FRancisco Rodrigues
FRancisco Rodrigues
FRancisco Rodrigues
HISTÓRIA
DA
COMPANHIA DE JESUS
NA
ASSISTÊNCIA DE PORTUGAL
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P. Baltasar Teles, S. J.
Historiador, Filósofo, Orador
HISTÓRIA
DA
COMPANHIA DE JESUS
NA
ASSISTÊNCIA DE PORTUGAL
TÔMO TERCEIRO
A Província Portuguesa no Século XVII
1615-1700
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VOLUME I
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LIVRARIA APOSTOLADO DA IMPRENSA
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TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
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Francisco Rodrigues, S. J.
Introdução Bibliográfica
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Fontes Inéditas
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II
Obras impressas
CAPÍTULO I
(!) Arq. S. J., Lus. 46: catálogos de 1678 e de 1690; Lus. 53, f. 155 : ânua
de 1625, f. 242 : ânua de 1644 ; Lus. 54, f. 25, 54 : ânua de 1656.
(2) Arq. S. J., Lus. 34, II, f. 379v: carta do Geral ao Provincial, a 2 de
Dezembro de 1697.
C. I. — MAIOR EXPANSÃO DE ACTIVIDADE 5
(!) Arq. do Vat., Niinz. 14, f. 23 (n.° novo 34), carta citada do Coleitor, de
24 de Junho de 1623.
(2) Arq. S. J., Lus. 74, f. 156, carta de A. Colaço, de 29 de Fevereiro
de 1620.
(3) Arq. do Vat. Nunz. 152, f. 405 (n.« novo 422), carta do cardeal Secre¬
tário ao Coleitor, de 31 de Agosto de 1619: Nunz. 153, f. 69, carta do mesmo
cardeal ao Coleitor, de 22 de Fevereiro de 1620 ; Nunz. 12, f. 198v-199.
(4) Arq. do Vat., Nunz. 14, f. 23 (n.° novo 34), carta cit. do Coleitor.
C. I. — MAIOR EXPANSÃO DE ACTIVIDADE 9
(1) Arq. S. J., Lus. 39, f. 127 ; catálogo de 1621 a Janeiro de 1622.
(2) Franco, Synopsis Ann. 1620, in. 7 ; Z. Brandão, Monumentos e Lendas
de Santarém, 200-202.
(3) Arq. S. J., Lus. 53, f. 155, 173v : ânua de 1625, assinada por Francisco
de Macedo. As duas primeiras aulas que se abriram, foram as de Humanidade e
de Retórica. O colégio, diz nota de 1628, «tem obrigação de ter estas duas
classes, não postas pelo fundador, senão por nos obrigarmos a esta Vila, por nos
deixar aqui entrar e estar ».
Nesse mesmo ano de 1625, a 27 de Julho, escrevia o rei: « Vi vossa carta
de 4 de Maio do ano passado sôbre a pretensão dos religiosos da Companhia
àcêrca de poderem ter escolas abertas no colégio de Santarém -- e hei por bem
que se guarde o que se assentou na fundação delle. Christóvão Soares». Andrade
e Silva, Collecção Chronologica, vol. de 1620-1627, Lisboa, 1855, págs. 146.
(4) Cód. cit., f. 207. Ânua de 1627, assinada por Gregório de Pina. O texto
latino da ânua tem : Tempestas illa.. . in nos ab oppidanis excitata est... Desta ex¬
pressão parece concluir-se que também houve contradições ao colégio da parte
dos cidadãos de Santarém.
10 L. I. - NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
que já não serviam para nada por não haver nele habitação
nenhuma» (*).
Durante boa soma de anos renovaram os religiosos da Com¬
panhia as instâncias, em repetidos memoriais, para que se lhes
dessem as ruínas daqueles Paços. Alegavam, para as' alcançar,
que o sítio, onde habitavam, não era acomodado para os minis¬
térios da Companhia, e os cidadãos de Santarém, os nobres e a
Câmara rogavam aos Padres que obtivessem de Sua Majestade
aquela mercê (á). #
Para reforçar a petição e facilitar a concessão do rei, lem¬
bravam-lhe que já em tempos passados os reis, seus antecesso¬
res, cederam aos religiosos de S. Francisco grande parte dos
Paços Reais da cidade de Évora, ainda capazes de serem habi¬
tados, e em Lisboa os Paços de Xabregas, pertencentes a Sua
Majestade. Demais ofereciam-lhe, para os gastos presentes, três
mil cruzados, reconhecendo todavia que era grande o benefício,
que de Sua Majestade recebiam, dando-se ao colégio de Santa¬
rém as ruínas dos Paços com tudo o que lhes pertencia (3).
Mas contra o pedido dos religiosos levantou-se muito irado o
conde de Sabugal, Meirinho-mor do Reino e Alcaide-mor de San-
(!) T. do T., Cartório dos Jesuítas, maço 68. São três os exemplares do
Memorial ou petição com suas variantes ; um do P. António Colaço, e dois do
P. Francisco Rodrigues.
. (2) Citado Memorial de António Colaço.
Já em 1623, quando ainda se não tinham aberto aulas no colégio, pedia o
Procurador António Colaço os Paços reais. Carta régia de 1 de Setembro dêsse
ano assim dizia: « António Colaço da Companhia de Jesus, e seu Procurador das
Províncias deste reino, me fez aqui petição, que irá neste despacho, em que pre¬
tende em nome dos religiosos da mesma Companhia do Collegio de Santarém, que
eu lhes faça mercê, por esmola, dos meus Paços daquella Vílla, para edificarem
nelles o mesmo Collegio. — Encommendovos que mandeis tomar a informação
necessária do estado em que estão os ditos Paços, e se servem de algum effeito ;
e que com ella vejais a mesma petição, e me consulteis o que vos parecer. Chris-
tóvão Soares ». Andrade e Silva. Colecção Chronologica, vol. de 1620-1627,
pág. 100.
(3) T. do T., Cartório dos Jesuítas, maço 68 : Memorial do Provincial e mais
religiosos da Companhia ; Memorial do P. Francisco Rodrigues. — Sôbre o mesmo
assunto assim escreveu o P. António Mascarenhas ao P. Francisco Rodrigues em
1 de Setembro de 1635 : No que toca aos Paços de Santarém, pode V. R. prometer
os 3.000 cruzados, porque assi parece à Consulta em ausência do P. Provincial. Eu
tentava outra vez a ver se queriam um conto . . .
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12 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(!) Arq. S. J., Lus. 85, f. 402 v, carta do P. João Cabral, reitor do colégio
de Santarém, de 1 de Maio de 1648. — O colégio havia de construir-se em parte
dos Paços, porque o monarca reservou a outra parte para morada sua e da
Rainha, quando fôssem a Santarém. Depois da morte de D. João IV a rainha, a
trôco de alguns mil cruzados para despesas da guerra, cedeu também essa parte
para o colégio.
(2) Arq. S. J., Lus. 56, f. 83v.
(3) Arq. S. J., Lus. 85, f. 402v.
(4) Carta cit. do P. João Cabral. Cf. Eugênio de Lemos, Santarém, Lenda e
História, Santarém, 1940, pág. 47.
14 L. I. — NO PROSSEGUIMEMTO DA GRANDE EMPRÊSA
(1) Arq. S. J., ’Lus. 75, f. 286. Carta do reitor P. João Pereira ao Geral, de
Santarém a 1 de Junho de 1698. João Pereira entrou no cargo de reitor a 7 de
Outubro de 1695, e guardou-o até 12 de Julho de 1698.
(2) B. N. L., Fundo geral, 682, f. 168. — Sebastião de Novais era natural
de Braga e entrou na Companhia a 11 de Outubro de 1632. Foi professor de
Letras humanas e de Teologia moral e especulativa, e orador de talento singular.
Faleceu em Lisboa a 28 de Janeiro de 1692. Franco, Imagem . . . Lisboa, 976 ;
Barbosa Machado, Bibl. Lus. vb. Sebastião de Nouais. Não faltou quem escrevesse
que a igreja se começou, muito tempo antes, por 1651. Terá Sebastião de Novais
só promovido com mais calor a obra ?
(3) Franco, Synopsis Ann. 1687, n.° 4. Era reitor o P. Domingos Ferreira.
(4) Franco, Synopsis Ann. 1715, n.° 10. Foi o P. António Vieira, de Arrai.
olos, que durante o seu reitorado (5 de Novembro de 1712 —30 de Abril de
1716) começou e concluiu a obra. Na fachada da igreja, acima das portas, lê-se a
data: Afio Dni MDCLXXVI. Sôbre as imagens de S. Inácio e S. Francisco
Xavier, metidas em nichos, está gravado o dístico :
(!) Franco, Synopsis Ann. 1711, n.° 5. — Almeida Garrett nas Viagens na
minha Terra, cap. 39, pág. 266 (ed. de Chardron, Pôrto) escreveu: «Cá estamos
no Colégio, edifício grandioso, vasto, magnífico, própria habitação da Companhia-
-rei ... O edifício do colégio é todo Filipino, já o disse : a igreja dos mais belos
espécimes desse estilo, que, em geral sêco, duro e sem poesia, não deixa contudo
de ser grandioso . .. ».
A igreja em que Vieira prègou foi, não a que ainda hoje existe, muito depois
construída, mas uma igreja provisória, que se fêz em sala térrea do palácio e se
ficou chamando igreja velha.
C. L — MAIOR EXPANSÃO DE ACTIVIDADE 17
que por direito, como que hereditário, lhe viera dos sereníssimos
reis, seus antepassados, e principalmente do excelentíssimo duque
Teodósio, seu pai, e pai também da Companhia. . . , ordenou por
alvará real» de 1643, que se entregassem por depósito ao Colégio
de Eivas os bens do fundador pelo tempo de um ano, e durante
êsse espaço de tempo se decidisse o processo, que decorria, desde
muito, entre o bispo e os religiosos da Companhia de Jesus (l).
O litígio terminou efectivamente nesse ano, como era da
vontade do rei, e os bens ficaram, por última e definitiva decisão,
na posse do colégio; nem outra resolução se podia esperar do
prelado elvense, tão afeiçoado à Ordem ignaciana, e irmão do
P. Nuno da Cunha, um dos padres que mais autorizaram por
êsse tempo a Companhia de Jesus em Portugal (2).
A 15 de Junho daquele mesmo ano de 1643 se concluía na
cidade de Lisboa, à porta da Mouraria, nos aposentos de D. Ma¬
nuel da Cunha, bispo de Eivas e capelão-mor, um contrato de
transacção e amigável composição, estando presente de uma
parte o bispo, e da outra seu irmão Nuno da Cunha com pro¬
curação do Provincial, P. António Mascarenhas. O bispo em seu
nome « e da mitra de Eivas », declarou que desistia de todo o
direito, que por ventura tivesse aos bens, de que se litigava, « ou
a impedir fundar-se dêles colégio da Companhia na dita cidade»,
e Nuno da Cunha em nome da Companhia disse que, não obstante
estar confiado na sua justiça, todavia para evitar demandas e por
(1) Arq. S. J., Lus. 54, f. 14v-15, ânua de 1648, assinada por Francisco
Caldeira em 20 de Julho de 1649. —O analista não reproduz com exactidão o
sentido do Alvará real no final do trecho citado. Modificámo-lo conforme o
Alvará, que é dêstes têrmos: « Eu el-rei faço saber aos que este meu Alvará
virem, que eu hei por bem e me praz, que aos Padres da Companhia de Jesus se
entreguem por deposito os bens que D. Aldonça lhes deixou, para fundarem um
collegio na cidade de Eivas, em cujo poder estarão por tempo de um ano somente,
dentro do qual [ se ] resolverá a duvida que ha entre elles e o bispo, meu Capel-
lão-mor, sobre os ditos bens ; e não se resolvendo nelle, lhe será tirado o depo¬
sito de todos os ditos bens, e se porão em sequestro ; e mando ao corregedor da
dita cidade de Eivas, e ás mais justiças e officiais e pessoas a quem o conheci¬
mento deste pertencer, cumpram e guardem este Alvará integralmente, como
nelle se contem. Manuel Gomes o fez em Lisboa a 4 de fevereiro de 1643. João
Pereira de Castello Branco o fez escrever. Rei». A Companhia de Jesus em Eivas, 11.
(2) Cf. A Comp. de J. em Eivas, 35. Carta do bispo Capelão-mor, de Lisboa
a 13 de Agosto de 1642.
C. I. — MAIOR EXPANSÃO DE ACTIV1DADE 19
(1) Arq. S. J., Lus. 85, f. 5-7 ; A Comp. de J. em Eivas, onde, nas págs.
35-38, vem o instrumento do contrato.
(2) Arq. S. J., Lus. 53, f. 255v. Ânua de 1644.
(3) Cod. cit., ibid; Meneses Portugal Restaurado, II, 70-75 —Bartolomeu da
Silva, natural de Évora, de seus 55 anos de idade, era prègador e exerceu o mi¬
nistério do púlpito por mais de 28 anos.
Francisco Mendes nascera em Cabeço-de-Vide, tinha cêrca de 60 anos de
idade e desempenhava o ofício de procurador.
20 L. I. - NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(1) Arq, S. J., Lus. 85, f. 49-49v. — A carta da Câmara levava as seguintes
assinaturas : André Martins Cabral, João da Fonseca Coutinho, Afonso Garro de
Botafogo, Paulo Lourenço Amado. O escrivão era Baptista Fangueiro da Fonseca.
Estas assinaturas não concordam totalmente com as que se lêem no opúsculo
A Companhia de Jesiis em Eivas, pág. 14.
(2) Arq. e cód. citados, f. 49-50.
22 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
!
24 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(1) Arq. S. J., Lus. 45, f. 130, catálogo de 1655; f. 328v, catálogo de 1665.
No ano de 1657 vagava a cadeira de Matemática por falta de Mestre. Cf.
A Comp. de Jesus em Eivas, pág. 43. — Colano entrou na Companhia a 31 de De¬
zembro de 1648. Em 1641 já cursava em Évora o terceiro ano de Filosofia.
Arq. S. J., Lus. 45, f. 61, 130. Catálogo de 1651 e 1655.
(2) A Companhia de J. em Eivas, pág. 18-19.
(3) Franco, Synopsis Arm. 1678, n.° 5.
(4) Franco, ob. cit., 1692. n.° 1 ; A Comp. de J. em Eivas, pág. 20.
C. I. — MAIOR EXPANSÃO DE ACTIVIDADE 25
gica, com vestes ricas de tela abrazada, peito rico com um Jesus
de oiro, desenhado nêle, barrete da Companhia de borla branca,
na mão direita uma cruz, debaixo do braço alguns livros, e na
esquerda um escudo » f1).
No dia seguinte, 18, celebrou de Pontifical o Prelado da dio¬
cese, e por três dias esteve exposto o Santíssimo Sacramento à
devoção e adoração dos fiéis.
A nova igreja é vasta, de uma só nave, e muito vistosa com
seis capelas laterais de boa talha doirada.
No entanto progredia o edifício do colégio, e por 1690 adver¬
tia o analista que a obra crescia com grandes aumentos, e em
breve se lhe poria o último remate, como todos ansiavam. Seria
toda ela de notável lustre para a cidade de Eivas (*).
4. Obra não menos lustrosa havia de ser para a pequena
mas nobre cidade da Horta, cabeça da ilha do Faial, o colégio
que ali fundou em 1652 cidadão fidalgo e virtuoso daquela ilha.
Já em 1633, dezanove anos antes, dois Padres da Compa¬
nhia que foram do colégio da Terceira, enviados pelo reitor
P. Gregório Luís, missionar a ilha do Faial, despertaram com sua
doutrina, zêlo e exemplo, vivos desejos de se ter nessa ilha um
colégio da Companhia de Jesus. «A Ilha, escreveu Gregório Luís,
...se bem não é a maior, é a que tem melhor porto, e gente
mais capaz de ensino, e está tão vizinha de outra ilha maior,
que em menos de uma hora se pode passar o estreito que as
divide » (s).
Três anos mais adiante, em 1635, navegava para a ilha de
S. Miguel, indo de Lisboa, o P. Luís Lopes, nomeado reitor do
colégio de Ponta Delgada, mas a tempestade desenfreada atirou
com a nau para o porto da ilha do Faial. Nos quarenta dias que
esteve nesse porto sobre ferros a nau, ocupou-se zelosamente o
Padre nos ministérios da .Companhia a prègar, a confessar, a
ensinar a doutrina cristã. E impossível encarecer, conta o ana¬
lista da Província, a afeição que o bom Padre com seus traba¬
lhos ganhou para a Companhia de Jesus (*).
Quem mais se deixou tomar de estima e afecto à Ordem
ignaciana, foi o fidalgo Francisco de Utra de Quadros, cavaleiro da
Ordem de Cristo, distintíssimo pela nobreza e pela virtude, e sua
esposa D. Isabel da Silveira (* 2 3). Dessa afectuosa disposição nas¬
ceu o colégio da Companhia. Não tendo filhos do seu matrimó¬
nio, resolveram empregar seus bens numa obra que engrande¬
cesse a sua pátria, e educasse e instruísse a juventude faialense.
Em 1640 foi lançado pela tempestade às praias do Faial o P. Da-
mião Carvalho. A êsse filho da Companhia manifestaram os
devotos cônjuges a intenção que haviam formado de fundar no
Faial um colégio da Companhia de Jesus, mas ainda se diferiu a
execução de tão santos desejos até 1648 (*). Nesse ano foi às
Ilhas, como Visitador, o já mencionado P. Luís Lopes, e Utra de
Quadros e sua esposa instaram com êle, que se assentasse final¬
mente na fundação do colégio. Assim se fêz (4).
Já em 1644, a 15 de Fevereiro, fizera Francisco de Utra seu
testamento, em que declarava os bens que legava aos Padres da
Companhia, êle e sua esposa, para a fundação do premeditado
colégio (5),‘mas só no ano de 1648 se lavrou a escritura «de
pura e irrevogável» doação. A 10 de Junho dêsse ano, na « Vila
da Horta» e nos aposentos do Capitão Francisco de Utra de
(J) Arq. S. J., Lus. 54, f. 43v.-44. Ânua de 1645 a 1656; Franco, Ima¬
gem . . Évora, 191,
(2) Francisco de Utra de Quadros, de origem flamenga, nasceu em 1 de
Setembro de 1570. Era filho de Gregório de Utra, e Águeda Nunes, e casou em
1624 com Isabel da Silveira, filha de Jerónimo de Utra Bulção e Margarida da
Silveira, Em 1612 já era capitão-mor do Faial. Cf. Marcelo de Lima, Francisco
de Utra de Quadros, Horta, 1920, pág. 8-17, Cordeiro, Hist. InsuL, II, 269, 277-278.
(3) Franco, Synopsis Ann. 1652, n.° 12.
(4) Arq. S. J., Lus. 54. f. 44. Ânua de 1654-1656; Franco, Imagem...
Évora, 191.
(5) T. do T., Cartório dos J., maço 32 : « Treslado autêntico do Testamento
de Fraacisco de Utra de Quadros >. O testamento foi refeito ou terminado em
1648, a 25 de Novembro.
C. I.— MAIOR EXPANSÃO DE ACTIVIDADE 27
(*) Arq. S. J., Lus. 54, f. 44. Ânua de 1654-1656. — P. Luís de Brito,
natural de Abrantes, entrou na Companhia em Coimbra a 6 de Fevereiro de 1619;
teve o grau de Mestre em Artes ; foi reitor de Bragança e do Noviciado de Lis¬
boa, e companheiro e Secreíário do Provincial Pedro da Rocha (Arq. S. J.,
Lus. 46, f. 1, catálogo de 1678). Faleceu a 9 de Janeiro de 1691. Franco, Ano
Santo, 14.
O P. Lourenço Rebêlo nasceu em Lisboa e entrou na Companhia a 5 de
Agosto de 1626. Faleceu em Angra a 2 de Maio de 1679. Durante uns vinte anos
ensinou, nos colégios do Faial e Angra, Teologia moral, e exerceu continuamente
o ofício de prègador com notável proveito e comoção das Ilhas Terceiras. «Todos
o veneravam como a oráculo. Em verdade êle, assim nos púlpitos, como na Teo¬
logia moral, era homem de primeiro ser». Franco, Ano Santo, 121-122; Franco,
Imagem . . . Lisboa, 606 ; Cordeiro, Hist. Insul, II, 206-207.
(2) Arq. S. J., Lus. 54, f. 44. Franco, Synopsis Ann., 1652, n.« 14.
(3) Pôsto em ordem o colégio, voltou para Angra o Padre Visitadór com o
P. Pedro Barroso e irmão Manuel Gonçalves.
C. I. — MAIOR EXPANSÃO DE ACTIVIDADE 29
(1) Arq. e cód. citados, 1. c.: Franco, 06. c/7, ann. 1652, n.° 14, 1653,
n.° 10. Em 1655 formavam o colégio do Faial os Padres Lourenço Rebêlo, reitor,
Francisco de Andrade, prègador, António Nunes, procurador, e António Cabral,
professor, e mais dois irmãos auxiliares. Arq. S. J., Lus. 45, f. 185.
(2) Arq. S. J., Lus. 54, f. 46.
(3) Arq. e cód. cit., f. 45-45v.
(4) B. N. L., Fundo geral, 750, Imagem do segundo século, f. 124.
(5) Cód. cit., 1. c.
30 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
Estam Estam
tambê os tambê os
ossos de ossos de
D.a Ines Izabel de
de Souza Souza sua
sua F.a Molher
vamos o sentimento de uma notícia que por uns longes nos che¬
gou, de que Vossa Reverendíssima nos queria privar da grande
consolação que nos acompanha, em ter nesta cidade religiosos da
Companhia; e, ainda que nos não persuadimos a tal, o amor nos
faz temer e representar a Vossa Reverendíssima, que sendo esta
cidade das mais nobres e antigas do reino, cabeça do Estado de
Sua Alteza o Príncipe N. S., que Deus guarde, e de cinco a seis
mil vizinhos, no coração da província do Alentejo, e no terreno
mais pingue de Portugal, com grandes povoações, vilas, lugares e
aldeias, em sua comarca e distrito de vinte léguas, que lhe per¬
tence, que fazem mais de cincoenta em circuito, em que entra parte
do dilatado Campo de Ourique, muito célebre por nos dar o pri¬
meiro rei de Portugal. E para avaliarmos esta nobre cidade por
uma das melhores do mundo, só nos falta têrmos nela um colégio
da Companhia de Jesus; porque, como católicos agradecidos a
Deus pela abundância temporal, com que enriqueceu esta nossa
cidade, desejamos nos não falte o pasto espiritual da doutrina que
a Companhia com especialidade e modo tão notável sabe ensinar;
o que bem entenderam nossos antepassados, de quem herdámos
êste desejo, porque entre outras memórias há um testamento feito
há cento e dezoito anos, em que se deixaram legados considerá¬
veis à Companhia, se fundasse em Beja, pelos altos ministérios
que exercita, com tanta glória de Deus, como com nossos olhos
estamos vendo em dois religiosos, que nos assistem com o zêlo
de filhos verdadeiros da Companhia.
Pelo que pedimos a Vossa Reverendíssima muito afectuosa-
mente queiraldar licença para que nesta cidade se funde um colé¬
gio que será dos melhores da Província, conforme o ânimo que
todos temos; e que o Reverendo P. Provincial dê calor a êste
negócio, mandando continuar os dois religiosos na missão, que
fazem nesta cidade e seu distrito, com grande fruto das almas
enquanto se não ajusta, que será brevemente, quem há-de ser
C. I. — MAIOR EXPANSÃO DE ACTIVIDADE 39
(!) Arq. S. J., Lus. 75, f. 127-127v. Original com cinco assinaturas. A 1.*
c do Juiz de Fora Francisco de Abreu Callaça. Foi recebida em Roma a 4 de
Junho de 1671, como nota o Secretário na f. 127v.
(2) Arq. S. J., Lus. 75, f. 128. Carta original de « Beja em Meza 26 dc
Novembro de 1670 », com onze assinaturas.
T. (II - Vol. I - F. 5
40 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
espera esta fundação com alvoroço por ter mais perto os que
todos os anos manda buscar de longe». Logo lhe promete que
dentro de um ano se há de alcançar a licença real, e assegura
que o Senado da Câmara, a irmandade de S. Sisenando, e outros
tratarão de dar as rendas precisas para o colégio, nem poderá
faltar fundador, porque todos os principais da cidade hão de que¬
rer íer parte nessa glória. E acrescenta ainda com grande senti¬
mento : « e dado que dentro de um ano Sua Alteza nos não des¬
pache, o que não esperamos, então nos comporemos com nossa
mágoa, e poderá V. P. dispor dos ditos Padres ...» (*).
Apesar porém de tão sentida afeição e de tamanho empenho
de levar a bom termo a emprêsa, nem o rei acabava de autori¬
zar a erecção de colégio, nem as rendas cbm tanto afecto pro¬
metidas se recolhiam. Religiosos de diversas Ordens hostilizavam
a „entrada da Companhia de Jesus em Beja. Protestavam perante
as autoridades, alegando não sabemos que direito, que não ha¬
viam de consentir que em prejuízo de seus ministérios se desse
aos religiosos da Companhia habitação dentro dos muros da
cidade (2).
O Vigário geral chegou a intimar aos Padres que se ausen¬
tassem de Beja, e apoiava a sua intimação no facto de não lhes
ter o Cabido de Évora dado licença de construírem casa para
sua morada. Os Padres responderam-lhe, que se admiravam de
que tão fora de propósito interviesse, sendo que êle até êsse
tempo nada tinha trabalhado na fundação do colégio. Quanto
a retirarem-se da cidade, só lho podiam mandar seus Supe¬
riores. Êle não tinha direito sôbre os religiosos da Companhia.
Mas até arcebispos eborenses criavam dificuldades àquela fun¬
dação (s).
Felizmente, se elas a demoraram, não a estrangularam à
nascença.
Com as rémoras chegamos a 1680. Nesse ano renovaram-se
com o Geral as diligências, para que outorgasse a aprovação do
(J) Franco, Imagem .. . Evora, 791-792 ; Imagem ... Lisboa, 877-878 ; Syn.
Ann. 1693, n.° 6.
(2) Arq. S. J., Lus. 79, f. 290-290v : Dificuldades e inconvenientes... acerca das
condições ...
(3) Arq. do Gesü, Instrumento, n.° 94, f. 485v-486. Alvará com a data de
4 de Outubro de 1691.
46 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
fazer uma obra tão pia de que resultasse glória de Deus Nosso
Senhor e aproveitamento das almas cristãs, se deliberara man¬
dar erigir neste reino um colégio da Companhia de Jesus da
invocação do mesmo Santo, e porque seria muito conveniente
ao serviço de Deus, que a fundação se fizesse na cidade de Beja
pelas razões, que se lhe apresentaram, atentando também à peti¬
ção que lhe fizeram os moradores daquela cidade; houve por
bem fundar nela o dito colégio, para o que el-rei Nosso Senhor,
que Deus guarde, lhe concedera licença pelo Alvará, que aí
apresentou, assinado pela sua real mão. . . » (i).
A seguir determinou a dotação do colégio, no valor de dois
mil cruzados, que havia de bastar para o sustento de dezasseis
religiosos, além da renda que já possuia nesse tempo por doação
de bemfeitores. Por fim estabelece as condições, debaixo das
quais se faz aquela dotação, a saber : que os dois mil cruzados
se aplicarão imediatamente ao edifício do Pátio dos Estudos, não
assistindo nele, enquanto durar a fábrica, senão três religiosos;
que, terminada a construção, deverão residir no colégio: «um
reitor, um ministro que juntamente seja procurador; quatro Padres
missionários, que alternadamente discorram em missões, pela
maior parte do ano, quanto sofrer a inclemência dos tempos,
pelas vilas, lugares e aldeias circunvizinhas à cidade de Beja,
indo outrosim ao Campo de Ourique e terras do Alentejo . . . ;
um Prefeito de Estudos que promova as escolas do colégio ; dois
lentes de Teologia Moral, um que leia de manhã, e outro de
tarde, cada um por espaço de uma hora, e lerão sucintamente
as matérias mais importantes ao ofício de pároco ; um Mestre
de Filosofia, que a compreenderá em espaço de <iois anos, e lerá
hora e meia de manhã e hora e meia de tarde em horas desen¬
contradas dos lentes de moral, para que os ouvintes se possam
aproveitar de ambas as lições; um substituto que nas ocorrên¬
cias que sucederem, substitua na falta de lentes e Mestres ; dois
Mestres da língua latina, um Mestre de escola, que ensine a ler
e escrever e contar, e êstes três Mestres lerão duas horas e meia
de lição de manhã e outro tanto tempo de tarde ; e dois irmãos
i
48 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
í1) Arq. S. J., Lus. 75, f. 205-207, cartas de Agostinho Lousado, de Lis¬
boa a 27 de Março e 10 e 24 de Abril de 1679.
(2) Franco. Syn. Ann., no princípio do volume: Narratio Summatim prae-
via... Collegium Sancti Francisci Xaverii in ea Ulyssiponis regione, quae dicitur
Alfama, initium habuit anno 1679.
(3) Eram a Casa Professa de S. Roque, o colégio de Santo Antão, o No¬
viciado de Monte Olivete e o Seminário de S. Patrício.
C. I. — MAIOR EXPANSÃO DE ACTIVIDADE 49
(1) Cordeiro, Loreto Lusitano, 161-162. Cf. Franco, Syn. Ann. 1677, n.° 3.
— Ainda se não estabelecera o colégio e já tinha suas contradições, da parte
dos oratorianos ou Quentais, que se apostaram a impedir a sua fundação. Vieira
no-lo conta. «Ficamos ao presente, escreveu o orador em 1678, em um grande
pleito com Manuel Roiz Leitão e a Congregação dos Quentais, a qual se atra¬
vessou a querer fundar nova casa no sítio e igreja de N. S.a do Paraíso, tendo
a Companhia licença para fundar naquele bairro, com obrigação de três classes,
uma de ler e escrever, outra de latim e a terceira de náutica, dotadas por um
defunto. Defende e patrocina a parte dos Quentais o conde de Vilar Maior, e tem
aplicado a isso tôda a sua omnipotência, com meios tão violentos que chegou a
proibir os administradores da dita igreja que não fizessem petição a S. A. sôbre a
quererem dar antes à Companhia, como quer a maior parte dêles ». Vieira, Car¬
tas, III, 294. Carta a Duarte Ribeiro de Macedo, de Lisboa a 12 de Julho de 1678.
Cf. íbid., pág. 290, 297, 300.
Por fim nem uns nem outros ficaram com a igreja do Paraíso. Perto contudo
dêsse Santuário se construiu o colégio no campo de Santa Clara. Também houve,
por motivo de interêsse, dois ou três anos depois, alguma oposição da parte dos
irmãos e mordomos da Irmandade de Nossa Senhora do Paraíso, mas foram ine¬
ficazes as manobras. Cf. Freire de Oliveira, Elementos para a História do Município
de Lisboa, VIII, 430, 435.
(2) Arq. S. J., Lus. 39, catálogo de 1686. Trabalhavam por êsse tempo no
colégio o P. António de Sousa, Superior, o P. João Ribeiro, prègador, o P. Ma¬
nuel da Silva, professor de latim, o Mestre de primeiras letras, Manuel de Freitas
e o coadjutor temporal Pedro Afonso.
(3) « Bibl. Vittorio Emanuele, cód. cit., ànua citada; Franco, Syn. Ann. 1722
e 1724. Já no ano de 1689 se escrevia na carta ânua, que até êsse tempo se
não tinham dado lições de Náutica, « vel quod inter socios unus non inveniatur
ad munus satis idoneus, vel quod externis non insit ulla curiositas ad ediscendum ».
Arq. S. J., Lus. 56, f. 119.
f
50 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(*) Arq. S. J., Lus. 85. f. 412; Franco, Syn. Ann. 1662, n.° 6.
(2) Cordeiro, Loreto Lusitano, P. I, cap. III-VIII; P. II, cap. I segs.
(3) Ob. cit., pág. 56-60, 72, 94,
52 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(!) 06. cit., pág. 74, 83-86; Franco, Syn. Ann. 1714, n.® 10. Veja-se a
planta do edifício em Cordeiro, ob. cit., pág. 66-71. Franco, Syn. Ann. 1685, n.® 5,
escreveu : Aedificium . .. totum est ex lapide quadrato, firmum et pulchrum.
(2) 06. cit., pág. 151-152.
(3) 06. cit., pág?* 152. Franco, Syn. Ann. 1714, n.° 10, 1719, n.® 18. — En¬
quanto durou a demanda e o bispo manteve aos religiosos a proibição de confes¬
sar, passavam-se êles ao território do bispado de Viseu, cujos limites distavam
pouco do Santuário, e aí, ao ar livre, e sentados por aquêles penedos, confessa¬
vam os fiéis e peregrinos que acudiam a visitar a Senhora da Lapa (Franco, Syn.
Ann. 1719, n.° 18). O bispo de Lamego era nesses anos D. Nuno Álvares Pereira
de Melo, filho do duque de Cadaval, que deu no Conselho de Estado aquele voto,
tão amigo e favorável aos colégios da Companhia de Jesus, como acima referi¬
mos ao tratar do colégio de Alfama.
C. 1. — MAIOR EXPANSÃO DE ACTIVIDADE 53
R . -
^R: 1
1
(l) Arq. S. J., Lus. 75, f. 77-77v. Carta citada do P. Nuno da Cunha ao
Geral, de 11 de Abril de 1665 ; Arq. da Univ., maço R-4-2: «Resposta do agravo
do Cabido ».
C. I. — MAIOR EXPANSÃO DE ACT1VIDADE 59
. ■*
.
60 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO PA GRANDE EMPRÊSA
I
1
C. I. — MAIOR EXPANSÃO DE ACTIVIDADE 61
(1) Arq. da Univ., cód. citado : Certidão que passou o Escrivão do C.or q. do
sahimos da Caza de alpedrinha. 2 de Junho de 1666. — O Escrivão, redargüindo o
que disse o Superior sôbre a falta de alimentos, escreveu na certidão : « mas eu
Escrivão dou fé achar-lhe huma galinha e hum frango, e duas caixas de marme¬
lada da ind.a e huma partida e duas roscas e huma pouca de agoa em huma Bor¬
racha e a galinha e frango assado ».
(8) Arq. da Univ., maço R-4-2, Reposta do agravo do Cabido.
