezes forem
necessárias, até que ela cumpra o preceito.
E em relação aos seus corpos, cada um adquirirá uma parte correspondente
ao que foi cumprido nele.
E saiba que se faltar o cumprimento de um preceito para uma centelha, ela
não reencarna com uma segunda centelha, mesmo que seja da sua mesma
raiz.
[Ela reencarna] somente com uma que seja semelhante a ela, e não com as
outras centelhas, mesmo sendo da sua raiz.
E saiba que se uma pessoa pecar com o seu próximo, ambos precisam
reencarnar, mesmo que eles não sejam da mesma raiz.
Quem fez o outro pecar vai entrar por meio do Ibur nele para ajudá-lo a
cumprir preceitos para corrigir o que foi transgredido.
E saiba que se a pessoa completar e corrigir sua Néfesh totalmente, nela se
revelarão todas as centelhas deste calcanhar que, por sua vez, ficarão
brilhando em seu corpo.
E para ela ser corrigida é preciso que elas apareçam na sua testa, e elas
serão conhecidas por quem foi abençoado pelo Santíssimo de saber como
ler o rosto; é preciso que apareçam na sua testa todas as 613 centelhas
que aquela raiz tem, seja ela da Néfesh, do Rúach ou da Neshamá.
Pois, estas 613 são os sábios que ficam em toda raiz.
Existem muitas [centelhas] que não aparecem distintamente [na testa],
mas que estão inclusas juntamente com outras mais importantes do que
elas.
O que acontece é que existem algumas centelhas grandiosas consideradas
as principais dentro das 613 centelhas pequenas.
Quando uma destas centelhas maiores se revela, é certo que todas as
outras centelhas se revelarão com ela.
No entanto, por causa do tamanho do brilho destas centelhas principais,
não é possível discernir as outras centelhas [menores que vieram
juntamente com ela].
O meu mestre não me explicou quantas são as centelhas principais.
Se a pessoa ainda não tiver completado sua Néfesh, seu Rúach ou sua
Neshamá, então, conforme os preceitos que ela vem cumprindo, as
centelhas vão se revelando; dentro do grupo de 613 centelhas da Néfesh,
ou das 613 do Rúach ou das 613 da Neshamá.
Existem centelhas que são muito distantes dela e outras que são muito
próximas dela; existem as que rodeiam a pessoa de longe e outras que
rodeiam a pessoa e ficam pairando acima dela de perto.
E tudo isso depende dos atos individuais, sendo que quando a pessoa pecar,
as centelhas se afastarão dela.
Portanto, dependendo do tamanho do pecado, assim será o número das
centelhas que se afastarão dela.
Cáin, que é uma das raízes que estavam em Adão, é o ombro esquerdo e se
dividiu do modo mencionado: três patriarcas, doze tribos e setenta Néfesh.
Depois disso não ocorrem mais divisões, tudo pára nas setenta Néfesh, que
são setenta raízes.
O mesmo não ocorre em Adão propriamente dito, que possui em si 600.000
raízes.
No entanto, como Cáin é uma das raízes de Adão, ele possui em si um
pouco da presença de Adão, ou seja, de se dividir como aconteceu com ele,
em três patriarcas, doze tribos e setenta Néfesh, que são setenta raízes — e
não mais do que isso.
Mas ele não é totalmente igual a Adão, que se dividiu em 600.000 raízes.
O fato é que estas setenta raízes de Cáin se dividiram em até 600.000
centelhas.
Mas as Raízes chegam a setenta apenas.
O mesmo se deu no ombro direito de Adão, que é a raiz de Hével.
Lá também existem três patriarcas, que em seguida se dividem em doze
tribos, e depois em setenta Néfesh que são as setenta raízes e não mais.
A soma total de todas é 600.000 centelhas de almas, e não mais do que
isso.
E saiba que cada uma das raízes das setenta que estão em Cáin ou Hével
possui em si um Partsuf completo.
Por sua vez, o conjunto completo deste Partsuf é chamado de uma raiz,
sendo que não existe sequer uma das raízes que não seja, em si mesma,
um aspecto de um Partsuf completo.
A raiz de minha Néfesh, de Chaim, é uma das raízes das setenta raízes de
Cáin.
Nela existe um Partsuf inteiro e completo, e nele existem mais de 613
centelhas de almas: O Rabino Akiva, o Rabino Akaviá ben Mahalalêl e eu
mesmo, o jovem Chaim - todos nós somos do calcanhar deste Partsuf.
O rei Chizkiáhu está na cabeça deste Partsuf.
E saiba que os dois ombros de Adão, que são o aspecto de Cáin e Hével...,
o que quero dizer: Aba e Ima são Adão e Eva; e as 'duas coroas escondidas
neles' que são Chéssed e Guevurá, são: Hével, Chéssed e Cáin, Guevurá.
Shemuel disse:
Eu encontrei um adendo que coloco aqui.
Parece-me que este calcanhar não [é o inteiro que] inclui em si todo o
Partsuf de Cáin, mas apenas um calcanhar específico das setenta raízes que
vieram de Cáin.
Isso porque toda raiz tem um calcanhar.
No caso da raiz completa do Rabino Akiva, eu não sei se ela é superior ou
inferior, ou ainda uma das outras setenta raízes.
E não há uma obrigação que toda esta raiz seja apenas o calcanhar que
existe em todo o Partsuf de Cáin que, por sua vez, inclui em si setenta
raízes.
Ainda no assunto da raiz da minha Néfesh, o meu mestre me explicou em
certa ocasião esse assunto.
Saiba que Nétsách e Hod de Atic Iomin se vestem nos dois braços de Arich
Anpin.
E das duas mãos dos dois braços de Arich Anpin foram feitos Chochmá e
Biná, para Aba e Ima.
Dos dois ombros, que são as duas coroas, chamados de Chéssed e
Guevurá, que guardam o santo filho, Zeir Anpin.
Estes quatro Mochin [aspectos da medula]— que são os dois Mochin de Aba
e Ima, e as duas Coroas — são o segredo da Luz Circundante de Zeir Anpin.
Depois, destes quatro Mochin saem três centelhas, duas dos dois Mochin de
Aba e Ima e uma da união das duas Coroas.
Estas três centelhas que são do lado da Luz Circundante se revestem,
então, em Nétsach, Hod e Iessód de Biná, que são os Mochin internos de
Zeir Anpin.
Portanto, vemos que Netsach, Hod e Iessód de Biná são três Mochin
internos de Zeir Anpin e neles se revestem três centelhas que vêm dos
quatro Mochin Circundantes.
E os primeiros quatro Mochin são a Luz que o circunda [o Zeir-Anpin].
Mas, como os Mochin internos são apenas três — Netsách, Hod e Iessód de
Aba — portanto, dos quatro Mochin circundantes, apenas três centelhas
surgiram [literalmente: apareceram brilhando].
E a terceira centelha vem das duas Coroas juntas, para entrar em Iessód de
Biná, que se torna Dáat em Zeir Anpin.
Com isso, desceu um degrau, que é do 'quatro' para o 'três'.
Depois, em Malchut desceu um segundo degrau, que é do 'três' para o
'dois', pois Nétsach e Hod de Zeir Anpin se tornam em Mochin Interno dela
[de Malchut], e não de Iessód [de Zeir-Anpin].
Então os três internos de Zeir Anpin — Nétsach, Hod e Iessód de Biná —
passam a ser a luz Circundante de Malchut.
E deles surgiram [saíram brilhando] apenas duas centelhas: uma é o total
de Nétsach e Hod, que dentro delas estão os dois Mochin de Aba e Ima; e a
outra é uma das [duas] Coroas de Zeir Anpin, que é apenas a Coroa de
Guevurá.
Eis como no começo os Circundantes eram quatro, depois passaram a três
e, por fim, a duas.
Shemuel disse:
Já que estamos nisso, eu também vou expressar a minha opinião do que
meu pai e mestre, de abençoada memória, me disse: que a raiz da minha
Néfesh, eu Shemuel, é da centelha do Rabino Meir, que a paz esteja com
ele.
E eu também fiquei sabendo disso através de um sonho em que o próprio
Rabino Meir apareceu e me disse: "Você é uma centelha da minha Néfesh".
Eu contei o que aconteceu para o meu mestre, e ele me confirmou que era
verdade.
Ele ainda me disse coisas novas, de que o Rabino Meir tinha reencarnado no
meu avô, de abençoada memória.
E seu nome era Rabino Iossef Vital, escriba de filactérios.
E como o Rabino Meir era um grande escriba em sua geração, como nos
informa a Mishná, portanto, meu avô, o Rabino Iossef, também se tornou
um grande escriba — um perito e um mestre competente que não tinha
igual a ele.
E o grande mestre Arizal falou para o meu mestre, que metade do mundo
se sustentava pelos méritos do meu avô, ou seja, por meio dos filactérios
casher que ele fazia.
Depois o meu avô reencarnou em mim, o jovem Shemuel Vital.
Por isso eu também tenho um pouco este dom da escrita.
Um dia o meu mestre me perguntou: "Por que eu fico calado e só ouvindo o
que você diz, e eu não te repreendo, como um pai deve fazer com filho,
mesmo que você me irrita? E ainda tem entre nós um grande amor, bem
além do comum? — Tudo isso é porque você é o meu pai!"
Agora vou dizer o que ele me contou naquela ocasião, no dia em que me
repreendeu, sobre a raiz de minha Néfesh.
Ele me disse: "Saiba, eu ainda não tenho permissão para lhe dizer para quê
você tinha vindo ao mundo e quem você é. E se eu lhe dissesse
detalhadamente o assunto em questão, você flutuaria no ar de tanta
alegria. Então vou lhe contar um pouco do que tenho permissão agora para
lhe dizer. E saiba que todo o mundo dependia da sua própria correção
primeiramente. Portanto, ouça, por favor, os meus conselhos e cuide
primeiro de você."
Ele me disse: "Saiba que a raiz do lado externo da vestimenta de sua
Néfesh vem do ombro esquerdo de Adão, e ela é o aspecto da Néfesh de
Cáin do lado bom que havia nele. E saiba que em todos os órgãos existem
carne, tendões e ossos, sendo que os ossos são o nível mais elevado, por
causa da medula que fica dentro dele, e não por causa dele, propriamente
dito. Depois dele, em ordem de altura, vêm os tendões, sendo que a
vitalidade do homem passa por dentro deles, pois o sangue passa dentro
destes vasos do corpo humano. Além disso, eles unem todos os órgãos e os
estabelecem. O nível mais baixo dos três é o da carne."
Ele me disse que a raiz da minha Néfesh alma era dos pequenos tendões
que se expandem na carne do órgão, e não aqueles 365 tendões maiores.
O número de Sábios em cada um dos três aspectos: em cada raiz das
600.000 raízes menores existem 613 Sábios.
E eis que em cada aspecto destes três existem raízes que são os Sábios que
pertencem a cada raiz, ou seja, a cada órgão.
Em volta deles crescem os galhos, ou ramos, que são os proprietários, os
artesões e os leigos que pertencem a cada órgão.
A minha Néfesh é um dos próprios 613 Sábios que existem na raiz da minha
Néfesh.
Existe uma grande divisão entre a raiz de minha Néfesh e as outras raízes.
Por exemplo, quem é do braço ou da perna têm uma distância muito grande
entre si.
Mas quem é do ombro, então todos os Sábios ali têm uma proximidade
grande entre eles.
A ordem da raiz de minha alma é a seguinte: Samuel, o profeta; Chizkiáhu,
rei de Judá; Rabino Iochanan ben Zacai; Rabino Akiva ben Iossef; Rav Iba
Saba de Mishpatim; Abaiê; o amoraíta, chamado de Nachmani e, por fim,
eu, Chaim Vital.
