Antes de Tudo Fazei Discipulos - Jamie Kemp
Antes de Tudo Fazei Discipulos - Jamie Kemp
Antes de Tudo Fazei Discipulos - Jamie Kemp
e
Sonia Emília Lopez Andreotti São Paulo, agosto 2013
Editores
Emilio Fernandes Junior Rosana Espinosa Fernandes
Capa
Cleber Neres
Diagramação Cleber Neres
1a edição brasileira Julho de 2013
Todos os direitos são reservados à Editora Fôlego, não podendo a obra em questão ser reproduzida ou
transmitida por qualquer meio - eletrônico, mecânico, fotocópia, etc. - sem a devida permissão dos
responsáveis.
Apêndice, 127
Dedicatória
Dedicamos este livro a todos aqueles que se engajaram de corpo e alma à
proposta colocada pela Missão Vencedores Por Cristo, que sempre priorizou
a evangelização e o discipulado.
Dentre as inúmeras bênçãos que Deus nos tem dado desde que viemos para o
Brasil, tenho que ressaltar a bênção da amizade. E uma das amizades mais
preciosas para nós é aquela que temos com Sonia Emília. Desde as primeiras
equipes, quando ela e os outros jovens “pegavam no pé” do meu marido, até
o presente momento, ela passou a ser parte importante da nossa família.
Quando resolvemos escrever este livro, queríamos que ele fosse mais do que
uma simples coleção de memórias. Nosso desejo é passar a visão e encorajar
outros a obedecerem à ordem do Senhor de “fazer discípulos de todas as
nações”. Porém, também queríamos incluir testemunhos de pessoas que
adotaram a visão proposta pelo ministério e continuam fazendo discípulos
desde então.
Sonia Emília tem trabalhado conosco na preparação dos textos de muitos dos
nossos livros (mais de 60). Ela também nos ajuda na edição dos nossos
artigos para a Revista Lar Cristão. Sei que não tem sido fácil para ela
entender o nosso “portuglês”. Sempre sentimos que a sua contribuição tem
sido tão valiosa que seu nome deveria aparecer ao lado do nosso na capa de
cada livro lançado. E desta vez vai aparecer!
Algumas pessoas têm tentado “roubá-la de nós”, pois ela entrega nosso
material às editoras praticamente finalizado.
Tenho certeza de que nenhum dos nossos livros anteriores foi tão prazeroso
para ela trabalhar como este, pois lhe proporcionou o privilégio de telefonar e
trocar e-mails com vários de seus grandes amigos e relembrar os “velhos
tempos”. Os artigos que eles enviaram às vezes provocaram lágrimas e às
vezes sorrisos. Eu sei como essas amizades têm sido especiais e importantes
para ela através dos anos, e principalmente durante o tempo difícil em que ela
travou uma batalha contra uma doença muito séria. Como agradecemos ao
Senhor, que em sua imensa graça tem respondido as nossas orações e
restabelecido a sua saúde!
Esperamos que os testemunhos que você lerá neste livro possam desafiá-los a
também fazer discípulos!
Só para deixar bem claro, a primeira parte de cada capítulo foi elaborada por
mim (com muita ajuda da Sonia) e a segunda parte corresponde ao trabalho
dela contatando e coletando os depoimentos de alguns amigos que
participaram de Vencedores Por Cristo.
Este livro fala de milagres! No decorrer da sua leitura você ficará sabendo de
fatos e acontecimentos que mudaram a vida de muitas pessoas. Tomará
conhecimento da ação poderosa de Deus em suas vidas, ao realizar o milagre
da transformação. Saberá por que essas pessoas optaram pelo caminho que o
Senhor lhes mostrou, apesar de, muitas vezes, ele parecer totalmente
contrário às expectativas estipuladas pelo mundo em que vivemos.
Foram tantos milagres! Quando Judith Kemp conversou comigo sobre seu
desejo de colocar em um livro algumas histórias do que Deus fez através de
Vencedores Por Cristo, não imaginei como seria emocionante relembrar, com
muitos de meus amigos, tudo o que aquela época significou em nossas vidas.
Nós nos sentíamos em casa no lar dos Kemp. Vimos suas meninas chegarem,
acompanhamos seu crescimento, muitas vezes cuidamos delas. A porta da
casa deles sempre esteve aberta para nós.
Mas, acredite, não foi fácil. Imagine 20, 12, 10 jovens barulhentos reunidos
em sua casa para treinamento, almoçando, lanchando e largando para trás
uma imensa bagunça. Ou então uma equipe chegando de viagem de
madrugada para dormir em sua casa, todos cansados, precisando de um
banho, famintos, assaltando a geladeira sem nem mesmo poupar o leite das
meninas para a manhã seguinte. Acho que, por isso, eles resolveram incluir
no treinamento como os jovens deveriam se comportar na casa das pessoas
que os acolheriam durante a viagem. Porém, acho que, graças a Deus, nunca
os envergonhamos.
Capítulo1
Deus pode usar um “joão-ninguém”?
“Agora, meus irmãos, lembrem do que vocês eram quando Deus os chamou.
Do ponto de vista humano poucos de vocês eram sábios ou
poderosos ou de famílias importantes. Para envergonhar os sábios, Deus
escolheu aquilo que o mundo acha que é loucura...” (1 Coríntios 1.26-27-
NHTL)
Se soubéssemos que ela iria dizer isso, com certeza jamais teríamos escolhido
Miss Pine para escrever uma carta de recomendação para nossa admissão
como missionários da Sepal (Servindo Pastores e Líderes). Nós achávamos
que ela era uma boa escolha por causa da sua dedicação a missões mundiais.
Seu comentário nos deixou chocados!
Miss Pine era chamada por todos pelo seu sobrenome. É claro que ela tinha
um primeiro nome, mas nunca o usávamos, porque chamála pelo seu
sobrenome era uma demonstração de respeito (além disso, pensávamos que
Miss era uma abreviação de missionária?!).
Apesar do fato de ela ser a diretora de uma escola e de nunca ter colocado
seus pés num campo missionário, Miss Pine respirava e amava missões. Ela
dedicou longas horas orando por muitos missionários ao redor do mundo e
escrevendo cartas fielmente para eles.
Miss Pine frequentou a mesma igreja a vida toda, na mesma cidade em que
foi criada, Grass Valley, Califórnia, Estados Unidos. Essa cidade foi
construída na época do descobrimento do ouro, em 1849, e se encontra
incrustada nas montanhas Sierra Nevada. Jaime foi o primeiro jovem da
igreja local a ser mandado para o campo missionário. Ilusoriamente, nós
pensávamos que Miss Pine ficaria muito feliz ao saber que sua igreja havia
preparado um missionário. Mas, certamente, ela não achava que o Jaime era
uma boa escolha.
Olhando para trás, hoje é mais fácil entender os sentimentos dela. Quando
Miss Pine conheceu o Jaime, ele era o presidente da mocidade da igreja,
porém, na verdade, não era nem mesmo crente. Talvez ele até usasse uma
máscara de espiritualidade no domingo, mas durante a semana ele vivia como
um pagão. Evidentemente, sua reputação diante da população local não era
das melhores, pois a cidade até hoje é muito pequena. Além disso, não era
nada fácil enganar Miss Pine.
Jaime é fruto do terceiro casamento de sua mãe – que se casou quatro vezes –
e vivia na mesma casa com o irmão e as irmãs dos casamentos anteriores. Seu
irmão foi preso quando jovem. A maioria se divorciou várias vezes. Era uma
família completamente problemática. Acho até meio irônico uma pessoa com
esse histórico familiar ser escolhida por Deus para um ministério com
famílias no Brasil.
Eles eram pobres. O pai do Jaime trabalhava duro numa serraria, sob o sol
forte da Califórnia, para sustentar sua esposa e os sete filhos. O pequeno
“Jimmy” estudou em uma escola rural que só possuía uma sala e uma
professora para todos os níveis. Até hoje meu marido se gaba por ter sido o
segundo melhor aluno de sua turma. A bem da verdade, só eram dois.
Já ouvi várias histórias sobre “as coisas ruins” que ele fez durante sua
adolescência e juventude: ele participava de “rachas” (corrida ilegal de
carros) na rua principal da pequena cidade, entrava no cinema sem pagar e
outras maluquices que é melhor nem contar. Portanto, Miss Pine tinha razão:
ele era um “hayseed”!
Foi durante as viagens que o Jaime fez às áreas rurais dos Estados Unidos
com outros jovens que ele aprendeu que Deus tinha lhe dado dons e talentos.
Seus olhos se abriram para a necessidade das pessoas ao seu redor, perdidas
sem Jesus. Ele experimentou a comunhão que existe no Corpo de Cristo,
aprendeu a conviver com outros membros da equipe e apreciar seus dons.
Por algum motivo que ainda desconhecemos, a Sepal decidiu nos aceitar,
apesar da avaliação negativa de Miss Pine. Fomos designados para trabalhar
no Brasil. Quando chegou o momento, reservamos dois lugares num navio
japonês que ia partir de Los Angeles (Califórnia) para Santos (São Paulo), no
dia 17 de março de 1967.
Tudo isso aconteceu há muito tempo. Durante os anos que se seguiram, Miss
Pine tornou-se a nossa maior intercessora, nossa maior fã e uma de nossas
melhores amigas. Sei que ela teria sentido muita vergonha se descobrisse que
nós sabíamos da sua avaliação a nosso respeito e da palavra que tinha usado
para definir o Jaime. Mas foi também graças às suas orações que as missões
VENCEDORES POR CRISTO e LAR CRISTÃO vieram a existir no Brasil.
Alguns dias antes de partir para encontrar o seu Senhor, aos 96 anos, Miss
Pine pediu que fôssemos vê-la no hospital. Jaime tinha acabado de receber
doutorado honorário na Universidade Biola. Ela sinalizou para ele aproximar-
se mais de sua cama, pois sua voz estava muito fraca e ela queria ter certeza
de que o Jaime escutaria o que ela tinha a dizer. Quando o ouvido dele estava
bem perto de seus lábios, Miss Pine cochichou: “Eu só queria que você
soubesse que sinto muito orgulho de você”. Acho que foi o maior elogio que
ele já recebeu – até maior do que o seu diploma de doutorado!
Dizem que o homem deixa a roça, mas a roça jamais abandona o homem.
Logo no princípio de VPC, desde as primeiras equipes, o pessoal percebeu
que o Jaime, apesar de ser americano, país que, na época, influenciava
bastante os brasileiros na música, nos costumes e até na adoção de palavras,
era caipira. Se há algo que brasileiro gosta de fazer é “alugar” alguém...
Durante a leitura deste livro, você descobrirá como não foi fácil para o Jaime
aprender a ser brasileiro.