(3) Arq. e cód. citados. « Contas do que recebi [P. Francisco Soares] e
despendi nesta casa de Alpedrinha desde 17 de Fevereiro de 1*665 annos, no
qual dia comecei a ser Superior, até 17 de Junho de 666, em que a casa se aca¬
bou e foi desfeita ».
62 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(1) Arq. S. J., Lus. 79, f. 288-88v. Cópia de carta, enviada a Roma, sem
assinatura nem data. Do contexto descobre-se a data aproximada. Estavam em
princípio as diligências para a fundação do colégio de Alpedrinha de que se tra¬
tava desde 1656.
(2) Franco Syn. Ann. 1674, n. 14 — Não é fora de propósito advertir que
todos os nove colégios, incluindo o de Faro, o de Portalegre e o Irlandês,
que se fundaram no século XVII no continente de Portugal, e os cinco de cuja
fundação se tratou, estavam situados nas províncias do Sul, da Extremadura, do
Alentejo e do Algarve; e os três colégios fundados no século XVI, do Pôrto, de
Braga e de Bragança, estavam nas províncias do Norte, de Entre-Douro-e-Minho
e de Trás-os-Montes.
Sôbre os dois últimos colégios, cuja fundação estudámos no T. I. Vol. II
pág. 416 e segs., e 428 e segs., acrescentamos agora em nota algumas notícias ou
também correcções, que nos facilitou o achado de novos documentos.
Os documentos contemporâneos que citámos na página 416 e 417 do mesmo
segundo volume, pareciam indicar-nos que fr. Bartolomeu dos Mártires se propôs,
por iniciativa sua, fundar em Braga colégio da.Companhia (Laines, Aíon. IV,
279-280, carta de fr. Bartolomeu ao Geral da Companhia, de 12 de Abril
de 1559).
Mas outros documentos, posteriormente descobertos, nos vieram certificar
de que a iniciativa não pertence ao arcebispo. Ao cardeal Infante se deve atri¬
buir. Uma Information dei Principio y fundation dei colégio de la ciudad de Braga, da
letra do B. Inácio de Azevedo, conta-nos que, sendo Vice-Provincial o santo
Mártir, em 1558, fôra falar com o Infante cardeal, e que êste lhe dissera, que
nesse mesmo dia tivera notícia da morte do Arcebispo de Braga, Baltasar Limpo,
e que « se havia de prover o arcebispado em quem fizesse um colégio da Com¬
panhia em Braga, que para aquelas partes era muito necessário >, O Vice-Provin¬
cial beijou a mão ao cardeal pelo benefício (Arq. do Gesü, Collegia 20, caderno
66 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
I v
—
*
século XVI, a aparição em Bragança de um fingido jesuíta, que dava pelo nome
de Fradique, e induzira a Câmara da cidade a pedir a Francisco de Borja, o
antigo duque de Gandia, um colégio da Companhia de Jesus para Bragança, e
fundávamos a nossa opinião no facto de nenhum dos muitos documentos coevos
que se nos depararam sôbre a fundação dêsse colégio, nem de longe aludir ao
embusteiro Fradique. Agora descobrimos que não era lendário êsse impostor,
mas pessoa real que muito bem soube fingir de jesuíta.
Encontrámos o documento providencial em Roma no Arquivo do Gesü,
Collegia 20. É uma História manuscrita do Coll.0 de Bragança, num caderno em 8.«
de páginas não numeradas, com o título na primeira página : Principio e fundação
do Collegio da Companhia de Jesu, sito na cidade de Bragança.
Nesse documento e história se refere que Francisco Gomes de Abreu, de
Bragança, « homem muito honrado e do hábito de Cristo », vítima que fôra do
engano de Fradique, em substância contara tôda a história verdadeira do falso
jesuíta ao P. Francisco de Araújo, «e novamente, a 21 de Fevereiro de 1599,
%sendo de idade de 70 anos ... ratificou o mesmo diante dos Padres Garcia Gon-
çalves e Gonçalo de Paiva, residentes no colégio de Bragança da Companhia
de Jesu. Muitas pessoas q se tinhaõ confessado com o fingido Padre da Compa¬
nhia, a instancia do bacharel M. Gomes, reiterarão as cõfissões q cõ elle tínhão
feito ». M. Gomes era vereador da Câmara e pai de Francisco Gomes de Abreu
e ambos acompanharam a Fradique na viagem de Bragança para Valhadolide.
CAPÍTULO II
(!) Teles, Chronica, II, 25; Franco, Syn. Ann. 1621, n.° 7; F. Rodrigues,
Formação Intellectual, 172, 173. — Franco na Syn. Ann. 1621, que citámo* no
70 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
Tômo II, Vol. II, pág. 13, tem que os dois primeiros professores de Teologia no
colégio de Santo Antão foram Miguel Tinoco e Diogo Pereira, mas no códice
Lus. 78, f. 78, do Arq. S. J., e no Catálogo dos Padres e Irmãos da Província de
Portugal de 621 até 1622 do mesmo Arquivo encontrámos terem sido os Padres
Diogo Pereira e Belchior de Macedo. Pela autoridade de Franco não temos difi¬
culdade em crer que Miguel Tinoco também foi por algum tempo professor.
O P. Belchior de Macedo era natural de Pinhel; tinha já ensinado Letras e Filo¬
sofia e graduara-se de Mestre em Artes. Arq. S. J., Lus. 44, f. 307 v, catálogo
de 1614.
(J) Arq. S. J., Lus. 34, II, f. 319, carta de 11 de Abril de 1693.
(2) Hist. da Assist., T. I, Vol. II, 407 e segs., T. II, Vol. I, 178 e segs.
(3) Hist. da Assist., T. II, Vol. I, 179-180; Freire de Oliveira, Elementos
para a Hist. do Município de Lisboa, X, 172-173 ; Caeiro, De Exilio Provinciae Lusi
tanae, Lib. V, n.° 9, ms. que foi do Arq. S. J., Lus. 93-94, e agora pertence ao
Arquivo Nacional da Tôrre do Tombo.
(4) Arq. S. J., Lus. 44, f. 515 v : 3.° catál. de 1633.
C. II. — NOS COLÉGIOS : MOVIMENTO LITERÁRIO 71
P) Arq. S. J., Lus. 56, f. 73: «... In antiquo Lycaeo aperitur Philosophiae
cursus [1671], qui fausto omine procedit et mira utilitate audientium. Quod quidetn
effectum est ad instantiam Senatus .. . » ; Fortunato de Almeida, Hist. da Igreja,
Hl, p. 1.*, pág. 459 ; F. Rodrigues, Formação Intellectual, 162.
(2) B. N. L., Fundo G., 750, Franco, Imagem do segundo século, f. 261 ;
Franco, Syn. Ann. 1724.
(3) Franco, Syn. Ann., 1639, n.° 2. — Paulo Gomes era natural da Pena da
diocese de Braga; entrou na Companhia por 1594 ; ensinou latim e Retórica 9 anos
e Teologia Moral 22. Tinha o grau de Mestre em Artes. Cf. catálogo de 1649.
Manuel de Magalhães, nascido no Pedrógão, alistou-se na Companhia cêrca de
1618. Foi professor de latinidade por cinco anos e de Filosofia por dez.
T. III - Vol. I - F. 7
72 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
í1) Arq. S. J., Lus. 75, f. 125-125v. Original com sete assinaturas. Escrita
em Camara da cidade de Angra Ilha Terceira. . . aos 28 de Agosto de 1670.
(2) Arq. S. J,, Lus. 75, f. 151. Carta ao Geral, de Angra a 18 de Setembro
de 1671.
(3) Arq. do Gesü, 627, catálogo 3.° de 1693. Cordeiro, Hist. Insulana,
II, pág. 62, 13.
C. II. — NOS COLÉGIOS : MOVIMENTO LITERÁRIO 73
• y /
onde instruíam a população com duas cadeiras de latinidade e
Teologia Moral (*).
Em Braga foi ampliado o ensino do colégio com uma cadeira
de Filosofia já nos princípios do século XVIII (á), e no colégio
de Portalegre se estabeleceu, nos fins do século XVII, nova
cadeira de Moral por vontade e favor do bispo D. João de Mas-
carenhas, afeiçoado, como poucos, à Companhia de Jesus (1 2 3).
Com êstes aumentos de actividade colegial iam os religiosos
promovendo mais e mais a cultura da sociedade portuguesa.
2. — O método que dirigia os professores religiosos no exer¬
cício de sua acção escolar, era o Ratio Studiomm. Já no tomo
anterior expusemos êsse famoso sistema pedagógico, e notámos
o empenho com que os Superiores procuravam que se praticasse
e seguisse escrupulosamente nas aulas da Companhia, para grande
bem da instrução em Portugal e suas Conquistas (4).
No século XVII continuou viva essa aspiração, que sempre
animou aquêles religiosos, de colocar e manter os colégios na
altura, exigida pela sublime profissão de ensinar, e pela expecta¬
ção que se formou na sociedade sôbre os colégios da Ordem
ignaciana. Com êsse intuito, nas visitas que anualmente faziam
às casas e colégios da Companhia os Provinciais, e com freqüên-
cia os Visitadores, era edificante a solicitude com que inculca¬
vam a observância do Ratio Studiorum (5), e atendiam geral¬
mente aos estudos ou para os levantar de qualquer decaimento
eventual, se a negligência dos Mestres os tivesse deixado des¬
cair, ou para os elevar a maior florescência literária. Os docu¬
mentos manuscritos que se nos conservaram nos arquivos, clara¬
mente o demonstram.
Quási no fim do século XVII o Provincial José de Seixas
pôde louvar, perante a respeitável assembleia da Congregação
provincial de 1682, o incremento dos estudos de letras humanas,
que floresciam, cada dia com mais esplendor, para grande pro-
I
74 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
\
76 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(*) Arq, S. J., Lus. 85. f. 229. — Seguem numerosas assinaturas autógrafas
nas folhas 229v, 230.
78 L. L—NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
í1) Virgilii' Maronis Commentarius quo difficiliora Poetae loca et scitu digna
compte dilucidantur. Évora, 1667. — O prólogo assim o começa o autor, frisando a
diligência com que fêz o Comentário : En tibi offero, humanissime Lector, Maronicae
Poeseos brevissimum Commentarium, in quo enituit cura et curiosa sudavit industria ...
Nihil tamen explicatu difficile praetermittitur, nihil fabulosum quod non enucleetur .. .
(2) Petri de Almeida e Soc. Jesu ... In C. Suet. Tranquilli Julium, Octavium
et tres Flavios Commentarii, Amsterdão, 1715.
In Caii Suetonii de XII Caesaribus Libros VIII Commentarii, Haia, 1727. —
Pedro de Almeida nasceu em Évora a 22 de Dezembro de 1668, em 11 de Ja¬
neiro de 1684 abraçou o Instituto da Companhia; sendo professor de Humanidade
e Retórica recitavava de memória os autores latinos « com admiração de seus
ouvintes » ; foi Académico da Academia Real da História, e faleceu a 8 de De¬
zembro de 1731. Cf. Barbosa Machado, Bibl. Lus., vb. Pedro de Almeida; Franco,
Imagem .. . Evora, 877.
(3) O P. Simão de Almeida, censor da obra Palias Togata de B. Pereira,
diz na censura que os comentários de Horácio já estavam no prelo, nesse ano de
1636, e em breve seriam dados ao público; não consta porém que chegassem a
ser impressos. Cf. Franco, Imagem .. . Lisboa, 965 ; Barbosa Machado, Bibl. Lus.,
vb. Bento Pereira.
O censor P. Manuel Soares assim louva os comentários : «.. . omnia surama
dexteritate ingenii et styli nitore elaborata et ubérrima eruditionis copia abun-
dantior... Arq. do Gesú, Vol. 660, Censurae, f. 126. Évora, 1 de Abril de 1632.
C. II. —NOS COLÉGIOS: MOVIMENTO LITERÁRIO 87
(J) Já no tômo II, Vol. II, pág. 66, indicámos alguns dos códices, em que
se conservam composições latinas dos Mestres da Companhia de Jesus ; agora
CV1II
apontamos os códices da Bibl. P. Ebor. : -g- -, onde entre muitas outras poesias
se lê (f. 200) uma valente elegia, feita ao Nascimento da Mãe de Deus pelo irmão
Manuel da Costa, o futuro P. Manuel da Cósta autor da Arte de Furtar; , em
que se reuniram discursos e poesias recitadas no colégio de Santarém, no ano de
CX1V
1647, em honra de João de Saldanha, que visitou o colégio ; ■■■g-* em que trans¬
creveram discursos, poesias e um drama em verso, com que se festejou, em 1688,
a vinda para Portugal e a entrada em Lisboa da rainha D. Maria Sofia.
Recordamos também os códices do Fundo Geral da B. N. de Lisboa : 3196,
cujo título: Collegium Eborense Societatis Jesu ab Henriquo Cardinali Rege olim fun-
£atum, nunc a Patre Antonio de Sousa Rectore renovatum, auctum, ornatum literariis
certaminibus ab ejusdem collegii Alumnis celebratur anno M.DC.XXXI, nos diz
que contém composições literárias sôbre o colégio de Évora, como são as poesias
dos afamados humanistas Bento Pereira, Manuel Luís, André Fernandes, Fran¬
cisco Aranha, e uma inspirada ode alcaica do mesmo P. Manuel da Costa; o
códice 4515, em que se copiaram, além de discursos, odes e elegias de bom
latim, e da Tragicomédia S. Ignatius, orações várias de André Fernandes, confes¬
sor do Príncipe D. Teodósio ; o códice da Bibl. Vitt. Emanuele, de Roma, do
Fundo Jesuítico, 754, intitulado : Lucubrotiones Oratoriae a R.™° P.e Lodovico de
Lemos Societatis Jesu, Vlyssipone traditae Anno Domini MDCXXVI, que forma um
bom compêndio de Retórica, dividido em três livros, e contém diversas composi¬
ções literárias do mesmo Padre Luís de Lemos ; e o códice da mesma Biblioteca
de Roma e do mesmo fundo, n.° 166, em que se guarda uma boa colecção de
poesias, e entre elas o Córtex Eucharisticus do P. António Vieira.
Não queremos omitir a menção de um códice, deveras curioso, do Fundo
Geral da Bibl. N. de Lisboa, n.° 7 573. Encerra êle um poema épico, em doze
T. III — Vol. I - F. 8
88 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
cantos, uma Lusíada, em que se cantam e celebram as façanhas gloriosas dos por¬
tugueses de além-mar. Tem o título : Lusíadis Leoninae Libri duodecim. Carmen
Heroicum Sereníssimo Lusitaniae Principi Petro dicatum a Patre Jgnatio Archamone
Neapolitano e Societate Jesu in Goana Província operário. De rebus gestis Lusitano-
rum in regionibus ultra Marinis compendiosa Narratio.
O autor foi o P. Inácio Archamone, napolitano, missionário, durante muitos
anos, na índia, para onde largou do Tejo em 1645, em Salcete e no Canará.
Não era indígena malabar, como erradamente escreveu fr. Paulino de
S. Bartolomeu, missionário da Propaganda (Cf. índia Orient. Christ., pág. 182) e
nós repetimos, fiados na autoridade de fr. Paulino (Cf. A Formação Intellectual do
Jesuita, pág. 347, nota 1). Archamone entrou na Companhia em 1631 ou 1632 e
faleceu em Rachol a 30 de Abril de 1683. Tornou-se Mestre na língua concaní, e
nela publicou muitas obras.
Os versos hexâmetros de que fêz o seu poema, são os chamados versos
leoninos, de Leónio, monge beneditino, que os divulgou pelos anos de 1160. Têem
a particularidade, que os torna notavelmente difíceis, de rimar as sílabas da
cesura com as últimas do verso. Começa dêste modo o poema:
(!) Cf. Hist. da Assist. T. II, Vol. I, 205, onde brèvemente contámos que o
P. Andrade foi pèrfidamente envenenado por instigação dos judeus. Acrescenta¬
mos agora que na cidade de Goa, no colégio de S. Paulo, houve « certo irmão,
suspeito de cristão-novo, que lhe lançou na água que havia de beber, um veneno
que o médico assistente classificou de Solimão ...» Boletim da Academia das Ciên¬
cias de Lisboa, nova série, Vol. VII, 1935. págs. 104-105.
(2) Publicada em C. de Almeida, Memórias para a História do... Maranhão,
e nas Obras Varias do Padre Antonio Vieira, II.
(3) A Relação teve duas edições, a de 1665, e a de 1842. — Manuel Godi¬
nho nasceu em Montalvão a 5 de Dezembro de 1633; alistou*se na Companhia
no ano de 1649; navegou para a índia em 1655 ; e de lá voltou a Portugal no
ano de 1663 por ordem do Vice-rei António de Melo e Castro; e saiu da Compa¬
nhia em 1667 por não se ajustar com a obediência que o mandava tornar para
índia. Cf. B. N. L. Fundo G., 419, f. 88; Barbosa Machado, Bibl. Lus., vb. Manoel
Godinho; Hist. da Lit. Portuguesa Ilustrada, III, 219.
(4) A' obra, dedicada ao conde de Tarouca, João Gomes da Silva, foi im¬
pressa no ano de 1717, em Viena, aonde o P. Fonseca tornara em 1715, aprovei¬
tando essa boa ocasião « de examinar e apurar as notícias », que apontara na
viagem da Embaixada em 1707-1708, para maior exacção da narrativa. Cf. Embai¬
xada do Conde de Villarmayor, na dedicatória ; Franco, Synopsis Ann. 1715, n.<> 13.
(5) Vida e Virtudes e Doutrina admiravel de Simão Gomes Português... o
Çapateiro Santo, Lisboa, 1625.
92 L. L — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
Fortes Portugueses,
Conquistai o mar,
Que a terra é pequena
Para triunfar.
(!) Arq. do Vat., Nunz. di Portogallo, 20, f. 284. Carta de Lourenço Tra-
mallo, bispo de Gerace, de Lisboa, 31 de Agosto de 1630.
(2) Cf. Hist. do Assist., T. II, Vol. II, 226-227.
(3) lnformacion en la Causa de los Estúdios de Portugal a D. Gaspar de Guz-
man, Conde de Olivares, Duque de Sanlucar la mayor, Cavallerizo mayor de su ma-
gestad, Madrid, 1633.
Tem 26 folhas numeradas. A dedicatória é como segue : Excellentissimo Se-
C. II. — NOS COLÉGIOS : MOVIMEMTO LITERÁRIO 113
hor Estas razones (la mayor parte de las quales se han impresso ya otra vez, tratan-
dose de quitar los Estúdios que los Padres dela Compania de Jesus tienen en el Reyno
de Portugal) se ofrecen aora a V. Exc....
Pero lo que de presente haze mas por su parte, es considerar, que quando su
Magestad, y V. Exc. se desvelan tanto en componer las cosas de aquel Reyno..., no
deven privarle de los Estúdios, sabiendo que la falta de las sciencias ha sido en todos
los tiempos una de las causas principales de ruyna en los mayores impérios. Dios guarde
a V. Exc. los anos que estos sus capellanes de la Compania de Jesus desean. Madrid,
primero de Abril de 1633.
(1) B. P. Ebor., f. 151-158. Não tem data o Memorial, mas do con-
texto tira-se que foi feito em 1636, como quando o autor se reporta ao ano pas¬
sado de 1635.
(2) Cód. cit., ff. 159-159v : « Á Sr.a Princesa em nome da Comp.a ».
(3b Cód. cit., f. 160 : « Ao conde do Prado. Do P. Nuno da Cunha ». Cópia.
114 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
I1) Cód. cit., ff. 161-162. Não teem data êstes dois últimos memoriais do
P. Nuno da Cunha. Em qualquer ano em que tenham sido apresentados, defen¬
diam bem as escolas com a autoridade do signatário.
(2) Hist. da Assist., T. II, Vol. II; pág. 227 (nota).
C. II. — NOS COLÉGIOS: MOVIMENTO LITERÁRIO 115
por lhe serem todos revogados, o que pudera causar algum mo¬
tim, se o Conservador com sua autoridade não compusesse e
remediasse esta desordem da Câmara » (l).
Naquele mesmo ano escrevera o próprio rei à Câmara de
Évora a encomendar-lhe que mantivesse boa correspondência
com a Universidade, por estas palavras :
«Das coisas da Universidade e colégio da Companhia de
Jesus dessa cidade, assim de ser de minha protecção, como pelo
bom procedimento do reitor e religiosos dêle, tenho particular
cuidado, e porque queria que fôssem em tudo favorecidos e aju¬
dados, vos encomendo e encarrego muito, que tenhais com êles
boa correspondência, e lhes façais guardar por. vossa parte os
privilégios que pelos Sumos Pontífices e pelos Senhores reis,
meus predecessores, lhes foram concedidos, entendendo que me
haverei nisso por bem servido » (2).
Foi esta carta sem proveito, advertem os Padres, «porque
estava então na Câmara quem logo disse, que V. Majestade não
mandava, senão que encomendava esta boa correspondência.
E como se V. Majestade lhes encomendara e lhes mandara o
contrário, assim procederam daí em diante » (3).
Mas como nasceu esta aversão dos Vereadores? «Nenhuma
cidade dêste reino, respondem os Padres, teve maior nem me¬
lhor correspondência com a Companhia, que esta de Évora, os
tempos atrás, enquanto viveram nela e a governaram os que
conheceram a mercê que os Sereníssimos reis D. Sebastião e
D. Henrique, de gloriosa memória, fizeram a tôda a província
do Alentejo, com fundarem nela esta Universidade e colégio;
mas depois que no govêrno da cidade entraram três ou quatro
(l) Arq. do Gesú, Collegia 163, Portogallo 5, n.° 21 : Album Patrum Soei e latis
Lusitanae in Província Extrematuria seu Ulyssiponensi. Êste catálogo dá a cada um
dos Padres nomeados a qualificação de Optimus Concionator.
122 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
sabem e tão alto que tenham muito que aprender nele os que
sabem » (*). Assim era efectivamente o estilo de Vieira.
Mas o genial orador viveu no seio da sociedade portuguesa
de seiscentos. Havia necessàriamente de lhe sentir as influências.
De feito, cedeu um pouco à escola que dominava em tôda aquela
época, « mais por satisfazer ao uso e gosto alheio, que por seguir
o ditame próprio » (* 2). Mas o seu estilo ficou bem longe do gon-
gorismo, mais ou menos grosseiro, de tantos de seus contempo¬
râneos. « Se gostas da afectação e pompa de palavras e do estilo
que chamam culto, não me leias », prevenia Vieira, referindo-se
a seus sermões (3). 0 estilo do Mestre era natural, ornado com
parcimónia, desafectado e sem os artifícios, enredos e jôgo de
palavras, que ensinava a escola de Gôngorá, e todo êle maravi¬
lhoso pela vernaculidade e classicismo da linguagem (4).
Com estes dotes extraordinários não faltava o zêlo cristão,
que lhe inspirou rasgos sublimes, nem o calor da piedade que o
acendia, quando o assunto lho demandava, e se transmitia a seus
ouvintes (5).
Na arquitectura dos sermões, no desenvolvimento do assunto
e nos argumentos tirados da Sagrada Escritura metiam-se de
quando em quando agudezas de seu talento privilegiado, pro¬
posições arrojadas e paradoxais, e arbitrárias ou menos bem fun¬
dadas interpretações dos textos. Nunca porém Vieira desceu
aos abusos e ridículas extravagâncias dos prègadores gongó-
(1) Sermões, l.a ed. T. XI, pág. 412. Cf. Hernâni Cidade, Lições sôbre aCub
tura e Literatura Portuguesas, Vol. I, Coimbra, 1933, pág. 273-274.
(2) Sermões, XI, 165-166. Cf. H. Cidade, ob. cit., pág. 275.
C. III. — NOS PÚLPITOS : ELOQUÊNCIA. E LITERATURA 129
(1) Sermões, IV, pág. 45 segs. Cf. Padre António Vieira — Estudo Biográfico
e Crítico por Hernâni Cidade, Vol. I, pág. 168-169.
(2) Sermões, XV, Lisboa, 1748, pág. 202.
(3) Sermões, XV, pág. 204. Cf. H. Cidade, Lições cit., pág. 274.
(4) Sermões, VII, 240, 242. Cf. H. Cidade, ob. cit., pág. 281 ; Padre António
Vieira — Estudo Biográfico ... Vol. I, pág. 169, 170.
130 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
com o proveito das almas que desejo; que por isso os acomodo, o
mais que em mim cabe, ao verdadeiro modo de prègar ...» (*).
Ao mesmo passo que a imprensa lançava os sucessivos to¬
mos ao público, eram êsses tomos acolhidos com aplauso geral
e elogio do incomparável orador, aclamado como o Príncipe da
eloquência sagrada (1 2), Pregador do mundo todo (:i), e Oráculo dos
Pregadores (4). Os que o citavam no púlpito, ainda em vida de
Vieira, usavam têrmos de louvor singular. O P. António de Mo¬
rim chamou-o sem semelhante no púlpito (5). Fr. Manuel de Lima,
agostinho, apelidou-o Príncipe dos pregadores deste século (6).
Depois de sua morte começou a posteridade a exaltar-lhe
mais e mais o nome e a eloqüência. « Foi o maior prègador do
seu tempo, escreveu em 1741 Barbosa Machado, e o será com
inveja das outras nações em tôda a posteridade». Nos mesmos
anos do século XVIII o Cavaleiro de Oliveira, recolhendo-lhe os
ecos da fama, já universal, escreveu na Holanda: «O elogio do
Padre António Vieira só se deve expressar pelo aplauso comum
e geral, que à sua pessoa e a seus escritos se dá, não só em
Portugal, mas no mundo todo, onde tem parciais fiéis e defenso¬
res acérrimos e amantes permanentes » (7).
Assim era. E ainda hoje o grande orador, o primeiro Mes¬
tre da língua, o zeloso sacerdote e santo religioso é admirado
como luminar da Igreja, como honra de Portugal e como lustre
da Corporação que o formou (8).
(1) Arq. S. J., Bros. 3, f. 168. Carta da Baía a 23 de Junho de 1683. Origi¬
nal latino. Cf. F. Rodrigues, O P. Antonio Vieira, Contradicções e applausos, pág. 28-
(2) Tômo V dos sermões de Vieira, censura do P. Manuel de Sousa, Ora-
toriano.
(3) Tômo XI, censura do agostinho fr. Álvaro Pimentel.
(4) Ibid., censura do franciscano fr. Manuel de S. José e Santa Rosa.
(5) Morim, Sermões, II, 406.
(6) Ideas Sagradas, T. I, 48.
(7) F. Xavier de Oliveira, Mémoires Historiques, I, Haia, 1743, pág. 338.
(8) Vieira entrou para a Companhia de Jesus na Província do Brasil a 5 de
Maio de 1623, mas pertence também à história da Província de Portugal, onde
viveu e trabalhou por espaço de 40 anos, de 1641 a 1681. Em Lisboa nasceu a 6
de Fevereiro de 1608, filho de Cristóvão Vieira Ravasco e Maria de Azevedo, e
recebeu o baptismo na Sé a 15 do mesmo mês, sendo padrinho Fernão Teles de
Meneses.
Com seis anos de idade foi levado por seus pais para o Brasil, donde voltou
4
134 L. í. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
a Portugal em 1641. 0 catálogo oficial de 1654 (Arq. S. J. Bras. 5, f. 327) tem que
estudou Letras humanas durante 4 anos, e as ensinou por quási três, estudou 3
anos Filosofia, e recebeu o grau de Mestre em Artes, e Teologia 4, e era Pro¬
fesso de 4 votos desde 1645. Assim o declaram os catálogos oficiais de 1649 a
1694. Mas o códice do Arq. da Companhia, Lus. 6, Vota, ff. 124, 125, onde de
propósito se nota o tempo da Profissão, diz-nos que Vieira emitira a Profissão
solene na igreja de S. Roque, em Lisboa, a 1 de Janeiro de 1646.
Andreoni na carta-necrológio de 20 de Julho de 1697 (Sermões XIV, 302)
dá-nos para o mesmo acto religioso o dia 26 de Maio de 1644. Todavia o catálogo
de 1694, que traz o ano de 1645 para a Profissão de Vieira, é todo da letra do
mesmo Andreoni!
Sôbre seus próprios estudos assim nos conta Vieira : « De idade de dezoito
annos me fizeram mestre de primeira, aonde dictei, commentadas, as tragédias de
Séneca, de que até então não havia commento ; e nos dois annos seguintes come¬
cei um commentario litteral e moral sobre Josué, e outro sobre os Cantares de
Salomão em cinco sentidos; e indo estudar Philosophia de idade de vinte annos,
no mesmo tempo compuz uma Philosophia própria; e passando á Theologia mé
consentiram os meus Prelados que não tomasse postilla, e que eu compuzesse
por mim as matérias, como com effeito compuz, que estão na minha Província,
onde de idade de trinta annos fui eleito mestre de Theologia, que não prosegui por
ser mandado a este reino na occasião da restauração delle. Obras Inéditas, I, 43.
(!) Barbosa Machado, Bibl. Lus., vb. António de Sá.
(2) Sermões Vários do Padre Antonio de Sá da Companhia de Jesus, Lisboa,
1570. — A obra tornou-se rara, porque boa parte dos exemplares impressos
C. III. — NOS PÜLPITOS : ELOQUÊNCIA E LITERATURA 135
/
C. III.— NOS PÜLPITOS: ELOQUÊNCIA E LITERATURA 139
estilo, que às vezes, lendo Manuel de Sá, nos parece ler páginas
do que êle tomou por Mestre. Expressamente nos diz no prólogo
de seus sermões, que desejava seguir o grande António Vieira,
« ainda que sempre foi muito de longe », e não poderia ser des-
doiro para êle « seguir o que disse o maior homem, que nos sé¬
culos passados conheceram ps púlpitos » t1). De feito as proposi¬
ções em que assenta, primam pela agudeza, os argumentos são
propostos e desenvolvidos por maneira engenhosa, e a linguagem
tão variada, opulenta e extremada na propriedade dos termos,
v que de perto se aproxima da mestria e perfeição vieirense (2).
4. — Além dos prègadores maiores, que enriqueceram a
literatura com volumes de sermões impressos, outros freqüen-
taram com lustre os púlpitos de Portugal, se bem que só divul¬
gassem pela estampa sermões soltos em número maior ou menor.
Também êles ocupam lugar de honra na galeria tão numerosa
dos oradores do século XVII, e provam nos sermões publicados
que eram também êles Mestres da língua pátria.
O primeiro no tempo é o Padre Diogo de Areda, .natural de
Arraiolos, que, depois de ensinar Filosofia e Teologia, se retirou
a Lisboa, onde, na Casa Professa de S. Roque, era consultado,
como oráculo, pelos Governadores e Magistrados da nação, pelos
tribunais eclesiásticos e seculares e pelos religiosos de outras
Ordens. A sua pasmosa erudição na Teologia especulativa e
moral, no Direito Canónico e Civil, na Escritura Sagrada e na
História justificava o conceito geral, que se formava de sua sabe¬
doria. Nos púlpitos a que subia com freqüência, também era
escutado com aprovação e proveito dos ouvintes. Barbosa Ma¬
chado pôde afirmar que Areda foi « um dos mais famosos ora¬
dores evangélicos do seu tempo» (3). Nem lhe faltavam dotes
(1) B. N. L., Fundo Geral, 7145, 7146. São dois volumes em fólio, enca¬
dernados em pergaminho. No primeiro estão 27 sermões e no segundo 30.
(2) Num sermão prègado na igreja de Santa Engrácia, em 1630, assim
forma as transições: « Entrando na primeira parte desta minha consideração e
discurso, digo que ...» — « Chegando à segunda parte desta minha consideração
e discurso, digo que ... > — « Passando à terceira parte desta minha considera¬
ção e discurso, digo que . .. >. — Veja-se a biografia de Areda em História da
Assistência, T. II, Vol. I, pág. 22, nota; Franco, Imagem ... Evora, 858; F. Rodri¬
gues, A Formação Intellectual, 267.
(3) Imagem... Evora, 859.
(4) Os Sermões que publicou pela imprensa foram: o Sermão do Auto de Fé
prègado em Goa anno 1644; O Sermão do Apostolo S. Thomé, impresso em Lisboa
em 1646, e o Sermão Fúnebre... na Sé de Evora nas honras que o Cabido delia cele¬
brou à piedosa Memória do Sereníssimo Infante D. Duarte, estampado em Lisboa no
ano de 1650.
142 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
1
♦
-
(I) Cordeiro, Hist. Insulana, L. VI, cap. 24, n.° 280, pág. 138 do Vol. 2.°
da ed. de 1866.
(*) Arq. S. J., Lus. 38, f. 143v. Carta do Geral ao P. Paulo Mourão, de
20 de Julho de 1695. — Cordeiro nasceu em Angra no ano de 1640. Em Coimbra,
já de 16 anos de idade, matriculou-se na Faculdade de Cânones, e na Filosofia,
de que era lente, escreveu Cordeiro, o « santo e sábio » P. João de Carvalho da
Companhia de Jesus, mas pouco depois, a 12 de Junho de 1657, encorporou-se
nessa mesma Ordem Religiosa. Ensinou Letras por cinco anos, Filosofia de 1676
a 1680, e os mais Teologia até 1696 no colégio de Coimbra. Desta cidade foi para
Braga, Pôrto e Lisboa, e aí se ocupou sempre no ensino e nas resoluções de casos
de consciência, até que principiou a preparar suas obras para a imprensa. Fale¬
ceu a 22 de Fevereiro de 1722 no colégio de Santo Antão. « Era, diz documento
contemporâneo, pequeno de corpo, mas de grande coração e espíritos, não lhe
causando sossôbro adversidade algüa (que não teve poucas) ». L.° dos q morrem,
i. 53v, no Arq. da Prov. Portuguesa. Cf. Arq. do Gesú. Cat. de 1700, n.« 68 ; Hist.
Insulana, no prólogo: e no Livro VI, cap. 24, n.° 277-281 ; Loreto Lusitano, na
Dedicatória, e pág. 52, 53, 79; Petrus Nonius, Vol. II, 255-256.
