Futebol: Algarvio
Futebol: Algarvio
Futebol: Algarvio
º 03
junho 2006
ENTREVISTA ‘DOBRADINHA’
ANTÓNIO DO ADRO CAMPINENSE JUNTA
PRESIDENTE DO LOULETANO SUBIDA À TAÇA
2ª DIVISÃO FUTSAL
MESSINENSE FESTEJA UNIVERSIDADE
FEITO INÉDITO COM BOAS NOTAS
Futebol algarvio
Desporto
APOIO AO ASSOCIATIVISMO DESPORTIVO
Associação Académica da Universidade do Algarve
Associação Algarvia de Pais e Amigos de Crianças Diminuídas Mentais
Associação Cultural e Desportiva da Coobital
Associação Cultural Recreativa Desportiva Nexense
Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral
Associação de Montanhismo e Escalada do Algarve
Associação do Centro de Ténis do Algarve
Associação Portuguesa de Kempo
Casa do Benfica de Faro
Centro de Estudos Espeleológicos e Arqueológicos do Algarve
Clube dos Amadores de Pesca
Clube de Ciclismo de Estoi
Clube de Danças da Escola Secundária João de Deus
Clube de Futebol “Os Bonjoanenses”
Clube de Natação de Faro
Clube de Petanca de Faro
Clube de Surf de Faro
Clube de Ténis da Quinta do Eucalipto
Clube Desportivo do Montenegro
Clube Desportivo Faro XXI
Clube União Culatrense
Futebol Clube “Os 11 Esperanças”
Futebol Clube São Luís
G. D. e C. Jograis António Aleixo
Ginásio Clube Naval
Grupo de Operações de Paintball
Grupo Desportivo da Torre Natal
Grupo Desportivo dos Salgados
Instituto D. Francisco Gomes
Judo Clube do Algarve
Ju-Jutsu Clube de Faro
Karaté Clube de Faro
Motoclube de Faro
Moto Malta de Faro
Núcleo de Xadrez de Faro
Núcleo Sportinguista de Faro
Off Road 4X4 Club, Clube TT de Faro
São Pedro Futsal Clube
Sociedade Columbófila de Faro
Sport Faro e Benfica
Sporting Clube Farense
Sociedade Recreativa Agricultora do Patacão
União dos Amigos da Pesca
INICIAÇÃO DESPORTIVA
A.C.D. Coobital
Futebol Clube de São Luís
Judo Clube do Algarve
Karaté Clube de Faro
Casa do Benfica de Faro
Clube de Amadores de Pesca de Faro
Centro Espeleológico e Arqueológico do Algarve
Clube Kempo de Faro
Clube de Surf de Faro
PROTOCOLOS COM ATLETAS
Sporting Clube Farense DE ALTA COMPETIÇÃO
Ginásio Clube Naval Ana Dias | Casa do Benfica de Faro
GimnoFaro Ginásio Clube José Monteiro | Casa do Benfica de Faro
G. Folclórico Infantil de Faro Ana Cachola | Judo Clube do Algarve
G. D. e C. Jograis António Aleixo Jorge Costa | Clube Desportivo dos CTT
Clube Desportivo de Montenegro Adélia Elias | Sporting Clube Farense
Sport Faro e Benfica Ricardo Colaço |
www.cm-faro.pt
Sumário
4 - Abertura
34 – Actividades e breves
Ficha Técnica
Revista AF Algarve Fotos: Carlos Vidigal Jr, Mira, Nuno Eugénio, José Carlos Campos,
Nº3 – Junho de 2006 Vasco Célio, arquivos dos jornais Correio da Manhã e Record
Director: José Manuel Viegas Ramos e arquivo da Associação de Futebol do Algarve
Sub-director: José Faísca Montagem e impressão: Gráfica Comercial, Parque Industrial, Loulé
Coordenador editorial: Armando Alves Propriedade: Associação de Futebol do Algarve, Complexo
Textos de: Armando Alves, Carlos de Deus Pereira, Desportivo, 8000 FARO
Luís Conceição e João Leal Depósito legal: 242121/06
Colaboração: António Martins, João Barbosa, Luís Baptista Distribuição gratuita
e Luís Rosário
Abertura
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Mensagem
5 – O Juventude Sport Campinense viveu uma das épocas mais brilhantes do seu
historial, juntando a vitória na 1ª Divisão da AF Algarve à conquista da Taça do
final
Algarve, numa saborosa (e inédita) ‘dobradinha’, pois nunca uma formação conse-
guira triunfar nas duas competições, na mesma temporada. Um duplo sucesso que
premeia um clube há longo tempo nas mãos da mesma família fora e dentro do
campo e que tem a particularidade de contar nos seus corpos sociais com vários
elementos do sexo feminino, numa prova de que o futebol é um desporto de e
para todos.
6 – Neste balanço não pode ficar de fora o relevante sucesso da Juventude Despor-
tiva Fontainhas, vencedora da série D da 3ª Divisão de futsal, garantindo a promo-
ção ao escalão secundário, onde o Algarve voltará a contar com um representante
a partir da próxima época. A formação do concelho de Albufeira está agora empe-
nhada na luta pelo título nacional, podendo – oxalá tal aconteça – terminar a época
feliz
com uma conquista inédita para o Algarve. Sapalense e Sonâmbulos continuam na
3ª Divisão e a descida do Gejupce será compensada com a promoção da Universi-
dade do Algarve.
7 – Nas camadas jovens, realce para a subida do Lusitano Futebol Clube à 1ª Divisão
de Juniores, numa demonstração de que a cidade raiana continua a produzir talen-
tos, e para as presenças de Farense (juvenis), Louletano e Portimonense (iniciados)
nas segundas fases dos campeonatos nacionais das respectivas categorias, numa
época muito positiva neste sector.