Por isso, o Rabino Iochanán ben Zacai, quando estava para morrer, disse
para preparar uma cadeira para o rei Chizkiáhu de Judá que está vindo.
Apesar de haver várias Nefashót em uma raiz, não pense que a sua ordem
real é a mesma que a ordem do seu nascimento e existência no mundo,
pois às vezes as almas e raízes que são mais elevadas e grandiosas estão
no fundo das Klipot e não podem se elevar até depois de muito tempo.
Outras almas que são mais baixas do que elas podem vir ao mundo mais
cedo do que estas outras.
Saiba ainda que às vezes elas possam reencarnar juntas em um corpo, até
três ou quatro almas de uma vez, mas nunca mais do que quatro.
Por isso está dito "cobro a iniquidade dos pais nos filhos, sobre terceiras e
sobre quartas gerações."
(Veja também Introdução 36) — Vou esclarecer a questão da minha Néfesh
e dela 'você pode deduzir às outras.
Saiba que o Rav que compôs o livro Maguid Mishná pecou sem querer no
assunto da mulher menstruada.
Por conta disso, ele precisou reencarnar.
Um homem chamado de Rabino Shaul Trishti também teve que reencarnar
por causa de um pecado de derramamento de sangue, pois ele queria
circuncidar um bebê, mas não estava totalmente pronto para isso, sendo
que a criança morreu por sua causa.
Este pecado foi sem querer também, mas mais próximo de um ato
intencional.
E logo em seguida a ele, veio outra pessoa, chamada de Rabino Iehoshúa
Soriano, que precisou reencarnar por causa de uma transgressão de ter
ingerido gordura proibida do animal.
Eis que estas três Nefashot mencionadas são galhos, ou ramos, da minha
Néfesh.
Por conta disso, elas vieram de fato encarnadas com a minha Néfesh.
Eis que eu tenho em mim quatro Nefashot encarnadas ao mesmo tempo,
sendo que todas precisam se purificar desta transgressão.
E mesmo que eu não tenha tomado parte nestes pecados, como eu sou da
parte dos tendões, eu preciso limpar o ranço causado por estes pecados
anteriores, para que a vitalidade volte a fluir em toda a raiz [de minha
Néfesh].
E vê-se que estas três Nefashot são velhas e reencarnadas, mas a centelha
da minha Néfesh de fato é nova, pois desde o momento em que Cáin pecou,
e as centelhas da sua Néfesh caíram no fundo das Klipot, esta centelha da
minha Néfesh não tinha vindo ao mundo — só nesta vez.
E saiba que ela não é chamada 'realmente nova', pois ela já esteve no
mundo uma vez, inclusa na Néfesh de Cáin, propriamente dito.
Isso já foi explicado quando falamos das almas novas e velhas (Introdução
7).
Saiba que é impossível haver mais de três almas reencarnadas e uma nova
no mesmo corpo, como está aludido no versículo que fala das 'terceiras e
quartas gerações'.
Este também é o segredo do versículo "Vê que o Santíssimo pratica tudo
isto duas, e mesmo três, vezes para com o ser humano," pois até três
almas podem reencarnar com um ser humano, mas não mais do que isso.
Porém, menos do que isso é possível.
Portanto, podemos ter uma alma reencarnada sozinha, ou uma reencarnada
com uma nova, ou duas reencarnadas sozinhas, ou três reencarnadas com
uma nova.
Porém, mais do que isso é impossível vir no corpo de um ser humano.
Você também já sabe a questão do Ibur, que acontece durante a vida da
pessoa e que se parece um pouco com uma encarnação.
Conforme será explicado no seu próprio lugar, e como foi explicado em
relação à reencarnação, o mesmo vale para o Ibur; é impossível que
apareçam [no mundo], pelo segredo do Ibur, mais do que três almas que
venham para ajudar a própria Néfesh de um ser humano.
Ou seja, no total, são no máximo quatro Nefashot e não mais do que isso.
E existe uma diferença entre o Ibur e a reencarnação, pois a reencarnação
significa que as Nefashot reencarnam e vêm juntas desde o próprio
momento do nascimento, e elas não se separam de modo algum até o dia
da morte.
Todas elas formam uma só Néfesh de fato, e sofrem a angústia e as
pesares que aquele corpo sofrer.
Mas no caso do Ibur temos duas possibilidades: a primeira é quando a
Néfesh vem por questões próprias, isso é, para o próprio bem daquele que
veio por Ibur naquele corpo — como será explicado.
A segunda é quando a Néfesh vem para ajudar a pessoa que a recebe.
Quando ela vem por sua própria causa, ela só entra no corpo depois que a
pessoa completar treze anos e um dia de vida, pois antes disso as ações do
homem não são pesadas como sendo suas, pois esta pessoa ainda não tem
obrigação legal de cumprir os preceitos.
Como a Néfesh vem para reforçar a sua correção, então ela só vem depois
dos treze anos e um dia de vida, pois aí ela entra e se expande dentro do
corpo daquela pessoa, como se fosse sua própria Néfesh.
Ali ela sofre a angústia e as pesares juntamente com ela daquele corpo,
igualmente como a própria Néfesh daquela pessoa.
E ela fica lá dessa forma, até completar o tempo que for preciso para
corrigir e completar o que é necessário.
Depois disso, ela sai de lá e volta para o seu local nas alturas.
Mas quando a Néfesh vem para auxiliar a pessoa e ampliar os seus méritos,
ela também só vem depois da pessoa ter treze anos de idade.
Porém, ela vem por vontade própria.
Isso significa que ela completamente não precisa sofrer a angústia daquela
pessoa e do seu corpo.
E, de fato, ela não sente alguma angústia do corpo e do seu sofrimento.
Se aquela Néfesh estiver satisfeita com aquela pessoa, então ela fica lá com
ela, se não, ela vai embora e diz: "Retirai-vos logo de junto das tendas
destes homens maus."
Saiba que esta asa esquerda que é de Cáin tem em si três mil penas, vindas
dos Mochin de Gadlut (Maturidade), Ieniqá (Amamentação) e Ibur.
[Elas são divididas em] mil grandes, mil intermediárias e mil pequenas.
E em cada uma destas penas existem cento e cinquenta centelhas de
almas.
E em cada uma dessas penas existem 150 - " almas.
E em cada pena existe um aspecto do poro do qual cresce a pena, e dentro
dele está o aspecto do sangue que circula dentro da pena.
E a própria pena; no seu início no local em que ela se prende [à asa] há um
pequeno tubinho que não tem pelos que saiam das suas laterais.
Ela tem, mais para cima, um pouco do tubinho que não fica preso [à asa], e
ali também não há pelos.
Dali para cima existe [uma parte do] tubo no meio [da pena] com dois
pelos dos seus dois lados.
E assim vai até o fim da pena.
Entre os pelos, existem os grandes e compridos e os pequenos e curtos.
E saiba que os pelos pequenos são as centelhas de almas [de pessoas] que
morrem ainda pequenas, na sua infância.
E saiba que a pena é mais elevada do que o poro e do que o sangue.
Por sua vez, o tubo da pena é mais elevado do que os pelos; e os pelos
longos são mais elevados do que os pelos curtos.
E cada pena tem cento e cinquenta centelhas de almas - pelo próprio valor
numérico da palavra — " (Kanáf= 150) que significa - "asa".
O número também está aludido no próprio nome de Cáin — ", que é
escrito com as letras — ".
E isso se aplica à asa esquerda, que é a dele.
Mas na asa direita, que é de Hével, a divisão da pena é diferente, e segue o
nome dele em hebraico — ".
Neste caso, cada pena se divide em cinco partes e cada parte contém 32
[centelhas], conforme o nome – " [ (= 5) x " (= 32)] que é
também o mesmo número de — " (150) centelhas de Cáin.
Porém, cada uma das — " centelhas de Cáin que estão em cada pena, se
divide por seis e é chamada — (Kên — ninho)
Enquanto cada centelha de Hével se divide em cinco grupos, e cada grupo
em 32 centelhas.
Esta é a única diferença entre ambos.
(Veja Introdução 35) Ainda existe outro motivo que diferencia quem é da
raiz de Cáin, que é de Ima, de quem é do lado de Aba, ou seja, dos
Chassadim e das Guevurot de Aba.
O que acontece é que Nêtsach, Hod e Iessód de Ima que se revestem em
Zeir Anpin - até o tórax de Zeir Anpin existe apenas um revestimento.
E a luz que sai dali é muito intensa e grandiosa.
Portanto, a luz da alma que sai de lá é grande fica revelada.
Mas a alma que vem do lado de Aba tem menos luz, já que o Aba está
coberto por dois revestimentos até o tórax de Zeir Anpin: Um é dele e o
outro de Ima.
E do tórax para baixo; Ima é revelada totalmente e Aba fica coberto por um
revestimento.
Por isso as almas que são de Chassadim ou de Guevurot reveladas são mais
elevadas do que as almas que vêm dos locais ocultos, apesar de elas serem
mais altas em relação a seu local.
É por isso que na Guemará está escrito (Pessachim 50a, Baba Batra 17b):
"Eu vi o mundo invertido, sendo que os de cima estavam embaixo e os de
baixo estavam em cima, etc.".
Ainda existe outro motivo, que é assim:. Aba não ilumina de modo algum,
só por meio dos Chassadim e das Guevurotá de Ima, que passam por ali.
Por isso elas são maiores do que eles.
Inclusive, há outro motivo: As Guevurot saem, primeiro, por meio de
Iessód, como mencionado, e por isso Cáin era o primogênito, pelo segredo
de "Uma mulher virtuosa é como uma coroa para seu esposo."
E saiba que no futuro, toda a raiz de Cáin se tornará sacerdote, e a raiz de
Hével, que é de sacerdotes até hoje, será de levitas.
Isso porque tudo que até hoje é do nível dos levitas é do lado de Guevurá,
como Côrach, que era da raiz de Cáin.
Então todos eles pegarão o sacerdócio, que é a parte de sua primogenitude.
Este é o segredo do versículo "os sacerdotes que devem guardar o altar.
São os filhos de Tsadoc, os quais, dentre os filhos de Levi."
Isso só acontece com Ezequiel, pois ele era desta raiz de Cáin, e por isso
professava essas profecias sobre o futuro; os que eram levitas até então se
tomariam no futuro sacerdotes, filhos de Tsadoc.
E a raiz de Hével, que era de sacerdotes, tornar-se-ia então, de levitas.
(Veja Introdução 20) E saiba que se numa geração houver duas almas de
uma mesma raiz encarnadas em dois irmãos, ou em dois amigos, estas
pessoas se odiarão e brigarão entre si por natureza.
Isso porque um fica querendo pegar sustento [espiritual da sua raiz] mais
do que outro.
E um fica sentindo inveja do outro, sem nem saber o motivo.
Porém, se eles chegarem a saber, de algum modo [que são da mesma raiz],
então certamente não brigarão mais entre si.
E saiba que isso só se dá quando estiverem vivos.
Mas as almas dos justos que faleceram têm muita vontade de completar as
Nefashot e as Neshamot que são da mesma raiz que elas e que ainda estão
entre os vivos.
Isso porque elas já não mais atuam neste mundo e por isso não tem mais
inveja, ou seja, já não há mais competição para chegar mais longe do que
outro, "pois na sepultura (Sheól) para onde você vai, não [há valor pela]
atividade, nem conhecimento".
Pelo contrário, elas ganham muito beneficio das atividades dos vivos.