T. III - Vol. I -F. 12
152_L, I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA_
da sua História, foi tomando dela o que lhe servia, modíficando-o ou transfor¬
mando-o na sua linguagem e estilo. 3.° Nos mesmos capítulos que utilizou da
Peregrinação, mete outros materiais colhidos de diversas procedências. 4.° Se não
cita a Peregrinação por seu nome, como não cita alguns outros autores, incluiu-a
certamente nas fontes impressas e manuscritas, que aponta, como suas, no capí¬
tulo I do livro I. 5.° Não estavam ainda naqueles tempos tanto em uso as citações
minuciosas, que hoje se exigem, e, por isso muitos e bons escritores passavam
tanta vez para seus escritos notícias, que de outros colhiam, sem os nomear. Por
fôrça destas considerações não podemos, sem injusto exagêro, tachar Lucena
simplesmente de plagiário, como fazem José Feliciano de Castilho, Camilo Cas¬
telo Branco e Teófilo Braga ; nem sua glória de escritor clássico se lhe deslustra,
como diz e quere Camilo Castelo Branco. Cf. Schurhammer, Fernão Mendes Pinto
und seine Peregrinaçam em « Asia Major », Vol. 3.°. Fase. 2.® Lipsiae, 1926,
pág. 207.
(!) O primeiro volume intitula-se : Relaçam Annval das cousas que fizeram os
Padres da Companhia de Jesus na Índia, & Japão nos anos de 600 & 601 & do pro¬
cesso da conuersão & Christandade daquellas partes; tirada das cartas geraes que de lá
vierão pello Padre Fernão Guerreiro da Companhia de Jesus. Evora, 1603.
(2) Guerreiro, Relaçam, Lisboa, 1605, no prólogo ao Leitor.
(3) Cf. Guerreiro Relação Anual, Coimbra, 1930. I, pág. XXXV e segs.
— É êste o primeiro volume da nova edição desta obra, que se publicou em três
Volumes nos anos de 1930, 1931 e 1942. — Guerreiro era natural de Almodôvar,
no Campo de Ourique, e, com 17 anos de idade entrou na Companhia a 22 de
C. IV. — NO CAMPO DAS CIÊNCIAS 157
Janeiro de 1567. Foi por muitos anos fervoroso e valente missionário em Portu¬
gal e nas Ilhas Adjacentes, governou o colégio de Bragança e o da Madeira e
exerceu o cargo de Visitador dos colégios das Ilhas. Faleceu a 28 de Setem¬
bro de 1617 às 4 horas da manhã. Arq. S. J.( Lus. 44, catál. de 1614, n.° 5;
Franco, Imagem . . . Evora, 681, Ribeiro, Obituários de S. Roque, n.° 109.
(!) B. Guerreiro entrou na Companhia a 7 de Dezembro de 1578, aos
dezóito anos de idade, e morreu em Lisboa a 24 de Abril de 1642. Cf. Franco,
Imagem . . . Evora, 857.
(*) As histórias da Etiópia de Pedro Pais, Manuel de Almeida e Afonso
Mendes jazeram nos arquivos por mais de dois séculos e meio, e só vieram à luz
em princípio do século XX na colecção monumental Rerum Aethiopicarum Scripto-
✓
\m
.
.
158 L. 1. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
A crítica de Teles vai a par com a de Almeida, a quem fielmente segue, bem
como a Pedro Pais, e Afonso Mendes e a Lôbo. Lôbo, missionário da Etiópia,
assim o testemunha, declarando com juramento que era muito verdadeira a his¬
tória de Teles, e conforme às dos historiadores que êle aproveitava com exce¬
lente estilo. Acusa mais o censor que Teles só refere em resumo ou passa em
completo silêncio o que os outros escritores contaram sôbre os usos e costumes.
Também aqui há falta de verdade na censura. Teles refere largamente e com
miüdezas muito curiosas os usos e costumes da Etiópia, mas nalguns pontos os
resumiu, pois tinha o propósito de abreviar a história de Almeida « com nova
releição e método », como promete no frontispício da obra. Assim é de todo des¬
cabida e falsa a afirmação de Kurt Krause de que Teles recebera em Portugal
« o encargo de adaptar esta obra aos leitores de seu tempo, e que dificilmente se
reconhece nela uma sombra da propriedade intelectual de Almeida » (ibid. pág.
36). Cf. História Geral da Etiópia a Alta pelo Padre Baltasar Teles, edição abreviada
por A. de Magalhães Basto, Pôrto, 1936, na Explicação Prévia.
í1) ' F. Rodrigues, A Formação Intellectual, 239.
(2) Os censores no Brasil julgaram a obra com benevolência e não lhe
regatearam louvores. Em Portugal foram mais rigorosos e exigentes. António
Vieira, Baltasar Teles e outros achavam o estilo bastante rasteiro e notavam-lhe
c. iv.— NO CAMPO DAS CIÊNCIAS 159
no distrito baiano (Arq. S. J., Goa, 26, f. 21v, catálogo de 1709). Na idade de 14
anos veio do Brasil para Portugal, em Lisboa foi recebido na Companhia a 17 de
Janeiro de 1665, aos/16 anos de idade, e a 25 de Março seguinte partiu para o
Oriente. Concluidos os estudos, ensinou Humanidades e Retórica, Filosofia e Teo¬
logia especulativa e moral no colégio de S. Paulo de Goa. Foi reitor do colégio
de Rachol, e Prepósito da Casa Professa de Goa, e faleceu em 17 de Junho de
1712. Arq. S. J., Goa, 26, f. 21v, catálogo de 1709 : Hist. Soc. J., 50, 51, pág. 108.
No mesmo ano de 1665, em que F. de Sousa, sendo noviço, embarcou em
Lisboa para a índia, fez viagem para o Brasil outro Francisco de Sousa, natural
de Guimarães, e ainda também noviço, que entrara na Religião em 1664. Foi na
Província do Brasil homem de relêvo, Mestre de noviços, reitor dos principais
colégios, professor de Filosofia e Teologia e prègador, e fez construir o gran¬
dioso tecto da igreja do colégio da Baía. Faleceu no Rio de Janeiro a 8 de Dezem¬
bro de 1717 aos 75 anos de idade. Arq. S. J., Bras. 10, f. 175v ; Bras. 5, catálogo
de 1679, 1694.
(!) A edição do original português, feita sem crítica, em 1916, por P. E.
Pieris, forma um grosso volume de 994 páginas. A tradução inglesa tem o título:
The Temporal and Spiritual Conquest of Ceylon. By Father Fernão de Queyroz of the
Society of Jesus, Sometime Provincial of Goa. Translated by Father S. G. Perera, of
the same Society. Colombo, 1930. Vol. I de 28-XXVIII-392 págs.; Vol, II, 394-810
págs.: Vol. III, 811-1274 págs.
(2) Pieris na Introduction à edição de 1916 da Conquista.
(3) Prólogo de Queirós à Conquista de Ceilão. Queirós nasceu em 1617. Agre¬
gou-se à Companhia no ano de 1631, navegou para a índia em 1635 e faleceu a
12 de Abril de 1688. Cf. F. Rodrigues, A Companhia de Jesus em Portugal e nas
Missões, pág. 28, nota 25.
c. IV. — NO CAMPO DAS CIÊNCIAS 161
(1) Cf. Cartas de Descartes citadas em T. Braga, Hist. da Univer., II, 454-
-455. Em carta ao jesuíta P. Charlet assim Descartes se expressa : Tendo de escre¬
ver uma Filosofia, eu sei que a vossa Companhia só por si pode mais que todo o resto
do mundo para a fazer valer ou rejeitar. Ibid. pág. 455. ^
(2) T. Braga, ob. cit„ pág. 456-458.
(3) Cf. Klimke, Institutiones Hist. Phil., pág. 311.
172 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
P) Arq. S. J., Congr. 3, Acta da Congr. Geral XV. Cf. Astrain, VII. 11-13 ;
Brucker, La Compagnie de Jésus, pág. 774.
(2) Astrain, VII, 15.
(3) Cf. citada Acta da Congr. XV; Astrain, VII, 11-12.
(4) Cf. Sommervogel, II, vb. Ciermans; F. Rodrigues, Formação Intelle-
ctual, 290.
C. IV. — NO CAMPO DAS CIÊNCIAS 173
í1) Soares, Çursus Philosophicus, III, 15 ; Cf. Brotéria, XXV, pág. 177-187.
(2) Quod hypoteses, uel plane falsas, vel sine ratione fictas pro fundamento
Philosophiae suae posuerit. Verney, Apparatus ad Philosophiam et Theologiam, Roma,
1751, pág. 286-287.
(3) Verney, Verdadeiro Método de Estudar, I, 238.
(*) Cf. Klimke, Institutiones Hist. Phii, I, pág. 306-309, 315, 316, 318 e segs.
174 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
nos séculos XVIII e XIX, voltou a brilhar com toda a sua luz,
mais viva e mais límpida, pelo estudo e trabalho de filósofos
eminentes desde os últimos quartéis do século XIX.
É verdade, não há negá-lo, que se tinham, pouco a pouco,
depois do período áureo, metido no admirável sistema agudezas
estéreis ou ridículas, e questões frívolas e inúteis; mas os mes¬
mos Mestres o advertiam e cêdo principiaram a cortar aquelas
superfluidades nocivas. Teles já no seu Curso em 1642 prometia
deixar de parte matérias escusadas pela sua inutilidade (*), e a
Congregação Geral XV, no documento citado, confessando leal¬
mente os excessos que se cometiam no ensino de frivolidades,
marcou o caminho que se devia trilhar. « Se deixamos, disse, a
parte amena da Física e nos encerramos nas especulações meta¬
físicas, afugentaremos de nossas escolas os estudantes, que já
costumam queixar-se de que dirigimos todo o estudo da Filosofia
exclusivamente à Teologia especulativa, e de que na própria
Teologia, passando questões mais úteis, referentes à Moral e à
Polémica, perdemos o tempo precioso em subtilezas e metaficis-
mos insubstanciais » (2).
Não muito depois, em 1712, os Mestres de Portugal pediam
a D. João V autorização para introduzir iías escolas de Coimbra
uma alteração dos Estatutos, a fim de se ampliar o estudo da
Física, « por se ter acrescentado com as experiências modernas
notàvelmente muito mais do que dantes eram » (3).
Dêste modo procuravam os professores da Companhia, cor¬
rigir os defeitos que acidentalmente se foram intrometendo nas
escolas, e mantiveram nelas com prudência louvável e justo
critério a Filosofia perene do sólido e admirável sistema.
5. — Coroa do Curso filosófico era a Teologia, que os pro¬
fessores, como o demandava e exigia a profissão de sua vida
apostólica, particularmente cultivavam com as demais ciências
que a acompanhavam e lhe davam firmeza e lustre. Como a
ensinavam muito de propósito nos colégios e Universidades, não
só aos membros da sua Ordem, mas também a estudantes externos,
Geral de que o P. Bento Pereira era muito religioso e muito douto (Arq. do Gesü.
N.° 660, Censurae, f. 361, 362).
O P. Sebastião de Abreu sujeitou à censura os Comentários à l.a da 2.*
Parte da Suma de S. Tomás, mas a obra não agradou à maior-parte dos censores.
O P. Francisco de Lugo, irmão do célebre Cardeal João de Lugo, tinha para
si que não se podia aprovar para a impressão ; que os diversos tratados pareciam
repetição de Soares, de Vasquez e de outros, e o que era próprio do autor, não
o considerava digno da publicidade (Arq. do Gesü, Vol. 667, f. 548, 549). Esta
censura é assinada no Colégio Romano a 2 de Dezembro de 1647, autógrafa.
Sebastião de Abreu escreveu uma apologia da sua obra, mas com ela não conse¬
guiu mudar os pareceres dos censores. A apologia, escrita no Colégio Romano,
tem a data de 10 de Junho de 1651.
A obra Questiones Theologicae sex Tractatibus elucubratae de Miguel Tinoco,
louva-a encarecidamente o Dr. Manuel Luís, dizendo que era digníssima de ser
impressa, e seria recebida com aplauso (Arq. do Gesü, n.° 660, f. 356).
(1) O Título da 2.a edição é : R. P. Stephani Fagundez, Lusitani, Viannensis,
Societatis Jesu Theologi et Regii Collegii Olissiponensis Gymnasiarchae... In quinque
Ecclesiae Praecepta.. . Moguntiae, 1628. — Apenas apareceu, pela primeira vez
esta obra, foi proibida pela Inquisição de Espanha, por defender a opinião de que
se podiam comer ovos e lacticínios no tempo da Quaresma. Fagundes saiu em sua
defesa com o Tractatus Apologeticus ad Quaestionem de Lacticiniorum Ovorumque esu
tempore quadragesimali. Pareceu tão concludente a Apologia que em 18 de Abril
de 1630 foi aprovada por essa Inquisição a obra do moralista português. Cf. Bar¬
bosa Machado, Bibl. Lus., vb. Estevam Fagundes.
(2) R. P. Stephani Fagundez Viannensis e Provinda Interamnensi.. . In Quin¬
que Priora Praecepta Decalogi. Tomus primus ... Lugduni, 1640. — In Quinque Pos¬
teriora Praecepta Decalogi, Tomus secundus. Lugduni, 1640.
R. P. Stephani Fagundes... De Justitia & Contractibus & de Acquisitione &
Translatione Dominii Libri Septem . .. Lugduni, 1641.
178 L. I.— NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
« Todas estas obras, adverte António Franco, são das que na¬
quelas matérias e faculdades têem e merecem nome grande » (*).
E na verdade, se examinamos êsses volumes, admiraremos fàcil-
mente a profundeza do estudo, a erudição pasmosa, particular¬
mente no tratado da Justiça, e a clareza, serenidade e segurança
com que o autor discute e resolve as questões, tantas vezes com¬
plicadas, da Teologia e do Direito Canónico e Civil (1 2).
Tratado completo de Moral teológica nos deu no ano de
1671 o P. Bento Pereira em dois volumes infólios com o título :
Prontuário Teológico Moral conforme o Direito comum e português,
ou, por outro nome mais expressivo, Suma da Universa Teologia mo¬
ral (3). Toda a obra, adverte o autor, é fruto da consulta dos
melhores autores moralistas e de trinta anos de estudos teoló¬
gicos (4). Não admira que saísse obra de Mestre. Propõe com
clareza diáfana as questões, discute-as erudita e sèriamente, e
defende com ciência as suas opiniões. Chama-lhe Suma o autor,
mas há nos dois bons volumes abundância e largueza suficiente
de doutrina e exposição.
Três anos antes concluíra e publicara o mesmo Bento Pereira
outra obra latina, de assunto idêntico, mas nova e particular¬
mente curiosa por unir a Moral com a Filologia. O título explica
o desígnio do autor, chamando-a Elucidário da Sagrada Teologia
moral e de ambos os Direitos, que expõe todo o idioma ou proprie-
(1) Franco, Syn. Ann. 1661, n. 4; Barbosa Machado, Bibl. Lus., vb..
Francisco Pinheiro.
(2) Censura de Manuel Lopes de Oliveira, a 28 de Março de 1680.
(3) Concordia Juris Pontificii cum Caesareo et cum Theologica ratione . ...
Authore P. Francisco Valente, Olyssiponensi Societatis Jesu, in Cursu Conimbricensi
olim Philosophiae, & in Academia Eborensi Theologiae Professore. Parisiis, 1654.
(4) Institutio Parochi seu Speculum Parochorum ... Authore P. Doctore Sebas-
tiano d Abreu. Evora, 1665. — De Statu Ecclesiastico sive Saeculari, sive Regulari,
seu de Obligationibus Clericorum . .. Auctore P. Emmanuel Cordeiro . . . Lusitano
Aurantensi... Tomus primus, Lisboa, 1646.
(5) R. P. Emmanuel Mascarenhas Lusitani Ulyssiponensis Societatis Jesu.
Quondam in Regali Collegio D. Antonii Civitatis Ulyssiponensis ejusdem Societatis
Publici Sacrae Moralis Theologiae Magistri. Tractatus de Sacramentis in genere, de
Baptismo, Confirmatione, Eucharistia nec non de Sacrifício Missae ... Lutetiae Pari-
siorum, 1646.
(6) Idea Consiliarii sive Methodus tradendi Consilii ex regulis Conscientiae.
Opus Posthumum. Romae, 1712. — Correia aos quinze anos de idade veio de
Angola para Lisboa, e deixando generosamente a nobreza e riquezas de seus
pais, retirou-se do mundo para a Companhia de Jesus a 31 de Maio de 1651.
Ensinou seis anos Letras, outros seis Teologia Moral, e quinze Teologia Especu¬
lativa. Foi reitor do colégio de Coimbra, Provincial de 1694 a 1697, e por nove
182 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
NA MATEMÁTICA
(!) Hist. da Assist.. T. II, Vol. I, 216-217 ; Vol. II, 12, 66-98.
(2) T. Braga, Hist. da Univ., II, 824-825 ; Gomes Teixeira, Hist. das Mate¬
máticas, pág. 213.
186 L. 1. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(!) Cf. Garção Stockler, Ensaio Histórico das Matemáticas, 51, 59 ; F. Rodri¬
gues, Formação Intellectual, 524, 525.
(2) F. Manuel de Melo, Epanaphoras, ed. de 1676, pág. 264.
(3) Ribeiro dos Santos, Memórias sobre alguns Mathemáticos, em Memórias
da Lit., VIII, pág. 196.
f4) Barbosa Machado. Bibl. Lus., vb. D. Fernando de Meneses.
(5) Barbosa Machado, Bibl. Lus., vb. Francisco de Melo e Torres; Garção
Stockler, o. c., pág. 51-52. — Escreveu : lntroducção Geographica em três tomos,
Astronomia Moderna em 1637 ; Vários Fragmentos da minha Geographia começada
em o anno de 1637. — Francisco de Melo e Tôrres morreu assassinado em 7
de Dezembro de 1667.
C. V. — NA MATEMÁTICA 187
(1) Barbosa Machado, Bibl. Lus., vb. António Pimenta. — Barbosa Machado,
1. c., e Pinto de Matos, no Manual Bibl. dizem que Pimenta fôra lente de Mate¬
mática na Universidade conimbrinccnse. Nas listas ou catálogos de lentes não
encontrei o seu nome. Francisco Ferreira Leitão não o inclue no Alphabeto dos
Lentes, Coimbra 1937.
(2) Memórias sobre alguns Mathematicos em Memórias da Lit. Port., VIII, 128.
(3) Hist. da Assist., T. II, Vol. II, 97.
(4) Arq. S. J., catál. de 1601 e 1602. — Grienberger faleceu em Roma no
ano de 1636 depois de publicar obras valiosas.
(5) Hist. da Assist., T. II, Vol. II, 13, 45, 97, 98.
(6) Francisco Machado tinha em 1614 de idade 39 anos e de Religião 26,
professo de 4 votos. Em 1605 ensinava Matemática. Sebastião Dias entrou na
Companhia a 21 de Abril de 1599 e faleceu em 27 de Setembro de 1617. Arq.
S. J., Lus. 44, catál. de 1914; Franco, Ano Santo, 540.
C. V. — NA MATEMÁTICA 189
(1) Arq. S. J., Lus. 44, f. 387, catál. de 1622. Neste ano tinha Gall 36 ano*
de idade, e de Religião 16, e havia 3 anos que ensinava Matemática.
(2) Relatione delia nuova Missione delli PP. delia Compagnia di Giesú al Regno
delia Cocincina scritta dal Padre Cristoforo Borri, Romà, 1631, pág. 118, 183, 188.
(s) Collecta Astronômica ex Doctrina P. Cristofori Borri, mediolanensis, ex So-
cietate Jesu. De Tribus Caelis, Aereo, Sydereo, Empyreo . .. Opus sane Matematicum,
Philosophicum & Theologicum, Scripturarium. O Colofon, no fim do volume, de 470
páginas numeradas, tem : «Em Lisboa, por Mathias Rodrigues, Anno 1629». Fran¬
cisco Soares Lusitano, no seu Curso Filosófico, e outros citam esta obra de Borri
com o título de Astronomia Nova, ou simplesmente Astronomia. De feito, a cabeça
das páginas 1-72 é : De Antiqua Astronomia, e das páginas 73 a 290 é: De Nova
Astronomia.
(4) Ant. Ribeiro dos Santos, o. c., pág. 188, 189; T. Braga, Hist. da Univ.,
II, 823. — Do entusiasmo que levantou em Portugal a pretendida invenção de
Borri, dá-nos conta o Coleitor Pontifício em Lisboa, Lourenço Tramalli, bispo de
190_L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA _
(1) António Ribeiro dos Santos, cit. Memórias, pág. 192; Censura de
fr. Francisco de Paiva, ao princípio do volumezinho. — Brás de Almeida, pro¬
fessor de pintura e escultura, traduziu do castelhano para português os Elementos
de Stafford. Cf. Barbosa Machado, Bibl. Lus., IV, vb. Bráz de Almeida.
(2) Estão reünídas estas obras manuscritas num grosso infólio, que se con¬
serva na secção Pombalina da Bibl. N. de Lisboa, códice n.« 240. — Stafford
nasceu em Staffordshire no ano de 1599 e entrou na Companhia em Espanha em
1618. No princípio de 1640 acompanhou ao Brasil, como confessor, o vice-rei,
marquês de Montalvão, mas com êle tornou a Portugal em 1641, e faleceu a 12
de Fevereiro de 1642. Franco, Syn. Ann. 1641, n.o 2 ; 1642, n.° 5 ; F. Rodrigues,
Formação Intellectual, 287.
(3) Arq. S. J., Lus. 44, f. 492, 534, 573, catálogos de 1633, 1636, 1639.—
Na Bibl. Nacional de Lisboa guardam-se manuscritas as seguintes obras de Faló¬
nio : Astrologia Judiciaria composta pello Padre Simão Fallonio, Mestre de Mathema-
tica no Colégio da Companhia de Jhs de Santo Antão. Escrita por Manoel da Costa no
Anno de 1640 (Fundo Geral, 4246. Vol. em 8.° de 136 páginas cora figuras à pena).
Compendio Spiculativo Das Spheras Arteficial, Sublunar e Celeste composto em
3 Tratados pello P.M. Simão Fallonio da Companhia de Jhs em o Collegio de Santo Antão
Lx« Anno 1633. (Fundo Geral 1652. Outro exemplar no N.° 2258). Matérias Mathema-
ticas nas quais se contem Astronometria, Astrologia e Centronometria Dictadas pio R. P.
M. Symão Falonio. Escritas por Antonio de Melo o anno de 1628 (Fundo Geral, 2127).
Na f. 97 do exemplar n.° 2258 rejeita Falónio o sistema copérnico, porque
dá movimento à terra contra a Escritura e é condenado por autoridade de Roma.
192 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(1) Arq. S. J., Lus. 45, f. 112; F. Rodrigues, Formação Intellectual, 290.
(2) António Ribeiro dos Santos, Memórias citadas, pág. 203. O P. Estancei
no seu Horoscópio pág. 66, diz em 1658 : <0 P. Bartolomeu Duarte, regio profes¬
sor de Matematica na Côrte de Lisboa, digno varão de todo o credito e amicis-
simo meu .. . ». Cf. Franco, Imagem . . . Évora, 825, e acima cap. I, § 6.
(a) António Ribeiro dos Santos, Memórias cit., 206; Huonder, Deutsche
Jesuitenmissionãre des 17 und 18 Jahrhundert. Freiburg i, B., 1899, pág. 160.
(4) E um pequeno volume de 80 páginas, impresso na tipografia da Uni¬
versidade de Évora em 1658. A obrazinha é dedicado a Afonso VI, rei de
Portugal, que por isso a intitulou Orbe Affonsino. Na B. N. L., Fundo Geral, 2136,
conserva-se um exemplar manuscrito desta obra em latim, com êste título : Orbis
Affonsinus siue Horoscopium Scieothericum Universale ... Auctore P. Valentino Estan¬
cei Soc. Jesu Juliomontano Mathematum Professore.
(5) Do contexto, (f. 47v) tira-se que Estancei não escreveu o Tiphys antes
de 1672. No cap. VIII da Parte III refuta a suposta invenção de Cristóvão Borri
num Discurso curioso e útil sôbre a navegação de Leste a Oeste e dos vários modos
que os curiosos inventaram nesta matéria. Na f. 58v assim se refere a Cristóvão
Borri: « Ultimamente sahio com outro empenho o P. Çhristovão Borro, lente que
foi das Mathematícas em Lisboa, homem curioso e amigo de novidades, segundo o
mostra a obra Astronómica ha poucos annos impressa em Lisboa, por ordem do
conde de Villa Nova Gregorio de Castel Branco, o qual tinha sido seu discípulo
nas Matemáticas. Este Cristovão Borro totalmente se persuadio, que havia alcan¬
çado este segredo, por via das variações da Agulha Magnética. . . Este foi o
194_L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA_
invento e a traça com que sahío Borro, porém rejeitada na Côrte de Madrid, por
pouco segura e solida. Dissera eu por fantastica e aerea . . . ».
(1) Estancei foi admitido à Companhia a 1 de Outubro de 1637. No título
do Tiphys diz que ensinou Matemática no « Real Collegio de Santo Antão em
Lisboa >. No Brasil prosseguiu com suas observações astronómicas e professou
Teologia Moral nos colégios da Baía e de Pernambuco. Faleceu nos primeiros
anos do século XVIII.
(><á) Arq. da Prov. portuguesa, L.° dos P.** q morrem, f. 53.
C. V. — NA MATEMÁTICA 195
(!) Arq. S. J„ Lus. 34, I, f. 168, 187v, cartas do Geral ao Provincial Sei¬
xas, de 14 de Julho de 1685; de 23 de Março de 1686, Franco, Syn. Ann.
1690, n. 2, 3. Franco na citada Synopsis, no catálogo dos missionários, dá ao nome
do alemão a forma de Xenodofen I Em Portugal compôs um formosíssimo drama
para celebrar em 1687 a vinda da rainha D. Maria Sofia de Neuburg. Represen¬
taram-no os estudantes do colégio de Santo Antão. Franco, Syn. Ann. 1690 n. 2 ;
F. Rodrigues, Formação Intellectual, pág. 472.
(2) Gelarte nasceu em 1631, foi recebido na Companhia a 15 de Agôsto
de 1653, fêz sua profissão solene a 15 de Agôsto de 1674, e no colégio de Santo
Antão, onde passou a maior parte da sua vida, faleceu a 1 de Junho de 1721
com 90 anos de idade. Arq. do Gesü, n.° 627, catál. de 1700. n. 429 ; Arq. da
Província Port., códice dos P.«* q morrem, f. 53.
(3) Gibbons nasceu perto de Wells, no condado de Somerset, em 1549,
entrou na Companhia de Jesus em Roma no ano de de 1572, e faleceu em Douai
a 28 de Junho de 1632. Smmervogel, III, 1404. Vejam*fè os catálogos oficiais de
1705, 1711, 1734, onde se adverte que nestas aulas só estudavam religiosos da
Companhia. Arq. S. J., Lus. 44, f. 47, f. 107, 163, Lus. 48, f. 134v.
(*) Arq. S. J., Lus. 44, f. 75v, catál. de Abril de 1593, n. 290; Lus. 72, f.
158v. Soares em 1593 havia dois anos qpe ensinava Matemática, e Pinto ensi¬
nava-a em 1594.
196 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(1) Arq. S. J.f Lus. 34, I, f. 168, carta do Geral ao Provincial Seixas, em
14 de Julho de 1685. — Veja-se em Memórias da Academia das Ciências de Lisboa,
classe de Ciências, Tômo III, Lisboa, 1941, pág. 238-263, artigo de Pedro José da
Cunha sôbre As Matemáticas em Portugal no século XVII. n
(2) B. N. L., Fundo Geral, 2135. É um opúsculo em 8.° com capa de per¬
gaminho. Contém quatro ordenações de Tirso González : a primeira e principal,
de 12 de Abril de 1692, intitula-se: Ordinatio Rev.di P. Nos. Thyrsi Gonsales Prae-
positi Generalis ad suscitandum fovendumque in Prov.a Lusitana Studium Mathemati-
cae directa ad P. Emmanuelem da Sylva Provincialem ; as outras três menores e
complemento daquela, são de 17 de Janeiro de 1693, de 1 de Agosto do mesmo
ano, e de 4 de Fevereiro de 1702. Com estas está uma do Geral Miguel Angelo
Tamburini, de 11 de Abril de 1711. Tôdas elas são escritas em latim.
C. V. — NA MATEMÁTICA 199
(1) Ordinatio, n.° 29. — Termina neste número a ordenação com esta data
e assinatura: « Datum Romae 12 Aprilis 1692 hyrsus González > (cópia).
(2) B. N. L., Fundo Geral, cód. cit. 2135 ; Ordinatio R. P. N. Thyrsi Gonzá¬
lez Proepositi Generalis de Forma et legibus examinis Mathematici in Provinda Lusita-
norum 17 Januarii 1693.
(3) Ordinatio, n.°s 1-13. Assinatura na última página Datum Romae 17 Ja¬
nuarii 1693.
(4) Códice cit. n.° 2135 : Confirmatio et extensio R. P. N. Thyrsi González cc.°
ordinationem de forma et legibus examinis Mathematicae... 1 Aug. 1693.
C. V. — NA MATEMÁTICA 203
(1) Confirmatio, assinada: Datum Romae l.° Aug. 1693 Thyrsus González
(cópia).
(2) B. N. L. *èòdice 2135 : Declarationes Praepositi Generalis circa studia
Mathemáticae.
(3) Não lográmos ver esta carta.
(4) Declarationes cit., que terminam com esta declaração : Ita ex epístola
R. P. N. Generalis scripta 4 Februarii 1702.
204 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRESA
(*} Arq. S. J., Lus. 34, II, f. 283v : carta do Geral ao P. Paulo Mourão, de
Roma a 29 de Março de 1692; f. 358, carta do Geral ao P. Provincial, de 11
de Fevereiro de 1696 ; Arq. do Gesü, n.° 627, catál. de 1700. — Hildred Nasceu em
1657, deu-se à Companhia em 1678, e no ano de 1693 ensinava Matemática em
Évora. — Musarra nasceu na Sicília a 18 de Outubro de 1649 ; entrou na Compa¬
nhia em 3 de Novembro de 1664 e faleceu a 30 de Agôsto de 1718. Ensinou Ma¬
temática em Évora, Messina, Roma e Palermo.
(2) Arq. S. J., Lus 34, II, f. 297, carta do Geral a Buckowski, de 30 de
Agosto de 1692.
(3) Cód. cit., f. 306. O Geral ao P. Sebastião de Magalhães de 8 de No¬
vembro de 1992.
C. V. — NA MATEMÁTICA 205
(1) íbidem.
(2) Arq. S. J., Lus. 34, II, f. 351 v. Carta do Geral ao Provincial, escrita
em 1695.
(3) Cód. cit., f. 364v. Carta do Geral ao Vice-Prov. André Vaz, de 8 de
Setembro de 1696.
(4) Arq. S. J., Lus. 35. I,' f. 89. Carta de 1706. F. Rodrigues, Formação
Intellectual, 295.
C. V. — NA MATEMÁTICA 207
(J) Cód. cit., f. 213. Carta de 7 de Agosto de 1714. Formação Intellectual, 295.
(2) B. N. L., Fundo Geral, cit. cód. 2135. Cópia de carta de 11 de Abril
de 1711.
(3) Ibidem.
(*) No Catalogus Scriptorum ... ab anno 1675 (Arq. S. J., Lus. 105) lêtnos o
seguinte elogio de Luís Gonzaga: « Post traditas politiores Litteras in Academia
Eborensi, Mathematicas Disciplinas profitebatur Ulyssipone, cum ab Augustissimo
208 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
estava sôbre tôdas as razões: Cum Scripturae et Ecclesiae auctoritas firmior sit omni
ratione. Kõnig, Vestibulum Cosmographicum, 15, 23.
Na Geografia sustentava que o povo alemão não se podia comparar com
nenhum outro pela sua integridade e fidelidade, e pela beleza e fôrça corporal.
Cf. Duhr, Geschichte der Jesuiten in den Landern Deutscher Zunge, III, 339, 340,
373, 374.
(1) Buckowski nasceu em 1658 e alistou-se na Companhia vinte anos depois,
em 1678. Ensinou Letras e Matemática. Sentiu no seu peito vocação e alento
para missionário e veio para Portugal com intenção de passar às missões do ultra¬
mar, depois de ensinar Matemática por alguns anos. Arq. do Gesú, 627, catál.
de 1700, n.° 77.
(2) Amaral tinha em 1678 dezanove anos de idade, e três de Companhia.
Foi discípulo da Matemática do P. Kõnig. No ano de 1690 navegou para o Mara¬
nhão, mas por êsse tempo o assaltou uma tempestade de escrúpulos com tal fôrça
que lhe transtornaram o juízo, e, em 1697, o fizeram louco. Foi forçoso encerrá-lo
num quarto. Faleceu no ano seguinte de 1698. Cf. Arq. S. J., Lus. 46, f. 7, catál.
de 1678, n. 178 ; Bras. 27, catál. de 1697 ; Bettendorff, Chronica em Revista do Ins¬
tituto Historico Brasileiro, 72, Rio de Janeiro, 1910, pág. 659, 669, 670.
(3) Sôbre o ano da morte do ilustre cosmógrafo-mor há ignorância quási
total nos escritores dos séculos e anos passados. Leitão Ferreira no Alphabeto dos
Lentes, 190, nota que vivia em 1575. Barbosa Machado só sabe que faleceu
« antes do ano de 1600 » (Bibl. Lus. vb. Pedro Nunes). T. Braga tem que se lhe
desconhece o ano e lugar da morte (Hist. da Univ. T. II, 814). Outros assinalam-
lhe o ano de 1567. (Cf. Inocêncio Dicc. Bibl, VI, 437, 438).
Gomes Teixeira na História das Matemáticas, pág. 190, diz que Pedro Nunes
desapareceu da cêna do mundo em 11 de Agosto de 1579, pouco depois da lúgu¬
bre derrota de D. Sebastião.
Tira-nos tôdas as dúvidas o Coleitor Pontifício em Lisboa, dizendo-nos em
carta de três de Agosto de 1578 que Pedro Nunes vivia, em Coimbra, velho e
enfêrmo (Arq. do Vat., Nunz., 1, f. 131), mas em Setembro do mesmo ano afirma
que já dera para Roma notícia da morte do « grande matemático » [ibid., f. 165v).
Faleceu pois não em 1579, mas em 1578, veroslmilmente no dia e mês aponta¬
dos por Gomes Teixeira. Cf. P. José de Castro, D. Sebastião e D. Henrique, Lis¬
boa, 1942, pág. 257.