Capítulo2
Fazei discípulos
“Jesus, aproximando-se , falou-lhes, dizendo: toda a autoridade me foi dada
no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos...” (Mateus 28.18-19 –ARA)
Quando chegou a hora de Jesus deixar este mundo e voltar ao Pai (depois de
mostrar o quanto Ele nos amava), suas últimas palavras foram: “... Foi-me
dada toda a autoridade nos céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos
de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo, ensinando-os a obedecer a tudo que eu lhes ordenei. E eu estarei
sempre com vocês, até o fim dos tempos.”
Eu nunca estudei grego, mas aqueles que já o fizeram afirmam que o único
verbo no imperativo neste trecho de Mateus 28.18-20 é fazei. Em outras
palavras, não se trata de uma sugestão. É uma ordem do chefe! É nossa
responsabilidade fazer discípulos.
Antes de vir para o Brasil, Jaime e eu tivemos longas conversas com o Dr.
Dick Hills, o fundador da Sepal, nossa missão na época. Dick e sua família
atuavam como missionários na China e foram forçados a sair daquele país
por causa da guerra. Ele compartilhou conosco que seu único conforto era
saber que os missionários americanos e europeus haviam deixado para trás
um grupo de chineses altamente qualificados para continuar a obra.
Por isso não ficamos surpresos quando Dick nos disse: “Vocês podem fazer
coisas boas no Brasil, mas acima de tudo “FAZEI DISCÍPULOS!”. Outro
conselho que ele nos deu foi: “Nunca vão a um lugar sozinhos. Sempre levem
alguém que possa aprender com o seu exemplo”. Cada vez que ele nos
visitava no Brasil ou que nós íamos visitá-lo, ele perguntava: “Onde estão os
seus discípulos?”. Quero deixar bem claro que discipular significa mais do
que evangelizar. É o que pretendo explicar a você no decorrer deste livro.
Um dos versículos que o Senhor usou na minha vida quando me chamou para
missões encontra-se em 1 João 2.28: “Sim, meus filhinhos, continuem unidos
com Cristo, para que possamos estar cheios de coragem no dia em que ele
vier. Assim não precisaremos ficar com vergonha e nos esconder dele
naquele dia.” (NTLH).
Contato
Não há impacto sem contato. Jesus chamou seus discípulos para estarem com
Ele (Marcos 3.13-14). As pessoas que têm maior sucesso em fazer discípulos
são aquelas que praticam a hospitalidade e convidam os outros a fazerem
parte de suas vidas e famílias. Muitos dos nossos discípulos, que agora estão
discipulando outros, são muito melhores do que eu fui executando essa tarefa.
Convicção
Se vamos fazer discípulos, temos que estar convencidos de que este é
realmente o melhor caminho a seguir. Às vezes é difícil contentar-se com um
grupo de dez ou doze pessoas quando sonhamos ensinar multidões. O que
realmente importa não é a quantidade, mas a qualidade do nosso discipulado.
Compromisso
Se vamos investir num grupo pequeno de homens e mulheres, devemos fazer
o possível para escolher pessoas que são fiéis (2 Timóteo 2.2). Mesmo assim,
algumas vezes as pessoas nos desapontam. Até Jesus passou por isso.
Lembra-se de Judas Iscariotes?
Caráter
O apóstolo Paulo disse aos seus discípulos: “Sigam o meu exemplo como eu
sigo o exemplo de Cristo” (1 Coríntios 11.1 – NTLH). Ao mesmo tempo,
precisamos prestar bastante atenção às palavras de Jesus aos líderes religiosos
da sua época: “... vocês... hipócritas... percorrem terra e mar para fazer um
convertido e, quando conseguem, vocês o tornam duas vezes mais filho do
inferno do que vocês” (Mateus 23.15 – NVI).
Comunhão
Um grupo pequeno oferece uma situação perfeita para experimentar a alegria
de sermos “membros uns dos outros”. Nossa comunhão é com o nosso Pai
celestial em oração e também com os outros membros do grupo quando
mostramos amor e oramos uns pelos outros.
Confissão
O alvo do nosso discipulado é providenciar um ambiente em que cada pessoa
se sinta livre para compartilhar suas lutas e falhas. Isso somente acontece se o
discipulador é honesto e aberto a respeito de sua própria vida. Nós devemos
dizer: “Sigam o meu exemplo como eu sigo o exemplo de Cristo”, mas às
vezes precisamos nos humilhar e admitir: “Não sigam o meu exemplo neste
momento, porque o que eu acabei de fazer não reflete algo que Cristo faria se
estivesse em meu lugar”.
Confrontação
Isso leva tempo. Se vamos confrontar alguém, aquela pessoa precisa ter
certeza de que, acima de tudo, ela é amada e aceita. Eu sei que é difícil para
os brasileiros confrontar alguém, porque são muito educados. Porém, há
ocasiões em que temos que conversar seriamente com um jovem que está
namorando uma pessoa que não é crente ou alguém que está tendo problemas
no seu casamento. Uma vez que você começa a se preocupar com eles, nunca
deixará de fazê-lo.
Conteúdo
Jesus instruiu seus discípulos a transmitir para outros TUDO o que Ele tinha
ensinado para eles (Mateus 28.20). É importante ter um plano de estudo
específico. Se o discípulo é novo convertido, devemos ensinar as coisas
básicas da fé cristã: a vida de Jesus, atributos de Deus, Romanos etc. Uma
vez que conhecemos as necessidades específicas dos indivíduos, temos uma
ideia melhor de como devemos prosseguir. A Palavra de Deus é o ingrediente
mais importante no processo de fazer discípulos.
Contexto
Jesus não treinou os seus discípulos numa sala de aula, usando um quadro-
negro e giz. Ele viajou com eles para que observassem como evangelizava,
como se relacionava com as pessoas e como ensinava. Nosso propósito é
sempre apontar para o exemplo de Jesus. Todos os discípulos são d’Ele, não
nossos. Não estamos preparando pequenos clones. Porém, ajuda muito
termos um contexto, um ministério para que nossos discípulos possam
observar e participar. Um de nossos discípulos uma vez disse: “No seminário
eu aprendi o que fazer. Em Vencedores Por Cristo aprendi como fazer”.
Foi durante esse período que o Jaime iniciou a missão Vencedores Por Cristo
e organizou equipes de treinamento, e eu pude participar de várias delas
como equipante e de outras como líder, sob sua supervisão. Ele, com imensa
paciência, suportou minhas deficiências e promoveu meu crescimento
espiritual.
É sob essa perspectiva e diretriz que tenho procurado viver a vida cristã.
Dimas Antonio Pezzato – É formado em Teologia pela Faculdade Teológica de São Paulo. Entre 1970
e 1980 participou de várias equipes e foi missionário de Vencedores Por Cristo. Desde 1994 tem
pastoreado uma igreja brasileira nos Estados Unidos da América. É casado com Janis Pezzato de pai de
Dimas Sam e Nicolas, casado com Briana.
Capítulo3
O que é um discípulo?
“E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo
transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros.” (2
Timóteo 2.2)
Será que os discípulos de Jesus entenderam o que Ele quis dizer quando
ordenou “fazei discípulos”? Se nós queremos obedecer a Cristo, certamente
precisamos, antes de tudo, entender o que é um discípulo.
O dicionário Webster diz que discípulo é: 1) uma pessoa que acredita e ajuda
a disseminar os ensinamentos de um mestre e 2) um dos seguidores de Jesus.
É claro que quando falamos sobre fazer discípulos, queremos mais do que
isso. Mas parte do processo de discipulado envolverá ensinar pessoas
simplesmente curiosas. Nem todos continuarão seguindo a Jesus.
Quando Jesus deu suas últimas instruções, Ele não estava basicamente
dizendo: “Vá pelo mundo e faça na vida dos outros a mesma coisa que eu fiz
por você”? O conceito transmitido pelo apóstolo Paulo ao seu filho na fé,
Timóteo, ratifica a instrução do Mestre: “E as palavras que me ouviu dizer na
presença de muitas testemunhas, confie-as a homens fiéis que também sejam
capazes de ensinar outros” (2 Timóteo 2.2 – NVI).
Um discípulo verdadeiro ama seus irmãos e irmãs em Cristo “Eu lhes dou
este novo mandamento: amem uns aos outros. Assim como eu os amei, amem
também uns aos outros. Se tiverem amor uns pelos outros, todos saberão que
vocês são meus discípulos” (João 13.34-35 – NTLH).
Será que as pessoas com as quais você convive, inclusive aquelas que ainda
não são convertidas, reconhecem que você pertence a Jesus justamente por
causa da maneira como você trata seus irmãos em Cristo? Quando
testemunhamos nossa fé, o que é mais importante: o que falamos ou o que
fazemos? Como nosso bom amigo Ary Velloso sempre dizia: “Se você não
for viver como um cristão, por favor, não conte para ninguém que você é
cristão”.
Homem resolvido, meu avô ficou impaciente quando pediu uma Bíblia ao
padre e o homem o tentou enrolar. O vigário também não gostou da
insistência do fazendeiro e, ao lhe entregar finalmente o livro sagrado,
recomendou emburrado:
– Leia e siga!
Foi o que o seu Sebastião Bueno fez. Ele e a família conheceram o evangelho
e receberam a Cristo pela fé, tornando-se discípulos d’Ele. A boa notícia se
espalhou ao longo dos anos, e netos, bisnetos e por aí afora foram sendo
discipulados também. Eu mesmo sou de um ramo da família muito
comprometido com o discipulado da próxima geração.
Foi com esse histórico familiar que vim a conhecer Jaime e Judith em 1968.
Foi uma festa. A ideia daquela dupla doce, dinâmica e determinada, bem
como o propósito do ministério que os trouxe ao Brasil, era exatamente
discipular pessoas que discipulariam outras pessoas, nessa marcha de boas
novas que vem fazendo andar a igreja de Cristo há dois mil anos. Em
Vencedores Por Cristo, nome da equipe reunida pelo casal, discipulado era
algo consciente e intencional, jamais ocasional ou aleatório.
Algumas horas antes de ser crucificado, Jesus orou pelos seus discípulos. Eu
gosto de pensar que Ele estava apresentando um tipo de relatório do
progresso da sua missão ao seu Pai. Ele disse: “Eu te glorifiquei na terra,
completando a obra que me deste para fazer” (João 17.4 – NVI). Jesus estava
finalizando a obra da nossa redenção e também a preparação dos homens que
havia escolhido e chamado para continuar a sua missão na terra.