FUTSAL
Futsal
Associação Académica da Universidade do Algarve
A Associação Académica da Universida- sões de captação e apareceram mais de blemas. Ao nível da exigência no treino
de do Algarve alcançou esta época o seu 500 estudantes. Daí formou-se um grupo e da assiduidade – muitos elementos do
maior feito de sempre, no âmbito despor- de 15 que, na época seguinte, estreou-se plantel não residiam no Algarve -, por
tivo – a equipa sénior de futsal venceu o na 2ª Divisão da AF Algarve.” exemplo. Cheguei a colocar em causa a
campeonato da 1ª Divisão da AFA e ga- Uma equipa constituída “a 100% por alu- minha continuidade e, numa reunião com
rantiu a subida à 3ª Divisão nacional, com nos”, incluindo, mais tarde, o próprio Nuno a direcção, fiz sentir que teria de haver
o técnico Nuno Xabregas a liderar um Xabregas, que iniciara o mestrado e com- uma definição: ou queríamos uma equipa
grupo maioritariamente constituído por petira oficialmente noutros clubes, sen- apenas para preencher os tempos livres
estudantes. do ainda relevante participação de outro dos alunos ou, se houvesse algum tipo de
“Este projecto começou há cerca de qua- professor, Nuno Rodrigues, também com pretensão competitiva, teriam de regis-
tro anos e não esperávamos chegar aqui ligações anteriores à modalidade. “Na tar-se alterações”, conta Nuno Xabregas.
em tão curto espaço de tempo”, refere o prática, enquadrávamos os mais novos, Foi, então, tomada uma medida. “Abriu-
treinador da Académica. “De início foram transmitindo-lhes alguma experiência.” se uma quota de 15% (dois jogadores)
abertas as portas a todos os estudantes Um quarto lugar, a um ponto do terceiro, para não estudantes. A participação na 1ª
que quisessem praticar a modalidade e, dois do segundo e quatro do vencedor, Divisão começou mal mas em Dezembro,
ainda hoje, há uma forte ligação à ideia num campeonato de 14 equipas, consti- quando estávamos praticamente ‘conde-
inicial, a qual serve de fio condutor.” tuiu desfecho “muito interessante” para nados’ à descida, surgiu a possibilidade de
Nuno Xabregas lembra as dificuldades dos a época de estreia. O S.Luís entretanto contarmos com um jogador experiente,
primeiros tempos. “Apareceram muitos desistiu, abriu-se uma vaga na 1ª Divisão, que havia saído de um clube vizinho, e as
jovens sem qualquer tipo de formação na e a Associação Académica, convidada a coisas mudaram – oito vitórias consecuti-
modalidade e que nunca tinham compe- preencher o lugar deixado em aberto, deu vas e um terceiro lugar final, a um ponto
tido. Mas num universo de mais de dez um passo fundamental para a sua afirma- do segundo classificado.”
mil estudantes sempre pensamos que a ção na modalidade. Nesta campanha, “tínhamos como ob-
quantidade daria origem a alguma quali- “A filosofia inicial, de contarmos apenas jectivo evitar o que acontecera na fase
dade. Em três meses fizemos apenas ses- com estudantes, encerrava alguns pro- inicial da época anterior e garantir a per-
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Entrega de prémios aos campeões da 1ª Divisão da Associação de Futebol do Algarve de futsal, orientados pelo técnico (e também jogador) Nuno Xabregas
manência sem sobressaltos. Fomos mais a competir nos diversos campeonatos de tendemos desvirtuar algo que para nós,
consistentes e competitivos e vencemos futsal – e aí estamos nós, a preparar este representa algo de precioso e, mais uma
o campeonato da 1ª Divisão da AF Algar- desafio.” vez, o plantel será constituído na sua es-
ve, não sem alguma dificuldade, graças A linha condutora do projecto não será magadora maioria por estudantes. Isso
à ambição e capacidade revelada pelos alterada, apesar das solicitações vindas reflecte-se na política de reforços – serão
nossos jogadores. Impota deixar uma pa- do exterior. “Muitos jogadores querem apenas dois (Manu e Ricardo, ambos ex-
lavra para o S.Pedro, que ofereceu tenaz fazer parte deste grupo. Porém, não pre- Louletano), este último estudante.”
resistência e também teria sido um justo
vencedor.”
No cinco inicial, a Associação Académi-
ca conta com “85% de estudantes” e,
no plantel, essa percentagem “ronda os
78%”, com Nuno Xabregas a orgulhar-se
OS CAMPEÕES
de “termos construído uma equipa base-
ada no princípio que esteve na origem do
projecto.”
As contrapartidas oferecidas aos jogado-
res “são praticamente nulas” e os novos
campeões do Algarve apenas tiveram
direito “a prémio de jogo nos encontros
disputados fora de portas e um jantar nos
compromissos em casa”, valendo “um
forte espírito de grupo, cimentado por
todos, sendo fundamental o papel de-
sempenhado por dois dirigente, Bruno e
Patacão.”
Conquistado o título, Nuno Xabregas per-
guntou aos jogadores se estavam dis-
postos a enfrentar o passo seguinte, o
campeonato nacional da 3ª Divisão. “A
receptividade foi quase total, desde que
o objectivo fosse não apenas uma sim-
ples participação mas, sim, uma aposta
competitiva forte, na esperança de lutar-
mos pelos lugares cimeiros. A direcção
da Associação Académica deu o seu aval
– várias academias do país têm equipas
Os campeões do Algarve
Associação
Cultural e
Desportiva da
CHE Lagoense
Vencedoras
da Taça do
Algarve de futsal
feminino
Em cima, da esquerda para a direita: João Santos (adjunto), Henrique Coelho (director), Ana Paula, Sofia Gordinho,
Daniela Vicente, Raquel Barbosa, Mónica Viegas e Joana Faustino. Em baixo, pela mesma ordem: Ângela Louzeiro, Ana
Romão, Débora Costa, Daniela Alves, Irina Araújo, Carina Martins e Henrique Paulo (treinador).
Associação
Inter-Vivos de
Martinlongo
Campeões de Juvenis
futsal
Em cima, da esquerda para a direita: Luís Conceição (treinador principal), José Miguel, Artur, João Martins, Ruben,
João Simão, Igor e Pedro Martins (treinador de guarda-redes). Em baixo, pela mesma ordem: Ricardo, Bruno, Filipe, Jorge
Sousa, Fábio e Jorge Joaquim
10 afalgarve 6.06
O conceito de jogador
“formado localmente”
Em carta datada de 14 de Setembro de dão da União goza do direito de circular senvolvimento do desporto em sentido
2005, o Secretário-geral da FIFA, Sr. Urs e permanecer livremente no território lato uma vez que, punha em causa todo
Linsi, comunicou ao Dr. Gilberto Madail, dos estados membros. o desporto de formação.