C. VI. — NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA : ENSINO E LUTAS 213
(1) Cf; Leitão Ferreira, Alphabeto dos Lentes, 185; T. Braga, Hist. da
Univ., II, 816, 816v.
(2) T. Braga, Hist. da Univ., II, 824.
(3) Cf. Leitão Ferreira, ob. cit., pág. 187. Veja-se Relação Geral do Estado
da Universidade de Coimbra por D. Francisco de Lemos em T. Braga, Dom Fran¬
cisco de Lemos e a Reforma da Universidade de Coimbra, pág. 45, 46. Consta, diz
Lemos, que desde o ano de 1612 até o de 1653, em que se passou o longo intervalo de
P 41 anos, esteve vaga a cadeira de Matematica sem professor que a regesse. E que desde
este ano até á presente Reforma só fora regida por três professores, Gaspar de Mere,
o Padre João Coning (sic), Jezuita, e o Padre fr. Ignacio de Atayde ; havendo longas va-
cancias entre huns e outros ; e sendo esta ultima de mais de 60 annos (Ibid., pág. 45). Ao
que escreve Lemos advertimos que no Alphabeto dos Lentes de Leitão Ferreira se
aponta ainda fr. José de Andrade, monge de S. Bento, que leu a cadeira de Ma¬
temática de substituição, alguns anos depois da morte de Turriano (pág. 187) e fr.
Pedro de Meneses, também monge bento, que foi lente de Matemática por opo¬
'
-
.
.
214 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
bro dêsse ano, pois Kõnig já estava em Portugal no princípio de 1682 ou talvez
no ano anterior.
(1) Arq. da Prov. Port-, L.o dos P.*s q morrem, f. 43v: Necrológio contemporâ¬
neo ; Franco, Imagem do segundo Século, ano de 1691 (B. N. L., Fundo G.f 750, f. 8).
(2) Necrológio citado na nota anterior.
(3/ Arq. S. J., Lus. 34, I, f. 77. Carta de 10 de Fevereiro de 1682.
(4) Cit. carta de 10 de Fevereiro de 1682.
I6) Leitão Ferreira, Alphabeto dos Lentes, 186.
(6) Cf. Necrológio citado; Franco, Imagem do Segundo século, l. c., e o
afamado astrónomo António Carvalho da Costa, na sua Corografia Portuguesa,
publicada em 1706-1712, no prólogo.
(7) Provisão régia de 29 de Outubro de 1685, em T. Braga, Hist. da Univ.,
II, 824, 825.
C. VI. — NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA : ENSINO E LUTAS 215
(1) Arq. S. J., Lus. II, f. 276v, carta do Geral ao P. Adrião Pedro, reitor
do colégio de Coimbra, de 14 de Outubro de 1690; ibid. f. 307v, carta do Geral
a Francisco Barbosa de 22 de Novembro de 1692.
(2) Arq. S. J., Lus. 38, f. 84. Carta do Geral a Kõnig a 25 de Agosto de 1685.
(8) Franco, Syn. Ann. 1694, Catalogus virorum qui... ad Indiae regiones
navigarunt.
(4) Arq. S. J., Epp. NN. 26, f. 110, carta do Geral ao Provincial Manuel
da Silva, de 22 de Dezembro de 1691; ibid. f. 283v, carta do Geral ao P. Paulo
Mourão, de 29 de 1692.
(5) No original lê-se Bucoschi.
218 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(!) Arq. da Univ., Provisões VI, 214. — Foi assinada pelo rei « em Lisboa
a 6 de Novembro de 1692 >, mas Leitão Ferreira deu-lhe no Alphabeto dos Lentes,
185, a data de 26 de Novembro. No íundo da fôlha lê-se a outra letra: Cumprasse
e Rícistesse Coimbra 2 de Janeiro de 1693. No verso: Por decreto de S. MagA de
22 de Outubro de 1692.
(2) Leitão Ferreira, Alphabeto dos Lentes, 185.
(3) Arq. S. J., Lus. 38, f. 136v. Geral a Buckowsky, de Roma a 19 de
Junho de 1694.
(4) Arq. S. J., Lus. 34, II, f. 297, carta do Geral a Buckowsky de 30 de
Agosto de 1692.
C. VI. — NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA : ENSINO E LUTAS 219
-
(1) Arq. da Univ., maço R-3-5: Minuta dos papeis que se offereceram ao Sõr
Reformador dom Fr.co de Meneses por parte do Coll.° das Artes > ; «Agravo dos
P.«...» (1619).
(2) Arq. da Univ., Provisões, II, f. 27: carta « escrita em M.d a 24 de Feve¬
reiro de 619 Rey ».
C. VI. — NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA : ENSINO E LUTAS 221
í1) Arq. da Univ., maço R-3-5 : doc. cit.: Catálogo dos Privilégios ...
226 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
cheguei quási ao que êles queriam, como foi não lhes fixar lá
editais, e que os estudantes os castigaria somente o Conservador,
que é de todos, e que o reitor pusesse embora outro edital seu,
ainda que o meu levasse a palavra Escolas Menores, por cumpri¬
mento do meu ofício e obrigação, e desta maneira ficava eu ser¬
vindo os Padres mais do que cumprindo o conselho de muitos e
obrigação de meu ofício.
Nestes termos julgue V. P., se eram efeitos de amizade e bom
âpimo que tinha de servir o Colégio. Pois em paga e agradeci¬
mento de tudo isto mandaram fixar muitos editais injuriosos e em
descrédito da jurisdição do reitor, induzindo os estudantes à deso¬
bediência ; e isto tudo em tantos excessos, que o não sei contar
por serem em muito descrédito da Companhia e de sua paz e
quietação; e chegaram a tanto que faltou pouco para um motim
nestas Escolas, pelo muito que escandalizaram os Padres com o
seu modo. Contudo aquietei o negócio o melhor que pude, e tôda
a minha vingança, podendo ser muito diferente, foi só recorrer ao
Superior da Companhia, mandando ambos os editais ao P. Pro¬
vincial, e uma relação muito verdadeira de tudo, e até hoje não
fiz outra coisa, nem determino de a fazer, por mais que haja
razões para isso e muitos queixosos -e conselheiros para tudo.
Agora veja V. P. se da minha parte tem faltado algum ponto de
paz e amizade, e quantos faltam da outra; e eu aceito a V. P. de
boamente por juiz, como me oferece, e quando a coisa estivera
muito verde, também houvera de aceitar oferecimento de vir a
esta terra por êsse respeito.
E quanto às duas coisas que V. P. me pede, veja quão erra¬
damente lhas contaram lá, porque, quanto à primeira, eu não deter¬
mino de mandar papéis, nem escrever contra os Padres, nem foi
nunca tal minha intenção, mais que ao seu Superior, e como tenho
dito e feito. E quanto à segunda, veja V. P. como me aconselho eu
com os que lhe não são bem afectos, pois tudo quanto fizemos e
sofremos, foi com respeito a afeição e Companhia.
E sobre todos êstes extremos, a outro ponto tenho chegado,
tendo mandado dizer ao P. reitor, que eu me contento que sua
P. com o bom zêlo que a Companhia tem em tudo, atente muito
em que os estudantes andem reformados em guedelhas, sêdas,
armas, barretes demasiados, devassidão com freiras, porque não
sendo compreendidos, e castigando'-os ele primeiro, cessará tôda
C. VI. — NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA : ENSINO E LUTAS 227
a dentro das suas classes, de que tudo vos quis avisar, para o
terdes entendido e me dardes conta; se se cumpre daqui em
diante, ou se inova alguma coisa nesta minha resolução > (*).
Na mesma data escreveu o monarca ao P. Nuno da Cunha,
reitor do Colégio, sôbre o relevante e melindroso assunto. Prefe¬
rimos reproduzir textualmente a Provisão real, tão benévola e
condescendente com o reitor e secretário da Universidade, e tão ♦
p) Arq. da Univ., Provisões, III, f. 140. Cópia autenticada por João da.
Silva de Castro, secretário da Universidade. Em Provisões, V, f. 150, está copiada
esta Provisão.
(2) D. Leonardo de S. Agostinho, natural de Aveiro, « de pais nobres e
dos principais daquela Vila >, foi eleito Geral no Capítulo celebrado no Mosteiro
de S. Vicente de Lisboa, aos 25 de Junho de 1644. Era cónego regrante desde 8
de Abril de 1604. Terminou o seu generalato em 9 de Maio de 1647, e foi reeleito
em Abril de 1653. Cf. Nicolau de Santa Maria, Chronica dos Conegos Regrantes,
P. II, págs. 418 segs., 425.
C. VI. — NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA: ENSINO E LUTAS 231
(!) Arq. da Univ., maço R-3-5, Requerimento do Reitor do col.° das Artes,
de 1661 e Informação do Reformador D. Manuel de Noronha, de 19 de Junho de
1661. Cf. T. Braga, Hist. da Univ., II, 427-432.
(2) T. do T., Armário jesuítico. Livro dos Estatutos ... f. 90v ; T. Braga, Hist.
da Univ., II, 426.
(3) Arq. da Univ., Documentos avulsos dos Jesuítas; requerimento do reitor:
Diz o P. João Cabral Reitor do Coll.° da Compa.a de Coimbra • • *
C. VI. — NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA: ENSINO E LUTAS 239
(!) Arq. da Univ.. Documentos avulsos dos Jesuítas: Súplica dos Padres,
assinada a 30 de Novembro de 1691 ; Provisão de D. Pedro II a Rui de Moura
Teles de 8 de Janeiro de 1692, em T. Braga, Hist. da Univ., II, 378-379 ; Teixeira,
Documentos, 360, 441.
(2) Arq. S. J., Lus. 34, I, f. 182v.
240 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(!) Cf. T. Braga, Hist. da Uniu., II, 359-364; Teixeira, Documentos, 263;
F. Rodrigues, Hist. da Assist., T. II, Vol. II, 187, 188.
(2) Arq. da Univ., maço R-3-5, carta citada de 18 de Abril de 1639.
(3) lbid., carta cit. de 20 de Abril de 1642.
(4) lbid., Informação de 19 de Junho de 1661.
(5) In Apotheosi Sanctissimae Elisabethae Lusitaniae Reginae Oratio Encomiás¬
tica. Dixit P. Bartholomeus Pereira Societatis Jesu. Foi impressa esta oração no opús¬
culo da Universidade : Sanctissimae Reginae Elisabethae Poeticum Certamen dedicat
& consecrat Academia Conimbricensis, jussu Illustrissimi D. Francisci de Brito de
Menezes à Consiliis Catholicae Majestatis & ejusdem Academiae Rectoris. Coimbra,
1626. Cf. Figueiroa, Memórias, pág. 133; Barbosa Machado, Bibl. Lus. vb. Barto-
lomeu Pereira.
t ^
\
(
248 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
i1) Arq. S. J., Lus. 70, f. 141. Carta do P. Jerónimo Cardoso ao Geral, de
Lisboa a 23 de Maio de 1587. Autógrafo.
(2) Assinado : « Em Cabido a 5 de Outubro de 1592 >. — Arq. do Cabido
de Évora, maço com o título : Papeis originais sobre a grande questão que tiveram
C. VII. — EM LUTA PELOS BENS TEMPORAIS 249
os jesuitas.com as igrejas do reino sobre dízimos. Doc. 7. Cf. Hist. da Assist. T. II,
Vol. I, pág. 252.
(1) Ibid., doc. 10.
(2) B. N. L., Pombalina, 641, f. 679, onde se guarda a carta original do
Cabido ao Capelão-mor, assinada pelo Deão e Chantre de Évora. Foi estampada
a carta na Deducção Chronologica, P. I, D. VIII, n.° XXVI, pág. 52.
(2) B. N. L., Pombalina, 475, f., 262. Cópia impressa.
250 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
I
tudo, tratando alguns dêles de revogação do privilégio dos dízi¬
mos, só a pretendem do privilégio da Companhia . .. > (l).
Mas, réplicavam os cónegos, a Companhia de Jesus é « muito
poderosa e rica » (2) ; deve irremissivelmente pagar os dízimos,
para não privar as igrejas e Cabidos das rendas que necessitam.
Era êste o argumento capital, o mais forte, cuidavam êles, da
sua pretensão, e o que repisavam com mais insistência os cóne¬
gos do Cabido mais bem dotado e mais rico de Portugal, qual
era o Cabido eborense (3). Puseram-se a calcular as riquezas
dos jesuítas e acharam, cegos na sua paixão, que eram excessi¬
vamente grandes; viram, iluminados pela sua ambição, que os
religiosos da Companhia não só nadavam na opulência das suas
riquezas, mas ainda as aumentavam cada dia, e de suas rendas,
«por serem tão grossas, se sustentavam em tudo abundantissi-
mamente, e lhes sobejava muito que empregavam, e de que
compravam muitas terras, casais, quintas, casas », a tal ponto
que se temia não viessem «a possuir grande parte dêste
reino » (4).
De feito, insistiam os cónegos, os seus cinco colégios já
logravam quási tanta renda, como os treze Cabidos e as treze
Catedrais do reino de Portugal, e acumularam em setenta anos
maiores cabedais, que os religiosos Mendicantes em quatrocentos
anos ! (5).
Fàcilmente mostraram os Padres da Companhia quanto eram
exagerados e falsos os cálculos do Cabido (6). Mas os Cabidos
não desarmavam. Persistiam nos seus requerimentos com o rei
e com Roma. À imitação do que fizeram em Madride os Cabi¬
dos de Castela e Aragão, formaram em Portugal uma Junta de
todos os Cabidos, destinada a promover e levar a bom têrmo a
demanda dos dízimos. Vigorou em Lisboa essa Junta de 1608
a 1611. Neste ano mandaram à Côrte de Castela um Procurador,
(!) Cf. Arq. do Gesú, Collegia 163, Portogallo, 5: Relatio eorum quae evene-
runt super decimas.. .
(2) Cf. cit. Relatio eorum quae euenerunt super decimas .. .; Arq. do Cabido
de Évora, maço citado, doc. 10; Synopsis Actorum in causa Societatis, 1605-1773;
Arq. do Gesú, Collegia, 163, Portogallo, 5. Cópia dei Memoriale che dettero per parte
delli Procuratori dei Clero di Portogallo ...
(3) Cf. v. g. Arq. do Gesú, Collegia 163, Portogallo, 5 : Embargos com que
se veio do Monitorio do Senhor Arcebispo de Lisboa na execução do Breve de Sua San¬
tidade ...; Arq. do Gesú, Collegia 45, Évora, 19 ; Certidão de Protesto do P. Afonso
da Rocha ...
C. VIL — EM LUTA PELOS BENS TEMPORAIS 253
í1) B. N. L.t Pombalina, 475, ff. 261-262. Cópia de três cartas impressas.
(2) Arq. do Cabido de Évora, maço citado, doc. 10.
(3) Arq. do Gesü, Collegia 163, Portogallo, 5: Diversi Partiti proposti dalli
Padri delia Comp.« di Gesú et Chiese di Portogallo intorno aWaccordo delle Decime;
ibid. n.° 12: Informatio Responsioque Relligiosorum Societatis Portugallensis de Deci-
mis. Objecção 19.».
(*) B. N. L., Pombalina, 475, f. 263v, memorial citado.
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# f /
sem neste negócio, e eu lhe respondi.. . , que injustamente se
faziam estas perseguições aos Padres por muitas razões que lhe
escrevo ... » (l).
Com as razões que expunha a Sua Majestade, francamente
lhe declarava que o mau entendimento que alguns fizeram da
graça concedida por Gregório XV, é que deu ensejo e motivo ao
clero dêste reino de se unir para a impugnar; que o prejuízo que
o Breve trazia às igrejas, não era exorbitante, como pretendiam
os Cabidos, mas de valor insignificante, pois não subia a mais de
quinhentos escudos; que a causa não era de tanta importância,
que merecesse ser levada à presença de Sua Majestade; antes se
devia ter atenção às pessoas dos Padres, « cujas virtudes e qua¬
lidades eram conhecidas, dizia, a Vossa Majestade, bem como os
serviços que prestam à religião católica, tornando-se merecedores
de que a Santa Sé lhes faça maiores favores » (2).
Não exagerava o Coleitor a vexação que exercia o clero
secular sôbre os Padres da Companhia, para atalhar os efeitos do
Breve de Gregório XV. Em 30 de Maio de 1623 a Junta eclesiás¬
tica de Lisboa dirigia-se aos Cabidos, recordando o « muito tra¬
balho, contradição e despesa que as igrejas dêste reino têem
padecido com os Padres da Companhia sôbre a reformação dos
privilégios decimais de que usam tão livremente, que já o dano
que dêles resultava, se não podia dissimular» (3). Logo incitava a
todos a pedir a intervenção real; suplicando ao rei que escrevesse
ao Papa, a seu embaixador e agente, para conseguir : « que não
haja efeito tão prejudicial graça, como está feita aos Padres da
Companhia de Jesus », e concluía: « é necessário acudir com todo
o calor a êste negócio», até mandar a Madride uma pessoa que
o solicite (4).
E foi enviado a Madride o arcipreste de Lisboa, António
Carvalho de Parada. Em 28 de Julho de 1627 escrevia da capi¬
tal espanhola ao Cabido de Évora, que ia para três anos que
(1) Arq. do Vat., Nunz. 14, f. 118 (n.® novo 144). De Lisboa a 10 de De¬
zembro de 1623. Carta original.
(2) 76/d., f. 119-120 (n® novo 145-146). Carta do Coleitor ao rei, de Lisboa
a 12 de Dezembro de 1623. Cópia enviada a Roma.
(3) Arq. do Cabido de Évora, Papéis originais, doc. l.°.
(4) 76/d., Lisboa, 30 de Maio de 1623, carta assinada pelo arcebispo de Lis¬
boa, bispo conde, deão de Lisboa etc.
C. VII.— EM LUTA PELOS BENS TEMPORAIS 255
(1) Franco, Jmagem I, 514; Arq. do Gesú, Collegia, 45, Evora, 19, n.° 60:
Memoriale per firo R. P. Generale.
(2) Arq. do Gesú, Collegia 19, Evora, 19, n.° 61.
(3) Ibid. n.° 61, 63; Arq. do Gesú, Informationes, L. 68 (n.° novo 441), f.
194-194v.
(4) Arq. do Vat., Nunz. 150, f. 406v-407. Carta de Roma de 14 de Agôsto
de 1614.
C. VII. — EM LUTA PELOS BENS TEMPORAIS 259
(1) Arq. do Gesú, 45, Évora, 19, n.° 21 : Memorial p<* nosso R.do P* sobre o
Coll.o de Evora.
(2) Ibid. n.o 67. Exame de testemunhas que atestam ser o arcebispo inimigo dos
PP. da Comp.a, feito pelo João Baptista Cardeira Notário Apostolico ; Arq. do Gesü,
Informationes, 68 (n.° novo 441), f. 160 segs.
(3) Arq. do Gesú, Collegia, 45, Évora, 19, n.° 50.
(4) Ibid. n.° 48 : Universis quibus haec praesens fides. .. Atestado de 7 de
Agosto do 1614; ibid. n.° 52: Fides quod notificatum fuit Archiepõ quod tolleret
Interdictum.
260 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
I
Levou-se pois a Roma o litígio. Ali, na Congregação dos
%
(1) Arq. do Gesú, Informationes 68 (n.° novo 441), f. 124. Os dois decretos
da Sagrada Congregação, eram, o primeiro, de 24 de Maio de 1619, e o segundo
de 7 de Fevereiro de 1620. A carta da Congregação ao arcebispo tinha a data de
14 de Fevereiro de 1620. Cf. Arq. S. J., Lus. 81, I, 233. — O P. Baptista Fragoso
na obra Regiminis Christianae Reipublicae Tomus secundus, Lugduni, 1648, pág.
491 segs. explica e prova os direitos da Universidade de Évora, e as injustiças do
arcebispo.
(2) Arq. do Gesú, cit. Informationes, 68, f. 124.
262 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
%
. C. VII. — EM LUTA PELOS BENS TEMPORAIS 263
(!) Arq. S. J., Lus. 81, f. 338. Memorial com o título : Sacra Cortg.ne Êpõrum
et Regularium siue Emin.™ et R.™° D. Cardinali Giptio Elboren Pro Universitate et
Collegio Elboren Soc.tis cõn Illmum et R.mum £). Archiepum Elboren. Mem.le 14 de
Fev. de 1631. Cf. Arq. S. J.t Lus. 81, II, ff. 499-500. Provisão de Dom Joseph de
Mello por merce de Ds ..., de 24 de Julho de 1630.
(2) Arq. S. J., Lus. 55, f. 108 : carta de Diogo Monteiro, de Évora a 14
de Março de 1632.
(3) Cordara, Hist. S. J., II, L. XIV, n.° 136.
\
C. VII. — EM LUTA PELOS BENS TEMPORAIS 265
(!) Arq. S. J., Lus., 81, II, f. 430, carta de Constantino Gomes, de Évora a
13 de Dezembro de 1682.
(2) Ibid., f. 431.
(3) Arq. S. J., Lus., f. 136.
266 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
luta muito por alto, porque, se bem causasse não pequeno susto
aos religiosos atingidos, não teve por fim as conseqüências de¬
sastrosas que se temiam.
Por 1611 lembrou-se o monarca, ou antes lembraram-se os
ministros iteais de ressuscitar umas leis antigas do reino, desde
(1) T. do T., Cartorio dos Jesuítas, Maço 57 : carta dos Procuradores das
Religiões ao Papa, 1611 ; item carta dos mesmos ao rei, enviada pelo Coleitor ao
Núncio de Madride, a 9 de Junho de 1612.
(2) Cartas citadas na nota anterior.
(9) Carta citada, dirigida ao rei em 1612.
268 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(1) Arq. do Vat., Nunz. 17, f. 495 (novo). Carta do Coleitor ao cardeal Se¬
cretário, de Lisboa a 25 de Agosto de 1629.
(2) Arq. do Vat., Nunz. 22, f. 298. Carta do Coleitor, bispo de Nicastro, ao
cardeal Secretário, de Lisboa a 1 de Setembro de 1635.
(3) Arq. do Vat., Nunz. 23, f. 9v-10v. Carta do Coleitor, de Lisboa a 29 de
Setembro de 1635 ; Nunz. 22, f. 356-357v. Carta do Coleitor de 19 de Abril
de 1636.
(*) Arq. do Vat., Nunz. 47. Carta do Núncio de 8 de Outubro de 1691.
270 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(1) B. N. L., Fundo Geral, 1535, f. 54-74v: Sobre as Capellas dos Ecclesias-
ticos contra o Procurador da Coroa. Na f. 54, no ângulo alto da página à esquerda,
está com a mesma letra : P.« D.° de Areda — Êste Procurador da Coroa era o céle¬
bre Tomé Pinheiro da Veiga, acérrimo defensor das regalias da Coroa contra a
imunidade e liberdade da Igreja. Em 1637 escrevia para Roma o Coleitor Castra-
«
cani ao Cardeal Secretário nestes termos : « Toma da Vega Pignero, che é mezzo
christiano noüo, et é tanto contrario alia Chiesa, é stato fatto Desimbargatore
di Palazzo, grado tanto principale e con rítentione dell'offitio di Procuratore
delia Corona, ché offitio incompatibüe, no potendo essere fiscale e giudice, non
per altro che per hauerlo tanto piu ardente in questa causa mia ». Arq. do Vat.,
Nunz. 23, f. 82v. Carta de 23 de Março de 1637.
No ano anterior de 1636, estando Pinheiro da Veiga com doença gravíssima
às portas da morte, começou o Coleitor a tratar de que fôsse escolhido para
sucessor no cargo de Procurador da Coroa, « pessoa bem afecta à Igreja, ou pelo
menos não inimiga, porque, segundo entendo, na Côrte de Madrid não havia
satisfação do génio torvo e irrequieto do dito Pinheiro >. Arq. do Vat. Nunz. 23,
f. 72-72v. Carta do Coleitor, de 5 de Setembro de 1636. Mas Pinheiro da Veiga
só morreu vinte anos mais tarde, a 29 de Agosto de 1656.
O mesmo Coleitor já em 1635, a 15 de Setembro, escrevera que : « un certo
Tomaso Pignero de Vega, Procuratore delia Corona, che é aversissimo alia Chiesa »
Ibid., Nunz. 23, f. 8v-9.
(2) Arq. S. J., Lus. 74, f. 261-261v. Carta de Lisboa de 1 de Setembro
de 1635.
272 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
Igreja » f1).
Nesta luta perigosa os jesuítas, nomeadamente os Padres
Diogo da Areda e Nuno da Cunha, combatiam ao lado da auto¬
ridade da Igreja, contra as pretensões do poder civil. Disserta¬
ções a defender os direitos da Igreja, dizia o Coleitor em 1636
que tinha duas, uma do P. Diogo de Areda, e outra de outro
jesuíta, sem o nomear, ambas de grande valor, aquela mais legal,
e esta mais histórica. A do P. Areda, acrescenta o Coleitor, que
teve grande eficácia na controvérsia (2).
Não obstante a resistência do representante pontifício, e dos
religiosos, os ministros do rei com o Procurador da Coroa Pi¬
nheiro da Veiga não davam passo atrás, apesar de alguma con¬
descendência e de melhores sentimentos de Filipe IV. Ousada-
' c
(1) Arq. do Vat., Nunz. 23, f. 100v. Carta do Coleitor de doze de Dezem¬
bro de 1637 ; ibid. f. 21, carta do mesmo, de Lisboa a 16 de Novembro de 1635.
(2) Ibid., f. 19-19v ; f. 35v-36. Cartas do Coleitor de 8 de Dezembro de 1635,
e 1 de Março de 1636.
(3) Arq. do Vat., Miscellanea, Armad. III, Vol. II, f. 147.
(4) Arq. do Vai, Nunz. 23, f. 86. Carta do Coleitor de 10 de Abril de 1637.
C. VIL — EM LUTA PELOS BENS TEMPORAIS 273
(!) Arq. do Vat., Nunz. 25, f. 409. Carta original estampada na Deducção
Chron., P. I, pág. 169-170.
(2) T. do T., Gav. 20, maço 7, n.« 55. Carta de 3 de Fevereiro de 1637.
Cf. Deducção Chron., P. I, 168.
(3) Arq. do Vat., Miscellanea, Vol. 2.° cit., f. 149v, 150.
(4) /6/c/., f. 151.
C. VII. — EM LUTA PELOS BENS TEMPORAIS 275
(1) Ibid., f. 151. Esta sentença vem estampada na Deducção Chron., P. I, pág
170-173 : Acordão em Relação.
(2) É êste edital datado de Lisboa a 5 de Abril de 1637, e foi impresso na
Deducção Chron., P. I, 174-175. Cf. Arq. do Vat., Miscellanea, vol. cit., f. 151v.
(3) Arq. do Vat., Miscellanea cit., f. 152v.
(*) Breve Quamvis juxta Canônicas de 5 de Julho de 1638. — Não pudemos
averiguar com certeza, se êste Breve é anterior ou posterior aos actos violentos
do Coleitor, mencionados acima.
276 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(!) Provas da Deducção Chron., P. I, num. XLI, pág. 77-81, carta do Vice-
-coleitor Jerónimo Battaglini ao P. Nuno da Cunha. No alto desta carta, no exem¬
plar da T. do T., Armário Jesuítico, lê-se, escrito pela mão do P. Nuno da Cunha :
« O Vice-coleítor me pediu lhe dissesse por esta carta, como fiz, o que me havia
de responder à ordem de El-rei: eu a fiz, elle a assinou, e El-rei D. João IV se
conformou >.
(2) T. do T., Cartório dos Jesuítas, maço 68 ; Arq. S. J., Lus. 78, f. 1, 28.
(3) Os documentos contemporâneos não nos deixam avaliar com exactidão
a grandeza da dívida. Num documento intitulado : Remedios que se apontarão no
anno de 1636 para bem do coll.o de St.° Antão, (T. do T., Cartório dos Jesuítas,
T. III — Vol. I - F. 20
280 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
maço 56), expõem-se as dívidas do colégio. Devia 14.500 cruzados, sem juros; e
77.000 cruzados com juros no valor de 3.850 cruzados.
Dêstes 77.000 pertenciam naquele ano à dívida do duque de Aveiro 52.000
cruzados com juros de 2.600. Assim, conclui o documento, o colégio de Santo
Antão está impossibilitado de pagar o capital e réditos das ditas dívidas.
(1) Arq. do Vat., Nunz. 20, í. 271-272. Carta do Coleitor de 3 de Agosto
de 1630.
(2) lbid. f. 272. Cf. ibid., f. 284. Carta do Coleitor de 31 de Agosto
de 1630.
C. VII. — EM LUTA PELOS BENS TEMPORAIS 281
gavam pessoas autorizadas que não estavam obrigados a pagar as dívidas con¬
traídas por seus antecessores, porque sucederam, não como herdeiros, mas em
bens vinculados à casa de Aveiro. Arq. S. J., Lus. 78, f. 13-14. Parecer de Valé-
rio da Fonseca Pina, em Lisboa a 24 de Março de 1682.
(!) Arq. S. J., Congr. 65, f. 506.
(2) Arq. S. J., Congr. 66, f. 359 : Responsa ad Memoriale Pris Nonii a Cunha
Proc.is Prov. Lus. (26 de Abril de 1640).
C. VII. — EM LUTA PELOS BENS TEMPORAIS 283
(!) Arq. S. J., Lus. 78, Fundationes, ff. 13-14, 14v, 17, 21, 25, 25v, 33, 32v.
Pareceres dos anos de 1682, 1684, 1691.
(2) Arq. S. J., Lus. 78, f. 30-31 v: Sententia lata a P. Ludovico Nogueira ex
Commissione N. R. P. Generalis in lite mota à Collegio Divi Antonii Authore, contra
Provinciam Ream supra debitum et illius reditus Ducis Averii.
(3) Arq. S. J., Lus. 75, f. 266-267, carta do P. Pedro Mourão, de 15 de
Agosto de 1695. Autógrafo.
(4) Cf. Matos Sequeira, O Carmo e a Trindade, II, 185-186.
(5) Arq. S. J.f Lus. 78, f. 316: Informação do negocio entre S. Roque e o
Conde da Vidigueira.
284 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(1) Cf. V. Ribeiro, A Santa Casa, pág. 182: Adro da Peste Cõsagrado por
mandado delrei nosso Sõr e XXIIII de maio de jbcxxbii, p° bpo Dõ Ambrosio cõ Idull-
gecias; Arq. S. J. Lus. 78, f. 316: Informação citada.
(2) Arq. S. J., Lus. 78,f. 316 : Informação citada.
(3) Arq. do Gesü lnformationes, 17 n° (novo 44), f. 189 segs.
(4) Ibid., f. 215 : Ulissiponen Cemiterii... — Êste arcebispo era D. Miguel
de Castro, que tanta vez se mostrou adverso à Companhia.
(5) Arq. S. J., Lus. 78, f. 316v : Informação citada.
C. VII. — EM LUTA PELOS BENS TEMPORAIS 285
(1) Era esta tôrre diversa da Tôrre de Álvaro Pais. Levantava-se ela
defronte da Rua da Condessa, e tinha vista para a cêrca dos Padres de
S. Roque.
(2) Arq. S. J., Lus. 78, f. 345-346v : Instrumento de Concerto e Transacção..-
14 de Dezembro de 1619. — Outro exemplar dêste Instrumento ou Escritura se
guarda no Arquivo da Santa Casa da Misericórdia, em Lisboa, no Livro 2° de
Decretos, auisos e Ordens, ff. 71 a 74 (Vítor Ribeiro, Santa Casa, Lisboa, 1902, pág.
173). Cf. J. de Castilho, Lisboa Antiga— O Bairro Alto de Lisboa, 2.a ed., Lisboa,
1902, Vol. I, pág. 231, 232; Matos Sequeira, O Carmo e a Trindade, Vol. II.
Lisboa, 1939, pág. 185*186; Archivo Pittoresco, VII, 305*307, 320, artigos de
A. Silva Túlio.
CAPÍTULO VIII
(1) Arq. S. J.. Lus. 53, f. 207. Carta ânua assinada a 2 de Junho de 1637.
C. VIII. — ZÊLO APOSTÓLICO E ESPLENDOR DO CULTO 291
/
294 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(1) Arq. S. J., Lus. 54, f. 63v. Ânua da Província dó Alentejo de 1654 a 1658.
(2) Cf. Franco, Syn. Ann. 1683, 1688, 1708, 1713.
(3) Dos documentos contemporâneos não pudemos averiguar qual fôsse pre¬
cisamente o título destas Congregações. Uns dizem-nas Congregações de Inácio
Penitente, outros Penitente e Convertido, outros da Penitência de Santo Inácio. Cf.
Franco, Syn. Ann. 1654, n. 4; Ano Santo 168.
(4) Franc©, Syn. Ann. 1620, n. 8 ; 1628, n. 6.
(3) Franco, Syn. Ann. 1628, n. 6.
T. III - Vol. I - F. 21
I
296 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(1) Arq. S. J., Lus. 74, f. 179-179v. Carta origina), « feita em Ponta-Del¬
gada cabeça da Ilha de S. Miguel em 2 de Janeiro de 1629 D. R.° Lobo gor O
sargto mor João Velho Cabral O Capitão do Castello Aleixo da Sylva O Capitão,
Bmeu do quental de Sousa O capitão Jorge Alz da Costa O Capitam Manoel
Alürs homem O capitão Lino (?) Luis fra 0 capitão Mathias P.a de Sousa».
(2) Cordeiro, Hist. Insulana, I, 303 ; Franco, Imagem .... II, 749.
(3) Franco, Syn. Ann. 1649, n. 17 ; 1651, n. 4.
298 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(1) Franco, Syn. Ann., 1658, n. 16; Cordeiro, Hist. Insulana, I, 306.
(2) Franco, Syn. Ann., 1664, n. 11.
(3) T. I, Vol. I, 638-676: T. II, Vol. I, 431-436.
V C. VIII. — ZÊLO APOSTÓLICO E ESPLENDOR DO CULTO 299
(1) B. N. L., Fundo Geral, caixa 30, n. 4. Carta original do P. João Pe¬
reira, um dos missionários, de 1 de Abril de 1624.
(2) B. N. L., Ibid., caixa 30, n. 6. Carta autógrafa do P. Sebastião Álvares,
de 8 de Abril de 1624 ao P. F. de Mendoça, reitor da Universidade de Évora.
300 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(1) Arq. S. J., Lus. 56, ff. 211-214: carta de Jerónimo Pereira ao Provin¬
cial Manuel Monteiro, de Ponta-Delgada a 23 de Outubro de 1672.