Uma conclusão que surge de tudo o que foi discutido anteriormente é, que
em Adão não estavam inclusas as almas de Aba e Ima de Beriá, mas
apenas de Zachar e Nukvá e para baixo.
Eis que aí temos dez Partsufim: Zachar e Nukvá de Beriá; e Aba e Ima e
Zachar e Nukvá de Ietsirá; e Aba e Ima e Zachar e Nukvá de Assiá.
Cada Partsuf destes dez contém em si Dez Sefirot, e dentro delas mais Dez
Sefirot.
De modo que temos Dez Partsufim e Mil Sefirot; cada Partsuf com cem
Sefirot.
Dez delas são o aspecto de Kéter (Coroa).
Portanto, vemos que nos Dez Partsufim existem cem Coroas (hebraico:
Ketarim).
Só estas ficaram em Adão depois do pecado, e são chamadas como os 'cem
amot, [o que virou a altura dele] depois que tinha se diminuido.
Todas as outras novecentas Sefirot caíram nas Klipot.
Nestas cem Coroas (Ketarim) também ficou uma mácula, pois de cada uma
delas as nove Sefirot iniciais foram afastadas, o que se chama de Zihará
Ilaá.
As dez Sefirot de cada Coroa (Kéter) ficaram na luz da Néfesh delas, que é
a Malchut inferior de cada uma delas. [Isso é conforme o segredo da ordem
oposta entre os Receptáculos e as Luzes: Quando os Receptáculos tem
apenas Kéter, então a única Luz que entra ali é a da Néfesh.]
Eis que temos três aspectos nas almas que estavam incluídas em Adão
antes de ter pecado.
Elas estavam nos dez Partsufim que existem desde Zeir Anpin de Beriá até
o fim de Nucvá de Assiá.
O primeiro é o aspecto das luzes chamadas: lechidá, Chaiá, Neshamá e
Ruach que existem naquelas cem Coroas (Ketarim).
Foram estas luzes que partiram dele quando ele pecou e que subiram às
alturas, e são chamadas de Zihará Raá de Enoque.
O segundo é mais baixo e é composto das almas que ficaram em Adão
depois que ele pecou, e não partiram dele nem desceram para as Klipot.
Este é o aspecto da luz chamada de Néfesh das cem Coroas (Ketarim), que
existe em cada Sefirá das dez Sefirot de cada Partsuf dos dez Partsufim
mencionados.
O terceiro aspecto é o mais baixo de todos, e inclui todas as almas, que são
todas as luzes dos nove aspectos inferiores que existem em cada Sefirá das
dez Sefirot de cada Partsuf dos dez Partsufim mencionados.
Estas desceram para o fundo das Klipot.
E a cada dia sobem pouco a pouco e se corrigem.
Então, a Zihará Ilaá se dividiu em dois tipos de luminescências (hebraico:
Zihará): O primeiro está no mundo de Atsilut, correspondente a Iechidá,
Chaiá, Neshamá e Rúach de Atsilut.
E o segundo tipo é o da luminescência dos três mundos de Beriá, Ietsirá e
Assiá, que são Iechidá, Chaia, Neshamá e Rúach das cem Coroas (Ketarim)
que estão nos dez Partsufim que existem desde Zeir Anpin de Beriá até o
fim de Nucvá de Assiá.
Estas luminescências partiram completamente de Adão.
Ainda existe outra luminescência, inferior, que também se divide em duas
partes.
Uma delas é a Néfesh que está em Atsilut e a outra é a Néfesh que existe
nas cem Coroas (Ketarim) que fica nos dez Partsufim de Beriá, Ietsirá e
Assiá, como mencionado.
Estas ficaram em Adão; uma parte delas ficou para ele e uma parte foi
passada como herança para Cáin e Hével quando eles nasceram.
Ainda existe um terceiro nível, que é o das novecentas Sefirot que existem
nos dez Partsufim mencionados com exceção das cem Coroas (Ketarim).
Estas Sefirot caíram e ficaram cobertas pelas Klipot.
(Veja Introdução 29) Meu mestre também me disse, que o pecado de Cáin
causou uma mácula na sua Néfesh, no seu Ruach e na sua Neshamá, e que
acabaram se misturando às Klipot.
É isso que queremos dizer, que Cáin era, em sua maioria, mau.
Hével, por outro lado, maculou apenas sua Néfesh e seu Rúach.
Por isso dizemos que Hével era, em sua maioria, bom.
O bom [ou a parte boa] da Néfesh de Cáin separou-se dela e foi dado para
Ceinan; dali em diante ela começou a se corrigir.
A parte ruim dela foi dada ao egípcio, sendo que nela também havia
algumas centelhas boas que não tinham se purificado.
A parte ruim do Rúach que também tinha misturado em si um pouco de
centelhas boas, foi pega por Côrach, pelo segredo do Ibur, quando ele se
opôs a Moisés.
O bom do Ruach reencarnou no profeta Samuel e ali se corrigiu.
Depois que o egípcio foi morto, Itro pegou o ruim da Néfesh que havia nele
e que já tinha se corrigido pelo que foi morto, e por ele se converteu.
Depois ele pegou a parte do lado Bom da Neshamá de Cáin.
A Neshamá ruim misturada com um pouco da boa foi dada para Amalec ben
Elifaz.
Samuel corrigiu mais o Rúach do que Itro tinha corrigido a Neshamá.
E eu já havia te informado outras encarnações que tinham reencarnado em
outras vezes, antes disso e depois.
(Veja Introdução 31) Conforme o que foi dito, o aspecto da raiz de Cáin
está justamente no braço esquerdo.
Porém, seguindo o sinal dos pelos que tenho, parece que está no ombro
esquerdo.
Eu ainda escrevi, que [a raiz] começou no braço e acabou no ombro.
A princípio, o que parece é que está justamente no ombro, que liga o braço
ao resto do corpo.
Eu escrevi que o braço todo se liga [ao corpo] por três articulações e juntas
e de duas articulações do terceiro que ficam nos dois braços de Arich Anpin;
elas são as superiores que estão ligadas nos dois ombros de Arich.
Delas sai a Dáat de Zeir Anpin inclusa em Chéssed e Guevurá.
É sabido que nesta Dáat Cáin e Hével, filhos de Adão, são enraizados.
E saiba que, Cáin é das três Guevurot; Tiféret, Nêtsach e Hod, tirando a
terça parte superior da Guevurá de Tiféret, que fica escondida na coroa de
Iessód de Ima, como é sabido.
Nadav e Avihú são das duas Guevurot de Nêtsach e Hod - das Coroas delas
- mas eles são apenas do aspecto da Néfesh delas; e também apenas do
aspecto da Luz Circundante delas.
Elias é da luz interna delas.
E toda a raiz da Néfesh do Rabino Akiva é da Guevurá de Hod, do aspecto
do Kéter dela; do aspecto da Néfesh que está nela.
Podemos dizer que esta é a Néfesh do Rúach, pois Hod é chamado de
Rúach, sendo ele uma das Seis Extremidades.
Eu não sei se a raiz do Rabino Akiva é da Luz Interna ou da Luz
Circundante.
Saiba também, que a sua raiz é do calcanhar de Hod, que é a Malchut das
cinco Guevurot que existem em Dáat.
Uma vez eu perguntei ao meu mestre como ele podia ter me dito que a
minha Néfesh era tão elevada, sendo que o menor nas primeiras gerações,
era um justo e piedoso, que eu sequer chegava aos seus pés [literalmente:
ao seu calcanhar].
Ele me disse: Saiba que a grandeza da Néfesh não depende dos atos da
pessoa, mas da época e a geração em que ela vive.
Um ato muito pequeno na nossa geração equivale a vários preceitos
grandiosos em outras gerações.
Isto porque nas atuais gerações as Klipot cresceram muito, até
indefinidamente, o que não ocorria com as primeiras gerações.
E se eu vivesse nas gerações anteriores, meus atos e minha sabedoria
seriam mais maravilhosos do que os de muitos justos daquela época.
Essa é a explicação do que os sábios disseram sobre Noé, que 'era justo nas
suas gerações'; se ele tivesse vivido na geração dos justos ele teria sido
mais justo ainda.
Portanto, eu não precisava me entristecer por causa disso, pois, minha
Néfesh tem uma grande vantagem em comparação a muitos justos das
primeiras gerações, da época dos tanaítas e dos amoraítas.
Em outra ocasião eu lhe disse: "Eu não sou um tolo para acreditar em mim,
e que você não tenha encontrado em toda essa geração alguém digno de
estudar esta sabedoria fora de mim? E eu não reconheço a mim mesmo [ou
não me valorizo] e nem aos meus atos e certamente há justos e pessoas
caridosas muito maiores do que eu nessa geração".
[Eu até lhe perguntei:] "O que é que eu tenho em mim você me louvar?
Pois, eu sei, por mim, que não mereço disso".
Mencionei o Rabino Iossef Caro, de boa memória; o Rabino Shlomo Ibn
Zimra, seu mestre, de boa memória, o Rabino Moshé Alsheich, meu mestre;
o Rabino Avraham Halevi; o Harig, etc.
[Ele me perguntou:] O que você tem em comum comigo? E qual é o prazer
que eu obtenho de você?"
[Ele me disse:] "Você é justamente o mais jovem e o menor de todos. E eu
não deveria ter te trazido para perto de mim, mas sim os outros, que são os
grandes sábios da geração. E assim eu teria muita honra. Isso prova que
não teria te escolhido à toa, mas sim por causa da sua grandeza frente a
todos os outros".
[Ele ainda me disse:] Não pense que a altura das pessoas é de acordo com
a opinião pública. E se você soubesse quantas falhas ocultas existem nas
pessoas, você ficaria abismado. Porém, eu não quero revelar os segredos
dos outros. E você tem que saber que tenho testado e pesado a todos 'em
uma balança' e não tenho encontrado um Recipiente tão puro, limpo e
adequado como você. E isso é o suficiente para você! Porque não tenho
permissão de explicar explicitamente sobre todos esses assuntos. Por isso
está escrito "o homem vê o que está diante de seus olhos, mas o
Santíssimo olha para o coração." Portanto, fique forte e valente, e alegre-te
com a porção da sua Néfesh e com sua altura — e basta com isso!".
A Sra. Rachel, esposa do Rabino Avildin, também me disse que quando o
meu mestre, o Rabino Moshé Alsheich, de boa memória, estudava na casa
de estudos que ficava no pátio dela, ela o via sentado, triste, perguntou-
lhe: "O que o está entristecendo?".
Ele respondeu: "Como posso não ficar triste, já que o Rabino Chaim Vital,
que era meu aluno, agora nem quer me ensinar como aluno a Sabedoria da
Cabalá".
Ela perguntou: "Então, será que ele é mais sábio do que você nessa
Sabedoria?"
Ele contou para ela como certo dia foi ao meu mestre, o Rabino [Luria]
Ashkenazi, quando ele ainda era vivo, e chorou e lhe implorou que lhe
ensinasse esta sabedoria pessoalmente, e não por meu intermédio.
Meu mestre lhe respondeu que ele não podia fazer isso pois tinha vindo ao
mundo com o único objetivo de ensinar a mim em particular.
Porque é impossível que essa Sabedoria seja revelada a não ser apenas por
mim.
Mais do que isso, ele disse que se os Sábios não tivessem dito que uma
pessoa sente inveja de todos, menos do seu filho e de seu discípulo, eu
sentiria muita inveja dele por causa da grandeza da sua alma e pelo que ele
alcançaria no futuro — algo que não tem limite Seu filho, o Rav Chaim
Alsheich, também me contou assim, como tendo sido dito por seu pai, meu
mestre, o Rav Moshé Alsheich, de boa memória.