João 17 tem sido a síntese que orienta e dirige meu ministério no Brasil. Eu
estudei esse trecho detalhadamente, pela primeira vez, quando minhas filhas
eram pequenas. Adotamos as duas meninas durante nossos primeiros anos no
Brasil. Tornar-me mãe foi a realização de um sonho. Porém, eu também
queria fazer discípulos, e foi difícil achar tempo para isso enquanto não
parava de fazer mamadeiras e trocar fraldas. Sou grata a uma amiga por ter
me alertado que minhas filhas também precisavam ser discípulas de Jesus no
futuro. Naquela época eu estava utilizando para minha vida devocional um
livro publicado pela ABU, chamado “This Morning with God” (Esta Manhã
com Deus). Certo dia, o texto destacado para estudo foi João 17, e uma das
perguntas formuladas para meditação era: “O que Jesus fez para os seus
discípulos?”.
A lista que eu fiz mudou radicalmente a minha vida. Mais tarde serviu de
esboço para meu livro: Meu filho, deu discípulo” e até hoje ela ainda é a
orientação que eu uso para qualquer discipulado, inclusive para meu estudo
bíblico com mulheres.
Jesus estava a caminho da cruz, onde sacrificaria a sua própria vida para que
nós pudéssemos viver com Ele eternamente. Nos primeiros versículos de
João 17, temos uma das melhores definições da vida eterna, que é conhecer o
único Deus verdadeiro e conhecer seu Filho, Jesus Cristo (v. 3).
• A pessoa forneceu uma base sólida e bíblica para fundamentar sua fé?
• Apresentou claramente o plano de Deus para a nossa salvação?
• O testemunho é curto e objetivo?
• Há uma sequência de pensamento lógico e organizado?
Esses questionamentos também proporcionavam uma oportunidade para cada
jovem avaliar a sua própria vida e descobrir se, um dia, realmente tinha
convidado Jesus para ser seu Salvador e Senhor. É perigoso presumir que
alguém é crente simplesmente porque frequenta uma boa igreja.
Os membros da equipe logo descobriam que não existe nada melhor do que
ver alguém entregar a sua vida para Jesus por causa do seu testemunho. Eu
me lembro especialmente de um jovem que estava falando numa praça
pública diante de uma pequena multidão pela primeira vez. Ele estava
nervoso e, por isso, esqueceu o que ia dizer. Como resultado, seu testemunho
foi meio confuso e desorganizado. Porém, quando foi feito um apelo para que
as pessoas que estavam ali assistindo aceitassem Jesus como Salvador,
algumas foram à frente. Ele ficou eufórico! O Espírito Santo tinha usado seu
testemunho, apesar de, aparentemente, ter sido um desastre. Foi uma
experiência inesquecível. No decorrer dos anos, ele estudou teologia e
continua sendo um líder evangélico muito respeitado.
Na maioria das vezes, as pessoas que se reuniam para ouvir uma equipe de
VPC cantar e testemunhar eram muito abertas e receptivas, mas houve
algumas poucas exceções. Certa vez, eles foram a uma escola muito grande
no sul do país. Tudo estava correndo bem enquanto a equipe cantava, mas
quando um dos participantes, Guilherme, iniciou seu testemunho, os alunos
começaram a conversar entre si e atirar aviõezinhos de papel pelo auditório.
O murmúrio e a agitação foram crescendo até que o Guilherme finalmente
parou e disse: “Não temos mais condições de continuar. Se existe alguém
aqui que realmente quer ouvir o que temos a dizer, então venha até à frente
para conversar conosco pessoalmente”. Uma das minhas fotos prediletas é
justamente daquela escola. Cada membro da equipe aparece cercado por
alunos que estavam querendo, seriamente, conhecer a Verdade.
Muitas vezes nós evangelizamos pessoas as quais, depois, não temos a
oportunidade de discipular e também discipulamos pessoas que não
evangelizamos. Contudo, ocasionalmente, Deus nos dá a bênção e a alegria
de participar de todo o processo. Artemis era uma deusa dos antigos efésios.
Pode parecer um nome estranho para a filha de um pastor. Quando
conhecemos essa garota, ela demonstrava ser muito mais adepta a falsos
deuses do que ao Deus do seu pai. Ela estava estudando filosofia e tinha
tendências comunistas. Na época, seus pais convidaram Carolina Jones, uma
jovem americana que estava participando de VPC, para ficar na casa deles,
em Bauru, uma das cidades que faziam parte do roteiro ministerial da equipe.
Como Artemis falava inglês, ela ajudou muito Carolina; mas mais tarde
ficamos sabendo que ela sentia vergonha quando seus amigos a viam
conosco, pois sempre afirmava a eles que era contra a igreja, contra
americanos, enfim, contra tudo.
Porém, algumas coisas interessantes estavam acontecendo, e ela resolveu
permanecer por perto daquele pessoal. Por exemplo, foi exatamente durante
aquela semana que a Carolina conheceu seu futuro marido, o Ary Velloso.
Todos nós ficamos muito empolgados observando o início daquele namoro.
A nossa filha Melinda, que tinha somente cinco meses, estava viajando
conosco e precisávamos de alguém para cuidar dela enquanto cantávamos
com a equipe. Graças a Deus, ao menos Artemis não era contra bebês!
Artemis escutou um testemunho após outro, mas não deu ouvidos à
mensagem que transmitíamos. Parecia que nada penetrava em sua mente e no
seu coração. Depois de nossa última apresentação em Bauru, numa
penitenciária, ela entrou conosco no ônibus em que viajávamos e sentou-se
ao lado de um rapaz que tinha muito zelo, mas pouco tato. Ele disse a ela,
sem rodeios: “Você pode continuar me dizendo que se sente feliz sem Jesus,
mas eu não acredito. Você nunca será feliz sem Ele!”.
Ela foi para casa fumegando de raiva – “Como ele tem coragem de falar
assim comigo?! Quem ele pensa que é? Quem deu a ele o direito de sugerir
em que eu devo crer ou não?”. Entretanto, quanto mais ela pensava nas
palavras do rapaz, mais reconhecia que ele tinha razão. E foi assim que
naquela mesma noite Artemis entregou a sua vida para Jesus. Ela viajou na
equipe seguinte de VPC e depois decidiu ir estudar no Instituto Bíblico
Palavra da Vida. Nós tivemos o privilégio de hospedar a Artemis em nossa
casa durante todo o seu período de estágio, juntamente com Sonia Regina e
Vera, duas de suas colegas de escola. Até hoje ela continua sendo uma pessoa
muito importante para a nossa família.
Depois de alguns anos, Artemis casou com Carlos Osvaldo, que também já
tinha participado de uma equipe. Eles mudaram para o Texas (EUA), onde o
Carlos fez doutorado no Dallas Theological Seminary. Atualmente ele é o
chanceler do Seminário Palavra da Vida, onde ambos estudaram. Eles têm
três lindas filhas, todas servindo ao Senhor, e, o melhor de tudo, já são avós!
Artemis, você é nossa coroa e alegria!
Quando fui convidada para a primeira equipe de que participei, não tinha a
menor noção do que Deus ia começar a fazer em minha vida. Meu coração
rebelde tinha muito que aprender. Tive de pensar e repensar no amor de
Jesus, aprender a contar para os outros o que significa ser amado e salvo por
Ele. Nosso treinamento incluía estudos da Palavra que atingiam em cheio
meu coração, apontando os valores errados que Deus queria substituir pelos
d’Ele. Foram anos de aprendizado e crescimento.
Os amigos com quem dividi a vida nessa época são especiais até hoje.
Quando penso neles, lembro logo da frase de Jônatas para Davi: “O Senhor
para sempre é testemunha entre nós” (1 Sm 20.42). O segredo de um laço de
amizade duradoura é ter o Senhor no meio. Isso enriqueceu muito nossos
relacionamentos durante o tempo em que participei de Vencedores (da 4ª. à
24ª. equipe!). Até hoje encontro de vez em quando alguém (agora de cabelo
branco) que se converteu ou teve a vida impactada por uma das nossas
equipes. Glória a Deus por isso!
Não quero endeusar ninguém. Acho que todo cristão sabe que é pela
misericórdia de Deus que nossas vidas são usadas para influenciar outras
pessoas e fazê-las olhar para Jesus. Creio que esse é o melhor resultado do
discipulado: que o discípulo realmente olhe para Jesus e aprenda a amá-lo
mais do que tudo. Discipulado se faz assim.
Sonia Regina Rachid Pezzato - nasceu em São José dos Campos, SP. Estudou no Seminário Palavra
da Vida, depois de trancar matrícula na Faculdade de Odontologia. Participou de muitas equipes e
devido às viagens frequentes terminou seu curso teológico na Faculdade Teológica Batista de São
Paulo. Em uma das equipes de Vencedores conheceu Laudir Pezzato, com quem casou em setembro de
1976.
Laudir, vindo de Jundiaí para São Paulo, estudou na FaculdadeTeológica Batista e também participou
do ministério de Vencedores, inclusive assumindo a liderança da missão, que lhe foi passada por Jaime
Kemp.
Hoje moram em Curitiba, onde vivem desde 1984, e trabalham no pastorado da Igreja Batista do Prado.
Eles tem dois filhos já casados: Daniel e sua esposa Talita, moram em Curitiba, e ambos trabalham no
Tribunal de Justiça; Davi e sua esposa, Juliana, moram na Tailândia, onde atuam como missionários.
Capítulo5
Jesus glorificou o nome do Pai
“Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer... Eu
revelei teu nome àqueles que do mundo me deste... Agora eles sabem que
tudo o que me deste vem de ti.” (João 17.4.4, 6a-7 – NVI)
Durante todos esses anos que estamos trabalhando aqui no Brasil, temos sido
fielmente sustentados financeiramente por amigos e por igrejas dos Estados
Unidos. Muitos deles não falharam um único mês ao longo de tantas décadas.
Para nós isto é emocionante e maravilhoso! Essas igrejas são um bom
exemplo para as igrejas do Brasil que agora estão enviando muitos
missionários para desenvolver seu ministério ao redor do mundo.
Desde a primeira equipe de VPC, Jaime sempre pediu que cada jovem
participante pagasse sua parte nas despesas do treinamento, como aluguel do
ônibus durante um mês, confecção do uniforme etc. Quando as pessoas
ouviam sobre essa regra, questionavam se algum jovem estaria disposto a
pagar para ter o privilégio de evangelizar. Achavam que isso não daria certo.
Porém, deu certo. Que eu saiba ninguém deixou de participar por falta de
sustento. Eu gostaria muito que você também pudesse ter ouvido as histórias
que os jovens contavam sobre como o Senhor providenciava a quantia
necessária para eles.
Eu me lembro muito bem da primeira vez em que foram formadas duas
equipes para viajar no mesmo mês, para lugares diferentes. O problema é que
nós tínhamos somente um sistema de som disponível. Luis Antonio Caseira,
um estudante de medicina que trancou sua matrícula na faculdade para
participar de uma dessas equipes, sempre foi um homem de fé. Confesso que
eu não tive a mesma fé quando foi mencionada a necessidade de comprar
mais um sistema de som. Como um pequeno grupo de pessoas, a maioria
jovens, conseguiria recursos para adquirir algo tão caro?