(2) Franco, Ano Santo, 440-441. — Arnau era natural de Miranda-do-Corvo ;
entrou na Companhia no ano de 1654 e faleceu em Angra no ano de 1713.
(3) Franco, Ibid. 441.
(4) Franco, Syn. Ann. 1672, n. 6-9.
C. VIII. — ZÊLO APOSTÓLICO E ESPLENDOR DO CULTO 303
(1) Arq. S. J.f Lus. 34, II, carta do Geral Tirso González ao Provincial de
Portugal, de 9 de Maio de 1696 ; Franco, Syn. Ann. 1698, n. 2 ; B. N, L., Fundo geral,
Franco, Imagem do segundo século.. ., f. 63. — Miguel de Amaral nasceu em Man-
gualde no ano de 1657 ; entrou na Companhia vinte anos depois ; antes de entrar
estudara Filosofia e Direito Canónico ; já religioso estudou Teologia. Foi para a
índia em 1682; veio à Europa e voltou para o Oriente em 1699 ; exerceu por
duas vezes o cargo de Provincial da Província de Japão, e uma e outra vez o de
Visitador da Província de Goa; de novo chegou a Portugal em 1725 e faleceu no
colégio de Coimbra a* 14 de Dezembro de 1730. Cf. catálogos oficiais da Provín¬
cia de Japão e da de Portugal; F. Rodrigues, A Companhia de Jesus em Portugal
e nas Missões, pág. 34.
(2) Cf. Arq. S. J., Lus. 57, ff. 9-116.
304 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRESA
(!) Arq. S. J., Lus. 75, f. 17. Carta original com nove assinaturas.
(2) T. I, Vol. I, L. IV, cap. III; T. II, Vol. I, L. III, cap. IV.
(3) Teles, II, 204.
C. VIII. — ZÊLO APOSTÓLICO E ESPLENDOR DO CULTO 305
(1) Arq. S. J., Lus. 75, f. 229-239v. Carta autógrafa do P. Manuel Pereira
ao Geral, de Évora a 23 de Agosto de 1681.
(2) Archives du Royaume, Bruxelles, Arch. Jés. Prov. Fl. Belge. Carta
latina do P. António Tomás para o Provincial da Província flandro-bélgica, de
Coimbra a 24 de Abril de 1679. Cópia.
C. VIII. — ZÊLO APOSTÓLICO E ESPLENDOR DO CULTO 307
(1) B. N. L., Fundo geral, 750 ; Franco, Imagem .... f. 67-70, Ano de 1700,
Syn. Ann. 1700, n. 2-4.
(2) Marques Salgueiro, Relaçam das Festas... na Beatificaçam do Beato
P. Francisco Xavier... Lisboa, 1621.
308 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
I
(!) 06. cit., f. llv.
(2) 06. cit., f. 44 seg.
(3) 06. cit., f. lOv-11.
310 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
(1) 06. c/7, f. 15. — Antes dos Aplausos publicou-se um como que Pro¬
grama de tôda essa demonstração, num folheto de 12 páginas em língua caste¬
lhana : c Relacion de las Fiestas, que la Compania de Jesv haze en la ciudad de
Lisboa a la canonizacion de S. Inácio de Loyola su fundador, y de S. Francisco
Xauier Apostol dei Oriente ...
« Comiençanse en 30 de Julio y acabanse en 7 de Agosto . ..
« El Real Colégio de S. Anton tomará a su cuenta celebrar los tres dias
últimos deste Octavario, Viernes, Sabado y Domingo. Viernes saldrá a la una des-
pues dei medio dia dei mismo Colégio una solemnissima demonstracion de alegria,
a quien se dá el titulo seguiente :
Aplauso General que la ciudad de Lisboa haze en la Canonizacion de
S. Inácio de Loyola, y S. Francisco Xauier, en que celebra sus virtudes y exce-
lencias por medio de algunos Santos sus naturales, o que por razones particula¬
res venera.. . >
No fim do folheto indícam-se as ruas por onde há de passar o cortejo:
« Calles por do ha de passar, y dia en que se haze el Aplauso.
Saldrá dei Colégio de S. Anton dia ... 5 de Agosto... Y por la calle Nueva
de Palma, Rocio, Calle de los Escuderos, Doradores. Plateros, Calle Nueva,
Terrero de Palacio, Calçada de S. Francisco, Cordoaria Vieja, puerta de S. Cata-
lina, y calle ancha de Loreto se vá acabar a la Casa Professa de S. Roque de la
misma Compania de Jesv ». Existe um exemplar do folheto na B. N. de Lisboa,
Res. 842 P.
(2) 06. c/7., f. 15v.
C. VIII. — ZÊLO APOSTÓLICO E ESPLENDOR DO CULTO 313
(J) Franco, Syn. Ann. 1617, n. 16; Cordara, Hist. Soc. J., T. I, L. II
n. 123, pág. 115. A fórmula do juramento que prestavam os estudantes antes de
tomar o grau na Universidade eborense, pode ver-se em Bento Pereira, Acade¬
mia seu Respublica Literária, pág. 186.
(2) Arq. da Univ., Conselhos 17, f. íióv. Cf. T. Braga, Hist. da Uniu., II,
674; Vasconcelos, O Mysterio da Imaculada Conceição e a Universidade de Coimbra,
Coimbra, 1904, pág. 29-30.
(3) Arq. da Univ., Conselhos, 17, f. 116v-117v; ibid. f. 118: « Junta sobre
a mesma matéria », que se reüaiu a 16 de Dezembro de 1617. Cf. O Instituto. 40,
pág. 470-471; Vasconcelos, O Mysterio da Imaculada Conceição... pág. 30-32;
Figueiroa, Memórias da Univ., pág. 129.
À Junta de 16 de Dezembro faltavam os dois lentes dominicanos,
fr. Vicente Pereira e fr. João Aranha, tendo sido convocados com. todos
os demais.
C. V1III — ZÊLO APOSTÓLICO E ESPLENDOR DO CULTO 315
J) Arq. da Univ., Conselhos, 22, 88v-89; Provisões, III, f. 237. Cf. O Insti¬
tuto, vol. 40, pág. 889 ; T. Braga, Hist. da Univ., pág. 687-688; Vasconcelos,
O Mysterio da Imaculada Conceição .... pág. 40, 81.
(2) Arq. da Univ., Conselhos, 22, 1. c.; Vasconcelos, O Mysterio..., pág. 82.
(3) Arq. da Univ., Conselhos, 22, f. 89v-91 ; O Instituto, 40, pág. 890-893;
Vasconcelos, O Mysterio.... pág. 42-45.
C. VIII. — ZÊLO APOSTÓLICO E ESPLENDOR DO CULTO 317
(1) Ibidem. Cf. Bento Pereira, Academia seu Respublica Litteraria pág.
185-186.
(2) Arq. da Univ., Conselhos, 22, f. 9Qv ; O Instituto, 40, pág. 390-393;
Vasconcelos, Real Capella da Universidade, Coimbra, 1908, pág. 202-204.
(3) Carta citada do P. António Leite, de 11 de Maio de 1648.
(4) Veja-se a carta do rei de 13 de Agosto de 1646, em Arq. da Univ.,
Provisões, III, f. 247 ; Vasconcelos, O Mysterio..., pág. 47, 85 ; O Instituto, 40, pág.
967 ; T. Braga, Hist. de Univ., pág. 688. — O Vice-Coleitor Jerónimo Battaglini,
em 29 de Setembro de 1646, dava1 para Roma a notícia: < Ricusarono i Padrí
Domínicani nell' Università di Coimbra consentir nel giuramento delia festa delia
Concezione delia Beatíssima Vergine, fatta per ordine di S. M.tà , nelle Corte pas-
sate, dai tre Stati dei Regno ». E adverte o Vice-Coleitor, que os frades temiam
lhes fôssem tiradas as duas cadeiras que tinham na Universidade. Arq. do Vat.,
Nunz. 24, f. 67. Cifra.
(5) Arq. da Univ., Conselhos, 22, f. 91 ; Vasconcelos, O Mystério...
pág. 46, 85.
318 L. I. — NO PROSSEGUIMENTO DA GRANDE EMPRÊSA
fizera o juramento nas Cortes : Oratio Anniversaria in solemni juramento pro lmma-
culata Magnae Dei Matris Conceptione à Regio et Acadêmico Collegio Ulyssiponensi
S. J. rite instaurato eodem die 25. Martii, quo anno superiore 1646. fuit institutum a
Triplici Regni Ordine in Comitiis Regalibus. Lisboa, 1647. — O P. Francisco Pinheiro
na dedicatória da sua obra De Testamentis, no vol. I, recorda com piedosa como¬
ção a solene festa, com que se fêz o juramento na Universidade de Évora a 8 de
Dezembro de 1648. Seria repetição do Juramento?
(1) Cf. Hist. da Assist., T. II, vol. I, 180-181.
(2) T. II, Vol. I, 180-192, 212-213; T. III, Vol. I, 15, 16, 25, 29, 36.
P) A do Colégio de Santo Antão desapareceu, como dissemos no T. II,
vol. I, pág. 192, nota 2, com os abalos do terramoto de 1755 e sucessivos des¬
mantelamentos de seus mármores até aos fins do século XIX. Sôbre a capela-mor
e seu retábulo escreveu António Franco na sua última obra o que viu com seus
olhos: Em 1705 « abriose em dia de Nosso Padre Santo Ignácio a magnífica
capela-mor de nossa igreja de Santo Antam ... O que mais roubou as admira-
C. VIII — ZÊLO APOSTÓLICO E ESPLENDOR DO CULTO 321
CAPÍTULO I
A CAMINHO DA LIBERDADE
Sumário : — 1.
Escravidão e liberdade. — 2. Patriotismo la-
tente. — 3. O Sebastianismo. — 4. O duque de Bragança, o enco¬
berto. — 5. Os tumultos de Évora. — 6. Audácia de patriotismo. —
7. Em luta com o clero.
(1) «... Cui autem Regura Historia accommodatius nuncupetur, quam tibí uni
Sate sanguíne Regum ?. . . Quocunque enim Te vertis, Reges aspicis, quibuscum
alíqua Tibi necessitudo intercedat. . . ». Commentariorum .... T. I, na dedicatória.
(2) Ob. cit., 1. c.
(3) F. Rodrigues, A Companhia de Jesus e a Restauração, § I, 1. c. —
« Ades imprimis egregia forma juvenis, sublimí corpore, erecto capite, micantí
vultu, nervoso pectore, torosis bracchiis; totus ipsis, si adessent, bellatricibus
furiis metuendus . . . colloquiis maturior, in consiliis secretior, in promissionibus,
in omni virtutum genere abundantior ? .. . Cresce igitur ad utramque gloriam,
feliciter cresce et augere, ut tecum pariter nostrum munusculum, tecum nostra
Lusitania crescat et augeatur ». Commentariorum .. . T. II, dedicatória.
C. I. — A CAMINHO DA LIBERDADE 333
I
a refeição celebraram-no com discursos e poesias em dezoito
línguas diversas. No jantar a que o convidaram na Cartuxa o
dia antecedente, serviram-lhe os religiosos únicamente peixe para
se conformarem a sua regra. No colégio, por ser sexta-feira aquêle
dia dez de Agosto, também só peixe lhe apresentaram. «Emfim,
^observou o duque, vim jejuar a Évora!» «Senhor, lhe retorquiu
um dos Padres da Companhia, os jejuns são vésperas de grandes
festas». Percebeu o duque a alusão, e sorriu. . .
Depois do jantar houve enigmas e outros entretenimentos
engenhosos, « em que se passou a sesta » (*).
« De tarde representou-se-lhe no Pátio do colégio pomposa
tragédia de S. Eustáquio, santo da particular devoção da Casa
brígantína. Era obra do P. André Fernandes, que ehtão regia a
cadeira de Retórica no colégio de Évora, e foi depois confessor
do príncipe D. Teodósío e do rei D. João seu pai» (1 2). Terminou
quási à noite.
As manifestações, na aparência e de coração, totalmente
reais, com que Évora e a Companhia de Jesus neste ano cele¬
braram a D. João, duque de Bragança, foram como que o pre¬
lúdio de outras maiores e mais ruidosas, com que cinco anos
depois, aclamaram à luz do dia, sem retraimento nem reservas,
a D. João IV. Francisco da Fonseca escreveu ter sido o duque
«recebido com tais aplausos de salvas, toiros, danças e lumi¬
nárias, que claramente lhe prometiam o reino e prognosticavam
a coroa » (3). Não faltou zeloso do domínio castelhano, que tudo
denunciasse ao rei de Castela, Filipe IV; que tais honras tendiam
claramente a armá-lo rei. Filipe teve a prudência de dissimular
e esconder o despeito, e mandou agradecer ao Marquês de Fer¬
reira, ao conde de Basto e à cidade de Évora as honras que
fizeram ao duque, seu primo! (4).
(1) B. N. L. Fundo Geral, 210; Fialho, Evora Illustrada, tômo II, pág. 412;
Relação de Maouel Severim de Faria, em Ferrão, A Perda da Independência, 25-26.
(2) Epanaphoras, Epanaphora Política, págs. 34, 35.
(a) Ob. cit., pág. 37.
C. I. — A CAMINHO DA LIBERDADE 339
(!) Fialho, Evora Illustrada, T. II, cit. pág. 406 n.° 952.
(2) Dedução Chronologica, P. I, D VIII, n.° 324. — Esta carta desagradou
sobremaneira ao Papa Urbano VIII, pelo motivo de conter proposições exorbi¬
tantes e pouco pias contra a imunidade eclesiástica. Arq. do Vat., Nunz. 23.
Cifras mandadas de Roma ao Coleitor a 13 e 20 de Março de 1638.
(3) Dedução Chron., P. I, D. VIII, n.° 317.
(4) A Evolução do Sebastianismo, pág. 36, nota 71.
(5) Franco, Syn. Ann. 1637, n.° 10.
C. 1. — A CAMINHO DA UBERDADE 341
(1) A. Vinas Navarro, artigo citado etn Boletin, ano VI, Oct.-Diciemb.,
1924, n. 4, pág. 321.
(2) Os populares tinham prometido mandar à Côrte de Madrid procurado¬
res seus a pedir ao monarca espanhol perdão do delito de revolta, perpetrado
naquela sublevação. Epanaphoras cit., págs. 121, 122.
(3) Epanaphoras, pág. 124.
(4) Portugal Restaurado, I, 82 ; Rebelo da Silva, ob. cit., III, 452.
C. I. — A CAMINHO DA LIBERDADE 343
(1) Barbosa Machado, Bibl. Lus., II, 77, vb. Fr. Francisco de Santo Agosti¬
nho de Macedo; fr. Fernando da Soledade, Hist. Seráfica, P. III, T. V., L. V,
cap. I, págs. 894 segs.
(2) Ramos Coelho, ob. cit., I, 482.
(3) T. do T. L.os mss., n.° i 109, f. 125. Carta original de fr. F.co de S. Agos¬
tinho de Macedo, de Lisboa a 8 de Abril de 1645. Cf. Ramos Coelho, ob. cit.,
vol. I, 474, 475.
(4) Em 5 de Abril de 1647 escrevia de Paris o embaixador marquês de
Niza ao P. Nuno da Cunha, Assistente do Geral em Roma : « O P. fr. Francisco
de Santo Agostinho trouxe comigo . .. e posso dizer com verdade a Vossa Pater¬
nidade que he notável cousa o amor com que fala da Companhia e os bens que
diz dela> (Corp. Dipl, XIII, 124). Por êste mesmo tempo falava de fr. Francisco,
António Vieira com singular simpatia e aprêço. Cf. Cartas, I, 153, 158, 177 ;
II, 497-8. Sôbre a tradução em verso latino que, por ordem do marquês de Niza,
1 fêz dos Lusíadas o erudito frade, disse Vieira : Estimei de ver a última oitava de
Camões, a brevidade foi incrível, a obra será rara, nem poderá V. Ex.a pagar de outra
maneira a Camões o que os Gamas lhe deviam (Cartas, I, 227, 228, carta de 6 de
Junho de 1648 ao marquês de Niza). Cf. Sousa Viterbo, Fr. Francisco de Santo
Agostinho de Macedo, Lisboa, 1910, pág. 11-12, cartas e alvarás de D. João IV
sôbre F.co de Macedo. Na carta de 8 de Abril de 1650 o nomeou seu cronista
latino.
346 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CÔRTE
(1) Arq. do Vat., Num., 23, f. 177v. Carta cifrada de Castracani ao Cardeal
Secretário, de 14 de Maio de 1639.
(2) Arq. do Vat., Nunz. di Spagna, 84, f. 72. Cifra do Núncio, de 12 de
Dezembro de 1640.
(3) Franco, Ano Santo, 695.
\
NA RESTAURAÇÃO DE PORTUGAL
Sumário: — 1.
Revolução fulminante. — 2. Os Jesuítas na
Restauração. — 3. Celebram o triunfo. — 4. Na índia e no Ex¬
tremo Oriente. — 5. Em Angola e no Brasil. — 6. Nas Ilhas Adja¬
centes. — 7. As embaixadas.
(1) Lúcio de Azevedo, História de António Vieira, I, 2.a ed., pág. 78.
(2) Ob. cit., 1. c.
(3) T. do T. Armário Jesuítico, pasta 18, maço 1, n.° 11. Cópia de carta do
rei ao Provincial António Mascarenhas, de Lisboa a 9 de Dezembro de 1644.
(4) Cf. Franco, Ano Santo, 695, e, acima, Cap. I, § 7, pág. 347. Referia-se
D. João IV ncstâs palavras ao P. Sebastião de Couto.
(5) T. T., Armário Jesuítico, pasta 18, maço 1, n.° 12. Cópia da carta do
Provincial Mascarenhas. Não tem data, mas foi escrita pouco depois de 9 de
352 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CORTE
(1) Seyner, Historia dei Levantamiento . .. pág. 40. — Assim conta êstes
sucessos testemunha presencial, qual era o espanhol Seyner ; mas no opúsculo
contemporâneo, impresso em 1641 (Rellação de tudo o que passou na Felice Aclama¬
ção do Mui alto, & mui Poderoso Rey Dom João o IV, nosso senhor. . . ), lê-se a
pág. 11: «Os confederados hião com novo alento continuando : e fizerão gran¬
díssimas diligencias por ver se podiam com o segredo devido atrahir a si o povo,
pella qual razão o Padre Nicolao da Maia deu parte de tudo o q estava ordenado,
aos Juizes do Povo, aos Escrivãis, aos Vintequatros e aos Misteres, e a muitos
oficiais capazes de se fazer deles a confiança, que o cazo pedia. Porem como o
exemplo do mau sucesso de Evora lhes fazia recear o castigo, todos se recolhião
temerosos: mas pode tanto o zelo, e o afecto do Padre Nicolao da Maia, que
(ainda que com muito trabalho) os reduzio e os levou a casa de Dom Antão de
Almada, dõde assentarão que o povo estaria prevenido para seguir a nobreza
quando fôsse necessário : com condição, que os Fidalgos traçarião o negócio de
tal modo, e farião que o empenho fôsse tão grande, que huma vez metidos nelle
não pudessem tornar atraz >. Fàcilmente concordamos as duas relações, se admi¬
timos que tanto Nicolau da Maia, como os jesuítas, se afadigaram por trazer o
Povo para a revolução.
0 Portugal Restaurado, de Meneses, I, 102, só refere a acção de Nicolau da
Maia para persuadir o Povo a aderir à revolução que se preparava ; mas Seyner,
[ob. cit., pág. 237-238), escreveu que saíra um Manifesto de 6 de outubro de 1641,
e que nele se nomeavam os Padres da Companhia que induziram o Povo à
revolta ; e advertia que se recolhera depressa o Manifesto, e era voz que se pra-
ticára essa diligência por empenho dos Padres da Companhia, receosos do que lá
se dizia dêles. Cf. também Revista dos Centenários n.° 12, 31 de Dez. de 1939,
pág. 3, onde se estampa o artigo de Hipólito Raposo, Escrúpulos dos Conjurados
em 1640.
(1 2) Seyner, Ob. cit., 44.
354 < L. II.— NOS VAIVÉNS DA CÒRTE
(1) Citada carta do Geral, de 20 de Abril de 1644. — Efecti vam ente a Con¬
gregação Geral V, no decreto 47 e 79, ordenou que os religiosos se guardassem
de intervir em negócios políticos e de Estado ; mas em Portugal, naquele tempo,
as circunstâncias tiveram mais fôrça que os decretos, e por vontade irresistível
do Monarca Restaurador alguns se meteram nesses negócios para salvação e con¬
servação da pátria. Salus populi suprema lex esto! Cf. Instituium S. J., II, 275, 288.
Em 1652 escrevia o P. Sebastião de Abreu que o rei estava irado contra o
Geral Vitelleschi propler literas quas scripsit mandans sub obedientia, ne Nostri Majes-
tati Suae obedirent, utque defectionem ab illa consulerent. Assim interpretava a carta
do Geral o P. Sebastião de Abreu. Arq. S. J. Lus. 74, f. 328.
(2) Rodrigues, A Companhia de Jesus e a Restauração, § II; Arq. S. J.,
carta citada do Geral, de 20 de Abril de 1644. Veja-se a carta, no original ita¬
liano, estampada no citado opúsculo A Companhia de Jesus e a Restauração, 1. c.
358 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CÔRTE
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x ]
que esperava o glorioso Monarca, não cabia nas janelas, nas ruas
e nas praças da cidade, não faltando os religiosos de tôdas as
Ordens e « entre os mais avultando pela grande multidão os reli¬
giosos da Companhia de Jesus, que naquela tarde e noite em
vários postos acrescentavam grandemente com particulares mos¬
tras de alegria a que- era geral em todos » f1).
0 regozijo aumentava com os repiques dos sinos, som de
pífaros, tambores, charamelas e trombetas, e o estrondo da mos-
queteria; com as danças, chacotas e folias, e com os vivas que
enchiam os ares (2).
Tôda a cidade « ardia em luminárias, que duraram aquela e
as duas noites seguintes. Foram mui faladas e louvadas, ainda de
Sua Majestade, as dos Padres da Companhia, assim pelo grande
número e formosura, como pelo artifício com que as dispuseram.
No mais alto da sua igreja, que vizinha com o Paço, se deixavam
ver duas pirâmides, fundadas nos remates de dois pedestais . .. ,
mostrando cada qual mui vivamente expressada aos que de muito
longe punham nela os olhos, a seguinte letra: Viva El-rei Dom João.
Entre as pirâmides se levantava no mais alto, encostado a uma
cruz de pedra, um formoso espelho, em o qual de mui longe se
divisava, apesar das escuras sombras da noite, esta letra:
Respexi et vidi (3).
Com êste triunfo entrou no Paço, que eram « as casas da
Condessa de Basto», sobranceiras a grande parte da cidade, e
erguidas em frente da Universidade eborense (4).
Nos dias após admitia à sua presença as diversas comunida¬
des a prestar-lhe reverência e vassalagem. Na sexta-feira, 24 do
mês, foi a vez da Companhia de Jesus. Tôda a Universidade se
encaminhou ao Paço, « em um lustroso corpo composto, como de
membros, de muitos lentes, doutores, Mestres em Artes, Colegiais
dos dois colégios, Real e da Madre de Deus, oficiais e privilegia¬
dos, que são as pessoas mais nobres da cidade, todos com suas
insígnias, e no fim de todos o Reverendo Padre Reitor do colégio
da Companhia, que o é também e cabeça da Universidade. Tanto
: : : : ; : : ; .* :
Terminada a recitação dos versos, entrou na igreja o rei e
a sua Corte. Nas «oito formosíssimas tribunas», quatro por
banda, «de finíssimo e espelhado mármore», ricamente armadas
no interior, e por fora cobertas com cortinas de carmesim, enco¬
briam-se outras tantas figuras, que tanto que o rei se aproximava
a distância proporcionada, corrida a cortina, apareciam e saiida-
vam o monarca, também em verso latino, « com tanta bizarria e
propriedade, que obrigavam com uma branda violência a Sua
Majestade, que com real atenção pusesse nelas os olhos » (3).
A primeira, vestida tôda de armas brancas com uma espada
larga nua na mão direita, representava D. Afonso Henriques. As
demais, de um e outro lado, simbolizavam o Anjo Custódio do
e mais 13, não numeradas, ao princípio. Nas ff. 27-35v está um Carmen Epicum do
P. António de Lemos da Companhia de Jesus, sôbre a Restauração. Compôs êste
poema, ensinando Retórica em Coimbra ao tempo da Aclamação de D. João IV.
Lemos era natural de Vila-Nova-de-Gaia; foi estudante no colégio do Pôrto, da
Companhia de Jesus; entrou nessa Ordem em Lisboa a 3 de Junho de 1632 ; foi
sete anos professor de Letras humanas, chegando a ensinar a l.a classe em Coim¬
bra e no Pôrto, e faleceu aos 9 de Agosto de 1649 com 30 anos de idade. Franco,
Imagem... Lisboa, 744 e segs.; Barbosa Machado, Bibl. Lus., vb. Antonio de Lemos.
(1) Restauração ... Prodigiosa, III, 122.
(2) Ob. cit., 1. c.
(3) Bibl. da Univ. de Coimbra, ms. n.° 2591 : Memorial do P.e Fran.co Soares.
(4) Restauração . .. Prodigiosa, III, 122.
(5) Restauração... Prodigiosa, IV, 15; Cordeiro, Hist. Insul., I, 305-306.—
Era nesse tempo reitor do colégio de Ponta Delgada o P. António da Rocha,
\
_ \
9
368 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CÔRTE
(1) Relação do que socedeo.... cit., em Boxer, ob. cit., pág. 34-35. A nota
biográfica de Diogo de Areda veja-se no T. II, Vol. I, pág. 221.
(2) Fala que fez o P. Fr. Manoel da Cruz.. . Vigário Geral da Ordem dos
Pregadores da índia. No Acto solemne, em que o Conde Joam da Silva Tello & Mene¬
ses, Visorey ... jurou o Príncipe D. Theodosio .. . aos 20 de Outubro de 1641. Goa,
1641. Boxer, Ob. cit., reestampa êste opúsculo nas págs. 40-66. Cf. Dr. Luís da
Cunha Gonçalves, A Restauração de 1640 no Oriente, em Boletim da Segunda Classe
da Academia das Ciências, IX, 396-404.
(3) Cf. Revista de Historia, XII, 12. Dá esta notícia a Relação do sucedido
na índia Oriental desde o fim de 1643 até 1644, ms. n.° 8187, ff. 55 e segs., da
Bibl. Nac. de Madride.
C. II — NA. RESTAURAÇÃO DE PORTUGAL - 369
fl) Cód. cit., f. 162: « Anno de 1644. Certidão em abono dos Padres da
Companhia na acclamação dei Rey D. João o 4.° de Portugal nesta cidade de
Macao ». Assinada: « Macao trinta de Mayo de 1644. D. Sebastião Lobo da
Silveira ».
(2) Cód. cit., f. 165v. Certidão de 1 de Agosto de 1643. /ò/c/., f. 166-167 :
Certidão de Lobo da Silveira, de 10 de Setembro de 1643.
(3) Cód. cit, f. 170-171 : « Anno de 1644. A Companhia em Macao quanto
fez pella paz, e conservação daquella cidade. Certidão dos mais nobres delia »,
datada de Macau a 24 de Maio de 1644, e assinada por Francisco Carvalho, Pero
Fróis de Carvalho, Manuel de Sousa de Lima, António R:beiro Raia, Francisco
Barreto de Pina, Pero Cordeiro, Luís Pinto de Figueiredo, Joào Aranha, Alberto
C. II. — NA RESTAURAÇÃO DE PORTUGAL 373
(í) Arq. S. J., Lus. 55, f. 152v-153. Citada Relação. Cf. Franco, Syn. Ann.
1641, n. 8 e 9. — Em 7 de Fevereiro de 1642 morrera em Massangano o P. João
Lopes, Superior dos Religiosos da Companhia. Ibid.
(2) Franco, Syn. Ann. 1673, n. 11. — Pouco depois de entrar pelo sertão man¬
dou Pedro César de Menezes ao Capitão Fernão Rodrigues que aparelhasse dois
patachos para passarem ao Brasil com o fim de avisar a D. João IV do têrmo em
que estavam as coisas de Angola. Num dos patachos foi o P. João Leitão, da
Companhia de Jesus, Mestre que tinha sido de Gramática no Colégio de Luanda.
Cadornega, História Geral. . ., T. I, 2.a P. ; cap. 8.°. pág. 242.
378 , L. II.— NOS VAIVÉNS DA CÔRTE
í1) Relação da viagem q. fez o Governador Frs° de Sotto Mayor, mandado por
S. M. do Rio de Jan.°, onde estava governando, ao Gov.o e Conquista do Reyno de
Angola; escrita pello Irmão António Pires da Companhia de Jesus que com elle foy.
Revista de Historia, XII, 18-23,
(2) Trecho inédito do P. António Vieira sôbre o P. João de Almeida, em
Lúcio de Azevedo, Hist. de António Vieira, I, 400-405,
(3) Franco, Syn. Ann. 1648, n. 14. — Já em 1646 o auxiliar Gonçalo João,
que pela experiência de trinta e cinco anos de Angola conhecia bem as disposi¬
ções daquelas terras, oferecera a D. João IV um memorial « sôbre as cousas de
Angola e suas minas », em que lhe dizia : « Sobretudo é necessário que V. Majes¬
tade mande com brevidade socorro àquella praça, por ser de grande importância,
porque sem Angola não ha Brasil >. A. H. C., Angola 3, 4. O Conselho Ultrama¬
rino de 5 de Julho de 1646 aprovou êste memorial do jesuíta e em 2 de Agosto
de 1646 ordenou o rei que se mandasse socorro a Angola. Ibid.
(4) Cadornega, História Geral..., T II, Cap. I, págs. 9-10, ed. de 1940.
(5) Trecho inédito do P. António Vieira, citado. — O P. António de Couto
em carta para o Provincial de Portugal, Jerónimo Vogado, de Luanda em 5 de
Setembro de 1648, depois de advertir que a Armada se demorara no Rio de
Janeiro por bem cinco meses, prossegue textualmente : « Nestas detenças e per¬
plexidades escreveo o P.e João de Almeyda da Comp,a, ingres de nação, mas
C. II. — NA RESTAURAÇÃO DE PORTUGAL 381
criado no Brazil, de menino, huma carta ao General, na qual lhe dizia q partisse
logo p.a Angola, e que fosse o dia da partida aos 12 de Mayo 3.a feira dia dedi¬
cado aos Anjos, tomando por Padroeiro ao Arcanjo S. Miguel e a todos os Anjos,
porq auia de ter bom sucesso. E como este P.e he tido por santo em todo o Bra¬
sil, assim dos de casa, como dos de fora, se moveo tanto a gente da Armada e
principalmente o General, p.a fazer o q lhe escrevia o P.e, tendoo por profecia e
como cousa revelada por Ds., q logo começou o General a embarcar p.a q a seu
exemplo se fossem embarcando os mais officiais de milicias e m.ta pe da infanta¬
ria, e assi aos 12 de Mayo demos à vella . . . Arq; S. J., Lus. 55, f. 189-193.
(1) Trecho inédito, citado. — O Comandante da Armada Correia de Sá e
Benevides folgava não pouco de levar consigo os três religiosos da Companhia.
Era afeiçoado em extremo à Ordem ignaciana. O Geral Múcio Vitelleschi dera-
-lhe carta de irmandade, e êle próprio pedira em tempos ser admitido na Compa¬
nhia de Jesus. Confessa-o espressamente em carta do Rio de Janeiro para o
Geral, de 10 de Maio de 1648: «Pelos Reverendos Padres Provincial e Reitor
desta Província e Colégio do Rio de Janeiro, lhe será a Vossa Paternidade muito
Reverenda presente a vontade continuada que sempre tive de entrar na Compa¬
nhia, e como, por ser único em minha casa, não vieram os Padres em aceitarme,
pela muita amizade que entre meu pai, meu avô, minha tia, a Senhora Condessa
de Linhares Dona Felipa, fundadora do Colégio de Santo Antão, de Lisboa, houve
sempre com esta Santa Religião ; e, continuando eu nos mesmos desejos, foi ser¬
vido o Reverendo Padre Geral Múcio Vitelleschi conceder-me carta de irman¬
dade . . . Tenho tôda a Companhia por Mãe e não há coisa que me possa apartar
de a servir. . . ». Arq. S. J., Bras. 3, 1, f. 223.
N. B. — Advertimos que D. Filipa, condessa de Linhares, não foi funda¬
dora do colégio de Santo Antão. Foi-o somente da igreja do colégio.
(2) Cadornega, História Geral.... II, pág 9. — Nas págs. 22, 23 refere Cador-
nega os festejos, religiosos e profanos, com que os vencedores celebraram a vitória.
Cf. sôbre todo êste sucesso da reconquista de Angola: António de Macedo,
De Vita et moribus Joannis de Almeida Societatis Jesu Presbyteri, 2.* ed., Roma, 1671,
págs. 156-164.
382 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CÔRTE
(1) Cf. Rocha Pombo, História do Brasil (Illustrada), Vol. IV, 385-389, 453.
Em nota da pág. 386 estampou-se a carta de Montalvão a Nassau. Na pág. 388
diz Rocha Pombo : «Vendo aquellas aparências de conciliação entre o marquês e
o governador intruso, não puderam mais os independentes ter confiança naquelle
homem, nem mesmo vê-lo com bons olhos >.
(2) O Instituto, 96, págs. 336-339, carta da Marqueza de Montalvão ao Mar-
quez seu Marido Vice-rei do Brazil, em artigo : Cartas da Restauração de A. G.
Rocha Madahil.
C. II. — NA RESTAURAÇÃO DE PORTUGAL 385
ter de sua parte procedido com tanto valor» f1). Foi breve a
resposta de Viveiros. Declarou a Cabral, que as matérias de sua
carta só de viva voz se podiam debater, e dispusesse o modo
como se devia realizar a entrevista (2). Solícito aproveitou
Cabral a ocasião que se lhe oferecia de alcançar a rendição.
Foi com o P. Manuel Monteiro, também da Companhia, debaixo
de refens, ao Mestre de Campo, que os veio esperar a cêrca de
meio caminho. Ali sentados em cadeiras, discutiram longamente
com Viveiros e os que o acompanhavam sobre a capitulação da
Fortaleza, mas só chegaram, por então, a concordar em tréguas
de seis dias. Durante êsse tempo ainda três vezes voltaram a
falar com Viveiros, mas, expirando o prazo das tréguas, reco¬
meçou a Fortaleza o bombardeamento da cidade, e a cidade
apostou-se a apertar mais e mais o cêrco (3).
No dia 24 de Fevereiro mandou finalmenté Viveiros arvorar
bandeira branca, escreveu cartas aos capitães-mores e ao Supe¬
rintendente da Guerra, Francisco Cabral, e no dia seguinte, em
que se recebeu nova carta do castelhano se concederam tréguas
de quarenta e oito horas para se estudarem as condições da
entrega do Castelo. Houve conversações entre os delegados de
ambas as partes e, por fim, a 4 de Março se assinaram as capi¬
tulações convencionadas (4).
Aos seis de Março saiu do Castelo Álvaro Viveiros, « e trás
êle duzentos e quinze homens de peleja, com armas às costas,
balas na boca, mechas acêsas, bandeira larga e caixa, como
tinham capitulado » (5).
Passados dois dias, fêz-se, em acção de graças, solene pro¬
cissão com o Santíssimo Sacramento, « acompanhado do Cabido,
clero, e religiosos, nobreza e infinito povo. De trás do pálio
levavam em seus braços o Provedor da Fazenda, Agostinho
(1) Sobre tôda esta embaixada veja-se Portugal Restaurado, I, 158 e seg.;
Roma du Bocage, Relações Exteriores, pág. 44 e segs.; Rebelo da Silva, Hist. de
Portugal, IV, 239-244; Brazão, A Restauração, cap. III, pág. 40 e segs.; Relance da
História Diplomática de Portugal, págs. 23-25; Anais de Portugal, ms. cit. da Bibl.
Nac. de L., Fundo Geral, 6818, cap. XX-XXIII; Ferreira Drumond, Annaes da
Ilha Terceira, II, pág. 36 segs.
(2) Roma du Bocage, Relações Exteriores ... , pág. 47.
(3) O Instituto, 73, pág. 585.
(*) Arquivo Colonial, Angola, 3. Carta de Pedro César de Meneses, do
Bengo a 9 de Março de 1643.
(5) António do Couto entrou na Companhia a 31 de Outubro de 1631 ; no
ano de sua missão tinha 39 anos de idade, e 18 de Religião. Trabalhou no Colé¬
gio do Congo uns vinte anos, e publicou em Portugal no ano de 1642 um livrinho
de catequese, intitulado Gentio de Angola. Faleceu na sua terra natal a 10 de
Julho de 1666. Arq. S. J. Lus. 45, f. 26v, catálogo de 1649; Franco, Ano Santo,
366, Syn. Ann. 1666, n. 5.
»
C. II. — NA RESTAURAÇÃO DE PORTUGAL 395
CAPÍTULO III
i
NA CONSOLIDAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA
í1) Sermão que pregou o P. D. Diogo Lopes da Companhia de Jesv, que foy
Lente de Prima: & depois de Scriptura: & finalmente Cancellario da Universidade da
Cidade de Euora, em a Igreja da Companhia de Jesus na mesma cidade, estando
exposto o Santíssimo Sacramento. Lisboa, 1644.
(2) Ibidem.
C. m. — NA CONSOLIDAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA 399
—
,
rei (*). Lucas Veloso celebra, no ano de 1647, a D. João IV, por
ter escapado incólume do insidioso atentado, que dispôs português
traidor para lhe tirar a vida na procissão do Corpo de Deus (1 2).
3. — Não se puderam todavia satisfazer os religiosos da
Companhia de auxiliar a grande empresa com a fôrça de sua
palavra, ou oral ou escrita. Também com seus haveres contri¬
buíam cada ano para as despesas desmedidas da guerra, que se
travava com o inimigo da independência.
A quantia, que dava anualmente para êsse fim a Província
da Companhia, orçava por cinco mil cruzados (3). Houve, é certo,
por motivo dessa contribuição pecuniária, desinteligência e dissa¬
bores com o monarca ou seus ministros, que exigiam algumas
(1) T. do T., Cartório dos Jesuítas, maço 68. Súplica do Procurador Geral
da Companhia a Sua Majestade, de 1661 ; Cartas do P. António Barradas ao
P. Procurador Geral, de 16 de Novembro de 1654, autógrafa, e 11 de Janeiro de
1655, autógrafa.
(2) T. do T. Cartório dos Jesuítas, maço 68. Cartas do rei e da rainha, de 23
de Agosto de 1647, original com o sêlo; B. N. L., Pombalina, 476, f. 269, 271, 275,
cartas de 9 de Dezembro de 1656, autógrafa, da Rainha ; de 9 de Abril de 1652,
assinatura autógrafa do Príncipe D. Teodósio; de 17 de Agosto de 1658, original
da Rainha; Cartas de El-Rei D. João IV, Lisboa, 1940, págs. 326-327. Carta do
rei ao Provincial da Companhia de Jesus, de Lisboa a 11 de Setembro de 1649.
406 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CÔRTE
(1) Arq. S. J., Lus. 56, f. 15v. Cf. Portugal Restaurado. II, 169-173.
(2) Nunca se chegou a fundar Cofégio da Companhia em Olivença.
(3) Franco, Syn. Ann. 1648, n.° 12. Cf. Portugal Restaurado, II, 262-263.
(1) B. P. Ebor., f. 44.
2-15,
(I) Cartas de El-Rei D. João IV, Lisboa, 1940, pág. 390-391. Carta escrita
de Lisboa a 13 de Julho de 1650. — O reitor da Universidade de Évora era nesse
tempo o P. Francisco Cabral, que fôra era 164t enviado por D. João IV à Ilha
Terceira, ou o P. Diogo de Machado, natural de Beja. Ambos estavam no
cargo de reitor no ano de 1650. Não pudemos averiguar se à data da carta já
tinha deixado o cargo o P. F. Cabral.
P) Franco, Imagem ... Lisboa, págs. 627-628.
9
i
410 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CORTE
(9 Cf. Aires, Hist. do Exército, IX, 20, 21-29, 30-41, 55-56, 84, 85 ; Cartas
dos Governadores... a El-Rei D. João IV, pág. 885. Carta do conde de Ale¬
grete de 23 de Setembro de 1646. — O catálogo oficial de 1639 do colégio de
Lovaina designa Cosmander como homem de compleição colérica; talentoso,
sábio e de bom juízo. Arq. S. J., Fl. Belg. 15, f. 87v. — Sôbre a sepultura de
Cosmander conta fr. Jerónimo de Belém na sua Chronica Seráphica, P. II. pág. 768-
770, coisas maravilhosas: que, morto Cosmander, fora recolhido à Praça o seu
corpo ainda quente e vertendo sangue da ferida; que o quiseram amortalhar no
hábito de S. Francisco, mas nunca fôra possível vestir-lho ; que sem êle lhe deram
sepultura no Claustro do Convento, junto à porta do Capítulo ; que desde êsse
tempo começou a haver desuniões ordinárias entre os religiosos do Convento;
mas mandando um Guardião desenterrar-lhe os ossos e lançá-los fora de sagrado,
cessaram as contendas !
C. III. — NA CONSOLIDAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA 413
(1) Cartas de El-rei D. João IV, para diversas autoridades do reino, Lisboa
1940, pág. 370.
(2) Ambos, os Padres demoravam por aquele tempo na Casa Professa de
Vila Viçosa, Macedo como prègador e João de Andrade como Ministro da Casa.
Arq. S. J., Lus. 45, carta de 1649, n.° 580, 582. — André de Barros na Vida do
Apostolico Padre Antonio Vieyra, l.a ed., pág. 427, diz que os dois Padres partiram
de Setúbal a 14 de Junho, mas Franco, Imagem . .. Lisboa, 678, tem o dia 24 como
dia da* partida.
420 L. 11. — NOS VAIVÉNS DA CORTE
(1) Franco, Imagem ... Lisboa, pág. 678-679; Manuel Luis, Theodosius
Lusitanus, L. I, n. 265-266.
(1 2) Franco, Imcgem ... Lisboa, 679-80. — Franco refere todo êste sucesso
com muitos particulares. Certamente tinha diante dos olhos alguma relação
de António de Macedo.
(3) Franco, Imagem... Lisboa, 681, 682; André de Barros, Vida de A. Vieira,
432-434.
C. III. — NA. CONSOLIDAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA 421
(1) Memorial do P. Francisco Soares com êste iítulo : Rezões que em sua
defesa a El Rey Nosso S.or offerece o P. Francisco Soares da Comp.a de Jesus.
Conhecemos três exemplares manuscritos: na Bibl. da Univ. de Coimbra, mss
cvni
n.° 2591; na Bibl. P. Ebor., f. 68-78v. e na Bibl. da Ajuda, cód. 51-V-9,
í* 1 1
ff. 1-13. Cf. F. Rodrigues, Um Mártir da Restauração de 1640, Lisboa, 1942, onde
se utiliza e estampa boa parte do Memorial.
(2) Memorial, n.° 1.
T. III - Vol. I - F. 29
424 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CORTE
---- - i
Sumário : — 1.
Primeiras manifestações de amor pátrio. —
2. D. João IV e Vieira. — 3. O orador da Restauração. —
4. Conselhos e propostas. — 5. Missões diplomáticas. — 6. Deva-
neios de um génio.
367, onde parcialmente se estampa ; Cartas do Padre António Vieira, ed. de 1925,
I, 3-74; Rodrigues Cavalheiro, Quando amanhecia o génio de Vieira (A Carta Anua
de 1626), em O Mundo Português, Vol. IX e X, onde se publicam trechos vários.
— Vieira redigiu a Carta Ânua em latim, e com maior cópia de notícias em portu¬
guês. Dois exemplares latinos, ambos autógrafos, têem a data, um de 21 de Outu¬
bro de 1626, outro de 1 de Dezembro do mesmo ano. Cf. Arq. S. J., Bras. 8, ff.
242-251, ff. 366-375.
(1) Cartas do P. António Vieira, I, 44.
(2) Sermões de Vieira, VI, ed. l.\ pág. 93.
(3) Era o monte, onde se erguia a igreja de Santo António, e em frente do
qual levantaram os inimigos suas máquinas de guerra.
(4) Sermões, VI, § VIII.
MMWkBI
C. IV. — ANTÓNIO VIEIRA E A SUA ACÇÃO POLÍTICA 427
v
no arrojo da concepção, no patético da eloqüência considerâmo-lo
a obra prima de Vieira. Nunca subiu tão alto o génio do sublime
orador, nem há, cremos nós, exemplo nenhum que o iguale em
nenhuma literatura estrangeira (*).
Pouco depois chegava à cidade da Baía o primeiro Vice-Rei,
D. Jorge de Mascarenhas, marquês de Montalvão (2).
Vieira na esperança de que o novo governante trouxesse a
salvação do Brasil, saüdou-o do púlpito no dia 2 de Julho de 1640,
e nesse discurso de saüdação expôs-lhe com um desassombro
que nos espanta, o estado lastimoso do Brasil, as causas de
tamanho mal, e os remédios para o salvar. O remédio mais efi¬
caz bem o aponta Vieira : «Dá-nos Deus as vitórias às mãos
lavadas; porque se lavaram as mãos; porque há limpeza de
mãos; porque se não tingem as mãos no sangue do povo, por
isso tudo luz; por isso tudo cresce, por isso tudo vai por diante.
E como por falta disto se perdeu o Brasil, assim por isto se há
recuperar» (3).
Seis meses passados sobre a vinda e govêrno do marquês
de Montalvão, sacudiu-se em Lisboa o jugo estrangeiro, restau¬
rou-se Portugal e subiu ao trono de Afonso Henriques o duque
de Bragança. Para prestar homenagem e obediência ao monarca
português, mandou o Vice-Rei a Lisboa o seu filho D. Fernando
de Mascarenhas, e fê-lo acompanhar de António Vieira. O amor
da pátria, tão clara e eloqüentemente demonstrado, é que deu
motivo à escolha. Até êsse tempo trabalhou denodadamente na
recuperação e melhoramento do Brasil, que era, disse êle próprio,
uma parte e não a menor de Portugal (4); agora vai ocupar-se,
com o mesmo ou maior entusiasmo, na restauração da mãe
pátria portuguesa.
2.—A 30 de Abril de 1641 entrava António Vieira no Paço
real de Lisboa, e punha os olhos pela primeira vez em D. João IV.
O Monarca restaurador entendeu logo, com sua perspicácia, quem
inconstantes, mas as que veem por mão de Deus, são firmes, são
permanentes» (*).
Se bem atentarmos na pia credulidade daqueles tempos de
fé simples, fàcilmente veremos que as palavras do orador deviam
calar profundamente nos ânimos dos ouvintes, e os confirmariam
na esperança ou certeza da perpètuidade de nossa independência.
Meses depois, sobe de novo à sua tribuna de orador sagrado
e político o defensor da Restauração de Portugal, e o amor da
pátria o obrigou a defendê-la mais uma vez, dos perigos que em
tempos tão dificultosos ia correndo. Advertiu que sofria Portugal
de duas pestes muito perigosas: uma a pouca fé no êxito feliz
da guerra, e outra a demasiada confiança na vitória final. A pouca
fé árrefècia o entusiasmo e fechava as mãos que não concor¬
ressem para os gastos enormes das campanhas. «E certo, ale¬
gava o orador, que nas cortes passadas se prometeram subsídios
para a guerra, quantos fôssem necessários à conservação do
reino. Também é certo que se intentaram donativos, que se mul¬
tiplicaram tributos, que se introduziram décimas, que se acres¬
centou à moeda o cunho e o preço; e contudo vemos que é
necessário repetir Cortes para arbitrar novos modos de tirar
dinheiro efectivo, porque cada um guarda o seu, e há poucos
que paguem o que lhes toca. Os muito poderosos por privilégio,
os pouco poderosos por impossibilidade, cada um trata de lançar
a carga aos ombros do outro, e talvez cai no chão, porque não
há quem a sustente... Fé tão apertada de mãos, não é fé ver¬
dadeira » (* 2).
Para abrir as mãos e alargar a generosidade, com esta efi¬
cácia exorta os que o ouviam: « Aos fielmente portugueses bas-
te-vos o exemplo do glorioso S. Roque, para que assim como êle
deu Estado, riquezas e quanto possitía pela pátria do céu, dêmos
nós também com apostada resolução quanto temos, pela defensa
da nossa. Ainda há comendas, ainda há rendas, ainda há jóias,
ainda há coches, ainda há galas e regalos, e enquanto houver
sangue nas veias, haverá muito que dar. Dê-se tudo pela pá¬
tria ...» (3).
(1) Vieira no sermão de S. Roque (Sermões, XII, 52) recorda que não se
formou a Companhia Oriental, « de que depois houve tantos arrependimentos ».
(2) Cartas, III, 559. Cf. Obras inéditas, III, 82. — Num « Memorial feito ao
Príncipe Regente Dom Pedro II », nota Vieira que, se se fizesse a Companhia
Oriental, « também se restaurara a índia, ou, quando menos, se não perdera o
que nela temos ». Obras Inéditas, III, 82.
(3) Obras Inéditas, II, 36. Cf. Lúcio de Azevedo, Hist. de António Vieira,
I, 79-81.
(4) Obras Inéditas, II, 39-40.
436 L. II.— NOS VAIVÉNS DA CORTE
l
438 L. II.— NOS VAIVÉNS DA CORTE
(!) Obras Inéditas, III, 5-59 : Papel que fez o Padre Antonio Vieira a favor da
entrega de Pernambuco aos holandeses. Cf. Hernâni Cidade, Padre António Vieira,
I, 58-60.
(2) Vejam-se as cartas de Francisco Lanier, Residente de França em Lis¬
boa, de 24 de Agosto e 27 de Novembro de 1648 em Lúcio de Azevedo, O Padre
Antonio Vieira julgado em Documentos franceses, Coimbra, 1925, pág. 27. Cf. Quadro
Elementar, IV, Parte II, pág. XIII-XVIII, onde o visconde de Santarém se mostrou
severo e injusto com o P. António Vieira.
(3) Obras Inéditas, III, 59.
(4) Cf. Lúcio de Azevedo, Hist. de António Vieira, I, 158.
(5) «... Até agora calley uma clausula do projecto sem a qual eu tãbem
não havia de aceitar a comissão. A clausula he, que no tal caso a cabeça da
Monarchia havia de ser Lisboa ». Sermões, XI, 493. Cf. Cartas, I, 259-260; Lúcio
442 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CORTE
a hora da Inquisição.
2. — Quatro dias depois que entrara em Coimbra, a 16 de
Fevereiro, emanou do Conselho Geral do Santo Ofício um decreto
a ordenar que o Tribunal da Inquisição o chamasse à Mesa e o
interrogasse, na forma ordinária, sobre o escrito das Esperanças
de Portugal. Principiava o doloroso processo. Mas doença grave
do réu impediu o cumprimento do decreto. « Três vezes morto,
e três vezes ressuscitado», «três vezes chegou às portas da
morte » naquela doença (4).
Os médicos receitaram-lhe mudança de ares, e pediu licença
de ir convalescer na Residência do Canal, que o colégio de
Coimbra possuía junto de Buarcos. Vieira queixava-se «da intem-
(1) Cartas, II, 113, 248 ; Lúcio de Azevedo, Hist. de Ahtónio Vieira, 9.
(2) Cartas, II, 11, 13, 14.
(3) Cartas. II, 12.
(4) Cartas, II, 13.
C. V. — 0 P. ANTÓNIO VIEIRA E A INQUISIÇÃO 449
(!) Arq. do Gesü, Censurae Librorum, 670, ff. 258-259v. Carta dos teólogos
conimbricenses Domingos de Paiva, João de Almeida e Francisco de Almada, de
16 de Abril de 1668. — O P. Domingos de Paiva era natural de Aldeia Nova, da
diocese da Guarda. Em 1678 tinha 61 anos de idade. Ensinou 5 anos de Letras; 5
de filosofia, e mais de 12 de Teologia (Arq. S. J., Lus. 46, catál. de 1678, n.° 680).
João de Almeida, nasceu em Vouzela. Foi professor durante 6 anos de lati-
nidade, de Filosofia por 4 anos, e de Teologia por 7. (Arq. S. J., Lus. 46, catál.
de 1678, n.° 392). P. Francisco de Almada, era de Lisboa, filho de pais fidalgos.
Entrou na Companhia a 20 de Novembro de 1662. Ensinou Filosofia 4 anos, e
Teologia mais de 16, « com nome de grande mestre > (Franco, Ano Santo, 327).
Faleceu em Roma, Assistente do Geral, em 19 de Junho de 1683. Cf. cit. catál.
de 1678, n.° 437. •
(2) Vieira foi condenado por acreditar na profecia do Bandarra, como acre¬
ditavam os portugueses de seu tempo. Naqueles anos foram impressas, admitidas
C. y. — 0 P. ANTÓNIO VIEIRA E A INQUISIÇÃO 453
Por fim dizia o teólogo que o amor que professava a sua mãe a
Companhia de Jesus, o obrigara a escrever, para que ela não
recebesse desdoiro na condenação de tão nobre filho (I).
Vemos pois que discordavam das acusações do Promotor e
do Juízo da Inquisição Mestres de muito saber; mas o processo
prosseguia na sua invariável e irritante uniformidade.
Foi a última sessão no sábado 5 de Abril de 1664.
Recolheu-se Vieira a seu colégio para cuidar da resposta ou
defesa do libelo, tendo pedido primeiro lhe concedessem o tempo"
necessário não para defender as proposições, mas somente para
explicar o sentido em que foram interpretadas; que nunca teve
intenção de encontrar a Fé católica da Igreja, de que era obe¬
dientíssimo filho, representando que não o poderia fazer tanto
em breve, como desejava, e com essa explicação havia de res¬
ponder ao libelo. Os Inquisidores não desatenderam esse razoável
pedido (2).
Como porém a saúde exigisse descanso e cuidado, ordena-
ram-lhe os médicos que saísse dos ares de Coimbra e passasse
aos de Vila-Franca; mas carregou sobre êle tão pesadamente
a enfermidade, que esteve largo tempo de cama, sem poder des-
pedir-se a febre. Contudo no mês de Agosto já lhe sobejava
fazer e boa disposição para fazer versos latinos, oferecidos ao
lente de Teologia na Universidade fr. Luís de Sá, bernardo, que
(!) Cf. Obras Inéditas, III, 61 segs.; Lúcio de Azevedo, ob. cit., 48.
(2) Obras Inéditas I, 63 ; Petição do P. António Vieira.
(3) Processo, £.® p., f. 62v ; Obras Inéditas, I, 64; Lúcio de Azevedo, Hist. de
António Vieira II, 51; Baião, Episódios, I, 228-229.
(4) Processo, 2.® p., f. 65.
(5) Obras Inéditas, I, 64.
(6) Processo, 2.® p., f. 65 ; Obras Inéditas, I, 64; Cartas, III, 244.
456 L. II.— NOS VAIVÉNS DA CORTE
(1) Processo, 2.a p., f. 65. Carta assinada de Vila-Franca, 5.° feira; Lúcio de
Azevedo, Hist. de António Vieira II, 55 onde se estampa a carta.
(2) Processo, 2.» p., f. 68-69, Lúcio de Azevedo, Hist. de António Vieira,
55, 56.
(3) Processo, 2.* p., í. 68; Lúcio de Azevedo, Hist. de António Vieira, II,
56-57, onde reproduz a carta assinada de Vila-Franca, Sexta-Feira.
C. V. — O P. ANTÔNIO VIEIRA E A INQUISIÇÃO 457
/
458 L. II.— NOS VAIVÉNS DA CORTE
(1) Processo, 2.a p., f. 89 com assinaturas autógrafas de Pantaleão Rdiz Pa¬
checo, Diogo de Sousa, frei Pedro de Magalhães, Luis Miz da Rocha, M.el de Maga¬
lhães de Meneses, D. Veríssimo de Lancastre.
(1 2) Cartas, II, 263-265.
(3) Processo, f. 1 : P. no cárcere da Custodia em 1.» de Outubro de 1665.
(4) Processo, 2.a p., f. 91. Sessão a 2 de Outubro de 1665.
C. V. — O P. ANTÓNIO VIEIRA E A INQUISIÇÃO 459
(1) Processo 2.» p., f. 91. Cf. Baião, Episódios, I, 237 ; Lúcio de Azevedo,
Hist. de António Vieira, II, 64-65.
(2) Processo, 2.» p., f. 92.
(3) Processo, 2.* p., f. 207-209.
(4) Lúcio de Azevedo, Hist. de António Vieira, II, 69.
(5) Processo, 2.* p., f. 146. O título dos cadernos é : Representação dos mo¬
tivos que tive para me parecerem prováveis as Proposiçõens, de q se trata, Dividida em
2 partes. São 142 folhas de formato infólio, ou 284 páginas, tôdas escritas da letra
miudinha de Vieira. Cf. Lúcio de Azevedo, Hist. de António Vieira, II, 70-73.
A segunda parte têm êste título (f. 195): Representação segunda dos fundamentos
460 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CÔRTE
e motivos que tive para me parecer provável o que tratava de escrever acerca do Quinto
Império ou Regno consumado de Christo.
í1) Processo, 2.a p., f. 287.
(2) Processo, 2.a p.f ff. 289 segs. Censura assinada em Lisboa a 8 de Agosto
de 1666 no convento da S.m* Trindade.
C. V. — O P. ANTÓNIO VIEIRA E A INQUISIÇÃO 461
(1) Processo, 2.» p., f. 696v; Lúcio de Azevedo, Hist. de António Vieira, II,
77, onde se reproduz à letra todo êste passo.
(2) Processo, 2.* p., f. 697 ; Lúcio de Azevedo, Hist. de António Vieira, 1. c.
(3) Processo, 2.» p., f. 698v.
C. V. — O P. ANTÔNIO VIEIRA E A INQUISIÇÃO 463
(1) Arq. S. J., Lus. 37, II, f. 344. Carta de 31 de Dezembro, minuta de 1666.
Cf. F. Rodrigues, O Padre António Vieira, pág. 20, onde se estampou esta carta,
como aqui, traduzida do latim.
C. V. — O P. ANTÓNIO VIEIRA E A INQUISIÇÃO 465
(!) Arq. S. J., Lus. 75, fl 89-90. Carta de 10 de Abril de 1677. Autógrafa.
Cf. F. Rodrigues, O P. António Vieira, pág. 22.
(2) Arq. S. J., Lus. 37, II, f. 398. Carta do Geral de 30 de Julho e 1667, em
resposta à do P. Mucciarelli de 7 de Abril de 1667.
(3) Processo, 2.® p„ f. 849.
468 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CORTE
milhas fora de Roma, « sendo tanto mais para estimar êste amor,
quanto é a diferença, são palavras de Vieira, com que el-rei
D. João, que está no céu mandou a Roma êste mesmo homem,
há vinte anos, com maior confiança e autoridade, e hoje . . . com
suma indignidade » (5). Pungia-o intimamente o desamor e menos-
prêzo do Príncipe D. Pedro ! Com a rainha da Inglaterra também
desabafava suas queixas. Quis, ao ir de Portugal a Roma, passar
por Inglaterra, para comunicar à rainha de palavra o que não
podia fiar do papel, mas D. Pedro não lhe concedeu, diz Vieira,
« que passasse uma vez, por amor de mim, aquêle mesmo canal
da Inglaterra, em que sete vezes me vi perdido pela conserva- .
ção de sua coroa » (6 *).
Compensou estas amarguras, bem que não as pôde fazer
(1) Arq. S. J., Bras. 3, í. 81, carta original. Cf. F. Rodrigues, O P. An¬
tónio Vieira, 23-24.
(2) Obras Inéditas, III, 85.
(3) Cartas, II, 279.
(4) Cartas, II, 279. Carta do P. Vieira, de Roma a 27 de Novembro
de 1669.
P) Cartas, II, 279.
(8) Cartas, II, 289. Carta à Rainha de Inglaterra, de Roma a 21 de Dezem¬
bro de 1669.
C. V. — O P. ANTÓNIO VIEIRA E A INQUISIÇÃO 473
I
rêsse que o do zêlo ; e aquêle que por serviço e respeito de
S. Alteza foi desterrado e afrontado por haver dado os meios
com que se restaurou o Brasil, e Angola, e com que o reino
Í
teve forças e cabedal para se defender (3).
Recorreu no seu empenho também à Rainha da Inglaterra,
para o mesmo fim. «Determino, disse-lhe, pleitear de novo a mi-
nha causa, e buscar em Roma a justiça que não achei em Por¬
tugal », e pede-lhe carta de recomendação para o Cardeal Fran¬
cisco Barberini, Presidente do Tribunal, em que havia de correr
a sua causa (4).
Foram sem efeito estas diligências. Por outras vias conse¬
guiu o que tanto desejava. Compôs diversos memoriais para se¬
rem apresentados ao Sumo Pontífice, e perorarem em seu nome,
a favor da sua causa. Um o entregou directamente aos Cardeais
da Sagrada Congregação do Santo Ofício, outro o ofereceu nas
mãos do Pontífice, que o remeteu aos mesmos Cardeais.
Nêles expôs todo o desenvolvimento do seu processo; os
.
(!) Cartas, II, 322. — Na carta de 12 de Maio de 1671 (Cartas, II, 346) escre¬
vendo ao marquês de Gouveia as rémoras do processo, esclarece : A maior dificul¬
dade é serem quarenta padres da Companhia, e muitos das consultas de outras Reli¬
giões : emulação que chega ao céu, não pode ser senão muito grande.
(2) Cartas, II, 281.
(3) Cartas, II, 282. Carta de 3 de Dezembro de 1669.
(4) Cartas. II, 290. Carta a D. Catarina, a 21 de Dezembro de 1669.
476 L, lí. — NOS VAIVÉNS DA CORTE
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CAPITULO VI
» /
480 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CÔRTE
(1) B. N. L., Fundo Geral, 869, f. 583-584v : Edital que se publicou nesta
cidade em os 26 de Xbro de 1642. Original. _
(2) B. N. L., Fundo Geral, 869, f. 514: Forma da Appelação que interpôs o
P. Fran.c0 Pinheyro, assinado em Evora, a 29 de Janeiro de 1643, Pero de
Brito, RJor.
(s) Informação, cit. em T. do T., Armário Jesuítico, Pasta 18, Maço 1,
n.® 6.; item, n.® 5.
C. VI. — A COMPANHIA DE JESUS E A INQUISIÇÃO 483
a Vs. Ms. se queiram dar por satisfeitos com ela, e que baste a
demonstração que já teem feito, advertindo juntamente que me¬
reço a esta Mesa algum favor, porque em tôdas as ocasiões que
se ofereceram, em que Vs. Ms. me ocuparam, a desejei e pro¬
curei servir o melhor que pude. E êste meu papel peço a Vs. Ms.
o mandem acostar aos autos para por êle a todo o tempo cons¬
tar a sujeição e respeito que tenho ao- Tribunal do Santo
Ofício » (‘)/ ^
Não se abrandou a dureza dos Inquisidores com a humil¬
dade e rendimento do jesuíta. Começaram os exames, que fize¬
ram ao réu; mas todo o empenho de averiguação nos Inquisido¬
res versava não sobre assunto de Fé, mas somente sôbre o poder,
direitos e crédito dos ministros da Inquisição. «Preguntam-lhe
« se tem ou teve para si, em algum tempo, que os Inquisidores e
mais ministros do Santo Ofício usavam mal do seu poder e juris¬
dição, prendendo e castigando por culpas a pessoas, cujo conhe¬
cimento lhes não pertence ». Mais lhe preguntaram, « se lhe deu
alguma pessoa conselho, favor ou ajuda para ofender o Tribunal
do Santo Ofício, perturbar seu Ministério e impedir a execução
de sua sentença » (2).
Em segunda sessão lhe interrogam, « se sabia que no Santo
Ofício havia poder, autoridade e jurisdição não só real mas tam¬
bém apostólica para chamar a ela o dito Almotacé .... não só
para matérias da Fé ..., mas ainda para coisas tocantes à Feira
da Universidade». A esta pregunta respondeu o réu «que não
sabia que houvesse tal poder no Santo Ofício, e que tinha para
si que na Feira dos estudantes se lhes não devia dar provimento,
se não na forma de seus Estatutos».
Por fim lhe lançaram em rosto, que se presumia, conforme
o direito, ter o réu apelado da sentença, pronunciada contra o
Almotacé, por ofender o Tribunal do Santo Ofício, e perturbar o
seu Ministério, e por sentir mal do procedimento de seus mi¬
nistros.
Francisco Pinheiro, como em protesto, apelou para o Con¬
selho Geral. De feito, por atenção e reverência para com o bispo
(1) B. N. L.( cod. cit., f. 516-517 : P<.pel assinado : « Deste convento de S. D.°*
de Evora em 5 de Fev.ro de 643. Fr.co Pinhr.o ».
(8) B. N. L„ Fundo Geral, 869, f. 518-519.
\
(1) B. N. L., Fundo Geral, 869, f. 538v: Sobre o caso do D.or Fran.c° Pinheiro
da Comp. de Jesus ...
(2) B. N. L., Fundo Geral, 869, f. 473 : Consulta q se fez a S. Majestade sôbre
o cazo.. ., assinada por João Sanches de Baena e João Pinheiro.
(3) Consulta citada, f. 473-474v.
(4) T. do T., Armário Jesuítico, caixas: Consulta do Santo Oficio de 11 de
Novembro de 1644.
486 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CÕRTE
(1) Pasta e Maço cit., n.° 13. Carta do P. Nuno da Cunha, de Lisboa a
6 de Abril de 1643.
(2) Pasta e Maço cit., n.° 10. Cópia do Alvará de 28 de Maio de 1643. —
Já em carta de 11 de Maio ao Conde da Vidigueira dizia o rei: Ás duuidas que
em Euora se mouerão entre os Inquizidores daquela cidade e os Padres da Companhia...
com interuenção minha se composerão em favor do Santo Officio, como me constou
merecia seu procedimento. Cartas de El-Rei D. João IV ao Conde da Vidigueira,
I, 62-63.
(3) B. N. L, Fundo Geral, 869, f. 582: citada Allegação de D.t•
- (4) Cf. Lúcio de Azevedo, Hist. de António Vieira, I, 78. Não pudemos en¬
contrar o documento contemporâneo desta queixa ou memorial de Mascarenhas;
por isso citamos só a Lúcio de Azevedo, e nêle nos louvamos.
(5) T. do T., Armário Jesuítico, Pasta 18, Maço 1, n.* 11 : carta do rei ao
Provincial Mascarenhas de 9 de Dezembro de 1644; ibid., Armário Jesuítico, Cai¬
xas : carta do Rei de 21 de Agosto de 1643.
T. III-Vol. I-F. 33
488 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CORTE
(') T. do T., Armário Jesuítico, Pasta 18, Maço 1, n.° 12. Cf. Lúcio de
Azevedo, Hist. dos Cristãos-Novos, 242-243. — Por esta ocasião se deve ter levado
ao rei o memorial que os P.es da Comp.° de Jhus, diziam, offereceram a V. Mag.de
sobre a controvérsia que tem' com os Inquisidores... (B. N. L. Fundo Geral, 869,
f. 410-13). Nêle se insiste especialmente na obrigação de consciência do rei para
deixar executar os Breves papais, e nos merecimentos da Companhia para ser
bem atendida.
492 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CÔRTE
(1) T. do T., Armário Jesuítico, Caixa 1.*, n.» 32, carta autógrafa de Fer¬
nandes ao Príncipe, de Lisboa a 15 de Junho de 1673. Cf. Provas da Deducção
Chron., pág. 137-138; Lúcio de Azevedo, Os Jesuítas e a Inquisição, pág. 10 e 12.
(2) Cartas de Vieira, II, 610. Carta de Roma a 3 de Junho de 1673.
(3) Ob. c/7., pág. 549.