O meu mestre, o Ashkenazi, de boa memória, ainda me contou coisas
similares a estas, e que ocorreram entre ele o Rabino Shlomo Saguis, de
boa memória, que tinha inveja de mim.
Ele não queria estudar esta sabedoria comigo, mas com o meu mestre.
Porém, o meu mestre não quis lhe ensinar e lhe disse: "Se queres estudar,
estude com o Rabino Chaim. E se não quiseres estudar com ele, não
estudarás ao longo de toda a tua vida".
Meu mestre me disse que eu devia ir morar na cidade sagrada, Jerusalém,
pois lá é minha verdadeira moradia e ali fica toda a minha percepção
espiritual e o meu bem estar.
Generalidades rápidas acerca da raiz de minha Néfesh:
Cáin é um órgão dos 248 órgãos que compunham toda a estrutura de Adão.
Este órgão é o aspecto das cinco Guevurot da Dáat e elas são o aspecto
interno deste órgão.
No pecado de Adão estas partes desceram para o ombro esquerdo.
Por causa disso, este ombro todo ficou sendo o aspecto externo da raiz de
Cáin, pois ele é uma raiz grande dentre as 613 grandes raízes que
compunham toda a estrutura de Adão.
Esta raiz de Cáin se divide em 613 centelhas de almas grandes.
No entanto, esta grande raiz se divide em setenta raízes menores, sendo
que cada uma delas não se divide em menos do que 613 centelhas
pequenas de almas.
A soma total [da divisão] de todas essas setenta raízes pequenas é 600.000
centelhas pequenas de almas.
Tudo o que Cáin abarca é chamado de uma grande raiz, e isto é um grande
Partsuf chamado de Cáin.
Este Partsuf se divide em setenta raízes menores, que são setenta
pequenos Partsufim.
Um destes setenta Partsufim pequenos é a articulação do calcanhar
esquerdo do Partsuf maior chamado de Cáin.
Este pequeno Parstuf que é o calcanhar esquerdo de Cáin é chamado a
verdadeira raiz de minha Néfesh.
Nós todos [desta raiz] somos próximos, e neste Parstuf existem mais do
que 613 pequenas centelhas, sendo todas elas de alunos Sábios, com
exceção de uns ramos que são de proprietários de imóveis.
Portanto, a raiz de minha Néfesh é o calcanhar esquerdo do ombro
esquerdo de Adão.
Este é o aspecto externo da raiz de minha Néfesh.
Já o aspecto interno da raiz de minha Néfesh é Malchut de Guevurá,
chamado Hod de Dáat.
Esta Malchut é o aspecto de Léa, que fica nas costas de Dáat.
No entanto, ela ainda está no nível de Face, no aspecto Masculino do total
de Cáin.
A Néfesh do Rabino Akiva é o calcanhar esquerdo do Partsuf do total de
Cáin: no calcanhar de Hod de Malchut da Kéter de Dáat do aspecto das
Guevurot de Gadlut (Maturidade) do pequeno.
E esta é a mencionada Malchut de Léa.
Na noite do primeiro dia do mês de Elul ele me disse: "Você está já digno."
Assim ele me mandou para a caverna do Abaiê, como já foi relatado.
No ano de 5332 nós fomos ao campo e passamos pelo túmulo de um gentio
dos tempos muito antigos - há mais de 1.000 anos.
Ele [meu mestre] viu minha Néfesh estando no sepulcro dele, enquanto ele
quis me matar e me ferir.
E que tinham diversos anjos e inúmeras almas de justos à minha direita e à
minha esquerda.
Com isso ele não pôde me atingir.
O meu mestre me disse que na volta não deveria mais passar por aquele
caminho.
Depois daquilo a Néfesh do gentio veio andando comigo por muito tempo e
ao chegarmos ao campo eu fiquei bravo com o Rav Iehudá Mishean.
Com isso a Néfesh do gentio começou a se unir a mim e me fez pecar ainda
mais, sendo que eu não queria ouvir o que meu mestre tinha a ensinar.
Ele começou a chorar e disse: "Eis que todas as almas dos justos e dos
anjos se foram, por causa da raiva, e por causa disso, aquela Néfesh tomou
controle dele. O que eu vou fazer? Tomara que lhe machuquem e lhe
deixem vivo, pois tenho como lhe curar. Mas eu tenho medo de que te
matem, e será cancelado tudo o que eu pensei sobre o mundo que seria
corrigido por ele. E eu não posso dizer nada disso, pois não foi dada a
permissão para eu dizer. E eu me esforcei em vão e o mundo será
destruido".
Meu mestre não comeu a noite toda por causa da preocupação e da
tristeza.
Então eu fui e voltei por aquele caminho sozinho.
E quando cheguei ao seu túmulo, um vento praticamente me levou para
cima, e me vi correndo pelos ares, a uns vinte andares a cima do solo, até
que cheguei a um país, justo no momento em que as estrelas estavam
aparecendo no céu.
Deixaram-me ali, 'e acabei adormecendo saudável até a seguinte
madrugada.
Eu quis me levantar e eis que meus membros estavam fracos, um por um.
Moverem-me e me levaram até a porta [da casa] do meu mestre bem
devagarinho.
E ao chegar lá não sobrou em mim alma alguma [estava sem força de
vida], como aconteceu com Jonas.
O meu mestre me deitou em sua cama [saiu] e fechou a porta e começou a
rezar.
Em seguida, voltou sozinho à casa e ficou andando, indo da cama e
voltando a ela, se prostrando sobre mim.
Ele fez isso até o meio dia, quando eu estava totalmente morto.
Ao meio dia eu vi que minha alma estava voltando a mim, pouco a pouco,
até que abri meus olhos.
Levantei-me e proferi a benção da ressurreição dos mortos.
Tudo isso é verdadeiro e válido sem dúvida alguma.
Shemuel disse:
Vou escrever ainda outras coletâneas de textos que segundo minha humilde
opinião, me parecem verdadeiros, sem sombra de dúvidas.
(Veja Introdução 32 e 35) E saiba que todo aquele que é deste aspecto de
Néfesh de Adão, que foi dado para Cáin — por serem do aspecto de Néfesh
de Atsilut, como mencionado, todas as almas podem subir e corrigir até a
Néfesh de Atsilut, incluindo ela mesma.
Portanto, aquele que corrige até este ponto é chamado de anjo.
Por isso vemos que Elias é chamado de anjo.
O mesmo se passou com Iehudá e Chizkiá, nos quais foi dito na Guemará
que 'são dois amoraítas que existem na terra' e que correspondentes a eles
existem 'dois anjos no ceu' - por serem desta raiz.
O mesmo foi dito sobre o Rabino Iehuda bar Elai, que ao se revestir na
véspera do Shabat com xales preparados com Tsitsit parecia um anjo das
Hostes do Santíssimo — por causa do que foi mencionado acima.
Ainda temos o caso de Pinchás, que é Elias, sobre o qual se disse "A mulher
levou os dois homens, e escondeu-o."
E não está dito "escondeu-os", pois Pinchás era um anjo e não precisava ser
escondido.
Ele é chamado de anjo por ser desta raiz.
Isso vale para todos os casos em que vemos um sábio, tanaíta ou profeta
ser chamado de anjo - todos eles são deste aspecto, e lembre-se desta
regra.
(Introdução 31) Enoque, que é Metatron, por ele tenha obtido também
Zihará Ilaá de Adão, que é a Neshamá de Atsilut, era um anjo maior do que
Elias.
Isso porque Elias só conseguiu chegar até a Néfesh de Atsilut.
E este é o segredo do que está no livro do Zôhar: "Elias fica em baixo desse
poço".
É sabido que a fonte do poço fica na sua parte de baixo, de onde sobem as
Águas Femininas, que é o Tetragrama — ” (Havayah) preenchido com
Hê - ,,, , que resulta no valor numérico de 52.
Por isso o nome de Elias [em hebraico] - (Eliahu) também possui
valor numérico de 52, pois ele é a fonte que fica na parte de baixo do poço,
fazendo fluir as almas das Águas Femininas.
Por isso Elias, de boa memória, corrigirá todas as almas na época da vinda
do Messias.
Então, "Ele fará com que os corações dos pais se voltem para seus filhos, e
os corações dos filhos para seus pais" - com a ajuda do Santíssimo bendito
seja.
O sábio entenderá isso.
E saiba que este aspecto de Cáin, que é a raiz de minha Néfesh, não
começou a se corrigir antes de Nadav e Avihú.
Este é o segredo do versículo "E houve alguns homens que estavam
impuros, por causa de Néfesh de um homem [literalmente de Adão]
(morto). — que de fato, se refere à `Néfesh de Adão', que Adão passou por
herança a seu filho.
E ela é a Néfesh de Atsilut.
E inclusive saiba que todas as almas se misturaram no bem e no mal no
momento em que Adão pecou, e no momento em que Cáin e Hével
pecaram, como mencionado nos Ticunim.
E vê-se que a alma de Nadav e Avihú foi a primeira que começou a se
corrigir, separando então, aquele bem do mal que estava dentro dela.
Mas todas as outras almas que são da raiz deste aspecto não tinham feito
essa separação ainda.
Por isso todas elas vieram pelo segredo de 'Imagem' (Tsêlem) Circundante -
cada uma delas, no momento em que foi decretado para ela sair das Klipot
- em cima da cabeça de Nadav e Avihú.
E elas - cada uma delas - ainda estavam misturadas no bem e no mal.
Depois, quando uma das almas desta raiz vinha para se corrigir em outra
pessoa, ela aparecia sozinha.
Quando isso acontecia, todas as outras almas desta raiz vinham pelo
segredo da `Imagem Circundante' em cima da cabeça desta pessoa.
Isso continuou por muito tempo, até que veio ao mundo a alma do Rav
Maguid Mishná, quando todas as almas desta raiz que ainda não tinham se
separado das suas Klipot vieram sobre ele pelo segredo da Imagem
Circundante, que já mencionamos.
Você já sabe que o Rav Maguid Mishná viveu na época de Badrashi, em que
se envolvia com o estudo da filosofia, e não optaram pela Sabedoria da
Cabalá.
Isso é mostrado no livro de perguntas e respostas do Rashba.
As forças externas resolveram fazer com que o Rav Maguid Mishná errasse
por causa desta falha cometida por ele, de não acreditar na Cabalá.
Sendo assim, minha Néfesh foi tirada do fundo das Klipot, sendo que ela já
estava lá há muito tempo, desde a época de Cáin.
Elas desistiram de mim, e acharam que eu já estava associado com elas.
Sendo assim, me tiraram de lá, junto com outras Forças Externas, para
entrar por Ibur no Rav Maguid Mishná e confundi-lo, fazê-lo 'perder o seu
mundo' [perder a oportunidade de corrigir a sua alma neste mundo].
No entanto, como a minha Néfesh veio de um local elevado, do mesmo local
do Rabino Akiva, e como eu entrei por Ibur justamente no Rav Maguid
Mishná, que também é da raiz de minha alma, então nós nos unimos.
Não só isso, mas minha força superou a das Forças Externas, e eu o
fortaleci e o ajudei, pois elas tinham achado que eu já estava perdido
dentre elas há muito tempo e que eu já estava no nível delas, que o
Santíssimo tenha misericórdia e clemência de nós.
Então o lado de Santidade que havia em mim se fortaleceu e eu as
subjuguei.
E fiquei então, pelo segredo da Imagem Circundante sobre a cabeça do Rav
Maguid Mishná, mesmo ele não sendo do mesmo nível que eu, pois eu sou
mais elevado.