presidente da FPF, a necessidade de al- Subtrai-se do supra exposto que um dos Tal conceito não é genuinamente portu-
terar os estatutos deste organismo, por grandes princípios introduzidos pelo Tra- guês, porquanto a UEFA já o tinha adop-
força da alteração estatutária da própria tado da União Europeia foi o da cidada- tado nos seus regulamentos. Destarte, a
FIFA implementada em 1 de Janeiro de nia europeia, que proíbe qualquer discri- FPF em 13 de Maio de 2006, na supra
2004. minação em relação à nacionalidade. referida Assembleia Geral Extraordinária,
Na sequência, aconselhava-se em tal É público que algumas Federações Des- apreciou e votou favoravelmente a se-
missiva, que se recepcionasse inter- portivas, incluindo a de Futebol, mantêm guinte proposta de alteração:
namente um conjunto de conteúdos e nos seus regulamentos regras distintas “1. Os Clubes/SAD’s podem inscrever
princípios, de modo a que o normativo consoante se trate de praticantes de na- livremente jogadores profissionais e
nacional se coadunasse com o interna- cionalidade portuguesa e praticantes de amadores.
cional. outras nacionalidades, regras estas que 2. Sem prejuízo do disposto no número
Em 13 de Maio de 2006, via Assembleia podem conduzir a situações discrimina- anterior, os clubes têm obrigatoriamen-
Geral Extraordinária, apreciou-se e vo- tórias. te que inscrever pelo menos o seguinte
tou-se favoravelmente uma proposta de É manifesto que tais disposições regula- número de jogadores seniores, profissio-
alteração ao Estatuto da FPF, apresenta- mentares são violadoras das disposições nais ou amadores, formados localmen-
da pela própria instituição, que recepcio- constantes do Tratado da União Euro- te…
nava no ordenamento jurídico do futebol peia, as quais vigoram directamente na 4. Para efeitos do presente artigo enten-
nacional, as novas regras impostas pela ordem interna. de-se por “jogador formado localmente”
FIFA. Por outro lado, há que ter em conta que, aquele que tenha sido inscrito na Fede-
No que ao tema diz respeito, importa quer os Tratados internacionais celebra- ração Portuguesa de Futebol, pelo me-
apenas salientar duas das alterações es- dos pela República Portuguesa, quer os nos, durante 3 épocas desportivas entre
tatutárias: tratados celebrados pela União Europeia os 15 e os 21 anos de idade.”
- Art. 1.º, n.º 4 “A FPF rege-se pelos pre- com outros Estados, consagram normas Em suma, adopta-se uma definição de
sentes estatutos e pelas normas dos de reciprocidade que vinculam o Estado “local” deveras ampla porquanto, se
estatutos e regulamentos da FIFA e da Português. entende por local, o espaço nacional.
UEFA…”; Consequentemente, o Exmo. Sr. Secretá- Porém, não nos parece mal, aliás a AFA
- Art. 33.º, alínea v) “(novo) À Direcção rio de Estado da Juventude e do Despor- votou favoravelmente esta proposta,
compete a administração da FPF e de- to, Laurentino Dias, emitiu Despacho em uma vez que se tratam de jogadores se-
signadamente aprovar e executar, com 21 de Setembro de 2005, determinando niores e o mercado deve ser amplo. Esta
força obrigatória geral, os manuais e re- que o IDP oficiasse todas as Federações restrição terá todavia, a capacidade de
gulamentos que resultem de adaptações Desportivas titulares do estatuto de Uti- dar substância à formação de jovens jo-
dos manuais regulamentos e directivas lidade Pública Desportiva, no sentido de gadores tornando rentável a aposta dos
da FIFA e da UEFA de aplicação obrigató- que retirassem dos seus estatutos e re- clubes neste sector, quer sob o ponto de
ria nos países membros destas entida- gulamentos todas as normas que esta- vista economicista, quer sob o ponto de
des, nos termos do disposto no artigo 1.º belecessem regras distintas consoante vista social.
n.º 4 destes estatutos”. se tratassem de cidadãos com nacionali-
Salienta-se deste modo, a uniformização dade portuguesa, cidadãos comunitários
legislativa no panorama do futebol euro- ou cidadãos de países com os quais o
peu e mundial. estado Português ou a União Europeia
Tal uniformização legislativa vem sendo tenham acordos de reciprocidade, o que
aplicada em todos os países da União veio a acontecer em 19 de Outubro de
Europeia, fruto aliás do próprio Tratado 2005.
da CE que dispõe no seu art.º 12.º, 1.º Perante o quadro de limitação legislativa
§ que “no âmbito de aplicação do pre- imposta por interesses supranacionais e
sente Tratado e sem prejuízo das suas nunca deixando de ter presente a gene-
disposições especiais é proibida toda e ralidade e a abstracção como caracterís-
qualquer discriminação em razão da na- ticas fundamentais da norma, nasceu o
cionalidade”; Carlos de Deus Pereira
conceito do “jogador formado localmen- Vice-presidente da Associação de Futebol do
O Art. 17.º do mesmo diploma prevê “o te”, com o intuito de contornar a Lei que Algarve e professor universitário, especializa-
cidadão da União Europeia”; por sua vez, in casu se mostrava prejudicial ao de- do em Direito do Desporto pela Faculdade de
o art. 18.º preceitua que qualquer cida- Direito de Coimbra
11
VITÓRIA NA 1ª DIVISÃO DA AF ALGARVE
Campinense consegue
saborosa ‘dobradinha’
Uma festa depois de outra – época em teve a vencer em Salir, e beneficiando do o Campinense não participa em provas
cheio para o Juventude Sport Campinen- empate entre o Serrano e o Campinen- nacionais e lágrimas e muitas alegria as-
se, o primeiro clube da nossa região a se, a turma de Quarteira chegou a sonhar sinalaram o regresso. “Somos um clube
conseguir, na mesma campanha, o título com o regresso à 3ª Divisão. Mas, num pequeno em dimensão mas grande em
da 1ª Divisão da AFA e a vitória na Taça ápice, tudo se alterou: o Salir restabeleceu dedicação, vontade e coragem e a equipa
do Algarve. Dois feitos alcançados ao cair o empate e a turma da Campina dissipou absorveu esse espírito. Os jogadores for-
do pano, com grande sofrimento, e, talvez as dúvidas no último momento, marcan- maram um grupo de campeões, que fez
por isso, mais saborosos. do um golo que fez explodir de alegria as de princípios como a entreajuda, a capa-
Na última jornada do campeonato da 1ª suas gentes. cidade de luta e a crença a sua bandeira,
Divisão da AF Algarve, o Quarteirense es- Desde a época 87/88, há 18 anos, que proporcionando-nos esta saborosa con-
12 afalgarve 6.06
quista”, realça Ângela Matias, a presiden- Renato, permanecerá no comando técni-
te do emblema louletano. co, mantendo-se a política seguida pelo
Se na Taça do Algarve o triunfo surgiu clube nos últimos anos. “Esta subida é o
apenas no desempate por pontapés da resultado de um trabalho de várias épo-
marca da grande penalidade, no campe- cas, assente num bloco que sofre poucos
onato foi preciso esperar até ao último reajustamentos em cada campanha. Dis-
minuto. “O Serrano bateu-se bem e dig- pomos de um grupo muito forte e unido e
nificou o futebol, mas o Campinense lutou esse constitui o nosso principal argumen-
muito e os jogadores sentiram que não to”, sustenta o treinador.