Não tenho dúvidas de que alguém que se dispõe a trabalhar com jovens e se
propõe a investir tempo em os discipular no evangelho de Cristo, precisa ter
uma boa dose de fé e perseverança e uma capacidade de olhar além do que
vê. Mais ainda: ver esta construção através da criação de um ministério que
iria treinar esses jovens para uma espiritualidade saudável, bíblica e cristã e
com um senso de evangelização e missões num país continental como o
Brasil.
Louvo a Deus porque existem e existiram pessoas que têm feito diferença no
que são e fazem para o Senhor. Gente que doou o melhor que tinham e
tiveram suas fraquezas aperfeiçoadas pelo poder de Cristo.
Este é sem dúvida um grande mérito do querido casal Kemp, Jaime e Judith,
que foram visionários e corajosos ao atender à voz de Deus com amor,
dedicação e paixão. Tiveram visão do reino e de como uma igreja jovem
poderia mudar o rumo de tantos proclamando este evangelho e cantando este
evangelho, usando também a música e a arte. Apresentaram seus pães e
peixes para que o Pai pudesse multiplicar e ofereceram sua humanidade,
coração e lar abertos. Têm seus nomes e vidas gravados no coração e história
de milhares de pessoas, também fruto do trabalho do discipulado que foram
aprendendo a fazer. Abriram espaço para que vários ministrassem em nossas
vidas, como Ary Velloso, Dennis Kizziar, Paul Landrey, Russell Shedd e
tantos outros, nos treinamentos de Vencedores Por Cristo.
Privilégio para mim, como músico, também ter convivido com outros
músicos e compositores e, juntos, investirmos tempo e talentos para
testemunhar do evangelho, além de deixarmos registros em LPs, fitas e hoje
CDs de músicas de evangelização, de adoração, de missões, adornadas com
poesia e ritmos de nossa rica cultura.
Foi sem dúvida um caminho aberto para que a igreja no Brasil, representada
por diversas denominações históricas e novas, enfrentasse seus muitos
preconceitos em relação ao uso da arte e da sua tradicional liturgia. Este novo
cancioneiro e hinódia incentivaram a liderança de igrejas locais, institutos
bíblicos e seminários a uma revisão e revisitação em sua teologia do culto,
adoração, evangelização e arte a serviço da igreja e do reino. Foi a
oportunidade histórica de ver o evangelho redimir a cultura naquilo em que
ela foi distorcida pelo diabo e uma afirmação consciente e firme de que Deus
é o único Criador e a Ele pertence o copyright de toda a criação.
Eu louvo a Deus com alegria por esta jornada maravilhosa que vivemos junto
aos Kemps e VPC, pelos erros e acertos que me trouxeram lições preciosas
para uma vida pessoal, familiar, comunitária e ministerial saudável e que
valesse a pena. Grato ao Deus Trino por vocês, Jaime e Judith. Grato por
terem, com fé e esperança, olhado além do que viam em nós anos atrás,
jovens cristãos do Brasil. Grato pela amizade sincera e autêntica. Sejam
recompensados em tempo oportuno por nosso amado Deus e Amigo.
Nelson Bomilcar é pastor, missionário, compositor, escritor e conferencista. Casado com Carla há 33
anos e pai da Karen e Nathan, serve a Deus há 37 anos na adoração, pastorado e música cristã no
Brasil. Fez seus estudos teológicos na Faculdade Batista de São Paulo, Universidade Metodista de São
Paulo e no Regent College (Vancouver, Canadá). Foi missionário da Aliança Bíblica Universitária
(ABU) e da União Bíblica do Brasil. Atuou junto à missão Vencedores Por Cristo (74-87), no Grupo
Semente e na Igreja Batista do Morumbi no louvor, produções musicais e pastorado auxiliar. Pastoreou
também na Igreja Batista Cidade Universitária (Campinas) e no Projeto Raízes por 14 anos, em SP.
Trabalha com o ISA (Instituto Ser Adorador) (www.seradorador.com.br ). É articulista na área pastoral
e musical da revista Cristianismo Hoje e no portal de arte Cristianismo Criativo. É professor da Escola
de Missões e Ministérios em Bauru. Apresenta o programa de rádio “Sons do Coração” pela
Transmundial, um rico acervo sobre música, adoração e arte cristã. Toca com a Confraria das Artes
pelo Brasil dando seminários e workshops (www.nelsonbomilcar.com.br). Congrega na Igreja Batista
da Água Branca, em São Paulo.
Capítulo6
Jesus transmitiu as palavras do Pai
“Pois eu lhes transmiti as palavras que me deste, e eles as aceitaram.
Antes de voltar ao Pai, Jesus levou seus discípulos para uma montanha e
disse a eles: “... Deus me deu todo o poder no céu e na terra. Portanto, vão a
todos os povos do mundo e façam com que sejam meus seguidores em nome
do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a obedecer a tudo o que
tenho ordenado a vocês. E lembrem disto: eu estou com vocês todos os dias,
até o fim dos tempos” (Mateus 28.18-20 – NTLH).
O que Jesus ordenou? Entre outras coisas, Ele mandou seus discípulos
ensinarem que devemos amar uns aos outros como Ele nos amou, perdoar uns
aos outros como Ele nos perdoou, vigiar e orar para não entrar em tentação e
ir por todo o mundo e pregar o evangelho.
Entre outros estudos que o Jaime ministrou para os jovens havia um que
falava sobre a importância de não casar sob um jugo desigual, com um
incrédulo. Sonia Emília viajou diversas vezes com VPC e foi uma das
missionárias que trabalharam com as equipes. A Sonia sempre disse ao
Jaime: “Eu vou me casar com um homem de Deus, mesmo que tenha de
esperar até os 40 anos para isso acontecer”. O Jaime celebrou seu casamento
cinco meses depois de ela ter completado 40 anos. E que marido Deus deu
para ela! Marinho é o homem de Deus que ela tanto queria. Ele participou de
algumas equipes de VPC tocando contrabaixo. Hoje reconhecemos como
fomos privilegiados em tê-lo conosco, pois ele se tornou um músico
profissional muito reconhecido no meio secular. Agradecemos ao Senhor a
maneira como Ele tem usado o talento e o testemunho do Marinho. Rafael,
filho deles, é outra bênção do Senhor e outra resposta de oração.
Sonia Regina também é alguém muito especial para mim e para o Jaime. Ela
morou em nossa casa durante três anos, enquanto estagiava durante o seu
curso no Seminário Bíblico Palavra da Vida, onde se formou. Foi
simplesmente fantástico observar o Senhor trabalhando em sua vida,
transformando uma garota meio rebelde em uma valorosa mulher de Deus.
“SoSo”, nós a consideramos uma filha!
Sonia Regina é casada com Laudir Pezzato, que também viajou em diversas
equipes e foi diretor de VPC. Hoje ele é pastor de uma igreja em Curitiba e a
Sonia é seu braço direito. É ela quem prepara estudos para grupos pequenos.
Graças a Deus, ela continua mantendo sua consciência limpa. Enquanto
escrevo este livro, Sonia e Laudir estão na expectativa da chegada de seu
primeiro netinho. Davi, um de seus filhos e pai do futuro bebê, é missionário
na Ásia ao lado de sua esposa, Juliana.
Quando viemos para o Brasil, não havia muito material disponível para
grupos pequenos de estudos bíblicos. Sempre senti que a melhor maneira de
estudar a Bíblia é escolher uma passagem, fornecer uma folha com perguntas
para as pessoas estudarem em casa e depois voltar a se reunir para
compartilhar o que cada um aprendeu. Eu observava que nos grupos
pequenos eram dadas palestras em que uma pessoa falava o tempo todo e o
restante apenas ouvia – ou dormia! Então, quando minhas filhas iniciaram o
ensino fundamental, eu comecei a preparar guias de estudos. Quando,
finalmente, chegou a hora em que eu tinha tempo disponível para me
envolver com os grupos pequenos de mulheres da minha igreja, os estudos já
estavam prontos.
O que eu mais gosto é abrir a Bíblia para estudar com alguém que nunca fez
isso antes. Algumas das mulheres do meu grupo não eram nem convertidas
quando começamos. Ao longo dos anos, toda vez que inicio um novo grupo
costumo gastar pelo menos uns seis meses estudando cada item do esboço
que sempre utilizo de João 17:
“Nossa, quem será aquele americano que passa cantando pelos corredores?”
Nos meus 15 anos e dos meus 1,53m de altura, eu olhava de longe e ficava
imaginando quem seria aquele gringo alto e barulhento! Foi isso que pensei
ao ver Jaime Kemp pela primeira vez. Na época todos o chamavam de “Jim”.
O “abrasileiramento” para Jaime deu-se vários anos depois.
Em outras palavras: “Pai, não quero a minha glória, mas a sua”. Oração é
adoração. Para glorificarmos a Deus como Ele merece, precisamos conhecê-
lo como Ele realmente é. Às vezes pode ser difícil agradecer ao Senhor pela
situação difícil em que nos encontramos, contudo é sempre possível sermos
gratos por aquilo que Ele é e pelo amor que tem por cada um de nós. Eu
tenho descoberto que uma das melhores maneiras de adorar a Deus em
oração é através de músicas de louvor (especialmente os velhos hinos da fé).
Tenho uma grande coleção de CDs de VPC que elevam a minha alma até o
trono do Pai.
... venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu...
Ou: “Pai, não prevaleça o meu pequeno reino, mas o seu reino; não a minha
vontade, mas a sua”. Oração envolve submissão à vontade de Deus – mesmo
quando é complicado. Também significa orar para que o reino de Deus seja
estabelecido nos corações dos nossos familiares, vizinhos e amigos que ainda
não conhecem a Jesus como Salvador e Senhor.
Ou: “Pai, não predominem os meus valores, mas os seus”. A Bíblia diz que
“se temos comida e roupas, fiquemos contentes com isso” (1 Timóteo 6.8 –
NTLH).
Recentemente, uma das mulheres no meu grupo de estudo bíblico pediu que
orássemos pela filha dela, que queria se casar com um homem que levasse
Deus a sério. Outra mulher, do mesmo grupo, tinha feito um pedido
semelhante para o filho dela. Três meses depois o seu filho estava namorando
a filha da outra, e quero salientar que isso aconteceu sem a interferência das
mães. Hoje os dois já estão casados e servindo juntos ao Senhor. Deus
respondeu a oração das duas mães ao mesmo tempo!
... e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos
nossos devedores...