Ainda assim, ele sendo da mesma raiz que eu, eu fiquei com ele pelo
segredo da 'Imagem Circundante'.
Este foi o início da minha saída do fundo das Klipot.
Para entender melhor tudo isso, vou citar para você o versículo: "O homem
(literalmente: O Adão) governa sobre o outro (Adão), só para seu próprio
mal" — 'O Adão' é Adão Beliál [literalmente: sem ser conectado com o alto
— que significa um ser da Impureza], que se refere às Forças Externas, que
governam sobre o Adão da Santidade, ou seja, as almas de Santidade.
Ficou assim por causa do pecado de Adão e Cáin e Hével, seus filhos, que
misturaram o bem ao mal.
Portanto, quanto mais elevada é a alma de santidade, maior é o mal que
existe nela, pois conforme o órgão ao qual ela é ligada na Santidade, ela se
mistura no correspondente órgão na Impureza.
Este é o segredo de "Todo aquele que é maior do que seu amigo também
tem a sua má inclinação maior."
Este é o assunto envolvendo David, que era uma grande alma (Neshamá) e
que no pecado de Adão se misturou com um mal muito grande no fundo
das Klipot.
Por isso ele era ruivo e se envolveu no caso de Bat-Shevá e Abigail e foi
considerado nada para ele.
O motivo disso é que aquela era a primeira vez que saiu do fundo das Klipot
e veio misturado com um mal enorme.
Então, não é uma supresa que ele tivesse feito o que fez, especialmente
quando o Santíssimo, bendito seja, o deixou nas mãos da sua má inclinação
para aumentar sua recompensa.
Este é o segredo do que nossos Sábios disseram: "Se não fosse por você
ser Shaul e ele David, Eu teria sacrificado muitos David's em vez de Shaul".
Isto é algo surpreendente, pois "Ele é nossa rocha, e as Suas obras são
perfeitas."
O que se passa é o que dissemos, que se a alma é muito grande, e
principalmente se ela estiver saindo do fundo das Klipot, o Santíssimo,
bendito seja, a deixa nas mãos do mau instinto, para aumentar suas
recompensas, pois Ele vê que sua alma é grande e Ele não pode prejudica-
la.
Por isso, mesmo que a alma faça algo que não seja bom, ela não é culpável.
Porém, não é assim quando o Santíssimo, bendito seja, vê que o homem é
fraco e sua alma está enfraquecida, e Ele a traz para uma encarnação
'inocente' - pois, mesmo que ela queira fazer mal, não terá a força.
Não se espante se pessoas extremamente elevadas cometerem alguma
transgressão que pessoas de nível bem inferior delas não cometeriam.
Este é o segredo do versículo "porque o homem vê o que está diante de
seus olhos, mas o Santíssimo olha para o coração."
Na verdade, existem dois corações, o bom e o ruim.
O ruim é muito grande e o bem feito por esta pessoa, mesmo que seja
muito pouco, é maior do que de outra pessoa.
Por isso David disse "Salvou-me do abismo e do lamaçal" e "Em minha boca
pôs uma nova canção."
Basta de falar nesse assunto, para quem entende.
Meu mestre disse-me que como minha alma também é elevada e santa
demais, o Santíssimo, bendito seja, me pôs nas mãos do meu mau instinto.
E se não fosse por minha alma ser bem elevada, o meu mau instinto
poderia fazer eu 'perder o mundo' [perder a oportunidade para me corrigir].
Por conta disso, meus pecados são considerados uma fração quando
comparados com os de outras pessoas, porque perderam o seu livre arbítrio
por causa da fraqueza da sua alma.
Como eu estou no começo do meu processo de limpeza e purificação, as
minhas transgressões não são pensadas, como as transgressões de outras
pessoas, pois esta é a primeira vez que saí das Klipot e vim ao mundo.
E se não fosse assim, facilmente eu conseguiria me tornar uma pessoa
extremamente piedosa, conforme o nível de minha alma.
Vamos voltar ao nosso assunto, de que por ser esta a primeira vez que saí
das Klipot, tenho uma dificuldade especial para subjugar o meu mau
instinto.
Este é o motivo para a tristeza que carrego sempre em meu coração, pois
toda a tristeza vem das Forças Externas.
Eu já disse que minha alma veio pelo segredo de Tsêlem sobre a cabeça do
Rav Maguid Mishná, mesmo sendo ele menor do que o meu nível.
E saiba que todas as almas que estão imersas no fundo das Klipot não
conseguem sair de lá e reencarnar imediatamente no mundo, só depois de
terem vindo três vezes pelo segredo de Tsêlem Circundante em cima de
três pessoas que são da sua raiz.
E depois disso, elas podem reencarnar e vir ao mundo como uma alma
interna de fato.
Quando isso acontece se considera a sua primeira encarnação.
E foi isso que ocorreu com a minha Néfesh.
Primeiro eu vim pelo segredo de Tsêlem Circundante em três pessoas da
mesma raiz que eu, mesmo não sendo elas do mesmo nível que eu.
A primeira vez foi no Rav Maguid Mishná, depois foi em uma pessoa
chamada Rabino Iehoshúa Soriano, e por fim em uma pessoa chamada
Rabino Shaul Trishti.
Depois eu encarnei em mim, o jovem Chaim, como alma interna de fato.
E saiba que eu sou uma alma nova, como já foi dito, pois esta é a primeira
vez que vim ao mundo, mas juntamente comigo encarnaram também as
três pessoas mencionadas, de modo que em mim existem hoje quatro
almas: a minha, que é nova, e três reencarnadas antigas.
E saiba que destas três pessoas, duas delas não são sábias.
Mesmo assim, já escrevi antes, que não existe alma de estudioso que não
tenha em si ramos de proprietários, ignorantes e artesãos.
Como estas almas são da minha raiz e como eu já estive pelo segredo de
Tsêlem sobre suas cabeças, agora elas reencarnaram em mim por suas
próprias necessidades.
A mácula do Rav Maguid Mishná foi que ele pecou sem querer com uma
mulher menstruada.
O Rabino Shaul Trishti veio depois dele e pecou com o derramamento de
sangue, sem querer, pois ele queria circuncidar uma criança, mas ainda não
tinha experiência suficiente.
Sendo assim, o menino morreu por causa dele.
Por isso dissemos que foi sem querer, mas próximo a ser de propósito.
E, por fim, o Rabino Iehoshúa Soriano veio e pecou ingerindo gordura
proibida de propósito.
Por isso, os três precisaram reencarnar junto com a minha alma para
corrigir os seus pecados.
E eu preciso limpar a mácula que existe neles por causa de suas
transgressões, já que eu sou do nível dos tendões e cabe a mim corrigir
toda esta raiz, para que o sangue continue fluindo e dando vida a todo o
órgão.
Isso é válido mesmo que eu não tenha cometido o pecado junto com eles.
E por eles serem ramos que se estendem de mim, tenho uma obrigação de
corrigi-los.
Meu mestre ainda me falou mais na questão das almas (Veja Introdução
33): Saiba que Adão tinha em si todas as almas do mundo, e quando ele
pecou acabou reduzindo seu tamanho, como disseram nossos Sábios sobre
o versículo "estendes Tua mão protetora."
E sobrou nele somente a Terumá.
Este é o segredo do porquê Adão é chamado de Chalá do mundo.
E o significado de Terumá é ‘trei mimeah’ - dois de cem [ou dois por cento]
do todos os seus aspectos ficaram nele.
Do lado de Néfesh de Adão de Assiá, ficaram nele os dois por cento mais
selecionados.
Por isso essa parte é chamada de Terumá que vem de: "Quando vocês
levantarem [hebraico: baharimchêm — que vem da palavra, Terumá] a
melhor parte, etc.", o que se refere à melhor parte.
E esta Terumá [que significa também doação ou oferenda] Adão passou por
herança a seu filho, Cáin, pois ele era o primogênito e nasceu depois do
pecado de Adão.
Esta Néfesh reencarnou em Nadav e Avihú e eles são considerados 'dois de
cem' [dois por cento].
E este é o segredo do que foi dito neles: "Nós estamos impuros pela alma
de um homem morto [literalmente: pela Néfesh de Adão]."
Deveria ter sido dito: "pelas Nefashot" [já que são duas pessoas].
Mas o sentido é que ambos eram do aspecto da Néfesh do próprio Adão,
como mencionado.
E as outras noventa e oito partes de sua Néfesh partiram dele no momento
em que ele pecou.
E por isso também está escrito 'o primogênito, Nadav' com acento na
palavra primogênito, para aludir ao primeiro primogênito do mundo que era
Cáin -que virou Nadav e também Avihú — .
Isso quer dizer em hebraico: Avi [meu pai] Hú [é ele], que é a Néfesh de
Adão [o primeiro Homem], o pai de toda a humanidade.
O motivo de Avihú ser mais próximo a Adão é que sua Néfesh e seu Rúach
vêm do aspecto de Cáin, e por isso seu nome é Avihú, pois ele mesmo é
Adão em sua Néfesh e no seu Rúach.
Continua
Portal das Reencarnações – Parte 39
Introdução 39
Meu mestre me disse que todos estes amigos que estavam comigo são de
encarnações do nível de quarenta dias apenas.
Mas eu sou ‘novo'; do aspecto de Cáin e Hével, já que vim uma vez ao
mundo.
A minha duração de gestação é de sete meses.
Sendo assim, fui eu quem os segurou e impediu que eles caíssem nas
Klipot.
E eles mereceram, por minha causa, ficar sete meses em gestação, igual a
mim.
E eu, que tenho uma parte do meu espírito dentro de todos eles, e todos
eles se sustentam por mim, então eu preciso me esforçar para que eles se
corrijam.
Isso porque eu completo a minha correção através da correção deles —
conforme vou explicar adiante.
Agora estou em dúvida como o meu mestre me disse: Se disse que mesmo
estas pessoas reencarnadas, eram do aspecto de Adão propriamente dito,
mas que vinham duas vezes — então por sua primeira raiz ser do tipo dos
nove meses, agora ficaram seguras e corrigidas por esta alma, e mesmo
que ela também fosse de 'sete meses' todas permaneciam por nove meses.
E se eu tinha ouvido assim, duvido até de mim mesmo, pois eu sei que
alguns dos meus amigos são do aspecto de Adão.
E sendo assim, permanecemos, eu e eles, por nove meses [em gestação]
Vamos voltar ao assunto:
Não corrigi todas as almas dos meus amigos juntas em uma vez só.
Portanto, primeiro segurei uma alma, depois, por meio de associar a esta
alma, que segurei, nós dois seguramos outra alma.
Sendo assim, esta terceira alma tem em si dois Ruchot; um meu e um da
primeira alma que eu tinha segurado.
E continuou desta maneira em todas [as almas], até o fim.
Então, deste modo, a décima alma tem um Rúach de mim e um Rúach de
cada um dos nove amigos que vieram antes dela.
E meu mestre não me explicou a ordem delas.
Mas, conforme a ordem que o meu mestre colocou em relação à repetição
da leitura dos ensaios, eu deduzi que a ordem seria assim: Primeiro vim eu,
o jovem Chaim Vital; depois veio o Rabino Ionatan Saguis; o Rabino Arzin e
o Rabino Cohen.
Depois disso eu não sei mais.
E não há que se espantar com o fato de se eu precedo a eles, como
mencionado, sendo eu quem os segurou, então como pode ser que entre
eles tenham amigos mais velhos do que eu e nasceram antes de mim?