podiam desperdiçar esta oportunidade. Nesse contexto, não se esperam grandes
Tínhamos de conseguir e acreditámos até mudanças no plantel. “Importa manter a
ao fim. Valeu a pena o enorme sofrimen- estrutura da equipa e, com quatro ou cin-
13
Os campeões do Algarve
Sporting Clube
Olhanense
Campeões da 1ª
Divisão Infantis
Em cima, da esquerda para a direita: Carlos (director), Tozé (treinador), João, Thiago, Diogo, Domingos, Gonçalo, Edon,
Diogo, Pedro, André, Ruben, Patrick, Ângelo (treinador), Mascote (treinador) e Rossana (directora). Em baixo, pela mesma
ordem: Nuno, Ruben, Pedro, Tiago, Jorge, Gerson, Carlos, Ivan, Alexandre, Filipe e Diogo.
Sporting Clube
Farense
Vencedores
da série C do
Campeonato da 2ª
Divisão de Infantis
Jogadores: André Rachadinho, André Rodrigues, André Viegas, Daniel Fernandes, Diogo Freitas, Diogo Gonçalves, Diogo
Andrade, Diogo Pinto, Francisco Lima, João Rodrigues, João Carmo, João Martins, José Cunha, Marcelo Correia, Marcelo
Russo, Mateus Bolas, Pedro Queimado, Pedro Catulo e Hugo Teixeira. Treinadores: Miguel Beles e Ricardo Oliveira. Direc-
tores: Marco Ramos e Fernando Martins.
15
Lusitano Futebol Clube
16 afalgarve 6.06
turas”, lamentando, porém, a escassez
de receitas. “O País vive um quadro co-
nhecido de profunda crise e isso é ainda
mais evidente nas zonas fronteiriças – a
diferença no valor do IVA e nos preços
dos combustíveis, em relação a Espanha,
deixa muitos empresários em situação
complicada. Ora, dessa forma, as ajudas
ao clube estão longe do desejável e te-
mos de socorrer-nos de um grande ri-
gor na gestão para cumprirmos todos os
compromissos.”
Por isso, “no momento actual não te-
mos condições para sonhar com outros
voos, para além da 3ª Divisão. A pouca
capacidade financeira do clube leva a que
todas as épocas partam alguns atletas,
aliciados por propostas de valores muito
acima daquilo que podemos pagar, mas o
Lusitano, por força do excelente trabalho
desenvolvido nas camadas jovens, tem
uma grande capacidade de regeneração
e, na próxima época, mais alguns jovens
de grande qualidade estarão, seguramen-
te, a dar nas vistas, sem se notar a falta
de quem partiu.”
Vito Serra, presidente do Lusitano Futebol Clube de Vila Real de Santo António
DUPLO SUCESSO
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Messinense festeja
subida inédita à 2ª
A União Desportiva Messinense alcançou Um periclitante início de época – à oitava e este é marcante por tratar-se da primei-
o maior feito do seu historial, garantindo a jornada a equipa tinha apenas uma vitória ra subida do Messinense à 2ª Divisão”, diz
subida à 2ª Divisão nacional, feito inédito e estava na zona de despromoção – nada o técnico.
no historial do clube, celebrado num clima de bom augurava, mas, a partir daí, o O Silves “tem atrás de si uma longa his-
de grande alegria na última jornada da sé- Messinense registou um notável ciclo de tória, com muitas subidas, e a festa vivida
rie F do escalão terciário – um empate no 24 jogos sem derrotas e foi escalando po- na época passada foi mais uma, a juntar a
reduto do Ferreiras bastou para garantir a sições até, já na recta final do campeona- outros episódios marcantes do prestigio-
conquista do segundo lugar. to, instalar-se no segundo lugar, para de so percurso do clube; no Messinense, o
Fundada a 6 de Outubro de 1975 e com lá não mais sair, após luta apertada com momento acaba por ter contornos espe-
apenas 30 anos de vida, a colectividade Lusitano de Évora e Oeiras. ciais, por tratar-se de algo inédito.”
de S.Bartolomeu de Messines dá um sig- Na base do sucesso alcançado está o trei- Luís Coelho salienta as dificuldades da ta-
nificativo passo em frente, após apenas nador Luís Coelho, que alcança um sabo- refa. “À oitava jornada, estávamos entre
quatro anos nos escalões nacionais, e é, roso ‘bis’ – na campanha anterior havia os candidatos à descida e poucos acredi-
pela primeira vez na sua história, o repre- conduzido o Silves a igual patamar. “To- tariam na sensacional recuperação opera-
sentante maior do concelho de Silves nas dos os sucessos têm um sabor diferente da. Dentro do grupo, porém, nunca houve
competições de futebol.
18 afalgarve 6.06
descrença – sabíamos o valor deste gru- possível trabalhar em todo o campo, pois
po, formado por verdadeiros campeões, nos outros dias tinha de dividir o espa-
e, aos poucos, fomos escalando posições, ço com as camadas jovens. Trata-se de
graças à qualidade da equipa, que conse- uma situação a rever urgentemente, pois
guiu, em largos períodos da época, jun- o Messinense vai passar a competir num
tar resultados positivos a exibições muito escalão mais exigente.”
agradáveis.” Luís Coelho já tem um lugar na história
A subida acaba, para o técnico, “por ser do futebol no concelho de Silves – é o
algo natural, em função dos desempe- primeiro treinador a conduzir duas equi-
nhos do conjunto. Não perdemos com o pas da área do município à 2ª Divisão – e
vencedor da série, o Estrela de Vendas mostra-se orgulhoso. “Felizmente conheci
Novas, fomos a única equipa a ganhar no o sucesso nos últimos dois anos e fico fe-
reduto do Lusitano de Évora e a primeira liz por ver que o meu concelho continua
a bater o Oeiras no seu campo. Isso diz representado no escalão secundário do
bem da capacidade revelada pelo Messi- futebol nacional, pois a subida do Mes-
nense.” sinense compensa a descida do Silves.