“Pai, ajude-me a ver e entender as pessoas sob a sua perspectiva, e não a
minha.” Colocar as diferentes situações que enfrentamos não sob a
perspectiva da nossa natureza humana e pecadora, mas enxergá-las através
dos olhos de Jesus, com compaixão e boa vontade. Posso utilizar como
exemplo algumas orações de participantes de VPC naquela época:
“Senhor, eu não demonstrei respeito por minha mãe. Preciso pedir perdão a
ela” ou: “O Senhor sabe como estamos cansados e com as emoções à flor da
pele depois de todas as apresentações que tivemos que fazer. Dissemos coisas
que era melhor não terem sido ditas. Perdoa-nos e ajude-nos a perdoar os
outros elementos da equipe que estão tão cansados e irritados quanto nós”.
Precisamos lembrar que “se eu acalentasse o pecado no coração, o Senhor
não me ouviria” (Salmos 66.18 – NVI).
... e não nos deixe cair em tentação; mas livra-nos do mal... Quer dizer,
“Pai, que não prevaleça a minha natureza, mas a sua”. Oração é proteção.
Jesus disse aos seus discípulos: ”Vigiem e orem para que não sejam tentados.
É fácil querer resistir à tentação; o difícil mesmo é conseguir” (Mateus 26.41
- NTLH). Nosso inimigo estremece quando vê um cristão de joelhos. Numa
era como a atual, em que os cristãos sofrem tanta influência do inimigo, eles
precisam estar sempre conscientes da necessidade de ter a proteção do
Senhor. No meu relacionamento matrimonial, algumas vezes estou
plenamente certa de que tenho razão e que meu marido está completamente
errado. Bem, na verdade penso assim até a hora em que ele diz: “Vamos orar
a respeito do problema”. Quando me ajoelho e tento explicar para Deus por
que tenho razão, percebo claramente que não é bem assim.
... pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém! Aqui
dizemos: “Pai, não confio na minha força, mas confio na sua. Não depende
de mim, Senhor. Não vou conseguir desenvolver esse ministério confiando
apenas no meu treinamento, nos meus talentos e carisma. Que tudo o que eu
fizer hoje seja usado para glorificar o seu nome e contribuir para o
crescimento do seu reino”.
Em João 17.20 Jesus orou por nós. Ele disse: “Não peço somente por eles
[pelos discípulos], mas também em favor das pessoas que vão crer em mim
por meio da mensagem deles”. Em Romanos 8.34 o apóstolo Paulo
respondeu com convicção sua própria pergunta: “Será que alguém poderá
condená-los? Ninguém! Pois foi Cristo Jesus quem morreu, ou melhor, quem
foi ressuscitado e está à direita de Deus. E Ele pede a Deus em favor de nós”.
Isto não é maravilhoso? Significa muito saber que outros cristãos estão
orando por nós, mas é ainda mais significativo e encorajador saber que nosso
Salvador está fazendo o mesmo, incansavelmente. E é difícil pensar que Deus
não atenderá ao pedido do seu Filho tão amado.
Deus é real
por Luis Antonio Fernandes Caseira
Nesse dia já era final da tarde e procurávamos desviar dos buracos nas
estradas do Nordeste. Mas era impossível desviar de todos e passamos em um
buraco que provocou um grande tranco na Veraneio. Porém, como nada
aconteceu com o veículo seguimos em frente, pois logo anoiteceria e
tínhamos pressa para chegar ao nosso destino. Por volta das 18 horas paramos
em um posto para abastecer. Ao descermos do carro, qual não foi nossa
surpresa ao notar que um elástico tinha se rompido no bagageiro, a lona se
desprendido e uma das malas havia sumido. Certamente havia caído na
estrada. Lembramos do buraco pelo qual tinhamos passado cerca de 30
quilômetros antes e presumimos que ela devia ter caído lá. E aí surgiram as
dúvidas:
-Vamos voltar?
- A essa altura outro carro ou caminhão já passou e recolheu os pertences da
mala.
-E se a mala caiu no mato ao lado da estrada?
-Já está escuro, como descobrir onde ela caiu se nem sabemos o local certo?
Uma das grandes virtudes do Ministério Vencedores Por Cristo é ensinar que
a vida cristã tem que ser autêntica, vivida diariamente, praticada, e que a
oração é um instrumento poderoso, em vez de uma vã repetição de palavras.
Esses ensinamentos mudaram a vida dos jovens que participaram das
equipes, pois vimos, na prática, Deus agir das formas mais impressionantes.
Aprendemos que Ele não é apenas o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, mas é o
Deus de cada um de nós, vivo e presente em pleno século XXI.
Pois bem, havíamos feito no dia anterior um estudo bíblico com toda a equipe
sobre a necessidade de entregar para o Senhor tudo que possuíamos e
também nossos dons e talentos. E sabíamos que Deus nos colocaria à prova a
respeito. Lembrando do estudo, chamei Janice, a dona da mala, e perguntei:
-Você orou ontem no estudo bíblico entregando tudo o que é seu para o
Senhor, reconhecendo que foi Ele que lhe concedeu tudo que você é e tem?
Tem certeza de que sua mala e tudo o que nela havia você consagrou para
Deus?
inclusive nossas vidas. A mala da Janice também. Muitas coisas que estavam
ali eram importantes para ela e para a equipe, porém se o Senhor decidiu que
os pertences que estavam na mala não lhe serão mais necessários, nós o
louvamos pelo tempo que ela pôde usufruí-los e cremos que o Senhor poderá
dar muito mais do que havia lá. Mas se o Senhor está testando a nossa fé, nós
declaramos que cremos que o Senhor pode dar a mala da Janice de volta e,
por isso, vamos fazer o retorno para procurá-la. Achando-a ou não, nós o
louvaremos”.
Entramos nos carros e pegamos a estrada de volta. Confiando que Deus não
precisava das coisas que estavam na mala e que Ele estava testando nossa fé e
nossa dependência d’Ele, fomos louvando através de orações e cânticos, ao
mesmo tempo em que olhávamos atentamente para a estrada e os
acostamentos.
A nossa alegria foi imensa ao ver a fidelidade do nosso Deus e a sua resposta
às orações. Conferindo depois seus pertences, Janice informou que nada
havia se perdido. Ali mesmo, à beira da estrada, com os corações
transbordando de alegria e gratidão, louvamos ao Senhor por mais uma prova
do cuidado d’Ele conosco.
Essa foi apenas uma das inúmeras situações nas quais O Senhor mostrou sua
fidelidade para conosco através da resposta de oração.
Deus é real
(CD “Seu eu fosse contar” – Vencedores Por Cristo – autor: Ralph
Carmichael – tradução: Carlos Osvaldo Cardoso Pinto)
Mas o que senti com o toque da fé E até com os olhos da alma eu vi Deixa
claro, Ele vive em meu coração Encontrei seu perdão e a paz sem igual Digo
então que meu Deus é real! Sim, Deus é real!
Deus é real!
Luis Antonio Fernandes Caseira (Luis Caseira) é médico fisiatra. Foi professor do curso de Medicina
da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. É membro da Catedral Presbiteriana do Rio de
Janeiro, vice-diretor do Ministério Vencedores Por Cristo – SP e palestrante na área de família em
seminários, cursos e encontro da casais, no Brasil e exterior. Casado com Ângela (pedagoga e
fisioterapeuta), tem dois filhos: Ana Paula (médica neurologista) e Davi (produtor editorial e ator
profissional).
Capítulo8
Jesus lhes deu a sua alegria
“Agora vou para ti, mas digo estas coisas enquanto ainda estou no mundo,
para que eles tenham a plenitude da minha alegria.” (João 17.13 – NVI)
E Paulo, Silas, Lucas e João Marcos? Será que eles sentaram ao lado de uma
fogueira à noite e riram das experiências incomuns, muitas vezes ridículas,
que foram obrigados a passar? Eu sei que eles desfrutaram de muita alegria,
apesar do preço que precisaram pagar para poder servir ao Senhor. Tenho
certeza disso, porque Paulo escreveu uma carta (aos filipenses)
compartilhando a alegria que sentia. E essa carta foi escrita enquanto ele
estava na prisão! Nela, ele fala sobre:
Preciso confessar que, para mim, é muito mais fácil me regozijar quando
Cristo está sendo pregado por motivos puros. No Brasil já temos nossa cota
de escândalos evangélicos e de propagação de charlatões. Ficamos muito
tristes quando vemos a noiva de Cristo com um vestido tão sujo. Contudo,
também temos muitas igrejas maravilhosas, saudáveis, onde as pessoas são
fiéis à Palavra de Deus. Temos o privilégio de ministrar nessas igrejas
importantes e queridas todo final de semana.
A alegria do Senhor
“Meus irmãos, sejam alegres por estarem unidos com o Senhor. ...Tenham
sempre alegria, unidos com o Senhor! Repito: tenham alegria! (Filipenses
3.1, 4.4 – NTLH)
Nós que conhecemos Jesus como Salvador e Senhor temos muitas razões
para nos alegrarmos, não temos? Nosso Deus é tão bom e, como o Jaime
sempre gosta de dizer: “Não existe um projeto mais fascinante do que levar
pessoas à fé em Jesus Cristo”.
Foi exatamente isso que pensei quando fui à primeira reunião de treinamento
para a 4ª. equipe de Vencedores Por Cristo. Eu havia preenchido um
formulário para participar e fui selecionada, mas na verdade
nãotinhaamenorideiadoqueeraaqueleministério.Umagarotadaminha igreja
tinha viajado e estava tão entusiasmada quando voltou que eu pensei: “Puxa,
isso deve ser ótimo! Viajar com uma turma, fazer novos amigos, conhecer
novos lugares”. Quando fui à primeira reunião naquele sábado e vi que eles
ficavam estudando a Bíblia, orando, ensaiando as músicas e compartilhando,
concluí que tinha “entrado numa fria”.
Como todo ser humano, o Jaime tem defeitos, mas ele não desiste facilmente
de investir em “vasos de barro” quebrados, aparentemente sem conserto. Na
véspera da viagem, ele me procurou e perguntou se eu ainda queria participar.
Fiquei sem graça em responder não. Então, ele pediu a uma senhora que
confeccionasse meu uniforme durante aquela noite, e lá fui eu, a contragosto,
participar da 4ª. equipe. Lembro que não era permitido viajar sem
treinamento, mas o Jaime abriu uma exceção. Ele perguntou a outro líder de
VPC, na minha frente, o que ele achava de eu ir sem treinamento. Ele disse
que não concordava com isso. Fiquei brava! Que ousadia! (hoje ele é um
grande amigo). Mesmo assim, o Jaime assumiu o risco.
Quantas vezes, no ônibus, esperávamos ele ir sentar para que, antes que o
fizesse, colocarmos um chuchu espinhento no assento. Ele dava um pulo e
quando olhava para tentar descobrir quem tinha cometido o delito, todos
estavam sentados quietos, muitos fingindo dormir.
