MODELO. Prescrição Intercorrente Na Fase Administrativa
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Processo n. 0784336-48.2018.8.05.0001
Parte contrária: Empresa Baiana de Jornalismo Sa
O MUNICÍPIO DO SALVADOR, ente público já qualificado nos autos, tendo sido intimado a falar
sobre a exceção de pré-executividade oposta pela parte acima identificada, vem a Vossa Excelência,
por seu procurador, apresentar a respectiva IMPUGNAÇÃO, pelos motivos que passa a expor.
I. SÍNTESE DO CASO
Travessa da Ajuda, 02, ed. Sulamérica, 1.º andar, Cidade do Salvador/BA. Telefone: 3496-8100 / 8103 – Fax: 3321-3701 1
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Art. 40 – O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor ou
encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos, não correrá o prazo
de prescrição.
§ 1º – Suspenso o curso da execução, será aberta vista dos autos ao representante judicial da
Fazenda Pública.
§ 2º – Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja localizado o devedor ou
encontrados bens penhoráveis, o Juiz ordenará o arquivamento dos autos.
§ 3º – Encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, serão desarquivados
os autos para prosseguimento da execução.
§ 4o Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz,
depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição
intercorrente e decretá-la de imediato.
§ 5o A manifestação prévia da Fazenda Pública prevista no § 4 o deste artigo será dispensada
no caso de cobranças judiciais cujo valor seja inferior ao mínimo fixado por ato do Ministro
de Estado da Fazenda.
Por se tratar de regra legal que implica a perda, pelo ente público, de um direito de crédito, e sendo o
próprio crédito tributário um bem indisponível – inclusive sujeito a regime jurídico que exige do ente
público atuação integralmente vinculada –, não se pode admitir a aplicação ampliativa ou por
analogia de tal regra ao âmbito do processo administrativo fiscal.
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Art. 111, CTN. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I - suspensão ou exclusão do crédito
tributário; II - outorga de isenção; III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.
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Ao exigir disposição legal sobre o tema, o legislador claramente visa a proteger o crédito tributário de
interpretações ampliativas/extensivas ou de aplicações por analogia em casos tais. O juiz, diz o art. 97
do CTN, não tem o poder de criar, por meio de interpretação ou de aplicação analógica, uma regra que
trate de extinção do crédito tributário na fase administrativa. Apenas o legislador o tem.
3. Há uma razão de ser para que o legislador não tenha estendido o conceito de prescrição
intercorrente ao processo administrativo-fiscal: é que o crédito tributário, ali, ainda não foi
definitivamente constituído. Se não foi constituído, não há pretensão a ser exercida – logo, não há
prescrição, que é ato-fato extintivo decorrente do não exercício de uma pretensão a direito prestacional
certo, líquido e exigível. Não à toa, o art. 174 do CTN determina que “a ação para a cobrança do
crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva”.
4. Não se pode esquecer de que, por força do artigo 151, inc. III, do Código Tributário Nacional, a
exigibilidade do crédito tributário se mantém suspensa enquanto pendente discussão no processo
tributário administrativo.
Há entendimento antigo do Supremo Tribunal Federal (“STF”) que indica que, enquanto o
processo administrativo fiscal está pendente de análise, não correm nem o prazo de decadência
nem o prazo de prescrição. Trata-se de precedente bastante didático. Vejamos:
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São muitas as decisões do Superior Tribunal de Justiça (“STJ”) que, ao longo do tempo, vêm
aplicando serenamente esse antigo entendimento do STF. Vejamos algumas delas:
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decadência (art. 151, III, do CTN)" (cf. RESP 32.843-SP, Min. Adhemar Maciel, in DJ de
26.10.1998). Na mesma senda foi o decidido no RESP n. 190.092-SP, relatado pelo
subscritor deste, in DJ de 1º.7.2002). - Recurso especial não conhecido." (RESP 173284/SP,
Relator Ministro Franciulli Netto, DJ de 31.03.2003).
8. Recurso especial provido.
(REsp 734.680/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em
20/06/2006, DJ 01/08/2006, p. 376) (grifamos)
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mora, sob pena de, enquanto aguarda a parte o trâmite normal da ação, sofrer no seu direito
dano irreparável.
5. Possibilidade da suspensão da exigibilidade do tributo em questão, não estando o Fisco
impedido de aferir a exatidão do quantum dos créditos de que se diz titular a recorrida.
6. A respeito da suspensão debatida, nos casos em que pendente procedimento
administrativo fiscal, ocorrido após a notificação do contribuinte, a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça, de forma vasta, tem se pronunciado nos seguintes
termos:
- “'O Código Tributário Nacional estabelece três fases inconfundíveis: a que vai até a
notificação do lançamento ao sujeito passivo, em que corre prazo de decadência (art. 173, I
e II); a que se estende da notificação do lançamento até a solução do processo
administrativo, em que não correm nem prazo de decadência, nem de prescrição, por
estar suspensa a exigibilidade do crédito (art. 151, III); a que começa na data da solução
final do processo administrativo, quando corre prazo de prescrição da ação judicial da
fazenda (art. 174)' (RE 95365/MG, Rel. Ministro Décio Miranda, in DJ 03.12.81).” (REsp
nº 190092/SP)
- “A constituição definitiva do crédito tributário se dá quando não mais cabível recurso ou
após o transcurso do prazo para sua interposição, na via administrativa.” (REsp nº
239106/SP)
- “Com a notificação do auto de infração consuma-se o lançamento tributário. Após
efetuado este ato, não mais se cogita em decadência. O recurso interposto contra a
autuação apenas suspendem a eficácia do lançamento já efetivado.” (REsp nº
118158/SP)
7. O fato de não se tratar de “reclamação ou recurso administrativo”, mas de petição
dirigida à autoridade lançadora, assim como não ter ocorrido depósito do montante integral
ou qualquer outra causa suspensiva da exigibilidade do crédito, não descaracteriza a
possibilidade de concessão do benefício.
8. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp 678.081/RJ, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 08/03/2005, DJ 02/05/2005, p. 212) (grifamos)
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Conforme já decidido pela Segunda Seção do STJ, o excipiente sucumbente deve ser condenado a pagar honorários nas
exceções de pré-executividade impugnadas, a saber: “Exceção de pré-executividade. Julgamento de improcedência.
Honorários de advogado. 1. Presente a improcedência da exceção de pré-executividade após a devida impugnação,
configura-se a sucumbência sendo, portanto, cabível a condenação em honorários. 2. Embargos conhecidos e providos”
(STJ, Segunda Seção, EREsp 756.001/RJ, rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, j. 27/06/2007, DJ 11/10/2007, p. 286);
“A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça possui entendimento de que, na hipótese de improcedência da Exceção de
Pré-Executividade após a devida impugnação, configura-se a sucumbência, sendo, portanto, cabível a condenação em
honorários” (STJ, Segunda Turma, REsp 1669457/SP, rel. Min. Herman Benjamin, j. 20/06/2017, DJe 29/06/2017).
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art. 85, §§2º e 3º, do CPC, que serão acrescidos ao montante principal do crédito cobrado nesta
execução (CPC, art. 85, §13).
Pede deferimento.
Cidade do Salvador/BA, 5 de setembro de 2018.
Ananda Mussi
Estagiária de Direito
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