Entre elogios ao grupo que comandou, Importa, contudo, haver um investimen-
Luís Coelho não deixa de tecer algumas to forte nas infra-estruturas, de forma a
críticas às condições de trabalho encon- que estes e outros clubes do município
tradas em S.Bartolomeu de Messines. “A possam dispor de melhores condições de
vila dispõe apenas de um recinto para a trabalho e incrementar a sua actividade,
prática do futebol, o que, manifestamen- pois dessa aposta surgirão, seguramente,
te, está longe de satisfazer as necessi- bons resultados.”
dades. Apenas uma vez por semana era
19
Armacenenses garante
vaga na Taça de Portugal
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Sub-15 vão participar no Torneio Lopes da Silva
A selecção do Algarve de Sub-15 vai época passada e o terceiro lugar obtido
participar, de 24 a 30 de Junho, no com- em 94/95. Registo, ainda, para o troféu
plexo desportivo do Estádio Nacional, no de equipa mais disciplinada conseguido
Torneio Inter-Associações Lopes da Silva, em 2000/01 e para os feitos dos joga-
esperando-se uma boa participação, face dores Tiago Sousa (melhor marcador em
aos agradáveis resultados alcançados nos 2001/02) e Bruno Rodrigo (melhor guar-
últimos anos. da-redes em 2004/05).
Na época passada, recorde-se, a equipa Na edição deste ano do Lopes da Silva o
algarvia chegou à final, sendo batida ape- Algarve estreia-se diante de Braga, a 24
nas pela Selecção de Lisboa. No historial de Junho, defrontando depois Coimbra
da prova o Algarve conta com excelentes (25), Setúbal (26), Castelo Branco (28)
desempenhos, destacando-se o triunfo e Viseu (29). A jornada final disputa-se a
alcançado em 95/96, o segundo posto da 30 de Junho, tendo como palco o relvado
principal do Estádio Nacional.
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Arbitragem
Jovem Nuno Brito garante
subida à terceira categoria
À terceira foi de vez: segundo colocado passo significativo e que posso dar ou- regras fiscais. “Não é compreensível que
por duas vezes consecutivas, sem que tros, mas isso deverá suceder natural- tenhamos de passar recibos sobre valores
surgisse vaga para ascender aos escalões mente, sem qualquer tipo de obsessão. relativos a despesas, como deslocações e
nacionais, o jovem Nuno Brito conseguiu, Vou trabalhar arduamente para não ficar alimentação. Não somos profissionais e
finalmente, atingir a meta pretendida – por aqui – só posso prometer isso. Tudo estamos a pagar impostos sobre impos-
terminou a época liderando a classificação o resto depende de muitos factores, nos
tos. Isso afasta e desmotiva as pessoas e
do Conselho de Arbitragem da Associação quais se inclui a sorte. Ter observadores
compreendo o desalento dos mais jovens
de Futebol e saiu-se a contento nos tes- nos melhores jogos e não haver ninguém
e até de quem apita há já vários anos. Os
tes escritos entretanto realizados. a tomar notas nas piores prestações, por
“Sinto uma alegria imensa, pois concreti- exemplo...”, diz, entre sorrisos. incentivos já eram poucos e, assim, fica
zei um objectivo que perseguia há algum Nuno Brito sobe à terceira categoria no fi- ainda mais difícil chamar as pessoas para
tempo. Esta promoção dá-me força para nal de uma época particularmente dificil- a arbitragem. Só vem mesmo quem gos-
tentar chegar mais longe”, refere Nuno mente para a arbitragem, devido às novas ta muito...”
Brito, que entrou na arbitragem por influ-
ência familiar, já lá vão oito anos.
“De início até nem gostava... Trata-se de
uma tarefa ingrata e era muito jovem. Es-
tive um ano sem apitar mas depois voltei
e surgiram alguns elogios animadores,
que me levaram a continuar”, recorda o
árbitro de Portimão.
Nas duas últimas épocas Nuno Brito este-
ve à porta da subida, sem conseguir dar
o desejado em frente. “Fiquei algo frus-
trado, não o escondo, mas nunca me fui
abaixo e mostrei sempre grande vonta-
de interior e crença. Sabia que tinha va-
lor para atingir essa meta. Entretanto, e
como era um dos mais qualificados a nível
regional, atribuíram-me diversos jogos de
muita responsabilidade e isso ajudou-me
a melhorar – vou, agora, melhor prepara-
do para a terceira categoria.”
No momento de celebrar “um feito im-
portante”, Nuno Brito deixa uma palavra
de apreço a José Filipe, antigo presidente
do Conselho da Arbitragem da AF Algar-
ve, “sempre pronto a ajudar e a tirar dú-
vidas”, e enaltece o “excelente ambiente
vivido no seio do Núcleo de Árbitros do
Barlavento Algarvio, uma verdadeira se-
gunda família, onde impera a entreajuda.”
Gilberto Carvalho, que o auxiliou durante
toda a época também merece elogios
“pelo apoio incondicional”, assim como
“todos os outros que comigo trabalha-
ram.”
O árbitro portimonense prefere não aca-
lentar grandes sonhos. “Sei que dei um
25
26 afalgarve 6.06
Taça AF Algarve a 4 e 6 de Agosto
A 2ª edição da Taça AF Algarve vai dis- As cinco equipas algarvias participantes
putar-se nos dias 4 e 6 de Agosto, nos na Liga de Honra (Olhanense e Portimo-
mesmos moldes do ano de estreia, com a nense) e na 2ª Divisão (Louletano, Imortal
participação das melhores equipas algar- e Messinense) e a Selecção do Algarve
vias e da Selecção do Algarve. serão distribuídas por dois grupos de duas
A principal alteração, já acordada numa formações, jogando entre si no primeiro
reunião que contou com a presença de dia (4 de Agosto), com a classificação a
responsáveis dos clubes, é a duração dos definir o alinhamento dos jogos de 6 de
jogos: passam a ter 60 minutos, divididos Agosto.
em duas partes de 30 minutos. Recorde- A Associação de Futebol do Algarve vai
se que na época passada as partidas fo- oportunamente divulgar todos os porme-
ram de 45 minutos (corridos), à excepção nores relativos à prova, incluindo, natural-
da final, que teve o tempo normal de 90 mente, os locais dos jogos.
minutos.
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O futebol como factor
de motivação e aplicação
didáctico-pedagógica
Uma das mais persuasivas e bem su- ografia, as ciências naturais, a língua casa, o não cumprimento dos horá-
cedidas intervenções que realizei du- materna, a aritmética, as artes visu- rios escolares, comportamentos me-
rante as quase duas décadas em que ais, etc. nos desejados ou desejáveis, etc.
exerci a docência no ensino básico, Mas ia-o de encontro ao próprio Gerava-se em cada equipa um es-
quer em estabelecimentos escolares aproveitamento escolar, ao compor- pírito de grupo, de apoio, de ajuda,
localizados em Faro (Escola de São tamento nas aulas e nos recreios e de exigência colectiva no assumir in-
Luís) como na Fuzeta, foi a da apli- até à realização em moldes deseja- dividual das responsabilidades e de
cação da prática, melhor escreverei dos dos trabalhos para casa (tpc). grande motivação, com comprova-
do «universo do futebol», à prática Cito apenas alguns exemplos do dos resultados.
didáctico-pedagógica. que foi essa actuação pedagógica, No jornal da turma e noutras formas
Amante desta modalidade, nas múl- que recordo com marcante saudade, de «noticiário» afixado na Escola lá
tiplas vertentes, o que o se pode ser como referência talvez ao período de vinham as evoluções destes Campe-
(praticante, jornalista e dirigente clu- vida activa em que profissionalmen- onatos e fazia, porque na realidade
bista e da Associação de Futebol de te mais me senti realizado. o fazia, uma aprendizagem colectiva
Faro, mais tarde a actual Associação As lições de geometria eram dadas, – individualizada, participada e parti-
de Futebol do Algarve), entendi, quer bastas vezes, nos campos de futebol, cipativa, assumida com um interesse
pela ciência estudada como pela arte de modo maioritário do denominado em torno do futebol e pelo futebol,
da sua aplicação experimental, que «Campo Dr. Fausto Redondo Pinhei- mas onde a matéria escolar ia sendo
o futebol oferecia amplas e rasga- ro», na Fuzeta, onde mostrava atra- assimilada com interesse e prazer.
das avenidas para «levar a água ao vés do círculo de meio campo, dos Foi sem dúvida uma experiência ple-
moinho» que o mesmo é dizer sus- quartos de círculo (pontapés de can- namente válida e francamente enri-
citar nos alunos o gosto e o empe- to ou «corners»), da meia-lua da en- quecedora esta do futebol ao serviço
nho pela aprendizagem motivada e trada da grande área, etc. As noções da educação, transcendendo limites
participada. exactas dos ângulos plenos, rasos, curtos da mera instrução escolar.
Ao invés do que a muitos parecia en- círculos, meios círculos e quartos de
tender tal o era apenas na questão círculos, dos 360, 180 e 90 graus, das
J
de educação física, então um paren- linhas curvas, rectas, contínuas, etc.
te pobre, improvisado e bastas vezes Os hoje «cartões disciplinares» (ver-
mal olhado em relação a outras ma- melhos ou amarelos) e consequentes
térias escolares básicas («ler, escre- jogos de suspensão na participação
ver e contar», na indesejada trilogia dos campeonatos que então e sem-
que era tantas vezes o objectivo es- pre decorriam ao longo do ano esco-
sencial da escola). lar entre as várias equipas da turma
Transcendia esta chamada «oficial e na amálgama dos bons alunos com
ou oficiosa» do futebol, pelo me- os de menor ou reduzido aproveita-
nos assumida pelo jovem professor, mento, eram ditados, por «conselhos
responsabilizando-se perante outros de disciplina» formados pelos pró-
actores do processo (pais, colegas prios alunos e pelo professor como
e os clássicos e austeros «senhores «juiz principal» por motivos que se
João Leal
inspectores») a muitas outras maté- prendiam com: o não estudar as ma- Professor, Jornalista e Dirigente Desportivo
rias escolares, de modo próprio com térias, a má resolução dos exercícios, O futebol como factor de motivação
a geometria, a educação cívica, a ge- a não efectivação dos trabalhos de e aplicação didáctico-pedagógica
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O Louletano comandou a série D da 2ª Divisão durante larga fatia da temporada, assumindo o estatuto de
candidato à subida aos campeonatos profissionais, mas a ponta final constituiu uma decepção e, ao cair do
pano, a equipa viu-se superada pelo Olivais e Moscavide. Um revés que não faz o presidente António do
Adro, entretanto reeleito, baixar os braços: segue-se nova aposta na conquista do primeiro lugar, na certeza
de que o clube dispõe de condições invejáveis – joga habitualmente no Estádio Algarve e está inserido no
concelho mais poderoso da região, do ponto de vista económico - para dar o ambicionado passo em frente
e, inclusive, chegar à Liga.
ANTÓNIO DO ADRO
PRESIDENTE
DO LOULETANO
“O Algarve precisa
de regressar ao topo”
- O Louletano não conseguiu vencer a pois tudo fizemos para a alcançar o ob- ponto de vista económico, dispomos de
série D da 2ª Divisão. O que faltou? jectivo traçado. Factores que também um invejável conjunto de infra-estruturas
- Sem querer nisso encontrar desculpas fazem parte do futebol acabaram por desportivas, incluindo o Estádio Algarve,
para um final longo do que esperáva- trair o nosso esforço e ficou uma espinha e somos um dos maiores clubes, senão
mos, a verdade é que tivemos muito atravessada na garganta... Ainda assim, mesmo o maior, do litoral sul do país,
azar. Dois jogadores fundamentais vi- a equipa chegou à última jornada com com um leque apreciável de secções e
ram-se afastados da equipa com fractu- possibilidades de chegar ao primeiro uma situação financeira perfeitamente
ras nas pernas, o Atabu teve problemas lugar mas o jogo (com o Odivelas) não controlada. A isso junta-se o entusiasmo
num menisco e o Telmo Pinto terminou correu bem. Não gostei. e a participação activa dos sócios e dos
a carreira devido a uma lesão. Num plan- - Vem aí nova aposta na subida? patrocinadores, a quem ficamos a dever
tel de qualidade, mas pouco numeroso, - Estamos a trabalhar nesse sentido. a alegria da subida à Honra – não foi des-
foram problemas difíceis de superar. Os Acima de tudo, queremos aproveitar ta mas não vamos desistir...
momentos em que o Clemente (em Sil- tudo o que de bom foi feito na época - O Algarve continua sem estar represen-
ves) e o Telmo Lemos (diante do Benfica passada e melhorar o que não correu a tado no campeonato principal. Porquê?
