Aula 03 - Pressupostos Da Revitalização
Aula 03 - Pressupostos Da Revitalização
Aula 03 - Pressupostos Da Revitalização
AULA 03
Consciente ou não, todos nós temos uma filosofia de ministério.1 Talvez essa
não seja tão óbvia ou ainda não esteja tão claramente articulada, mas o fato é
que ela está presente determinando o “como” nossas ações são executadas.
Inicialmente, é preciso afirmar que não devemos buscar um crescimento da
igreja a qualquer custo. Lamentavelmente, alguns líderes nesta busca por
crescimento, bem-intencionados, porém mal orientados, acabam por negociar
princípios da fé cristã. Seguindo pressupostos do pragmatismo saem em busca
de novas técnicas e formas de entretenimento para atrair o povo e fazer a igreja
crescer.
Se a filosofia proposta pelo pragmatismo não nos serve, quais deveriam, então,
ser os pressupostos a dar embasamento para a nossa prática na revitalização
da igreja? Penso que pelo menos cinco:
1
REIS, Gildásio J,B, dos. Uma Filosofia Bíblia de Ministério. Teologia para Vida (Revista do Seminário
JMC) Volume II No. 2 Julho-Dezembro 2006. p. 123
Curso de revitalização de igreja 2
Revitalização não é uma questão de trazer novidades para dentro da igreja. Não
há necessidade de inventar nada. Ao contrário, para revitalizar a igreja, é preciso
voltar às “antigas doutrinas da graça”.
Leia com muita atenção Efésios 4.15,16. Note bem o ensino do apóstolo Paulo
neste texto. Diz ele que devemos crescer em tudo naquele que é a cabeça,
Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidada pelo auxílio de toda
junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio
aumento” (cf. Colossenses 2.19).
Paulo está dizendo que a igreja é um corpo só. Um organismo vivo em que todos
os membros estão unidos entre si. Um corpo é uma unidade orgânica e funcional.
2
MACARTHUR, John, Jr. Com Vergonha do Evangelho. São José dos Campos, SP: Editora Fiel. 1997.
p. 283
3
ARMSTRONG, John. O Verdadeiro Avivamento. Editora Vida. São Paulo: 2003. p.101
Curso de revitalização de igreja 3
Paulo retrata a igreja em termos de corpo humano. Esta é umas das principais
figuras utilizadas no Novo Testamento para representar a igreja (I Co 12.12-31).
Assim como o corpo humano é organizado para funcionar em unidade, pela
cooperação e interdependência de suas muitas partes, assim também a Igreja,
como um corpo, revela a unidade e diversidade. Embora governado por uma
"cabeça" - Cristo -, o corpo tem muitos membros, cada um deles dotados e
investidos por Deus a fim de contribuir para a obra de todo o corpo. Há uma
interdependência dos membros no corpo. Observe a ênfase de Paulo nas
expressões “todo o corpo”, “auxílio de toda a junta” e “justa cooperação de cada
parte”. Estas expressões não deixam dúvida que todos os membros numa igreja
local são necessários para o seu desenvolvimento.
Note bem o que Lucas deixa registrado em Atos 8.1: “Naquele dia, levantou- se
grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos,
foram dispersos pelas regiões da Judéia e Sumária”. (grifo nosso)
4
HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento Efésios e Filipenses. Editora Cultura Cristã.
SP: 2005. p. 241
5
Idem, p. 241
6
MURRAY, Ian. A Igreja: Crescimento e Sucesso. In: Revista Fé para Hoje. Editora Fiel. 2000. Número
6.
Curso de revitalização de igreja 4
Ausência de santidade e incoerência tem sido uma das grandes barreiras para
a revitalização e o crescimento da igreja. Os crentes estão desassociando a
pregação do testemunho cristão. A ética cristã tem se tornado extremamente
flexível e maleável, adequando-se às circunstâncias. O evangelho tem sido
desacreditado pelos constantes escândalos envolvendo seus líderes. Em nossos
dias a igreja está convivendo e aceitando o erro como algo normal. Temos
constatado uma triste realidade: A igreja está tendo dificuldade de ter convicção
de pecado. Está achando tudo normal.