Mas ele também tentava arquitetar pegadinhas contra nós. Estávamos em Juiz
de Fora, Minas Gerais, trabalhando numa tradicional escola da cidade durante
uma semana. Um dia, ele escondeu o gravador (um tesouro na época) de um
dos rapazes, que percebeu o que ele havia feito, mas fingiu procurar o
aparelho desesperadamente. O Jaime achou divertido até a hora em que um
membro da diretoria, a pessoa que havia nos convidado, depois de ter entrado
em acordo com o rapaz, afirmou, fingindo preocupação, que a escola seria
fechada e todos, alunos e funcionários, seriam revistados e o responsável
seria severamente punido. Aí foi o Jaime quem desesperou e não teve outra
saída senão confessar à vítima, envergonhado, a sua frustrada armação.
Nós tínhamos a esperança de que grande parte dos jovens que viajaram com
as equipes de Vencedores iriam continuar com seus estudos bíblicos pessoais
e sua vida de oração, depois que voltassem para suas casas e suas igrejas.
Tínhamos consciência de que tais hábitos iriam protegê-los do inimigo
(Salmos 119.11; Mateus 26.41). Quando “tomávamos emprestados” os
jovens de suas igrejas por três meses de treinamento e viagem, insistíamos
que eles recebessem a aprovação e o encorajamento de seus pais e pastores.
Queríamos que eles comunicassem às suas igrejas que voltariam e
procurariam desenvolver um ministério ali quando a equipe fosse desfeita.
Não queríamos deixar nenhuma dúvida sobre o fato de que não estávamos
“roubando ovelhas”. Nosso propósito sempre foi preparar cada membro para
servir ao Senhor mais eficazmente em sua igreja local.
Décadas atrás, quando eu estava fazendo uma lista de tudo o que havia
encontrado em João 17 e que precisava colocar em prática, lembro-me de que
não sabia o que fazer com o versículo 19. Eu queria “fazer discípulos”, mas
era óbvio que não estava conseguindo seguir à altura o exemplo de Jesus. Ele
era 100% santo. Eu nunca fui nem 10%! Como eu podia ser um exemplo para
as outras pessoas seguirem? Como eu podia afirmar que havia santificado a
mim mesma para que elas pudessem ser santificadas na verdade?
Uma vez fiz um bolo para um chá de cozinha. Não sei decorar bolos, mas dei
o máximo de mim e fiquei razoavelmente contente com o resultado. Eu
consegui preparar dois corações, um com o nome do noivo e outro com o
nome da noiva. Fiz algumas flores e enfeitei toda a beirada. Quando eu já
estava lavando a louça engordurada da cobertura, virei em tempo de ver
minha filha mais velha passando o dedo no enfeite ao redor do bolo. Ela
queria “experimentar” como tinha ficado a cobertura! Eu explodi: “Por que
você não pode ter mais cuidado? Trabalhei o dia todo nisso!”.
Mais ou menos duas semanas depois fui buscar Mindy na escolinha. Quando
ela saiu, estava com os braços cheios de coisas – a lancheira, a blusa, alguns
papéis e uma lata de atum enfeitada com macarrão que ela tinha feito para a
mamãe. Ela entregou tudo para mim, e eu não me dei conta de que a lata
havia caído. Infelizmente, um dos pedacinhos de macarrão quebrou e ficou lá
no chão como prova do “meu pecado”. Aquela pequena artista olhou para
mim e, com os mesmos gestos, usando a mesma expressão no rosto e a
mesma tonalidade de voz que eu tinha usado dias antes, gritou: “Por que você
não pode ter mais cuidado? Eu trabalhei o dia todo fazendo isso!”. Lembro-
me perfeitamente do que pensei na hora: “Senhor, uma boa mãe não deve
ensinar esse tipo de reação à sua filha”.
Deus tinha mais uma lição para me ensinar e, para isso, usou aquela mesma
professorinha de apenas três anos de idade. Certo domingo, eu e minhas
filhas fomos para a escola dominical. Papai estava viajando com uma das
equipes de VPC. Depois do culto, uma das professoras da Mindy puxou
conversa comigo e contou que minha filha tinha brigado com um menino da
classe. Quando ela disse para Melinda pedir perdão ao menino, minha filha
recusou. Quando a professora sugeriu que ela orasse pedindo perdão a Deus,
Mindy também se recusou. Você, que tem filhos, pode entender os meus
sentimentos ao ouvir tudo isso. Como você reage quando alguém critica o seu
“anjinho”? Francamente, eu não sabia o que fazer. A professora estava
exagerando? Eu devia forçar minha filha a pedir perdão?
Sei que eu ficaria muito ofendida se minhas filhas adotivas sentissem que
precisavam “dar o sangue” para ganhar a minha aprovação e receber o meu
amor.
Naqueles anos, apesar de teoricamente saber que eu era salva pela graça de
Deus, sentia que viver a vida cristã dependia do meu próprio esforço e
desempenho. Hoje eu me preocupo apenas com uma coisa: conhecer o meu
Deus. Quanto mais o conheço, mais eu o amo! Quanto mais eu o amo, torna-
se mais fácil obedecer-lhe, pois confio n’Ele. Quanto mais lhe obedeço, mais
quero servi-lo. Agora, meu ministério é uma alegria para mim!
Durante todos esses anos em que estou casada com o Jaime, uma das coisas
que mais admiro nele é o fato de que ele não consegue ir ao púlpito e pregar
se não está tudo bem entre nós. Em seus seminários cujo tema é a família, ele
também compartilha seus erros e não somente suas vitórias. Ele é o primeiro
a dizer: “Eu estava errado. Por favor, me perdoe. Eu amo você!”.
Caráter é algo muito importante, seja para quem está criando filhos ou para
aqueles que estão desenvolvendo discipulado em um ministério na igreja. Em
resumo, para todos que querem fazer de sua vida cristã um norte para os
filhos ou discípulos, é revigorante poder confiar na promessa: “Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os pecados e
nos purificar de toda injustiça” (1 João 1.9-ARA). E, graças ao Senhor, os
filhos de Deus nos perdoam também!
Fico maravilhada como Deus tem o seu tempo certo! Eu fui abençoada no
tempo certo quando o Senhor providenciou para minha vida pais zelosos e
amorosos. Na sequência dos acontecimentos, ainda bem novinha, também no
tempo certo entendi a mensagem da salvação e abri meu coração a Deus.
Bênção dobrada a minha! A primeira adoção em uma família temente a Deus
abriu as portas para a segunda adoção, na família do próprio Deus, quando fui
adotada por sua imensurável graça (Efésios 1.5-6).
Certa vez, tive uma experiência com Deus que me fez colocar os joelhos no
chão. Eu já estava casada e tínhamos acabado de comprar nossa primeira
casa. Eu tinha um ótimo emprego, com todos os benefícios inclusos. Assim
que fechamos o negócio com a casa, soube que a empresa onde trabalhava
dispensaria por volta de 500 funcionários. O clima tornou-se tenso entre
todos, pois as pessoas iam sendo empurradas para fora como se fossem
moscas. Eu achava que Deus não havia nos dado a oportunidade de adquirir
uma casa para nos tirar logo depois.
Bem nessa época – outra vez o tempo perfeito de Deus – meu pai estava de
férias e veio passar uns dias conosco. Um dia, eu ainda estava no trabalho
quando meu pai apareceu trazendo-me flores. Ele me abraçou forte e me
ouviu pacientemente. Despejei em cima dele toda frustração de estar
novamente atrás de um emprego. Com muito amor, mas muita seriedade, ele
me olhou profundamente e perguntou:
Certa vez, Jaime estava dando uma aula sobre o livro de Atos no Seminário
Bíblico Palavra da Vida, falando a respeito dos cristãos que tinham todas as
coisas em comum (Atos 4.32). Em determinado momento, ele perguntou:
“Há alguém aqui que está passando por alguma necessidade?”. Uma das
meninas, Teresa (nós a chamamos Teka), abriu seu coração e contou que ela
precisaria deixar a escola porque não tinha o dinheiro necessário para pagar a
mensalidade. Aquela não era a primeira vez que ela precisava confiar na
provisão de Deus. Sua mãe ficou viúva com suas filhas ainda pequenas e
lutou muito para sustentá-las como costureira. A família passou por muitas
necessidades, chegando a morar em prédios abandonados. O pai de Teka
aceitou Jesus como Salvador antes de morrer e disse às filhas: “Se vocês
querem me ver novamente, também precisam entregar suas vidas a Jesus”.
Voltando à aula do Jaime, quando todos abaixaram suas cabeças para orar,
silenciosamente os outros alunos começaram a colocar notas enroladas de
dinheiro na carteira da Teka. Quando ela abriu os olhos, tinha diante de si
uma pilha. Ao contá-las, ela descobriu que Deus havia providenciado mais do
que o suficiente para pagar a mensalidade. Hoje Teka é esposa de um pastor
de uma igreja em São Paulo e suas irmãs também servem ao Senhor, algumas
como missionárias.
Uma vez um amigo comentou: “Vencedores Por Cristo é como uma loja de
sapatos. Todos saem aos pares”. Para falar a verdade, não era permitido ao
jovem namorar outro equipante durante os três meses em que participavam
das equipes. Tínhamos regras rígidas. Por exemplo, depois de escurecer era
até proibido aos rapazes sentarem ao lado das moças no ônibus. Porém, é
impressionante como muitos deles conseguiram manter seu interesse mútuo e
engatar um romance depois de a equipe ter sido desfeita. Olhando para trás,
vejo como isso foi uma bênção. Apesar de não ter sido esse o nosso objetivo,
a experiência em Vencedores deu aos membros a oportunidade de
conhecerem cristãos dedicados do sexo oposto, membros de outras igrejas,
muitas vezes de outras cidades, estados ou até país.
Se o nosso cristianismo não funcionar dentro dos nossos próprios lares, então
não funcionará em qualquer outro lugar. Tenho dito frequentemente a grupos
de mulheres que o grande testemunho que podemos dar a este mundo, que
precisa desesperadamente de Jesus, é o testemunho de um lar unido.
Jesus falou para os seus discípulos: “Eu lhes dou este novo mandamento:
amem uns aos outros. Assim como eu os amei, amem também uns aos outros.
Se tiverem amor uns pelos outros, todos saberão que vocês são meus
discípulos.” (João 13.34-35 – NTLH).
E Jesus também fez esta oração ao Pai: “Eu fiz com que eles te conheçam e
continuarei a fazer isso para que o amor que tens por mim esteja neles e para
que eu também esteja unido a eles” (João 17.26 – NTLH).