/ C. VI. — A COMPANHIA DE JESUS E A INQUISIÇÃO 495
(1) T. do T., Armário Jesuítico, Caixa l.a, n.os 34-35. O atestado é assinado
em Lisboa a 27 de Julho de 1673. — Com a lista mencionada está junta outra
lista de 42 doutores, também consultados sôbre a mesma questão, e igualmente
favoráveis aos cristãos-novos. Alguns iam já incluídos na primeira lista. Entre
êles estão os nomes de D. António de Mendonça, arcebispo de Lisboa ; dos dois
confessores de D. Pedro e da rainha, Padres Manuel Fernandes e Francisco de
Villes ; de Luís Álvares, reitor da Universidade de Évora, de Manuel Luís, cance-
lário da mesma Universidade ; de Bento de Lemos, depois prègador da rainha da
Inglaterra, de José de Seixas, reitor do Colégio de Coimbra. No mesmo Armário
Jesuítico, Caixa 1.*, n.° 50, está o parecer de 23 Teólogos que votaram contra o
recurso dos cristãos-novos. Todos êstes teólogos eram frades de diversas Ordens.
496 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CORTE
(!) T. do T., Armário Jesuítico, Caixa l.a, n.° 51. Cf. Deducção Chron., p. I,
pág. 426, 427. — O parecer, feito em 28 de Agosto de 1673, dia de Santo Agos¬
tinho, levava as seguintes assinaturas autógrafas: Doutor Sebastião de Abreu,
Doutor Manuel Luís, Cancelário, Mestre Francisco Aranha, Mestre Manuel Gue¬
des, Doutor Manoel Pereyra, Doutor Bento de Lemos, Doutor Pedro de Arou-
che, Doutor Bento Rodrigues, Doutor Jorge da Costa.
(2) T. do T., Armário Jesuítico, Caixa l.a, n.®* 47, 52; Cartas de Vieira, II, 642.
(3) Corpo Dipl, XIV, 221-224 ; Breve Cum Dilecti de 3 de Outubro de 1674.
(*) Arq. do Vat., Nunz. 26, f. 280. Cifra do Núncio de 10 de Dezembro
de 1674.
I5) Cód. cit., f. 289 : « l Padri delia Compagnia in questa occasione si sono
portati benissimo, et il Provinciale mi si é offerto con tute le pene de suoi reli-
giosi; e potrebbe S. St.a mostrarne gradimento al P. Grãle ».
C. VI. — A COMPANHIA DE JESUS E A INQUISIÇÃO 497
(!) T. do T., Armário Jesuítico, Caixa 2.*, n.® 89. Memorial, em língua latina,
dirigido ao Sumo Pontífice, da letra do P. Manuel Dias, da Companhia de Jesus. —
Manuel Dias era de Miranda-do-Corvo. O catálogo oficial de 1678, n.° 401, dá-lhe
a idade de 40 anos, e 25 de Companhia. Era Procurador da missão do Japão.
(2) T. do T., Armário Jesuítico, Caixa 2.*, n.® 89.
(3) Caixa cit., n.° cit.
f*
I
(1) lbid.
(2) Não sabemos se êste longo memorial chegou a ser oferecido ao Papa.
Os documentos contemporâneos, que pudemos encontrar, nenhum esclarecimento
nos dão. Todavia de Roma veio ordem ao Núncio, Mons. Durazzo, Bispo de Cal-
cedónia, de defender os jesuítas contra os ataques das Cortes, ordem que êle
prometeu cumprir. Prova-o a carta que segue :
(1) Monstruosidades .... IV, 65; Corpo Dipl. XV, 210, 211, 326 : cartas do
embaixador de 12 de Dezembro de 1677 e de 14 de Maio de 1678 ; Lúcio de
Azevedo, ob. cit., 315.
(2) Arq. do Vat., Nunz. 35, í. 67, carta do Núncio de 6 de Março de 1679;
T. do T.( Armário Jesuítico, Caixa 2.a, n.° 74 : Breve Cum Nos de 24 de Dezem¬
bro de 1678 ; B. N. L., Fundo Geral, 2675 : Maquinações de Antonio Vieira Jesuíta,
T. III, pág. 463-477; cópia do mesmo Breve ao Inquisidor Geral, de 24 de Dezem¬
bro de 1678, pág. 457-462; Breve da mesma data ao Príncipe D. Pedro, sôbre
idêntico assunto, estampado em Monstruosidades .. ., IV, 67-69.
(3) Arq. do Vat., Nunz. 35, f. 67. Carta do Núncio de 6 Março de 1679.
-- Na Junta dos Conselheiros de Estado e de outros homens doutos, tanto secu¬
lares como religiosos, convocada pelo Príncipe D. Pedro, o P. Domingos de Paiva,
que assistia, interrogado sôbre o seu parecer na quarta proposta, respondeu que
« o Sereníssimo Príncipe não só podia, mas devia impedir a entrega dos proces¬
sos mandada pelo Sumo Pontífice ». Foi grande a admiração e escândalo por um
Padre da Companhia defender tal doutrina, Arq. S. J., Lus. 56, f. 268 268v;
Ex literis patris Prouincialis Prouinciae Lusitanae et patris Emanuelis Fernandes Prae-
positi et confessorii Serenissimi Principis datis 27 Februarii 1679.
(4) Cód. cit. 1. c.
(5) Arq. Vat., Nunz. 33, f. 229-229v, f. 347-348. Cifras do Núncio de 11 de
Setembro de 1679 e 8 de Setembro de 1681 ; Nunz. 38, f. 41-41v. Carta do Nún¬
cio de 9 de Março de 1682. — Pelo mesmo tempo foi também desterrado para
Setúbal o P, Afonso de Mexia, mas por motivo contrário ao do destêrro do
P. Andrade. Aceitou o cargo de Qualificador do Santo Ofício e prestou juramento
C. VI. — A COMPANHIA DE JESUS E A INQUISIÇÃO 501
_ , . /
estando, por ordem da Santa Sé, fechado o Tribunal da Inquisição. Cf. Arq. do
Vat., Nimz. 33, f. 275-277 ; f. 284-285 ; Nunz. 35, f. 335-337v. Cifras e carta
do Núncio.
(*) Arq. do Vat., Nunz. 37, f. 32-33. Carta do Núncio de 4 de Março de 1681.
(2) Obras Inéditas, I, 211. — Respondeu a êste papel, em Lisboa, Mendo de
Foyos Pereira, futuro Secretário de Estado, com o folheto mordaz : Engano
judaico contra o Desengano Cathohco (B. N. L„ Fundo Geral, 2675, Maquinações de
Antonio Vieira Jesuíta, T. III, pág. 541 segs). —■ No ano anterior de 1674 assim
apreciou António Vieira a Consulta dos Povos nas Cortes dêsse ano, feita por
Mendo de Foyos Pereira (Monstruosidades. . ., III, 138-143): «Afirmo a V. S.» que,
devendo-me envergonhar muito de haver na nossa terra traidores, mais me enver¬
gonho de haver tantos ignorantes. Vi um dia dêstes um papel escrito por um Secre¬
tário do Terceiro Estado das Cortes, dado e aceitado no nosso Paço, cheio de
tantas indignidades e meninices, que me cairam as faces no chão. O estilo pare¬
cia de um novato da Universidade, escrito a alguma freira tôia » (Cartas, III, 81.
Carta a Duarte Ribeiro de Macedo, de Roma a 31 de Julho de 1674). — De Roma
antes de partir para Portugal escreveu ainda uma carta ao Conde da Eríceira, de
12 de Janeiro de 1675, e defendia nela o voto que deram em Lisboa os religio¬
sos da Companhia a favor do recurso de Roma dos Cristãos-Novos, e mostrava
que só o Papa era supremo juiz nestas questões. Cartas, III, 142-145). Respondeu-
-lhe o conde reprovando o recurso e louvando o proceder dos que em Portugal
defendiam a Inquisição. (Cf. cópia da Carta do Conde da Ericeira num arquivo
particular — Ms. do Sr. José Gomes, R. dos Biscaínhos, 85, Braga).
502 L. II.— NOS VAIVÉNS DA CORTE
(1) Cartas, III, 397. Carta de Vieira a Duarte Ribeiro de Macedo, de Lisboa
a 13 de Junho de 1679.
(2) Cartas, III, 422. Carta de 16 de Setembro de 1679.
(3) Lúcio de Azevedo, Hist. dos Cristãos-Novos, 321.
(4) 06. c/7., 1. c.
(5) T. do T., Armário Jesuítico, Caixa 2.a, n.° 85. Breve impresso de Ino¬
cêncio XI. Cf. Lúcio de Azevedo, Hist. dos Cristãos-Novos, 321.
CAPÍTULO VII
OS CONFESSORES DA C ÔRTE
§g | M ■ m
i
.
504 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CÔRTE
(*) M. Luís, ob. cit., ff. 73v, 74 ; Franco, Imagem ... Lisboa, pág. 593.
(2) Franco, ob. cit., pág. 594. Cf. M. Luís, ob. cit., f. 74.
(3) Franco, ob. cit., pág. 595.
(*) M. Luís, Theodosius Lusitanus, f. 74v. Cf. Franco, ob. cit., pág. 595.
(5) M. Luís, ob. cit., f. 74v : « .. . tunicam nimirum Societatis regiis opibus
supellectilem sibi multo pretiosiorem ».
(6) M. Luís, ob. cit., f, 74v.
(7) M. Luís, ob. cit., 1. c.
C. VII. — OS CONFESSORES DA CÔRTE 507
(!) Foi eleito bispo de Japão em 29 de Março de 1649. Cf. Cardim, Bata¬
lhas da Companhia de Jesus, pág. 7-8.
(2j Franco, Imagem ... Lisboa, pág. 396; M. Luís, Theodosius Lusitanus, f. 74v.
(3) M. Luís, Theodosius Lusitanus, fl. 74v, 231v.; Franco Imagem . . . Lisboa,
pág. 396.
(4) M. Luís, ob. cit., f. 75.
(5) M. Luís, ob. cit., f. 74v ; Franco, Imagem... Lisboa, pág. 594.
(6) M. Luís, ob. cit., f. 75; Franco, ob. cit., pág. 597.
508 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CORTE
(I) Arq. S. J., Lus. 37, II, f. 330v. De Lisboa a 6 de Dezembro de 1657.
C. VII. — OS CONFESSORES DA CÔRTE 509
(1) Arq. S. J., Epp. Ext., 34, f. 84. Original. Assinatura autógrafa : Raynha..
(8) Ibid., f. 91. Carta original com assinatura autógrafa da rainha, de 22 de
Julho de 1658.
510 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CÔRTE
(1) D. Afonso VI, apresentado por Ed. Brazão, 47-52 ; Portugal Restaurado,
IV, 60-64. O papel tem suas variantes nestes dois autores.
(2) D. Afonso VI, cit., pág. 35; Portugal Restaurado, IV, pág. 64.
(3) Obras cit., 1. c.
(4) Cf. D. Afonso VI, cit., pág. 39 ; Portugal Restaurado, IV, 68 ; Sousa, Hist.
Genealógica, VII, 369; Hist. de Portugal, ed. Monumental, 105, 106 ; Freire de Oli¬
veira, Elementos, VI, 345, nota.
(5) D. Afonso VI, cit., pág. 43; Portugal Restaurado, IV, 77-78; Hist. de
Portugal, ed. Monumental, VI, 106.
514 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CORTE
\
520 L. II.— NOS VAIVÉNS DA CÔRTE
que o matrimónio já estava por via de direito declarado nulo; mas o acórdão do
Cabido só a 24 de Março foi publicado. A pressa com que decorria o processo
terá causado estas contradições. Talvez que o Cabido já tivesse manifestado a
sentença ainda não promulgada, e êsse conhecimento o tenha comunicado Verjus
ao Cardeal, que lavrou com êsse fundamento o seu Breve. Verjus chegou a
Lisboa, vindo de Paris, a 27 de Março, ou três dias depois da publicação do
Acórdão. Cf. Causa de Nulidade..., 195. Carta de D. Pedro ao Cabido, de Lis¬
boa a 31 de Março de 1668; Pires de Lima, D. Afonso VI, 66, 67.
C. VIL —OS CONFESSORES DA CÔRTE 521
(!) T. do T., Armário Jesuítico, n.° 22, ff. 41-56 ; Arq. S. J., Lus. 75, f. 92-93.
Carta cit. de Nuno da Cunha, de 14 de Fevereiro de 1668. — A dissertação
começa por estas palavras : Proposta d’hu cazo grauissimo no qual se perguntam duas
cousas... -O autor da mesma dissertação declara lhanamente que está preparado
para resolver o caso, porque além de quatro anos que leu Filosofia na Universi¬
dade de Évora, professou na mesma Universidade seis anos de Teologia moral
e especulativa, doutorou-se em Teologia, fazendo todos os actos prescritos, e no
colégio de Coimbra ensinou igualmente Teologia moral e especulativa por espaço
de quinze anos, e actualmente era Mestre de casos de consciência na Casa de
S. Roque.
(2) Monstruosidades .... I, 72-74; Hist. Geneal., VII, 463. — Apenas dois
meses depois, ou pouco mais, celebrou o P. António Vieira êste casamento, como
felicidade para Portugal, no Sermam Historico e Panegyrico.. . nos anos da Serenís¬
sima rainha (Vieira, Sermões, XIV, pág. 5 e segs.). O Sermão não o pronunciou
Vieira, impedido pela «enfermidade de seu author », como se adverte na dedica¬
tória, mas foi nesse mesmo ano de 1668 divulgado pela imprensa à ordem da rai¬
nha. No sermão declara-se Vieira totalmente partidário da rainha D. Maria Fran-
cisca, mas por essa afeição perdeu as graças da rainha de Inglaterra, D. Catarina,
irmã de D. Pedro. Êle o diz expressamente : «... Também estou fora da graça
daquela Majestade, por entender que segui mais as partes de Lisboa [D. Pedro]
que as da Ilha Terceira [D. Afonso] no sermão em que me obrigaram a fazer um
manifesto, em que cuido falei com mais decoro, que o tão bem visto e premiado
Catastrophe ». Cartas, II, 319. Carta de Roma, de 18 de Novembro de 1670.
(a) Hist. Geneal., VIII, 463.
522 L. ÍI. — NOS VAIVÉNS DA CORTE
(1) Pastor, Storia dei Papi, XIV, P. I, 562, adverte que Luís XIV pôs à via¬
gem de Villes todos os obstáculos possíveis, e non voleva consentire al Papa iesame
dei giudizio di Lisbona, e minacciaua. per il caso che Clemente non si sottomettese alia
sua volontà, un attaco dal punto di vista gallicano alia tratazione in generale di affari
matrimoniali dei Sovrani da parte dei Papa.
(2) Corpo Dipl., XIV, 30-31. Cartas de D. Pedro ao Cardeal Ursino e ao
P. de Villes, de 10 Setembro de 1668.
(3) B. N. L., Fundo Geral, 589, f. 84.
(4) Pastor, ob. cit., 1. c.; Corpo Dipl., XIV, 34-37. Breve transcrito da T. do
T., maço 9 de Bulas, n.° 13 ; Sousa, Hist. GeneaL, VII, 48-61. Breve tirado da T. do
T., Gaveta 20, maço 8.
C. VII. — OS CONFESSORES DA CORTE 523
Geral das Moedas, T. II, pág. 31 ; no estudo de Josefina Andersen, Cartas Inéditas
de Afonso VI, publicado em Congresso do Mundo Português, VII, 627-628 ; em
Causa da Nulidade ..., pág. XVIII, parcialmente; e utilizaram-na Pires de Lima,
D. Afonso VI, pág. 56 e noutros passos, e a Hist. de Portugal, ed. Monumental,
VI, 115.
(1) Cf. Fortunato de Almeida, Hist. de Portugal, IV, 240.
(2) Sampaio, Memória sobre a Ilha Terceira, 553. — Em Monstruosidades . ..,
I, 133, conta-se esta mudança com expressões ao mesmo tempo de tragédia e de
sátira. Com as sátiras alveja a Companhia de Jesus. Não sabemos porém o cré¬
dito que merecem as afirmações do autor, inimigo declarado daquela Ordem
Religiosa.
CV
(3) Na B. P. Ebor., códice —pp, f. 151, lê-se o < Preito e homenagem que
Francisco de Brito fez da pessoa d'Elrei Dom Afonso 6®, que se lhe entregou p*
levar á Ilha Terceyra no anno de 1669 ».— «Porque V. A. he servido de me
mandar á Ilha Terceira encarregandome o servisso e guarda da pessoa d'ElRey :
Eu Francisco de Brito Freire do Conselho da Guerra de V. A. Almirante da
Armada Real faço nas mãos de V. A. preyto e Omenagem . .. , e prometto de ter
com todo o resguardo e segurança a pessoa d ElRey, que V. A. he servido entre-
garme . .. ».
(4) Monstruosidades ... I, 136-138. — Em princípio^ de 1671 foi Brito Freire
transferido para a Tôrre de S. Julião (Monstruosidades.... II, 112; Vieira, Cartas,
II, 333-334). O desconhecido autor das Monstruosidades. . ., 1. c., afirma que os
Padres da Companhia despiram a Brito Freire a roupeta da Companhia, que lhe
tinham vestido, para o entregarem à justiça; e o autor, igualmente desconhecido,
da Anti-catastrophe assevera que os Padres negaram a Freire a roupeta que êle
lhes pedira. Anti-catastrophe, 484.
526 L. II.— NOS VAIVÉNS DA CÔRTE
bro de 1695. Arq. S. J., Lus. 46, f. 82, f. 193v, catálogo de 1681 e 1690 ; B. N. L.,
Fundo Geral, 750, f. 45 — Para Roma assim deu o Núncio a notícia da morte do
rei: « Hieri nel mezzo giorno, stando per altro il Re Affonso in stato passabile di
salute, e solamente soggetto à quello che sopraggiunse per la sua straord.® gros-
sezza, fu colpito da tre accidenti apopletici, che uno dietro 1'altro le caricarno, et
alia notte spiro » (Arq. do Vat., Nunz. 39, f. 183. Carta de 13 de Setembro de
1683). O mesmo Núncio, em 20 de Setembro dêsse ano mandou também para
Roma minuciosa relação da morte do rei, e das solenes exéquias e da trasladação
do cadáver de Sintra para o mosteiro de Belém, celebradas no sábado 18 do mês
(Ibid., f. 200v-203).
P) Arq. do Vat., Nunz. 39, f. 304. Carta de Lisboa a 27 de Dezembro de
1683. — No mesmo dia mandou ainda o Núncio para Roma notícia com mais por¬
menores por êstes têrmos : « Dopo molti mesi di travagliosa infirmità, ha la Regina
reso 1'anima sua al Creatore hoggi alie trè hore dopo mezzo giorno premuuita con
i Santissimi Sacramenti delia Chiesa, et persuadono a confidar che sia andata à
godere 1'eterna gloria, non solo 1’insigni virtú che sempre hanno risplenduto in S.
Md* in tutto il corso delia sua vita, quanto la somma rassegnazione con la quale,
da che si comincíó á aggravare il suo male, si rimesse al voler divino, mentre
sofferendo con heroica pazienza li suoi dolori, et incommoditá, che erano ben
grandi...» [Ibid., f. 305).
A 10 de Janeiro de 1684 diz o Núncio que o corpo da rainha falecida foi
levado, em soleníssima pompa fúnebre, para a pequena igreja das freiras capuchi-
nhas, francesinhas, fundadas por ela, e ali se conservará até ser trasladado para
para a igreja nova do Convento. Arq. do Vat., Nunz. 40, f. 7. Cf. Franco, Syn.
Ann. 1683, n.° 12.
No códice 4231 do Fundo Geral da B. N. L., Livro dos q morrem em Évora,
lançou-se esta nota de louvor à rainha falecida : « Aos 27 dia de S. João Evange¬
lista ás 3 horas da tarde morreu a Snra Rainha com grandes mostras de predes¬
tinada pella muita paciência com-de sua doença : fói depositada no convento
das Engrizinhas (!). Não durou muito depois da morte de El Rey Dom Affonso seu
p.ro marido mais que tres meses e 17 dias, a qual Senhora será memorável na
Comp.a polias obras que fez no Noviciado de Lx.® de hüa capella as mil maravi¬
lhas obrada a todo o custo; enfim de Raynha de Portugal ».
(2) Franco, Syn. Ann. 1680, n.° 6. — D’Ablancourt nas suas Mémoires,
Amsterdam, 1701, pág. 319, diz do P, de Villes: « Ce Religieux de la Compagnie
528 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CÔRTE
de Jésus qui a été trés fidèle à sa maitresse [a rainha] & quí s'est gouverné avec
beaucoup d'esprit & de prudence à travers tous les écueils de cett mer & de ces
tempêtes, aprouva le desein de la reine... >.
(1) Arq. do Vat., Nunz. 36, f. 315. 9 de Setembro de 1680.
(2) Franco, Syn. Ann. 1683, n.° 12.
(3) O P. Nuno da Cunha em carta, já citada, de 14 de Fevereiro de 1668,.
diz que nessa data ainda Fernandes não fôra eleito confessor do Príncipe. Arq,
S. J., Lm. 75, f. 93.
(4) Franco, Imagem .... II, 596.
(5)Mémoires sur le Portugal, em Memórias sôbre Portugal no reinado de
D. Pedro II, artigo de Prestage, pág. 13, (Separata do Arq. Histórico de Portugal).
(6) Jbid., pág. 27.
C. VII. — OS CONFESSORES DA CÔRTE 529
(1) Cartas, III, 238. Carta de 10 de Novembro de 1677. Cf. lbid. pág. 241,
Carta de 27 de Dezembro de 1677.
(2) Arq. S. J., Lus. 75, f. 181-181v. Carta, em língua italiana, escrita de
Lisboa ao Geral a 14 de Novembro de 1677. Autógrafa (?). Nesta mesma carta
assim descreve Vieira a competência e actividade da Junta dos Três Estados:
« Há nesta Côrte um Tribunal composto dos Estados do reino, e por isso se chama
Junta dos Três Estados. Os Ministros com o nome de Deputados (sem Presidente)
são seculares de primeira nobreza, e eclesiásticos também nobres e comumente
bispos eleitos ou eligendos, com honorário de 500 cruzados por ano. O exercício
dêste Tribunal é a superintendência de tributos, com ampla jurisdição não só
sôbre os devedores de tributos, que são quási todos, mas sôbre grande número
de oficiais inferiores para execuções ordinariamente violentas. Recolhido por
êste modo nas mãos dos tesoireiros o dinheiro, o distribuem nas despesas da
guerra ou da paz, a soldados, cavalaria, fortalezas, armadas, embaixadas, etc., em
suma negócios meramente temporais e seculares >. (f. 181).
532 L. II. - NOS VAIVÉNS DA CÔRTE
(1) Arq. S. J., Lus. 38, f. 26v*28. Carta do Geral, de Roma a 8 de Janeiro
de 1678.
(2) Cód. cit., f. 24v-26v. Carta de 8 de Janeiro de 1678.
(3) Carta citada do Geral a Vieira, em 8 de Janeiro de 1678.
534 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CORTE
(1) Arq. do Vat., Nunz. 34, f. 48. Carta do Núncio ao Cardeal Secretário,
de Lisboa a 7 de Março de 1678.
(2) Corpo Dipl. XV, 320. Carta do embaixador de 20 de Abril de 1678.
Cf. Ibid., pág. 310. Carta do embaixador de 16 de Abril de 1678.
(3) Arq. do Vat., Nunz. 158, f. 75v-78. Carta do Cardeal Secretário ao
Núncio, de Roma a 1 de Maio de 1678. Cf. F. Rodrigues, A Formação Intellectual,
392, nota (*).
(4) Arq. do Vat., Nunz. 34, f. 48-50. Carta de 7 de Março de 1678.
(5) Franco, Imagem, II, 597 ; Arq. do Vat., Nunz. 43, f. 54. Lisboa, 3 de
Março de 1687.
T. III-Vol. I — F. 36.
536 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CORTE
(1) Arq. S. J.f Lus. 38, f. 36. Carta do Geral, de Roma a 10 de Novembro
de 1678.
(2) Arq. do Vat., Nunz. 26, f. 94. Cifra do Núncio de 22 de Setembro
de 1671.
(3) Arq. do Vat., Nunz. 25, f. 102-102v. Carta do Núncio ao Cardeal
Secretário, de Lisboa, a 13 de Julho de 1671.
(*) B. P. Ebor., doc. n.° 21 : Breve de 18 de Julho de 1691.
(5) Arq. do Vat., Nunz. 44, f. 102. Carta do Núncio, arcebispo dè Rodi, ao
Cardeal Secretário, de Lisboa a 15 de Março de 1688. Neste tempo já D. Pe¬
dro II consultava o P. Magalhães, que no ano de 1688 era reitor do colégio de
Santo Antão desde 25 de Abril de 1686.
(6) Arq. do Vat., Nunz. 49, 232-232v. Cf. Arq. do Vat., Nunz. 161, ff. 44v-45.
Carta do Cardeal Secretário ao Núncio, de Roma a 22 de Novembro de 1693.
538 L. II. — NOS VAIVÉNS DA CORTE_
(1) Arq. S. J., Lus. 75, f. 247. Carta autógrafa, de Lisboa a 1 de Setembro
de 1693.
(2) Arq. S. J., Lus. 38, f. 158. Carta anónima, dirigida ao Geral da Com¬
panhia a 22 de Junho de 1698. De carta do Geral, de 29 de Novembro de 1698,
consta que o autor da carta anónima é o P. Miguel Dias (Ibid., f. 159-159v).
C. Vil. — OS CONFESSORES DA CÔRTE 539
I
C. VIL — OS CONFESSORES DA CORTE 541
(J) Arq. S. J., Lus. 15, f. 277. Carta autógrafa de M. Pires ao P. Geral, de
Lisboa a 17 de Setembro de 1697.
\
APÊNDICE
/
APENOIGE
DE
DOCUMENTOS INÉDITOS
Collegium Eborense
Collegium Bracharense
Collegium Portuense
Collegium Scalabitanum
Collegium Brigantinum
Collegium Elvense
>»
Collegium Portalegrense
Collegium Cetobricense
Collegium Pharense
Collegium Funchalense
Collegium Angrense
Collegium Fayalense
Collegium Angolense
Seminarium Hibernorum
4 de Junho de 1626.
Jhs
Pax xpi
Naõ quero faltar a esta obrigaçam, posto que o cumprimento
delia me seja m.t0 penoso.
Ao domingo a tarde 17. de Majo chegamos a Leam depois
de m.tos trabalhos porem todos com saude; mas aos dezanoue
depois de jantar se achou o p.c F,co de mendoça mal disposto, e
LIVRO PRIMEIRO 553
3
/
Carta da Villa de Arganil para o P. Reitor
do Colégio de Coimbra
Seguem-se 9 assinaturas
Pax X.
Pouco ha q escreuí á V. R. mais largo pelo P.« Assistente,
q uay soceder á V. R. e ainda o acharão em Lx.a as cartas:
agora faço esta á ventura, se o achará ainda, só p.a tornar a
encomêdar á V. R. as cousas desta Fundação de Villa Noua de
portimão, & que não se uenha V. R. sem nos trazer de nosso
R.do P.e cartas m.to honorificas, & de Irmandade p.a o S.or Fun¬
dador; o qual também escreue a V. R. nesta ocasião pedindo o
mesmo & que he tempo de cõfirmarê este Coll.° de todos os
títulos & fauores, que se costumão, como de mãdarê dizer as
missas de fund.or uiuo, pois tera dado mais de seiscentos mil rs
de renda, e pedido por uezes tomemos logo posse delia, em que
dissimulamos, por que luz mais tudo na sua mão: & tanto monta
como estarmos de posse, pois tudo gasta na fabrica da Igr.a que
agora se se faz, & irá continuando a do Coll.° cõ oficiaes &
mestres insignes, que fez uir de Lx.a uay a obra perfeitis.® & não
hauerá em todo o Reyno Igr.a tam bem feita como esta, nem em
toda a Comp.a Coll.° mais bem traçado.
Ao Ir. M.cl Luys deuemos m.to nesta parte, por que as suas
industrias & m.ta agencia nos tem tudo posto, não so em grande
altura, mas em uia p.a se obrar cõ facilidade & acerto : & pode
ser que por isso tem padecido emulações, & persiguições, que
prasa a Deos não terão chegado á Roma: mas se lá tiuer che¬
gado algua cousa cõtra elle, crea V. R. o que he certo, que em
tudo este irmão obra cõ grande acerto, & que procedeo nesta
Villa, algus dias, que nela esteue, cõ ser sua patria, cõ grandiss.®
LIVRO PRIMEIRO 555
modéstia & exemplo! não sei que tomou cotra elle o P.c João
da Costa, que aqui estaua assistindo a isto! cuido que seria
inueja de uer, que mais obrou hü Irmão em 8 dias, que elle em
hü ano: e que tudo quãto elle obrou forão erros, que nos foy
necess.® derrubarmos: & o que o Irmão M.el Luys traçou e exe¬
cutou uai acertado. Importa que V. R. enteire nosso R.d0 P.e
desta uerdade, p.a que agradeça & estime á este Irmão o bem
que faz tudo: & que nos uenha cõ licença p.a nos continuar nas
ajudas que nos tem dado, & p.a uir á esta terra, quando nos for
necess.® como ate o Sr.or Fundador pede. Agora cõ esta sua
iornada á Roma nos descompoz m.to tudo, porque tudo fazíamos
vir de Lx.a, & toda a pedraria la se lavrou, & agora ficamos sem
quê nos assista em Lx.a á m.tas cousas, que la nos deixa em
aberto. Eu espero q venha V. R. ser nosso Prou.al iá que man¬
darão agora o P.e Tinoco á Coimbra p.a ser la o Prou.al & então
uerá V. R. quã dignas sã estas obras de todos as fauorecerè &
ajudarê. Eu aqui me estou fazendo o que posso por conseruar a
beneuolencia da gente & principalm.te do S.or Fund.or ainda que
as forças ia não me ajudão tanto, como eu quizera, & matéria
de tanta importância pede. O S.or Fundador tem grande amor a
V. R. por que lhe dou esperanças q como V. R. uier nos hade
ajudar & fauorecer com o zelo que costuma por em todas as
cousas do seruiço de Deos & eu não tenho mais que dizer a
V. R. porq há pouco q escreui mais, & como uão portadores
práticos, eíles cotarão tudo ao P.e G.ar de Gouuea peço m.t0 a
V. R. me encomêde m.to p.a que dessa Assistência nos ajude ; eu
lhe escreui a Lx.a & me prometeo grandes fauores p.a esta Fun¬
dação, p.a q creça não me falte V. R. cõ sua benção em q m.to
me encomendo. Villa Noua 14 de Feuer.° de 1662.
Manoel da Costa
Arq. S. J., Lus. 75, fl. 46. Autógrafa.
27 de Janeiro de 1666.
Reuerendissimo Padre
Se a uossa P.de Reuerendissima fora prezente o grande amor
que a nobreza, ecleziastico, e pouo desta Cidade tem â muyto
ilustre Religião da Companhia de Jezu, não exprimentaramos o
sentim.t0 de huma noticia que por huns longes nos chegou, de
que uossa Reuerendissima nos queria privar da grande consola¬
ção que nos acompanha em ter nesta C.de Religiozos da Compa¬
nhia, e ahinda que nos não persuadimos a tal o amor nos fas
temer, e Reprezentar a uossa Reuerendissima, que sendo esta
C.dc das mais nobres e antigas do Reino ; Cabeça do estado de
Sua Alteza o Principe N. S. que Ds g.de, e de sínco para seis,
mil uezinhos, no Coração da prouincia do Alenteyo, e no ter¬
reno mais pingue de Portugal con grãdes pouoações, Villas,
Lugares, e aldeas, em sua comarca, em destrito de uinte léguas,
que lhe pertençem, que fazem mais de sincoenta, em circuito, em
que entra parte do dilatado Campo de Ourique, m.t0 celebre por
nos dar o pr.° Rey de Portugal. E pa aualiarmos esta nobre cidade
por huma das melhores do mundo sô nos falta termos nella hum
Colégio da Companhia de Jezu; Porque como Catolicos agarde-
cidos a Deos, pella abundancia temporal, com que emRiqueçeo
esta nossa Cidade dezeyamos nos não falte o pasto espiritual
da doutrina que a Comp.a com espeçialidade, e modo tão nota-
uel sabe ensinar; o que bem entenderão nosos antepasados, de
558 APÊNDICE DE DOCUMENTOS INÉDITOS
Seguem-se 5 assinaturas.
Seguem-se 12 assinaturas.
\
Conde da Vidigueira,
10
11
Rey
Para o Provincial da Companhia de Jesus.
i2 *
Senhor
13
Excellentiss.0 Sor
Joam de Mattos
- CVT
Bibl. P. Ebor., Cod. yy, f. 81. Autógrafa.
14
/
CVT
Bibl. P. Ebor,, yy, ff. 205*206. Cópia.
/
LIVRO PRIMEIRO 567
15
P. C. •
Antonio Vieyra
N •
16
Reverendíss.0 P. N. G.1
P. C.
V
LIVRO PRIMEIRO 569
Antonio Viejra.
17
Criado de V. S.a
Antonio Vieira
18
Antonio Vieyra
PAG.
Prólogo VII
INTRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA
LIVRO PRIMEIRO *
CAPÍTULO I
CAPITULO II
CAPITULO III
CAPITULO IV
CAPÍTULO V
NA MATEMÁTICA
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO VIII
PAG.
LIVRO SEGUNDO
CAPÍTULO I
A CAMINHO DA LIBERDADE
CAPÍTULO II
NA RESTAURAÇÃO DE PORTUGAL
A
CAPÍTULO III
NA CONSOLIDAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA
CAPÍTULO IV
PAG.
CAPÍTULO V
**
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO VII
%
OS CONFESSORES DA CÓRTE
Abranches, Álvaro de, 453. Almeida, António de, 299, 358, 359.
Abreu, António de, Provincial, 125. Almeida, Bernardo de, 209.
Abreu, António de, ministro do colé¬ Almeida. Brás de, 191.
gio de Angra, 359. Almeida. Cândido de, 91.
Abreu, Francisco Gomes de, 67, Almeida, D. Cristóvão de, bispo de
Abreu, Sebastião de, 91, 92, 176, 177, Martíria, 123.
181, 357, 496. Almeida, Francisco de, 106.
Adolfo, D. Gustavo, rei da Suécia, 418. Almeida, Gregório de, veja-se Vascon¬
Afonso VI, D., rei de Portugal, 57, celos, João de,
127, 135, 143, 145, 398, 399, 434, Almeida, João de, da Província do
448, 507, 512-518, 519-526. Brasil, 81, 92, 380, 381, 452, 533.
Afonso, Gaspar, 90. Almeida, D. Jorge de, 5.
Afonso, Pedro, 49. Almeida, Manuel de, 72.