O que se passa é, que mesmo eu tendo precedido a eles no aspecto da
gestação, na hora das almas saírem para vir ao mundo pode ocorrer de eles
terem vindo antes de mim.
O esclarecimento desse assunto é o seguinte: Saiba que depois que uma
alma passou pelo segredo de gestação em Malchut, há alma que logo após
a duração de sua gestação, desce a este mundo; e há alma que desce para
o mundo de Beriá e fica lá, servindo perante o Santíssimo, bendito seja,
como o resto dos anjos que estão ali.
Depois de um tempo determinado, ou na hora em que ocorrer uma reza, ou
um merecimento ou um ato de virtude que um ser humano cumpra no
mundo, ela desce e vem a este mundo de fato.
Este é o segredo do versículo "Assim como vive Adonai, o Elohim de Israel,
perante cuja face estou," mencionado com referência a Elias, o profeta.
Porque [no caso de] Elias, depois de sua Néfesh ter saído da gestação em
Malchut de Atsilut, desceu para o mundo de Beriá e ali permaneceu.
E ele ficou, então, servindo ao Santíssimo, bendito seja, como o resto dos
anjos daquele local.
Foi a isto que se aludiu no Zôhar, na Porção Semanal de Acharei Mot, na
página 68 sobre o versículo "Assim como vive Adonai, o Elohim de Israel,
perante cuja face estou."
Do mesmo modo, há alma que desce para o mundo de Ietsirá e fica ali
conforme mencionado.
E existe ainda a que fica no mundo de Assiá, isto é, neste mundo.
Mas todas elas saem de Malchut de Atsilut, sendo que uma fica em Beriá,
outra em Ietsirá e outra em Assiá.
E tudo isso depende das ações das pessoas aqui em baixo, neste mundo.
É assim porque existem rezas que não possuem força para elevar uma alma
a ponto de entrar [no estado de] gestação em Malchut; e existe outra reza
feita com mais intenção e fica bem recebida pelo Santíssimo, bendito seja,
e possui força para fazer a alma descer e vir a este mundo.
Existem rezas que só conseguem fazer a alma descer para o mundo de
Beriá, ou outro mundo.
E tudo isso não depende da virtude da alma propriamente dita, mas das
ações dos humanos relacionadas com estas almas, bem como da virtude da
pessoa que empreende estas ações.
É isso que define como a pessoa alcança e a força disponível para atrair
uma alma ao seu filho [que está sendo gerado]; uma alma que seja a mais
próxima a ele de acordo com o aspecto da raiz de sua alma.
Enquanto a outra alma permanece ali até que ela encontra alguém que seja
o mais próximo a ela para redemi-la.
Isso não depende, de modo algum, da estatura elevada ou baixa da alma
para ela se demorar por mais [ou menos] tempo que a outra.
A alma, que logo depois de seu nascimento [e de sua saída] de Malchut de
Atsilut, desce para este mundo sem nenhum intervalo de tempo, possui,
obviamente, uma grande vantagem, pois ela não se reveste com nenhum
mundo, apenas passa por ele.
No entanto, a alma que fica parada em algum lugar das alturas se reveste
com aquele mundo e depois vem [a este mundo] 'revestida'.
Obviamente, a que se demora em Beriá não se parece com a alma que se
demora em Ietsirá ou Assiá, pois a vestimenta de Beriá é muito mais pura e
fina do que a de Ietsirá que, por sua vez, é muito mais pura e fina do que a
de Assiá.
Às vezes ocorre que uma alma, que se demora em um mundo e se reveste
com ele, seja superior a uma alma que desce a este mundo imediatamente,
sem nenhum intervalo de tempo e sem nenhuma vestimenta.
Isso é porque sua estatura é mais elevada do que a outra.
Porém, há uma modificação na alma, porque se a alma descer
imediatamente, ela será mais iluminante do que se ela se demorar em um
mundo e só depois descer.
O meu mestre me disse que a centelha da minha alma não desceu
imediatamente após a saída da gestação para este mundo, e que ela se
demorou lá em cima.
No entanto, ele não me disse em que mundo.
Saiba que essas gotas do terceiro Acasalamento, de Iaacov com Leá depois
da meia noite, são as últimas de todas na ordem da sua vinda a este
mundo.
Apesar disso não ser pela ordem da sua importância.
E por vierem neste último exílio, estão aludidas na profecia de Isaías, o
profeta, no versículo: "Advertência contra Dumá: Gente de Seir me
pergunta - Guarda, quanto ainda falta para acabar a noite (hebraico: Laila)?
Guarda, quanto ainda falta para acabar a noite (hebraico: Leil)? etc."
Já foi explicado no Zôhar que essa profecia se refere a este último exílio.
E você já sabe que Leil é antes da meia noite, e Laila é depois da meia
noite, como o assunto é tratado no Zôhar, na Porção Semanal Bô.
E esses são as duas classes de amigos que estudaram com meu mestre,
sendo todos eles do Acasalamento de depois da meia noite.
Mas alguns deles são da primeira metade da noite, e é sobre eles que
Isaías, a paz esteja com ele, profetiza, dizendo que a Shechiná grita de
dentro de sua estadia no exílio em Seir, que é o Exílio de Edom.
Por isso Ela pergunta ao Santíssimo, bendito seja [que é o Guarda]:
"quanto ainda falta para acabar a noite (hebraico: Laila)? quanto ainda falta
para acabar a noite (hebraico: Leil)?": Isso alude à primeira classe que vem
do Acasalamento de depois da meia noite chamada de Laila; enquanto:
"quanto ainda falta para acabar a noite (hebraico: Leil)?", quer dizer: O que
Tu farás com os da segunda classe, que vêm da primeira metade da noite
[chamada Leil]?
E o Santíssimo, bendito seja, responde a Ela: "Logo chega a manhã que
alude aos quatro que nascem do Acasalamento de Cadruta Detsafrá
(Escuridão do amanhecer); "mas também vem a noite (Laila)", que alude
aos vinte que nascem do Acasalamento de depois da meia noite, chamado
de Laila. E continuou a dizer: "Se realmente quereis, vinde e retornai," - por
essas classes serem a última geração do Messias, precisam se esforçar
muito em arrependimento, em pedidos, em suplicações e em orações.
E por isso no versículo "Sim, o remanescente de Iaacov... teu povo, ó
Israel... remanescente retornará" aparece duas vezes a palavra
"remanescente", para se referir a essas duas classes mencionadas, como foi
escrito anteriormente.
Meu mestre disse que como eu e estes meus amigos somos todos do
aspecto do Acasalamento de depois da meia noite, nós devemos
caprichosamente nos levantar exatamente à meia noite, pois isso nos
ajudaria muito.
E ele nos alertou a respeito disso.
Meu mestre ainda me disse que destes nossos amigos nem todos iam
permanecer; e que ainda precisam se purificar e passar por uma seleção, e
até substituir alguns deles por outros.
Agora eu vou escrever quem são os amigos que estudam conosco, mesmo
que eu não saiba quem são os que depois deverão ser substituídos.
Na minha classe, que é de depois da meia noite, temos eu, o jovem Chaim
Vital, o Rabino Ionatan Saguis, o Rabino Arzin, o Rabino Hacohen, o Rabino
Guedalia Halevi, o Rabino Shemuel Uzida, o Rabino Iehudá Mishán, o
Rabino Avraham Gabriel, o Rabino Shabtai Menashe, o Rabino Iossef N.
Tavul e o Rabino Elia Falcon.
Esta classe era do lado interno de Mochin de Dáat, como foi dito.
Existe outra classe paralela a esta, que é a das Vestimentas de Nétsach,
Hod e Iessód, que é chamada o lado externo das Vestimentas.
Esta classe é composta pelo meu mestre, o Rabino Alsheich, o Rabino
Moshe Nagara, o Rabino Itschac Archa, o Rabino Shlomo Avsavan, o Rabino
Mordechai Galico, o Rabino Iacov Massud, o Rabino Iossef Alton, o Rabino
Moshe Mints, o Rabino Moshé Ioná e o Rabino Avraham Goakil.
E a segunda classe, que é também do lado interno de Dáat, do
Acasalamento de depois da meia noite, mas é do aspecto de antes da meia
noite, como mencionado acima, é composta por: o Rabino Tsahalon, o
Rabino Iossef Hacohen, o Rabino Iaacov Alterats, o Rabino David Hacohen,
o Rabino Itschac Crishpi, o Rabino Shimon Uri, seu irmão, o Rabino Israel
Uri, o Rabino Avraham Arovets, o Rabino Moshe Alsheich, o Rabino Israel
Halevi, o Rabino Iossef Canfiliash, o Rabino Iehudá Ashkenazi, o Rabino
Naftali Ashkenazi, que eram da família do meu mestre.
Eu já disse que não sei se realmente todos mencionados pertencem a essas
classes.
Mas, em forma geral, foi o que ouvi de meu mestre sobre estas três classes.
Ainda existe uma quarta classe que é das Vestimentas externas, e é
paralela à segunda classe, do lado interno, que já mencionamos.
Ela é composta pelo Rabino Avraham Halevi, o Rabino Moshe Meshamesh e
o Rabino Iehuda Romano.
Mas não ouvi detalhes mais específicos sobre esta classe, só sobre a minha
classe, que é a primeira mencionada.
Parece-me, pela minha humilde opinião, que o mais certo em relação à
segunda classe, do lado interno, [dizer que é composta] por: o Rabino
Tsahalon, o Rabino Iaacov Alterats, o Rabino Itschac Crishpi, o Rabino
Israel Halevi, o Rabino Moshe Alsheich, o Rabino David Hacohen, o Rabino
Iossef Hacohen, o Rabino Avraham Arovets e o Rabino Iossef Canfilash.
Além disso, eu acrescentaria o Rabino Elia El Meriri, mesmo que ele não se
tivesse juntado a essa classe nos estudos.
No caso do Rabino Shimon Uri, me parece o mais certo que ele não
pertencia a ela.
Com relação ao grupo dos anciãos, que é paralelo à nossa classe, mas do
lado externo, me parece que meu mestre o Rabino Alsheich era a minha
contraparte.
O meu mestre queria colocar no nosso grupo para estudar conosco o Rabino
Moshe Alsheich, o Rabino Moshe Nagara, o Rabino Iacov Massud e o Rabino
Shabtai Meiuchas.
Ele me disse que estes eram oriundos daquelas duas gotas do amanhecer;
e apesar de serem do aspecto de antes da meia noite, mesmo assim são do
amanhecer.
Por isso eles podiam ficar junto conosco.
Em questão a nós em particular, não cheguei a saber quem eram as
pessoas que são do amanhecer que vêm do Acasalamento de depois da
meia noite, propriamente dito.
Eu também tenho dúvidas se destes quatro mencionados não existem dois
que são de nossa classe de fato, pois entraram em minha classe apenas dez
pessoas, sendo que precisavam ser doze, como é sabido.
Os outros dois são da Cadruta Detsafra, de antes da meia noite no
[Acasalamento] de depois da meia noite.
Dois dias antes do meu mestre falecer, ele me disse que mesmo os amigos
que estavam comigo na primeira classe precisavam se purificar de modo
diferente, sendo que outros vão entrar no local de alguns deles.
O segredo para entender isso é o que explicamos sobre o versículo "Se teu
inimigo estiver esfomeado, dá-lhe de comer."
O que se passa é que estes amigos não estavam completos, isto é, entre
eles tinham pouco deste aspecto de Vestimenta da alma de alta qualidade,
que vêm das gotas de depois da meia noite.
Além disso, não são todos iguais, sendo que alguns possuem muito do Bom
e pouco do Mal, alguns possuem muito do Mal e pouco do Bom, e ainda há
os que têm as duas coisas equilibradas.
Mesmo dentro disso, existem vários subníveis.
Meu mestre me disse que aqueles que têm uma maior parte do Bem ficarão
assim, obviamente, mas os outros, que têm uma maior parte do Mal e
pouco do Bem, pegarão o mal dos outros e lhes darão a sua parte do Bem.
Sendo assim, haverá uma polarização e estes ficarão totalmente bons e os
outros totalmente maus.
Meu mestre ainda me disse que esta foi a sua intenção ao uni-los, pois por
meio da união e do amor que existe entre os amigos um atrairia o outro,
sendo que o Bem iria para o que tem maior parte de bem e o completaria.
Já o pouco de Mal iria para os que têm a maior parte de Mal.
Quando isso acontecesse, os que são do nível do Mal partiriam e ficariam os
outros, que são completos no seu aspecto do Bem.
Meu mestre me disse que por causa disso um homem precisa se associar
com aquelas pessoas perversas que possuem maior parte de mal e pouca
parte do bem, para fazer com que elas se arrependam.
Deste jeito é possível pegar o que há de bom nelas.
Em especial, se encontrar alguém que tem uma parte boa que falta na
própria raiz de sua alma, então ele a pegaria e se completaria por ela.
Por isso o meu mestre me alertou muito para que eu amasse os meus
amigos e os ensinasse, pois assim, eu tirarei a minha parte de bem que
estava misturada neles e a pegarei e serei completo.
No caso de quem é mediano [metade Bom e metade Mal], tudo depende
dos seus atos, sendo que se quiser pode passar a ser totalmente bom ou o
inverso.
Meu mestre me disse, naquele dia mencionado, que o Rabino Elia Falcon
tinha seus atos no nível intermediário.
Este é o segredo do que nossos Sábios disseram sobre o versículo "e todos
os exército do céu ficam em cima dele" e "Quem seduzirá Achav."
O que nossos Sábios disseram era que Achav era equilibrado e por isso não
foi possível castigá-lo [dos céus], só se ele se inclinasse para o lado do mal.
Porque enquanto ainda permanecia metade bom e metade mau, não tinha
como castigá-lo.
E de Achav até o Rabino Elia Falcon, que são da mesma raiz, sempre
ficaram equilibrados e no meio entre o Bem e o Mal.
Era por isso que o nosso mestre queria tirá-lo de nossa companhia, mas
não o fez porque ele era equilibrado.
Isso se deu até o grande rompante de raiva direcionada ao Rabino Arzin
que ocorreu em uma véspera de Shabat.
A partir dali, ele começou a se inclinar para o lado do Mal.
Mas mesmo assim ainda ficou com uma parte menor do Bem, e então foi
tirado de nossa companhia.
Meu mestre ainda disse, a respeito do Rabino Arzin, que se o pai dele viesse
para Safed naquele ano, ele também se tornaria obsoleto para o grupo.
Por causa disso, no mesmo dia em que meu Mestre rejeitou o Rabino
Falcon, queria também rejeitar o Rabino Arzin.
O Rabino Ionatan Saguis, sua parte maior é boa e não há dúvidas de que
ele vai se inclinar para o Mal. [Apesar de que no texto aparece 'mal' -
Segundo o raciocino deveria ser - 'bom']
O Rabino Guedalia Halevi, também sua parte maior é Boa e sua fé é
completa.
O Rabino Iehuda Hacohen sua parte maior é boa, há dúvidas na sua fé.
Não por que lhe falte a fé em meu mestre, mas por outro motivo, que o
meu mestre não quis revelar.
O Rabino Shemuel Uzida, sua parte maior é boa, mas há dúvidas se ele não
penderá para o outro lado.
O Rabino Avraham Gavriel, o Rabino Shabtai Menashe, o Rav Iehudá de
Shean e o Rabino Iossef Tavul foram totalmente rejeitados.
No entanto, no Rav Iehudá Mishán ainda há dúvida se ele pode recuperar-
se.
E sobre mim, o jovem Chaim, meu mestre disse que num futuro próximo eu
passaria por uma experiência grande na qual teria que testar o meu amor
pelo meu mestre.
Depois ele me disse que sua intenção era dispensar todos os amigos,
ficando apenas com três ou quatro deles.
Meu mestre me disse que eu deveria me esforçar em dar mais méritos para
os pecadores do que qualquer outra pessoa, pois todos os perversos desta
geração são do aspecto de Erev Rav, no qual a maioria deles, ou quase
todos, são da raiz de Cáin, pois suas centelhas do bem se misturaram ao
mal.
E ele ficou na sua parte maior, mau.
Por isso eu tenho a obrigação de corrigi-las, pois elas são da minha raiz.
E não só isso, mas até mesmo os perversos das gerações anteriores, que já
passaram do mundo desde os tempos mais antigos, e que agora se
encontram no Guehinóm, eu posso corrigir por meio dos meus atos;
fazendo-os subir de Guehinóm e entrar em corpos que virão a este mundo
para corrigir-se.
O motivo para isso é que a minha Néfesh é da parte essencial da raiz de
Cáin, além do fato de eu ter vindo nesta Última Geração.
Ainda há o fato de eu ter vindo do aspecto das gotas superiores, que são do
Môach de Dáat de fato e não das Seis Extremidades que se expandem pelo
corpo.
Por isso, eu tenho em minhas mãos o poder de fazer isso se eu quiser
melhorar ainda mais os meus atos.
Ele me disse que por este motivo, se eu fizesse com que os perversos desta
geração ganhassem merecimentos, eles me obedeceriam e as minhas
palavras entrariam em seus corações.
Adendo:
Shemuel disse: Preenchendo o Tetragama:
=(10) + (12) + (10) + (20) , possuímos valor de 52, e com a
letra Alef [em forma completa] assim: ,que tem o valor numérico de
111, juntos somam o valor do dedo em hebraico:
163 = (70) + (2) + (90) + (1) .
Cuidar para que as tiras dos filactérios não toquem no chão e meditar no
valor numérico de "tira" [ - Retsuá] que é 370 = ", duas vezes o
valor do nome: " - El [em forma completa]: " que é 185.
e se grudar a ela.
Mas, elas não conseguem alcançá-la.
Meu mestre ainda me disse que naquela hora minha mulher estava grávida
e que se a criança fosse uma menina não haveria outra igual a ela na sua
inteligência.
Mas se fosse um menino não haveria igual a ele no mundo todo, e não se
verá no mundo todo um amor tão forte de pai por filho como o que eu teria
por ele.
E no futuro ele me ensinaria a sabedoria da Cabalá, mesmo que ele não
seja da minha raiz.
O seu nível é três mil graus mais elevados do que o meu nível, e jamais ele
se separaria da raiz de minha alma, mesmo depois da ressurreição dos
mortos.
E como expliquei em outro lugar, de que se houver uma diferença de
quinhentos graus ou mais entre o pai e filho eles se tomam uma raiz; em
especial eu e ele.
Isso por dois motivos: Primeiro, porque somos pai e filho; e segundo,
porque seríamos Rabino e discípulo.
Ele teria uma ligação comigo por ele ser o meu Rabino.
Eu deveria, então, meditar no que está dito "Será que eu não sou melhor
para ti do que 10 filhos?"
Eu teria que meditar, então, que estou iluminando e trazendo estes dez
filhos em Léa.
Por fim eu devo meditar na união da minha Néfesh com a Néfesh do Rav
Iba Saba no mundo de Assiá por meio do nome:
— com a vogal de ‘Tserê' — .
Eu devo meditar neste nome dez vezes, nas dez Sefirot de Assiá.
Eu expliquei ali ainda mais; o principal motivo que uma pessoa que se
levanta à meia noite para chorar e se lamentar pela destruição do templo é
porque o ponto essencial de Rachel começa a descer exatamente à meia
noite para o mundo de Beriá.
O motivo de sua descida no exílio é para recolher as centelhas das almas
que se espalharam entre as Klipot.
Por isso choramos e lamentamos pelo exílio da Shechiná, pois fomos nós
que causamos isso por meio de nossos pecados, misturando o bem no mal
e o mal no bem, como é sabido.
Meu mestre me disse que, em especial quem sabe que é da raiz de Cáin, na
qual há muita influência da impureza da Serpente, e que nesta impureza as
almas se afundam, tem que mexer nisso mais do que os outros seres
humanos.
Por isso meu mestre me alertou enfaticamente com relação a estes
lamentos, dizendo que eu deveria fazê-los mais do que qualquer outra
pessoa.
O Rabino Itschac Hacohen me contou que na hora em que meu mestre
faleceu, quando eu tinha saído do seu lado, ele entrou para falar com meu
mestre e chorou e disse: Esta era a esperança que todos estávamos
desejando com ânsia em sua vida; de ver o bem, a Torá e uma grande
sabedoria sendo difundidos no mundo.
E ele respondeu: Se eu tivesse encontrado apenas um justo completo entre
vocês, não precisaria partir deste mundo antes do meu tempo.
Quando ele estava falando isso, perguntou por mim e disse: "Onde foi
Chaim? Numa hora destas, ele sai do meu lado?"
Ao dizer isso ele ficou muito triste.
E ele [R. Itschak] entendeu que ele queria dizer algum segredo.
Aí lhe perguntou: O que faríamos dali em diante?
E ele respondeu: Diga aos amigos em meu nome, que daquele dia em
diante de eles não mais se ocupariam desta sabedoria que eu tinha
ensinado a eles, pois não a entenderam corretamente. Eventualmente, eles
cairão em heresia, que isso não aconteça, e perderão sua alma.
Porém, só o Rabino Chaim Vital, se ocupará deste estudo — sozinho e em
sussurro.
E ele [R. Istchak] perguntou: Que não seja assim, mas não há mais
esperança para nós?
Ele disse: Se vocês tiverem méritos, eu voltarei e ensinarei a vocês.
Perguntou: Então como Você e viria e nos ensinaria depois de falecer e
partir deste mundo?
Ele respondeu: Não se mexa no oculto, e como eu virei a vocês; seja por
meio de sonhos, quando estiverem acordados, ou por meio de uma visão.
Imediatamente, depois disso, ele disse: Anda, sai daqui rápido pois você é
um sacerdote e chegou a minha hora. Não tenho mais tempo hábil para
alongar-me em nada mais - então saiu rápido.
E antes mesmo que ele saísse pela porta da casa, ele abriu a sua boca e a
sua alma foi embora por meio do beijo.
Que sua alma seja abençoada e lembrada para todo o sempre.
Adendo:
Shemuel disse: Até aqui [escrevi tudo do que] chegou à minha mão por
meio de panfletos, e tudo o que envolvia o meu pai, meu mestre, com seu
Rabino, desde o dia em que ele o conheceu até o dia em que faleceu e
partiu para o Mundo Vindouro.
Do mesmo jeito aconteceu comigo e com meu pai, meu mestre, no dia do
seu falecimento.
E ele também me disse para eu não ter medo algum.
Além disso, ele disse que tudo o que eu quiser [saber] lhe perguntar
enquanto estiver no seu túmulo, ele me responderá.
Isso me aconteceu algumas vezes, eu lhe perguntei quando estava no seu
túmulo tudo o que quis [saber] e ele sempre me respondeu tudo que eu
perguntava — seja a memória deste Justo abençoada!
Continua
Portal das Reencarnações – Parte Final
Introdução 40
No Zôhar, Porção Semanal de Valerá, p.120a, linha 18, [HaSulam par. 495]
está comentado o versículo "e [Avraham] viu o lugar de longe."