A revitalização pressupõe que uma vida transformada é o maior argumento e a
melhor explicação do evangelho. Se queremos ver a igreja crescer, precisamos
cuidar primeiro da questão da nossa santidade. O profeta Jeremias diz “... lavrai
para vós outros, campo novo e não semeeis entre espinhos” (Jr 4:3). No contexto
desta passagem aprendemos que o profeta está exigindo que o pecado seja
removido, para que assim haja um coração mais receptivo à Palavra. A ideia
presente nesta analogia pode ser sintetizada da seguinte maneira: não pode
7
MURRAY, Iain. A Igreja: Crescimento e Sucesso. In: Revista Fé para Hoje. Editora Fiel. 2000. Número
6. p. 19
8
MURRAY, A Igreja: Crescimento e Sucesso. p. 20
Curso de revitalização de igreja 5
haver produção frutífera se a semeadura for feita entre os espinhos, pois estes
sufocam e matam a planta (Mt 13:7-22). Assim também seria desperdício ou
inútil semear as sementes do arrependimento em solo não preparado
adequadamente.
Creio que Jesus deseja e tem em suas mãos o poder para abençoar e fazer sua
igreja crescer. Mas, primeiro, precisamos tomar uma decisão urgente.
Precisamos buscá-lo de todo o nosso coração. Se a igreja não estiver disposta
a reconhecer os seus maus caminhos, ou seja, abandonar a mentira, a
maledicência, a imoralidade, a desonestidade nos negócios, os vícios, as
olhadelas lascivas, etc., não poderá experimentar a revitalização. Enquanto
houver pecados não tratados, escondidos e enterrados no seio da igreja, Deus
não será conosco. “Já não serei convosco, se não eliminardes do vosso meio a
coisa roubada” (Josué 7:12).
Novamente, Iain Murray nos é útil. Ele contribui com este ponto afirmando que,
9
MURRAY, Iain. A Igreja: Crescimento e Sucesso. p. 22
Curso de revitalização de igreja 6
Por último, podemos afirmar que a revitalizar da igreja não é uma questão de
como trazer vida, mas sim, de quem gera esta revitalização. Nosso pressuposto
aqui é que este trabalho de trazer vida é sempre uma atividade do Espírito Santo.
Comentando a visão de D.M. Lloyd-Jones sobre avivamento, J.I. Packer diz:
10
SITTEMA, John. Coração de Pastor – Resgatando a responsabilidade pastoral do presbítero. São
Paulo, SP: Ed. Cultura Cristã. 2004. p. 175
11
Cf. D.M. Lloyd-Jones. Avivamento. PES. SP: 1993. p.10
Curso de revitalização de igreja 7
Exatamente como acontece com muitos hoje em dia. Muitos estão vivendo uma
vida cristã sem graça. Estão quase moribundos e se acham letárgicos e
adormecidos em sua espiritualidade. Precisam ser revigorados e experimentar o
toque do Espírito Santo. Muitos se sentem como um monte de ossos secos, sem
vida. Mas a boa notícia é que tudo isso pode mudar. Deus pode, através do
Espírito Santo, transformar e revitalizar sua igreja.
No entanto, quaisquer que sejam os dons naturais que um homem tenha, este
trabalho de revitalizar é primordialmente de competência do Espírito Santo.
Precisamos ter esta compreensão de que nós plantamos, outros regam, mas
somente Deus é quem dá o crescimento (I Cor. 3:6). J. Blanchard afirmou que:
“Tentar fazer alguma coisa para Deus sem oração é tão inútil quanto tentar lançar
um satélite com um estilingue”.12 O nosso primeiro passo na revitalização da
igreja deve ser a humildade diante de Deus em reconhecermos quem somos e
quem Deus é, e isso deve nos levar a admitir nossa dependência do Senhor.
Como nos ensinou Jesus: “Sem mim vocês não podem fazer nada” (João 15.5).
Conclusão e aplicação:
1. Discuta com seu grupo cada um dos pressupostos desta lição e diga qual
deles é mais importante para a realidade da sua igreja hoje.
2. Justifique sua resposta anterior.
12
BLANCHARD, John. Pérolas para a Vida. Editora Vida Nova. SP: 1993. p. 268