Mulheres Que Correm Com Os Lobos Clarissa Pinkola Estes
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Poetas Contemporâneos II
Miguel Torga
Súplica
Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
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Graça Magalhães e Madadena Dine, Preparar o Exame, 2015, Raiz Editora.
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Sebenta Português 12º ano
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Sebenta Português 12º ano
Resolução:
1. O sujeito poético dirige-se a alguém que já amou muito, mas cujo sentimento
foi agora apaziguado («…enquanto/ O nosso amor/ Durou»).
2. O tempo permitiu o afastamento dos dois, bem como o atenuar da paixão
(«Mas o tempo passou, /Há calmaria…») Porém, ele sabe que se ela se
aproximar a paixão será ainda maior («Matar a sede com água salgada»).
3. Ele pretende dizer que no momento presente as emoções não magoam, pois,
a paixão está tranquila. Porém, esta situação deixa-o sem rumo, sem vida.
3.1. Como o sujeito poético consegue encontrar e equilíbrio
afastando-se da paixão que fazia sofrer (“só soubemos sofrer”),
ele suplica à amada para não se aproximar de novo, pois essa
aproximação ainda seria mais dolorosa.
4. No último verso vemos que a aproximação seria ainda mais dolorosa, pois
traria um desejo ainda maior (“sede”), o qual seria sanado com o sofrimento
(“água salgada”), ou seja, ainda mais com desejo e paixão.
5. O fato do sujeito poético se afastar do amor, da paixão por ela, faz com que se
afastasse também dele próprio, deixando-se ir “sem rumo”, à deriva pela
vida.
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Sebenta Português 12º ano
Mãe
S. Martinho de Anta, 1 de Junho
Mãe:
Que desgraça na vida aconteceu,
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se endureceu
Numa linha severa e desenhada?
Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!
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Sebenta Português 12º ano
Resolução:
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Sebenta Português 12º ano
Sísifo2
Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...
1. Após ler a nota referente a Sísifo, explique qual o sentido desta referência
para o sentido global do poema.
2. O que pretende o sujeito poético com a expressão seguinte: «De nenhum
fruto queiras só metade.»?
3. Qual a importância das ilusões para o sentido global do poema?
2 Sísifo, na mitologia grega, ilho do rei Éolo, da Tessália, e Enarete era considerado o mais astuto de todos
os mortais. Mestre da malícia e da felicidade, ele entrou para a tradição como um dos maiores ofensores dos
deuses. Segundo Higino, ele odiava o seu irmão Salmoneu; perguntando a Apolo como ele poderia matar o
seu inimigo, o deus respondeu que ele deveria ter filhos com Tiro, filha de Salmoneu, que o vingariam. Dois
filhos nasceram, mas Tiro, descobrindo a profecia, matou-os. Sísifo vingou-se... e, por causa disso, ele
recebeu como castigo na terra dos mortos empurrar uma pedra até o lugar mais alto da montanha, de onde
ela rebolava de volta, pela montanha abaixo até o ponto de partida por meio de uma força irresistível,
invalidando completamente o duro esforço despendido. Por esse motivo, a expressão "trabalho de Sísifo",
em contextos modernos, é empregada para denotar qualquer tarefa que envolva esforços longos, repetitivos
e inevitavelmente fadados ao fracasso - algo como um infinito ciclo de esforços que, além de nunca levarem
a nada útil ou proveitoso, também são totalmente desprovidos de quaisquer opções de desistência ou recusa
em fazê-lo.
Sísifo tornou-se conhecido por executar um trabalho rotineiro e cansativo. Tratava-se de um castigo para
mostrar-lhe que os mortais não têm a liberdade dos deuses. Os mortais têm a liberdade de escolha, devendo,
pois, concentrar-se nos afazeres da vida cotidiana, vivendo-a em sua plenitude, tornando-se criativos na
repetição e na monotonia.
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Sebenta Português 12º ano
Resolução:
1. O sujeito poético dirige-se ao leitor e incita-o a nunca desistir enquanto
não sentir liberdade (“Enquanto não alcances/Não descanses.”). Esta
alusão a Sísifo leva-o a reconhecer a ilusão e o sonho necessários para
atingir o cume da montanha, isto é, a liberdade, pois o Homem é feito de
loucura e de sonhos, tal como o mortal Sísifo. Só essa loucura nos faz ser
quem nós somos realmente (“Só é tua a loucura/Onde, com lucidez, te
reconheças…”).
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Sebenta Português 12º ano
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Sebenta Português 12º ano
Resolução:
1. O “tu” é verdadeiro, não utiliza máscaras, utiliza “a virtude”
corretamente, é destemido e não se cala. Este “tu” não se compra nem se
vende e tem a capacidade de enfrentar os perigos “de mãos dadas”, sem
medir as consequências. Este “tu” parece ser alguém verdadeiro, corajoso
e reto, alguém que se destaca pela sua pureza e verdade.
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Sebenta Português 12º ano
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Sebenta Português 12º ano
Resolução:
1. O texto pode ser desenvolvido em duas partes: a primeira parte engloba a
primeira estrofe e a segunda parte compreende as outras duas estrofes. Na
primeira parte, o sujeito poético apresenta a ilusão que todos temos da
vida, enquanto que na segunda parte, introduzida pela conjunção “Mas”,
ele explica a ilusão e acrescenta que o céu, o mar e a aurora que nasce nos
belos jardins só pertencem aos deuses. A ilusão apresentada na primeira
estrofe é, assim, desmistificada pela mortalidade humana.
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Sebenta Português 12º ano
Mulheres à Beira-Mar
Confundido os seus cabelos com os cabelos
do vento, têm o corpo feliz de ser tão seu e
tão denso em plena liberdade.
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Sebenta Português 12º ano
Resolução:
1. As mulheres que estão à beira-mar são felizes, livres e desejam conquistar o
mundo (“Com a boca colada ao horizonte aspiram longamente a virgindade de
um mundo que nasceu”.)
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Sebenta Português 12º ano
Eugénio de Andrade
Poema à Mãe
No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe!
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Sebenta Português 12º ano
no meio de um laranjal..."
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.
4. O que pretende o sujeito poético ao dizer que “já não sou o retrato
adormecido/ no fundo dos teus olhos!”?
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Sebenta Português 12º ano
Resolução:
1. O poema remete para o amor materno e a relação entre o sujeito poético e
a sua mãe, aquilo por que passaram e as recordações que guardam na
memória.
2. O sujeito poético afirma que traiu a sua mãe porque cresceu e se afastou
dela, para viver de uma forma autónoma e independente. A ideia advém
do tornar-se adulto.
3. O sujeito poético é meigo, reconhece que traiu a sua mãe e que por vezes
é cruel com ela (“às vezes as palavras que te digo/são duras, mãe”).
Porém, embora adulto, ele revela-lhe que ainda é, às vezes, o seu menino,
aquele que precisa de proteção ou está saudoso de histórias que ela lhe
contava («ainda aperto contra o coração /rosas tão brancas / como as que
tens na moldura” e “ainda oiço a tua voz: “Era uma vez uma princesa /
no meio do laranjal…”»).
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