B) sofreram lesões graves são o espelho nosso gosto, introduzindo, aí, as altera- - Numa perspectiva puramente econó-
da infelicidade do Louletano nesta cam- ções tidas por convenientes. Tudo isto mica, a Liga de Honra não interessa a
panha. A equipa ficou afectada e, a partir dentro de um grande rigor orçamental, nenhum clube e muito menos aos do
daí, não conseguiu voltar a mostrar a efi- pois o Louletano orgulha-se de cumprir Algarve, sujeitos a longas deslocações.
cácia até então revelada. os seus compromissos e não queremos Neste escalão, as despesas são equiva-
- Não havia volta a dar? ser notícia pelas piores razões. Por força lentes às do campeonato principal e as
- No momento em que esses problemas desses condicionalismos, o plantel será receitas insignificantes. Ficando na Honra
aconteceram, não tínhamos alternati- reforçado de acordo com um critério muitos anos, gastam-se rios de dinheiro,
vas. Se em Dezembro soubéssemos que muito apertado, que junte a qualidade sem qualquer benefício. Importa chegar
várias pedras influentes iriam ser afas- necessária para melhorar a equipa a aí e projectar, rapidamente, o salto se-
tadas por lesões graves, seguramente condições financeiras dentro dos nossos guinte – na Liga, as despesas não sobem
faríamos um esforço suplementar para parâmetros. muito e as receitas atingem valores im-
suprir essas baixas. Mas, na altura em o portantes, o que permite construir equi-
Clemente e o Tiago Lemos fracturaram CLUBE DOS 100 pas mais competitivas. A visibilidade é
as pernas, as inscrições já estavam fe- outra – televisão, jornais -, torna-se mais
chadas. - A Liga de Honra é o lugar do Louleta- fácil encontrar patrocinadores e um vas-
- Algum sabor a desilusão? no? to leque de actividades, desde a restau-
- Naturalmente. Foi uma pena... Desen- - Temos condições para estar nesse pa- ração à hotelaria, lucra imenso. É bom
volvemos um trabalho sério e honesto tamar ou até mais acima. Estamos no para todos contar com uma equipa no
me estamos de consciência tranquila, concelho mais poderoso da região, do escalão principal e o Algarve precisa dis-
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so. A região deve fazer um esforço, a fim cessária a existência de um espaço de
ECLETISMO convívio, onde os sócios possam passar
de criar condições para ter duas ou três
equipas na Liga e melhorar a sua partici- os seus tempos livres e sentirem mais
- A equipa sénior é constituída, em boa
pação nos quadros nacionais. Quero, de de perto o pulsar do clube. Temos ain-
parte, por elementos provenientes dos
resto, saudar a subida do vizinho Campi- da outras ideias, como, por exemplo, a
escalões de formação. O clube continua
nense à 3ª Divisão, num feito importante instalação de uma clínica e de um infan-
a apostar forte nesse sector?
tário e, também, de um pequeno centro
para o concelho de Loulé. - É um dos nossos alicerces. Trata-se de de estágio, destinado em particular aos
- O Louletano pode chegar à Liga? um trabalho com um duplo sentido: por elementos da formação que não sejam
- Olhando para a realidade da região e um lado – e esse constitui o papel mais da zona do concelho. Tratam-se de pro-
até do país, diria que temos as condi- importante – oferecemos a largas deze- jectos a desenvolver ao longo dos pró-
ções ideais para chegarmos ao patamar nas de crianças o acesso à sua moda- ximos anos, de acordo com a disponibi-
superior do futebol português. Quantos lidade preferida, desempenhando uma lidade financeira que viermos a ter para
clubes portugueses têm as nossas con- tarefa de âmbito social, e, por outro lado, dar esses passos.
dições? Precisamos de mais ajudas e se não descuramos a vertente competitiva, - O Louletano não é só futebol: em tem-
todos perceberem que colaborando um procurando aproveitar os melhores valo- pos brilhou no ciclismo, agora consegue
pouquinho sairão beneficiados a tarefa res. Temos alcançado um sucesso apre- grandes resultados na natação...
torna-se mais fácil. Falta criar um envol- ciável nas duas áreas e somos, creio, a - A nossa grande força reside no ecletis-
vimento que mobilize os adeptos e os principal referência do futebol juvenil a mo e por isso digo que somos o maior
sul de Setúbal. Gostaria de enaltecer o clube do Algarve. Temos mais de dois
empresários. Temos dado alguns passos
trabalho voluntário de vários directores, mil atletas e a natação já nos deu várias
mas precisamos de dar ainda alguns ou-
autênticos ‘carolas’, que disponibilizam alegrias, com resultados significativos
tros. A esse respeito, saliento o sucesso
muito do seu tempo para estarem jun- a nível internacional. Contamos ainda
do “Clube dos 100”, uma iniciativa do com secções de polo aquático, ginásti-
to dos miúdos e levarem-nos a casa
Louletano: os sócios pagam mil euros por depois dos treinos, num trabalho pouco ca, musculação, futsal e artes marciais.
ano e já vamos em 53 adesões. Quere- visível mas de grande importância, pois, Mas, todos sabemos, o futebol é a mo-
mos alargar esse número rapidamente. sem eles, seria praticamente impossível dalidade com mais visibilidade. Por isso,
E, por uma questão de justiça, não posso manter toda a estrutura do futebol juve- acalentamos projectos que nos levem,
esquecer a ajuda da Câmara Municipal nil de pé. num espaço de tempo não muito distan-
de Loulé, dos empreendimentos Monte - A sede era um velho sonho e já está te, aos campeonatos profissionais. Loulé
da Quinta e Vale do Lobo e de várias em- erguida. Que se segue? merece chegar a esses patamares e o
presas que connosco colaboram. Quere- - Queremos avançar para uma segunda Algarve precisa de voltar a ter um papel
mos que mais se juntem a nós. fase, pois considero extremamente ne- de destaque no nosso futebol, por tudo
o que isso representa para a região.
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António do Adro continua na liderança do Louletano
Pinto, forçado a dar por tem claramente definidas as metas para
finda a carreira, devido o novo mandato: voltar a lutar pela su-
a lesão. bida aos campeonatos profissionais e dar
No acto da tomada de os passos necessários para o início dos
posse, muito participa- trabalhos da segunda fase da sede do
do, numa demonstração Louletano.
da força e da vitalidade
do emblema, o presi-
dente da mesa da As-
sembleia Geral, Sander
van Gelder, recordou
a sua primeira ligação
ao Louletano, através
do ciclismo, com re-
O Louletano Desportos Clube reelegeu sultados notáveis, afastando-se depois,
António do Adro para mais um ano de devida à pouca expressão, na altura, do
mandato, com a nova equipa directiva a futebol do clube. Agora, o empresário ho-
registar poucas mudanças em relação à landês mostra entusiasmo com o projecto
anterior, sendo uma das mais relevantes, em marcha, o qual tem merecido o seu
por se tratar de algo pouco habitual, a apoio.
inclusão no elenco do ex-jogador Telmo António do Adro, o presidente reeleito,
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MANUEL JOSÉ É BI-CAMPEÃO
Egípcios rendidos
a “faraó” algarvio
O treinador algarvio Manuel José juntou lo como futebolista.
mais um título de campeão egípcio ao Já na fase descendente da
seu vasto currículo – no Cairo, os adeptos carreira, representou o Fa-
do Al Ahly, considerado o melhor clube rense, tendo, a dado passo,
africano do século XX, tratam-no como recebido um convite para
um verdadeiro faraó, face às importantes acumular as funções de jo-
conquistas alcançadas nos últimos anos. gador e treinador. Recusou.
Manuel José havia passado uma primei- Mas pouco tempo depois,
ra vez pelo Al Ahly em 2001, deixando em Espinho, foi confronta-
a sua marca: ajudou o clube a sagrar-se do com a mesma proposta,
campeão africano, ao superar os sul-afri- endereçada pelo presiden-
canos do Mamelodi Sundows (1-1 fora e te Carlos Padrão, face aos
3-0 em casa), para pouco depois juntar maus resultados da equipa
a esse troféu a Supertaça de África (4-1 e à sua notória capacidade
diante de outra formação da África do Sul, de liderança. Tratava-se de
o Kaizer Chiefs). uma faca de dois gumes
De regresso ao Cairo em 2005, o sucesso – se a experiência corresse
foi ainda maior. Campeão do Egipto sem bem poderia sonhar com
derrotas (apenas dois empates, com o re- uma carreira enquanto téc-
gisto recorde de 74 pontos somados em nico mas de contrário...
78 possíveis), conduziu de novo o Al Ahly E foi o jogador Manuel José
à conquista da Taça dos Campeões Afri- a ajudar... o treinador Ma-
canos (0-0 fora e 3-0 em casa diante do nuel José! A história con-
Étoile de Sahel, da Tunísia) e da Supertaça ta-se em poucas palavras.
de África (0-0 e 4-2 no desempate por Num jogo em casa com
pontapés da marca de grande penalidade o Aliados de Lordelo (que
frente ao FAR de Rabat, de Marrocos). tinha em Jaime Pacheco
No final do ano passado Manuel José foi a sua principal figura) o
o primeiro treinador português a marcar encontro permanecia em-
presença num Mundial de clubes. O Al patado a zero a oito mi-
Ahly chegou ao Japão com o impressio- nutos do fim e os adeptos
nante registo de 55 jogos sem perder mas espinhenses assobiavam a
não teve sorte e somou duas derrotas (0- equipa. Surgiu, então, um
1 com o Al Ittihad, da Arábia Saudita, e 1-2 livre à entrada da área, cobrado na per-
com o Sidney, da Austrália), terminando feição pelo algarvio de Vila Real de Santo MANUEL JOSÉ Jesus Silva
no sexto e último posto. António... Os apupos deram lugar às pal-
Nascido a 9 de Abril de 1946 (60 anos) em Vila
mas.
POR ACASO Ainda assim, foi preciso que o irmão o
Real de Santo António.
Clubes como treinador: Espinho (80/81 e 81/82),
matriculasse no curso de treinadores. O Vitória de Guimarães (82/83), Portimonense
Jogador de craveira média, Manuel José alargamento no prazo de inscrições, por (83/84 e 84/85), Sporting (85/86 e 86/87), Braga
passou pelo Benfica, Covilhã, Varzim, Be- (86/87 e 87/88), Sporting (88/89 e 89/90), Espi-
dez dias, evitou que ficasse de fora. Aí nho (90/91), Boavista (91/92 a 95/96), Marítimo
lenenses, Beira Mar (jogando ao lado de Manuel José conheceu o já falecido Fer- (96/97), Benfica (96/97 e 97/98), União de Lei-
Eusébio), União de Tomar, Farense e Espi- nando Vaz, um homem e um treinador ria (99/00 e 00/01), Al Ahly (01/02), Belenenses
nho. Chegou à Luz com 16 anos, e lembra- que constitui a sua principal referência.
(02/03 e 03/04) e Al Ahly.
se de um momento vibrante nos juniores Títulos: Taça de Portugal (91/92), Supertaça de
Um clube algarvio, o Portimonense, aca- Portugal (92/93), Taça dos Campeões Africanos
– um golo a Damas, com um pontapé de bou por ser a sua grande rampa de lan- (2001 e 2005), Supertaça Africana (2001 e 2005)
muito longe. Chegado aos seniores, an- çamento como treinador: conduziu os e Campeão do Egipto (2005 e 2006). É o treinador
dou emprestado várias épocas, até re- no activo com maior número de jogos (560) na 1ª
alvi-negros ao quinto lugar na 1ª Divisão, Divisão/Liga portuguesa. Considerado o 16º melhor
gressar em 68/69. Disputou apenas uma em 84/85, e ao consequente apuramento treinador do Mundo em 2005 pela Federação da
partida (3-2 com a Académica, na Luz), o para a Taça UEFA. Um feito que lhe valeu a História e Estatística do Futebol.
suficiente para conquistar o seu único títu- ida para o Sporting.
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CALENDARIZAÇÃO DE PROVAS
Louletano vence Escolas A
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