Isso significa que ele viu Iaacov, já que está escrito "de longe, isto é, que
não mereceu, etc."
Ele viu com os seus olhos; porque quando Iaacov veio, Avraham faleceu e
partiu do mundo, etc.
Quando analisamos seus anos de vida, vemos que Iaacov tinha treze anos
de vida quando Avraham morreu.
Os nossos Sábios comentaram no versículo "Iaacov havia cozido um
guisado" que ele estava cozinhando lentilhas em sinal de luto por Avraham,
que tinha falecido cinco anos antes, para não ver Eissav ir para uma cultura
ruim aos treze anos.
E tem que adicionar ao que foi mencionado, que até o momento em que foi
escrito: "E os garotos cresceram" — isso significa que fizeram treze anos e
se tornaram homens maduros e completos.
Foi então que ficou evidente que Eissav virou perverso e Iaacov se tomou
uma pessoa ingênua que habitava em tendas [o que alude ao estudo da
Torá].
Antes disso não foi claro.
Essa é a prova de que Avraham não o viu completo [Iaacov], conforme era
preciso.
Portanto, de fato era uma visão física, com os seus próprios olhos, que ele o
viu.
No Zôhar, Porção Semanal de Toledot, p. 135a, linha 32, [HaSulam par. 7],
está dito: "Agora que Abrahão faleceu, a imagem e a figura de Abrahão
ficaram em Isaac, de modo que todo mundo que via Isaac dizia: 'Este
certamente é Abrahão', etc."
E é difícil compreender isso, pois os nossos Sábios disseram que Isaac
estava sempre na imagem de Abrahão [desde que tinha nascido e não só
depois da morte do seu pai].
Isso para que aqueles que zombam não dissessem que foi Avimélech que
engravidou Sara.
E aqui está dito "Agora que Abrahão faleceu, a imagem e a figura de
Abrahão ficaram em Isaac."
Esse é o segredo de "Elohim abençoou a Isaac, seu filho."
A benção foi justamente o fato de que ele ficou com a imagem do seu pai,
para provar que era filho dele.
Por isso, aparece o termo "seu filho", que é supérfluo, já que "Elohim
abençoou, etc." aparece logo em seguida de: "Abrahão teve Isaac como
filho" — isso tudo era para especificar a questão da bênção que estava
sendo dada.
E mais ainda dificil é o termo 'apesar disso' que foi dito antes.
O Rabino Iossi disse: O motivo de que até aqui não foi escrito 'filho de
Avraham', e aqui disse: "Apesar disso, e Elohim abençoou a Itschak, seu
filho" — agora que Avraham tinha falecido.
Então, o termo `apesar disso' é equívoco e em oposto a do que teria sido
esperado de ser dito, e deveria ter sido dito, 'por causa de' — (Veja no
Zôhar, HaSulam, Toldot — par. 7) — e isso exige ser mais estudado.
No Zôhar, Porção Semanal Vaietsê, folha 153b, linha 25, está escrito:
"Portanto, José e Benjamin são ambos justos, etc. E nós aprendemos a
respeito disso: Na hora em que José perguntou a Benjamin quantos filhos
ele tinha, etc." [Gênesis 46:21 cita os nomes dos filhos. A ideia de que José
perguntou pelos filhos de Benjamin se encontra em Bereshit Rabá 46.]
É preciso primeiro corrigir a linguagem do Zôhar, pois ela não está correta.
Então, vou escrever aqui sua versão corrigida, conforme o que se encontra
em livros antigos, conforme o seguinte:
O Zôhar diz: "Nós aprendemos a respeito disso: Na hora em que José
perguntou a Benjamin: 'Você tem uma esposa?', ele respondeu: Sim,
tenho'. Aí ele perguntou: 'Você tem filhos?', e ele disse: `Não!".
Mas, ele tinha filhos.
E José continuou a perguntar: "E quando tiver filhos, como você os
chamará?"
E ele respondeu: "Eu vou chamá-los pelo nome do meu irmão (José); Achai,
Rosh, Guera e Naaman, etc."
Então é preciso examinar cuidadosamente a questão de Benjamin ser
chamado de justo por não ter tido relações conjugais com sua esposa
durante todos os anos em que Iaacov ficou de luto por José.
O Zôhar comentou e disse que quando ele desceu ao Egito, José lhe
perguntou se ele tinha filhos, e ele respondeu que ainda não.
José, então, disse: "E se você tiver, quais serão os seus nomes?"
E ele respondeu que os chamará conforme o nome de José; Achai (meu
irmão), Rosh (líder), como dito na Guemará.
Mas, [no texto ele voltou a perguntar: Mas, vemos que ao descerem [os
irmãos] para o Egito está escrito [na Bíblia] que os filhos de Benjamin eram
Béla, Becher, etc.]
Estes filhos incluíam as setenta almas que desceram ao Egito.
E explicou assim: Depois que Beniamin (Benjamin) veio para a casa de José
no Egito, e se apresentou a José quando ele se expôs a eles, dizendo que
era o irmão deles, Benjamin voltou com seus irmãos à terra de Canaã, e
teve união conjugal e aí lhe nasceram filhos.
Isso é, como foi dito [no Zôhar ali] que Beniamin voltou a sua casa e voltou
a ter relações conjugais, etc.
Isso exige um exame, porque o que aparece da questão de Judá é que seus
ossos ficaram amarrados num caixão, por causa da promessa que tinha
feito: "Se eu não o trouxer de volta e não o colocar bem aqui na tua
presença, serei então culpado diante de ti pelo resto da minha vida"— isso
significa que Benjamin não voltou para a terra de Canaã.
E se dissermos que voltou, e o fato que seus ossos ficaram amarrados é
porque seu voto era condicional e precisava ser anulado por si mesmo, e se
não foi obrigado a cumpri-lo, também é difícil aceitar, porque logo depois de
ter levado o seu irmão [de Iossef, Beniamin (Benjamin)] para a terra de
Canaã, acompanhados com as carruagens, trouxeram o Iaacov com eles
para o Egito.
Então, não havia como Benjamin ter sequer um filho, quanto mais dez!
Mesmo que ele tivesse dez mulheres, porque todos desceram ao Egito já
nascidos, com exceção de Iochéved, que nasceu 'entre as muralhas'.
Ainda mais quando todas as tribos [filhos de Iaacov] nasceram com uma
irmã gêmea e com ela se casaram.
Então, é impossível dizer que Benjamin, que é chamado de justo, se casou
com mais outras nove mulheres amaldiçoadas do povo Cananeu - como o
Rabino Nechamia se opôs ao Rabino Iehudá no Midrash.
E se dissermos que nasceram dez gêmeas com ele, isto seria um milagre e
tanto.
Mesmo assim, não haveria tempo suficiente para elas engravidarem e
darem à luz a todos [os seus filhos] antes de descer ao Egito.
[Zôhar Comentario HaSulam par. 139: E não precisa levantar a questão
como pode ser que em tempo tão curto — isto é, desde a hora em que
voltaram as tribos com as carruagens do Faraó ao seu pai e até a sua volta
ao Egito — ele podia ter dez filhos. Porque a verdade é que o Zôhar não
está falando em eventos físicos, mas em acontecimentos nos mundos
superiores, onde não há ordem de tempo como no mundo físico. O 'tempo
espiritual' ocorre por causa de mudança de formas e degraus, que são além
de espaço e de tempo.]
Shemuel disse: A isso acrescentamos o fato que é fundamental dizer que
todos morreram antes de descerem ao Egito.
E conforme a explicação de Rashi a respeito das gêmeas que nasceram com
cada tribo [cada filho, que virou cabeça de uma das 12 tribos], é preciso
dizer que todas elas morreram antes de descer ao Egito, pelo fato que não
foram contadas entre as setenta almas, com exceção de Sérach, filha de
Asher, ou Iochéved, como é sabido.
No Zôhar, Porção Semanal Vaietsê, folha 161a, linha 5 [HaSulam par. 296],
está escrito: "'E naquele mesmo dia tirou os bodes.' O Rabino Elazar
começou a discussão com o versículo ‘Quem habitará em Teu Tabernáculo?'
E ele responde [HaSulam par. 297]: Iaacov estava examinando a hora da
sorte [hebraico: Mazal] dele. É permitido para um homem examinar a hora
da sorte dele antes de voltar para o seu país; isto é, sé a sua sorte estiver
com ele, tudo está bem. Se não, o homem não deverá partir até que a sorte
esteja ao seu lado."
É preciso examinar esse assunto, porque toda esta página não faz sentido,
no que foi dito: "É permitido para um homem examinar a hora da sorte dele
antes de voltar para o seu país; isto é, se a sua sorte estiver com ele, etc.".
E quando o Santíssimo, bendito seja, queria que Iaacov pegasse seu salário
[de Labão, Lavan], encontrou só dez de cada tipo, até que o Rabino Elazar
disse, etc.
Isso exige ser examinado — [Veja HaSulam ensaio 'Os galhos', a partir do
parágrafo 303]
No Zôhar, Porção Semanal Vaicrá, página 2b, linha 1 [HaSulam par. 7], o
que está dito: "E Moisés não pôde entrar na tenda da reunião porque a
nuvem pousara sobre ele." exige ser bem examinado.
A pergunta que ele fez é: Já que está escrito: "Moisés não pôde entrar na
tenda porque a nuvem pousara sobre ele" — então, por que está escrito: "e
a nuvem cobriu o monte"; "E Moisés entrou na nuvem, e foi subindo o
monte, e permaneceu no monte quarenta dias e quarenta noites"?
E o Zôhar explica que isso foi necessário para que pudesse receber a Torá
pela segunda vez.
Mas existe uma dificuldade aqui, pois este versículo alude às Primeiras
Tábuas, como aparece no fim da Porção Semanal Mishpatim.
E com relação ao segundo período de quarenta dias, não está escrito que
ele subiu [e entrou] na nuvem.
Depois também vemos que o Rabino Iossi disse: Se é assim, por que está
escrito "E Moisés fez levantar o Tabernáculo" (Êxodo 40:18)
E também está escrito: "e Moisés permaneceu no monte" (Êxodo 24:18) e
"E chamou a Moisés" (Levítico 1:1).
Tudo isso significa que Moisés estava no monte quando ele foi chamado.
Esta é uma boa pergunta: porque o versículo: "E Moisés permaneceu"
aparece no fim de Mishpatim, então como fizeram uma pausa, e o inseriram
entre o fim da Porção Pecudê, depois do versículo "E Moisés não pôde", e no
início de Vaicrá.
Isso significa que "E Moisés permaneceu no monte" alude à Autorga da
Torá, no dia de Shavuót.
E o versículo "E Moisés não pôde" alude ao início do mês de Nissan do
segundo ano [da saída do Egito].
É preciso analisar bem isso.
No Zôhar, Porção Semanal Chucát, página 180a, linha 24 [HaSulam par. 11,
12, 13], está escrito: "E é preciso atirar o sapato do falecido e ele não anda
com ele, etc. " — não foi encontrado algum fundamento para aquilo.
Existe outra versão mais correta, e é a seguinte: Com este sapato, aquele
falecido, anda entre os vivos.
Isso significa que, por meio da cerimônia de Chalitsá a esposa faz com que
o seu marido falecido não seja desemparado entre os vivos nesse mundo,
pedindo desesperadamente descanso para si, ou seja, ele não consegue
subir para seu lugar [de descanso] como ocorre com o resto dos falecidos.
E o Zôhar continua dizendo, que por meio desse sapato: "a esposa o acolhe
[o marido falecido dela], etc.”
E assim, o corpo do falecido encontra o seu descanso.