Foi nesse contexto que eu, Sérgio Leoto, vi VPC pela primeira vez em 1971,
numa igreja de São Paulo. O impacto dos testemunhos dados por aqueles
jovens foi imediato em minha vida! Interessei-me em viajar com o grupo,
inscrevendo-me junto com vários outros rapazes e moças. Depois de muitos
formulários preenchidos e informações dadas, os líderes pediram que eu fosse
a uma entrevista pessoal.
Parece loucura, mas deu certo! Fui o primeiro baterista a sair em viagens
missionárias de VPC. Toquei esse instrumento de 1972 até 1990. É preciso
explicar que naquela época a bateria não era aceita nem bem vista pelas
igrejas. Tocada em bares e boates, era considerada um “instrumento do
diabo”! Como no meio evangélico não existiam muitos bateristas, o Pr. Jaime
teve que dar uma de profeta, e eu fui o elemento da sua profecia!
Hoje sou pastor, com mais de 30 anos de experiência ministerial. Boa parte
do que aprendi e apliquei na obra de Deus veio da boa base recebida pelo
discipulado e estudos bíblicos recebidos em VPC. Os temas tinham como
objetivo três áreas de nossa vida: a primeira tratava do nosso relacionamento
com Deus, depois do nosso relacionamento com as pessoas, para em terceiro
lugar aprendermos a evangelizar e testemunhar de Cristo. No início, o casal
Kemp nos acolhia em sua própria casa repassando-nos todos esses
ensinamentos. Nos anos que se seguiram, os estudos eram feitos no escritório
da missão, com vários pastores e missionários ,como Ary e Carolina Velloso,
Bill e Larry Keyes, Ken e Diane Kudo, Russell Shedd, Guilherme Kerr,
Nelson Bomilcar, entre outros.
Falar sobre a adolescência com aqueles estudantes abria o diálogo com vários
deles para aconselhamentos em particular. Eles nos falavam sobre seus
dramas com os pais, a falta de diálogo com alguns, a negligência paterna ou
materna, entre tantas coisas. Essas causas provocavam em alguns deles atos
de rebeldia e violência, busca por vícios e drogas, vida de prostituição,
devassidão, abortos etc. Muitos eram os aconselhamentos que fazíamos, mas
não dávamos conta de todos. Saíamos daqueles trabalhos contentes, mas
preocupados, pedindo ao Senhor que complementasse soberanamente aquela
obra.
À noite esses colégios ofereciam palestras voltadas aos pais dos alunos.
Centenas deles compareciam, pois os livros do Jaime eram muito conhecidos
e atraíam pessoas até das igrejas de cidades próximas. Em geral, Magali,
professora e também escritora de livros sobre a adolescência, dividia as
informações aos pais com o Pr. Jaime, que sempre fechava o evento fazendo
a palestra principal. E ao final do evento também não dávamos conta dos
aconselhamentos aos pais.
Desde que nos conheceram, Jaime e Judith demonstraram seu carinho e nos
cativaram. Esse afeto transbordou também para nossa filha Jessica, desde
pequenininha (hoje ela tem 21 anos). A nossa oração é que esse legado
recebido do casal Kemp, que teve como marca o temor a Deus, possa ser
vivido também pelos filhos dos nossos filhos – para que possam ser
abençoados, como a nossa geração o foi.
Sérgio e Magali Leoto atuam em comunidades de todas as denominações desde 1975 no ministério
entre adolescentes, jovens, casais e famílias nas áreas de treinamento, ensino, liderança,
aconselhamento, evangelização e música. Os dois já trabalharam com a Aliança Bíblica Universitária
(ABU) e integraram o grupo Vencedores Por Cristo (VPC). Sérgio é teólogo e bacharel em Arquitetura.
Magali é formada em Música Sacra, Educação Artística e Psicologia. Eles são casados desde 1982 e
têm uma filha, Jessica.
C a p í t u l o 12
Jesus os enviou ao mundo
“Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.”
(João 17.18 – ARA)
Não temos dados mais recentes, mas anos atrás, quando foi feita uma
pesquisa, descobrimos que mais ou menos 200 dos 400 jovens que viajaram
nas primeiras equipes de Vencedores Por Cristo estão envolvidos atualmente
em ministérios, dedicando tempo integral a eles. Alguns são pastores, outros
têm ministérios itinerantes, são missionários aqui no Brasil ou ao redor do
mundo.
Virginia foi criada em Dourados, Mato Grosso do Sul, bem pertinho de outra
tribo indígena. Mais tarde ela veio estudar em São Paulo, viajou em uma de
nossas equipes e morou por um tempo em nossa casa. No capítulo anterior eu
já contei sobre o seu namoro com Paulo Moreira. Depois de casados, eles
foram com seus três filhos pequenos para Amsterdam, trabalhar com a
associação Billy Graham em países do leste europeu. Para nossa tristeza,
quando seus filhos eram adolescentes, Virginia faleceu. Como ela teria
orgulho hoje de ver sua filha, Shaila, atuando como missionária na Ásia.
Paulo atualmente é o pastor da igreja que frequentamos em São Paulo, e
continua desafiando a todos para missões.
É claro que muitos daqueles que viajaram com Vencedores Por Cristo hoje
em dia exercem trabalhos seculares, mas nem por isso deixam de ser
missionários. Como diz o lema de nossa missão, “cada coração com Cristo é
missionário, e cada coração sem Cristo é um campo missionário”.
Paulo Andrade era obstetra, mas há alguns anos decidiu dedicarse ao
pastorado. Ele e sua esposa, Dora, têm trabalhado em uma nova igreja.
Anteriormente, durante muito tempo, Dora foi uma das líderes do movimento
Desperta Débora, que desafia as mães a orarem por seus filhos e pelas
crianças do Brasil por quinze minutos, diariamente. Foi através das orações
dessas mulheres que outdoors inapropriados e até mesmo ofensivos foram
banidos no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Meu marido também viajou ao Japão e à França para ensinar a Palavra. Fui
com ele até Londres trabalhar numa igreja brasileira local, muito dinâmica.
Em algumas das viagens para a Europa visitamos alguns jogadores de futebol
brasileiros que conhecemos nas conferências dos Atletas de Cristo.
O tempo que passamos em VPC teve forte influência não só em nossa vida
como também na formação e crescimento da Comunicação e Missão Cristã,
que nasceu em 1979. Antes disso, na Igreja Presbiteriana de Bauru, tivemos
uma base sólida no evangelho. Ainda muito jovens, passamos por uma forte
experiência com o Espírito Santo. E aí fomos chamados para participar de
VPC.
Bilão foi em 1995 para Portugal, onde ficou três anos com sua família e
iniciou a igreja que se multiplicou em várias congregações em Alto de
Barronhos, Algés e São Marcos, obra que foi confiada a discípulos nossos e
hoje tem à frente ex-alunos da EMM. O material que Bilão usou nos grupos
de discipulado ali? Os estudos de Integração da Sepal e os da pasta usada nos
treinamentos de VPC.
Hoje nos tornamos uma igreja missionária. Vamos aos bairros de Bauru,
estamos em quase todas as cidades da região plantando igrejas, temos
missionários no Ceará, igrejas em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul,
Brasília, São Paulo. Fora do país, em Portugal e Estados Unidos. Estamos
ligados à AFI (Apostolic Fellowship International), que reúne apóstolos de
vários países como Argentina, Chile, Colômbia, Itália, França, Espanha,
Índia, Tailândia, Austrália, Estados Unidos, Nigéria e Brasil. Assim temos
tomado conhecimento do que Deus tem feito por esse mundo afora.
Abilio Pinheiro Chagas Junior (Bilão) - Nascido em 1952, em Bauru. Casado desde julho de 1979
com Lilian, é pai de três filhos - Thaís, Gabriel e Maysa
-e avô de Davi e Maria Laura. Formado engenheiro civil desde 1977 pela Fundação Educacional de
Bauru, tem curso médio de Teologia pela Escola Batista de Bauru, com experiência missionária desde
1980 pela Comunicação e Missão Cristã de Bauru. Foi missionário em Portugal de 1995 a 1998. É
presbítero da igreja CMC – Comunidade das Nações.
Sempre que sou convidado para falar em uma igreja ou evento aqui nos
Estados Unidos, onde vivo atualmente, eu agradeço publicamente a Igreja
Americana por enviar e sustentar missionários ao redor do mundo. Eu e
minha família conhecemos a Cristo e nossas vidas foram transformadas
através do ministério e testemunho de missionários no Brasil.
No início dos anos 70, eu era um jovem que “amava os Beatles e os Rolling
Stones”. Estava cursando o primeiro ano da faculdade, em São Paulo, quando
Jaime Kemp “acreditou” em mim e me convidou para participar da 4ª. equipe
de Vencedores Por Cristo. Pela primeira vez na minha vida experimentei o
cristianismo atuante e dinâmico levando o evangelho por meio da música em
igrejas, clubes, praças públicas e cadeias. Essa experiência causou um
impacto tão grande na minha vida que ao regressar disse a meu pai: “Quero
cursar uma faculdade teológica e ser pastor”. Então, meu pai me aconselhou:
“Você está cursando Economia e Administração de Negócios e deve primeiro
terminar essa faculdade para depois estudar teologia”.
Como “filho obediente” que eu era, concluí meu curso e iniciei minha
carreira profissional. Logo em seguida me casei com Odila, uma garota que
conheci na 4ª. equipe de VPC, da qual ela também participou.
Mais uma vez, o Jaime “acreditou” no meu potencial quando eu disse a ele
que estava pensando em “virar a mesa”, vender tudo o que era nosso e ir para
os Estados Unidos estudar teologia. Já tínhamos morado na América antes
para participar de um treinamento extensivo e sempre quisemos voltar para
dar aos nossos filhos a oportunidade de estudar fora do nosso país.
Em 1995 fui aceito pelo Dallas Theological Seminary e pela Biola University
e acabamos optando pela segunda faculdade. Depois de terminar meu
mestrado em Educação Cristã, pensei que iria trabalhar como missionário em
Moçambique. Mas Deus, que fecha portas e abre outras, nos dirigiu ao
Exército de Salvação. Odila e eu nos alistamos como soldados voluntários
nessa organização que está presente em 127 países e tem como missão pregar
o evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo e, por amor a Ele, atender às
necessidades de pessoas carentes sem discriminação.
Uma velha canção que costumávamos cantar nos anos setenta nas equipes de
Vencedores Por Cristo dizia: “Se eu fosse contar o que me aconteceu, poderia
um detalhe esquecer…”. De fato, é impossível resumir em poucas páginas a
bondade e a fidelidade de Deus em nossa vida. Quando nos lembramos da
nossa experiência em Vencedores Por Cristo, não gosto de pensar que somos
ex-VPC ou ex-membros de VPC. Com certo orgulho – saudável, diga-se de
passagem –, prefiro dizer que faço parte de uma confraria de “mais que
vencedores” que estão espalhados pelo mundo, dando continuidade ao
trabalho missionário de um jovem casal que deixou a Califórnia décadas atrás
e dedicou as suas vidas a Jesus como missionários no nosso querido Brasil.