Aguiar. Francisco Leitão de, 41. Almeida, Manuel de, missionário da
Aires, Cristóvão, 408, 409. Etiópia, X, 157, 158.
Aires, Francisco, 89. Almeida, Miguel de, 96.
Albergati, D. António, bispo de Bí- Almeida, Pedro de, de Évora, insigne
sceglia, Coleitor, 7, 8, 253, 268. humanista, 78, 86.
Albertoni, D. Gaspar, bispo de Sant’- Alpedrinha, colégio de, trata-se da
Angelo, Coleitor, 285, 286. fundação, 53, 61. — Oposições ao
Albuquerque, Afonso de, 106. colégio, 54-61.—Fundação frus¬
Albuquerque, André de, 23. trada, 61.
Albuquerque, André Lopes de, 56. Álvares, António, 28.
Albuquerque, Francisco Luís de, 285, Álvares, António, soldado da Restau¬
Albuquerque, João de, humanista, 83, ração, 412, 413.
Albuquerque, João de, matemático, Álvares, Baltasar, 119, 148.
206, 208. Álvares, João, 115, 259.
Albuquerque, Matias de, 405, 410. Alvares, Luís, orador do século XVI,
Alcácer-Quibir, 5, 7. 7, 125, 329.
Aldonça, D., 18. Álvares, Luís, orador do século XVII,
Alenquer, colégio de, malogra-se a 90, 97, 135, 144, 183, 184, 495,
fundação de colégio. 63, 64. 534.
Alexandre VII, Sumo Pontífice, 293, Álvares, Luís, matemático, 205.
421 463, 467. Álvares, Manuel, 27.
Alexandrino. Clemente, 138. Álvares. Sebastião, 299.
Alfama, Colégio da, fundação do Co¬ Amado, Paulo Lourenço, 21,
légio, 47, 50. — Contradições, 49. Amado, Vicente, 298,
— Primeiras aulas, 49, 50.— O edi¬ Amaral, Baltasar de, 165.
fício do colégio, 50. Amaral, Francisco de, 125, 145.
Almada, André de, 241, 314. Amaral, Gaspar de, 371.
Almada, Francisco de, 291, 452, 534. Amaral, Manuel de, 212, 216, 217.
Almeida, António de, professor de Amaral, Miguel de, 302, 303.
Matemática, 24. Amaral, Pedro de, 184.
580 VOL. I — PROSSEGUIMENTO — NA CÔRTE
Castro, Fernando de, conde de Basto, 7, Cordeiro, António, X, 27, 51, 52, 53,
Castro, D. Francisco de, bispo Inqui¬ 150, 151, 153, 169, 175, 182, 301,
sidor-Geral, 124, 240. 359.
Castro, João da Silva de, 230. Cordeiro, Manuel, 181.
Castro, José de, 212. Cordeiro, Pero, 372.
Castro, Luís Pereira de, 560. Correia, Álvaro, 301.
Castro, Luís Vieira de, 517. Correia, Gaspar, 83, 335, 338, 340, 341.
Castro, D. Miguel de, arcebispo de Correia, João, 256, 257, 258, 259.
Lisboa, 7, 8, 9. Correia, Lourenço de Brito, 383.
Catarina, D., duquesa de Bragança, Correia, Manuel, de Extremoz, 62.
329. Correia, Manuel, natural de Luanda,
Catarina, D., rainha da Inglaterra, 181.
168, 305. 472, 475, 541. Correia de Sá e Benevides, Salvador,
Catarina, D., rainha de Portugal, 220. 380, 381, 385.
Cavalheiro, Rodrigues, 343. Cosmander, João Pascásio de, 172,
Cavide, António, 526. 187, 408, 409, 410. 411, 412.
Ceita, João de, 123. Costa, Álvaro da, 5, 7.
Céu, Maria do, 102, 103, Costa, António da, 7.
Chagas, António das, X, 123. Costa, A. Fontoura da, 190.
Chagas, Diogo das, 359. Costa, Báltasar da, 493.
Charlet, Estêvão, 171. Costa, Duarte da, Governador do Bra¬
Chiaramonti, Jerónimo, 73, 197. sil, 5.
Chigi, Cardeal, 420. Costa, Duarte da, 5, 6, 7.
Chisai, S. Diogo, 311. Costa, Francisco da, 188.
Chumacero, João de, 413. Costa, Francisco da, Veja-se Mendoça,
Cibo, Alderano, Cardeal, 535. Francisco de, 7.
Cidade, Hernani, 109, 128, 129, 438, Costa, João da, 35, 192, 555.
441, 450. Costa, Jorge da, 143, 496, 519, 533.
Ciermans, João Pascásio, veja-se Cos- Costa, Jorge Álvares da, 297.
mander. Costa, Manuel da, 35, 36, 60, 87, 93,
Clávio, Cristóvão, 166, 188. 94, 97, 554-557.
Clemência, Marina, veja-se Maria do Costa, Manuel da, estudante de Mate¬
Céu, 102, 103. mática, 191.
Clemente IX, Sumo Pontífice, 522, 523, Costa, Paulo da, 391, 393.
524. Couplet, Filipe, 96.
Clemente X, Sumo Pontífice, 473, 476, Coutinho, João, reitor da Universidade
496, 529. de Coimbra, 314.
Coelho, Manuel Nunes, 63. Coutinho, João, 138.
Cogominho, Diogo Pereira, 116. Coutinho, João da Fonseca, 21.
Coimbra, colégio de, mais dois pro¬ Coutinho, Leonor, 287.
fessores de Moral, 71, — Dívidas, Coutinho, Roberto, 8.
246. Couto, António do, 380, 394, 395.
Colaço, António, 7, 11, 12. Couto, Estevão do, 83.
Coluno, Hugo, 23. 24. Couto, Sebastião do, 148, 149, 338,
Companhia de Jesus, na cultura do 339, 340, 341.
século XVII, XI-XII, 3. Cristina, D., rainha da Suécia, 474,
Congregação de Nossa Senhora da . 477, 418 421.
Anunciada nos colégios da Com¬ Cruz, Fernando da, 273.
panhia, 294. — Da Boa Morte em Cruz, Francisco da, 162, 164.
várias cidades e colégios. 294, 295. Cruz, Luís da, 110.
— De. Santo Inácio Penitente, Cruz, Manuel da, 368.
295, 296, 297. — De S. Francisco Cunha, Domingos da, 53, 54, 55.
Xavier, em Eivas, Vila-Viçosa, no Cunha, Francisco Teixeira da, 373.
Faial, no Pôrto, em Coimbra, em Cunha, João Nunes da, conde de
Bragança, Setúbal e Ponta-Del- S. Vicente, 187, 506, 507, 511,
gada, 297, 298. 514.
Conti, António, 512. Cunha, Manuel da, bispo de Eivas,
Copérnico, Nicolau, 166, 168. 17, 18, 19, 22.
Índice alfabético 583
Cunha, Nuno da, 18, 54, 58, 6o, 113, Espinha, José de, 209.
114, 223, 225, 229, 230, 231, 232, Espinosa, B., 173.
240, 241, 272, 273, 279. 281, 282, Estaço, João, 479.
345, 346, 347, 354, 355, 416, 417, Estancei. Valentim, X, 23, 193, 194.
418, 480, 481, 487, 509, 510, 518, Estevão, Tomás. 96.
519, 520, 528. Fugnani, Prospero, 522.
Cunha, Pedro José da, 198. Fagundes, Estevão, X, 150, 177, 178,
Cunha, D. Rodrigo da, bispo de Por¬ 355.
talegre e do Pôrto, e arcebispo Fagundes. Manuel, 83.
de Braga e de Lisboa, 77, 343. jFaial, Colégio do, fundação, 25 3o. —
Cunha, Salvador da, 373. Fundadores ’ Francisco de Utra
Cunha, Simão da, 143. Quadros e D. Isabel da Silveira,
Cysat, J. B.. 166, 168. 26, 27. Inaugura-se o Colégio
D'Ablancourt, Mr. Frémont, 527. em 2 de Dezembro de 1652, 28. -
Delgado, Joâo, X, 186, 188. Edifício do colégio e igreja, 29, 30.
Descarfes, Renato, 170, 171, 172, 201. Faial. Ilha do, 25, 26
Dias, Jerónimo, 259. Fulónio, Simão, 191, 192, 408.
Dias, Manuel, missionário da Índia, faria, João de, 291.
208. Faria, Manuel Severino de, 311, 331,
Dias, Manuel, missionário da China, 338.
208. . Faria, D. Tomé de, bispo de Targa,
Dias, Manuel, Provincial da Provín¬ 308.
cia de Portugal, 123, 169, 497. Faro, colégio de, dívida, 246.
Dias, Mateus, 378, 379. Feio, Alberto, 66.
Dias, Miguel, 5o3. 538, 539, 540. Felner, Alfredo de Albuquerque, 311.
Dias, Sebastião, 188. Feo. António, 123.
Diofanto, algebrista de Alexandria, Fernandes, André, 78, 87, 336, 400,
201. 447, 503, 505, 506, 507, 508, 509,
Direito Canónico, X, 177-182. 510, 511.
Duarte, D , rei de Portugal, 333. Fernandes, António, X.
Duarte, D., infante, filho de D. Ma¬ Fernandes, António, confessor da rai¬
nuel, 333. nha da Grã-Bretanha, 503, 541.
Duarte, D., filho de D. João III, 333. Fernandes, Bento, X.
Duarte, D., filho do infante D. Duarte, Fernandes, Francisco, 386.
333. Fernandes, Gaspar, 144, 182.
Duarte, D., filho da duquesa D. Cata¬ Fernandes, Manuel, Provincial do Bra¬
rina, 333. sil, 385. 386.
Duarte, D., filho da princesa de Par- Fernandes, Manuel, confessor de D. Pe¬
ma, 333. dro II, 27, 89, 492, 493, 494, 495,
Duarte, D., Infante, irmão de D. João 496, 500, 503, 519, 528-537, 567,
IV, 129, 141. 572, 573.
Duarte, Bartolomeu, X, 24, 35, 36, Fernando II, D., 3.® duque de Bra¬
192, 193. gança, 391.
Durazzo, Mons. Marcelo, Núncio Apos¬ Ferreira, António, professor de Retó¬
tólico em Lisboa, 131, 499. rica em Évora, 109.
Duroy,' Henrique, veja-se Régio. Ferreira, António, lente de Teologia,
Eivas, colégio de, fundação, 16-25. — H9.
Oposições, à fundação do colé¬ Ferreira, António Fialho, 368, 369.
gio, 16-18. — Amigável composi¬ Ferreira, Domingos, 15.
ção com o bispo D. Manuel da Ferreira, Francisco, Vice-reitor do co¬
Cunha, 18, 19.— Princípio e pri¬ légio de Pernambuco, 385.
meiros fundadores do colégio, 19, Ferreira, Francisco, professor de Re¬
20. — No bairro de S. Martinho, tórica em Évora, 119.
no sítio de Santiago, 20, 21. — Ferreira, Joaquim, 94, 438.
Construção do colégio e igreja, Ferreira, Lino (?), Luís, 297.
24, 25. Ferreira, Manuel, 162.
Escobar, Manuel, 143, 339, 342, 343. Ferreira, Tácito, 90.
Esperança, Manuel da, X. Ferreira Drumond. Francisco, 294.
T. III - Vol. I - F. 39
584 VOL. I — PROSSEGUIMENTO — NA CÔRTE
Ferreira Lima, Henrique de Campos, Gama, Francisco Luís da, 6.° conde
421. da Vidigueira, 559, 560.
Fialho, Manuel, 162, 163, 164, 335, Gama, Francisco António da, 39.
339. Gama, João da, 285.
Figueira, Luís, 96. Gama, Pedro Correia da, 385.
Figueiredo, André Rodrigues de, 194. Gama, Simão da, 139.
Figueiredo, Luís Pinto de, 372. Gama, Simão da, reitor da Universida¬
Filipe 11, D., rei de Espanha, 354. de de Coimbra, 233, 235, 236, 237.
Filipe 111, D., rei de Espanha, 7, 104, Gama, Vasco Luís da, 5.® conde da
109, 111, 279, 313, 331, 332. Vidigueira e 1.® marquês de Niza,
Filipe IV, D., rei de Espanha, 10, 220, 233, 414, 415, 416, 438, 439, 487,
221, 242, 271, 273, 326, 327, 336, 489, 490, 560, 565.
339, 340, 341, 355, 371, 384, 413, Garcia, António, 6.
415, 423. Garcia Afonso, D., rei do Congo, 394,
Filippuci, Francisco Xavier, 293, 294. 395.
Filologia, X, 94, 95, 96. Garret, Almèida, 16.
Filosofia, IX, 165-174. Gelarte, Jorge, 194, 195.
Fonseca, António da, 503, 526. Geroldes, Domingos, 16.
Fonseca, Baptista Fangueiro da, 21. Gersão, João, 205.
Fonseca, Cristóvão da, 85. Gibbons, Ricardo, 195.
Fonseca, Francisco da, 85, 91, 163, G/7, Cristóvão, X, 118.
262, 236. Giraldes, Manuel Marques, 54, 55.
Fonseca, D. Gaspar do Rêgo da, bispo Glorioso, Camilo, 168.
do Pôrto, 343. Godinho, Manuel, 91.
Fonseca, João da, 44, 89. Godinho, Nicolau, 79.
Fonseca, Pedro da, o Aristóteles por¬ Góis, Manuel de, 148.
tuguês, IX, 118, 327. Gomes, André, 78, 92, 142, 311, 352.
Fonseca, Sebastião, 257. Gomes, Constantino, 265.
Fonseca, Vasco da, 90. Gomes, Francisco, 143.
Fortes, Manuel de Azevedo, 187. Gomes, José, 501.
Fragoso, Baptista, X, 179, 180, 261. Gomes, Manuel, 67.
Francisco, Infante D., 164, 540. Gomes, Paulo, 71, 180.
Franco, António, XIV, 14, 22, 23, 29 Gomes, Simão, Sapateiro .santo, 91,
69, 70, 78, 81, 82, 95, 103, 136, 330.
144, 145, 149, 151, 153, 163, 168, Gomes Teixeira, Francisco, 212.
178, 179, 189, 196, 197, 292, 302, Gonçalves, Antão, 41.
303, 315, 320, 418, 419, 420, 515, Gonçalves, Diogo, 34, 35.
528, 536, 539, 541. Gonçalves, Garcia, 67.
Franco, Filipe, 377, 380. Gonçalves, Luís da Cunha, 368.
Franco, Luís Dias, 165. Gonçalves, Manuel, 28.
Freire, André Velho, 31, 32. Gonçalves, Sebastião, 162.
Freire, Francisco, 326, 335, 339, 401, Gonzaga, Luís, 205, 207, 208.
552. González, Tirso, 4, 132, 150, 198, 201,
Freire, Francisco de Brito, 525. 202, 203, 204, 206, 303.
Freire, Francisco José, 154. Goto, S. João de, 311.
Freire, Simão da Costa, 55, 59. Gouveia, António de, 162.
Freitas, Manuel de, 49. Gouveia, Bento de, 119.
Frissendorff, João Frederico, 421. Gouveia, Cristóvão de, 279.
Fróis, Luís, 160, 161. Gouveia, Francisco de, 285, 286.
Fróis, Luís Botelho, 373. Gouveia, Gaspar da, 451, 366, 418,
Frutuoso, Gaspar, 153. 451, 472.
Fuess, Leopoldo, 44, 45, 503, 539, Gouveia, João da Silva, 2.® marquês
540. de Gouveia, 473, 475.
Galego, Pedro Esteves, 59. Gracia, Álvaro, 34.
Galileu, 166. Gregário X1ÍI, Sumo Pontífice, 247,
Gall, Crisóstomo, 189. 249.
Gama, Francisco da, conde da Vidi- Gregório XV, Sumo Pontífice, 253,
gueira, 283-287, 254, 255,
ÍNDICE ALFABÉTICO 585
Matos, Manuel de, 43. Meneses, Luís de, 353, 409, 440.
Matos, Manuel Freire de, 60. Meneses, Manuel de, 186.
Matos e Noronha, D. Sebastião, bispo Meneses, Manuel de Magalhães de, 458.
de Eivas, 17. Meneses, Pedro de, bispo eleito, 363.
Matos Sequeira, Gustavo de, 109. Meneses, fr. Pedro de, 213.
Mazarini, Cardeal, 438, 439. Meneses, Pedro César de, 374, 375,
Melo, Domingos, 307. 377, 394.
Melo, Francisco de, marquês de Fer¬ Meneses, Rodrigo de, 443,458, 475.570.
reira, 255, 334, 401. Meneses, Sebastião César de, 485, 513.
Melo, Francisco de, Monteiro-mór, Mere, Gaspar de, 313.
344. Metela, Miguel de, 358.
Melo, Francisco Manuel de, X, 94, Mexia, Afonso de, 500.
149, 150, 165, 166, 187,338,339, Miki, S. Paulo, 311.
341, 342. Mimoso, João Sardinha, 105.
Melo, Gonçalo Leitão de, 356. Móbili, Vicente, 278, 355, 363.
Melo, Jorge Correia de, 391. Molina, Luís de, 118.
Melo, D. José de, arcebispo de Évora, Montalvão, marquês de, veja-se Mas-
245, 255-262, 263-266. carenhas, Jorge.
Melo, D. Martim Afonso de, bispo da Monteiro, Diogo, X, 77, 78, 87, 88, 96,
Guarda, 497. 98, 265, 266.
Melo, Martim Afonso de, conde de Monteiro, Manuel, 41, 62, 302, 358,
S. Lourenço, 21. 390, 402, 403, 430, 529.
Melo, D. Nuno Alvares Pereira de, Monteiro, Nicolau, 512.
l.° duque de Cadaval, 470. Morais, Manuel de, 90.
Melo, Pero Cardoso de, U6. Morais, Sebastião de, 250.
Melo e Castro, António de, 91. Moreira, José, 85.
Mendes. D. Afonso, patriarca da Etió¬ Morim, António, 78, 84, 133, 138.
pia, 78. 8o, 119, 157, 367, 368. Mota, André da, 28.
Mendes, Francisco, 19. Moura, Fernão Soares, 373.
Mendes, Paulo, 336. Moura, Manuel do Vale de, 118.
Mendes dos Remédios, Dr., 155. Moura, Pedro de, 405, 480, 481.
Mendoça, Diogo da Silva e, 286. Mourão, Paulo, 151, 204, 217, 283.
Mendoça, Francisco de, X, 5, 7, 78, Mucciarelli, José, 466, 467.
82, 83, 97, 104, 123, 124, 125, 148, Múrcia José de, 78.
150, 182, 240, 299, 332, 333, 553. Múrias, Manuel, XI.
MeTidonça, António de, 495. Musarra, João Francisco, 204.
Mendonça, António Teixeira de, 378. Nassau, Maurício de, 383, 384, 385.
Mendonça, Diogo da Silva y, 104. Natividade, fr. Francisco da, 28.
Meneses, Afonso de, 233. Navarro, A. Vinas, 341, 342.
Meneses, Fernando de, conde da Eri- Neugebauer, José, 247.
ceira, 186, 410. Niccolini, Francisco, arcebispo de
Meneses, Fernando de, dominicano, Rodi (Rodes), 537.
488. Nickel, Goswino, Geral da Compa¬
Meneses, Fernão Teles de, 14, 133. nhia de Jesus, 420.
Meneses, D. Francisco de, reformador Nogueira, Luís, 281. 283.
da Universidade de Coimbra, 226, Nogueira, Simão, 456.
240. Noronha, André de, 421.
Meneses, Francisco de Brito, 221, 241. Noronha, Catarina de, 271.
Meneses, Francisco de Sá de, l.° mar¬ Noronha. Inês de, condessa da Vidi-
quês de Fontes, 572. gueira e Marquesa de Niza, 560.
Meneses, Francisco Xavier de, 164. Noronha, Manuel de, reformador da
Meneses, João de, 406. Universidade de Coimbra, 238,
Meneses, João Rodrigues de Sá e, 187. 241, 242.
Meneses, João da Silva Telo e, 367,368. Novais, Domingos, 376.
Meneses, José de, reitor da Universi¬ Novais, Pedro de, 287.
dade de Coimbra, e, depois, bispo Novais, Sebastião de, 15, 318, 319.
do Algarve e Lamego e arcebispo Noyelle, Carlos, Geral da Companhia
de Braga, 233, 572. de Jesus, 198, 214.
588 VOL. I. — PROSSEGUIMENTO — NA CÔRTE
Nunes, Agueda, 26. Pereira, Bento, X, 78, 79, 83, 84, 86,
Nunes, António, 29. 87, 94. 96. 148, 169, 176, 177, 178,
Nunes, Francisco, 22. 179, 187, 314, 495, 519, 520.
Nunes, João, 503, 504, 505. Pereira, Diogo, 8, 69, 70, 355.
Nunes, Manuel, 22. Pereira, Francisco, 279.
Nunes, Pedro, matemático, 212. Pereira, Francisco Maria Esteves, 90.
Nunes, Pedro, 63. Pereira, Jerónimo, 302.
Odoeno, veja-se Audueno. Pereira, João, 15, 299.
Okamoto, Yoshitomo, 161. Pereira, João, macaista, 373.
Oliva, João Paulo, Geral da Compa¬ Pereira, José Pinto, 418, 419.
nhia de Jesus, 38, 63, 132, 159, Pereira, Manuel, 63, 64, 179, 181, 182,
213, 463, 464, 466, 471, 472, 474, %
305,1 496.
476, 477, 515, 568, 572. Pereira, Mendo de Fóios, 501.
Oliveira, Francisco Xavier de, Cava¬ Pereira, B. Nuno Alvares, 365.
leiro de Oliveira, 133. Pereira, Paulo, 139,
Oliveira, João de, 182. Pereira, Teodósio de Faria, 259, 260.
Oliveira, Manuel de, 85, 143, 149. Pereira, Tomás, 208.
Oliveira, Manuel Lopes de, 181. Pereira, Vicente, 314.
Oratória, IX, 121-145. Pereira de Melo, Nuno Alvares, bispo
Ottoboni, Cardeal, 522. de Lamego, 52.
Pacheco, Álvaro Pires, 338, 340, 341. Pereira de Melo, Nuno Alvares, duque
Pacheco, Duarte, 338. de Cadaval, 48.
Pacheco, B. Francisco, 84. Pernes, colégio de, 50-51.
Pacheco, Pantaleão Rodrigues, 453, Peruaçu. capitania de, 6
457, 458. Pessoa, Luís, 442
Pádua, António de, 321. Piccolommi, Francisco, Geral da Com¬
Pádua, Manuel da Gama, 493. panhia de Jesus, 420.
Pais, Álvaro, 287. Pieris, P. E., 160.
Pais, Baltasar de, 123. Pimenta, António, 187.
Pais, Pedro, 157. Pimenta, João, 472.
Paiva, Domingos de, 452, 500. Pimenta, Manuel, 79, 82.
Paiva, Francisco de, 191. Pimenta, Nicolau, 285.
Paiva, Gonçalo de, 67. Pimentel, Álvaro, 133.
Paiva, João de, 376, 377. Pimentel, Francisco, 187.
Palácios, Paulo de, 118. Pimentel, Luís Serrão, 187.
Palluzzi, ou Palluzzi Albertoni, D. Gas¬ Pimentel, Manuel, 187.
par, veja-se Albertoni. Pina, Francisco de, 96.
Parada, António Carvalho de, 254. Pina, Francisco Barreto de, 372.
Paredes. Filipa de, 31, 32. Pina, Gregório de, 9, 83.
Paulo V, Sumo Pontífice, 252, 253, Pinheiro, Domingos, 208.
256, 257, 307. Pinheiro, Francisco, X, 150, 180, 320,
Paulo, S., primeiro eremita, 101, 102. 482, 483, 484, 485, 486.
Pedro II, D., rei de Portugal, 37, 38, Pinheiro, João, 485.
40, 41, 43, 44, 48, 62, 127, 130, Pinheiro, Jorge, 315, 317.
131, 143, 213, 216, 233, 234, 239, Pinto, Brites, 54.
435, 469, 471, 472, 473, 474, 475, Pinto, Fernão Mendes, 155, 156.
476, 477, 492, 493, 494, 495, 497, Pinto, João, 189, 195.
499, 500, 501, 502, 503, 511, 514, Pinto, João do Amaral Abranches, 161.
515, 516, 517, 518, 519-526, 528, Pio V, Sumo Pontífice, 262.
529, 530, 531, 533, 534, 535, 536, Pires, António, 378, 379, 380.
537-540. Pires, Manuel, 503, 541.
Pedro V, rei de Portugal, 524. Pires de Lima, A. A., 525.
Pedro, Adrião, 217, 355, 533. Pires de Lima, J. A., 525.
Peixoto, Pedro, 519. Pires de Lima, Durval, 421.
Pereira, D. Ambrósio, bispo de Ru- Poesia, poesia latina, 82, 83, 85, 86,
siona, 284. 87, 103. — Poesia portuguesa, 98,
Pereira, André, 208. 99, 100, 101, 102, 103, 104, 105,
Pereira, Bartolomeu, 78, 145, 241. 106, 107, 108, 309.
ÍNDICE ALFABÉTICO 589
gio, 320, 321. — IX, 6, 103, 104, Silva, Pedro da, vice-rei da índia,
105, 106, 107, 108, 185, 312, 354. 34, 35.
Santos, António Ribeiro dos, 188, 189, Silveira, António Rodrigues da, 262.
190, 193, 196, 208. Silveira, Carlos da, 302.
Sarafana, Domingos Vaz, 59, Silveira, Gonçalo da, 79.
Sarda, Paulo, 161. Silveira, Isabel da, 26, 27.
Sardinha, António, XI. Silveira, João da, X.
Sarmento, Domingos Pereira, 29. Silveira, Margarida da, 26.
Sarmento, Tomé Nunes, 32. Silveira, Rodrigo Lôbo da, 296, 297.
Sauli, António, Cardeal, 261. Silveira, Sebastião Lôbo da, 370, 371,
Scheiner, Cristóvão, 168. 372, 373.
Schiedenoffen, Francisco Xavier, 194, Simões, António, 205.
195. Sisto V, Sumo Pontífice, 262.
Schilling, Doróteo, 161. Snell, Wihbrordo, 168.
Schurhummer, Jorge, 161, 162. Soares, Cristóvão, 9, 11, 271.
Sebastião, D., rei de Portugal, 5, 220, Soares, Diogo, matemático, 209.
221, 234, 235, 325, 328, 447. Soares, Diogo, 372, 275.
Sêco, João, 300, 301. Soares, Francisco, Doutor Exímio, 118,
Século XVII, decadente ? VII-XII.— 167, 168, 169, 177, 178, 189, 241.
A Companhia de Jesus no século Soares, Lusitano, Francisco, 78, 83,
XVII, pág. XI XII. — Colégios fun¬ 366, 407, 422, 423, 424.
dados, 5. Soares, Francisco, 55, 60, 61, 555, 556.
Seixas, José de, 73, 74, 145, 495. Soares, D. Jerónimo, bispo de Eivas,
Semedo, Álvaro, 9ò. 24, 499.
Sempilio, Hugo, 166. Soares, Manuel, 86.
Sequeira, Bento de, 143, 242, 271. Soares, Martim, 195.
Sequeira, Domingos Lopes de, 378. Soares Alarcão, João, 422, 423.
Sequeira, Pedro, 61, 62. Soeiro, fr. Fernando, 518.
Sérgio, António, XI. Sommervogel, Carlos, 103, 183.
Serpa, João Gomes de, 418. Sotomaior, Francisco de, 378, 379.
Serpe, Maurício, 330. Sotomaior, Leonardo de Sá, 390.
Setúbal, colégio de, fundação, 30-34. Sousa, Agostinho Borges de, 390,
- Concede D. João IV licença de 391.
fundar o colégio. — Os fundadores Sousa, António de, natural de Ama-
André Velho Freire e Filipa Pare¬ rante, 108.
des, 31, 32. — A Vila de Setúbal Sousa, António de, Provincial de 1641
e a população, 32-34. a 1643, 84, 99, 223, 224, 265,
Seyner, António, 352, 353, 354, 356, 356.
383. Sou$a, António de, Provincial de 1715
Silva, Aleixo da, 297. a 1718, 6, 163, 290.
Silva, D. Alexandre da, bispo de Ei¬ Sousa, Bartolomeu do Quental de, 297.
vas, 24, 449, 451, 458, 471. Sousa, Brites de, 6.
Silva, Ana da, 50. Sousa, D. Diogo de, arcebispo de
Silva, António Teles da, 379. Évora, 42, 485.
Silva, Bartolomeu da, 19. Sousa, Fernão Álvares de, 6.
Silva, Duarte da, 437. Sousa, Francisco de, autor do Oriente
Silva, Fernando Teles da, 91. Conquistado, X, 159, 160.
Silva, Gaspar da, 36. Sousa, Francisco de, 160.
Silva, Inocêncio da, 155. Sousa, Gonçalo de, 374.
Silva, João Gomes da, 91. Sousa, Isabel de, 35.
Silva, Lucas da, 252. Sousa, Inês de, 35.
Silva. D. fr. Luís da, arcebispo de Sousa, João de, 532.
Évora, 42. Sousa, Leonor de, 6, 7.
Silva, M.muel da, 49, 136, 137, 138, Sousa, fr. Luís de, X.
217, 243. Sousa. D. Luís de, arcebispo primaz,
Silva, D. Pedro da, bispo de Leiria, 499, 535.
497, 561. Sousa, Manuel de, oratoriano, 133.
Silva, D. Pedro da, bispo da Baía, 383. Sousa, Matias Pereira de, 297.
ÍNDICE ALFABÉTICO 591
Sousa Cardoso, José Gomes da Silva Vasconcelos, João de, 93, 143, 350,
e Matos de, 570. 263, 401, 402.
Sousa Coutinho, Francisco de, 438, Vasconcelos, ir. João de, 231, 232.
439, 440, 441, 510. Vasconcelos, Miguel de, 272, 275, 343,
Southwell, Roberto, embaixador inglês, 344.
516. Vasconcelos, Simão de, 81, 158.
Souto, António Mendes, 455. Vasconcelos, Vicente, 116.
Souto, Domingos Ferreira, 305. Vásquez, Gabriel, 177.
Soveral, D. Francisco de, bispo de An¬ Vaz, André. 194, 206, 239, 533.
gola, 376. Vaz, Gonçalo, 384.
Stafford, Inácio, 166,/ 190, 191, 293, Veiga, Eusébio da, 208.
384. v Veiga, Manuel da, 91, 330.
Surlet, Ernesto de, 169. Veiga, Tomás da, 123.
Tamburini, Miguel Ângelo, Geral da Veiga, Tomé Pinheiro da, 271, 273,
Companhia de Jesus, 151, 171, Í98, 274, 276, 340, 346.
206. Velho, Francisco, 83.
Tavares, Henrique de Sousa, 418. Velho, Pedro, 457.
Tavares, Manuel dos Reis, 187. Veloso, António, 143.
Távora, Francisco de, 355, 418, 554. Veloso, Diogo, 281.
Távora, D. Joane Mendes de, 71. Veloso, Lucas, 83, 182, 183, 241.
Teixeira, Simão, 532. Vendôme, Luís, Cardeal de, 520, 521,
Teles, Baltasar, X, 78, 89, 97, 121, 145, 522, 523, 524.
150, 151, 157, 158, 159, 165, 166, Verástegui, João Cláudio, 371.
167,169,174,304,330,495. Verjus, António, 517.
Teles, Rui de Moura, 217, 238, 239. Verjus, Bento, 95.
Teodósio, D., Príncipe. Institue no co¬ Verjus, Luís, 516, 520.
légio de Eivas uma cadeira de Verney, Luís António, 173.
Matemática, 22, 23, 24, 197. — Viegas, António Pais, 327.
É jurado Príncipe em Goa. 368. Viegas, Artur, veja-se Antunes Vieira,
— 78, 87, 142, 187, 197, 297, 336, António.
405, 439, 441, 503, 505, 506, 508, Viegas, Brás, 118.
509. Vieira, António, príncipe dos orado¬
Teodósio, II, duque de Bragança, 332, res, prega em 1651 na igreja do
333. colégio de Santarém, 14, 16.—
Thibao, Simão Teixeira, 373. Escritor clássico e Mestre da lín¬
Tinoco, Miguel, 19, 70, 149, 176, 177. gua, 97, 98. — Orador genial, 125-
Tinoco da Silva, Diogo, 49. -133.— Defeitos de estilo, 127,
Tomás, António, 196, 197, 306. 129. — Sermões dados à estampa
Torrecusa, Marquês de, 19. e recebidos com aplauso, 130-133.
Tôrres, Francisco de Melo e, 186. — No Brasil, mostras de amor
Torres, José de, 359, 516. pátrio, 425-427.—D. João IV e
Torriano, João, 213. Vieira, 427, 428. — O orador da
Touro, Sebastião, 256. Restauração, 428-434. — Conse¬
Tramalli, D. Lourenço, bispo de Ge- lheiro do monarca, 434-437. —
race, 189, 264, 280. Missões diplomáticas, 437-443. —
Túlio, A. Silva, 287. Devaneios, 443. — Vieira e a In¬
Ugarte e Velasco, Catarina de, 385. quisição, 445 470. — Triunfa em
Urbano VIU, Sumo Pontífice, 253, Roma, 470-477. — Na Côrte de
255, 275, 340, 344, 413, 416, 452. D. Afonso VI, 512, 513. — Dester¬
Ursino, Cardeal, 522. rado, 514, 515. - Vieira e o con¬
Utra, Gregório de, 26. fessor de D. Pedro II, 530-535. —
Valadares, Manuel Coelho, 276. XXII, 49, 77, 81, 87, 93, 98, 121,
Valente, Francisco, X, 180, 181, 355. 122. 124, 126, 145, 154, 158, 213,
Vasconcelos, António de, 79, 88. 345, 363, 380, 382, 411, 500, 591,
Vasconcelos, Frazão de, 369, 370. 502, 517, 521, 566, 567, 568, 569.
Vasconcelos, Gnnçalo Leitão de, 276. 570, 571, 572, 574.
Vasconcelos, Inácio da Piedade, 15. Vieira, António, natural de Lisboa,
Vasconcelos, Joane Mendes de, 382. 70, 145.
592 VOL. I — PROSSEGUIMENTO — NA CÔRTE
CORRIGENDA
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Date Due
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• n _
216516
(^) 11-46 V