Sempre seremos mais que vencedores por Deus que nos amou!
Marcelo Gonçalves e sua esposa, Odila, são oficiais (capitães) do Exército de Salvação, servindo na
cidade de Redondo Beach, Califórnia, desde julho de 2009. Antes disso, serviram nas cidades de
Whittier e Anaheim, Califórnia. Ambos se alistaram como voluntários no Exército de Salvação em
1998 em Torrance, Califórnia. No início de sua carreira profissional, Marcelo trabalhou na
multinacional Caterpillar Tractor Co. por mais de dez anos. Depois atuou nas empresas ligadas à
família por outros dez anos, como gerente e diretor-financeiro. Ele é formado em Administração de
Empresas pela FMU, em São Paulo, em Teologia pelo Crestmont College, Califórnia; e obteve
mestrado em Educação Cristã na Biola University, também na Califórnia. Odila é formada em
Pedagogia pela FMU, em São Paulo bacharel em Música (piano) pelo tradicional Conservatório São
Paulo e bacharel em Teologia pelo Crestmont College, na Califórnia. Casados desde 1974, Marcelo e
Odila têm dois filhos que são voluntários no Exército de Salvação. Mauricio obteve seu mestrado em
Linguística pela Universidade da Califórnia, em Fullerto. Ricardo é formado em Biologia pela
Universidade da Califórnia, em Long Beach, e atualmente está complementando sua educação superior.
C a p í t u l o 13
Jesus queria que estivessem com Ele para
sempre
“Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que
me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste porque me
amaste antes da fundação do mundo.” (João 17.24 – ARA)
Você não sente seu coração aquecer ao saber que Jesus quer que você esteja
com Ele eternamente? Seu desejo era tão grande e profundo, que para Ele foi
mais fácil enfrentar a morte na cruz do que a possibilidade da eternidade sem
você e sem mim. Agora, sinceramente, se você não se sente amado(a), não sei
o que é preciso para fazê-lo(a) sentir-se.
Jesus disse aos discípulos que seus corações estariam no mesmo lugar onde
estava o seu tesouro. Alguns dos nossos “tesouros” já chegaram ao céu. Anos
atrás, Sergio Pimenta, um militar formado pela Academia de Agulhas Negras,
um cristão dedicado e músico talentoso, escreveu estas palavras:
Algum tempo depois de compor este cântico, Sergio foi promovido ao céu.
Coube à sua linda esposa, Sonia Pimenta, criar os dois filhos ainda muito
pequenos. Sergio foi o primeiro de cinco de nossos compositores que foram
chamados ao céu ainda cedo na vida. Meu marido, Jaime, diz que Deus está
preparando um departamento especial para a música brasileira lá em cima.
Dizer adeus é algo que, eventualmente, todos nós temos que fazer. Mas
aparentemente, parece-me que missionários têm que fazê-lo mais vezes.
Nossa primeira viagem ao Brasil demorou 25 dias. Embarcamos em um
navio no porto de San Pedro, perto de Los Angeles, descemos pela costa do
México, passamos pelo Canal do Panamá, paramos em Curaçao, Venezuela,
Belém do Pará, Rio de Janeiro e, finalmente, no porto de Santos. Nunca
esquecerei a tristeza que senti quando o navio japonês Argentina Maru
começou a se afastar do cais. Minha mãe estava segurando uma ponta de um
rolo de serpentina, e eu a outra. A nossa foi a última a se rasgar. Para mim,
aquilo foi muito significativo, porque eu e o Jaime estávamos quebrando o
elo com as nossas famílias e o nosso país.
Aquele dia, naquele navio, ao lado do meu marido, lembro que pensei: “O
que estamos fazendo?”. Tínhamos somente um ao outro e uma promessa do
Senhor: “Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou
irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pais ou filhos, ou campos por amor de mim e
por amor do evangelho, que não recebe, já no presente, o cêntuplo de casas,
irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir,
a vida eterna” (Marcos 10.29-30).
Jesus disse ao Pai: “Terminei a obra que me deste para fazer” (João 17.4 4 –
NTLH). Como Ele sabia que sua obra tinha terminado? Ele sabia que seu Pai
o estava chamando para voltar ao seu lar. Jaime sempre diz que a
aposentadoria não é um princípio bíblico (lembra-se de Calebe, que com 80
anos de idade pediu ao Senhor: “Dê-me esta montanha...”?). Deus nos tem
dado saúde, força e proteção. Quem sabe, talvez Ele permita que cheguemos
a completar 50 anos de ministério no Brasil.
Falar sobre Vencedores Por Cristo atualmente remete à sua história musical,
pois foi por intermédio dessa ferramenta, a música, que a missão também se
tornou conhecida. Podemos afirmar que o diferencial de tudo foi justamente o
conteúdo das letras, os ritmos brasileiros adotados e o estilo de vida dos
jovens.
Não tenho dúvida de que o discipulado é um ministério eficaz. Creio que
estaremos dando continuidade à missão Vencedores Por Cristo enquanto
conseguirmos desafiar jovens a uma vida de discipulado.
Uassyr Verotti Ferreira é missionário de Vencedores Por Cristo desde 1986. Assumiu a presidência
da missão em 2001. É membro da Igreja Batista Nações Unidas, em São Paulo. Casado com Lucitânia,
que, além de missionária de VPC, desenvolve um trabalho de discipulado em duas igrejas: Igreja
Batista Nações Unidas e Igreja Chinesa Cabo Verde. Eles têm dois filhos: Mariana e Bruno.
Mas se você mora nas regiões Nordeste e Norte do Brasil sabe bem o que
aconteceu! Entre dezembro de 2006 e novembro de 2009 foram 167
programas em 22 cidades diferentes (algumas delas várias vezes), 4 equipes
(chegamos à 60ª.!!!), com 3 de transição entre elas (para atender os
intermináveis convites) e 20 jovens treinados. Tudo regado a muita pizza e
sanduíches juntos, gargalhadas e confidências trocadas noites afora. Cinema e
filmes na TV com muito cochilo, rixa santa nos jogos de futebol e outras
vidas sendo desafiadas pelo exemplo extemporâneo (será?) que davam.
Comunhão inapagável da memória, que foi colada pelos números ainda bem
maiores de vezes que a gente sentou para estudar a Palavra e orar com amor
um pelo outro.
É por esse motivo que a Bíblia diz que devemos deixar de insistir em
continuarmos sendo bebês: “... continuem a crescer na graça e no
conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pedro 3. 18 –
NTLH). Deus tem nos chamado ao amadurecimento espiritual e também para
sermos o meio pelo qual outros “bebês” em Cristo possam abandonar suas
mamadeiras e começarem a desfrutar as delícias do alimento sólido.
O apóstolo Paulo afirmou certa vez: “... meus queridos filhos, eu estou
sofrendo por vocês, como uma mulher que tem dores de parto. E continuarei
sofrendo até que Cristo esteja vivendo em vocês” (Gálatas 4.19 – NTLH).
Você consegue compreender o que Deus quis dizer com as palavras “formar
Cristo em seu caráter”? Você consegue entender que Ele quer usá-lo(a) para
discipular outros até que Cristo seja formado neles?
124 - Antes de tudo, fazei discípulos
Por que devemos ser discipuladores? Judith já deixou claro nas páginas deste
livro. Em um dos capítulos ela citou as palavras de incentivo de Paulo a seu
filho na fé, Timóteo: “E as palavras que me ouviu dizer na presença de
muitas testemunhas, confie-as a homens fiéis que sejam também capazes de
ensinar outros” (2 Timóteo 2.2 – NVI).
Em 2 Timóteo 2.3 Paulo lança um desafio para Timóteo e também para nós:
“Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Jesus Cristo”(ARA).
Se você pensa que existe discipulado sem batalha, está muito enganado.
Vencedores Por Cristo, um ministério grandemente abençoado pelo Senhor,
também contabilizou algumas derrotas e viu alguns soldados tombarem
feridos pelo caminho.
Por último, o soldado tem somente um propósito, que é satisfazer aquele que
o arregimentou. Há somente uma pessoa que eu quero agradar: Jesus Cristo,
meu Salvador e Senhor! A sua coroa e a minha serão as pessoas em quem
investimos uma parte da nossa vida, sangue e suor. Paulo disse: “Pois quem é
a nossa esperança, ou alegria, ou coroa em que exultamos, na presença de
nosso Senhor Jesus em sua vinda? Não sois vós?” (1 Tessalonicenses 2.19 –
ARA). São os discípulos!
Deus usou alguém para impactar a sua vida? É claro que sim! Agora é a sua
vez de investir em alguém que um dia será a sua coroa, em quem você se
alegrará.
Finalizando este livro, quero deixar este desafio: “Sim, meus filhinhos,
continuem unidos com Cristo, para que possamos estar cheios de coragem no
dia em que ele vier. Assim não precisaremos ficar com vergonha e nos
esconder dele naquele dia” (1 João 2.28)
Pense bem em tudo o que você acabou de ler, em cada capítulo deste livro,
todos os testemunhos, todos os ensinamentos, a plena convicção de tantas
pessoas que relataram como vale a pena investir e aprofundar-se no
ministério do discipulado. Espero que no dia em que comparecermos diante
de Cristo estejamos lado a lado para vermos juntos o semblante radiante do
Senhor e ouvirmos de sua boca: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no
pouco, sobre o muito te colocarei entra no gozo do teu senhor” (Mateus 25.21
– ARA).
Jaime Kemp é formado pelo Western Seminary, em Portland, Oregon, EUA e pela Universidade
Biola, na Califórnia, EUA, onde também recebeu o doutorado em “Ministério da Família”. Em 1967
veio com sua esposa, Judith, para o Brasil, enviado para atuar na Sepal e aqui fundou a missão
Vencedores Por Cristo. Em 1977 transferiu a liderança dessa missão a brasileiros. Saindo da Sepal em
1998, fundou a Sociedade Religiosa Lar Cristão. É palestrante, autor de dezenas de livros, articulista de
várias revistas e idealizador da Revista Lar Cristão. É pai de três filhas (Melinda, Márcia e Annie) e avô
de três netos.
Apêndice
Gostaria de explorar algumas perguntas. Quem pastoreia a igreja, para
começar? Quem lidera o programa de ensino e discipulado em sua igreja? É o
Conselho, conduzido pelo pastormestre? Ou cada setor faz o que bem
entende?A partir do estudo da Palavra, sugiro aqui alguns passos para termos
Conselhos bem-sucedidos no pastoreio e no discipulado de seu rebanho e
uma igreja local consciente e integralmente comprometida com o
discipulado: